paralelismo de escolas, professores e estudantes. Deve ser uma comunidade
de estudantes e professores, de ciência, de filosofia, de tecnologia, de belas-
artes. Deve ser, ao mesmo tempo, especulativa e prática, científica e
literária, especializada e de cultura geral, dedicada tanto à pesquisa como ao
ensino, à transmissão do passado e à procura do futuro, ao espírito criador,
autônoma e, ao mesmo tempo, integrada na vida do povo, dentro e fora das
fronteiras. Deve ser, em suma, essencialmente comunitária. Finalmente,
como Newman tão lùcidamente o notou, a nota característica de uma
Universidade é a sua universalidade. A Universidade deve ser,
naturalmente, dividida em várias faculdades, pois seu espírito é ao mesmo
tempo de especialização e de generalização. Se a especialização, entretanto,
predominar de modo exagerado, desaparece o próprio espírito universitário.
Se a generalização, pelo contrário, se confundir com superficialidade, como
tantas vêzes acontece, estamos em face de um erro igual e contrário. Tanto
uma como outra são essenciais à configuração de uma verdadeira
Universidade. Mas ao passo que a especialização é uma condição essencial
para a vida universitária, a generalização é a própria essência da
Universidade, cuja finalidade é dar corpo e vida ao conhecimento, desde as
raízes até a fronde. A Universidade tem por finalidade suprema inevstigar e
transmitir a Cultura Geral". (Cf. "O Espírito universitário", Agir ed., 1958,
pág. 15/17).
Como já dizíamos nesse trecho de há sete anos passados, que tomamos
a liberdade de vos comunicar, a função universitária é precipuamente
cultural. Não nego a existência de quatro finalidades concomitantes na
função universitária: a transmissão do saber adquirido, pelo ensino; a
especialização profissional; a investigação pessoal ou pesquisa e a cultura
geral. Cada uma das três posições iniciais, entretanto, não terá caráter
universitário, se não receber esse complemento fundamental da formação
cultural, tanto do homem como do meio. A Universidade é guarda e
transmissora do saber adquirido. O ensino lhe é consubstancial. Sob èsse
ponto-de-vista é essencialmente preservadora do passado. Também prepara
as novas gerações para a vida profissional especializada. Sua função, nesse
ponto, é pragmática. E por sua pró pria natureza ligada ao ambiente, ao
meio social, às necessidades locais, ao estado do mundo contemporâneo, à
vida cotidiana. É uma instituição, portanto, eminentemente participante.
Deve levar em conta, por exemplo, as particularidades dos planos culturais e
das zonas culturais, de nossa civilização, como anteriormente procuramos
delinear. E com isso permite aos seus alunos legarem a Universidade à sua
vida particular. Como ligá-la à vida pública nacional e internacional,
deixando de considerá-la como uma instituição abstrata num plano extra-
temporal. Não nego, tão pouco, que a Universidade é um instrumento de
pesquisa científica, em todos os terrenos, preparando especialistas e
alargando o domínio dos conhecimentos. Nesse ponto a Universidade é
pioneira e aventureira. E por seus institutos e departa-