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Anais do 1.o Seminário Nacional
de Bibliotecas Universitárias
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Seminário Nacional de Bibliotecas Universitárias, 1.,
Niterói, 1978.
Anais. Niterói, UFF. Núcleo de Documentação, 1979.
p. 406
1. Bibliotecas universitárias — Congressos.
CDD 027.7063
ISBN
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
NÚCLEO DE DOCUMENTAÇÃO
ANAIS DO 1º
SEMINÁRIO NACIONAL
DE BIBLIOTECAS
UNIVERSITÁRIAS
NITERÓI, 23 A 28 DE JULHO DE 1978
NITERÓI
1979
HOMENAGEM ESPECIAL
Célia Ribeiro Zaher
HOMENAGEM PÓSTUMA
Élvia de Andrade Oliveira
AGRADECIMENTOS
Adelço Vieira da Costa
Denice Maria Pinheiro de Souza
Ikelfany Gama Bittencourt
Sérgio Cardoso Daltro
Ao Livro Técnico
Café Servidor Ltda. (Fidelense)
A Casa da Filosofia
Coca-Cola Refrigerantes Niterói S/A
Editora Cultura Médica
Editora Guanabara Koogan
Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos
Flumitur
Livraria Interamericana
Livraria Interciência
Livraria Panorama
Museu Histórico do Rio de Janeiro
SUMARIO
Pág.
PREFÁCIO ..................................................................................... 11
INTRODÃO ................................................................................. 13
REGIMENTO .................................................................................... 15
REGULAMENTO DOS PAINÉIS E SESSÕES CIENTIFICAS .. 19
REGULAMENTO DOS CURSOS .................................................. 21
CURSOS MINISTRADOS ............................................................ 22
SESSÃO SOLENE DE ABERTURA ............................................ 23
PAINÉIS ........................................................................................... 31
PAINEL SOBRE BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS E SIS
TEMAS DE INFORMÃO ..................................................
33
Programas Internacionais de Apoio à Biblioteca Universitária
como Elemento de Desenvolvimento, por Célia Ribeiro
Zaher .......................................................................................... 34
Processamento Técnico Centralizado Automatizado na Biblio
teca Central da Universidade Federal do Rio Grande do
Sul, por Heloísa Benetti Scheiner, Maria de Lourdes
Azevedo Mendonça, Jacira Gil Bernardes e José Palazzo
de Oliveira ............................................................................... 40
Sistema de Bibliotecas da Universidade Estadual Paulista
"Júlio de Mesquita Filho", por Leila Magalhães Zerlotti
Mercadante ............................................................................... 86
Sistema Integrado do IBICT para Registro e Recuperação de
Informações Bibliográficas e de Autoridade, por Antonio
Euclides da Rocha Vieira ........................................................... 99
PAINEL SOBRE INFORMAÇÃO CIENTÍFICA ...................... 109
Informação Científica em Ciências da Saúde, por Abram
Sonis ......................................................................................... 111
Aspectos Econômicos da Informação Científica e Tecnoló
gica, por Aldo Albuquerque Barreto .......................................... 117
Interação da Documentação Científica Brasileira — uma
amostra, por Elisabeth Schneider de Sá e Eliana Souza
Pinheiro ...................................................................................... 125
Pág.
Interdependência entre a Aquisição Planificada e a Dissemi
nação Seletiva da Informação Científica para a Saúde
da Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro, por
Maria das Neves Niederauer Tavares Cavalcanti .................................. 147
PAINEL SOBRE ADMINISTRAÇÃO DE BIBLIOTECAS UNI
VERSITÁRIAS .................................................................................... 162
Cooperação entre a Biblioteca Nacional e as Bibliotecas Uni
versitárias, por Janice de Mello Monte-Mór .......................................... 163
Biblioteca Universitária no Brasil — Reflexões sobre a Pro
blemática, por Antonio Miranda ........................................................... 175
Aspectos e Problemas de Administração de Bibliotecas Uni
versitárias, por Alice Barros Maia ..................................................... 190
sistema Centralizado de Biblioteca: uma experiência, por
Maria Regina Azevedo Arbulo Uriarte e Vera Lúcia da
Costa Mouren ..................................................................................... 201
PAINEL SOBRE TREINAMENTO DE USUÁRIOS .................................. 209
O Livro, a Biblioteca e o INL, por Emir José Suaiden ................................... 210
Metodologia da Pesquisa Documentária, por Leila Galvão
Caldas da Cunha, Dyrce Barreto Taveira e José Carlos
Abreu Teixeira .................................................................................... 216
Avaliação de Serviços Prestados a Usuários de Bibliotecas
Biomédicas, por Maria Angela Lagrange Moutinho dos
Reis ........................................................................................................ 237
A Biblioteca Especializada como Suporte para a Biblioteca
Universitária, por Lilia Teresa Vasconcelos Torres e
Lygia de Medeiros Albeirice ................................................................ 242
PAINEL SOBRE A BIBLIOTECA UNIVERSITÁRIA E OS
PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO ......................................... 263
Projeto Interação Atividade/Pesquisa: Avaliação de Periódicos
Científicos e Técnicos Brasileiros, por Gilda Maria Braga 267
Pós-Graduação em Biblioteconomia e Ciência da Informação:
Reflexões — Sugestões — Experiências, por Abgail de
de Oliveira Carvalho ............................................................................... 270
Seleção através do Usuário: PRODOCENTE/Livros, por Judith
Rebeca Schleyer ................................................................................... 285
Pág
Expansão do Acervo e Implantação do Serviço de Documen
tação da Biblioteca Central, por Nazian Azevedo de
Moraes .................................................................................................. 294
SESSÕES CIENTÍFICAS ............................................................................ 305
1ª SESSÃO CIENTÍFICA ......................................................................... 302
Frojeto de Automação da Biblioteca do Instituto de Mate
mática, Estatística e Ciência da Computação, por Katia
Maria Lemos e Rodolfo Miguel Baccarelli ............................................ 308
Carta de Aquisição; um Histórico e uma Posição, a Experiên
cia da Divisão de Bibliotecas e Documentação da PUC/RJ,
por Cecilia Malizia Alves ..................................................................... 33? '
SESSÃO CIENTIFICA ........................................................................ 356
Necessidade de Informação: o Ponto de Vista do Pesquisador,
por Cecilia Malizia Alves .....................................................................
3ª SESSÃO CIENTÍFICA ......................................................................... 362
A Biblioteca Universitária no Brasil do Ponto de Vista do Pesquisador, suas
Expectativas e Interesses, por Jorge da Silva Paula Guimarães e Charles Alfred
Esberard .. 363
Treinamento de Usuários da Informação para Alunos de Gra
duação da Área Biomédica da UFF, por Alrídia Carvalho
Pinto Moreira, Eneida de Mattos Folly, Marcia Maria
Erthal Serrão e Marêda Fiorillo Bogado ................................................ 378
4ª SESSÃO CIENTÍFICA ......................................................................... 392
A Vinculação entre a Biblioteca Universitária e os Cursos de
Pós-Graduação, por Herta Laszlo ....................................................... 393
A Biblioteca Universitária e seus Reflexos na Pesquisa Cien
tífica, por Elza Corrêa Granja ................................................................. 396
PROPOSTA DE RESOLUÇÕES, RECOMENDAÇÕES E CON
CLUSÕES APRESENTADAS NOS PAINÉIS, SESSÕES CIEN
TÍFICAS E REUNIÕES LEVADOS A EFEITO DURANTE
O PRIMEIRO SEMINÁRIO NACIONAL DE BIBLIOTECAS
UNIVERSITÁRIAS ............................................................................. 403
ÍNDICE DE AUTORES .............................................................................. 406
PREFACIO
Com a realização do 1º Seminário Nacional de Bibliotecas
Universitárias pretendeu-se reunir a alta administração das
universidades, autoridades, usuários e bibliotecários para
iniciar-se uma tradição de estudo conjunto e análise sistemática
da atuação das bibliotecas universitárias, evolução, suas
tendências, possibilidades, deficiências, etc, buscando-se no
diálogo nacional o entrosamento ideal e entendimentos
indispensáveis à adoção de medidas racionais que as
fortaleçam, capacitando-as à realização de seu objetivo maior,
devidamente expresso no tema central do Seminário — A
Biblioteca como suporte do ensino e da pesquisa para o
desenvolvimento nacional.
Nesse sentido foram selecionados os painéis represen-
tativos dos assuntos e situação com os quais é grande o en-
volvimento e o desempenho da biblioteca universitária e de
suas atividades: administração de bibliotecas propriamente
dita, informação científica, sistemas de informação, pós-gra-
duação, treinamento de usuários, etc.
Esperamos que haja continuidade desses encontros e que
as recomendações do lº Seminário Nacional de Bibliotecas
Universitárias sejam levadas em consideração pelas au-
toridades competentes, a fim de assegurar às bibliotecas uni-
versitárias o pleno desempenho de suas atividades e a reali-
zação de seu objetivo principal: servir de apoio básico aos
programas de ensino, aos projetos de pesquisa e às atividades
de extensão.
ALICE BARROS MAIA Profª Adjunta do
Deptº de Documentação Livre Docente da
UFF
INTRODUÇÃO
O Núcleo de Documentação da Universidade Federal Flu-
minense fez realizar, com muito sucesso, em 1978, o 1ª SE-
MINÁRIO NACIONAL DE BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS,
graças à coragem e visão de sua então Diretora, Prof
a
Alice Barros
Maia, e à dedicação da equipe incumbida de levar a bom termo
tamanha empreitada.
A publicação destes Anais vem alargar os resultados à época
obtidos, com a possibilidade de estender a todos o conhecimento
transmitido através dos trabalhos apresentados.
Optamos por dar aos Anais um arranjo que possibilitasse
destacar o tema central — A BIBLIOTECA UNIVERSITÁRIA
COMO SUPORTE DO ENSINO E DA PESQUISA PARA O
DESENVOLVIMENTO NACIONAL — através da reunião dos
painéis na 1
a
parte. As sessões científicas ,de temas mais livres,
compõem a 2
a
parte.
Queremos expressar a nossa gratidão a todos que trabalharam na
preparação dos originais e muito especialmente à bibliotecária
Marcia Maria Erthal Serrão que coordenou esta tarefa com carinho e
dedicação.
ELISABETH SCHNEIDER DE SÁ
Diretora do Núcleo de Documentação
REGIMENTO
Capítulo I — DA ENTIDADE PROMOTORA, SEDE E DATA
Art. lº-O 1º SEMINÁRIO NACIONAL DE BIBLIOTECAS
UNIVERSITÁRIAS, promovido pelo Núcleo de Documentação da
Universidade Federal Fluminense, será realizado em Niterói, de 23 a
28 de julho de 1978.
Capítulo II — DOS OBJETIVOS
Art. 2º — O 1º Seminário Nacional de Bibliotecas Uni-
versitárias, terá por objetivos:
1 — Levantar e discutir as situações relacionadas com
as bibliotecas universitárias.
4 i
2 — Reafirmar o intercâmbio de experiências na área.
3 — Discutir aspectos vinculados à organização e admi-
nistração de bibliotecas universitárias.
4 — Divulgar informações técnicas sobre o assunto.
5 — Contribuir para o esclarecimento e racionalização
dos serviços de bibliotecas universitárias em todas as suas
manifestações como medida de apoio para o
desenvolvimento nacional.
Capítulo III DA PARTICIPAÇÃO
Art. 3º — Além dos componentes das Comissões Diretora e
Organizadora serão considerados membros do lº Seminário Nacional
de Bibliotecas Universitárias:
1 — Especialistas convidados oficialmente.
2 — Membros efetivos.
§ 1º — Serão membros efetivos todos aqueles que manifestarem
sua adesão, inscrevendo-se no lº Seminário Nacional de Bibliotecas
Universitárias.
§ 2º — A categoria de membro efetivo compreenderá inscrições
individuais e de instituições.
Art. 4º — O valor das inscrições para membros efetivos será de
Cr$ 1.500,00 (Hum mil e quinhentos cruzeiros) até 30/04/78 ou Cr$
1.700,00 (Hum mil e setecentos cruzeiros) a partir de lº/05/78 e Cr$
2.500,00 (Dois mil e quinhentos cruzeiros) correspondendo,
respectivamente, ao registro individual e de instituições.
Art. 5º — Ficarão limitadas a 550 (Quinhentos e cinqüenta) as
inscrições dos membros efetivos.
Capítulo IV DO TEMARIO
Art. 6º — Do 1º Seminário Nacional de Bibliotecas Uni-
versitárias, constarão a apresentação de painéis e sessões científicas
sobre o tema central: A BIBLIOTECA COMO SUPORTE DO
ENSINO E DA PESQUISA PARA O DESENVOLVIMENTO
NACIONAL.
Art. 7º — Os painéis se destinarão ao exame de temas oficiais, e
serão compostos por um coordenador, um secretário e vários
expositores.
Art. 8º — As sessões científicas se destinarão ao exame de
temas livres e serão compostas por um presidente, um relator, um
secretário e vários expositores.
Capítulo V — DAS SESSÕES, TRABALHOS E
COMUNICAÇÕES
Art. 9º — Serão consideradas constitutivas do lº Seminário
Nacional de Bibliotecas Universitárias:
1 — As sessões solenes de abertura e encerramento.
2 — As sessões plenárias, nas quais serão apresentados
e debatidos os trabalhos.
3 — Outras atividades que poderão ser programadas
(conferências, mesas redondas, etc).
§ 1º — Os especialistas convidados e os membros efetivos que
apresentarem trabalhos ou comunicações, deverão encaminhar os
resumos até 31 de março de 1º78, e os trabalhos na íntegra, até 15 de
maio do mesmo ano.
§ 2º — Todos os trabalhos e comunicações, inclusive os
resumos, deverão ser elaborados segundo as normas da Associação
Brasileira de Normas Técnicas.
Art. 10º — As sessões plenárias serão regulamentadas por ato
normativo baixado pela Comissão Diretora.
Art. 11º — Na sessão de encerramento serão apresentadas as
conclusões e recomendações do 1* Seminário Nacional de
Bibliotecas Universitárias.
Capítulo VI — DOS CERTIFICADOS
Art. 12º — Compete a Comissão Diretora expedir certificados
aos participantes.
§ Só serão concedidos certificados aos membros efetivos que
comparecerem a, no mínimo, 70% das sessões plenárias.
Capítulo VII DAS PUBLICAÇÕES
Art. 13º — Os anais do lº Seminário Nacional de Bibliotecas
Universitárias e as cópias dos trabalhos apresentados serão
publicados e distribuídos sob a responsabilidade da Universidade
Federal Fluminense, através do Núcleo de Documentação .
§ 7
º
— As cópias dos trabalhos referidos no art. 13
º
serão
graciosamente distribuídas durante o l
º
Seminário a todos os
participantes.
§ — Os anais a que se refere o artigo anterior serão
publicados a "posteriori" com preços a serem fixados.
Capítulo VIII — DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 14
º
— A responsabilidade financeira do l
º
Seminário
Nacional de Bibliotecas Universitárias será da Universidade Federal
Fluminense.
Art. 15
º
— Os casos omissos serão resolvidos pela Comis-õão
Diretora.
REGULAMENTO DOS PAINÉIS E SESSÕES CIENTÍFICAS
1 — As mesas dos painéis serão compostas de coordenador,
secretário, conferencista e expositores.
1.1 — Aos coordenadores compete:
a) abrir os painéis e convocar o secretário, o confe-
rencista e os expositores de trabalhos;
b) apresentar o conferencista e os expositores de tra-
balhos;
c) coordenar as apresentações e os debates;
d) elaborar as propostas de recomendações;
e) encerrar os painéis.
1.2 — Aos secretários compete:
a) redigir as atas dos painéis;
b) receber as perguntas relativas aos trabalhos apre-
sentados;
c) outras atividades de secretaria que se fizerem ne-
cessárias .
2 — As mesas das sessões científicas serão compostas de
presidente, relator, secretário e expositores.
2.1 — Aos presidentes compete:
a) abrir as sessões e convocar o relator, o secretário e
os expositores de trabalhos;
b) apresentar os expositores;
c) coordenar as apresentações e os debates;
d) elaborar as propostas de recomendações;
e) encerrar as sessões.
2.2 — Aos relatores compete:
a) elaborar as sínteses dos trabalhos e discussões; b)
submeter à apreciação do presidente; c) proceder a
leitura da sinopse.
3 — Os painéis terão início às 8,30h e as sessões científicas
às 14h.
3.1 — Os coordenadores dos painéis e os presidentes das ses-
sões científicas disporão de 10 minutos para instalação
da mesa e 10 minutos para encerramento.
3.2 — O conferencista convidado e os expositores disporão
cada um de 30 minutos para apresentação do tema sob
sua responsabilidade.
3.3 — Nos painéis haverá um intervalo de 30 minutos às
lOh. Os minutos finais ficarão reservados ao debate.
3.4 — Nas sessões científicas, após cada expositor, haverá
um período de 30 minutos para debate.
§ l
º
— O presidente da sessão poderá prolongar o período
de exposição de cada trabalho, até 45 minutos.
4 — As perguntas deverão ser encaminhadas à mesa, por es-
crito, assinadas e com indicação da instituição a que
pertence o questionador.
5 — Sempre que julgar necessário o coordenador ou o pre-
sidente poderá suspender os trabalhos.
6 — As atas e propostas de recomendação aprovada serão
encaminhadas pelos presidentes ou coordenadores ao
Relator-Geral logo após o encerramento.
7 — Os casos omissos neste Regulamento serão resolvidos
pelos coordenadores ou presidentes dos painéis e sessões
científicas.
REGULAMENTO DOS CURSOS
1 — Poderão participar dos cursos todas as pessoas inscri-
tas no 1° Seminário Nacional de Bibliotecas Universitárias,
mediante o pagamento da taxa de Cr$ 200,00 (Duzentos
cruzeiros) por curso.
2 — As inscrições serão feitas na Secretaria do Seminário,
à Rua Miguel de Frias, n
º
º, a partir da sua abertura.
3 — Para cada curso haverá um limite de 50 vagas.
4 — Para cada curso haverá um Secretário que ficará en-
carregado de:
a) Preenchimento do recibo de inscrição;
b) Recebimento da taxa de pagamento;
c) Controle das vagas existentes;
d) Elaboração das listas de presença;
e) Assessoramento ao professor e assistência aos participantes
do curso.
5 — Os participantes dos cursos receberão certificados de
freqüência, expedidos pela Universidade Federal Fluminense,
desde que tenha comparecido a 85% das aulas.
6 — Os casos omissos neste Regulamento serão resolvidos
pela Sub-Comissão de Cursos.
CURSOS MINISTRADOS
CURSO: A MICROPILMAGEM NAS BIBLIOTECAS E SER-
VIÇOS DE DOCUMENTAÇÃO
Prof. OSCAR OSWALDO CAMPIGLIA — Bibliotecário e Técnico
de Microfilmagem da UNICAMP.
CURSO: EVOLUÇÃO BIBLIOMÉTRICA
Por: ELISABETH SCHNEIDER DE SÁ — M.D. — Chefe da
Biblioteca de Veterinária da UFF.
CURSO: INDEXAÇÃO DE TESAUROS
Profª CORDELIA R. CAVALCANTI — Profª Titular do Curso de
Biblioteconomia da UnB.
CURSO: ESTATÍSTICA EM BIBLIOTECAS
Profª MARIA ANGELA LAGRANGE MOUTINHO DOS REIS
— Bibliotecária da Biblioteca Central do Centro de Ciências da
Saúde da UFRJ.
CURSO: DISSEMINAÇÃO DA INFORMAÇÃO
Prof* SELMA CHI BARREIRO — Chefe do Centro de Informações
Nucleares da CNEN.
CURSO: PROCESSAMENTO DE DADOS EM BIBLIOTECAS E
SERVIÇOS DE INFORMAÇÃO
Prof. CAVAN MICHAEL Mc CARTHY.
SESSÃO SOLENE DE ABERTURA
Componentes da Mesa
GERALDO SEBASTIÃO TAVARES CARDOSO — Magnífico
Reitor da Universidade Federal Fluminense.
ALICE BARROS MAIA — Presidente do Seminário. Diretora do
Núcleo de Documentação da UFF.
JOÃO CARLOS GOMES RIBEIRO — Vice-Presidente do Se-
minário .
MARIA JOSÉ MANSUR BARBOSA — Representante da Sra.
Secretária de Educação do Estado do Rio de Janeiro.
ISMENIA LIMA MARTINS — Representante do Exmo. Sr.
Prefeito de Niterói.
JAVIER PEREZ ENCISO — Representante do Magnífico Reitor da
Pontifícia Universidade Católica do Estado do Rio de Janeiro.
CÉLIA RIBEIRO ZAHER — Diretora da Division de la Pro-motion
du Livre et dex Exchanges Cuiturales Interna-tionaux da
UNESCO e Professora Titular da UFF.
DALVA ESTELLA MOREIRA PEREIRA — Presidente do CRB 7.
JOSÉ CARLOS DE SIQUEIRA PEREIRA — Representante do
General Comandante da 2º Brigada de Infantaria.
LÉA TÂNIA DE AQUINO — Representante do Diretor do Instituto
Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia.
MERCEDES DE LA FUENTE — Presidente da Associação Paulista
de Bibliotecários.
JUDITH REBECA SCHLEYER — Representante do MEC/
CAPES.
IVO GIANINI — Secretário de Educação e Cultura de Niterói.
CARLOS ALBERTO MENDONÇA — Presidente do Centro de
Estudos Sociais da Universidade Federal de Alagoas.
MARIA DE LOURDES FORTES — Coordenadora do Curso de
Administração da UFF.
PRONUNCIAMENTO DA PROFESSORA ALICE
BARROS MAIA
De repente, quando me vejo à frente das autoridades mais
representativas desta cidade e diante de um selecionado
auditório que conta com os mais ilustres representantes desta e
de outras cidades do país, começo a achar que houve um erro
de pessoa, pois deveria estar neste lugar para falar-lhes. não
quem lhes dirige a palavra neste momento, mas quaisquer dos
membros da Comissão Organizadora, pois, certamente, o
fariam com mais sucesso, vencendo esses momentos de
emoção com maior êxito. As circunstâncias, no entanto,
colocaram-me aqui de onde lhes peço boa vontade e paciência,
por esses minutos de sacrifício, já que, positivamente, não
temos a menor inclinação para a oratória.
Em primeiro lugar, dirijo-me ao Magnífico Reitor desta
Universidade, Professor Geraldo Sebastião Tavares Cardoso,
para agradecer-lhe a oportunidade e o estímulo para a rea-
lização deste encontro e de quem o Núcleo de Documentação
da UFF tem recebido todo o apoio e incentivo, de acordo com
a sua tradição de encorajar as iniciativas que lhe parecem
válidas.
Queremos agradecer, também, aos que acreditaram na
seriedade e conveniência da realização do l
º
Seminário Na-
cional de Bibliotecas Universitárias, prestigiando-nos com
palavras de estímulo e encorajamento, inclusive, participando
mais ativamente, ao encaminharem à Comissão os textos sobre
trabalhos provenientes das suas experiências e vivências
profissionais sobre projetos em realização, planos em vias de
execução etc, para serem selecionados e apresentados durante
o Seminário.
Os nossos agradecimentos às autoridades que, atendendo
ao apelo desta Universidade, permitiram ou facilitaram o
comparecimento de seus subordinados a esse encontro.
A todos que se inscreveram e aqui comparecem com sua
honrosa presença e significante participação, também, os
nossos agradecimentos.
Aos professores, que aceitaram o nosso convite para mi-
nistrar cursos de atualização da mais alta importância para o
pessoal que trabalha em bibliotecas.
À Dra. Célia Ribeiro Zaher, nossa homenageada especial,
nossos agradecimentos, também especiais, pelo gesto de
compreensão e solidariedade, interrompendo um período de
merecidas férias, privando sua família do seu convívio, para
prestigiar-nos com sua presença tão estimada.
Enfim, em meu próprio nome e em nome do Núcleo de
Documentação da Universidade Federal Fluminense agrade-
cemos e enaltecemos, de público, a demonstração de apoio e
colaboração dada por todos os membros da Comissão Orga-
nizadora, cujo senso de responsabilidade furtou-lhes horas de
sono e tranqüilidade, impondo-lhes sacrifícios que não
pouparam para cumprimento do compromisso assumido com
esta Direção. Estavam todos vivamente empenhados no êxito
do Seminário, na busca de melhores soluções, por acreditarem
em seus objetivos básicos: melhoria do sistema de bibliotecas
universitárias através de maior entrosamento entre as mesmas,
tendo em vista a sua real integração às atividades de ensino,
pesquisa e extensão, contribuindo cada vez mais efetivamente
com os objetivos da Universidade.
Isoladamente, as bibliotecas tem trabalhado no sentido de
superar os problemas que as afetam procurando soluções
adequadas às diversas situações. Atuando no mesmo campo de
atividade, com os mesmos objetivos, os problemas são
comuns, amplos, genéricos, exigindo entendimento mais
efetivo entre profissionais, administradores e toda a comuni-
dade universitária, no sentido de analisar-se em conjunto o
panorama atual das bibliotecas universitárias, suas possibili-
dades, deficiências, etc. Assim estaremos buscando uma so-
lução adequada aos seus problemas, superando os obstáculos
que se opõem à efetivação de bibliotecas integradas num sis-
tema que sirva de real suporte às atividades de ensino, pes-
quisa, extensão e proporcione melhor e mais adequado aten-
dimento ao usuário.
Esta a nossa intenção, estes os nossos objetivos.
Muito obrigada a todos pela atenção.
PRONUNCIAMENTO DA PROFESSORA CÉLIA
RIBEIRO ZAHER
É com grata satisfação que aceito neste momento, o
convite para dizer algumas palavras nesta Sessão Solene de
Abertura, do l
º
Seminário Nacional de Bibliotecas Univer-
sitárias.
Com duplo prazer, aproveito essa ocasião para em nome
do Diretor Geral da UNESCO, Dr. Amadu Mattar Renbou e de
meu próprio, desejar o maior êxito nas deliberações deste
Seminário, que começa segunda-feira, e que tem agora a sua
Abertura Oficial.
Como é do conhecimento de todos a UNESCO dá a maior
importância ao programa de bibliotecas universitárias e através
do seu programa geral de informação procura apoiar o
desenvolvimento destas bibliotecas em todo o mundo.
É com grande satisfação que tenho a oportunidade e o
prazer de estar aqui, no momento em que o l
º
Seminário
Nacional de Bibliotecas Universitárias ocorre e acompanharei
com o maior interesse todas as discussões e deliberações que
dele sairem.
Agradeço ao Magnífico Reitor e à mesa a oportunidade de
dirigir-lhes esses votos em nome do Diretor Geral da
UNESCO e em meu próprio.
PRONUNCIAMENTO DO MAGNÍFICO REITOR GERALDO
SEBASTIÃO TAVARES CARDOSO
Queremos expressar a satisfação da Universidade em re-
cebê-los, aqui, hoje, e nesses dias, dando as boas-vindas da
cidade de Niterói e da Universidade Federal Fluminense e
dizendo que aqui estamos de braços abertos e certos da im-
portância da reunião que aqui será realizada.
Nós, há algum tempo atrás, talvez um ano, quando a
Professora Alice ia a uma reunião de Bibliotecários no Rio
Grande do Sul, e me perguntava sobre a realização, aqui, deste
Seminário, eu me recordo que dizia a ela que poderia lançar a
idéia e trazer este l
º
Seminário para nossa Universidade .
Isto porque, em primeiro lugar, entendemos que é muito
importante a troca de idéias de especialistas sobre um assunto
específico e da mais alta importância, como bibliotecas
universitárias e, além disso, acreditamos que além do convívio
que, fatalmente, trará benefícios a todos pela facilidade de
relacionamento pessoal que passará a existir entre os
representantes de bibliotecas de várias universidades bra-
sileiras, também a experiência de cada um trazida aqui,
certamente se reverterá em benefício de todos.
A biblioteca na Universidade é, talvez, aquele trabalhe
silencioso, mas fundamental para o êxito de todo o trabalho
docente, quer no que se refere ao ensino, quer no que se refere
à pesquisa.
Não se pode ter realmente uma universidade atuante e de
boa qualidade, sem um bom sistema de bibliotecas e quando eu
digo um bom sistema de bibliotecas eu não me refiro, fomente,
à quantidade de livros e revistas, mas fundamentalmente ao
trabalho do bibliotecário na biblioteca, porque esse na
realidade é que é o grande motivador, a grande alavanca, aquilo
que vivifica o livro no sentido de levar a informação a nós,
professores e pesquisadores, quando dela precisamos para
realizar um trabalho.
É evidente que não poderia desvalorizar o livro e o acervo
bibliográfico que temos, mas em termos de eficiência do
sistema de bibliotecas, eu creio, é mais importante o biblio-
tecário, aquele elemento dedicado que ajuda o professor a
buscar a informação onde ela exista.
É por isso mesmo que achei, e acho importante este en-
contro porque é uma oportunidade que facilita, evidentemente,
todo este intercâmbio.
A universidade brasileira é pobre. Vivemos em um país
em desenvolvimento e como tal, não temos as mesmas con-
dições que tem os países mais ricos, e é por isso mesmo que
temos de nos contentar com os acervos que possuímos, porque
jamais este acervo será aquele que atenderá às aspirações dos
professores e pesquisadores da Universidade.
Muitas vezes, vemos o bibliotecário sofrendo, porque ele é
curioso. Senti isso na minha Universidade.
Observamos que o bibliotecário é um dos especialistas dos
mais zelosos, preocupados em atender e ele sofre, quando não
consegue dar a informação ao usuário.
Nós vemos o bibliotecário constantemente sofrendo
quando o acervo não tem aquilo que deveria ter para dar ao
usuário a informação pronta, na hora e nas condições que ele
necessita, mas tudo isso nós temos que entender pelas
dificuldades que todo sistema universitário brasileiro tem de
recursos para todos os seus objetivos. Isto tudo é suprido,
exatamente, com o amor que é dedicado ao trabalho pelos
bibliotecários.
Eu dou o testemunnho dos bibliotecários da minha Uni-
versidade para os senhores que vem de fora, dizendo que são
uma equipe maravilhosa. Os senhores vão ter contato com eles
esses dias e sentir isso, pois a realização desse Seminário, por
parte deles, é com o objetivo de aumentar esse relacionamento .
Queríamos, antes de encerrar, agradecer, por intermédio
dos senhores aos Magníficos Reitores das universidades de que
são procedentes, a oportunidade de participação neste encontro.
Gostaria de estar com os senhores nesse período, infeliz-
mente não será possível, porque amanhã se inicia a 7ª Reunião
Plenária dos Reitores Brasileiros no Espírito Santo, para onde
me dirijo amanhã de manhã.
Encerrando, agradeço mais uma vez a presença de todos.
PAINÉIS
PAINEL SOBRE BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS E
SISTEMAS DE INFORMAÇÃO
Componentes da mesa
Coordenadora: LELIA GALVÃO CALDAS DA CUNHA (Chefe do
Departamento de Documentação da UFF)
Conferencista: CÉLIA RIBEIRO ZAHER (Diretora da Divi-sion de
la Promotion du Livre et des Exchanges Cultu-rales
Internationaux da UNESCO)
Expositores: ELOISA BENETTI SCHREINER (Diretora da
Biblioteca Central da UFRGS)
LEILA MAGALHÃES ZERLOTTI MERCADAN-TE
(Diretora da Biblioteca Central da UFRGS)
ANTONIO EUCLIDES DA ROCHA VIEIRA (Chefe
da Divisão de Processamento de Dados do
Departamento de Apoio Técnico do IBICT)
Secretária: ANA LÚCIA LIMA FERREIRA (Bibliotecária do
Núcleo de Documentação da UFF)
PROGRAMAS INTERNACIONAIS DE APOIO À BIBLIOTECA
UNIVERSITÁRIA COMO ELEMENTO DE
DESENVOLVIMENTO CULTURAL
CÉLIA RIBEIRO ZAHER (Diretora da
Division de la Promotion du Livre et des
Exchanges Culturales Internationaux
da UNESCO)
Tendo sido convidada para falar durante esse Seminário, onde
serão debatidos a nível nacional os problemas de técnicas de
funcionamento de bibliotecas universitárias, assunto de grande
atualidade, não resta dúvida que acho de grande relevância ressaltar
no início desses debates, o papel que tem as Universidades de hoje
com a responsabilidade de seu conceito de universalidade, pois as
bibliotecas e os serviços que oferecem, devem servir de apoio ao
preenchimento de metas e objetivos que pela sua universalidade, têm
profunda afinidade com aquelas definidas pela própria UNESCO
para sua ação.
O objetivo da UNESCO é contribuir para a paz e a segurança,
promovendo a colaboração entre as nações através da educação,
ciência e cultura, de modo a aumentar o respeito universal pela
justiça, ordem, direitos humanos e liberdades fundamentais dos
povos. Pelos seus próprios objetivos, a UNESCO está,
inevitavelmente, destinada desde a sua fundação, a dar maior ênfase
aos problemas ligados às atividades de ensino superior e colaboração
intelectual com as universidades através do mundo, seja estimulando
o progresso e o saber em escala mundial, seja encorajando-a das
mais diversas formas.
A UNESCO procura estimular os cientistas e pensadores de
todos os países a reunir esforços a fim de elucidar diferentes
problemas com que se depara a humanidade de nossos dias,
convidando academias de todas as partes do mundo a apoiar suas
atividades, em busca de uma paz duradoura e dos direitos humanos
de todos os povos. Dentro de seus objetivos, a UNESCO tem se
preocupado e se identificado
com o papel das universidades, conceituando sua ação que tem
sido por diversas vezes apresentada a outras assembléias pelo
Diretor Geral da UNESCO, Dr. Amadu Mattar Renbou,
especialmente na Associação dos Universitários Africanos e
perante as Universidades de Upsala, Granada, Sorbonne e de
algumas outras.
Gostaria, nesta ocasião, de apresentar a esta Assembléia a
problemática de como a UNESCO vê, atualmente, a Uni-
versidade, seja de países industrializados ou em países em
desenvolvimento, que está sujeita, hoje em dia, a um tríplice
posicionamento e desafio, sua democratização, absorção social
de seus graduados pela comunidade nacional e, finalmente, sua
própria inserção na vida econômica e social, isto é, a renovação
indispensável a que ela deve se submeter constantemente.
Por sua própria natureza, a Universidade é ambivalente,
seja como fator de continuidade, seja como força renovadora,
por vezes contestatória.
O que é a Universidade, para que e por que? São questões
que se repetem permanentemente e cujas respostas diferem de
uma geração para outra e de uma sociedade a outra. Seus
elementos comuns refletem a necessidade atual de sua
democratização, da importância cada vez maior da educação
permanente, como exigência imperiosa sem, no entanto,
distanciar ou abandonar o campo da pesquisa como elemento
essencial e aue. deve se aferir cada vez mais como campo
renovador. A Universidade, desta forma, deve continuar no seu
papel de criador do saber através da pesquisa desinteressada, da
transmissão de conhecimentos e da for-mação de intelectos,
mas para preencher essas tarefas e conservar seu valor
intemporal, ela deve se ultrapassar e reformar seu elitismo
tradicional, repensando seu valor bivalente com o saber e com
a sociedade.
O crescimento considerável da população universitária
implica não somente na mudança de escalões, mas de estru-
turas novas que permitam a acolhida de novos grupos etários
ou de novas categorias sócio-econômicas: de trabalhadores que
não puderam fazer uma carreira acadêmica normal, de adultos
cujo desejo de saber, com a transformação rápida de
conhecimentos tecnológicos e das exigências de emprego,
retomam seus estudos durante a vida profissional, ou em
alternância com ela. Assim sendo, o conteúdo do ensino
universitário, para corresponder a essas novas exigências> tem
que se diversificar cada vez mais à abertura de campo de ação,
que por sua vez afeta as atividades de ensino e pesquisa. É essa
com efeito, a contribuição que a Universidade deve dar a
solução dos grandes e complexos problemas que cada
sociedade encontra e enfrenta, hoje em dia, assim como toda
comunidade internacional, em sua totalidade.
Esse engajamento a serviço da comunidade nacional e
internacional reunida numa aspiração idêntica de uma ordem
mundial nova, fundada sob a solidariedade de destino é, talvez,
a característica mais nova e mais cheia de conseqüências da
missão da Universidade de hoje. Essa busca de uma ordem
internacional mais justa e mais equitativa deve encontrar nas
Universidades uma garantia de resposta aos problemas que
pairam sobre as futuras gerações.
A aceitação da existência de uma tradição e seus com-
promissos com o passado deve ligar-se à aceitação da exis-
tência de uma cultura nova, afastando, assim, o perigo de que a
Universidade seja o repositório de ciências mortas e de
conceitos passados.
A Universidade não pode ficar insensível à necessidade de
uma reflexão profunda sobre os problemas da fome, do
analfabetismo, da falta de desenvolvimento e deve ser uma
fonte para a solução desses problemas.
A perfeita interpretação ou mesmo, simbiose da Univer-
sidade com a sociedade é, talvez, particularmente, necessária
em países em desenvolvimento.
As Universidades, muitas vezes, se constituem na única
infra-estrutura existente para pesquisa, num lugar privilegiado
de concentração do saber. Elas devem consagrar todas as suas
forças ao desenvolvimento e ao progresso, contribuindo à
solução de problemas vitais das populações, participando na
educação de uma população pouco instruída e às vezes,
analfabeta, para contribuir assim, com o desenvolvimento.
Deve em todas as suas atividades, impregnar-se da noção de
serviço social e contribuir, na reforma do sistema
educativo, através de uma reflexão no campo da pesquisa em
pedagogia e ciências da informação. Evidentemente, não se
pode pretender que as Universidades tomem a si todas as
tarefas do desenvolvimento, mas, indubitavelmente, como
ressaltou o Diretor Geral da UNESCO, a Universidade tem um
papel insubstituível e sem dúvida, deve inspirar e apoiar
movimentos renovados, conservando sempre as formas mais
elevadas de seus altos padrões intelectuais.
Como disse Julian Huxley, um dos primeiros Diretores da
UNESCO, a vocação da Universidade é de promover a
qualidade e a riqueza contra a quantidade e a uniformidade.
A ignorância é, nos nossos dias, um dos problemas chave
dos países em desenvolvimento, os quais as Universidades
devem e podem ajudar a solucionar. Algumas estatísticas
podem equacionar a extensão deste problema; para a totalidade
dos países em desenvolvimento, o número de analfabetos
passou de 600 milhões, em 1960, a 756 milhões, em 1970, e
nada indica que essa tendência se inverterá em futuro próximo.
Com efeito, de acordo com as estatísticas da UNESCO, nos
países do terceiro mundo a metade da população na faixa etária
de 15 anos ou mais, é, atualmente, analfabeta. Pode-se, assim,
medir a responsabilidade da sociedade face a um problema que
parece, à primeira vista, essencialmente da esfera do ensino
primário e secundário, mas pelo que representa, passa a não
mais dissociar-se do problema de desenvolvimento cultural,
visto na sua totalidade.
Mesmo nas sociedades mais avançadas economicamente..
ficou evidenciado que graves problemas surgem, quando existe
um crescimento econômico concebido como um fim-e:n si
mesmo em vez de ter o homem como agente e como fim. Não
mais se pode aceitar um desenvolvimento econômico linear,
mas sim um desenvolvimento cultural global. Dessa forma, a
Universidade está sendo chamada a desempenhar um papel
básico no futuro dos povos, sentindo sua responsabilidade face
a comunidade inteira. Dentro desse contexto de uma
Universidade renovada, dinâmica e atual, as bibliotecas
universitárias não podem continuar a desem-penhar o papel
estático e tradicional que, muitas vezes, é a característica dos
países em desenvolvimento Elas serão chamadas não só a
tomar parte ativa como elemento de apoio a
todo o processo intelectual e desenvolvimento do saber, mas
também no processo de interação das Universidades com os
campos de produção de cada país, onde a informação é o ele-
mento básico.
DEBATES
Quais os programas de apoio da UNESCO às Universi-
dades?
CÉLIA RIBEIRO ZAHER — A UNESCO tem um pro-
grama extenso de apoio as Universidades. Esse programa se faz
através de dois elementos: elementos de estudos e pesquisas e
elementos operacionais. A parte de estudos e pesquisas visa
estudar problemas que achamos que são básicos ao
desenvolvimento ao ensino universitário em todo o mundo.
Esses problemas, evidentemente, não são idênticos nos diversos
continentes. Os resultados desses estudos e pesquisas são
divulgados através de publicações da UNESCO. A UNESCO
também é chamada a apoiar e a orientar os países na revisão
curricular. Outro grave problema que ocorre em geral nos
países em desenvolvimento, é o do livro de texto e a formação
de professores. Esses são os dois elementos operacionais que a
UNESCO é chamada a apoiar. A formação de professores seja
a nível nacional, pela criação de centros de excelência ou de
escolas, seja a nivel regional, pela criação de centros de
excelência a nível regional ou então, a formação de professores
no exterior. O que atualmente a minha Divisão está tentando
fazer é a inclusão permanente nos programas educacionais do
elemento da biblioteca, pois, nor-nalmente, esses programas
vêm sendo tratados independentemente. Não se trata de encarar
o problema da biblioteca como elemento de infra-estrutura
essencial aos programas educacionais e de pesquisa.
Atualmente, estamos tentando fazer o entrosamento de maneira
que a biblioteca universitária possa aparecer sempre como
elemento básico dentro de qualquer reforma universitária,
porque aparece sempre como um problema do livro em si, sem
se preocupar com a infra-estrutura necessária para que o livro
seja distribuído, ou circule devidamente, através de uma rede de
bibliotecas. Esses elementos, infelizmente, ainda estão sendo
tratados isoladamente pela maior parte dos governos. A
UNESCO tem feito esforços no sentido de que esses elementos:
livro biblioteca e ensino, sejam vistos de uma forma global e
não independente.
O que está fazendo a UNESCO em favor do estudante
universitário?
CÉLIA RIBEIRO ZAHER — Eu acho que a qualidade do
estudante universitário é uma decorrência da qualidade da
Universidade que ele freqüenta. A UNESCO procura ajudar os
governos na renovação do ensino universitário, de sua infra-
estrutura e na liberdade do universitário escolher cursos que
sejam de alto nível internacional.
PROCESSAMENTO TÉCNICO CENTRALIZADO AUTORI-
ZADO NA BIBLIOTECA CENTRAL DA UNIVERSIDADE DO
RIO GRANDE DO SUL
Relatório da primeira fase de implantação.
HELOÍSA BENETTI SCHREINER (Diretora da Biblioteca
Central/UFRS)
MARIA DE LOURDES AZEVEDO MENDONÇA (Chefe da
Divisão de Processamento Técnico da Biblioteca Cen-
tral/UFRGS)
JACIRA GIL BERNARDES (Bibliotecária da Divisão de Pro-
cessamento Técnico da Biblioteca Central/UFRGS)
JOSÉ PALAZZO DE OLIVEIRA (Professor do Centro de Pro-
cessamento de Dados/UFRGS).
RESUMO
A Biblioteca Central da UFRGS foi criada em dezembro de
1º71, ocasião em que foi extinto o Serviço de Bibliografia e
Documentação. Em dezembro de 1º72 foram aprovadas as Normas
Básicas para o funcionamento da Biblioteca Central que deverão
vigorar até a aprovação do seu regimento definitivo. De acordo com
as Normas Básicas, a Biblioteca Central e as vinte e sete bibliotecas
de unidades e departamentos passaram a formar o Sistema da
Biblioteca Central. Como conseqüência da nova legislação, foi
implantado, em 1972, o Subsistema de Aquisição Centralizada,
utilizando-se procedimentos manuais. A etapa seguinte foi a
implanta ção do Subsistema de Processamento Técnico Centralizado
Automatizado, que adotou código e padrões aceitos interna
cionalmente ou de uso multinacional. O trabalho inclui es-
pecificações sobre métodos e materiais adotados, custos e re-
sultados. "Ultimately, the degree to which the computer has
any real meaning to the library will depend. upon how ca-
talogs and indexes are handled. They are the central re-cords of
the library and the intellectual heart of its opera-cions". *
1. ANTECEDENTES
A Biblioteca Central da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul foi criada em dezembro de 1º71, ocasião em
que foi extinto o Serviço de Bibliografia e Documentação,
ciando cumprimento ao estabelecido no Estatuto e Regimento
Geral da Universidade, aprovado em 1970. Em dezembro de
1972, foram aprovadas as Normas Básicas para o funcio-
namento da Biblioteca Central que deverão vigorar até a data
da aprovação do regimento definitivo. De acordo com as
Normas Básicas, a Biblioteca Central e das unidades da
UFRGS passam a formar o Sistema de Biblioteca Central.
Neste contexto são funções da Biblioteca Central:
a) reunir e organizar os recursos bibliográficos e audio-
visuais necessários aos cursos e serviços da Universi-
dade e promover sua eficaz utilização;
b) proporcionar serviços bibliográficos e de informação
aos professores, pesquisadores, estudantes e técnicos de
modo a permitir o desenvolvimento das atividades de
ensino, pesquisa e extensão universitária;
c) coordenar as atividades técnicas e administrativas das
bibliotecas setoriais especializadas, tendo em vista a
racionalização e padronização de métodos e sistemas e
a centralização dos acervos no Campus da UFRGS.
Como decorrência das Normas Básicas, foi implantado,
em 1º72, o Subsistema de Aquisição Centralizada, utilizando-
se processos manuais.
* HAYES, R. & BECKER, J. Handbook of data processing for libra-ries. 2
ed. Los Angeles, Melville, 1974. p. 443.
A etapa seguinte foi a implantação do Subsistema de
Processamento Técnico Centralizado que tem as seguintes
características:
1 — O Subsistema adotou códigos e padrões de catalo-
gação e classificação aceitos internacionalmente ou de uso
Multinacional, i.e., o Código de Catalogação Anglo Americano
(CCAA) como norma para a determinação das entradas, o
CCAA e a Descrição Bibliográfica Internacional Normalizada
para Monografias, (ISBD (M) como normas para a catalogação
descritiva, a Classificação Decimal Universal (CDU) para
organização do acervo por assuntos e a edição de 1º73 do
formato CALCO para gravação e intercâmbio de ciados
bibliográficos em fita magnética;
2 — O Subsistema dá especial importância à verificação
da exatidão e da consistência dos dados bibliográficos e à
identificação do maior número possível de dados sobre as
obras, a fim de produzir registros de alta qualidade, tendo em
vista a possibilidade de intercâmbio em fita magnética;
3 — O Subsistema está utilizando o equipamento e os
serviços do Centro de Processamento de Dados da UFRGS.
Com estas características básicas, o Subsistema será capaz
de:
1 — gerar o catálogo coletivo da UFRGS e o catálogo das
vinte e sete bibliotecas setoriais, individualmente, imprimin-
do-os em papel ou em microforma;
2 — possibilitar a execução de serviços especiais, i. e.,
disseminação seletiva da informação, bibliografias retrospec-
tivas especializadas, etc. e
3 — permitir o acoplamento dos subsistemas de aquisição
centralizada e de controle de empréstimo, quando estes forem
automatizados.
Com a finalidade de testar os métodos e as técnicas pro-
postas, a Biblioteca Central e o Centro de Processamento de
Dados desenvolveram o Projeto Piloto Catálogo de Teses da
UFRGS, parcialmente financiado pela Fundação de Amparo à
Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (FAPERGS).
Após a conclusão do projeto, em setembro de 1977, iniciou-se a
implantação do sistema no acervo da Biblioteca (Central, cujo
núcleo foi a coleção de material bibliográfico de aproximadamente
60.000 volumes, adquirida pela UFRGS do Dr. Gert Secco
Eichenberg e que, até então, não se encontrava processada.
2. ESPECIFICAÇÃO SOBRE MÉTODOS E MATERIAIS.
2.1 Classificação da obra.
Sistemas de classificação adotada: Classificação Decimal
Universal (CDU) .
Tabela base: Edição média em língua portuguesa.
Tipo de catálogo de assunto: Sistemático. Tipo de índice
alfabético: índice em cadeia, sem reversões .
