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PRESIDENTE DA REPUBLICA
João Batista de Oliveira Figueiredo
MINISTRO DA EDUCAÇÃO E CULTURA
Rubem Carlos Ludwig
SECRETÁRIO DE ENSINO SUPERIOR
Tarcísio Guido Della Senta
DIRETOR-GERAL DA COORDENAÇÃO
DE APERFEIÇOAMENTO DE
PESSOAL DE NÍVEL SUPERIOR
Cláudio de Moura Castro
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ANAIS DO 2? SEMINÁRIO NACIONAL DE BIBLIOTECAS
UNIVERSITÁRIAS
ANAIS DO 2? SEMINÁRIO NACIONAL DE BIBLIOTECAS
UNIVERSITÁRIAS
PRESIDENTE DE HONRA
Edson Nery da Fonseca
COMISSÃO DIRETORA
Presidente: Antonio Miranda (UnB)
Vice-Presidente: Reinaldo Dias Ferraz de Souza (SEPLAN)
Relator-Geral: Marietta Telles Machado (UFGO)
COMISSÃO ORGANIZADORA
Coordenação Executiva: Maria Carmen Romcy de Carvalho (CAPES)
Subcomissão de Secretaria: Cybele Villares Coelho (UnB)
Subcomissão de Divulgação: Ricardo C. Rodrigues (CAPES)
Subcomissão de Finanças: Osmar Bettiol (SESu)
Subcomissão de Editoração: Jaime Robredo (UnB)
Subcomissão de Ciclo de Palestras: Maria Eleonora Freire Motta (USICA Refe-
rence Library Casa Thomas Jefferson)
Subcomissão de Atividades Sociais: Iza Antunes de Araújo (EMFA)
Subcomissão de Apoio: Aníbal Rodrigues Coelho (Câmara dos Deputados)
GERÊNCIA
ASSOCIAÇÃO DOS BIBLIOTECÁRIOS DO DISTRITO FEDERAL
Seminário Nacional de Bibliotecas Universitárias
2-, Brasília, 1981.
Anais... Brasília, CAPES, 1981.
p. xi + 378
1. Bibliotecas universitárias Brasil
CDU 027.7(81)
SUMARIO
TEMA CENTRAL:
AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DA BIBLIOTECA UNIVERSITÁRIA NO BRASIL
Apresentação v
Discurso do Diretor-Geral da CAPES, Dr. Cláudio de Moura Castro 01
Discurso do Excelentíssimo Senhor Ministro da Educação e Cultura,
Rubem Ludwig 04
TRABALHOS ESPECIAIS 07
Planejamento de e para bibliotecas universitárias no Brasil: sua posição sócio-
econômica e estrutural Kira Tarapanoff 09
La informacion como insumo y consumo en Ia biblioteca universitaria en
America Latina Jose Arias Ordoñez 36
SIMPÓSIO SOBRE PLANEJAMENTO DE SISTEMAS DE BIBLIOTECAS
UNIVERSITÁRIAS 51
Visão panorâmica do planejamento de sistemas de bibliotecas universitárias
Luiz Antonio Gonçalves da Silva 53
Diretrizes do IBICT e suas interferências no planejamento das bibliotecas uni-
versitárias Afrânio Carvalho Aguiar 61
Avaliação do uso da coleção de livros em biblioteca universitária, no campo
da Saúde Pública Maria Teresinha Dias de Andrade e outros 62
Estudo para transferência do sistema de bibliotecas da URG para o novo
campus Ely Gonçalves e outros 64
Utilização do sistema de custo-padrão para controle e avaliação do desempenho
da biblioteca Cléa Dubeux Pinto Pimentel 65
O processo racional na administração de bibliotecas universitárias: significado,
utilização e conseqüências para a organização Lilia Maria Vargas Lopes. ... 66
Programa de formação e treinamento de usuários na Biblioteca "Prof. Rosário
Farâni Mansur Guérios", do Centro Federal de Educação Tecnológica do
Paraná Irene Westphalen Lisiewicz e outros 67
Bibliotecários e bibliotecas universitárias Zita Catarina Prates de Oliveira 68
Objetivos de bilbioteca universitária Kira Tarapanoff 69
Sistema de bibliotecas da Universidade deo Paulo: roteiro para um diagnós-
tico Dinah Aguiar Poblacion e outros 70
Administração por objetivos num sistema de bibliotecas universitária
Elisabeth Schneider de Sá 72
Serviços de alerta e sua realização nas bibliotecas universitárias brasileiras
Nério Sacchi Júnior 73
Padrões para serviços bibliotecários na UFRGS Heloísa B. Schreiner e
Zita Catarina Prates de Oliveira 74
A biblioteca universitária: o estudante o trabalho de pesquisa Neusa
Dias Macedo 76
Políticas de evaluación conn es de aprobación institucional y de
programas Stella Sanches de Moore 78
Função social da biblioteca universitária - Sebastião de Souza e outros 84
Considerações sobre o sistema de bibliotecas da Universidade Fedederal de
Pernambuco (UFPE) Celeste Azevedo Macedo e outros 85
Bases para um Sistema Nacional de Bibliotecas Universitárias Antônio
Miranda 86
Relatório do Simpósio sobre Planejamento de Sistemas de bibliotecas univer-
sitárias - Rodolfo Tsupal 87
SIMPÓSIO SOBRE ARQUITETURA DE BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS ... .95
Aspectos do Planejamento e construção de Bibliotecas Universitárias
no Brasil Cláudio Mafra Mosqueira 97
O projeto arquitetônico da Biblioteca Central da Universidade Federal
do Espírito Santo — José Galbinski 106
Características do projeto da Biblioteca Central da Universidade Federal
de Mato Grosso Dinalva Gomes de Paiva 108
Projeto da Biblioteca Central da Universidade Federal de Goiás
Sinval Martins de Paiva 109
Programa Integrado de Melhoria de Ensino de Graduação e Arquitetura
e Urbanismo Osmar Bettiol e outros 116
Projeto arquitetônico da Biblioteca Central da Universidade Federal da
Bahia Fernando José Fahel e outros 120
Características do projeto da Biblioteca Central da UFRRJ Ricardo
Orlandi França e Almira Lins de Albuquerque 122
Problemas de planejamento e construção de bibliotecas universitárias no
Brasil uma experiência pessoal José Galbinski 124
Prédio da Biblioteca Central da Universidade Federal do Pará 2
a
etapa
memorial descritivo, explicativo e justificativo — José Freire Ferreira 125
Síntese do Simpósio sobre Arquitetura de Bibliotecas Universitárias
Stela Maris Borges 129
SIMPÓSIO SOBRE AQUISIÇÃO DE MATERIAL BIBLIOGRÁFICO 133
O processo de aquisição de material bibliográfico nas universidades
brasileiras Maria Helena de Sá Barreto e Zuleide Medeiros de Souza 135
A auto-suficiência de documentos especializados como responsabilidade
das universidades e instituições brasileiras Alfredo Américo Hamar
e outros 145
O acervo de periódicos estrangeiros da Universidade Federal Fluminense
adquiridos por compra; um estudo para aquisição planificada Eliana
Souza Pinheiro e outros 146
Aquisição de material bibliográfico:a experiência da Biblioteca Central do
IBGE Maria Beatriz Pontes de Carvalho e Liliane Falcão Leda 147
0 livreiro brasileiro face aos processos de aquisição por órgãos governamen-
tais - Jonny J. Wolff 148
Custos de aquisição direta de periódicos estrangeiros Heloísa B. Schreiner
e outros 149
Centro de Intercâmbio de Material Bibliográfico Emir José Suaiden 150
Relatório do Simpósio sobre Aquisição de Material Bibliográfico Mayra
Eltz Brum 151
SIMPÓSIO SOBRE AUTOMAÇÃO DE SERVIÇOS BIBLIOGRÁFICOS 153
Panorama dos planos e projetos de automação das bibliotecas universitárias
brasileiras Jaime Robredo 155
El Sistema LIBRUNAM en Colombia - Stella Sanches de Moore 191
Catálogo Coletivo Nacional de Periódicos Eratóstenes Edson Ramalho de
Araújo 195
Automação de Bibliotecas Afrânio Carvalho Aguiar 196
Redes de computadores das universidades do Norte e Nordeste Projeto
CEPINNE - Ricardo de Oliveira Maciel 197
Sistema automatizado de controle bibliográfico da Biblioteca Central da
UnB - BCE 020- Cybele Villares Coelho e Antonio Pinho Werneck
Rodrigues 207
Disseminação seletiva da informação em bibliotecas universitárias: algumas
considerações Alvaceli Lusa Braga e Armi Maria Cardoso 208
Sistema de controle de periódicos (SISCOPE) Carlos Ernesto Rech e
Nelson Mendonça de Mattos 209
Sistema CALCO/UFRGS - Automação na Biblioteca Central da UFRGS -
Heloísa B. Schreiner 210
Sistema de Automação nas Bibliotecas da UFPb Leda Maria Jurema Dutra
e José Leônidas Maciel da Silva 211
Relatório do Simpósio sobre Automação de Serviços Bibliotecários
- Cybele Villares Coelho .212
GRUPOS DE TRABALHO - DOCUMENTOS BÁSICOS E RELATÓRIOS 217
Educação de usuários em bibliotecas universitárias Milton A. Nocetti e
Judith Rebeca Schleyer 219
Relatório do Grupo de Trabalho Estudo de Interface Usuário/Sistema de
Informação Paulo da Terra Caldeira 239
Tendências atuais do processamento técnico em Bibliotecas universitárias
- Cordélia R. Cavalcanti 246
Ao Senhor Relator Geral do 2
o
SNBU - Regina Maria Soares de Oliveira 271
Catálogo coletivo e comutação bibliográfica Leila Magalhães Zerlotti
Mercadante e Tereza da Silva Freitas Oliveira 272
Relatório 286
Coleta de dados e estatísticas em bibliotecas universitárias Maria Carmen
Romcy de Carvalho e Glória Isabel Sattamini Ferreira 302
Padrões em bibliotecas universitárias: situação no Brasil Maria Carmen
Romcy de Carvalho 314
Relatório Zita Catarina Prates de Oliveira 327
Seleção e aquisição de material em bibliotecas universitárias brasileiras
Nice Menezes de Figueiredo 330
Relatório Lindaura Alban Corujeira 351
Relatório Geral do 2º SNU - Marieta Telles Machado 353
HOMENAGEM AO PRESIDENTE DE HONRA DO 2? SNBU
PROF. EDSON NERY DA FONSECA
Peregrinações de um bibliotecário: roteiro quase bibliográfico Cordélia
R. Cavalcanti 369
Discurso do Prof. Edson Nery da Fonseca Por uma só biblioteca em cada
universidade 373
DISCURSO DE CLÁUDIO DE MOURA CASTRO, DIRETOR-GERAL DA CAPES
A biblioteca é a memória da sociedade. A biblioteca universitária é a janela
para nossa herança cultural e científica. Por ela descobrimos o que o passado nos lega,
permitindo assim concentrar nossos esforços no que está para ser feito, sem os vacilos
do desconhecimento e sem o incômodo risco de refazer o que já está acabado.
Mas é mais do que isso!, a biblioteca é um embaraçoso espelho do nível
de desenvolvimento de nossa comunidade acadêmica. Sendo elao vital, suas realiza-
ções refletem nosso amadurecimento científico e cultural, tanto quanto suas deficiên-
cias denunciam as fragilidades nas várias áreas do conhecimento.
O primeiro preito a este reconhecimento é a construção dos espaços que
abrigam a biblioteca. Isso é pouco. E, algumas vezes, supérfluo. Em momentos passa-
dos abundaram mausoléus vazios, monumentos à nossa incultura.
Livroo se inaugura com pompa e banda de música. Suprir nossa biblio-
teca com técnicos competentes e acervos suficientes é tarefa difícil e cara mas consti-
tui o indício mais nítido da maturidade. O acervo das nossas bibliotecas mostra onde
chegamos, a seriedade do nosso esforço. Lembremo-nos também que livro comprado a
metro ainda é pouco,o podemos descuidar de sua seleção.
Em última análise, uma vez superados os problemas básicos de pessoal e
acervo, devemos reconhecer que o teste finalo as condições de acesso e uso ofereci-
dos aos usuários, suas diferenças refletindo a distância entre os esforços e os resultados
da nossa Universidade. Da correta classificação e tombamento ao casamento com a
cibernética há uma ampla tecnologia, buscando tornar mais facilmente disponível seu
acervo crescente. De fato, se dobra a cada dez anos o número de publicações científi-
cas e se está viva mais da metade dos cientistas que já existiram na face da terra, pre-
senciamos uma vertiginosa corrida entre a tecnologia do tratamento da informação
e o crescimento exponencial do que se publica no mundo.
Ainda em moda os "check-ups" médicos onde nos obrigam a passar alguns
dia em uma clínica, nas mãos de inúmeros especialistas que examinam o estado de cada
uma de nossas funções vitais. Ao cabo desse processo, somos apresentados ao diagnós-
tico. Ficamos assim sabendo de nossa saúde.
Durante muito meses nossas bibliotecas universitárias submeteram-se a
semelhante exame clínico, nas mãos dos melhores especialistas da matéria. Foram
auscultados todos os pontos mencionados anteriormente e muitos outros queo
caberia mencionar.
Na semana que se inicia, reunimo-nos para ouvir destes especialistas o seu
diagnóstico. Como dissemos,o é apenas a saúde da biblioteca que está em discussão,
mas também os avanços e perplexidade do nosso mundo universitário.
O Seminário será, ainda, a oportunidade para os profissionais da área de
informação bibliotecários, analistas de sistemas, administradores, arquivistas e arqui-
tetos, assim como aos próprios usuários (pesquisadores, professores e estudantes) de
assistir as exposições de projetos e programas em andamento, de atualizar-se em novas
técnicas através de cursos e comunicações curtas, assim também de conhecer novas
publicações e equipamentos especializados e de conhecer e estreitar vínculos profissio-
nais e pessoais com os colegas de outros estados e países.
O II Seminário Nacional de Bibliotecas Universitárias, dedicado à análi-
se à "avaliação do desempenho da biblioteca universitária no Brasil", é uma promoção
da CAPES, com o patrocínio da SESu, da PREMESU, do CFE, assim como do CNPq/
IBICT.
Nele assistimos ao lançamento do Programa de Comutação Bibliográfica
COMUT, por S. Excia. o Ministro da Educação e Cultura, Rubem Ludwig. Este Progra-
ma constitui-se em acontecimento da maior transcendência para a nossa comunidade
acadêmica, científica e executiva, na medida em que vai facilitar o encontro do usuário
com a cópia do documento requerido nas atividades de ensino, pesquisa e gerenciamen-
to, sem as limitações atuais de localização geográfica e burocrática.
Como um todo, o Brasil tem um respeitável acervo de livros e revistas. Mas,
o pesquisador individual conviveo com o todo mas com a biblioteca de sua universi-
dade, com as limitações que porventura tenha. 0 que está nas outraso está ao seu
alcance.
0 COMUTe verdadeiramente ao seu alcance o acervo de todo o País.
Se está em alguma biblioteca ele poderá obter cópia em 7 dias, por um preço modes-
to. Teoricamente nada impede a um usuário de uma biblioteca encomendar uma pu-
blicação do acervo de outra. Na prática há uma interminável seqüência de barreiras,
papelório, regulamentos, normas contábeis e outros entraves grandes e pequenos
impedindo que isso aconteça. Com o COMUT, pretende-se a superação dessas formi-
dáveis barreiras burocráticas.
Ao longo de dois anos, a CAPES bem como outras instituições, vem ope-
rando projetos piloto de comutação. Aprendemos todos nessas várias experiências o
como fazer, como simplificar e como eliminar a papelada. Agora, lançamo-nos para o
grande salto de criar um Sistema Nacional.
O COMUT foi projetado graças à conjugação de esforços da CAPES e do
CNPq e contou, na sua estruturação, com a consultoria técnica de especialistas do
IBICT, da BIREME, da BINAGRI, da EMBRAPA, do MINTER, do SERPRO e da
BICENGE e de várias universidades e centros da documentação em institutos de
pesquisa, que deixamos de citar por questão de tempo.
Nada melhor portanto do que aproveitar o seminário para o treinamento
do pessoal das bibliotecas que estará envolvido na sua operação.
Gostaria, para concluir, de externar em nome da CAPES e da Associação
dos Bibliotecários do Distrito Federal que gerencia o II SNBU os agradecimentos
especiais ao FNDE e às empresas e organizações que colaboram na montagem deste
Seminário. Incluímos neste agradecimento a Universidade de Brasília, a Câmara dos
Deputados, o EMFA e a Casa Thomas Jefferson que colaboraram, cedendo seus profis-
sionais e sua experiência para a Comissão Organizadora do Seminário.
DISCURSO DO MINISTRO DA EDUCAÇÃO E CULTURA
RUBEM LUDWIG
O lançamento ofical, nesta inauguração solene do Segundo Seminário de
Bibliotecas Universitárias, do Programa de Comutação (COMUT), demonstra a inten-
ção do Ministério da Educação e Cultura de consolidar os centros bibliotecários, fontes
básicas da informação educacional, científica e tecnológica de que tanto necessitamos.
Ao congregar bibliotecários, analistas de sistemas, professores, pesquisado-
res, estudantes e profissionais, este seminário oferece oportunidade para que, nos
vários simpósios, sejam avaliados os problemas das bibliotecas universitárias e discuti-
das as formas e os usos da informação científica e educacional em nosso país.
A cultura, em qualquer de suas manifestações, depende, para desenvolver-
se, de registros orais e escritos que lhe garanta conhecer a contribuição acumulada no
passado e o conhecimento humano produzido no presente.o registros acumulados
pacientemente na memória viva que se transmite através dos séculos e em documentos
que a diligência do homem soube preservar. Esses registros constituem o patrimônio
da informação. A maior ou menor capacidade de conservar, ampliar e utilizar com efi-
ciência a informação, estabelece hoje em dia a diferença entre as comunidades mais e
menos desenvolvidas.
Para o educador e o cientista, a informação é o ponto de partida, o estímu-
lo e o parâmetro sobre o qual constroem e inovam; sobre ela, o artista cria e recria; o
administrador a utiliza para planejar e para decidir.
As ações do Governo, através do Ministério da Educação e Cultura e de
outros órgãos, buscam gerar formas mais competentes de produzir, acumular e melhor
utilizar os acervos de informação de que a comunidade necessita.
Preocupamo-nos, portanto,o apenas em abrigar e acumular informações,
mas em transformá-las em um bem acessível a qualquer cidadão que delas necessite.
Queremos, assim, que esta enorme biblioteca de que o país dispõe na soma de todas
as bibliotecas públicas, universitárias e especializadas possa chegar ao leitor brasilei-
ro onde ele queira, onde ele estiver.
Dispomos no Brasil de um considerável acervo depositado em 4.000 biblio-
tecas de todo o tipo. Isoladamente, cada biblioteca é uma unidade imperfeita e frágil.
Reunidas por um eficaz sistema de intercâmbio passam a constituir um conjunto capaz
de satisfazer a maior parte da demanda de informação existente no país.
A utilização desse grande acervo é o nosso propósito comum,o apenas
com o intuito de melhor servir aos nossos professores, estudantes de todos os graus,
pesquisadores, intelectuais e profissionais, mas também objetivando ordenar dispêndios
públicos e economizar divisas. Com isso, associamo-nos ao maior esforço que a nação
brasileira conscientemente enfrenta: o do combate e da superação aos nossos graves
problemas econômicos.
Esta é a nossa proposta ao lançar, aqui, o Programa de Comutação Biblio-
gráfica COMUT, frente aos senhores, queo ao mesmo tempo os beneficiários e
responsáveis por seu funcionamento em todos os Estados da Federação.
0 COMUT é uma das expressões mais legítimas da vontade de todos os
profissionais da área, para que os processos morosos e burocráticos venham a ser
substituídos por mecanismos ágeis e eficazes.
Na tarefa de concepção e implantação do COMUT, o MEC uniu esforços
com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) para,
juntos, oferecermos um serviço simplificado e de baixo custo a todos aqueles que
necessitam do documento para sua formação, na sala de aula, no laboratório, no escri-
tório técnico ou em casa.
Essa feliz associação recebeu o entusiasmo e o apoio promocional da
Fundação Roberto Marinho, que tem sabido associar-se às mais profícuas iniciativas
de interesse público, colaborando exemplarmente com os órgãos governamentais na
modernização do ensino e na preservação da memória nacional.
Aos senhores, que vieram deo longe para compartilhar desse esforço
conjunto de reflexão, em torno de temas importantes e úteis às políticas do nosso
Ministério como o Planejamento de Sistemas, Arquitetura e Automação de Servi-
ços desejamos um profícuo trabalho, na certeza de que contribuirão com idéias e
proposições valiosas ao desenvolvimento de nosso sistema bibliotecário.
Muito obrigado.
TRABALHOS ESPECIAIS
CDD 027.70981
CDU 027.7338.26(81)
027.7:301.17(81)
PLANEJAMENTO DE E PARA BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS NO BRASIL;
SUA POSIÇÃO SÓCIO-ECONÔMICA E ESTRUTURAL
Kira Tarapanoff, PhD
Profa. do Depto. de Biblioteconomia
da Universidade de Brasília, UnB
Aborda-se a evolução histórica do planejamento bibliote-
cário no Brasil no seu aspecto macro, inserindo-se a
biblioteca universitária no seu contexto sócio-econômi-
co, geográfico e cultural. São enfatizadas as tendências
atuais do planejamento bibliotecário, especialmente o de
bibliotecas universitárias, como parte do planejamento
educacional, científico e cultural, segundo diretrizes dos
planos brasileiros de desenvolvimento, tanto gerais como
setoriais. São identificadas características, falhas e
distorções do planejamento para bibliotecas universitá-
rias no país, propondo-se algumas linhas de ação que per-
mitam a sua melhor ''situação" dentro do contexto de
planejamento brasileiro.
A falta de uma visão macro de planejamento bibliotecário no Brasil exige
uma abordagem histórica da origem e evolução do planejamento bibliotecário no seu
aspecto teórico geral inserido na realidade brasileira.
A tendência moderna vê o planejamento bibliotecário como parte do
planejamento educacional, científico e cultural, dentro dos planos gerais de desenvolvi-
mento.
Neste contexto a biblioteca universitária é parte e resultado da sociedade
na qual opera, refletindo as características gerais do país o seu grau de desenvolvi-
mento, sua tradição cultural e seus problemas e prioridades sócio-econômicas.
A biblioteca universitária é uma organização sem autonomia própria, sendo
dependente da universidade à qual pertence. O seu relacionamento com a sociedade se
faz através da universidade eo diretamente. O relacionamento da universidade com
a sociedade é seletivo, sujeito às funções da universidade dentro desta sociedade e de
suas decisões e "negociações" políticas. Este relacionamento é mutável no tempo e no
espaço. A universidade e a biblioteca universitária brasileiraso produtos da história
social, econômica e cultural do país, bem como das características regionais brasileiras.
1. Planejamento educacional e planejamento bibliotecário; breve histórico
O desenvolvimento da idéia de planejamento bibliotecário no Brasil origi-
na-se no desenvolvimento da própria idéia de planejamento bibliotecário na América
Latina.
De acordo com Josefa Sabor (1-2), a idéia de planejamento bibliotecário
na América Latina já estava presente em 1950. No entanto, é nos anos 60, que a idéia
de planejamento bibliotecário é consolidada, assim como é consolidada a própria idéia
de planejamento para o desenvolvimento.
No Brasil, os primeiros ensaios de planejamento governamental para o de-
senvolvimento, foram realizados na década de 40, por iniciativa do empresário Roberto
Simonsen, que atribuía ao planejamento o poder de corrigir todas as desigualdades e
diferenças econômicas e sociais, tais como: distribuição de recursos; dependência eco-
nômica e técnica de países ou regiões desenvolvidas; conflitos de classes e oligópolis.
Para Simonsen, o planejamento era condutivo ao desenvolvimento (3).
Hoje, é amplamente aceito que o planejamento governamental sistemático
no Brasil só se tornou possível depois dos anos 60, quando foi introduzido o conceito
de planejamento geral, e pela primeira vez o Brasil planejou em termos de macroplane-
jamento eo desenvolveu apenas programas setoriais (4-5-6).
Na área de biblioteconomia, o desenvolvimento da idéia de planejamento
bibliotecário deve muito a Carlos Victor Penna, que nos anos 60 via o planejamento
bibliotecário como parte do planejamento educacional(7).
Na América Latina e no Brasil, a idéia de planejamento bibliotecário se de-
senvolve paralela à idéia de planejamento educacional.
Esquematicamente a situação do planejamento educacional no Brasil no
começo dos anos 60 era a seguinte:
1. os termos despesas-sociais e educação foram incluídos pela primeira vez
no Programa de Metas (1957-61);
2. 3,4% do orçamento do Programa de Metas foi alocado para educação
(treinamento de pessoal técnico);
3. em sua fase de implementação o Programa de Metas enfatizou o apoio
às indústrias de base ignorando a meta educacional (8).
As prioridades econômicas de apoio à expansão industrial justificava-se
pelo crescimento experimentado na década de 50 e continuado na de 60, criando
possibilidades para o Brasil atingir a sua revolução industrial (9).
A motivação efetiva para a inclusão de metas sociais em planos nacionais
veio na forma de ajuda externa, proposta pelo Programa Aliança para o Progresso (10).
O Programa Aliança para o Progresso foi lançado em represália à revolução
de Cuba, que fugiu do âmbito capitalista, proclamando a sua revolução social em 1959.
O Programa conclamava a cooperação interamericana para:
1. a manutenção e aperfeiçoamento das instituições democráticas;
2. o ataque frontal aos problemas de subdesenvolvimento econômico e
apoio à justiça social através de reformas estruturais (11).
A Aliança via a questão do desenvolvimento estritamente ligada às refor-
mas estruturais, tanto econômicas quanto sociais e políticas.
O Programa foi lançado oficialmente em 17 de agosto de 1961, com a
assinatura da Carta de Punta del Este, que comprometia o Brasil assim como os outros
países membros da Organização dos Estados Americanos, OEA, a preparar planos
nacionais de desenvolvimento que incluíssem objetivos sociais, visando principalmente
a redução do desencantamento social, prevenindo assim possíveis revoltas políticas.
No contexto de planejamento a Aliança estabeleceu objetivos sociais, polí-
ticos e econômicos para planos nacionais, recomendou a adoção de planos decenais de
educação, e introduziu o conceito de planejamento global no Brasil, que refletiu nos
planos Trienal (12), no Programa de Ação—PAEG (13), e também no Plano Estratégico
de Desenvolvimento (14).
O mesmo conceito de planejamento global para bibliotecas foi lançado no
Seminário Latino-Americano de Bibliografia, Documentação e Intercâmbio de Publica-
ções, realizado na cidade do México, em 1960 (15), que recomendou que os serviços
de biblioteca, bibliografia e documentação, fossem planejados como parte integrante
do processo sócio-econômico, de acordo com as necessidades de informação contidas
em tal processo.
O Seminário, entre outras recomendações especificou que fosse estabele-
cida maior coordenação e cooperação entre bibliotecas universitárias, centros de docu-
mentação e bibliotecas especializadas em cada país (16).
A idéia de coordenação e cooperação bibliotecária na América Latina, tam-
m encontra-se fundamentada no trabalho de Carlos Víctor Penna. Em seu livro:
La bibliotecologia Latinoamericana (17), um levantamento sobre a situação da biblio-
teca na América Latina, ele sugere e esboça um plano para estimular o desenvolvimen-
to de serviços bibliotecários, que inclui como elementos de pré-condição para o plane-
jamento: coordenação e centralização de serviços. Estes elementos enfatizam a idéia
de racionalidade administrativa e criam condições para as biblitoecas diversificarem e
melhorarem os seus serviços. Os outros elementos são: legislação bibliotecária; levanta-
mento de estatísticas adequadas; estudo e avaliação de necessidades e recursos; educa-
ção profissional e treinamento em serviço; e desenvolvimento da consciência do públi-
co para a importância e necessidade de serviços bibliotecários (18). Este último
elemento tem muito a dizer sobre "motivação".
A necessidade de centralização e coordenação de serviços bibliotecários
também foi uma das recomendações do Seminário Inter-Americano de Bibliotecas Uni-
versitárias, celebrado em Monticello-IIlinois-USA, em 1961, e convocado pelo Council
on Higher Education in the American Republics, CHEAR (19). O Seminário também
apontou a necessidade de se estimular a comunicação entre biblioteca-faculdades e
administradores universitários. Esta recomendação contém o elemento de "motivação"
que deve se cultivar, pois os reitores e professores da universidadeo podem permane-
cer alheios à importância da biblioteca para o ensino e pesquisa, sem o apoio deles a
biblioteca jamais terá o apoio moral e financeiro que se requer para desenvolver ou
manter os seus serviços, que aliáso de apoio aos programas da universidade e de seus
professores e pesquisadores (20).
Outras recomendações incluíam: treinamento de profissionais e incentivo
ao intercâmbio de experiências a nível interamericano; a necessidade de se fazer um
levantamento de situação para determinar prioridades de ação.
A importância de estudo ou levantamento de situação das bibliotecas uni-
versitárias sempre foi enfatizado, desde que se pensou em planejamento de bibliotecas
universitárias. Sua importânciao pode ser subestimada, já que o levantamento é o
instrumento essencial do planejamento, pois planejamento de qualquer espécie se
baseia em informação (21).
Planejamento bibliotecário no seu aspecto científico é o meio de cumprir
intenções eo apenas expressar ou formular estas intenções.
O planejamento visa atingir objetivos dentro de um determinado prazo. Ao
conceito do que se intenciona fazer, é necessário se adicionar os elementos do quando,
como e do porquê, se desejam ou se devem seguir determinadas linhas de ação. O
levantamento de situação pode prover informação sobre o que se fazer, dar indicações
do quando e do como linhas de ação devem ser seguidas e do seu porquê.
O levantamento e diagnóstico de situaçãoo a base para o planejamento
em si (22).
A situação das bibliotecas universitárias de um país deve ser estudada:
1. em relação às características intrínsecas da biblioteca (objetivos,
funções sociais, dependência, etc);
2. em relação aos fatores contextuais e características sócio-econômicas e
culturais (tanto históricas como atuais) da sociedade à qual pertence.
A influência da Aliança para o Progresso no planejamento educacional fez-
se sentir através da conferência realizada em Santiago do Chile, em março de 1962,
convocada pela Comissão Econômica para a América Latina, CEPAL.
A conferência adotou o conceito de "planejamento global" enfatizando o
papel da educação no desenvolvimento econômico e social e a participação das univer-
sidades em planejamento nacional e regional.
A conferência recomendou que os países investissemo menos de 4% de
u PIB (Produto Interno Bruto) em educação e que 15% do fundo recebido da Alian-
ça fossem usados para educação (23).
Através de suas recomendações a Conferência lançou a idéia de "planeja-
mento global" para bibliotecas universitárias quando convocou o seminário, que foi
realizado em Mendoza, Argentina, com o objetivo de estudar o planejamento de servi-
ços bibliotecários em relação aos objetivos do ensino superior e em relação às necessi-
dades de desenvolvimento econômico e social (24).
O Seminário de Mendoza, patrocinado pela UNESCO, discutiu aspectos
tais como:
1. novas tendências e objetivos da educação superior na América Latina,
previsão para os próximos 10 anos;
2. funções da biblioteca universitária considerando o provável desenvolvi-
mento do ensino superior na América Latina nos próximos 10 anos;
3. recursos e necessidades atuais das bibliotecas universitárias na América
Latina;
4. mudanças que deverão efetuar-se em vista do desenvolvimento previsto
nas universidades nos próximos 10 anos, com relação a: estrutura de
biblioteca; fundos bibliográficos e documentários; serviços técnicos e
administrativos; edifícios e equipamentos; cooperação interbibliotecá-
ria; financiamento;
5. elaboração de um plano de 10 anos para o desenvolvimento de uma bi-
blioteca universitária, baseado no plano de desenvolvimento de sua uni-
versidade ou num plano nacional de desenvolvimento do ensino supe-
rior;
6. possíveis fontes de auxílio econômico externo ou de outro tipo, para o
desenvolvimento das bibliotecas universitárias na América Latina (25).
De acordo com Josefa Sabor (26), o plano decenal preparado pelo grupo
de trabalho para o desenvolvimento da biblioteca universitária de Cuyo Argentina,
foi apenas um ensaio imperfeito poiso havia suficiente informação disponível para
um diagnóstico de situação essencial para o planejamento. O problema identificado foi
um levantamento de situação inadequado e apressado, falha que pode ser atribuída à
inexperiência de planejamento.
Parece-nos que a maior crítica que se pode fazer ao plano decenal da Uni-
versidade de Cuyo, é a mesma que foi feita ao plano Trienal de Celso Furtado, também
preparado em 1962, pressa na preparação. A outra crítica que é feita ao plano Trienal
é que este foi formulado enfatizando aspectos prioritários de desenvolvimento que pu-
desem mobilizar a ajuda externa proposta pela Aliança para o Progresso. De acordo
com Roberto Campos (27), apesar das "boas" intenções, a Aliançao especificou
objetivos viáveis para os países ditos "em desenvolvimento". Suas exigências de imple-
mentação e regulamentação geral, especialmente as ligadas à ajuda externa só poderiam
ser aplicadas com sucesso aos países desenvolvidos.
A importância do Seminário de Mendoza e dos seminários e conferências
realizadas nos anos 60 foi a sua contribuição teórica para o planejamento bibliotecário
da e para a América Latina.
O processo de amadurecimento do planejamento bibliotecário começa
com Carlos Víctor Penna que o vê como parte do planejamento educacional, visão
mais tarde ampliada pelo conceito de planejamento global introduzido pela Aliança
para o Progresso.
No entanto, a posição atual de se entender o planejamento bibliotecário
e de documentação como parte do planejamento educacional, científico e cultural,
dentro do plano geral de desenvolvimento de um país ou região, tomou corpo em 1968
(28).
2. Planejamento para bibliotecas universitárias no Brasil
No caso específico do Brasil a idéia de planejamento para bibliotecas uni-
versitárias foi introduzida por iniciativa de Da. Maria Luiza Monteiro da Cunha, que
divulgou as idéias, conclusões e recomendações do Seminário de Mendoza, durante
o 4
o
Congresso Brasileiro de Biblioteconomia e Documentação, realizado em Fortale-
za - Ceará, de 7 a 14 de julho de 1963.
No Brasil, no começo dos anos 60:
1. onde as prioridades dos planos nacionais eram econômicas;
2. onde houve a inclusão recentíssima de metas sociais em planos do go-
verno;
3. onde a idéia de planejamento social foi induzida pela Aliança para o
Progresso;
4. ondeo existia uma infraestrutura adequada para a implementação
dos planos nacionais;
As idéias do Seminário de Mendoza causaram grande impacto, maso
podiam ter aplicação imediata.
Estas idéias que podem ser sumarizadas nas palavras: comunicação; co-
operação; coordenação; e planejamento, eram algo de novo e inexistente entre as
bibliotecas universitárias brasileiras da época.
A nível de governo os anos de 1963 e 1964 representaram muito pouco
em termos de implementação de planos. O Brasil atravessava um período de instabili-
dade política que impedia a criação de uma infraestrutura adequada para a implemen-
tação dos planos nacionais.
Na verdade, planejamento sistemático a nível nacional no Brasil só se tor-
nou possível após 1964 (29).
De 1964 a 1966 o governo brasileiro concentrou os seus esforços no senti-
do de melhorar as condições de planejamento, enfatizando reformas institucionais,
reorganizando o sistema estatístico e reformulando o mecanismo de elaboração orça-
mentária (30).
O primeiro diagnóstico brasileiro sobre educação, foi realizado em 1966,
como parte do Plano Estratégico Decenal. Este plano que nunca foi implementado
estabeleceu a importância econômica da educação (31).
Planejamento educacional, no Brasil, tornou-se parte do desenvolvimento
geral do país, a partir do plano de 1967 (32), e do Plano Estratégico de Desenvolvi-
mento (33).
A ênfase do governo Costa e Silva na modernização da infraestrutura para
o planejamento trouxe consigo a Reforma Administrativa, expressa no Decreto-Lei nº
200 de 25 de fevereiro de 1967, o qual motivou também a Reforma Universitária.
Pode-se dizer que no Brasil os anos de 1964 a 1968 prepararam o terreno
para o planejamento educacional, cujo impacto, no entanto, na esfera do ensino supe-
rior, só se fez sentir depois da Reforma Universitária (1968-1969).
2.1 Planejamento para bibliotecas universitárias e a Reforma
Já foi dito que a biblioteca é parte e resultado da sociedade à qual perten-
ce, de suas características e prioridades sócio-econômicas e culturais. Também já foi
dito que a biblioteca universitáriao é uma organização autônoma, sendo subordina-
da à universidade à qual pertence.
Baseados nestas premissas podemos dizer que a biblioteca universitária
brasileira reflete as características e é resultado da situação sócio-econômica da univer-
sidade brasileira.
O relacionamento da universidade com o seu meio ambiente é seletivo,
ele se faz em função das características da universidade como uma organização e do
papel social em determinado momento histórico.
No caso da universidade brasileira de hoje o seu relacionamento com a
sociedade é basicamente determinado pela filosofia, diretrizes e especificações da
Reforma Universitária, que é um conjunto de leis e normas que regem a universida-
de moderna (34).
A Reforma Universitária representa o momento de mudança e desenvolvi-
mento da universidade brasileira de hoje. Os novos objetivos da universidade moderna,
de ensino, pesquisa e extensão e a ênfase da Reforma em vinculá-los às atividades de
desenvolvimento nacional, trouxe o ensino superior e a universidade mais próximos às
atividades de planejamento tanto do ensino como da ciência e tecnologia.
Hoje, como conseqüência da filosofia da Reforma, que se reflete na biblio-
teca universitária, a situação das bibliotecas universitárias brasileiras deve ser estudada
em relação às:
1. características sócio-econômicas e culturais do Brasil;
2. as tendências do ensino superior de hoje;
3. as prioridades sociais e econômicas expressas nos planos nacionais de
desenvolvimento;
4. a política nacional de desenvolvimento do ensino superior e da ciência
e tecnologia.
A identificação da biblioteca universitária como uma organizaçãoo
autônoma, dependente da universidade à qual pertence e da qual recebe insumos e
"feedback", e através da qual a biblioteca se relaciona com o seu meio-ambiente, reve-
lam que as mudanças que possam ocorrer na universidade devem ser imediatamente
acompanhadas pela biblioteca.
Considerando que a Universidade de hoje está sob a orientação geral da
Reforma Universitária, datada de 1968-1969, cujas diretrizes, filosofia e orientação ela
deve seguir, pode-se concluir que a biblioteca universitária deve seguir esta mesma filo-
sofia, diretrizes e princípios.
A Reforma visou a correção das principais distorções no sistema de ensino
superior brasileiro, tradicionalmente centrado em torno da faculdade isolada.
A orientação da Reforma é a teoria dos sistemas abertos, que analisa a
universidade em duas dimensões:
1. a dimensão externa: que enfatiza a responsabilidade social da universi-
dade, parte do esforço de desenvolvimento nacional;
2. a dimensão interna: que enfatiza modificações e modernização na estru-
tura e objetivos da universidade.
A dimensão externa inclui a orientação de que:
1. a universidade como uma organizaçãoo deve apenas se relacionar,
mas fazer parte do seu meio ambiente;
2. a universidade deve agir como um instrumento para o desenvolvimento
nacional (crescimento econômico), e como um instrumento para o
desenvolvimento total do homem (35).
Sob esta orientação a biblioteca universitária deve ser vista como parte da
sociedade na qual está inserida e envolvida na ação nacional de desenvolvimento e
preocupada com o indivíduo.
A orientação interna da Reforma enfatiza:
1. o planejamento universitário em relação aos novos objetivos da universi-
dade de ensino, pesquisa e extensão;
2. a visão de sistema, a universidade vista como um todo coeso, uma
unidade orgânica, onde as atividades acadêmicas se completam;
3. a modernização na estrutura da universidade, centrada nas atividades
de ensino, pesquisa extensão e administração da universidade;
4. as diretrizes administrativas deo duplicação de meios para fins idên-
ticos ou similares, e manutenção da racionalidade organizacional com
plena utilização de materiais e recursos humanos.
Sob esta orientação a biblioteca deve:
1. planejar os seus serviços em relação aos objetivos da universidade;
2. ver a biblioteca como pertencente a um sistema, opondo-se à biblioteca
isolada;
3. re-estruturar as atividades da biblioteca em relação às atividades da
universidade;
4. introduzir os princípios de centralização, coordenação e cooperação,
para poder seguir a orientação administrativa de evitar duplicação de
meios para fins idênticos ou similares, e de racionalidade administrativa
com plena utilização de materiais e recursos humanos (36).
No entanto, como já é do amplo conhecimento dos bibliotecários brasilei-
ros, o grupo de leis que compõem a Reforma Universitáriao fez referência eo
especificou diretrizes de mudança ou adaptação para a biblioteca universitária,
deixando para os bibliotecários a sua interpretação e aplicação às bibliotecas universi-
tárias (37).
Este fato retardou o processo de adaptação da biblioteca universitária sob
a Reforma, ficando o bibliotecário sem a possibilidade de uma ação imediata. Outros
problemas que impediram uma ação imediata dos bibliotecários de bibliotecas universi-
tárias, podem ser identificados como se segue:
1. a biblioteca universitária brasileira estava tradicionalmente ligada à fa-
culdade isolada e à sua administração fator que impedia a visão sistêmi-
ca;
2. o papel da biblioteca dentro do sistema tradicional de ensino brasileiro
marginalizava a atuação da biblioteca nos objetivos da universidade, dei-
xando-a com a função residual de preservação de acervo;
3. os bibliotecárioso conheciam os objetivos da universidade;
4. os bibliotecárioso possuíam informação sobre a situação das biblio-
tecas universitárias no Brasil, e até mesmo da situação das bibliotecas de
uma mesma universidade;
5. os bibliotecários de unviersidadeo tinham tradição de planejamento,
ainda que experienteso sabiam planejar nem tampouco tiveram for-
mação de planejadores;
6. falta de motivação para mudanças;
7. falta de consciência da importância da biblioteca dentro da universidade
tanto da parte dos professores quanto dos bibliotecários.
A iniciativa para a formação de uma comissão nacional para o estudo dos
problemas de desenvolvimento de bibliotecas universitárias brasileiras, se deveu exclusi-
vamente aos diretores de bibliotecas centrais, que em 1972, formaram o Grupo de Im-
plantação da Comissão Nacional de Diretores de Bibliotecas Centrais Universitárias
(38). 0 resultado do grupo de trabalho foi a criação, em agosto de 1973, da Associação
Brasileira de Bibliotecas Universitárias, ABBU, cujos objetivos básicos eram:
1. estudar os problemas relativos as bibliotecas universitárias brasileiras,
com a finalidade de formular uma política nacional para o seu desenvol-
vimento;
2. colaborar com os setores nacionais e regionais responsáveis pelo ensino
superior, visando à difusão e ao adequado aparelhamento das bibliote-
cas universitárias;
3. difundir o princípio da necessidade de constante melhoria dos padrões
das bibliotecas universitárias brasileiras, desenvolvendo para tanto estu-
dos, projetos e programas em torno de temas centrais de coordenação
e racionalização, bem como incentivando o aperfeiçoamento cultural
e técnico dos profissionais a ela vinculados;
4. promover a integração e" coordenação de esforços entre as bibliotecas
universitárias, incrementando o intercâmbio de experiências, de infor-
mação e material documentário (39).
Obviamente a ABBU compreendeu o desafio e a filosofia da Reforma,
propondo-se a ser a primeira associação nacional de planejamento bibliotecário tendo
em vista os princípios de coordenação, centralização e cooperação.
Hoje, devido a vários fatores de ordem política e legal, a ABBU foi trans-
formada numa comissão permanente sob a FEBAB, e é chamada de Comissão Brasi-
leira de Bibliotecas Centrais Universitárias (40).
No começo de sua existência, a Comissão abordou o Conselho de Reitores,
CRUB, para estudar a possibilidade de uma afiliação, pois sentiu que tinham objetivos
comuns, o CRUB preocupava-se com os problemas de administração e planejamento
geral de universidades, enquanto que a Comissão preocupava-se com os problemas de
administração e planejamento de bibliotecas universitárias. Esta afiliação, no entanto,
foi recusada, alegando-se que a linha de ação da Comissão era incompatível com a do
Conselho Brasileiro de Reitores.
No entanto, a Comissão conseguiu o patrocínio do CRUB para promover
um seminário, envolvendo administradores de bibliotecas universitárias, para estudar
e definir a posição da biblioteca universitária sob a reforma.
O Seminário foi realizado na Universidade de Brasília, no Departamento
de Biblioteconomia, em julho de 1974 (41). Seu principal objetivo era estudar a posi-
ção da biblioteca dentro da universidade após a Reforma. O tema central do encon-
tro foi apresentado por Briquet de Lemos e Vera Amália Amarante Macedo, e intitu-
lou-se: a Posição da Biblioteca na Organização Operacional da Universidade. O trabalho
comentou sobre as diversas formas de organização estrutural das bibliotecas universitá-
rias brasileiras, reflexo do processo de formação de nossas universidades, caracterizadas
pela conglomeração, até certo ponto inorgânica das faculdades isoladas. A posição dos
autores é a de que a biblioteca deve se integrar no processo de planejamento e tornar-se
parte atuante no funcionamento da universidade.
As várias recomendações feitas para reforçar a estrutura da biblioteca
dentro da universidade, incluíam:
1. que a biblioteca universitária deve ser vista como um sistema, integrado
no sistema universitário, e no sistema de informação científica, a nível
nacional e internacional;
2. que os serviços bibliotecários sejam centralizados e coordenados ao-
ximo, dentro da universidade;
3. que a biblioteca central, ou órgão responsável pela coordenação do
sistema de bibliotecas, seja o responsável pelo planejamento de serviços
e pelo controle de aplicação do orçamento do sistema de bibliotecas;
4. que os diretores de bibliotecas centrais tenham status acadêmico para
poderem participar das decisões nos altos níveis administrativos (42).
O trabalho sugere vários modelos alternativos para a coordenação e centra-
lização dos serviços. As sugestões visavam o fortalecimento do poder de decisão dos
bibliotecários a nível vertical, colocando-os em melhor posição de negociação (por
orçamento, pessoal, material, equipamento, etc.)., e melhor posição de planejamento.
A biblioteca também foi alertada para um relacionamento mais estreito
com o funcionamento da universidade. Este relacionamento a nível horizontal, enfati-
za a comunicação com as unidades e setores da universidade onde os objetivos da uni-
versidadeo executados (e idealmente deveria ser formulados).
Os trabalhos apresentados no Seminário de Brasília contém o primeiro
conjunto de diretrizes para o planejamento efetivo das bibliotecas universitárias
brasileiras, principalmente no seu aspecto estrutural.
Apesar do seminário de Brasília ressaltar a influência que teve do Seminá-
rio de Mendoza, ele representa em nossa opinião uma posição mais amadurecida em
relação a planejamento bibliotecário.
O Seminário de Mendoza enfatizou a necessidade de se estudar os proble-
mas bibliotecários em relação as tendências do ensino superior, posição que se identifi-
ca com a primeira fase do desenvolvimento da idéia de planejamento bibliotecário, que
vê o planejamento bibliotecário como parte do planejamento educacional.
O Seminário de Brasília, reflete a idéia de que planejamento bibliotecá-
rio é parte do planejamento educacional, científico e cultural dentro do plano geral de
desenvolvimento de um país ou região. Planejamento bibliotecário é visto como parte
do planejamento geral de desenvolvimento. Esta posição amadureceu na América
Latina após 1968 (43).
2.2 Tendências atuais de planejamento bibliotecário no Brasil
Seguindo-se esta diretriz o planejamento universitário e bibliotecário deve
seguir o mesmo esquema do planejamento nacional.
Os planos nacionais de governo fornecem as diretrizes gerais sócio-conômi-
cas queo seguidas por todas as organizações do país, no entanto, há aspectos especí-
ficos que se aplicam mais diretamente à esta ou aquela organização.
No caso de universidades, os planos educacionais e de ciência e tecnologia
os atingem mais diretamente.
0 planejamento educacional hoje é feito como um aspecto, ou setor,
do plano nacional. Diretrizes geraiso estabelecidas nos planos governamentais, mas
a responsabilidade pelo planejamento educacional detalhado fica a cargo do Ministério
da Educação e Cultura (44).
Esta estrutura de planejamento origina-se no governo Castello Branco,
quando foi criado o Ministério do Planejamento responsável pela coordenação geral, e
as secretarias de planejamento dentro de cada Ministério responsáveis pelo planejamen-
to setorial. Hoje o planejamento geral é indicativo, e o planejamento setorial, mais
detalhado, mas também indicativo, continua sob a responsabilidade das secretarias de
planejamento de cada Ministério, que recebem a orientação e coordenação da Secreta-
ria de Planejamento, SEPLAN (45).
O primeiro plano setorial de Educação e Cultura foi preparado para o
período de 1972/1974 (46). As metas educacionais tinham sido estabelecidas anterior-
mente pelo documento de Metas e Bases de Ação do Governo, que antecedeu o 1?
PND (47).
As grandes prioridades do programa de Metas incluíam a Revolução na
Educação, enfatizando:
1. qualidade de ensino;
2. a produtividade do sistema educacional; e
3. a integração da educação com o desenvolvimento científico e tecnoló-
gico e com o desenvolvimento global do país (48).
O Programa de Metas garantiu a continuidade da Reforma Universitária,
mediante a execução de novos programas e projetos já aprovados e dotados de recur-
sos, quanto à estrutura institucional da universidade, ao regime .didático e científico,
ao magistério, à integração da universidade no processo de desenvolvimento e á integra-
ção do estudante na universidade e nos programas de desenvolvimento. 0 programa
também enfatizou a implementação progressiva de centros nacionais de Pós-Gradua-
ção. A Pós-Graduação seria incluída como área prioritária no 2? PND (49), que propor-
cionou condições para o advento do 1º Plano Nacional de Pós-Graduação, PNPG.
Também sob o 2º PND foi preparado o 2º Plano Setorial de Educação para o período
1975/79 (50).
O Programa de Metas incluía também a prioridade "aceleração do
desenvolvimento científico e tecnológico", que incluía entre as suas dez realizações:
1. a implementação do Plano Básico de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico, PBDCT, constituído de projetos prioritários das principais
instituições de execução ou estímulo à pesquisa (CNPq; FUNTEC,
CNEN, etc);
2. estruturação do Sistema Nacional de Ciências e Tecnologia criando
condições de trabalho satisfatório para os pesquisadores e tecnólogos
nas principais instituições de pesquisa;
3. implantação do sistema de informação sobre ciência e tecnologia para
a captação, tratamento e difusão sistemática e permanente de informa-
ções atualizadas nas áreas de ciência e tecnologia.
O fato de que a criação do Sistema Nacional de Ciência e Tecnologia
seguiu-se da criação de um sistema de informação para a ciência e tecnologia, revela a
preocupação de que o primeiroo pode subsistir sem o segundo.
O 19 PND (1972-1974), que seguiu o documento Metas e Bases..., refor-
çou a implementação do Sistema Nacional de Informação Técnico-Científica, SNICT,
bem como a implementação do 19 PBDCT (1973-1974) (51).
O PND determinou a organização e a implantação do SNICT, sob a
coordenação central do CNPq, e com operação descentralizada em subsistemas especia-
lizados. Durante o seminário de Brasília foram apresentados trabalhos enfatizando a
participação da biblioteca universitária do SNICT (52), e no sistema de informação
científica e tecnológica e outros sistemas de informação (53).
Recomendou-se às bibliotecas universitárias a sua participação na infraes-
trutura dos sistemas nacionais de informação, e a cooperação imediata, voluntária,
com o CNPq/IBBD, responsável pela política de informação do CNPq.
O Seminário de Brasília forneceu diretrizes gerais para o planejamento e
adaptação da biblioteca universitária sob a Reforma, no entanto, diretrizesoo o
suficiente para corrigir todos os problemas administrativos emergentes, organizacio-
nais, ou ainda de outra natureza, que surgem sob uma Reforma.
Sentiu-se a necessidade de assistência para planejamento contínuo.
A questão a ser respondida pelos bibliotecários de universidades era
quem iria planejar e o que era necessário para garantir o planejamento contínuo.
Carlos Víctor Penna tem a respostas quando sugere que o planejamento de serviços
bibliotecários pede a participação e colaboração entre bibliotecários adequadamente
treinados e planejadores envolvidos com o desenvolvimento educacional, econômico e
social (54).
A lição dada pela Reforma, ensinou que planejamento bibliotecárioo
iria ser feito pelos planejadores educacionais. Planejamento bibliotecário deveria ser
feito por iniciativa dos bibliotecários. Isto poderia ser obtido através da:
1. criação de um órgão formado por diretores de bibliotecas universitárias,
representando o consenso de prioridades de planejamento entre os dire-
tores de bibliotecas; e
2. criação de um órgão que tivesse poder para "legitimar" este consenso,
preferivelmente na esfera do planejamento educacional e na do plane-
jamento de informação científica e tecnológica.
A resposta parcial a estas perguntas veio com a criação, em 1973, da Asso-
ciação Brasileira de Diretores de Bibliotecas Centrais Universitárias, ABBU, e com a
criação, em 1975, do Núcleo de Assistência Técnica para sistemas de biblioteca, o
NAT/08, previsto pelo 1? Plano Setorial de Educação e Cultura, de 1975-1979 (55).
De acordo com as diretrizes do Plano Setorial, os NATs ficariam sob a responsabilidade
de instituições nos diversos estados do país, como por exemplo o NAT/01 de Planeja-
mento Universitário ficaria centrado na Universidade de Brasília, enquanto que o
NAT/08 ficou sob a responsabilidade administrativa da Universidade de Pernambuco
(56).
. Os NATs eram vinculados à Diretoria de Assuntos Universitários, DAU,
atual SESu, do Ministério da Educação e Cultura, e tinham campos específicos de
atuação. O NAT/08 tinha como campo específico de atuação a assistência técnica no
planejamento, implementação e implantação de sistemas de bibliotecas universitárias,
abrangendo quando de sua criação os seguintes aspectos:
1. perfis de usuários de bibliotecas universitárias;
2. centralização e descentralização dos serviços bibliotecários em universi-
dades;
3. seleção e aquisição de material documental para as IES (Instituição de
Ensino Superior);
4. bibliotecas universitárias como centros multi-meios;
5. avaliação dos serviços bibliotecários de IES.
«
Hoje, o NAT/08, está vinculado ao PREMESU IV, um programa especial
do Ministério da Educação e do Banco Interamericano de Desenvolvimento, BID, preo-
cupando-se no momento, com a preparação de profissionais para o planejamento
bibliotecário.
No entanto, nem o NAT/08, nem a Comissão de Diretores de bibliotecas
universitárias tiveram muito sucesso. Seus maiores problemas parecem ter sido:seguir
os objetivos propostos; dar uma definição legal e de vinculação no caso da ABBU;
e garantir o apoio financeiro e de implementação no caso de ambos. Além do mais,
planejamento bibliotecário também deve estar vinculado ao planejamento de informa-
ção em ciência e tecnologia, o que exige das bibliotecas a sua definição e vinculação
ao IBICT/CNPq, e mais especificamente ao SNICT.
0 SNICT sofreu reformulação sob o 2º PND (57) e o 2º PBDCT (58). 0
2
o
PBDCT reforçou a importância da informação científica e tecnológica como ativi-
dade de apoio para o desenvolvimento científico e tecnológico, e mais especificamente
ao Sistema Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, SNDCT.
O cumprimento das metas e objetivos do Plano Básico de Desenvolvimen-
to Científico e Tecnológico, como foi enfatizado pelo II PND, depende de balancea-
mento adequado entre a pesquisa fundamental, a pesquisa aplicada e o desenvolvimen-
to experimental, programas que sâ"o desenvolvidos nas universidades através da pesqui-
sa e extensão. O programa de pesquisa fundamental, por exemplo, mantém estreita
articulação com o programa de ensino universitário a nível de pós-graduação, e se rea-
liza substancialmente no âmbito das instituições de ensino superior, confundindo-se
desta forma com as atividades da treinamento avançado. A este nível, o CNPq, arti-
cula-se com a SESu e a CAPES do Ministério da Educação e Cultura, cabendo ao Plano
Nacional de Pós-Graduação, 1975-1979, a responsabilidade das diretrizes do ensino
de pós-graduação no país (59).
Pode-se concluir, que planejamento bibliotecário de e para bibliotecas
universitárias, deve se articular com:
1. a política de desenvolvimento do governo expressa nos planos nacionais
de desenvolvimento, e que é indicativa por natureza;
2. a política científica e tecnológica e de informação, expressa nos planos
de desenvolvimento científico e tecnológico;
3. a política de educação e de ensino superior expressa nos planos setoriais
do MEC;
4. a política de pós-graduação expressa nos planos nacionais de Pós-Gra-
duação.
A biblioteca universitária de hoje deve se integrar e seguir as indicações do
III PND, III PBDCTe2º PNPG.
As prioridades educacionais do III PND se concentram na educação básica
e na promoção cultural, suas prioridades indicativas para a ciência e tecnologia vincula-
das com a universidade se concentram no fortalecimento e ampliação do domínio do
conhecimento científico, especialmente através da eliminação de carências e estrangu-
lamentos nos programas de pós-gradução e pesquisa de universidades (60). A ênfase do
III PND, no que se refere à universidades, recai na pesquisa e apoio à pós-graduação.
O III PBDCT, reforça a necessidade da informação como apoio essencial
para o desenvolvimento científico e tecnológico. As prioridades neste setor incluem o
fortalecimento do IBICT/CNPq, como órgão central com condições institucionais e
materiais para desempenhar funções de coordenação descentralizada das atividades de
informação em ciência e tecnologia, e a necessidade de sensibilizar a consciência nacio-
nal para a importância do uso da informação, objetivando o aperfeiçoamento de meca-
nismos de acesso, armazenamento, e divulgação desta informação, também é enfatiza-
da a necessidade de formação e treinamento de recursos humanos de alto nível técnico,
no tratamento e utilização da informação devido à característica multidisciplinar do
setor (61).
O III PBDCT expressa o seu apoio à atividade de extensão das universida-
des, quando as incita a desenvolver programas de extensão e assistência, visando a
criação e transferência de ciência e tecnologia aos diversos segmentos da sociedade, em
particular ao setor produtivo.
O 2° Plano Nacional de Pós-Graduação, bem como o 3? Plano Setorial de
Educação deverão ser publicados em breve, estabelecendo ainda as diretrizes que deve-
o ser seguidas pelas universidades e bibliotecas universitárias para se tornarem efetiva-
mente parte do esforço nacional de desenvolvimento.
3. Conclusões
Sob o ponto de vista de planejamento, a posição socio-econômica e
estrutural da biblioteca universitária nos indica que esta é influenciada pelos planos
nacionais de desenvolvimento e pelos planos e políticas setoriais de educação supe-
rior e de ciência e tecnologia.
Os planos nacionaiso hoje os grandes motivadores de mudança e desen-
volvimento das instituições e sistemas no país.
Sua orientação geral é filtrada pelas características individuais destas ins-
tituições e sistemas. No que se refere a planejamento universitário as diretrizes dos pla-
nos de governo revelam que planejamento educacionalo pode ser desvinculado do
planejamento científico e técnico, sendo um complemento do outro, ambos essenciais
para o processo de desenvolvimento. 0 planejamento de bibliotecas universitárias é
parte do mesmo processo. Para entender e assumir a sua responsabilidade no esforço de
desenvolvimento do país, a biblioteca universitária precisa antes de mais nada analisar
as suas características atuais como uma organização. Uma vez identificadas estas carac-
terísticas, ela deve:
1. proceder à redefinição de sua posição e responsabilidade em relação a
organização à qual serve;
2. entender e re-definir as suas responsabilidades em relação aos objetivos
gerais e específicos da universidade, tanto em sua dimensão social
quanto na individual;
3. entender e definir as funções e responsabilidades da biblioteca em rela-
ção à política de educação e de ciência e tecnologia;
4. entender e definir a sua posição, objetivos e responsabilidades em rela-
ção ao IBICT/CNPq;
5. entender e definir a sua posição, objetivos e responsabilidades em rela-
ção à CAPES/MEC;
Para atingir estas metas, ela precisa:
1. manter mecanismos de ação que possibilitem a sua participação no
processo de planejamento a nível institucional;
2. manter mecanismos de ação que possibilitem a sua participação no pro-
cesso de planejamento educacional a nível de decisão, inserindo a
biblioteca neste processo;
3. manter mecanismos de ação que possibilitem a sua participação no pro-
cesso de planejamento científico e tecnológico, inserindo a biblioteca
dentro deste processo;
Para atingir estes objetivos, ela deve:
1. assegurar a sua capacidade de planejamento dentro da universidade, tan-
to a nível vertical hierárquico, quanto a nível horizontal, integrando-
se no processo de planejamento das demais unidades universitárias,
assegurando assim a sua participação na execução e formulação dos
objetivos da universidade;
2. re-analisar, re-definir ou substituir os seus mecanismos de planejamento
existentes, tanto a Comissão de Diretores de Bibliotecas Centrais
Universitárias, como do NAT/08, visando a correção de distorções em
relação aos objetivos iniciais propostos, e ao re-posicionamento destes
órgãos criando a possibilidade de assegurar e manter planejamento con-
tínuo para solucionar os problemas e propiciar o desenvolvimento das
bibliotecas universitárias, tanto a nível institucional quanto de decisão;
3. criar um órgão coordenador e centralizador de planejamento bibliote-
cário que coordene as atividades de planejamento (tanto dos órgãos já
em existência como de outros que irão surgir), e que represente o con-
senso dos bibliotecários, das universidades e dos órgãos nacionais de
planejamento. Este órgão deverá ter o apoio legal e financeiro tanto do
MEC quanto da Secretaria de Planejamento através do CNPq;
Estes órgãos de planejamento e coordenação deverão:
1. criar grupos de trabalho para estudar e assegurar a implementação total
dos princípios e tendências atuais do ensino superior e de ciência e
tecnologia aplicados às bibliotecas universitárias;
2. enfatizar o cumprimento total dos princípios de coordenação, centrali-
zação e cooperação, que norteiamo só a "racionalidade administrati-
va", maso pré-requisitos para o cumprimento dos objetivos da univer-
sidade e da biblioteca universitária;
3. criar grupos de pressão tanto a nível profissional quanto a nível de deci-
o que reivindiquem pela condição do bibliotecário como planejador
de bibliotecas;
4. envolver escolas de biblioteconomia e associações de classe para a prepa-
ração, especialização e atualização de bibliotecários planejadores e
administradores;
5. manter contactos e mecanismos de ação que possibilitem estudo de
casos e avaliação contínua da situação das bibliotecas universitárias no
país;
6. promover e apoiar a pesquisa sobre bibliotecas universitárias no país;
7. envolver e motivar os professores, alunos e a comunidade universitária
em geral a participarem nos problemas e atividades da biblioteca, como
por exemplo: em comissões de planejamento de serviços, de solução de
problemas administrativos; e outros, estabelecendo assim a comunica-
ção e o diálogo acadêmico;
8. envolver e motivar os bibliotecários a participarem do esforço de plane-
jamento, convidando-os a participar de seminários, congressos, grupos
de trabalho, grupos de pressão e incitando-os às atividades de pesquisa
e produção intelectual;
9. integrar os bibliotecários brasileiros no esforço de planejamento, levan-
do e dividindo as experiências e recomendações desenvolvidas a nível
nacional, regional e local à outras localidades e regiões motivando o de-
bate e as sugestões e completando assim um ciclo informacional e de
participação.
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LA INFORMACION COMO INSUMO Y CONSUMO EN LA
BIBLIOTECA UNIVERSITARIA EN AMERICA LATINA
Por: JOSE ARIAS ORDOÑEZ
Jefe División de Documentación
e Información del ICFES
1. MARCO CONCEPTUAL
En el curso de su desarrollo, Ias sociedades pasan por alguna de tres etapas
sucesivas: Ia pre-industrial, que se esfuerza por superaria países de regiones como
nuestra América Latina; Ia industrial, que disfruta un buen número de países desarro-
llados y Ia post-industrial, privilegio exclusivo de los países con mayor desarrollo y
afluencia económica. En Ia primera de estas etapas, que a nosostros corresponde. Ia
materia prima es Ia naturaleza, el medio de aprovechamiento o de transformación son
Ias fuerzas naturales, y el producto son los bienes naturales. En Ia segunda, Ia materia
prima es Ia industria, el medio de transformación es Ia energia y el producto es el
dinero, y por último, Ia tercera etapa se caracteriza por contar con el conocimiento
como materia prima y Ia "información" como el medio de transformación.
La ciencia, elemento básico de Ias sociedades presentes y futuras, encara
en Ia era post-industrial el serio problema del cambio de una economia productora de
bienes a una economia de servicios para Ia cual Ia información es insustituible.
