Tudo indica que uma das razões fundamentais pela falta de interesse, por parte do cor-
po discente e docente, no uso da biblioteca, é o sistema de ensino que não estimula a
independência e a criatividade do educando (sendo um bom exemplo os próprios cur-
sos de biblioteconomia). Este fato não surpreende visto que não há interesse em
formar "indivíduos com uma responsabilidade social que questionem e critique o sis-
tema vigente". (7) Uma comunidade estudantil pressionada na utilização da informa-
ção teria, de fato, reagido com pressões geradoras de soluções.
4.9 As palestras e as visitas orientadas alcançaram maior popularidade que os cur-
sos, obviamente, por não necessitar de uma infra-estrutura sofisticada. Essa popularida-
de demonstra também um desconhecimento da literatura especializada que apresenta
várias críticas quanto a esses tipos de orientação ao usuário (6,11). Apesar das críticas,
toda iniciativa deve ser louvada, pois demonstra um reconhecimento, mesmo que par-
cial, do problema e, portanto, é entristecedor que nem 50% das bibliotecas realizem
essas atividades.
As causas de não desenvolverem programas de palestras e/ou visitas orientadas
não são muito claras. Tratar-se-ia apenas de um problema de desinteresse do próprio
pessoal bibliotecário mais voltado, pela sua formação, aos processos técnicos.
4.10 A informação oral personalizada foi a modalidade mais freqüente entre todas
as formas de treinamento coincidindo, também, com o fato de ser a mais passiva. O
bibliotecário, em lugar de "vender seu produto", prefere esperar a freguesia. Trata-se,
na verdade, de um problema de filosofia da biblioteconomia, pois a divulgação, o "mo-
vimento para fora" das bibliotecas, não deveria ser visto apenas dentro do contexto de
um programa de atividades. Taylor, citado por Stevenson (16), sugere que a biblioteca
não seja vista como um local, mas como um processo, onde a armazenagem de docu-
mentos é uma fase do processo, e, mais ainda, que bibliotecários passem tanto tempo
fora da biblioteca quanto dentro dela, por ser a biblioteca uma forma importante de
comunicação. É nesse sentido que o movimento para fora deixa de ser meramente uma
atividade, para fazer parte da filosofia da biblioteconomia. Além deste problema, veri-
fica-se que, das 109 bibliotecas, 46 têm bibliotecário de referência em tempo integral,
e 21, em tempo parcial. Eqüivale dizer que, em 42 bibliotecas, i.e. 38,53%, as orienta-
ções são oferecidas por pessoal não especializado na função.
4.11 As apostilas, utilizadas por mais de 50% das bibliotecas nos seus treinamentos
formais e informais, deveriam ser, justamente, o material didático menos empregado
para atingir usuários que os próprios bibliotecários caracterizam como "desinteressados
e sem hábitos de leitura". Esta preferência por apostilas pode refletir as deficiência na
formação profissional do bibliotecário que prepara essencialmente técnicos em proces-
samento da informação e não educadores de usuários ou especialistas em referência.
Daí decorre o desconhecimento dos métodos didáticos alternativos e do processo de