Instrumentos para controle da terminologia:
Termos das tabelas da CDU,
Library of Congress Subject Headings, 1975.
Lista de encabezamiento de materia para bibliotecas,
de Rovira e Aguayo, 1967.
Eudiseii; thesaurus multilingüe para o processamento da
informação em educação, 1974.
Macrotesauro OCDE, 1973.
Thesaurus of engineering and scientific terms, 1969, e índice
alfabético do sistema.
2.2 Registro e catalogação da obra.
Códigos de catalogação adotados:
Código de catalogação Anglo-Americano (CCAA) e Des-
crição Bibliográfica Internacional Normalizada para
Monografias (ISBD (M) ).
Formato para gravação e intercâmbio de dados biblio-
gráficos em fita magnética: CALCO. 1973.
2.3 Produtos finais.
Catálogos públicos:
Catálogo de autores;
Catálogo de títulos;
Catálogos de série;
Catálogo de assuntos;
Índice alfabético de assuntos;
Catálogo administrativo;
Catálogo de controle de número de obra;
Catálogo de controle de número de registro;
Catálogo topográfico;
índice numérico de assuntos.
3 CUSTOS
Embora não tenhamos condições de oferecer um quadro
comparativo entre o custo da catalogação no sistema manual e o seu
custo no sistema automatizado, podemos apresentar rs seguintes
dados referentes ao sistema atual.
3.l Desenvolvimento do sistema.
Não é possível especificar custos, pois tanto o pessoal da
Biblioteca Central como do Centro de Processamento de Da dos
trabalhava em horário parcial no projeto, dedicando-se a várias
atividades simultaneamente.
3 2 Custo da catalogação.
714 obras em 2038 volumes foram registrados, classificadas e
catalogadas em 2102 horas, portanto, 0,33 obra por hora ou 1 obra
em cada trê horas. Considerando-se que um
bibliotecário custa para o UFRGS approximadamente ......................
Cr$ 100,00 por hora, calculamos em Cr$ 300,00 o custo médio do
processamento de uma obra, incluindo correções de listagens.
Quanto ao custo relativamente alto de registro, catalogação
e classificação de uma obra, gostaríamos de deixar registradas
as seguintes considerações:
1 — Os dados, nos quais se baseou o cálculo de custo
referem-se ao primeiro período de processamento, ocasião em
que foram implantadas as novas rotinas, e quando houve
necessidade de reajustamento do pessoal à nova situações e de
inúmeras tomadas de decisão precedidas de discussões
técnicas.
2 — As obras processadas até o momento são obras de
referência, geralmente em mais de um volume e em línguas
estrangeiras, o que determina, naturalmente, maior tempo para
o registro, a catalogação e classificação de cada unida de
bibliográfica.
3.3 Custo do processamento automático.
O custo do processamento automático é calculado nos
seguintes termos:
Cadastramento: Cr$ 20,67 por obra
Correções : Cr$ 3,12 por cartão
Impressão : Cr$ 2,47 por registro impresso
Os valores aqui apresentados não devem ser vistos de
forma absoluta, mas relativa, pois eles decrescerão à medida
que a Biblioteca Central começar a usar de forma mais in-
tensiva e extensiva a capacidade destes arquivos, i. e., im-
plantar outros subsistemas automatizados na Biblioteca
Central, introduzir um maior número de subprodutos e divulgá-
los e extender a possibilidade de utilização do sistema a outras
bibliotecas da Região.
4 EQUIPAMENTO UTILIZADO.
Equipamento de entrada:
Unidade de disquete; após digitação, conversão para fita
magnética 1600 BPI, 9 trilhas.
Equipamento de processamento:
Burroughs B6700.
Equipamento de saída:
Cadastro obras: Fita magnética 1600 BPI, 9 trilhas. Impressora
ou Sistema COM.
5 RESULTADOS E CONCLUSÕES.
Não obstante a UFRGS ainda não tenha tomado decisão oficial
definitiva a respeito da estrutura organizacional do seu sistema de
bibliotecas, a Biblioteca Central está implantando subsistemas
básicos que poderão ser utilizados em qualquer estrutura.
Desde que foi criado o Subsistema de Aquisição Centralizada,
em 1972, não se fez um estudo específico dos benefícios que daí
advieram, mas sabe-se que através da política de não duplicação a
UFRGS pode atualmente adquirir mais títulos de periódicos. Isto foi,
sem dúvida alguma, um benefício sensível para os usuários do
sistema. Não pretende-iros, entretanto, por razões internas,
automatizar este subsistema a curto prazo.
Para o Subsistema de Processamento Técnico Centralizado,
fixamos objetivos a curto, médio e longo prazo.
Na primeira etapa, pretende-se organizar a coleção da Biblioteca
Central, de aproximadamente 65.000 volumes, publicando,
semestralmente, seu catálogo em microforma para distribuição entre
as bibliotecas setoriais.
Após a conclusão desta etapa, a Biblioteca Central deverá
processar o material das bibliotecas setoriais, produzindo, então, o
catálogo coletivo da UFRGS.
Para mais além, ficará, então, a implantação do telepro-
cessamento para gravação de dados e consultas aos arquivos, as
bibliografias personalizadas e a aquisição de catologação produzida
fora da UFRGS e distribuída em fitas magnéticas.
Planejamos modesta e realísticamente. Entretanto, pre-vimos a
base do sistema suficientemente compreensiva, a fim de permitir sua
expansão e flexibilidade futuras.
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
1 AVRAM, Henriette D. El servicio Marc; sua historia y
sus consecuencias. México, Biblioteca Benjamim Franklin,
1976. 44 p.
2 BARBOSA, Alice Principe. Projeto CALCO; catalogação
cooperativa automatizada. Rio de Janeiro, IBBD. 1973.
130 p.
3 CÓDIGO de Catalogação Anglo-Americana. Brasília,
Edição dos Tradutores, 1969. 528 p.
4 COE, D. Whitney. A cataloger's guide to AACR Chapter
6, Separately Published Monographs, 1974. Library
Resources of Tecnical Service, 19 (2): 101-20, Spring 1975.
5 HAYES, Robert M. & BECKER, Joseph. Handbook of
data processing for libraries. 2 ed . Los Angeles, Mel-ville,
1974. 688 p.
8 INTERNATIONAL Federations of Library Associations.
International office for UBC. Standardization acti-vities of
concern to libraries and national bibliographies; an outline of
current pratices, projects and publication. London, IFLA
commitee on cataloguing.
976. 35 p. (Trabalho apresentado no International Congress on
National Bibliographies, Paris, 12-15 September 1977).
7 ----------- . -------- . Supplement. London, IFLA, 1977. 9 f.
(Trabalho apresentado no International Congress on
National Bibliographies, Paris, 12-15 September 1977).
8 . --. ISBD (M); Descrição Bibliográfica In
ternacional normalizada para monografias. Trad. de
Maria Luiza Monteiro da Cunha. São Paulo, CODAC-
USP, 1975.
. -------. ISBD (M e S); a descrição bibliográfica
internacional normalizada das monografias e das
publicações em série. Trad. de Jorge Peixoto. Coim
bra, Coimbra Editora, 1974. 103 p.
1
10 ____________ UNIMARC; Universal MARC format.
London, 1977. 126 p.
11 INTERNATIONAL Standardization Organization. In-
ternational Standart ISO 2709; Documentation-For-mat for
bibliographic information interchange on magnetie tape. S.
1., ISO, 1973.
sidade Federal do Rio Grande do Sul: projeto piloto de
aplicação do formato CALCO no Sistema de Bibliotecas da
UFRS. In: 9 CONGRESSO BRASILEIRO & V JORNADA
SUL-RIO-GRANDENSE DE BIBLIOTECONOMIA e
DOCUMENTAÇÃO, Porto Alegre, 3-8 Jul., 1977. Anais...
Porto Alegre, 1977. V. 1, p. 415-7.
13 --------- .----------- . Manual para preenchimento da folha
de entrada do projeto CALCO-Catalogação. Porto Alegre,
1975. 32 f.
ANEXO I
CALCO 1973 e ISO 2709 Estrutura
do formato: Quadro comparativo
ANEXO 2 (1)
CCAA — ISBD — CALCO 1973
Quadro Comparativo
DEBATES
JOSÉ CARLOS TEIXEIRA (Departamento de Documen-
tação da UFF): A quem compete o estabelecimento de cabe-
çalhos de assunto no sistema vigente na Biblioteca Central da
UFRGS?
HELOÍSA BENETTI SCHREINER: A Seção de Proces-
samento Técnico conta com 5 bibliotecários em tempo integral
e, 1 em tempo parcial. Dois bibliotecários se dedicam à
classificação e os demais, à catalogação, registro, enfim, a toda
finalização do trabalho. Aos bibliotecários encarregados da
catalogação compete o estabelecimento dos cabeçalhos de
assunto.
AIMARA RIBAS (Universidade Federal do Paraná): Qual
o número de pessoal técnico e administrativo existente no
sistema de bibliotecas da UFRGS?
HELOÍSA BENETTI SCHREINER: O sistema de biblio-
teca da UFRGS possui 27 bibliotecas e conta com aproxima-
damente, 180 elementos, dos quais 80 são bibliotecários, 27
pessoal administrativo e, o restante, bolsistas e serventes.
Voces podem notar a desproporção. Deveria ser justamente o
contrário: para cada bibliotecário deveria existir 3 agentes
administrativos.
SISTEMA DE BIBLIOTECAS DA UNIVERSIDADE
ESTADUAL PAULISTA "JÚLIO DE MESQUITA FILHO"
LEILA MAGALHÃES ZERLOTTI MERCA-
DANTE (Diretora da Biblioteca Central da UNESP
e Coordenadora do Curso de Biblioteconomia e
Documentação da Faculdade de Educação,
Filosofia Ciências Sociais e da Documentação de
Marília)
RESUMO
Implantação do Sistema de Biblioteca da UNESP, para atender
14 "Campi", localizados em todo o Estado de São Paulo. A Estrutura
da Biblioteca Central como órgão coordenador da Rede.
Subordinação hierárquica do órgão à Reitoria e das bibliotecas do
sistema à Biblioteca Central. Atribuições dos dirigentes. Objetivos e
bases do sistema. Controle de aplicação dos recursos orçamentários.
Bibliotecas da Rede: criação de cargos técnicos e provas de seleção
para preenchimento das vagas. Planejamento do Edifício da Bi-
blioteca Central no Campus de Marília. Vinculação da Biblioteca
Central ao Curso de Biblioteconomia e Documentação da Faculdade
de Educação, Filosofia, Ciências Sociais e de Documentação de
Marília.
1
. INTRODUÇÃO
A Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" —
UNESP — apresenta uma peculiaridade: é constituída por 21
Institutos e/ou Faculdades, localizados em 14 cidades do Estado de
São Paulo, como indica o mapa abaixo:
Quando da criação da Universidade (30/01/76), pela reunião de
Faculdades Isoladas, houve a preocupação de implantação de uma
Biblioteca Central, não no sentido de unidade, mas com a
significação de um sistema. Estudos ante-
FIGURA I
riores, elaborados pelos Bibliotecários dos antigos Institutos Isolados
do Ensino Superior do Estado de São Paulo, davam como
necessidade urgente a coordenação de serviços, e contactos
periódicos para maior rendimento das tarefas comuns a todas as
bibliotecas.
Nomeando uma Comissão de três bibliotecárias da Uni-
versidade, encarregou-as o Reitor de apresentar um projeto da
estrutura da Biblioteca Central (janeiro de 1977).
Após o levantamento de dados para conhecimento da situação
das Bibliotecas, consultas a material bibliográfico e aos estudos
anteriores acima referidos, chegou-se à elaboração do anteprojeto
que, aceito pela Reitoria, teve sua implantação autorizada em junho
de 1977.
O princípio básico que orientou a criação do sistema de
Bibliotecas da UNESP é o de que a coordenação dos recursos
disponíveis possibilita o uso dos acervos bibliográficos por um
universo maior de usuários.
Baseada no artigo 11, da Lei 5.540, que recomenda a "não
duplicação de meios para fins idênticos", definiu-se a Biblioteca
Central pela centralização de informações, serviços e recursos, ainda
que respeitada a descentralização dos acervos, óbvia e necessária,
pela localização geográfica das Unidades de Ensino. Enquanto o
livro, a revista ou o documento são patrimônios da instituição
depositária, a informação gerada por esses veículos é oferecida a
toda a comunidade científica da Universidade.
2. BIBLIOTECA CENTRAL
2.1 Estrutura Administrativa
Subordinada diretamente à Reitoria da Universidade, a
Biblioteca Central é o órgão de coordenação da Rede de Bibliotecas
da UNESP, que estão tecnicamente ligadas a Biblioteca Central, e
administrativamente à Administração dos Campi:
A Biblioteca Central, constituída a nível de Departamento, tem
seu sistema administrativo estruturado conforme o organograma a
seguir:
FIGURA Z
A Biblioteca Central apresenta anualmente sua proposta
orçamentária à Reitoria, sendo responsável pelo controle da
aplicação dos recursos financeiros destinados a material
bibliográfico no âmbito da Universidade. Esse princípio é
válido mesmo quando tais recursos advém de fundos especiais,
convênios ou doações estabelecidos por quaisquer unidades.
É assessorada por uma comissão técnica, designada por
Portaria do Reitor, constituída de 5 (cinco) memoros esco-
lhidos entre os docentes da Universidade e presidida pelo
Diretor da Biblioteca Central.
As atribuições do órgão, bem como as de seus dirigentes,
são defínidas dentro da estrutura administrativa da Rei-toria, e
regulamentadas por Portaria específica.
Procurou-se, dentro dos critérios recomendados por au-
tores e estudiosos da biblioteca universitária, definir as in-
terligações com as autoridades da universidade em vista do
poder decisorio que uma biblioteca central deve possuir. Por
constituir justamente um orgão que influi na política
biblioteconomica da (Universidade, na necessidade de auto-
nomia em assuntos de sua competência, bem como de ligações
diretas com o próprio Reitor. Sem essa situação, uma
Biblioteca Central pouco poderá realizar, constituindo suas
atribuições apenas afirmações teóricas, sem expressão real.
A instalação de uma Biblioteca Central sob a forma de
sistema coordenador numa Universidade que representa a
reunião de escolas isoladas funcionando anteriormente com
autonomia quase completa, procurou obviamente ser um órgão
de ligação, com necessidade urgente de centralizar as
informações, e ao mesmo tempo apresentar resultados a co-
munidade científica da Universidade, para afirmar-se e de-
monstrar a própria razão de sua existência.
Assim, ao mesmo tempo em que se cuida da estrutura
básica do sistema, os serviços estão sendo realizados. Resu-
mindo, as principais atividades durante o ano que decorreu
entre a sua criação e os dias de hoje, são:
2.2 Catálogo Coletivo de Periódicos:
Abrange 7.525 títulos, já impresso (em 5 volumes) e
distribuídos. Apresenta a descrição do acervo de cada título sem
trazer no entanto a localização por Campus. Foi adotado esse
sistema, pela necessidade de remanejamento dos acervos, em futuro
próximo, decorrente da desativação dos cursos. Traz como
informação adicional a relação de títulos assinados na rede, para
1978. A atualização do C.C.P., será anual, estando prevista a
próxima para maio de 1979.
2.3 Catálogo Coletivo de Livros:
Reune 270.000 fichas, duplicadas das matrizes de cada
biblioteca da Rede. Serviu de base para a aquisição planificada de
livros em 1978. Através de suas informações é feito o empréstimo
de livros entre as unidades.
2.4 Aquisição centralizada:
As assinaturas de periódicos foram realizadas para todas as
bibliotecas da Rede pela Biblioteca Central para o ano de 1978,
procurando-se não duplicar títulos, a não ser os de referência e os
nacionais. As compras de livros foram planifi-cadas, adotando-se
ficha padrão para todas as bibliotecas. As solicitações, das diversas
Unidades tríadas no C. C. L., possibilitaram a movimentação de
títulos de uma unidade para outra, desde que seu uso já se tivesse
tornado restrito, pelo remanejamento dos cursos.
2.5 Sumários de Periódicos:
A informação das revistas assinadas para o Sistema de
bibliotecas, (2.005 títulos) chega aos usuários através dos Sumários
Correntes de Periódicos da UNESP, com saída quinzenal, agrupados
em três grandes áreas: Ciências Humanas, Ciências Exatas e
Tecnologia e Ciências Biomédicas. São distribuídos às bibliotecas —
1 (um) exemplar de cada área, e aos Departamentos, no assunto
específico. Atualmente estamos procedendo a uma avaliação desse
serviço. Distribuímos questionários aos Chefes de Departamentos,
dando opção para a escolha de um sumário montado a partir da
listagem própria, baseada nas assinaturas correntes para
A partir desse princípio, o programa de construção —do
edifício apresentou como necessidade conjunta: instalações
para a Biblioteca Central, para a Biblioteca do Campus
(F.E.F.C.S.D. de Marília), e para o Departamento de Bi-
blioteconomia. O campus, já com o plano de construção para.
cialmente realizado, conta com um edifício de atividades es,
colares, onde são ministradas as aulas de todos os cursos
Optou-se então pela não inclusão de salas de aula junto ao
Departamento de Biblioteconomia, para não isolar os alunos
do convívio com os demais estudantes.
Foram planejadas áreas comuns às três finalidades do
edifício, e áreas próprias para cada serviço.
2.10 Áreas comuns:
1 A todos: auditório, hall de entrada e de exposições;
zeladoria, facilidades de funcionários, browsing
room, bar, xerox.
2 — às duas bibliotecas: acervo e sala de leitura.
Áreas privativas:
Biblioteca Central (organograma em anexo) Biblioteca do
Campus (organograma em anexo) Departamento de
Biblioteconomia (organograma em j
anexo)
Entregue já o projeto, realizado nelo FUNDUSP, deve-
remos iniciar ainda este ano a construção do mesmo.
3 CONCLUSÃO:
Um sistema coordenado de Bibliotecas dentro de uma
Universidade constitui sempre uma experiência profissional das
mais complexas. A nós, com o problema das distâncias em que
um Campus pode distar de outro até 800 km, e com a
publicação de cursos, que permaneceu mesmo após a reforma, a
instalação do sistema de Bibliotecas da UNESP tem
proporcionado colocações, as mais distintas, dúvidas e de-safios
constantes. Os serviços, ao serem operados, devem ser
constantemente avaliados, para que não ocorra a dicotomia
entre a teoria e o resultado como atendimento ao usuário. I
Posições devem ser revistas, e uma atitude atenta para os
possíveis pontos de estrangulamento são preocupações cons-
tantes.
Para que um sistema possa sobreviver deve ser dinâmico, não só
na criação de novos serviços, mas, principalmente, em sua
operacionalidade.
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
1 DEAL, C.W. et alii. La Universidad y sus bibliotecas y basis
para una incusta. Washington, Union Panamericana, 1966
(Cuadernos Bíbliotecológicos, nº 35).
2 GELFAND, M.A. Las bibliotecas Universitárias de los paí-
ses en vias de desarrolo. Paris, UNESCO, 1968.
3 KOONTZH, D. C. Princípios de Administração. São Paulo,
Pioneira, 1962.
4 LEMOS, A.A.B. & MACEDO, V.A.A. A posição da Biblio-
teca na organização operacional da Universidade. R Esc.
Bibliotecon. UFMG., Belo Horizonte, 4 (1): 40-51, mar. 1975.
5 PENA, C.V. Planejamento de servidos bibliotecários y de
documentation. 2. ed. Paris, UNESCO, 1970.
6 UNION PANAMERICANA. Normas para bibliotecas gene-
rales universitárias de la Asociacion Americana de
Bibliotecários. Washington, 1964 (Cuadernos Biblioló-
gicos nº 20). USP — BIBLIOTECA CENTRAL. Normas
para compilação de um Catálogo Coletivo de Periódicos.
São Paulo, USP, 1951.
FIGURA «
DEBATES
THEREZA SITA DE CARS (Professora do Departamento de
Documentação da UFF): Gostaria de saber o número de
bibliotecários e de outros profissionais que participam do excelente
trabalho relatado.
LEILA MAGALHÃES ZERLOTTI MERCADANTE: Muito
obrigada pelo "excelente trabalho relatado". A Biblioteca Central
conta com 4 bibliotecários: 1 Diretor da Biblioteca, 2 Diretores de
Serviço e 1 bibliotecário. Temos 6 escriturários e uma Secção
Gráfica de Reprografia. A rede de bibliotecas é formada, atualmente,
por 54 bibliotecários e com aproximadamente 100 agentes
administrativos. A Biblioteca Central, agora está admitindo mais 2
bibliotecários para começar a fazer a centralização do Serviço de
Intercâmbio de Duplicatas.
MARIA DO CARMO FRANCA NEVES: Quando é feita a
coleta para o catálogo de teses? Durante a fase de elaboração ou
depois de concluída?
LEILA MAGALHÃES ZERLOTTI MERCADANTE: O catálogo de
teses pretende ter duas entradas: uma para as te-Íses já defendidas,
outra para as teses e pesquisas em andamento. SUZANA CASTILHO
(Universidade Federal do Paraná): A aquisição de material
bibliográfico no exterior tem apresentado problema? Em caso positivo,
de que ordem foram esses problemas e quais as medidas adotadas na
tentativa de contorná-los?
LEILA MAGALHÃES ZERLOTTI MERCADANTE: Parece
impossível, mas eu não tive problemas na aquisição de material
bibliográfico no exterior. Nós estamos fazendo a aquisição de
periódicos através de agente e, não, de editores. Estamos fazendo a
aquisição através de três agentes: um na 1 Suiça, outro na Inglaterra e
um nos Estados Unidos. Essa aquisição é feita, normalmente, através
do Banco Central. Nós começaremos a fazer este ano a aquisição de
livros, para isso estamos montando um serviço de importação para
essas obras.
MARIA LÚCIA POUBEL BASTOS (IBICT): Por que o
Sistema de Bibliotecas Júlio de Mesquita Pilho não se utilizou do
sistema automatizado, Catálogo Coletivo Regional de Periódicos de
São Paulo, para registro, controle e divulgação do seu acervo de
periódicos?
LEILA MAGALHÃES ZERLOTTI MERCADANTE: O nosso
Catálogo Coletivo é muito bom instrumento de trabalho da rede
Alguma das unidades pertencentes à rede de bibliotecas já colabora
com o Catálogo Coletivo Nacional através do Re-gional A
Biblioteca Central pretende fazer com que todas as unidades
colaborem com o Catálogo Coletivo Nacional de Periódicos.
NEUZA DIAS DE MACEDO (Professora do Departamen-to de
documentacão da UFF) Gostaria de saber se o Sistema de
Bibliotecas da UNESP tem desenvolvido estudos sobre programas
de ensino, pesquisa e extensão universitária?
LEILA MAGALHÃES ZERLOTTI MERCADANTE: Só te-
mos feito trabalhos na parte de pesquisas e trabalhos em andamento.
Pretendemos fazer a caracterização dos usuários por áreas. Estamos
estudando a definição de uma política de seleção e aquisição por
áreas Isto é feito através da Comissão Técnica. Pretendemos elaborar
uma Carta sobre política de seleção e aquisição na Universidade.
Qual a forma de atendimento e educação do usuário?
LEILA MAGALHÃES ZERLOTTI MERCADANTE: Nesse
sentido, nós temos promovido cursos de pesquisa bibliográfica.
SÍSTEMA INTEGRADO DO IBICT PARA REGISTRO E
RECUPERAÇÃO DE INFORMAÇÕES BIBLIOGRAFICAS
E DE AUTORIDADE
ANTONIO EUCLIDES DA ROCHA VIEIRA
(IBICT — Instituto Brasileiro de Informação em
Ciências e Tecnologia)
RESUMO
O IBICT está desenvolvendo um conjunto integrado de
sistemas de registro e recuperação de informações bibliográficas e
de autoridade tendo como núcleo uma base de dados única. Com
essa abordagem, serão evitadas duplicações e armazenamento
conflitante de registros e elementos de informação na base de dados,
não havendo mais a figura de um produto ou serviço ser proprietário
do conjunto de informações a partir do qual ele é gerado ou
prestado. O desenvolvimento do Sistema IBICT está sendo
orientado para processamento em linha visando a minicomputadores
e computadores de pequeno porte, em um ambiente de tempo com-
partilhado e processamento distribuído. O Sistema IBICT, além de
incluir os sistemas atuais do IBICT devidamente reformulados,
inclui também sistemas de busca retrospectiva, disseminação
seletiva de informações e automação de biblioteca.
1. SINOPSE HISTÓRICA
A preocupação do IBICT na integração dos processos de
registro e recuperação de informações remonta ao ano de 1972
quando foram iniciados os estudos do "Banco de Dados do IBBD".
(1).
Nesse mesmo ano foi dado um passo significativo quando a
Profª ALICE PRÍNCIPE BARBOSA apresentou a sua tese de
mestrado (2) sobre o CALCO — Catalogação legível nor
Computador. Em 1975 o IBICT (na época IBBD) e a Biblioteca
Nacional fizeram um acordo no qual a Biblioteca Nacional ficou
responsável pelo desenvolvimento do CALCO.
Foi estabelecido naquela época que o suporte em proces-
samento de dados necessários à Biblioteca Nacional para efe-
tivar o desenvolvimento do CALCO seria prestado através do
convênio firmado em abril de 1975 entre o MEC e o CNPq.
Em 1977 foi criado um grupo de trabalho interno no
IBICT com o objetivo de desenvolver um sistema integrado de
registro e recuperação de informações bibliográficas e de
autoridade: o "Sistema IBICT".
2 FILOSOFIA DO SISTEMA
A filosofia do "Sistema IBICT" reside em se registrar de
forma recuperável as informações intrínsecas aos itens a serem
incluídos na base de dados única. A partir dessa base de dados
são prestados os serviços e gerados os produtos do IBICT.
Apenas para fixarmos nomenclatura, chamamos de "base
de dados" ao conjunto de esquemas e arquivos de dados; cha-
mamos de "banco de dados" ao software de acesso e gerência
de "base de dados".
A filosofia adotada permite efetivamente a integração dos
sistemas e se contrapõe a filosofia tipo "conglomerado" na qual
cada sistema é "proprietário" de seus dados, registrando apenas
aquelas informações relevantes ao seu serviço ou produto, na
forma e com o detalhamento mais conveniente para sua
recuperação específica.
Geralmente um "conglomerado de sistemas" implica em
informações armazenadas em duplicata e, na maioria das vezes,
de forma conflitante, obedecendo normalizações diferentes. Por
exemplo, um sistema destinado a emissão de fichas
catalográficas não registraria todos os autores de uma obra
com, diga-se, 10 autores; entretanto, o registro da mesma obra
visando um sistema de busca restrospectiva certamente
incluiria os 10 autores com, provavelmente, um nível maior de
detalhe.
A filosofia do "Sistema IBICT" é oposta à do "conglome-
rado". Ou seja, ela é de "integração" dos sistemas de registro e
recuperação das informações. Na figura 1 encontra-se uma
representação esquemática dessa concepção. I*
Pode-se observar que o ponto chave do Sistema é o registro das
informações com a definição do formato ao nível datalógico (aspecto
físico dos dados) e ao nível infológico (aspecto conceituai dos
elementos de informação). Isso foi projeto de aproximadamente um
ano de trabalho de uma equipe de oito bibliotecários e de dois
analistas de sistemas do IBICT, e será visto mais adiante: "projeto
FORMATO".
Ainda a nível de filosofia e concepção do Sistema, cabe
ressaltar que o desenvolvimento está sendo orientado para
processamento em linha, prevendo-se uma rede de comunicação de
dados envolvendo terminais remotos e interligação de
minicomputadores e computadores de pequeno porte que operem
com o MUNPS ANS. *
Obviamente não estão excluídos os computadores de grande e
médio porte que também operem ou suportem o MUNPS ANS, mas
o que desejamos frisar é que o Sistema IBICT será transportável total
ou parcialmente para centros de informação ou bibliotecas que
disponham, por exemplo, de minicomputadores nacionais. Nesse
sentido já existem estudos preliminares na CAPRE (Comissão de
Coordenação das Atividades de Processamento Eletrônico) visando à
definição da LIB (Linguagem Interpretativa Brasileira), cujo núcleo
será o MUNPS ANS.
3 MACROFLUXO DO SISTEMA
Na figura 2 encontra-se o macrofluxo do Sistema IBICT.
Os módulos serão relacionados a seguir, com as respectivas siglas,
grupadas em: sistemas de registro da informação; sistemas básicos
de recuperação da informação; sistemas de recuperação visando
serviços/produtos.
Como será visto mais adiante ("Projeto FORMATO") os
registros nas fitas de inclusão de itens encontram-se no formato para
intercâmbio de informações conforme definido na norma ISO 2709
(3). Vejamos agora os módulos e seu estado atual (15 de junho de
1978):
* O MUNPS é um sistema operaciorial acoplado a uma linguagem
interpretativa de alto nível similar ao ALGOL. Tem sido noticiado gue
três fabricantes nacionais de minicomputadores já estão desenvolvendo
o MUMPS ANS para seus equipamentos.
FIGURA 2 - SÍSTEMA IBICT
Sistemas de registro de informações: —
REG (Registro de Informações Bibliograficas): em
desenvolvimento de software;
AUT (Registro de Informações de Autoridade): em
definição de elementos de informação;
— THE"(Registro de Thesaurus e estruturas similares):
não iniciado;
Sistemas básicos de recuperação da informação: —
BD (Banco de Dados): em projeto de software;
BR (Busca Retrospectiva): em projeto de software;
DSI (Disseminação Seletiva de Informações): não
iniciados;
Sistemas de recuperação visando serviços/produtos: —
CCP (Catálogo Coletivo Nacional de Periódicos —
Reformulação do sistema atual): em desenvolvi
mento de software;
PB (Periódicos Brasileiros em Ciências e Tecnolo-
gia — reformulação do sistema atual): em projeto
de software;
— ISDS (Internacional Seriais Data System — funções
da agência nacional do sistema): em levantamento;
BE (Bibliografias Esspecializadas — reformulação
do atual SIABE): em projeto de software;
BIB/CAT (Automação de Biblioteca/Fichas Cata-
lográficas): paralisado temporariamente;
CBE (Cadastro Básico de Entidades): em desen-
volvimento de software e já com implantação piloto
operativa;
CBI (Cadastro Básico de Indivíduos): não iniciado.
Com os recursos disponíveis no IBICT está sendo dada
ênfase especial aos sistemas REG, BD, BR, CCP e BE. Nos
sistemas básicos de recuperação da informação (BD, BR e DSI o
IBICT vai se utilizar do "saber porque", "Saber como" e da
"tecnologia" acumulados no CIN (Centro de Informações
Nucleares), agente do convênio CNEN/CNPq, durante o
desenvolvimento e operação de seus sistemas (SABER, SUPRIR
e
SONAR *) correspondentes.
Para finalizar essa descrição sumária cabe ressaltar que o destaque
dado ao sistema CAT, embutido no BIB, se deve motivos de ordem
prática visando atender a demanda mais imediata desse produto
verificada em contatos de outras instituições com o IBICT.
4 PROJETO FORMATO
Conforme dito anteriormente, o ponto chave do Sistema IBICT
é o registro das informações em base de dados única. Visando
definir o formato segundo o qual elas seriam submetidas, o IBICT
desenvolveu o projeto "FORMATO Nacional para Intercâmbio de
Informações Bibliográficas" e já iniciou um projeto similar para as
informações de Autoridade.
Os documentos de trabalho usados no projeto foram
basicamente a ISO 1709 e o UNIMARC (4), complementados pelo
CALCO (5), MARC (6), INIS (7) e AGRIS (8) — que são —
implantações da ISO 2709 — e pelo PASCAL (9).
Apenas por uma questão de uniformização de linguagem,
vejamos o que significam essas siglas:
ISO 2709 — norma internacional "Formato para intercâmbio de
informações bibliográficas em fita magné-tica", tendo o Brasil
como signatário; UNIMARC — "Universal MARC"; CALCO
— "Catalogação Legível por Computador"; MARC —
"Machine Resdable Cataloging"; INIS — "International Nuclear
Information System"; AGRIS — "Agricultura Information
System"; PASCAL — "Programa Aplicado à Seleção e à
Compilação Automática da Literatura", do Centro Nacional de
Pesquisa da França.
* O SABER é um solftware de Banco de Dados; o SUPRIR é de Busca
Retrospectiva e o SONAR é de Disseminação Seletiva de Informações.
— 106 —
1 AGRIS: Manual para descrição bibliográfica. Brasília,
Projeto PNUD / FAO / BRA / 72 / 020). SNIDA, 1974.
(DOC/TEC/74/015 — Difusão limitada).
2 AVRAM, Henriette D. The Marc Pilot Project; final re-
port on a project sponsored by the Council on Library
Resouces, Inc. Washington, LC, 1968. 183 p.
3 BARBOSA, Alice Príncipe. Projeto CALCO; adaptação
do MARC II para implantação de uma central de
processamento da catalogação cooperativa. Rio de
Janeiro, 1972. 81 p. (Dissertação de mestrado em
biblioteconomia e documentação IBBD/UFRJ).
CHASTINET, Yone S. & ZAHER, Célia R. Banco de Dados
para ciência e tecnologia: um projeto brasileiro em
andamento. In: CONGRESSO REGIONAL DE
DOCUMENTATION, 4., Bogotá, 1973. La Tecnologia en
los servicios de información. México, FID/CLA, 1974. p.
13-22.
5 IEA. INIS: descriptive cataloguing rules. Vienna, 1972. 97 p.
(IAEA-INIS-1 (REV. 2).
6 IFLA. ISBD (S) description bibliogra plaque internatio-
nales normalisée des publication en série,Paris
Bibliothéque Nationale, 1974. 48 f.
7 ISO. Documentation. Format for bibliographic informa.
tion interchange on magnetic tape. Genève 1973 (ISO
2709-1973 (E); 1. ed. 1973-07-01).
8 IFLA. ISBD (G) International Standard Bibliograph
Description (General). London, IFLA Committee on
Cataloguing, 1976. 20 f.
9 IFLA. ISBD (M) International Standard Bibliographic
Description for Monographic Publications. 1 st. stan-. dart
ed. London, IFLA Committee on Cataloguing 1974. 36 f.
10 IFLA. UNIMARC — Universal MARC format London.
IFLA International Office for UBC, 1977, 126 p.
11 MEC/CNPq. Formato CALCO: monografias e publica-
ções seriadas. Brasília. 1977. 154 p.
12 VIEIRA, Antonio Euclides da Rocha & DAMIAN, Philippe
Jean. Relatório de Estágio no CDST do CNRS em
abril/maio de 1977. Rio de Janeiro, IBICT, 1977 217 f.
DEBATES
Dinah Aguiar Población (Presidente da Comissão Brasi-leira
de Documentação Biomédica e Professora da Escola de
Comunicação e Artes da USP): O que está realmente em
funcionamento na base de dados do IBICT?
Antonio Euclides da Rocha Vieira: A base de dados do IBICT
está ainda em projeto.
PAINEL SOBRE INFORMAÇÃO CIENTÍFICA
Componentes da mesa
Coordenador: Antonio Miranda (Assessor de Planejamento
Bibliotecário da CAPES)
Conferencista: Dr. Abraam Sonis (Diretor da Biblioteca
Regional de Medicina — BIREME)
Expositores:
Aldo de Albuquerque Barreto (Pesquisador da Divisão de
Estudos e Projetos do Departamento de Apoio Técnico do
IBICT)
Eliana Souza Pinheiro (Professora do Departamento de
Documentação da UFF e Assistente de Direção do Núcleo de
Documentação da UFF).
Elisabeth Schneider de Sá (Chefe da Biblioteca de Veterinária
da UFF).
Maria das Neves Niederauer Tavares Cavalcanti (Diretora do
Centro de Informações Científicas para a Saúde do Estado do
Rio de Janeiro).
Secretária: Marcia Maria Erthal Serrão (Bibliotecária do Núcleo de
Documentação da UFF).
ANTONIO MIRANDA
Gostaria de fazer uma colocação preliminar antes de dar
início aos nossos trabalhos.
Em primeiríssimo lugar, parabenizar a UFF, em particular
as autoridades do Núcleo de Documentação, a Professora
Alice Barros Maia, Presidente desse Seminário, pela feliz
oportunidade de convocar a classe bibliotecária para esse lº
Seminário Nacional de Bibliotecas Universitárias.
Atualmente, existe no país aproximadamente 85 Univer-
sidades, mais de 700 Institutos de Ensino Superior, 850 cursos
em nível de pós-graduação e, contam-se já com centenas de
Bibliotecas Universitárias, e sobre elas recai aquela já
tradicional queixa do seu isolamento, da falta de troca de
experiência, da inexistência de uma rede que possa servir de
base para um desenvolvimento mais racional de seus serviços
às comunidades científicas e acadêmica nacional, de maneira
que, um lº Seminário Nacional de Bibliotecas Universitárias
deve ser visto dessa perspectiva.
Gostaria de fazer uma proposição e oficiá-la no final de
nosso trabalho de hoje: assim como não existe lugar para que
as Bibliotecas Públicas neste país esteiam isoladas das
Bibliotecas Escolares, e vice-versa, também não podemos
isolar as Bibliotecas Universitárias das Bibliotecas Especia-
lizadas, pois a esmagadora maioria das nossas Bibliotecas
Universitárias são Bibliotecas Especializadas.
Em segundo lugar, um raciocínio ainda mais lógico, é que
nossas Bibliotecas Universitárias somente sobrevivem a partir
de sua ligação com o sistema de informação especializada,
quando eles trabalham em combinação e complementação com
Bibliotecas Especializadas. A partir dessa colocação, gostaria
que nos próximos anos esses encontros fossem de Bibliotecas
Universitárias e Bibliotecas Especializadas, era virtude de
tomar conhecimento, antes de vir para Niterói, da relutância de
alguns Núcleos de Informação Científica e de Bibliotecas
Especializadas de liberarem seu pessoal bibliotecário por se
tratar de uma reunião especializada em Bibliotecas
Universitárias. Acredito que se abríssemos o leque para as
Bibliotecas Especializadas, poderíamos estudar problemas
comuns também a elas. É uma proposição que gostaria de
formular para o Plenário Final desse nosso Seminário.
INFORMAÇÃO CIENTIFICA EM CIÊNCIAS DA
SAÚDE
ABRAAM SONIS
(Diretor da BIREME)
Resumo da Palestra
O desenvolvimento explosivo da informação necessária no
campo da saúde torna aconselhável adiantar alguns conceitos para a
discussão dos problemas envolvidos no mesmo. Entendemos como
informação científica em saúde aquela que promove a criação,
aplicação e aprendizagem de conhecimentos úteis ao cumprimento
de objetivos de melhoramentos da saúde. No que se refere à
investigação — seja ela de laboratório, clínica, epidemiológica ou
organizacional
_ a aludida informação não apenas comunica descobertas
mas também cataliza todo o processo de desenvolvimento de
hipótese e projetos. Existem notáveis diferenças na maturação da
informação ,tipo de usuário, forma de aplicação, etc, de acordo com
o tipo de investigação, provocando exigências diferentes na
produção, circulação e difusão da referida informação. É hoje
freqüente que a aquisição de novos conhecimentos e sua aplicação
tecnológica sejam, nestes campos, fenômenos simultâneos.
Aludimos tanto à informação referente à atenção direta das pessoas,
à organização e utilização de programas de saúde como à
determinação de políticas setoriais. O tipo de informação necessária
acha-se determinada, em cada caso, pelo grau de agregação de cada
nível; por ex., as diferentes exigências de um médico rural e de um
superespecialista em um grande centro urbano. Trata-se,
definitivamente, de uma atividade integrada em um processo de
educação continuada, não apenas dos médicos, mas também de todo
tipo de participante da equipe de saúde, em seus diferentes níveis. A
transcedência destes conceitos reside em sua estreita influência
sobre a eficácia concreta da tecnologia médica, a eficiência no
funcionamento
dos recursos e a efetividade ou resultado final das ações sobre a
saúde comunitária. Sua complexidade surge do fato de não se
tratar apenas de informação biomédica, mas também das
ciências sociais, economia e administração, e de que exige com
freqüência, uma utilização simultânea para a definição de
políticas. Por outro lado, é necessário adequar a informação a
ser ministrada ao modelo profissional que se pretende formar,
uma vez que ela é, simultaneamente, um produto do sistema e
uma determinante do mesmo. Da mesma forma, as
características da informação dificultam ou dinamizam o
processo de formação do recurso humano, a investigação e as
atividades de serviço, assim como sua intercomunicação. Aos
requisitos anteriores, agrega-se hoje a necessidade de oferecer
informação apropriada a fim de facilitar a participação
comunitária nas atividades de atenção da saúde. Do ponto de
vista operativo, reitera-se no campo da informação o observado
no de serviços: os que mais solicitam são aqueles que mais
facilidades têm para satisfazer suas necessidades, e vice-versa.
Vivemos uma crise de publicações periódicas, em
conseqüência, entre outras razões, do diferente requisito de
tempo de chegada da informação ao usuário: muito mais rápido
no campo da investigação que no da difusão de conhecimentos
para sua aplicação. Hoje em dia ambos tipos de informação
aparecem mesclados, porém existem idéias e projetos para
tentar separá-los. Na prática, o âmbito da investigação acelera
sua intercomunicação mediante mecanismos informais
(congressos, visitas, publicações limitadas). Entre os diferentes
problemas a serem resolvidos, podemos recordar aqueles
ocasionados pelo idioma, custo, tempos de remessa e
necessidade de promover a demanda por parte dos profissionais
mais distantes. Freqüentemente a informação referente a novos
conhecimentos demora anos a chegar àqueles que deverão
aplicá-los. Não é raro que os novos meios de comunicação
maciça difundam uma descoberta muito antes que as
publicações especializadas a tornem acessível aos grupos
profissionais. Outra limitação surge do fato das revistas
biomédicas carecerem habitualmente de informação sobre
aspectos epidemiológicos e de administração dos serviços, a
qual se acha contida, em grande parte, em relatórios técnicos,
etc. Um grande desafio baseia-se em como aproveitar
eficazmente a tecnologia disponível para diminuir a brecha
entre os novos conhecimentos disponíveis e sua utilização ao
nível da atenção primária, que permite obter uma cobertura
total da população.
Um exemplo concreto do que dissemos seria o aprovei-mento
do sistema MEDLINE a fim de aduzir conhecimentos sobre
problemas de saúde do tipo dos programas de controle do
Malde chagas,ou da difusão da esquistossomiase em relação à
construção de represas. Tudo isto nos obriga a pensar e
projetar modalidades apropriadas de adequação entre as
características dos novos conhecimentos, os requisitos de sua
aplicação e a tecnologia a utilizar em sua promoção e difusão.
DEBATES
ANTONIO MIRANDA
O Dr. Sonis, falou-nos da informação na pesquisa, o
processo de aplicação dessa informação, na vida profissional
prática diária e a informação para dar à docência e à apren-
dizagem. Gostaria de ressaltar alguns pontos que me parecem
de maior importância: um deles é o valor da importação de
tecnologia sofisticada que afeta o exercício da profissão
médica no nosso país e, também, afeta ao problema de
transferência de informação. Nós somos consumidores de
informação. Esses produtos estão à venda no mercado
internacional e o Brasil depende deles para manter-se atua-
lizado. Estamos organizando nossos sistemas de informação.
O mesmo comentário que o Dr. Sonis faz com relação a
importação de tecnologia que precisa ser aplicada, e que
relação às importações de tecnologia informacional, isto é,
está sendo feita de forma crítica, também se pode dizer com
com relação a própria informação que consumimos em nossa
comunidade.
Falou, também, do problema da inflexibilidade do tipo de
informação que nós oferecemos. Estamos muito voltados para
a informação convencional, aquela informação documentária
depositada nos livros, nos periódicos, quando a comunidade
científica necessita de um tipo dinâmico de informação mais
atualizado, em consonância com a atividade que eles
desenvolvem de forma que, os pré-prints, aquelas informações
realizadas através dos colégios invisíveis, deveriam ser
aproveitadas no sentido de reorientar nossos serviços
do informação, para que ele acompanhe essas novas tendências,
esses novos fluxos de transferência e aquisição de informação.
Outro ponto interessante é a tendência que temos de distribuir
informação de todo tipo. Nós tendemos a dar o mesmo tipo de
documentação para diferentes níveis e tipos de usuários, quando a
demanda deve reorientar o tipo de documentação que devemos dar
aos nossos usuários.
A leitura como processo de aprendizagem e transmissão de
informação, isto é, o tipo e qualidade do material documentário que
circula na mão dos nossos pesquisadores alunos e professores,
orienta a própria formação do indivíduo, tanto na pesquisa, docência
como no exercício profissional
ALICE BARROS MAIA (Diretoria do Núcleo de Do-
cumentação da UFF): A circulação, acesso e conhecimento da
informação registrada em periódicos e em outros tipos de
documentos representam uma dificuldade ainda não superada em
termos de utilização imediata pelos usuários, então, que meios
utilizaríamos para divulgação imediata das pesquisas em curso entre
os interessados, considerando que essas pesquisas evoluem à
proporção que se desenvolvem e que, às vezes, a própria pesquisa
vai mais rápida do que o próprio controle do sistema de informação?
Gostaria, também, de pedir ao Dr. Sonis que fizesse uma referência
concreta às atividades programadas pela BIREME a partir da sua
gestão.
DR. ABRAAM SONIS: Creio que o problema das pesquisas
em processo, é um assunto bastante complexo do ponto de vista da
pesquisa e, não da informação. Eu me animaria a dizer, e os
pesquisadores que me perdoem por isto, que não sei se a publicação
das pesquisas em processo, seria um tema fundamental para os
países latinoamericanos. Os cientistas na América Latina estão
vivendo um dilema: ou publicam, ou morrem. Aqueles que não
publicam, ou melhor, não mostram que estão com trabalhos em
andamento, não obtêm subsídios necessários para prosseguir com
suas pesquisas. Eu gostaria de fazer uma revisão para determinar de
que tipo é necessária a informação na América Latina e, a partir
disso, poderíamos ver como tornar acessível essa informação.
Parece-me ser prioritário em termos de América Latina, fazer
conhecida a informação que já
esteja nos periódicos e investigações já prontas, embora não
deixemos de reconhecer a importância de pesquisas em
andamento, pois país não investiga é um país sem progresso.
Agora, acredito que a solução deve ser adequada a cada meio onde
esta informação será divulgada. Creio que cada país tem que
desenvolver, e não só cada país, mas cada setor de conhecimento,
regras diferentes em relação à difuso da investigação. O tipo de
publicação deve ser adequado X ecologia cultural e científica de
cada meio. Isto é um ponto de vista meu no campo da saúde.
O outro tema proposto é em relação ao que a BIREME está
realizando ultimamente. A BIREME está fundamentalmente
trabalhando no sentido de aumentar a cobertura de seus usuários.
Estamos estendendo a cobertura através da criação de novos
subcentros, recentemente criamos os subcentros de Terezina, Natal,
João Pessoa e Vitória.
Terminamos de abrir um programa de atenção primária, isto é,
de atenção de saúde para atingir os núcleos mais díspares. Outra
preocupação que temos é a de apropriar a tecnologia que estamos
usando. Seguimos a linha de cooperação técnica de países em
desenvolvimento.
Em que medida um tipo de tecnologia como o MEDLARS
significou a implantação de uma tecnologia muito complexa e, que
está servindo através de poucos terminais a poucos usuários, como
poderemos transformar isto num tipo de informação que possa ser
usada por um maior número de usuários? Temos alguns projetos e,
vamos ver como através de um serviço de disseminação seletiva da
informação podemos fazer isto para a América Latina, sem elevar
muito o custo operacional.
Começaremos a indexar talvez a partir de lº de janeiro do
próximo ano, os periódicos latinoamericanos, que até agora não vem
sendo feito pela BIREME. O que parece simples, entretanto não foi
fácil de se conseguir. O nosso propósito é, fazer o Index Medicus da
América Latina. Estamos tratando de apropriar tecnologia,
dependemos de um computador IBM que está no Instituto de
Energia Nuclear de São Paulo, que embora trabalhe conosco de
forma muito cordial e eficiente, representa uma tecnologia que não
controlamos diretamente. Adquirimos um computador digital e
estamos colocando nele os programas da América Latina.