Así, Ia información juega un papel medular en Ias sociedades desarrolladas
de hoy y serás importante en el futuro conforme estas sociedades incrementen su
desarrollo.
Lo antes dicho pareceria indicar que Ia información no existe ni es
necesaria en los países industrializados y aun menos en los pre-industrializados. Sin
embargo, nuestra convicción es exactamente contraria a esta falsa impresión. Los
países preindustrializados se caracterizan por padecer grandes problemas de caracter
básico: ignorancia, altas tasas de crecimiento de Ia población, escasez de recursos y
miseria. La toma de decisiones acertadas y Ia correcta implantación de soluciones es
fundamental para resolver estos problemas y esto no es posible lograrlo sin Ia utiliza-
ción adecuada de Ia información.
De ahí que podemos afirmar que nuestros países deben encararse a un
nuevo reto: esforzarse por penetrar en los predios de Ia era de Ia información aun sin
haber completado algunos el ciclo y otros sin haver logrado mayores avances en Ia
edad de Ia industrialización que hoy se desvanece.
Lo que en gran medida permite a un país o región no solo incorporarse a
los avances de su tiempo, sino además promoverlos y acelerarlos, es Ia educación,
particularmente Ia de nivel superior, puesto que mediante ella se forman y preparan los
indivíduos que hacen posible dicha acción. La adaptación o Ia generación propia de Ia
tecnologia solo puede efectuarse si el país receptor ha alcanzado un grado de desarro-
llo científico tal que sea capaz de evaluar y ejercer una acción creativa que le permita
asimilar, es decir, adaptar adecuadamente Ia tecnologia extranjera.
En cualquiera de sus modalidades, desde Ia universidad puramente acadé-
mica como medio de educación, comunidad de investigadores y foco de progreso,
hasta Ia universidad tecnocientífica como molde profesional y facto de producción,
Ias instituciones de educación superior contemporáneas, sujetas al impacto de un
cambio de escala que Ias ha convertido en instituciones de masas, han sido obligadas
a estallar fuera del campo definido por el concepto de Ia "Universidad Ideal". La
crisis resultante debe ser encarada mediante una efctructura que permita cada vezs
el flujo y Ia utilización de Ia información, porque son Ias comunidades universitarias
aquellas que en cualquier latituds se asemejen a Ias sociedades post-industriales, en
donde el conocimiento es a Ia vez materia prima y producto, y Ia información, el
elemento de transferencia.
2. LA EDAD DE LA INFORMACIÓN, LA EDAD DE LA INDUSTRIA DE LA
INFORMACIÓN
Con Ia aceptación ineludible que nos encontramos al fin de una gran
época: Ia era industrial y al inicio de Ia era post-industrial es igualmente aceptado que
esta nueva época estará sostenida y determinada por Ia información. Por ello es común
que en los grandes foros internacionales oigamos con especial énfasis como: Ia informa-
ción es Ia nueva forma de energia, el petróleo del siglo XXI, Ia nueva materia prima
para reactivar el crecimiento de Ias economias sin aire.
La información dentro de esta nueva dimensión deja de ser un servicio
público, como Io ha venido siendo el ofrecido por bibliotecas y centros de documenta-
ción, para convertirse en unidades mesurables y facturables como qualquier mercancía
distribuída y vendida en forma de datos en bruto o precesados.
Debido al acelerado ritmo de crescimiento de los conocimientos científicos
y técnicos, Ia información crece a un volumen gigantesco hasta el punto de hablarse
de Ia explosión de Ia información, Ia que a su vez ha generado Ia llamada contamina-
ción de Ia información.
El conocimiento se ha multiplicado por un millón entre 1860 y 1960. Para
1963 un informe de Ia OCDE indicaba Ia existencia de 35.000 revistas científicas de Ias
cuales 6.200 eran norteamericanas. Un informes reciente de Ia UNESCO sitúa su
número entre 50.000 y 70.000 y en dos millones los escritos científicos que entran
cadao en circulación, o sea 6.000 ó 7.000 artículos por día. Según otro estudio, los
artículos e informes científicos y técnicos totalizan 250.000 millones de páginas
anuales, unos 20.0000 000 de palabras por dia.
Ante esta situación Ia información exige: Ia aplicación de nuevas tecnolo-
gías para su control, procesamiento y nuevos vehículos para difundiria a fin de que ella
sea eficiente en Ia toma de decisiones y en Ia ejecución de políticas y proyectos en
todos los ordenes.
Los bancos y bases de datos se sitúan en Ia confluencia de estas tecnolo-
gias; el procesamiento de Ia información experimenta una mutacíon llamada "revolu-
cíon documental" 1/ Ia cual combina Ia información de ficheros para ser consultados
en línea (on line) y redes internacionales de teletransmisión que permiten acceso a
vastos depósitos de conocimiento. Hoy es posible desde cualquier lugar donde se
disponga de un telefono, consultar a través de una terminal varios millones de referen-
cias de artículos y varios miles de millones de datos numéricoso analógicos (textuales)
sobre todos los temas, modificar inmediatamente Ia pregunta en función de Ias prime-
ras respuestas y obtener en lagunos casos Ia información deseada. Pero es necesario
distinguir tres enfoques de esta "revolución documental": como recurso estratégico,
como mercancía y como vehículo de relaciones sociales.
a) Recursos estratégicos
Un informe de Ia UNESCO sobre el Sistema Mundial de Información
Científica y Tecnológica, UNISIST, llamaba Ia atención en 1971, sobre el gigantesco
aparato analítico en vias de implantarse para garantizar el tratamiento de Ia literatura
científica... Los medios de explotación intelectuales, técnicos y financieros tienden a
concentrarse en manos de una minoria. Por su parte ya en 1955, Harold Lasswell se
alarmaba de "Ia importancia de Ias fuerzas que favorecen los monopolios capaces de
bloquear Ia circulación de Ia información" 2/.s recientemente, en 1978 el informe
NORA-MINC muestra Ia preocupación por Ia organización de Ia "memoria colectiva"
hecha por los bancos de datos norteamericanos y define Ias reservas de información
como un imperativo de soberania 3/
De Io anterior podemos deducir que si Ia información, su control y su
accumulación proporcionaban poder desde tiempos inmemorables, el desarrollo
generado por los nuevos descubrimientos científicos y Ias nuevas tecnologias introdu-
cen un nuevo elemento en Ias relaciones entre los Estados y Ias empresas multinaciona-
les y entre los Estados ricos en información (data rich) y los otros subinformados (data
poor).
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La independencia nacional y Ia soberania de Ia investigación se modelan
según nuevas configuraciones.
Si Ia soberania nacional reside en Ia capacidad para procesar en el país Ia
información producida en el mismo, retener y transferir por si mismo Ias tecnologias,
ponerse al dia por medios propios de Ia literatura científica, enterarse de sus recursos y
de Ia inserción de ellos en Ia correlación mundial de fuerzas para elaborar estrategias, es
evidente que el problema ya no se plantea en los mismos términos para los Estados
industrializados y para los Estados en vias de desarrollo.
La complejidad de este punto fue evidente en Ia II Conferencia Interguber-
namental de UNISIST, en donde un grupo de 77 países en desarrollo propugnabanpor
el reconocimiento intergubernamental del derecho de acceso a Ia información por
parte de los indivíduos y los pueblos como uno de los componentes indisolubles de
los derechos humanos. La concepción allí surgida de Ia información como patrimonio
común de Ia humanidad fue vista con receio por algunos países industrializados, Io que
confirma el poder de Ia informacion. Es por ello que los paíes en desarrollo deven estar
atentos a presentar soluciones que hagan posible el acceso y uso de Ia informacion que
requieren para su desarrollo y al estabelecimiento de indicadores estadísticos que per-
mitam medir y evaluar el comportamiento del flujo de información en relación con Ias
prioridades nacionales y preservando Ia soberania del país en esta materia. A I
mencionar los indicadores estadísticos, valga hacer énfasis en que sin ellos no estare-
mos en capacidad de determinar cuál es Ia contribución dels país a Ia literatura científi-
ca y técnica mundial, qué parte de esta literatura es publicada en el país, cuál es su
grado de asimilación y aplicación y en resumen cuál es Ia tasa de su propio progreso
científico y tecnológico.
En tanto los países desarrollados (data rich) disponen de grandes recursos
financieros para inversión en información y de infraestructuras de soporte científico
y tecnológico, los países del tercer mundo (data poor) solo disponen de aparatos cien-
tíficos exigues y Ia pobreza de sus recursos los condenan a continuar siendo clientes a
menos que Ia cooperación internacional funcione sobre Ia base de Ias necesidades e
intereses de los países de menos recursos.
Esta hipótesis es poco problable porque todo se opone a ella: intereses
nacionales, lógica mercantil de Ia industria de Ia información y rivalidad entre los
bloques geopolíticos.
No se desea ahondar en otros aspectos que le dan a Ia información ese
carácter estratégico, pero a fin de no perderlos de vista, es necesario tocarlos aunque
sea someramente:
1) El idioma inglés domina claramente Ia literatura científica mundial
hasta tal punto que Ia mayoría de los investigadores escriben directa-
mente en este idioma, a fin de obtener el prestígio de ser incluídos en
índices y abstracts, bancos y bases de datos, Io cual trae consigo que
revistas redactadas en el idioma nacional, desaparezcan o sean manteni-
das artificialmente por falta de lectores internacionales.
2) La balanza de pagos de los países comienza a verse afectada por Ia salida
de divisas en Ia consulta de bancos, bases de datos y el pago de suscrip-
ciones a estos servicios.
3) Quien compra información tiene que correr el risgo de no recibir todo
Io que estos depósitos en si tienen, pues es bien conocido que un
computador puede ser programado para conservar Ias informaciones
bibliográficas destinadas a ciertos clientes 1/. Por tanto puede
considerarse que si existe retención de información.
4) Por último nos debemos referir a los riesgos de espionaje; en efecto
los perfiles de interés que son manejados por el sistema delimitan
claramente los interes de un usuario.
Como conclusión de Io anterior me surje Ia idea que nuestros países
deberían abocar Ia proposición de un código internacional para Ia transferencia y utili-
zación de Ia información, reconociendo que ella es factor indispensable para el desarro-
llo de los pueblos y Ias relaciones entre ellos.
b) Como mercancía
La información en su sentido estricto nunca fue gratuita: libros y revistas
se han vendido como cualquier otro producto. Si bien Ia información estaba dispersa,
era de difícil acceso, y se presentaba en bruto o indiferenciada era "gratuita" y los
servicios públicos asseguraban su recolección y clasificación, a través de bibliotecas,
servicios universitarios y centros de documentación.
Los nuevos sistemas de distribución de información transforman el campo
del saber al sistematizar criterios de costos y al estandarizar Ia fijación de Ias tarifas.
1/ Recomendaciones del Consejo Suizo sobre L'amelioration de I'information
scientifique et technique, En: Politique de Ia science. Berna, Agosto, 1973.
Como mercancía ia información es una industria regulada por criterios de
ganancia en Ia que es necesario tener muy claro Ias siguientes situaciones:
1) No hay nada de metafórico o de abusivo al calificar de industrial Ia
operación que consiste en explotar yacimientos informacionales, a veces
abiertos y en otros casos dispersos o subterráneos. La recolección, el
registro y Ia memorización se asimilan a Ia extracción y transformación
de una materia prima.
2) La documentación se consideró durante mucho tiempo como un servi-
do anexo a Ias entidades y organizaciones. La amortización de los
costos ocasionales por Ia automatización obliga a pensar en términos de
precios de costo: se pasa de un producto doméstico a un producto
industrial, puesto que Ia rentabilidad no puede ser alcanzada a nivel de
un solo usuário.
c) Como vehículo de relaciones sociales
La automatización de Ia memoria colectiva y Ia forma de organización
del conocimiento en bases y bancos de datos llevan en si un modelo de sociedad que
n no se puede describir y sobre el que mucho se especula. Lo sorprendente es que
este fenómeno no se ha estudiado por si mismo, pues como en todos los casos cuando
hay innovaciones y cambios, se das atención al aspecto técnico que a los "efectos"
o "repercusiones sociales". Cuando se habla de estos efectos, ellos son idealizados;
se dice que se busca una sociedad interactiva e igualitaria en el acceso al saber.
Sin embargo, el crecimiento exponencial de Ia información, Ia concen-
tración cada dia mayor de ella en los países altamente desarrollados y Ia falta de una
infraestructura adecuada para el montaje y manejo de ese tipo de información, parecen
dejar al descubierto que el impacto social de este nuevo estado de Ia información
aumentará Ia brecha entre Ias sociedades en desarrollo y Ias desarrolladas.
Finalmente veamos lo que significa en términos económicos hoy Ia indus-
tria de Ia información:
1) De los 500 bancos y bases de dados existentes en el mundo consulta-
dos "on line", el 90% (450) son de Estados Unidos.
2) De estos el 93% son de empresas privadas.
3) El nivel de consultas en Estados Unidos y Europa sobre estos bancos
y bases de datos es Ia siguiente:
- En 1977 se realizaron 300.000 consultas desde Europa y 1.500.000
en Estados Unidos, o sea que Europa representaba en ese entonces
el 20% del mercado.
- En 1978 se hicieron 700.000 consultas desde Europa.
- En 1982 se esperan 1.500.000 desde Europa.
- En 1985 se estima que llegarán a 2.350.000.
- El costo por consulta varia entre 40 y 300 dólares, de modo que Ia
cifra potencial del negocio es miles de millones de dólares.
3. EL PROGRESO TECNOLOGICO Y LA INFORMACION EN PAISES EN
DESARROLLO
En general, se puede decir que los países en desarrollo cuentan con una
infraestructura incipiente para Ia constitución de sistemas de información con acceso
descentralizado y a distancia. La experiencia de estos países ha sidos en el campo
de Ia información catalográfica documental tanto para el sector científico (investiga-
dores, profesores, etc), como para el productivos moderno que utiliza técnicas
avanzadas. De otra parte estos países tienen una capacidad limitada en términos de
adquisición, procesamiento y evaluación de información, Io que puede traducirse en
recopilación de información inadecuada para los fines que se persiguen y una
capacidad limitada para su mejor uso, Io cual implica un riesgo, ya que se ha dicho
"que una sub-utilización de Ia información existente puede llegar a sers perjudicial
para el dasarrollo que el capital ocioso o el desempleo de mano de obra potencial".
De otra parte para lograr el desarrollo de sistemas de información con un
alto componente tecnológico, se requiere una infraestructura en donde Ias telecomu-
nicaciones y sistemas o informática y documentación e información, estén totalmente
entrelazados. De ahí que sea necesario que los niveles de planificación nacional en
nuestros países definan políticas que comprometan a los diferentes sectores en planes
integrados por medio de los cuales se faculte a nuestros países para crear o fortalecer
Ia infraestructura necesaria que haga posible el acceso a Ia información básica para su
desarrollo.
Este mismo desarrollo tecnológico en el campo de Ia información y por
consiguiente Ia comercialización de Ia misma lleva implícito el peligro que países que
carecen de experiencia en Ia organizacion y funcionamiento de servicios de informa-
ción, piensen que al afiliarse a uno o varios de esos servicios están resolviendo su
problema, máxime si se cuenta con terminales para un servicio automatizado. Esta
es una situación en Ia cual es muy fácil caer, para darse cuenta al final que, aunque se
cuenta al final que, aunque se cuenta con un cúmulo de información disponible en
cualquier momento, no es precisamente Io que requiere un país que está en sus pri-
meras etapas de desarrollo. De ahí Ia importancia de definir prioridades de acuerdo
con el plan de desarrollo del país.
Con Ias consideraciones aqui esbozadas, hemos querido compartir con
ustedes algunas de Ias inquietudes que el nuevo orden de Ia información plantea y
ante el cual como bibliotecarios y documentalistas tenemos que adoptar una posición
clara y definida, posición que surja del análisis profundo y de Ia autoevaluación de los
objetivos, funciones y servicios de nuestras actuales bibliotecas universitárias.
Durante su existencia, Ias bibliotecas debido al alto grado de tradicionalis-
mo que Ias ha caracterizado y a otra serie de razones de orden profesional y técnico, su
mayor interés se ha centrado en el perfeccionismo de su organización interna, dejando
de lado adopción de nuevas técnicass ágilesy descuidando Ia real integración de
Ia biblioteca con los usuarios y Ia sociedad.
El énfasis quizás exagerado ha sido en aspectos como catalogación, clasifi-
cación y organización de sus colecciones, descuidando los aspectos de servicios y muy
especialmente Io que debería ser Ia información como soporte real en los campos
investigativo y académico.
Ha Negado el momento en que Ia biblioteca tome conciencia de que su
función principal no radica en los aspectos de organización interna, sino en su
proyección como parte de un sistema en donde Ia información es un producto de
mercado y consumo. Es por ello que en los foros internacionales se insiste en que Ia
organización de Ias bibliotecas es algo superado y que el énfasis deve estar en Ia
racionalización de sus trabajos y en el establecimiento de convenios que permitan
colectivizar Ia información.
Ante el surgimiento mayor de otros servicios de información, en donde se
hace uso de una alta tecnologia, es imprescindible que aboquemos Ia planificación a
nivel nacional de estrategias que nos conduzcan a Ia asimilación y creación de una
infraestructura donde los sistemas. Ias telecomunicaciones y Ia documentación
establezcan un frente común que permita el manejo masivo de Ia información a Ia luz
naciones.
Como se ha demostrado, el científico, el investigador, el empresario, el
ejecutivo, el profesor, el estudiante y el hombre común viven en una época en que Ia
información es un elemento vital para el ejercicio de sus actividades. De hecho, los
científicos y Ias asociaciones profesionales y académicas de los países desarrollados
han constituído ya efectivas redes de información que funcionan en forma paralela a
Ias bibliotecas tradicionales y que para ellos constituyen su principal fuente de actuali-
zación e investigación. A medida que los científicos e investigadores de países en
desarrollo conocen y utilizan estos servicios, cuyos efectos para ellos son auns
dramáticos, su alejamiento de Ia biblioteca universitaria es una consecuencia lógica
de influencia decisiva no sólo en el status mismo de Ia biblioteca sino en los niveles de
planeamiento y decisión de Ias políticas generales respecto a educación superior.
El reto que afronta entonces Ia biblioteca universitaria es un cambio
radical en sus objetivos, concepción y servicios o Ia perspectiva de quedar al margen del
movimiento internacional de Ia información, convertida en una institución de valor
histórico, símbolo de Io que fueron los servicios públicos de Ia información.
4. CARACTERÍSTICAS DEL USUARIO DE LA INFORMACION EN LA REGION
Algunos sociólogos y comunicadores sociales interesados en el desarrollo
de Ia información en Ia región han considerado a Ia biblioteca, especialmente a Ia bi-
blioteca universitaria, que es quizás Ia ques alto grado de desarrollo ha alcanzado en
América Latina, como una "innovación", con Io cual están significando que es un
nuevo fenómeno social, que es algo que no es innato a nuestra cultura. Es un hecho
reconocido que no tenemos tradición bibliotecaria y ello adquiere un profundo signi-
ficado al analizar Ias características de los usuarios de Ia información.
A fin de tener un marco de referencia para hacer un perfil de Io que es el
usuario de Ia información en Ia región estimamos necesario hacer un esbozo de Io que
ha sido Ia ciencia. Ia tecnologia y el desarrollo en nuestro medio; Io que han sido Ias
políticas nacionales de información. Ia evolución de Ias bibliotecas y centros de
documentación y el mercadeo de Ia información.
a) Ciencia, tecnologia y desarrollo
El proceso de unión entre ciencia, tecnologia y su aplicación en el sector
productivo en nuestros países no ha seguido estrictamente Ia línea de acción que se
observa en los paísess avanzados y por tanto no se ha llegado a Ia misma concep-
ción de "progreso científico".
Mientras en Europa y en Estados Unidos Ia universidad en estrecha
relación con Ia industria desarrollan grandes avances científicos y técnicos que
promueven el desarrollo. Ia universidad latinoamericana no logra una interacción
dinámica con Ia investigación y menosn con el sector productivo.
Como bien Io indica Fernando Chaparro 1/esta situación no puede inter-
pretarse independientemente del contexto socio-económico en el cual dicha relación
se encuentra ubicada. Seria absurdo pensar que Ia experiencia de los países industriali-
zados puede generalizarse o transferirse fácilmente a los países en desarrollo, descono-
ciéndose Ia diferencia de los dos contextos históricos.
Cuando nuestros países adoptan Ia política de industrialización por susti-
tución de importaciones, como Io dice Alberto Sánchez Crespo 2/ este proceso condi-
ciona y orienta el desarrollo científico-tecnológicode América Latina. A este respecto
Fernando Chaparro acota que cabe destacar dos factores que se derivan de este modelo
de desarrollo y de Ia actual relación entre países industrializados y países en desarrollo.
1) Las industrias que se crean en mercados altamente protegidos para
sustituír importaciones por productos locales, generalmente se limitan a
adaptar y utilizar las tecnologias que para tal fin ya existen en el merca-
do mundial. Las políticas que se diseñaron para favorecer y apoyar el
desarrollo de dichas industrias a menudo las ha Nevado a buscar en el
exterior Ia solución de sus problemas tecnológicos y sus necesidades de
equipo, generando una demanda muy limitada para tales bienes y
servicios.s aun. Ia estructura misma del sector productivo depende
en gran parte del desarrollo industrial y tecnológico de los países avan-
zados.
2) El tipo de universidad y de educación universitaria que se ha desarrolla-
do en general en América Latina, ha tenido que limitarse a un mecanis-
mo de transmisión de conocimientos y técnicas. Baho tales condiciones
Ia universidad no desarrola ni el interés, ni Ia capacidad de responder
a los problemas del sector productivo y de Ia sociedad que Ia rodea.
Para concluir este esbozo, podemos sefialar Io que dice el Departamento
Nacional de Planeación de Colombia al analizar el efecto delos dos factores anterior-
mente señalados: Io identifica como un "círculo vicioso" propio de países no indus-
trializados: "El sector productivo no plantea una demanda de ciencia ni de tecnologia
sino solo de adiestramento para el manejo de tecnologias implantadas, mientras que los
centros de estudios superiores, por su parte, no ofrecen una formación realmente
científica ni tecnológica que contribuya a Ia comprensión de las necesidades del
desarrollo nacional y a Ia participación efectiva en dicho desarrollo".
1/ COLCIENCIAS. La investigación en Ia universidad colombiana. Bogotá, COLCIEN-
CIENAS, 1978.
2/ Sánchez Crespo, Alberto. Esbozo del desarrollo industrial de América Latina
y sus principales implicaciones sobre el sistema científico tecnológico. Washington,
OEA, 1972.
b) Políticas nacionales de información
Los países latinoamericanos, teniendo en mente el bajo nivel actual de
desarrollo, han expresado en diferentes foros regionales e internacionales su voluntad
política de lograr un desarrollo social y económico acelerado.
Quizás desde Ia reunión de CACTAL_]_/ quedó en Ia mente de los países de
Ia región. Ia necesidad de propiciar el flujo e intercambio de información en todos los
campos de Ia actividad humana y Ia consideración de que ella es un elemento impor-
tante de Ia infraestructura para el desarrollo económico y social.
Como producto de ello aparecen los Sistemas Nacionales de Información
(SNI) en Ia mayoria de los países de Ia región. Desafortunadamente aunque muchos de
ellos siquen vigentes, no han prosperado como era de esperarse debido, entre otras
causas, a quen falta en Ia mayoria de ellos Ia voluntad política nacional al servicio
de Ias mayorías y a los sistemas el papel que ellos deben tener dentro del Plan Nacional
de Desarrollo de cada país y los recursos financieros y humanos adecuados para su
desarrollo.
c) Evolución de Ias bibliotecas y centros de documentación y servicios de información
para Ia industria
Al analizar este punto es necesario decir como preámbulo Io que al
respecto anota Fernando Monge 2/ en contraste con los paísess desarrolados como
los Estados Unidos, en donde un dólar de cada cinco que se invierte en bienes, servi-
cios, construcción y maquinaria nueva se asigna a los servicios de información, Ias bi-
bliotecas latinoamericanas son generalmente pobres y carecen de información actuali-
zada, el número de bibliotecas es muy reducido, normalmente están ubicadas solamen-
te en ciudades principales.y los servicios que ofrecen son de tipo tradicional.
Si tomamos Ias bibliotecas de acuerdo con sus diferentes tipos y Ias estu-
diamos, posiblemente tenemos que llegar a Ias siquientes conclusiones:
1) Las bibliotecas escolares y públicas no existen en nuestro medio, salvo
honrosas excepciones, como instituciones de servicio público, bien
dotadas y capaces de ofrecer formación e información que preparen al
hombre para Ia vida real, es decir, que le preporcionen información para
fundamentarle sus capacidades de relación, destrezas y aptitudes para el
trabajo productivo, el desarrollo de talentos artísticos, etc.
1/ Conferencia especializada sobre Ia aplicación de Ia ciencia y Ia tecnologia al desarro-
llo de América Latina. Brasília, 12-19 de mayo, 1972.
2/ Monge, Fernando. Que Ia información sea accesible. Cali, CIAT, 1972.
2) La biblioteca universitaria y sus centros de información y documenta-
ción es quizás donde mayor desarrollo se ha alcanzado, en donde posi-
blemente están los mejores recursos, pero aun con esta visión un poco
halagadora no podemos olvidar como Io dice Antonio Miranda 1/ que
verdaderas bibliotecas y centros de información y documentación,
entendidas no solo como grandes colecciones en majestuosos edifícios,
juzgadas sobre todo, por Ia excelencia de sua servicios a Ia comunidad
académica e investigativa, solo aparecen a mediados de este siglo y solo
en última década comienzan a reconocerse como instrumentos básicos
dentro del proceso de enseñanza-aprendizaje.
3) Los servicios de información para Ia industria en América Latina son
tan recientes que todavia no podemos decir que exista un buen número
de ellos plenamente desarrollados. La información, los servicios que
ofrecen y su progreso son tan disímiles como Io son igualmente sus
necesidades de acuerdo al grado de desarrollo de los países donde están
ubicados. Bien conocemos que aunque estamos en una misma geográfi-
ca y pertenecemos a Ia misma escala mundial de países en desarrollo,
Ia problemática de los países latinoamericanos es totalmente diferente a
otros continentes. Aqui comparativamente hablando tenemos grandes
contrastes, países como Argentina y Brasil con alto novel de desarrollo
industrial y países como Bolívia y Paraguay con un proceso industrial
incipiente.
d) Mercadeo de Ia información
Las bibliotecas y centros de documentación e información de América
Latina parecen estarn en Ia etapa en Ia que se le das énfasis al proceso de produ-
ción, se miras Ia fábrica y no hay una preocupacion real por el usuario, es decir, da
Ia sensación de estar estancados en Ia "era del producto".
Las unidades de información siguen aferradas a Io que Mamamos "venta de
mostrador", en cuanto el manejo de Ia información se hace desde el sitio que se deno-
mina "circulación y prestamo". Se concibe Ia biblioteca como un lugar físico y no
como un servicio, por ello los productos no se ubican donde el consumidor los necesi-
ta.
Las bibliotecas nuestras no han entradon en Ia era de Ia comunicación,
de anunciar sus productos, parece que existiera tácitamente un acuerdo para no frecer-
los y esto tal vez se deba a que todavia se sigue considerando en nuestro medio las
bibliotecas, centros de documentación y su producto: Ia información, como un servi-
cio público gratuito que no se debe vender.
1/ Miranda, Antonio. Bibliotecas universitarias no Brasil. Brasília, CAPES/DAU/MEC,
1978. 22p.
Este último factor parece ser el ques peso tiene en el estancamiento de
Ias bibliotecas, Io cual ha generado que surjan cada dia con mayor auge sistemas parale-
los de competencia a ellas, tales como los "colegios invisibles" y Ias "asociaciones de
profesionales", que acosadas por Ias necesidades de información crean sus propios
canales que le hagan propicia Ia información.
e) Conclusiones
Lo anteriormente expuesto nos proporciona fundamentos para sustentar
Ias siguientes conclusiones y con ellas bosquejar el perfil del usuario de Ia información
en nuestra región:
1) Nuestro usuario en general no tienen conciencia informativa, se sigue
considerando a Ia biblioteca como un bien cultural y no como un servi-
do de información. Debido a ello Ia biblioteca particular sique teniendo
vigencia y en gran parte por ello se considera autosuficiente.
2) El usuario de Ia información especializada, lo que en otras latitudes se
denomina como comunidad científica, en América Latina debido en
gran parte a los modelos de desarrollo que hemos adoptado y a Ia evo-
lución de los sistemas educativos, ella no es tan significativa como a
veces se quiere dar .a entender. Por esto estimamos que estamos distan-
tes de poder entender que es necesaria una masificaciój y el uso de altas
tecnologias para Ia transferencia de Ia información científica y tecnoló-
gica en nuestro país.
3) Nuestro usuario debido a Ia falta de tradición bibliotecaria no está
formado para utilizar información. Aqui surge un problema generacio-
nal, pertenecemos todavia a una sociedad que se formo sin bibliotecas,
recordemos que no tenemosn bibliotecas escolares, ni públicas efi-
cientes y Ias bibliotecas universitarias, que son Ias ques desarrollo
tienen son muy recientes y están en formación todavia. Debido a ello
una gran mayoría de nuestros dirigentes y de nuestros administradores
no le conceden el valor que tiene Ia información. Este concepto general-
mente cambia cuando el dirigente o administrador, perteneceal cuadro
de profesionales formado en países avanzados.
4) Las bibliotecas y Ia información son para nuestro usuario un servicio
social, él no tiene todavia conciencia de pagar por ella debido en gran
parte a que Ia información sobre todo Ia de tipo industrial, cuando se
hace necesaria como insumo se solicita al exterior a quien ha proporcio-
nado Ia tecnologia, o ella de hecho hace parte de Ia transferencia de
tecnologia. En el campo universitario y para el investigador, ella se iden-
tifica como parte de Ia estructura de los servicios de Ia universidad que
en Ia mayoría de los casos son subsidiados por el estado.
2? SEMINÁRIO NACIONAL DE BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS
SIMPÓSIO SOBRE O PLANEJAMENTO DE SISTEMAS DE BIBLIOTECAS
UNIVERSITÁRIAS
Coordenador: Luiz Antonio Gonçalves
da Silva
CNPq
Brasília, 25 a 30 de Janeiro de 1981
VISÃO PANORÂMICA DO PLANEJAMENTO DE SISTEMAS DE BIBLIOTECAS
UNIVERSITÁRIAS*
LUIZ ANTONIO GONÇALVES DA SILVA
Ex-Diretor da Biblioteca Central UFPb.
Professor do Departamento de Biblioteco-
nomia e Documentação da UFPb.
Técnico do IBICT e Coordenador do Progra-
ma de Informação sobre Política Científica e
Tecnológica do Conselho Nacional de Desen-
volvimento Científico e Tecnológico - CNPq.
O presente trabalhoo pretende diagnosticar a situação do planejamento
de sistemas de bibliotecas universitárias no Brasil diagnóstico este que só poderá ser
levado a efeito por um grupo de trabalho especialmente constituído maso somen-
te um levantamento e sistematização de pontos para uma reflexão sobre o assunto, que
se encontram de certa forma, já registrados na literatura sobre a área.
Documento básico do Simpósio sobre Planejamento de Sistemas de Bibliotecas
Universitárias.
1. AMBIENTE DO SISTEMA
Para efeito do presente trabalho considera-se como ambiente do sistema,
o âmbito interno de cada Universidade,o se abordando portanto sistemas nacionais
ou regionais.
2. SITUAÇÃO IDEAL
Um sistema de bibliotecas universitárias pode ser entendido, teoricamente,
como um conjunto de bibliotecas que se dispuseram a obedecer um plano comum, vi-
sando determinado propósito ou objetivo, mantendo interação regular, interdependen-
do entre si para manutenção do sistema. Cada uma delas pode ter sua estrutura pró-
pria, propriedades e relações mas, desde que se constituem em sistema, passam a intera-
gir dentro de normas estabelecidas pelo plano comum, sob a coordenação de uma uni-
dade aceita como cabeça do sistema. (8:16)
3. SITUAÇÃO REAL
Analisando-se o comportamento das bibliotecas universitárias no Brasil,
observa-se que o seu desenvolvimento em muito divergiu da conceituação de sistema
acima exposta.
A organização das bibliotecas universitárias seguiu o modelo da própria
organização das diversas universidades do País que foram formadas a partir da reunião
de Faculdades e Escolas de ensino superior autônomas, estaduais e federais, então exis-
tentes, As crônicas a respeito da criação das diversas universidades no País estão reple-
tas de fatos pitorescos a respeito das diversas instituições que, conscientes da sua auto-
nomia anterior, resistiram ou impuseram condições à organização universitária propos-
ta.o conhecidos os exemplos das tradicionais e centenárias Faculdades de Direito
que hoje em algumas universidades federais, constituem verdadeiras anomalias dentro
da estrutura universitária.
Se entre as instituições de ensino houve resistência à coordenação univer-
sitária, o que dizer das bibliotecas? Elas se constituíram em baluarte da resistência à
uma coordenação central, passando a representar a antiga autonomia perdida de suas
instituições.
Segundo Hamar em análise sobre a situação das bibliotecas universitárias
brasileiras, apresentada durante o V Congresso Brasileiro de Biblioteconomia e Docu-
mentação, "a criação, organização e expansão das bibliotecas universitárias se fez de
maneira isolada, para atender condições de premência e uso imediato, sob o aspecto
de literatura operacional. O desenvolvimento, portanto, se estabeleceu de maneira
heterogênea, alheio as condições básicas de planificação, em qualquer fase, com
programas que tendessem para uma sistemática integração, visando um estreito vín-
culo de colaboração" (5:1)
Comparando-se a situação real com o modelo teórico de sistema verifica-se
que:
a)o houve disposição das bibliotecas das Escolas e Faculdades para obe-
decer um plano comum;
b) apesar das Faculdades e Escolas terem se organizado em Universidades,
sob a coordenação de uma Reitoria, as bibliotecas funcionaram de uma maneira estan-
que evitando qualquer forma de interação;
c) houve grande resistência por parte das bibliotecas, sempre com o respal-
do dos diretores das unidades universitárias, à aceitação de uma coordenação através de
órgão central. CUNHA em trabalho apresentado no 1? Congresso de Biblioteconomia,
realizado em Recife, em 1954, informa que "no meio universitário brasileiro aindao
é devidamente apreciada a vantagem de uma direção central que coordene os serviços
das bibliotecas" (2:229)
5. AS PRIMEIRAS TENTATIVAS DE COORDENAÇÃO
As primeiras tentativas de coordenação de Bibliotecas pertencentes a
mesma Universidade foram verificadas com a criação de Bibliotecas Centrais na Uni-
versidade deo Paulo e na antiga Universidade do Brasil, hoje no antigo Distrito Fe-
deral e do Serviço Central de Bibliotecas na então Universidade do Recife, hoje Univer-
sidade Federal de Pernambuco.
Na USP, apesar dos esforços, a Biblioteca Centralo conseguiu uma efeti-
va coordenação. 0 caso da Universidade deo Paulo é um exemplo claro da estrutu-
ração de uma Universidade a partir da reunião de várias unidades existentes com as
suas respectivas bibliotecas.
Na antiga Universidade do Brasil ocorreu algo semelhante, carecendo a
Biblioteca Central de qualquer ação coordenadora.
Na então Universidade do Recife partiu-se para uma solução própria com a
criação, em 1953, do Serviço Central de Bibliotecas, a primeira experiência bem suce-
dida de coordenação de serviços bibliotecários. O Serviço passou a administrar toda a
atividade de biblioteca na Universidade estabelecendo uma filosofia comum de traba-
Iho, promovendo treinamento de recursos humanos, controlando as verbas para aqui-
sição de material bibliográfico e padronizando normas e princípios de serviços de cata-
logação, classificação e de serviços aos usuários sem pretensão a reunião de acervos. A
experiência do Recife passou então, a ser adotada, com adaptações, em outras Univer-
sidades.
6. A REFORMA UNIVERSITÁRIA E O PLANEJAMENTO DE SISTEMAS DE BI-
BLIOTECAS
A Reforma Universitária levada a efeito a partir de 1969o enfocou dire-
tamente a bilbioteca. 0 Prof. Edson Nery da Fonseca afirma no prefácio do seu Rotei-
ro para Organização de Bibliotecas Universitárias, elaborado por iniciativa da então
Diretoria de Ensino Superior do MEC, que nos muitos trabalhos que leu sobre o assun-
to,o encontrou referência aos problemas das bibliotecas nas universidades brasileiras
(4:9). Ao menção das bibliotecas na lei que trata da nova organização das universi-
dades,o consiste em uma omissão segundo LEMOS e MACEDO mas um consenso
tácito quanto à necessidade da biblioteca universitária. (6:41)
O enfoque sistêmico no qual a reforma do ensino superior foi considerada,
requer uma interação dos diversos componentes, visando a maior produtividade do
setor, dos quais a biblioteca representa um dos subsistemas mais importante (7:7).
Com efeito foi a partir da Reforma Universitária que, de acordo com o
princípio dao duplicação de meios para fins idênticos, que as universidades passa-
ram a reorganizar as suas bibliotecas com a criação de unidades centrais na condição
de órgãos suplementares dentro da estrutura universitária, com a finalidade de coorde-
nar serviços bibliotecários.
Referência especial deve ser feita á criação da Biblioteca Central da Uni-
versidade de Brasília que, de acordo com o primitivo Estatuto da Universidade, apro-
vado pelo Decreto n? 1.872, de 12 de dezembro de 1962, compreenderia "unidade
principal de obras gerais e de consulta, dotada de serviços de aquisição, catalogação,
documentação e intercâmbio científico e cultural", coordenando as atividades das bi-
bliotecas especializadas nos Institutos Centrais das demais Unidades Universitárias. Tal
proposição, contudo, influenciada pela Reforma Universitária, foi corrigida no Estatu-
to seguinte que estabeleceu uma Biblioteca Central monolítica. (336)
As bibliotecas centrais, todavia, criadas a partir da Reforma Universitária
eram, na maioria dos casos, in nomine. Constituiam-se quase sempre em uma bibliote-
ca a mais na universidade,o dispondo de qualquer competência para exercer ação
coordenadora.o centralizavam os serviços de aquisição nem o processamento téc-
nico, faltando à chefia da Biblioteca Central vinculação hierárquica, administrativa
com relação às demais bibliotecas setoriais ou departamentais. Em alguns casos havia
apenas uma vinculação técnica queo produzia resultados devido a falta da vincula-
ção administrativa que fizesse com que as decisões do órgão central fossem acatadas.
7. FATORES QUE INIBIRAM A CONSTITUIÇÃO DE SISTEMAS DE BIBLIOTE-
CAS
Através de um breve exame aos mais significativos trabalhos existentes na
literatura sobre a situação das bibliotecas universitárias no Brasil, podemos considerar
como fatores inibidores do desenvolvimento sistêmico do setor:
7.1 Inexistência de padrões, modelos, ou critérios comuns de organização e
prestação de serviços surgidos das necessidades nacionais. Quase sempre se partiu para
adoção irracional de modelos sempre desvinculados das realidades locais.
7.2 Funcionamento estanque. As bibliotecas permaneceram isoladas dentro das
suas unidades sem estabelecerem um inter-relacionamento na própria Universidade
como também com as bibliotecas das outras Universidades. Permaneciam também,
apartadas do processo de planejamento da própria Universidade, desconhecendo, em
muitos casos, os programas acadêmicos em andamento e as programações futuras.
7.3 Falta de planejamento integrado no qual derivam ser levados em conta o
Plano Setorial de Educação, o Plano Básico de Desenvolvimento Científico e Tecnoló-
gico, os planos das próprias Universidades e respectivas Unidades e o plano anual de
trabalho da Biblioteca.
7.4 Falta de definição dos objetivos das bibliotecas universitárias, em função da
própria indefinição dos objetivos do ensino superior, limitando-se a definir apenas as
finalidades do órgão eo das atividades face à demanda.
7.5 Ausência, na maioria dos casos, de Regulamentos/Regimentos aprovados
determinando a estrutura e competências das bibliotecas.
7.6 Carência de recursos materiais e financeiros, colidindo as ações propostas
(centralização de acervos) com a inexistência de condições (prédios ou instalações).
7.7 Proposição de soluções sem base em diagnósticos resultantes de pesquisa ins-
titucional, das peculiaridades e necessidades locais e regionais.
7.8 Carência de recursos humanos capacitados para o planejamento e ação progra-
mática face a omissão de ensinamento específico nesta área na formação do bibliotecá-
rio.
7.9 Falta de compreensão por parte da cúpula administrativa da Universidade do
papel da Biblioteca no ensino aprendizagem e da função acadêmica do bibliotecário.
7.10 Falta de recursos institucionais para que o órgão central pudesse exercer uma
efetiva ação coordenadora.
8. SITUAÇÃO ATUAL - EM BUSCA DE UMA CONSCIÊNCIA PLANEJADORA
Na última década pode-se dizer que uma consciência planejadora passou a
orientar o desenvolvimento das Bibliotecas Universitárias. As recomendações do Semi-'
nário para Estudo dos Problemas de Administração e Funcionamento das Bibliotecas
Universitárias, realizado em 1973, sob o patrocínio do Conselho de Reitores das Uni-
versidades Brasileiras e da extinta Associação Brasileira de Bibliotecas Universitárias,
enfocaram a abordagem sistêmica na qual os serviços de informação das Universidades
devem ser colocadas, integrando a biblioteca no sistema universitário. Salientaram a
necessidade de haver um órgão central coordenador da rede de biblioteca, da Universi-
dade. (9:115)
Merece destaque os esforços da então ABBU que visava a realização de
estudos para formulação de uma política nacional de desenvolvimento para as bibliote-
cas universitárias, promovendo a integração e a coordenação de esforços e a difusão de
princípios de coordenação e racionalização.
O Plano Setorial de Educação e Cultura, elaborado para o período 1975/
1979, estabeleceu no Projeto 21 a criação dos Núcleos de Assistência Técnica, destina-
dos a fornecer assistência para aperfeiçoar a estrutura e serviços das Universidades, vi-
sando um melhor desempenho face às necessidades criadas pela implantação da refor-
ma universitária. (1:483) Dentro desta filosofia foi criado o Núcleo de Assistência
Técnica em Sistemas de Bibliotecas Universitárias NAT-08 que teve como objetivo
oferecer estágio a profissionais de biblioteconomia de Institutições de Ensino Superior
interessados em Sistemas de Bibliotecas Universitárias e prestar consultoria às IES den-
tro dessa especialização com vistas à melhoria do desempenho e da produtividade e a
maior eficiência e eficácia no uso dos recursos documentais disponíveis e consequente
elevação no nível de atendimento dos usuários. O NAT-08 também se propunha a estu-
dar a forma mais apropriada de definir um modelo de Sistemas de Bibliotecas para as
universidades brasileiras, com base nas observações e informações colhidas pelos esta-
giários e durante as visitas dos consultores as IES.
Outro fator que vem contribuindo para uma mudança de mentalidade é a
formação de recursos humanos especializados em planejamento de sistemas de biblio-
tecas através de diversos cursos de especialização organizados em diversas Universida-
des e nos cursos de mestrado existentes. Vale também mencionar a inclusão da disci-
plina Planejamento e estudo de sistema nos cursos de graduação.
Finalmente merece destacar o apoio de organismos como o MEC/SESu/
CAPES e PREMESU que muito vem contribuindo para um melhor estudo das biblio-
tecas universitárias. A CAPES, através da Assessoria de Planejamento Bibliotecário
contribuiu com trabalho que poderíamos chamar de diagnóstico institucional, para
um trabalho planejado.
Este Seminário é um exemplo de que a busca de uma consciência planeja-
dora para orientar as atividades de nossas bibliotecas está clara e definida e que já sabe-
mos encontrar o nosso caminho.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Plano Setorial de Educação e Cultura.
1975-1979. Brasília, 1975.
2. CUNHA, Maria Luiza Monteiro da. Bibliotecas Universitárias: algumas considera-
ções acerca da situação no Brasil. In: Congresso Brasileiro de Biblioteconomia
e Documentação, 7., Belém, 1973. Anais ... Rio de Janeiro, IBICT, 1977.
3. FONSECA, Edson Nery da. Biblioteca Central da Universidade de Brasília: história
com um pouco de doutrina e outro tanto de memórias. R. Bibliotecon. Brasí-
lia, 1(1) jan./jun. 1973.
4. . Roteiro para organização de bibliotecas universitárias; elaborado por
iniciativa da Diretoria de Ensino Superior do MEC. Brasília, Gráfica Piloto
da UnB,1967.
5. HAMAR, Alfredo Américo. Bibliotecas universitárias; análise da situação brasileira e
sugestões. Trabalho apresentado ao 5? Congresso Brasileiro de Bibliotecono-
mia e Documentação,o Paulo, 1967. 11p.
6. LEMOS, Antonio Agenor Briquet de & MACEDO, Vera Amália Amarante. Posição
da biblioteca na organização operacional da Universidade. R. Esc. Bibliote-
con. UFMG. Belo Horizonte, 4(1) mar. 1975.
7. LIMA, Etelvina. A biblioteca no ensino superior. Trabalho apresentado ao 8? Con-
gresso Brasileiro de Biblioteconomia e Documentação, Brasília, 1975.
8. MARTINS, Myrian Gusmão de. Planejamento bibliotecário.o Paulo, Pioneira;
Brasília, INL. 1980.
9. RELATÓRIOS e recomendações; relatório final do Seminário para Estudo dos Pro-
blemas de Administração e Funcionamento das Bibliotecas Universitárias. Re-
comendações. R. Esc. Bibliotecon. UFMG, Belo Horizonte, 4(1) mar. 1975.
DIRETRIZES DO IBICT E SUAS INTERFERÊNCIAS NO PLANEJAMENTO DAS
BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS
Afrânio Carvalho Aguiar
Diretor do IBICT
A consecução das metas do IBICT se consubstancia no desenvolvimento de
programas, projetos e atividades que, constituindo o seu planejamento institucional,
leva necessariamente em conta as características do ambiente onde o Instituto exerce a
sua missão. Este ambiente é fortemente marcado pelas características e desempenho
das bibliotecas universitárias, o que define uma série de parâmetros que influenciam o
próprio planejamento do IBICT:
a) de um modo geral, as bibliotecas universitárias detêm os mais relevantes
acervos bibliográficos do país nas áreas de ciência e tecnologia;
b) grande parte dos usuários do ICT estão vinculados aos quadros de do-
centes das universidades;
c) as bibliotecas universitárias, na maioria, carecem de recursos humanos,
físicos e financeiros para adequada provisão de ICT aos usuários locais
e, mais ainda, a pesquisadores vinculados a outras instituições.
O IBICT tem como meta a efetiva implantação de uma Rede Nacional de
Informação em Ciência e Tecnologia, através da articulação dos serviços de informação
especializados existentes e do fomento à criação de centros/serviços de ICT em áreas
aindao cobertas.
As características diferenciadas entre usuários cientistas e tecnólogos bem
como o perfil das bibliotecas universitárias brasileiras recomendam que ação descentra-
lizada do IBICT, deva convergir para transformar as bibliotecas universitárias, princi-
palmente as bibliotecas centrais, em núcleos de informação científica ao passo que os
institutos de pesquisa passariam a ter papel mais relevante como núcleos de informa-
ção tecnológica.
, assim, uma relação bi-direcional entre o planejamento do IBICT e
o planejamento das bibliotecas universitárias que, compatibilizados, permitirão um
desempenho mais eficiente e eficaz tanto do Instituto quanto das bibliotecas das uni-
versidades brasileiras.
CDD 028.7
CDU
028
AVALIAÇÃO DO USO DA COLEÇÃO DE LIVROS EM BIBLIOTECA
UNIVERSITÁRIA, NO CAMPO DA SAÚDE PÚBLICA
MARIA TERESINHA DIAS DE ANDRADE
Bibliotecária Chefe e Auxiliar de Ensino da
Faculdade de Saúde Pública da USP
IRENE LERCHE ELEUTÉRIO
Bibliotecária da Faculdade de Saúde Pública
da USP
MARIA CECÍLIA GONZAGA FERREIRA
Bibliotecária da Faculdade de Saúde Pública
da USP
ANGELA MARIA BELLONICUENCA
Bibliotecária da Faculdade de Saúde Pública
da USP
SONIA GARCIA GOMES
Bibliotecária da Faculdade de Saúde Pública
da USP
Foi realizada avaliação do uso de livros adquiridos na Biblioteca da Facul-
dade de Saúde Pública da USP (FSP/USP), no período de 6 anos, com a
finalidade de obter subsídios para definição de critérios que possibilitem
atingir desenvolvimento adequado da coleção, segundo os interesses dos
usuários. A coleta dos dados de empréstimo foi feita por meio dos car-
tões de empréstimo, e as anotações foram feitas em planilhas para entrada
em Computador. Além do movimento do empréstimo, as variáveis de
estudo foram: categoria do usuário que fez o empréstimo, ano de aquisi-
ção, ano do empréstimo, forma de aquisição, assunto e língua da publica-
ção. Os resultados mostraram que o acervo colocado à disposição dos usuá-
rios foi relevante em seu conjunto.o foi observado, todavia, equilíbrio
entre os assuntos cobertos pela aquisição e a demanda dos usuários. Con-
clui-se que devem ser estabelecidos critérios para o desenvolvimento da
coleção de livros da Biblioteca da FSP/USP, segundo os interesses da
comunidade acadêmica de saúde pública, para se evitar compras desneces-
sárias e propiciar melhor aplicação das verbas, bem como melhor seleção
das doações. Foi proposta a criação de Grupo de Seleção Bibliográfica,
composta por docentes, discentes e bibliotecários, que se responsabilize
pela aplicação dos critérios estabelecidos.
CDU: 025.98
CDD: 022.3
ESTUDO PARA TRANSFERENCIA DO SISTEMA DE BIBLIOTECAS
DA URG PARA O NOVO CAMPUS
Ely Gonçalves*
Fátima Fresteiro*
Gilca Gatti***
Virgínia Christ***'
Apresentação do sistema atual e planejamento de centralização, com suge-
rência de mudança gradativa do acervo.
Bibliotecária de referência da Biblioteca Central
Bibliotecária responsável pela Biblioteca Setorial de Oceanografia
Bibliotecária responsável pela Biblioteca Setorial do Museu Oceanográfico
Bibliotecária supervisora das Bibliotecas da VRG.
CDD: 025.11
CDU: 025.11
UTILIZAÇÃO DO SISTEMA DE CUSTO-PADRÃO
PARA CONTROLE E AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DA BIBLIOTECA
Cléa Dubeux Pinto Pimentel
Prof. Adjunta do Departamento de
Biblioteconomia da Universidade Fe-
deral de Pernambuco.
Os sistemas de custo-padrão baseiam-se no princípio de que os custos debi-
tados aos produtos individuaiso os custos que devem ser incorridos. Em
tais sistemas cada unidade de produto tem um custo-padrão de material,
um custo-padrão de mão-de-obra direta e um custo-padrão de despesas
gerais. As diferenças entre o custo-padrão e o custo real constituem as
variações. Algumas das vantagens mais importantes de um sistema de cus-
to-padrão aplicado às bibliotecas são: a)constituir um mecanismo de con-
trole do trabalho realizado; b) informar quanto tempo será necessário para
preparação técnica de uma coleção; c) preparar orçamentos; d) avaliar o
desempenho geral. As técnicas analíticaso descritas servindo para
mostrar comoo feitos os cálculos de custos e como estes podem forne-
cer uma medida de controle e avaliação do desempenho da biblioteca, faci-
litando comparações e estreitando os limites, dentro dos quais devem
ser aplicados cada julgamento.
CDD:027.7 (18ª)
CDU: 027.7: 025.1
O PROCESSO RACIONAL NA ADMINISTRAÇÃO DE BIBLIOTECAS
UNIVERSITÁRIAS: SIGNIFICADO, UTILIZAÇÃO E CONSEQUÊNCIAS
PARA A ORGANIZAÇÃO
LILIA MARIA VARGAS LOPES
Professora do Departamento de Biblio-
teconomia e Documentação da
UFRGS
Trabalho de revisão sobre o processo racional na administração de bibliote-
cas universitárias. Levantamento de algumas definições de racionalidade e
seu emprego na organização. Constata-se que existe na literatura opiniões
favoráveis a sua aplicação na administração de bibliotecas, embora na
prática nem sempre venha sendo empregado. Recomenda-se sua utilização
em bibliotecas universitárias, como modo de prevenir crises. Chama-se a
atenção para o uso desmedido da racionalidade e suas conseqüências para o
indivíduo. Conclui-se que a implantação de procedimentos racionais pode
trazer bons resultados desde que combine o plano interno e externo da or-
ganização.
CDD: 025.544
CDU:025.5
PROGRAMA DE FORMAÇÃO E TREINAMENTO DE USUÁRIOS NA BIBLIO-
TECA "PROF ROSÁRIO FARÂNI MANSUR GUÉRIOS", DO CENTRO
FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DO PARANÁ
Irene Wetphalen KLISIEWICZ
Bibliotecário do CEFET-PR
Beatriz de MOURA
Bibliotecária do CEFET-PR
Lucia Cavalcanti POPADIUK
Bibliotecária do CEFET-PR
Maria Lucia Müller REDI
Bibliotecária do CEFET-PR
Relato de experiências em treinamento de usuários realizadas na Biblioteca
do Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná, de 1977 a 1980,
culminando com a elaboração do Programa de Formação e Treinamento
de Usuários, utilizando recursos audiovisuais. A elaboração do audiovisual
aplicado no treinamento dos alunos dos Cursos de Ensino Superior é
descrita em detalhe.
CDU:027.7-057.5(81)
CDD: 027.7023
BIBLIOTECÁRIOS E BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS
Zita Catarina Prates de Oliveira
Bibliotecária do Centro de Processamento
de Dados/Pós-Graduação em Ciência da
Computação da UFRGS
Análise da situação dos bibliotecários universitários face as propostas da
Reforma Universitária e as necessidades atuais da comunidade acadêmica a
que servem.
CDD: 027.7
CDU: 027.7.001
OBJETIVOS DE BIBLIOTECA UNIVERSITÁRIA
Kira Tarapanoff, PhD
Professora do Departamento de Bibliote-
conomia da Universidade de Brasília
UnB
Distrito Federal Brasil
Análise da biblioteca universitária como organização e de sua integração
com o meio ambiente geral, específico e organizacional. Ênfase na necessi-
dade de estabelecer os objetivos da biblioteca universitária em relação ao
indivíduo dentro da universidade quando no desempenho de atividades
acadêmicas.
SISTEMA DE BIBLIOTECAS DA UNIVERSIDADE DEO PAULO
ROTEIRO PARA UM DIAGNÓSTICO
DINAH AGUIAR POBLACIÔN
Professor Assistente do Departamento de
Biblioteconomia e Documentação da Es-
cola de Comunicações e Artes da USP
DIVA CARRARO DE ANDRADE
Bibliotecária dos Departamentos de Filo-
sofia e Ciências Sociais da Faculdade de
Filosofia, Letras e Ciências Humanas da
USP
FERNANDA IMPARA TO PIOCHI
Bibliotecária Chefe e Auxiliar de Ensino
da Faculdade de Ciências Farmacêuticas
da USP
MARIA ANGÉLICA RODRIGUES
QUEMEL
Bibliotecária da Divisão de Biblioteca e
Documentação da Coordenadoria de Ati-
vidades Culturais da USP e Auxiliar de
Ensino da Escola de Comunicações e Ar-
tes da USP
MARIA LUIZA RIGO PASQUARELLI
Bibliotecária Chefe da Faculdade de
Medicina Veterinária e Zootecnia da USP
e Auxiliar de Ensino da Escola de
Comunicações e Artes da USP
MARIA TEREZINHA DIAS DE AN-
DRADE
Bibliotecária Chefe e Auxiliar de Ensino
da Faculdade de Saúde Pública da USP
ROSMARIEAPPY
Diretora da Divisão de Biblioteca e Docu-
mentação da Coordenadoria de Ativida-
des Culturais da USP
As Bibliotecas da Universidade deo Paulo (USP), ligadas a Faculdades
e Institutos, Departamentos e Cadeiras, surgiram e funcionaram, por quase
cinco décadas, sem obedecer a uma coordenação efetiva. Visando à criação
de um sistema para as Bibliotecas da USP, foi planejado um diagnóstico
que refletisse a atual situação desses organismos, sob o ponto de vista de
organização e funcionamento, de recursos e serviços. No desenvolvimento
metodológico do diagnóstico surgiram dificuldades quanto à possível ca-
racterização dos diferentes tipos de bibliotecas. O universo da pesquisa foi
constituído pelo conjunto de 77 Bibliotecas, instaladas em 40 Unidades
da USP, e assim distribuídas segundo as 3 áreas de conhecimento: 28 Bi-
bliotecas da área de Ciências Humanas, 26 da área de Ciências Biológicas e
22 na área de Ciências Exatas, além da Divisão de Biblioteca e Documen-
tação (DBD) da CODAC. A coleta de dados foi realizada através de 2 tipos
de formulários aplicados de acordo com as categorias de Bibliotecas. Seus
resultados, além de tabulados por áreas de conhecimento, foram mapeados
biblioteca por biblioteca, fornecendo o espelho da situação individual.
CDD:027.7
CDU:027.7: 65.012
ADMINISTRAÇÃO POR OBJETIVOS NUM SISTEMA DE BIBLIOTECAS
UNIVERSITÁRIAS
ELISABETH SCHNEIDER DE SÂ, Ms
Diretora do Núcleo de Documentação da
UFF
Vice-Presidente da CBDB
Coordenadora do GBIDB/RJ
A partir da análise dos elementos disponíveis e seguindo o ciclo evolutivo
do processo de administração, o Núcleo de Documentação da UFF, órgão
diretamente subordinado ao Reitor e cabeça do sistema de informação da
Universidade, constituído de elementos organizacionais centralizados (pro-
cessos técnicos e de controle da informação) e descentralizados (bibliote-
cas, num total de 16), detectou alguns pontos de estrangulamento no pro-
cesso de gerência e transferência da informação. Assim, procurou-se solu-
cionar, com algumas medidas administrativas, as questões mais graves, que
passaram a ser objetivos e podem ser divididos em dois tipos: informativos
1) Divulgação mais adequadas da coleções e serviços disponíveis; 2)
Orientação regular aos usuários potenciais do sistema; 3) Elevação do nível
de atualização profissional do pessoal bibliotecário; 4) Regulamentação
do fornecimento de cópias de artigos científicos; e organizacionais 1)
Regulamentação da concessão de Empréstimos Especiais; 2) Estabeleci-
mento de regras elementares para o tratamento técnico de folhetos, sepa-
ratas e materiais assemelhados; 3) Uniformização dos relatórios e quadros
estatísticos, bem como da coleta de dados; 4) Avaliação da coleção de
periódicos existente.
CDD: 025.520.981
CDU: 025.5:378(81)
SERVIÇOS DE ALERTA E SUA REALIZAÇÃO NAS BIBLIOTECAS
UNIVERSITÁRIAS BRASILEIRAS
Nério Sacchi Junior
Bibliotecário — Diretor da Biblioteca
Central da Universidade Federal de Pelo-
tas.
Levantamento dos tipos de Serviços de Alerta utilizados, através da aplica-
ção de 913 questionários enviados, amparando-se no estudo de 35,48% do
material devolvido.
PADRÕES PARA OS SERVIÇOS BIBLIOTECÁRIOS
NA UFRGS
Heloísa B. Schreiner
Diretora da Biblioteca Central - UFRGS
Zita C. Prates de Oliveira
Bibliotecária do CPD - UFRGS
Apresentação da série Padrões para os Serviços Bibliotecários na UFRGS, a
qual consta de 15 documentos redigidos pelos Grupos de Trabalho da
Biblioteca conforme relacionado abaixo. O primeiro é um trabalho de aná-
lise e avaliação da situação atual, fixando metas para o período 1981-82;
os demaiso rotinas para execução de diversos serviços, incluindo os
impressos utilizados.
1. Situação atual do Sistema de Bibliotecas da UFRGS e metas para o pe-
ríodo 1981-82: serviços, coleções, pessoal, finanças, espaço físico, equipa-
mentos, controle (estatísticas, relatório e impresso), estrutura organizacio-
nal e legislação.
2. Consulta na sede e empréstimo a domícilo.
3. Serviço de referência: questões de referência, buscas bibliográficas,
orientação bibliográfica.
4. Comutação bibliográfica.
5. Treinamento de usuários.
6. Disseminação seletiva da informação.
7. Relações públicas.
8. Seleção, descarte e avaliação de coleções.
9. Aquisição de material bibliográfico: compra, permuta e doação.
10. Organização e conservação do acervo: monografias e materiais espe-
ciais.
11. Organização e conservação do acervo: publicações periódicas.
12. Catálogos coletivos: livros, periódicos, periódicos correntes, teses.
13. Custo de manutenção dos equipamentos para duplicação de docu-
mentos.
14. Controle: estatísticas, relatórios e impressos.
15. Estudo de usuários.
CDU: 027:378.18:001.891
A BIBLIOTECA UNIVERSITÁRIA: O ESTUDANTE E O TRABALHO DE
PESQUISA
Neusa Dias de Macedo
Professora de Bibliografia e Referência
Departamento de Biblioteconomia e
Documentação
Escola de Comunicações e Artes da Uni-
versidade de São Paulo
Dificuldades do estudante no uso da biblioteca e na elaboração dos traba-
lhos de pesquisa levaram a Autora a estudar intensiva e extensivamente o
problema, desenvolvendo o trabalho em três grandes tópicos: 1) A biblio-
teca universitária como apoio ao ensino e à pesquisa; 2) O trabalho de
pesquisa do estudante universitário; 3) Pós-graduandos da USP diante da
biblioteca e do trabalho de pesquisa: estudo de campo.
1. A biblioteca universitária tem enfrentado obstáculos administrativo-
didáticos, incompreensões e desatenção, impedindo-a de desenvolver-se a
contento e tornar-se um real apoio ao ensino e à pesquisa. Na Universida-
de deo Paulo, onde vai desenvolver-se o estudo de campo, sequer existe
um sistema bibliotecário unificado. Entrevistas realizadas em quatro de
suas unidades revelam uma situação discrepante entre as bibliotecas das
Ciências Biológicas e as das Ciências Humanas, com desfavor para estas
últimas.
2. 0 Ensino Superior emo Paulo é visto, através de revisão de pesqui-
sas e opiniões de pós-graduandos, com restrição.o propicia terreno
adequado para o desenvolvimento de trabalho de pesquisa. O estudante,
cercado por uma série de intervenientes negativas de ordem vária,o tem
recebido instrumentalização para realizar estudos pessoais e de pesquisa.
Salientou-se a falta de complementação pedagógica do professor universitá-
rio e a origem do problema no ensino de 1º e 2º graus. Discutiu-se o
conceito e as distorções dos termos "pesquisa", "pesquisa bibliográfica" e
"trabalho de pesquisa".
3. O estudo de campo, com uma amostra de 10% de pós-graduandos de
quatro unidades da USP, em duas áreas (Ciências Biológicas e Ciências
Humanas), através de respostas a questionários, em novembro de 1975,
revela, entre outros pontos, que somente metade desta amostra tem cons-
ciência a questões metodológicas e de normalização bibliográfica. Inferiu-
se que os cursos de Orientação Bibliográfica ministrados nessas unidades
o bastam por si; é necessário uma ação coesa, por parte da Universida-
de como um todo, para esse tipo de instrumentalização. Por isso, uma polí-
tica de "normalização bibliográfica" deve ser encetada a fim de que a
comunidade estudantil e docente se condicione a um disciplinamento na
elaboração dos trabalhos de pesquisa, por obrigatoriedade de observância
a "Diretrizes para a Apresentação dos Trabalhos de Pesquisa e publicações
oficiais", a ser elaborado pela USP.
POLÍTICAS DE EVALUACION CON FINES DE APROBACION
INSTITUCIONAL Y DE PROGRAMAS
Slella Sanches de Moore
Jefe. Sección Asesoria y Servicios
Division de Documentación e Informa-
ción * ICFES. Bogotá Colombia.
El Instituto Colombiano para el Fomento de Ia Educación Superior -
ICFES - es el organismo del gobierno de Colombia encargado del fomento, control,
inspección y vigilancia de todos los aspectos relacionados con ia educación superior
o post-secundaria en el pais.
Por Io tanto, una de sus funciones es Ia evaluación tanto de Ias institucio-
nes en su totalidad, como de programas academicos específicos, bien sea con el fin de
otorgar Ia licencia de iniciacion de labore o Ia aprobacion final de Ia institucion o
programa.
Es así como su programa de pregrado (graduação) con uma duración de
cuatro años es objeto de un minimo de cuatro evaluaciones. Sin embargo una vez
aprobada Ia institucion o programa el ICFES conserva el derecho de realizar evalua-
ciones posteriores y de retirar temporal o definitivamente Ia aprobacion cuando Ias
condiciones así Io requieran y se juzgue que no se están cumpliendo los objetivos y
requisitos establecidos.
