A Física como a Química, a Aritmética como a Geometria, a Agronomia como a Higi-
ene, a História como a Geografia, o Desenho como a modelagem e osloyd, tudo está tão
intimamente ligado ao problema manual que separá-los será desnaturar o ensino, afastar a
escola da vida, torná-la amorfa e ineficiente.
Nos laboratórios, os próprios discípulos constróem aparelhos, fazem experiências, ob-
servam, comparam, descobrem, deduzem e aplicam leis. Nas oficinas, manejam, montam e
desmontam, preparam e fabricam ferramentas, medem, pesam, trocam e avaliam.
Nos museus, colecionam, classificam, rotulam, catalogam. Nas bibliotecas, consultam,
anotam e deduzem. Nos aquários, observam, estudam, descobrem. Nas aulas de economia
doméstica, varrem, lavam, engomam, cozinham, remendam, costuram. Nos jardins, plantam,
tratam, colhem, preparam, vendem e compram.
Os traçados dos canteiros são problemas de Aritmética e Geometria; as cores das folhas e
das flores são motivos para a combinação de tons, são planos de desenhos, de riscos e de gráficos.
O estudo das épocas em que se semeia, a necessidade das culturas alternadas para não
esgotar os terrenos, os diversos tipos de plantas, as que pedem sol e as que dão melhor a
sombra trazem a criança não só hábitos de previdência e de meditação, como também
conhecimentos de Geografia, tais como de orientação, do andamento do sol, das horas, das
estações, da chuva, do rocio, dos ventos, dos climas, etc.
Na modelagem do barro, no recorte e dobramento do papel, nos trabalhos de carpintaria
aparecem os mais interessantes e variados problemas de Geometria, de Física, de Química, etc.
Construindo balões e papagaios de papel, capeando livros, fazendo embrulhos, cortando
roupas para bonecas, encapando carteiras e enfeitando moringues, armários e mais objetos
escolares, dá o professor noções práticas de quadriláteros e polígonos, tangentes, cordas e
áreas, além de noções de Higiene e Economia Doméstica.
Ao fazer um barco de madeira que a criança tencione lançar ao lago da escola, surge o
problema dos corpos flutuantes, dos transportes, dos usos e costumes dos povos, dos
descobrimentos marítimos, enfim.
Preparando a sopa escolar, distribuindo o copo de leite ou a merenda, há oportunidade
excelente para as questões de Botânica, de Química, de Economia e, sobretudo, de Higiene e
de Moral.
O ensino das diversas ciências surge, como se vê, naturalmente vivo, atraente, palpitante,
a propósito de qualquer objeto fabricado, de qualquer ação que se pratique.
Todas as lições são dadas diante do objeto e, conseguintemente, fora da classe, nas
oficinas, nos museus, nos laboratórios, nos jardins, nas hortas, nos pomares, nos campos, a
beira-mar, em toda a parte, enfim, onde o discípulo possa fazer as suas observações e tenha
alguma coisa a aprender.
A Escola do Trabalho é, assim, a Escola Nova que nos convém.
I Conferência Nacional de Educação — Curitiba, 1927