Quero terminar falando de um assunto que considero
fundamental e, que, já foi abordado pelo Professor Antonio Miranda:
é o de que todo país deve ter sua política de informação científica e
tecnológica. A BIREME, pelo menos nesta gestão, sentir-se-á
satisfeita em tomar parte de um organismo que elabore, coordene e,
eu ousaria dizer, que seja normativa na matéria que é fundamental
para a implantação de uma política de informação científica e
tecnológica nacional. Como prova disso, no último convênio firmado
pela BIREME com o governo brasileiro, ficou estipulado que o
Diretor da BIREME em todos os programas no Brasil será
assessorado por um conselho brasileiro.
ASPECTOS ECONÔMICOS DA INFORMAÇÃO
CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA
ALDO ALBUQUERQUE BARRETO
(Pesquisador da Divisão de Estudos e Projetos
do Departamento de Apoio Técnico
do IBICT)
RESUMO
A utilização de metologia econômica para a análise de
custos em sistemas de informação é apresentada como o
instrumento mais eficaz para a tomada de decisões. Nor-
malmente, custos em sistemas de informação são compi-lados
por processos contábeis tradicionais, que possuem pouco valor
informativo para o nível de decisões estratégicas. O custo
unitário, ou custo médio, tendo como base unicamente o
volume de serviços prestados pelo sistema, parece ser uma
visão simplificada do problema de custos em sistemas de
informação. O comportamento dos custos em sistemas de
informação sofre efeitos de outras variáveis e não somente do
volume de produção. Essas variáveis constituem as condições
operacionais do sistema, específicas para cada tipo de sistema
de informação documentária. O conhecimento dessas
condições operacionais e a identificação dos custos marginais
associados fornecerão melhores indicadores no processo
decisório, redução de custos e política de preços.
1 A necessidade de uma Base Teórica para Análise
A Ciência da Informação vem sofrendo por longo tempo
um exagerado otimismo experimental. Acredita-se que os
processos experimentais de medição de seus fenômenos
podem ser sempre elaborados independentes da construção de
uma base teórica apropriada. Entretanto, ao se utilizar uma
aproximação metodológica pertencente a uma outra disciplina,
como no caso da economia, os cientistas da informação
precisam em primeiro lugar estar de acordo com as
associações a serem feitas entre a base teórica escolhida e os
problemas da informação. Essa associação de conceitos
deveria preceder sempre os processos experimentais e o teste
de hipótese. O teste de hipóteses é feito em uma linguagem e o
pensamento do pesquisador opera em uma outra linguagem.
A procura por uma base teórica para a análise econômica
de sistemas de informação documentária foi induzido
principalmente, pelo fato de que os estudos de custos em
sistemas de informação estão orientados basicamente para o
enfoque financeiro ou contábil e não o econômico.
O custo contábil detalha a alocação de fundos entre os
sub-sistemas do sistema total e é essencial para a confecção,
apresentação e acompanhamento do orçamento anual do
sistema; não tem maior valor, entretanto, como informação
para o processo decisório, ponto de primordial importância na
administração desses sistemas. O custo médio (ou unitário),
calculado a partir do processamento contábil, é apresentado na
bibliografia existente sobre o assunto, como uma medida para
previsão e planejamento. Nessa mesma literatura a avaliação
econômica é baseada no custo contábil, o que pensamos ser um
grave erro de interpretação de conceitos.
2. A Análise dos Custos e a Análise Econômica
A análise do comportamento dos custos em sistemas de
informação é praticamente recente e aparece como subproduto
de análises de custo-eficácia, análise custo-benefício, ou
tentativas de fixação de uma política de preços para serviços
de informação.
Numerosos estudos sobre custo médio são encontrados na
literatura sobre o assunto. Praticamente nenhum estudo se
encontra fundamentado em uma base econômica específica e
adaptada para sistemas de informação.
O conceito de custo econômico, como custo realizado (
sunk cost), custo de oportunidade, custo marginal ou
incrementai não foi adotado como metodologia para o estudo
do comportamento dos custos em sistemas da informação .
Vale aqui definir os tipos de custos mencionados ante-
riormente .
O custo médio e definido como o custo por unidade de serviço,
i.e.i representa o custo total do período dividido pelo número de
unidades de serviço durante aquele período. n custo realizado (sunk
cost) representa qualquer custo já efetivado no momento da decisão.
Não tem o administrador do sistema qualquer controle sobre esse
custo (a curto prazo) pois já foi efetuado, sem qualquer importância
portanto, no processo decisório. O custo oportunidade representa o
custo de uma oportunidade "perdida" pela aplicação dos recursos em
uma outra opção. O custo marginal representa o acréscimo ao custo
total causado pela produção de mais uma unidade do produto ou
serviço.
O comportamento do custo médio, a curto prazo, é útil ao
administrador de diversas maneiras:
a) para estabelecer padrões de custo com finalidade de
controle;
b) para estabelecer programas de redução nos custos;
c) para dar indicações na estimativa de custos futuros.
Entretanto, para o processo decisório, o importante será o
conhecimento do comportamento do custo marginal. Grande parte
das decisões gerenciais será feita levando em consideração o custo
adicional, ocasionado por qualquer modificação (quantitativa ou
qualitativa) na estrutura de serviços do sistema e a receita adicional
prevista. No caso de serviços que não sejam cobrados, o balanço do
custo adicional com o benefício adicional ou o "benefício marginal"
constituiria o fator de decisão. Para o administrador racional esta
atitude seria aplicável a qualquer tipo de decisão: introdução de um
novo serviço, modificação no processo de transformação
(modificação no processo de análise dos documentos) ou uma nova
política em relação aos usuários do sistema. Esta é a razão do
crescente interesse do administrador de sistemas de informação no
estudo dos custos incrementais para a análise dos custos opera-
cionais do sistema. Ao mesmo tempo, torna-se cada vez mais
reconhecida a baixa relevância que os custos de produção de
serviços de informação, compilados pelos métodos tradicionais de
contabilidade, têm no processo decisório. A contabilidade
tradicional assume que os custos uma vez reduzidos à unidade
monetária têm comportamento homo-
gêneo e igual importância. A contabilidade ortodoxa pouco
informa a respeito das condições operacionais em que está
operando o sistema. Aliado ao conceito de custos unitários
(custo médio) a contabilidade ortodoxa fornece pouca, e
muitas vezes incorreta, informação sobre o comportamento
dos custos do sistema. Custos médios, deduzidos de sistemas
de informação operando em diferentes condições operacionais,
não podem ser generalizados para predições do futuro ou
serem indicadores da eficiência do sistema.
Sistemas de informação utilizando diferentes fatores de
produção ou mesmo uma diferente combinação desses fatores,
devem ser analisados isoladamente dentro de sua ambiência
específica, levando sempre em consideração que o
comportamento dos custos é afetado por diversas variáveis
(que formam as condições de operação), das quais o volume
de serviços é apenas uma.
Fatores de Produção:
Ao realizar-se uma análise de produção para estudar o
comportamento dos custos deve-se selecionar certos fatores
cujo efeito na produção e nos custos pretenda-se estudar mais
de perto.
Muitos processos de produção necessitam, a fim de
alcançarem seus objetivos, a utilização de grandes instalações,
o que define de maneira precisa a "capacidade" do sistema.
Essa capacidade não pode ser alterada exceto incorrendo-se em
grandes custos e após considerável período de trabalho
construcional. Em tais casos é de interesse econômico verificar
como a quantidade do produto, sua qualidade e seu custo
variam, se os fatores que determinam a capacidade de
permanecerem constantes, enquanto outros fatores possam
variar. Os primeiros são chamados fatores fixos e os segundos
variáveis. A combinação desses fatores na estrutura de
produção formam as condições operacionais do sistema.
Em um processo de produção industrial a utilização de
grandes máquinas, a localização física e a facilidade de
transportes definem de maneira clara a capacidade técnica da
unidade produtiva. Esse conceito de capacidade ainda
não foi definido para sistemas de informação. Acreditamos
que a capacidade irá variar de acordo com o sistema espe-
cífico e os serviços oferecidos. Para a biblioteca, a capacidade
deve incluir a localização física, equipamentos e o tamanho da
coleção. Para pesquisas retrospectivas o volume dos dados (em
número de itens) e as possibilidades do equipamento podem
definir a capacidade do sistema. Para disseminação seletiva, o
número de itens adicionados em cada período (taxa de entrada)
e as possibilidades do equipamento definiriam a capacidade.
Se a linha de raciocínio acima for aceita, poderíamos
presumir que sistemas de informação estão operando em
estado de sub-capacidade ou tendo sempre capacidade ociosa.
Em sistemas como a Biblioteca e a Pesquisa Retrospectiva,
essa ociosidade aumenta anualmente para atender a requisitos
de qualidade ligados aos objetivos do sistema. O conceito de
capacidade, constitui, portanto, uma importante linha de
investigação, pois podemos modificar o conceito de economia
de escla em sistema de informação.
Em uma simplificação exagerada, teríamos basicamente
três fatores que executam o processo de transformação em
sistema de informação;
1. Esforço inicial — custos iniciais de instalação.
2. Esforço de entrada — incluindo atividades de seleção,
análise e armazenamento.
3. Esforço de saída — incluindo atividades de estratégia
de busca, manutenção de perfis, processamento
manual ou mecanizado, distribuição, etc.
Em termos de capacidade e custo, esses fatores seriam
classificados como:
1. Esforço inicial custo fixo, inescapável depois
de efetuado, determina a ca-
pacidade .
2. Esforço de Entrada custo fixo, e inescapável após
efetuado, determina a capa-
cidade .
3. Esforço de saída custo variável em unidades
do serviço até atingir a ca-
pacidade do sistema.
3 CONCLUSÃO
Condições operacionais — variáveis relacionadas ao custo
de produção do serviço.
Utilizando-se dados reais de estudos de custo em sistemas
de informação realizados por Vickers (1) e Peeters (2)
procurou-se determinar as variáveis que influenciam o com-
portamento do custo nesses sistemas. Ambos os estudos uti-
lizam o conceito de custo unitário ou custo médio onde o
volume de serviços seria a única variável a explicar o com-
portamento do custo de produção do serviço. Esses estudos
indicam, ainda, a existência de uma relação inversa entre o
custo e o volume de produção. O custo total decresce com o
aumento no volume de produção do serviço.
A análise dos dados indicados permitiu as seguintes con-
clusões:
a) Para pesquisa retrospectiva está parcialmente erra
da a relação inversa entre custos e volume de pro
dução de serviços. A menos que os custos fixos c
esforço de entrada dos dados no sistema (inescapá-
vel depois de incorrido, e, portanto, sem valor para
o processo decisório a curto prazo) sejam conside
rados não existe indicação de que a relação inversa
se apresenta. Existem, contudo, indicações de que o
custo variável e, provavelmente, o custo marginal
função crescente (aumento do custo com aumento-
no volume de serviço) de condições operacional
taii como:
Esforço de entrada
Tamanho do banco de dados (número de itens-
Esforço empregado na pesquisa
b) Para serviços de disseminação seletiva existem tam
bém evidências de que o volume de serviço (número
de pesquisas efetuadas, número de perfis por pes
quisa, número de itens recuperados) não é a única
variável explicando o comportamento do custo de
produção do serviço. As variáveis relacionadas abai
xo foram identificados como influenciando o com
portamento do custo de produção de serviços de dis
seminação seletiva em sistemas mecanizados:
D número de pesquisas por ano
2) número de execuções ("run") por ano
3) número de registros por ano
4) número de termos de pesquisa por perfil
5) número de itens recuperados por execução
6) número de registros por execução
7) tamanho do arquivo por pesquisa
8) número de perfis por pesquisa
9) custo do processamento mecanizado por
execução
10) manutenção de perfis do usuário
11) número de termos de pesquisa por execução
O conhecimento dessas variáveis e sua atuação no com-
portamento do custo permitirão a construção de um modelo
econômico para o administrador utilizar, e de forma mais racional,
tomar decisões e formular políticas para o seu sistema de
informações.
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nization for Economic Co-Operation and Development,
1974.
DEBATES
ANTONIO MIRANDA: Uma das coisas que têm desme-recido
o trabalho bibliotecário no Brasil é, justamente, a foi ta de
indicadores econômicos sobre o custo dos serviços que eles
organizam. Os serviços de informação são caros e nós não sabemos
determinar o custo e o retorne do capital. In-formação per capita. Os
investimentos de capital são altos-e é muito difícil justificar para
nossos administradores o custo dos serviços dos quais não se tem
retorno quantificá. vel, como é o caso da informação.
NEUZA DIAS MACEDO (Professora de Biblioteconomia I da
USP): Como e onde introduzir no currículo de graduação de
bibliotecário unidades sobre custo de informação?
ALDO DE ALBIQUERQUE BARRETO: Acho que deveria ser
introduzida como uma cadeira que temos aqui no IBICT:
Administração de sistemas de Informação, porque custo é uma forma
de avaliação, custo é planejamento e, planejamento é uma das
funções administrativas.
INTERACÃO DA DOCUMENTAÇÃO CIENTIFICA
BRASILEIRA UMA AMOSTRA
ELISABETH SHNEIDER DE
(Mestra em Ciência da Informação e Chefe da
Biblioteca de Veterinária da UFF)
ELIANA SOUZA PINHEIRO
(Profª do Departamento de Documentação da
UFF e Assistente do Núcleo de Documentação
da UFF)
INTRODUÇÃO
As universidades devem cumprir simultaneamente os seus
dois objetivos fundamentais: ensinar e pesquisar. Para estas
duas metas muito devem contribuir as suas bibliotecas e res-
pectivos bibliotecários.
O conhecimento do grau de interação da documentação
cientifica brasileira com a literatura internacional pode servir
como base avaliativa do resultado obtido com a aplicação de
recursos para pesquisa. O cálculo da produção documentária
que participa do complexo universo de informações
científicas, pode mostrar caminhos e distinguir prioridades.
Assim, nos propomos a prosseguir trabalho anterior (7) que
concluiu pela participação a nível internacional, através de
índices, de 58% dos trabalhos publicados por brasileiros (fig.
1). A partir daí, tentamos conhecer, além do que está
disponível, o que é efetivamente utilizado, na cadeia científica
onde cada trabalho é um elo.
Recentemente, Morei & Morei (3) tentaram uma análise
da produção científica brasileira, utilizando como base os
autores brasileiros que publicaram em revistas arroladas pelo
Institute of Scientific Information (ISI). Outros trabalhos de
análise da literatura científica latino-americana 12,8) já se
haviam baseado exclusivamente nesta fonte, que é sem dúvida
alguma um instrumento de grande valor. Não é desprezível,
contudo, o fato de que somente duas revistas brasileiras
(Anais da Academia Brasileira de Ciên-
cias e Revista Brasileira de Pesquisas Médicas e Biológicas)
apareçam arroladas na base de dados do ISI, como mencionam
os autores acima citados, visto que farto e valioso material
documentário é publicado em revistas não constantes daquela
fonte, como veremos adiante.
Através do uso freqüente do Science Citation Index
sabemos também que esta obra não está programada para
distinguir homônimos, fato que pode invalidar ou no mínimo
alterar os resultados obtidos em outros estudos de citações de
autores.
Assim, é fácil constatar que sob um determinado nome
aparentemente muito rolífico, encontramos trabalhos tanto de
geopolítica quanto de desenvolvimento celular, matemática ou
farmacologia, o que evidencia a multiplicidade c autores sob
uma só entrada.
Outro exemplo entre os muitos encontrados é o que
apresenta o fascículo referente a abril-junho de 1977, onde o
"mesmo" autor aparece com 2 artigos citados em 1977 O 1º de
1839, e o outro publicado em 1965.
Se não aceitamos a tese de homônimos tomados como um
único autor, teremos que admitir como verdadeira a idéia de
um cientista escrevendo artigos citáveis, com 144 anos de
idade, considerando-se a idade mínima de 18 anos para a
publicação do 1º documento.
Sem dúvida, sabemos que cada vez mais pesquisadores de
nosso país publicam em revistas norte-americanas e de outras
nacionalidades, aumentando consideravelmente a cada ano
o número de autores brasileiros arrolados por aquele serviço
(3,7) o que poderia revelar o abandono po parte dos
pesquisadores brasileiros, das revistas nacionais que seriam
ruins porque os cientistas não publicam nelas e os cientistas
locais não publicam nelas porque as revistas são ruins.
A razão que nos levou à elaboração deste trabalho
consiste em saber até que ponto é válida a análise da litera tura
de um país desprezando-se o que é nele publicado, ; que 2
títulos no exemplo mencionado, seriam os represen tantes de
toda a ciência brasileira.
— 126 —
2 Material e Métodos
Levando-se em consideração apenas aquela parcela já cionada, de
artigos indexados e extraídos da literatura brasileira de
microbiologia, imunologia e parasitologia publicados em 1971,
partimos para a verificação, através do Science Citation Index (SCI)
de janeiro de 1972 a junho de 1977 (último número publicado) de
quais haviam sido citados quem os citou, de que país, que revistas
citaram, etc...
para a verificação da procedência dos autores citantes foi
utilizado o ISF's Who is Publishing in Science (WIPIS).
É importante notar que, de acordo com os procedimentos
relatados à folha 22 do trabalho de Sá (7) os autores brasileiros que
publicaram em revistas estrangeiras não correspondem à totalidade
deles, dada a impossibilidade de levantá-los integralmente.
3 RESULTADOS
3 1 Porcentagem de Citações
O primeiro resultado de importância diz respeito à porcentagem
de citações obtidas pelos pesquisadores brasileiros componentes da
amostra e que, como podemos ver na figura 2 é constituída de 526
trabalhos, sendo 428 (81,4%) publicados em revistas brasileiras e 98
(18,6%) em revistas de outras nacionalidades. A figura 3 mostra que
apenas 145 documentos foram citados, correspondendo a 27,6% do
conjunto.
Este resultado, sem dúvida preocupante, tomado de forma
isolada, pode causar um impacto negativo, mostrando que o fato de
ter sido indexado por serviços de grande repercussão internacional,
não contribuiu de maneira significativa para a aceitação do trabalho.
3.2 Origem dos Autores Citantes
Comparando-se, porém, os dados da tabela 1 que se refere a
porcentagem de citações recebidas por artigos publicados no Brasil
e no exterior, com os apresentados na tabela 2 que mostra a
distribuição por países de origem das revis-
tas citantes, temos que das 186 citações para os 94 trabalhos
publicados em revistas brasileiras, pelo menos 166 foram de revistas
estrangeiras, uma vez que, apenas 20 citações foram feitas em
revistas brasileiras.
Tornando-se a comparar estes dados com os obtidos na tabela 3
correspondente a origem dos autores citantes vemos que das 166
citações feitas a artigos publicados no Brasil por revistas
estrangeiras, pelo menos 127 procedem de autores também
estrangeiros, já que somente 59 citações foram feitas por
pesquisadores brasileiros.
Foi observado, também, durante a pesquisa que dos 98 artigos
publicados por brasileiros no exterior, (fig. 3) 47 não foram citados
perfazendo um total de 48,9% de artigos publicados fora do país e
que também não foram utilizados, o que pode demonstrar que nem
sempre a facilidade de acesso ou a intensidade de circulação
determina a freqüência de citações, mas principalmente a reputação
do autor e a qualidade do trabalho.
3.3 Freqüência de Citações
Segundo Price (4) 49% de todos os trabalhos existentes são
citados ao menos 1 vez enquanto apenas 1% são citados 6 vezes ou
mais.
Ora, tendo em vista que a nossa amostra foi extraída da
literatura publicada em 1971 e que cada trabalho cumpre em média,
sua finalidade após 10 anos de publicado, a nossa base de dados teria
ainda 4 anos a percorrer. Contudo, ainda de acordo com Price, a
média de citações para trabalhos com menos de 15 anos é
consideravelmente maior do que o valor padrão de 1 citação, por
trabalho, por ano, crescendo constantemente à medida que diminui a
idade e atingindo um máximo de cerca de 6 vezes o valor padrão de
citações os trabalhos de 2 anos e meio, tornando a declinar após.
Neste caso, a nossa amostra já teria ultrapassado a fase de raras
citações por falta de prazo suficiente para serem divulgadas e estaria
na faixa de 3 ou 4 citações por trabalho.
Analisando a tabela 4 que mostra a freqüência de citações
obtidas por trabalhos de autores nacionais, verificamos que dos
trabalhos citados, 22 obtiveram mais de 6 citações,
o que corresponde ao número mínimo de citações obtidas por 1%
apenas de todos os artigos publicados. Assim, temos que numa
pequeníssima amostra da literatura cientí-fica brasileira, vários
artigos fazem parte deste reduzidíssimo 1% da totalidade da
produção científica mundial que compreende todas as áreas do
conhecimento em todos os tempos. Este fato que por si só nos traz
uma grande satisfação, mostra ainda que o autor mais citado é o
Prof. Nelson Monteiro Vaz desta Universidade, com um total de 83
citações obtidas por apenas 3 trabalhos. O tendo recebido 31
citações e os outros dois, 27 e 25.
3.4 Origem das Revistas Citadas
Retrocedendo-se à tabela 1, podemos observar que das 146
revistas utilizadas pelos pesquisadores brasileiros e cujos artigos
receberam citações, 29 são brasileiras e 40 estrangeiras, sendo que
estas com cerca de metade dos artigos das primeiras receberam o
dobro de citações, contudo podemos observar pelo exame da tabela
5 que a revista que recebeu maior número de citações foi a Revista
do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo, seguida por 3
revistas norte-americanas e novamente uma brasileira — Memórias
do Instituto Oswaldo Cruz. Na tabela 6, arranjada por média de
citações recebidas por artigo e por revista, temos uma visualização
clara e precisa da importância dos artigos de brasileiros publicados
em revistas nacionais e não arroladas pelo ISI.
Com a tabela 7 temos um resumo da média de citações
recebidas por artigos publicados no país e fora dele, além da média
de citações obtidas por revistas, sendo que nos 6 anos pesquisados a
média de citações por artigo citado foi de 3,9 e a média de citações
por artigo, por ano foi 0,64.
3.5 Núcleo Científico
Outro dado a considerar é o verificado pela comparação das
tabelas 2 e 3 que mostram uma presença constante dos Estados
Unidos, Inglaterra, Alemanha, França, Suiça e Holanda.
Com isso, podemos confirmar que existe uma tendência para
uma cadeia científica envolvendo os mesmos países,
onde os Estados Unidos aparecem como núcleo gerador e
polarizador. Este fato, sem dúvida, não constitui novidade e já
foi verificado por outros autores (8). Talvez possa ser
explicado pelo elevado grau de desenvolvimento social e
cultural de cada um, e pela conseqüente valorização da pes-
quisa, a qual é dedicada grande parcela do produto nacional
bruto.
3.6 Elite de Autores versus Citações
Observando-se a classificação de Price (5) para produti-
vidade de autores, onde o trabalho de um autor "transitório"
tem cerca de 30% de chance somente de ser citado, ou seja,
70% desses autores não recebem citação, e onde vemos que
dos "permanentes", 60% estão na lista dos mais citados,
verificamos que da elite estabelecida pela Lei de Lotka, (tab.
8) para os autores brasileiros de MIP, 40% foi citada,
porcentagem bem inferior à prevista que contraria em parte a
afirmativa de que autores permanentes têm uma grande
tendência de serem citados, principalmente se levarmos em
consideração que a nossa elite está baseada exatamente na
proposição de Price, que considera como "núcleo de autores
permanentes" aqueles com 4 ou mais trabalhos por ano, e que
60% dos autores citados não fazem parte desta elite, embora
não possamos abandonar o fato de que esta taxa recai apenas
sobre os indexados, que constituem a nossa base de dados.
4. Conclusões
Este estudo das citações obtidas pelos trabalhos brasileiros
de MIP de 1971, apresenta-se como uma pequena amostra e
um alerta aos promotores da pesquisa no Brasil,
principalmente às universidades, responsáveis que são pelo
desenvolvimento da produção científica nacional no sentido de
valorizarem mais o seu potencial humano, oferecendo maiores
recursos para o aprimoramento dos serviços bibliotecários
como base que são para a realização de qualquer trabalho
científico.
Embora ratificando conclusões alcançadas por muitos
outros estudos sobre a existência de uma cadeia científica
denominada por determinado grupo de países, podemos
observar a aceitação dos trabalhos brasileiros, que em alguns
casos chegaram mesmo a alcançar os padrões mais satisfa-
Tios no panorama internacional, comprovando que mais
importante do que o veículo de divulgação é a qualidade da
Informação, tendo em vista que a quase totalidade dos trabalhos
publicados em revistas brasileiras e citados, o foram por autores
estrangeiros, e que uma grande porcentagem, cerca de 50% daqueles
publicados em revistas estrangeiras não foram sequer citados.
De maneira geral, ainda não é das melhores a repercussão dos
trabalhos de autores brasileiros no cenário científico mundial,
independentemente da procedência do documento onde foi
publicado e da fonte secundária onde foi indexado, o que nos leva
mais uma vez a alertar sobre a importância do aproveitamento
integral de todos os valores existentes, através de facilitação de
recursos, inclusive os bibliográficos, que possibilitem o nosso
avanço científico.
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
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FIGURA I - NIVEL DE INDEXAÇÃO DOS ARTIGOS BRASILEIROS DE MI P
ARTIGOS INDEXADOS
ARTIGOS NAO INDEXADOS
FIGURA 2 - PORCENTAGEM DE CITAÇÕES OBTIDAS PELOS PESQUISADORES BRASILEI-
ROS COMPONENTES DA AMOSTRA
- PUBLICADOS EM REVISTAS BRASILEIRAS
PUBLICADOS EM REVISTAS ESTRANGEIRAS
FIGURA 3 - PORCENTAGEM DOS DOCUMENTOS CITADOS NO BRASIL E NO EXTERIOR
- DOCUMENTOS CITADOS
PUBLICADOS EM REVISTAS NACIONAIS
PUBLICADOS EM REVISTAS ESTRANGEIRAS
Tabela 1 — Porcentagem de Citações Recebidas por Artigos
Publicados no Brasil e no Estrangeiro
REV. ARTIGOS CITAÇÕES
%
BRASILEIRAS 29
47
94
334
186
0
33,3
ESTRANGEIRAS
40
30
51
47
373 0
66,7
TOTAIS 146 526 559 100
Tabela 2 — Países de Origem das Revistas Citantes
Tabela 3 — Procedência dos Autores Citantes
PAÍS Nº AUTOR Nº CITAÇÃO
USA 145
202 - - -
BRASIL 50 59
inglaterra
26 35
frança
25 29
Alemanha Ocidental
17 27
Canadá
19 20.
Japão
9 14
Egito
6 12
Argentina
7 9
Colômbia
4 9
Itália •
5 8 .
Bélgica
5 6
Holanda
5 6
Suíça
5 6
Chile
3 6
Noruega
4 5
Polônia
4 5
Alemanha Oriental
4 4
África do Sul
3 3
Austrália
3 3
México
3 3
Nigéria-
Costa do Marfim
3
1
3 3
PAíS Nº AUTOR Nº CITAÇÃO
Dinamarca 2 2
Grécia 2 2
Sudão 2 2
Suécia 2 2
União Soviética 2 2
Uruguai 2 2
Áustria 1 1
Camarões 1 1
Ceilão 1 1
Congo 1 1
Guatemala 1 1
Ilhas Fuji 1 1
Índia 1 1
Irlanda do Norte 1 1
Israel 1 1
Paraguai 1 1
Porto Rico 1 1
Suriname 1 1
Anônimos 15
Não Identificados 41 43
TOTAL 421 559
Tabela 4 — Freqüência de Citações/Artigo
A B AXB A
(Nº Art.) (Nº Cit.)
2
8
7
15
26
67
31
27
25
17
14
13
12
11
9
8
7
5
4
3
2
1
31
81
50
34
14
26
12
22
9
18
21
12
40
28
45
50
67
1
4
6
8
9
11
12
14
15
17
20
30
37
62
78
31
112
162
196
210
236
248
270
279
295
316
328
368
396
441
491
!
Tabela 5 — Revistas Citadas em ordem de Citações Recebia
Art. Cit. T. CITAÇÕES
Art. Cit. T. Citações
Tabela 6 — Revistas Citadas Arranjadas por Média de Cita
ções Recebidas por Artigos e por Revistas
Média Citação Art. cit
J. of. Immunology ............................. 28.0
Immunology ........................................... 27.0
J. Membr. Biol..................................... 27.0
J. Mol. Biol.......................................... 27.0
J. of. Allergy Clin. Immuunol............... 15.5
Am. J. of. Trop. Med. Hyg ................. 13.2
-» Folha Médica ........................................ 13.0
Lanet ..................................................... 13.0
Applied Microbiol ............................... 11.0
Arch. Intern. Medic ............................. 11.0
B. WHO ................................................ 8.5
Intern. J. Parasitol................................ 7.0
J. of. Parasitol...................................... 7.0
J. of. Protozool..................................... 5.0
Science ................................................... 5.0
Z. Zell. forch. Mikrosko. Anat. .. 5.0
Am. J. vat. Research ........................... 4.0
Annee Biologique ............................... 4.0
Protoplasma ............................................ 4.0
T. of. R. Soc. Trop. Mad. Hyg ................ 3.6
-» R. Inst. Antibiol...................................... 3.5
Apidologle .............................................. 3.0
Arch. Gesante. Virus forch ................... 3.0
Exper. Parasitol..................................... 3.0
J. of. Infect Diseases .............................. 3.0
-» Memórias do IOC ..................................... 2.3
-» R. Inst. Med. Trop S.P .......................... 2.2
Annee Histochimlque ......................... 2.0
-» O Biológico ............................................. 2.0
Carbohydres ............................................. 2.0
-» Cont. av. Inst. Oceanogr...................... 2.0
Média Citação Art. Cit.
Tabela 7— Média de Citações Recebidas por Artigo e por
'Revista
• •
MÉD. CIT.P/ARTIGO MÉD. CIT. P/REVISTA
BRASILEIRA 1,9 6,4
ESTRANGEIRA
7,3 9,3
TABELA 8 -- Distribuição do Nºs de Autores e Seus Respectivos
Nºs de Trabalhos *
(*) Observe-se que a raiz quadrada do número total de autores é
equivalente aos autores com 5 ou mais trabalhos publicados e apenas 1/10
dos autores relacionam-se com 1/3 dos trabalhos publicados, o que mostra
uma distribuição muito semelhante à anunciada pela Lei de Lostka
modificada por Price.
DEBATES
ANTÔNIO MIRANDA: Hoje, os estudos sobre citações são
muito discutidos em todo o mundo com relação à validade para se
determinar política de seleção, para dignificar ou fazer o
reconhecimento dos autores.
Uma das conclusões que podemos extrair do seu trabalho é da
nossa dependência com relação aos países da nossa área ou da área
de influência deles. A explicação é muito lógica. O Brasil no seu
programa de ensino, ainda depende muito da capacitação de pessoal
no exterior. A maioria dos nossos pesquisadores à nível de Pós-
Graduação até, recentemente, faziam seus trabalhos de pesquisa em
países estrangeiros, somente do ano passado para cá, é que começou
a haver uma pequena mudança nessa tendência. O pesquisador
fazendo o seu trabalho em institutos de ensino no exterior, passa a
dar preferência a publicações e periódicos estrangeiros, o que lhe dá
um maior prestígio, um maior status internacional, Em segundo
lugar, o fato de escrever o seu trabalho numa língua estrangeira
torna-o mais fácil de ser citado internacionalmente.
THEREZA SITA DE CARS (Professora do Departamento de
Documentação da UFF): Gostaria de saber se há diferença
considerável entre a citação de autores brasileiros com nomes
brasileiros e de autores brasileiros com nomes de origem
especialmente não latina?
ELIANA SOUZA PINHEIRO: Foram encontrados, dentre os
trabalhos citados, alguns de autores brasileiros com nomes
estrangeiros, porém a grande maioria foi de autores brasileiros com
nomes brasileiros.
INTERDEPENDÊNCIA ENTRE A AQUISIÇÃO
PLANIFICADA E A DISSEMINAÇÃO SELETIVA
DA INFORMAÇÃO UMA EXPERIÊNCIA DO CENTRO
DE INFORMAÇÃO CIENTIFICA PARA A SAÜDE
DA SECRETARIA DE ESTADO DE SAÜDE
DO RIO DE JANEIRO
MARIA DAS NEVES NIEDERAUER TAVARES
CAVALCANTI
Diretora do Centro de Informação Cientifica
para a Saúde da Secretaria de Estado
de Saúde do Rio de Janeiro
RESUMO
Apresentação, através de fluxogramas, das diversas fases de
tratamento e divulgação da informação no Sistema de Informação
Científica, da Secretaria de Estado da Saúde do Rio de Janeiro e
comprovação da interdependência verificada entre a política de
Aquisição Planificada e a Disseminação Seletiva da Informação.
1 INTRODUÇÃO
Os programas de Aquisição Planificada constituem-se em
elementos de infra-estrutura imprescindíveis a uma eficiente
cooperação interbibliotecária. Como tal, vêm sendo desenvolvidos
nos diversos sistemas dedicados à transferência da informação, ou
estabelecidos, mediante acordos ou convênios, entre instituições da
mesma área geográfica dedicadas à mesma especialização, embora
desvinculadas administrativamente entre si.
Sua finalidade última é assegurar o acesso de um maior número
de usuários às informações que lhes sejam pertinentes, garantindo a
cobertura exaustiva da literatura especializada, pelo controle de um
maior número de títulos, e conseqüentemente promovendo um
melhor aproveitamento dos recursos disponíveis.
As principais vantagens apontadas se referem à eliminação das
duplicações desnecessárias, tanto nas coleções quanto nas tarefas a
serem realizadas, obtendo-se maior rentabilidade dos recursos
financeiros, pela distribuição das despesas de aquisição e tratamento
da informação, entre os diversos participantes do programa.
No entanto, como só se poderá garantir o acesso às informações
que se achem disponíveis, os programas devem ser baseados em
critérios eficientes de seleção que possam levar à máxima
identificação das coleções aos interesses específicos dos usuários em
potencial.
O conhecimento destes interesses, através de estudos de
usuários, tem sido a preocupação maior dos serviços destinados à
divulgação da informação e constitui o princípio básico de todos os
sistemas de Disseminação Seletiva da Informação que buscam,
através de contínua avaliação dos índices de aproveitamento e
posterior retroalimentação do sistema, com os dados assim obtidos,
atingir simultaneamente altos níveis de exaustividade e relevância,
com a menor margem de "ruídos".
Os interesses específicos dos usuários, porém, têm se
demonstrado variáveis, com maior ou menor freqüência, embora
dentro de uma determinada faixa de pertinência
A divulgação das informações disponíveis no Sistema, assume,
então, uma importância que pode se igualar à do fornecimento do
material bibliográfico especificamente selecionado, quando da
entrevista inicial.
A contínua avaliação da utilização das coleções pela análise dos
pedidos resultantes desta divulgação, através de sumários correntes,
pode permitir um melhor ajustamento, e até modificação, dos perfis
dos usuários, retroalimentando o Sistema e indo influir diretamente
sobre os programas de aquisição planificada, determinando decisões
tendentes a que se atinja um elevado grau de relevância por meio de
crité rios exatos de seleção.
A experiência verificada no Sistema de Informação Científica
da Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro parece
exemplificar bem esta interdependência existente
entre os serviços de disseminação da informação e a política de
aquisição planificada estabelecida. Trata-se de um sistema de
aquisição centralizada que permite a disseminação da informação e
a utilização de todos os periódicos pela totalidade dos usuários que,
de alguma forma, se achem vinculados à Secretaria, independente de
sua especialização e dos órgãos em que se achem concentrados os
títulos correntes.
Acompanhando-se a tramitação da informação desde que entra
no Sistema, através de fluxograma das tarefas desempenhadas nos
diversos órgãos do processamento e divulgação, subdivididas em
QUATRO FASES, poderemos verificar a interdependência existente
entre a POLÍTICA DE AQUISIÇÃO e a DISSEMINAÇÃO DA
INFORMAÇÃO e a necessidade de sua mútua retroalimentação.
o CENTRO DE INFORMAÇÃO CIENTÍFICA PARA A SAÜDE
— SUPC
2. 1 lª FASE
2.1.1 Entrada
Todos os periódicos recebidos por compra, doação ou permuta
dão entrada no SUPC — CENTRO DE INFORMAÇÃO
CIENTÍFICA PARA A SAÚDE, na SEÇÃO DE AQUISIÇÃO
PLANIFICADA, do SERVIÇO DE PROCESSAMENTO
TÉCNICO.
Após verificação e registro, são encaminhados e enviados à
SEÇÃO DO CATÁLOGO COLETIVO ainda do mesmo SERVIÇO,
para registro no Vise Record e encaminhamento à SECÃO DE
DISSEMINAÇÃO SELETIVA DA INFORMAÇÃO, do SERVIÇO
DE DIVULGAÇÃO. Esta tramitação leva em média de 24 a 48
horas.
2.1.2 Divulgação
Na SEÇÃO DE DISSEMINAÇÃO SELETIVA DA INFOR-
MAÇÃO os SUMÁRIOS dos periódicos são duplicados mediante
xerox para encaminhamento dos diversos órgãos da Secretaria,
acompanhados de listagens dos SUMÁRIOS CORRENTES
elaborados em ordem e numerados para facilitar os pedidos dos
artigos.
As listagens dos SUMÁRIOS CORRENTES são numerados
seqüencialmente dentro de cada ano e são produzidas às sextas-
feiras incluindo todos os periódicos recebidos durante a semana.
2.1.3 Saída
Às segundas-feiras é feito o envio dos SUMÁRIOS COR-
RENTES e da respectiva listagem para cada uma das UNIDADES
DA SECRETARIA, enquanto os periódicos são guardados na Seção
juntamente com uma listagem na qual é anotada a data da saída que
corresponde ao final da PRIMEIRA FASE.
2.2 2ª FASE — NAS UNIDADES DO SISTEMA
2.2.1 Entrada
Os SUMÁRIOS CORRENTES e a respectiva listagem são
recebidos nas UNIDADES e o bibliotecário responsável confere,
assina o recibo, e separa a listagem dos SUMÁRIOS CORRENTES.
A listagem é guardada enquanto os SUMÁRIOS são divulgados
entre os usuários da Biblioteca.
2 2.2 Divulgação
2.2.2.1 Os usuários anotam em cada SUMARIO os artigos
pertinentes para seus interesses ou aqueles que, a seu ver, deverão
ser solicitados para incorporação ao acervo de sepa-ratas da
biblioteca.
Período de duração: de segunda a quarta-feira.
2 2.2.2 O bibliotecário retoma a listagem, anota as solicitações,
providencia o arquivamento dos SUMÁRIOS CORRENTES em
pastas referentes a cada um dos títulos de periódicos para possível
utilização futura e solicita, por telefone, os artigos de interesse para a
Unidade.
2 2.3 Saída
2.2.3.1 Semanalmente, o bibliotecário solicita a xerox dos artigos à
SEÇÃO DE DISSEMINAÇÃO SELETIVA DA INFORMAÇÃO,
de preferência até quinta-feira, para que os artigos possam ser
enviados juntamente com os novos SU-
MÁRIOS CORRENTES e respectiva listagem, na segunda-feira
seguinte.
2 2 3.2 Os pedidos telefônicos são feitos pela referência O Número
indicativo do título na listagem e pela Paginação dos artigos e
representa o final da SEGUNDA FASE.
2. 3 3ª FASE
2. 3 1 Entrada
2 3.1.1 A SEÇÃO DE DISSEMINAÇÃO SELETIVA DA
INFORMAÇÃO recebe o pedido telefônico e anota os pedidos pelos
números da listagem, dos títulos e a Paginação dos artigos, em
formulário próprio.
2 3.1 2 Reúne os pedidos das Unidades aos dos usuários individuais
do SPI já preparados previamente.
2.3.1.3 Providencia a cópia xerox, em número suficiente, de todos
os artigos solicitados e a referência de cada um dos artigos, em
fichas com a anotação dos solicitantes.
2.3.2 Controle
Após a conferência das cópias com os pedidos e das fichas de
referência com os artigos, as fichas são arquivadas em catálogo
próprio por ordem alfabética de autor.
2.3.3 Encaminhamento
Os periódicos e as cópias dos Artigos são separados de acordo
com seu destino. Os que deverão permanecer no SÜPC são
entregues à SEÇÃO DE PERIÓDICOS para registro, armazenagem
e consulta; os pertencentes às diversas bibliotecas do sistema são
relacionados juntamente com os artigos pedidos, para
encaminhamento na segunda-feira seguinte às bibliotecas das
Unidades onde ficarão à disposição dos usuários para utilização.
2.3.4 Utilização nas Diversas Unidades
2.3.4.1 Nas diversas Unidades os bibliotecários responsáveis
conferem as listagens dos periódicos e dos artigos e assinam os
recibos correspondentes.
2.3.4.2 Após o registro no KARDEX, os periódicos são postos
à disposição dos usuários e as cópias dos Artigos são entregues
aos solicitantes por empréstimo. Todos os Arti-. gos enviados
deverão receber tratamento de separata para posterior
utilização.
2 3.4.3 Toda a utilização por empréstimo, cópia xerox ou
consulta deverá resultar em dados estatísticos diários a serem
consolidados mensalmente em RELATÓRIOS ESTA-
TÍSTICOS.
2.3.5 Saída
Cada Unidade enviará cópias dos RELATÓRIOS ESTA-
TÍSTICOS MENSAIS à SEÇÃO DE DISSEMINAÇÃO SELE-
TIVA DA INFORMAÇÃO do SUPC até o dia 5 de cada mês,
o que representa o final da TERCEIRA FASE.
2.4 4ª FASE
2 4 1 Entrada
2.4.1.1
A informação dá entrada na SEÇÃO DE DISSE-
MINAÇÃO SELETIVA DA INFORMAÇÃO sob a forma de
RELATÓRIOS ESTATÍSTICOS de utilização nas diversas
UNIDADES e no SUPC, por título de periódico, por especia-
lidade e por usuário.
2.4.1.2 Pela alise dos RELATÓRIOS a SEÇÃO DE DIS-
SEMINAÇÃO SELETIVA DA INFORMAÇÃO DO SUPC ela-
bora os diversos MAPAS ESTATÍSTICOS consolidados que
irão permitir a visão de conjunto e a comparação da utilização
dos periódicos em cada uma das UNIDADES.
2.4.1.3 Os MAPAS ESTATÍSTICOS consolidados são enca-
minhados ao GABINETE da DIREÇÃO DO SUPC para exame
e verificação da necessidade de qualquer alteração no Sistema .
Mensalmente são realizadas reuniões da Direção com as
diversas Chefias para avaliação dos Mapas e demais Relatórios
e possível tomada de decisões.
2.4.1.4 Durante estas reuniões são comparados os dados
estatísticos de utilização nas diversas unidades para avalia
ção do funcionamento do Sistema.
Esta avaliação irá comprovar até que ponto a política aquisição
está identificada aos interesses reais dos usuá-os pela análise dos
seguintes dados:
1º .— percentual de títulos arrolados nos levantamentos
bibliográficos realizados para o SDI ou para usuários indi-iduais e
que não constem da coleção.
2] — Percentual de utilização de cada título de periódico pelos
usuários individuais em sua unidade de destino comparado aos
pedidos de xerox de artigos do mesmo título por outras unidades do
Sistema.
3.' — Percentual de utilização de cada título na totalidade do
Sistema.
2 4 2 Retroalimentação do Sistema
Como resultado da avaliação feita durante a reunião dos Chefes,
os dados consolidados são enviados à Seção de Aquisição para
possíveis modificações na política de aquisição danificada e que
poderão se refletir nas seguintes decisões:
2.4.2.1 Redistribuição do Acervo.
Neste caso serão transferidos títulos de periódicos de uma
unidade para outra, desde que comprovados índices de utilização
que justifiquem a medida.
2.4.2.2 Manutenção dos Títulos ou sua substituição
Avaliada a importância de cada título através de sua
utilização no órgão especializado de destino e na totalidade do
Sistema, os periódicos serão mantidos ou substituídos por outros da
mesma especialização e que estejam atendendo melhor aos
interesses dos usuários.
2.3.2.3 Novas aquisições
Pela verificação dos títulos não existentes na coleção e
identificados pelos usuários como relevantes nos levantamentos
bibliográficos, a Seção de Aquisição poderá providenciar sua
aquisição, desde que os coeficientes de pedido para empréstimo
interbibliotecário venham se mantendo em nível constante ou
apresentando crescimento contínuo.
Para aquisição de novos títulos, além deste fator são
também levados em consideração: a dificuldade sua obtenção
através do empréstimo interbibliotecário e a inexistência do título
nas bibliotecas do Grupo de Bibliote-cários Biomédicos do Rio de
Janeiro ou sua localização e biblioteca de difícil acesso.
3 CONCLUSÃO
A experiência verificada no Centro de Informação Cien-.
tífica para a Saúde indica que a retroalimentação do Sistema com
os dados estatísticos da Seção de Disseminação Seletiva da
Informação irá refletir-se diretamente sobre a Seção de Aquisição
Planificada para o estabelecimento da política que permita a
perfeita adequação das coleções aos interêsses específicos dos
usuários.
Como o processo é contínuo, verificamos que de fato há uma
interdependência mútua entre a política de Aquisi-cão Planificada e
a Disseminação Seletiva da Informação e que o êxito do Sistema
repousará no perfeito desempenho destes dois polos que funcionam
simultaneamente como ENTRADA e SAÍDA no Sistema.
DEBATES
Que tipo de usuário possui o Centro de Informações
Científicas para a Saúde do Estado do Rio de Janeiro?
MARIA DAS NEVES NIEDERAUER TAVARES CAVAL-
CANTI: Os nossos usuários de um modo geral são os usuários
institucionais, isto é, de todos os órgãos da Secretaria de Estado de
Saúde e, portanto, todos os usuários individuais a ela vinculados de
qualquer forma.
O Centro de Informações Científicas para a Saúde do Estado
do Rio de Janeiro já atinge a todo Estado?
MARIA DAS NEVES NIEDERAUER TAVARES CAVAL-
CANTI: Diretamente não. Com a fusão do antigo Estado da
Guanabara com o antigo Estado do Rio de Janeiro, ainda há
inúmeros problemas a serem resolvidos. O Estado do Rio é,
atualmente, atingido pelas Coordenadorias. Não pudemos até agora
instalar Bibliotecas nas Unidades que ficam no
artigo Estado do Rio. Mantemos, no momento as Biblio-
tecas que eram do sistema da antiga Secretaria de Saúde
do
Estado da Guanabara e que permaneceram com a Secretarie
Estado de Saúde do Rio de Janeiro, pois muitas dessas
bibliootecas passaram para o município. Nós temos em fun-
cionamento, atualmente, quatro bibliotecas que se bene-
ficiam desse sistema de aquisição planificada.
Qual o número de títulos de periódicos que a rede possui?
MARIA DAS NEVES NIEDERAUER TAVARES CAVAL-
CANTI: Gostaria de dizer que, em 1978, adquirimos 337 títu-
los correntes, que são controlados e divulgados no sistema.
nesses 337 títulos, 110 foram adquiridos por compra, 189 por
doação e 38 por permuta com a Revista Médica do Estado o
Rio de Janeiro, que é editada sob a responsabilidade do
Centro.
Como é feito o empréstimo de periódicos?
MARIA DAS NEVES NIEDERAUER TAVARES CAVAL-
CANTI: Nós não fazemos empréstimo de periódicos no Cen-
tro. No Centro, nós fornecemos cópias xerox dos artigos de
periódicos. Nas unidades, os periódicos podem ser empres-
tados aos usuários que são vinculados à instituição, porque
dessa forma há possibilidade de uma recuperação rápida dos
mesmos.
Qual o material humano disponível para a execução
desses serviços?
