Indígena Uaçá. A extensão do território indígena é de 470 mil e 164 hectares. A
população Palikur, no início de 1998, era de 760 indivíduos.
1
As casas Palikur são geralmente construídas sobre estacas e possuem
assoalho de tábuas e cobertura de palha. A própria locomoção entre as
habitações dentro da aldeia exige, na época das chuvas, o uso de barcos. É
comum se deparar com famílias inteiras Palikur, um dos 18 povos conhecidos
que habitam a região, viajando em embarcações. As embarcações são
conectadas entre si por meio de cordas, ou costumam navegar próximas umas
das outras. Formam, assim, um verdadeiro comboio, que transporta, além dos
próprios Palikur, produtos da caça, pesca, agricultura e coleta. Os Palikur fazem,
portanto, extenso uso da navegação nas atividades da vida cotidiana.
As ilhas de floresta são importantes porque servem para os Palikur e outros
povos da região plantarem e praticarem a coleta de inúmeras espécies vegetais.
Nas roças Palikur, há vários tipos de mandioca, cará, banana, batata doce e
abacaxi, entre outras frutas e legumes. Os principais produtos da coleta são os
seguintes: açaí, bacaba, cajá, cupuaçu, piquiá, bacurí, sapucaia, inajá, maracujá e
patauá.
A caça, abundante nos campos alagadiços e na zona de cabeceiras do rio
Urucauá, é obtida com o uso de espingardas. Os Palikur caçam antas, pacas,
cutias, caetitus, queixadas, macacos, tucanos e patos. A pesca, com arcos e
flechas, arpões, anzóis e linhas, também é farta. Entre os peixes encontrados
pelos Palikur no campo alagado, estão o tucunaré, pirarucu, aruanã, jeju, acara-
açú, surubim e piranha. Jacarés e tracajás também são bastante procurados.
Alguns produtos da agricultura, caça, pesca e coleta são comercializados
em cidades da região. As embarcações transportam farinha de mandioca para
cidades como Oiapoque, Clevelândia e Saint Georges. Animais domésticos, como
periquitos e macacos, apreciados pelos turistas, disputam lugar nas canoas,
carregadas de artefatos (colares, arcos, flechas e enfeites de penas), fabricados e
1
Dados demográficos de Artionka Capiberibe (MARI - Grupo de Educação Indígena da USP), em
abril de 1998. A Área Indígena Uaçá foi homologada em 1991 (decreto número 298 de 29/01/91;