Estas evaluaciones son realizadas por una comisión evaluadora coordinada
por un funcionario del ICFES y con Ia colaboración de expertos en Ias areas objeto
de evaluacion provenientes de Ias universidades mismas, de Ia industria, de empresas
oficiales o privadas o profissionales independientes.
La recente reforma educativa colombiana (1979) establece que uno de los
requisitos indispensables para otorgación de Ia licencia de iniciacion de labores o
aprobacion de una institucion o programa és que Ia institucion cuente con los
recursos y servicios bibliograficos adecuados para el cumplimiento de los objetivos
propuestos.
Esta evaluacion es practicada a través de Ia Division de Documentación
e Información de ICFES, mediante Ia designacion de un bibliotecario evaluador, no
necesariamente funcionario de ICFES sino seleccionado de acuerdo al area que se eva-
luará y a su experiencia y calidad profesional.
El bibliotecario evaluador forma parte de Ia Comision Academica Evalua-
dora y participa activamente en todos procesos inherentes a esta actividad.
Como criterio general de evaluacion se aplican Ias "Normas mínimas para
bibliotecas universitarias colombianas" que cubrem los aspectos relativos a: Objetivos y
funciones, Estructura y manejo, Servicios, Presupuesto, Actividad docente. Actidad
Editorial, Personal, Cooperacion intebibliotecaria, Recursos bibliograficos, Recursos
locativos. Mobiliario y Equipo (Vease anexo). A cada uno de estos puntos se le ha
asignado un valor porcentual que totaliza un 100%, fijando-se como percentage
minimo de aprobación un 60%.
Sin embargo, Ia tabla de porcentajes no es inflexible y su aprobación está
influenciada por factores institucionales propios y por Io que podríamos denominar
"ambiente de Ia biblioteca" en relacion con el medio socio-economico y cultural de Ia
region y Ia comunidad a Ia que sirve.
Especial atencion se presta a Ia aplicacion de los princípios que rigem Ias
actividades de Ia Red Colombiana de Bibliotecas Universitárias y que son: integracion,
cooperacion y racionalización. La utilizacion de los servicios cooperativos, Ia planifi-
cación de recursos en Ia base de acuerdos interinstitucionales regionales o nacionales y
Ia participacion en programas de beneficio para Ias bibliotecas son mecanismos que Ia
vez propician Ia buscada integración de servicios y recursos, supien Ias deficiencias
de cada una e ella si se consideran y evaluan en forma aislada.
Conclusiones:
1) La evaluacion de Ia biblioteca dentro de este contexto eminentemente
acadêmico y respaldada por disposiciones legales del gobierno nacional
hace que Ias recomendaciones y demandas resultantes tengan un carac-
ter de "obligatoriedad", cuyo cumplimiento es ineludible por parte de
Ia institución.
2) Tomada en esta forma de evaluación se constituye en um medio de
presión (generalmente el unico) ante Ias directivos de Ia institution
para que relevar el papel de Ia biblioteca en Ia universidad y consequir
así un mayor apoyo en todos los sentidos.
3) Al ser Ia evaluación realizada por un bibliotecario ajeno a Ia institu-
cion, es tambien una evaluacion del personal de Ia biblioteca.
REQUERIMIENTOS MINIMOS PARA BIBLIOTECAS
UNIVERSITARIAS COLOMBIANAS
TABLA EVALUATIVA PORCENTUAL
Resultado positivo míni-
mo. si se llega al 60%
1. OBJETIVOS Y FUNCIONES
2. ESTRUCTURA Y MANEJO 5%
- Estructura orgánica 3%
- Estructura administrativa 2%
3.
1
-/ PRESUPUESTO 15%
- No menor del 5% del presupuesto
general de Ia Universidad.
- Del 50 al 60% del presupuesto debe
investisse en personal.
- No menos de un 30% en fondos bi-
bliográficos.
4 . SERVICIOS A LOS USUARIOS 15%
- Básicos 10%
- Especiales 5%
5. ACTIVIDAD DOCENTE 5%
- Cursos sobre uso y manejo de Ia
información, metodologia de Ia
investigación bibliográfica.
1_/ No menor del 5% del presupuesto total de Ia Universidad.
4) Por ser Ia Division de Documentación e Intormación de ICFES el orga-
nismo coordinador de Ia Red de Bibliotecas Universitarias, el conoci-
miento real de Ia situación en Ias bibliotecas de Ias universidades que se
obtiene a través de Ias evaluaciones, és una base solida para el planea-
miento de sus actividades.
5) Ia participacion del bibliotecario evaluador en Ia Comisión Evaluadora
Académica a mas de garantizar una evaluación tecnica real, contribuye a
realizar Ia importancia de Ia biblioteca como centro de Ia universidad,
elevando así su status y por conseguiente el de Ia profesión misma.
6. ACTIVIDAD EDITORIAL 5%
7. PERSONAL 15%
1 Bibliotecólogo por cada 1.000 usuarios.
2 Auxiliares por cada profesional.
8. COOPERACION INTERBIBLIOTECARIA 10%
Convenios locales y regionales
Préstamo interbibliotecario
Servidos de conmutación
Nivel Internacional.
9. RECURSOS BIBLIOGRAFICOS 15%
Coleccíon general (10 libros por usuario)
Colección de referencia
Publicaciones Seriadas (30 títulos por área)
Audiovisuales
Otro material
Procesamiento técnico
Criterios de selección
Aspectos cuantitativos (adecuación del material
objetivos y desarrollo de los programas).
10. RECURSOS LOCATIVOS 5%
11. MOBILIARIO 5%
12. EQUIPO 5%
TOTAL 100%
CDU: 027.7(81)
CDD: 027.70981
FUNÇÃO SOCIAL DA BIBLIOTECA UNIVERSITÁRIA
Sebastião de Souza
Judith Guimarães dos Santos
Odete Emídio de Farias
Nerise da Cruz Santa Rosa
Maria Vanda Marques
Maria Débora Chaves Gomes
Oneide Donato de Souza
Bibliotecários da UFPb
Campus II Campina Grande
Algumas considerações sobre a situação atual das bibliotecas universitárias
no Brasil, no Nordeste e na Universidade Federal da Paraíba. Funções
sociais da Biblioteca Universitária: disseminação da informação, estudo do
usuário, formação do bibliotecário, contribuição para a educação, ciência e
cultura e para o desenvolvimento local e regional. Proposta de alguns pa-
drões ideais para as Bibliotecas Universitárias dentro do contexto da reali-
dade brasileira.
CONSIDERAÇÕES SOBRE O SISTEMA DE BIBLIOTECAS DA
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO (UFPE)
Celeste Azevedo Macedo
Bibliotecária
Crcmilda Leda P. Perruci
Biblitoecária
Ivanilda Fernandes Costa Rolim
Diretora
Letice de Oliveira Salles
Assistente
Objetivo, histórico e estruturação do Sistema de Bibliotecas da UFPE.
Política de distribuição e desenvolvimento das coleções. Composição da
coleção da Biblioteca Central e localização da coleção da área da saúde.
BASES PARA UM SISTEMA NACIONAL DE BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS
Antonio Miranda
Assessor de Planejamento
Bibliotecário - CAPES
Apresentou breve panorama da situação da biblioteca universitária quanto
às fontes federais responsáveis pelo seu fomento e financiamento tanto a
Nível do MEC (SESu, CAPES, PREMESU, INL, FENAME) como de
outros órgãos (CNPq, IBICT, FINEP, Ministérios do Interior, Saúde, Agri-
cultura, etc).
Ressaltou o papel do CFE através da legislação que norteia o desenvolvi-
mento de acervos bibliográficos para reconhecimento/credenciamento de
cursos de nível superior e de pós-graduação. Destacou a problemática da
ausência de uma política global do MEC para a área de bibliotecas univer-
sitárias e advogou pela criação de um Sistema Brasileiro de Bibliotecas Uni-
versitárias.
RELATÓRIO DO SIMPÓSIO SOBRE PLANEJAMENTO DE SISTEMAS DE
BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS
Luiz Antonio Gonçalves da Silva
Coordenador (IBICT)
Rodolfo Tsupal
Relator (UNESP)
DOCUMENTO BÁSICO
Como documento básico, foi apresentado o trabalho "Planejamento de sis-
temas de bibliotecas universitárias" por Luiz Antonio Gonçalves da Silva (IBICT). Da
sua exposição destacaram-se os seguintes pontos:
1) Constituição e formação das universidades.
2) Resistência das bibliotecas pertencentes a uma mesma universidade: a
coordenação central.
3) Primeiras tentativas de coordenação de bibliotecas pertencentes a uma
mesma universidade.
4) Fatores que inibiram a constituição de sistemas de bibliotecas.
5) A Reforma Universitária e o planejamento de sistemas de bibliotecas.
6) Ação de organismos governamentais no planejamento de sistemas de
bibliotecas.
7) Situação atual.
1. ENFOQUE SISTÊMICO DA BIBLIOTECA UNIVERSITÁRIA E SEU RELACIO-
NAMENTO COM O MEIO AMBIENTE
O primeiro tema, para fins de discussão, foi apresentado pela Profª
Myriam Gusmão de Martins, tendo como debatedores: Lília Maria Vargas Lopes
(UFRGS), Kira Tarapanoff (UnB) e José Arias Ordoñez (ICFES - Colombia).
A expositora do tema enfatizou a condição "sine qua non" de se ver realis-
ticamente o meio ambiente ao efetuar um planejamento bibliotecário. Dentro do enfo-
que foram considerados os seguintes aspectos: demográficos, políticos, institucionais,
econômicos, financeiros, sociais, culturais, técnicos, administrativos, pedagógicos. Afir-
mou-se que a compreensão do meio ambiente evita as transplantações de modelos bi-
bliotecários dos países desenvolvidos para os países do 3? mundo. Esta compreensão,
outrossim, esvazia o sentido das comparações acusadoras entre sistemas de bibliotecas,
digamos, entre a Dinamarca e o Brasil.
Ilustrou-se um sistema como atividade mental subjacente a uma realidade
física que no caso seria uma rede de bibliotecas. Sendo assim, no Brasil teríamoso
sistemas de informação, mas sim, redes de bibliotecas.
A Profª Myriam apresentou exemplos da situação brasileira, das influên-
cias que sobre as bibliotecas universitárias se fazem sentir da parte das comunidades lo-
cais, da Universidade e até mesmo da própria família de seus funcionários e servidores.
Quanto à avaliação do desempenho das bibliotecas universitárias, a conferencista desta-
cou a necessidade de se utilizarem instrumentos de medição, indicadores e padrões de
desempenho, também condizentes com a realidade nacional.
1.1 DEBATES
Os debates a seguir corroboraram com a idéia mestra do tema, conside-
rando que nem mesmo se pode ter como corretas as transposições de modelos dentro
de uma mesma região. Foram tratados, ainda, assuntos como o surgimento empírico
das bibliotecas na América Latina e a necessidade de um trabalho cooperativista.
1.2 PERGUNTAS E RESPOSTAS
As perguntas revelaram preocupações de natureza terminológica, concei-
tuai, e dúvidas sobre aspectos de estruturas, administração das bibliotecas e sistemas de
informação. Ficaram patentes as inquietações quanto à falta da prática do planejamen-
to bibliotecário conforme os padrões brasileiros.
2. DEFINIÇÃO DOS OBJETIVOS DA BIBLIOTECA UNIVERSITÁRIA EM FUN-
ÇÃO DO PROCESSO ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO
0 segundo tema foi apresentado pela Prof
a
Kira Tarapanotf (UnB) sendo
constituído um painel com os seguintes debatedores: Neuza Dias de Macedo (USP),
Tânia Rodrigues Mendes (FGV-SP), Maria Augusta de Castro Correia (UFPr) e o presi-
dente do Seminário, Antonio Miranda.
A expositora do tema forneceu os seguintes dados, tais como:
1) Os objetivos da biblioteca universitária devem ser determinados em
relação às características intrínsecas da biblioteca universitária como
uma organização e em relação aos fatores contextuais, tais como, estru-
turais, sócio-econômicos, culturais, geográficos, políticos, históricos e
atuais da sociedade à qual pertence.
2) Característica intrínseca da biblioteca é o de uma organização sem auto-
nomia própria, dependendo da Universidade à qual pertence.
3) Os objetivos e função da Universidade brasileira, de acordo com a
Reforma Universitária 1968/69, estão norteando a biblioteca universitá-
ria de hoje.
4) Problema de como pode a Biblioteca Universitária responder às múlti-
plas funções e prover a necessária infraestrutura de informação biblio-
gráfica, dentro do contexto da Reforma Universitátia.
5) Necessidade de um órgão central, coordenador e divulgador que inter-
prete políticas, tendências e prioridades educacionais, técnico-científi-
cas e sócio-econômicas, e traduza estas tendências, formulando e divul-
gando a política da biblioteca universitária como também, a necessidade
de órgãos regionais que interpretem as tendências regionais, identifican-
do os seus problemas.
6) As atividades da Biblioteca devem visar o objetivo último: o desenvolvi-
mento total do indivíduo.
7) Os objetivos da biblioteca devem ser essencialmente dinâmicos: eles
devem representar as necessidades sempre renovadas da universidade á
qual pertencem.
8) Os objetivos da biblioteca devem orientar toda a ação da biblioteca;
conseqüentemente a estruturação e operacionalização da biblioteca
deve ser formulada em relação a objetivos.
2.1 DEBATES
Os debates que se seguiram questionaram noções como estas:
A Biblioteca Universitária nunca poderá refletir o binômio ensino e pesqui-
sa, se a própria Universidadeo o conseguir realizar.
Como poderá a Biblioteca levar o aluno a estudar e a pesquisar sem a ação
do professor?
Os conceitos abstratos e genéricos, expressos nos objetivos de uma univer-
sidade (ensino, pesquisa, extensão)oo passíveis de serem produzidos na realidade.
A própria Universidadeo chega a um consenso sobre o tipo do homem
que quer "produzir".
A Biblioteca universitária está deslocada dentro da administração da Uni-
versidade,o tendo conhecimento sobre o que a Universidade se propõe a fazer.
Finalizando o debate, foi lembrado ainda o momento histórico conturba-
do em que a Reforma Universitária surgiu, indeferindo se as conseqüências desta Re-
forma para Biblioteca Universitária, como também foi reiterada a idéia da necessidade
de bibliotecários terem um "canal" de expressão.
2.2 PERGUNTAS E RESPOSTAS
Entre as contribuições da parte do plenário, destacou-se a opinião de que
o bibliotecário deve aproximar-se da administração das IES, além de divulgar mais o
seu acervo existente entre os professores e alunos; dependendo desta ação ou omissão
o seu reflexo na comunidade universitária.
3. BASES PARA UM SISTEMA NACIONAL DE BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS
O terceiro tema foi apresentado pelo Prof. Antonio Miranda, tendo como
debatedores: Maria Antonieta Bezerra (UFC), Rosalí Pacheco Fernandez (CLAF),
Kira Tarapanoff (UnB) e José Arias Ordoñez (ICFES - Colômbia).
O expositor abordou a seguinte problemática:
Uma multiplicidade de órgãos governamentais eo governamentais
num leque de instituições como MEC, SESu, CAPES, PREMESU, CNPq, IBICT,
FINEP, INL e outras tem se envolvido, em parte e em diferentes graus e competên-
cias, com a Biblioteca Universitária. Cada uma destas instituições pode desenvolver
seus próprios programas como, por exemplo, o PRODELIVRO mas em última
análise nenhum órgão é diretamente responsável pela política e coordenação das biblio-
tecas universitárias.
Há necessidade de direcionar os esforços produzidos dispersamente, nesta
área, a fim de facilitar uma série de atividades tais como: financiamento dos projetos,
assessorias e consultorias para programas e projetos junto aos órgãos do MEC e outros,
de promover a formação de recursos humanos, oferecer serviço (ex. COMUT) e produ-
tos (publicações, cadastros) e propiciar a criação de legislações necessárias.
Em face desta problemática, deve procurar-se uma estrutura de um sistema
nacional de bibliotecas universitárias, inserida em competentes órgãos governamentais,
a fim de garantir a continuidade desse sistema.
3.1 DEBATES
Os debates corroboraram com a idéia central no sentido de enfatizarem
que, sendo a Biblioteca Universitária um órgão social, precisa de um organismo para
interpretar as necessidades e a filosofia da sua própria atuação. Quanto aos órgãos onde
deveria ser inserido o sistema, as opiniões coincidiram no sentido de que MEC, F INEP
e CNPq deveriam ser considerados. Ocorrendo também um depoimento do participan-
te colombiano sobre "Red Colombiana de Biblitoecas Universitárias" apoiada numa
base legal, institucional.
3.2 PERGUNTAS E RESPOSTAS;
Durante o diálogo entre assembléia e mesa, sobressairam-se idéias como
estas:
;
Manter a continuidade da Comissão de Bibliotecas Centrais Universitárias,
estabelecidas durante a Bienal do Livro em 1978, transferindo-se a "paternidade" da
FEBAB para as esferas do MEC.
Preocupação no sentido de criar mais uma instituição (além das 16 ou 17
já existentes) que se envolvesse em bibliotecas universitárias.
No caso de criação de um sistema nacional de bibliotecas universitárias que
houvesse descentralização, em termos de órgãos regionais.
Formalização e coordenação dos canais de comunicação entre os órgãos
existentes que direta ou indiretamente interferem na Biblioteca Universitária, a fim
que houvesse uma concepção menos compartimentada; e que este esforço fosse feito
no sentido de um sistema eo como soma de prédio, pessoal e acervo.
Após as discussões, foi formulada uma proposta, transcrita a seguir:
PROPOSTA
A Assembléia do Simpósio sobre Planejamento de Sistemas de Bibliotecas
Universitárias, no contexto do 2? SNBU, decidiu que se propusesse à CNPq e MEC/
SESu a constituição de uma comissão ou grupo de trabalho para o estudo da viabilida-
de de criação do Sistema Nacional de Bibliotecas Universitárias, e que essa comissão ou
grupo de trabalho apresentasse o resultado dentro do prazo mínimo de seis meses e
máximo de um ano.
COMUNICADOS TÉCNICOS
Na ordem dos comunicados técnicos (28.01.81) trouxeram a sua contri-
buição as seguintes pessoas:
1) Afrânio Carvalho Aguiar (IBICT) "As diretrizes do IBICT e suas impli-
cações no planejamento de bibliotecas universitárias";
2) Maria Cecília Gonzaga Ferreira (USP) et alii, "Avaliação do uso da cole-
ção de livros em biblioteca universitária";
3) Gilka Martins Gatti et alii (UFRGS) "Estudo para transferência do siste-
ma de bibliotecas da Universidade do Rio Grande/RS/para o novo
campus";
4) Cléa Dubeux Pinto Pimentel (UFPE), "Utilização do sistema de custo-
padrão para controle e avaliação do desempenho da biblioteca";
5) Lília Maria Vargas Lopes (UFRGS), "O processo racional na administra-
ção de bibliotecas universitárias: significado, utilização e conseqüência
para organização";
6) Ivanilda Fernandes Costa (UFPE), "Diretrizes para o sistema de biblio-
tecas da UFPE";
7) Zita Catarina Prates de Oliveira (UFRGS), "Bibliotecários e bibliotecas
universitárias".
Os tópicos abrangidos, desde a estratégia de macro-planejamento até aos
problemas mais concretos de interpretação de estatísticas, do controle do desempe-
nho, do planejamento da transferência das unidades bibliotecárias, elucidaram o fato
da existência da multiplicidade de fatores envolvidos no planejamento bibliotecário,
referente às bibliotecas universitárias. Outrossim, os problemas característicos de cará-
ter financeiro/orçamentai, estrutural e administrativo/de bibliotecas centrais, ficaram
patentes, atribuídos à mentalidade existente, no Pais.
Na segunda sessão dos comunicados técnicos (29.01.81) houve participa-
ção de:
1) Maria Luíza Rigo Pasqualli, et alii, (USP), "Sistemas de Bibliotecas da
Universidade deo Paulo: roteiro para diagnóstico":
2) Elizabeth Schneider de Sá (UFF), "Administração por objetivos num
sistema de bibliotecas universitárias";
3) Nério Sacchi Junior (UFPelotas - RS) "Serviço de alerta e a sua utiliza-
ção nas bibliotecas universitárias brasileiras";
4) Zita Catarina Prates de Oliveira, com co-autoria de Heloísa Benetti
Schreiner (UFRGS) "Padrões para os serviços bibliotecários, na
UFRGS";
5) Neusa Dias de Macedo (USP), "A biblioteca universitária: o estudante e
o trabalho de pesquisa";
6) Stella Sanchez de Moore (Colombia) "Políticas de evaluación de
colecciones con fines de aprobación institucional y de programas";
7) Judith Guimarães (UFPb), "Função social da biblioteca universitária".
ASPECTOS DO PLANEJAMENTO E CONSTRUÇÃO DE BIBLIOTECAS
UNIVERSITÁRIAS NO BRASIL*
Cláudio Mafra Mosqueira
MEC/PREMESU
INTRODUÇÃO
Neste trabalho procuramos levantar a situação atual do planejamento e
construção de prédios de bibliotecas universitárias no Brasil e de como se comportam
do ponto de vista arquitetônico, os prédios recém construídos para este fim. Temos aí
três aspectos distintos do problema: a fase de planejamento, a fase de projeto e cons-
trução e a fase de ocupação e uso.
Na primeira destaca-se a necessidade de se elaborar um programa adequado
como resultado de um trabalho conjunto de arquiteto e bibliotecário; na segunda serão
bem caracterizadas as metas funcionais e físicas na medida em que o projeto deve pre-
encher as necessidades do programa e refletir a cultura da região em termos de mate-
riais e técnicas construtivas, além de, naturalmente, constituir solução agradável do
ponto de vista plástico e ambiental; na terceira fase, temos a ocupação e uso do prédio,
testando-o na grática em função do objetivo para o qual foi projetado e procedendo
aos inevitáveis ajustes.
Procuramos discorrer sobre aspectos bem objetivos do problema deixando
de lado, sempre que possível, problemas arquitetônicos cuja interpretação requer análi-
se subjetiva. Da mesma forma,o nos detivemos na análise de elementos que obriga-
toriamente devem comparecer no processo de projetamento arquitetônico.
Procuramos evitar neste diagnóstico a citação de detalhes, técnicos que o
tomariam longo e cansativo. Pretendemoso uma lista de qualidade e defeitos, mas
colocar este documento como um alerta para os profissionais envolvidos neste traba-
lho.
1. ASPECTOS HISTÓRICOS
Universidade no Brasil é coisa relativamente recente. Instituições Universi-
tárias integradas em Campi somente começaram a ser pensadas a partir de 1930 com a
criação do Ministério da Educação e Cultura e Saúde Pública.
* Documento básico do Simpósio sobre Arquitetura de Bibliotecas Universitárias.
Consequentemente, Biblioteca Central Universitária também é recente
pois, refletindo sempre a estrutura das universidades, as bibliotecas cresceram e evoluí-
ram com elas. A grande maioria das nossas universidades teve início com a união de
faculdades isoladas que já possuíam suas bibliotecas. Assim as bibliotecas universitá-
rias eram setoriais e vinculadas a cada faculdade. Com o advento da Reforma Univer-
sitária em 1968, procurou-se recionalizar a administração, através da adequação dos
meios às atividades-fim de Universidades, conceitos com o da "não duplicação de
meios" e outros. Ficou evidente que as bibliotecas deveriam se reorganizar de forma a
minimizar custos e conseguir um desempenho capaz de integrá-las definitivamente ao
Ensino, Pesquisa e Extensão pois a intensificação destas atividades gerou a necessidade
de ampliação dos serviços oferecidos aos usuários, até então limitados ao empréstimo
domiciliar e ao oferecimento de uma sala de leitura. Em resumo, a Reforma gerou os
Campi e com eles surgiram as Bibliotecas Centrais que passaram a conviver, pelo menos
nesta fase de transição, com as bibliotecas setoriais localizadas em unidades isoladas
Universidade, porém objetivando absorvê-las em um único corpo administrativo e
mesmo físico.
2. FUNÇÃO DA BIBLIOTECA NO CONTEXTO UNIVERSITÁRIO ATUAL
A-Bibíioteca vive hoje uma situação de transição mesmo nas Universidades
onde os campi já se consolidaram pois ainda persiste a dicotomia biblioteca central
versus biblioteca setorial e a resistência à mudança de "depósito de livros" para "cen-
tro de informática". Do ponto de vista do usuário, ela aindao mudou muito pois
geralmente professores e alunos desconhecem as potencialidades da biblioteca atual.
Em linhas gerais diríamos que a Biblioteca tem as seguintes funções dentro da Univer-
sidade:
manter a função tradicional de depósito de informações, idéias e pesqui-
sas, mas já de maneira sistemática, com interligação e intercâmbio com
outras Bibliotecas, expandindo as suas potencialidades de uso;
apoio às atividades didáticas, através de auto-aprendizado, seja através
do acervo tradicional, seja através de novos sistemas (microformas e
audio-visual);
apoio às atividades de pesquisa, através de:
a) catalogação, divulgação e rápido intercâmbio de bibliotecas de um
sistema inter-regional de dados;
b) divulgação de informações bibliográficas a nível individual (dissemi-
nação seletiva de informação);
c) manutenção de banco de dados sobre as pesquisa realizadas em reali-
zação na Universidade;
apoiar atividades de extensão, levando a cultura à população, direta-
mente ou através de programas de extensão desenvolvidos pela Universi-
dade;
pesquisar e desenvolver novos métodos no campo da Informática, que
promovam a melhoria de seus serviços, principalmente a facilidade de
acesso à informação.
3. DESENVOLVIMENTO DA METODOLOGIA DE PROJETAMENTO
A importação do conceito de Biblioteca Central levou à importação dos
correspondentes critérios, parâmetros e índices quantitativos para projetamento arqui-
tetônico, através de consultores estrangeiros, sem vivência dos problemas e condições
locais.
A partir da concretização de alguns prédios de Biblioteca Central no Brasil,
e da adaptação de seu uso às condições locais tanto no aspecto físico quanto no de
aculturação já existe, e continua se expandindo, a experiência nacional no planeja-
mento instrução e manejo das Bibliotecas Centrais. É importante que os bibliotecários
analisem os parâmetros originais, as modificações geradas pelo uso, pela adaptação às
condições locais e as novas solicitações de uso, para que, na elaboração de programas
para novos prédios, possam contar com critérios de projetamento mais próximos da
nossa realidade sócio-econòmica, cultural e política. Gostaríamoso só de aproveitar
aqui a experiência de outros países mas também de procurar contribuir para um novo
modelo de Biblioteca Universitária Central no Brasil, atendendo para a necessidade de
se considerar para cada região, as solicitações locais.
A integração bibliotecário arquiteto na montagem de um projeto de
Biblioteca Central, é essencial para se chegar a um resultado satisfatório na utilização
do prédio. O bibliotecário deve ser capaz de analisar criticamente o programa gerado
pelas necessidades específicas da Universidade o grau de sofisticação dos equipamen-
tos e tarefas, o público a ser atendido, o pessoal a ser empregado nos serviços etc. A
solidez e a exatidão de tais dados, aliados a um suporte político das áreas de decisão na
Universidade, proporcionarão um solo firme onde o arquiteto pode caminhar sem atro-
pelos no desenvolvimento do projeto.
É importante que, ao se programar um prédio de Biblioteca Central que
conte com sistemas modernos e sofisticados de prestação de serviços bibliográficos,
seja prevista uma programação inclusive com espacos determinados de treina-
mento e conscientização dos usuários para as potencialidades de uso do prédio, pois
nem sempre o padrão cultural local concebe, de antemão, a possibilidade de utilização
de equipamentos e métodos de estudo, pesquisa e recuperação da informação, fora do
tradicional.
4. ASPECTOS MAIS RELEVANTES E DISCUTIDOS DOS PRÉDIOS DE BIBLIOTE-
CAS UNIVERSITÁRIAS CONSTRUÍDOS NO BRASIL
A despeito do grande esforço que vem sendo realizado pelas Associações
de Bibliotecários, órgãos do governo e pelas próprias Administrações das bibliotecas,
verifica-se que em certos aspectos o processo de planejamento e construção de bibliote-
cas continua apresentando alguns pontos controvertidos, como por exemplo:
a) verifica-se um certo culto à monumental idade que quandoo chega
a comprometer funcionalmente o faz em termos de custo de constru-
ção, de manutenção e de desarmonia com a da realidade sócio-econômi-
ca local;
b) uso de materiais de construção impostos pelo mercado e de técnicas
construtivas nem sempre condizentes com as disponibilidades de mão-
de-obra e equipamentos da região;
c) a colocação em segundo plano, de exigências primárias tais como loca-
lização e orientação adequadas, paisagismo do entorno do prédio ou
sistema estrutural compatível, o que fatalmente acaba gerando solu-
ções mais complicadas tecnicamente e, portanto, mais caras e de manu-
tenção mais difícil;
d) a falta de uma compreensão mais ampla e profunda por parte da maio-
ria das administrações das universidades do processo de implantação,
funcionamento e manutenção e do próprio papel da Biblioteca Uni-
versitária, gerando dificuldades, deseconomias e deficiências de toda a
ordem, principalmente após a construção, quando o prédio começa a
ser utilizado, parcialmente por falta de equipamentos, materiais e fun-
cionários;
e) falta de uma avaliação mais consciente e detalhada das instalações
necessárias às bibliotecas a fim de evitar sofisticação onde os meios con-
vencionais seriam suficientes e provavelmente mais adequados.
A abordagem destes tópicos e o levantamento das conseqüências a níveis
mais detalhados exige um posicionamento crítico isento de limitações e imposições de
ordem pessoal, por parte dos profissionais envolvidos em todas as fases do processo.
No Simpósio que será desenvolvido a partir de amanhã, serão apresentados, analisados
e discutidos os principais aspectos de projeto e construção, bem como os problemas
surgidos no decorrer do uso dos prédios.
Com o objetivo de delinear o quadro da situação física dos prédios de bi-
bliotecas universitárias no País principalmente as centrais passamos a expor, suma-
riamente, a resposta ao nível de média dos prédios existentes às principais exi-
gências que devem cumprir visando um bom funcionamento.
4.1 Aspectos Locacionais
Alguns dos projetos já realizados entre nós, tem observado a localização do
prédio no centro de gravidade das grandes concentrações de usuários nos campi. En-
tretanto, outros elementos importantes tais como facilidade de acesso, orientação
favorável e principalmente articulação com o sistema de transportes interno e externo
oo tratados com o devido cuidado.
Encontramos bibliotecas relativamente isoladas, a margem das grandes
áreas de concentração de usuários e às vezes sem nenhum atrativo externo em termos
paisagísticos. Acesso e estacionamentos precários e ensolaradoso fatores que tem
ocorrido como um dos elementos da inércia que atinge o usuário (outros elementos
desta inércia referem-se a: insegurança quanto aos serviços prestados pela biblioteca e
desconhecimento do funcionamento da mesma).
4.2 Programação
Neste aspecto temos a registrar que nem sempre ocorre a participação efe-
tiva do bibliotecário na elaboração dos programas arquitetônicos. Verifica-se, às vezes,
grande desarmonia entre a estrutura da biblioteca e a da Universidade. Como conse-
qüência temos a previsão de espaços desnecessários ou subutilizados ou ao previsão
de outros que seriam essenciais.
Evidentemente, um bom programa constitui sólida base para um projeto
arquitetônico adequado. Infelizmente, constatamos que nem sempre se procede à aná-
lise e discussão de elementos tais como aspectos culturais locais, nível de sofisticação
necessário, organização da biblioteca de acordo com as reais necessidades do usuário
local e definição dos graus de flexibilidade para expansão e instalação. Insistimos na
necessidade de estarmos sempre com oss no chão na elaboração do programa afim
de evitarmos males às vezes irreparáveis depois do prédio pronto.
4.3 Dimensionamento e Quantificação dos Espaços
Verifica-se a necessidade de estudo prévio dos índices e critérios de dimen-
sionamento ainda em etapa inicial de planejamento afim de evitar discussões sobre o
assunto em fases posteriores da execução do projeto, com conseqüentes atrasos e im-
provisações. Também as futuras expansões deveriam tanto quanto possível serem pre-
vistas qualitativa e quantitativamente. Convivemos ainda com a falta de índices e parâ-
metros nacionais e com as dificuldades no dimensionamento de ambientes relativamen-
te novos nas bibliotecas como por exemplo o audio-visual.
4.4 Sistema Estrutural/Técnicas Construtivas/Materiais
Grande parte dos atuais prédios de bibliotecas universitárias brasileiras
apresentam um sistema estrutural compatível. Isto significa que a estrutura permite
expansões com facilidade e prevê o acréscimo de novas instalações no futuro, sem
causar grandes transtornos.
Por outro lado, do ponto de vista de técnicas construtivas e de materiais, o
panoramao é dos melhores. Constata-se o uso de técnicas construtivas e estranhas à
região, ocasionando a necessidade de importação de mão-de-obra e equipamentos de
outros estados, o que contribui para uma considerável elevação do custo final do pré-
dio. Algo semelhante ocorre com os materiais utilizados: geralmenteo condizem
com o clima (é o caso de excesso de vidro e alumínio em clima muito quente),o di-
fíceis de serem encontrados na região e exigem mão-de-obra especializada para sua ins-
talação.
Além disso, usa-se muitas vezes materiaiso condizentes com o uso em
termos funcionais ou que sejam excessivamente combustíveis.
4.5 Controle Ambiental/Conforto
De maneira geral, nossos prédios de biblioteca convivem com insolação e
umidade excessivas, ventos indesejáveis, e com o desconforto e risco conseqüentes
e outros como por exemplo: ruídos provenientes de instalações (bomba d'água, subes-
tação elétrica, centrais de ar condicionado etc), ruídos externos, áreas ruidosas pertu-
bando áreas de silêncio etc.
Nos atuais prédios, muitos desses problemas foram sanados. Alguns, no en-
tanto, persistem principalmente os de controle da insolação e do vento, (há casos de
janelas que batem quebrando o vidro). 0 problema de controle ambiental torna-se par-
ticularmente grave se consideramos que as universidades geralmenteo dispõem de
recursos para instalação de elementos de proteção, depois do prédio executado, tais
como cortinas e persianas e que, em conseqüência,o feitas improvisações, que produ-
zem péssimo aspecto, como: pintar os vidros ou mesmo colocar papel para evitar o sol.
Quanto a ambientação nota-se a necessidade de maior preocupação no sen-
tido de tornar a biblioteca um local o mais agradável possível, apesar dos prédios atuais
apresentarem elementos novos com este objetivo. Acreditamos ser desejável quebrar a
monotonia utilizando-se formas, cores e materiais que propiciem este efeito. Enfatiza-
mos que além disso falta nas bibliotecas ambientes onde as pessoas possam falar mais
alto, sem sentirem a preocupação de estarem pertubando. Verifica-se também a carên-
cia de vegetação, e outros elementos naturais como madeira, pedra, etc. Nota-se, ainda,
certo descaso com o paisagismo do entorno do prédio o que contribui para tornar o
aspecto da biblioteca desinteressante, além de ter conseqüências negativas a nível de
controle ambiental.
4.6 Segurança
Este aspecto é motivo de muita discussão maso se chegou ainda a um
consenso. No caso de segurança de janelas contra roubo de material bibliográficoo
nos parece viável do ponto de vista arquitetônico usar um fechamento com tela ou
materiais semelhantes.o se verifica a utilização de meios modernos de detecção de
pessoas ou objetos que funcionam bem maso de custo muito elevado.
O que ocorre de mais grave em termos de segurança diz respeito a falta de
instalações adequadas para detecção e combate a incêndios.o raros os prédios que
m este tipo de instalação em boas condições de funcionamento.
Por outro lado, reconhecemos que se trata de uma instalação cara e de
manutenção difícil. Esta é uma questão que, esperamos sairá deste Seminário com uma
solução, pois será amplamente discutida no Simpósio de Arquitetura.
4.7 Instalações Especiais
Neste item englobamos instalações prediais tais como ar condicionado e
ventilação e outras queo de apoio imediato às atividades da biblioteca como sejam,
audio-visual, microfilmagem, etc.
Verifica-se, em algumas bibliotecas, um excesso de instalações que se
devem evidentemente ao desejo de servir melhor a comunidade universitária. Pergunta-
se até que ponto a biblioteca pode prescindir delas e continuar adotando os meios
convencionais sem prejuízo do seu funcionamento e de que maneira seria possível evi-
tar que o rigor e o formalismo próprios de instalações de tecnologia avançada prejudi-
que o relacionamento com os usuários. Acreditamos que exista o risco de um "corpo"
de bibliotecários excessivamente preocupado com a eficiência do sistema e ao mesmo
tempo frio e distante no relacionamento com as pessoas.
Consideramos ser este um desafio que deverá ser vencido pelos bibliotecá-
rios e demais profissionais envolvidos pois, assim como é desejável o calor humano no
relacionamento com o usuário, em muitos casos é imprescindível o uso da automação e
outras tecnologias avançadas.
CONCLUSÃO
De modo geral acreditamos que o problema de se projetar bibliotecas uni-
versitárias dentro da mais nova concepção de universidade e dentro da tecnologia mais
moderna está sendo enfrentado corretamente e tem obtido na maioria dos casos bons
resultados. Entretantoo podemos fechar os olhos ao fato de que existem problemas
no planejamento e projetamento arquitetônicos. Insistimos em que devem ser revistos
os atuais programas no aspectos de determinação dos espaços mais especializados e na
escolha dos índices de dimensionamento.o podemos esquecer que os projetoso
devem ser executados num clima de indefinições administrativas ou deo participa-
ção dos bibliotecários no processo de criação do programa e acompanhamento da exe-
cução.
E mais uma vez voltamos a defender o uso tanto quanto possível, de técni-
cas e materiais locais. Uma biblioteca, que tem que estar culturalmente comprometida
com a população que a utiliza,o pode conviver com uma arquitetura totalmente
contrastante, o que infelizmente tem ocorrido em nosso País. Acreditamos que ela
deva incorporar os costumes, os hábitos, o folclore e os elementos construtivos e
decorativos próprios da cultura local.
Por fim, consideramos a fase de projeto em particular aquela de
definição do programa e pré-dimensionamento com a etapa mais importante para o
desenvolvimento futuro do trabalho. Nesta fase, a participação do bibliotecário e do
administrador universitário e dos usuários é importante, principalmente quando se
busca um prédio que será o centro cultural do Espaço Universitário, para onde haverão
de convergir as dúvidas e incertezas em busca da memória do conhecimento humano e
das informações capazes de dinamizar todo o processo de ensino, pesquisa e extensão
da universidade.
ELABORAÇÃO
- Arquiteto Cláudio Mafra Mosqueira - PREMESU
Arquiteto Fernando José Fahel UFBA
- Arquiteto Ricardo Orlandi França - UFMG
Arquiteto José Freire Ferreira UFPA
COLABORAÇÃO
- Antonio Miranda CAPES
O PROJETO ARQUITETÔNICO DA BIBLIOTECA CENTRAL DA UNIVERSIDADE
DO ESPIRITO SANTO
José Galbinsky
UnB
O autor foi convidado pela PREMESU para realizar dois projetos de biblio-
tecas centrais, Universidade Federal do Espírito Santo e Universidade Federal da Pa-
raíba. Mas, a primeira experiência em projeto de biblioteca central, foi o planejamento
da Biblioteca Central da UnB, trabalhando em conjunto com um grupo de bibliotecá-
rios brasileiros e acessoramento de especialistas estrangeiros. Foi um convívio intenso,
durante 3 meses, para montagem do Projeto. Este convívio e o estudo realizado pelo
grupo, foi considerado pelo autor, como se estivesse fazendo um curso de especializa-
ção sobre "o que é uma Biblioteca". Deste estudo, surgiram muitas indagações, como
por exemplo:
1) Como posicionar com relação aos equipamentos mecânicos, tais como,
ar condicionado, elevadores, etc?
2) A Biblioteca deve viver em função dos livros ou dos equipamentos?
3) Biblioteca Central ou Departamentais?
4) Caráter do prédio: dimensionamento e flexibilidade, como fazer?
Mas, estas perguntas surgiram novamente dez anos mais tarde nos Projetos
da UFES e UFPB, com mais propriedade ainda, devido ao avanço do tempo e suas im-
plicações. Problemas como o energético, custos e gastos, como resolvê-los? A Bibliote-
ca Central da UFES é modesta, tendo sido planejada com 5.000 m tendo sido a da
UnB de 15.000 m , variando assim a capacidade de acervo e outros, mas com as mes-
mas implicações; estas persistem.
Fazer uma biblioteca com equipamentos mecânicos ou não? No Espírito
Santo, optou-se pelo não, devido ao custo da aquisição e manutenção. A instalação dos
elevadores é um exemplo. Colocou-se dois elevadores para atendimento de casos espe-
ciais, entre eles o público com problemas físicos. Foi uma decisão tomada em conjun-
to, com responsabilidade do grupo, que assinou a eliminação dos mesmos no Projeto.
O Projeto da Biblioteca Central do Espírito Santo tem vários graus de
flexibilidade, tanto na parte interna, como na parte externa. A expansão externa foi
prevista, reservando-se um espaço onde poderá ser construído um anexo, quando
houver saturação de espaço na Biblioteca.
Esta posição foi tomada, devido ao desejo de se deixar um prédio com
características de acabamento externos completo, sem prejuízos de programações de
expansões futuras.
Recomendações
1. Que se dé aos grupos de planejamento de projetos arquitetônicos de
bibliotecas, os prazos necessários e a possbilidade de intervenção nestes, para o devido
conhecimento e definições do projeto, sem prejuízo para a execução do mesmo.
2. Dar maior flexibilidade aos projetos para futuras expansões em etapas
diferentes, pois pensar que se pode projetar para tempo determinado a expansão, é
utópico. Deve-se planejar sem se preocupar em um dimensionamento para longo pra-
zo, mas delimitar um projeto com maiores flexibilidades de expansões em períodos
o determinados, estas devem ser feitas à medida que forem necessárias.
CARACTERÍSTICAS DO PROJETO DA BIBLIOTECA CENTRAL DA
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
Dalva Gomes de Paiva
Diretora da Biblioteca Central da UFMT
As características principais do Projeto de Biblioteca Central da Universi-
dade Federal de Mato Grosso apresentou-se compatíveis com as características peculia-
res da cidade onde se encontra, com sua adequação ao Campus Universitário, com as
necessidades dos usuários a que serve,o somente como órgão suplementar da Univer-
sidade, mas também como órgão de utilidade pública para Cuiabá.
Os aspectos estruturais e geográficos, incluindo-se a localização no
Campus, foram tratados pela equipe de arquitetos da UFMT em harmonia com os as-
pectos funcionais e prestação de serviços da Biblioteca Central, compondo-as assim,
através da soma de experiências em ramos do conhecimento diversos o de objetivos
claros, definidos e de interesse único, a elaboração de Projeto de Biblioteca, dentro
de uma filosofia amazônica da Universidade Federal de Mato Grosso.
PROJETO DA BIBLIOTECA CENTRAL DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE
GOIÁS
Sinval Martins de Paiva
UFGO
1. INTRODUÇÃO
A Universidade Federal de Goiás está atualmente dividida em dois CAMPI:
Campus I, situado na malha urbana de Goiânia, Praça Universitária, e Campus II, dis-
tante 14 Km do centro da cidade, onde futuramente se localizará a Biblioteca Central
da UFG.
Atualmente, a Biblioteca Central está funcionando em uma ala do pavi-
mento térreo do prédio da Faculdade de Direito, na Praça Universitária e em uma edi-
ficação provisória construída junto a esse prédio.
Além dessa sede, a UFG conta com mais três Bibliotecas Seccionais:
Seccional do Campus II
Seccional da Escola de Agronomia e Veterinária
Seccional do Colégio de Aplicação
A sede e as Seccionais ocupam uma área de 2.721,32m
2
, com um acervo
de 61.896 volumes. A capacidade máxima para leitura em consulta simultânea é de
563 pessoas.
Na escolha da área para a localização da sede da Biblioteca Central, no
CAMPUS II, foram considerados os seguintes fatores:
O Plano de Ocupação Física do CAMPUS
A Praça: Caracterizada como ponto de encontro.
Dela estarão localizadas as edificações de uso comum de alunos
e professores de todas as áreas: Centro de Convivência, Museu,
Teatro de Arena e um pouco mais abaixo, o Teatro da UFG.
Eqüidistância: Nessa Praça também ficará localizada a Biblioteca, como
parte desse contexto de encontro eqüidistante das edifi-
cações de ensino e junto à mata.
A mata: elemento natural dentro da área, preservado como fator de
equilíbrio ecológico influenciando diretamente no conforto
térmico do interior das edificações, pelo aumento da umida-
de do ar. Além disso, proporcionando o sombreamento dos
caminhos de acesso à Biblioteca.
2. PROGRAMA DE NECESSIDADES:
Na elaboração do Programa de Necessidades, contamos com as seguintes
fontes de informações:
Visitas a outras Bibliotecas;
Bibliografia específica sobre planejamento e projetos de Bibliotecas;
Reuniões periódicas com as bibliotecárias da UFG:
a experiência, o conhecimento e o contato direto e diário com os usuá-
rios tornaram as bibliotecárias a principal fonte de informações.
As solicitações dos usuários foram cristalizando a partir das discussões e
reflexões projetistas e bibliotecárias; discussões em cima dos conhecimentos biblio-
gráficos específicos e da realidade atual da Universidade: realidade econômica, fre-
qüência de uso da Biblioteca, tipos de livros mais utilizados. Em conseqüência, foram
definidas as diversas atividades a serem desenvolvidas dentro de um edifício para
Biblioteca, assim como a sua complexidade funcional.
Essas atividades definiram o Programa de Necessidades:
DISCRIMINAÇÃO ÁREA ÁREA TOTAL
1
a
ETAPA 2
a
ETAPA
I. SERVIÇOS PÚBLICOS
- Vestíbulo e Hall de entrada,
Portaria, Controle de entra-
da e saída
Saguão principal com espaço
para exposições
Área para catálogos
Escritório de referência e
balcão de empréstimos.
40,00
260,00
30,00
25,00
40,00
550,00
70,00
50,00
DISCRIMINAÇÃO ÁREA
1? ETAPA
ÁREA
2
a
ETAPA
TOTAL
I. SERVIÇOS PÚBLICOS (cont.)
Divisão de Auxílio aos lei-
tores:
- Chefia
Espera
Cabines telefônicas (5 de
2m2 c/)
- Bar
Sanitários masculino e fe-
minino
-
-
10,00
75,00
40,00
16,00
18,00
10,00
75,00
40,00
505,00
II. ÁREA PAREA LEITURA E COLEÇÕES
919,00
919,00
Coleção de referência, área p/
leitura, índices e abstrato
Coleção de periódicos e sala
de leitura
Coleção em reserva e sala de
leitura
Coleção geral e área para
leitura
100,00
175,00
110,00
800,00
500,00
1.000,00
500,00
2.500,00
III. COLEÇÕES ESPECIAIS E
DOCUMENTOS
a) Documentos:
Sala p/coleção, pessoal e
leitura
Documentação Goiana
b) Mapas e Atlas:
Sala p/coleção e área de
leitura
Sala p/pessoal e prepara-
ção de material
1.185,00
4.500,00
100,00
20,00
60,00
25,00
4,500,00
DISCRIMINAÇÃO
ÁREA
1
a
ETAPA
ÁREA
2
a
ETAPA
TOTAL
III. COLEÇÕES ESPECIAIS E
DOCUMENTOS
c) Audio-Visuais:
Sala p/leitura de micro-
formas
Sala p/audição individual
Sala p/audição em grupo
Sala p/armazenagem e pes-
soal.
d) Obras raras e de Artes:
Sala p/coleçào, leitura e
exposições
Caixa - forte
e) Estudos Clássicos:
Sala p/coleç3o, leitura e
pessoal
56,00
44,00
66,00
32,00
120,00
5,00
45,00
573,00
573,00
IV. SALAS DE ESTUDOS ESPECIAIS
Estudo de pequenos grupos (8
de 7,50m2 cada)
Cabines individuais p/professores
(10 de 9,00m
2
cada)
Sanitários masculinos e femini-
nos
60,00
90,00
40,00
190,00
190,00
V. ESCRITÓRIOS ADMINISTRATIVOS
a) Diretoria:
Sala p/diretoria conjugada
de reuniões
Sala de espera
b) Secretaria Administrativa:
Sala p/pessoal e arquivo
Sala p/almoxarifado
c) Zeladoria:
Sala p/zelador
Sala p/desinfecção
com sala
-
-
14,00
10,00
17,50
12,50
35,00
15,00
40,00
10,00
17,50
12,50
DISCRIMINAÇÃO
1
a
V. ESCRITÓRIOS ADMINISTRATIVOS
d) Reprografia:
Sala p/equipamentos, pes-
soal e atendimento
e) Serviços:
Copa p/funcionários
Sanitários masculinos e fe-
mininos
ÁREA
ETAPA
60,00
10,00
15,00
139,00
VI. SERVIÇOS TÉCNICOS
247,00
ÁREA
2
a
ETAPA
TOTAL
60,00
10,00
15,00
215,00
Seção de Aquisição
Seção de Intercâmbio
Armazenagem (intercâmbio)
Seção de classificação, ca-
talogação e chefia (inclu-
sive processamento de li-
vros e periódicos)
Datilografia
Recebimento e armazenagem:
Estacionamento interno
Sala de recebimento e dis-
tribuição de livros
Sala de armazenagem
20,00
12,00
12,00
80,00
-
88,00
20,00
15,00
45,00
50,00
44,00
170,00
24,00
88,00
20,00
15,00
456,00
456,00
VII. ÁREAS GERAIS
- PABX
Subestação p/energia
Coletor geral de lixo
Depósito
SUBTOTAL
CIRCULAÇÃO E PAREDES
TOTAL
152,00
50,00
10,00
15,00
227,00
2.303,00
152,00
50,00
10,00
15,00
227,00
7.080,00
1.187,00
8.267,00
227,00
7.080,00
1.187,00
8.267,00
No dimensionamento tomamos como base os seguintes indicadores:
nº de volumes: 400.000
2,00 m
2
por leitor aluno
1,00 m
2
para 150 volumes
7,00 m
2
por leitor professor
n? de usuários: 10% do total de alunos
10,00 m
2
por funcionário bibliotecário.
3. CONDICIONANTES BÁSICOS:
Elaborado o Programa, tivemos uma reunião com o Prof. Briquet,
quando foram discutidos e analisados todos os elementos desse Progra-
ma, que depois de checados e definidos foi, juntamente como o funcio-
nograma e fluxograma, traduzido numa organização de espaço em que,
além da funcionalidade, foram considerados outros aspectos como
condicionantes, básicos:
O clima: com relação ao clima foram considerados os seguintes aspec-
tos:
- ventos dominantes - sentido sudoeste - nordeste
- insolação
- umidade do ar
- Iluminação natural
Nível de ruído interno e externo;
- segurança contra incêndio
- segurança contra roubo
- iluminação artificial
- flexibilidade - organização de espaços
o terreno.
Aspectos culturais da edificação - expressão simbólica.
Na UFG por questões econômica e até mesmo políticas os projetos e as
edificaçõeso feitas em épocas diferentes e por projetistas também diversos. Quando
foi criado o ETA alguns projetos já estavam prontos e o CAMPUS parcialmente
edificado, ficando assim evidenciada uma variedade de projetos com caracreterísticas
formais variadas. Entendemos que essa situação já reflete um processo histórico e que
a nossa intervenção foi dentro desse processo pelos mesmos motivos acima menciona-
dos:
Econômicos e Políticos.
A área escolhida para a implantação da Biblioteca, a Praça Central, quase
que totalmente envolvida pela mata onde também será implantado o Centro de Convi-
vência cujo projeto já está pronto desde 1973 e sem perspectivas para a sua construção.
A situação acima descrita nos dá o contexto arquitetônico do entorno da área para
edificação da Biblioteca, isto é,o existe edificação, só projetos.
Pelos motivos acima expostos as nossas intenções formais foram expres-
sas a partir do que representa a Biblioteca dentro da Universidade como uma edifica-
ção que obriga um acervo cultural do qual participa toda a comunidade universitária e
mesmoo universitária. Assim, pensamos uma edificação de referência dentro do
CAMPUS um momento sem contudo, deixar de considerar a forte realidade
econômica e cultural da região e da Universidade a que ela pertence.
4. PARTIDO/SOLUÇÕES
PARTIDO ADOTADO- . terreno
orientação
nº de pavimentos
circulações
acessos
distribuição dos espaços nos pavimentos
SOLUÇÕES -. resposta espacial do funcionograma e fluxogramas em cada
pavimento e no geral;
resposta espacial dos condicionantes básicos:
- ventos dominantes
- insolação
- iluminação natural
- segurança contra incêndio
- nível de ruído interno e externo
- segurança contra roubo
- iluminação artificial
- flexibilidade
- terreno
- acessos
- aspectos formais.
PROGRAMA INTEGRADO DE MELHORIA DO ENSINO DE GRADUAÇÃO
EM ARQUITETURA E URBANISMO
Osmar Bettiol
Maria Carmen Romcy de Carvalho
Francisco Bahia Margalho
INTRODUÇÃO
O Ministério da Educação e Cultura, através da Secretaria de Ensino Supe-
rior SESu, está desenvolvendo Projetos que visam a melhoria do ensino de graduação
e pós-graduação. Para a sua execução, optou-se pela estratégia de desenvolvimento dos
projetos, tomando-se como base as Áreas de ensino.
Dentro dessa linha de ação, na área de Arquitetura e Urbanismo, surgiu o
"Programa Integrado de Melhoria do Ensino de Graduação em Arquitetura e Urbanis-
mo".
JUSTIFICATIVA
As escola de Arquitetura do país, em sua grande maioria, foram sensibiliza-
das pela discussão do novo Currículo Mínimo, cuja proposta está em processo de enca-
minhamento ao Conselho Federal de Educação. A aprovação do novo currículo abrirá,
sem dúvida, uma oportunidade rara de mudanças nos sistemas de ensino-aprendizagem
nas escolas, por mais conservadoras e rotineiras que muitas delas possam ser. Daí a
conveniência de implantar, exatamente agora, um programa como este, em que se
reconhece a importância dos aspectos curriculares, e se atribui um papel decisivo no
processo de aperfeiçoamento do ensino de arquitetura.
OBJETIVOS DO PROGRAMA
Como objetivo primeiro do Programa, aponta-se o apoio e assessoramento
de docentes, através de cursos de extensão, especialização, mestrado e doutorado,
seminários, encontros, simpósios e congressos. Neste plano de formação de recursos
humanos, destaca-se a preocupação de melhorar a qualificação dos docentes, sem
afastá-los por muito tempo das atividades nas suas escolas.
O programa visa também estabelecer um sistema de apoio mútuo entre es-
colas, no sentido de incentivar a produção de material didático, inclusive de materiais
audio-instrucionais. Objetiva-se também, a melhoria de instalações e equipamentos,
com contrapartida de abertura de laboratórios, oficinas etc, implementados para o uso
das outras escolas, mediante convênios de cooperação.
Finalizando, propõe-se o estabelecimento de um Projeto de Desenvolvi-
mento das Bibliotecas (acervos especializados) das universidades e/ou escolas, inicial-
mente em âmbito regional, mas com vistas a um sistema nacional de apoio mútuo.
O PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO DAS BIBLIOTECAS
Para a consecução dos objetivos, foi elaborado o trabalho "Bibliotecas Uni-
versitárias da Área de Arquitetura e Urbanisno: Diagnóstico" com a finalidade de ofe-
recer subsídios ao desenvolvimento do programa, mediante a seguinte metodologia:
Primeiramente foi elaborado um questionário que foi enviado em princí-
pios de junho de 1980, às instituições que possuem curso de Arquitetura e Urbanismo.
A partir de agosto, procedeu-se a tabulação dos dados. Todavia, é importante esclare-
cer que de início foram selecionadas, em caráter preliminar, 9 (nove) escolas como
pólos de concentração das atenções do Programa; a seleção foi feita segundo o critério
de vitalidade das escolas e, segundo o critério de regionalização, tendo em vista a rápi-
da difusão dos resultados positivos alcançados.
Foram assim selecionadas as escolas de Fortaleza, Recife, Salvador, Brasí-
lia, Goiânia, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Porto Alegre eo Paulo.
Referidas escolas firmarão protocolo de intenções comprometendo-se a
desenvolver, detalhar e implantar o presente programa.
A experiência assim empreendida, com o apoio da SESu/MEC, será poste-
riormente ampliada para incluir o maior número possível de escolas.
0 questionário aplicado para o diagnóstico das bibliotecas, foi estruturado
de modo a se obter informações sobre os seguintes tópicos:
1) Identidade das Bibliotecas;
2) Instalações Físicas;
3) Recursos Humanos;
4) Usuários;
5) Acervo;
6) Recursos Financeiros;
7) Aquisição;
8) Processos Técnicos;
9) Serviços Cooperativos;
10) Serviços Prestados aos Usuários;
11) Serviços Automatizados.
CONCLUSÃO
Com base no diagnóstico apresentado, as bibliotecas analisadas em sua
grande maioria necessitam de maior apoio das autoridades universitárias para o seu de-
senvolvimento.
E necessário reconhecer, que esforços isolados feitos por algumas institui-
ções com o intuito de promover melhorias, devam ser aplaudidos, bem como a atuação
dos responsáveis pelas bibliotecas, os bibliotecários. Para as bibliotecas o eterno proble-
ma é o da carência de recursos em que vivem mergulhados, sempre relegadas a segundo
plano pela grande maioria dos responsáveis pela administração superior.
Portanto, para que a tentativa de mudança do quadro delineado, possam
surtir os efeitos almejados, mais uma vez fica patenteada a necessidade do efetivo
apoio dos administradores. As sugestões que enumeraremos a seguir, consideramos
serem úteis à melhoria das bibliotecas:
Sugestões
1. Instalações Físicas: Melhoria das atuais instalações, inclusive com a
aquisição de mobiliário e equipamentos, a fim de criar uma infra-estrutura mínima
para o atendimento ao usuário, e agilizar o processamento técnico.
2. Recursos Humanos: Que se ofereça cursos de treinamento/atualização
para o desempenho de tarefas típicas de bibliotecas universitárias, tanto para o pessoal
técnico como para o de apoio.
3. Serviços: É imprescindível estimular a participação das bibliotecas em
atividades cooperativas como: aquisição planificada, intercâmbio, comutação hemero-
gráfica, catálogo coletivo, levantamento de produção técnico-científica dos professores
etc. Que se ofereça ainda, cursos de treinamento aos usuários, com vistas a melhor uti-
lização dos recursos bibliográficos disponíveis.
4. Acervo: a) de livros, com o desenvolvimento de formação de coleções
básicas de referência, destinadas a apoiar as diversas áreas de concentração dos cursos;
b) de periódicos, com a aquisição de coleções retrospectivas visando suprir as lacunas
existentes, e continuidade das assinaturas correntes. Ênfase também deve ser dada a
formação de coleções de materiais especiais tais como slides, fotografias, projetos
etc.
Estudos avaliativos das coleções, objetivando sua adequação às atividades
de ensino e pesquisa.
5. Reunião: Achamos ser indispensável a realização de reuniões dos técni
cos da SESu com os respectivos chefes das bibliotecas, com vistas a definição de uma
"estratégia de ação". Além disso a troca de idéias seria benéfica, porquanto se pretende
desenvolver programas compatíveis com as reais necessidades das bibliotecas e seus
usuários.
PROJETO ARQUITETÔNICO DA BIBLIOTECA CENTRAL DA UNIVERSIDADE
FEDERAL DA BAHIA
Arquiteto Fernando José Fahel
Arquiteta Licia Maria dos Santos
Arquiteta Lídia Luz C. Cerqueira
Escritório Técnico Administrativo - ETA
0 projeto visa suprir a Universidade Federal da Bahia de um edifício capaz
de centralizar todo o acervo bibliográfico relativo ás Áreas de Tecnologia, Ciências Hu-
manas, Letras e Artes.
A nova Biblioteca acha-se em fase de construção, no Campus Federação.
Para a sua localização foram considerados os seguintes aspectos: Centro gravitacional
do Campus (local com maior concentração de usuários); Facilidade de acesso; Afasta-
mento de fontes de ruído; Possibilidade de expansão.
DIMENSIONAMENTO
Para o seu dimensionamento foi considerada a projeção do acervo para o
ano de 1980 (490.000 volumes), bem como, a população estimada para o Campus Fe-
deração no referido período (13.000 alunos). O edifício terá capacidade de 1503
postos para leitores (11,56% da população de discentes no Campus).
SOLUÇÃO ARQUITETÔNICA
Foi projetado um edifício com três pavimentos, disposto em duas lâminas
paralelas interligadas por um bloco. O bloco de interligação é basicamente constituído
dos serviços de apoio (sanitários, copa, etc). Os demais serviços relativos às atividades
de Biblioteca propriamente ditos, bem como as áreas destinadas às coleções e respecti-
vas áreas para leitura foram distribuídos através das duas lâminas. Localizou-se no 1.
pavimento a Seção de Catálogo, as Coleções de Referência e Reserva, o setor adminis-
trativo e os serviços técnicos. O 2º pavimento foi destinado às Coleções Geral e Espe-
ciais e Serviços Audio-Visuais. Para a Coleção de Periódicos reservou-se todo o 3?
pavimento.
A solução adotada permite o livre acesso do leitor às áreas de acervo. Isto
basicamente se dá pela colocação destes acervos em áreas localizadas no núcleo do
prédio, ficando os leitores em seu redor, junto às vedações externas. Entre as vanta-
gens oferecidas pela solução, podemos citar: Proteção do acervo contra a exposição
direta da luz natural; O acesso franco do leitor ao acervo; Leitor em condições naturais
de aeração; Concentração do acervo permitindo o controle artificial de temperatura
e umidade.
SISTEMA CONSTRUTIVO
O projeto foi concebido sobre uma malha teórica de 1,10x1,10m e sobre
a mesma foi lançado o sistema estrutural do edifício (9,90 x 11,00 m e 6,60 x
11,00 m). Esta modulação decorre do estudo de lay-outs dos três tipos básicos de
acervo (Coleções de Referência, Geral e de Periódicos).
A construção com número reduzido de pavimentos, a possibilidade do edi-
fício ser construído em etapas, a simplicidade construtiva e a solução arquitetônica
com concentração de instalações em áreas definidas foram algumas das premissas bási-
cas consideradas para a concepção da estrutura utilizada.
INSTALAÇÕES ESPECIAIS - AMBIÉNCIA
Cuidados especiais foram tomados objetivando o conforto do usuário' e a
segurança do edifício. Utilizou-se um sistema mixto de prevenção e combate a incên-
dio. O projeto de iluminação prevê luminosidade do tipo difusa, sem brilho, apropria-
da para leitura. O ambiente interno será protegido do excesso de luminosidade natural
através de brises localizados em torno do edifício. Previu-se a utilização de condiciona-
dores de ar compacto, exclusivamente nas áreas de acervo. A instalação de ar condicio-
nado foi quase que uma imposição ao se pretender criar condições ideais para a conser-
vação do acervo.
"CARACTERÍSTICAS DO PROJETO DA BIBLIOTECA
CENTRAL DA UFRRJ"
Ricardo Orlandi França, Arq.
Almira Lins de Albuquerque
1. ORIGENS DA UFRRJ
1940 - Centro de pesquisas do Ministério da Agricultura - Seropedi-
ca: pesquisa de bicho da seda.
Parte desmembrada do conjunto e transformada em universidade:
Escola de agronomia e Veterinária.
Desenvolvimento natural do Campus Universitário: novas unidades cria-
das em terreno já definido.
2. ORIGENS DA BIBLIOTECA CENTRAL
Centralização dos serviços gera necessidade de sede física.
Projeto executado de modo inadequado, sem assessoramento especiali-
zado, causa problemas no funcionamento do prédio: fluxos cruzados, seções em espa-
ços insuficientes, ruídos, insolaçáo excessiva etc.
Necessidade de nova sede para a Biblioteca Central.
3. O PROJETO DO NOVO PRÉDIO DA BIBLIOTECA CENTRAL
A organização da equipe de assessoramento ao projeto a equipe de
projeto.
Levantamento de dados: Acervo, mobiliário, equipamentos - projeção
no futuro decisões quanto a audio-visual e microformas montagem de matriz de
relacionamento de espaços e lançamentos do projeto escolha do módulo estrutural
modulação de projeto.
A forma do prédio condicionada pelas grandes áreas de funcionamento
possibilidade de expansão externa flexibilidade interna circulações partido
arquitetônico influenciado pelo clima e pelo entorno físico.