MARIA DAS NEVES NIEDERAUER TAVARES CAVAL-
CANTI: O Centro foi criado em janeiro de 1977 e conta,
atualmente com: 5 bibliotecários, 20 funcionários adminis-
trativos, dos quais 3 estudantes de Biblioteconomia e, 18
bolsistas, sendo que a grande maioria são de estudantes de
Biblioteconomia da UFF.
FIGURA 1[ FASE
CENTRO DE INFORMAÇÃO CIENTÍFICA P/SAÚDE
SUPC
FIGURA 2
2ª FASE
UNIDADE DO SISTEMA
FIGURA 5 FASE
CENTRO DE INFORMAÇÃO CIENTIFICA P/SAÚDE - SUPC
FIGURA 4 4! FASE
CENTRO DE INFORMAÇÃO CIENTIFICA P/ SAÚ D E - SUPC
ANTONIO MIRANDA — Há algum tempo vem se comen.
tando a necessidade da criação no Brasil de um Serviço Nacional de
Informação Científica e Tecnológica, como ressonância da pregação
da UNESCO através da UNISIST De fato, esteve no Brasil a alguns
anos atrás o Professor Harold Borko que visitou o antigo IBBD.
Criou-se, então uma comissão nacional devotada ao estudo de
viabilidade e de infraestrutura que deveria ter o país, para a
existência de uma rede ou sistema de informação científica e
tecnológica. Essa rede teria por objetivo servir como base do-
cumentária da informação ao próprio desenvolvimento nacional, aos
programas nacionais de desenvolvimento e aos programas setoriais
de educação. Essa comissão daria lugar ao nosso SNICT (Serviço
Nacional de Informação Científica e Tecnológica), infelizmente,
isto não ocorreu. No seu lugar. no entanto, houve a reorganização
do IBBD. O IBICT surgiu por uma resolução do CNPq, com o título
de "Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia", se
lermos os objetivos e as razões que levaram à criação do IBICT,
veremos que muitas das idéias que estavam na comissão para a
criação do SNICT, reaparecem na reorganização do antigo IBBD,
atualmente, IBICT. Desejamos que o IBICT se desenvolva
plenamente tendo recursos humanos. econômicos e materiais
necessários para vir a se tornar o verdadeiro Serviço Nacional de
Informação Científica e Tecnológica, que a Comunidade Científica
Brasileira está reclamando. Isto nos parece de grande importância,
principalmente porque nesse momento estão surgindo no Brasil,
uma série de serviços de informação especializados que, entretanto,
carecem de uma coordenação de suas atividades, para que se evite a
repetição ou sobreposição de tarefas, barateamento dos custos e
complementação de atividades em favor de seus usuários. Num país
carente como o nosso não encontramos razões para seguir mantendo
serviços de informação disciplinado, quando a experiência
internacional determina a existência de serviços rmiltidisciplinares e
inter disciplinares
Acredito que num Painel sobre Informação Científica não
poderia faltar uma voz de alerta: a existência de uma política
nacional de informação científica e tecnológica e de um órgão
senão executivo em todas as suas prerrogativas pelo menos
coordenador dessa política, onde houvesse uma delimitação clara
das atividades de uma BIREME, de um
CNEN, de um SIDE e assim por diante, em que todos
soubessem quais são as suas responsabilidades e determina-
ções e, um órgão central para ouvir, não para decidir sobre
essas responsabilidades, que escutasse as partes envolvidas e
determinasse em conjunto, o que corresponde a cada um, em
benefício do próprio sistema.
Quando nós advogamos pela definição de uma política
nacional de informação, não pretendemos com isso criticar as
instituições atualmente existentes porque elas são vítimas da
não-existência dessa política, senão a nós mesmos da classe
bibliotecária e às autoridades nacionais que ainda não
chegaram à formulação dessa política.
Gostaria que desse Seminário saísse à SEPLAN — Secre-
taria de Planejamento — uma noção completa no sentido de
que se reinicie o processo de estudo e definição de uma
política nacional de informação ligado ao Plano Básico Na-
cional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, de forma
ave o movimento que começou com o SNICT e que se dissi-
nou, volte a se constituir, trabalhar e pensar em termos de
integração de redes e sistemas de informação no Brasil.
A mensagem final era justamente essa. Informação é
energia. Informação gera nova informação. Informação é
matéria prima que o país precisa controlar e gerenciar, no
sentido do alcançar seus objetivos. A informação tem um alto
custo. Uma parte da informação é gerada no país, a maior
parte é importada, seus custos são elevados e portanto, deve
haver um critério na seleção dessa informação, no seus
controle e na sua disseminação. Não pode haver desenvol-
vimento nacional sem gerência de informação científica e
tecnológica, precisamos nos despertar para essa problemática
e a classe bibliotecária, está se despertanto para, a partir daí,
passar a assumir a liderança junto às autoridades nacionais, no
sentido de fazer-nos ouvir e para trabalharmos em cooperação
nessa iniciativa.
PAINEL SOBRE ADMINISTRAÇÃO DE BIBLIOTECAS
UNIVERSITÁRIAS
COMPONENTES DA MESA
Coordenadora: DINAH AGUIAR POBLACIÓN (Presidente da
Comissão Brasileira de Documentarão Biomédica e Professora
da Escola de Comunicação e Arte da USP)
Conferencista: JANICE DE MELLO MONTE-MÓR (Diretora da
Biblioteca Nacional)
Expositores: ANTONIO MIRANDA (Assessor de Planejamento
Bibliotecário da CAPES)
ALICE BARROS MAIA (Diretora do Núcleo de Do-
cumentação da UFF)
MARIA REGINA AZEVEDO ARBULO URIARTE (Chefe da
Biblioteca do Centro de Ciências da Saúde da UFRJ)
Secretária: MARÊDA FIORILLO BOGADO (Chefe da Biblioteca
Biomédica da UFF)
COOPERAÇÃO ENTRE A BIBLIOTECA NACIONAL E AS
BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS
JANICE DE MELLO MONTE-MÓR
Diretora da Biblioteca Nacional
O tema "Cooperação entre a Biblioteca Nacional e as
Bibliotecas Universitárias" se tomado em sentido geral, isto é se não
particularizarmos o caso do Brasil, tem sido objeto de extensa
bibliografia, pois pela própria natureza da Biblioteca Nacional,
pelos seus objetivos decorre a necessidade da cooperação. Por outro
lado, da própria necessidade de bem cumprir seus objetivos, a
biblioteca universitária, especialmente as dos países em
desenvolvimento, sente a importância de entrosamento e cooperação
com a biblioteca nacional de seu país.
Considerando a biblioteca universitária como um todo. qualquer
que seja sua estrutura, há um interesse eclético no tocante à
aquisição de material bibliográfico, há uma dependência de
bibliografias e obras de referência em geral, há um interesse
indiscriminado em relação ao tipo de material, além de livros e
periódicos. Apesar desse ecletismo comum a ambos os gênero™ de
bibliotecas, a nosso ver, surgem problemas que sendo comuns às
duas partes, certamente com apoio mútuo poderão ser resolvidos
com maior eficiência e rapidez, garantindo uma compatibilidade de
sistemas técnicos a serem adotados. Mencionaria entre outros
problemas comuns, o problema de espaço e orçamento a exigirem
um plano comum de aquisição planificada, pois tanto a biblioteca
universitária, quanto a biblioteca nacional tendem a se tornar
organismos agigantados. O problema da duplicação do tratamento
técnico das coleções a exigirem padrões únicos tanto quanto
possível no processamento do material bibliográfico a nível
nacional, ou seja, o Controle Bibliográfico Nacional. A permuta
tanto em âmbito nacional como internacional, o empréstimo inter-
bibliotecário, a preservação e restauração de documen-
tos, etc. Fizemos essa enumeração apenas para mostrar como
de fato são comuns os problemas que afligem tanto as
bibliotecas universitárias como a biblioteca nacional É de tal
maneira desejável essa cooperação, que em alguns países, a
biblioteca nacional se confunde com a biblioteca universitária,
como é o caso da Dinamarca, Noruega e Israel.
Em 1958, o célebre Colóquio Internacional de Bibliotecas
Nacionais da Europa, dedicou sua 3ª parte às Bibliotecas
Nacionais e à cooperação entre bibliotecas e, os trabalhos
apresentados àquela Sessão davam ênfase aos catálogos cole-
tivos que são tradicionalmente, atribuição das bibliotecas
nacionais; o caso do Brasil é uma exceção. Outro aspecto
importante que foi destacado nessa Reunião foi a aquisição
planificada, que tem como suporte os próprios catálogos
coletivos, daí a ênfase dada aos princípios técnicos para que
houvesse compatibilidade entre os catálogos coletivos, isto é, a
preocupação com a normalização na compilação dos catálogos
coletivos. A partir de 1974, data da Conferência
Intergovernamental da UNESCO sobre planejamento e infra-
estruturas nacionais de Documentação, Bibliotecas e
Arquivos, preconizou-se a integração entre esses sistemas de
informação e, que uma vez estabelecido esse sistema num
determinado país, ele assumiria automaticamente a coope-
ração, isto é, desde o momento em que o país estabeleça sua
estrutura de coordenação de redes e sistemas de informação,
logicamente, ele assuma essa cooperação.
Gostaria de trazer para esse Seminário como sugestão um
anteprojeto de cooperação sistemática entre a Biblioteca
Nacional e as bibliotecas universitárias brasileiras.
O Controle Bibliográfico Nacional, como todos sabemos,
e como foi reafirmado pela UNESCO e pela IFLA, no Con-
gresso de setembro de 1977, é uma atribuição das bibliotecas
nacionais e, também, deve ser uma decorrência natural do
depósito legal, que por sua vez deve ser previsto na legis-lação
de cada país. Sob esse aspecto estamos caminhando
perfeitamente dentro das normas internacionais. Temos através
de uma legislação ,embora obsoleta e insatisfatória, um
depósito legal que é prerrogativa da Biblioteca Nacional e,
temos uma Biblioteca Nacional que se preocupa e tenta
produzir um Boletim Bibliográfico ou seja, uma Bibliografia
Brasileira Corrente, sendo esse o caminho para se chegar ao controle
Bibliográfico Nacional. Ora, se as bibliotecas universitárias
assumirem a coordenação da produção bibliográfica de suas
Universidades e cumprirem o depósito legal devido a Biblioteca
Nacional, está aí o fundamento para o entendimento da cooperação
entre a Biblioteca Nacional e as bibliotecas universitárias. Através,
dessa contribuição dada pelas bibliotecas universitárias estaria a
Biblioteca Nacional apta para assumir a responsabilidade do ofereci-
mento de uma Bibliografia Brasileira Corrente que corresponda à
realidade nacional. Essa colaboração vem sendo feita de maneira
informal, gostariamos que fosse realizada de maneira sistemática
pelas bibliotecas universitárias. podemos dizer que depois de 5 anos
de interrupção, a Biblioteca Nacional voltou a publicar o seu
Boletim Bibliográfico de forma trimestral.
Outro ponto a respeito do Controle Bibliográfico Nacional, e
que acredito seja de interesse comum diz respeito à normalização
desse processamento técnico. A Biblioteca Nacional recebe essa
documentação, deve processá-la de foi ma padronizada a nível
nacional e internacional, de maneira que o seu produto possa ser
utilizado adequadamente. Aqui, então, gostaria de expor o esforço
que a Biblioteca Nacional está fazendo com a cooperação do
CIMEC, Centro de Informática do Ministério da Educação, no sen-
tido de estabelecer um formato padrão que será utilizado pela
Biblioteca Nacional e, se for bem sucedido, pode vir a se tornar um
formato nacional. Estou me referindo ao CALCO. O CALCO foi
iniciado por Alice Príncipe Barbosa no antigo IBBD, durante o
período de transformação do IBBD para o atual IBICT. Esse projeto
foi oferecido à Biblioteca Nacional que vem se empenhando em
ampliá-lo e, desde então, a Biblioteca Nacional com o apoio do
CIMEC vem procurando desenvolver o CALCO. Esse projeto
recebeu apoio do último Congresso Brasileiro de Bibliotecários rea-
lizado em Porto Alegre, em 1977. Houve uma reunião no Rio de
Janeiro, em agosto de 1977 e muitas entidades que dela participaram
ficaram de certa forma interessadas no CALCO. Entre essas
entidades podemos citar: Grupo de São Bernardo do Campo,
Fundação Getúlio Vargas, IBICT. Museu Nacional, UFRGS, etc.
Em seguida tivemos em outubro do mesmo ano, a presença entre nós
da grande especialista Henriette Aghram, da Biblioteca do
Congresso dos
Estados Unidos, autora por assim dizer do formato MARC no
qual o CALCO se baseou e que nos encarajou bastante a
continuar no nosso projeto e, que nos deu uma série de
esclarecimentos e conselhos. Naquela ocasião, trazíamos da
Conferência de Paris, o UNIMARC que é o formato de trans-
ferência de informação à nível internacional. Chegamos então,
à conclusão de que deveríamos dar uma parada no
desenvolvimento do CALCO de tal maneira que pudéssemos
compatibilizá-lo ao UNIMARC, antes de ser ele aplicado ao
Brasil. Isto foi feito pelo CIMEC com a colaboração da
Biblioteca Nacional. O CALCO está adotando todos os
princípios atuais de catalogação ou seja, o ISBD, que deve ser
utilizado pelo Código de Catalogação Anglo-Americano, cuja
nova edição está para ser publicada. A partir daí o' CIMEC
produziu um novo manual de preenchimento de folha de
entrada para o CALCO. Esse manual só será publicado depois
de ser devidamente testado com o Boletim Bibliográfico da
Biblioteca Nacional. O Boletim Bibliográfico, até a presente
data, está sendo feito por computador, mas ainda não está
totalmente enquadrado no CALCO. No momento em que o
CALCO estiver plenamente desenvolvido A Biblioteca
Nacional, pelo menos para efeito do Boletim, adotará a
catalogação com a normas de ISBD, deverá mudar o nome do
Boletim para Bibliografia Brasileira Corrente e deverá
apresentá-lo de forma diferente, talvez nas bases da Canadiana,
com a ficha completa e, oferecer subprodutos como fichas
impressas. O CALCO será processado todo ele em fita
magnética, naturalmente será armazenado por computador que,
assim, iniciará o Banco de Dados do material brasileiro
recebido pela Biblioteca Nacional ou seja, o Controle
Bibliográfico Nacional.
O Grupo do CIMEC está trabalhando, também, em outros
manuais, como: "Instruções de preenchimento do formulário
CALCO: autoridades, versão preliminar". Temos que colocar
no computador o catálogo de autoridades, cabe-çalhos de
autoridades, cabeçalhos de assunto, entrada de autores, etc, de
maneira que já estamos fazendo um estudo na Biblioteca
Nacional de comparação do cabeçalho de assunto, entrada de
autores, etc., de maneira que já estamos fazendo um estudo na
Biblioteca Nacional de comparação do cabeçalho de assunto
publicado pelo IBICIT com o cabeçalho de assunto adotado
pela Biblioteca Nacional, para verificar qual deles deverá ser
usado ou, se será necessário uma revisão.
Acredito que quando as universidades brasileiras examinarem o
CALCO e o considerarem corno um formato aceitável, prático e
passarem a usa-lo, nos teremos muito rapi-damente a recomposição
ou atualização daquele catalogo coletivo de livros, que tanto nos
serviu, criado na Fundação Getúlio Vargas e assumido pelo IBBD,
atualmente IBICT, que, infelizmente teve que ser descontinuado
porque não há mais condição de mantê-lo de forma manual. De
maneira que se as universidades brasileiras começarem a usar um
sistema compatível com o CALCO, mesmo que não seja o CALCO,
as fitas magnéticas poderão ser trocadas e rapidamente nós teremos
um catalogo coletivo nacional, e vários bancos de dados. O
importante, realmente, é a compatibilidade dos sistemas usados.
No campo do controle bibliográfico nós, também, estamos
iniciando a execução do ISBN no Brasil, como sabem a Biblioteca
Nacional passou oficialmente a se constituir na Agência Nacional do
ISBN, do número internacional do livro, dessa forma distribuiu a
todos, evidentemente, que nesse campo há muitas falhas, mas a um
grande grupo de editores brasileiros oficiais e comerciais
interessados, um primeiro folheto sobre o sistema ISBN, e já está
distribuindo um segundo folheto, que é propriamente o manual do
ISBN para o editor. O ISBN está todo sendo controlado pelo
C1MEC e será um projeto totalmente automatizado. A Biblioteca
Nacional já tem por antecipação em etiquetas gomadas os números,
ou seja os códigos das editoras brasileiras com os números
previamente alocados, de maneira que o editor que preencher sua
folha de ISBN, que é sempre compatível com o CALCO pode numa
visita à Biblioteca Nacional, no mesmo instante receber o número de
ISBN do livro que estiver editando, basta que ele apresente os dados
numa folha preenchida e, a Biblioteca Nacional retira das etiquetas
gomadas aquela que será alocada a essa editora e ao seu livro e cola
naquele formulário. O formulário é preenchido em duas cópias: uma
fica com a editora e a outra é enviada ao CIMEC, que
periodicamente produz uma lista dos ISBN já distribuídos no Brasil.
O ISBN funcionando no Brasil é um instrumento do maior valor que
a Biblioteca Nacional possui para verificar o efetivo depósito da
produção bibliográfica nacional. Nesse ponto, antevejo um elemento
de cooperação pois cabe às editoras e em especial as bibliotecas
universitárias, mais diretamente do que às
editoras universitárias, um alerta às universidades, para que as
editoras universitárias se sensibilizem, no sentido de fazerem
sua inscrição no ISBN de todos os livros que venham a ser
publicados por elas.
Em termos de aquisição planificada diria que um campo
enorme de cooperação se apresenta. A aquisição planificada,
normalmente, tem como base os catálogos coletivos que no
Brasil estão divididos em catálogos de livros e de periódicos,
sob a grande responsabilidade e atuação do IBICT, embora o
catálogo de livros esteja descontinuado. A aquisição
planificada se impõe nesse país, que se encontra cada vez mais
distante do que se produz no mundo cultural, porque
aumentam a cada dia as barreiras para a aquisição,
especialmente no que se refere à produção bibliográfica
importada. Não podemos num país como o nosso nos dar ao
luxo de pretender manter coleções completas, mesmo porque
os recursos reprográficos nos facilitam muito a cobertura
dessas lacunas. Atualmente, não é mais tabu não se possuir um
número de uma coleção, quanto mais a biblioteca pretender ter
todas as coleções de todos os periódicos, de todos os livros, em
todas as línguas, portanto cada vez mais se torna necessária a
aquisição planificada, evidentemente, que há necessidade de
uma coordenação nacional, mas mesmo espontaneamente esse
trabalho pode ser iniciado. Com relação a isso, nós tivemos um
exemplo muito interessante a muitos anos atrás, com o
Catálogo Coletivo do IBBD e a Faculdade de Odontologia de
São Paulo, que assumiu a responsabilidade de Centro Nacional
de Odontologia e que recebeu do IBBD uma ajuda em bônus
da UNESCO para completar suas coleções, mas por outro lado,
se comprometia a cobrir em profundidade um determinado
campo na área de Odontologia. Temos assim, que dividir
responsabilidades e nos aprofundar no tocante às
especializações. Nesse campo, gostaria de dizer que a
Biblioteca Nacional poderia cooperar considerando o seu
próprio problema. Nós sempre partimos do problema da
biblioteca, que sempre é muito amplo, pedimos ajuda à FINEP,
que é financiadora de estudos e projetos. Podemos citar como
exemplo, o projeto de aquisição planificada, que depois de 3
anos e meio de lutas para conseguirmos utilizar os recursos
recebidos, finalmente estamos vitoriosos e, devemos começar
agora a executar esse projeto. Esse projeto é o segundo de uma
série de 4, ele consiste no levantamento das coleções da
Biblioteca
FINEP e outra parte pela Universidade, uma assistência de
cientistas, biólogos, entomologistas ,fitopatologistas, quími-
cos e bioquímicos para fazerem pesquisas com o matéria da
Biblioteca. A Universidade se prontificou a fazer análise do
material de consumo a ser utilizado pelo laboratório de
restauração da Biblioteca Nacional. O material empregado
na restauração tem que ser testado antes de ser utilizado
A Casa de Rui Barbosa assinou também, um convênto
com a Biblioteca Nacional na parte de restauração de
documentos. Está sendo montado o laboratório de restai
ração da Casa de Rui Barbosa, ao mesmo tempo estão ini-
ciando a formação de pessoal para operar nesse sistema.
A Biblioteca Nacional tem um grupo de restauração que
está permanentemente em contato conosco e, esse grupo vem
sendo presidido por Edson Motta, grande especialisa
brasileiro em restauração. No campo de restauração e pre-
servação de documentos estamos oferecendo, embora de
maneira ainda débil, estágios para os interessados. Estamos
desenvolvendo na parte de microfilmagem um grande tra-
balho com uma ajuda especial da Fundação Ford e com
auxílio do Latin American Microfilm Project. Estamos
microfilmando jornais e relatórios brasileiros das províncias
do Império.
Estamos, também, microfilmando jornais de 10 Estados
do Brasil sob nossa coordenação, embora de maneira descen-
tralizada. As obras raras da Biblioteca Nacional, cerca <
30.000 peças, que constituem a Seção de Obras Raras da
Biblioteca Nacional.
Um convênio internacional foi estabelecido em 1977,
com a Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos para troca
de 200 rolos de microfilmagem de jornais brasileiros a cada
ano. Esse convênio já foi cumprido com grande vantagem,
creio eu, de parte à parte.
Firmamos um convênio com o Departamento de História
da UFF, o Ministério da Educação, o Governo do Estado do
Rio de Janeiro e a Prefeitura de Niterói, com o objetivo de
formarmos uma grande hemeroteca. Essa imensa coleção de
periódicos pertencia ao Governo do Estado do Rio de
Janeiro, que através de sua Divisão de Biblioteca não
ha meios para organizá-la e preservá-la, veio, com a ajuda
1
MEC e a assistência técnica da Biblioteca Nacional,
transferida para Niterói, estando sob a guarda dessa Prefei-
tura sob a gerência do Departamento de História da UFF,
sendo devidamente organizada para servir como imenso
campo de pesquisa. Será a 2ª grande hemeroteca do país.
Dessa forma, acredito que isso seja um prenuncio de um
anteprojeto de cooperação efetiva entre as bibliotecas uni-
versitárias brasileiras e a Biblioteca Nacional.
DEBATES
LELIA GALVÃO CALDAS DA CUNHA (Chefe do Depar-
tamento de Documentação da UFF): Você tem algum exem-lo a
citar com relação a contribuição dada pela Biblioteca Nacional, no
campo da permuta a alguma universidade brasileira?
JANICE DE MELLO MONTE-MÓR: Não me ocorre agora um
exemplo concreto. O que posso dizer é que a biblioteca Nacional
recebe um grande número de publicações para redistribuir pelo
Brasil. Gostaria de dizer que não estamos satisfeitos com o nosso
trabalho de permuta a nível de redistribuição nacional e, que a
muitos anos vimos sugerindo a criação de um Centro Nacional de
Permuta, embora até o momento presente não tenha havido provi-
dências que chegassem a um sucesso nesse campo.
BELA PEDROSA (Universidade Santa Úrsula): Há segurança
contra incêndio na Biblioteca Nacional?
JANICE DE MELLO MONTE-MÓR: A Biblioteca Nacional
recebe assistência do Corpo de Bombeiros desde 1971. Depois de
cumpridas todas as exigências, a Biblioteca Nacional recebeu um
certificado emitido pelo Corpo de Bombeiros, do qual muito nos
orgulhamos. Cursos especiais para prevenção de incêndios foram
feitos com 2/3 dos funcionários da Biblioteca Nacional, em que foi
ensinado o manuseio dos equipamentos próprios contra incêndios.
Os microfilmes matrizes de segurança da Biblioteca Nacional estão
numa câmara frigorífica bem separada e bem distante dos arma-
zéns. Desejamos conseguir um depósito fora da Biblioteca
Nacional para ser guardado esse material. Solução de fato
para esse problema só será encontrado quando se conseeguir
um anexo para a Biblioteca Nacional. Não podemos dizer
que não haja perigo de incêndio, mas podemos afirmar que
tudo está sob controle.
MERCEDES DE LA FUENTE (Instituto Adolfo Lutz de São
Paulo): A publicação do Boletim Bibliográfico Correm! incluirá
obras especializadas? Como fica a duplicação de informação
nessas áreas? As instituições de pesquisa em área governamental,
cujo material é enviado regularmente à Biblioteca Nacional, como
se situa nos planos apresentados?
JANICE DE MELLO MONTE-MÓR: A Biblioteca Nacional
tem por decreto específico de 1907, o depósito legal e se
compromete à divulgar tudo aquilo que recebe. Eu diria que
qualquer outra publicação é que constituiria uma dupli-cação de
serviço. Tudo o que é depositado na Biblioteca Nacional tem que
ser divulgado através de um Boletim ou de uma Bibliografia, isto é,
todas as publicações brasileiras recebidas pela Biblioteca Nacional
são divulgadas, mesmo as especializadas.
TÂNIA MENDES (Bibliotecária da Fundação Getúlio Vargas
de São Paulo): Considerando a situação de infra-estrutura das
bibliotecas, se a Biblioteca Nacional com o desenvolvimento do
CALCO já pensou nos custos operacionais, no pessoal disponível
nas demais bibliotecas, possivelmente usuários do CALCO, na
política de atuação das bibliotecas, nos acervos disponíveis no
Brasil e, fundamentalmente, na necessidade dos usuários?
JANICE DE MELLO MONTE-MÓR: Não. Nós não
pensamos em nada disso, quando desenvolvemos o CALCO. Nós
temos um problema específico na Biblioteca Nacional: mecanizar
os serviços da Biblioteca Nacional, porque não há mais
possibilidade de continuar o trabalho manualmente. Na época em
que tomamos esta decisão o que havia em estudos no Brasil era o
CALCO e, estudamos a viabilidade de seu desenvolvimento e
aplicação à Biblioteca Nacional. Garantimos que o CALCO tem
uma compatibilidade internacional, achamos que devíamos levar
esse estudo adiante para resolver o problema da Biblioteca
Nacional. O que nos parece é que estando em desenvolvimento ura
BIBLIOTECA UNIVERSITÁRIA NO BRASIL
REFLEXÕES SOBRE A PROBLEMÁTICA
ANTONIO MIRANDA (Assessor de Planejamento
Bibliotecário da CAPES)
RESUMO
A biblioteca como um problema técnico e como fenômeno
social, a inter-relação com o meio ambiente, o processo de
negociação com as esferas do poder decisório superior. Necessidade
de definição de objetivos segundo a realidade institucional,
necessidades de desenvolvimento de uma mentalidade científica de
planejamento de serviços e de avaliação de coleções e de
formulação de uma política de seleção. Discute o problema da
estrutura administrativa (ausência de padrões e critérios válidos na
elaboração de organogramas e na definição de atribuições,
responsabilidades, orçamentos e programação de atividades); de
"processos técnicos" (excessivo apego às tarefas técnicas sem
estudos sérios de adequação às suas próprias necessidades) e, por
último, os problemas de pessoal, (desestímulo ao aperfeiçoamento
contínuo e a titulação a nível de pós-graduação para acompanhar a
própria capacitação docente nas universidades e responder à
demanda cada vez mais sofisticada/especializada da comunidade
universitária>. A biblioteca universitária sobrevive sem este
planejamento, não orienta adequadamente a formação de sua
coleção e não dedica suficiente tempo e recursos à referência e ao
treinamento de usuários, ou seja, descuida o princípio orientador
dos serviços e os fins e objetivos da entidade. Advoga, como
solução, um plano de estímulo na formação de pessoal bibliotecário
e a criação de um Sistema Nacional de Bibliotecas Universitárias.
1 Introdução
Antes de constituir-se em problema técnico possível de ser
controlado e submetido à hermenêutica das leis normas da
biblioteconomia, a biblioteca universitária é um fenômeno social. A
complexidade está na dicotomia apa rente entre a abordagem
técnica e a visão política dos pro-blemas. A práxis revela que
binômio técnica - contexto social só é equacionado positivamente
quando o árbitro no caso o bibliotecário — transita nas duas esferas
e quando sabe, como administrador, dialogar com o poder decisório
superior. Erra. portanto, aquele que oferece tão somente soluções
técnicas. Frusta-se o planejador que não sabe auscultar as forças
tendências, inclinações e demandas das personalidades em conflito
na sua área de atuação e fracassa se não souber articular estas forças
ambientais em favor de seu projeto. Vale dizer: o projeto só é válido
— por mais correto que pareça do ponto de vista técnico — se
conseguir catalizar as "forças e inclinações do meio ambiente em
que pretende atuar.
Caberia, portanto, a análise desta conjuntura como parte
inalienável do planejamento de sistemas de bibliotecas em nossas
universidades. A razão está em que cada instituição tem as suas
características próprias, suas tradições e até mesmo barreiras
psicológicas que são o produto de sua ideologia ou —- para ser
mais preciso — do ideário dos que forjaram e nela imprimiram a
sua personalidade, assim como a influência de seus novos líderes.
A dificuldade maior está em que esta "realidade objetiva'' é
dinâmica, expressando o equilíbrio tático das forças atuantes.
Sem dúvida, esta conjuntura afeta o funcionamento de serviços
bibliotecários com nessas universidades. Para dar ura exemplo, as
dificuldades de criação e desenvolvimento de uma biblioteca central
em uma universidade mais antiga (que foi criada através da
coordenação das antigas faculdades isoladas pré-existentes as quais
continuam mantendo uma (compreensível) autonomia e até certa
auto-suficiência) do que uma universidade totalmente nova, criada
sobre a prancheta do planejador. No primeiro caso, o diálogo sobre
"centralização e descentralização coordenada" dos
seviços bibliotecários da B. C. exige um nível de argumen-
tação e persuação mais complexo e diplomático do que na
nova universidade, onde os recursos humanos foram recru-
tados coetaneamente, dentro de principios gerais e abran-
gentes e onde os elementos ainda não têm posições de certa
forma cristalizadas e sacramentadas pela tradição. A capa-
cidade de "ubiqüidade" na abordagem do problema é o
grande desafio diante do bibliotecário-planejador. Ele
precisa ponderar as forças em derredor, colocando-se na
perspectiva mesma de seus interlocutores, sem preconceitos
sem exacerbação de ânimos, na tentativa de compreender as
opiniões divergentes e de encontrar um mínimo divisor
comum capaz de neutralizá-las.
Esta capacidade de isenção crítica, de honestidade na
articulação de dados e de "distanciamento" (no sentido
brechtiano do termo) quanto às forças em conflito (se for c
caso) é o lado mais difícil do problema, pois depende da
habilidade inata de parlamentar que deve fazer parte dos
requisitos e qualidades do bom administrador envolvido em
tarefas de relações humanas, seja ele bibliotecário ou não (
1
).
No estudo das duas realidades — a da universidade mais
antiga vivendo o processo transitório da sua homogeneização
(1) Uma corrente inglesa mais radical advoga que a administração de
biblioteca não deve ser exercida por um bibliotecário, mas sim por um
especialista em administração, ficando com o bibliotecário a assessoria
relativa aos problemas técnicos. É discutível a validade de uma
experiência desta natureza, pois não é o diploma que faz o profissional.
Sem dúvida, se o graduado em administração tiver, aliado aos
conhecimentos específicos em. sua área, as aptidões inatas, e souber
assessorar-se convenientemente, ele cumprirá, com provável sucesso, a sua
missão. Provavelmente até melhor que um bibliotecário sem a experiência
e domínio da arte de administração. Se. ao contrário (e isso costuma
acontecer com muita freqüência, infelizmente) o administrador não-
bibliotecário não é nem administrador e nem bibliotecário, então a
experiência pode ser fatal.
A insistência na necessidade de indicar profissionais para a
administração em suas áreas de competência é justamente a de tentar uma
empatia profissional e técnica mais solidária, capaz de granjear o apoio e a
cooperação entre iguais o que — é bom frisar - também pode, em
circunstâncias excepcionais, gerar inconfor-mismo e conflitos.
O ideal seria o bibliotecário com a dupla titulação (em. bibliote-
conomia e em administração) mas com a necessária ressalva de que a
experiência e a aptidão próprias devem somar-se aos títulos vazios de
significados positivos.
e a nova universidade gestando sua fisionomia estrutural .
deve-se ressaltar que uma não é melhor do que a outra são
diferentes e ambas oferecem vantagens e desvantagens
A mais antiga talvez apareça como mais conservadora
cautelosa em suas decisões e burocraticamente mais lenta
enquanto que a mais nova tem maior liberdade para criar e
decidir. Por outro lado, esta última tende a exercitar o método
desaconselhável da "tentativa e erro", devido à inespe-riência
de seus componentes humanos se não como indiví-duos (pois
alguns podem ter tido uma comprovada experiência prévia)
mas sim como equipes de trabalho. Naturalmente que a
biblioteca é beneficiária e vítima da infra-estrutura geral da
instituição na qual ela se insere. Ignorar esta estrutura maior é
impossível na prática Por outro lado como já foi assinalado, as
instituições são as pessoas que dela participam e é tarefa do
bom administrador saber manter a eqüidistância responsável
com as diversas lideranças mediante diálogo construtivo e
objetivo, evitando posições radicais e intransigentes, afiliações
fortuitas e passageiras, tendo em vista objetivos e benefícios
duradouros para a organização que ele dirige.
Sendo um organismo dentro de outro maior, seria pro-
cedente investigar o que o organismo maior pensa e espera da
biblioteca, na tentativa de saber os seus limites e atribuições
segundo as possibilidades reais.
Não temos, e é reconhecida a nossa falha, uma tradição
bibliotecária no Brasil, assim como a nossa tradição univer-
sitária é bem recente. Não podemos esquecer o fato de que as
universidades são fenômenos novíssimos em nossa cultura por
causa do nosso tipo de colonização. Verdadeiras bibliotecas
universitárias — entendidas não apenas como grandes
coleções em majestosos edifícios mas julgadas, sobretudo,
pela excelência de seus serviços à comunidade acadêmica só
aparecem neste século e só agora começam a afirmar-se o a
impor-se. O conceito mesmo de biblioteca varia de país para
país e é peculiar no nosso caso, a falta de tradição no uso de
livros e de bibliotecas. É a experiência que limita ou amplia os
conceitos. A nossa é uma sociedade emergente onde, via de
regra, o nosso bisavô era analfabeto, nosso avô concluiu o
curso primário e nossos filhos, pelo menos alguns deles
chegam à universidade, sem haverem convivido com'
livros em casa, sem nunca terem freqüentado boas bibliotecas
públicas. Isto é válido para alunos e para professores e só a
novíssima geração de professores utiliza grandes bibliotecas
para a elaboração de suas teses e pesquisas. Ao contrário, a
grande maioria supriu a carência de serviços bibliotecários
hábeis e ágeis organizando duas bibliotecas privadas ou as
coleções departamentais para consulta imediata. Esta
experiência conforme a visão do que o professor (e por ex-
tensão toda a comunidade) tem da biblioteca. As nossas pe-
quenas, mal aparelhadas e pobres bibliotecas setoriais existem
porque algumas personalidades sentiram a necessidade de
desenvolvê-las e apoiá-las como instrumentos de apoio ao
ensino e à pesquisa nas suas áreas de atuação. Foram médicos,
engenheiros, químicos, especialistas em Sociologia, Direito ou
Educação, coordenadores ou diretores de cursos que
arregimentaram esforços, reuniram obras, buscaram fundos e
iniciaram suas coleções. Na maioria dos casos, quando a
empresa torna-se complexa, contratam bibliotecários para
organizá-las e atendê-las. A estes idealizadores e pioneiros
cabe-lhes o mérito e o reconhecimento e naturalmente, de-
fendem o seu patrimônio quando ameaçado de descaracte-
rização mediante sua incorporação anônima a serviços cen-
trais, fora de seu alcance e determinação.
A modernização e a racionalização no emprego dos re-
cursos humanos, materiais e financeiros na manutenção de
serviços bibliotecários em nossas universidades exige uma
mudança radical de métodos de organização de serviços, onde
a "biblioteca isolada" não tem condições de sobrevivência.
Como, então, conciliar esta tradição de biblioteca isolada,
liberada por indivíduos interessados na sua implantação c
manutenção — precária em serviços e praticamente voltada
para si mesma —, com esta outra biblioteca em circuito, em
sistema, delegando parte de suas prerrogativas em função dos
benefícios do intercâmbio e dos usuários?
Trata-se, sem dúvida, de uma decisão administrativa. mas
no fundo envolve negociações para as quais o planejador
necessitará de uma grande dose de isenção, flexibilidade,
paciência e visão de futuro. Primeiro porque as pessoas não
costumam ceder seu território de influência se não estão
plenamente convencidas das vantagens desta renúncia. In-
felizmente — devemos reconhecer —, as tomadas de decisões
quanto a "centralização" têm sido feitas de forma geralmente
autoritárias, sem estudos sérios e bem fundamentadas, sem
uma campanha de esclarecimento público adequada e sem uma
programação correta na sua inplantação Fechar bibliotecas no
início ou fim do ano escolar para mudança é um erro que,
infelizmente não é dos mais raros entre nós.
Logicamente, toda mudança deve ser precedida de uma
programação que assegure o mínimo de atropelos aos usuários
e só se justifica se o sacrifício for realmente para melhorar os
serviços da biblioteca. De preferência, o material a ser
transportado deve ser previamente processado, toda a me-
cânica da mudança prevista e controlada e a comunidade
informada da mudança. Afinal, o que se muda não são apenas
livros mas também serviços e eles não podem ser descon-
tinuados sob pena do prestígio e da frustação. Parece óbvio.
mas, lamentavelmente, é freqüente assistirmos a "bibliotecas"
inteiras em caixotes, com seus fichários transtornados, jogados
nos depósitos de bibliotecas maiores, com a alegarão de que
"faltam funcionários" para reorganizá-los. E porque, então,
foram desmanteladas?
Descontinuidade administrativa, falta de poder de deci-são
do bibliotecário no processo, reviravoltas nas regras do jogo,
descuido, acidente incontrolável? De tudo um pouco na via
crucis da organização de nossas bibliotecas universitárias, hoje
vivendo a sua crise de crescimento e afirmação.
Com a explosão demográfica na universidade (hoje são
mais de um milhão de estudantes); com a pretendida mudança
dos métodos de ensino que mais orientam o aluno (c o
professor) a abandonar a apostila e as "anotações de aula" para
iniciar-se na pesquisa bibliográfica; com a proli-. feração de
cursos de pós-graduação (hoje são mais de 800 em todo o
país); com a ampliação do número de professores com
titulação de mestre e de doutor, ou especialização,
pressupondo novos métodos de atualização permanente de
conhecimento; com um contingente cada vez maior de indi-
víduos e equipes realizando pesquisas e preparando teses;
dissertações e trabalhos acadêmicos, com tudo isso, a biblio-
teca universitária ganhou notoriedade, evidência. Transfor-
mou-se, aliás, no grande problema e dificuldade para o de-
senvolvimento da nossa reforma universitária.
Teria crescido a biblioteca proporcionalmente à demanda?
Teria evoluido qualitativamente? Involuiu?
É difícil acenar com mais resposta satisfatória.
Nos últimos dez anos foram construidos alguns razoa-
velmente grandes edifícios de bibliotecas (UNB, UFJF, UFSM,
UFSC, UFRN, UFV, UFPE), e vários outros estão em cons-
trução ou estão sendo projetados (PUC/RS, UFMG, UFPE,
etc.).
Consideráveis recursos vêm sendo aplicados na aquisição
de livros e na importação de periódicos e, hoje por hoje, quase
todas as grandes universidades têm ou estão organizando os
seus serviços centrais (por centralização física ou por
coordenação de atividades, dependendo da configuração física
ou administrativa) e, salvo, em algumas universidades
particulares, todas possuem bibliotecários graduados em seus
quadros.
Problemas, no entanto, subsistem. Poderiam ser suma-
riados assim:
1.1 Estrutura administrativa. Mesmo nas universidades
federais não existe um critério unificado quanto à estrutura
administrativa das (s) biblioteca (as). Não se pretende que haja
um único modelo obrigatório para todos os sistemas de
bibliotecas, mas critérios comuns ajustáveis às diferentes
situações e estágios do desenvolvimento. Idealmente, deve
existir uma biblioteca central ou um núcleo da coordenação de
bibliotecas em cada universidade com suficiente autonomia
como para cumprir com os seus objetivos. Um "regimento
interno" aprovado pelo Conselho Universitário (onde o Diretor
da Biblioteca deve ter vez e voto) e orçamento próprio e
definido são pré-requisitos para qualquer empreendimento
sério. Os padrões internacionais recomendam 5°/o do
orçamento da universidade para a manutenção de serviços
bibliotecários.
Uma Comissão de Biblioteca, composta também por pro-
fessores das diferentes áreas de conhecimento, deverá orientar
o Diretor da Biblioteca nas suas decisões quanto a seleção de
material bibliográfico, distribuição do orçamento de aquisição,
etc. Não se trata de uma Comissão honorífica,
pró-forma, mas um grupo de trabalho que implica na não
indicação de pessoas por mais representativas que sejam que
não possam prestar a colaboração devida. Não pode ha-ver um
hiato entre a biblioteca e a comunidade a que ela serve e a
Comissão deve ser o arauto e a manifestação de rei-
vindicações, queixas e tendências da própria comunidade.
A ausência de uma estrutura administrativa definida com
atribuições claras e objetivos explícitos vem dificultando,
sobremaneira, o desenvolvimento dos serviços bibliotecários
na maioria de nossas bibliotecas universitárias.
1.2 Processos Técnicos. Os bibliotecários são acusados
tradicionalmente, pelo excessivo apego aos processos técnicos
em detrimento de outras atividades igualmente importantes.
Em verdade, poucas bibliotecas universitárias podem orgulhar-
se de contar com catálogos atualizados e completos. Os
sistemas de classificação variam majoritariamen-te entre o
CDU e a CDD e, em certos casos, ambos sistemas sobrevivem
as vezes numa mesma universidade (em diferentes bibliotecas)
ou, até mesmo, em diferentes coleções de uma mesma
biblioteca. Naturalmente que isto afeta a compatibilidade de
serviços, sobretudo nos catálogos coletivos, mas a
reclassificação é excessivamente onerosa para constituir-se em
solução viável.
Ainda quanto aos processos técnicos caberia ressaltar que
nós fracassamos exatamente nos dois processos mais
importantes sob a perspectiva dos serviços à comunidade: na
seleção e na referência. Sem dúvida alguma, "Seleção é a
atividade técnica que orienta a formação e o desenvolvimento
do acervo". Raríssimas bibliotecas universitárias fazem
avaliações periódicas de suas coleções no sentido de adequá-
las, em termos de pertinência e relevância, em graus de
quantidade e excelência, aos conteúdos programáticos dos
cursos oferecidos pela universidade, tomando-se em conside-
ração o tipo, as características de seus usuários. Como podem,
então aplicar os recursos para uma aquisição eqüitativo e
racional? Deixando aos professores a tarefa da seleção, sem
orientação e sem uma política definida? Aqui reside o grande
conflito, o fator que mais compromete o envolvimento da
biblioteca com a comunidade, causador das queixas e
frustações mais desconcertantes.
O outro lado da questão é o serviço de referência que
tampouco existe na maioria de nossas bibliotecas. Isto é, o
leitor vê-se desorientado e perdido sem orientação e sem trei-
namento. Se lembrarmos a sua tradicional inabilidade no uso
de livros e de bibliotecas, pode-se compreender a sua
perplexidade ou revolta.
Acusa-se o usuário por sua ignorância e pune-se-o por sua
inabilidade. Ao invés de treiná-lo e orientá-lo, prefere-se
fechar-se-lhe o acesso às estantes e criar novos controles. Na
biblioteca universitária brasileira os leitores são bem in-
formados quanto aos seus deveres (através de regulamentos,
vigilância, multas e suspensões) mas. jamais chega a precisar,
claramente, quais são os seus direitos.
Se não existe o serviço de referência, como então são ori-
entados os "processos técnicos"? Respondem a normas frias e
canhestras quando, ao contrário, deveriam tomar em con-
sideração os hábitos e as determinações da própria comuni-
dade usuária?
Pode faltar tempo e pessoal para tudo menos para o leitor,
que é a razão de ser da biblioteca. A estratégia está justamente
em saber criar ou orientar os hábitos de leitura da comunidade
o que exige do especialista conhecimento das técnicas de
referência, do acervo ao seu alcance, de serviços opcionais
(comutação hemerográfica, empréstimo interbi-bliotecário,
etc.) e, naturalmente, cultura geral e específica, além das
qualidades inatas indispensáveis a qualquer pessoa que
pretenda servir a comunidade.
1.3 Pessoal. As estatísticas demonstram que, apesar do
progresso nos últimos anos, é ainda diminuto o número de
bibliotecários em relação com o universo de usuários. Os
processos técnicos" e as tarefas administrativas consomem
quase todo o tempo e a força de trabalho de pessoal graduado.
Por outro lado, dois problemas afetam a utilização desses
profissionais para a prestação de melhores serviços. Em pri-
meiro lugar, a falta de planejamento de serviços. Isto é, são
destinados para tarefas descoordenadas, isoladas, repetitivas,
não raro absolvendo rotinas não profissionais o que significa
baixa produtividade ,falta de metas e objetivos definidos.
As bibliotecas não cresceram em termos de aquisição cie
material bibliográfico e na facilidade de seus serviços nas mesmas
proporções. No entanto, é justo reconhecer que con-sideráveis
recursos vêm sendo destinados, em muitas univer-sidades, para
aquisição e para renovação de serviços e métodos de trabalho, tanto
nas universidades federais quan-to nas estaduais e particulares. E
grande parte destes recur-sos provêm de fontes financeiras externas,
mediante convê-nios. A heterogeneidade na procedência destes
recursos sim como a ausência, em muitos casos, de critérios defini
dos para a sua utilização, vem criando alguns embaraços so-.
bretudo porque a gerência dos recursos nem sempre é feita de
acordo com um plano global de investimento do setor bi-bliotecário
das universidades, mas de forma isolada e deescoor-denada. Seja
por inexistência da política aludida (que norteia as aplicações) seja
por desconhecimento de tal política (quando ela existe). Voltamos,
portanto, ao princípio da necessidade de maior entrosamento da
biblioteca com estes canais decisórios, no sentido de racionalizar o
emprego dos recursos em função de objetivos mais abrangentes e
equitativos
Existe, paralelamente, a dificuldade de obtenção de moeda
estrangeira para a importação de material bibliográfico Os "tetos"
de importação são limitados para cada universidade, os processos
de aquisição são lentos e os livros e periódicos cada vez mais caros
por causa da inflação nacional e internacional.
Independentemente ou não da liberação de mais recursos para
material bibliográfico ,duas soluções são propostas:
a) que seja realizada, pelo Ministério da Fazenda, estudos para
a retirada dos materiais bibliográficos da rubrica "Material
Permanente", criando rubrica específica onde sejam
incluídos, também, todos os novos tipos de materiais de
registro bibliográfico conforme "Recomendação do 9º
Congresso Brasileiro & V Jornada Sul-Riograndense de
Biblioteconomia e Documentação, Porto Alegre, 3 a 8 de
julho de 1977".
O problema é antigo e a solução não é nova e vem sendo
proposta insistentemente. Pretende-se liberar o livro da condição de
"objeto" físico para transformá-la em instrumento didático,
assumindo o risco de usá-lo e, eventualmente, de descartá-lo da
coleção por obsoletismo ou irrelevância.
b) criar os mecanismos necessários (acordos, convênios de
serviços, catálogos coletivos, comutação hemero gráfica,
empréstimo inter-bibliotecário no sentido de maximizar o
uso deste acervo acumulado nas universidades e justificar os
altos investimentos que eles representam. Nenhum país, por
mais rico que seja, pode abrir todas as comportas de
importação sobretudo quando isso implica numa excessiva
duplicação de títulos para uso restrito e limitado. Urge
favorecer o intercâmbio, sem o qual o ensino e a pesquisa
permanecerão atrofiados pela curta acessibilidade local, pela
burocrática e vagarosa processualística da boa vontade
isolada e extemporânea. Em suma, faz-se mister,
paralelamente ao sistema proposto de universidade
brasileira, criar-se um Sistema Brasileiro de Bibliotecas
Universitárias como agência de planejamento e coordenação
deste intercâmbio de recursos e de experiências. Um tal
sistema facultaria a catali-zação destas energias, serviria de
foro para a discussão dos problemas comuns e facilitaria a
formulação de mecanismos hábeis para provocar a desejada
aproximação em termos cooperativos e funcionais, entre as
nossas bibliotecas universitárias através da com plementação
de seus serviços. Mas este é um assunto que escapa ao
âmbito do presente trabalho, ficando aqui, tão-somente, o
seu registro para uma abordagem futura mais detalhada e
argumentada.
