Observam-se diferenças importantes entre os
NAEs sendo que as regiões com mais
experiência mobilizatória obtêm melhores
resultados de participação e integração da
comunidade na proposta participativa.
RESULTADOS DA IMPLANTAÇÃO DOS
CONSELHOS
O grande problema é o da representatividade, e
os resultados quanto à participação são bastante
diferenciados. A comunidade participa mais
nos debates sobre Plano Escolar, calendário da
escola e tem havido uma maior motivação no
debate do Orçamento/Programa. A participação
está muito vinculada a uma noção de utilidade/
objetividade daquilo que é discutido e pro-
posto. Mas também é um fator diferen-ciador
da atual gestão, na medida em que, segundo a
participação popular, garante as outras metas
das Secretaria Municipal de Educação.
Provavelmente, um dos aspectos mais esti-
mulantes da prática dos conselhos é a pos-
sibilidade aberta onde o estítulo ou desestí-
mulo dos diretores joga um rol fundamental de
um melhor conhecimento, por parte da
comunidade, dos limites na definição das
propostas e necessidades encaminhadas para
incorporar no conjunto de demandas da região.
Cria-se uma dinâmica de interações onde as
escolas traçam o Orçamento/Programa junto
com o CE, após um trabalho de orientação feito
pelos especialistas das escolas. Após o
mapeamento feito pelo NAE das propostas
enviadas pelas escolas, este material é
devolvido às escolas com vista a uma
rediscussão com o CE. Nesta instância, são
verificadas as incoerências e a inviabilidade do
que foi proposto e é refeita a proposta e
enviada à SME
que o retorna à escola para reavaliação. Neste
processo de interação e realimen-tação, a
comunidade torna-se ciente de que suas
demandas não podem ser atendidas com o
orçamento de que se dispõe e que a solução é a
definição de prioridades tanto pelo movimento
popular como pelo CE. As escolas então
definem suas prioridades as quais, após
sistematizadas pela equipe do NAE, são levadas
à plenária regional — o CRECE. A conclusão
do processo já demonstra per se o esforço
empreendido pela comunidade. Segundo alguns
entrevistados, avalia-se que existe uma
possibilidade, entretanto ainda não existe uma
participação efetiva, sendo que a falta de repre-
sentatividade é vista como um dos entraves na
medida
'"...em que os membros do CE e do CRECE
não discutem com seus pares antes das
reuniões. Existe uma reclamação de pais,
funcionários e professores sobre a falta de
paridade'. A forma de institucionalizar, pelo
menos enquanto ação do NAE, é garantir que
as decisões constem em ata...".
Apesar de todas as dificuldades apontadas, em
decorrência da existência dos CE, ocorre um
questionamento da qualidade do ensino e do
projeto pedagógico e, quando são observadas
irregularidades, estas são levadas ao
conhecimento do NAE. O que é considerado
como um avanço é a possibilidade de
estabelecer um diálogo entre todos os
segmentos da escola, mesmo explicitan-do-se
divergências e conflito de interesses.
As resistências estão principalmente centradas
no preconceito e questionamento não só do
diretor, mas freqüentemente por membros da
equipe técnica e dos professores sobre o caráter
deliberativo do Conselho, sobre a
descentralização do poder. Existe uma
resistência em dividir o poder