PROBLEMAS DE PLANEJAMENTO E CONSTRUÇÃO DE BIBLIOTECAS
UNIVERSITÁRIAS NO BRASIL - UMA EXPERIÊNCIA PESSOAL
José Galbinski
Neste trabalho o autor estabelece uma taxonomia do processo de implanta-
ção de uma nova biblioteca universitária, concebido como um conjunto de atividades
integradas que, para fins analíticos podem ser agrupadas em seis fases: Investigação,
Programação, Projetação, Aprovação, Implantação e Manutenção. Após a apreciação
das contribuições das várias categorias profissionais em cada uma delas, o autor pros-
segue aprofundando as análises na 2
a
, onde o arquiteto mais intimamente colabora
com o bibliotecário, e na 4
a
: fase, onde o arquiteto mais claramente sofre a ação do
processo. Os tópicos abordados são: a constituição da equipe de planejamento de
arquitetos e bibliotecários; a necessidade e conveniência da contratação de assessorias
especializadas em planejamento de bibliotecas universitárias; a definição da tipologia
funcional; os problemas da escolha do sítio, sendo levantada a contraposição dos con-
ceitos de centro geográfico e centro demográfico; o uso de equipamentos mecânicos,
como elevadores para circulação vertical e ar condicionado central; a questão do
caráter dos prédios para bibliotecas universitárias, sendo analisada a carga simbólica
inerente a estes edifícios; finalmente, o autor analisa os problemas decorrentes da
instalação de um verdadeiro sistema burocrático, institucionalizada para aprovação de
projetos, que tende a premiar o lugar comum em detrimento da criatividade.
PRÉDIO DA BIBLIOTECA CENTRAL DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
BIBLIOTECA CENTRAL - 2
a
ETAPA
MEMORIAL DESCRITIVO, EXPLICATIVO E JUSTIFICATIVO
Arq. José Freire J. Ferreira
UFPa
1. CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
Na política traçada pela Administração Superior da UFPa, visando a ade-
quação de sua estrutura acadêmico-administrativa às normas e preceitos da Reforma
Universitária, define-se como suporte da mais alta significação a concentração de todo
o acervo documentário da universidade em uma Biblioteca Central. Eliminou-se a ação
dispersiva das Bibliotecas Seccionais, concentrando-se em um único espaço, com uma
administração também una, todo o acervo bibliográfico e de materiais especiais de pro-
priedade da instituição.
Em se tratando de um projeto de custo elevado e inegável complexidade,
optou-se por uma implantação parcelada, de caráter progressivo, permitindo uma ação
a curto prazo, capaz de atender as necessidades de momento, expansível quando a
demanda justifique o crescimento.
2. O PROJETO - 1
a
ETAPA
Em 1975, encontrava-se instalada e em pleno funcionamento a 1? etapa
do projeto da Biblioteca Central da UFPa, ocupando uma área construída de 2.380m
2
,
onde estão armazenados cerca de 52.000 volumes. Este projeto foi de autoria do Arq.
Alacyr Meira.
Nesta 1
a
etapa, foi criado um espaço físico capaz de atender as necessida-
des mínimas para o funcionamento de uma biblioteca centralizada, enfatizando-se as
áreas de administração, estanteria e leitura, cujo rendimento era excepcional graças
ao aproveitamento máximo do espaço disponível.
Ocorre entretanto que as instalações da Biblioteca atingiram sua capacida-
de máxima admissível,o suportando sequer a transferência do remanescente do acer-
vo que ainda permanecia em unidades no centro urbano de Belém, avaliado em cerca
de 8.000 volumes, àquela época.
Assim sendo, o projeto global do prédio da Biblioteca Central foi idealiza-
do para atender a uma população de 18.000 a 20.000 alunos e conter um acervo de
300.000 a 350.000 volumes no máximo.
3. O PROJETO - 2? ETAPA (Arq. José Freire S. Ferreira)
A expansão física do prédio da Biblioteca Central é da ordem de 4.397 m
2
o que perfaz uma área total de 6.777m
2
aproximadamente.
Neste novo bloco foram instalados os serviços técnicos, serviços públicos,
área para leitura e coleção de periódicos. Escritórios Administrativos, coleções espe-
ciais, serviços gerais. Departamento de Biblioteconomia e outras áreas, ficando no
bloco inicial apenas a coleção geral de livros e leitura com uma área de 2.000 m
2
(in-
cluindo a coleção de referência).
Assim sendo o novo bloco foi projetado de forma a conseguir maximizar a
utilização do prédio pelos usuários, tornando funcional e aprasível o seu uso através
de um esquema que diferencia os fluxos de usuários dos de serviços internos.
No que se refere as áreas de Serviços Técnicos e de Apoio, foram dadas
condições de implantação de um fluxograma racional e flexível visando a rápida trami-
tação de livros e periódicos desde o momento de entrada (aquisição) na Biblioteca até
a leitura e manuseio pelos usuários. Isto pode ser notado no relacionamento causai
entre recebimento, intercâmbio, aquisição, catalogação e classificação, e processamen-
to técnico com as áreas de coleções.
Os acessoso diferenciados em relação a cada função, sendo distintos
para os usuários, serviços e Departamento de Biblioteconomia.
A localização do Departamento de Biblioteconomia no prédio faz parte
de uma política de integração e treinamento dos docentes, adotada pela Universidade,
procurando usar suas instalações e equipamentos na melhoria do ensino, pesquisa e
extensão. No caso da Biblioteca, esta funciona como laboratório para alunos do Curso
de Biblioteconomia.
3.1 FUNDAMENTOS BÁSICOS DO PROJETO
Durante a elaboração do projeto e construção da obra foram considerados
e obedecidos os seguintes critérios como básicos e fundamentais:
Flexibilidade interna
Uso de ar condicionado em todo prédio com exceção da área de recebi-
mento, protocolo, zeladoria, instalações sanitárias, copa e Departamen-
to de Biblioteconomia. Este uso é justificado pelas altas taxas de umida-
de relativa do ar em Belém (90 a 98%), as quais, prejudicam sensivel-
mente o material estocado.
Escadas e banheiros na periferia
Circulações e fluxos verticais (escadas e montacargas).
Iluminação uniforme nas áreas de Coleção e Leitura (600 LUX).
Tratamento acústico nas áreas com equipamentos de ar condicionado.
Sobre carga (capacidade de peso) 800 a 1.000 Kg/m
2
.
Previsão para instalações de equipamentos de TV, aparelhos de repro-
dução e outros possíveis de serem instalados no futuro.
Uso de materiais anti-combustíveis de fácil manutenção e boa aparên-
cia.
DIMENSIONAMENTO
O prédio foi dimensionado para atender a uma população de 18.000 a
20.000 alunos e capacidade de 300.000 a 350.000 volumes, com base nos seguintes
a) Considerando-se 14 volumes por m
2
de área de estanteria tem-se uma
capacidade mínima de 300.000 volumes, que está dentro do previsto
para o acréscimo do acervo da Biblioteca (300.000 a 350.000 volumes
em 10 anos).
b) Os postos de leitura foram dimensionados considerando-se que 5,6% (o
indicado é de 5 a 10%) da população discente total da UFPa freqüente
simultaneamente a Biblioteca. Considerando-se uma população discente
da ordem de 18.600 alunos teremos cerca de 1.041 usuários.
c) No que se refere a área de coleção e leitura, foi dimensionada para livros
uma área de 2.000 m
2
e para periódicos uma área de 1.200 m
2
excluin-
do-se a coleção de reserva, obras raras, audio-visuais etc. Esta área total
de 3.200 m
2
corresponde a quase 50% da área construída, o que é uma
boa média considerando-se que no restante estão incluídos os serviços
técnicos, almoxarifado. Departamento de Biblioteconomia, coleções
especiais e coleções de reserva que ocupam, devido as suas funções,
áreas consideráveis. Porém, se considerarmos toda a superfície prevista
para uso público, tais como coleções,, coleção de reserva, obras raras,
audio-visuais, microformas, mapas, área de exposição e catálogos, tere-
mos um percentual de 67% da área global (incluindo Departamento de
Biblioteconomia) para este uso, o que é bastante significativo.
SÍNTESE DO SIMPÓSIO SOBRE ARQUITETURA DE BIBLIOTECAS
UNIVERSITÁRIAS
Stella Maris Borges
Os trabalhos apresentados no Simpósio de Arquitetura de Bibliotecas Uni-
versitárias versaram sobre o posicionamento do bibliotecário junto ao arquiteto e vice
versa, formando equipes de trabalho na elaboração de projetos para construção de bi-
bliotecas e na apresentação dos projetos já realizados e/ou em andamento, bem como,
nas experiências pessoais decorrentes destes projetos. Ventilou-se sobre as atividades e
fases desenvolvidas durante a realização de um projeto e o acompanhamento da cons-
trução do prédio.
Foram apresentados pelos expositores, suas experiências através de análises
dos projetos realizados e/ou em andamento, com detalhamento dos problemas e difi-
culdades encontradas no decorrer da realização dos mesmos.
Debateu-se sobre as dificuldades arquitetônicas, decorrentes de existência
de índices de dimensionamento adequado as nossas realidades; problemas de materiais
de construção, de segurança do prédio e do acervo; flexibilidade; ventilação; ilumina-
ção; adequação do projeto às peculiaridades apresentadas nas diferentes regiões do
país quanto a clima, recursos financeiros e de material, necessidades de cada comunida-
de universitária e ainda, foi muito enfatizada, a necessidade do constante acompanha-
mento e acessoramento que o bibliotecário deve prestar junto aos técnicos projetistas,
desde o início do trabalho.
Enfatizou-se ainda, a importância da participação do bibliotecário no teste
dos índices e critérios, durante o uso do prédio para que possamos obter nossos pró-
prios padrões, embasados em nossas experiências. Citou-se como exemplo, a dificulda-
de no dimensionamento de espaços mais especializados tais como: audiovisual, micro-
formas e auditórios.
Para isto, o bibliotecário deverá estar preparado, o que geralmente,o
acontece, devido à falta de maior orientação dos cursos de biblioteconomia.
Com base nos temas apresentados e decorrente dos problemas detectados
pelos participantes, chegou-se às seguintes recomendações:
1. Aprovação, elo conselho universitário, do sistema de centralização
proposto e do regimento interno, antes de se cogitar em realizar o projeto de arqui-
tetura.
2. Conscientização da comunidade universitária quanto à nova biblioteca,
procurando a participação da mesma.
3. Total participação dos bibliotecários, das diversas seções da biblioteca,
na formulação do programa arquitetônico.
4. Facilidade de acesso e ligação com o sistema viário interno e externo ao
Campus.
5. Participação dos bibliotecários no levantamento e estudo de índices e
critérios de dimensionamento, principalmente para os seguintes espaços:
a) Auditório;
b) Audiovisual;
c) Microformas.
6. Uso criterioso de instalação de ar-condicionado restringindo-o apenas
às áreas onde é indispensável (obras raras, audiovisual, microformas e acervo, em caso
de umidade excessiva).
7. Previsão de expansão do edifício por etapas de forma a compatibilizar o
investimento com a disponibilidade de recursos no tempo.
8. Previsão de elementos externos junto às janelas tais como jardins fecha-
dos, jardineiras etc a fim de evitar o desvio de material bibliográfico.o se recomenda
o uso de grades ou telas.
9. Previsão de um sistema estrutural que permita expansão e flexibilidade
para instalações a posteriori.
10. Instalação de sistema automático de detecção de incêndios conside-
rando que bibliotecas centrais abrigam grande parte do acervo das universidades.
11. Consideração da cultura local como elemento condicionante em
todo o processo de projetamento visando uma biblioteca comprometida com seus
valores, tanto em sua organização funcional quanto em seus aspectos arquitetônicos.
12. Aproveitamento da luz natural nas áreas próximas às janelas,
adotando instalação elétrica que permita acender a luz apenas nos partes centrais do
salão, que recebam menos luz natural.
13. Colocação da coleção de reserva em área independente do controle
entrada, inclusive com instalação sanitária, funcionando 24 horas por dia.
14. utilização de técnicas construtivas e materiais, sempre que possível,
locais visando minimizar custos e integrar o prédio a cultura local.
15. Evitar a implantação do prédio próximo a fontes de ruído no
Campus, e internamente, como casas de máquinas, cantinas e outras fontes de ruído,
que prejudiquem o silêncio.
16. Usar materiais, formas cores e outros elementos que propiciem uma
arnbientação descontraída, principalmente nas áreas de contato direto com o público
tais como hall principal, balcão de referência, balcão de circulação, áreas de estar e de
exposição.
2? SEMINÁRIO NACIONAL DE BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS
SIMPÓSIO SOBRE AQUISIÇÃO DE MATERIAL BIBLIOGRÁFICO
Coordenadora: Maria Helena de
Barreto
CNPq/IBICT
Brasília, 25 a 30 de Janeiro de 1981
CDU 025.2:378.4027.7 (81)
CDD 025.21007181
O PROCESSO DE AQUISIÇÃO DE MATERIAL BIBLIOGRÁFICO
NAS UNIVERSIDADES BRASILEIRAS*
Maria Helena de Barreto - CNPq/IBICT
Chefe do Departamento de Operação
Zuleide Medeiros de Souza - UFPb
Chefe da Divisão de Desenvolvimento das
Coleções
Biblioteca Central - UFPb
RESUMO
Analisa a situação das bibliotecas universitárias brasileiras no setor de aqui-
sição de material bibliográfico.
Apresenta o problema da estrutura administrativa no tocante a ausência de
planejamento de atividades, de definição de uma política orçamentária,
bem como as dificuldades provenientes da excessiva complexidade buro-
crática e legal relativa às aquisições no Brasil e no Exterior.
Sugere a necessidade de melhor capacitação dos bibliotecários para enfren-
tar a escassez de recursos e divisas e solicita especial atenção das autorida-
des no sentido da desburocratização do referido processo.
INTRODUÇÃO
à Beira da Falência uma Biblioteca faz 150 anos. Este é o título de um
Artigo publicado no Diário de Pernambuco em 07/12/80 Seção B página 1.
Trata-se da Biblioteca da Faculdade de Direito do Recife, antiga Biblioteca
Pública, criada pela lei de 7/12/1830, instalada na Casa dos Beneditinos em Olinda.
Conforme palavras de sua Diretora: "A verba, sempre pequena, sempre foi
um entrave para a Biblioteca. "Porém ela nunca faltou; mas em 1980 a situação está
dificílima porque, se no ano passado recebemos Cr$ 131.000,00 para a compra de
livros e periódicos, até agorao chegou qualquer dinheiro. Este anoo compramos
* Documento básico do Simpósio sobre Aquisição de Material Bibliográfico.
um só livro e muitos jornais e revistas tiveram suas assinaturas canceladas".
Esteo é um fato isolado no contexto da situação orçamentária das Bi-
bliotecas Universitárias Brasileiras.
Ao sermos convidadas pelo 2° Seminário Nacional de Bibliotecas Univer-
sitárias para apresentar o presente depoimento procuramos diagnosticar a situação rela-
tiva ao processo de aquisição de material bibliográfico dentro do objetivo principal
deste Simpósio, que é o de fornecer subsídios para a discussão da problemática de
aquisição de material informacional à luz dos problemas burocráticos, legais, compor-
tamentais e de escassez de recursos e divisas. Para o desenvolvimento dessa linha de
idéias, trataremos dos aspectos acima sugeridos, de acordo com os estudos realizados
através da revisão da literatura existente, da análise dos questionários aplicados e final-
mente de acordo com as nossas observações pessoais. É nossa intenção que das contes-
tações que esta exposição venha a provocar possamos auferir as contribuições neces-
sárias para um novo enfoque no posicionamento das Bibliotecas Universitárias Brasilei-
ras.
O presente estudo só conseguiu analisar a situação de 149 bibliotecas uni-
versitárias, embora tenham sido enviados 573 questionários.
Devemos ressaltar também, que o processo de seleção de material biblio-
gráfico,o será abordado neste trabalho, apesar de ser um aspecto intrínseco da aqui-
sição, por ter sido tratado em documento á parte e que dentro da estrutura do Seminá-
rio será apresentado aos Grupos de Trabalho.
PROBLEMAS ORÇAMENTÁRIOS E COMPORTAMENTAIS
As dificuldades de obtenção de moeda estrangeira para importação de
livros e periódicos, os "tetos" de importação limitados para cada universidade, o cres-
cimento da taxa inflacionária, as retrações crescentes de recursos impostas pela realida-
de econômica, entre outros aspectos, transformam a cada dia mais moroso, caro e
difícil o processo da aquisição de material bibliográfico.
É sabido que, com raras exceções, a maioria das bibliotecas universitárias
o se constituem em unidades orçamentárias nas instituições de ensino superior, so-
brevivendo as vezes, com recursos provenientes de fontes financeiras externas, transitó-
rias e em muitos casos sem nenhuma definição para a sua utilização.
Se por um lado as dificuldades financeiras e os entraves burocráticoso
evidentes, por outro devemos reconhecer que as próprias bibliotecas estão desprepara-
das para opinar ou mesmo formular seu próprio orçamento.
É comum ouvir-se dizer que a bibliotecao tem verba suficiente, segundo
Miriam Gusmão "se você procurar ir ao fundo do problema encontrará os seguintes
fatores que contribuem para ao mencionada escassez de recursos;
a) o bibliotecário confunde verba com recursos, isto é,o sabe que a
Biblioteca pode conseguir recursos extra-orçamentários, através de con-
vênios e outros instrumentos firmados entre a instituição a que pertence
e fontes externas de financiamento.
b) 0 bibliotecárioo conhece técnicas orçamentárias e de planejamento e
portantoo sabe apresentar, de forma coerente e consistente, um orça-
mento programa que justifique a concessão de verbas e recursos especí-
ficos para a Biblioteca.
c) 0 bibliotecário, por vezes, desconhece a programação da própria insti-
tuição em que trabalha,o sabendo assim como pleitear ou sugerir a
alocação de recursos para melhoria das fontes de informação para os
pesquisadores e técnicos da própria instituição.
d) O bibliotecário isola-se na Biblioteca,o participa de reuniões interdis-
ciplinares,o conhece as normas administrativas da instituição em que
trabalha e portantoo sabe quando se inicia a programação orçamen-
tária, quando é discutida e quando é aprovado o orçamento.
A autora apresenta ainda a descrição de um Plano Anual de Trabalho,
como uma alternativa para que o bibliotecário negocie com as autoridades o problema
da escassez de recursos".
Infelizmente, como vemos, falta à maioria de nossas bibliotecas critérios
ou estudos que dimensionem as suas necessidades reais, que as previnam contra os
infalíveis cortes de orçamento, que garantam o desenvolvimento de seus serviços.
Esse fato ficou bastante evidenciado com o pequeno número de respostas
ao item Orçamento do questionário, de onde podemos deduzir queo realmente mui-
to poucas as bibliotecas que tem algum planejamento nessa área (cerca de 34,2% da
amostra).
PROBLEMAS ADMINISTRATIVOS E BUROCRÁTICOS
Se tomarmos como base que a maioria das bibliotecas que responderam ao
questionárioo integrantes das Universidades Federais, podemos verificar que todas
elas estão sujeitas às normas e exiqências determinadas pelo governo federal para toda a
administração pública brasileira no que se refere à aquisição de qualquer tipo de ma-
terial. Nesse sentido incluem-se também as Autarquias, Fundações e Órgãos da Admi-
nistração indireta.
Acreditamos que este item seja mais crítico para as bibliotecas que propria-
mente o da escassez de recursos ou da falta de planejamento orçamentário, porque no
aspecto anterior mesmo considerando a inércia ou despreparo das bibliotecas, os recur-
sos por pequenos ou de fontes diversas sempre existem, mesmo com atrasos e cortes, as
verbaso repassadas. Mas o envolvimento com as determinações legais e burocráticas
que emperram a máquina administrativa transformam, na maioria das vezes, os nossos
bibliotecários em verdadeiros malabaristas.
Decidir nem sempre em tempo hábil o que comprar, a quem comprar e de
que maneira, significa gerir na maioria das vezes orçamentos medíocres queo ser sen-
sivelmente reduzidos pelas exigências burocráticas e legais. Senão vejamos:
Todas as aquisiçõeso regidas pelo Decreto Lei 200/67 "Título XII das
normas relativas a licitações para compras, obras, serviços e alienações", cuja complexi-
dade aumenta conforme a modalidade da compra (convite, tomada de preços, concor-
rência). Há ainda que cumprir as disposições da lei 4.320 que dita as normas para a
contabilidade pública brasileira, além da legislação complementar, portarias ministe-
riais, etc. Poderíamos aqui, detalhar alguns itens, dessas exigências, apenas como
ilustração, mas seria a nosso ver enriquecer o trabalho com disposições contidas em
textos legais e que temos a certeza,o do conhecimento de todos os senhores.
Sendo talvez, 80% das aquisições de material bibliográfico nas universida-
des de origem estrangeira, as restrições de importação determinadas pelo governo para
aquisição desse tipo de material ocasionam um prejuízo enorme ao desenvolvimento
dos acervos e principalmente ao atendimento das necessidades evidentes do trinômio
ensino, pesquisa e extensão.
Os tetos de importação determinados pelo MEC para cada universidade
são, quase sempre, insuficientes e sujeitos a cortes durante o exercício financeiro. Os
valores desses tetoso distribuídos em dólar para importações diretas e em cruzeiros
para importação no mercado interno.
As aquisições no mercado interno embora tenham um processo relativa-
mente simples,m no entanto, os valores minimizados tendo em vista que o dólar
livro tem o valor estabelecido pela Câmara Brasileira do Livro, sendo este superior
ao dólar Câmbio Oficial.
No tocante às importações diretas, o processo é altamente complexo e
moroso. Para se ter uma idéia um pedido de compra efetuado no presente exercício
só será atendido com muita sorte no final do ano ou início do próximo.
Os processoso volumosos e percorrem verdadeiras vias crucis pelos
gabinetes dos Pró-Reitores, Ministérios, Banco do Brasil, Banco Central, Divisões de
Material e Contabilidade e quando o fechamento do câmbio é autorizado e o paga-
mento efetuado, o editor informa que o material esgotou-se ou que, houve alteração
nos preços anteriormente cotados.
Quando, no entanto, os pedidos conseguem sair vitoriosos desse emara-
nhado burocrático e serem atendidos pelos editores, há ainda que se preparar para o
pagamento das taxas do Colie Posteaux e que se recolher o Imposto de Renda relativo
ao Handling Postage.
Na tentativa de simplificar o processo e agilizar a compra recorrem as bi-
bliotecas quase sempre, aos serviços de intermediários ou agentes internacionais. Com
suas sedes localizadas em países da Europa ou nos E.U., dispondo de pessoal especiali-
zado, infra-estrutura de serviços, tecnologia avançada e isentos de cumprirem as deter-
minações legais brasileiras no tocante ao repasse de divisas para o exterior, surgem os
agentes como verdadeiros possuidores do segredo da lâmpada maravilhosa e todas as
aquisições externaso resolvidas como num passe de mágica.
Queiram nos desculpar os senhores agentes aqui presentes por estarmos
abordando esse procedimento dentro da importaçâo direta de maneira ligeiramente
irônica, mas se torna impossível prestar um depoimento sem ressaltar as crises por
quem passando os livreiros brasileiros que, envolvidos por uma série de burocra-
cias legais e administrativas, ainda tentam competir, a título de sobrevivência, com
as multinacionais da cultura.
CONCLUSÃO
Para que o slogan "um país se faz com homens e livros" seja verdadeiro, é
preciso que nossas autoridades se conscientizem de que a informação é matéria prima
indispensável para o processo de renovação de nossa sociedade e que é através dela que
se busca sempre novos valores e soluções para os grandes problemas nacionais.
É preciso desburocratizar as instituições de ensino, tornando-as mais ágeis
na prestação de serviços à comunidade.
Aos nossos colegas bibliotecários gostaríamos de sugerir que se capacitem
para o pronto atendimento às mudanças ocorridas pela renovação universitária, que se
imponham com segurança diante dos problemas das bibliotecas e que atuem como
líderes nas esferas de decisão.
Deixamos aos senhores para uma reflexão uma constatação contida na
dissertação para obtenção do grau de mestre defendida por Maria Carmen Romcy de
Carvalho no Departamento de Biblioteconomia da Universidade de Brasília.
"A conferência de Kampala, organizada pela UNESCO em 1970, recomen-
dou aos países africanos que o índice estimado naquela data em 50 volumes por aluno,
fosse mantido como meta moderada e a meta para 1980 fosse estabelecida em 75 vo-
lumes".
No Brasil estamos oferecendo cerca de 8 livros por usuários em potencial.
ANEXO
Procuramos relacionar neste item, a título de complementação dos aspec-
tos abordados pelo presente estudo, alguns quesitos resultantes da análise dos questio-
nários, conforme demonstrado a seguir:
1. Controle sobre as verbas de convênios
23,5% de respostas positivas
55,7% de respostas negativas
20,8% de respostas em branco
2. Utilização de agentes e/ou intermediários para a aquisição de:
Livros 14% de respostas positivas
Periódicos 53,7% de respostas positivas
Em branco 32,3%
3. Percentual relativo aos empréstimos entre bibliotecas
8,6%
4. Orçamento próprio específico para o desenvolvimento da Coleção
34,2% de respostas positivas
55% de respostas negativas
10,8% de respostas em branco
Apresentamos ainda, o quadro demonstrativo relativo ao índice Nacional
de Verbas para aquisição de material bibliográfico e os "tetos" referentes à importa-
ção.
ÍNDICE NACIONAL DE VERBAS PARA MATERIAL BIBLIOGRÁFICO
TETOS DE IMPORTAÇÃO - US
VERBAS INDICADAS EM CONJUNTO:
NACIONAL E ESTRANGEIRO
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
BRASIL, LEIS, DECRETOS, etc. Lei n? 4.320 de 17/03/1964: Institui normas gerais
de direito financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da
União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal, dos Estados, dos Mu-
nicípios e do Distrito Federal. Rio de Janeiro, SERSHAU. 1971. 82p.
. Decreto Lei n? 200 de 25/02/1967. Brasília, Ministério do Planejamento e
Coordenação Geral, s.d. 92p.
LEMOS, Antonio Agenor Briquet de & MACEDO, Vera Amália Amarante, A posição
da biblioteca na organização operacional da universidade. Revista da Escola de
Biblioteconomia da UFMG, 4(1): 40-51, 1975..
LIMA, Etelvina. A biblioteca no ensino superior. Revista de Biblioteconomia de
Brasília, 5(2), 1977. p. 847-861.
MARTINS, Míriam Gusmão de. Planejamento bibliotecário.o Paulo, Pioneira, 1980
166 p.
MIRANDA, Antônio. Seleção de material bibliográfico em bibliotecas universitárias
brasileiras; idéias para um modelo operacional. Brasília, Convênio. CAPES/
ABDF. 1978. 36p.
MIRANDA, Antonio. Biblioteca Universitária no Brasil; reflexões sobre a problemáti-
ca. In: Seminário Nacional de Bibliotecas Universitárias, 1, Niterói, Rio de Janei
ro. 23-29 julho, 1978. Brasília, CAPES/DAU/MEC, 1978. 36p.
PFROMM NETTO, Samuel. A biblioteca como instrumento da tecnologia educacional
Revista da Escola de Biblioteconomia da UFMG, 4(1): 19-39, 1975.
SOUZA, Jourglade de Brito Benvino. Um processo de licitação por convite; um mode-
lo da UFMG. In: Congresso Brasileiro de Biblioteconomia e Documentação, 10
Curitiba, 1979. Anais. p. 819 840.
A AUTO-SUFICIÉNCIA DE DOCUMENTOS ESPECIALIZADOS COMO
RESPONSABILIDADE DAS UNIVERSIDADES E INSTITUIÇÕES BRASILEIRAS
Alfredo Américo Hamar
Coordenador da Biblioteca Complemen-
tar de Engenharia, BICENGE
Marly Peixoto Solér
Sub-C.oordenadora da biblioteca Comple-
mentar de Engenharia - BICENGE
Rio de Janeiro
Marilia Koulzii
Sub-Coordenadora da Biblioteca Comple-
mentar de Engenharia BICENGE — São
Paulo
Maria Lúcia Salata
Assistente de Coordenação da Biblioteca
Complementar de Engenharia, BICENGE
Analisa o problema de auto-suficiência dos documentos nos países do 39
mundo e destaca a necessidade de melhor orientação na formação dos
acervos. Compara a disponibiblidade das informações referenciais e dos do-
cumentos especializados. Propõe a ação integrada entre as universidades e
instituições brasileiras no sentido de aperfeiçoar a coleção de documentos
especializados no Brasil, prevendo a existência de depositárias cooperativas
nas universidades e a melhor distribuição das verbas nas dotações orçamen-
tárias de forma a se dispor de uma documentação científica e tecnológica
completa no brasil.
O ACERVO DE PERIÓDICOS ESTRANGEIROS DA UNIVERSIDADE
FEDERAL FLUMINENSE ADQUIRIDOS POR COMPRA: UM ESTUDO
PARA AQUISIÇÃO PLANIFICADA
Eliana Souza Pinheiro
João Carlos Gomes Ribeiro
Lilian Nazareth Perez
Selma Mendes Fontes Sodré
Zeneida Gaudie Lcy Lagociro de Maga-
lhães
A crescente produção de publicações periódicas e a intenção de atender ao
maior número possível de solicitações dos usuários, da forma mais rápida e
eficiente, leva, por vezes, à formação de acervos, cuja manutenção se torna
o onerosa, que a coleção acaba por se transformar num amontoado de
títulos, com muitas falhas, pela falta de correspondência entre o aumento
dos preços dos periódicos e o crescimento dos orçamentos, que geralmen-
teo acompanham a inflação. Assim sendo, alguns impasses ocorrem: ou
mantemos todos os títulos já assinados e nos privamos da aquisição de
outros elementos também necessários à boa utilização da coleção, como
equipamentos, pessoal etc, ou reduzimos o número de assinaturas, o que
significa uma interrupção no processo de atualização do acervo. É impor-
tante que a Biblioteca, através de um trabalho conjugado, mantenha cor
rente uma coleção mínima ideal e pertinente ao seu orçamento, aliando-a
a um sistema de intercâmbio perfeitamente adequado à precisa e eficaz
circulação da informação. 0 alto custo das assinaturas de periódicos, alia-
do a constante variação cambial, levou-nos a um estudo de viabilidade de
uma aquisição planificada, na tentativa de buscar soluções para uma
melhor alocação coletiva de recursos, tomando como parâmetro a coleção
de publicações periódicas, adquiridas por compra, nos últimos 5 (cinco)
anos, pelo Núcleo de Documentação da Universidade Federal Fluminense
e, comparando-a com as da Biblioteca da área do Grande Rio, procurando
desta forma demonstrar a duplicação e, conseqüentemente o gasto exces-
sivo com as assinaturas anuais das publicações periódicas.
CDD 025 2 13/
CDU 025.2 IBGE
AQUISIÇÃO DE MATERIAL BIBLIOGRÁFICO: A EXPERIÊNCIA DA
BIBLIOTECA CENTRAL DO IBGE
Maria Beatriz Fontes de Carvalho
Superintendente da Biblioteca Central
do IBGE Rio de Janeiro, RJ
Liliane Falcão Leda
Chefe da Divisão de Aquisição e Inter-
câmbio, Biblioteca Central do IBGE
Rio de Janeiro, RJ.
Na Bibliteca Central do IBGE, cujo acervo serve a pesquisadores em Ciên-
cias Sociais, a seleção do material bibliográfico é feita principalmente pelos
usuários. A aquisição por compra é o método mais complexo, pois exige
procedimentos administrativo estrangeiro e nacional, periódico estrangei-
ro e nacional, materiais especiais. É indispensável que a legislação que diz
respeito a material bibliográfico seja revista.
O LIVREIRO BRASILEIRO FACE AOS PROCESSOS DE
AQUISIÇÃO POR ÓRGÃOS GOVERNAMENTAIS
Jonny J. Wolff
Câmara Brasileira do Livro
1. O Livro e a legislação: Decreto-Lei 200
1.1 A caracterização do livro e do periódico como material permanente
1.2 Processos de aquisição: Dificuldades legais para aquisição, custos e conseqüen-
tes prejuízos
1.3 O material bibliográfico importado face a atual política econômica (as restri-
ções)
2. 0 livreiro e a importação de livros: Sua importância sócio/econômica e científica e
suas dificuldades
2.1 O livreiro diante da atual conjuntura, dificuldades de desenvolvimento, custos
e serviços prestados à coletividade
2.2 A Câmara Brasileira do Livro e o Dólar-Livro: Esclarecimentos, origem e fina-
lidade.
2.3 O livreiro nacional frente ao livreiro estrangeiro no Brasil: Discriminação e
facilidades (observações sobre o item 1)
3. O livreiro e o bibliotecário: Semelhanças e diferenças quanto a função
3.1 Levantamentos bibliográficos
3.2 Divulgação dirigida de informações
A idéia básica consiste no desenvolvimento dos tópicos relacionados acima,
partindo dos aspectos legais que envolve a aquisição bibliográfica por órgão governa-
mental e do conhecimento de todos que nele atuam. Entretanto, considero de grande
importância que se tornem mais conhecidas as implicações e dificuldades que essa
legislação acarreta aos livreiros que procuram atender as bibliotecas. Serão abordados
ainda itens como: a importância da livraria, seus livros, e principalmente custo/preços
que constituem um dos aspectos mais conflitantes no relacionamento livraria/bibliote-
ca. Para concluir, farei uma comparação entre o livreiro nacional e o estrangeiro,
destacando alguns aspectos pertinentes ao assunto.
CUSTOS DE AQUISIÇÃO DIRETA DE
PERIÓDICOS ESTRANGEIROS
Heloísa B. Schreiner
Diretora, Biblioteca Central UFRGS
Mayra Eltz Brum
Chefe da Seção de Aquisição, Biblioteca
Central - UFRGS
Rejane Raffo Klaes
Bibliotecária, Seção de Aquisição
Biblioteca Central - UFRGS
Apresentação dos custos em 1980 das assinaturas de periódicos estrangei-
ros da UFRGS nas áreas de Física, Geociências, Matemática, Química, En-
genharia, Ciência da Computação, Agronomia, Arquitetura, Ciências Eco-
nômicas e Administrativas, Biociências, Enfermagem, Educação Física,
Farmácia, Medicina, Odontologia, Veterinária, Ciências Sociais e Humani-
dades, Direito, Educação, Artes e dos custos de processamento da aquisi
ção, incluindo pessoal, taxas bancárias e postais e material de consumo.
CENTRO DE INTERCÂMBIO DE MATERIAL BIBLIOGRÁFICO
Emir José Suaiden
Assessor de Planejamento IBICT
A importância da permuta de material bibliográfico. As atividades de
um Centro criado especificamente para coordenar as relações de inter-
câmbio entre as Bibliotecas e Centros de Documentaçâo. O papel das
Bibliotecas Universitárias na permuta de publicações. As publicações
regulares e duplicatas. O intercâmbio internacional.
RELATÓRIO DO SIMPÓSIO SOBRE AQUISIÇÃO DE MATERIAL BIBLIOGRÁFICO
Mayra Eltz Brum
Durante a realização do Simpósio sobre Aquisição de Material Bibliográfi-
co foram levantados os principais aspectos que se referem a problemas com a aquisição
de material bibliográfico, notadamente material estrangeiro.
Foram ouvidas experiências de bibliotecas universitárias, e de instituições,
bem como o ponto de vista de livreiros nacionais face à situação atual e tendências do
mercado para importação de livros.
Num consenso geral, concordou-se que dificuldadeso encontradas para
compra de material estrangeiro impedindo, com isso, que o mesmo seja colocado à
disposição dos usuários. Face a essa dificuldades, e após debates entre bibliotecários e
representantes de órgãos envolvidos no processo de aquisição, foram feitas as seguintes
recomendações:
Que os órgãos envolvidos no processo de Aquisição Banco Central,
Banco do Brasil, Secretaria de Controle Interno, MEC, e outros —estabeleçam roti-
nas operacionais, definidas em documento, que sirvam como manual que oriente o
processo de aquisição, permitindo aos bibliotecários trabalhar com segurança em
termos de legislação.
Que o material bibliográfico seja desvinculado da rubrica de "material
permanente", e que seja eliminado o teto de importação para material bibliográfico.
Que a Secretaria de Ensino Superior ou outro órgão pertinente seja
encarregada de enviar requerimento ao Secretário da Receita Federal solicitando sim-
plificação no preenchimento da Declaração de importação e ao cobrança de Impos-
to de Renda nas importações presentes e futuras, às Universidades.
Que o bibliotecário se empenhe para que haja maior interação institui-
ção X bibliotecário obtendo com isso vantagens para sua biblioteca e podendo prestar
melhores serviços à comunidade universitária.
2? SEMINÁRIO NACIONAL DE BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS
SIMPÓSIO SOBRE AUTOMAÇÃO DE SERVIÇOS BIBLIOTECÁRIOS
Coordenador: Jaime Robredo
UnB
Brasília, 25 a 30 de Janeiro de 1981
PANORAMA DOS PLANOS E PROJETOS DE AUTOMAÇÃO DAS BIBLIOTECAS
UNIVERSITÁRIAS BRASILEIRAS*
Por Jaime ROBREDO, Doutor em Ciên-
cias, Professor Titular e Coordenador do
Curso de Mestrado em Biblioteconomia e
Documentação do Departamento de Bi-
blioteconomia da Universidade de Brasí-
lia, Brasília, DF.
1. INTRODUÇÃO
Quantas parecem ser as grandes direções em que se orientam os planos de
automação dos serviços bibliotecários nas universidades, nos últimos anos, em todo o
mundo:
automação de processos administrativos, incluindo o controle da aqui-
sição, empréstimo, etc;
automação dos processos de entrada, incluindo o registro, a cataloga-
ção, etc;
automação dos processos de geração de catálogos e índices;
automação dos processos de recuperação da informação.
Para verificar a situação das bibliotecas universitárias brasileiras no que diz
respeito à automação de seus serviços, e visando a fornecer insumos para os trabalhos
do Simpósio sobre Automação de Serviços Bibliotecários, organizado dentro do 29 Se-
minário Nacional de Bibliotecas Universitárias, foi efetuado um levantamento, através
de questionário, junto as 578 bibliotecas universitárias cadastradas na Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).
0 questionário, extremamente simples em sua concepção (v. Anexo 1),
permitiu obter rapidamente uma visão global do estado de andamento (em operação,
em implantação, em projeto) dos planos de automação das bibliotecas universitárias
brasileiras, em cada uma das direções acima assinaladas, permitindo também identifi-
car se os referidos planos ou sistemas foram ou serão implantados utilizando
"softwares" desenvolvidos pelas próprias universidades ou adquiridos de terceiros, assim
como obter informações sobre a eventual operação dos mesmos em lotes ou em linha.
* Documento básico do Simpósio sobre Automação de Serviços Bibliotecários.
2. RESULTADOS DO LEVANTAMENTO
Mesmo se o nível global de respostas aos questionários enviados pode
parecer relativamente baixo (27,7%), tudo parece indicar que a grande maioria das
bibliotecas universitárias interessadas ou envolvidas em algum plano de automação
de seus serviços responderam aos questionários.
No Quadro 1, apresentam-se os dados globais do levantamento, ordenados
por estados. No Quadro 2, apresentam-se os dados detalhados referentes as bibliotecas
universitárias engajadas em algum plano de automação de seus serviços ou que estão
estudando algum projeto de automação.
Os referidos dados, para fins de nosso estudo, podem apresentar-se de
maneira resumida conforme pode ver-se nas figuras 1 a 3.
3. ANÁLISE DOS RESULTADOS
Os dados apresentados foram extraídos dos questionários, sem avaliar seu
mérito ou sua veracidade. Porém, uma análise mesmo superficial dos mesmos levaria
a estabelecer duas conclusões prováveis:
a) o total de planos/projetos em desenvolvimento seria na realidade, um
pouco menor do valor apresentado, já que, em 3 ou 4 casos, bibliote-
cas setoriais apresentaram como próprio um mesmo plano elaborado
pela biblioteca central;
b) o total de projetos elaborados, em elaboração ou mesmo em estudo,
deveria reduzir-se pelo menos em 50% com relação ao valor apresenta-
do, pois a partir das respostas aos questionários (não se precisa a área de
atividade a que o projeto se refere, inconsistência evidente de algumas
respostas, etc), claramente pode se estabelecer que vários dos chamados
"planos" ou "projetos"o simplesmente desejos ou esperanças dos
responsáveis pelas respostas.
Os dados reunidos na Figura 3 indicam claramente o interesse pelos siste-
mas administrativos (controle da aquisição, empréstimo, etc), assim como pelos pro-
cessos de entrada (registro, catalogação, etc.) e pelos processos de geração de catálogos
e índices. A este respeito merece destacar-se o fato que o número dos "projetos" sobre
geração de catálogos é bem maior que o dos "projetos" de entrada de dados, o queo
deixa de ser um tanto surpreendente. Já nos sistemas em operação ou em implantação
os dois valores tendem a igualar-se, como parece lógico.
Destaca-se também a moderada utilização de terminais nos sistemas e
projetos considerados, e a tendência majoritária a desenvolver o próprio "software" em
vez de tratar de utilizar outros já existentes.
Enfim, praticamente sem significado é a quantidade de respostas em que se
considera a automação dos serviços de difusão e/ou de recuperação da informação.
4. CONCLUSÕES
Se se compara com a situação na maioria dos países industrializados, o
panorama atual da automação dos serviços das bibliotecas universitárias brasileiras é,
em seu conjunto, mesmo considerando algumas realizações altamente meritórias,
pouco alentador. Considerando que a maioria das universidades possuem facilidades de
computação ou tem fácil acesso a serviços externos, tudo parece indicar que a automa-
ção dos serviços bibliotecários universitários ocupa um lugar pouco destacado na lista
das prioridades de aplicação das técnicas de processamento eletrônico de dados.
Talvez, uma das causas do baixo número de projetos existentes em opera-
_o ou implantação deva procurar-se no fato que a quantidade de projetos realmente
viáveis e adequadamente justificados, que foram até agora submetidos à consideração
das autoridades universitárias seja pouco representativa.
É interessante destacar que nos sistemas em operação ou em implantação,
quer dizer, nos projetos já aprovados, a relação entre aplicações a processos adminis-
trativos e processos de entrada ou de geração de catálogos é de, aproximadamente:
em quanto que as mesmas relações nos planos "em projeto" são, respecti-
vamente:
Em linguagem menos quantificada isto poderia significar que os bibliote-
cários e os especialistas de processamento eletrônico de dados, responsáveis pelo deii-
neamento dos sistemas em operação e pelos planos em implantação utilizam, na
realidade dos fatos, uma lógica de pensamento, na aplicação das possibilidades de
automação, do tipo:
Aquisição/Registro/Controle > Processamento
queo parece existir na maioria dos "projetos" aindao aprovados.
É difícil acreditar que alguém, a nível decisório, possa deixar de apreciar
com o maior interesse um projeto que garanta o acesso, com baixo custo ou mesmo
com economia, no menor tempo possível, a um número maior de informações confiá-
veis e pertinentes, que virão constituir a base indispensável à formação de novos e me-
lhores profissionais, para uma sociedade cada dia mais complexa e mais exigente.
Nestas condições talvez valeria a pena parar para pensar se o fato deo
existir mais sistemas em operação,o se deve simplesmente ao fato de queo
existem suficientes projetos que mereçam ser aprovados.
5. RECOMENDAÇÕES (TENTATIVAS)
As recomendações que se seguem só pretendem propor alguns tópicos que
poderiam servir de base para os trabalhos dos participantes do Simpósio sobre Automa-
ção de Serviços Bibliotecários:
1. Estudar a viabilidade de desenvolver pacotes modulares de programas,
escritos em linguagens que podem aceitar diversos tipos de computado-
res, para facilitar a automação dos processos gerenciais e administrati-
vos das bibliotecas universitárias, utilizando-se da experiência daquelas
bibliotecas que já estão operando sistemas deste tipo, para o controle da
aquisição, da movimentação do acervo, etc.
2. Estudar a viabilidade de fomentar as operações de registro bibliográfico
em formato que facilite o intercâmbio das informações, em um suporte
legível pelo computador, de maneira a colocar os arquivos magnéticos
gerados, numa ação de catalogação cooperativa por um número limita-
do de grandes bibliotecas universitárias, a disposição de todas as biblio-
tecas universitárias, as quais encontrariam assim a possibilidade de gerar
automaticamente cerca de 80% de seus catálogos, evitando-se a atual re-
petição ad-infinitum do processo de catalogação dos mesmos livros por
quase todas as bibliotecas.
3. Estudar a possibilidade de desenvolver pacotes modulares de programas
que permitam a geração automática de catálogos e índices a partir de
diversos elencos de dados, estimulando-se o acesso em linha aos catálo-
gos das bibliotecas, sem excluir, por razões óbvias de segurança, a possi-
bilidade de gerar automaticamente as fichas catalográficas necessárias.
4. Estudar a viabilidade de constituir e operar um "centre serveur" que
centralizaria a aquisição dos mais importantes elencos de dados nacio-
nais e estrangeiros e asseguraria sua, organização com vistas a permitir o
acesso remoto aos mesmos através de terminais instalados nas diversas
bibliotecas universitárias. A possibilidade de acesso em linha aos dados
centrais, possibilitando a realização rápida e eficiente das pesquisas
bibliográficas, tornaria em breve prazo desnecessária a aquisição de
cerca de 80% dos indices impressos, atualmente importados, determi-
nando uma economia de divisas bastante significativa.
Um grupo de estudo integrado por representantes dos órgãos responsáveis
pela política nacional de informação e de informática, pela política universitária, pela
política de telecomunicações, por representantes de bibliotecas universitárias e de
órgãos de prestação de serviços, poderia, posteriormente, aprofundar o estudo destes
temas e propor às autoridades competentes um plano concreto que promoveria a utili-
zação de componentes nacionais, economizaria importantes recursos em divisas e,
sobre todo, colocaria as bibliotecas universitárias brasileiras ao mesmo nível das biblio-
tecas universitárias dos países mais desenvolvidos, contribuindo assim a acelerar e apri-
morar o processo de formação dos recursos humanos.
QUADRO 1
PANORAMA DOS PLANOS/PROJETOS DE AUTOMAÇÃO DAS BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS, POR ESTADOS
QUADRO 2
SITUAÇÃO DOS PLANOS DE AUTOMAÇÃO DAS BIBLIOTECAS
1. BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS QUE POSSUEM OU ESTUDAM ALGUM
PLANO DE AUTOMAÇÃO DE SEUS SERVIÇOS
ESTADO
Amazonas
Pará
Maranhão
Paraíba
Bahia
Rio de Janeiro
Minas Gerais
o Paulo
Rio Grande do Sul
Mato Grosso
Distrito Federal
Outroso identifi-
cados
Em operação
1
-
1
4
1
1
1
1
PLANOS/PROJETOS
Em implantação
2
-
1
4
2
3
1
-
-
Em projeto
_
1
-
1
3
4
9
1
1
1
Total provável de bibliotecas universitárias que possuem ou estudam algum plano de
automação: 45
Total provável de bibliotecas universitárias queo possuem ou estudam algum plano
de automação: 533
2. ESTADO DE AVANÇO DA IMPLANTAÇÃO DOS PLANOS DE AUTOMAÇÃO
SISTEMAS EM OPERAÇÃO: 10
EM LINHA: 4
EM LOTES: 9
SOFTWARE DESENVOLVIDO PELA INSTITUIÇÃO: 8
SOFTWARE ADQUIRIDO DE OUTRA INSTITUIÇÃO: 2
SISTEMAS/PROJETOS EM IMPLANTAÇÃO: 11
SOFTWARE DESENVOLVIDO PELA INSTITUIÇÃO: 11
SOFTWARE ADQUIRIDO DE OUTRA INSTITUIÇÃO: 0
SISTEMAS/PLANOS EM PROJETO
(INCLUINDO ESTUDOS INICIAIS): 28
SOFTWARE ADQUIRIDO DE OUTRA INSTITUIÇÃO:!
3. DIREÇÃO DE ORIENTAÇÃO DOS PLANOS/PROJETOS DE AUTOMAÇÃO
EM EM EM
OPERAÇÃO IMPLANTAÇÃO PROJETO
Processos Administrativos
(Aquisição, Empréstimo, etc) 5 4 6
Processos de Entrada
(Registro, Catalogação, etc) 10 4 13
Processos Geração de Catálo-
gos, índices, etc. 10 5 21
Processos de Disseminação
de Informação 3 1 3
Outros (incluindo recupera-
ção da Informação) 1
ANEXO 1
Nome completo da Universidade:
Sigla:
Nome da Biblioteca:
1. Os serviços de bibliotecas são:
Centralizados ( )
Descentralizados ( )
Parcialmente descentralizados ( )
2. Existem algum plano ou projeto de automação dos serviços da biblioteca:
Em operação ( )
Em projeto , ( )
Em desenvolvimento ( )
3. 0 plano de automação se relaciona com:
Processos administrativos (aquisição, empréstimo, etc.) ( )
Processos de entrada (registro, catalogação, etc.) ( )
Processos de geração de catálogos, índices, etc ( )
Processos de disseminação da informação ( )
Outros (incluindo recuperação da informação) ( )
4. O plano de automação utiliza ou prevê a utilização de:
Software desenvolvido pela instituição ( )
Software adquirido de outra entidade ( )
5. O plano de automação foi delineado para operar:
Em lotes (batch) ( )
Em linha (on-line) { )
6. Descreva de maneira sucinta todos os aspectos pertinentes referentes ao plano de
automação dos serviços bibliotecários da universidade.
Utilizar outra folha se necessário
./..
./.1980.
Nome e função da pessoa que pre-
encheu o formulário.
EL SISTEMA LIBRUNAM EN COLOMBIA
Stella Sanchez de Moore
ICFES - Colômbia
La Red Colombiana de Bibliotecas de Instituciones de Educación Superior
agrupa todas Ias unidades de información que funcionan tanto en Ias universidades
como en los Institutos Tecnológicos y en los colegios superiores del país.
Entre los principales objetivos que persigue Ia Red, cabe destacar Ia bús-
queda de Ia racionalización de Ias labores bibliotecarias y Ia disminución en los costos
de funcionamiento.
Los diferentes análisis de Ias tareas bibliotecarias que realizó el Instituto
Colombiano para el Fomento de Ia Educación Superior (ICFES), como coordinador
de Ia Red, demonstraron que entre Iass críticas se encontraban Ias de Catalogación
y Clasificación, pues eran repetitivas e ineficientes y por Io tanto costosas y demora-
das, hecho que desmejoraba el servicio a los usuarios.
En Ia búsqueda de soluciones para el problema encontrado, Ia División de
Documentación del ICFES emprendió un estudio comparativo de Ias soluciones dadas
en Ias bibliotecas de Estados Unidos y Canadá. 1/. Al finalizar éste, se tuvo Ia oportu-
nidad de conocer el sistema diseñado por Ia Universidad Nacional Autónoma de Méxi-
co, denominado LIBRUNAM.
1_/ El resultado de este estudio se difundió en Ia publicación:
ICFES: División de Documentación e Información y Sección de Sistematjzación y
Procesamiento. Sistemas Automatizados de Información en Bibliotecas de
Estados Unidos y Canadá. Bogotá, ICFES, 1978.
"Es un sistema de procesamiento y recuperación de información bibliográ-
fica, integrado por módulos de recuperación en línea cuyon es auxiliar Ia investiga-
ción y los procesos técnicos necesarios para poner los libros al alcance de los usuarios.
Sus rutinas sustentam
1. Los procesos de adquisición, para los cuales produce: listados de pedi-
dos por proveedor, por bilbioteca, estados de cuentas, listados de adqui-
siciones por autor, materias, fechas, estadísticas, etc.
2. Los procesos técnicos: con Ia información bibliográfica de cada libro
integrado na formado el BANCO DE DATOS LIBRUNAM el cual per-
mite obtener: duplicación automática de tarjetas, elaboración de índices
y bibliografias y sustenta los servicios de información y referencia".
La comparación de este sistema con los observados anteriormente llevó a Ia
conclusíon de que era els adecuado para adoptarlo a los programas colombianos.
Entre sus ventajas se destacan:
Ventajas
1. Satisface necesidades similares a Ias de nuestras Bibliotecas: Agilización
de los procesos de Catalogación y Clasificación de libros y de los servi-
cios de Información y Referencia.
2. Los costos que demandan, tanto Ia configuración del sistema colombia-
nos, como el montaje de los programas son menores a los de otros siste-
mas posibles de utilizar.
3. El tiempo de montaje y puesta en servicio del programa, es menor que
si se realizara un diseño propio.
4. Se cuenta con el ofrecimiento de asesoría y asistencia técnica para su
montaje y adaptación, por parte de Ia UNAM.
2/ Bronsoiler, Charlotte y otros. LIBRUNAM: Sistema Automatizado para Bibliotecas.
México, Universidad Nacional Autónoma. Direción General de Bibliotecas, 1979.
223p.
5. El montaje del sistema da Ia oportunidad de ampliar los conocimientos
en Ia configuración de un sistema de este tipo, Io cual facilita el diseño
de un sistema propio, a largo plazo, si fuera necesario.
6. El idioma usado es el español, hecho que elimina una gran barrera en
el manejo del sistema.
SISTEMA COLOMBIANO
En nuestro país y de acuerdo con los programas adelantados por Ia Red, el
montaje sistematizado de Catalogación requiere Ia conformación de una base de datos,
donde se incluya información sobre el material bibliográfico que poseen Ias bibliotecas
y sobre los que se van adquiriendo.
La disciplina del trabajo cooperativo, prácticada a través de todos los pro-
gramas de Ia Red, regirá Ia distribución del trabajo para lograr que sólo una institución
realice el procesamiento y que Ias demás sean beneficiarias de esta acción. Los datos,
codificados de acuerdo con Ias normas de LIBRUNAM, se ingresarán al computador.
Una vez revisada normalizada y validada Ia información, Ias instituciones podrán
obtener tantos juegos de fichas, como requieran. Además, el computador producirá los
respectivos envios según Ias bibliotecas solicitantes; Boletines de adquisición, índice de
nuevos libros por autor, tema, título o clasificación, catálogos colectivos por regiones o
por temas, estadísticas, etc.
Para inciar, se tendrán terminales en Ia Universidad Nacional y en el
ICFES, en Ia capital (Bogotá) y paulatinamente se irán conectando Ias grandes bibliote-
cas de província, cuya experiencia y autoridad en Ia realización de Ia Catalogación, es
reconocida en el país.
De esta manera se espera una Red de Teleproceso que permita organizar un
efectivo servicio de información en línea.
Cátalogos en microficha y servicios corrientes de información y actualiza-
ción, serán proporcionados a Ias instituciones menores y/o aisladas geográficamente.
Las actividades planeadas y los productos esperados están sustentados en
rutinas realizadas por LIBRUNAM.
RAZONES PARA IMPULSAR ESTE TIPO DE COOPERACION
1. América Latina debe trabajar con miras a Ia institucionalización de un
organismo que sea rector del desarrollo de los procesos automatizados
de Catalogación, en Ia misma forma que Io hace Estados Unidos, con
eln de lograr Ia compatibilización en los procesos.
2. El desarrollo tecnológico, compatible con los sistemas y formatos inter-
nacionales, logrado por un país latinoamericano debe ser aprovechado
por los demás de Ia región, con eln de acelerar el cumplimiento de Ia
racionalización a nivel regional.
3. La utilización de un sistema compatible es Ia única forma de lograr Ia
conformación de una base de datos latinoamericana y de controlar Ia
producción bibliográfica regional, en nuestro propio beneficio: un pro-
ducto de este tipo es Ia formas eficaz para sostener el intercambio
de información con los monopolios que Ia dominan.
CATÁLOGO COLETIVO NACIONAL DE PERIÓDICOS
Eratóstenes Edson Ramalho de Araújo
CNPq/IBICT
RESUMO
Considerações sobre aspectos conceituais e estruturaiso abordados visan-
do a completeza e funcionalidade do Catálogo Coletivo Nacional de Perió-
dicos. A estratégica do IBICT é apresentada, como princípios para sua
atuação nos próximos anos. O esquema de coleta sob o modelo na partici-
pação de bibliotecaso discutidos. Outros pontos mostrados referem-se a
questões sobre atualização da base de dados e à geração de produtos
dentro do aspecto periodicidade para os convencionais. Finalmente, outros
tipos de dadoso sugeridos para incorporar à base visando análises estatís-
ticas e orientação da política de desenvolvimento científico e tecnológico
do País.
AUTOMAÇÃO DE BIBLIOTECAS
Afrânio Carvalho Aguiar
CNPq/IBICT
A atuação de uma biblioteca se compõe de um conjunto de atividades téc-
nico-gerenciais que apresentam características marcantes: algumas requerem grande
esforço de criatividade enquanto outras tendem a ser repetitivas e exigem grandes alo-
cações de mão-de-obra. Algumas atividades, como catalogação, por exemplo, corres-
pondem, em parte, à execução de um mesmo trabalho em diferentes bibliotecas.
De Gennaro, em 1976, já dizia que, mesmo para as bibliotecas americanas,
a nova palavra de ordem era AUSTERIDADE, expressando a circunstância, de todos
conhecida, principalmente de nossos bibliotecários, de que os recursoso hoje cada
vez mais reduzidos para aquisição, tratamento e disseminação da informação.
A automação vem possibilitar uma racionalização nos métodos de trabalho
e otimização dos recursos alocados ao desenvolvimento das tarefas que compõem par-
te do trabalho de uma biblioteca, além de possibilitar intercâmbios que minimizam a
multiplicidade de execução de certos serviços.
A experiência da automação, já largamente difundida nos países desenvol-
vidos, é incipiente no Brasil;o chega a uma dezena as bibliotecas nacionais quem
todos os seus processos, ou somente alguns deles, em fase plenamente automatizada.
As dificuIdades de difusão da experiência de automação residem em carên-
cia de recursos humanos especializados, na incompatibilidade dos "softwares' desenvol-
vidos com relação aos diversos equipamentos de processamento disponíveis às bibliote-
cas, na limitação de uso desses equipamentos, nos altos custos de desenvolvimento e
implantação de sistemas automatizados, na própria indefinição de um formato único
de registro de dados, etc.
Considerando que a transposição de sistemas manuais para sistemas com-
putarizados corresponderá a uma melhoria do desempenho das bibliotecas, aumentan-
do o grau de satisfação de seus usuários, é necessário o desenvolvimento de um grande
esforço integrado para viabilizar a mais rápida automação das bibliotecas brasileiras
que exibam indicadores que recomendam a automação de seus procedimentos técni-
cos.
REDES DE COMPUTADORES DAS UNIVERSIDADES DO NORTE E
NORDESTE - PROJETO CEPINNE
Ricardo de Oliveira Maciel
1. INTRODUÇÃO
Nós, as gerações que estão vivas, temos o privilégio de atravessar um
processo que, como transformação da humanidade, talvez seja o mais dramático já
ocorrido. Vem sendo conhecido como processo de informatização-do qual se conven-
cionou inferir que conduzirá à Sociedade da Informação, por analogia com a Sociedade
Industrial.
Entre as causas conhecidas desse processo, a invenção dos computadores
e seu aumento de desempenho abrupto, concomitante com vertiginosa redução de
preços, ocorridos como conseqüência dos progressos da tecnologia eletrônica, consti-
tuem marco inicial na escala cronológica que estamos examinando.
Unificadas as tecnologias e dominadas as técnicas digitais de comunicações
é possível promover a multiplicação ilimitada do poder dos computadores, interligan-
do-os através de redes de telecomunicações.
Estas topologias viabilizaram a distribuição das capacidades computacio-
nais para mais junto dos lugares ondeo demandadas, preservando-se entretanto a uni-
dade do processamento de dados e das comunicações decisórias da empresa e do esta-
do. Tal é a filosofia conhecida por processamento distribuído.
Outro fenômeno paralelo provocado pela queda nos custos dos equipamen-
tos eletrônicos tem sido a crescente integração internacional, representada pela interli-
gação das redes de telecomunicações através dos satélites artificiais. Os serviços de
comunicações, de processamento de dados e de recuperação de informações se reúnem
num substrato único: as redes integradas.
A teleinformática ou a telemática, como querem alguns trará transfor-
mações profundas, revolucionárias, nos mais diversos aspectos de nossas vidas.
Certas tendências reforçam a crença na iminência do processo de informa-
tização.
Entre as mais relevantes, estão as estratégias queo estabelecendo diver-
sos governos no sentido de concentrar nos respectivos territórios, quantidades crescen-
tes de computadores e informações residentes em bancos de dados.
0 acervo do conhecimento humano vai sendo rapidamente tornado acessí-
vel ao cidadão comum através da infraestrutura de teleinformática, que resulta em po-
deroso meio de comunicação de massas com a propriedade exclusiva de ação bidire
cional com o público. Os computadores penetram em cada empresa e cada residência,
tornando-se necessários à maioria das atividades humanas.
Assim como a Revolução Industrial classificou os países, assim também o
mundo sofre uma participação como decorrência da informatização, e, na nova ordem
econômica, o poder do óleo vai se convertendo no poder do conhecimento.
Redes comerciais americanas, como TYMNET e TELENET, espalham
seuss por duas dezenas de países, dando acesso universal aos bancos de dados que,
para muitos países, já norteiam grande parte das decisões tomadas na economia e nos
negócios.
A Europa, em resposta à grande dependência que persiste, instalou uma
rede cooperativa em seu território a EURONET, destinada a integrar e desenvolver
os bancos de dados dos países da região. A França erigiu a Teleinformática à condição
de prioridade nacional e, aproveitando o fato de que as máquinas programáveis e a re-
volução que experimentamos na eletrônica reduziram a importância da tradição tecno-
lógica ao nível da criatividade de cada povo, consegue hoje ter sua rede de telecomuni-
cações, em grande parte, digitalizada.
Analogamente, o Japão estabeleceu um Projeto de Informatização cujo
objetivo é antecipar as conseqüências desse fenômeno e orientá-los para o bem comum
de sua população. Com a perspectiva de uma geração, o projeto japonês contempla a
habilitação de cada indivíduo lá nascido para utilizar o computador e as redes e servi-
ços de bancos de dados como tarefas rotineiras do dia-a-dia, através de um programa
bem orientado de educação.
A América Latina desperta sua consciência para o problema da informati-
zação, observando-se agora as primeiras iniciativas no México, Argentina e Brasil de
criar uma infraestrutura de comunicações de dados adequada.
O Brasil lidera a situação latino-americana, contando com uma rede de
telecomunicações de boa qualidade e capilaridade, embora aindao preparada para
as comunicações de dados.
Em nosso País observamos, talvez, o momento mais dinâmico na criação
de infraestrutura de teleinformática, com a introdução dos serviços públicos de consul-
tas à bancos de dados, o lançamento do serviço ponto-a-ponto, a implantação da Rede
pública Comutada por Pacotes, com o anúncio da experiência de videotexto e a intro-
dução dos computadores pessoais.
No plano institucional, prepara-se regulamentação visando padronizar os
protocolos de comunicação de dados, dando acesso com esta medida à compatibliza-
ção dos computadores nacionais e permitindo a geração de redes de processamento dis-
tribuído, o que contribuirá para uma transformação cultural no sentido de se reduzir
o uso dos grandes computadores isolados.
Um levantamento do cenário brasileiro de telinformática, realizado através
de Comissão Especial da SEI, caracterizou, entre outras medidas, a necessidade de
introduzir-se a cultura do uso de redes de computadores e de minicomputadores nacio-
nais a partir dos CPD's universitários, hoje apoiados em grandes equipamentos estran-
geiros.
Diretrizes presidenciais recomendam o incentivo à indústria e tecnologia
nacionais e a implantação de infraestrutura especializada de comunicações, tudo sob
uma perspectiva de progresso social e do bem estar da população.
Para o cumprimento das diretrizes do Presidente da República, alguns
obstáculos devem ser vencidos, assim como existem oportunidades a aproveitar.
Os desníveis internacionaiso profundos, e mais ainda quando se examina
os recursos de informação. É possível entretanto diminuí-los, uma vez que a revolução
tecnológica quebra tradições e diminui "handicaps". A política de reserva de mercado,
nesta época incipiente de nossa indústria, constitui uma oportunidade em tal direção.
É fundamental vencer, por outro lado, a dificuldade que temos em
procurar informações que noso necessárias porqueo fomos criados com apego às
bibliotecas, desperdiçando assim criatividade na reinvenção de várias coisas. Como uma
conseqüência deste traço cultural temos grande dependência em relação à bancos de
dados estrangeiros, que crescerá fatalmente, insumo que é do desenvolvimento econô-
mico. Analogamente, em relação a processamento de dados, começam a formar-se
redes de computadores visando regra de comunicações de um único fabricante, o que
alija os demais, a longo prazo, do mercado.
Outro exemplo significativo é a pressão da demanda de serviços de comuni-
cação de dados e de consultas a bancos de dados, que se manifesta de forma crescente
no País. A este respeito, devemos utilizar-nos do fato do País já possuir uma rede de
telecomunicações suficientemente espalhada, com boa qualidade
Tendo em perspectiva os objetivos nacionais, os desafios e oportunidades
que se apresentam, e a situação atual do País, um conjunto de estratégias vem sendo
implementadas no campo da teleinformática, entre as quais a mais importante no mo-
mento é a implantação das redes públicas comutadas de comunicação de dados, condu-
zida pelo Ministério das Comunicações.