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
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lopment Committee: Guidelines for the formulation of
collection development policies, Library Resources &
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9 . Planejamento Bibliotecário no Brasil; a informa
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Técnicos e Científicos. Brasília, Editora Universidade
de Brasília, 1977. 135 p.
9 OSBURN, C. B. Planning for a University Library Policy on
Collection Development. Int Livr Rey, 9, 209-224 1977.
DEBATES
LÉLIA GALVÃO CALDAS DA CUNHA (Chefe do Depar-
tamento de Documentação da UFF): Acredita que a solução para
o problema de atendimento nas bibliotecas, diga mais de perto é
educação do profissional bibliotecário, do que tanto ao
treinamento dos usuários?
ANTONIO MIRANDA: Nem uma coisa, nem outra. 0
problema é muito mais complexo. Gostaria de dizer que esse é
um problema da estrutura do ensino no país. É ele que
ASPECTOS E PROBLEMAS DE ADMINISTRAÇÃO DE
BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS
ALICE BARROS MAIA
(Diretora do Núcleo de Documentação da UFF e
Professora do Departamento de Docutnen-tação
da UFF.)
RESUMO
Considerações referentes à função da Biblioteca na es trutura
da Universidade como elemento de apoio às atividades de ensino,
pesquisa e extensão. Aspectos relacionados ao funcionamento e à
utilização da Biblioteca Universita-. ria. O Núcleo de
Documentação e a rede de bibliotecas da Universidade Federal
Fluminense.
1. A Biblioteca na Estrutura Universitária
Considerando que a finalidade da Biblioteca é contribuir para
o cumprimento dos objetivos da instituição a que pertence, conclui-
se que a função da Biblioteca Universitária é servir de apoio básico
às atividades de ensino, pesquisa e extensão, objetivos máximos da
Universidade com os quais se identificam os objetivos da
Biblioteca Universitária.
A biblioteca é, portanto, um elemento básico à docência e à
investigação e de fundamental importância dentro da estrutura da
Universidade uma vez que deve reunir, pre-r,arar e colocar à
disposição de seus usuários os recursos bibliográficos
indispensáveis ao atendimento de suas necessidades de informação.
Podemos afirmar, sem sombra de dúvida, que a Biblioteca é o
reflexo da Universidade e representa o nível de ensino e pesquisa
que nela se desenvolvem.
O acervo bibliográfico é o veículo normalmente utilizado para
manter informada e atualizada a população universi-tária,
permitindo à mesma o acompanhamento e a evolução dos
conhecimentos na sua área de interesse e de atuação.
b) Administração dos recursos.
É uma parte que exige equilíbrio e planejamento para que a
utilização do orçamento possa atender ao que é indis-pensável, pois
todos sabemos que normalmente, a verba des-troada às bibliotecas
está aquém de suas reais necessidades. Daí o cuidado, a precaução
que devemos ter contra as pres-soes de grupos a fim de evitar-se
gasto excessivo em deter-minado assunto de interesse de uma
minoria, impedindo que as necessidades de uns poucos interfiram
num plano a longo prazo cujo objetivo é atender a todos na
formação da coleção básica e de pesquisa.
O plano de aquisição para atender as exigências de informação
e de atualização da comunidade universitária representa. um alto
investimento que deve ser distribuído proporcionalmente às
necessidades de cada área, dando a máxima cobertura possível a
todos os grupos.
c) Relacionamento de bibliotecas.
Dispensável argumentar sobre a importância de ligação desse
relacionamento para o processamento do intercâmbio de
informações, do empréstimo inter-bibliotecário, enfim para a
cooperação entre as bibliotecas.
Elemento básico ao funcionamento da biblioteca.
d) Pessoal.
No entanto a, restrição atual de contratação tem causado sérios
problemas à administração da biblioteca que necessita de equipe
qualificada e numericamente suficiente ao desenvolvimento das
atividades técnicas e do atendimento aos usuários quanto à
orientação e atualização dos seus recursos .
O esquema de improvisação e de deslocamento de pessoal para
cobertura às inúmeras falhas de serviços tem prejudicado,
sobretudo, o atendimento que muitas vezes fica entregue a pessoal
sem a qualificação necessária ao desempenho das atividades deste
setor especializado.
2º- Aspectos relacionados à utilização da Biblioteca
a) Função docente
A função docente da biblioteca diz respeito à orientação dada
aos usuários quanto à utilização dos recursos bibliográficos, a
exploração do potencial informativo do acervo, conhecimento das
fontes de informação e de pesquisa, nem sempre familiares aos
mesmos.
O desempenho dessa função deve ser exercido, exclusivamente
por pessoal qualificado que, além dos conhecimentos técnicos, tenha
embasamento cultural e domínio de idiomas estrangeiros, que lhe
permitam o manuseio das fontes de pesquisa, quase sempre em
língua estrangeira.
b) Atendimento ao usuário.
Desse atendimento depende em grande parte a satisfação ou não
da clientela que freqüenta a biblioteca.
Tarefa complexa que envolve qualificações de diferentes
naturezas relacionadas aos hábitos, atitudes, comportamento,
cortesia, boas maneiras, cultura, etc. e sobretudo, conhecimento
suficiente do acervo, para fins de orientação e de utilização dos
recursos de Biblioteca.
2 Biblioteca x Informação
O acesso à informação é um direito mas torna-se um problema
devido às dificuldades que se interpõem entre a existência do
registro e sua utilização. O processo lento de registro, preparo
técnico e divulgação da informação, para consumo da literatura
correspondente é um grande problema que clama por solução
imediata, por adoção de medidas específicas que visem a
minimização das dificuldades comuns em benefício da comunidade
universitária, sobretudo no direito de ser informada, em tempo
oportuno, de acordo com as necessidades específicas de cada um.
Sendo um problema de todos a solução deve partir, nos parece,
da ação conjunta e coordenada de autoridades, profissionais,
especialistas e administradores que através de um planejamento
global de cooperação mútua, leve em consideração as possibilidades
atuais, as potencialidades existentes
e os recursos disponíveis, a fim de serem traçadas metas planos
correspondentes às nossas reais necessidades, facili-tando a
circulação, transferência e intercâmbio de informa-çôes.
3 Bibliotecas x Sistemas de Informação
Apesar dos esforços isolados e algumas tentativas em
conjunto referentes à melhoria do nível e do atendimento das
bibliotecas universitárias, a realidade comprova a necessidade
de um planejamento bibliotecário de ordem nacional visando
integrá-las em um sistema nacional de informação sob uma
coordenação central.
Assim ativar-se-ia uma política de integração de ativida-
des e de cooperação entre a rede de bibliotecas, o que faci-
litaria o intercâmbio de informações e ampliaria as possibili-
dades de atendimento de cada uma em particular pela soma
dos recursos disponíveis e utilização racional do acervo das
demais, sempre que possível.
A possibilidade de constituir-se uma base de dados a ser
utilizada por todas as bibliotecas universitárias através de
terminais localizados nas Bibliotecas Centrais ou órgãos cor-
respondentes, nos parece um ponto a ser considerado para
posterior estudo da atividade de implantação.
Os sistemas de informação seriam fortalecidos com exce-
lente suporte bibliográfico representado pelo acervo enciclo-
pédico da rede das bibliotecas universitárias que também
seriam favorecidas com o conhecimento, acesso e utilização
dos demais acervos.
Supõe-se, nesse esquema, a atuação dinâmica do Catálogo
Coletivo funcionando como ponto de apoio comum e efetivo à
pesquisa, e elemento de auxílio à solução das dificuldades de
informação.
Representando a realidade das coleções bibliográficas do
País, o Catálogo Coletivo funciona como instrumento ideal
para a elaboração de um esquema de aquisição planificada,
revelando o estado das coleções e sua distribuição, permi-
tindo-nos a localização e utilização da literatura disponível nas
bibliotecas do território nacional, isto é, a ampliação do
acervo.
Mas para que o catálogo Coletivo preste um real serviço •
comunidade a que se destina tornam-se imprescindíveis duas
medidas:
1 contar com a colaboração sistemática das bibliotecas
cooperantes;
2. fornecer listagens atualizadas e a curto prazo aos
interessados.
Certos da necessidade de um planejamento global que
conte com o apoio e participação de toda a comunidade en-
volvida no processo de desenvolvimento nacional, nossa in-
tenção foi reunir neste Seminário a alta administração das
universidades autoridades, usuários de bibliotecas e profis-
sionais da informação especializada para efetivação de um
diálogo de âmbito nacional do qual esperamos que surjam
sugestões e recomendações que nos conduzam às soluções
adequadas, inclusive o estudo da possibilidade de integração
das bibliotecas universitárias aos sistemas nacionais da in-
formação, como parte integrantes dos programas educacionais
dentro dos planos nacionais de desenvolvimento.
4 O Núcleo de Documentação e a Rede de Bibliotecas da UFF
O Núcleo de Documentação (NDC), órgão suplementar da
UFF, diretamente subordinado ao Reitor, foi criado de acordo
com o art 17 do Estatuto da Universidade Federal Fluminense,
complementado nela Resolução 42/69 que aprovou sua
estrutura, funcionamento e atribuições, tendo o seu Regimento
anpovado pela Resolução 137/75.
A NS 140/77 complementou esse Regimento, fixando as
competências das unidades administrativas que integram o
NDC, definindo as atribuições de seus responsáveis, inclusive
do Assistente do Diretor.
Sua finalidade é promover, supervisionar e desenvolver
atividades de Biblioteconomia e Documentação no âmbito de
ação da UFF, tendo sob sua coordenação técnica e adminis-
trativa a rede de bibliotecas da Universidade Federal Flumi-
nense .
Suas atividades desenvolvem-se no sentido de firmar-se
como apoio básico às atividades de ensino, pesquisa e exten-
são.
Para isso o NDC empenha-se atualmente nos seguinte»
objetivos:
fortalecimento do acervo; aperfeiçoamento e
atualização do pessoal; atendimento ao usuário.
4.1 Fortalecimento do Acervo.
Nos dois últimos anos a UFF aplicou, aproximadamente Cr$
4.500.000,00 (quatro milhões e quinhentos mil cruzeiros) na
aquisição de material bibliográfico para atender as indicações
provenientes de professores e especialistas de suas uni. dades.
4.2 Aperfeiçoamento e atualização de pessoal.
Embora não tenhamos promovido nenhum curso no NDC no
período dos dois últimos anos, estimulamos ao máximo a freqüência
aos cursos programados na Região e enviamos alguns profissionais
a outras cidades para participarem de cursos realizados.
Com a programação de pelo menos um curso anual dé
atualização, pretendemos dar continuidade a esse tipo de atividade
agora iniciado.
Mas a atenção do NDC voltada também para o profissional em
formação pretende planejar em colaboração com o Departamento de
Documentação uma Biblioteca laboratório para atender aos alunos
de Biblioteconomia, e proporcionar treinamento ao pessoal recém-
formado, a fim de assegurar-lhe condições ao exercício profissional.
A falta de espaço físico não nos permitiu até o momento a
realização desse plano. Nesse sentido já incluímos desde 1976, no
Plano Diretor do Campus, uma Biblioteca Central Rereferencial
(Laboratório) a ser instalada junto ao NDC no Campo de São
Domingos.
4.3 Atendimento ao usuário.
Esse é um ponto de fundamental importância entre os objetivos
do NDC.
Estamos estruturando um esquema de treinamento sistemático
de usuários através das quinze bibliotecas. Nesse sentido temos
realizado reuniões com as chefes dessas bibliotecas a fim de tornar
em rotina de prestação de serviço o que era exercido, apenas, por
iniciativa isolada de algumas bibliotecas: Economia e
Administração, Biomédica, Farmácia, Veterinária, etc.
4. 4 instalações.
Estamos desenvolvendo esforços procurando melhorar as
nossas instalações tornando-as aptas à prestação de melhores
serviços e à abertura do livre acesso.
Neste sentido reinstalamos a Biblioteca de Medicina, a de
Ciências Humanas e Filosofia, a de Letras, a de Serviço Social e o
próprio Núcleo de Documentação e, em agosto próximo, estaremos
cuidando da Biblioteca de Educação.
Através dos setores que compõem a estrutura do NDC, o
Núcleo de Documentação amplia as possibilidades de atendimento
das bibliotecas, pondo, praticamente à disposição das mesmas os
acervos de outras instituições de interesse para a UFF.
Para isso dispõe de um Catálogo Coletivo Regional inten-
sificando a cada dia o empréstimo inter-bibliotecário e a circulação
de informações através do fornecimento de cópias de artigos e de
documentos a toda a Região.
Em 1977 atendeu a 95% de solicitações num total de
17.365 cópias.
Através do seu Laboratório Reprográfico foram produzidos
403.784 fotogramas em 16mm e 23.473 em 35mm, perfazendo um
total de 427.257 fotogramas.
4.5 Publicações
Além do NDC-Boletim Informativo o Núcleo de Documen-
tação elabora o Boletim de Referência Legislativa e o Catálogo de
Teses e Dissertações da UFF.
A Direção do Núcleo de Documentação e as bibliotecas da
UFF vivamente empenhadas na melhoria do sistema de bibliotecas
universitárias acreditam que o estímulo à coope-ração e ao maior
entrosamento entre essas bibliotecas poderá contribuir para a
formação de um efetivo sistema de in-lermação da Universidade
servindo de real apoio às ativi dades de ensino, pesquisa e extensão.
Isoladamente temos trabalhado no sentido de superar os
problemas que nos afetam e procurar soluções adequadas à atual
situação da UFF.
Mas os problemas são comuns, amplos e genéricos, exigindo
um atendimento mais efetivo entre profissionais, usuários e
administradores no sentido de analisarem, em conjunto o panorama
atual das bibliotecas universitárias, suas possibilidades, deficiências,
atuação, etc. buscando uma solução real para os obstáculos que se
opõem à efetivação de um Sistema de Bibliotecas Universitárias
para integrá-las aos sistemas nacionais de i n f o r m a ç ã o de
acordo com programas educacionais e os planos nacionais de desen-
volvimento.
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
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16 SEMINÁRIO SOBRE O DESENVOLVIMENTO DAS BI-
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17 WILSON, Luis Rounel & TAUBER, Maurice P. La biblio-
teca universitária; su organización. administración y
funciones. Trad. de la 2. ed. por Jorge Aquayo
Washington, D.C., Union Panamericana, 1963 389
p. (União Panamericana. Manuales del bibliotecário, nº 4).
18 SÃO PAULO, Governo. Resolução nº 678, de 20 de no-
vembro de 1965: recomenda às repartições públicas
estaduais que contribuíram regularmente para atualização
dos catálogos coletivos da Biblioteca Central da
Universidade de São Paulo e dá outras providências. São
Paulo, Palácio do Governo, 1956
DEBATES
LÉA DE AQUINO (IBICT): A respeito das medidas tomadas
recentemente pelo IBICT para agilizar o sistema de Catálogo
Coletivo Nacional de Periódicos a nível de atualização de dados
quero lembrar que o IBICT tem dado apoio financeiro aos Centros
Regionais para contratar pessoal para essa finalidade.
ALICE BARROS MAIA: Gostaria de informar que nós aqui da
UFF fomos agraciados com esse convênio, com duração de 6 meses,
e tivemos a contratação de 6 auxiliares para registrar nesse espaço
de tempo o maior número possível de informações no Catálogo
Coletivo Nacional de Periódicos.
KÁTIA MARIA LEMOS (Biblioteca do Instituto de Ma-
temática, Estatística e Ciência da Computação da UNICAMP): O
Núcleo de Documentação funciona como entidade centralizadora
das bibliotecas da UFF? Qual o seu relacionamento administrativo
com as bibliotecas?
ALICE BARROS MAIA: As bibliotecas da UFF são ad-
ministrativamente subordinadas ao Núcleo de Documentação. O
Núcleo de Documentação centraliza as atividades técnicas, deixando
às bibliotecas a prestação de serviços aos usuários. Essa parte é
descentralizada.
SISTEMA CENTRALIZADO DE BIBLIOTECA:
UMA EXPERIÊNCIA
MARIA REGINA AZEVEDO URIARTE
(Bibliotecária-Chefe da Biblioteca Central do
Centro de Ciências da Saúde da UFRJ)
VERA LÚCIA DA COSTA MOUREN
(Substituta eventual da Bibliotecária-Chefe
da Biblioteca Central do Centro de Ciências
da Saúde da UFRJ)
1 introdução
O Sistema Centralizado de Bibliotecas na área da Saúde da
UFRJ compreende três fases distintas: Planejamento, implantação
e Efetivação.
A fase de Planejamento abrange desde sua criação até o início
de seu funcionamento como Central.
A fase de Implantação vai da assinatura dos l°s convênios até
a incorporação de todas as Unidades.
A fase de Efetivação só será concretizada quando estiver
concluída a transferência ou vinculação, de todas as Bibliotecas do
CCS com relação a Central e o Sistema conseguir atingir todos os
seus objetivos.
Estamos, no momento, na fase de Implantação. Das vinte e oito
coleções pertencentes às diversas Unidades e órgãos
Suplementares do CCS, treze estão incorporadas, oito estão em
processo de incorporação e sete aguardam definição
administrativa.
Já se encontra em funcionamento nossa 1
a
Biblioteca Setorial, a
do Hospital Universitário.
2 Planejamento (1
a
Fase)
2.1 Criação da Biblioteca Central
A Biblioteca Central do Centro de Ciências da Saúde da
Universidade Federal do Rio de Janeiro, localizada no Bloco L do
Prédio dos Institutos Biomédicos da Cidade Universitá-
ria, foi criada como órgão de Administração Central pelo re-
gimento do Centro de Ciências da Saúde, aprovado em
sao do Conselho Universitário em 14 de outubro de 1971
publicado no Boletim da UFRJ, suplemento ao nº 1 de 6 de
janeiro de 1972.
O acervo da Biblioteca Central originou-se da fusão H
coleções provenientes da transferência de diversas Unidades
do CCS para o Campus Universitário, tais como: Faculdade
de Medicina, Instituto de Ciências Biomédicas, Instituto!!'
Nutrição, Escola de Enfermagem Ana Néri, Instituto de Bio-
física, Instituto de Microbiologia, Escola de Educação físi-ca
e Desportos, Faculdade de Farmácia e Faculdade de Odon-
tologia.
Para o estudo da implantação do Sistema Centralizado da
Biblioteca do Centro de Ciências da Saúde e aglutinação das
diversas coleções, foi nomeado um Grupo de Trabalho
composto de cinco professores e oito bibliotecários e presi-
dido pelo então Diretor da Faculdade de Medicina, Prof. jo-.
sé de Paula Lopes Pontes, que apresentou um relatório deta-
lhado, equacionando todos os problemas da unificação.
O Grupo contou com a colaboração de dois Consultores
da Organização Panamericana da Saúde, Profs. Harold Blo-
omquist (Diretor da Francis A. Country of Medicine, Har-
vard University) e Loan Titley .Diretora da Kornhanser
Health Sciences Library, University of Louisville). Estiveram,
também, reunidos com o Grupo de Trabalho o Prof. Amador
Neghme, na época Diretor da Biblioteca Regional de Medicina,
e Mr. Gennis M. Serrianne, Consultor da Organização
Panamericana da Saúde e Bibliotecário de Referência da
Comell Medicai College Library, New York.
2.2 Transferência das 1
as
coleções
A transferência das Ps coleções foi feita com base nas
recomendações do Relatório do Grupo de Trabalho:
2.2.1 Livros
a) seria adotado um sistema unificado de classificação,
sendo sugerido o da "Library of Congress/National
Library of Medicine", e como cabeçalho de assunto o
"Medicai Subject Headings";
b) só seria reclassificada a coleção nova, recentemente
adquirida, mantendo-se fichários e coleções nos sis-
temas até então adotados;
c) da pesquisa efetuada verificou-se que apenas duas
Bibliotecas adotavam classificação diferentes, as de-
mais utilizavam a Decimal de Dewey. Apesar de todos
os esforços, não tendo sido possível adquirir as novas
Tabelas de N.L.M. e L.C., conservou-se até hoje o
sistema de Dewey na Biblioteca Central.
2 2 2 Periódicos
a) arrumação da coleção em ordem alfabética, segundo a
mesma ordem dos fichários;
b) revisão da coleção e arquivos, verificando-se os títulos
interrompidos, inserindo as remissivas necessárias,
fazendo cumprir uma rigorosa ordem alfabética.
2.2.3 Descartes
Duplicatas de livros superados, separatas de periódicos
existentes nas Bibliotecas, bem como qualquer material dis-
pensável ou em desuso (catálogos comerciais, folhetos de
propaganda, etc.) deveriam ser descartados antes da trans-
ferência da coleção.
2.2.4 Mudança da Coleção
a) cada Biblioteca a ser transferida deveria providenciar
antes da mudança, a desinfecção de suas coleções;
b) as coleções deveriam ser colocadas em caixas de pa-
pelão resistente, medindo 60cm x 40cm com 24cm de
altura, numeradas seqüencialmente, 1, 2, 3..., etiquetas
de maneira a ser identificado o seu conteúdo e
colocadas na transportadora na ordem inversa, visando
conservar a numeração crescente quando depositadas
ao lado das estantes em local já determinado.
2.2 Organização Administrativa
A Biblioteca Central no início de suas atividades constituída
de um Conselho consultivo e uma Coodenador
O Conselho Consultivo, escolhido pelo Decano, era com-
posto por docentes representantes de cada Unidade doCCS cujo
acervo bibliográfico já tivesse sido incorporado à Cen-trai. A
Biblioteca se fazia representar por um membro corpo docente que
mantinha contato com a Coordenadora.
Cabia a esta, estimular, promover, distribuir, e assesso. rar os
serviços das seções e as atividades da Biblioteca que estava
dividida em 5 Seções: Referência; Circulação; Proces-sos Técnicos
(Livros, Teses); Periódicos (interno e externo) e Reprografia.
3 Implantação (2ª Fase)
Nesta fase, em que nos encontramos atualmente, há alguns
pontos que desejamos ressaltar:
3.1 Alteração do Regimento do CCS
Alteração do Regimento no que se refere à Biblioteca Central,
definiu a Direção, composta por um Conselho Deliberativo e um
Bibliotecário-Chefe (Diretor Executivo), as Chefias das Seções e a
situação das Bibliotecas Setoriais.
Pudemos, então, começar os estudos e o planejamento da
Biblioteca Setorial do Hospital Universitário, que começou a
funcionar em 13 de março do corrente ano, 1 mês após a
inauguração do referido Hospital.
3.2 Advento dos Convênios
Para que o Sistema Centralizado pudesse ser implantado e
atendesse aos objetivos propostos, houve necessidade de serem
assinados Convênios com finalidades diversas.
3.2.1 FINEP
a) ampliar a área física que, inicialmente, planejada para
abrigar o acervo da Faculdade de Medicina. com 5.200
m
2
, teve de ser aumentada com a cria-
ção da Biblioteca Central, sendo construído um de-
pósito de livros no sub-solo, com 800 m
2
, para a
guarda das coleções antigas;
1,1 reforçar a coleção de periódicos, com a aquisição de
120 títulos novos, e a de livros, com a aquisição de
223 obras em 711 volumes;
e aumentar os recursos humanos, tornando o número de
funcionários suficiente para a ampliação do horário e
dos serviços;
d) facilitar ao pessoal bibliotecário, a participação em
cursos e congressos.
,2.2 CAPES
a) completar as falhas ocorridas na coleção de periódicos
(321 títulos interrompidos entre os anos de 1971/74 e
189 referentes a 1961/1962);
b) fornecer bolsas, cursos e estágios.
3.2.3 BIREME
a) estabelecer um Subcentro de Informações para a área
da Saúde no Município do Rio de Janeiro;
b) promover a especialização de Bibliotecários da Bi-
blioteca Central na área da Saúde, com a participação
nos cursos da BIREME, para que, num futuro próximo
,esta equipe bem treinada possa ministrar Cursos aos
Bibliotecários e auxiliares de bibliotecas das demais
Instituições do Município do Rio de Janeiro.
3.2.4 Sistema MEDLINE
Estabelecer um serviço de levantamentos bibliográficos
"on line", através de um terminal tele impressor, conectado
com o Computador do Instituto de Energia Atômica de São
Paulo, por meio de canais telefônicos de linhas privadas (LP)
com a Embratel.
3.3 Reorganização Administrativa
A partir da alteração do Regimento do CCS, do funcio-
namento da Biblioteca como Central e do advento dos Con-
c) traçar diretrizes e coordenar as Bibliotecas coleções não
forem incorporadas fisicamente, trans-formando-as em
Setoriais com subordinação téni-ca e administrativa à
Biblioteca Central.
5. Conclusão
Seria prematuro tentar apresentar conclusões do SIS tema
Centralizado, já que não alcançamos ainda a etapa nal de nossa
experiência.
As primeiras dificuldades foram de todo sanadas, resta do
apenas alguns pontos que não dependem tão somente do trabalho
técnico de aglutinação.
Outros fatores são levados em questão, principalmente aquele
que vincula a transferência de uma coleção a escolha de uma área
física adequada, para a mudança da Unidade
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
1 ARBULO URIARTE, Maria Regina Azevedo. Efetivação do
Sistema Centralizado de Bibliotecas da área da Saúde da
UFRJ. Projeto 296/CT — FNDCT. Rio de Janeiro 1978. 50
p.
2 BLOOMQUIST, Harold & TITLEY. Joan. Report on the
amalgamation of seven biomedical libraries into a Li-brary
of tne Health Sciences. Rio de Janeiro, 1973
3 RELATÓRIO do grupo de trabalho para estudo de implan-
tação do Sistema Centralizado da Biblioteca do Centro de
Ciências Médicas da UFRJ. Rio de Janeiro, 1973.
4 SERRIANNE. Denis M. Report on the amalgamation of
six biomedical libraries into a Library of the Health
Sciences. Rio de Janeiro, 973. 45 p.
PAINEL SOBRE TREINAMENTO DE USUÁRIOS
Componentes da mesa
COORDENADORA: MÁRCIA JAPOR DE OLIVEIRA GARCIA
(Diretora da Divisão de Serviços Informativos
do Núcleo de Documentação e Professora do
Departamento de Documentação da UFF)
Conferencista
Expositores
Secretária
EMIR JOSÉ SUAIDEN (Diretor do Pro-
grama Nacional de Bibliotecas do INL)
LELIA GALVAO CALDAS DA CUNHA
(Chefe do Departamento de Documentação da
UFF)
DYRCE BARRETO TAVEIRA (Professora
Assistente de Bibliografia e Coordenadora das
Atividades de Extensão do Departamento de
Documentação da UFF) JOSÉ CARLOS
ABREU TEIXEIRA (Professor Assistente e
Coordenador do Curso de Biblioteconomia o
Documentarão do Departamento de
Documentação da UFF)
MARIA ANGELA LAGRANGE MOUTI-
NHO DOS REIS (Bibliotecária da Biblioteca
Central do Centro de Ciências da Saúde da
UFRJ)
LYGIA DE MEDEIROS ALBEIRICE (Re-
presentante Oficial da COMLURB)
VERA MARIA CORRÊA (Chefe da Biblio-
teca Central do Valonguinho da UFF)
O LIVRO, A BIBLIOTECA E O INL
EMIR JOSÉ SUAIDEN
(Diretor do Programa Nacional de
Bibliotecas do INL)
Podemos considerar que na década de 70, um fato bastante
auspicioso para o desenvolvimento da indústria editorial brasileira
foi a implantação do sistema de co-edição, A. partir dessa data o INL
passou a publicar livros através do sistema de co-edição. Como se
sabe, o sistema de co-edição gera benefícios múltiplos e
interrelacionados no quadro global do livro, a saber: beneficia o
editor, mediante a participação do INL nos riscos do investimento
editorial; beneficia c autor, porque lhe assegura, mediante cláusula
contratual, o pagamento pela editora dos direitos autorais correspon-
dentes à parte do INL no total da tiragem, antes do lançamento do
livro; beneficia o leitor, mediante a elevação da tiragem, oriunda da
participação do INL na co-edição, o custo industrial do livro se
reduz e o preço de capa se torna, conseqüentemente mais
econômico. É preciso que se diga, ainda, que o INL mediante o
regime de co-edição, visa prover um benefício muito maior quer no
seu significado cultural, quer nas suas repercussões sociais, ou no
seu superior interesse nacional, benefício que de resto a principal
finalidade é prover sua rede de bibliotecas em todo território
nacional.
A Editora da USP, a Editora da Universidade de Brasília e
algumas outras, também, se utilizam do sistema de co-edição, além
da Fundação Nacional do Material Escolar através dos programas de
livros didáticos. Esses programas são: PLIDEF (Programa do Livro
Didático para o Ensino Fundamental), que no ano passado distribuiu
cerca de 20 milhões de livros para os alunos carentes; PLIDEM
(Programa do Livro Didático para o Ensino Médio) e, PLIDES
(Programa do Livro Didático para o Ensino Superior).
Dentre as medidas destinadas a incentivar os escritores estão os
prêmios literários, como: o "Prêmio Jabuti", que é dado pela Câmara
Brasileira do Livro, o "Prêmio da Fundação Cultural do Distrito
Federal", o da "FUNARTE" e os prêmios das Secretarias da Bahia,
Paraná, entre outras. Entre os prêmios distribuidos pelo INL, estão
os prêmios literários nacionais, prêmios de literatura infantil,
prêmios de pesquisa estudantil e, a partir desse ano, foi instituído o
prêmio MEC de Biblioteconomia e Documentação. Esse último é
um prêmio que tem um sentido maior para nós bibliotecários. Esse
prêmio foi por nós sugerido ao INL, justificando a carência
bibliográfica na área de Biblioteconomia. Na época da justificativa,
tinhamos a impressão de que o bibliotecário brasileiro não escrevia,
não produzia por falta de oportunidade e, o INL estava co-editando
livros de Biblioteconomia, mas sempre de autores estrangeiros. Isto
estava ocorrendo, também, em áreas correlatas. Fica muito difícil
para o INL, editar apenas obras de autores estrangeiros. o que se
pretende fazer é incentivar os autores nacionais .
O valor do "Prêmio MEC de Biblioteconomia" foi estipulado,
para esse ano. em Cr$ 70.000,00 (setenta mil cruzeiros) e o
bibliotecário premiado, além de receber o prêmio, tem assegurado
uma co-edição com o INL de uma tiragem mínima de 5.000
exemplares, isto é, o autor premiado recebe os direitos autorais dos
5.000 exemplares da sua obra. Nós fizemos um folheto sobre esse
prêmio e, divulgamos a todos cs órgãos de classe, às associações,
aos conselhos, enviamos, também, aos Cursos de Biblioteconomia.
O número de trabalhos recebidos foi muito pequeno, recebemos
cerca de 9 trabalhos. Achamos que isto ocorreu por ser esse o
primeiro ano do prêmio, acreditamos que a partir do próximo ano se
eleve substancialmente o número de concorrentes.
Na área de Biblioteconomia, estamos encontrando uma certa
dificuldade em editar títulos. O INL está implantando um Sistema
Nacional de Bibliotecas Públicas e dentro desse projeto, recebemos
recursos para publicar cerca de 5 títulos anuais dentro da área de
Biblioteconomia, para que isso se concretize temos mantido diversos
contatos com bibliotecários e, até agora, temos acertado
praticamente 2 ou 3 títulos apenas. Esse é um número muito
pequeno de títulos em Biblioteconomia, considerando que já
estamos no segundo semestre de 1978.
Tem-se discutido muito a respeito do percentual do autor
brasileiro, o que originou um projeto de lei do Deputado Jóia
Júnior, propondo um percentual obrigatório da ordem de 7/3,
isto é, para cada 7 títulos estrangeiros os editores brasileiros
deveriam publicar 3 títulos nacionais. Pomos contrário ao
projeto, pois o INL no seu programa de co-edição estabelece
para o autor brasileiro um percentual de 70% e, os 30%
restantes, observados em regime de flexibilidade se destinam
ao atendimento de obras de autores estrangeiros sobre o Brasil
e, à traduções de livros de comprovado interesse para a
bibliografia brasileira, sobretudo na área de Biblioteconomia.
As informações do SNEL e da Câmara Brasileira do Livro,
comprovaram a predominância editorial de títulos brasileiros,
excluíam-se, apenas, as editoras que operavam nas áreas de
coleções clássicas encadernadas. cie obras técnicas e
científicas e, finalmente ,nas dos suce-sos do momento, os
chamados "best-sellers", geralmente, in centivados pela
propaganda massificada no cinema. O pe centual de autores
brasileiros editados é bem maior. O que faz supor o contrário,
é que o autor estrangeiro predomina em tiragens, tiragens
maiores levam a maior distribuição, em função da qual o livro
estrangeiro é mais visto e encontrado nas livrarias, do que o
livro brasileiro, geralmente, editado em pequenas tiragens.
Quanto às editoras brasileiras, é necessário fazer uma
distinção entre as que atuam no ramo do livro didático e livro-
texto e, as que atuam com obras literárias e culturais. Enquanto
no primeiro caso as tiragens são maiores e a comercialização
certa, no segundo caso, o livro cultural é considerado, ainda,
como um grande risco editorial. Segundo caso, o livro cultural
é considerado, ainda, como um grande risco editorial. Segundo
Olímpio de Souza Andrade ,autor de "O livro brasileiro", a
indústria do livro apresenta-se animada, na medida em que
disponha dos seguintes componentes de energia: lº — a
existência ou não de importante massa da população letrada,
economicamente forte e politicamente influente e, 2º
— a variedade ou uniformidade do
gosto do comportamento dessa população, qualquer que seja
sua importância numérica. A evolução de ambas as coisas
depende a seu turno de muitos fatores, tais como: evolução
intelectual e cultural, tipo de regime político, estrutura social,
mas existe uma fórmula que nos dá uma idéia, ainda que
insuficiente, pelo menos, aproximada, da referi-
da variedade ou uniformidade de gosto: consiste em dividir a
produção por títulos, pelo número de habitantes de um país. Se o
coeficiente é baixo, significa que grande número de pessoas se
satisfaz com um número pequeno de títulos o que revela, por outro
lado, tendência para uniformidade. se é elevado, deixa supor que
essa tendência é para a va-riação, sendo muito vasta a faixa de
exigências do consumidor . Não são fortes no Brasil esses
componentes de energia. A massa da população à altura de consumir
livros não. é numerosamente importante, do ponto de vista da
produção em larga escala, não sendo, ainda, bem conhecida o seu
comportamento como população ledora, agora em futuro próximo.
Por outro lado, além de se defrontar com o mercado consumidor
descontínuo, em virtude da precariedade dos transportes num vasto
território, a indústria brasileira conta com outros problemas, a saber:
o da distribuição e comercialização do livro; o do levantamento, sem
falhas, de seu próprio parque industrial; o das dificuldades para ex-
portação. que apesar de diminuta, muitos editores acham que merece
atenção e, o da impressão de livros, em língua portuguesa fora do
Brasil, bem como das traduções feitas em Portugal e vendidas aqui.
A falta de boas livrarias nos municípios, além de impossibilitar a
motivação espontânea da população para o hábito de ler, dificulta
sobremaneira a atuação dos responsáveis pelas bibliotecas locais,
através das poucas opções oferecidas para aquisição do acervo e do
preço monopolítico, normalmente, cobrado. O Brasil possui cerca
de 400 boas livrarias, 90% das quais localizadas no eixo Rio-São
Paulo, além das livrarias, a produção editorial e a distribuição de
livros concentram-se. obviamente, também em São Paulo e no Rio
de Janeiro.
O SNEL realizou em 1973, uma pesquisa sobre produção
editorial, da qual resultou o registro da produção de 166 milhões de
exemplares, englobando um total de 7.080 títulos. A produção em
exemplares, em termos regionais, foi a seguinte: São Paulo —
57,5%; Rio de Janeiro — 40,4% e demais Estados — 2,1%.
Levando-se em conta a população do Brasil, que, em 1973 era
estimada em 104 milhões de habitantes pelo IBGE, os 7.080 títulos
publicados representavam uma média de 0,6% por mil habitantes, o
que comparado com outros países, representa um nível de leitura dos
mais baixos.
E o brasileiro, lê ou não lê? A falta de hábito de leitura da
população atinge alto índice. A alguns anos atrás, o SNEL e a
Câmara Brasileira do Livro, encomendaram uma pes-quisa
sobre a função social do livro na atual realidade brasileira.
Verificou-se em 6 grandes cidades brasileiras, que o aluno de
2° grau é centrado na vida doméstica ,onde à noite vê
televisão. O uso regular do livro se apresenta com uma
percentagem de 39,3% dos informantes, indicando, assim um
alimento da leitura de livros numa população a um passo da
vida universitária. Num grupo de universitários de São Paulo,
comprovou-se que, apenas, 66% declararam ter lido no dia
anterior ao questionamento e, por leitura, se entende a de
jornais e revistas. A extensão do tempo reservado à leitura,
consoante às indicações produzidas, revelou-se baixa em
relação ao que se podia esperar, tanto mais que outras
pesquisas, consignaram em média de 2 a 3 horas diárias,
dedicadas à televisão.
Richard Bamberg que é autor do livro "Como incentivar o
hábito de leitura", editado pelo INL, ao analisar as razões
porque em certos países se lê muito mais do que em outros ou
seja, países em que os leitores representam uma proporção
maior da população, pôs em relevo os seguintes fatores: 1º —
a posição do livro na escala de valores do país, isso se
expressa através dos gastos financeiros proporcionais à pro-
moção do livro; 2º — a tradição cultural do país; 3º — as
oportunidades de leitura e, 4º — o papel representado pelos
livros na escola e no sistema educacional.
No Brasil, o INL está fazendo um grande esforço com a
finalidade de multiplicar as oportunidades de leitura, através
da implantação do Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas,
ora em execução nos seguintes Estados: Rio Grande do Sul,
Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de
Janeiro, Ceará, Distrito Federal, Pernambuco, Rio Grande do
Norte e Pará.
O INL tem firmado convênios com as Universidades Fe-
derais que possuem Cursos de Biblioteconomia, para estágios
desses alunos em bibliotecas públicas.
Outro tipo de convênio é para utilização do carro-biblio-
teca do INL, objetivando o atendimento às populações subur-
banas e rurais e treinamento dos alunos de Biblioteconomia.
Um dos maiores problemas que o INL está encontrando para
implantar o Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas, é na parte de
recursos humanos, pois não há, ainda, um modelo brasileiro de redes
de bibliotecas públicas. A Universidade Federal da Paraíba,
colaborando com esse esforço, irá ministrar, a partir do 2º semestre
desse ano, um curso a nível de mestrado, intitulado: Sistema
Nacional de Bibliotecas Públicas".
Firmamos, também, com a Universidade Federal da Paraíba um
convênio no sentido do INL financiar toda parte de pesquisa em
bibliotecas públicas.
Apesar de todos os obstáculos encontrados, o Sistema Nacional
de Bibliotecas Públicas está se implantando e crescendo, o que para
nós é motivo de grande satisfação, pois acreditamos que esse seja o
melhor caminho para a popularização da educação e cultura no
nosso país.
DEBATES
REGINA NOVAES (Universidade Santa Úrsula): Qual o
critério utilizado pelo INL para escolha dos autores de livros a
serem co-editados?
EMIR JOSÉ SUAIDEN. O INL, a partir de 1976, passou a
editar e co-editar obras relacionadas com a cultura brasileira. Há um
período em que nós denominamos, período de inscrição, em que os
autores ou editores fazem a inscrição de suas obras no INL. O INL
tem um corpo de peritos para avaliar as obras e eles emitem um
parecer, dizendo se a obra é importante, se ela deve ou não ser
editada ou co-edi-tada, pelo INL. Nossas áreas de edição são:
literatura juvenil, literatura infantil, romances, contos, novelas,
estudos brasileiros e cultura brasileira. Dentro do Sistema Nacional
de Bibliotecas Públicas nós recebemos recursos para editar e co-
editar obras de Biblioteconomia.
METODOLOGIA DA PESQUISA DOCUMENTARIA
LELIA GALVÃO CALDAS DA CUNHA
(Professora Titular e Chefe do Departamento
de Documentação da UFF)
DYRCE BARRETO TAVEIRA (Professora
Assistente de Bibliografia e Coordenadora das
Atividades de Extensão do De-partamento de
Documentação da UFF)
JOSÉ CARLOS ABREU TEIXEIRA (Professor
Assistente e Coordenador do Curso de
Biblioteconomia e Documentação do De-
partamento de Documentação da UFF)
RESUMO
Os usuários da informação fazem parte integrante do processo
de transferência de conhecimento p são, em. grande parte, os
principais produtores dessa mesma informação. A nível de
graduação, o futuro gerador de documentos, quando colocado na
posição de usuário de sua biblioteca universitária, enfrenta
dificuldades diversas para usufruir, adequadamente, do cabedal de
informações contido no acervo a sua disposição, principalmente
tendo em vista a variedade e a complexidade da literatura
especializada. Em outras palavras, a interconexão usuário/biblioteca
não se completa. na prática, e tal situação requer que o estudante de
nível superior seja instruído a respeito da maneira de alcançar
facilmente as informações de que necessita, para bem de-renvolver
seus estudos e trabalhos. E essa afirmativa também é
indiscutivelmente válida — salvo algumas honrosas excessões já
conhecidas no País — com relação aos pós-graduados. Assim, o
interesse em abrir caminho para a efetivação desse tipo de
treinamento foi o que levou o Departamento de Documentação do
Centro de Estudos Gerais da Universidade Federal Fluminense a
planejar e propor, como atividade permanente, um curso de
Metodologia da Pesquisa Documentária, de embasamento teórico
comum a qual-
ciplina curricular, não correspondendo, portanto, a uma vidade
didática formalizada. Assim, isso exige perfeita inte-gração entre o
treinamento proposto e os programas de en-sino, e requer estreita
cooperação entre o pessoal da biblio-teca e os estudantes. Muitas
vezes esses requisitos não ajustam satisfatoriamente,
comprometendo o êxito do preendimento (7).
Instruções sobre como usar a biblioteca podem ser trans
mitidas, sob várias formas, ao estudante universitário-ori-entação
relativa a serviços e recursos da mesma, cônsubs tanciando-se em
apresentação física dos setores correspon-dentes; ensinamentos
sobre as fontes básicas de referência providência essa dividida
entre a biblioteca e o corpo cente da própria unidade universitária
a que pertence o estudante; série de palestras em classe, o que
solicita, do pessoal lotado no setor de referência, bastante
familiaridade com o assunto abordado e permanente entrosamento
com o quadro de professores; cursos avulsos, ministrados em
classe, em auditório, no recinto da biblioteca, ou através de
circuito fechado de televisão; finalmente, instrução indivi-
dualizada, mediante assistência direta ao universitário ou a um
pequeno grupo de estudantes. Cada uma dessas opções tem, para a
biblioteca universitária, implicações nem sempre controladas, por
diversas razões (8).
Por outro lado quando, há cerca de 2 anos, a FID considerou a
necessidade de formar usuários, estabeleceu, entre suas metas, a
de, juntamente com a Federação Internacional de Associações de
Bibliotecários (IFLA/FIAB), tomar a iniciativa de promover o
ensino da técnica da pesquisa bibliográfica nos currículos de todas
as escolas de ensino superior (4).
Sob outro enunciado a mesma idéia, porém enriqued-da, veio a
constituir, há menos de quatro anos, um dos objetivos incluídos no
programa de ação para incentivar a criação de sistemas nacionais
de informação: o modo de utilizar bibliotecas deveria fazer parte
da instrução proporcionada desde o nível de primeiro grau, para
que a procura da informação passe a ser um ato natural da vida
quotidiana. e o conteúdo dessa instrução ampliar-se-ia à proporção
que novos graus de ensino fossem atingidos; a nível universitário,
cursos sobre como usar convenientemente obras especializadas e
fontes de informação deveriam constar dos cur-
leiras, é preciso fazer algo a esse respeito, reina ainda
também aqui — acentuada e, talvez, natural divergência
quanto a competência, programas e metodologia do treina-
mento.
Para alguns, a programação e regência do treinamento
constituiriam responsabilidade direta da biblioteca univer-
sitária, junto ao próprio material a ser utilizado, alegan-do-se
,em defesa disso, que são as bibliotecas das unidade que
armazenam o acervo relativo as diversas áreas do e
nhecimento, acervo esse em que os estudiosos do assunto irão
procurar as informações requeridas pelo aperfeiçoa-mento e
pela ampliação do seu desempenho profissional E que,
embora sejam imprescindíveis o apoio e a compreensão
proporcionados pela alta administração e pelo corpo do rente,
o encargo de ministrar o treinamento caberia necessáriamente
aos bibliotecários, cujas formação e experiência permitiriam a
realização de um trabalho bem adaptado as circunstâncias
(16). Para os defensores de tal ponto de vista, somente
bibliotecários seriam capazes de transmitir com
autoridade, a orientação desejada (171.
O que se tem evidenciado, porém, é que essa participa-
ção ativa da biblioteca universitária se consubstancia não só
mediante orientação direta como através de esforços para
incluir, nos currículos, uma disciplina específica, como ficou
facilitado após a última reforma do ensino superior.
Em contraposição, convém lembrar a importância da
atuação do magistério superior, apto a aproveitar racional-
mente os recursos humanos e materiais disponíveis bem como
a motivar o aluno e a influir decididamente no processo
educativo provocando, muitas vezes, no discípulo, uma pro-
veitosa mudança de comportamento. O professor é sempre
líder e avaliador de seus alunos, jamais deverá perder o
direito e a oportunidade de mostrar sua interpretação pessoal
da área de conhecimento em que atua ou que ensina, nunca
sua função poderá perder a relevância a que faz jus (11).
Por outro lado, segundo o espírito da reforma universi-
tária ora em vigor no país, o departamento de ensino não é
concebido como fração unicamente administrativa do todo
universitário, pois, acima de tudo, compõe um órgão técnico-
didático . Cabe-lhe a responsabilidade de executor da política
educacional brasileira e de fiador da qualidade de ensino.
Assim, foi com base nessa firme convicção quanto ao
papel dos professores e dos departamentos, no que diz respeito
à aprendizagem e aos adequados procedimentos de en-sino,
que o Departamento de Documentação do Centro de Estudos
Gerais da Universidade Federal Fluminense planejou oferecer
condições para a permanente formação de usuários da
documentação, através das disciplinas Metodologia da
Pesquisa Documentária II e III, constantes do currículo do
curso de Biblioteconomia e Documentação. Será — crê ele —
face aos objetivos dos cursos universitários, a melhor solução
para o tão necessário treinamento, mediante a execução
integrada dos currículos profissionais confiada a todos os
Departamentos.
Com embasamento teórico comum a qualquer área da
Universidade, mas com ensino prático diversificado, ou seja,
ajustado a cada um dos cursos, de acordo com o campo de
assunto por ele abrangido, o plano prevê a disponibilidade do
ensino da disciplina para graduandos (Metodologia da
Pesquisa Documentária II) e pós-graduandos (Metodologia da
Pesquisa Documentária III). A experiência que serviu de lastro
a essas atividades, agora formalizadas em Planos de Cursos
(ver anexos 1 e 2), foi obtida quando de disciplina ministrada
pelo Departamento, como obrigatória, no Curso de Pós-
Graduação em Odontologia Social e, anteriormente, no Curso
de Pós-Graduação em cirurgia Buco-Maxilo-Facial.
