Continente Não-Ficção
• O repertorio de crenças e lendas
que, na época dos descobrimen-
tos, associava a idéia do Novo
Mundo à idéia de um Paraíso
Terrestre não era um conceito
abstrato, mas um lugar ao alcan-
ce efetivo dos homens.
• As razões pelas quais as novas ter-
ras desconhecidas assumiram,
para os primeiros europeus que
as viam, a aparência do Paraíso
Terrestre: flora e fauna maravi-
lhosas, um clima que nunca era
quente ou frio demais, um povo
indígena muito bem apessoado.
• Uma comparação entre a índole
das diferentes colonizações — a
inglesa, na América do Norte, e a
espanhola/portuguesa, na Amé-
rica Latina, e as conseqüências
para a formação dos dois povos:
enquanto os primeiros colonos da
América inglesa vinham movidos
pela vontade de vencer o deserto
e a selva, para construir uma co-
munidade abençoada, livre da
opressão que sofriam na pátria de
origem, os colonizadores da Amé-
rica Latina vinham na esperança
de deleitar-se em um paraíso que
a eles se oferecia como um dom
gratuito.
• A contradição fundamental de
nossas origens: nossa terra podia
ser vista como um Jardim do
Éden, mas, como diz Caio Prado,
citado por Buarque, o Brasil
nasceu, de verdade, "para forne-
cer açúcar, tabaco, alguns outros
gêneros; rnais tarde, ouro e dia-
mantes; depois, algodão; e em
seguida, café para o comércio
europeu. Nada mais que isto".
RECORDAÇÃO DE VIAGEM
(
(...) "Pedro de Rates Hane-
quin, natural e morador em
Lisboa, mas que viveu
longamente em Minas Gerais,
era filho de um cônsul ou
residente holandês (...) Preso
em 1741 por ordem de Sua
Majestade, viu-se Hanequin
chamado depois
à mesa do Santo Ofício (...) O
crime que com crua morte
assim pagou não foi, porém, o
de inconfidência, nem de
judeu professo (...) Foi de
heresiarca e apóstata (...) E
seus erros neste particular (...)
consistiram em sustentar com
obstinação impávida que o
Paraíso Terreal ficara e se
conservara no Brasil, entre
serranias do mesmo estado.
Acrescentava haver ali uma
árvore à feição de maçãs ou
figos e esta era a do Bem e do
Mal, e assim também o Ama-
zonas, o São Francisco e ou-
tros eram os quatro rios que
saíram daquele horto (...)
Dizia mais: que no Brasil ha-
via de se levantar o Quinto
Império e, para maior escân-
dalo dos inquisidores, que o
Dilúvio não foi universal, já
que poupou o Brasil (...)."
Primeira edição em 1964
CRIADOR
Antônio Cândido (de Mello e Sou-
za) nasceu em 1918, no Rio de Ja-
neiro. Após ter cursado a faculdade
de Filosofia da Universidade de São
Paulo, assumiu o cargo de assisten-
te em Sociologia. Em 1958, passou
a dedicar-se exclusivamente à lite-
ratura, tendo sido professor de Teo-
ria Literária e Literatura Compara-
da até sua aposentadoria. Um dos
fundadores do Partido dos Traba-
lhadores, é, sem dúvida alguma,
um dos principais intelectuais bra-
sileiros, tendo influenciado gerações
e merecido o reconhecimento de
todos aqueles que buscam entender
a nossa realidade.
O QUE VAMOS
ENCONTRAR
• O resultado da pesquisa realiza-
da por Antônio Cândido para sua
tese de doutorado em Ciências
Sociais, que, inicialmente, procu-
rava analisar a relação entre lite-
ratura e sociedade, a partir da
poesia popular, como o Cururu, e
acabou por revelar o universo
complexo das sociedades.
• Os problemas enfrentados pelas
comunidades camponesas diante
do crescente processo de
expropriação a que estavam
sujeitas.
TERRITORIO Os
parceiros do Rio
Bonito