No âmbito da Secretaria Especial de Informática, planeja-se a aplicação de
um conjunto de medidas, tais como:
a implantação de redes de computadores e bancos de dados disponíveis
para uso público e utilizados para o ensino de administração das facili-
dades correspondentes;
a instalação de computadores nacionais, organizados em redes de
processamento distribuído;
a ação conjunta com o Ministério das Comunicações no sentido de se
estabelecer protocolos-padrão de interligação de computadores no País;
a utilização de meios públicos e administrativos para induzir os órgãos
da administração federal ao uso do processamento distribuído;
o fomento ao desenvolvimento de software para gerência de recursos
distribuídos de processamento de dados e de bancos de dados;
o desenvolvimento de software para tornar compatíveis os minicompu-
tadores nacionais, permitindo que se comuniquem a nível de processos;
a promoção de transformações culturais no sentido de se utilizar bancos
de dados, incentivando-se ao mesmo tempo o desenvolvimento e manu-
tenção de bancos de dados no território nacional e sua disseminação
através das redes públicas de telecomunicações;
a elaboração de regulamentos para disciplinar o setor, especialmente
quanto aos serviços públicos que se prenunciam;
e, finalmente, a organização de experiências limitadas, por exemplo no
campo da educação, que visem, preparar-nos para conviver com um
mundo informatizado.
Todas estas estratégias deverão se consolidar em projetos, abrangendo uma
ou mais das medidas preconizadas
0 primeiro projeto a ser disparado em conseqüência oeste quadro e que
destina-se a contribuir para o atendimento do conjunto das estratégias descritas é o
CEPINNE.
A sigla CEPINNE sintetiza o projeto Centro Piloto de Serviços Públicos
de Teleinformática para Aplicações em Ciência e Tecnologia na Região Norte-Nordes-
te.
2. JUSTIFICATIVAS
Há alguns anos atrás, universidades e centros de pesquisa brasileiros estabe-
leceram com a CAPRE um projeto com a finalidade de se promover a aquisição e insta-
lação de um grande computador para ser colocado à disposição de todos os participan-
tes através de meios de telecomunicações.
Este projeto denominou-se C-4, Consórcio de Computação Científica Con-
centrada. Devido a diversas circunstâncias, o projeto C-4o passou do estudo embrio-
nário.
Dois fatores contribuíram especialmente para conduzir a SEI a retomar o
problema:
a existência iminente de uma rede experimental de pacotes o projeto
REXPAC da TELEBRÁS;
e a necessidade de se ganhar experiência institucional e operacional em
redes de computadores e serviços de bancos de dados, que se vislum-
bram como um dos grandes ramos de negócios da próxima década.
Além disso, a presença de computadores de médio e grande porte nas
universidades e a participação da TELEBRÁS com os meios de comunicações e a tec-
nologia de software de protocolos, permitiram a viabilização de um projeto com inves-
timentos relativamente baixos, com a finalidade de integrar atividades científicas e pro-
ver a infraestrutura para as experiências desejadas.
Dai resultou o projeto Centros de Serviços de Teleinformaticas para Apli-
cações em Ciência e Tecnologia, que visa a criação de centros de prestação de serviços
públicos apoiados em facilidades computacionais de seus consorciados, interligados em
rede, entre universidades e centros de pesquisa e tecnologia.
Este projeto foi planejado de forma a constituir-se em projetos menores e
seu primeiro desdobramento é o projeto CEPINNE.
0 CEPINNE surgiu com base nos seguintes fatos: no âmbito da administra-
ção do PNCI Programa Nacional de Centros de Informática, verificou-se que na re-
gião Norte-Nordeste do País a distribuição de recursos de informática deveria sofrer
transformações que lhe facultassem um uso mais otimizado. As universidades da região
dispõem de quatro computadores DEC-10 com grande capacidade de processamento,
enquanto as demais contam, em geral, com computadores de pequeno porte e que
dentro de algum tempo deverão ser substituídos em virtude de serem equipamentos
antigos.
As substituições deverão ser por minicomputadores nacionais que, entre-
tanto,o podem suprir sozinhos algumas das aplicações universitárias a médio prazo.
Por outro lado as universidades quem computadores DEC-10 estão interessadas em
interligá-los, visando o compartilhamento de recursos e de experiências. O fabricante
desses computadores manifestou grande interesse em promover a interligação, utilizan-
do um sistema de regras de interligação ou protocolo próprio, que automaticamente
dificultaria, no futuro, a instalação de computadores de outras marcas e acesso à rede
pública comutada de comunicação de dados. Esta situação conduziu à idéia de implan-
tar-se um Centro Piloto na região, tendo a vantagem de constituir-se em uma experiên-
cia limitada e, portanto, com parâmetros facilmente controláveis, ao mesmo tempo
que representará uma contribuição para o desenvolvimento da região e impedirá a uti-
lização de protocolos de comunicaçõeso condizentes com as políticas nacionais de
informática e de telecomunicações.
O projeto CEPINNE se justifica em dois contextos: aquele do programa em
que está contido e o da sua implementação intríseca.
Em termos gerais a realização deste projeto contribuirá para a elevação do
nível de capacitação tecnológica brasileira, devido principalmente a:
o acesso de recursos computacionais compartilhadoso disponíveis em
instalações individuais;
orientação da expansão do parque computacional científico corri arqui-
tetura distribuídas e uso extensivo de minicomoutadores:
compartilhamento de software e bancos de dados especializados;
intensificação do intercâmbio direto entre áreas e projetos afins e geo-
graficamente distantes;
a substituição de serviços análogos sediados no estrangeiro;
criação de escala econômica para comercialização de produtos de
software científico-tecnológicos nacionais;
capacitação nacional na engenharia, tecnologia e administração de servi-
ços públicos de teleinformática;
geração de receitas para aplicação no desenvolvimento do setor.
Em termos específicos, podem se alinhar os seguintes benefícios trazidos
pelo CEPINNE:
maior intercâmbio entre as universidades;
menores custos em equipamentos;
uso de processamento distribuído;
possibilidade de integração com a rede pública e com a rede experimen-
tal de pacotes da TELEBRÁS;
maior potencial em pesquisa fora a região;
possibilidade de integração com outros centros tecnológicos;
acesso a bases de dados e programas especializados locais;
oferecimento de infraestrutura para um projeto experimental de educa-
ção apoiado em redes de computadores.
3. OBJETIVOS
Implantação de uma entidade, cujo modelo institucional tanto em relação
à natureza quanto à forma, será definido no projeto ora proposto, e que administrará
uma rede de teleinformática conectando os computadores das universidades do Norte
e do Nordeste brasileiros.
A topologia inicial da rede CEPINNE constituirá de cincos de encami
nhamento compostos por computadores DEC tipo PDP 11/34 e DEC-10, interligados
inicialmente por enlaces TRANSDATA dedicados, e aos quais se conectarão minicom-
putadores nacionais, também através de enlaces TRANSDATA.
As comunicações serão todas realizadas pelos protocolos padronizados,
desenvolvidos no Centro de Pesquisas da TELEBRÁS, e implementados nos minis na-
cionais, com software desenvolvido pelo próprio projeto.
Quando a rede experimental e, mais tarde, a rede pública comutada de pa-
cotes estiverem prontas, todos os computadores do CEPINNE se interligarão através
dela, interligando-se assim mutuamente e ao resto do Pais por meios bem mais econô-
micos.
O CEPINNE provera infraestrutura para serviços de comunicações de com-
putadores e de terminais com a finalidade de colocar à disposição das universidades e
centros de pesquisa do Norte e Nordeste recursos computacionais, programas especiali-
zados e bases de dados, organizados e acessíveis de forma integrada através da rede de
telecomunicações públicas, para suprir as necessidades das mesmas nas áreas acadêmi-
cas e científico-tecnológicas, permitindo ainda experiências no uso da teleinformática
como instrumento para o processo educacional.
Como resultado da conexão dos computadores, feitos acessíveis desde
qualquer ponto da rede, o CEPINNE disporá de um conjunto poderoso de recursos de
processamento de dados que, em harmonia com os modelos institucional e operacio-
nal definidos no projeto, poderá dar impulso ao setor privado de Serviços de Informá-
tica.
Os bancos de dados e programas especializados da universidades da região
serão tornados disponíveis para todos, na área. Através da interação desses bancos pre-
enchendo-se complementarmente, serviços de consultas resultarão. A infraestrutura de
armazenamento magnético de grande porte dará chance a que outras iniciativas de pro-
dução local de bancos de dados floresçam.
O CEPINNE será concebido para oferecer todos estes serviços, tendo como
missão dar à comunidade do Norte e do Nordeste, e á população brasileira em geral,
um conjunto bem definido de combinações.
Entre os objetivos específicos do CEPINNE alinham-se:
a) o estabelecimento de modelo institucional para exploração de serviços
de teleinformática;
204
b) a implantação de sistema de operação de serviços;
c) a instalação e uso de minicomputadores nacionais em rede nas universi
dades;
d) a otimização dos recursos de informática na universidade;
e) o desenvolvimento de software de comunicações e qerência de bancos
de dados;
f) o desenvolvimento de protocolos de acesso à bancos de dados,
g) os testes dos protocolos padronizados de comunicação de dados;
h) a integração à Rede Pública de Pacotes;
i) a introdução da cultura de processamento distribuído;
j) a integração das atividades de ciência e tecnologia no NNE;
I) o desenvolvimento de Recursos Humanos especializados;
m)a atração e fixação de especialistas no NNE;
n) a integração intraregional do NNE e deste com o sul do País,
o) o estímulo ao desenvolvimento de casas de software no NNE;
p) o estímulo à substituição do uso de bancos de dados estrangeiros por
bancos de dados desenvolvidos e mantidos na região;
q) a familiarizaçâo da comunidade docente, discente e administrativa das
universidades com o uso de computadores.
Além dos objetivos específicos do CEPINNE, a rede de teleinformática que
se constituirá, servirá como infraestrutura para experiências limitadas de informatiza-
ção nos campos da educação, trabalho, ciência e tecnologia e outros.
Contribuirá para acelerar as atividades do Laboratório de Redes de Compu-
tadores, organizado por universidades brasileiras para a pesquisa científica na área de
comunicação de computadores.
Servirá ainda para preparar a introdução dos serviços públicos comutados
de comunicações de dados, provendo uma experiência de serviços e de administração
de infraestrutura, além de dar uso à rede experimental, e, também, para que as indús-
trias brasileiras preparem seus computadores para ligar-se às redes públicas, o que os
tornará, além disso mutuamente compatíveis.
SISTEMA AUTOMATIZADO DE CONTROLE BIBLIOGRÁFICO DA
BIBLIOTECA CENTRAL DA UnB - BCE020
Cybele Villares Coelho
Biblioteca Central da UnB
Marco Antonio Pinho Werneck Rodrigues
CPD/UnB
RESUMO
Iniciado em fins de 1978, o Projeto de Modernização Administrativa da
BCE incluiu estudos de utilização de computador nas atividades de Seleção
e Aquisição, Processamento Técnico e Empréstimo de material bibliográfi-
co. Planejado para operação em linha, o sistema compreende vários módu-
los, de todo o processo e vários programas de aplicação, que possibilitam o
acesso ao Banco de Dados. Inicialmente executado em boletins, o cadas-
tramento de material bibliográfico já é feito através dos terminais instala-
dos na Biblioteca, como também o registro das obras a serem adquiridas
(Desiderata). 0 sistema permite, atualmente, 32 tipos de pedidos ao Ban-
co de Dados, incluindo pedidos de atualização e pesquisas. Com auxílio do
computador, o serviço de aquisição possui melhor controle das encomen-
das e fornecimentos de material. Para o atendimento dos usuários, a Biblio-
teca continuará a dispor dos catálogos tradicionais de consulta, cujas fichas
o geradas pelo sistema, que também passará a controlar o serviço de em-
préstimo. Dadas as características de flexibilidade do sistema, a Biblioteca
poderá obter vários outros tipos de dados sobre seu acervo, estando já em
estudo a recuperação de documentos por assunto (em linha) e a definição
de dados estatísticos desejados.
CDU 681.3:027.7
CDD 029.7
A DISSEMINAÇÃO SELETIVA DA INFORMAÇÃO EM BIBLIOTECAS
UNIVERSITÁRIAS; ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Alvaceli Lusa Braga
Profª do Departamento de Bibliotecono
mia e Documentação e Coordenadora da
CDI - UFSC
ArmiMaria Cardoso
Profª e Sub-Chefe do Departamento de
Biblioteconomia e Documentação - UFS(
Visão geral do processo de SDI em bibliotecas universitárias, define a ter-
minologia e os objetivos da universidade, biblioteca universitária e serviço
de SDI. Identifica os principais serviços de SDI em bibliotecas universitá-
rias, de acordo com a literatura disponível. Analisa a viabilidade de implan-
tação de serviços de SDI nas Bibliotecas Universitárias Brasileiras, descre-
vendo a situação atual das mesma. Justifica a necessidade de serviços de
Disseminação Seletiva da Informação nas Bibliotecas Universitárias Brasi-
leiras, e tece algumas considerações sobre a viabilidade de implantação e
manutenção do mesmo, sugere a operacionalização da base de dados de
PASCAL. Apresenta conclusões.
SISTEMA DE CONTROLE DE PERIÓDICOS
(SISCOPE)
Carlos Ernesto Rech
Bibliotecário do CPD/PGCC da UFRGS
Nelson Mendonça de Mattos
Analista de Sistema do PGCC da UFRGS
Implantação de um Sistema de controle de periódicos (SISCOPE) utilizan-
do minicomputador, na biblioteca do Centro de Processamento de Dados/
Pós-Graduação em Ciência da Computação da UFRGS .
CDD 025.35 0285
CDU 025.3:681.3
SISTEMA CALCO/UFRGS
AUTOMAÇÃO NA BIBLIOTECA CENTRAL DA UFRGS
Heloísa Benetti Schreiner
Diretora da Biblioteca Central da Univer-
sidade Federal do Rio Grande do Sul
Apresentação dos objetivos, características e situação atual do Sistema
CALCO/UFRGS de processamento automático de dados na Biblioteca
Central. Discussão de alguns aspectos técnicos e administrativos relaciona-
dos com o Sistema.
CDU 027.7.681.3
CDD 027.70285
O SISTEMA DE AUTOMAÇÃO NAS BIBLIOTECAS
DA UFPb
Lêda Maria Jurema Dutra
Diretora da Biblioteca Central da Univer-
sidade Federal da Paraíba.
José Leonidas Maciel da Silva
Analista de Sistemas do Centro de Proces-
samento de Dados da Universidade Fede-
ral da Paraíba.
Este trabalho mostra a experiência das Bibliotecas da Universidade Federal
da Paraíba, na área de automação com todos os problemas enfrentados bem
como as vantagens apresentadas desde a implantaçâo do sistema.
SIMPÓSIO SOBRE AUTOMAÇÃO DE SERVIÇOS BIBLIOTECÁRIOS
Cybele Villares Coelho
RELATÓRIO
O Simpósio sobre Automaçào de Serviços Bibliotecários teve como traba-
lho básico um documento sobre o panorama dos planos e projetos de automação das
bibliotecas universitárias brasileiras, apresentado em sessão plenária por Jaime Robre-
do, professor da UnB e coordenador do Simpósio, que expôs a situação atual como
ainda incipiente, contando apenas com poucos projetos isolados na matéria e ainda
menos sistemas em operação.
Dando início à Sessão de Abertura do Simpósio, Afrânio Carvalho Aguiar,
diretor do IBICT, proferiu uma palestra sobre os problemas e possíveis soluções para o
desenvolvimento das atividades de automação no Brasil. Enfatizou a oportunidade que
o Seminário, em geral, e o Simpósio, em particular, proporciona para captar subsídios
para a consecução de objetivos comuns necessários ao delineamento de uma política de
informação que dê apoio ao desenvolvimento da ciência e tecnologia no país.
Durante as sessões foram apresentados diversos comunicados técnicos que
destacam as realizações sobre automação nas universidades de Brasília, do Rio Grande
do Sul e Paraíba.
As contribuições do ICFES (Colombia) e do IBICT destacam ainda interes-
santes exemplos de ações cooperativas em matéria de automação.
Especial destaque merecem as comunicações apresentadas por especialistas
da SEI e da TELEBRÁS, que mostram o advento da Telemática no Brasil, abrindo ho-
rizonte que ensejarão transformações radicais que se consubstanciarão em breve prazo,
nas redes automatizadas de bibliotecas que, até há pouco, pareciam um sonho reserva-
do aos países industrializados.
Enfim, um outro comunicado lembra a necessidade de incrementar os
processos de transferência de informação no âmbito acadêmico.
Utilizando como insumos as informações analisadas no documento-base e
as advindas dos comunicados técnicos, dois grupos de trabalho aprofundaram o estu-
do da problemática em matéria de:
GRUPO 1 : a) Redes de Computadores
b) intercâmbio de software
c) Processos de recuperação automática de informação.
GRUPO 2: a) Automação de processos administrativos
b) Automação de processos de entrada, de geração de catá-
logos e índices.
A coordenação dos grupos de trabalho ficou assegurada a Marco Antonio
Pinho Werneck Rodrigues, da UnB, e colaboração de Tânia Mara Guedes Botelho, do
SERPRO, na condução dos trabalhos.
As conclusões e recomendações formuladas a partir desses dois grupos
foram levadas a debate durante a posterior "Mesa Redonda", coordenada por Tânia
Mara Guedes Botelho, resultando, após referendum dos participantes do Simpósio,
nas seguintes recomendações cujo relato final aos cuidados de Cybele Villares Coelho
da UnB.
RECOMENDAÇÕES:
Considerando que:
a) Existem diversos projetos paralelos visando a automação dos processos
administrativos de bibliotecas;
b) Esses projetos trabalham com padrões "criados" independentemente,
nem sempre uniformes, trazendo dificuldades às tentativas futuras de
integração;
c) Os bibliotecários sentem necessidade de maior treinamento e especiali-
zação na área de automação;
d) Os analistas de sistema sentem dificuldade em definir o que automati-
zar;
e) É alto o custo de um projeto de automação de Biblioteca;
f) Um sistema automatizado de serviços bibliotecários possibilita a econo-
mia de escala de modo a:
evitar a duplicação de processamento de títulos comuns a várias bi-
bliotecas;;
evitar a duplicação de importação de índices e resumos estrangeiros,
de alto custo, com economia de divisas;;
agilizar a execução de trabalhos repetitivos, facilmente realizados por
máquinas;;
RECOMENDA-SE às autoridades competentes da área de Informação, In-
formática e Telecomunicações:;
a criação de um grupo de estudos interdisciplinar e inter-institucional
que viabilize a implementação de recomendações sobre automação
de
serviços de bibliotecas, em especial, os aspectos referentes à utiliza-
ção de Redes de Computação, intercâmbio de software e processos
de recuperação automáticos de informação;;
que se defina uma política quanto à construção de Bases de Dados
Bibliográficos no Brasil e importação de bases;;
a utilização de serviços de consulta a bancos de dados já desenvolvi-
dos no país, em lugar de se importar ou contratar externamente;;
RECOMENDA-SE aos órgãos educacionais.
-
;
criação de cursos interdisciplinares para bibliotecários e analistas de
sistemas poderem dialogar e compreender uma mesma linguagem, fo-
mentar a realização de seminários de integração a nível de experiên-
cias em aplicação de Processamento de Dados em Bibliotecas e incen-
tivar a produção de publicações voltadas para automação de Bibliote-
cas, com exemplos de aplicações típicas para a Biblioteconomia.
RECOMENDA-SE ao IBICT:;
a definição dos padrões básicos relativos aos procedimentos e meios
a serem utilizados na automação de processos administrativos;;
a definição de elementos mínimos que um formato de registros de
dados bibliográficos deveria respeitar para ser considerado aceitável
a nível nacional,
-
;
que se estude a nível nacional um formato simples para registros
legíveis por computador que viabilizem um intercâmbio rápido de
informações.
a criação de um órgão central de armazenamento e disseminação dos
trabalhos de automação de bibliotecas ou formação de redes, sejam
eles projetos de implantação, estudos e pesquisas, realizados por
pessoas físicas ou jurídicas, ligadas às áreas de Biblioteconomia, e
Processamento de Dados;
fomentar a criação de um cadastro de especialistas, instituições ou
grupos para a prestação de serviços de consultoria e assessoramento
e na viabilização de projetos de automação de serviços bibliotecários
e conseqüente troca de experiências.
2° SEMINÁRIO NACIONAL DE BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS
GRUPOS DE TRABALHO
DOCUMENTOS BÁSICOS E RELATÓRIOS
Brasília, 25 a 30 de Janeiro de 1981
EDUCAÇÃO DE USUÁRIOS EM BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS*
Milton A. Nocetti
SDI/EMBRAPA, Brasília, DF.
Judith Rebeca Schleyer
João Pessoa, PB.
Apresenta os resultados de um levantamento realiza-
do através de questionários, nas bibliotecas universitárias
brasileiras, referente à educação de usuários. Identifica as
falhas estruturais e conceituais do contexto, e propõe
tópicos para discussão.
"O curso deveria ser dirigido aos usuários" (Comentá-
rio de estudante ao avaliar um curso de instrução biblio-
gráfica para usuários).
1. INTRODUÇÃO
Freqüentemente quando se pensa em educação de usuários, cogita-se
sobre duas possibilidades: organizar um curso ou uma visita orientada à biblioteca.
No entanto, quando a literatura especializada é consultada, verifica-se que o tema é um
pouco mais complexo do que se imaginava a princípio. Pois, "alguns dos problemas
associados com os programas de educação do usuário e parte do descontentamento
com o que tem sido alcançado através de tais programas podem ter origem no fato de
que a estrutura geral da maioria dos cursos é muito semelhante àquela proposta em
1949 (pela Library Association). Ou essas propostas estavam à frente de seu tempo e
somente hojeo aplicáveis, ou então deveríamos estar procurando algoo diferente
dessas propostas de 1949 como, por exemplo,o os métodos de ensino atuais quando
comparados com aqueles existentes em 1949" (16). A necessidade de propostas dife-
rentes e, em especial, adequadas à realidade brasileira, pode ser considerada fundamen-
tal. Essa necessidade constitui a linha norteadora desse relatório.
Em 1960, Bonn (3) publicou uma análise sobre a literatura pertinente à
área de educação de usuários, cobrindo o período de 1876 a 1958. Em outras palavras.
Documento básico apresentado ao Grupo de Trabalho sobre Estudo da Interface
Usuário-Sistema de Informação.
no plano internacional, há mais de um século que bibliotecas estão preocupadas em
desvendar seus intricados caminhos para o "leigo" usuário. No caso do Brasil, a preo-
cupação é bem mais recente, já que, aparentemente, o primeiro curso para usuários
foi organizado por uma das faculdades da USP, em 1955. (4,15) Estao é a única
diferença entre a realidade local e a internacional. A história do desenvolvimento de
programas de educação de usuários está fartamente documentada, em países desenvol-
vidos como Estados Unidos e Inglaterra, mas quando se chega à América Latina, a
situação é bem outra. Ao invés de as críticas se referirem às redundâncias e repetivida-
de na literatura (1,6,11 etc), descobre-se "que a literatura latino-americana sobre o
tema carece de referências relevantes sobre o assunto" (2). No que concerne à litera-
tura especializada nacional, estao difere da latino-americana. Uma rápida tentativa
de recuperar a produção bibliográfica brasileira sobre educação de usuários, no perío-
do de 1960 a 1979, produziu cerca de 20 referências. Mesmoo se tratando de um
levantamento exaustivo (dificilmente realizável por causa da falta de controle biblio-
gráfico), comparando-se com o volume de literatura produzida no exterior em seis
anos, 1967 a 1972, (o Library Literature arrola 309 citações, segundo Young) (17) fica
patente que, a nível nacional,o se padece dos problemas causados pela explosão
da informação. Deve ser observado também que a maior parte dos trabalhos publica-
dos no Brasil sobre o tema é do tipo "o que fizemos na nossa biblioteca". Obvia-
mente esse tipo de literatura é importante, mas essa unilateralidade da produção bi-
bliográfica sublinha a necessidade de mais estudos e pesquisas, uma vez que a educação
de usuários, em nível nacional e internacional, tem se dado principalmente no âmbito
universitário e, como o sistema educacional brasileiro possui peculiaridades que
influem, à sua maneira, no uso das bibliotecas universitárias, os problemas decorrentes
o poderão ser solucionados com base em soluções encontradas por outros sistemas
diversos do brasileiro.
No entanto, a nível nacional e internacional, alguns pontos em comum po-
dem ser encontrados:
a) uma maior intensificação deatividades na década de 70. No Brasil, os
dados sobre a criação de cursos comprovam esse fato que é também
demonstrado pelo acréscimo no número de trabalhos de congresso
sobre o tema (só no 7? Congresso Brasileiro de Biblioteconomia e
Documentação, quatro trabalhos foram apresentados) e de artigos
publicados durante os anos 70. (Vale dizer que 1970 viu o surgimen-
to de quatro periódicos especializados. Este fato também pode jus-
tificar o crescimento da produção bibliográfica periódica.)
No plano internacional, o número de congressos e seminários dedicados
exclusivamente à educação de usuários, a criação do LOEX (Library Orientation
Instruction Exchange) e do programa da SCONUL para educação de usuários e a
abundante literatura de revisão demonstram também a intensificação de atividades na
década de 70.
b)o ficou comprovada até hoje a eficácia dos programas de educação de
usuários. Por mais que bibliotecários, independente de nacionalidade,
acreditem nos benefícios de tais programas, até hojeo pode ser de-
monstrado que aquele que recebeu alguma forma de orientação tenha
sido beneficiado. No entanto, já existem algumas evidências do contrá-
rio, isto é,o receber orientação pode ser prejudicial.
c) As bibliotecasm adotado uma posição passiva. 0 número reduzido de
bibliotecas oferecendo programas de educação de usuários, a falta de
inovação nos programas quem sido oferecidos e, especialmente no
âmbito universitário, o distanciamento que existe entre biblioteca e
comunidadeo problemas universais. As causaso muitas e várias
vezes já foram apontadas, mas até o presente, salvo exceções, a atitude
básica é a da passividade.
O tema educação de usuários tem sido alvo de várias revisões de literatura
(como já foi mencionado), inclusive uma publicada em português (1) e uma outra
sobre metodologia didática, também em português (14). Por outro lado, o número
de pesquisas e de artigos de revisão sobre pesquisas é bem mais escasso. Torna-se, por-
tanto, necessário reunir informações sobre os resultados de pesquisas, tanto no sentido
de divulgação como para auxiliar na análise dos dados coletados para esse relatório.
Deve ser aqui salientado que essas informações referem-se a pesquisas realizadas no
Exterior, uma vez queo se tem conhecimento de pesquisas nessa área no Braisil, e
que as generalizações, em face do número reduzido de pesquisas, podemo ser defi-
nitivas.
Das pesquisas já realizadas poucasm se dedicado a estudar as atitudes de
usuários, bibliotecários e professores em relação à educação de usuários. No entanto,
esse reduzido número de estudos de atitudes revelou a existência de uma percepção di-
ferenciada tanto de necessidade como de satisfação por parte dos três grupos (usuários,
bibliotecários e professores) (17). Em geral, os bibliotecárioso os que em maior pro-
porção consideram existir a necessidade de instrução e que também estão mais satisfei-
tos com os programas de educação. Pode-se dizer que esse é um resultado óbvio, pois
ninguém melhor do que um bibliotecário para "vender o seu peixe". Por outro lado,
esses resultados revelam que, apesar de uma biblioteca se situar no campus universi-
tário, o seu papel dentro do sistema educativo só é considerado central pelos próprios
bibliotecários. Em conseqüência, pode-se dizer que seria útil repensar sobre a atuação
de bibliotecas e bibliotecários, sobre a necessidade de uma maior agressividade e de um
redimensionamento dos objetivos da biblioteca universitária. Torna-se clara a imperio-
sidade da saída das quatro paredes da biblioteca e do abandono da preponderância de
atividades técnicas, poiso serão de muita valia os programas de educação de usuá-
rios enquanto forem os bibliotecários aqueles que mais acreditam em seu valor.
Quanto à relação causai entre uso da biblioteca e aptidão escolar, ainda
o foi possível identificar uma forte correlação positiva. As associações positivas entre
o uso da biblioteca, rendimento escolar e nível de inteligênciao poucas e fracas
(graus de correlação sempre fracos e nem sempre presentes) (17). Em outras palavras,
aindao foi provado que o melhor aluno é aquele que mais usa a biblioteca. Isto é
decepcionante e surpreendente, pois a crença no valor dos livros e da biblioteca como
meio educacional pode ficar abalada, e perde-se um forte agente motivador para inten-
sificar o uso de bibliotecas. No entanto, como esse tema de pesquisa é complexo, pois
envolve um grande número de variáveis de difícil controle, ainda é cedo para se perder
a fé no valor das bibliotecas.
Algumas outras pesquisas se dedicaram a estudar o impacto do nível dos
serviços bibliotecários pré-universitários no rendimento escolar do estudante universi-
tário. Também aqui fica abalada uma outra crença profissional pois "nenhuma evidên-
cia foi encontrada que comprove que o nível de serviço bibliotecário (pré-universitário)
tenha uma correlação positiva com os conceitos obtidos pelo estudante na universida-
de" (17). Algumas dessas pesquisas obtiveram resultados positivos, porém, nesses ca-
sos, ressalta Young (17), houve sempre a participação ativa do corpo docente universi-
tário. Dessa forma, talvez a correlação positivao seja relacionada com a qualidade
das bibliotecas freqüentadas pelos estudantes antes de ingressarem na universidade,
mas seja fruto do envolvimento de docentes durante as pesquisas. Aliás, um ponto
sobre o qualo restam mais dúvidas é o papel do professor como estimulador no
uso de bibliotecas universitárias. As pesquisas já realizadas comprovam que o uso da
biblioteca aumenta consideravelmente com a participação de docentes. Uma das pes-
quisas demonstrou que até documentos queo constam nas bibliografias recomenda-
das, foram mais solicitados por estudantes que tinham professores sensibilizados quan-
to ao uso e valor de bibliotecas.
Uma área que foi mais intensamente pesquisada do que as outras acima
mencionadas foi a de métodos de ensino. Entretanto, apesar do maior número de
pesquisas, nenhum dos métodos foi reconhecido como comprovadamente melhor
do que outros. Um dos estudos (9) compara seis técnicas de ensino, desde a aula expo-
sitiva tradicional até a utilização de meios como o video-tape, chegando à conclusão
de que as diferenças na avaliação do aprendizado deram uma pequena vantagem para o
método de "slides" conjugado com palestra de bibliotecários.
Tantoo se pode afirmar a superioridade de um método de ensino sobre
outro, quanto,o sem dados para julgar os testes de avaliação de aprendizado que
o aplicados para medir a eficácia, mesmo que a curto prazo, do programa educacio-
nal. Cabe todavia esclarecer que esses testes (aplicados somente no Exterior)o capa-
zeso somente de medir a aptidão em técnicas de recuperação da informação, logo
após a instrução, e muito artificiais como instrumentos para medir a habilidade do
usuário em "negociar com a complexa estrutura de uma biblioteca" (16). Os testes a
que se referem essas pesquisas aparentemente sofrem dos mesmos problemas que os
conteúdos programáticos da educação de usuários:o por demais voltados às minú-
cias técnicas. Aliás, a ênfase na instrução de minúcias técnicas é um problema freqüen-
temente apresentado na literatura estrangeira e, de acordo com os programas de cursos
que foram enviados, em anexo ao questionário analisado na secção seguinte, pode-se
dizer que esse problema existe também no Brasil.
Um outro fato interessante que merece ser mencionado é que estudantes
que freqüentaram cursos "ao vivo" com bibliotecários tendem a procurar mais a ajuda
de bibliotecários do que aqueles queo ensinados por métodos audiovisuais ou que
o receberam treinamento (10). Educação de usuários, portanto,o é solução para a
falta de bibliotecários de referência, mas sim, como tudo indica, funciona como uma
pressão por mais e melhores serviços de referência.
Na área de pesquisas sobre educação de usuários, pode-se observar que o
mesmo tipo de crítica e de problemas de que padece a área de estudos de usuários
(falhas metodológicas, definição superficial de variáveis e de objetivos, etc.) também
estão presentes. A "interface usuário/biblioteca" parece constar somente de" ...face...
biblioteca". O usuário que é declarado (no papel) como o objetivo principal, o fim
maior, é o menos ouvido e atendido. Esta é uma conclusão que pode ser retirada da
literatura revisada.o é o usuário, em geral, que pede por instrução, é a biblioteca que
oferece. Até, tudo bem! Os problemas são: que o usuárioo é consultado sobre o
que precisa apreender, nem quando e como; e que os resultados de estudos de usuários
oo levados em conta. Se não, como explicar que o catálogo, um dos instrumen-
tos menos utilizados na recuperação da informação (de acordo com os resultados de
vários estudos de usuários) constitua parte quase que básica dos mais variados progra-
mas de treinamento.oo levados em conta aspectos como transitoriedade de
necessidades o que implica em que programas de educação só devam ser oferecidos em
épocas em que os estudantes sintam necessidades, por exemplo, quando precisam de-
senvolver trabalho de pesquisa para um professor. Obviamente, para atender a esse
aspecto, a cooperação entre bibliotecários e professores é fundamental. A transitorie-
dade implica também que, dependendo da época, o estudante terá diferentes necessida-
des que exigem conteúdos programáticos diversos. Nesse sentido, Melum (13) chegou a
importantes conclusões: que a instrução é efetiva somente quando existe necessidade
e que aprender a usar uma biblioteca é um processo contínuo.
No que se refere ao processo de aprendizagem, a preocupação maior tem
sido com o aspecto cognitivo (aprendizado de técnicas) eo com o aspecto afetivo
(imagem mental), o que demonstra, mais uma vez, que a interface usuário/biblioteca
o tem sido bem compreendida. 0 objetivo cognitivo, de acordo com Fjállbrante
Stevenson (6), se preocupa com a compreensão de conceitos os quais podem variar de
complexidade. Por exemplo, um curso introdutório pode ter objetivos cognitivos
como o arranjo de diferentes tipos de documentos em uma biblioteca, e um curso mais
avançado pode ter como objetivo capacitar o estudante a recuperar informações por
meios automatizados. Os objetivos afetivos se referem a sentimentos. Em outras pala-
vras, se preocupam com a imagem mental da biblioteca, dos bibliotecários, e da infor-
mação, ou seja, se preocupam em transformar a imagem da biblioteca de um local
aborrecido ou de trabalho, em um lugar acolhedor onde seja possível encontrar as
informações desejadas. No entanto,o é só a falta de objetivos afetivos que prejudica
o aprendizado, mas a falta, em geral, de objetivos. Muitos programas e cursoso reali-
zados sem objetivos claramente definidos (6, 11, 16). Isto obviamente prejudica a ava-
liação de tais programas, o que, por sua vez, dificulta a remodelação dos mesmos para
uma melhor satisfação do usuário. Enfim, uma cadeia de problemas que pode ser cau-
sada por uma compreensão insuficiente do que é o processo de aprendizagem, do que
necessita o usuário e do que representa a interface usuário/biblioteca.
Neste relatório, os autores procuram identificar alguns pontos relevantes
sobre educação de usuários nas bibliotecas universitárias do Brasil, visando orientar
as discussões do Grupo de Trabalho deste 29 Seminário Nacional de Bibliotecas
Universitárias, sobre os aspectos principais.
2. METODOLOGIA
O levantamento foi realizado através de um questionário enviado por
correio às bibliotecas universitárias que constam no cadastro oficial da Coordenação
de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior CAPES.
Algumas imperfeições foram constatadas na estrutura do questionário.
Por erro de gráfica, foi reproduzido o modelo utilizado para o pré-teste, eo o defi-
nitivo. Considerando que os erros detectados invalidariam somente as respostas de per-
guntas consideradas não-básicas para os resultados da pesquisa, o questionário foi,
assim mesmo, utilizado.
3. RESULTADOS E ANÁLISE
Dos 486 formulários enviados, foram recebidas 186 (38,27%) respostas
das quais 55 declararamo desenvolver atividades referentes à pesquisa. Os dados
obtidos correspondem então a 131 bibliotecas universitárias das quais apenas 42
desenvolvem treinamentos formais.
3.1 Treinamento formal
Para facilitar a análise, foram caracterizados três tipos de treinamento nesta
categoria;
1) cursos integrados ao currículo universitário;
2) cursos independentes oferecidos pela biblioteca;
3) cursos oferecidos por outras bibliotecas/instituições.
3.1.1 Cursos integrados ao curriculum universitário
Foram identificados 26 cursos dos quais 19 (73%) valem como crédito
o âmbito universitário. Segundo as informações referentes ao último ano em que
oram oferecidos, conclui-se que alguns já foram desativados. Encontram-se nesta cate-
;ria nove que foram ministrados até 1975-1978.
O surgimento desta atividade data da década de 60, na qual constam
seis cursos desta natureza. Este fato evidencia um desenvolvimento tardio do treina-
mento de usuários no Brasil, se comparado com o panorama internacional, como já foi
observado na introdução.
Nos anos 70, aparecem 14 iniciativas, sendo constatados seis novos cur-
sos a partir de 1980, o que faz prever um grande crescimento nesta década.
A duração dos cursos (horas/aula) apresentou grande diversificação
(24h até 60 h), verificando-se a média de 29 horas.
As aulas destinam-se, preferentemente, aos alunos de graduação
(65,38%) e, em seguida, aos de pós-graduação (34,62%). Verificou-se alguma partici-
pação de professores/pesquisadores (97,69%).
3.1.2 Cursos independentes oferecidos pela biblioteca
Foram identificados 28 cursos de independentes que, também, come-
çaram a surgir na década de 60. Da mesma forma que nos cursos integrados, o desen-
volvimentoo foi rápido (quatro cursos na década de 60 a 16 na de 70) tendo sido
criados oito novos cursos em 1980, i.e., a metade das iniciativas da década anterior.
Destas iniciativas, seis foram descontinuadas até o ano de 1978.
A variação horária é alta (1h até 60h), apresentando uma média de 19
horas/aula.
Os cursos destinam-se, preferentemente, aos estudantes de pós-gradua-
ção (71,42%), depois aos de graduação (64,28%) e com uma grande participação de
professores/pesquisadores (42,85%).
3.1.3 Cursos oferecidos por outras bibliotecas/instituições
A incidência de cursos oferecidos por outras unidades verificou-se,
apenas, nas bibliotecas queo organizam estes treinamentos a nível interno.
Foram identificados quinze cursos deste tipo dos quais sete sob a res-
ponsabilidade da biblioteca central, seis do departamento de biblioteconomia, um de
outra biblioteca setorial e um de outra instituição.
Somente onze dos cursos identificados informaram o número e o tipo
de participantes, em 1979. A soma dos participantes alcança 2.550, o que representa
uma média de 231 por curso. Os principais atingidos foram os estudantes de graduação
(63,64%), seguidos pelos alunos de pós-graduação e professores/pesquisadores, com
18,18% cada grupo.
3.1.4 Pessoal docente dos cursos
Das 42 bibliotecas que oferecem cursos, apenas oito contam com pro-
fessores de outras áreas e quatro com pessoal do departamento de biblioteconomia. As
restantes promovem seus cursos com o próprio pessoal bibliotecário.
3.1.5 Avaliação dos cursos
A prática de avaliar os cursos (pelos estudantes) foi verificada em
apenas quinze das 42 bibliotecas, i.e., 35,71%.
3.1.6 Problemas encontrados nos cursos oferecidos
As bibliotecas informaram que o problema mais significativo para o
desenvolvimento dos cursos foi a falta de recursos financeiros. Neste ponto coinci-
dem 12 (28,57%) das 42 bibliotecas.
Os problemas identificados são:
- Falta de recursos financeiros 12(28,57%)
- Desinteresse dos alunos 10(23,80%)
- Falta de vinculação com faculdades, departa-
mentos, cursos 10 (23,80%)
- Falta de local adequado 09 (21,42%)
- Falta de apoio institucional 07(16,66%)
- Falta de professores 07(16,66%)
- Falta de material didático 06 (14,28%)
- Horário disponível curto 02(04,76%)
- Cursoo integrado ao currículo 02 (04,76%)
- Os professoreso estimulam os alunos 01 (02,38%)
3.1.7 Razões pelas quais os cursoso foram oferecidos
Em 60 bibliotecas que responderam a este item, a falta de pessoal espe-
cializado apresentou-se como a principal razão, com 31 freqüências.
As razões apontadas são:
66%)
,00%)
00%)
,00%)
66%)
,00%)
,33%)
,00%)
,00%)
Falta de pessoal especializado 31 (51
Bibliotecas em organização 12(20
Desinteresse dos alunos 09(15
Falta de recursos financeiros 09(15
Falta de apoio institucional 07(11
Falta de local adequado 06 (10
o constam no currículo 05 (08
Falta de vinculação 03 (05
Atendimento a outras prioridades 03 (05
Horário da bibliotecao coincide com
horário dos cursos 02 (03,33%)
Desinteresse dos professores 01 (01,66%)
Biblioteca distante da área de atividades
dos usuários 01(01,66%)
Falta de pessoal administrativo 01(01,66%)
Falta da seção de referência 01(01,66%)
É responsabilidade da biblioteca central 01(01,66%)
Falta de material didático 01(01,66%)
3.2 Treinamento informal
O treinamento informal foi dividido em três tipos: 1) palestras; 2) visitas
orientadas; 3) informação oral personalizada.
3.2.1 Palestras
A prática de treinar usuários através de palestras é desenvolvida por 48
bibliotecas (36,64%). Estas promoveram 292 palestras no decorrer de 1979, uma
média de seis para cada biblioteca.
Segundo os dados oferecidos por 44 bibliotecas, cada palestra atingiu,
em média 29 usuários.
Em 83,33% das bibliotecas, as palestraso dirigidas aos estudantes de
graduação; em 29,16%, aos de pós-graduação; e em 15,27%, aos professores/pesquisa-
dores, existindo bibliotecas que oferecem palestras para vários níveis.
3.2.2 Visitas orientadas
As visitas orientadaso praticadas por 53 (40,45%) bibliotecas, cujos
programas treinaram, em média, 188 usuários por biblioteca, em 1979.
3.2.3 Informação oral personalizada
Em 131 respostas, identificaram-se 109 (83,20%) bibliotecas que ofere-
cem serviços personalizados e 22 (16,80%) que não.
Entre as que desenvolvem esta atividade, verificou-se que 76,14% orien-
tam a normalização de referências, 77,98% ensinam o uso de catálogos e obras de refe-
rência e 75,22% ajudam os usuários nos levantamentos bibliográficos. Somente 35,77%
informaram que fornecem orientações sobre aspectos de redação técnico-científica.
O número de usuários atendidos, segundo 69 bibliotecas que consegui-
ram fornecer estimativas a respeito, alcançou 125.904, o que aponta uma média de
1.824 atendimentos personalizados por biblioteca no decorrer de 1979. Supondo que
as bibliotecas trabalhem somente de segunda a sexta-feira, isto eqüivaleria a dizer que
o realizados quase sete atendimentos por dia.
3.2.4 Bibliotecários de referência
A presença de bibliotecários de referência nas 109 bibliotecas que
oferecem treinamento informal, foi constatada em 67 (61,47%), sendo que destas, 46
(42,21%)m pessoal em tempo integral e 21 (19,26%) em tempo parcial.
3.3 Material didático nos treinamentos
Setenta e seis bibliotecas informaram que utilizam algum tipo de material di-
dático nos treinamentos formais e informais. Mais da metade (57,89%) utiliza aposti-
las, que foram apontadas como o elemento mais popular; em seguidam as transpa-
rências, com 43,42%.
Apostilas
Transparências
Cartazes didáticos
Slides
Material bibliográfico (obras de
referência etc.)
Fitas gravadas
Quadro de giz
Catálogos
Guia da biblioteca
Video-tapes
Filmes
Instrução programada
Regulamentos
44
33
25
23
18
06
05
02
02
02
01
01
01
(57,89%)
(43,42%)
(32,89%)
(30,26%)
(23,68%)
(07,89%)
(06,57%)
(02,63%)
(02,63%)
(02,63%)
(01,31%)
(01,31%)
(01,31%)
3.4 Estudo de usuários
O estudo de usuários, base de qualquer tipo de treinamento, foi realizado
apenas em 26 (19,84%) das 131 bibliotecas. Cabe também apontar que, das 42 que
desenvolvem cursos, somente 12 (28,57%) realizaram pesquisas desta natureza.
3.5 Percentual estimado de usuários treinados por métodos formais e informais
A média estimada pelos informantes, com relação ao percentual de usuários
treinados, foi:
Alunos de graduação: 48,15%
Alunos de pós-graduação: 54,87%
professores/pesquisadores: 28,28%
4. DISCUSSÃO
4.1 O Brasilo tem demonstrado grande interesse pela inclusão de cursos sobre
O uso da informação nas atividades universitárias, o que eqüivale dizer queo tem
existido uma conscientização do problema por parte das autoridades e dos bibliotecá-
rios. Ainda assim., o surgimento de seis novos cursos integrados ao currículo, durante
os primeiros meses de 1980, que eqüivalem a 42,85% de todas as iniciativas da década
de 70, e de oito cursos independentes, que eqüivalem a 50% dos cursos da mesma
década, pareceria mostrar uma atitude promissora a respeito. Tal mudança está certa-
mente relacionada corn a proliferação de cursos a nível de pós-graduação (especializa-
ção, mestrado, etc. para bibliotecários), eo com modificações do sistema de ensino.
Um outro fator que poderá justificar esse maior número de iniciativas dos anos 70, é a
característica imitacionista de países em desenvolvimento, uma vez que no final da
década de 60 e início da de 70, verificou-se uma escalada na área de educação de
usuários nos países desenvolvidos (11).
4.2 O fato de que os cursos independentes sejam principalmente orientados para
os estudantes de pós-graduação (71,42%), pode evidenciar que os mesmos surgiram pela
pressão dos interessados que, pela primeira vez, sentiram necessidade de utilizar a
biblioteca, ou por um acompanhamento da tendência elitista dos serviços de informa-
ção brasileiros (17). A alta percentagem de cursos disponíveis para professores/pesqui-
sadores (42,85% cursos independentes) testemunha, também, a carência deste grupo.
4.3 Considerando que os cursos independentes procuram atingir, indistintamente,
mais de um nível de alunos (graduação, pós-graduação e professores/pesquisadores)
resulta, obviamente, que os ensinamentoso estão satisfazendo a comunidade uni-
versitária. Uma vez que cada grupo em questão apresenta necessidades diferentes, o
conteúdo programático deveria ser diferente. Isto evidencia o desconhecimento das ca
racterísticas específicas dos diversos grupos que formam a comunidade acadêmica, e
também um dedicação insuficiente ao problema da identificação de objetivos de pro-
gramas educacionais. É provável que o estudante de graduação dispense longas explana-
ções sobre os serviços de recuperação automática da informação existentes no País,
enquanto para o estudante de pós-graduação, este tema poderia ser de grande interes-
se.
4.4 Considerando que 71,42% das bibliotecas desenvolvem cursos, integrados
ou não, contam apenas com o pessoal bibliotecário para ministrá-los, caberia apontar a
necessidade de que as escolas de biblioteconomia ofereçam subsídios aos seus estudan-
tes para desenvolver mais esta atividade. Dificilmente o bibliotecário universitário que
o freqüentou cursos a nível de pós-graduação, de didática ou de metodologia do
ensino, poderá dispor de bagagem informacional para planejar um curso adequado aos
seus usuários.
4.5 Recursos financeiros insuficientes, falta de horários adequados e indiferen-
ça do corpo docenteo reconhecidos, no plano internacional, como os principais em-
pecilhos para a ampliação do número de programas de educação de usuários. Esses
três pontos também foram apresentados como pontos de estrangulamento pelos bíblio
tecários brasileiros, porémo houve consenso no sentido de serem acatados como
problemas principais. Ao contrário, observa-se com referência às razões e problemas
identificados pelos bibliotecários, tanto para a criação de cursos como para cursos já
oferecidos, uma falta de unanimidade considerável.
A falta de unanimidade e a coiocação em segundo lugar do aspecto "desin-
teresse dos alunos" como problema encontrado nos cursos oferecidos, e do aspecto
"biblioteca em organização" corno razão para oo oferecimento de cursos, pode evi-
denciar, entre outros, que a análise da problemática é feita de fora para dentro. Em
outras palavras, poucos foram capazes de uma autocrítica preferindo encontrar as
razões da falta ou da inadequação dos programas de educação em elementos estranhos
ao universo bibliotecário. Assim, segundo os bibliotecários, as bibliotecaso locais
onde os usuários satisfazem suas necessidades de informação (isto é a imagem que o
usuário tem da biblioteca é positiva); os cursos correspondem às necessidades e anseios
do usuário etc. Aparentemente, segundo a percepção dos bibliotecários, estes se desdo-
bram pelo usuário que corresponde no nível desejável. Stevenson (16) analisa o proble-
ma de um outro ângulo ao comentar que esta visão bibliotecária" reflete na atmosfera
criada durante a orientação (ao usuário) na qual bibliotecários perdem muito tempo e
esforço destrinchando problemas que eles mesmos criaram: seus mistérios profissionais.
Este tempo e esforço poderiam ser melhor utilizados tornando bibliotecas mais fáceis
de usar e compreender" (16).
Os resultados deixam também inferir a existência de uma distorção na
enumeração das prioridades de uma biblioteca universitária, provavelmente como um
reflexo da formação profissional que privilegia a face técnica da biblioteconomia rele-
gando, a um segundo plano, a interface usuário/biblioteca. Torna-se perceptível,
também, o desengajamento da biblioteca universitária do sistema educacional no qual
está inserida. A biblioteca como coração ou espinha dorsal da universidade é uma
visão exclusiva dos bibliotecárioso compartilhada, em geral, pela comunidade acadê-
mica como um todo. Essa desvinculação do sistema educacional por si só já é negativa,
mas o fato de que apenas uma parcela dos bibliotecários percebe esse problema, e de
forma fraccionada (ver item 3.1.6 e 3.1.7), terna mais longínqua uma mudança ou
solução para a intensificação do uso da biblioteca como um meio educacional.
4.6 Segundo dados de Ferreira (5), 83,5% das bibliotecas universitáriasm
insuficiência de pessoal. Este fato foi identificado na pesquisa: 16,66% das bibliotecas
que oferecem cursos apontaram em 69 a falta de professores corno problema para o
desenvolvimento da atividade, e 51,66% entre 60 que informaram as razões por que
o oferecem cursos, declaram falta de pessoal especializado. Cabe destacar que este
item ocupa o primeiro lugar na lista de razões. Esta percepção de falta de especializa-
ção pode ser considerada como positiva se for analisada como um reconhecimento das
deficiências da formação bibliotecária, porém, se analisada sob o aspecto de desengaja-
mento do sistema educacional, torna-se uma consideração negativa. A formação profis-
sional, na maioria dos casos, foi deficiente, mas fica novamente patente o isolamento
da biblioteca universitária do sistema educacional, pois, no caso de falta de especializa-
ção, o entrosamento, ou a elaboração conjunta de programas de educação de usuários
com o departamento ou centro de educação, seria uma solução perfeitamente viável.
Argumentos do tipo "falta de apoio institucional" ou "desinteresse dos professores"
o justificam a falta de pessoal especializado, particularmente após a Reforma Univer-
sitária.
4.7 Com referência aos problemas identificados pelo pessoal bibliotecário, nos
cursos oferecidos, a maior concentração (28,57%) coincidiu no ponto referente à
falta de recursos financeiros, o qualo se justifica, pois foi verificado que, apenas,
14,28% apontaram o item correlato, a falta de material didático.o há dúvida de
que as bibliotecas universitárias carecem de recursos financeiros adequados, no entan-
to, a carência de recursos como justificativa pelao realização de programas de edu-
cação de usuários oculta, na realidade, a inversão de prioridades no planejamento das
atividades de uma biblioteca. Geralmente, alocam-se primeiro verbas para pessoal de
processos técnicos e para acervo, depois, se ainda houver verbas, cogita-se na aplica-
ção de recursos para bibliotecários de referência e/ou programas de educação de
usuários.
O segundo problema prioritário foi o desinteresse dos alunos, que pode ser
explicado:
a) pela inadequação dos programas, uma vez que esteso raramente precedi-
dos de um estudo para determinar as necessidades de formação de usuários e, poucas
vezes avaliados para possíveis remodelações dos programas;
b) pelo fato de um mesmo curso, em vários casos, ser dirigido indistintamente
a grupos heterogêneos de usuários (graduação, pós-graduação, professores);
c) principalmente pelo item apontado por apenas um dos respondentes "os
professoreso estimulam os alunos", decorrência do sistema de ensino vigente no
Brasil.
4.8 A diversidade de respostas que 60 bibliotecas oferecem sobre as razões por
queom cursos, e que 42 bibliotecas oferecem sobre os problemas encontrados,
reforça a idéia de que a problemática do sistema de ensinoo é plenamente avaliada.
Tudo indica que uma das razões fundamentais pela falta de interesse, por parte do cor-
po discente e docente, no uso da biblioteca, é o sistema de ensino queo estimula a
independência e a criatividade do educando (sendo um bom exemplo os próprios cur-
sos de biblioteconomia). Este fatoo surpreende visto queo há interesse em
formar "indivíduos com uma responsabilidade social que questionem e critique o sis-
tema vigente". (7) Uma comunidade estudantil pressionada na utilização da informa-
ção teria, de fato, reagido com pressões geradoras de soluções.
4.9 As palestras e as visitas orientadas alcançaram maior popularidade que os cur-
sos, obviamente, poro necessitar de uma infra-estrutura sofisticada. Essa popularida-
de demonstra também um desconhecimento da literatura especializada que apresenta
várias críticas quanto a esses tipos de orientação ao usuário (6,11). Apesar das críticas,
toda iniciativa deve ser louvada, pois demonstra um reconhecimento, mesmo que par-
cial, do problema e, portanto, é entristecedor que nem 50% das bibliotecas realizem
essas atividades.
As causas deo desenvolverem programas de palestras e/ou visitas orientadas
oo muito claras. Tratar-se-ia apenas de um problema de desinteresse do próprio
pessoal bibliotecário mais voltado, pela sua formação, aos processos técnicos.
4.10 A informação oral personalizada foi a modalidade mais freqüente entre todas
as formas de treinamento coincidindo, também, com o fato de ser a mais passiva. O
bibliotecário, em lugar de "vender seu produto", prefere esperar a freguesia. Trata-se,
na verdade, de um problema de filosofia da biblioteconomia, pois a divulgação, o "mo-
vimento para fora" das bibliotecas,o deveria ser visto apenas dentro do contexto de
um programa de atividades. Taylor, citado por Stevenson (16), sugere que a biblioteca
o seja vista como um local, mas como um processo, onde a armazenagem de docu-
mentos é uma fase do processo, e, mais ainda, que bibliotecários passem tanto tempo
fora da biblioteca quanto dentro dela, por ser a biblioteca uma forma importante de
comunicação. É nesse sentido que o movimento para fora deixa de ser meramente uma
atividade, para fazer parte da filosofia da biblioteconomia. Além deste problema, veri-
fica-se que, das 109 bibliotecas, 46m bibliotecário de referência em tempo integral,
e 21, em tempo parcial. Eqüivale dizer que, em 42 bibliotecas, i.e. 38,53%, as orienta-
çõeso oferecidas por pessoalo especializado na função.
4.11 As apostilas, utilizadas por mais de 50% das bibliotecas nos seus treinamentos
formais e informais, deveriam ser, justamente, o material didático menos empregado
para atingir usuários que os próprios bibliotecários caracterizam como "desinteressados
e sem hábitos de leitura". Esta preferência por apostilas pode refletir as deficiência na
formação profissional do bibliotecário que prepara essencialmente técnicos em proces-
samento da informação eo educadores de usuários ou especialistas em referência.
Daí decorre o desconhecimento dos métodos didáticos alternativos e do processo de
aprendizado pois já é consenso que o aprendizado de técnicas (no caso do usuário
técnicas de recuperação e registro da informação) obtém mais sucesso se realizado de
forma prática (6). O que significa dizer que um estudante apreenderá mais consistente-
mente estas técnicas se o aprendizado for efetuado com base em uma situação reai,
p.ex.. um trabalho solicitado por um professor que envolva busca de informações. Este
método didático traz consigo uma grande vantagem, a necessidade de cooperação do
corpo docente, e, desta forma, auxiliar na utilização da biblioteca como um meio edu
cacional
4.12 A baixa percentagem de cursos avaliados pelos próprios participantes
(35,71%) evidencia que quase 65% dos cursoso foram revisados ou modificados. A
falta de uma retroalimentação adequadao permite ajustes coerentes, e traduz a difi-
culdade de aumentar o grau de interesse e satisfação dos participantes.
Os poucos programas que realizaram alguma forma de avaliação (de acordo
com modelos recebidos em anexo ao questionário)o se preocuparam em avaliar se
os objetivos do programa foram alcançados. (Aliás, nem todos os programas se preocu-
param em estabelecer objetivos, componentes indispensáveis do processo de avaliação).
Os modelos de avaliação recebidos referem-se ao funcionamento do programa com
perguntas, tais como: o curso foi relevante para você? O material didático distribuído
foi suficiente?
0 número reduzido de instituições que realizaram avaliações e o tipo de
avaliação mais freqüentemente utilizado deixam supor que o planejamento de um pro-
grama de educação de usuárioso é efetuado no seu todo, uma vez que avaliação faz
parte do planejamento de um programa educacional. Essa lacuna pode ser atribuída,
novamente, às deficiências da formação profissional e ao desconhecimento do que
abrange o processo educacional.
É importante ressaltar que a avaliação de programas de educação de usuários é
uma espinhosa (6,8,12), pois, até hoje,o foi possível provar a eficiência dos progra-
mas, |á que aindao se sabe se "o conhecimento sobre bibliotecas e a aptidão em
usá-las fazem alguma diferença para alguém - para alguém exceto bibliotecários. (3)
4.13 0 oroblema acima mencionado se agrava quando se torna conhecido que os
cursoso elaborados baseados em pressupostos, como o que bibliotecário pensa ser
necessário ou de interesse para o usuário. 0 fato de, apenas, 19,84% das bibliotecas
conhecerem seus usuários demonstra que os esforços realizados até agora pouco contri-
buíram para o alcance das metas. Muitos formulários tiveram, em anexo a este item,
a informação de que desconheciam as técnicas para realizar um estudo de usuários.
Novamente o fator "formação" do pessoal bibliotecário, nos seus moldes atuais, é
motivado de crítica. Certamente, apenas aqueles que freqüentaram cursos de pós-
graduação, de especialização ou que acumularam grande experiência profissional, tive-
ram oportunidade de se familiarizar com estas técnicas.
4.14 Segundo dados dos próprios informantes, as diversas modalidades de treina
mento (formal e informal) teriam atingido 48,15% dos alunos de graduação. Os dados
fornecidos, por se tratar de estimativas, parecem ser quantitativamente mais altos que
os dados reais, pela tendência natural que existe de aumentar cifras quando estaso
estimadas. Outra interpretação possível seria a de que a mesma pessoa seja computada
no treinamento formal e no informal, podendo, uma mesma pessoa, ser relacionada
para fins estatísticos, várias vezes. Embora esta ressalva seja válida, sabendo-se que as
universidades abrigam hoje um contingente de 1.500.000 estudantes, caberia pergun-
tar.
Que acontece com os 777.750 restantes?
Que acontece com 45,13% dos estudantes de pós-graduação queo foram
treinados no primeiro, no segundo e nem no terceiro grau?
Que acontece com 71,72% de pesquisadores/professores que nunca foram in
formados sobre como utilizai a informação
7
4.15 As cartas anexadas aos questionários, assim como informações adicionais inse
ridas nos mesmos, evidenciaram uma atitude "defensiva'' dos bibliotecáiios para justifi
car a situação. Esta atitude, porém,o esteve seguida de um processo analítico e deci
sório. Poucas vezes a justificativa foi acompanhada de soluções, ou ainda, de uma aná
lise mais profunda da problemática.
5. CONCLUSÕES
0 programa atual de formação de bibiiotecároso fornece subsídios
para olanejar e desenvolver estudos e educação de usuários.
«
O estudo de comunidades de usuárioso constitui, embota devesse
constituir uma base para o planejamento de serviços e de educação de usuários
A insuficiência de pessoal, somada ao fato de que anualmente aumenta
o contingente de usuários ootenciais queo recebem treinamento e nem adquiriram
hábitos de leitura nos degraus acadêmicos anteriores, dificulta a atuação dos bibliotecá-
rios junto aos usuários.
A insuficiência citada provoca, também, situações nas quais os usuários
n
ãoo informados ou orientados por pessoal especializado
Os bibliotecáriosm adotado uma atitude passiva frente à informação,
o que os marginaliza do processo decisório.
estrutura do ensino universitárioo favorece o desenvolvimento dos
programas bibliotecários nem estimula a utilização dos recursos informacionais.
Tanto bibliotecários como a comunidade acadêmica conceitualizam, na
prática, a biblioteca universitária como um elemento passivo de apoio eo como um
componente ativo e integrante do processo educacional.
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RELATÓRIO DO GRUPO DE TRABALHO
ESTUDO DA INTERFACE USUÁRIO/SISTEMA DE INFORMAÇÃO
Paulo Torm Caldeira
INTRODUÇÃO
O objetivo do presente Grupo de Trabalho (GT) é analisar a interface
Usuário/Sistema de Informação com a finalidade de descrevê-la em função de seus ele-
mentos de interação, caracterizando-os, isoladamente.
Como elementos de interação foram identificados:
1. a capacidade (própria) do usuário na utilização do sistema;
2. a capacidade (própria) do bibliotecário no atendimento das necessida-
des do usuário:
2.1 treinando diretamente o usuário para o uso das facilidades in-
formacionais do sistema e de seus serviços;
2.2 preparando material informativo que indique ao usuário a orga-
nização física e de conteúdo da informação armazenada no seu
sistema, além dos serviços disponíveis.
No caso particular deste Seminário, as atenções se voltam principalmente
a bibliotecas universitárias, o que delimita o problema. O GT valeu-se do Documento-
base "Educação de Usuários em Bibliotecas Universitárias" que enfocou apenas a atua
ção do bibliotecário quanto ao treinamento de usuários, através do qual se pretendeu
ter uma visão da atuação do bibliotecário na interface Usuário/Sistema de Informação
O documento-baseo apresentou nenhuma análise do comportamento do usuário
quanto à sua atuação frente à mesma interface.
Por estas razões a análise do tema "Interface Usuário/Sistema de Informa-
ção" foi feita de maneira bastante unilateral, enfocando, principalmente, o bibliotecá-
rio da biblioteca universitária. No entanto, o GT examinou também a atuação do usuá-
rio através de depoimentos dos bibliotecários presentes aos trabalhos de grupo.
ANÁLISE/DISCUSSÃO DO DOCUMENTO-BASE
O documento-base visava a um conhecimento da interação Usuário/Siste-
ma de informação através de programas de treinamento de usuário desenvolvidos pelas
bibliotecas. Desse documento o GT destacou dois elementos fundamentais para a aná-
lise: a série de perguntas e algumas das respostas obtidas.
1. as perguntas se referiam essencialmente a se era ouo feito algum
programa de "treinamento de usuário", formal ou informal; a que
público era dirigido; quem o elaborava; se era precedido de algum estudo
sobre o usuário ao qual se dirigia; os problemas encontrados na minis-
tração do curso. Aos queo desenvolviam nenhuma atividade desse
tipo, indagava-se a razão.
2. As respostas, cerca de 40% dos questionários enviados, podem ser resu-
midas em:
2.1 Os cursos estão sendo montados a partir da "visão" do bibliotecá-
rio quanto às necessidades do usuário, vez queo foi feito
nenhum estudo prévio dos usuários;
2.2 Dentre as razões apresentadas parao haver programas de trei-
namento de usuário e também dentre os "problemas" encontra-
dos nos cursos, cabe destacar alguns: falta de recursos financeiros,
falta de material didático, de local apropriado, "desinteresse do
aluno", atendimento a outras prioridades.
Com base nesses elementos e depois de longa discussão. O GT considerou
que as respostas refletiam um bibliotecário com conhecimento deficiente do seu papel,
carecendo dos elementos básicos de formação necessários.
O GT procurou, então, discutir as causas determinantes de tal posiciona-
mento, apontando que, fundamentalmente, esse decorria de dois fatores:
1. formação profissional deficiente queo fornece aos bibliotecários os
conhecimentos necessários para um desempenho satisfatório da totali-
dade das funções que se espera que ele venha a desempenhar;
2. de um sentimento de menor valia quanto ao seu papel na sociedade,
conseqüência da escala de valores dessa sociedade a qualo atribui
prioridade a atividades culturais nas quais se incluem as da Biblioteca.
No caso particular das bibliotecas universitárias, somam-se a esses fatores a
indefinição do próprio papel da Biblioteca Universitária como instrumento do sistema
educacional e ainda sua posição na estrututura administrativa da universidade.
Desses valores resultaria a postura DEPENDENTE assumida pelo bibliote-
cário face a problemas que ele tem que enfrentar como mediador entre o usuário e o
sistema de informação.