Já no semestre letivo a se iniciar em agosto próximo, e
como resultado do plano ora em etapa oficial de partida, será
ministrada, pela primeira vez a graduandos, aos alunos do
Curso de História, por solicitação do respectivo Coordenador .
Configura-se grata e auspiciosa ao Departamento de Do-
cumentação a oportunidade desse primeiro passo, na trilha da
cooperação interdepartamental, e que objetiva familiarizar os
futuros profissionais com os recursos que lhes propiciam as
fontes de informação especializada.
Há, ainda, um ponto de suma importância, a ressaltar; em
nenhum momento do treinamento proposto, poderá ser
dispensada a colaboração direta do Núcleo de Documentação
da Universidade, através da participação efetiva de suas Bi-
bliotecas Setoriais. As bibliotecas universitárias reúnem,
sempre, as obras de referência que constituem a chave para
cada setor de estudos visado nos cursos existentes e, portanto
sem essa participação não será produtiva a aprendizagem pro-
gramada, pois às Bibliotecas Setoriais requerer-se-á a anteci-
pação dos vários tipos de documentos necessários à suple-
mentação das aulas teóricas e práticas da disciplina a fim-de
tornar fácil o acesso ao material de consulta. E rnais: a
observação do desempenho do aluno nas Bibliotecas Setoriais,
durante o processo ensino-aprendizagem, é ponto essencial
para a avaliação do aproveitamento do mesmo.
2.2 Conteúdo programático do treinamento
Não é abundante, entre nós, a literatura referente a pro-
gramas de formação ou treinamento do usuário da informação
e a principal distinção encontrada entre eles advém das
características diversas das instituições que os organiza e
executam, o que influi até na metodologia adotada.
Um adequado programa desse tipo seria, para algumas, o
que conseguisse abranger os seguintes aspectos: necessidade
da informação, levando em conta o estágio do desen-
volvimento científico e tecnológico nacional; características
gerais e importância das diferentes espécies de fontes infor-
mativas e dos variados instrumentos de recuperação de dados;
organização e recursos do sistema nacional de informação e da
rede de bibliotecas do País e do Exterior; vantagens da
aplicação de técnicas modernas ao tratamento da informação e
principais tendências de evolução nesse sentido; origem e
razões dos sistemas de classificação bibliográfica (18).
A esses tópicos acrescentaríamos a divulgação das téc-
nicas de organização do trabalho monográfico, com a fina-
lidade de não só propiciar ao candidato a autor a aprendizagem
das normas de estruturação e apresentação de teses,
dissertações, relatórios, memórias etc, como de assegurar a
rápida circulação da informação, através dos instrumentos da
pesquisa bibliográfica.
De qualquer forma, o que é lícito esperar de um programa
de treinamento parece constituir-se da possibilidade de:
capacitar o usuário a compreender os padrões da comunicação
e os veículos do fluxo da informação, afim de que ele se ponha
a par das várias maneiras pelas quais uma informação é obtida;
dar a conhecer os recursos da informação disponíveis na
própria biblioteca freqüentada pelo usuá-
rio, ou em outras bibliotecas; habilitar o usuário a utilizar os
diversos instrumentos de pesquisa da informação requerida por seus
estudos universitários e por sua atividade profissional,
posteriormente; criar no usuário mentalidade positiva quanto ao uso
da informação, o que o estimulará a se valer dos recursos existentes
em diferentes bibliotecas (7).
3 Conclusão
A presente análise dos problemas ligados ao despreparo e à
necessidade de treinamento de usuários pode permitir a conclusão de
que é mais fácil organizar a informação para eles que fazê-los
utilizá-la. Será isso verdadeiro? Será isso válido? Estará em
consonância com os objetivos do ensino atual? Certamente que não,
uma vez que o interesse do usuário resulta do estímulo e não da
frustação. Quando devidamente orientado, será capaz de encontrar
satisfação ao confrontar e avaliar opiniões de vários autores, por
exemplo. em resposta a muitas indagações que o afligem.
Não basta, portanto, diagnosticar razões que conduzem ao
desinteresse, muitas vezes inconsciente ,do usuário. O importante é
tentar atenuar as falhas de um sistema educacional praticamente
desassociado da biblioteca e de todo manancial de experiências que
ela oferece. Cabe aos profissionais da informação a responsabilidade
não apenas de organizar e tornar acessível o conhecimento
registrado mas, principalmente, de estimular o seu uso, através de
orientação e apoio a todo um contingente de interessados. Somente
assim estaremos contribuindo efetivamente para que o ensino atual
atinja um de seus principais objetivos: total participação do corpo
discente no processo ensino-aprendizagem .
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
1 AGUIARI, C.S.A.L. et alii. Curso de técnica da pesquisa
bibliográfica: programa padrão para a Universidade de São
Paulo. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE
BIBLIOTECONOMIA e DOCUMENTAÇÃO, 9, Porto
Alegre, 1977. Anais... Porto Alegre, 1977. v. 1, p. 367-85.
2 BONN, G. S. Training laymen in the use of library. In:
SHAW, RR. ed. The state of the library art. New
Brunswick, N. J., Rutgers Univ., Graduate School of Library
Services, 1960. v. 2, pt. 1. Apud YOUNG A.P. Research on
library-user education: a review essay. In: LUBANS JR.,
J.Educating the library user New York, London, Xerox,
1974. p. 1-15.
3 CARVALHO, I. M. O processo didático. Rio de Janeiro
Fundação Getúlio Vargas, 1976. 404 p.
4 CONFERÊNCIA INTERGOVERNAMENTAL PARA PLA-
NEJAMENTO DE INFRAESTRUTURAS NACIONAIS DE
DOCUMENTAÇÃO, BIBLIOTECAS E ARQUIVOS Paris,
1974. Informe final. Paris, UNECO, 1975 67 p.
(COM/MD/30).
5 FEDERAÇÃO INTERNACIONAL DE DOCUMENTAÇÃO
Esboço de um programa de trabalho a longo prazo
Rio de Janeiro, IBBD, 1960. 41 p. (FID. Publicação 325).
6 FJALLBRANT, N. Teaching methods for the education
of the library user. Libri, 26 (4): 252-67, 1976.
7 FERRAZ, T. A. A informação na área nuclear e a estru-
tura de trabalhos científicos. Rio de Janeiro, IBBD, 1975.
148 p.
8 GOGGIN, M. K. Instruction in the use of the University
library. In: LUBANS JR, J. Educating the library user. New
York, London, Xerox, 1974. p. 104-10.
9 LEGRAND, P. Introdução à educação permanente. Lis-
boa, 1970. 126 p.
10 LEITÃO, V. de P. Planejamento didático na universidade.
Educação, 5 (17): 39, Jul/Set. 1975.
PIROG, W. Formacion de usuarios de documentación e
información. B. UNESCO Bibl., 24 (5): 294-301, sept. oct.
1970.
12 POBLACION, D.A. Serviço da informação aos especialis-
tas; pesquisa bibliográfica no currículo das Escolas das
Ciências da Saúde. Belém, 1973. 13 p. mimeo.
13 REIS, H. A. L. Avaliação da produtividade da disciplina
"Pesquisa bibliográfca" no processo educativo. In:
CONGRESSO BRASILEIRO DE BIBLIOTECONOMIA E
DOCUMENTAÇÃO, 9, Porto Alegre, 1977. Anais... Porto
Alegre, 1977. v. 1, p. 271-6.
14 SANTOS, J. P. & MENDONÇA, M.L.A. Instrução programada
sobre o uso de livros e bibliotecas. Porto Alegre, UFRGS,
Biblioteca Central, 1977.
15 SARAIVA, T. O. ensino de 2º grau à luz da Lei 5.692.
Educação, 5 (18): 67-75, out./dez. 1975.
16 UNISIST, informe del estúdio sobre la posibilidad de estabelecer
un sistema mundial de informacion científica. Paris,
UNESCO, 2971. 176 p.
17 URQUHART, D. J. Política nacional de informacion. Paris
UNESCO, 1976. 16 p. (COM-76/NTIS/76).
18 WIESENBERGER, I. Vychova uzivatch VIEI. Tech. knihovna,
11: 337-43, 1966. Apud PIROG, W. Forma-cion de usuários
de documentación e información. B. UNESCO Bibl., 24 (5):
294-301, sep/oct. 1970.
ANEXO I (1) PLANO
DE CURSO
1 — IDENTIFICAÇÃO
1.1 — Departamento que oferece a disciplina
DEPARTAMENTO DE DOCUMENTAÇÃO
1.2 — Disciplina
METODOLOGIA DA PESQUISA DOCUMENTARIA II
2 — POPULAÇÃO-ALVO
2.1 — Módulo de turmas
30 (trinta) alunos
2.2 — Procedência
Alunos dos Cursos de Graduação da Universidade Federal
Fluminense
3 — DISTRIBUIÇÃO DO TEMPO
3.1 — Horas-aula por semana ........................................... 4
3.2 — Horas-aula por mês
Primeiro mês .................................................. 14
Segundo mês ...................................................... 14
— Terceiro mês ..................................................... 18
Quarto mês ........................................................ 18
Total das horas-aula mensais .............................. 64
3.3 — Horas-aula destinadas
às provas ........................................................ 4
aos comentários das provas ................................. 4
como margem de segurança .............................. 6
Total de horas-aula disponíveis no semestre 50
ANEXO I (2)
4 ... OBJETIVOS
Ao final do curso, o aluno deverá demonstrar os seguintes
comportamentos:
4.1 — compreensão da função dos diferentes tipos de bibliotecas e
instituições congêneres;
4.2 — utilização de forma eficaz e eficiente dos serviços bibliotecários e
afins;
4.3 — reconhecimento dos diversos tipos de documentos;
4.4 — habilidade no manejo das fontes de referência e demais recursos
oferecidos pelas bibliotecas e instituições congêneres;
4.5 — análise de diferentes métodos e técnicas utilizadas no processo da
pesquisa documentária;
4.6 — habilidade na aplicação de normas técnicas à referenciação
dos diversos tipos de documentos e à elaboração de resumos;
4.7 — compreensão das diversas partes que constituem o traba-
lho monográfico;
4.8 — habilidade na aplicação de normas técnicas referentes à
apresentação e normalização do trabalho monográfico.
5 — CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
Considerando os objetivos propostos (item 4) e o tempo disponível
(item 3.3), será desenvolvido o seguinte conteúdo:
5.1 — A biblioteca: tipos e funções. Serviços congêneres.
5.2 — Utilização dos serviços bibliotecários e afins.
5.3 — Documentos: tipos e finalidades.
ANEXO I (3)
5.4 — Fontes de referência: tipos e utilização.
5.5 — Pesquisa documentária: métodos e técnicas.
5.6 — Referenciação documentária e elaboração de resumos.
5.7 — Estrutura e normalização do trabalho monográfico.
6 — ESTRATÉGIAS INSTRUCIONAIS
6.1 — Exposição oral e interrogatório didático.
6.2 — Técnicas de ensino individualizado.
6.3 — Técnicas de dinâmica de grupo.
6.4 — Visitas a bibliotecas e instituições congêneres.
6.5 — Manuseio de fontes de referência e de outros documentos
6.6 — Emprego de recursos audiovisuais.
7 — AVALIAÇÃO
O aluno será avaliado durante todo o processo ensino-aprendizagem,
através de:
— observação pelos professores (do GDO e do Curso interessado)
— observação pelo bibliotecário nas bibliotecas setoriais
— auto-avaliação
— hetero-avaliação
em função de:
sua participação em trabalhos de classe
seu desempenho nas bibliotecas setoriais
— prova escrita
apresentação e normalização de trabalho monográfico
7.1 — Épocas previstas para as avaliações:
observação pelo professor e pelo bibliotecário, durante o
processo ensino-aprendizagem,;
prova escrita, ao final da primeira semana;
apresentação de trabalho monográfico normalizado, ao final do
curso.
ANEXO II (1)
PLANO DE CURSO 1-
IDENTIFICAÇÃO 1.1__ departamento que oferece a
disciplina
DEPARTAMENTO DE DOCUMENTAÇÃO 1.2 —
Disciplina
METODOLOGIA DA PESQUISA DOCUMENTÁRIA III
POPULAÇÃO-ALVO
2.1 — Módulos de turmas
15 (quinze) alunos 2. 2 —
procedência
Alunos dos Cursos de Pós-graduação da Universidade
Federal Fluminense
3 - DISTRIBUIÇÃO DO TEMPO
Horas-aula por dia ................................................................................ 3
Horas-aula por semana
_ Primeira semana ................................................................................... 15
Segunda semana .............................................................................. 20
Total de horas-aula semanais ............................................................. 35
Total de horas-aula destinadas
às provas ........................................................................................ 2
aos comentários das provas ........................................................... 2
como margem de segurança ....................................................... 3
Total de horas-aula disponível ............................................................. 23
4 - OBEJETIVOS
Ao final do curso, o aluno deverá demonstrar os seguintes comportamentos:
ANEXO II (2)
4.1 — compreensão da importância da informação, face ao gran-
de avanço da ciência e tecnologia;
4.2 — conhecimento dos organismos nacionais e internacionais
gados à informação;
4.3 — conhecimento das diferentes fontes de informação;
4.4 — habilidade no manejo dos instrumentos de recuperação da
informação;
4.5 — avaliação dos métodos e técnicas utilizados no processo da
pesquisa documentária;
4.6 — habilidade na aplicação de normas técnicas referentes à re-
ferenciação dos diversos tipos de documentos, e à elabora-ção de
resumos;
4.7 — habilidade na aplicação de normas técnicas referentes à
apresentação e normalização do trabalho monográfico.
5 - CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
Considerando os objetivos propostos (item 4) e o tempo disponível
(item 3), será desenvolvido o seguinte conteúdo:
5.1 — A informação face o desenvolvimento da Ciência e da Tecnologia:
importância, ciclo e tendências atuais.
52 — Organismos ligados à informação: nacionais e internacionais.
5.3 — Fontes de informação: importância e tipos.
5.4 — Técnicas e instrumentos modernos de armazenamento e re-
cuperação da informação.
5.5 — Pesquisa documentária: métodos e técnicas.
5.6 — Referenciação documentária e elaboração de recursos: nor-
mas técnicas.
5.7 — Estrutura e normalização de trabalho monográfico.
ANEXO II(3)
DEBATES
AVALIAÇÃO DE SERVIÇOS PRESTADOS A USUÁRIOS DE
BIBLIOTECAS BIOMÉDICAS
MARIA ANGELA LAGRANGE MOUTINHO
DOS REIS
(Professora de Pesquisa Bibliográfica da Escola de
Enfermagem da Universidade Federal do Rio de
Janeiro (UFRJ) e Bibliotecária da Biblioteca
Central do Centro de Ciências da Saúde (CCS) da
UFRJ)
A avaliação em bibliotecas biomédicas é uma pesquisa a
ser efetuada pelos bibliotecários que nela trabalham, indica-
dos naturalmente para tal tarefa, por sua formação e vivência
profissional. Mas bibliotecários não têm o hábito da pesquisa
ou como salienta DIEGUES JÚNIOR (4) em relação a
cientistas sociais, "não há uma tradição de pesquisa", tradição
não é uma atribuição clássica, sendo portanto difícil de ser
implantada, de se tornar habitual.
O sistema de informações que é uma grande biblioteca
biomédica compreende pessoal de diversos níveis, usuários
de diversas formações e áreas de conhecimento, que continua
a apresentar os serviços já por demais conhecidos e está
introduzindo outros mais modernos como os relativos a re-
cuperação de informações on-line e a análise de informações.
Porém existem as bibliotecas menores, carentes de recursos e
instalações adequadas, mas prestando importantes serviços à
comunidade biomédica. Esta inadequação foi verificada por
Yone CHASTINET (2) ao avaliar o Sistema Nacional de
Informação e Documentação Agrícola — SNIDA.
CHASTINET comprovou não haver uma relação direta entre
a quantidade dos bibliotecários da rede e o nível de coope-
ração. Assim sendo, muitas vezes a avaliação pertinente exi-
ge conhecimentos interdisciplinares, envolvendo fatores qua-
litativos e quantitativos, fazendo com que não saibamos por
onde começar, quais as técnicas a empregar. Por onde se
iniciar uma avaliação? Pelos serviços meios ou fins? Quais as
prioridades a serem consideradas? Em nosso ponto de vista,
tais considerações são secundárias, contanto que a
pesquisa seja iniciada. É muito mais fácil aprimorar dices de
avaliação do que esperar haver uma situação ade-quada para
aferição de serviços prestados. Entretanto, não estamos na
época da improvisação, do individualismo de-vendo então
considerar certos princípios.
1 — Devemos nos preocupar com a uniformização de
métodos e a não duplicação de serviços. Nesse sentido de-
vemos seguir a linha geral de situar toda e qualquer biblio-
teca biomédica num sistema mais amplo de inforrnacões
Como um ponto nesse sistema, a biblioteca devem
icialmenten-te se integrar com as bibliotecas a ela
relacionadas, seja por assunto, proximidade geográfica ou
hierarquização, visan-do tomar conhecimento das avaliações
que estejam sendo realizadas, e como estão sendo realizadas.
2 — Determinar qual o nível em que devemos executar
nossa pesquisa. Segundo LANCASTER (5) existem três ní-
veis possíveis.
a) Avaliação de eficiência
b) Avaliação de custo da eficiência
c) Avaliação de custo dos benefícios
Continua o autor sugerindo que no primeiro item ocor-
rem geralmente avaliações das demandas e não das neces-
sidades reais. Quanto ao segundo e terceiro níveis, tão co-
muns em países europeus e nos EEUU não são muito ana-
lisados em bibliotecas biomédicas brasileiras.
Levando em consideração o princípio número um, co-
meçamos a sondar a área biblioteconômica biomédica, atra-
vés de contatos informais com outros bibliotecários, por
intermédio do Grupo de Bibliotecários Biomédicos da Asso-
ciação Profissional de Bibliotecários do Estado do Rio de
Janeiro (APBERJ/GBB). Após o que elaboramos um ques-
tionário para servir de embasamento a um trabalho cujo
objetivo será uma sugestão para padronizar a coleta, deno-
minação e talvez a interpretação dos dados estatísticos de
seções de circulação de bibliotecas biomédicas. Muitos ques-
tionários já foram distribuídos e alguns já nos foram devol-
vidos . Este questionário inicial, ou melhor, este conjunto de
questionários será o ponto de partida para uma linguagem
controlada, comum e sem se prestar a interpretações duvi-
O método estatístico é imprescindível em qualquer
avaliação por permitir aferição através de dados qualitativos
Quantitativos. Através da obtenção de dados estatísticos,
a organização, apresentação e análise, podemos avaliar os
serviços que impliquem no fornecimento de número de da-
DOS SINIFICATIVOS. NÃO queremos dizer com isso que só de-
vems utilizar as técnicas estatísticas. Fenômenos isolados,
não se prestando a inferências estatísticas são muitas vezes
dignos de serem avaliados.
O princípio número dois nos leva novamente a citar
LANCASTER, recomendando seu trabalho como devendo ser lido
por todos os bibliotecários interessados em avaliação. A avaliação
de eficiência é bastante sutil e presta-se a interpretações variadas.
Inclusive nos propiciando uma coleção sistemática de evidência
para verificação de que certas mudanças estão ocorrendo nos
processos da biblioteca ou... nos leitores. Se o papel do
bibliotecário também é de educador, de modificar o usuário, então
certamente devemos saber quais as possíveis e as desejáveis
mudanças. Deve haver uma análise detalhada das variáveis
considerações importantes .
A enfatização das demandas e das necessidades dos usuários,
isto é, o que os usuários pedem e o que realmente precisam, levou-
nos a coletar dados através da turma de alumos de "Pesquisa
Bibliográfica" **, considerada uma amostra representativa dos
leitores de uma biblioteca biomédica. Muitas perguntas feitas
diretamente são respondidas conforme o usuário simpatisa ou não
com seu entrevistador ou de acordo com seu humor. Os pedidos de
sugestões também se prestam a má interpretação, pois nem todos
preenchem as papeletas. O hábito de leitura e escrita é tão pouco
cultivado que mesmo os leitores "necessitados" não querem escre-
ver umas poucas palavras que poderiam vir a ajudá-los.
Esses motivos nos levaram a aplicar um questionário sondagem
tentando avaliar a maturidade e conhecimento
Disciplina do currículo de graduação da Escola de Enfermagem da
UFRJ, tendo uma carga horária de trinta horas e proporcionando dois
créditos. O programa da disciplina compreende apresentação da
biblioteca, estudo e aplicação das normas da ABNT relativas a
apresentação de trabalhos científicos, elaboração de trabalhos,
documentação.
dos leitores no que se relaciona com bibliotecas. Tammbém para
orientação de quais os ensinamentos a serem transmitir tidos na
primeira parte do programa. Todos os alunos também usuários da
biblioteca do Centro de Ciências da Saúde da UFRJ .O
comportamento inadequado de grande parte dos leitores dessa
biblioteca nos motiva para estender a aplicação do questionário
acima a outras áreas, o nos impediu até agora de tal atitude foi a
falta de ocasião-propícia, talvez em cursos a serem dados
futuramente O questionário tinha várias perguntas mas apenas ire-
mos analisar as relativas à existência de bibliotecas nos colégios
onde cursaram o segundo grau, bem como a ade-quação das
mesmas. Quarenta e oito alunos responderam
O questionário. Desses, vinte e um haviam estudado
colégios com bibliotecas, vinte estudaram em colégios sem
bibliotecas, sete deram respostas prejudicadas. E, das bi-
bliotecas existentes, apenas três podiam ser consideradas
"boas". Tais resultados nos preocuparam bastante, haja
visto que os cursos "preparados" de vestibular, citados den
tre os colégios relacionados, não têm bibliotecas. Esses cur
sos apenas lidam com apostilas, nem livros indicam para
leitura. Daí, porque usuários de bibliotecas biomédicas, ao
entrarem na faculdade, no terceiro grau, ainda estão em
nível de primeiro grau no que se refere a bibliotecas.
Essa avaliação foi efetuada no início deste ano e continuará
sendo feita em cada semestre, para aferição dos resultados e
conseqüente mudança de métodos.
A avaliação deve ser constante e ter como objetivo o
aprimoramento dos serviços. Mudanças podem ou não ser
efetuadas, são um meio e não um fim.
Concluindo, solicitamos aos colegas que divulguem os
trabalhos efetuados no campo da avaliação para melhor
entrosamento dos interessados.
Bibliografia Consultada
1 BLOOM, B. S. Handbook on formative and sumative eva-
luation of student learning. New York/etc/ McGraw-Hill
Book Co. c. 1971/923 p.
2 CHASTINET, Yone S. et alii. A implantação da rede de
coleta e registro bibliográfico do Sistema Nacional de
Informação e Documentação Agrícola — SNIDA, uma
avaliação. In :CONGRESSO BRASILEIRO DE BI-
BLIOTECONOMIA E DOCUMENTAÇÃO, 9. Porto Alegre,
1977. Anais... Porto Alegre, 1977, p. 50.
3 CUNHA, Maria Luisa Monteiro da, Bibliotecas universitárias em
sistemas nacionais de informação. IN: CONGRESSO
BRASILEIRO DE BIBLIOTECONOMIA E
DOCUMENTAÇÃO, 9 Porto Alegre, 1977. Anais... Porto
Alegre, 1977. p. 67-92.
4 DIEGUES JÚNIOR, Manuel. Pesquisas interdisciplinares:
problemas e perspectivas. Multidisciplinar, 1 (1): 9-14, 1974.
5 LANCASTER, Frederick W. Guidelines for the evaluation
of information systems and services. s.l, UNESCO, 1977.
178 p.
6 SCRIVEN, Michel. Evaluation perspectives and procedu-
res. In: POPHAM, W.J., ed. Evaluation in education; current
applicatioris. Berkeley, McCutchan Publ. Corporation
/cl974/ 585p. tras publicações;
A BIBLIOTECA ESPECIALIZADA COMO SUPORTE
PARA A BIBLIOTECA UNIVERSITÁRIA
LILIA TERESA VASCONCELOS TORRES
(Bibliotecária Chefe do Centro de
Informações Técnicas da COMLURB)
LYGIA DE MEDEIROS ALBEIRICE
(Bibliotecária da COMLURB)
RESUMO
A biblioteca especializada como suporte para a biblioteca
universitária, deve conter uma classificação especial que se
adapte às necessidades da organização, com a finalidade de
prover, o mais rapidamente possível o técnico, da informação
solicitada. Na biblioteca em questão foi utilizado o sistema de
Unitermo que dá 80% da recuperação da informação. A
novidade no caso, é que às vezes o Unitermo transforma-se em
Tri-termo como um cabeçalho de assunto, dada a alta
especificidade da matéria. O sistema de análise de documenos
é fundamental já que sendo uma biblioteca muito específica, o
tipo de documentação recebida é útil a um grande número de
técnicos em diversos setores, cabendo à biblioteca, através
desta análise, diagnosticar o grau de interesse de cada um.
Vale esclarecer que é da maior importância a formação de
catálogos de entidades afins, Nacionais e Estrangeiras, como
rede operacional a fim de obter-se um intercâmbio que
provenha às necessidades dos técnicos no tocante à rapidez da
recuperação da informação nas pesquisas realizadas
independentemente de local. A biblioteca especializada e a
universitária caminham paralelamente como suportes na
formação, profissional do estudante, formando uma rede de
informações técnicas onde é fundamental o intercâmbio com a
finalidade de colocar os técnicos em contato uns com os
outros pois, é fundamenta para o progresso do
desenvolvimento das ciências.
1 Introdução
Um Serviço de Informações Técnicas é uma nova forma
de capital da empresa.
A procura da diminuição de custos pela inclusão de novas
técnicas torna-se a cada dia prioritária, exigindo a criação de
um suporte que facilite automaticamente e dê continuidade ao
desenvolvimento tecnológico.
A informação como veículo e subsídio desse desenvol-
vimento promove sua valorização econômica e conseqüente
capitalização. Atuando como recurso básico do desenvol-
vimento e, colaborando para fixação e estabelecimento de
Know-How é ela encarada como fator de melhoramento
qualitativo de educação, cujos efeitos irão repercutir na
produção industrial.
A implantação de um sistema técnico-informativo dentro
de uma empresa é atitude de conscientização de que a ação
empresarial e os seus benefícios não podem ser, apenas, as
quantificáveis, os rigorosamente definidos e delicados, mas
sim toda e qualquer ação que leve mesmo indiretamente a uma
minimização de custos.
2 Histórico
Há quase um século que os serviços de limpeza urbana
vem sendo realizados de forma organizada no município.
A partir da carroça puxada a burro, os serviços têm
acompanhado o desenvolvimento da cidade, adotando na
medida em que se faziam necessárias novas técnicas, novos
equipamentos e novos sistemas organizacionais, culminando
com a criação da COMLURB, sociedade de economia mista
vinculada à Secretaria Municipal de Obras e Serviços Pú-
blicos, instituída por Decreto-lei n
9
102 em 15 de maio de
1975, com a atribuição de executar a coleta domiciliar, a
limpeza de logradouros, dar um destino adequado aos resíduos
sólidos produzidos no município.
É administrada por um Conselho Diretor, composto de
cinco Diretores, sendo um Diretor Presidente, um Diretor de
Administração e Finanças, um Diretor de Operações de
Limpeza, um Diretor de Planejamento e Obras e um Diretor de
Transportes e Equipamentos
Dando seqüência, um breve histórico da Limpeza Urbana
na cidade do Rio de Janeiro.
1893 — Criada a Inspetoria de Limpeza Pública e par-ticular
subordinada a Diretoria de Obras.
1896 — Integração da Inspetoria de Limpeza Pública e
Particular à Diretoria Geral de Higiene e Assistência Pública.
1897 — Os serviços de Limpeza Pública foram entregues a
iniciativa privada. Assim os Irmãos Gary constituiram a Companhia
Industrial do Rio de Janeiro, o qual obteve concessão do Governo
para executar os serviços de coleta, transporte e destino do lixo.
1899 — Os serviços de Limpeza Pública retornam ao Poder
Público. É criada a Superintendência do Serviço de Limpeza Pública
e Particular, subordinada ao Gabinete do Prefeito.
1934 A Superintendência passa a ser Diretoria, e
posteriormente Diretoria Geral de Limpeza Pública e Particular,
subordinada ao Gabinete do Prefeito.
1935 — A Diretoria Geral volta a ser Diretoria e passa a
integrar a Secretaria Geral de Viação, Trabalho e Obras Públicas.
1940 — A Diretoria de Limpeza Pública e Particular é
transformada em Departamento de Limpeza Urbana, subordinada a
Secretaria Geral de Viação e Obras.
1962 — Subordinação do Departamento de Limpeza Urbana à
SURSAN — SUPERINTENDÊNCIA DE URBANIZAÇÃO E
SANEAMENTO.
1966 — Aprovada a nova estrutura orgânica do DEPAR-
TAMENTO DE LIMPEZA URBANA.
1973 — Extinção da SURSAN e criação da COMPANHIA
ESTADUAL DE LIMPEZA URBANA — CELURB — sociedade
de economia mista, vinculada a Secretaria de Obras Públicas.
1975 — Com a fusão dos Estados do Rio de Janeiro e
Guanabara, foi extinta a CELURB, criando-se finalmente, a
COMPANHIA MUNICIPAL DE LIMPEZA URBANA -
COMLURB.
4 Formação de um Centro de Informações Técnicas
A Companhia Municipal de Limpeza Urbana iniciou no dia 25
de setembro de 1975 a implantação de sua Biblioteca, nascida do
intercâmbio proporcionado pelo Programa das Nações Unidas para
o Desenvolvimento (PNUD), pro_ jeto BRA-2040 e do espírito
empresarial da atual Diretoria
Contava nessa época com um acervo de 171 exemplares
incluindo-se livros, periódicos, folhetos e outras publicações'
originando-se de doações dos engenheiros.
Hoje em fase de implantação do seu Centro de Informações
Técnicas, conta com um acervo aproximado de:
— 3.600 livros;
106 títulos de periódicos especializados;
600 relatórios, congressos, teses, conferências e outras
publicações
— 2.000 slides;
50 fitas K-7;
3.000 recortes de jornais.
É altamente especializado em Limpeza Urbana e Resíduos
Sólidos, sendo o único no gênero na América Latina.
O acervo composto essencialmente de fontes de informação
primária está à disposição dos técnicos da empresa para consultas e
empréstimos e, para pessoal externo, apenas à consultas.
As coleções das Bibliotecas Setoriais (2) tendem a se tornar
altamente especializadas segundo a unidade a que atendem.
Procura-se promover atuante intercâmbio na Rede das Setoriais
visando a um apoio efetivo aos técnicos.
Apesar de ainda em fase de organização, o Centro de
Informações Técnicas, já possui sua coleção de periódicos inscrita
no Catálogo Coletivo de Periódicos do IBICT — Instituto Brasileiro
de Informação em Ciência e Tecnologia.
4.1 Finalidades do Centro de Informações Técnicas
• Servir de suporte básico ao sistema de informações técnicas
da Companhia.
Prover de recursos bibliográficos e técnico-informa-
tivos o pessoal técnico empenhado na realização de
trabalhos de interesse da empresa;
Empenhar-se na busca de respostas específicas para o
usuário específico;
Preservar e controlar a produção da literatura técnica
da empresa;
Manter intercâmbio com Entidades afins, Nacionais e
Estrangeiras.
4.2 Atividades do Centro de Informações Técnicas
O Centro de Informações Técnicas pertence a Assessoria
de Comunicação Social, órgão diretamente ligado à
Presidência da COMLURB.
Opera em dois sistemas — interno e externo. O interno dá
apoio às diretorias com seus diversos setores e o externo
abrange os setores fora da sede, fornecendo assistência técnica
através de informações e mantendo contato pela divulgação
dos trabalhos realizados no âmbito da Companhia.
O acervo é especializado em Limpeza Urbana, Resíduos
Sólidos, Engenharia Sanitária e Conservação do Meio Am-
biente. Por ser a única na América Latina especializada em
resíduos Sólidos, oferece aos seus técnicos a oportunidade de
levantar o maior número de dados sobre o assunto,
estendendo-se estas vantagens aos estudantes universitários
desta área, que buscam a biblioteca especializada para
completar os conhecimentos obtidos através da universidade e
a biblioteca universitária.
Atividades básicas:
• Centralizadas;
• Descentralizadas;
• Cooperativas; e
• Coordenadas.
ATIVIDADES CENTRALIZADAS
Seleção — é feita através da análise do material soli
citado pelos técnicos, em formulário próprio. (Ane
xo 1).
• Aquisição O material bibliográfico adquirido
apresentar-se nas mais diversas formas: livros
mapas, periódicos, audio-visuais, etc , seja para uso do
Centro, seja para uso exclusivo de outros setores da
empresa, além de outras formas de entrada de
documentos como depósito legal de todas as puli-
cações técnicas da Companhia, traduções técnicas
filiação e associações técnicas Nacionais e Interna-
cionais e outras fontes que normalmente geram do-
cumentação.
Registro — Livros e folhetos são registrados no livro
de Tombo e os periódicos no Kardex. Outros
materiais como slides, recortes de jornais e fitas
K17, são registrados na própria ficha de indexação
• Circulação de Periódicos — Coloca-se a disposição
dos técnicos, os periódicos p e r t i n e n t e s às suas
áreas de atuação. Após seleção prévia, são os
periódicos encaminhados com ficha de encaminha-
mento interno (Anexo 2), na qual o técnico solicita
cópia xerox dos artigos importantes para o bom
desempenho de seu trabalho. Esta ficha é assinas pelo
técnico no ato da devolução da mesma.
Empréstimo — Os livros são enviados aos diversos
setores da Companhia, através de circular mensal con
a finalidade de divulgar as novas aquisições. Qual
quer livro ou outro material bibliográfico poderá ser
emprestado por um período de quinze dias, reno-
váveis, caso não haja reserva. Somente as obras de
referência não poderão ser retiradas devendo se.
consultadas na biblioteca.
• Outros Materiais — Ficam também a disposição de
todos os usuários da Companhia as fitas K-7, con
tendo gravações de entrevistas dadas por técnicos da
Companhia; os recortes de jornais contendo notícias
relativas a Companhia e a conservação do meio
ambiente, slides de instalações e equipamento da
Companhia, assim como os mesmos em operação.
ATIVIDADES DESCENTRALIZADAS
Referência — Facilita o diálogo direto com o usuário
para atingir-se maior eficácia.
ATIVIDADES COOPERATIVAS
É adotada modalidade para os trabalhos de documen-
tação.
ATIVIDADES COORDENADAS
Relação de intercâmbio e de pesquisa com a
externa.
4.3 Processamento Técnico
Todo material bibliográfico recebe um tratamento ad
quado adaptado às necessidades da Companhia o que resulta
numa redução de custos, dando maior facilidade na divulga-
ção da recuperação da informação. É empregado o índice Uni-
termo que permite uma recuperação de até 80% da informa-
ção por ser um dos sistemas mais eficazes de indexação. Dá-se
realce aos termos simples indicadores dos conceitos determi-
nativos de cada documento. Por vezes, dada a alta especi-
ficidade do assunto, este unitermo é aumentado em até
tritermo como se fora um cabeçalho de assunto. Há grandes
vantagens nesse sistema entre as quais podemos destacar a
facilidade em inserir ou selecionar fichas. A facilidade com
que se recupera a informação no catálogo é realmente de
grande eficácia para o bom andamento de um sistema de
informações técnicas. Há técnicos que não aprovam o sistema
de indexação por unitermo por considerá-lo por vezes falho,
já que requer maior atenção na hora da recuperação da
informação. Entretanto, no caso de uma biblioteca altamente
especializada, este método proporciona liberdade de ação
com a criação de termos específicos no assunto sem que seja
necessário se prender a um catálogo pré-determinado. Além
disso, é o método mais adaptável ao processamento de dados.
Se tivéssemos adotado a CDU. ficaríamos restritos a:
Exemplo:
Centro de Informações Técnicas da COMLURB — Com-
panhia Municipal de Limpeza Urbana, especializado em
Resíduos Sólidos.
Classe — Engenharia
Divisão de Classe — Engenharia Sanitária
Sub-divisão de classe — Resíduos Sólidos
I
Tendo em vista a nossa necessidade de especificidade
adotamos o Unitermo. Além disso, utilizamos também
Classificação Decimal Universal para facilitar o intercâmbio
com Entidades estrangeiras. (Anexo 3)
Outros Materiais (Recortes de jornais, fitas K-7
slides).
Como já foi dito anteriormente, o material acima
registrado e indexado na própria ficha de Unitermo com
vemos no anexo 4.
4.4 Entidades Afins Importância de Filiação
É da responsabilidade do Centro de Informações
Técnicas o estabelecimento de contatos e filiação a Asso-
ciações Técnicas Normativas ou de Pesquisas, no país e no
exterior.
Estes contatos e filiações são da maior importância pois,
é através deles que é possível uma abertura essenciais na
corrente humana da comunicação, ampliando o acervo que é
o depósito coletivo de conhecimentos.
É através de vários esquemas de cooperação interbi-
bliotecárias que se pode proporcionar ao leitor o acesso a uma
faixa de escolha rnais ampla.
4.5 Catálogos EspeciaisFormação em Centros de Infor
mação
Os catálogos de bibliotecas e instrumentos bibliográficos
formam a memória coletiva do depósito de conhecimentos .
A formação de catálogos especiais amplia essa memória
proporcionando um acesso específico e maior rapidez da
informação desejada.
Entende-se por Catálogos Especiais todos aqueles que
não fazem parte normalmente da organização de uma
biblioteca. São eles:
1) Catálogo de Instituições congêneres;
2) Catálogo de pessoas físicas (técnicas) dentro da
área de especialização do Centro; e
3) Catálogo de organismos de área governamental.
4.6 Intercâmbio —
Rede Informativa de Apoio
Rede Interna — constituída pelas bibliotecas set
(duas), catálogos de documentação técnica e pessoas setoriais
que trabalham na própria Companhia.
físic
as
Através das bibliotecas setoriais, o Centro de informe ções
Técnicas aprimora o seu caráter de sistema unificado centralizando
e descentralizando a informação com o pro-pósito de alcançar uma
grande otimização dos serviços Isso proporciona uma maior
flexibilidade à estrutura mini-mizando tempo e aumentando o
número de atendimento
O Centro de Informações Técnicas é ainda responsável pela
tradução de obras intercambiadas desde que solicitadas por
autoridade competente.
Rede Externa — Recorre-se sempre que necessário ao meio
externo para a busca de informes. Procura-se con-tactar
diretamene com as pessoas físicas ou jurídicas, em qualquer campo
de atividade desde que possam prestar as informações solicitadas.
Utiliza-se o sistema de intercâmbio de duplicatas e trabalhos
realizados por técnicos da Companhia com a finalidade de divulgar
os referidos trabalhos assim como angariar obras para aumento do
acervo técnico que não entre normalmente em linha de edição.
(Anexo 5)
4.7 Clientela
É encarado como objeto de investimento e como recurso do
sistema, cuja montagem é em função das necessidades geradas pela
atuação do técnico na empresa.
Como recurso, procuramos o aproveitamento de suas
manifestações ao se relacionar o Centro de Informações Técnicas
para, em um processo de estímulos e reações, perguntas e respostas,
realimentar o sistema reajustando nosso desempenho. Para
avaliação dos serviços prestados e reavaliação de procedimentos,
vem observando:
os pedidos de aquisição de material bibliográfico;
os pedidos de pesquisa bibliográfica;
os pedidos de informações e
os pedidos de traduções.
FIGURA 7 - REDE DE APOIO
Os estudos ainda são incipientes, mas já atuam como
meio de estabilizar o equilíbrio do sistema.
É também importante a participação da clientela terna, ou
seja, técnicos e estudantes universitários que recor-rem ao
Centro de Informações Técnicas para complemen-tar suas
pesquisas pois, é através deles que podemos am-pliar o
catálogo especial de pessoas físicas ligadas ao meio
4.8 Pesquisas
É objetivo primeiro num Centro de Informações Técnicas,
fazer com que a informação vá rapidamente ao técnico antes
mesmo que ele a solicite. Para isso obedece-se a uma técnica
de análise de todos os documentos pertinentes que dão entrada
no Centro os quais, depois de cuidadosamente analisados são
encaminhados aos setores ou técnicos competentes .
Na maioria das vezes este envio da documentação dis-
seminada ao técnico, gera uma solicitação de complementação
desta informação, provocando uma consulta do Centro a
entidades afins ou técnicos da área, muitas vezes em outros
países como respostas a solicitação requerida pelo técnico
pertinente.
Pesquisa de dados — Mais rápida, mais objetiva e con-
cisa. Limita-se a informação de dados específicos levantados
através do acervo, Catálogo Coletivo de Periódicos e/ou
entidades congêneres.
Pesquisa bibliográfica — Consiste em levantamentos
exaustivos da literatura técnica solicitada, nas línguas pedidas,
diretamente às fontes, ou seja, entidades afins, nacionais e/ou
estrangeiras, equivalentes à língua solicitada.
Exemplo:
Pesquisa solicitada: Segurança, Higiene è Medicina do
Trabalho.
Língua — Portuguesa — NADA OBTIDO.
Língua — Inglesa — Entidade Consultada — U.S. En-
vironmental Protection Agency — Recebimento do material
solicitado. (Anexo 6).
4.9 Estatística
O Centro de Informações Técnicas oferece dois tipos de
produtos finais: de informação e de prestação de servi-ços. Entende-
se por produto final de informação a todo dado obtido através de
pesquisa. Entende-se por produto final de prestação de serviços a
todo serviço prestado dentro do funcionamento normal de uma
biblioteca. A estatís-tica é um dos melhores métodos de avaliação
dos resultados quantificáveis desses produtos. (Anexo 7).
5 Rede de Apoio
Definição
É uma rede informativa técnica constituída de Centros de
Informação ou Bibliotecas Especializadas atuando como suporte,
justamente com entidades congêneres, às bibliotecas universitárias.
A necessidade de formação dessa rede em âmbito nacional, faz-
se sentir à medida que nos intercambiamos com redes semelhantes
no exterior, já que como foi dito, obtivemos resultados através
dessas redes e não diretamente a entidades nacionais.
É da maior importância o intercâmbio de boletins bi-
bliográficos periodicamente à todas as entidades afins, assim como
universidades, nem que seja em âmbito estadual, com a finalidade
de fornecer dados bibliográficos a todos os organismos participantes
e gerar a minimização do fator-tempo/custo — tão importante em
todas as operações administrativas atuais.
Num sistema de informação, necessário se faz a divulgação da
mesma. Como a biblioteca universitária, que tem no seu acervo
diversificado, a necessidade do apoio de entidades especializadas, é
dela que deve partir a orientação para seus usuários como objetos de
investimento e não como fatores de aumento de custo operacional.
A formação de um organismo centralizador de catálogos
especiais de entidades congêneres com a finalidade de prover ao
organismo solicitante a localização da informação desejada, atuando
como um banco de dados seria de grande valia para todo um sistema
integrado de recuperação da informação.
Companhia Municipal de Limpeza Urbana — Comlurb
Centro de Informações Técnicas
Rua Major Ávila 358 — 2
9
pav. — Tijuca
Rio de Janeiro — 20000
RJ — BRASIL
Mod. 712
Endereço:
Díreción:
Address:
Recebemos e agradecemos:
Agradecemos su envio de:
We acknowledge, with thanks, receipt of:
Desejamos receber:
Deseariamos recibir:
We would like to receive:
Enviamos em intercâmbio:
Les enviamos en calidad de canje: We
are cending you in exchange:
DATA
BIBLIOTECÁRIA
PAINEL SOBRE A BIBLIOTECA UNIVERSITÁRIA E
OS PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO
Componentes da mesa
Coordenadora: MARIA BEATRIZ GOUVÊA PONTES ]
CARVALHO (Chefe da Divisão de Estudos e Projetos do
IBICT)
Conferencista: GILDA MARIA BRAGA (Ph. D. em Ciência da
Informação e Professora da Divisão de Ensino e Pesquisa do
IBICT)
Expositores: ABIGAIL DE OLIVEIRA CARVALHO (Professora
da Escola de Biblioteconomia da UFMG e Técnico de
Desenvolvimento Científico do CNPq junto ao CETEC em
Belo Horizonte)
JUDITH REBECA SCHLEYER (Assessora de Planejamento
Bibliotecário da CAPES)
NAZIAN AZEVEDO DE MORAES (Diretora da Biblioteca
Central da UFES)
Secretária: ELIDIA VICTORIA DA SILVA (Bibliotecária da
Biblioteca de Medicina da UFF)
PROJETO INTERAÇÃO ATIVIDADE/PESQUISA:
AVALIAÇÃO DE PERIÓDICOS CIENTÍFICOS
E TÉCNICOS BRASILEIROS
GILDA MARIA BRAGA
(Ph. D. em Ciência da informação
e Profª da Divisão de Ensino
e Pesquisa do IBICT)
1 introdução
O Projeto de Interação Atividade/Pesquisa do IBICT tem como
um de seus objetivos a busca de um modelo para avaliar periódicos
científicos e técnicos brasileiros.
A ausência de um índice de citações arrolando os periódicos
latinoamericanos de Ciência e Tecnologia dificulta o processo de
avaliação, levando à busca de outras variáveis que possam conduzir
à construção de modelos válidos para a América Latina,
especialmente o Brasil.
O modelo em estudo pelo projeto baseou-se em parte em
propostas anteriores, feitas principalmente pela UNESCO.
A área teste do modelo foi Química, tendo em vista o
desenvolvimento global do Projeto.
2 Material & Método
Foi efetuado um levantamento, tão completo quanto possível,
dos periódicos da Área de Química.
Na impossibilidade de delimitar-se a área em termos de uma
definição do assunto, foram considerados como pertencentes a
Química os periódicos encontrados em bibliotecas de Química, de
acordo com o Catálogo Coletivo Nacional. Foram levantados e
examinados 55 títulos de periódicos, nos últimos 5 anos.
As principais variáveis incluídas no modelo referem-se:
a) NÍVEL: Científico (quando rnais de 50% dos arti-
incluídos são resultantes de atividade de pesquisa, i ei artigos
uma estrutura de "Introdução, Material, Método, Resultado
Conclusões/ou similar.) Técnico (quando mais de 50%
dos artigos incluídos expressa opinião de julgamento
especialistas sem no entanto relatar diretamente resultados
le pesquisa). Divulgação (quando mais de 50% do periódicos
é dedicado a notícias curtas e matéria não assinada)
b) ORIGEM: de acordo com a instituição, editora
vernamental (Federal, Estadual ou Municipal) ou não
governamental.
c) NORMALIZAÇÃO EXPLÍCITA — De acordo com
indicações existentes no próprio periódico, i.e., se normas para os
artigos, por exemplo, são adotadas — e quais; bus-"ou-se também
a existência de ISSN.
d) INDEXAÇÃO — Para a análise dessa variável forarn
consultadas as bibliografias especializadas brasileiras e o Ulrich's
International Periodicals Directory, última edição
e) PERIODICIDADE — Tal como indicada no perió.
f) EXISTÊNCIA EM BIBLIOTECAS BRASILEIRAS E
ESTADO DAS COLEÇÕES. — Esta variável foi pesquisada no
Catálogo Coletivo Nacional. Foram considerados apenas os 5
(cinco) últimos anos.
Outras variáveis examinadas incluem dados relativos à divisão
de conteúdo, duração do periódico, abrangência de assuntos,
inclusão de resumos em outros idiomas que não 3 português, etc.
3 Resultados
Em relação ao NÍVEL, 49% dos periódicos são científicos,
35% técnicos e 16% de divulgação. Os governamentais
representam 53%, havendo uma divisão equilibrada entre federais
e estaduais.
No que se refere à NORMALIZAÇÃO, apenas 38% declara
seguir algum tipo de norma, sendo muito pequena a adoção das
normas da ABNT (7%). Apenas 5% dos periódicos examinados
tem ISSN.
