nunca tivemos um Prêmio Nobel; raros artistas são figuras internacionais e, entre esses,
raríssimos devem o seu sucesso ao sistema educacional brasileiro. São produtos do
talento pessoal, muito mais do que do esforço nacional. Em larga medida, os quadros
políticos brasileiros carecem da educação que caracteriza o sentimento de ser parte de
um processo histórico, de sentir-se parte de um povo, comprometido com o conjunto do
país e seu futuro. Não se portam como estadistas, mas como políticos representantes de
grupos sociais restritos nos interesses e na perspectiva.
Não é por acaso que o Brasil é um país no qual a educação ainda não provocou
mudanças de comportamento. Temos uma sociedade sem respeito ao outro, em que o
desrespeito pessoal passou a ser a regra, expressando-se desde formas leves de agressão
no trânsito até os perversos atos de violência no dia-a-dia das grandes cidades. O meio
ambiente é desprezado, o lixo é jogado nas ruas, a convivência é relegada, o patrimônio
público é vandalizado, os direitos dos pedestres não são respeitados, a solidariedade é
um valor cada vez mais distante.
Como se não bastasse esse trágico quadro da situação educacional de nosso país,
a educação brasileira é um instrumento de agravamento da desigualdade. No lugar de
ser o motor da construção da República, ela tem servido para aumentar a distância
entre a elite e o povo. No Brasil, uma pessoa do povo recebe, ao longo de toda sua vida,
um investimento educacional médio em torno de R$ 3,2 mil, o equivalente a quatro anos
de estudos a um custo de R$ 800 por ano. Ao longo da sua vida, uma pessoa de classe
média ou alta que curse até o nível de mestrado pode custar até R$ 182,4 mil, o
equivalente a cerca de dezenove anos de apoio educacional, ao custo médio de R$ 800
por mês. Isso corresponde a quase 57 vezes mais do que uma pessoa do povo.
Uma grande desigualdade se constata entre as regiões brasileiras. Enquanto nas
regiões Sul e Sudeste o Brasil tem taxas de 7,1% e 7,5%, respectivamente, de
analfabetismo, no Nordeste essa taxa vai a 24,3%. Enquanto um jovem nordestino de
15 a 24 anos tem, em média, 5,9 anos de escolaridade, no Sul e Sudeste essa escolaridade
chega a 8,1 e 8,3 anos, respectivamente, para a mesma faixa etária.
Ministério da Educação