O GT considerou que todos os esforços devem ser desenvolvidos no
sentido de inverter essa situação, modificando as condições do bibliotecário, tanto no
que diz respeito à sua formação, quanto à sua atitude para com problemas que ele
enfrenta no seu desempenho profissional.
CONCLUSÕES
O GT, considerando que:
1. O tema "Interface Usuário/Sistema de Informação" é de fundamental
importância para os problemas de informação no Brasil;
2. que o tempo disponível para discussão desse tema por um grupo de tra-
balho, dentro de um seminário como o SNBU, é bastante limitado;
3. que o documento-base preparado para o GT abordou apenas um aspec-
to do problema "Interface Usuário/Sistema de Informação", concluiu
pela necessidade de outras oportunidades e ações que contemplem estu-
dos mais aprofundados sobre o assunto.
Ainda como resultado dos trabalhos desenvolvidos na presente oportunida-
de, o GT apontou:
com fatores próximos determinantes das dificuldades encontradas na
Interface Usuário/Sistema de informação nas bibliotecas universitárias,
de um lado, o despreparo profissional do bibliotecário e, do outro lado,
o despreparo do usuário (alunato e professorado), quanto ao uso de
material informacional para educação;
como fatores remotos:
a) a história cultural do país que jamais contemplou o uso de material
informacional como fundamental no seu sistema educativo. As
bibliotecas, criadas recentemente na história do país,m sido manti-
das como entidades dissociadas do ensino mesmo após a Reforma Uni-
versitária;
b) a estrutura social que, reflexo das condições de desenvolvimento do
país,o valoriza atividades de cunho cultural, voltando-se primor-
dialmente para aquelas da área econômica.
O GT, consciente de que mudanças fundamentais só ocorrerão a longo
prazo e serão decorrentes de modificações sócio-econômicas profundas, julga que algu-
mas modificações poderão ser atingidas a curto e médio prazos se algumas ações pude-
rem ser implementadas nas áreas influentes na formação tanto do bibliotecário, quan-
to do alunato/professorado.
Para tanto apresenta a seguir uma lista de recomendações e faz uma suges-
o específica.
RECOMENDAÇÕES
Formação/Atualização Profissional
endossar os estudos que estão sendo desenvolvidos sobre a reformulação do
currículo das Escolas de Biblioteconomia, recomendando uma ênfase especial
na área de educação de usuários, nos cursos de graduação;
sugerir que os cursos de mestrado em biblioteconomia estimulem seus alunos
a elaborar pesquisas sobre temas relacionados à interface usuário/sistema de
informação;
propor a elaboração e distribuição gratuita de manual metodológico sobre
estudo de usuários de bibliotecas universitárias brasileiras, acompanhado de
bibliografia especializada indicando a localização dos itens disponíveis em
bibliotecas do país;
promover cursos de aperfeiçoamento ou especialização na área de treinamen-
to de usuários, fundamentados em estudo de usuários;
desenvolver programas de educação continuada buscando uma transformação
da postura e conscientização da necessidade de cooperação bibliotecários/
professores universitários nos cursos destinados ao treinamento de usuários.
II - Apoio Institucional
recomendar ao Conselho Federal de Educação que concite centros, faculdades
e departamento de educação das universidades a promoverem a interação Bi-
blioteca/Educação visando ao uso da biblioteca como parte integrante do
processo de Ensino/Aprendizagem;
solicitar o apoio dos órgãos competentes para o desenvolvimento de estudos
de base que atuem como suporte para resoluções de problemas mais abrar-
gentes ligados a interface usuário/sistema de informação e para a criação de
um grupo de trabalho permanente sobre o assunto.
SUGESTÃO
Aos organizadores do próximo Seminário Nacional de Bibliotecas Univer-
sitárias sugerimos que seu tema central seja EDUCAÇÃO E ESTUDOS DE USUÁ
RIOS.
COMPONENTES DO GRUPO DE TRABALHO:
ESTUDO DA INTERFACE USUÁRIO/SISTEMA DE INFORMAÇÃO
Coordenador: Delia Valerio Ferreira
Centro Latino Americano de Física
Av. Wenceslau Braz, 71 fundos
22.290 - Rio de Janeiro - RJ
Redator: Paulo da Terra Caldeira
Escola de Biblioteconomia da UFMG
Caixa Postal 1906
30.000 - Belo Horizonte - MG
Comissão de redação:
Judith R. Schleyer
UFPB-C.C.S.A.
Departamento de Biblioteconomia e Documentação
Campus Universitário
50.000 - João Pessoa - PB
Rosali Pacheco Fernandez
Setor de Documentação e Informação
Centro Latino Americano de Física
Av. Wenceslau Braz, 71 fundos
22.290 - Rio de Janeiro - RJ
Tânia Rodrigues Mendes
Escola de Administração de Empresas deo Paulo
Fundação Getúlio Vargas Biblioteca
Av. 9 de julho 2020 - Bela Vista
01.313-São Paulo-SP
Terezine Arantes Ferraz
IPEN Divisão de Informação & Documentação Científica
Caixa Postal 11049 - Pinheiros
01.000-São Paulo-SP
Demais participantes:
Consuelo Lisboa Ferreira Lima
Universidade do Maranhão
Rua 13 de maio 506
65.000 -o Luiz - MA
Eunice de Faria Lopes
UFMG Escola de Veterinária Biblioteca
Caixa Postal 567
30.000 - Belo Horizonte - MG
Fernanda I. Piochi
Biblioteca Conjunto das Químicas USP
Caixa Postal 30786
o Paulo - SP
Gilda Maria Braga
IBICT
Av. General Argolo 90
o Cristóvão
Rio de Janeiro - RJ
Helena Mattos de Carvalho Mendes
Biblioteca Central da Universidade Federal do Ceará
Caixa Postal 153 D
60.000 - Fortaleza - Ceará
Maria Izabel Santoro Brunetti
UNESP - Instituto de Química
Campus Araraquara
Caixa Postal 174
14.800- Araraquara -SP
Milton A. Nocetti
DID-EMBRAPA
Caixa Postal 1316
70.000- Brasília- DF
Neusa Dias de Macedo
Escola de Comunicações e Artes USP
Rua Peixoto Gomide 1914 Apt., 15
01.409-São Paulo-SP
Ruth Moura Arruda
Universidade do Amazonas
Instituto de Ciências Humanas e Letras
Departamento de Biblioteconomia
Rua Emílio Moreira 601
69.000- Manaus-AM
Ruth Versiani Tavares
Escola de Biblioteconomia UFMG
Caixa Postal 1906
30.000 - Belo Horizonte - MG
Ubaldino Dantas Machado
EMBRAPA- DID
Caixa Postal 1316
70.000 - Brasília - DF
TENDÊNCIAS ATUAIS DO PROCESSAMENTO TÉCNICO
EM BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS
1
*
Cordélia R. Cavalcanti
Professor Titular
Universidade de Brasília
Análise das respostas a 271 questionários sobre
o processamento técnico em bibliotecas universitá-
rias brasileiras. Problemas emergentes. Problemas
aparentemente solucionados. Catalogação, classifi-
cação, catálogos, pessoal técnico e pessoal auxiliar.
1. INTRODUÇÃO
A evolução das ciências, das técnicas e das tecnologias nos últimos 50 anos
superou o conjunto significativo de inovações que recebemos do passado.
E as bibliotecas universitárias como se posicionam face ao problema da in-
formação imprescindível ao desenvolvimento científico e tecnológico?
Selecionando e adquirindo documentos de acordo com um planejamento
adequado? Dinamizando os processos técnicos? Dando ao usuário a informação que ele
deseja, quando a deseja e como a deseja?
A realidade é bem outra:
o há aquisição planificada,
o há processos técnicos dinamizados,
o há atendimento adequado ao usuário;
as exceções existentes confirmam a verdade destas afirmações.
O processamento técnico, como entendido neste Documento Básico, refere-se à
catalogação, à classificação e à preparação de catálogos. Seleção e aquisição são
objetos de dois estudos separados.
* Documento básico apresentado ao grupo de trabalho sobre Processos Técnicos.
Nossas bibliotecas universitárias ainda estâo na idade do carro Ford,
modelo T a datilografia para a duplicação de fichas enquanto no horizonte já se
desenham etapas do duelo entre as tradicionais fichas de 7,5 x 12,5 cm (3x5") e seus
concorrentes, os tubos de raios catódicos (ou terminais vídeo), os relatórios emitidos
pelo computador, as microformas.
As palavras acimao devem ser entendidas como uma crítica às bibliote-
cas ou àqueles que nelas trabalham: o exame das respostas contidas no Questionário re-
lativo aos Processos Técnicos em Bibliotecas Universitárias Brasileiras, forneceu ele-
mentos que levaram à conclusão da existência de uma séria defasagem entre tipos di-
versos de bibliotecas universitárias, conforme estejam situadas em capitais, em grandes
cidades ou em pequenas cidades do interior. Há exceções, e várias.
o parece ter havido uma evolução marcante no processo técnico
denominado "catalogação". Houve, porém, evolução do nome: descrição bibliográfica,
representação bibliográfica. Da mesma forma, o termo "classificação", na literatura es-
pecífica, vem sendo às vezes substituído pela expressão "representação temática".
Mudam os nomes. Mudarão também as pessoas? Mudarão as técnicas?
O que se vê ainda hoje, como se via há 25 anos, é a tentativa de transfor-
mação de um processo simples a catalogação em um complicado mito: o mito de
uma pseudo-ciência que nada mais é do que uma técnica para representar e recuperar
informações bibliográficas.
A função do catálogo é a de comunicar aos usuários, de modo simples e
direto, o que existe na biblioteca e sobre o que.o é a de servir como fonte de infor-
mação para o bibliógrafo do futuro.o é a de substituir o exame do documento pelo
usuário.
Como instrumento de comunicação, o catálogo deve se basear em hábitos
existentes, que variam de acordo com a especialidade do usuário: aos pesquisadores
científicos interessa particularmente a data de publicação de uma determinada edição,
enquanto ao erudito interessa o autor, por exemplo.
o se deve confundir o catalogador com o pesquisador, nem com o
bibliógrafo.
A pesquisa científica tem por finalidade trazer à tona um conhecimento
novo, ou até mesmo um conhecimento esquecido. A bibliografia, segundo Zoltowski,
tem por objetivo "recensear o mundo dos livros na sua totalidade, tal como a demogra-
fia procede com o recenseamento da população" (V. Zoltowski, Le cycle de Ia creation
intellectuelle et artistique. L'Année Sociologique, 1952, p. 163-206):
Enquanto o pesquisador pode dedicar horas, dias, meses e anos às cogita-
ções, e o bibliógrafo pode se dedicar às buscas infindas, relativas a "seu" autor, ou a
"seu" tema, o bibliotecário, responsável pelos processos técnicos, tem obrigação de
colocar os documentos aos alcance do usuário, no menor espaço de tempo.
O catálogo é um instrumento de busca e de encontro eo um repertório
bibliográfico.
Enquanto os processos técnicos permanecerem sob a sedução de esquemas
que brotam, florescem e até fenecem com certas plantas, os problemas de atraso e de
atualização das informações bibliográficas através dos catálogos, tambémo permane-
cer.
Enquanto a classificação dos documentos especializados permenacer sob a
responsabilidade em grande número de casos de meros curiosos da matéria, que
m boa vontade e até mesmo conhecimentos outros, maso os requeridos pelo
assunto, tambémo permanecer e aumentar,o só as classificações extravagantes e
esquisitas, mas também as longas temporadas nas prateleiras das salas de trabalho.
Enquanto a análise temática ou classificação se basear única e exclusi-
vamente no conhecimento perfeito das tabelas de classificação, o pessoal que trabalha
nos processos técnicos vai continuar com o mesmo problema, ou seja, desconhecimen-
to dos assuntos.
Enquanto todos os administradoreso se compenetrarem da importância
da biblioteca universitária eo lhe derem o apoio que merecem,o permanecer os
problemas das bibliotecas queo possuem livros, nem a infra-estrutura mínima indis-
pensável a seu funcionamento;o permanecer bibliotecas universitárias que utilizam
caixas de sapato como "fichários".
Esta rápida pincelada pode parecer pessimista, maso é. Os exemplos
citados representam extremos de informações colhidos,o só em dados compilados
recentemente, mas sobretudo em conversas informais, em visitas, numa longa expe-
riência didática e de trabalho.
Há inúmeros pontos positivos nos setores do processamento:
há bibliotecários dedicados à solução dos problemas decorrentes dos
esquemas sofisticados;
há bibliotecários especialistas em assuntos os mais diversos;
há bibliotecários que questionam, estudam e aprofundam seus conhe-
cimentos das técnicas de classificação e, ao mesmo tempo, procuram
conhecer mais sobre as áreas específicas que devem classificar;
há administradores que conhecem e reconhecem a importância da
biblioteca universitária.
Um ponto aparece com bastante claridade depois da análise das respostas
contidas no questionário sobre processos técnicos em bibliotecas universitárias brasilei-
ras:o foi identificada, no conjunto das 271 respostas, uma tendência que fugisse aos
padrões já estabelecidos.
Uma pergunta porém se impõe: as coisas permanecem como estão porque
as bibliotecas e os bibliotecários se acomodaram na conhecida lei do menor esforço?
Ou permanecem como estão porque os administradoreso fornecem os meios neces-
sários ao exame, diagnóstico e solução dos problemas?
Impõe-se, também, um outro tema para reflexão pelo Grupo de Trabalho
que vai estudar os processos técnicos: nas condições atuais, as bibliotecas universitárias,
em sua grande maioria, podem ser consideradas como universitárias (ou acadêmicas) no
sentido mais rigoroso da palavra? Até que ponto essas bibliotecaso ao encontro das
necessidades de seus usuários alunos, professores, pesquisadores, funcionários? Até
que ponto a disponibilidade dos documentos necessários engloba,o somente a
seleção e a aquisição, mas sobretudo a rapidez em colocá-los ao alcance do usuário?
Até que ponto os profissionais mais qualificados estão engajados em tarefas rotineiras
e repetitivas? Até que ponto estão esses mesmos bibliotecários engajados na cataloga-
ção, na classificação e na elaboração dos catálogos essenciais aos usuários? Até que
ponto estão eles engajados no atendimento aos usuários?
o perguntas para debate.
2. ANÁLISE DAS RESPOSTAS DOS QUESTIONÁRIOS
2.1 Este informe abrange apenas 271 bibliotecas universitárias: do total de 280
questionário que foram respondidos e devolvidos, 9 (nove)o foram analisados por
o conterem dados válidos.
2.1.1 O Guia de biblitoecas universitárias brasileiras, editado pela CAPES
(Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) em 1979, relaciona
487 (quatrocentos e oitenta e sete) bibliotecas.
2.1.2 Portanto, a "Pesquisa sobre processos técnicos em bibliotecas universi-
tárias brasileiras" vai levar em consideração um pouco mais do que a metade das refe-
ridas bibliotecas.
Norte
Nordeste
Sudeste
Sul
Centro-Oeste
Subtotal
Sem indicação de local
Total Geral
Questionário
4
59
134
37
7
241
30
271
2.1.3 Pode-se afirmar, entretanto, que esta amostragem é suficiente para indi-
car padrões já estabelecidos e para indicar alguns dos problemas que as afligem.
2.1.4 Nos 271 questionários, as regiões geográficas estão assim representadas
e aqui confrontadas com as informações do Guia: (cf Quadro 1)
Guia
15
127
235
92
18
487
2.1.5 Observe-se de imediato que os totais obtidos em cada item, quando so-
mados, nem sempre atingem o número total de 271 aliás poucos o atingiram
porque várias bibliotecaso os assinalaram, enquanto que, em outros casos, aquele
número foi excedido, por terem sido indicadas, por uma só biblioteca, mais de uma das
respostas.
2.1.6 Dos 17 itens do questionário e respectivas subdivisões alguns
deixarão de ser analisados porque várias bibliotecaso os assinalaram.
2.1.7 A análise foi iniciada pelo item 4, Sistema de Classificação (Quadro
2).
2.1.8 A Classificação Decimal Universal é a mais utilizada nas bibliotecas
universitárias (147), sendo que a preferência recai na edição média (70 bibliotecas).
2.1.9 A Classificação Decimal de Melvil Dewey é aplicada em 137 biblio-
tecas, destacando-se a 18
a
edição, usada em 85 bibliotecas. Algumas, porém, já utili-
zam a 19
a
edição (cf. Quadro 2).
2.1.10 Entre as classificações especializadas foram citadas:
Black, para odontologia 5 bibliotecas
Doris de Queiroz Carvalho (direito) 4 bibliotecas
National Library of Medicine (USA) 4 bibliotecas
American Mathematical Society 2 bibliotecas
Oceanografia 2 bibliotecas
2.1.10.1 Foram mencionadas também, uma vez cada, as classifica-
ções especializadas de enfermagem e de veterinária (cf Quadro 2).
2.1.10.2 Uma biblioteca informou que utiliza a localização fixa.
2.1.11 Alguns pontos devem ser salientados:
2.1.11.1 várias bibliotecas usuárias da CDU assinalaram as três
edições: abreviada, média e desenvolvida;
2.1.11.2 várias bibliotecas utilizam duas edições da CDD, principal-
mente 17. e 18., ou 18. e 19.;
2.1.11.3 várias bibliotecaso assinalaram nem a CDU, nem a CDD,
nem outros sistemas.
2.2 Catalogação adotada (Quadro 3)
2.2.1 Neste setor, a preferência se fixou no Código de catalogação anglo-ame-
ricano, edição de 1967, traduzida e adaptada por A.L.C. Vicentini, com a colaboração
de Astério Campos (Brasília, Edição dos Tradutores, 1969), que é adotado por 166
bibliotecas.
2.2.2 A catalogação simplificada é adotada por 101 bibliotecas e o processo
de simplificação foi também indicado conjuntamente com a tradução da edição do
CCAA-1967 em vários casos.
2.2.3 Outro aspecto digno de nota, é o fato de 75 bibliotecas efetuarem alte-
rações "adaptações na catalogação escolhida (cf Quadro 3).
2.2.4 Foram assinaladas, também, as seguintes regras:
- Anglo American cataloging rules, 1967 14
- Normas para catalogação de impressos (Vaticana) 10
- Anglo-American cataloging rules, 1978 '. 5
2.2.5 Algumas bibliotecas informaram utilizar normas próprias.
2.2.6 A ISBD (International Standard Bibliographic Description) está sendo
aplicada em 16 bibliotecas, sendo 10 no Sudeste, 1, no Sul e 5 em bibliotecas cuja
localizaçãoo fora indicada (cf Quadro 3).
2.2.7 Com referência aos processos técnicos, deve-se notar que, onde há
biblioteca central e bibliotecas setoriais, a aquisição por compra é processada na bi-
blioteca central, na maioria dos casos. As doações ficam sob a responsabilidade das se-
toriais.
2.2.8 Convém ressaltar que uma das bibliotecas adota o método "Fast Cat"
para dinamização do processamento técnico.
2.3 Pesquisa para identificação de autoria e/ou nome correto do autor (Quadro 4)
2.3.1 observamos neste item que 104 bibliotecas nunca fazem pesquisa, en-
quanto 83 as realizam às vezes e 58, sempre.
2.3.2 As fontes para pesquisa citadas foram:
- catálogo coletivo da biblioteca central,
- catálogo da biblioteca,
National Union Catalog (LC) (8 bibliotecas),
- Boletim Bibliográfico da Biblioteca Nacional
- dicionários biográficos,
- enciclopédias.
2.4 Reprodução/desdobramento de fichas (Quadro 5 e 6)
2.4.1 Neste item, identifica-se, imediatamente, um dos problemas que aguar-
dam solução.
2.4.2 Das 271 bibliotecas, 197 utilizam a datilografia para o desdobramento
de suas fichas e como a média de fichas por documento catalogado é de 6,01, podemos
avaliar o tempo empregado nesta tarefa.
2.4.3 Observe-se mais adiante que o métodoo parece prejudicar a cataloga-
ção, pois 63 bibliotecas informam que é de 100% o volume de obras catalogadas, com
relação ao acervo total, enquanto 86 assinalaram 90% de obras catalogadas, 41 indica-
ram 80%, 21 marcaram 70% e assim por diante, como se verá no Quadro 7.
2.5 Desdobramento das fichas do catálogo para o público
2.5.1 A análise do Quadro 6 permite a visão global do número de fichas
correspondentes a cada documento catalogado; foi encontrada a média de 6,01, sendo
que as bibliotecas do Sudeste e as do Centro-Oeste apresentam 6,4 fichas por docu-
mento, e o Nordeste 5,1.
2.6 Localização da obra na estante
2.6.1 Neste item, as respostaso foram significativas, exceto quanto ao
emprego da tabela de Cutter para composição do número de chamada.
2.7 Situação do catálogo para o usuário
2.7.1 A análise do Quadro 7 permite-nos afirmar que, aparentemente,o há
problemas, visto que 63, 86 e 41 bibliotecas assinalaram como o volume de obras cata-
logadas, com relação ao acervo total, o de 100%, 90% e 80% respectivamente. Com
70% ficaram 21, com 60% 17 e assim por diante até se chegar a 4 bibliotecas com 10%
e
1
com
01%.
2.8 Obras adquiridas por compra/doação/permuta
2.8.1 Apreciando o Quadro 8, observam-se os seguintes resultados:
2.8.1.1 As obraso catalogadas imediatamente por 165 bibliotecas,
mais do que a metade daquelas que aguardam de 1 a 2 meses, em 60 bibliotecas.
2.8.1.2 No referido Quadro 8 poderão ser analisados os demais resulta-
dos.
2.8.1.3 Note-se que, em 11 bibliotecas, os documentos aguardam mais
de um ano para incorporação ao acervo.
2.8.2 As obras adquiridas por comprao processadas mais rapidamente do
que aquelas adquiridas por doação. Estaso selecionadas e as de maior interesse
entram no esquema de uma preparação mais rápida.
2.9 Intercalação de fichas nos catálogos para os usuários
2.9.1 Quanto a este item (Quadro 9) verifica-se que 127 bibliotecas apresen-
am a intercalação razoalvemente em dia, enquanto 89 assinalaram a resposta "rigoro-
samente em dia".
2.9.2 "Com atraso" e "com muito atraso", foram as respostas indicadas por
32 e 12 bibliotecas, respectivamente.
2.10 Utilização de processos técnicos automatizados (Quadro 10)
2.10.1 Apenas 12 bibliotecas assinalaram a utilização desse tipo de pro-
cessamento, sendo que 2 utilizam o formato CALCO, 5 aplicam o CALCO adaptado e
5 usam um formato próprio. Este aspecto será abordado, sem dúvida, no Simpósio
sobre Automação de Serviços Bibliotecários, mas parece apropriado observar que
alguns desses formatos próprios baseiam-se no formato MARC.
2.11 0 processamento técnico automatizado (Quadro 10) é utilizado em 7 biblio-
tecas para a produção de fichas e listagens/relatórios, em 3, para a produção de lista-
gens/relatórios e em 2, para a produção de fichas.
2.12 Catálogos para o usuário (Quadro 11)
2.12.1 Este itemo foi, aparentemente, bem compreendido. Grande
número de bibliotecas assinalou as subseções relativas ao catálogo dividido, mas deixou
de assinalar o próprio catálogo dividido.
2.12.2 Outras bibliotecas assinalaram a subseção relativa ao "índice do
catálogo sistemático sob a forma convencional", maso assinalaram o catálogo sis-
temático.
2.12.3 O catálogo dividido é utilizado por 119 bibliotecas, enquanto 99 pre-
ferem o catálogo sistemático e 36, optaram pelo catálogo dicionário.
2.12.4 No Quadro 11, podem ser observados os totais das preferências pelos
catálogos de assunto, autor e títulos.
2.12.4.1 Verificou-se que, embora o catálogo dividido tenha sido
indicado por 119 bibliotecas, os seus componenteso apresentam o mesmo total.
2.13 Problemas nos setores de processos técnicos (Quadro 12)
2.13.1 Os usuários de 63 bibliotecaso podem consultar um catálogo atua-
lizado, enquanto que em 14 bibliotecaso há catálogo público.
2.13.2 Em algumas bibliotecas há catálogo público apenas de autores, e/ou
de títulos, e/ou de assuntos.
2.14 Recursos humanos no processamento técnico (Quadros 13 e 14a/b)
2.14.1 O processamento técnico constitui setor específico em 91 bibliotecas
eo constitui setor específico em 106 (cf Quadro 13)
2.14.2 Quanto ao pessoal que trabalha no processamento técnico, observa-
se que em 123 bibliotecas trabalha apenas 1 bibliotecário e que este, em 144 casos,
desempenha também outras tarefas (cf Quadro 14)
2.14.3 Cinco bibliotecas informaramo ter bibliotecário no setor de pro-
cessamento técnico.
2.14.4 No que se refere a pessoal de apoio (Quadro 14a), constata-se que
em 57 casos, este é representado por 1 auxiliar e, em caso, por 11 auxiliares. Os núme-
ros entre estes extremos podem ser verificados no Quadro 14.
2.14.5 No Quadro 14b pode-se observar como se apresenta a situação do
pessoal nas bibliotecas universitárias:
2.14.5.1 Para 271 bibliotecas, há 232 bibliotecários
Portanto, a cada BIBLIOTECA CABE 0.85 de um bibliote-
cário
2.14.5.2 Para 271 bibliotecas há 162 auxiliares
portanto, a cada BIBLIOTECA CABE 0.59 de um auxiliar
NORTE
NORDESTE
SUDESTE
SUL
CENTRO-OESTE
Total com identificação
Sem identificação de
local
TOTAL GERAL
0 FORAM ANALISADAS
TOTAL
QUESTIONÁRIO GUIA
4
15
59 127
134 235
37 92
7 18
241
30
271 487
9
2S0
NORTE 6.0
NORDESTE 5.1
SUDESTE 6.4
SUL 6.3
CENTRO-OESTE 6. 4
SEM LOCAL 5.9
MÉDIA 6.01
I FORMATO
CALCO
Sudeste 2
CALCO adaptado
Nordeste 2
Sudeste 3
OUTROS
Sudeste 4
Centro-Oeste 1
TOTAL 12
2 PROCESSO AUTOMATIZADO UTILIZADO PARA PRODUÇÃO
FlCHAS
Nordeste 1
Sudeste 1
LISTAGENS/RELATÓRIOS
Sudeste 3
FICHAS e LISTAGENS/
RELATÓRIOS
Nordeste 1
Sudeste 5
Centro-Oeste 1
TOTAL 12
SETOR ESPECIFICOO t SETOR TOTAL
ESPECIFICO
NORTE 3 - 3
NORDESTE 17 21 38
SUDESTE 45 53 98
SUL 15 12 27
CENTRO-OESTE 3 1 4
SEM LOCAL -8 19 27
TOTAL 91 106 197
AO SENHOR RELATOR GERAL DO 2? SEMINÁRIO NACIONAL DE
BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS
Regina Maria Soares de Oliveira
Às 15 horas na sala 10 no Centro de Convenções de Brasília, deu-se início
a reunião do Grupo de Trabalho Processos Técnicos. O documento Básico estudado
"Tendências Atuais do Processamento Técnico em Bibliotecas Universitárias" da Profª
Cordélia R. Cavalcanti, foi discutido pelos participantes presentes, com a participação
da autora do trabalho. O Grupo de Trabalho foi coordenado pela Profª Dinah Pobla-
ción e Relatora Profª Regina Maria Soares de Oliveira. Estavam presentes os debatedo-
res convidados, Profª Janice Monteiro e Ivanilda Fernandes Costa Rolim e os demais
técnicos interessados no tema: Giacomina Faldini da Faculdade de Direito da USP, de
Eliane Serrão Alvamey da Secretaria de Administração do Governo do Distrito Federal
e Yara Maria Prazeres da Biblioteca Central da Universidade Estadual de Londrina.
Síntese do trabalho: Análise das respostas a 271 questionários sobre o
processamento técnico em bibliotecas universitárias brasileiras. Problema emergentes.
Problemas aparentemente solucionados. Catalogação, classificação, catálogos, pessoal
técnico e pessoal auxiliar.
Recomendações: Tendo em vista a necessidade da racionalização dos
processos técnicos como entendido no documento básico do 2? Seminário Nacional
de Bibliotecas Universitárias (Catalogação, Classificação, Preparação de Catálogo) re-
comenda-se:
1) que sejam adotados normas e padrões recomendados por órgãos de
coordenação a nível nacional;
2) que os órgãos coordenadores das bibliotecas nas universidades raciona-
lizem os procedimentos técnicos com base nessas normas e padrões
nacionais;
3) que as bibliotecas de unidades isoladas de ensino superior compatibili-
zem os seus procedimentos técnicos com aqueles das bibliotecas univer-
sitárias;
4) que a CAPES crie um Grupo de Trabalho constituído de especialistas da
área para orientar a implantação dessas normas e padrões nas bibliotecas
universitárias brasileiras.
CDD 016.05
CDU 017.11
CATÁLOGO COLETIVO E COMUTAÇÃO BIBLIOGRÁFICA*
Leila Magalhães Zerlotti Mercadante*
Tereza da Silva Freitas Oliveira ***
RESUMO
Analisa, a partir de dados obtidos através de questionários enviados a um
grupo de bibliotecas universitárias do país, a Comutação Bibliográfica no
que se refere à: Catálogos Coletivos; condições reprográficas; áreas do co-
nhecimento humano de maior carência e interdependência bibliográfica;
instituições atuantes. Destaca a importância do Programa de Comutação
Bibliográfica (COMUT) e sua implantação. Preconiza o estabelecimento de
uma rede de bibliotecas universitárias através de acordos e/ou convênios,
atualização do Catálogo Coletivo Nacional de Periódicos, e a inserção no
mesmo da totalidade dos acervos das bibliotecas universitárias.
* Documento básico apresentado ao grupo de trabalho sobre Catálogo Coletivo e
Comutação.
m
Diretoria da Biblioteca Central da UNESP e Coordenadora do Curso de Bibliote-
conomia da Faculdade de Educação, Filosofia, Ciências Sociais e da Documenta-
ção de Marília - UNESP.
** Diretor Técnico do Serviço de Documentação e Informática da Biblioteca Central
da UNESP e Professora do Curso de Biblioteconomia da Faculdade de Educação,
Filosofia, Ciências Sociais e da Documentação de Marília - UNESP.
1. INTRODUÇÃO
Um problema que aflige todos os que dirigem bibliotecas é a impossibilida-
de de se colocar à disposição da comunidade a que serve, a literatura necessária.o
analisando aqui a explosão bibliográfica, a produção acelerada de literatura científica,
os recursos ilimitados que nenhuma biblioteca poderia conseguir, ficariam ainda as
preocupações mais próximas, existentes principalmente em nosso país, mais especi-
ficamente no que se refere às bibliotecas universitárias. Aqui, onde as dificuldades de
importação e de orçamento se somam às altas sucessivas da moeda estrangeira, a difi-
culdade em cada período se torna maior tanto para a continuidade de assinaturas
de uma coleção mínima de periódicos, como impossível para um aumento de títulos
que corresponda aos anseios de professores e pesquisadores.
o se pretende, nesse trabalho, esgotar ou resolver o assunto. Muito mais,
o que se considera importante é discutir a situação atual e encontrar algumas propostas
~ue conduzam à solução dos problemas.
Esforços vem se desenvolvendo para, através da Comutação Bibliográfica,
facilitar o acesso aos documentos. Entende-se aqui por Comutação Bibliográfica "uma
sistemática operacional mediante a qual, por procedimentos reprográficos de qualquer
índole (cópias eletrostáticas, micrográficas, etc), os usuários de uma biblioteca ou cen-
tro de documentação,m acesso ao acervo de outra instituição similar participante de
uma mesma rede, conforme as normas previstas na lei de direitos autorais". (COMUT)
Cada vez de forma mais intensa, existe a idéia de formação de redes, de
sistemas que se propõem servir de maneira mais adequada seus usuários, numa tentati-
va de aglutinar, de somar, para extrair um maior número de informações.
Partindo desses esforços, convênioso firmados, projetoso montados,
sendo possível, atualmente, medir à que ponto as bibliotecas estão se valendo dos acer-
vos queo os próprios.
A despeito da crise que atravessa hoje a Universidade brasileira, sentida e
conhecida por todos, as bibliotecas universitárias constituem ainda, o núcleo mais forte
de acervos, sendo suportes ou auxiliares de sistemas especializados como a BI REME,
BICENGE, etc.
Somos dos que acreditam que a união e o fortalecimento dos acervos das
bibliotecas universitárias, constitui medida acertada para o estabelecimento de serviços
que possam atender á demanda de professores, pesquisadores, estudiosos em geral,
como também capaz de criar ou ativar tal demanda. Assim, através de questionários
distribuídos, tentamos levantar dados entre 150 bibliotecas universitárias brasileiras
para traçar algumas coordenadas do panorama de Comutação Bibliográfica (CB) e
Catálogo Coletivo (CC), levando em consideração os quesitos abaixo discriminados, os
quais consideramos fundamentais para o desenvolvimento de serviços desse teor:
catálogos coletivos;
condições reprográficas;
áreas do conhecimento humano de maior carência e interdependência
bibliográfica;
instituições atuantes.
2. DISCUSSÃO DOS DADOS OBTIDOS
Dos 150 questionários enviados, recebemos 68 respostas, e é sobre esse
total que nos basearemos para as proposições.
2.1 CATÁLOGOS COLETIVOS
A estratégia de um Sistema de Comutação Bibliográfica (SCB) pressupõe a
existência dos instrumentos básicos de consultas os Catálogos Coletivos objetivan-
do a localização de Instituições que possuam em seus acervos os recursos bibliográficos
de que os usuários de outras entidades necessitam.
Assim, apesar das críticas feitas aos Catálogos Coletivos,o ainda eles os ins-
trumentos essenciais para descrição e localização de coleções, sejam elas dentro de um
país, de uma rede, ou sistema especializado.
No tocante aos Catálogos Coletivos, procurou-se através dos questionários
detectar:
a) existência ouo de CD impressos e próprios;
b) inserção ouo dos acervos em CCR e/ou CCN.
Em relação ao item a verificou-se que um total inferior a 15% das bibliotecas
universitárias possuem CC próprios e impressos.
No que se refere ao item b constatou-se que aproximadamente 48% apenas
dessas bibliotecas apresentam os seus acervos incluídos em CCR e/ou CCN.
É evidente que para um SCB, o mais indicadoo está em cada biblioteca ter
o seu próprio CC e sim no registro dos acervos em CCR ou CCN, sendo que neste últi-
mo está a forma ideal de transposição de informação que esses instrumentos bibliográ-
ficos propiciam.
Sob esse particular, esforçoso deveriam ser medidos no sentido de que
todas as bibliotecas universitárias brasileiras engajassem os seus acervos ao CCN e/ou
CCR- O que preconizamos com a participação de todos no CCN é o princípio da uni-
versalidade de bens bibliográficos, ou seja, tornar de todos o que prevalece até então
restrito a uma elite privilegiada de usuários.
o as oportunidades de acesso para os menos favorecidos por bens bibliográ-
ficos que serão aumentadas, à medida que dirigentes e bibliotecários se conscientiza-
rem da necessidade premente de fixação de acervos no CCN.
Por outro lado, os dados a seguir expostos evidenciam o nível doo aprovei-
tamento de bens bibliográficos em nosso país, ocasionado pela falta de registro das
coleções de publicações peródicas em CC.
Dos dados obtidos, retiramos três exemplos: Universidades A, B e C, demons-
trando a parcial, ou total ausência de inserção no CCN.
Nesse sentido, chamamos a atenção para os bloqueios estabelecidos:
Na Universidade A, as 6.650 assinaturas estão limitados à demanda de aproxi-
madamente 20.000 usuários enquanto esse mesmo potencial hemerográfico estaria im-
plicitamente, à disponibilidade de 1.550.000* usuários se consubstanciado ao CCN.
Por outro lado, se levarmos em consideração que 90% das assinaturas reque-
rem importação e a média por título no ano/79 foi de Cr$ 5.000,00, constatamos que
um investimento da ordem de Cr$ 33.000.000,00 se destinou a atender apenas 1,2%
da clientela universitária em nosso país.
* Miranda, A. - Comut.
UNIVERSIDADE (A) - ANO 1979
Unidades
BC
Bd 1
Bd2
Bd3
Bd4
Bd5
Bd6
Bd7
Bd8
Bd9
Bd 10
Total
Título de Publicações Periódicas assinadas
Acervo inserido no CCN
50
50
Acervoo inserido no
CCN
400
300
200
900
900
800
1.200
400
700
800
6.600
276
UNIVERSIDADE (B) - ANO 1979
Unidades
BC
Bd 1
Bd2
Bd3
Bd4
Bd5
Total
Títulos de Publicações Periódicas assinadas
Acervo inserido no CCN
Acervoo inserido no
CCN
500
600
300
100
100
60
1.660
UNIVERSIDADE (C) - ANO 1979
Unidades
BC
Bd1
Bd2
Bd3
Bd4
Bd5
Bd6
Bd7
Total
Título de Publicações Periódicas assinadas
Acervo inserido no CCN
180
100
280
Acervoo inserido no
CCN
30
100
20
100
900
30
1.180
Obs.: Os dados foram remanejados e aproximados parao identificação e/ou compro-
metimento.
22 CONDIÇÕES REPROGRÁFICAS
No encadeamento de um SCBo basta ter os bens bibliográficos e incorporá-
los em CC. É preciso ir mais além, ao campo da Reprografia. Esta se configura como a
condição básica sem a qualo haverá obtenção do material para se colocar ás mãos do
usuário carente.
Assim o esquema pode ser apresentado:
Quanto a esse produto final a que nos referimos, críticaso feitas tendo em
vista que muito da dinâmica de um SCB visa a obtenção de cópias xerográficas, micro-
filmes, etc. e a validade desses materiais reprográficos.
Quanto a isso, acrescentaríamos que tais trabalhoso justificados:
"a partir de conceitos de que materiais bibliográficosoo meros comple-
mentos do livro". Há necessidade de "julgá-los pelo seu próprio valor intrínseco". (Ma-
ria Pulcheria do Amaral). E o valor intrínseco está na informação em si eo na nova
roupagem sob a qual a mesma é apresentada.
Por outro lado, considerando que em CB as instituições interagentes devem
estar bem equipadas reprograficamente, questionamos sobre:
a) Tipo e capacidade das máquinas e âmbito de atendimento;
b) Formas de pagamento e preço por unidade reprográfica.
Numa prognose sobre essas condições de reprografia as perspectivas já nos
apontavam que dentre as bibliotecas universitárias que possuem máquinas e/ou equi-
pamentos, a maioria está na capacidade apenas do "xerox", operando comumente com
uma só unidade copiadora por contrato e/ou aluguel e visando a atendero os
serviços exclusivos da biblioteca, e sim de toda uma Universidade (Biblioteca + Admi-
tração + Corpo Docente e Discente + Diretórios Acadêmicos, etc).
Através dos questionários viu-se em um número aproximado de 10 a 15% das
bibliotecas universitáriaso contam com quaisquer modalidades de reprodução, usu-
fruindo da prestação de serviços de terceiros, geralmente de entidades comerciais ou
então facultando o empréstimo mais facilmente para sanar a referida ausência.
Um fator que em primeira instância, consideramos bastante favorável para um
SCB foi a amostra que evidenciou 90% dessas entidadesom limite pré-fixado para
cópias xerográficas especificamente para os serviços de bibliotecas ao mês, sendo as
mesmas solicitadas à medida das necessidades.
Entretanto, esse aspecto positivo, constatado a grosso modo, no início da aná-
lise, se desfaz à proporção que se conhece informações mais precisas de algumas biblio-
tecas universitárias. Verificou-se queo há necessidade de se fixar limites, pois as
quantidades de cópias requeridas para atender aos serviços das bibliotecaso irrisó-
rias e ficam restritas aos serviços burocráticos das mesmas. Isto porqueo há entro-
samento em um programa maior de intercâmbio que passa a exigir número elevado de
cópias bibliográficas e até mesmo máquinas e/ou equipamentos próprios, sem o víncu-
lo do contrato e/ou aluguel.
Na prática temos conhecimento que as entidades que desenvolvem atividades
bastante satisfatórias no âmbito da comutação, enfrentam problemas graves em razão
da estruturação e manutenção desses equipamentos, eom condições de subsis-
tência se cerceados por um marco delimitado de cópias.
Procuramos computar esse limite e ele foi bastante desalentador, pois em
nosso país a média de cópias disponíveis pelas bibliotecas universitárias varia entre
50 a 500 unidades para a grande maioria.
Acrescenta-se ainda que esse limite sendo mensal é de imediato atingido, nor-
malmente, pelos próprios trabalhos de rotina. Surge então um entrave para a Comuta-
ção ficando o fornecimento de artigos científicos muito a desejar e para ocasiões opor-
tunas, sempre após a satisfação das necessidades da Administração.
No que diz respeito ao preço cobrado por cópia xerográfica e à maneira de se
processar o respectivo pagamentoo existe eqüidade, nem padrões comuns a fim de
se prever o quanto um SCB, por exemplo, teria que investir aos para conseguir um
total x de cópias.
No momento atual, disparidades no preço pago por cópiaso enormes, che-
gando a desestimular os que procuram desenvolver a Comutação a contento.
As flutuações estão entre Cr$ 1,50 e Cr$ 5,00 por unidade xerográfica.
Outros fatores determinantes dos altos custos das cópiaso originários da discrimi-
nação estabelecida para usuários de outras instituições e nas taxas acrescidas às impor-
tâncias correspondentes às cópias em si.
Nota-se intenção lucrativa quando do fornecimento de artigos científicos para
usuários de outras Universidades, configurada no dobro dos preços pagos pelos usuá-
rios da Biblioteca.
Na tramitação em apreço vejamos os acréscimos ocorridos:
Usuários da Biblioteca
Usuários de outras Instituições
Cr$ 2,50 por cópia
x 10 artº de 10 cópias
Cr$ 25,00 total
Cr$
*5,00 por cópia
x 10 art? de 10 cópias
50,00
10,00 + taxa/pesquisa
*10,00 + taxa/serviço
30,00 + taxa/correio
100,00 total
* acréscimo que poderiam ser extintos
No exemplo acima, consideramos que falta a intervenção do bibliotecário
que através de uma política de conscientização dos fins para que se destinam tais
cópias junto à direção dos serviços reprográficos, à administração das Universidades ou
a quem de direito, poderia tentar eliminar esses acréscimos fixados para a categoria do
o usuário da instituição.
o propomos com isso a gratuidade do material reprográfico e sim conside-
ramos perfeitamente viável diminuir os preços sem prejuízo da unidade atendente.
No caso em questão teríamos reduzido o total a ser pago por esse usuário de
"fora" nos seguintes moldes:
2,50
x10
25,00
2,50
x10
25,00
10,00 + taxa de pesquisa
30,00 + taxa de correio
65,00
Ainda, dentre as taxas que oneram sobremaneira o processo aquisitivo num
SCB está a relativa ao Correio, taxa essa cobrada com justa razão por 90% das biblio-
tecas universitárias. No entanto, sabendo de antemão da quase impossibilidade de se
conseguir tal franquia em nosso país, somos pelos esforços para obtenção da mesma.
O que nos afigura como fator decisivo para baratear os custos é comparti-
lhar dos bens bibliográficos, através do estabelecimento de convênios e/ou acordos.
3. ÁREAS DO CONHECIMENTO HUMANO DE MAIOR CARÊNCIA E INTERDE-
PENDÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
Outro aspecto do qual procuramos extrair dados mais precisos, foi o das
áreas do conhecimento mais carentes de recursos bibliográficos e que poderiam ser
amparados em maior grau pela Comutação.
Cuidados foram tomados para se evitar desníveis, distribuindo os questio-
nários igualmente entre as bibliotecas das três grandes áreas - Ciências Humanas e So-
ciais, Ciências Exatas e Tecnologia e Ciências Biomédicas. Outra providência nesse
sentido foi procurar arguir sempre a Biblioteca Central e algumas Bibliotecas Departa-
mentais das Universidades brasileira. Deste modo as questões foram elaboradas objeti-
vando aferir o quanto possível o atendimento atribuído aos acervos, mediante a soli-
citação de artigos científicos. As bibliotecas da área de Ciências Humanaso as que
conseguem atender uma porcentagem maior de pedidos, geralmente na casa de 60 a
80%. As de Ciências Exatas e Biomédicas atendem, com seu próprio acervo, 40 e 50%
dos pedidos.
Apesar das reproduções de artigos científicos apresentarem maiores proble-
mas na área de Ciências Biomédicas, pelo grande número de lâminas nos trabalhos,o
as bibliotecas dessa área que apresentam um fluxo maior de solicitação, e passam a exi-
gir serviços mais eficientes de CB.
É interessante notar que a dinâmica desse processo de transferência carac-
terizado em termos de comutaçãoo está nas mãos das bibliotecas universitárias em
nosso país, mas de alguns sistemas especializados e/ou empresas, como EMBRAPA,
BIREME, IBICT, etc. que se apoiam nos acervos daquelas.
Também o itinirário e/ou contato para obtenção dos artigos científicos
o é direto entre as bibliotecas universitárias, colocando na situação de intermediá-
rios os sistemas aludidos. Por exemplo: Universidade X da Região Norteo solicita
à Universidade Y da Região Sul.
A colocação desses sistemas BIREME, BICENGE, etc. como intermediários
supõe:
a) que as bibliotecas universitáriaso possuem CC para a devida localiza-
ção da literatura desejada;
b) que as possibilidades para obtenção de literatura no exterioro
maiores se descartadas por esses sistemas;
c) que determinadas bibliotecas universitárias criam barreiras ao condicio-
narem o atendimento somente se o pedido for efetuado através dos
formulários próprios desses sistemas pois somente com eles mantêm
convênios.
Consideramos válida a posição desses sistemas como intermediários somen-
te quando da alternativa "b", pois realmente os serviços prestadoso excelentes e
constituem órgãos canalizadores desse processo junto a NAL, NLM, BLL, e outras bi-
bliotecas do exterior.
Nas demais situações diríamos que as barreiras para transações diretas em
bibliotecas universitáriaso geradas por condicionamento e porqueo dizer desin-
teresse ou indiferença dos próprios bibliotecários.
CONCLUSÃO
O que se pode propor como diretriz de trabalho em relação à CB no Brasil,
já foi, quase que totalmente demonstrado no Programa de Comutação Bibliográfica
(COMUT), instituído junto à CAPES, por Portaria do Ministro da Educação, em 08/
08/1980. Na reunião realizada a 21 de agosto de 1980, na CAPES, que reuniu um gru-
po de profissionais ligados ao assunto, foram levantados e discutidos aspectos da maior
importância para viabilizar a implantação do Projeto.
Podemos, no entanto, discutir como medidas imediatas, calcados nas
proposições do Projeto, que na falta de um sistema de bibliotecas universitárias, se
organize "uma rede de bibliotecas compromissadas através de convênios". Com base
no CCNP, e mediante protocolos firmados pelas Instituições, poder-se-ia intensificar
e melhorar a CB.
Para que tal "rede" possa prestar serviços no que se refere à CB, passa-
riam as bibliotecas universitárias à inserir o acervo total,, tanto Biblioteca Central
como bibliotecas departamentais ou setoriais no CCN. Representadas no Catálogo Co-
letivo, as bibliotecas deveriam oferecer serviços de cópias. Caberia aos bibliotecários,
conscientes da importância desses serviços, agir junto às autoridades para obter tais
condições de trabalho.
Necessário e urgente é que o Catálogo Coletivo Nacional de Periódicos se
constitua em instrumento efetivos de indicador das coleções existentes no país. Para
tanto, sua atualização é imprescindível.
Os convênios ou acordos de participação e cooperação recíproca facilitam
muito o problema burocrático de pagamento, uma vez que o acerto de contas é realiza-
do somente uma vez por ano. Experiências nesse sentidom sido realizadas por biblio-
tecas universitárias, trazendo benefícios comuns.
As soluções mais uma vez, cabem aos bibliotecários. Seja através da cons-
cientização das autoridades, para a implantação do Sistema de Bibliotecas Universitá-
rias, seja através de ações conjuntas visando tal criação.
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
BETTIOL, Eugenia Maranhão. Comutação Bibliográfica. In: CONGRESSO BRASILEI-
RO DE BIBLIOTECONOMIA E DOCUMENTAÇÃO, 9., Porto Alegre, 1977,
3-8, julho 1977. 21 p.
CUNHA, Maria Luisa Monteiro da. Bibliotecas universitárias em sistemas nacionais de
informação.o Paulo, USP, 1977. 31 p.
Catálogo Coletivo de periódicos no campo de ciências médicas e afins.o
Paulo, Biblioteca Central da USP, 1968. 20p. (fotocópia).
FERREIRA, Lusimar Silva. Bibliotecas universitárias brasileiras: análise de estruturas
centralizadas e descentralizadas.o Paulo, Pioneira, 1980. 119p.
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA. Cooordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior. Projeto: programa de comutação bibliográfica -
COMUT. Brasília, MEC/CAPES/s.d. (fotocópia).
MIRANDA, Antonio. Biblioteca Uuniversitária no Brasil: reflexões sobre a problemá-
tica. In: SEMINÁRIO NACIONAL DE BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS, 1.
Niterói, RJ, 23-29, julho 1978. Brasília, CAPES/DAU/MEC, 1978. 36p.
MIRANDA, Antonio. Bibliotecas dos cursos de pós-graduação em educação no Brasil:
estudo comparado. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE BIBLIOTECONOMIA
E DOCUMENTAÇÃO, 9., Porto Alegre, 1977. Anais... Porto Alegre, 1977. v.2,
p. 268-333.
OLIVEIRA, Tereza da Silva Freitas. Serviço de comutação documentária da Universi-
dade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho". In: CONGRESSO BRASILEI-
RO DE BIBLIOTECONOMIA E DOCUMENTAÇÃO, 10., Curitiba, 1979.
Anais...
Nome da Biblitoeca:
Instituição:
Endereço:
Responsável: Cargo:
1. A biblioteca possui catálogo impresso e próprio:
D Sim Do
2. Que tipo(s) de publicação(ões) esse(s) catálogo(s) registra(m):
D Livros e obras avulsas
D publicações periódicas
D Outros. Especique:
3. O acervo de publicações periódicas está inserido:
D Catálogo Coletivo Nacional de Publicações Periódicas publicado pelo
IBICT
D Catálogo Coletivo de Periódicos/NE (MEC/DAU/CAPES)
D Outros. Especifique:
4. Possui condições reprográficas para:
D xerox D microfilmes
D microfichas D outros. Espeficique:
5. As máquinas e/ou equipamentos reprográficos destinam-se a atender os serviços:
D Exclusivos da biblioteca
D Bibliteca (+ ) mais:
D Administração
D Corpo docente
D Corpo discente
D Diretórios acadêmicos
D Outros. Especifique:
6. Quanto à(s) máqunia(s) xerox, para uso da biblioteca complete os seguintes dados:
Total de máquinas
Marca
Capacidade
Própria
Alugada e/ou por contato
7. Existe um limite préfixado de cópias xerográficas especificamente para os serviços
de bibliotecas ao mês?
D Sim Do
8. Caso positivo, atualmente, qual o total de cópias?
9. Caso negativo, especifique como funciona:
10. No momento, qual o preço pago por cópia xerográfica pelo(s):
Usuário(s) da instituição
Usuário(s) de outras instituições
11. O pagamento de cópias xerográficas para oso residentes no local é efetuado
através de:
D Espécie
D Cheque visado
D Ordem de pagamento
D Vale postal
D Outros. Especifique:.
12. Além do pagamento das respectivas cópias, essa instituição, acrescenta a(s) im-
portância(s) correspondente(s) à
D Taxa de pesquisa
D Taxa de serviço
D Taxa de correio
D Outros. Especifique:
13. Essa biblioteca mantém convênio(s) com outra(s) instituição(ões) para forneci-
mento e/ou recebimento de cópias xerográficas:
D Sim Do
14. Dentro das 3 áreas discriminadas a seguir situe a especialização dessa biblioteca:
D Ciências Humanas e Sociais
D Ciências Exatas e Tecnologia
D Ciências Biomédicas
15. Da(s) área(s) acima indique o(s) assunto(s) específico(s), em ordem de priorida-
de:
16. Conforme resposta anterior, em quais assuntos há maior solicitaçâfo de artigos
científicos para outras instituições:
17. Indique estabelecendo prioridade, as instituições às quais essa biblioteca mais
solicita artigos científicos:
18. Indique estabelecendo prioridade as instituições as quais essa biblioteca mais
fornece artigos científicos
19. Qual o "índice de atendimento" a atribuir ao seu acervo mediante solicitações de
artigos científicos:
D 80 a 100%
D 60 a 79%
D 40 a 59%
D 20 a 39%
20.o encontrando em âmbito nacional o artigo científico desejado, faz-se a solici-
tação ao exterior:
D Sim Do
21. Caso positivo, discrimine o(s) nome(s) da(s) instituição(ões) estrangeira(s)
22. Quando a obtenção das cópias eletrostaticas e/ou micrográficas, etc, é feita no
exterior o pagamento é processado através de:
D remessa
D cupons
D outros:
23. No caso de utilização dos cupons quais seriam?
D Bonus da UNESCO
D British Library
D Outros:
RELATÓRIO
GRUPO DE TRABALHO
CATALÁGO COLETIVO E COMUTAÇÃO
1? GRUPO: REDE DE COLETA
Coordenador: Rosmarie Appy
USP/Diretora da Divisão de
Bibliotecas e Documentação
Participantes: Gilda Gama de Queiroz - CNEN/CIN
Maria Mercedes Rocha - UFPe/Deptº Física
Graça Maria Simões Luz Piza - Univ. Est. Londrina
Celia Regina Silva - UnB
Moema Malheiros Pontes - UnB
Tereza da Silva Freitas - UNESP
1. Objetivo
Elaborar modelo de rede de coleta de dados, através da descentralização
dos atuais Centros Regionais, visando agilizar a entrada de informações no Sistema
CCN.
2. Proposta apresentada pelo IBICT
2.1 Catálogos Coletivos Regionais se responsabilizando pela coleta e registro das
informações pertencentes às Bibliotecas Universitárias.
2.2 Catálogos Coletivos Setoriais seriam aqueles formados por sistemas especiali-
zados (Redes formais)
2.3 Catálogos Coletivos de outros focos, aqueles responsáveis por bibliotecas per-
tencentes a grupos informais (comissões/grupos especializados)
3. Recomendações
3.1 Que o CCN a cargo do IBICT, preferencialmente, passe a trabalhar à nível de
Redes Estaduais ao invés de Redes Regionais;
3.2 Que cada Rede Estadual tenha seu centro coordenador na universidade do
respectivo estado, federal ou outro, que apresente melhor infra-estrutura;
3.3 Que os CCs Estaduais tendam a descentralizar-se para fins de coleta de dados
de implantação e/ou atualização a nível de:
- universidades
- redes formais a nível estadual ou municipal (Secretarias)
- bibliotecas isoladas
3.4 As redes formais de âmbito federal continuam vinculadas diretamente ao
CCN/IBICT;
3.5 Que as bibliotecas de instituições isoladas de nível superior se integrem ao
Catálogo Coletivo obrigatoriamente através da rede universitária eo através
de outras quaisquer redes formais ou agrupamentos informais.
3.6 Que a efetivação da descentralização da rede de coleta se apoie em acordos
que visem evitar a duplicidade de entrada ou outro problema que possa com-
prometer o bom funcionamento do sistema.
291
2? GRUPO: CATEGORIZAÇÃO/SELETIVIDADE DE BIBLIOTECAS E TÍTULOS
Coordenador: Selma Chi Barreto
CIN
Participantes: Luiza Maria L. Cepeda - BIREME
Ricardo Rodrigues - CAPES
Janete L. B. Moura - CENA
Maria Antonieta F. Bezerra - UFCe
LeiIa M. Z. Mercadante - UNESP
1. Objetivo
Elaborar pré-requisitos mínimos para incorporação de novas bibliotecas no
Sistema CCN, e seletividade de títulos de periódicos.
2. Proposta apresentada pelo IBICT
2.1 Pré-requisitos para inclusão de novas bibliotecas
a) Efetue empréstimo-entre-bibliotecas
b) possua 25% de títulos assinados em relação ao acervo total de periódi-
cos
c) Acervo mínimo de periódicos (50 títulos)
Obs.: excetuando-se para:
a) bibliotecas de acervo muito especializado
b) bibliotecas de acervo relevante porém recebidos por doação
c) região geográfica deficitária de acervos na área de assunto.
2.2 Seletividade de títulos
Excluir:
a) Boletim Bibliográfico
b) Sumários Correntes
c) Periódicos informativos de associações de classe, etc.
d) Publicações de interesse vigente
3. Recomendações
Tendo o grupo definido Catálogo Coletivo como um instrumento que obje-
tiva registrar as coleções de periódicos acessíveis no País, recomenda:
3.1 Pré-requisitos para incorporação de novas bibliotecas
a) fornecimento de cópias de seus documentos e/ou torne seu acervo disponí-
vel a usuários externos.
3.2 Pré-requisitos para a permanência de bibliotecas no sistema
a) Atualização de suas coleções periodicamente
b) Disponibilidade de acesso à sua coleção
3.3 Que seja estabelecido o prazo de 6 meses a partir das diretrizes divulgadas
pelo IBICT, para as bibliotecas tornarem-se aptas a atender os pré-requisitos
citados.
3.4 Que o IBICT dê suporte aos Centros Estaduais sem condições de cumprir os
prazos estabelecidos no item anterior, para inserção e/ou atualização.
3? GRUPO: ATUALIZAÇÃO/DIVULGAÇÃO
Coordenador: Rosa Edith Lemos Alves Pedreira
EMBRAPA/Departamento de Informação e
Documentação
Participantes: Themis V. F. Gomes - IBICT
Ivanilda F. Costa Rolin - UFPe
Maeve Lis Marques - UFPr
1. Objetivo
Elaborar estudos visando atualização/divulgação mais periódicas que aten-
dam as necessidades dos usuários do Catálogo Coletivo Nacional, dos Catálogos Coleti-
vos Estaduais e do Catálogo Coletivo do COMUT.
2. Proposta apresentada pelo IBICT
2.1 Atualização
COMUT - trimestral
OUTROS - semestral
Obs.: As bibliotecaso participantes do COMUT eventualmente, por característi-
cas individuais, poderão ter seu dados atualizados nos prazos do COMUT.
2.2 Incorporação de novos títulos
Na medida que as bibliotecas os recebem
2.3 Divulgação
Emissão de Catálogo de bibliotecas e de redes
Decisão com cada biblioteca: forma de saída e periodicidade
3. Recomendações
3.1 A partir do próximo processamento, as bibliotecas participantes do COMUT,
apresentem em 90 dias a atualização do acervo, e as demais no prazo de 120
dias;
3.2 Que o IBICT participe através de pagamento de bolsas de trabalho em cada
Estado, verificando a necessidade de pessoal, em decorrência da massa de
dados atualizada.
3.3 Para as bibliotecas pertencentes ao COMUT, à CAPES/CNPq, mantenham bol-
sistas para a continuidade dos trabalhos, sempre que necessário;
3.4 A rotina de atualização deverá ser a cada 90 dias, sendo a entrega dos dados
para o IBICT, em meses diferentes para cada estadual, evitando acúmulo para
o processamento, ficando a divisão dos meses a critério do IBICT;
3.5 Atualização
Títulos Novos
3.5.1 Que o IBICT estude a possibilidade de agilização da pesquisa de títulos
novos foi sugerido que:
a)o havendo código no catálogo, que seja dado o número somente
com o título, local e editor. A biblioteca ao remeter o título deverá
enviar também a fotocópia da folha onde estão localizados os dados
referentes ao periódico;
3.5.2 Que o IBICT com esses dados considerados mínimos necessários, forne-
cerá o código do periódico e continuará a pesquisar os demais dados
para o títulos;
3.5.3 Que a remessa dos títulos novos obedeçam os prazos de atualização
para envio ao Catálogo Nacional.
3.6 Divulgação
3.6.1 Que os acervos das bibliotecas do COMUT sejam divulgados de forma
impressa;
3.6.2 Que as demais formas de divulgação sejam à maneira que forem solici-
tadas;
3.6.3 Que a listagem do acervo das bibliotecas do COMUT sejam trimestrais,
para os Centros Estaduais quando solicitado por estes.
3.6.4 Que todo o acervo do Catálogo Coletivo Nacional, sejam divulgados
semestralmente em forma de microfichas.
4? GRUPO: NOVO SISTEMA
Coordenador: Ana FIávia Pereira Medeiros da Fonseca
Chefe do Departamento de Operações e
Serviços da BINAGRI
Participantes: Marta Maria Alencar Araújo EMBRAPA/DID
Helena Osório Lehnen - UFRGS/Faculdade de Educação
Silvia A. Medeiros Oliveira - UNICAMP
Janice M. Monte Mor - FGV
José Arias Ordoñez - CONICIT
1. Objetivo
Analisar sugestões e fazer propostas de modo a permitir ao Catálogo Cole-
tivo Nacional atender à demanda existente a qual representa a necessidade dos centros
cooperantes do Sistema citado, e gerenciar o sistema no que se refere ao acompanha-
mento da alimentação e à sua avaliação.
2. Recomendações Gerais
2.1 O IBICT deverá fazer um esforço no sentido de implementar em seu Catálo-
go Coletivo, as coleções de todos os órgãos significativos do país, mesmo que
estes, no momento,o se encontrem em formato compatível no que se
refere à entrada de dados.
2.2 O IBICT deverá criar um grupo de trabalho que analise os tipos de dados que
deverão ser incluídos no Catálogo Coletivo, de forma a cumprir os objetivos
definidos acima. (Sugere-se FGV, CIMEC, EMBRAPA, BINAGRI, IBICT).
2.3 A Colômbia através do ICFES, deverá enviar ao IBICT documento referente
ao Sistema Integrado de Publicações Seriadas (SIPS), de modo a que sirva de
subsídio na definição do novo Sistema de Catálogo Coletivo Nacional.
3. Recomendações Específicas
#
3.1 Visando atingir o objetivo definido acima, colocou-se os dados que possivel-
mente seriam aqueles necessários para suprir a demanda externa e os controles
de gerenciamento do Sistema. Visando porém, uma visão integrada do proble-
ma, adiantou-se alguns subsídios no que se refere a outros produtos também
possíveis a partir dos mesmos dados.
SISTEMA INTEGRADO DE PUBLICAÇÕES
COM RELAÇÃO AOS DADOS COMPLEMENTARES SALIENTA-SE QUE:
a data de atualização permitiria um acompanhamento gerencial da
unidade central do Sistema, de modo a que automaticamente se atuas-
se no fluxo de coleta;
a informação da fonte indexadora seria uma variável na definição das
"cores" de títulos;
o indicador de custo, permitira avaliações para uma política de aquisi-
ção, desde que complementado com o indicador de uso;
se faz parte do COMUT permitiria um acompanhamento gerencial
contínuo do comportamento destas instituições no que se refere à ali-
mentação.
Com relação a saídas específicas do CCN, verificou-se que de modo geral a
demanda hoje existente possui os dados previstos no formato de entrada do IBICT
ou seja:
saídas por estados e regiões
saídas por áreas.
CDU 025.1
CDD 025.12
COLETA DE DADOS E ESTATÍSTICAS EM BIBLIOTECAS
UNIVERSITÁRIAS*
Maria Carmen Romcy de Carvalho
CAPES
Glória Isabel Sattamini Ferreira
IRGA
RESUMO
Analisadas 265 bibliotecas de estabelecimentos de ensino superior, verifi-
cou-se que uma esmagadora maioria coleta dados relativos ao acervo, ser-
viços e usuários.
A finalidade principal da coleta é a elaboração de relatórios. Há pouca
preocupação na utilização deste tipo de informação em estudos que reve-
lem o atual entrosamento entre a coleção existente, os serviços executados
e a clientela demandante
Sugere-se, ao final, aplicações das estatísticas compiladas como prova de
que os dados coletadoso importantes subsídios para a avaliação e o
planejamento de serviços bibliotecários.
1. INTRODUÇÃO
As estatísticas coletadas nas bibliotecas representam importantes instru-
mentos para exercitar uma boa administração. Pois, ainda que reflitam apenas a quan-
tidade eo a qualidade dos elementos quantificados, as estatísticas permitem descre-
ver fatos de forma resumida e objetiva sobre recursos disponíveis, serviços existentes
e, sobre operação e clientela da biblioteca.
Os dados estatísticos coletados podem fornecer informações úteis para o
estabelecimento de padrões de serviços, para controle e avaliação dos serviços existen-
tes e no planejamento de novas atividades. As estatísticaso indicadores que auxi-
liam os bibliotecários a decidir em muitas situações ao administrarem as bibliotecas,
como por exemplo no estabelecimento da política de seleção para aquisição, na
seleção para descarte e na alocação de espaço físico de pessoal e de recursos financei-
ros.
* Documento básico apresentado ao grupo de trabalho Estatísticas e Padrões Biblio-
tecários.