268
PÓS-GRADUAÇÃO EM BIBLIOTECONOMIA E CIÊNCIA
DA INFORMAÇÃO
REFLEXÕES — SUGESTÕES — EXPERIÊNCIAS
ABIGAIL DE OLIVEIRA CARVALHO (Ex-
Coordenadora de Treinamento, Pesquisa e
Desenvolvimento do IBICT/CNPq e Técnico de
Desenvolvimento Científico do CNPq junto ao
Programa de Informação em Ciência °
Tecnologia da Fundação Centro Tecnológico
de Minas Gerais (CETEC)
RESUMO
Objetivos e normas básicas de pós-graduação brasileira
Programas de pós-graduação em Biblioteconomia e Ciência da
Informação no Brasil. Integração dos cursos, critérios de avaliação,
flexibilidade, criação de padrões próprios, necessidade de
instituições empregadoras, pesquisa, corpo docente e discente. O
papel da biblioteca universitária e o aperfeiçoamento do
profissional para o desempenho de funções nos níveis técnicos,
gerencial e institucional. Linhas de atuação adotadas na
Coordenadoria do Curso de Mestrado do IBICT
1 A Pós-Graduação Brasileira
A experiência brasileira de ensino a nível de pós-gradua-ção é
relativamente recente. O modelo antigo, de tradição européia, tem
pouco mais de trinta anos.
O Estatuto das Universidades Brasileiras de 11 de abri' de
1931 (Decreto 19.851) atribuía aos institutos universitários a
concessão de diplomas de doutor, atendidas as exigências
regulamentares e mediante a defesa de uma tese de autoria do
candidato. A defesa de tese é a essência do doutorado, título que
pôde ser obtido também pela aprovação em concurso de cátedra ou
de livre docência.
O modelo novo de pós-graduação tem cerca de 10 anos. Os
cursos de pós-graduação que concederiam o título de
doutor ou de mestre foram definidos e regulamentados pelo
Conselho Federal de Educação.
O parecer 977 de 1965 do Conselho Federal de Educação L
CFE, construiu o modelo de ensino pós-graduado à moda
americana; conceituou a pós-graduação "sensu strictu" como o
"ciclo" de cursos regulares em seguimento à graduado,
sistematicamente organizados, visando a desenvolver e aprofundar
a formação adquirida no âmbito da graduação. e conduzindo à
obtenção de grau acadêmico.
De acordo com o Aviso Ministerial que solicitou ao CFE
regulamentação da pós-graduação, são três os motivos
fundamentais que exigiram a instauração do sistema de cursos de
pós-graduação:
D Formar professorado competente que possa atender à
expansão quantitativa de nosso ensino superior, garantindo, ao
mesmo tempo, a elevação dos atuais níveis de qualidade;
2) Estimular o desenvolvimento da pesquisa científica por meio
da preparação adequada de pesquisadores;
3) Assegurar o treinamento eficaz de técnicas e trabalhadores
intelectuais do mais alto padrão para fazer face às necessidades do
desenvolvimento nacional em todos os
setores.
O Plano Nacional de Pós-Graduação, documento elaborado pelo
Conselho Nacional de Pós-graduação, instituído através do Decreto
73.411 de 1974, analisa a evolução da pós-graduação no Brasil e
sem questionar o Parecer 977 do CFE, diagnostica deficiência do
sistema, propõe diretrizes para a superação progressiva dos
problemas e estabelece metas para o qüinqüênio 75-79.
2 Pós-Graduação em Biblioteconomia e Ciência da Informação
A pós-graduação, no Brasil, compreende o mestrado e o
doutorado, dois níveis de estudo hierarquizados relativa mente
autônomos. O mestrado pode ser etapa preliminar na obtenção do
grau de doutor ou grau terminal e não é requisito prévio para o
doutorado.
Existem, atualmente, em Biblioteconomia e Ciência da
Informação, 5 cursos de mestrado, um convênio entre
universidade brasileira e inglesa para doutoramento e um
programa de doutoramento em estruturação.
2.1 IBICT
Na área de Biblioteconomia e Ciência da Informação o
primeiro curso de pós-graduação (mestrado) do Brasil e da
América Latina foi criado em 1970 pelo então IBBD, em
convênio com a Universidade Federal do Rio de Janeiro
O curso de mestrado pretendeu, desde o início, contri-
buir para a formação do docente e do pesquisador e ao mesmo
tempo preparar para o desempenho de ocupação específica:
operação de sistemas de informação.
A reestruturação do curso, projetada em 1974, procurou
dar ênfase à formação do pesquisador em Ciência da Infor-
inação e estabeleceu três áreas de concentração "Usuários"
"Administração de Sistemas de Informação/Documentação" e
"Transferência de Informação", essa última com enfoque
matemático e estatístico.
Com a criação do IBICT, desenvolvimento natural do
I3BD, o curso de mestrado passou a ser uma das atribuições
da Coordenadoria de Treinamento, Pesquisa e Desenvolvi-
mento. Foram feitas novas alterações no regulamento,
aprovadas em abril de 1977 pela UFRJ, visando a dar ao curso
melhores condições de atendimento de seus objetivos, dentro
das normas universitárias e levando-se em consideração os
recursos realmente disponíveis. Seguiu-se o critério de maior
flexibilidade através de programação de estudos que
compreendesse um elenco de disciplinas optativas.
As áreas de concentração foram reduzidas a "Adminis-
tração de Sistemas de Informação/Documentação e "Trans-
ferência da Informação". A de "Usuários" foi eliminada como
área para permitir que os alunos de todas as áreas tivessem a
oportunidade de cursar as disciplinas que anteriormente
compunham elenco exclusivo dos que optassem pela área
"Usuário". Pressupôs-se que essas disciplinas fossem de
importância para os candidatos das outras áreas. sobretudo da
área de "Administração".
2. 2 UFMG
O curso de mestrado em Administração de Bibliotecas da
Universidade Federal de Minas Gerais já entrou em seu
terceiro ano de funcionamento. Teve seu início em 1976 com
duas áreas de concentração: "Biblioteca e Educação", e
"Biblioteca e Informação Especializada". A primeira área dá
ênfase à preparação de bibliotecários sensibilizados para o
problema da educação formal e não formal e ao papel social do
bibliotecário na comunidade. A segunda dá ênfase à formação
de planejadores e administradores de sistemas de transferência
especializada e aos instrumentos para controle e para
disseminação da informação a grupos especializados .
Através de convênio entre a UFMG e o "Department of
Library and Information Studies da Loughborough" na
Inglaterra, foi iniciada a formação de um núcleo de doutores
em Biblioteconomia e Ciência da Informação pelo sistema
inglês que permite que um candidato julgado profissio-
nalmente maduro, que comprove trabalho relevante ou
mestrado em tempo integral, entre diretamente em fase de
pesquisa/tese de doutorado. Desconta-se assim um ano da
residência na Inglaterra e estimulam-se pesquisa com base em
temática nacional.
2.3 PUC de Campinas
Em agosto de 1977 iniciou-se o Programa de Mestrado da
Faculdade de Biblioteconomia da Pontifícia Universidade
Católica de Campinas. Destina-se exclusivamente a portadores
de diploma de Curso Superior de Biblioteconomia e pretende
preparar pessoal docente para as escolas de Biblioteconomia
do Brasil e da América Latina. De acordo com a programação
inicial, a área de concentração oferecida "Metodologia do
Ensino em Biblioteconomia" dá acentuada ênfase a disciplinas
pedagógicas, embora o curso se vincule à Faculdade de
Biblioteconomia e não à Faculdade de Educação. Os
organizadores do curso partiram do pressuposto de que a
graduação em Biblioteconomia seguida de curso pós-graduado
de disciplinas didático-pedagógicas torna o candidato apto para
o desempenho de atividades de magistério em Escolas de
Biblioteconomia.
2.4 UnB.
Em março do corrente ano iniciou-se o curso de mes-trado em
Biblioteconomia da Universidade de Brasília, com duas áreas de
concentração "Planejamento, Organização Administração de
Sistemas de Informação" e "Recursos é Técnicas de Documentação
e Informação Científica". Essas duas áreas buscam preparar pessoal
para desenvolver ativi-dades em setores públicos e privados visando
à: promoção do progresso através do aperfeiçoamento da
organização controle e disseminação das informações. É objetivo
explí-cito da coordenação do curso a integração entre a Biblio-
teconomia e a Ciência da Informação.
2 5 UFPb
O Curso de mestrado em Biblioteconomia da Universidade
Federal da Paraíba, que se inicia em agosto próximo tem como área
de concentração "Sistemas de Bibliotecas Públicas" e pretende
formar docentes que atendam quantitativa e qualitativamente à
expansão e melhoria do ensino de Biblioteconomia além de formar
especialistas de alto nível para desenvolver atividades de pesquisa,
planejar e gerir sistemas de Bibliotecas Públicas. Orienta-se para
atender a uma necessidade diagnosticada de desenvolvimento de
Bibliotecas Públicas e busca soluções adequadas para a região.
2.6 USP
O Departamento de Biblioteconomia e Documentação da
Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo vem
oferecendo disciplinas em nível de pós-graduação e estruturando seu
programa de doutoramento com ênfase em pesquisas para o
estabelecimento de linguagem documentária a partir de estudos de
lingüística e semiologia. Esse Programa se enriquece pelos recursos
e relacionamentos que a vinculação com a Escola de Comunicações
e Artes propicia.
2 7 Observações Gerais
A criação dos cursos de mestrado em Biblioteconomia e
Ciência da Informação não obedeceu a uma coordenação
geral mas, de alguma forma, cada novo curso que surge busca
preencher um vazio identificado.
O curso da UFMG, orientado especialmente para a formação em
Administração, pretende ocupar uma área não coberta pelo curso do
IBICT, o qual é mais voltado para estudos específicos de Ciência da
Informação.
O mercado de trabalho para o mestre em Biblioteconomia e
Ciência da Informação ainda é novo. Dos 45 mestres Graduados
pelo IBICT a maior parte exerce atividades de magistério.
contribuindo assim para a melhoria do ensino de graduação.
Os candidatos que têm buscado os cursos de mestrado SÃO. em
sua maioria, bacharéis em Biblioteconomia. Mesmo
quando os cursos permitem a inscrição de bacharéis de qualquer
área — caso do IBICT — a matrícula de alunos portadores de
diplomas de outros cursos que não Biblioteconomia é reduzida.
Junto aos cursos desenvolvem-se linhas de pesquisa às quais os
candidatos ao grau de mestre se vinculam, na escolha dos temas de
dissertação. Os resultados desses trabalhos têm sido divulgados
pelas Revistas especializadas de Minas. IBICT e Brasília.
Ainda é pequeno o número de doutores na área. Alguns
professores obtiveram o título através do concurso de livre docência
e mais recentemente, dois deles concluíram o doutoramento em
Programas no exterior.
3 Pós-Graduação e Biblioteca Universitária
O modelo de pós-praduacão adotado na última década no Brasil,
com as características e objetivos já apontados, a expansão do ensino
universitário, os atuais procedimentos pedagógicos, a demanda de
informações mais específicas, as atividades de extensão universitária
estão a exigir da Biblioteca Universitária o desempenho de novos
papéis para o atendimento dos objetivos educacionais.
Se a direção da Biblioteca Universitária não atua em
consonância com a administração central, vê-se a cada momento
obrigada a buscar soluções improvisadas, desordenadas, onerosas.
Não basta, contudo, que a Biblioteca responda às
pressões advindas das mudanças da instituição: convém que
esteja apta até mesmo para desencadear processos de mu-
dança. A participação efetiva de bibliotecários nos órgãos
colegiados de decisão da Universidade permitiria, a noas ver,
uma atuação mais ativa da Biblioteca Universitária pela sua
colaboração nas definições das diretrizes da Uni-versidade e na
programação das atividades.
Para esse tipo desejado de atuação, o bibliotecário
necessita mais do que um curso de graduação. Não neces-
sariamente um curso de mestrado. Há outros meios pelos quais
um técnico em biblioteconomia se transforma num executivo:
cursos de especialização, treinamento não formal convívio
com profissionais de áreas diferentes em equipes
interdisciplinares, vivências, leituras. Mas não resta dúvida de
que o curso de pós-graduação bem orientado é ambiente
adequado a fim de que o profissional se prepare para o
desempenho de funções nos níveis técnico, gerencial e insti-
tucional .
Tanto o curso de mestrado do IBICT como o de Minas já
vem colaborando na capacitação do profissional para atuar na
Biblioteca Universitária — indiretamente, ao contribuir para a
melhoria da graduação e ao promover pesquisas cujos
resultados sirvam de subsídios para o aprimoramento dos
serviços de informação; diretamente ao elevar o nível do
profissional. Diríamos que os mestres do IBICT adquiriram,
além de outras habilidades, o domínio de técnicas que podem
ser usadas em Bibliotecas Universitárias e que os mestrandos
de Minas estão adquirindo condições de atuar a nível
gerencial.
4. Reflexões sobre Idéias que Norteiam a Pós-Graduação
Pretendemos trazer aqui algumas reflexões sobre idéias
que norteiam a pós-graduação, mais em forma de perguntas do
que respostas. A intenção é suscitar o debate e tentar soluções.
a) O número de cursos de pós-graduação em Bibliote-
conomia e Ciência da Informação, em funcionamento no
Brasil, já está a exigir comunicação mais intensa entre seus
coordenadores. Alguns estudos básicos são necessários para a
integração dos cursos, possibilitando a troca de experiên-
cias e o estabelecimento de uma política na área, como por
exemplo: diagnóstico da necessidade de formação de recur-sos
humanos a nível nacional; explicitação de objetivos por área
de concentração; comparação entre sistema educacional
brasileiro, finalidades da pós-graduação e resultados já
alcançados.
Os critérios de avaliação dos cursos devem ser repensados
para determinação de relevância. O objetivo maior não é
diplomar o máximo em menor prazo. O Parecer 977 do CFE
defendeu o caráter elitista da pós-graduação: "Se os cursos de
graduação devem ser abertos ao maior número, por sua
natureza, a pós-graduação há de ser restrita aos mais aptos".
Critérios de avaliação podem ser estabelecidos também
localmente em atenção às peculiaridades regionais e às
características da área.
Algumas questões a serem debatidas entre responsáveis
pela pós-graduação:
Que contribuição o mestrado e doutorado podem trazer
para a realização da autonomia tecnológica nacional e para a
criação de padrões e soluções condizentes com os interesses do
País?
Cabe ao mestrado o papel que vem desempenhando de
compensador das deficiências da graduação? Que alternativas
existem? Os currículos são adequados aos objetivos das
respectivas áreas de concentração?
b) De acordo com a política nacional de pós-graduação,
esforços devem ser dirigidos para a criação de condições de
real flexibilidade dos cursos.
Para que haja flexibilidade, é necessário um núcleo
mínimo de professores qualificados, com tempo integral na
instituição para atendimento mais individualizado aos alunos e
para participação nas decisões técnico-administrativas; número
significativo de opções por período letivo; número reduzido de
disciplinas obrigatórias. Os candidatos escolhem disciplinas
que atendam às suas expectativas e aspirações, dentro das
necessidades do meio a que pretende servir, sem prejuízo da
qualidade do curso, uma vez que assistidos por orientadores. A
flexibilidade depende também de mentalidade e
disponibilidade de espírito dos
responsáveis pela coordenação dos cursos. Flexibilidade
significa ainda respeito às vocações à diversidade de idéias
c) Convém repetir que a pós-graduação, pelas condi
ções e recursos que oferecem à pesquisa, exerce um papel
fundamental para que a Universidade atinja um de seus
objetivos: o de tornar-se centro criador de ciências e de
cultura.
Livre investigação em ambiente universitário não signi-
fica, a nosso ver, ausência de linhas de pesquisa definidas
Equipes representativas do pensamento nacional na área
podem tentar estabelecer prioridades.
Um grupo de pesquisadores foi convocado recentemente
pelo CNPq, pela primeira vez, para preparar o documento de
"Avaliação e Perspectivas" na área de Biblioteconomia e
Ciência da Informação. A partir da análise do estado atual o
grupo oferecerá sugestões sobre o que deve ser feito, em
termos de formação de recursos humanos e dinamização das
atividades de pesquisa, com identificação das linhas a serem
implantadas, consolidadas ou expandidas e dos obstáculos e
limitações ao desenvolvimento da área. O grupo indicará ainda
linhas de ação e medidas práticas para o desenvolvimento da
pesquisa na área. Cabe aos Centros de Pós-graduação, porém,
programar o melhor aproveitamento dos poucos recursos à
disposição da pesquisa, promover a soma de esforços e a
complementariedade das atividades.
d) O papel desempenhado pelo professor estrangeiro,
suas limitações em decorrência da falta de vivência de pro
blemas brasileiros, o tema para análise de administradores
de cursos, professores e alunos.
Já há condições para o intercâmbio de professores bra-
sileiros entre os vários Centros de Pós-graduação nacionais,
como forma de ir reduzindo a participação de professores
estrangeiros até níveis realmente convenientes ao atendimento
dos objetivos de pós-graduação e como forma de estimular o
envolvimento de professores na problemática da Informação
no Brasil.
É possível também criar mecanismos pelos quais os ci-
entistas estrangeiros necessários ao assessoramento dos cursos
e pesquisas, colaborem com os vários Centros nacionais da
área, diluindo custos fixos através da multiplicação de
benefícios.
A composição do corpo docente por professores titulares
de diferentes instituições é uma forma de evitar a formação de
grupos fechados e rígidos, inadequados especialmente em
ambientes universitários.
e) Os alunos de pós-graduação são geralmente profis
sionais, alguns já professores universitários, aptos a cola
borar com a administração dos cursos. Obter maior parti
cipação de alunos na definição de objetivos e na estrutu
ração dos cursos, só pode beneficiar o Mestrado. O incen
tivo ao comprometimento do aluno com o Curso, a progra
mação de atividades didáticas que exijam sua participação
mais ativa — debates de temas, seminários abertos e mul
tidisciplinares — propiciarão também melhores condições
para o atendimento dos objetivos de desenvolvimento de
espírito crítico e de criatividade dos pós-graduandos.
Em relação ao corpo discente, lembramos a necessidade
de um tratamento mais realista da situação dos alunos quanto
ao tempo que dedicam ao Curso: tempo integral ou parcial.
Há vários fatores a serem considerados na análise de cada
caso: dedicação exclusiva ao curso; acumulação de atividades
docentes ou profissionais com os estudos; bolsas de estudo,
custo de vida, responsabilidades familiares; condições
ambientais da instituição. Critérios flexíveis devem orientar as
decisões levando em consideração que se pretende, em última
análise, qualidade, capacitação do mestrado.
f) A pós-graduação tem também um interesse prático
no atendimento de mercado de trabalho profissional.
O parecer 977 da CFE fala no objetivo imediato de "pro-
porcionar ao estudante aprofundamento do saber que lhe
permita alcançar elevado padrão de competência científica ou
técnico-profissional, impossível de adquirir no âmbito de
graduação".
O mestrado pretende, pois, desenvolver profissionais aptos
para a criação de novas técnicas; busca preparar paro. o
exercício de atividades dentro de um contexto profissional,
enquanto estimula e aperfeiçoa a capacidade de reflexão e
ação.
Pode-se tentar diminuir a distância que existe entre as
instituições que administram a pós-graduação e as institui-
ções empregadoras que absorvem os formados, ao conside-rar-
se nos estudos de currículo, as pretensões e necessidades das
instituições empregadoras.
g) Quando se pretende formar o pós-graduado, mesmo
que o objetivo maior seja sua atuação a nível técnico, não se
pode esquecer que o título de mestre, em área carente de
lideranças, abrirá as portas para atuação a nível gerencial e a
nível institucional nas organizações de informação. A
preparação para atuação nesses níveis não dispensa disciplinas
que desenvolvam capacidade de abstração e que proporcionem
conhecimentos gerais.
5 Experiências na Coordenadoria do Mestrado do IBICT
À frente da Coordenadoria de Treinamento, Pesquisa e
Desenvolvimento do IBICT e de seu Curso de Mestrado,
tivemos oportunidade de tentar atuar de acordo com a ori-
entação aqui defendida.
a) Apoiamos uma abordagem nova da disciplina "Meto-
dologia da Pesquisa", lecionada pelos professores, Victor Valia,
José Luiz Werneck da Silva e Eduardo da Silva. O conteúdo
da disciplina passou a ser o questionamento crítico du
construção do objeto científico, o estudo das abordagens pelas
quais o cientista se aproxima em termos teóricos do seu
objetivo. A Metodologia fornece ao profissional em Ciência da
informação o instrumentário para que ele possa realmente
desenvolver pesquisa científica na área selecionada, em nível
empírico e em nível teórico, tendo presente que a Ciência da
Informação, sendo um produto do homem, participa das
vicissitudes sociais de qualquer ação social. A pesquisa em
Ciência da Informação é um trabalho científico sobre a
realidade social. Desenvolve-se num nível empírico e num
nível teórico; portanto, o estudo da realidade social envolve
uma coleta de dados complementada por um enquadramento
teórico.
Esse enfoque vem contribuindo de forma efetiva para o
desenvolvimento do espírito crítico dos mestrandos e da sua
consciência da necessidade de criação de soluções condizentes
com os interesses brasileiros.
Um indicador da maturidade alcançada pelos mestrandos
foi, a nosso ver, a sessão em que os professores e alunos
analisaram, diante do autor, uma dissertação, já apresentada à
Comissão Examinadora.
b) Promovemos, junto com professores da UFMG, USP
UnB, um "Encontro sobre Pós-graduação em Biblioteco
nomia e Ciência da Informação" com o objetivo de formular
sugestões para a melhoria do ensino. Esse "Encontro" foi
divulgado em Boletim editado pelos professores Frederic
Litto e inês Litto da USP. Coordenadores e professores de
pós-graduão em Biblioteconomia e Ciência da Informação,
reconhecendo as vantagens da colaboração entre programas
de metas similares, reuniram-se, em dezembro de 1976, pa
ra troca de pontos de vista e ao final, recomendaram:
Promoção do diálogo constante entre os vários Centros
de Pós-graduação da área através de reuniões periódicas,
de correspondência e de um boletim.
Estímulo ao intercâmbio de professores e alunos dos
vários cursos de Pós-graduação da área.
Planejamento da vinda de professores e especialistas do
exterior de modo a permitir o seu aproveitamento em
todos os Centros de Pós-graduação.
Organização de informações necessárias ao melhor
aproveitamento dos recursos bibliográficos e ao de-
senvolvimento de coleção que venha a atender às ne-
cessidades de Pós-graduação na área.
Maior abertura dos Cursos para profissionais de todas as
áreas.
Participação de discentes nos Encontros sobre Pós-
graduação.
Realização de estudos sobre recursos e uso da infor-
mação e sobre o profissional da informação.
Análise de currículo para identificar áreas comuns,
definir terminologia, facilitar intercâmbio.
c) Procuramos estimular a colaboração de mestres bra-
sileiros a professores estrangeiros, na forma de monitoria, com
o objetivo maior de capacitar docentes brasileiros e, ao mesmo
tempo, de facilitar o intercâmbio de idéias entre alunos
brasileiros e professores estrangeiros.
d) Realizamos várias reuniões com os alunos, para ava-
liações periódicas, análise de participação de professores es-
trangeiros e reuniões de professores com representantes dis-
centes, para a integração de programas de disciplinas.
e) Visitamos instituições que oferecem cursos afins
instituições empregadoras de pós-graduados de Ciência do
Informação a fim de obter dados para um diagnóstico das
necessidades de desenvolvimento de recursos humanos e fins
taras reformulações de currículo.
f) Alguns estudos como o de avaliação dos resultados
alcançados pelos cursos estão em projeto no IBICT. Quando
concluídos, poderão trazer contribuição imediata para aná-
lise, crítica e solução de problemas da pós-graduação
g) Dentre as alterações do Regulamento, promovida
durante a nossa gestão, destacam-se:
• Início da representação discente na Comissão Coorde-nadora
do Mestrado;
Estruturação do currículo de forma mais flexível -
diminuição do número de disciplinas obrigatórias e
decorrente aumento do número de disciplinas opta-tivas;
Introdução das disciplinas "Comunicação Científica"-
"Desenvolvimento Científico e Tecnológico"; "Economia da
Informação" — visando a oferecer aos alunos oportunidades
de conhecimento e análise do contexto mais amplo em que
se situa a problemática da informação científica e
tecnológica;
Reintrodução da disciplina "Didática" visando levar o
professor-aluno à maior compreensão dos problemas de
ensino-aprendizagem e a distinguir os valores dos diferentes
métodos no curso superior.
6 Considerações Finais
A curto prazo, as perspectivas da pós-graduação em Bi-
blioteconomia e Ciência da Informação são satisfatórias. Há
soluções à vista. Os quase vinte brasileiros, em programas de
doutorado no exterior, estarão graduados em 2 ou 3 anos e
retornando ao Brasil serão absorvidos, esperamos, pelos Centros de
Pós-graduação, atenuando assim um dos grandes problemas atuais
dos nossos mestrados: o número insuficiente de professores
brasileiros com qualificação adequada.
Da semeadura feita com a participação de pioneiros
brasileiros, de professores e instituições internacionais, estamos
vendo brotar vários pontos positivos como:
• Esforço de pensar a nossa realidade;
e A consciência que se forma entre professores, pesquisadores e
profissionais da necessidade de busca de soluções próprias
para as condições brasileiras;
o Número já expressivo de brasileiros realizando o
doutoramento em instituições diversificadas;
1 • o apoio dado atualmente pelo CNPq e pela CAPES através da
concessão de bolsas e da promoção de estudos de avaliação
da área;
Os debates e polêmicas que as orientações metodoló
gicas distintas começam a provocar entre os profis
sionais .
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
1 BOLETIM INFORMATIVO. Cursos brasileiros de pós-
graduação em Biblioteconomia e Ciência da Informação.
São Paulo, v. 1, 1977.
2 BRASIL. Leis, decretos, etc. Parecer n9 077/65. Definição dos
cursos de pós-graduação. In: Ensino superior: legislação e
jurisprudência; seleção, organização e notas de Guido Ivan
de Carvalho. São Paulo, Revistas dos Tribunais, 1975. v. 3.
p. 123-48.
3 BRASIL. Leis, decretos, etc. Parecer n9 77/69. Formas
de credenciamento dos cursos de pós-graduação. In: Ensino
Superior: legislação e jurisprudência; seleção,
organização e notas de Guido Ivan de Carvalho. São Paulo,
Revista dos Tribunais, 1975. v. 3. p. 223-9.
4 BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Conselho
Nacional de Pós-Graduação. Plano Nacional de Pós-
graduação. 2 ed. Brasília, 1975. 52 p.
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teconomia. R. Esc. Bibliotecon. UFMG, Belo Horizonte, 3
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teconomia. R. Esc. Bibliotecon. UFMG, Belo Horizonte, 1
(1): 7-11, mar. 1972.
7 GOMES, Hagar Espanha. Experiência do IBBD em programas
de pós-graduação. R. Esc. Bibliotecon. UFMG, Belo
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8 LIMA, Etelvina. A biblioteca no ensino superior <
publicado pela CAPES). a
ser
9 MENDES, Josué Camargo. Considerações sobre a nós
-graduação. Educação, 20: 41-6, abr./jun. 1975 pós
10 PAULA FILHO, Wilson de Pádua. Pós-graduação:
trumento ou estorvo da tecnologia nacional? dados
e Idéias, 2 (2): 31-8, out./nov. 1976.
da
dos
11 VIEIRA, Anna da Soledade. A formação de administra
dores de Bibliotecas: na berlinda o programa da
UFMG. R Esc. Bibliotecon. UFMG, Belo Horizonte
6 (2): 136-60, set. 1977.
12 ----------. & LIMA, Etelvina. A pós-graduação em Biblio-
teconomia e a formação de uma liderança nacional
R. Esc. Bibliotecon. UFMG, Belo Horizonte 6 (2) 125-35,
set. 1977.
ATRAVÉS DO USUÁRIO: PRODOCENTE/LIVROS
JUDITH REBECA SCHLEYER
(Assessoria de Planejamento Bibliotecário da
CAPES)
O desenvolvimento da pós-graduação no Brasil e sua
influência na biblioteca universitária. O crescimento alea-
ntório dos acervos dificulta o atendimento do usuário titulado
A CAPES, então, elabora o projeto PRODOCENTE/Livros,
com o objetivo de minimizar o problema. Sistemática de ação
do projeto e conclusões finais.
1 Introdução
A universidade brasileira vem sofrendo um acentuado
processo de transformação desde 1968, com a promulgação
da Lei 5.540/68 (Reforma Universitária). Antigas Faculdades
e Institutos isolados foram reunidos, incorporando-se a
universidades já existentes ou, então, criando novas uni-
versidades, sendo os objetivos da universidade brasileira
redimencionados, incluindo como funções específicas as ati-
vidades de pesquisa e de extensão.
O desenvolvimento da pesquisa na universidade brasileira
contribuiu para a criação de um maior número de cursos de
pós-graduação (mestrado e doutorado). Estes cursos vem
recebendo o apoio de vários organismos oficiais, entre eles, a
CAPES — Coordenação do Aperfeiçoamento de Pessoal de
Nível Superior — que, ao lado de seu tradicional incentivo á
formação de recursos humanos iniciou, em 1975, o CID —
Capacitação Institucional de Docentes, o qual evoluiu para o
atual PICD — Programa Institucional de Capacitação de
Docentes.
— 286
3 Objetivos do Prodocente/Livros
A — Desenvolver o acervo bibliográfico da instituição de
acordo com as indicações e recomendações dos bolsistas/
docentes, de modo a fornecer os elementos informacionais
adequados às atividades posteriores de ensino e pesquisa e
desta forma, contribuir para a elevação do nível de desem-
penho dos cursos e projetos de pesquisa.
B — Estimular as bibliotecas a formular e executar uma
política de desenvolvimento do acervo informacional. Tal
política propiciará a maximização na utilização dos recursos e
a racionalização do crescimento do acervo, criando assim a
infra-estrutura necessária à implantação da comutação
hemerográfica e à interligação de serviços entre as bibliotecas
das universidades brasileiras.
C — Promover uma vinculação efetiva entre docentes/
usuários e biblioteca de modo a fortalecer ou a criar os
necessários laços de colaboração entre os futuros professores
que assumem ou reassumem seus cargos e os bibliotecários.
D — Incentivar as bibliotecas a realizarem sistemati-
camente a avaliação de seus acervos, primeira etapa para a
implantação da política de aquisição (mencionada no item B),
que por sua vez possibilitará uma verdadeira seleção de
material bibliográfico.
4 Sistemática
O PRODOCENTE/Livros será executado através de três
elementos de apoio já existentes nas várias universidades: a) as
Comissões do PICD; b) as bibliotecas; e c) os grupos de
docentes-bolsistas.
Uma vez que o objetivo principal é o de fornecer aos
bolsistas uma bibliografia mínima para a continuação dos
trabalhos iniciados no mestrado ou doutorado e para realização
de novos estudos, incluindo as suas tarefas de ensino, cada
bolsista deverá compilar uma relação de obras, a seu ver
indispensáveis aos propósitos acima mencionados. Para tanto,
em cada universidade a respectiva Comissão do PICD
encaminhará aos bolsistas de sua instituição um ofício com as
devidas explicações de como devem proceder na elaboração da
listagem das obras de seu interesse.
O bolsista deverá listar (com o auxílio de seu orientador),
no máximo, 30 obras, classificando-as segundo os critérios
abaixo:
A — Obras básicas, indispensáveis, que devem fazer parte
da coleção mínima de sua especialidade (coleção de lastro).
B — Obras importantes para o desenvolvimento de tra-
balhos futuros (coleção de pesquisa).
C — Obras de sua área ou correlatas, publicadas ou em
fase de publicação, mesmo que não tenha lido, mas das quais
tem referências satisfatórias.
D — Títulos de periódicos que a Biblioteca deverá con-
siderar para futuras assinaturas.
O elo de ligação entre o bolsista e a biblioteca será a
Comissão do PICD, responsável pelo envio da solicitação de
recomendações para o bolsista e pelo controle do recebimento
das respostas que encaminhará à Biblioteca.
Caberá a Biblioteca Central e/ou Setorial proceder a uma
avaliação do acervo relativo às áreas que atendem as
necessidades dos bolsistas.
Através da elaboração direta, sabemos que constituem
exceção as bibliotecas que já realizaram ou que realizam
sistematicamente a avaliação de seus acervos e, assim sendo,
tomamos a iniciativa de sugerir um método simples, dei-
xando às bibliotecas a escolha do método que melhor lhes
convier para a avaliação de seu acervo.
Sugerimos, portanto, a utilização dos seguintes dados-
número de títulos nas classes e subclasses de assunto-dentro da
especialidade de cada bolsista, número de alunos matriculados
nos cursos, proporcionalidade de idiomas representados no
acervo, idade do acervo (descrição mais pormenorizada deste
método pode ser encontrada na publicação de Antonio
Miranda, citada na bibliografia do presente tra balho).
A justaposição destes dados numéricos demonstrará
proporcionalmente, as áreas mais "deficientes" e as áreas mais
bem "supridas", em termos quantitativos.
A seguir, a biblioteca deverá verificar nas listagens dos
bolsistas quais são as obras que já fazem parte do acervo e
quais inexistem no acervo.
Deverá, então, ser convocada uma reunião com a Comis-
são do PICD e a Comissão da Biblioteca (na ausência desta,
c(s) bibliotecários(s), onde serão determinadas as áreas
prioritárias para atendimento imediato.
A identificação da(s) área(s) prioritária(s) e a conseqüente
seleção de obras a serem adquiridas serão baseadas nos dados
apresentados pela biblioteca (avaliação de acervos, verificação
das listas) e na análise conjunta dos seguintes pontos:
a) pertinência e relevância das obras indicadas pelos
docentes/bolsistas;
b) conhecimento do acervo já existente na biblioteca;
c) número de bolsistas e das respectivas áreas; e
d) o relacionamento e experiência da própria Comissão
do PICD com os docentes/bolsistas (ex:dificuldades encon-
tradas para o atendimento de suas necessidades bibliográficas)
.
De acordo com as decisões tomadas na reunião serão
adquiridos os itens B e C da (s) área (s) prioritárias (s) e os
itens A selecionados de todas as listagens.
Quando o montante das aquisições previstas para atender
as áreas consideradas prioritárias for inferior aos valores
globais dos recursos alocados pelo PRODOCENTE/Livros,
deverão ser selecionadas e adquiridas as indicações de obra
tipo B e C das listagens da(s) área(s) não prioritária(s).
Posteriormente, a Biblioteca anotará nas listagens com-
piladas pelos bolsistas as decisões pertinentes enviando, para
conhecimento e acompanhamento, fotocópia à Comissão do
PICD que, por sua vez, devolverá ao bolsista a listagem com
as respectivas anotações.
5 Conclusão
O PRODOCENE/Livros é parte das medidas que estão
sendo adotadas para solucionar um dos problemas dos ser-
viços bibliotecários das universidades brasileiras, e, desta
forma, auxiliar no atendimento à demanda de informação dos
titulados que regressam a partir de 1978 às suas universidades
de origem.
O PRODOCENTE/Livros proporcionará às bibliotecas o
benefício da vinculação cooperativa dos titulados no desen-
volvimento de seus acervos. Caberá às bibliotecas aprofundar
estes vínculos ocasionais através de uma colaboração
permanente, informando-os quanto às potencialidades e
limitações dos serviços existentes, solicitando-lhes ajuda
através de sua participação em Comissões de Biblioteca ou
elaborando novas listas, em anos subseqüentes, para atualizar
as coleções das áreas de seu interesse com recursos orça-
mentários da biblioteca.
Caberá, também, às bibliotecas transformar em rotina a
avaliação do acervo global da universidade, impedindo, assim
o crescimento aleatório e impulsionando o desenvolvimento
racional de seu acervo de modo a atender sua totalidade de
usuários, incluindo os titulados que já reassumiram seu cargos
e outros docentes que não foram beneficiados com ura projeto
semelhante e que presume-se estejam encontrando dificuldades
na obtenção das obras necessárias ao desenvolvimento de suas
atividades de ensino e de pesquisa.
Aumentar, qualitativa e quantitativamente, os acervos das
bibliotecas é, tão somente, uma etapa na sua transformação em
verdadeiras fontes de informação. A especialização de
bibliotecários, a aquisição de equipamentos para a integração de
serviços (p.ex: comutação), e de material permanente (como estantes
e fichários), o treinamento de usuários, etc, compõem o conjunto de
medidas que desenvolverão a infra-estrutura das bibliotecas
universitárias integrando-as em um sistema capaz de atender às
necessidades informacionais de seus usuários.
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
1 ARENDS, Tulio. Las revistas médicas venezolanas: eva-
luation de su calidad. Act. Cient Venezolana, 19 (4)-148-
51, 1968.
2 CUNHA, Maria Luisa Monteiro da. Bibliotecas univer-
sitárias em sistemas nacionais de informação in-
CONGRESSO BRASILEIRO DE BIBLIOTECONOMIA E
DOCUMENTAÇÃO, 9, Porto Alegre, 1977. 36 p.
3 FERREIRA, Gilda Pires. A biblioteca universitária em
perspectiva sistêmica. Recife, UFPe, 1977.
4 GOLDSTEIN, M. & SEDRANSK, J. Using a sample tech-
nique to desoribe characteristics of a collection. College of
Research Libraries, 38 (3): 195-202, 1977.
5 LEMOS, A.A.B. de & MACEDO, V.A.A. A posição da
biblioteca na organização operacional da universidade. R.
Bibliotecon, Brasília, 2 (2): 167-74, 1974.
6 LIMA, Etelvina. A biblioteca no Ensino Superior. In:
CONGRESSO BRASILEIRO DE BIBLIOTECONOMIA E
DOCUMENTAÇÃO, 8, Brasília, 1975. 15 p.
7 MIRANDA, Antônio. A biblioteca universitária e a pos-
-graduação: desnível e descompasso. Boletim ABDF. Nova
Série, Brasília, 1 (2): 2-4, 1978.
8 -------- . Seleção de material bibliográfico em bibliotecas
universitárias brasileiras; idéias para um modelo
operacional. Brasília, Convênio CAPES/ABDF, 1978. 36 p.
EXPANSÃO DO ACERVO E IMPLANTAÇÃO DO SERVIÇO DE
DOCUMENTAÇÃO DA BIBLIOTECA CENTRAL
NAZIAN AZEVEDO DE MORAES
(Diretora da Biblioteca Central da Universi-dade
Federal do Espírito Santo)
RESUMO
Tendo em vista os vários Cursos de Pós-Graduação cria-dos
recentemente por esta Universidade, alguns já em fun-cionamento,
propomos a expansão dos recursos bibliográficos e de prestação de
serviços da Biblioteca Central através de um Serviço de
Documentação, como parte integrante desta.
1 Introdução
A instalação do Serviço de Documentação na Biblioteca
Central é conseqüência da criação dos Cursos de Pós-Graduação (já
em funcionamento), tendo em vista que o Departamento de Assuntos
Acadêmicos — DAU, recomenda que, "para novos cursos prevê-se
um mínimo de 5.000 títulos de obras para constituir o acervo básico,
e mínimo de 20 assinaturas correntes de revistas científicas de
reconhecida qualidade para as áreas de concentração oferecidas".
Considerando-se que o acervo da Biblioteca Central não oferece
suporte bibliográfico capaz de corresponder às expectativas
levantadas não só pelo DAU, como também pelo "Plano Nacional de
Pós-Graduação", foi proposta a montagem do referido Serviço.
2 Desenvolvimento
2 1 O Serviço de Documentação tem por objetivos:
a) prestar um assessoramento efetivo ao ensino e à pesquisa;
b) tornar-se participante das atividades sistêmicas de
redes de bibliotecas e serviços de documentação que
servem aos cursos de Pós-Graduação no Brasil, es-
tendendo-se aos demais cursos de graduação e à
pesquisa em geral no Brasil e no Exterior;
c) "contribuir para a renovação dos métodos de ensino,
propiciando a mudança da presente situação de
passividade na busca de informação (limitadas suas
fontes imediatas) para métodos mais agressivos de
obtenção de informação, independente de sua
localização física".
Para a consecução desses objetivos o Serviço de Do-
cumentação deverá
A) manter-se estreitamente ligado ao Subsistema de
Informação e Documentação Educacional — SIDE,
vinculado à Assessoria de Planejamento Bibliotecário
da CAPES/DAU/MEC, que visa:
1 — A utilização de bibliotecas e demais órgãos
de informação e documentação no Brasil, através
de redes sistêmicas de Bibliotecas e serviços de
documentação;
2 — Treinar e orientar usuários (professores, estu-
dantes e demais pesquisadores) nas técnicas de
pesquisa bibliográfica;
3 — Treinar pessoal para as tarefas típicas de sis-
temas e redes de bibliotecas universitárias.
2.2 Localização e Área
O Serviço de Documentação está localizado no prédio da
Biblioteca Central, ocupando uma área de 134,87 m
3
,
conforme "lay-out" (anexo 1).
2.3 Instalações
Uma sala para o Serviço de Documentação
Uma sala para pesquisa e leitura
Dez (10) cabines individuais
Uma sala para leitura em grupo (paredes de vidro)
Uma sala para o serviço de reprodução
A Secretaria, os catálogos e serviços de referência fun. cionarão
na sala do acervo do Serviço.
2.4 Móveis e Equipamentos
2.4.1 Mobiliário
a) estantes para acervo de livros, periódicos, etc.
b) 3 arquivos
c) 5 mesas para trabalho dos bibliotecários e dos estagiários
d) 2 mesas para datilografo
e) 7 cadeiras correspondentes às mesas acima
f) 30 mesas para estudo individual de aluno
g) 30 cadeiras correspondentes às mesas acima
h) 1 mesa para reuniões
i) 12 cadeiras para a mesa acima
j) 1 arquivo para correspondência e documentos
k) 1 fichário Kardex com capacidade para 500 fichas
1) 1 arquivo para microfichas
2.4.2 Equipamentos
2 máquinas elétricas de datilografia 1 máquina microfilmadora
(já existente) 1 máquina leitora de microfichas (já adquirida
com recursos doados pela CAPES) 1 máquina leitora-copiadora
1 máquina xerox 1 mimeografo
2.5 Documentação
2.5.1 Acervo
— material de referência (dicionários, enciclopédias, guias,
bibliografias, manuais, etc.)
— relatórios, pesquisas, etc.
— documentos de Congressos, acordos, etc.
— teses
— folhetos
— apostilas de cursos
— recortes de jornais e outros.
2.5. 2 Atividades
5.2.1 Intercâmbio e Informação
a) Cadastro de instituições internacionais, nacionais t
estrangeiras, que ofereçam interesse aos estudos realizados
pelos Cursos de Pós-Graduação;
b) Deverá manter correspondência com o Brasil e Ex-
terior, realizando permutas de publicações, relações públicas
com outras entidades, etc.
2 5.2.2 Pesquisa bibliográfica
a) Setor de bibliografia — elaboração de bibliografias
sinaléticas para atender a pedidos de alunos e professores dos
Cursos;
b) Setor de indexação e resumos — resumos de livros e artigos
de periódicos previamente selecionados. Serão utilizados os
periódicos da Biblioteca Central. Esses resumos serão arranjados
em um fichário por autor e assunto:
c) Setor de recortes de jornais — seleção dos principais artigos
de interesse dos Cursos de Pós-Graduação publicados nos jornais
"O GLOBO" e "JORNAL DO BRASIL", etc. Os recortes serão
guardados em arquivos de pastas suspensas, por assunto. As fichas
serão arrumadas por autor e assunto;
d) Periódicos — será utilizada a hemeroteca da Biblioteca
Central, que deverá manter, entre outras, assinaturas de pelo menos
20 títulos de revistas especializadas nas áreas de Pós-Graduação.
2 5.2.3 Referência Legislativa
Serão catalogados atos oficiais federais e estaduais por assunto
e pelo próprio ato (leis, decretos, decretos-lei, portarias, pareceres,
etc).
2.5.2.4 Catálogo Coletivo
O catálogo coletivo reunirá o acervo do Serviço de Do-
cumentação e da Biblioteca Central sobre as áreas de Pós-
-Graduação e assuntos correlatos, assim como os acervo
bibliotecas do Centro Brasileiro de Pesquisas Educacionais
do Centro de Documentação do Instituto de Assuntos Avan-
çados em Educação, da Fundação "GETÚLIO VARGAS"
outros congêneres.
2.5.2.5 Documentos
Reunirá teses, folhetos, monografias, etc., organizados pelo
processo de indexação coordenada.
2.5.2.6 Livros Básicos
0 Serviço não armazenará livros. Todos os livros rece
bidos serão inseridos no acervo geral.
2.5.2.7 Microfichas
Deverá manter em ótimas condições de uso, um acervo de
microfichas de teses e monografias sobre todas as áreas e
respectiva aparelhagem de leitura e reprodução.
2.6 Publicação
A Biblioteca Central publicará um Boletim onde divulgará as
atividades desenvolvidas pelo Serviço e as novas aquisições de
material bibliográfico, assim como poderá trazer em cada número
uma bibliografia analítica sobre determinado assunto, de interesse
para professores e alunos.
2.7 Pessoal
Levando-se em consideração que com a criação dos Cursos de
Pós-Graduação, esta Biblioteca Central será acionada por uma
clientela maior e mais exigente, será necessário também que seus
recursos humanos correspondam a esta realidade, visando à
otimização dos serviços a serem prestados. Assim propomos:
2.7.1 Para o Serviço de Documentação
01 bibliotecário em tempo integral
02 estagiários do curso de Biblioteconomia
02 estagiários de outras áreas
01 datilógrafo
01 técnico em biblioteca
mações, como também de material bibliográfico, realizando
inclusive empréstimo entre bibliotecas.
2.9.3 Orientação ao usuário
A Biblioteca Central se propõe a fazer o perfil de se usuários.
Conhecidas as suas necessidades, seus hábitos costumes, adotará
uma política de orientação e assistência de modo a conduzi-lo à
certeza de que a Biblioteca Central é realmente um "laboratório"
onde são manipuladas todas as áreas do conhecimento, e onde ele
poderá encontrar soluções para todos os questionamentos do saber.
2.10 Microfilmarem
A Biblioteca Central possui o equipamento composto de uma
máquina microfilmadora Universal, tipo planetária, modelo DAV
72000 ID: 001.20 — nº 213.539 e um aparelho leitor modelo DL-
72-0-011, ambos de procedência alemã. Estamos propondo à
Universidade a implantação de um sistema que atenda à área
acadêmica/administrativa e à Biblioteca Central que no momento se
prepara, em conexão com a Coordenação Geral de Pós-Graduação,
para criar o Serviço de Documentação. Como se trata de um projeto
a "Longo Prazo", esperamos colocá-lo em funcionamento no
segundo semestre de 1979.
2.11 Conclusão
Considerando-se o Serviço de Documentação uma extensão da
Biblioteca Central, esse deve servir aos fins desta.
Deve-se observar em seu acervo, a manutenção desta fi-
nalidade que pode estar contida em qualquer tipo de material. As
finalidades do Serviço serão as mesmas da própria Biblioteca
Central.
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
1 CAPES. Levantamento do "Status Quo" das bibliotecas
de universidades brasileiras. Brasília, 1978.
2 UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO. Bi-
blioteca Central. Ante-projetos do regimento e regu-
lamentos da biblioteca central, Vitória, s. d.
3
Biblioteca Central. Relatório. Vitória, 1977.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO. Coor-
denação do Curso de Pós-Graduação em Educação.
Proposta para montagem e implementação de uma
biblioteca e de um serviço de documentação para o
programa Pós-Graduação em Educação da UFES.
Vitória, 1978.
5 CAPES/UnB. Apostilas e anotações do Curso de Aperfei-
çoamento para Bibliotecas de Universidades Brasileiras.
Brasília, 1978. ,
ANEXO
EXPANSÃO DO ACERVO E SERVIÇOS DA BIBLIOTECA CENTRAL E
IMPLEMENTAÇÃO DO SERVIÇO DE DOCUMENTAÇÃO
BIBLIOTECA CENTRAL
CRONOGRAMA
Sessões Científicas
1ª SESSÃO CIENTIFICA
Componentes da mesa
Presidente: ANTONIO CAETANO DIAS (Decano do Centro de
Ciências Humanas da FEFIERJ).