Este estudo objetiva identificar os dados estatísticos que estão sendo cole-
tados pelas bibliotecas universitárias, procurando-se verificar as tendências de uso do
registro dos mesmos. Com bases nos resultados deste diagnóstico serão apresentadas
sugestões para uma melhor utilização dos dados estatísticos nas bibliotecas universitá
ias.
2. ANÁLISE DOS DADOS COLETADOS
Foram enviados 573 questionários às bibliotecas universitárias cadastradas
na APB da CAPES. Obteve-se um retorno de 265 bibliotecas, sendo que deste total,
262 bibliotecas compilam estatísticas.
A forma de coleta predominante é a diária. Formulários padronizadoso
adotados em 135 bibliotecas eo oo em 59 bibliotecas. 91 bibliotecas responde-
ram que utilizam formulários uniformes para as bibliotecas da universidade. Para este
fato pode-se deduzir que existe uma pequena preocupação em adequar a coleta de
dados estatísticos aos objetivos da biblioteca, uma vez que apenas 34% das bibliotecas
respondentes procura determinar os elementos a serem quantificados.
Referente a aplicação dos dados estatísticos coletados, verificou-se que
244 bibliotecas os utilizam para elaboração de relatórios 154 bibliotecas para planeja-
mento de serviços e apenas 72 bibliotecas para o estabelecimento de padrões de ser-
viços (93%, 58% e 27% respectivamente).
Dados estatísticos relativos à aquisição referem-se predominantemente ao
assunto do material, seguidos do registro do total de obras adquiridas. Pode-se supor
em vista destes resultados, que os dados estatísticos sobre aquisição coletados por
assuntoo aproveitados para estudos de manutenção do equilíbrio das diversas áreas
de assunto representadas no acervo.
0 registro dos dados estatísticos da coleção de livros e folhetos é feito na
maioria das bibliotecas pelo número de volumes (148 bibliotecas ou 56,4%) seguido
do registro pelo assunto da obra (143 bibliotecas ou 54,1%) e pelo título (133 bibliote-
cas ou 50,7%).
A tendência observada no registro de dados estatísticos coletados sobre
a coleção de periódicos é a compilação por número total de títulos (153). Grande
parte das bibliotecas também se preocupam em registrar estes dados relativos aos perió-
dicos segundo a forma de aquisição: (compra, doação e permuta) (118).
Os dados estatísticos relativos a materiais especiaiso registrados, em 72
bibliotecas, sem o detalhamento por tipo de material e em 93 com este detalhamento.
Pode-se observar queo há variação significativa no número de bibliote-
cas que coletam dados estatísticos sobre duplicatas, doações e permutas.
Dados estatísticos sobre o registro das baixas efetuadas, referem-se, em
geral, ao material descartado por extravio (128 bibliotecas ou 48,8%). Pelos resultados
deste item, pode-se constatar que cerca da metade das bibliotecas pesquisadaso
coletam estes dados, como conseqüência, talvez, deo efetuarem as baixas no acervo
ouo fazerem o controle das mesmas e em última hipóteseo realizarem inventários
anuais.
A maioria das bibliotecas registram de forma detalhada os dados estatísti-
cos relativos ao processamento técnico (média 144 bibliotecas).
Grande parte das bibliotecas tende a registrar os dados estatísticos sobre
usuários por número de atendidos e registrados. Salienta-se, ainda, que há uma maior
incidência no registro de usuários em bases anuais.
Dados estatísticos relativos aos empréstimos domiciliareso coletados, na
maioria das bibliotecas, por total de empréstimos (226) e por assunto (123). Todavia,
os dados estatísticos coletados para empréstimos entre bibliotecaso seguem a
mesma tendência observada no registro dos dados dos empréstimos domiciliares e so-
mente se referem ao registro globalizado do total fornecido (131) e recebido (97).
Com relação à coleta de dados estatísticos sobre o serviço de referência
evidenciou-se que em geral as bibliotecas registram somente o total das solicitações
atendidas e apenas 20 bibliotecas se preocupam em registrar as solicitaçõeso atendi-
das.
Na coleta de dados estatísticos sobre as consultas, observa-se uma tendên-
cia semelhante à coleta de dados estatísticos sobre empréstimos domiciliares, uma
vez que a maioria das bibliotecas registram o total das consultas e o total das consultas
por assunto. Sendo que a maior parte das bibliotecas ,não compila nestes dados de
consultas, aquelas efetuadas por telefone e correspondência.
3. CONCLUSÕES
A falta de objetivos definidos leva a maioria das bibliotecas universitárias
a compilarem dados estatísticos sem nenhuma preocupação em utilizá-los posterior-
mente. Os resultados obtidos neste estudo demonstram a pouco aplicação dos dados
estatísticos coletados, para o planejamento e estabelecimento de padrões. Como conse-
qüência desta situação observa-se que a coleta de dados estatísticos sobre coleções, ser-
viços e usuários é feita com pouco detalhamento, restringindo-se na maioria das biblio-
tecas, quase que a fornecer dados globais.
Apesar da coleta ser detalhada para o registro do processamento técnico
(catalogação, classificação, preparo para empréstimo, desdobramento de fichas) talvez
por controle de produtividade estes dadosoo aproveitados para o estabelecimento
de padrões nesta área. Constata-se que o número médio de bibliotecas que detalham
estas operações corresponde ao dobro do número de bibliotecas que utilizam dados
estatísticos para a formulação de padrões (144 para 72).
o existe uma preocupação em selecionar os dados estatísticos a serem
coletados, partindo da definição de saídas estatísticas desejadas para mensurar os
objetivos. A coleta é feita de forma mecânica, mais por tradição do que para atender as
necessidades específicas de cada biblioteca.
Torna-se necessário uma reavaliação das estatísticas coletadas com
base em uma análise dos objetivos da biblioteca com referência aos recursos, opera-
ções, serviços e clientela.
4. SUGESTÕES
4.1 Referentes ao registro dos dados estatísticos coletados:
a) A compilação de dados estatísticos relativos ao registro da coleção de
livros e folhetos, incluindo o controle por idade (ano de publicação) poderá fornecer
informação à seleção para descarte do material existente no acervo da biblioteca.
b) Os dados estatísticos relativos aos periódicos existentes na coleção da
biblioteca deverão incluir o registro de títulos de periódicos por áreas de assunto e por
idioma. Estes dados poderão ser utilizados para decidir sobre a política de seleção e
aquisição.
c) A coleta de dados estatísticos sobre empréstimos e consultas, deverá in-
cluir o registro de dados por assunto e por tipo de material. Estas informações serão
úteis para decidir sobre a política de seleção e aquisição, alocação de pessoal e de
recursos financeiros.
4.2 Referentes a aplicação de dados estatísticos em associações, razões e médias.
a) N? total de empréstimos de um determinado assunto x 100, dividido pelo
N° total de empréstimos.
- (Percentual obtido determinará área prioritárias de assuntos de interesse da
Biblioteca.
b) N? de consultas por título de periódicos x 100, dividido pelo N° total
de consultas de periódicos
Indicará o percentual de utilização dos mesmos, informação que será
de muita utilidade no momento de efetuar as renovações de assinaturas.
c) N? de artigos solicitados p/título de periódico x 100, dividido pelo N?
total de artigos solicitados pela comutação
Indicará a porcentagem da freqüência de solicitação do título de periódi-
co na comutação. Informação útil para a seleção e aquisição de novos
títulos de periódicos.
d) N° total de aquisições por assunto x 100, dividido pelo N? total do acer-
vo
Percenual de crescimento do acervo por assunto.
e) N° total de aquisições por tipo de material x 100, dividido pelo N°
total do acervo por tipo de material
Percentual de crescimento por tipo de material.
f) N° de consultas p/assunto,o respondidas x 100, dividido pelo Nº
total das consultas realizadas
Indica o percentual de questõeso respondidas por assunto, dando
informação sobre as áreas de assunto do acervo que estão deficientes face
às necessidades dos usuários.
g) N° de títulos de periódicos de um determinado assunto x 100, dividido
pelo N° total de títulos de coleção
Fornecerá o percentual de títulos de periódicos por áreas de assunto que
comparado com as exigências dos usuários, servirá de informação útil para
a seleção de material
h) Total de produção média de fichas por mês, dividido pelo N° de pessoal
envolvido
Padrão de produção mensal por funcionários, podendo-se a partir deste
dado, calcular-se h/h (horas/homem) necessário para a produção de fichas
Medida importante ao se planejar uma atividade que exija a produção de
fichas ou então para se estudar a alocação de pessoal. O padrão de produ-
ção é ainda uma importante medida para o cálculo de custos da atividade.
Desta mesma forma poderá ser calculada a produção h/h para os diversos
serviços e operações da biblioteca, como por ex. empréstimo, preparação
do livro para empréstimo etc.
i) N° de documentos para processar dividido pelo Padrão de produção por
h/h (horas/homem)
Informará o tempo necessário para processar estes documentos.
j) N? total das consultas dividido peio N? de pessoal no atendimento
Média de consultas por funcionário relacionada ao padrão de produção
h/h (horas/homem) fornecerá um indicador para avaliação da produção
executada e para alocação racional de pessoal.
TIPOS DE DADOS NECESSÁRIOS PARA TOMADA DE DECISÃO
DECISÃO ADMINISTRATIVA
EM FUNÇÃO DE:
1. Seleção e aquisição
2. Seleção para descarte
3. Alocação de espaço físico
4. Alocação de pessoal
COLETA ESTATÍSTICA
EXIGIDA
a) Controle das consultas e empréstimos por
assunto, por tipo de material, por idioma.
b) Controle das solicitações de referências
por assunto)o atendidas.
Controle de coleção de livros e folhetos por
idade (ano de publicação)
Controle da taxa de crescimento do acervo
(material adquirido anualmente)
Controle dos serviços e operações, tendo
em vista as exigências de HxH de produção
para determinar o n° de pessoal necessário.
BIBLIOGRAFIA
AMERICAN LIBRARY ASSOCIATION. Library statistical: a handbook of
concepts, definition and terminology. Chicago, 1966.
ANDERS, Mary Edna. Statistical information as a datas for cooperative planning
Library Trends, 24(2): 22944, Oct. 1975.
BEELER, M. G. Fancher et alii. Measuring the quality of library service: a
hadbook. Metuchen, Scaracrow, 1974.
CHILDERS, Thomas. Managing the quality of reference information service.
Library Quarterly, 42 (2): 212-7, April 1972.
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Librarianshp, 5:107-22, 1975.
FERREIRA, G. I. S.; SOUZA, M. C. V.; OLIVEIRA, Z. C. P. de Estatística de
biblioteca. In: JORNADA SUL-RIO-GRANDENSE DE BIBLIOTECONO-
MA E DOCUMENTAÇÃO, 6, Proto Alegre, 22-25 julho de 1980. Anais.
Porto Alegre, ARB, 1980. p. 241-9.
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Boletim ABDF, 3(4): 32-5, out. /dez. 1980.
GRIFFEN, Agnes M. & HALL, John H. P. Social indicators and library change.
Library Journal, 97 (17) : 3120-3, Oct. 1972.
KRIKELAS, James. Library statisctics and the measurement of library services.
ALA Bulletin, 60 (5): 494-9, May 1966.
CARACTERIZAÇÃO DA BIBLIOTECA
1. É feita a coleta de dados para fins estatísticos na biblioteca?
1.1 Sim 262
1.2o 3 Pedimos devolver o questionário mesmo queo tenha nada a
declarar
2. Esta coleta é feita:
2.1 Diariamente 234
2.2 Periodicamente 36 Especificar:
2.3 Por amostragem 2
2.4 Outro. Especifique:
3. A coleta de dados é feita em formulários padronizados?
3.1 Sim 135
3.2o 54 Pedimos anexar exemplos
4. Este formulário é o mesmo para as outras bibliotecas da universidade?
4.1 Sim 91
4.2o 81
4.3o sabe 37
5. Os dadoso coletados para:
5.1 Planejamento de serviços (controle, avaliação, alocação de recursos orçamen-
tários) 154
5.2 Estabelecimento de padrões de serviço 72
5.3 Elaboração de relatórios 244
5.4 Registros das atividades desenvolvidas pela biblioteca, sem nenhuma aplicação
posterior 36
5.5 Outro. Especifique:
6. Os dados referentes à aquisiçãoo relativos ao:
6.1 Número total 153
6.2 Tipo de material 112
6.3 Assunto 198
6.4 Setor da Biblioteca 23
6.5 Outro. Especifique:
. Os dados estatísticos referentes a coleção de livros e folhetoso compilados por:
7.1 Títulos 133
7.2 Volumes 148
7.3 Assunto 143
7.4 Idioma 67
7.5 Idade do Material (ano de publicação) 6
7.6 Outro. Especifique:
8. Os dados estatísticos referentes a coleção de periódicoso compilados por:
8.1 N? total de títulos 207
8.2 Títulos correntes 89
8.3 Forma de aquisição (compra, doação, permuta) 118
8.4 Idioma 49
8.5 Assunto (classificação) 37
8.6 Volume encadernado 26
8.7 Outro. Especifique: 1
9. Os dados relativos a materiais especiaiso compilados por:
9.1 Número total 72
9.2 Tipo de material 93 Exemplifique que tipos:
10. Os dados referentes ao intercâmbio registram:
10.1 Duplicatas 101
10.2 Doação 143
10.3 Permutas 111
10.4 Outro. Especifique: 2
11. Os dados relativos as baixas dos materiais do acervo referem-se ao:
11.1 Total de descartes 76
11.2 Descartes por desatualização 33
11.3 Descartes por dano físico 58
11.4 Extravio 128
12. Os dados referentes ao processamento técnicoo relativos ao:
12.1 Total de volumes catalogados 162
12.2 Total de títulos catalogados 159
12.3 Total de materiais preparados para empréstimo 134
12.4 Total de fichas desdobradas 125
12.5 Outro. Especifique: 1
13. É feita a compilação de dados sobre material encadernado?
13.1 Sim 100
13.2o 131
14. Os dados relativos aos usuárioso compilados por:
14.1 Leitores registrados 184
14.2 Leitores atendidos 187
14.3 Leitores potenciais 35
14.4 Tipo de leitor (aluno de graduação, pós-graduação, docente, administra-
tivo) 93
14.5 Departamento/faculdade 39
15. O registro dos usuários é feito em bases:
15.1 Semestrais 60
15.2 Anuais 116
15.3 Por períodos indeterminados 54
15.4 Outro. Especifique:
16. Os dados relativos a freqüênciao coletados com base em:
16.1 Roleta 30
16.2 Estimativa 50
16.3 Turnos de atendimento 85
16.4 Junto com a consulta 119
16.5 Outro. Especifique: 119
17. Os dados relativos a empréstimos domiciliareso registrados por:
17.1 Total de empréstimos 226
17.2 Tipo de leitor 48
17.3 Tipo de material 78
17.4 Assunto 123
18. Os dados relativos a empréstimo-entre-bibliotecaso coletados por:
18.1 Total fornecido 131
18.2 Total recebido 97
18.3 Total de bibliotecas atendidas 53
18.4 Tipo de material 16
18.5 Assunto 17
18.6 Tipo de entidade atendida
(Universidade, empresa pública ou privada, indústrias, etc.) 10
Os dados relativos ao serviço de referênciao compilados por:
19.1 Solicitações atendidas 157
19.2 Solicitaçõeso atendidas 20
19.3 Resumos elaborados 4
19.4 Disseminação seletiva da informação
(serviços de alerta, sumários, etc). 34
19.5 Normalização de documentos 56
19.6 Bibliografias compiladas 87
19.7 Treinamento de usuários 64
19.8 Outro. Especifique:
20. Os dados relativos a consultaso compilados por:
20.1 Total de consultas 206
20.2 Consulta e empréstimo conjuntamente 68
20.3 Tipo de leitor 41
20.4 Tipo de material 83
20.5 Assunto 126
20.6 Seção da biblioteca 22
20.7 Material deixado sobre as mesas ou
outro local pré-determinado 96
20.8 Outro. Especifique:
21.o registrados os dados de consulta por:
21.1 Telefone Sim 50o 166
21.2 Correspon-
dência Sim 05o 147
22. Os dados relativos à reprografiao referentes ao:
(excluir comutação)
22.1 Número de páginas 76
22.2 Número de solicitações 56
22.3 Outro. Especifique: 1
23. Os dados referentes ao serviço de comutação registram:
(deixe em branco seo existir o serviço)
23.1 Cópias recebidas 74
23.2 Cópias fornecidas 84
23.3 Outro. Especifique:
24. Observações:
CDU. 025.1
PADRÕES EM BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS: SITUAÇÃO
NO BRASIL*
Maria Carmen Romcy de Carvalho
CAPES
RESUMO
O estudo de 481 bibliotecas universitárias revelou que para atendera uma
comunidade acadêmica potencial de 882.866 usuários elas dispõem de um
acesso médio de 8 livros por usuários potencial, 1 bibliotecário para cada
758 usuários potenciais, 2 auxiliares por bibliotecário, área física média de
30 cm
2
por usuário potencial, área de leitura de 6 cm
2
por usuário poten-
cial, 1 cadeira para cada 28 usuários potenciais e um orçamento de Cr$. . .
67,32 por usuário potencial.
Verificou-se também que as bibliotecas de acesso geral estâo em melhores
condições por serem na grande maioria bibliotecas centrais, ao passo que as
setoriais das áreas de ciências puras e aplicadas encontram-se em melhor
situação do que as setoriais das áreas de ciências sociais e humanas.
1. INTRODUÇÃO
O presente trabalho trata da problemática do uso de padrões em bibliote-
cas universitárias.
Seu principal objetivo é o de oferecer elementos que sirvam para a reflexão
dos bibliotecários e administradores universitários a fim de que os objetivos da biblio-
teca universitária sejam dimensionados com base nos objetivos da instituição.
Por padrão entendemos aqui, determinados parâmetros que servem de
instrumento para a avaliação e o planejamento.
Assim, estudando um conjunto de bibliotecas de estabelecimentos de ensi-
no superior chegou-se a um perfil representativo que serve de ponto de partida para
uma auto-avaliação proporcionando às bibliotecas uma oportunidade de reflexão e
posicionamento para o planejamento de suas futuras atividades.
o foi, portanto, nossa intenção elaborar medidas ou padrões ideais, que
só podem ser formulados após cumprida esta primeira etapa, a qual nos propusemos
com este trabalho.
* Documento básico apresentao ao grupo de trabalho Estatísticas e Padrões Bibliote-
cários.
A aplicação de padrões ou parâmetros em qualquer atividade é ponto pa-
cffico. Entretanto a sua formulação e utilização em bibliotecas é questãoo muito
pacífica. Há que afirme que a utilização de padrões na administração bibliotecária
constitui um dos principais entraves ao crescimento dos serviços. A razão desta atitude
tem sua fundamentação no fato de que a aplicação de padrões rígidos, sem a devida
adaptação e atualização, pode realmente constituir uma barreira na otimização dos ser-
viços em bibliotecas. Nosso trabalho consiste em mostrar que a utilização de padrões,
éo só desejável, mas até necessária, desde queo sejam entendidos em seu sentido
limitador e inflexível. Também, nos foi possível verificar que ao utilização de pa-
drões tem constituído grande obstáculo no planejamento de nossas bibliotecas, uma
vez que a falta de medidas para a avaliação do acervo e dos serviçoso permite que as
bibliotecas se posicionem em relação à demanda real, desconhecendo o alcance de
suas atividades eo possuindo elementos que lhes ajudem a formular objetivos e
metas.
A literatura aponta que a utilização de padrões pode ser feita em pratica-
mente todas as atividades desenvolvidas em bibliotecas, uma vez que 60% destas
atividadesm caráter repetitivo e rotineiro.
Neste trabalho, limitamo-nos. a estudar as áreas de acervo, pessoal, área-
sica, acomodação e orçamento.
A metodologia empregada consistiu na utilização dos dados já compilados
e publicados pela Assessoria de Planejamento Bibliotecário da CAPES. O tratamento
estatístico dos dados foi feito através dos Programas SPSS (Statistical Package for
Social Sciences) e SAS (Statistical Analysis System) através dos quais efetuamos a
Análise de Grupamento, Análise de Regressão Múltipla e a Análise da Variância.
2. RESULTADOS E DISCUSSÃO DAS ANÁLISES
2.1 Análise de Grupamento
Ao iniciarmos nosso trabalho pretendíamos estudar separadamente as biblio-
tecas centrais e setoriais, pois acreditávamos que haveria uma diferença significativa
entre estes dois tipos de bibliotecas. A própria literatura acusa uma grande modificação
havida após a Reforma Universitária, onde a tendência à centralização é mais marcante,
caindo a preferência pela descentralização de serviços, por razões óbvias de racionalida-
de. Nosso estudo acusou que realmente quase todas as Instituições de Ensino Superior
(IES) estudadas (89) possuem bibliotecas centrais (79) e destas bibliotecas centrais,
apenas 5o exercem qualquer tipo de atividade centralizadora.
Teoricamente supõe-se que uma biblioteca central possui recursos maiores
do que uma biblioteca setorial, porque seu público é maior, o volume de aquisição é
maior, etc. 315
Com a finalidade de comprovar a diferença entre os dois tipos de bibliotecas
realizamos uma análise de grupamento. Foram escolhidas aleatoriamente 200 bibliote-
cas e o resultado obtido apresentou dois grupos. Aplicou-se um teste para as hipóteses:
Ho) P1 = P2 (hipótese nula)
Hi) P1 < P2 (hipótese alternativa)
O resultado obtido permitiu-nos aceitar a hipótese nula, isto é,o há diferen-
ça significativa entre os dois grupos, levando-nos a crer que as bibliotecas centrais seto-
riais em ambos os gruposo semelhantes quanto ao número de bibliotecários, número
de auxiliares, área global, número de cadeiras para leitor, número de livros, número de
títulos de periódicos, número de usuários em potencial e orçamento.
2.2 Análise de Regressão
Esta análise foi realizada com o objetivo de verificar o quanto uma variável
dependente é explicada pelas variáveis independentes a ela relacionadas.
Foram determinadas como variáveis dependentes:
V.
V.
V.
V.
V.
V.
V.
V.
V.
V.
V.
V.
V.
V.
04
05
06
07
08
09
11
12
14
15
16
17
18
19
Carga horária semanal;
Número de bibliotecários;
Número de auxiliares;
Área global;
Área para leitura;
Acomodação para leitor;
Número de livros;
Número de títulos de periódicos;
Número de usuários em potencial;
Número de empréstimos;
- Número de consultas
Orçamento;
Gastos com livros;
Gastos com periódicos.
Procedeu-se a elaboração de uma matriz de correlação, de onde só foram
aproveitados para a análise, os coeficientes de correlação superiores a 0.30 e correla-
ções que viessem a trazer resultados significativos para a pesquisa.
Os resultados obtidos revelaram que:
a) O número de bibliotecários é explicado pela área global (51%); número de
usuários em potencial (60%) e número de livros (65%);
Comentário
Parece curioso que a área global seja o primeiro fator que explique o número
de bibliotecários nas bibliotecas universitárias. Entretanto., a observação da prática tem
mostrado que freqüentemente ao se ter ampliada a área da biblioteca há uma preocu-
pação primeira em se contratar mais profissionais ao invés de auxuliares. Ocorre o que
a literatura já afirma: há um desvio de funções do bibliotecário, que passa a supervisio-
nar áreas de leitura, catálogos, etc. A pouca oferta de auxiliares faz com que se tenha
bibliotecários "vigiando" áreas que poderiam ser atendidas por pessoal auxiliar.
b) O número de auxiliares é explicado pelo número de bibliotecários (59%),
número de empréstimos (62%), número de usuários em potencial (64%), número de
livros e área global (65%).
Comentário:
Este resultado parece confirmar o que a literatura apresenta, onde o n? de
auxiliares deve ser fixado em função do número de bibliotecários. O segundo fator,-
mero de empréstimos,o causa surpresa, porquanto sabemos que é a Circulação que
absorve o maior número de auxiliares, e confirmando o que dissemos no item anterior,
vemos que a área global da biblioteca é fator que pouco explica o número de auxilia-
res, provando mais uma vez que o número de auxiliareso é calculado com base na
área global.
c) A area global é explicada pelo número de livros 152%) e número de usuá-
rios em potencial (53%);
Comentário:
Este resultado parece-nos também perfeitamente coerente, onde o tamanho
da coleção impõe a área global da biblioteca. Curioso é o fato do número de usuários
em potencial pouco explicar área total da biblioteca
d) A área para leitura é explicada pela área global (70%);
Comentário:
Este resultado tambémo apresenta surpresa quanto ao primeiro fator.
Curioso é queo haja nenhuma influência do numero de usuários no tamanho da
área concedida à leitura.
e) A acomodação para leitor é explicada pela área para leitura (86%), número
de livros (87,8%), carga horária semanal e número de usuários em potencial (88%);
Comentário:
o é surpresa de que a área para leitura explique o número de cadeiras para
leitor. A princípio pode parecer estranho que o número de livros tenha relação com a
acomodação para leitor, porém na prática, sabemos que quando as bibliotecasom
área disponível para expansão eom perspectiva de mudança para local mais amplo
elas recorrem a um método mais simples para ganhar espaço: diminuem o número de
cadeiras.
f) O número de livros é explicado pela área global (53%), número de bibliote-
cários (61%), número de auxiliares (62,5%);
Comentário:
Aqui se comprova que a área global da biblioteca é fator restritivo ao tama-
nho da coleção. O número de bibliotecários tem grande influência no número de livros
e o número de auxiliareso parece explicar muito o fenômeno, como já havíamos
visto no item (b).
g) O número de títulos de periódicoso apresentou nenhum fator que o
explique de modo significativo;
h) O número de empréstimos é explicado pelo número de livros (46%), núme-
ro de auxiliares (48%), acomodação para leitor, área para leitura e número de usuários
em potencial (50%) t
Comentário:
Este resultado apresenta um interessante fato. Parece óbvio que o número de
empréstimos esteja vinculado ao número de livros (que é o material mais disponível
para circulação) e o n? de auxiliares (que é quem efetua o empréstimo). Estranho é
que a Acomodação para leitores, a área para leitura e o número de usuários pouco
expliquem o fenômeno, porque se 1 biblioteca possui pouca acomodação e pouca
área restritra para leitura ela tende a emprestar mais pelo simples fato deo ter
lugar suficiente para leitura no local.
i) O número de consultaso apresentou nenhum fator que o explique de
forma significativa;
j) O orçamentoo é explicado pelo número de usuários (21%) e número de
bibliotecários (24%);
Comentário:
Este resultado comprova a pouca importância que as instituiçõeso ao item
orçamento das bibliotecas. Este é calculado aleatoriamente eo está em função da
clientela a ser servida, nem em função do pessoal que seleciona, processa e divulga o
material.
I) Os gastos com livroso pouco explicados pelo número de usuários em
potencial (20%) e orçamento (25%);
m)Os gastos com periódicoso explicados pelo orçamento (78%), número
de bibliotecários (84,6%), número de usuários em potencial (84,8%), área global
(84,9%);
Comentário:
Este resultado pode ser entendido, porque a grande parte dos orçamentos
das bibliotecaso alocadas para a compra de periódicos. O compromisso das assinatu-
ras a serem renovadas anualmente é mais forte do que a compra de livros. A grande
maioria das bibliotecas analisadaso setoriais da área de Ciências Puras e Aplicadas
onde há uma maior pressão para a compra de periódicos.
n) A carga horária semanalo parece ser explicada de modo significativo,
por nenhum fator.
Comentário:
A exigüidade da área para leitura e o baixo número de acomodações ofereci-
daso favorecem a uma ampliação nos horários de funcionamento das bibliotecas. A
grande maioria está aberta durante os horários das aulas e fechada nos fins de semana
e à noite.
2.3 Análise da Variância
Na tentativa de verificar se as bibliotecas apresentam semelhanças ou: diferen-
ças significativas provocadas pelas influências de fatores conjunturais, fez-se uma Aná
lise da Variância para variáveis quantitativas e classificatórias.
a) Variáveis quantitativas
v. 07- área global
v. 15 número de empréstimos
v. 16- número de consultas
v. 17- orçamento
b) Variáveis classificatórias
V. 10- Especialidade do Acervo
(0) Geral
(11 Ciências Sociais e Humanas
(2) Ciências Puras e Aplicadas
v.13 - Condições de Acesso
- fechado
Livre
-. Restrito
v. 20- Dependência Administrativa
- Federal
Estadual
- Municipal
Particulai
i/ 21 - Natureza da Instituição Mantenedora
- Universitária
Federação de Escolas
- Unidade Isolada de Ensino Superior
Os resultados obtidos revelaram que
-
a)o há diferença significativa na área global das bibliotecas de acess;.
livre, fechado e restrito;
b)o há diferença significativa no número de empréstimos das bibliotecas
de acesso livre, fechado e restrito;
c) Há ao nível de a = 0,10 diferença significativa no número de consultas
das bibliotecas de acesso fechado, livre e restrito.o há diferença ao nível
de a = 0,05;
d)o há diferença significativa rio orçamento das bibliotecas universitárias
vinculadas às instituições federais, estaduais, municipais e particulares;
e)o há diferença significativa entre os orçamentos das bibliotecas vincu-
ladas à estruturas universitárias e às unidades isoladas de ensino superior;
f) Há diferença significativa entre os"orçamentos das bibliotecas de acervo
geral, área de Ciências Sociais e Humanas e área de Ciências Puras e Apli-
cadas:
g)o há diferença significativa entre os gastos com livros nas bibliotecas
pertencentes às estruturas universitárias e unidades isoladas de ensino supe-
rior;
h) Há diferença significativa entre os gastos com periódicos das bibliotecas de
acervo geral, área de Ciências Sociais e Humanas e Ciências Puras e Aplica-
das
ilo há diferença significativa entre os gastos com periódicos das biblio-
tecas de estrutura universitária e das unidades isoladas de ensino superior.
CONCLUSÕES
As conclusões a que chegamos é de que a situação está longe de ser ideal.
A biblioteca universitáriao acompanhou o crescimento do ensino supe-
rior eo está hoje aparelhada para servir de suporte ao ensino e a pesquisa. 0 indica-
dor de 7, 9 livros por usuário é irrisório para se pensar que estamos, realmente, alimen-
tando de informação a comunidade acadêmica.
Quanto ao pessoal cabe-nos ressaltar que a insuficiência atual está no-
mero de bibliotecários em relação a clientela usuária, pois a proporção bibliotecário/
auxiliar é equivalente aos padrões americano e mexicano. O serviço fica ainda mais pre-
judicado pela freqüente mobilidade dos bibliotecários que buscam melhores salários
em bibliotecas especializadas, pela pouca experiência que os dirigentes das bibliotecas
m em planejamento e administração integrados ao planejamento da instituição e
pela pouca oportunidade que os bibliotecários universitáriosm para realizarem
cursos de aperfeiçoamento profissional
Quanto à área física e acomodação acreditamos que a reflexão se impõe
por si mesma. É impossível oferecer coleções e serviços satisfatórios em áreaso redu-
zidas como 30 cm
2
por usuário e 28 usuários por cadeira.
Com relação ao orçamento, o maior responsável pelo despreparo das bi-
bliotecas universitárias comprova-se o pouco reconhecimento que tem sido dado a elas
pelas administrações universitárias, que algumas vezes, mal acostumadas porque as bi-
bliotecas recebem recursos externos esquecem-se, proposital mente, de incluí-los em
sua programação orçamentária.
Sugerimos, pois, que as bibliotecas após um exame de consciência, procu-
rem descobrir seus próprios parâmetros, que construídos de acordo com suas necessi-
dades, objetivos, recursos e limitaçõeso sejam simples metas intangíveis, mas que se-
jam sobretudo indicadores de esforços dispendidos em direção a um desenvolvimento
factível e gradual.
TABELA Q1
RELAÇÃO ENTRE VARIÁVEIS EXPRESSA EM INDICADORES GERAIS E POR TIPO DE BIBLIOTECA
Fonte: Guia de Bibliotecas Universitárias Brasileiras.
TABELA 2
PERFIL DAS BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS COM ACERVO GERAL - 1978
VARIÁVEIS
N? de bibliotecários
N?de auxiliares
Área global (m
2
)
Área para leitura (m
2
)
Acomodação
N° de livros
Orçamento (Cr$ 1.000,00)
X
5
19
1.680
614
190
39.973
1.224
DP
7
30
3.053
1.140
325
53.413
1.755
TABELA 3
PERFIL DAS BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS DAS ÁREAS DE CIÊNCIAS
SOCIAIS E HUMANAS - 1978
VARIÁVEIS
N? de bibliotecários
N? de auxiliares
Área global (m
2
)
Área para leitura (m
2
)
Acomodação
N? de livros
N? de títulos de periódicos
Orçamento (Cr$ 1.000,00)
X
2
4
254
117
47
13.525
345
185
DP
2
4
288
126
42
19.530
511
252
TABELA 4
PERFIL DAS BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS DAS ÁREAS DE CIÊNCIAS
PURAS E APLICADAS - 1978
VARIÁVEIS
N? de bibliotecas
Nº de auxiliares
Área Global (m
2
)
Área para leitura (m
2
)
Acomodação
N? de Livros
N° de títulos e periódicos
Orçamento (Cr$ 1.000,00)
X
2
4
408
143
60
7.730
480
248
DP
2
4
646
204
73
8.848
579
363
RELATÓRIO DO GRUPO DE TRABALHO SOBRE ESTATÍSTICAS
E PADRÕES BIBLIOTECÁRIOS
Zita Catarina Prates de Oliveira
ESTATÍSTICA
A coleta de dados estatísticos nas bibliotecas deve ser determinada pela
utilidade que terão essas informações nas atividades de supervisão, planejamento e
avaliação. Uma quantidade exageradamente diversificada de dados estatísticos, sem ob-
jetivos previamente definidos, somente contribui para sobrecarregar o pessoal da bi-
blioteca e colocar em dúvida a validade dos procedimentos estatísticos em geral.
0 grupo verificou que há necessidade de serem coletados dados, sistema-
ticamente, sobre três setores de atividades: a) o setor de operações administrativas,
principalmente no que se refere à previsão e execução orçamentária; b) o setor de
serviços prestados pela biblioteca; c) e as atividades internas (atividades-meio) da
biblioteca.
A coleta e organização de dados estatísticos pela biblioteca devem fazer
parte do sistema geral de estatística da instituição maior a que se acha ligada, como,
por exemplo, a universidade. Convém que os bibliotecários se articulem com os esta-
tísticos e com eles trabalhem na definição do subsistema estatístico da biblioteca e na
sua implementação.
Ao fixar uma sugestão quanto aos dados estatísticos mínimos que devem
ser levantadados sistematicamente, o grupo de trabalho constatou que existe uma
premente necessidade de definir conceitos fundamentais, de modo a permitir a compi-
lação de dados de forma homogênea. 0 grupo sugere que seja adotada urgentemente
uma norma nacional sobre conceitos como livro, folheto, periódico, consulta, emprés-
timo, etc.
0 grupo considerou que os dados estatísticos mínimos a serem coletados
sistemática e rotineiramente pelas bibliotecas universitárias devem indicar:
a) o acervo total da biblioteca, decomposto por área do conhecimento e
por tipo de material;
b) o crescimento da coleção, por área e por tipo de material;
c) o número de itens retirados do acervo, para descarte, por tipo de mate-
rial;
d) a utilização do acervo, sob a forma de consulta no local ou empréstimo
domiciliar, com decomposição por assunto;
e) o número de documentos solicitados ou fornecidos por empréstimo a
outras bibliotecas;
f) o número de cópias de artigos recebidos ou fornecidos a outras biblio-
tecas.
Esses dados correspondem ao mínimo desejável que deve ser alcançado por
todas as bibliotecas universitárias.o exclui, portanto, a possibilidade de as bibliote-
cas que tenham condições para isso ampliarem, de acordo com suas necessidades, a
gama de dados coletados, especialmente com relação a estatística de atividades
administrativas.
Recomenda-se que, para uma melhor avaliação ao desempenho das biblio-
tecas, estas realizem estudos de amostragem, periódicos, sobre aqueles serviços que
o se prestam a uma coleta contínua e rotineira de dados estatísticos. Por exemplo,
as atividades ao serviço de referência, a população que usa efetivamente os serviços da
biblioteca, custos e produtividade dos serviços, avaliação da coleção segundo diferentes
critérios etc.
PADRÕES
Padrões podem ser definidos como parâmetros pelos quais os serviços bi-
bliotecários podem ser medidos, comparados e/ou avaliados.
A inexistência de tais parâmetros para nossas bibliotecas universitárias
levou o grupo de trabalho a sugerir que, a partir da definição dos seus objetivos, e da
realização de um diagnóstico da situação de suas atividades, as bibliotecas universitá-
rias estabeleçam seus próprios padrões (metas), em função do aprimoramento de seus
serviços.
O grupo de trabalho sugere, como indicadores para o estabelecimento de
padrões, as seguintes relações quantitativas:
acervo total/número de usuários potenciais
total títulos de periódicos correntes/cursos e áreas de assunto
número de bibliotecários/número de auxiliares
número de bibliotecários/número de usuários potenciais
acervo total de livros/número de usuários potenciais
área para leitura/número de usuários potenciais
número de assentos/número de usuários potenciais
orçamento/número de usuários potenciais
A utilização destes indicadores deve, entretanto, ser encarada em um con-
texto mais amplo, estando eles sujeitos a fatores externos como condições de acesso,
horário de funcionamento da biblioteca, natureza da instituição, produção bibliográ-
fica por área, etc. Necessitam, ainda, reavaliações periódicas que permitam a manuten-
ção da qualidade dos serviços, confirmação ou correção da política adotada.
O grupo de trabalho recomenda ainda, que as bibliotecas almejem as se-
guintes condições mínimas:
horário de funcionamento que permita ao estudante freqüentar a biblio-
teca fora do horário de aula
prestação de serviços de referência
coleção reserva
empréstimo à domicílio
orientação sobre o uso da biblioteca e materiais
empréstimo inter-bibliotecário
aquisição cooperativa
serviços reprográficos.
À CAPES recomenda-se a criação de grupo de trabalho que, defina termos
e estabeleça normas para a utilização de padrões e para a coleta e utilização de dados
estatísticos em bibliotecas universitárias; como também a criação de mecanismo per-
manente de acompanhamento destas atividades.
CDD 025.218770981
CDU 025.21 fl27.7(81)
SELEÇÃO E AQUISIÇÃO DE MATERIAL EM
BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS BRASILEIRAS*
Nice Menezes de Figueiredo
Chefe do Departamento de Ensino e
Pesquisa - DEP/IBICT
RESUMO
Análise de levantamento realizado para aferir a situação das atividades de
seleção e aquisição de material bibliográfico em bibliotecas universitárias.
Os resultados oferecem um diagnóstico da forma como estas atividadeso
executadas:
a) de maneira secundária, descuidada e empírica;
b) sem a existência de documentos normativos;
c) sem o adequado preparo dos profissionais.
Deste estudo infere-se a necessidade de conscientizar o profissional para a
importância destas atividades e de fortalecer a formação dos bibliotecários
para o desempenho de uma das mais típicas tarefas da profissão.
Documento básico apresentado ao Grupo de Trabalho Seleção de Material Informa-
cional.
1. INTRODUÇÃO
A pedido da CAPES, assumimos o compromisso, em meados do ano
passado, de realizar o'levantamento da situação da seleção e aquisição de material bi-
bliográfico em nossas bibliotecas universitárias.
Elaboramos o questionário, como base da pesquisa a ser efetuada. Ficou
sob a responsabilidade da CAPES revisar, diagramar, incluir itens de interesse dos pes-
quisadores da parte de aquisição e distribuir os questionários pelo país.
Tem sido uma preocupação da CAPES a situação das coleções das biblio-
tecas universitárias. Pessoalmente, também, temos nos preocupado com o assunto,
visto considerarmos sumamente importante o papel que o bibliotecário deve ter no
desenvolvimento destas coleções.
Assim, nos pareceu natural acedermos ao convite recebido,o só para
realizar este levantamento, como também para elaborar um texto didático para servir
de base ao ensino da disciplina de seleção.
Do ponto de vista prático, o levantamento nos propiciou uma noção ou
um diagnóstico realista da situação das atividades de seleção e aquisição em nossas
bibliotecas universitárias, fornecendo assim uma base sólida para a reformulação e o
fortalecimento do ensino desta disciplina, tipicamente bibliotecária, para a formação
dos recursos humanos da área.
Os resultados deste levantamentoo realmente desalentadores, mas
correspondem ao que se esperava.
2. ANÁLISE DO LEVANTAMENTO
Em primeiro lugar, do ponto de vista quantitativo, dos 573 questionários
enviados pela CAPES, foram devolvidos apenas 151, sendo que 11 desteso foram
respondidos, tendo restado então, somente uma amostragem de 140 questionários, o
que podeo ser representativo do universo para um estudo realmente aprofundado
sobre o asunto, como se pretendera fazer.
No entanto, como o objetivo principal da CAPES era o de "se chegar a um
diagnóstico global da problemática e à possível quantificação dos dados", o número
atingido nos parece o suficiente para tal abordagem e estudo do universo pretendido.
Poderíamos também justificar a aceitação desta amostragem porque numa
análise preliminar os dados levantadoso trouxeram algo realmente novo ou questio-
nável : o diagnóstico a ser apresentado com base nesta amostra é já sobejamente conhe-
cido por todos.
Apenas, como aliás aconteceu em trabalho anterior patrocinado pela
mesma CAPES o levantamento da situação do ensino da biblioteconomia ficará
oficialmente registrado um conhecimento ou uma noção prévia já existente com rela-
ção às atividades de seleção e aquisição de materiais em nossas bibliotecas universitárias.
Outro fator negativo, com relação ao levantamento de dados obtidos pelos
questionários que serviram de base ao presente estudo, foi o número elevado de ques-
tionários apenas parcialmente respondidos com muitas questões sem qualquer notação.
Pensamos poder justificar também este fato ao afirmar que o questionário foi elabora-
do de maneira lógica e para avaliar uma situação ideal de biblioeca universitária. Foram
previstos todos os possíveis envolvimentos e desdobramentos das atividades de seleção/
aquisição dentro de uma biblioteca moderna, dinâmica e bem provida de recursos hu-
manos e materiais.
Ora, sabe-se que estão bem longe as nossas bibliotecas universitárias ape-
sar de serem consideradas como um tipo de biblioteca dos mais desenvolvidos no
país de apresentar este quadro "ideal". Assim, comprovando este situação, um gran-
de número de bibliotecas teve dificuldades em preencher o questionário no seu todo
explica-se assim também, talvez, o baixo percentual (24,4%) de respostas recebidas em
relação ao total de questionários enviados. Mesmo aquelas bibliotecas que se esforça-
ram em respondero foram capazes de lidar a contento com todas as questões. Ape-
sar dos problemas, um número razoável o fez de maneira correta, interessada e res-
ponsável o queo podemos deixar de louvar e apreciar devidamente.
Outro detalhe que nos chamou a atenção, no item XXIV, e que talvez
também tenha contribuído para os dados incompletos no questionário, foi o número
elevado de bibliotecas ou setoriais (48), ou de Departamentos (19) ou de Institutos
(14) ainda existentes, queo fortemente dependentes das Bibliotecas Centrais (55),
e que se sentiram com dificuldades e/ou impossibilitadas mesmo de responder integral-
mente ao questionário. Muitas questões diziam respeito ao órgão centralizador das
atividades de seleção/aquisição.
Em uma análise preliminar,o sentimos que fosse necessária uma tabu-
lação a nível regional de interesse maior no aspecto aquisição visto que os tópicos
sobre seleção abordados no questionárioo trariam qualquer distorção no diagnósti-
co global a que se pretendeu chegar.
Outra observação bastante relevante é a que se refere ao fato de terem sido
poucas, na realidade pouquíssimas, as bibliotecas que enviaram as cópias dos documen-
tos solicitados. E, sob este aspecto, já podemos oferecer a primeira análise do questio-
nário propriamente dito. Os poucos documentos que nos chegaram às mãos foram Re-
gimentos, Estatutos, Manuais de Serviço e Guias de Bibliotecas. Esteso documentos
meramente normativos ou, quando muito, além das normas descrevem atribuições e
execução de tarefas, maso oferecem qualquer possibilidades para embasar um estu-
do qualitativo das atividades de seleção/aquisição de materiais. Ainda que importantes,
tais documentoso constituem, na forma em que estão redigidos, base para mensura-
ção daquelas atividades, passo inicial para qualquer estudo de avaliação, quer com fina-
lidade quantitativa ou qualitativa. Ou seja, os objetivos de uma instituição devem ser
definidos de maneira absolutamente clara e precisam ser mensuráveis para possibilitar
exatamente a avaliação sistemática e periódica da instituição no cumprimento dos
objetivos pré-fixados.oo objetivos como os que seguem abaixo e que exemplifi-
cam de maneira direta o que está contido nos Regimentos/Estatutos/Manuais, que
serviriam de base para uma avaliação das atividades de seleção/aquisição executadas
pelas bibliotecas universitárias do país. No trabalho que estamos apresentando para
este Seminário debatemos longamente sobre este tópico: Os objetivos da biblioteca e
a política de seleção.
Exemplo de objetivos apresentados e sem possibilidade de mensuração:
"A biblioteca se constitui no repositório de livros, periódicos, docu-
mentos ou qualquer outro material bibliográfico que, de alguma for-
ma, se relacionem ou sejam necessários ao estudo ou pesquisa ... "
"É finalidade primordial da biblioteca propiciar aos professores, alu-
nos e funcionários da Faculdade, bem como ... e usuários em geral,
acesso ao material de seu acervo, bem como instalações e meios adequa-
dos para a sua utilização em ambiente apropriado à leitura e medita-
ção".
No que diz respeito a documentos de "política de seleção, política de des-
cartes, aceitação de doações" e outros materiais de elaboração da própria biblioteca,
recebemos apenas dois documentos, um dos quais ainda sigiloso, tendo muitas res-
postas vindo com as notações "em preparo" ou "projeto em estudo". Assim, se pode
concluir que os bibliotecários trabalham sem qualquer suporte administrativo a respei-
to dos objetivos das suas próprias bibliotecas e sem metodologias e/ou critérios escritos
para as tarefas de seleção/aquisição nas nossas bibliotecas universitárias. E chegamos
seguramente a esta conclusão, embora noventa (90) questionários apresentem respos-
tas afirmativas (item 1) quanto ao conhecimento, por parte das bibliotecas, de algum
documento onde estivessem delineados os objetivos da entidade a qual estão subordi-
nadas, versus quarenta e sete (47) que declararamo ter este conhecimento. Correla-
cionando esta questão com a que vem a seguir (item II) sobre a existência de um
documento delineando os objetivos da biblioteca, obtivemos setenta (70) respostas
positivas e sessenta e cinco (65) negativas, sendo que as positivas se calcaram em
documentos já apontados como meramente normativos e/ou descritivos. Fica claro,
portanto, que este problema de "objetivos"o está sendo corretamente percebido
pelos administradores de bibliotecas universitárias.
A questão seguinte (item III) segue a mesma linha: A biblioteca possui um
documento traçando a política de seleção para os diferentes materiais? As bibliotecas
responderam alegando possuir para:
livros 28
periódicos 31
AV 03
microformas 06
outros (? interrogação nossa) 07
Respondendo à indagação (item IV): É este documento revisado periodica-
mente? Quinze (15) responderam positivamente e trinta (30) negativamente mas no
entanto nenhuma cópia, como assinalamos inicialmente, nos foi enviada destes docu-
mentos. Que mistério é esse???
Quanto à existência de uma Comissão de Biblioteca (item V), coordenado
as aquisições e fazendo alocação de verbas, as respostas foram relativamente significati-
vas: trinta e um (31) assinalaram possuir Comissão, algumas esclarecendo que a Comis-
o apenas coordena as aquisições mas a alocação da verba é feita por outro órgão ou
pelo Diretor. Mas no total quase absoluto, noventa e cinco (95) declararamo pos-
suir Comissão e alegaram que a Biblioteca Central, o Setor de Serviços Técnicos ou o
Setor de Aquisição da Biblioteca é quem esta função (cinqüenta e cinco Bibliote-
cas Centrais responderam ao questionário) ou então outros órgãos da Universidade
como Departamento ou Divisão de Serviços Gerais ou Divisão de Material.
Quanto ao quesito (item VI) de quais e quantoso os membros desta
Comissão, as respostas foram bastante diversificadas,o permitindo tabulação siste-
mática mas, de qualquer maneira, os três elementos mais citados foram: Bibliotecários,
Professores e Estudantes, além de Diretor de Faculdade e Professores Representantes
dos Departamentos.
Na maioria dos casos, conforme as respostas (item VII) vinte (20) positi-
vas versus trinta e nove (39) negativas, esta Comissão, quando existe, ná"o teve parti-
cipação na elaboração da política de seleção estabelecida pela biblioteca e, também na
maioria dos casos, a Comissão de Bibliotecao tem conhecimento da política de sele-
ção existente. (Dez respostas positivas versus dezenove negativas item VII).
Contudo, na questão seguinte (item VIII), sobre as funções desta Comissão
o respondidas como sendo as de:
Planejamento para cobertura de áreas carentes 29
Fortalecimento de coleções em demanda 21
Elaboração de programa para o desenvolvimento sistemático
da coleção 17
Decisões quanto à substituições por desgastes e extravios 15
Decisão quanto ao formato das coleções 05
Pergunta-se aqui então: Como pode esta Comissão, sem ter conhecimento
dos objetivos da biblioteca e da sua política de seleção, contribuir efetivamente para
a execução das responsabilidades acima ??? Baseado em qual documento ou norma
funcionam estas Comissões? Repetimos que isto é algo misterioso, já que tais docu-
mentoso quase inexistentes e quando existemoo divulgados ...
Entre outras funções desta Comissãoo respondidas apenas as de caráter
administrativo em geral, como de supervisão da biblioteca e dos seus serviços e de
apoio e assessoria à Direção. No caso da Comissãoo se desincumbir das funções lis-
tadas (item IX), a maioria das respostas assinalou que o Bibliotecário-Chefe é quem as
executa (71 resposta) ou o Setor de Seleção (15) e outros (24), com respostas bastan-
te diversificadas, salientam "bibliotecários".
Na questão da verba própria anual para manter a coleção de referência
(item X), um número razoável de bibliotecas respondeu possuir tal verba, quarenta e
três (43) versus noventa e quatro (94) que alegaramo a possuir. A relação desta
verba com o total do orçamento para aquisição foi assinalado (item XI), com percenta-
gem de:
Até 5% 16
mais de 20% 11
até 10% 07
até 20% 07
Na questão de existência de rotina por escrito sobre metodologia para a
seleção (item X"), apenas uma minoria absoluta declarou possuí-la, dezoito (18)
bibliotecas versus cento e quatorze (114) respostas negativas. E aqui nos permiti-
mos levantar dúvidas ainda com relação a estas dezoito:o estariam se referindo ape-
nas aos procedimentos contidos no Manual de Rotina?
A metodologia como a entendemos, deve conter todo um arrazoado dos
"porquês" da seleção eo uma simples descrição da rotina do serviço ou das normas a
serem cumpridas pelo pessoal subalterno. De qualquer maneira, esta dúvida permane-
ce, pois queo nos foi enviado qualquer documento contendo metodologia para a
seleção por parte das bibliotecas.
A atividade de seleção (item XIII), conforme as respostas, é executada,
principalmente, pelos:
Professores individualmente 99
Bibliotecário-chefe 97
Sugestões de alunos 92
Departamento como um todo 43
Setor de seleção da biblioteca 32
Comissão de Biblioteca 30
Outros 27
Assim, a tarefa é principalmente desempenhada pelos professores indivi-
dualmente e pelos bibliotecários-chefes, com grande participação do corpo discente, o
que nos parece um fato relativamente novo e muito auspicioso. A participação da Co-
missão de Bibliotecao é relevante, embora este total (30) coincida aproximadamen-
te com o número declarado de bibliotecas que assinalaram possuir uma Comissão de
Biblioteca (31).
Quanto aos instrumentos utilizados e a freqüência de utilização (item
XIV), os catálogos de editoreso os instrumentos mais utilizados (98) seguindo-se as
bibliografias (84) e as recensões com relativamente pouco uso (41), ou seja:
Rotineiramente os catálogos de editoreso utilizados por setenta e oito
(78) bibliotecas, em relação a quarenta e seis (46) que utilizam as bibliografias e quin-
ze (15) que usam as recensões.
Ocasionalmente,o utilizadas principalmente as Bibliografias (31), se-
guidas das Recensões (20) e dos Catálogos de Editores (16).
Em casos especiais utilizam Bibliografias (7), Recensões (6) e Catálogos
de Editores (4).
É surpreendente que material secundário, de caráter meramente informati-
vo e publicitário apenas, como catálogos de editores se constitua no instrumento prin-
cipal de base à atividade de seleção nas bibliotecas universitárias. Do ponto de vista
teórico, tal material deveria ser utilizado mais para a atualização de fontes de real
autoridade como as Bibliografias e as Recensões. Catálogos de Editores, na verdade,
o fontes de valor como informação corrente e atualizada eo se deveriam constituir
em instrumentos básicos de seleção de material.
Ironicamente, embora a seleção seja baseada em material corrente eo
relevante, como Catálogo de Editores, a aquisição é sempre feita com anos de atraso
devido às crônicas faltas de verbas em nossas bibliotecas e quando finalmente adqui-
ridos os livroso às vezes muito tempo esperando a sua hora de merecer um lugar nas
estantes da biblioteca. Em conseqüência destes problemas as coleçõeso falhas,
deficientes e desatualizadas, e desenvolvidas sem um caráter lógico e consistente.
Na questão da verificação antes da aquisição de título solicitado existente
em biblioteca local (item XVI), parece ter havido interpretações diversas quanto à
expressão "biblioteca local". No nosso entender "biblioteca local" é a situada na
mesma cidade. Alguns questionados levantaram dúvidas a respeito mas, de qualquer
maneira, setenta e quatro (74) bibliotecas assinalaram fazer esta verificação rotineira-
mente, trinta (30) em casos especiais e oito (8) ocasionalmente. Esta verificação nos
parece altamente relevante à formação de uma coleção que pretenda corresponder à
demanda dos seus usuários, sem duplicar desnecessariamente títuloso requeridos
pelo uso. Ao existência dessa verificação é, portanto, altamente danosa ao desenvol-
vimento da coleção.
Quanto à política de descarte (item XVII), um problema de difícil solução
devido à legislação existente, apenas três bibliotecas responderam possuí-la em docu-
mento, enquanto cento e vinte e três (123) declararamo possuir documento e doze
(12) assinalaram que este documento integra a política de seleção da biblioteca. Como
já informamos,o nos foram enviadas cópias de documentos que nos possibilitassem
uma análise mais completa.
A questão sobre normas para a aceitação de doações (item XVIII), foi res-
pondida de forma semelhante à questão anterior, embora com um número um pouco
maior de bibliotecas respondendo que tal norma integra a política de seleção quinze
(15), versus quatro (4) que possuem documento próprio e cento e dezoito (118) que
o possuem qualquer documento sobre o assunto.
Estes dois resultados mencionados acima exemplificam sobejamente a falta
de apoio administrativo para a atividade de seleção. Destacamos que estas falhas, sem
dúvida, devem ser atribuídas diretamente aos Bibliotecários-chefes e de maneira indire-
ta às nossas escolas queo preparam os futuros profissionais de maneira adequada
para exercer a importante tarefa de seleção e desenvolvimento da coleção nas nossas
bibliotecas, eo enfatizam que a coleção é a base de todos os serviços queo presta-
dos pela biblioteca à comunidade.
No item XIX: A biblioteca realizou, nos últimos cinco (5) anos, qualquer
avaliação de suas coleções ? Sessenta e três (63) responderam ter realizado a avaliação
de avaliação de livros e sessenta e duas (62) a avaliação de periódicos. Uma resposta
aparentemente positiva que foi grandemente distorcida pelas respostas a itens anterio-
res. Sem a existência expressa dos objetivos da biblioteca e sem os documentos de polí-
tica para seleção, para descartes e para aceitação de doações a avaliação de coleções
nos parece altamente casuística, sem meta definida e sem sistematização.
As metodologias (item XIX) mais utilizadas para estas avaliações foram:
Verificação nas estantes 47
Confrontando dados de aquisição x circulação 42
Verificação de proporções existentes por classe de assuntos 27
Confrontando classes de assunto com bibliografias especializadas . . 06
Outras (incluindo: estudo de citações e freqüência de consultas
a títulos de periódicos) 08
Estas metodologias empregadas conforme o item XIX comprovam, de cer-
ta forma, a maneira casual da avaliação, o que seo a invalida nem a desmerece por
um lado, por outro ladoo oferece correlação com a questão (item VIII) sobre as
funções da Comissão da Biblioteca, onde justamente se levantou pontos que dizem res-
peito à avaliação objetiva e sistemática das coleções. Mas, destaca-se um ponto muito
importante, há correlação estreita entre esta questão (item XIX) da metodologia e
aquela que aponta quem realiza a tarefa de avaliação (item XX). O Bibliotecário-chefe
aparece soberanamente com sessenta e duas (62) respostas seguido de professores com
vinte e nove (29), equipes especialmente formadas com vinte (20), Setor de Seleção
com onze (11) e sendo que apenas uma utilizou especialistas externos.
Vê-se assim que uma tarefa extremamente complexa e que deveria ser
apoiada grandemente por todos aqueles quem responsabilidade e interesse pela
biblioteca é executada, na maioria das vezes, por apenas uma pessoa e de maneira
empírica. Teoricamente, se sabe queo existe uma metodologia ideal mas que para
cada caso, em particular, um estudo deve ser feito e decidido qual o conjunto de técni-
cas que devem ser aplicadas para a montagem de um projeto de avaliação que venha a
ser o realmente adequado às necessidades específicas de cada coleção.
No item XXI sobre métodos de aquisição, a resposta foi altamente negativa
quanto aos métodos mencionados (91), enquanto que alguns (17) disseram fazer uso
de algum método de ordem em branco ou de plano de aprovação. Um número também
bastante reduzido (item XXII) assinalou fazer parte de programa cooperativo de aqui-
sição planificada ou de convênios, especificadamente: 27 para livros e 25 para periódi-
cos. No entanto, um número maior declarou estar envolvido em programa cooperativo
para a aquisição de materiais:
Área de assuntos especializados 34
Áreas geográficas determinadas 05
Muito caro 05
Uso ocasional 04
Formatoo padrão 00
Na questão de se estaria a biblioteca interessada em participar de programa
cooperativo (item XXIII), as respostas mais numerosas novamente se referiram à for-
mação de depósitos estaduais ou regionais para a manutenção de materiais:
Muito especializados 37
Coleções retrospectivas de periódicos 29
Muito caros 24
De formatoso padrão 13
De baixa renda 06
Quanto às questões com relação aos problemas criados para a Biblioteca
Central em razão da existência de Departamentos que controlam fundos próprios (item
XXV) e de Departamentos com coleções especiais próprias (item XXVI), a grande
maioriao respondeu. Algumas alegaramo possuir o problema, outras alegaram
que os Departamentosom verba própria e o problema fica assim resolvido e uma
única respondeu que "aindao resolveu este problema".
Na análise da situação seleção/aquisição (item XXVII), a maioria das res-
postas (56) foi de que a biblioteca faz a seleção mas a aquisição é feita pela Biblioteca
Central, o que tecnicamente e do ponto de vista administrativo-econômico é o mais
correto. No entanto, um número significativo de respostas, trinta e quatro (34), foi de
que seleção e aquisiçãoo feitas pela própria biblioteca, enquanto outras (25) infor-
maram que a seleção e a aquisição cabem à Biblioteca Central. Esta questãoo nos
pareceu bem formulada, pois que há choque entre ela e a de número XIII, onde as res-
postas evidenciam que a atividade de seleção é executada, principalmente, pelos pro-
fessores individualmente e pelo Bibliotecário-chefe.
Na questão seguinte (item XXVIII) verificou-se que a maioria das bibliote-
cas (61)o possui controle sobre as verbas de convênio enquanto várias (37) alegaram
possuir tal controle. A maioria (80) respondeuo possuir orçamento próprio e especí-
fico para o desenvolvimento da coleção bibliográfica, porém outras (57) alegaram pos-
suir tal orçamento. Estas duas questões mostram a baixa estima ou consideração mere-
cida pelos bibliotecários dentro das suas organizações, onde poucoso ouvidos e tam-
mo possuem controle sobre verbas queo destinadas ao desenvolvimento das co-
leções de suas bibliotecas. Poucos possuem verba para gerir suas próprias coleções bi-
bliográficas, base de grande parte dos serviços prestados pela biblioteca. Da mesma
maneira como na seleção, as respostas destacam que o maior responsável pela aquisi-
ção (item XXXII) é o bibliotecário (104) enquanto quarenta e três (43) bibliotecas
assinalaram outros profissionais como os responsáveis por esta tarefa. Novamente,
aparece o Bibliotecário-chefe como o responsável desta vez pela aquisição, forman-
do-se o binômio seleção/aquisição que depende inteiramente da atuação do Bibliotecá-
rio-chefe. Esta atuação é expressa pela capacidade de supervisão e delegação para bem
distribuir estas tarefas entre os diferentes níveis de seu quadro de pessoal, isto é,
delegar as atividades intelectuais aos profissionais bibliotecários e as de suporte ao
pessoal administrativo.
Um número representativo de bibliotecas utiliza intermediários (item
(XXXIII) para a compra de livros (84) e periódicos (82). Enquanto a maioria faz a
aquisição (item XXXIV) através do serviço de compras da própria Universidade (76)
há uma parcela de bibliotecas (46) que compra diretamente do fornecedor. A maioria
das bibliotecas assinalou que faz avaliação do acervo (item XXXV) para orientar a
aquisição (94) contra vinte e nove (29) que responderam negativamente. Esta questão
contradiz o item XIX onde sessenta e três (63) e sessenta e dois (62) bibliotecas, res-
pectivamente, alegaram fazer avaliação da coleção para fins de seleção de livros e
periódicos.
Para intercâmbio, muitas bibliotecas utilizam material da própria Univer-
sidade (81) enquanto várias (37)o o fazem (item XXXVI).
Uma grande maioria de bibliotecas assinalou (item XXXVII)o ter reali-
zado estudo de usuários (106) versus vinte e sete (27) que declararam ter realizado este
estudo. Algumas bibliotecas esclareceram estar elaborando projeto ou planejamento
deste estudo para os próximos meses.
Também a maioria absoluta (item XXXVIII) respondeuo existir treina-
mento para os selecionadores (127) contra cinco (5) que responderem oferecer tal trei-
nametno. Pelos esclarecimentos feitos, contudo, apenas uma nos pareceu oferecer o
treinamento conforme o que apresentamos em nosso trabalho preparado para divul
gação durante este Seminário.
Quanto à revisão (item XXXIX) ou o mecanismo para a supervisão da con
sistência na seleção, aparece o Bibliotecário-chefe como o elemento-chave (52) enquan-
to que o Setor de Seleção e a Comissão de Biblioteca aparecem como elementos prin-
cipais em, respectivamente, dezesseis (16) e treze (13) bibliotecas. Destaca-se novamen-
te aqui o papel do Bibliotecário-chefe, desta vez como revisor principal ou no maior
número de vezes como revisor de uma tarefa que é realizada por ele mesmo.
A questão final (item XL) diz respeito ao uso do serviço de empréstimo
entre bibliotecas nos últimos cinco (5) anos. Foi um dos itens que menos respostas
recebeu. A maioria das bibliotecas pareceo fazer uso deste mecanismo de enrique-
cimento das coleções e outras alegaramo possuir os dados computados.
O registro do movimento anual de empréstimo entre bibliotecas oferecem
uma amplitude de seis até duzentos itens. Nesta questão (item XL) o resultado é
dispar e portantoo tabulável.
3. CONCLUSÕES
Em nossas palavras iniciais afirmamos que os resultados deste estudo
tinham sido desalentadores e o quadro apresentado parece ter comprovado tal asserti-
va. Podemos constatar que a atividade de seleção, apesar de ser uma das funções mais
intelectuais e a mais tipica do profissional bibliotecário, é executada de forma descui-
dada e secundária nas nossas bibliotecas universitárias.
o há dúvida de que no ambiente universitário a seleção individual das
obras é de competência de professores e alunos. Mas ao bibliotecário deveria caber
um papel mais relevante: o de supervisionar o crescimento da coleção como um todo.
Sendo o único elemento que possui visão global da biblioteca, a ele cabe de fato e de
direito, a responsabilidade pelo desenvolvimento coerente e uniforme das coleções
em geral e também a criação e manutenção das importantíssimas coleções bibliográ-
ficas e de referência que atuam como suporte de toda e qualquer área do conheci-
mento humano abrangido pela sua universidade. Vimos no quadro apresentado que o
diagnóstico final é bem diferente deste ideal. 341
Procuraremos ilustrar estas nossas afirmações com declarações extraídas
dos próprios questionários, feitas por alguns bibliotecários que, talvez já sensibilizados
e conscientes deste fato, assim se expressaram:
"A aquisição de material bibliográfico é centralizada, no que diz respeito
à verba orçamentária. A seleçáo é praticamente inexistente. Limitamo-nos
a atender as autorizações (pedidos dos professores e pesquisadores) prove-
nientes dos Departamentos, por ordem de chegada".
"As verbas de convênioso as únicas de que dispõem os Departamentos
para aquisição de publicações..."
"Este anoo foi comprado nenhum livro. A verba apenas foi para o paga-
mento de assinaturas de periódicos. Ainda há uma esperança. Estamos
apenas em agosto do corrente ano".
s vezes, o Departamento faz o pedido de compras sem passar pela bi-
blioteca, recebe o material e nem sequer comunica à biblioteca, que por
acaso toma conhecimento do fato".
"A seleção é feita pelos professores e a aquisição pelo serviço de compra
da Universidade".
"Não adquirimos um livro há dois anos por falta de verba. Muitas vezes
falta até material básico de trabalho: fichas, canetas etc".
"Não se faz empréstimo entre bibliotecas.o existe EEB".
ABSTRACT
Analysis of a survey on the activities of selection and acquisition of
materiais in university libraries in Brazil. The resuits lead to a diagnostic showing that
these activities are performed:
a) as a secondary activity carelessly and empirically done;
b) without the existence of any basic document;
c) by professionals lacking adequate training.
From this study is inferred the necessity of awakening the professionals
for the importance of those activities and to strenght the education of the librarians
for the performance of one of the most typical function of the library profession.
PESQUISA SOBRE SELEÇÃO E AQUISIÇÃO DE
MATERIAL BIBLIOGRÁFICO EM
BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS BRASILEIRAS
Tem a 8t conhecimento de algum documento onde estão delineados os objeti
vos da entidade á qual está subordinada?
SIM 90O 47
Se positivo, anexe uma cópia especffica dos objetivos
II. Existe um documento delineando os objetivos da 3t?
SIM 70O 65
Se positivo, anexe uma cópia
III. A Bt possui um documento traçando a política de seleção. incluindo os mate-
riais: assinale onde couber
Livros 28 Periódicos 3
1
AV 03 Microtormas 06 Outros 07
Quando positivo, anexe uma copia
IV. É este documento revisado periodicamente?
SIM 15O 30s ano
Se positivo, indique a data da última revisão
Se negativo, indique quando entrou em vigor
V. Exixte uma Comissão de Biblioteca com função de coordenar as aquisições
dos vários Departamentos, fazendo alocações de verba? Sim 31o 95
Se negativo, indique a que órgão cabe a alocação de verba aos Departamentos
para aquisição de materiais bibliotecários.
VI. Quais e quantoo os membros desta Comissão?
(N?) Bibliotecários
Professores
Estudantes
Outros
VII. A esta Comissão participou da elaboração da política de seleção;'
SIM 20O 39
Se negativo, tem esta Comissão conhecimento da política de seleção da Bt?
SIM 10O 19
VIII. Quais as funções desta Comissão, com relação à política de seleção de Bt?
Assinale conforme o caso onde couber.
17 Elaboração de programa para o desenvolvimento sistemático de coleçãc
29 Planejamento para cobertura de área carentes
21 Fortalecimento de coleções em demanda
15 Decisões quanto à substituições por desgaste e extravio
05 Decisão quanto ao formato das coleções
Mencione outras funções desta Comissão, relacionadas ouo com a política
de seleção da Bt
IX Se a Comissão de Bibliotecao se desincumbe das funções enunciadas acima,
indique quem ou qual órgão as realiza?
Bibliotecário-chefe 71 Setor de Seleção da Bt 15
Outro (especifiquei 24 .
X. A Bt possui Verba própria anual para manter a SUA coleção bibliográfica de
refetência?
SIM 43O 94
XI. üual a percentagem desta verba em relação à verba total do orçamento para
aquisicão de material bibliográfico?
Até 5% 16 Até 20% 07
Até 10% 07 Mais de 20% 11
XII. A Bt possui rotina por escrito da metodologia para seleção?
SIM 18O 114 (Supercotas - n° cópias)
Se positivo, anexe uma cópia.
XIII.
Quem realiza a atividade de seleção? Assinale conforme o caso onde couber.
Comissão de Biblioteca 30
Bibliotecário-chefe 97
Setor de seleção da Bt 32
Departamento como um todo 43
Professores individualmente 99
Aceite sugestões de alunos 92
Outros 27
XIV. Quando realizada pela Biblioteca Central, quais os instrumentos utilizados?
Bibliografias 56
Recensões 22
Catálogos de editores 65
XV. Qual a freqüência da utilização destes instrumentos?
Bibliografias 83 Rotineiramente 46
Ocasionalmente 31
Em casos especiais 07
Recensões 42 Rotineiramente 15
Ocasionalmente 20
Em casos especiais 06
Catálogos de editores 96 Rotineiramente 78
Ocasionalmente 16
Em casos especiais 04
XVI. Há verificação da existência do título solicitado em biblioteca local, antes da
aquisição?
Rotineiramente 74
Ocasionalmente 08
Em casos especiais 30
XVII. Existe um documento, traçando a política de descarte?
SIM 03O 123 Integra a política de seleção 12
Se positivo, anexe uma cópia
XVIII. Existe um documento traçando as normas para aceitação de doações?
SIM 04O 118 Integra a política de seleção 15
Se positivo, anexe uma cópia
XIX. A Bt realizou, nos último 5 anos, qualquer avaliação das suas coleções?
Livros 63 Periódicos 62
Se positivo, qual a metodologia adotada?
42 Confrontando dados de aquisição x circulação
06 Confrontando classes de assunto com bibliografias especializadas
47 Verificação nas estantes
27 Verificação de proporções existentes por classes de assuntos
08 Outra. Especifique
XX. Quem realiza a tarefa de avaliação de coleções? Assinale conforme o caso:
62 Bibliotecário-chefe
11 Setor de seleção
20 Equipe especialmente formada
29 Professores
01 Especialistas externos
XXI. A Biblioteca adota métodos globais de aquisição, tipo (ordem em branco)
(blamket order) ou plano de aprovação (approval plan?)
SIM 17O 91 Outro (especifique)
XXII. Está a Biblioteca envolvida em algum programa cooperativo de aquisição pla-
nificada, ou em convênio para adquirir materiais?
Livros 27 Periódicos 25
34 Para áreas de assuntos especializados
05 Para áreas geográficas determinadas
05 Para aquisição de material muito caro
04 Para aquisição de material de uso ocasional
00 Para aquisição de material em formatoo padrão
XXIII. Estaria a Biblioteca interessada em participar num programa cooperativo para
a formação de depósitos estaduais ou regionais para a manutenção de mate-
riais:
06 de baixa renda
24 muito caros
37 muito especializados
13 de formatoso padrão
29 de coleções retrospectivas de periódicos
XXIV. Especifique o tipo da sua Biblioteca:
55 Central
14 de Instituto
48 de Faculdade Setorial, Seccional . .
19 de Departamento
05 Outra. Especifique
XXV. No caso deo ser Biblioteca Central, explique como resolve o problema de
Departamentos que controlam fundos próprios, fugindo à política de seleção/
aquisição?
XXVI. Da mesma maneira, explique como resolve o problema de Departamentos
com coleções especiais, quanto ao aspecto de seleção e aquisição?
XXVII. Especifique a situação de sua biblioteca no processo de seleção e aquisição no
contexto universitário:
56 a seleção é feita pela biblioteca mas a aquisição é feita pelo
Biblioteca Central
34 a seleção é feita pela biblioteca e a aquisição também
25 a seleção e a aquisição cabem à Biblioteca Central
XXVIII. A biblioteca tem controle sobre as verbas de convênio relativas a aquisição de
material bibliográfico?
SIM 37O 61
XXIX. O total da verba para aquisição de material bibliográfico nacional e estrangei-
ro em:
1977:.
1978:..
1979:..
1980:..
NACIONAL
1977
1978
1979
1980
ESTRANGEIRO
XXX. A biblioteca possui orçamento próprio específico, anual, para desenvolver a
sua coleção bibliográfica?
SIM 57O 80
XXXI. A biblioteca possui teto de importação?
SIM 24O 92
Quanto: 1977:
1978:
1979:
1980:
XXXII. Quem é o responsável pela aquisição?
Bibliotecário 104
Outros profissionais 43
XXXIII. A biblioteca se utiliza de intermediários para compra de
Livros 84 Periódicos 82
XXXIV. A Biblioteca
compra diretamente 47 compra através de Serviço de Compra da Institui-
ção 76
XXXV. A biblioteca faz avaliação do acervo para orientar a aquisição?
SIM 94O 29
XXXVI. A biblioteca se utiliza para o intercâmbio de obras da própria instituição
SIM 81O 37
349
XXXVII. A Bt realizou algum estudo de usuários?
SIM 27O 106s ano
Se positivo, indique a data do útlimo estudo
Se negativo, indique quando pretende realizar
XXXVIII. Existe treinamento de qualquer tipo para os selecionadores?
SIM 05O 127
Se positivo, especifique
XXXIX. Existe algum mecanismo para a supervisão da consistência na seleção?
13 Revisão pela Comissão de Biblioteca
52 Revisão pelo Bibliotecário-chefe
16 Revisão pelo Setor de Seleção
XL. Qual o uso feito de empréstimo-entre-bibliotecas nos últimos 5 anos, com
relação à coleção total de livros existentes?
Ano de 1979: Total de livros: EEB solicitados:
1978:
1977:
1976:
1975:
SELEÇÃO DE MATERIAL INFORMACIONAL
RELATÓRIO
Lindaura Alban Corujeira
Os debatedores convidados pelo 2° SNBU nas pessoas de Ana Maria Polke,
Zila Mamede, Juracy Feitosa Rocha, Relinda Kòhler e Helena Mattos de Carvalho Men-
des,o se constituíram no grupo desde quandoo compareçam ao Seminário.
Para queo se deixasse de estudar o tema e apresentar algumas recomen-
dações ao Seminário, a Coordenadora do grupo, Suzana Pinheiro Machado Müller e a
relatora Lindaura Alban Corujeira, decidiram participar de reuniões do Simpósio sobre
Aquisição de Material Bibliográfico para captar algumas idéias e sugestões que pudes-
sem fornecer subsídios para recomendações sobre o assunto de Seleção.
Decidiu-se também formar um novo grupo de Seleção e nesse sentido
foram convidados os diretores ou bibliotecários responsáveis pela Seleção e Aquisição
das bibliotecas centrais ou centro de documentação ou mesmo bibliotecas setoriais
das Universidades.
O grupo foi constituído nas pessoas de Maria Antonieta Figueiredo de Be-
zerra da Universidade do Ceará Biblioteca Central, Maria Luiza Fontenelle Dumans
da Biblioteca Central da Universidade Federal do Espírito Santo, Leila Mercadante
da UNESP, Vera Maria Almeida Pinto da UFPr, Marieta Telles Machado da UFG,
Maria Augusta de Castro Correia da UFPr, Aymara Ribas da UFPr, Magali Vergolino
da UFPa e Ivanilda Fernandes Costa Rollim da Universidade de Pernambuco.
Esse grupo recém-constituído reuniu-se com a Coordenadora e a Relatora
na sala 15 dia 29 às 8:30hs.
Havendo sido lido anteriormente o documento básico, a Coordenadora do
grupo lê para todos os presentes comentários sobre as idéias principais do documento
básico e apresenta então as recomendações que ela havia extraído sobre o assunto.
Após esses comentários, lidas e debatidas, as recomendações foram aprova-
das pelo grupo e encaminhados ao relator geral.
As recomendações aprovadas foram as seguintes:
Às bibliotecas universitárias
1. Que se elabore e adote uma polftica de seleção para aquisição e descarte
de materiais informacionais, embasada nos objetivos da universidade e em suas caracte-
rísticas particulares.
2. Que se indique, na política de seleção, áreas de interesse prioritários,
níveis de desenvolvimento de coleção prioritários para cada área, e intensidade destes
interesses de acordo com os objetivos da universidade.
3. Que seja feita revisão e atualização da política de seleção a intervalos
regulares e que essa política reflita:
a) mudanças dos objetivos ou interesses da Universidade;
b) orçamento disponível;
c) situação interna da biblioteca, como sua capacidade para processa-
mento de material e atendimento à comunidade;
d) possibilidade de acesso a outras coleções.
4. Que sejam estabelecidos programas de aquisição planificada e acordos
cooperativos com bibliotecas afins, possibilitando acesso mútuo às coleções.
5. Que as coleções sejam sistematicamente avaliadas em relação aos inte-
resses da universidade, através de técnicas desenvolvidas e aprovadas na própria biblio-
teca.
6. Que a responsabilidade da decisão pela seleção de material informacio-
nal e pelo desenvolvimento da coleção seja da biblioteca.
7. Que seja formada uma Comissão Consultiva, integrada por professores,
estudantes e bibliotecários, representantes das diversas áreas de ensino, pesquisa e
extensão, cuja responsabilidade seja a de fornecer subsídios para decisões relativas à
seleção de material informacional para o desenvolvimento das coleções.
Às Escolas de Biblioteconomia ,
11
8. Que a formação profissional do bibliotecário dê maior atenção á sua
educação como selecionador, mostrando-lhe conhecimento atualizado, embasamento
teórico e habilidades técnicas às condições brasileiras que o tornem capaz de entender
o processo, assumir responsabilidades relacionadas com o desenvolvimento de coleções.
RELATÓRIO GERAL DO II SEMINÁRIO NACIONAL DE BIBLIOTECAS
UNIVERSITÁRIAS, REALIZADO EM BRASÍLIA DE 25 A 30 DE JANEIRO
DE 1981
Marieta Telles Machado
Relatora Geral
2° SEMINÁRIO NACIONAL DE BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS
RELATÓRIO FINAL
Os participantes do 2° SEMINÁRIO NACIONAL DE BIBLIOTECAS
UNIVERSITÁRIAS bibliotecários, professores, analistas de sistemas, administra-
dores, arquitetos e outros profissionais interessados no tema, em número de 600,
reuniram-se em Brasília, de 25 a 30 de janeiro de 1981. O conclave foi promovido pela
CAPES, com o patrocínio da SESu, PREMESU, CFE, CNPq/IBICT e com o apoio de
diversas entidades e empresas.
Durante o conclave realizaram-se quatro Simpósios, reuniram-se cinco
Grupos de Trabalho, houve seis sessões plenárias, ocasiões em que foram apresentados
e discutidos dois trabalhos especiais, 10 documentos básicos e 38 comunicados técni-
cos.
Dois eventos da mais alta importância aconteceram também durante o
conclave: o lançamento do COMUT - Programa de Comutação Bibliográfica - que
se constitue num acontecimento de relevante transcedência para a comunidade univer-
sitária, científica e executiva, pois visa facilitar ao usuário a obtenção da cópia do do-
cumento necessário às atividades de ensino, pesquisa e extensão, pretendendo-se tor-
nar esse serviço livre das peias burocráticas e da limitação geográfica. O outro aconte-
cimento foi a transferência da FID/CLA da Colômbia para o Brasil, tendo tomado
posse na presidência, como sucessor do Dr. José Árias Ordonez, o Prof. Antonio
Miranda. No exercício de seu mandato, o novo Presidente desenvolverá as atividades
próprias do órgão, visando estreitar os laços do continente latino-americano, reunir
as potencialidades, na busca da independência cultural e na afirmação dos valores
da gente latina.
Houve, ainda, o lançamento de cinco livros técnicos e três periódicos
científicos na área da Biblioteconomia e Documentação.
Nas reuniões do 29 SNBU, discutiram-se projetos e estudos, técnicas novas
foram analisadas e debateram-se problemas comuns que se tornaram um entrave à
consecução plena dos objetivos da biblioteca universitária.
As conclusões e recomendações formuladas embasaram-se no propósito
de transformar a biblioteca no verdadeiro instrumento de prestação de serviços de
informação à comunidade universitária, para que a Universidade se engaje no cami-
nho da busca verdadeira de nosso amadurecimento científico e cultural, o que visa,
em última análise, a construção de uma sociedade desenvolvida, livre, culta, justa e
humana.
o as seguintes, as conclusões e recomendações:
I) DOS GRUPOS DE TRABALHO
A) ESTUDO DA INTERFACE USUÁRIO-SISTEMA DE INFORMAÇÃO:
Após discussão do tema e análise do documento base, e Grupo de Trabalho, con-
siderando que:
1? o tema "Interação Usuário/Sistema de lnformação"é de fundamental im-
portância para os problemas de informação no Brasil;
2? que o tempo disponível para a discussão do tema, dentro de um Seminá-
rio, foi bastante limitado;
3? que o documento-base abordou apenas um aspecto do problema.
Concluiu ser necessário haver outras oportunidades e ações que envolvam estu-
dos mais profundos sobre o tema e apontou como fatores próximos determinantes das
dificuldades encontradas na Interface Usuário/Sistema de Informação nas bibliotecas
universitárias o despreparo profissional dos bibliotecários e, por outro lado, o despre-
paro do usuário (alunado e professorado), quanto ao uso do material informacional
para educação. Como fatores remotos foram detectados: - a história cultural do país,
que jamais considerou o uso do material informacional como básico no seu sistema
educativo. As bibliotecas criadas, recentemente na história do país,m sido mantidas
como entidades dissociadas do ensino, mesmo após a reforma universitária; - a estrutu-
ra social, reflexo do desenvolvimento do país,o valoriza atividades de cunho cultu-
ral, voltando-se basicamente para aquelas da área econômica.
0 Grupo de Trabalho, consciente de que mudanças fundamentais só ocorrerão a
longo prazo e serão decorrentes de modificações sócio-econômicas profundas, julga
que algumas modificações poderão ser atingidas a curto e médio prazos, se algumas
ações puderem ser implementadas nas áreas influentes na formação tanto de biblio-
tecários, quanto de alunado/professorado.
Assim, o Grupo elaborou as recomendações que se seguem, como também fez
uma sugestão:
1? Quando à formação/atualização profissional: - endossar os estudos que
estão sendo desenvolvidos sobre a reformulação do Currículo das Escolas de Bibliote-
conomia, recomendando ênfase especial na área da educação de usuários, nos curso de
graduação;
- sugerir que os cursos de mestrado em Biblioteconomia estimulem seus alunos
a elaborar pesquisas sobre o tema relacionados à interface Usuário/Sistemas de infor-
mação;
- propor a elaboração e distribuição gratuita de manual metodológico sobre
estudos de Usuários de bibliotecas universitárias brasileiras, contendo bibliografia espe-
cializada com a localização de itens disponíveis em bibliotecas do país;
- promover cursos de aperfeiçoamento ou especialização na área de treinamen-
to de usuários, com fundamento em estudos de usuário;
- desenvolver programas de educação continuada, buscando uma transformação
de postura e conscientização da necessidade de cooperação bibliotecários/professores
universitários nos cursos de treinamento de Usuário.
2° Quanto ao apoio institucional.
- recomendar ao CFE que concite centros e unidades de educação das universi-
dades a promoverem a interação Biblioteca/Educação visando o uso da bibliteca como
parte integrante do processo Ensino/Aprendizagem;
- solicitar o apoio de órgãos competentes para o desenvolvimento de estudos
de base que atuem como suporte para resoluções de problemas mais abrangentes liga-
dos a Usuário/Sistemas de informação e para a criação de um grupo de trabalho per-
manente sobre o assunto.
SUGESTÃO
Aos organizadores do próximo SNBU o Grupo sugere que seja escolhido
como tema central "EDUCAÇÃO E ESTUDOS DE USUÁRIOS".
B) PROCESSOS TÉCNICOS
No que tange ás tendências atuais do processamento técnico, constatou-se, nas
bibliotecas universitárias brasileiras, a seguinte realidade: a)o há aquisição planifi-
cada; b)o há processos técnicos dinamizados; c)o há atendimento adequado ao
usuário.o parece ter havido evolução marcante no processo técnico denominado
"catalogação". 0 bibliotecário deve-se lembrar que a função do catálogo é a de comu-
nicar ao usuário, de modo simples e direto, o que existe na biblioteca e sobre o que. A
obrigação primeira do responsável pelos processos técnicos é colocar os documentos
nas mãos do usuário, no menor espaço de tempo possível.
Assim, os integrantes do Grupo, debatido o tema, concluíram pela necessidade
de racionalização dos processos técnicos, como entendido no documento base (Catalo-
gação, Classificação, Preparação do Catálogo), elaborando as seguintes recomendações:
1? que sejam adotadas Normas e Padrões recomendados por órgãos de
coordenação a nível nacional;
29 que os órgãos coordenadores das bibliotecas nas universidades racionali-
zem os procedimentos técnicos com base nessas normas e padrões nacionais;
3? que as bibliotecas de unidades isoladas de ensino superior compatibili-
zem os seus procedimentos técnicos com aqueles das bibliotecas universitárias;
4? que a CAPES crie um Grupo de Trabalho constituído de especialistas na
área para orientar a implantação dessas normas e padrões nas bibliotecas universitá-
rias brasileiras.
C) ESTATÍSTICAS E PADRÕES BIBLIOTECÁRIOS
ESTATÍSTICA
Após estudado e debatido o tema, o GT concluiu que a coleta de dados estatísti-
cos nas bibliotecas deve ser determinada pela utilidade que terão essas informações nas
atividades de supervisão, planejamento e avaliação. Diversificação exagerada de dados,
sem objetivos previamente definidos, apenas contribuem para sobrecarregar o pessoal
e colocar em dúvida a validade dos procedimentos estatísticos.
Foi verificada a necessidade de se coletarem dados, sistematicamente, de 3 seto-
res: a) o de operações administrativas, sobretudo os referentes à previsão e execução
orçamentária; b) o setor de serviços prestados pela biblioteca; c) as atividades internas
(atividades-meio).
A coleta e organização de dados estatísticos devem fazer parte do sistema geral
de estatística da instituição a que se achar ligada. Os bibliotecários devem se articular
com os estatísticos e com eles trabalharem na definição e implementação do subsiste-
ma estatístico da biblioteca.
O grupo considerou dados estatísticos mínimos a serem coletados sistematica-
mente pelas bibliotecas universitárias e queo oportunamente divulgados. Referidos
dados correspondem ao mínimo desejável a ser alcançado pelas bibliotecas universitá-
rias.o exclue, entretanto, a possibilidade de as bibliotecas, caso tenham condições,
de ampliarem, de acordo com suas necessidades, a gama de dados a serem coletados.
O Grupo recomendou que, para uma melhor avaliação do desempenho das bi-
bliotecas, estas realizam estudos de amostragem, periódicas, sobre aqueles serviços que
o se prestam a uma coleta contínua e rotineira dos dados estatísticos (atividades de
referência, população que seja usuário efetivo dos serviços da biblioteca, custo e produ-
tividade dos serviços etc).
PADRÕES
Padrõeso os parâmetros pelos quais os serviços bibliotecários podem ser medi-
dos, comparados e avaliados. A inexistência de tais parâmetros para as bibliotecas uni-
versitárias levou o GT a sugerir que, a partir da definição dos objetivos e da realização
de um diagnóstico da situação de suas atividades, as bibliotecas universitárias estabele-
çam seus próprios padrões (metas), em função do aprimoramento de seus serviços.
O GT sugere indicadores para o estabelecimento de padrões, indicadores esses a
serem oportunamente divulgados. A utilização dos referidos indicadores deve ser enca-
rada em um contexto mais amplo, estando eles sujeitos a fatores externos (condições
de acesso, horário de funcionamento da biblioteca, natureza da instituição, produção
bibliográfica por área etc). Necessitam, ainda, reavaliações periódicas que permitam a
manutenção da qualidade dos serviços, confirmação ou correção da política adotada.
O GT recomenda, ainda, que as bibliotecas busquem condições mínimas:
horário de funcionamento que permite ao estudante freqüentar a biblioteca
fora do horário de aula;
- prestação de serviços de referência;
- coleção RESERVA;
- empréstimo domiciliar e inter-bibliotecário;
- orientação sobre o uso de biblioteca e materiais;
- aquisição cooperativa;
- serviços reprográficos.
O Grupo recomenda à CAPES a criação de um Grupo de Trabalho que defina
termos e estabeleça normas para a utilização de padrões e para a coleta e utilização de
dados estatísticos em bibliotecas universitárias e a criação de mecanismos permanentes
de acompanhamento destas atividades.
D) SELEÇÃO DE MATERIAL INFORMACIONAL
De acordo com o Documento Base apresentado sobre o tema, a análise do levan-
tamento realizado para aferir a situação das atividades de seleção e aquisição em biblio-
tecas universitárias brasileiras, resultou no seguinte diagnóstico: as atividades de seleção
e aquisiçãoo executadas de maneira secundária, descuidada e empírica;o há docu-
mentos normativos que tracem a política de seleção e aquisição; os profissionais estão
despreparados para exercer o mister. 0 Grupo de Trabalho que atuou na área, após
estudos e debates, elaborou as seguintes recomendações;
19 Elaboração e adoção, por parte das bibliotecas universitárias, de uma polí-
tica de seleção para aquisição e descarte de materiais informacionais, embasada nos
objetivos da Universidade e em suas características particulares;
2° - Indicação, na política de seleção, de áreas de interesse prioritáras, níveis de
desenvolvimento de coleção prioritária para cada área, e intensidade desses interesses,
de acordo com os objetivos da Universidade.
3? Revisão e atualização da política de seleção a intervalos adequados, que
reflita, p. ex
- mudanças de objetivos ou interesses da Universidade;
- orçamento disponível;
- situação interna da biblioteca, como sua capacidade para processamento do
material e atendimento à comunidade;
- possibilidade de acesso a outras coleções.
4? Estabelecimento de programas de aquisição planifiçada e acordo coopera-
tivos com bibliotecas afins, possibilitando acesso mútuo às coleções.
5? Avaliação periódica das coleções em relação aos interesses da Universidade,
através de técnicas desenvolvidas e aprimoradas na própria biblioteca.
6? A responsabilidade da decisão pela seleção do material informacional e
pelo desenvolvimento da coleção deve caber à biblioteca.
7? Formação de uma Comissão Consultiva para seleção de materiais informa-
cionais, integrada por professores, estudantes e bibliotecários, representantes das diver-
sas áreas de ensino e pesquisa, cuja responsabilidade seja a de fornecer subsídios para
decisões relativos à seleção de material informacional para o desenvolvimento das cole-
ções.
8? Recomendação às Escolas de Biblioteconomia A formação profissional
do bibliotecário deve dar maior atenção à educação do bibliotecário como seleciona-
dor, datando-o de conhecimentos atualizados, embasamento teórico e habilidades téc-
nicas adequadas às condições brasileiras, que o tornem capaz de entender o processo e
assumir responsabilidades relacionadas com o desenvolvimento das coleções.
E) CATÁLOGO COLETIVO E COMUTAÇÃO
O GT, dada a extensão do assunto, decidiu subdividir-se em grupos, apresentan-
do cada um deles, após discussões e conclusões, as suas recomendações, da seguinte
forma:
19- Sub-Grupo - Rede de Coleta.
- Que o Catálogo Coletivo Nacional, a cargo do IBICT, preferencialmente passe
a trabalhar a nível de redes estaduais, ao invés de redes regionais;
- que cada rede estadual tenha seu Centro Coordenador na Universidade do
respectivo Estado, Federal ou outra que apresente melhor infra-estrutura;
que os C.Co. Estaduais tendam a descentralizar-se, para fins de coleta de da-
dos de implantação e/ou atualização a nível de: UNIVERSIDADES, REDES FOR-
MAIS a nível estadual ou municipal; AGRUPAMENTOS INFORMAIS; BIBLIOTECAS
ISOLADAS;
- As redes formais de âmbito federal continuarão vinculadas diretamente ao
CCoN/IBICT;
- que as bibliotecas de instituições isoladas de nível superior se integrem no
CCo., obrigatoriamente, através da rede universitária do respectivo Estado eo atra-
s de outras redes formais ou agrupamentos informais;
- que a efetivação da descentralização da rede de coleta se apoie em acordos
que visem evitar duplicidade de entrada ou outros problemas que possam comprome-
ter o bom funcionamento do sistema.
29- Sub-Grupo Pré-Requisitos para incorporação de novas bibliotecas e perma-
nência de bibliotecas cooperantes.
Para o sub-grupo, CCo, é o instrumento preparado com o objetivo de registrar as
coleções acessíveis no Brasil. As recomendações foram:
- No que tange ao pré-requisito para incorporação de novas bibliotecas, é neces-
sário que elas forneçam cópias ou tenham condições de tornar sua coleção disponível.
- Quanto ao pré-requisito para permanência, que as bibliotecas atualizem as
coleções periodicamente e que ofereçam disponibilidade de acesso à sua coleção.
- Que seja oferecido um prazo de seis meses para que as bibliotecas estejam
aptas a atender aos pré-requisitos e que esse prazo seja contado a partir das diretrizes
divulgadas pelo IBICT.
- Que o IBICT dê o devido suporte aos Centros Estaduais queo estejam em
condições de cumprir o prazo estabelecido, para inserção e/ou atualização.
39- Sub Grupo de Atualização (Coleção e Títulos Novos)
Quanto à atualização das coleções, recomendou-se:
- que a partir do próximo processamento, as bibliotecas participantes do
COMUT apresentem em 90 dias a atualização do acervo e as demais no prazo de 120
dias;
- que o IBICT participe, através do pagamento de bolsas de trabalho, em cada
rede estadual, verificando a necessidade de pessoal, em decorrência da massa de dados
a ser atualizada;
- que para as bibliotecas pertencentes ao COMUT, a CAPES/CNPq mantenham
bolsistas para a garantia de continuidade dos trabalhos, sempre que necessário;
- quanto aos títulos novos, que o IBICT estude a possibilidade de agilização da
pesquisa de títulos novos, na forma a ser posteriormente indicada;
- quanto à divulgação, que os acervos das bibliotecas do COMUT sejam divulga-
dos de forma impressa e que a listagem seja divulgada trimestralmente;
para as demais bibliotecas, a divulgação deverá ser feita quando os Centros
Estaduais solicitarem;
- que o acervo do CCoN seja divulgado semestralmente em forma de microfi-
chas.
4? - Sub-Grupo Melhoria do Sistema
- quanto ao sistema atual, recomendou-se que o IBICT envide esforços para
implementação, no CCoN, das coleções de todos os órgãos significativos do país,
mesmo queo se encontrem no formato compatível quanto à entrada de dados.
- Quanto ao Sistema a ser implantado, recomendou-se que o IBICT estabeleça
um grupo de trabalho que analise os tipos de dados que deverão ser incluídos no
CCoN, com a participação da FGV, CIMEC, EMBRAPA, BINAGRI e ICRES.
5?Sub-Grupo Comutação Bibliográfica
- Que o COMUT estude em conjunto com os sistemas que estão em funciona-
mento no campo da comutação bibliográfica as possíveis implicações com convênios
vigentes.
- Que o COMUT garanta, às bibliotecas bases, recursos humanos necessários ao
aumento da demanda.
II) RECOMENDAÇÕES E CONCLUSÕES DOS SIMPÓSIOS
A)SIMPÓSIO SOBRE ARQUITETURA DE BIBLIOTECAS UNIVERSITÁ-
RIAS
Os trabalhos apresentados neste SIMPÓSIO versaram sobre o posicionamento
dos bibliotecários junto ao arquiteto e vice-versa, formando equipes de trabalho na
elaboração de projetos para construção de prédios de bibliotecas e na apresentação
de projetos já realizados e/ou em andamento, bem como nas experiências pessoais
decorrentes destes projetos. Ventilou-se sobre as atividades e fases desenvolvidas
durante a realização de um projeto e o acompanhamento da construção do prédio,
com o detalhamento de problemas e dificuldades encontradas no decorrer dos mesmos.
Debateu-se sobre as dificuldades arquitetônicas decorrentes da inexistência de
índices de dimensionamento adequados às nossas realidades, problemas de materiais de
construção, de segurança do prédio e do acervo; flexibilidade, ventilação, iluminação;
adequação do projeto às peculiaridades regionais etc. Foi bastante enfatizada a neces-
sidade de constante acompanhamento e assessoramento por parte do bibiiotecário.
Para isto, o bibliotecário deve estar preparado, o que geralmenteo acontece, devido
à falta de orientação proporcionada pelos Cursos de Biblioteconomia.
Com base nas discussões e conclusões, foram aprovadas as seguintes recomen-
dações:
19 Aprovação, pelo Conselho Universitário, do sistema de centralização
proposto e do regimento interno da Biblioteca, antes de se cogitar em realizar o proje-
to de arquitetura;
2? Conscientização da comunidade universitária quanto à nova biblioteca,
procurando a participação da mesma;
Total participação dos bibliotecários das diversas seções da biblioteca,
na formulação do programa arquitetônico;
4º Facilidade de acesso e ligação com o sistema viário interno e externo do
Campus.
5º Participação dos bibliotecários no levantamento e estudo dos índices e
critérios de dimensionamento, sobretudo para os seguintes espaços: AUDITÓRIO,
AUDIOVISUAL, MICROFORMAS.
6º Uso criterioso de instalação de ar condicionado, restringindo-o apenas
às áreas onde seja indispensável (obras, audiovisual, microformas e acervo, em caso de
umidade excessiva).
Precisão de expansão do edifício por etapas de forma a compatibilizar
o investimento com a disponibilidade de recursos no tempo;
8º Precisão de elementos externos junto às janelas, tais como jardins fecha-
dos, jardineiras etc, a fim de evitar o desvio de material bibliográfico.o se recomen-
da o uso de grades ou telas.
9º Precisão de um sistema estrutural que permita expansão e flexibilidade
para instalações a posteriori;
10º Instalação de sistema automático de detecção de incêndio, conside-
rando que bibliotecas centrais abrigam grande parte do acervo.
11º Consideração da cultura local como elemento condicionante em
todo o processo de projetamento, visando uma biblioteca comprometida com seus
valores, tanto em sua organização funcional, quanto em seus aspectos arquitetônicos.
12? Aproveitamento de luz natural nas áreas próximas às janelas, adotan-
do instalação elétrica que permita acender a luz apenas nas partes centrais do salão que
recebe menos luz natural.
13? Colocação da coleção de reserva em área independente do controle
da entrada, inclusive com instalação sanitária, funcionando 24 horas por dia.
14? Utilização de técnicas construtivas e materiais, sempre que possível, lo-
cais, visando minimizar custos e integrar o prédio à cultura local;
15º Evitar a implantação do prédio próximo a fontes de ruído no Campus e,
internamente, como casas de máquinas, cortinas e outras fontes de ruído, que prejudi-
quem o silêncio.
16º Usar materiais, formas, cores e outros elementos que propiciem uma
ambientação descontraída, sobretudo nas áreas de contato direto com o público, tais
como hall principal, área de estar e exposição.
B) SIMPÓSIO SOBRE AQUISIÇÃO DE MATERIAL BIBLIOGRÁFICO
Durante a realização deste Simpósio, foram levantados, pelos participantes, os
principais aspectos referentes a problemas com aquisição de material bibliográfico,
notadamente material estrangeiro.
Foram ouvidas experiências de várias bibliotecas universitárias e outras institui-
ções, bem como o ponto de vista de livreiros nacionais face à situação atual e tendência
do mercado para importação de livros.
Num consenso geral, concordou-se que dificuldadeso encontradas para compra
de material estrangeiro, o que impede ou dificulta que o mesmo seja colocado à dispo-
sição do usuário. Face a essas dificuldades e após debates entre bibliotecários e repre-
sentantes de órgãos envolvidos no processo de aquisição, foram feitas as seguintes reco-
mendações:
1?) Que os órgãos envolvidos no processo de Aquisição Banco Central, Ban-
co do Brasil, Secretaria de Controle Interno, MEC e outros estabeleçam rotinas opera-
cionais, definidas em documento, que sirvam como MANUAL orientador do processo
de aquisição, de forma a permitir aos bibliotecários trabalhar com segurança em termos
de legislação.
2?) Que o material bibliográfico seja desvinculado da rubrica "MATERIAL
PERMANENTE" e que seja eliminado o teto de importação para material bibliográ-
fico.
3? ) Que a Secretaria de Ensino Superior ou outro órgão pertinente seja encar-
regada de enviar requerimento ao Secretário da Receita Federal, solicitando simplifi-
cação no preenchimento da Declaração de Importação eo a cobrança do Imposto
de Renda nas importações presentes e futuras feitas ou a fazer pelas Universidades.
4?) Que o bibliotecário se empenhe para haver maior interação instituição x
bibliotecário a fim de que possa desempenhar corretamente suas funções e prestar me-
lhores serviços à comunidade universitária.
C) SIMPÓSIO SOBRE AUTOMAÇÃO DE SERVIÇOS BIBLIOTECÁRIOS
Os participantes deste Simpósio, utilizando os subsídios contidos no Documento
Base sobre o assunto, que traçou o panorama dos planos e projetos da automação de
bibliotecas universitárias brasileiras e os advindos dos vários comunicados técnicos
apresentados, dividiram-se em dois grupos para debater o assunto: Grupo I para
aprofundar a problemática de REDES DE COMPUTADORES, INTERCÂMBIO DE
SOFTWARE e PROCESSOS DE RECUPERAÇÃO AUTOMÁTICA DA INFORMA-
ÇÃO; Grupo II - encarregado de estudar AUTOMAÇÃO DE PROCESSOS ADMI-
NISTRATIVOS e AUTOMAÇÃO DE PROCESSOS DE ENTRADA, DE GERAÇÃO
DE CATÁLOGOS e ÍNDICES.
Do trabalho dos dois grupos, após as considerações abaixo expressas, resultou
a aprovação das recomendações que se seguem.
O Grupo de Trabalho, considerando que:
1) Existem diversos projetos paralelos visando a automação dos processos admi-
nistrativos de bibliotecas;
2) Esses projetos trabalham com padrões "criados" independentemente, nem
sempre uniformes, trazendo dificuldades às tentativas futuras de integração;
3) Os bibliotecários sentem necessidade de maior treinamento e especialização
na área de automação;
4) Os analistas de sistema sentem dificuldade em definir o que automatizar;
5) É alto o custo de um projeto de automação de Biblioteca;
6) Um sistema automatizado de serviços bibliotecários possibilita a economia da
escala de modo a:
- evitar a duplicação de processamento de títulos comuns a várias bibliote-
cas;
- evitar a duplicação de importação de índices e resumos estrangeiros, de
alto custo, com economia de divisas;
agilizar a execução de trabalhos repetitivos, facilmente realizados por-
quinas;
RECOMENDA às autoridades competentes da área de Informação, Informáti-
ca e Telecomunicações:
a criação de um grupo de estudos interdisciplinar e inter-institucional
que viabilize a implementação de recomendações sobre automação de serviços de bi-
bliotecas, em especial, os aspectos referentes à utilização de Redes de Computação,
intercâmbio de software e processos de recuperação automáticos de informação;
que se defina uma política quanto à construção de bases de dados
bibliográficos no Brasil e importação de bases;
a utilização de serviços de consulta a bancos de dados já desenvolvidos
no país, em lugar de se importar ou contratar externamente;
RECOMENDA aos órgãos educacionais:
criação de cursos interdisciplinares para bibliotecários e analistas de sis-
temas poderem dialogar e compreender uma mesma linguagem, fomentar a realização
de seminários de integração a nível de experiência em aplicação de Processamento de
Dados em Bibliotecas e incentivar a produção de publicações voltadas para automa-
ção de Bibliotecas, como exemplo de aplicações típicas para biblioteconomia.
RECOMENDA ao IBICT:
a definição dos padrões básicos relativos aos procedimentos e meios a
serem utilizados na automação de processos administrativos;
a definição de elementos mínimos que um formato de registros de
dados bibliográficos deveria respeitar para ser considerado aceitável a nível nacional;
que se estude a nível nacional um formato simples para registros legí-
veis por computador que viabilizem um intercâmbio rápido de informações;
a criação de um órgão central de armazenamento e disseminação dos
trabalhos de automação de bibliotecas ou formação de redes, sejam eles projetos de
implantação, estudos e pesquisas, realizados por pessoas físicas ou jurídicas, ligadas às
áreas de Biblioteconomia e Processamento de Dados;
5? fomentar a criação de um cadastro de especialistas, instituições ou
grupos para a prestação de serviços de consultoria e assessoramento e na viabilização de
projetos de automação de serviços bibliotecários e conseqüente troca de experiência.
D) SIMPÓSIO SOBRE PLANEJAMENTO
Os participantes debateram as principais questões expostas no Documento
Base, bem como nos comunicados técnicos e idéias apresentadas durante as reuniões.
Da análise do comportamento das bibliotecas universitárias no Brasil, observa-se que o
seu desenvolvimento se afasta da conceituação de um sistema ideal, ou seja, um
conjunto de bibliotecas que funcionem de acordo com um plano comum, visando de-
terminado propósito ou objetivo; mantendo interação regular, interdependente entre
si para a manutenção do Sistema. A criação, organização e expansão da biblioteca
universitária fez-se de maneira isolada para atender condições de premência e uso ime-
diato. O desenvolvimento se estabeleceu de maneira heterogênea, alheio às condições
básicas de planejamento. Embora a Reforma Universitáriao enfocasse diretamente a
biblioteca, foi a partir dela que, de acordo com o princípio dao duplicação de meios
para fins idênticos, as universidades passaram organizar as suas bibliotecas centrais
Entretanto, diversos fatores inibiram o desenvolvimento sistêmico do setor, tais como
inexistência de padrões, modelos ou critérios comuns de organização; funcionamento
estanque, falta de planejamento integrado, falta de definição de objetivos, carência de
recursos humanos, materiais e financeiros etc. Entretanto, na última década, uma
consciência planificadora passou a orientar o desenvolvimento das bibliotecas univer-
sitárias e houve diversos esforços no sentido de realizar estudos para a elaboração de
uma política nacional de desenvolvimento das bibliotecas.
Houve, ainda, o apoio de diversos órgãos governamentais.
No que tange ao planejamento bibliotecário, foi enfatizada a necessidade de
se considerar realisticamente o meio, como condição sine qua non para o êxito do pla-
nejamento. Dentro do enfoque sistêmico, devem ser considerados aspectos tais como
demográficos, políticos, institucionais, econômicos, financeiros, culturais etc. A com-
preensão do meio ambiente evita a transplantação de modelos bibliotecários de países
desenvolvidos, conseqüentemente modelos inadequados à nossa realidade. Dentro da
problemática brasileira, a biblioteca universitária reflete a influência da própria univer-
sidade com todas as suas tensões, a cidade etc. É necessário haver indicadores, instru-
mentos de medição, padrões de desempenho condizentes com a realidade nacional.
Foi ventilada ainda a questão dos objetivos da biblioteca universitária. Eles
devem ser determinados em relação ás características intrínsecas da biblioteca como
uma organização e em relação a fatores contextuais, tais como estruturais, sócio
econômicos, culturais, geográficos, políticos, históricos. Enfatizou-se a necessidade da
criação de um órgão central, coordenador e divulgador, que possa interpretar as políti-
cas, tendências e prioridades educacionais e traduza essas tendências, formulando e
divulgando a política da biblioteca universitária.
Foi lembrado ainda, nessa problemática, a multiplicidade de órgãos governa-
mentais, ouo governamentais envolvidos em parte e em diferentes graus de compe-
tências com a biblioteca universitária, resultando, em última análise, que nenhum ór-
o assuma a responsabilidade pela política de coordenação delas. Há necessidade de
direcionar os esforços produzidos dispersadamente, a fim de atingir os objetivos busca-
dos.
Dessa forma, os participantes do Simpósio decidiram que se propunha ao
CNPq e ao MEC/SESu a constituição de uma Comissão ou Grupo de Trabalho para es-
tudo da viabilidade da criação do Sistema Nacional de Bibliotecas Universitárias e que
essa Comissão ou Grupo apresente o resultado dentro do prazo mínimo de seis meses
e máximo de um ano.
Para finalizar o presente Relatório, eu manifesto a minha fé e esperança
no futuro da biblioteca universitária, em nosso país. Espero que elao continue a ser
o "embaraçoso espelho" a refletir as nossas deficiências, a denunciar as fragilidades nas
várias áreas de conhecimento, conforme expressão do Prof. Cláudio de Moura Castro.
Mas que ela se transforme, sem muita demora, no espelho vivo instrumento eficaz
a refletir uma riqueza de documentos e de serviços de informação capazes de contri-
buir para que a Universidade percorra o correto caminho de nosso amadurecimento
científico e cultural. Da busca de nossa independência, em suma.
HOMENAGEM AO PRESIDENTE DE HONRA DO 2? SEMINÁRIO DE
BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS, PROFESSOR
EDSON NERY DA FONSECA
PEREGRINAÇÕES DE UM BIBLIOTECÁRIO:
ROTEIRO QUASE BIBLIOGRÁFICO
Cordélia R. Cavalcanti
Professor Titular
Universidade de Brasília
SENHORES MEMBROS DA MESA,
MEUS COLEGAS,
EDSON
Recebi, sensibilizada, o convite de Antônio Miranda para dizer algumas
palavras nesta homenagem, justa e oportuna, que o 29 Seminário Nacional de Biblio-
tecas Universitárias quiz prestar ao Bibliotecário que se impôs pela atitude corajosa
no trato dos problemas de nossa Biblioteconomia.
O escritor que precedeu o bibliotecário, assim como o poeta que precedeu
o bibliográfo, o crítico literário e o analista-crítico da biblioteconomia brasileira fundi-
ram-se numa só pessoa!
Edson Nery da Fonseca "escreve com a precisão e a concisâío dos mestres",
afirmava Aníbal Fernandes em 1946, em uma de suas crônicas diárias (Diário de Per-
nambuco, 10.01.1946, p. 4, Coisas da Cidade).
Conciso, preciso, contundente, lírico; estilo magro, à moda dos velhos
sobrados recifenses, exato, a frase bem escrita e atingindo sempre o objetivo.
Escritor versátil! Bibliotecário polêmico!
Em 1950, o prêmio de crítica literária do concurso instituído pelo Jornal
de Letras, com o trabalho "Um poeta puro", sobre João Cabral de Melo e sua poesia.
Outro prêmio em.1974 -do Banco do Estado de Pernambuco - com
o ensaio sobre Casa Grande & Senzala.
O prêmio MEC de Biblioteconomia e Documentação, concedido pela pri-
meira vez em 1978, foi também colhido por nosso peregrino.
Entre 1942 e 1980 seus trabalhos contam-se às centenas, incluindo artigos,
recensões, opúsculos e livros. Em 1967, publicava-se no Boletim da Biblioteca da-
mara dos Deputados, trabalho intitulado "Escritor e Bibliotecário: Bibliografia de
Edson Nery da Fonseca", contendo 330 referências bibliográficas de seus escritos. De
1967 a 1981, é também extensa sua produção bibliográfica.
Consultor do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para o
projeto da Biblioteca Central da Universidade Federal de Pernambuco (1969) e da
Unesco para o estabelecimento de um sistema nacional de biblioteca e informação em
Guiné-Bissau (dezembro 1976/janeiro 1977).
Iniciador, em 1949, no Recife, da modernização dos serviços de bibliotecas
universitárias, com a reforma da Biblioteca da Faculdade de Direito do Recife, à qual
dedicou o idealismo de uma profissão recém-adquirida. Deu-lhe, à Biblioteca, o dina-
mismo de uma biblioteca atuante, onde seus freqüentadores viam, sentiam e ouviam o
latejar de uma vida nova, na antes austera e fechada Biblioteca.
A precisão e a concisão características de seu estilo, abriram-lhe portas
os prêmios literários; fecharam-lhe portas, em 1951, com umas "Verdades incômodas"
sobre problemas da Biblioteca Pública do Estado de Pernambuco.
De certa forma o seu afastamento, naquela ocasião, da Biblioteca da Fa-
culdade de Direito, transformou-se em benefício para todos nós, embora, para ele,
naquela época, tenha sido um duro sacrifício.
Maceió, para breve estada; Estados Unidos, também para breve estada;
João Pessoa, Curitiba, Rio de Janeiro: algumas das etapas de sua peregrinação!
No Rio, o trabalho na Biblioteca Demonstrativa Castro Alves e, depois,
no Instituto Brasileiro de Bibliografia e Documentação, criado em 1954. Neste, como
editor do Boletim Informativo, inicia a Bibliografia Brasileira de Documentação, edita-
da posteriormente como livro, em 1960.
Em 1954, toma parte em concurso instituído pela Câmara dos Deputados,
para preenchimento de vagas de bibliotecários e, por diferença mínima, deixa de ser o
primeiro classificado.
Na Biblioteca da Câmara, além dos trabalhos usuais, começa a editar, em
1962, o Boletim da Biblioteca, dando-lhe feição normalizada, introduzindo a publica-
ção das biografias dos Presidentes da Câmara, elaborando bibliografias e analisando as
obras raras da Biblioteca. No Boletim, revela outra faceta de sua versatilidade nas bio-
grafias dos Presidentes daquela Casa do Congresso.
De 1950 a meados dos anos 60, influenciado e conduzido à Documentação
pelos Professores Lasso de Ia Vega, Jesse Shera, Herbert Coblans e Zeferino Paulo,
empreende verdadeira cruzada visando o uso, no Brasil, das técnicas modernas de do-
cumentação. Palestras, conferências e cursos, em cidades diversas do Brasil, levam a
bibliotecários e administradores, a mensagem a necessidade de um tratamento novo
para os documentos.
Criada a Universidade de Brasília, em 1962, foi Edson chamado a colabo-
rar na implantação da Biblioteca da Universidade e é, naquele momento, que vemos
surgir a imagem do Bibliotecário que merece, de fato, a homenagem especial deste
Seminário, pois a Edson devem as bibliotecas universitárias, em sua maioria, a criação
de bibliotecas centrais, a estruturação e o reconhecimento, pelas autoridades algu-
mas, pelo menos da necessidade de reformulação dos critérios até então adotados.
Mas Edsono gosta de administrar! Deu vida e alma à Biblioteca Central
da Universidade de Brasília para, logo em seguida, entregá-la às mãos competentes do
saudoso Abner Vicentini, ao qual se sucederam Elton Volpini, Maria Helena de Sá
Barreto e a atual Diretora, Cybelle Villares Coelho.
Dedicando-se ao ensino da Biblioteconomia, estrutura o Departamento de
Biblioteconomia da Universidade de Brasília, cujo Curso criara em 1963, assim como
fundara, em 1950, o Curso de Biblioteconomia da Universidade Federal de Pernam-
buco. Passa a outro, também, a direção do Curso e continua somente como Professor,
para ser, posteriormente, elevado à Direção da Faculdade de Estudos Sociais Aplicados
da Universidade de Brasília, cargo este que exerceu até 1978.
E agora? Agora, a volta ao Recife onde vai prestar sua colaboração à
Fundação Joaquim Nabuco. A continuação de vários trabalhos, entre os quais um
manual de seleção, a 2
a
edição do Manual Bibliográfico de Estudos Brasileiros, a
organização de inéditos e dispersos de Gilberto Freyre, dos quais três já foram pu-
blicados: Prefácios Desgarrados, Heróis e Vilões no Romance Brasileiro e Pessoas,
Coisas e Animais.
Entre sua saída do Recife em 1952, e seu retorno em 1981, houve várias
viagens: em 1952, breve estada nos Estados Unidos; em 1961, a participação no
Seminário Interamericano sobre Bibliotecas Universitárias, em Monticeilo, Illinois;
em 1964, a participação em Seminário efetuado em Medellin, Colômbia; depois,
viagem aos Estados Unidos com o Reitor e alguns professores da Universidade de
Brasília, para visita a universidades e, sobretudo, a bibliotecas universitárias.
Em dezembro de 1976, de passagem para Guiné-Bissau, o encontro com os
poetas das leituras e com os caminhos dos autores franceses preferidos!
Ver Paris, ou, rever Paris dos poetas e romancistas. A sensação do
"dejà-vu", o encanto das longas caminhadas pelas pontes e pelos "boulevards" que
vivem na lembrança daqueles que, mesmo sem viajar, viajam com seus autores mais, ou
menos, queridos: Apoilinaire, Rimbaud, Gide, Saint-John Perse, Paul Eluard e tantos
outros.
Peregrino da Biblioteconomia, "peregrino do absoluto", como Léon Bloy!
O coração no Mosteiro deo Bento, em Olinda e os olhos nas praias, nos coqueiros,
no céu, nos verdes mares do Recife!
DISCURSO DO PROFESSOR EDSON NERY DA FONSECA
POR UMA SÓ BIBLIOTECA EM CADA UNIVERSIDADE
Edson Nery da Fonseca
Vejo que estou chegando a uma idade em que somente somos lembrados
para presidências de honra e outras funções decorativas. De qualquer modo, agradeço
aos que espontaneamente me distinguiram com esta honraria. Quando os moços se
lembram dos velhos é porque reconhecem que nem tudo se deve a eles, jovens, mesmo
quando competentes e dinâmicos, como é o caso do atual Presidente da Associação
dos Bibliotecários do Distrito Federal, o professor Antônio Miranda. É porque acre-
ditam que existe uma continuidade eo uma rutura entre gerações sucessivas, por
mais mutuamente conflitantes que possam ser ou parecer.
Desde que me impuseram um pronunciamento neste Segundo Seminário
Nacional de Bibliotecas Universitárias, venho pensando inultimente no que deveria
dizer, sem me sentir tentado por nenhum dos tópicos programados, todos eles, aliás,
bastante sugestivos e oportunos. O remédio, nestes casos, é continuar lendo. Porque
seo surgirem de leituras,o será da praia maravilhosa em que me encontro e de
suas seduções que as idéias jorrarão.
Casualmente e tudo no mundo acontece por acaso, como diria Jacques
Monod caíu-me nas mãos o livro no qual encontrei sugestões para este pronuncia-
mento. Refiro-me à obra coletiva em que a Editora Convívio, deo Paulo, reuniu em
1979 as teses e debates de um Encontro Nacional de Professores de Filosofia, ocorrido
no ano anterior. Foi na conferência de abertura desse Encontro, lida pelo meu já mui-
to admirado Georges Gusdorf, professor da Universidade de Estrasburgo, que me
inspirei para dizer o que se segue.
Talvezo seja de todo inorportuno, ao fim de uma semana em que tantos
processos técnicos foram debatidos, propor uma espécie de meditação sobre o papel da
biblioteca universitária no universo conceituai e cultural em que se insere. Porque,
francamente, euo gostaria que acontecesse com os especialistas em Biblioteconomia
reunidos neste Seminário o que ocorreu com o psicólogo francês Alfred Binet.
Inventor de tantos testes de mensuração da inteligência, Binet ficou um dia perplexo
ao ouvir esta pergunda insólita: "mas, afinal, o que é inteligência?". E saiu de sua
perplexidade respondendo que inteligência era o que ele media com seus testes. Lydia
de Queiroz Sambaquy me contou uma história parecida. Matriculada em curso de
bibliografia "a cargo do velho Antônio Simões dos Reis, reclamou do mestre porque,
já na quarta ou quinta aula, aindao havia enunciado um conceito de bibliografia.
Surpreendido com a reclamação, Simões dos Reis parafraseou o rei de França ao
dizer: "bibliografia sou eu".
Nada, portando, de desprezarmos as definições. E eu me gabo de ter sido
quem primeiro extendeu a qualquer tipo de escola e, por extensão, à própria universi-
dade, o conceito de Faculdade de Direito enunciado pelo Professor Haroldo Valladão
em seu livro sobre didática jurídica: é "uma grande biblioteca rodeada de salas para
aulas, de gabinetes para seminários e exercícios práticos, com uma revista que dê conta
dos principais trabalhos realizados por mestres e alunos" (1).
Já afirmei uma vez que a Universidade de Brasília foi idealizada por educa-
dores inconformados com a decadência a que chegara, nos anos 60, o ensino superior
em nosso país. Participei da implantação da UnB desde agosto de 1962, primeiro como
professor e depois como coordenador da biblioteca, chefe de departamento, diretor
de unidade e membro de seus mais altos colegiados, sem jamais haver postulado uma
só dessas funções. Deixei-me contagiar pelo entusiasmo com que aqueles idealistas
fundaram a Universidade de Brasília, desencadeando uma reforma universitária que,
infelizmente,o se completou. Que em muitos casos abortou. Uma reforma que a
maior parte das universidades federais aceitou a contragosto, tanto para manter interes-
ses criados como por preguiça mental ou apego à rotina.
Este repúdio à reforma explica porque, de modo geral,o existem biblio-
tecas universitárias no Brasil, mas bibliotecas especializadas junto a institutos, centros,
escolas, faculdades, cursos, departamentos, clínicas e laboratórios que nem a vizinhan-
ça num só campus consegue tornar interdependentes. Porque a interdependência deve
começar caracterizando as relações entre diferentes áreas do conhecimento científico
e humanístico. Se especialistas encarregados de produzir ou transmitir o saber em cada
uma dessas áreaso se apercebem do interrelacionamento entre as ciências às vezes
remoto ou imperceptível, mas sempre existente a universidade deixa de ser aquela
"forma instituída da universalidade" a que se refere Gusdorf (2) para reduzir-se,
como dizia Guilherme de Humboldt, "a uma coleção de conhecimentos alinhados
uns contra os outros" (3).
Quando a universidadeo é capaz de respeitar-se a si mesma, perdendo a
consciência da origem de seu próprio nome,o é lícito esperar que existam bibliote-
cas universitárias. A recíproca é verdadeira na medida em que bibliotecas independen-
tes e inimigas entre si só fazem aumentar ou estimular o que um francês chamaria "sa-
voir en miettes": saber em migalhas que é a própria antítese do conceito de universida-
de. Pois "a universidadeo existe" volto a citar Georges Gusdorf "onde a comu-
nicação se torna impossível entre os saberes e os homens em toda parte em que a
dissociação suplanta a vontade de unidade" (4).
A redução da Filosofia a simples departamento quando a ela competiria
assegurar a integração dos saberes, servindo como elemento de comunicação interde-
partamental foi o primeiro golpe desfechado contra a universidade, sendo a descen-
tralização de coleções como que a conseqüência lógica da fragmentação do saber: aqui-
lo que Gusdorf denomina com muita propriedade "egoísmo epistemológico" (5).
Enquanto esse lamentável disciplinarismo provoca e estimula a multiplica-
ção de bibliotecas especializada, a intradisciplinaridade (integração sistêmica dos diver-
sos tópicos de uma disciplina), a interdisciplinaridade (relações de interdependência
entre diferentes disciplinas) e a transdisciplinaridade (interrelacionismo das ciências
ditas exatas e naturais com as sociais e as chamadas humanidades) impõem a centraliza-
ção de coleções numa só biblioteca em cada universidade ou, pelo menos, em cada
campus. A própria expressão BIBLIOTECA CENTRAL deixa de ter sentido, devendo
ser substituída por BIBLIOTECA UNIVERSITÁRIA ou BIBLIOTECA tout court.
Convenhamos em que é difícil praticar a interdisciplinaridade e, mais
ainda, a transdisciplinaridade em laboratórios e salas de aula, principalmente se falta
ao pesquisador e ao professor aquela inquietação intelectual que poderíamos definir
como nostalgia da unidade perdida. Parece que foi essa nostalgia que inspirou a T.S.
Eliot estes versoso pungentemente interrogativos: "Where is the Life we have lost
in living?/ Where is the wisdom we have lost in knowledge?/ Where is the knowledge
we have lost in information?" (6). Versos que eu ousaria prolongar, perguntando: onde
está a informação que perdemos em dados e onde estão os dados que perdemos em
computadores? Seminários interdisciplinares e transdisciplinares como os fundados
por Frank Tannenbaum em Columbia University e por Gilberto Freyre na Universida-
de Federal de Pernambuco solucionam o problema e encontram na centralização
de coleções infelizmente inexistentes tanto em Columbia como em Pernambuco a
infraestrutura bibliográfica ideal.
Jáo me importam, corno se, os argumentos de ordem econômica em
favor da centralização de processos, queo indiscutíveis. Econômica é, por igual, a
descentralização de coleções, quando coordenada para evitar duplicações desnecessá-
rias. Defendendo a centralização de coleções estou falando em nome da interdisciplina-
ridade e da transdisciplinaridade que caracterizam o moderno conhecimento científico
e humanístico. Como diria o poeta, "cesse tudo o que a antiga Musa canta/ Que outro
valor mais alto se alevanta".
o deliro nem proponho utopias. Tudo o que acabo de dizer se inspira
num exemplo concretamente histórico recordado por Georges Gusdorf: o do Museu
de Alexandria, que foi um "foco do saber e da espiritualidade helênicos durante quase
um milênio, desde a morte de Alexandre até a conquista árabe". "Sob a proteção do
poder monárquico de Ptolomeu" acrescenta Gusdorf o Mouseion, santuário das
Musas, reúne em seus edifícios, seus pórticos e seus jardins um certo número de
homens, mestres e estudantes, que se dedicam aos trabalhos do espírito, em volta
de uma imensa biblioteca cujos guardiões fixam para sempre a configuração da cultura
antiga" (7).
o se diga que, proveniente da antigüidade, este exemplo está ultrapas-
sado. A democracia também veio da Grécia e ainda hoje os politologos admitem ser
este o menos imperfeito de todos os regimes.
Ao institucionalizar a universalidade do saber a universitas scientiarum
a universidade medieval apenas retomou a concepção grega das artes liberais exercita-
das no Museu de Alexandria, origem remota dos colleges of liberal arts das mais con-
ceituadas universidades em nossos dias.
A unidade começa a fragmentar-se no Renascimento e vem até a primeira
metade do século XX. Mas quando a fragmentação chega ao auge, com as cada dia
mais numerosas especializações de nossa época, a idéia da unidade fundamental do
saber reaparece, ora sob a forma de uma teoria dos sistemas, ora na publicação de
uma Encyclopedia of Unified Science, ora através de novas classificações dos conhe-
cimentos, como o Broad System of Ordering proposto pelo programa UNISIST, sem
que seja necessário cedermos ao perigoso canto de sereia de qualquer reducionismo,
venha de onde vier: da Matemática ou da Biologia.
Numa biblioteca enciclopedica os pesquisadoreso forçados a olhar
para o que se passa em especializações queoo as suas; isto é uma lição de saudável
generalismo. Favorece a humildade epistemológica e, portanto, a compreensão de que
todo problema científico, técnico ou humanístico é complexo demais para ser
resolvido por especialistas de uma só área. A universidade é a última instituição em
condições de abrigar uma coleção enciclopédica, já que até as bibliotecas nacionais
caminham para a especialização. Espero que ela seja fiel a umao importante mis-
o histórica.
REFERÊNCIAS
1. Haroldo Valladão. O ensino e o estudo do Direito, especialmente do Direito Inter-
nacional Privado no Velho e no Novo Mundo.o Paulo, Revista dos Tribunais,
1940, p. 202.
2. Georges Gusdorf. "A Filosofia e a universidade". In: Crippa, Adolpho, ed. A
Filosofia e o ensino da Filosofia.o Paulo, Editora Convívio, 1979, p. 19-54
(citação à p. 51).
3. Wilhelm von Humboldt. Da organização interior e exterior das altas instituições
científicas em Berlim (1810). Apud Georges Gusdorf, op. cit., p. 38.
4. Georges Gusdorf, op. cit., p. 22.
5. Georges Gusdorf, op. cit., p. 21.
6. T. S. Eliot. "Choruses from The Rock". In: Selected poems. London, Faber and
Faber, 1961, p. 107.
7. Georges Gusdorf, op. cit., p. 30, grifo nosso.
Cumpre-me agora agradecer a homenagem que acabo de receber e o faço
humildemente convicto deo merecero significativas referências.o me deixo
embriagar por elogios, preferindo atribuí-los à generosidade fraternal de amigos e
companheiros.
Gostaria de aproveitar esta oportunidade para dizer de público o muito
que devo a Lydia de Queiroz Sambaquy. Dela tenho divergido e já brigamos algumas
vezes, o que evidentementeo me impede reconhecer o seu pioneirismo na biblioteca
do DASP, na catalogação cooperativa, na aquisição centralizada, na fundação do hoje
IBICT, na própria Universidade de Brasília, onde me precedeu como assessora de
Darcy Ribeiro em matéria de biblioteca.
O que desejo recoraar aqui é que foi por intermédio de Lydia Sambaquy
que o Departamento de Documentação e Cultura do Recife recebeu a primeira bolsa
de estudos da qual sem solicitá-la acabei me beneficiando, saindo pela primeira
vez do Recife para estudar biblioteconomia no Rio de Janeiro.
Também lhe devo a indicação de meu nome ao Reitor Joaquim Amazonas
para a reorganização das bibliotecas da Universidade do Recife.
Despedido por delito de opinião, voltei ao Rio de Janeiro, em 1954, quan-
do ela me acolheu no Serviço de Intercâmbio de Catalogação e, depois, no Serviço
de Bibliografia do IBBD.
Permitam-me, portanto, dividir com Lydia Sambaquy as glórias desta
homenagem.
Se de nossos ex-alunos e companheiros de trabalho poderíamos dizer
queo nossos filhos por obra e graça da biblioteconomia, peço a eles que se consi-
derem netos bibliotecônomicos de Lydia Sambaquy, que, aliás, há vários anos, já foi
escolhida a avó mais bonita do Brasil.
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