Relatora: ELIANA SOUZA PINHEIRO (Assistente de Direção do
Núcleo de Documentação e Professora do Departamento
de Documentação da UPF).
Expositores: KATIA MARIA LEMOS (Biblioteca do Instituto de
Matemática, Estatística e Ciências da Computação da
UNICAMP). CECÍLIA MALIZIA ALVES (Chefe da
Biblioteca Central da PUC/RJ).
Secretária: RUTH MARINHO MARTINS (Chefe da Seção de
Registro do Núcleo de Documentação da UFF).
PROJETO DE AUTOMAÇÃO DA BIBLIOTECA DO
INSTITUTO DE MATEMÁTICA, ESTATÍSTICA
E CIÊNCIA DA COMPUTAÇÃO
KATIA MARIA LEMOS
(Biblioteca do Instituto de Matemática,
Estatística e Ciência da Computação
DA UNICAMP)
RODOLFO MIGUEL BACARELLI
RESUMO
A idéia inicial do Projeto surgiu do interesse de um grupo de
pessoas em pesquisar o problema da gerência de informação e suas
interligações com a automação. Mais objetivamente, este Projeto
pretende desenvolver sistemas, capazes de automatizar os
procedimentos operacionais de uma Biblioteca, organizados de
acordo com o quadro a seguir:
A prioridade dos processos operacionais a serem au-
tomatizados foi estabelecida em função das necessidades da
Biblioteca do Instituto de Matemática, Estatística e Ciência da
Computação da Universidade Estadual de Campinas,
conforme critérios dos autores do Projeto. Os processos a
serem automatizados ficaram estabelecidos da seguinte forma:
1. Criação do arquivo mestre.
2. elaboração de índice bibliográfico.
3. elaboração de fichas catalográficas.
4. automação dos processos de seleção e aquisição, res-
pectivamente.
5. controle da circulação.
As justificativas para a criação e conseqüente execução
deste Projeto fundamentam-se nas seguintes proposições:
1. melhor controle dos processos administrativos.
2. melhor utilização do pessoal especializado.
3. melhor utilização do acervo.
4. cooperação entre bibliotecas — formação de redes
regionais, nacionais e internacionais.
5. formação de especialistas em automação de biblio-
tecas .
Os recursos humanos responsáveis pelo Projeto, cons-
tituem-se de:
3 pesquisadores; um coordenador; um bibliotecário; um
analista.
4 estagiários de Biblioteconomia.
4 programadores de computador.
1 escriturário.
A necessidade de um pesquisador-coordenador verifica-se
em função de procedimentos administrativos, principalmente,
ligados a solicitação de fundos à entidades fornecedoras de
recursos financeiros para este tipo de pesquisa tecnológica. O
tempo previsto para a implementação inicial do Projeto é de 15
meses, com toda a equipe funcionando em período integral.
Atualmente, já estão concluídas as seguintes atividades:
1. programa de consistência e gravação de dados do
arquivo mestre.
2. alguns programas referentes à elaboração de índices.
3. o Boletim de entrada de dados.
4. o manual de preenchimento do Boletim.
Estas atividades integram a primeira fase do Projeto.
O trabalho realizado até agora é fundamental para õ desen
volvimento das etapas posteriores; foi desenvolvido em re
gime de trabalho voluntário, mais as condições oferecidas
pelo IMECC. Faz-se necessário, entretanto, um suporte fi
nanceiro capaz de prover os recursos de que necessitamos
para dar continuidade ao Projeto. As perspectivas de sua
implementação estão sendo providenciadas pela equipe res
ponsável, juntamente com a direção do Instituto.
1 Introdução
A menos que novas técnicas sejam empregadas no tra-
tamento da informação armazenada em nossos centros de
informação, corremos o risco de ver crescer mais e mais o
descompasso tecnológico existente entre nosso país e países
desenvolvidos.
Atualmente a gerência de informação reveste-se de im-
portância fundamental no desenvolvimento de pesquisas, e no
estabelecimento de metas a alcançar. Embora seja evidente que
o problema de tratamento ineficiente da informação
bibliográfica não é o único a afetar o desenvolvimento
tecnológico nacional, pode-se imaginar as conseqüências
benéficas trazidas pelo emprego de técnicas mais eficientes.
A idéia inicial do projeto em pauta surgiu do interesse de
um grupo de pessoas em pesquisas o problema da gerência de
informação e suas interligações com a automação,
principalmente, em bibliotecas, na administração e dissemi-
nação de informação, elaborando ,desta forma, uma tecnologia
rigidamente condizente com as necessidades de nossa atual
estrutura.
As etapas iniciais do projeto, não dependentes de recursos
financeiros de monta, já foram concluídas, sendo que metade
da equipe necessária para a implementação do projeto global já
vem trabalhando desde há mais de 10 meses em regime de
trabalho voluntário. Após extensas pesquisas
bibliográficas, consultas a especialistas do setor de documen-
tação e confrontos com outros sistemas automáticos em vias
de implementação como o PRODASEN (Processamento de
Dados do Senado Federal) e o sistema de automação da rede
de bibliotecas da Prefeitura de São Bernardo do Campo SP.,
elaborou-se um padrão para as informações de entrada do
sistema aqui proposto.
Definido o padrão de informações, foi possível estabele-
cer um formulário para a coleta dessas informações e também
elaborar o programa para efetuar a consistência e gravação
dessas informações em fita magnética.
O formulário já impresso, é mostrado no apêndice 2.2.3. O
programa de consistência e gravação encontra-se em fase final
de testes.
O trabalho realizado até agora é fundamental para o de-
senvolvimento das etapas seguintes que, no entanto, requerem
uma equipe maior e melhor estruturada. Concomitantemente,
faz-se necessário um suporte financeiro capaz de prover os
recursos de que necessitamos para dar continuidade ao projeto
que foi amparado, em sua fase inicial pelo IMECC.
2 Desenvolvimento
2.1 Planejamento das Etapas de Automação
2.1.1 Objetivos
O objetivo principal do projeto é desenvolver sistemas
capazes de automatizar os procedimentos operacionais de uma
biblioteca, organizados de acordo com o quadro a seguir:
SETOR
ATIVIDADES
Administração
Seleção de documentos *
Aquisição de documentos
processos Técnicos
Catalogação
Preparação material do do-
cumento
Documentação
Elaboração de Índices
Recuperação da informação
Circulação
Reserva
Empréstimo
Devolução
SETOR
ATIVIDADES
Administração
Seleção de documentos *
Aquisição de documentos
Processos Técnicos
Catalogação
Preparação material do do-
cumento
Documentação
Elaboração de índices
Recuperação da informação
Circulação
Reserva
Empréstimo
Devolução
Os procedimentos serão automatizados em etapas,esta-
belecidas em função das necessidades da biblioteca e dos inte-
teresses do grupo de pesquisa, são elas:
1. criação de arquivo-mestre do acervo;
2. elaboração de índices bibliográficos;
3. elaboração de fichas catalográficas;
4. automação do processo de seleção e aquisição-
5. controle de circulação.
2.1.2 Justificativas
As justificativas para a automação da biblioteca do
IMECC, fundamentam-se nas seguintes afirmativas. Ante
porém, seria interessante notificar a existência do compu-tador
DP/10. da Digital na Universidade.
melhor controle dos processos administrativos;
Automatizando o processo de aquisição, fica diminuido o
tempo decorrido entre a requisição do documento e seu
recebimento, acelerando a utilização efetiva da informação
melhor utilização do pessoal especializado;
Com a transferência das tarefas de rotina para o sistema
automatizado, o pessoal especializado poderia dedicar um
tempo maior às atividades de apoio ao ensino e pesquisa. No
entanto é indispensável a presença de pessoal especializado na
manutenção do sistema, e, principalmente, no planejamento
de futuras modificações ou ampliações.
Melhor utilização do acervo;
Com a elaboração de índices bibliográficos não-convencio-
nais, prevê-se um aumento no número de consultas e no
número de documentos recuperados. A elaboração de índices,
por si só aumenta o potencial de utilização do acervo.
cooperação entre bibliotecas;
Com a utilização de computadores, torna-se possível a
formação de redes integradas de bibliotecas, compartilhan-do-
se os acervos participantes, seja em nível regional, nacional
ou internacional.
A emissão de índices convencionais e não convencionais
por outro lado, exigirá um critério definido em funcão sua
utilidade e de seu custo. Durante a fase inicial de cria-ção do
arquivo-mestre, os índices emitidos serão desatuali-zados em
pouco tempo, não se justificando, portanto, a emi-são
freqüente dos diversos tipos de índices.
Prevê-se numa fase mais adiantada de criação do arqui-
vô-mestre a utilização de técnicas de micro-filmagem para
diminuir o volume e os custos reprodução, de utilidade
primordial no intercâmbio de informação entre centros de
documentação.
Os processos administrativos serão automatizados gra-
dativamente, na medida do crescimento do arquivo-mestre
Embora o processo de seleção apresente pouca dificul-
dade de programação, irá requerer o arquivo mestre em fase
de conclusão.
Por envolver muitos detalhes de natureza burocrática-
administrativa, o processo de aquisição acarretará um grande
esforço de análise e programação para ser automatizado
Na automação do processo de controle de circulação se
procurará aproveitar, na medida do possível, a experiência de
outras bibliotecas que já o tem em funcionamento.
2.1.4 Metodologia
2.1.4.1 Criação do arquivo-mestre
• elaboração de um padrão para as informações de entrada
A escolha das características relevantes para a repre-
sentação do documento é feita em função dos fins a que se
destina. Assim, se o objetivo for construir um índice com
palavras chaves do título, é suficiente conhecer o título e autor
do documento. No entanto, estas características (auto e título),
são insuficientes para a construção de uma referência
bibliográfica, o que nos leva a pensar que a escolha mais
segura para a representação seria uma transcrição in tegral do
documento a ser representado. Esta hipótese, em bora
verdadeira, não pode ser realizada em virtude das li-mitações
técnicas a que estão sujeitos os atuais dispositivos
armazenagem acessíveis por computador. Portanto, em
verdade a determinação de um padrão de características re-
presentativas de um documento é um compromisso entre a
integridade desejável da representação e as limitações do
equipamento que operará com a representação.
Um levantamento bibliográfico voltado inicialmente a obras de
bibliotecas foi essencial para a conclusão dessa
etapa-
Essas obras foram conseguidas através de:
contatos com instituições onde projetos similares encontram-
se em fase de desenvolvimento:
contatos com especialistas em biblioteconomia;
intercâmbio entre bibliotecas;
• aquisição em livrarias.
elaboração de programas.
Os programas estão sendo elaborados à medida que as tarefas se
definem. O primeiro programa a ser elaborado foi o programa de
entrada de dados, iniciado logo após a definição do padrão de
entrada de informações Na medida do possível os programas serão
escritos com a preocupação de constituir um sistema integrado,
compartilhando arquivos e subprogramas.
entrada de dados
o formulário de entrada de dados.
O formulário de entrada de dados foi elaborado com c objetivo
de servir como meio para transferência das informações para o
arquivo-mestre. Ele contém, portanto, todos os itens de informação
utilizados para a descrição de documentos, dispostos em formato e
tonalidades diferentes, para facilitar o preenchimento e minimizar a
possibilidade de ocorrência de erros, (ver apêndice 2.2.3).
• elaboração do manual de preenchimento.
Dada a necessidade de garantir uma alta confiabilidade nas
informações gravadas, o manual de preenchimento descreve de
maneira completa e minuciosa o preenchimento de cada campo
(item) de informação do formulário, dando exemplos nos casos que
possam gerar dúvidas.
• treinamento de pessoal.
Os formulários deverão ser preenchidos por estagiar-
especialmente contratados que, para isso, receberão um trei-
namento cujo objetivo será familiarizá-los com o padrão de
entrada de dados, com o próprio formulário (boletim de
entrada de dados), e com a operação dos terminais de compu-
tador; esboçar uma visão geral do sistema e provocar uma
conscientização para a importância de se manter a confia
bilidade das informações gravadas no arquivo-mestre
• gravação de dados.
A gravação, no arquivo-mestre, das informações trans-
critas nos boletins, será feita através de terminais ligados
diretamente ao computador. O programa que recebe os dados
dos boletins, efetua testes de consistência, rejeitando as
informações que não estejam dentro das normas especificadas.
Para maior facilidade e confiabilidade na gravação dos dados,
esse programa é conversacional, emitindo avisos e orientando
o operador, permitindo que informações incorretas sejam
detectadas e corrigidas antes de serem gravadas no arquivo-
mestre.
testes e avaliação.
Antes da implementação definitiva do arquivo-mestre,
serão feitos testes de avaliação baseados numa amostra de
documentos codificados e gravados. Eventualmente, modifi-
cações poderão ser feitas para sanar problemas não previstos
anteriormente.
2.1.4.2 elaboração de índices bibliográficos
Os índices a serem elaborados, como auxílio à pesquisa
dividem-se em convencionais e não-convencionais. Dos con-
vencionais, serão desenvolvidos os seguintes:
autor
título
editor
editora
cabeçalhos de assunto
série
Quanto aos não convencionais:
Kwic (palavra chave no contexto) Kwoc (palavra
chave fora do contexto) Descritor
Geralmente estes índices são os mais solicitados, entretanto a
elaboração dos mesmos não traduz a limitação da capacidade do
sistema, que pode produzir outros tipos de índices a partir das
informações colocadas no arquivo-mestre.
2. 1.4.3 elaboração de fichas catalográficas
A elaboração de fichas catolográficas representa grande parte
do trabalho de rotina de qualquer centro de documentação. As
fichas a serem emitidas automaticamente serão:
matriz
autor
colaborador
título
série
cabeçalho de assunto
classificação
analítica de assunto
analítica de autor
analítica de título
2.1.4.3 automação do processo de seleção
A automação do processo de seleção será feita após a análise do
sistema de seleção existente na biblioteca, que será otimizado se
necessário; e a partir daí serão definidas as rotinas do sistema a ser
implantado.
2.1.4.4 automação do processo de aquisição
A análise do sistema de aquisição só será feita depois de
estabelecidas as rotinas do sistema de seleção. Serão observadas as
mesmas determinações do item anterior.
2.1.4.5 automação do controle de circulação
As atividades desenvolvidas na seção circulante são, reserva,
empréstimo, devolução e levantamentos estatísticos.
FIGURA 3 - ORGANOGRAMA
Cada um desses processos será analisado e racionalizado antes de
elaborar-se o sistema automatizado. Procurar-se-á utilizar a
experiência de outras bibliotecas, na medida de sua adequação às
necessidades da biblioteca e objetivos no projeto.
2.1.5 Recursos Humanos
A equipe responsável pela continuidade do projeto de
automação deverá constituir-se de doze elementos:
3 pesquisadores, sendo:
1 coordenador 1
analista 1
bibliotecária
4 estagiários de biblioteconomia
4 programadores de computador
1 escriturário
Todos os componentes trabalhando em período integral durante
15 (quinze) meses, exceto os programadores que trabalharão 15
(quinze) meses porém em período de 4 horas diárias; e as estagiárias
de biblioteconomia que trabalharão apenas 12 (doze) meses, a
começar do segundo trimestre, em período de 4 (quatro) horas
diárias.
2.2 Apêndices
2.2.1 Programa das atividades
2.2.1.1 Criação do arquivo-mestre
elaboração do padrão
elaboração de programas
testes
avaliação
entrada de dados
2.2.1.2 Elaboração de índices bibliográficos
definição
elaboração de programas
testes
treinamento de pessoal
implementação
FIGURA 4
2.21.3 Elaboração de fichas catalográficas
definição
elaboração de programas
testes
treinamento de pessoal
implementação
2.2.1.4 Automação do processo de seleção
definição
elaboração de programas
testes
treinamento de pessoal
implementação
2.2.1.5 Automação do processo de aquisição
definição
elaboração de programas
testes
treinamento de pessoal
implementação
2.2.1.6 Automação dos processos de controle da circulação
definição
elaboração de programas
testes
treinamento de pessoal
implementação
Arquivo-mestre (AF 1/2)
Objetivo: manter informações completas a respeito de cada
um dos documentos constituintes do acervo da biblioteca do
IMECC.
Uso: 1. Na preparação de fichas catalográficas e levanta-
mentos estatísticos.
2. Na elaboração do catálogo do acervo.
3. Na permuta de informações bibliográficas.
Forma: Seqüencial, gravado na ordem de chegada dos do-
cumentos, em fita.
FIGURA 5
Conteúdo: Informações de natureza bibliográfica e adminis-
trativa (ex: número do processo de compra, data de
início de sua tramitação, etc.),
Arquivo auxiliar CAA 1/2)
objetivo: Manter informações parciais a respeito de cada um
dos documentos constituintes do acervo da Biblioteca
do IMECC.
Uso: 1. Na preparação de índices bibliográficos convencionais
e não-convencionais.
2. No processo de seleção de livros para aquisição.
3. Na recuperação de informações através de terminal
(em etapa posterior do projeto).
Forma: Acesso randômico, gravado em disco. *
Conteúdo: Informações bibliográficas essenciais para a re-
cuperação de informações, tais como: título da
obra, nome do autor, etc.
Organização: (sugestão) Construir um conjunto de arquivos
invertidos interligados por apontadores ou por
um atributo comum.
Motivo: Facilitar acesso na recuperação de informação por
itens diferentes, tais como: nome do autor, título da
obra, editora, ano da edição, número de tombo; etc.
* em caso de necessidade (ex: falta de espaço em disco) este
arquivo poderá ser mantido em fita, só sendo carregado em
disco no momento de sua utilização.
ATIVIDADE A 1 — Gravação de dados.
1. periodicidade: diário
2. P 1 é um programa de aquisição-consistência-gravação de
dados.
3 AT 1 é um arquivo, temporário, que contém todas as in-
formações gravadas durante a semana. Ao termo de ca-
FIGURA 6
da semana, * AT 1 é incorporado ao arquivo-mestre e
depois apagado.
4. Execução por estagiários de biblioteconomia com treina-
mento em operação de terminal e uso do programa de
aquisição de dados (PI).
ATIVIDADE: A 2 — Listagem de AT 1
1. periodicidade: semanal
2. P 2 é um programa para imprimir as informações gravadas
em AT 1 numa forma adequada, tendo em vista seu uso (o
da listagem) na conferência dessas informações. *
3. Essa tarefa deve ser executada de maneira a aproveitar
tempo da máquina ocioso. Poderá ser comandada tanto
pelo operador do computador, sob instruções da equipe de
programação do projeto, como por um estagiário, através
de terminal (utilizando programa com instrução SUBMIT
com execução prevista para horário noturno) .
ATIVIDADE A 3 — Conferência.
1. Periodicidade: semanal
2. Execução por estagiários de biblioteconomia.
ATIVIDADE A 4 — Correção
1. Periodicidade: semanal.
2. A 4 é um programa para efetuar correção em AT 1. Cons-
titui-se de um subconjunto * de P1, antecedido de um
* Na incorporação de AT 1 ao arquivo-mestre, pode-se optar
por um critério de "espaço ocupado" em vez de "tempo
decorrido".
* a notificação, junto a cada item da listagem, do registro
correspondente em que foi gravado no disco, será de grande
valia na atividade A4 de correção do arquivo.
* não se faz necessário o reexame das informações que se sabe
corretas, unicamente os itens incorretos devem ser reeditados
.
FIGURA 7
subprograma para selecionar, no arquivo AT 1, o registro
correspondente ao item incorretamente gravado.
" ATIVIDADE A 5 — Criação de Arquivo Auxiliar.
1. Periodicidade: semanal.
2. AA 1/2 são arquivos auxiliares (v. descrição anexa).
3 O arquivo AA 1 é, a cada novo processamento, substituído
pelo arquivo AA2 obtido no processamento imediatamente
anterior. *
4 O programa P 4 seleciona, para cada documento em AT 1,
itens de informação específicas e grava-os em AA2, in-
tercalando (fazendo o Merge) as informações sobre do-
cumentos já gravados em AA 1 (para mais detalhes acerca
da organização de A A 2 veja descrição anexa).
ATIVIDADE A 6 — Emissão de fichas.
1. Periodicidade: semanal.
2. O programa P 5 emite fichas catalográficas, fazendo uso
das informações gravadas no arquivo temporário, AT 1.
ATIVIDADE A 7 — Atualização do arquivo-mestre.
1. Periodicidade: semanal.
2. AP 1/2 são versões do arquivo-mestre (v. descrição anexa).
3. O arquivo AF 1 é, a cada novo processamento, substitui-do
pelo arquivo AF 2 obtido no processamento imediatamente
anterior. *
4. O programa P6 atualiza o arquivo-mestre, AP 1, incluindo
as informações gravadas em ATI durante a semana. AF2 é
o arquivo-mestre atualizado.
5. Tanto AF 1 como AF 2 e AT 1 devem ser recopiados em
fita, indefectivelmente, depois de cada processamento bem
sucedido, e suas cópias preservadas de acesso não
autorizado.
6. Depois de recopiado em fita, AT1 deve ser apagado.
* AA 1 não existe no processamento inicial.
FIGURA 8
Observações:
1. Os vencimentos e encargos de previdência foram
calculados supondo-se reajustes de 30% nos vencimentos e
21°/o nos encargos em 1977 como em 1978.
2. Os encargos de previdência incidem somente sobre os
vencimentos da escrituraria e de um dos elementos do
pessoal técnico.
3. O projeto tem seu início previsto para março.
4. O tempo de processamento em questão refere-se
exclusivamente ao tempo gasto com o computador durante
a fase de testes do sistema. Será pago pela UNICAMP.
3 Conclusão.
3.1 Situação atual do projeto
Primeiramente queremos salientar a invalidade dos custos,
valendo apenas o gráfico, como especificação de suas
características.
Atualmente, o projeto encontra-se em fase de pré-im-
plementação a equipe responsável, mais a direção do Instituto de
Matemática, Estatística e Ciência da Computação da UNICAMP,
estão empenhados na solicitação de fundos para sua concretização.
Um terminal de computador, possivelmente será adquirido, em
breve.
3.2 Atividades já concluídas
Além de alguns programas referentes à elaboração de índices que
encontram-se em fase de testagem, temos con- cluido o programa de
consistência e gravação de dados do arquivo-mestre.
O Boletim de entrada de dados, também encontra-se impresso;
algumas folhas já estão preenchidas e, estamos no momento
empenhados em sua utilização, como amostra
mínima de seu desempenho.
O manual para uso do Boletim de entrada de dados.
também já foi elaborado, e estamos anexando uma cópia,
Juntamente a este caderno. ............
FIGURA 9
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
1 CÓDIGO de catalogação anglo-americano. Trad. por Pe.
Astério Campos e Abner Lellis Corrêa Vicentini. Brasília,
Ed. dos tradutores, 1969.
2 CUADRA, Carlos A. Annual review of information scien-
ce and tecnobogy. Washington, ASIS, 1975. v. 9
3 DESCRIPTIF des bandes magnetiques pascal à dater du
1 er janvier 1973. CNRS, Centre de Documentation s.d.
4 ENCIPLOPEDIA Mirador internacional. São Paulo, En-
cyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda., 1975.
5 KIMBER, R. T. Automation in libraries. Oxford, Per-
gamon Press, c 1974.
6 LASSO DE LA VEGA, J. La classificacion decimal. 2. ed.
Madrid, Mayfe, 1950.
7 NOVO Michaellis: dicionário ilustrado inglês-português.
10. ed. São Paulo, Melhoramentos, 1971.
8 REFERENCE Manual for machine readable bibliogra-
phic descriptions: com. por M. D. Martin, prepared by the
UNISIST/CSUAB. Paris, UNESCO, 1974.
9 SIQUEIRA, LM. e outros. Automação do catálogo de
livros e folhetos do Centro Técnico Aeroespacial. São
José dos Campos, ITÁ, 1971.
10 SCWARCFITER, J.L. Uma sistematização do processamento de
dados: aplicação em automação de bibliotecas. Rio de
Janeiro. UFRJ, 1971.
DEBATES
ANGELA GOMES (Pós-graduação, UNICAMP): Qual o tipo
de programação utilizada?
KATIA MARIA LEMOS: — A linguagem utilizada é a
COBOL, apropriada para programações alfabéticas, que seriam no
caso documentos de bibliotecas.
FIGURA 10
CARTA DE AQUISIÇÃO; UM HISTÓRICO E UMA POSIÇÃO
A EXPERIÊNCIA DA DIVISÃO DE BIBLIOTECAS
E DOCUMENTAÇÃO DA PUC/RJ
CECÍLIA MALIZIA ALVES (Chefe da
Biblioteca Central da PUC/RJ)
Resumo
Descreve a experiência da Divisão de Bibliotecas e Do-
cumentação da PUC/RJ para elaboração de sua Carta de Aquisição,
analisada à luz das mudanças organizacionais decorrentes da
reestruturação dos serviços de bibliotecas. Conclui que a melhoria
do relacionamento entre bibliotecários e corpo docente da
universidade é o maior benefício obtido, ressaltando, entretanto, que
o sucesso da experiência vai depender da reformulação de atitudes
conservativas de organização e planejamento, as quais devem
incorporar uma filosofia de critérios orientada pelo conhecimento
das características de seus usuários.
Apresentação
Este trabalho tem como objetivo descrever a experiência da
Divisão de Bibliotecas e Documentação da PUC/RJ na discussão e
definição de sua "Carta de Aquisição".
Sendo a "Carta de Aquisição" apenas uma dentre várias
mudanças decorrentes da reestruturação dos serviços de bibliotecas
da DBD, apresentamos uma breve explanação das medidas de
definição e planejamento que antecederam sua elaboração.
1 Reestruturação Organizacional
1.1 Análise do sistema
Sendo difícil reconstruir a história da formação e de-
senvolvimento do sistema de bibliotecas coordenado pela
D.B.D., principalmente pela dificuldade de acesso aos re-
latórios anuais das administrações anteriores à nossa gestão e
na falta de informações precisas, podemos supor que as
bibliotecas da PUC desenvolveram-se através dos anos graças
a esforços altamente louváveis de pessoas que sentiram a
carência de serviços de bibliotecas, mas às quais faltou em
ocasiões decisivas o apoio de conhecimentos profissionais
adequados ao planejamento e/ou desenvolvimento dos re-
feridos serviços.
Anteriormente a nossa admissão para o cargo de Biblio-
tecária-Chefe (dez. de 1975). a Comissão de Bibliotecas, após
seis meses de análise e debates sobre a situação da D.B.D.,
recomendava a ordenação de seus serviços, tendo-se
constituído um Grupo de Trabalho para a elaboração do
organograma. Esse primeiro organograma, por nós analisado
não se adaptava, a nível de eficácia operacional, ao tipo de
funcionamento desejado: havia já um consenso de
centralização de "serviços técnicos", não devidamente expli-
citado ao Grupo de Trabalho.
Como tarefa prioritária, dedicamo-nos à detecção dos
principais problemas encontrados, destacando-se dentre eles:
— estrutura organizacional fragmentada, ocasionando
dispersão geográfica do acervo e divisão artificial do
conhecimento;
falta de definição de objetivos para tomada de decisão
quanto a critérios de organização e funcionamento
internos;
distorção e fragmentação da função Aquisição;
— concepção errônea dos serviços de referência e aten-
dimento ao usuário;
quadro de pessoal insuficiente e inadequado;
disponibilidade espacial das bibliotecas, insuficiente e
inadequada;
organização das Bibliotecas Setoriais da PUC, que
não podiam ser caracterizadas como bibliotecas de
pós-graduação, já atendiam a todo o corpo discente de
seus respectivos centros, devido a práticas ina-
dequadas de seleção e composição dos acervos.
Tal organização não seria tecnicamente errada, pois
teríamos no futuro bibliotecas especializadas para cada cen-
tro, sem distinção do nível de usuários a que se destinam. Pois
fatores, no entanto levaram-nos ao planejamento corretivo
dessa organização:
a definição expressa nos Estatutos da PUC.
• a disponibilidade espacial existente, que nos levou à
constatação da necessidade de se preparar a Biblioteca
Central para operar as funções que por estatuto lhe
competem, ou seja, manter um acervo centralizado de
interesse geral e especificamente de interesse da
graduação, operando um sistema de coleções
descentralizadas para pós-graduação.
1.2 Plano Organizacional
Visando a centralização dos serviços técnicos das biblio-
tecas da PUC/D.B.D. foi proposta a seguinte estrutura, apro-
vada pela Comissão de Bibliotecas em 06/02/76 e pelo Magní-
fico Reitor através da PR-293/76, de 22 de abril de 1976, o or-
ganograma apresentado no anexo 1 delineia as principais ca-
racterísticas do plano organizacional ora desenvolvido pela
D.B.D.
1.2.1 Estrutura da rede
Vinculada à Vice-Reitoria Acadêmica, a Divisão de Bi-
bliotecas e Documentação é o órgão responsável pelo plane-
jamento geral do sistema, de bibliotecas. O planejamento se
faz por definição de objetivos gerais, cuja inspiração política se
vincula aos valores e interesses da Pontifícia Universidade
Católica do Rio de Janeiro, concernentes ao desenvolvimento
dos meios necessários para o estudo e a pesquisa, e aos
conceitos de inserção na realidade brasileira e de intercâmbio e
cooperação com instituições congêneres, nacionais e
estrangeiras, de acordo com os incisos I, II, III, IV e V, do Art.
1º do Estatuto que rege.
Para consecução de seus objetivos, a D.B.D. coordena em
todos os níveis de processamento técnico, administração de
pessoal e definição de política de informação, uma rede de
bibliotecas, com a seguinte estrutura:
— Biblioteca Central, cujo acervo é centralizado, reunindo
principalmente material de graduação e uma forte
coleção de referência de caráter interdisciplinar. A Biblioteca
Central é depositária das coleções de periódicos e documentos
especiais, na proporção definida pela política de informação.
— Bibliotecas Setoriais de Pós-Graduação, reunindo coleções
especializadas em cada Centro, referentes às atividades de pós-
graduação e pesquisa de suas unidades constitutivas, a nível de
especificidade adequada.
1.2.2 Objetivos do Sistema
O principal objetivo do sistema de bibliotecas coordenado pela
DBD é selecionar, adquirir, organizar, armazenar e disseminar toda
a informação registrada, para apoio às atividades de ensino e
pesquisa desenvolvidas na PUC/RJ, bem como ao desenvolvimento
de suas atividades técnicas e administrativas.
Em decorrência, compete-lhe:
a) colocar, em menor tempo possível, as obras adqui-das à
disposição do usuário;
b) prover material para leitura e trabalhos de cursos de
graduação e de pós-graduação;
c) prover referência e informação bibliográficas;
d) prover material de leitura como suporte geral às atividades
da PUC, quer acadêmicas, quer administrativas;
e) prover material de estudo nas áreas correlatas aos cursos;
f) prover material de pesquisa;
g) prover serviços de recuperação de informação;
h) prover facilidade de pesquisa onde necessário;
i) atuar como instrumento dinâmico do ensino, estimulando
hábitos de leitura e pesquisa.
2 Programa de Desenvolvimento
Definida a estrutura da Divisão, preocupamo-nos a seguir com
o estabelecimento de um Programa de Desenvolvimento, o qual
obedece a critérios gerais expressos em forma de metas
operacionais, princípios de ação e políticas operacionais.
2.1 Metas Operacionais
A complexidade de tarefas decorrentes da implantação da nova
estrutura, levou-nos a formular, para o sistema a ser desenvolvido,
metas a curto, médio e longo prazo.
(a) a curto prazo: desenvolver um sistema coordenado de
bibliotecas, implementando técnicas biblioteconômicas para
atendimento de um usuário não individualizado.
(b) a médio prazo: implementação de estudos para obtenção de
indicadores das necessidades gerais e específicas dos usuários e
conseqüente planejamento dos serviços compatíveis às necessidades
detectadas.
(c) a longo prazo: desenvolvimento de serviços e técnicas de
recuperação e disseminação da informação, tomando por base os
indicadores obtidos.
2.2 Princípios de ação
Esses princípios foram estabelecidos para orientação geral ao
desenvolvimento futuro de políticas operacionais:
(a) Centralização de registros e sistemas — embora a
centralização esteja explícita no organograma é conveniente que a
DBD desenvolva junto à comunidade um trabalho de divulgação
para que haja o entendimento de que o objetivo da centralização
técnica é tornar disponível, para toda a comunidade de usuários
qualquer serviço básico desenvolvido, evitando-se duplicação de
esforços e atendendo-se aos aspectos eficiência e eficácia.
(b) Automação — quaisquer planos para automação dos
serviços de biblioteca deverão ser desenvolvidos de acordo com a
política de informação da D.B.D., levando-se em consideração a
capacidade do sistema para absorver as mudanças decorrentes e a
disponibilidade de recursos orçamentários .
A título de sugestão, já que não nos pudemos basear numa
análise de sistemas devido à ausência de indicadores, três estágios
para automação das bibliotecas: (1) rotinas internas; (2)
armazenagem e recuperação da informação em campos selecionados
— através de estudos realizados pela SAVE — da literatura
científica e tecnológica; (3) redes experimentais de bibliotecas
cooperantes.
(c) Desenvolvimento de cooperação regional para solução
de problemas comuns — Como sabemos é totalmente
impossível a qualquer biblioteca adquirir, armazenar e re-
cuperar todo o conhecimento necessário ao desenvolvimento
de seus programas de ensino e pesquisa; tal situação leva-nos a
buscar, no desenvolvimento de novas formas de cooperação
inter-bibliotecas, a solução para possíveis problemas comuns.
A cooperação inter-biblioteca deverá dirigir-se à insta-
lação de planos de aquisição cooperativa, extensão de privi-
légio para empréstimo entre bibliotecas, redes de informação
e/ou centros de referência, para obtenção da literatura
descentralizada via modernos meios de transmissão, catalo-
gação cooperativa, etc.
(d) Profissionalização — A grande maioria dos funcio-
nários da DBD não possui formação ou treinamento profis-
sional necessário ao desempenho de funções técnicas, o que
acarreta sérias deficiências na qualidade dos serviços de-
senvolvidos. O despreparo técnico aliado à indefinição de
rotinas criava uma situação de duplicação de tarefas. Para-
lelamente, chamou-nos a atenção as discrepâncias encontradas
na classificação de cargos da DBD. A título de colaboração
.aplicamos um questionário de avaliação de funções e
enviamos à Gerência de Pessoal estudo corretivo sobre o
assunto, recomendando que, no futuro, as funções técnicas
fossem preenchidas por profissionais qualificados. Quanto ao
pessoal já admitido, sugerimos que freqüentassem cursos de
treinamento profissional.
(e) Serviços de Comunicação — A ausência de um siste-
ma interno de comunicação eficaz prejudicava o desenvol-
vimento dos serviços da DBD. Internamente, algumas pro-
vidências estão sendo tomadas para melhoria de contato entre a
DBD e seus usuários;
elaboração de um guia para uso de bibliotecas.
criação de cursos introdutórios ao uso da literatura
científica e técnicas de levantamento bibliográfico em vários
níveis.
2
.3 Política Operacional
As mais sérias deficiências encontradas no desenvolvi-
mento de nossos serviços de bibliotecas relacionavam-se com
a ausência de políticas estabelecidas. Considerando impera-
tivo que qualquer sistema de bibliotecas — em particular um
sistema de tal porte e complexidade como o operado pela DBD
— funcionasse sob um conjunto de políticas escritas, flexíveis
e conhecidas, alertamos a Comissão de Bibliotecas sobre a
necessidade de se elaborar a Carta de Aquisição e o Regimento
Interno para a DBD. Paralelamente o corpo de bibliotecas
reuniu-se para redação dos Manuais de procedimentos das
diversas seções, enquanto elaboravam-se os fluxogramas da
Seção de Aquisição Centralizada e da Seção de Processamento
Técnico.
Passaremos a descrever especificamente os procedimentos
adotados para a elaboração da Carta de Aquisição. Para melhor
exposição do material, colocamo-la em item à parte.
3 Elaboração da Carta de Aquisição
Em 16 de julho de 1976, foi apresentada à Comissão de
Bibliotecas uma proposta formal para estudo de políticas de
seleção e composição dos acervos da Universidade.
Adotou-se como método de trabalho a discussão siste-
mática de "Documento de Trabalho" elaborados pela Biblio-
tecária-Chefe e equipe de bibliotecários da DBD. Cada um
desses documentos foi discutido e analisado à luz da realidade
PUC e de suas peculiaridades comunitárias e institucionais.
Após quase um ano de trabalho, em maio de 1977, a
Comissão de Seleção chegou à redação final da "Carta de
Aquisição", documento normativo onde se exprimem as di-
retrizes gerais para seleção e aquisição de material biblio-
gráfico.
O documento em questão (ver anexo 2) foi então sub-
metido à aprovação do Magnífico Reitor, que o fez de maneira
extremamente honrosa para a D.B.D. — já que a aprovação
deu-se por Ato Normativo e não por simples portaria — em 18
de agosto de 1977.
Após a aprovação da "Carta de Aquisição", a Divisão de
Bibliotecas e Documentação iniciou, junto aos vinte e quatro
departamentos de ensino da PUC, gestões para dar
continuidade ao processo de definição de políticas de seleção a
nível mais específico, para atender critérios implícitos na Carta,
a saber:
1º) constituição das Comissões Departamentais e indica-
ção de bibliotecárias para assessoria (Cf. item 4.1.1) 2º)
estabelecimento de rotinas de trabalho para declaração
escrita de política de seleção de cada unida de de ensino
(Cf. item 4.1..3.).
Até o momento, estão constituídas dez Comissões de Se-
leção Departamentais (Física, Matemática, Teologia, Filosofia,
Educação, Letras, Psicologia, Artes, Engenharia Industrial,
Sociologia e Política). Como método de trabalho, cada
membro de determinada Comissão deve preencher um for-
mulário-padrão planejado em conformidade com os critérios
de seleção expressos no item 4.1.5. da Carta de Aquisição (ver
anexo 3); a seguir a Comissão de Seleção deverá aprovar sua
declaração escrita, para inclusão na edição final da Carta de
Aquisição.
4 Conclusões
Poder-se-ia argumentar sobre a validade do trabalho aqui
exposto, considerando-se que a "Carta de Aquisição ainda é, do
ponto de vista da aplicabilidade, um documento embrionário.
Profissionais mais "práticos" certamente con siderarão que o
tempo gasto em discussões de normas e po líticas poderia ser
melhor canalizado para, por exemplo, solu-cionar problemas de
processamento técnico. Entretanto, po demos dizer que a
experiência foi altamente proveitosa, u. vez que está nos
ajudando a resolver o velho problema de relação entre
bibliotecários e corpo docente de universidades Em
decorrência desse melhor relacionamento, a imagem o DBD e
conseqüentemente das bibliotecas foi totalmente modificada: a
demanda crescente dos serviços disponíveis atesta a aceitação
de um trabalho sério, embora lento e pouco inovador. O
contato informal decorrente das discussões políticas, no
momento mesmo em que acontecem diversas mudanças
administrativas tem sido proveitosos para remoção de áreas de
atrito e vencimento das barreiras institucionais e
comportamentais existentes, tanto por parte dos professores
quanto por parte dos bibliotecários. Quanto as práticas de
seleção, estas foram aprimoradas, via melhoria do diálogo.
Estamos cientes de que a continuidade da Carta de Aqui-
sição vai exigir toda nossa capacidade de argumentação e
isenção de ânimos para solução de conflitos, já agora mais
diretos e difíceis de serem resolvidos.
Entretanto, como administradores e planejadores do sistema
DBD não podemos nos furtar à responsabilidade de buscar, na
definição de nossos critérios de trabalho o consenso e a aprovação
daqueles que são o "leitmotiv" de nossa existência os usuários.
Esta posição é decorrente de evolução dos objetivos da
biblioteca universitária que, se em épocas mais remotas era
dominada pelas restrições conservativas decorrentes da posição
humanística dominante, passou, com o advento da,i técnicas
biblioteconômicas e computacionais a desempenhar, num segundo
estágio de evolução, funções técnicas de coleta, armazenagem e
organização do material bibliográfico. Entretanto, as mudanças
ocasionadas pela democratização da educação provocaram
alterações profundas nos objetivos funções e organização das
bibliotecas universitá-rias. Para citar Edson Nery da Fonseca (1): a
biblioteca universitária tem "... importância decisiva na consecução
dos objetivos perseguidos pela universidade. O professor Harol-do
Valladão definiu uma vez a Faculdade de Direito como uma
biblioteca cercada de salas de aula ...".
Assim, estamos dirigidos à revisão de suas posições tra-
dicionais que compõem a imagem usual e convencional de nessas
bibliotecas: de um lado, os professores que vêem a biblioteca
somente no contexto da visão tradicional de sus funções de centro de
erudição e humanismo; de outro lado os bibliotecários cuja tradição
está mais dirigida aos "objetos" que vem pela porta dos fundos do
que às pessoas que entram pela porta da frente. Precisamos, nós, os
componentes dessas duas correntes, incorporar um terceiro elemento
ao quadro geral: os usuários. Enquanto essa incorporação não for
verdadeira, nossas bibliotecas, por mais bem organizada e
aparelhadas que sejam, não passarão de depósitos de livros
sofisticados e ineficientes.
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
1 FONSECA, Edson Nery da. Roteiro para organização de
bibliotecas universitárias. Brasília, Graf. Piloto da UnB,
1967.
2 THOMPSON, James. An introduction to University libra-
ry administracion. London, C. Bingley, 1974.
3 PUC/RJ. Divisão de Bibliotecas e Documentação. Relató
rio anual 1976. Rio de Janeiro, 1976. 48 p. dat.
ANEXO 2
ATO NORMATIVO Nº 01/77
Aprova a CARTA DE AQUISIÇÃO da Divisão
de Bibliotecas e Documentação
O Rev. Pe. João Augusto Mac Dowell, S.J., Reitor da PUC/RJ
considerando o volume crescente de produção na literatura universal
bem como o alto custo das publicações e a necessidade de uma
definição clara e objetiva da política de aquisição e seleção de
material bibliográfico das bibliotecas da PUC/RJ, no uso de suas
atribuições,
RESOLVE:
Art. 1º Aprovar a CARTA DE AQUISIÇÃO de material
bibliográfico das bibliotecass da PUC/RJ, anexa a este ATO.
Art. 2º O presente ATO entrará em vigor na data de hoje.
Rio de Janeiro, 18 de agosto de 1977.
CARTA DE AQUISIÇÃO
Política para seleção e aquisição de material bibliográfico das
bibliotecas da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.
Apresentação
Dado o volume crescente de produção na literatura universal,
bem como a elevação constante do custo das publicações, torna-se
impossível a qualquer biblioteca poder contar com todo o material
bibliográfico indispensável ao atendimento de seus usuários.
Em decorrência, impõe-se a necessidade de uma definição clara
e objetiva da política de aquisição da Universida de, apta a orientar
as práticas de seleção e formação das coleções.
Em janeiro de 1976, foi apresentada à Comissão de Bibliotecas
da DBD — órgão consultivo e representativo das diversas
bibliotecas e unidades acadêmicas — uma proposta para o estudo da
CARTA DE AQUISIÇÃO, que deveria ex primir as diretrizes
aplicáveis à seleção e aquisição.
O documento ora apresentado é o resultado desse estudo. Nele
são estabelecidos os princípios gerais para a política de aquisição,
os tipos de material bibliográfico que deverão formar as coleções da
Universidade, bem como os processos de seleção e aquisição a
serem adotados.
A CARTA DE AQUISIÇÃO ora formulada, bem como os
níveis de seleção nela indicados, não pretende descrever as seleções
já existentes. Seu objetivo é orientar o corpo docente e a equipe de
bibliotecários na complexa tarefa intelectual de selecionar, uma
coleção adequada e satisfazer os interesses de seus usuários,
considerando-se o volume de pu blicações anuais e as restrições
financeiras existentes.
A despeito dos esforços desenvolvidos para definir critérios
facilmente aplicáveis à seleção, a criatividade humana produz
constantemente uma infinita variedade de livros ( outros tipos de
aquisição.
Embora as diretrizes forneçam orientação e informa ções
úteis às Comissões de Seleção, o julgamento daquele que
participam do processo de seleção não poderá jamais ser
substituído por normas formais e rígidas, as quais somente se
destinam a fornecer critérios. Por essa razão, A CARTA DE
AQUISIÇÃO está sujeita a revisões que se fize-rem
necessárias, no decorrer do tempo.
Coube à Bibliotecária-Chefe, Cecília Malízia Alves, assis-
tida pela Bibliotecária Supervisora Maria Clara P. Wilken
Bicudo, a formulação original dos documentos de trabalho
para discussão a nível de Comissão. A proposta para a de
finição das políticas de seleção, correspondente às diferentes
unidades acadêmicas, foi, em sua maior parte, baseada na
sistemática adotada pela Standford University Libra ries (1).
Finalmente, não podemos concluir essa introdução sem
recordar a participação interessada e cuidados dos membros da
Comissão de Bibliotecas, sem a qual esse estudo não seria
variável: Profª Suzana Gonçalves, Diretora da DBD, Pre-
sidente da Comissão, Prof. João Christovão Cardoso, repre-
sentante do CTC, Prof. Sérgio Cativo e Profª Miriam Limoeiro
Cardoso, representante do CCS, Profª Creusa Capalho e Profº
Zélia Mediano, representantes do CTCH, Cecília Malízia
Alves, Bibliotecária-Chefe e Anna Maria Thompson de
Carvalho, Assessora de Diretoria da DBD.
1 Definição
A CARTA DE AQUISIÇÃO é o documento básico orien-
tador da política de seleção e aquisição de bibliotecas.
Vincula-se, pois, aos OBJETIVOS da Biblioteca — on
Sistema de Bibliotecas — à qual se destina, decorrentes da
natureza da instituição a cujas finalidades deve servir.
2 Princípios Gerais
2.1 Os programas de ensino e pesquisa da Universidade de-
vem ser os elementos fundamentais para a política de aqui-
sição .
2.2 A DBD deve adquirir ,em bases regulares, qualquer tipo
de material bibliográfico, quer coleções de âmbito geral, quer
coleções específicas, enfatizando as áreas em que os interes-es de
estudantes e professores sejam eficazmente atendidos 2.3 Os
processos de seleção e compra de material bibliográ-ico devem ser
estabelecidos em função de planos relativos c desenvolvimento da
Universidade. A centralização desses processos visa à eliminação de
rotinas repetitivas e a asse-gurar rapidez de recepção e
processamento.
Tipos de Material Bibliográfico
. 1 As coleções das bibliotecas da PUC são compostas de vá-rios
tipos de material bibliográfico, em suas diversas formas e
apresentação: impressão, off-set, foto-reprodução e du-plicação por
mimeógrafo, filmes e microfilmes revelados, mi-rofichas
transparentes ou opacas, fitas perfuradas, fitas magnéticas,
diapositivos, mapas, globos, fotografia e gravu-as.
.2 Visando melhor administração do acervo as coleções erão
divididas em material bibliográfico e material especial
.2.1 Material Bibliográfico: subdivididos em dois tipos, ou eja os
documentos primários e os documentos secundários
.2.1.1 Documentos primários
Livros, monografias, coleções de documentos (documen-os
escritos pelo mesmo autor ou por autores diferentes, secundo um
plano, sem pretensão de exaurir o assunto), atas e reuniões e
conferências, livros textos e manuais, publica-ções oficiais,
publicações periódicas (publicações seriadas, vistas, jornais),
normas, folhetos, patentes, teses e disserta-ões relatórios técnicos-
científicos.
2.1.2 Documentos secundários
Literatura de referência; enciclopédias, guias e manuais,
glossários, vocabulários, dicionários, biografias, revisões de li-
teratura, periódicos de resumo, bibliografias e índices .
2.2 Material especial:
Livros raros, coleções especiais de alto custo, manuscri-
s, códigos, fotografias, gravuras, mapas, plantas, engloban-
o os documentos suscetíveis de apropriação indébita e mu-
tilações, e que, portanto, requerem normas especiais para
acesso e controle de circulação.
3 2.2.2 Segundo Grupo:
Filmes e microfilmes revelados, microfichas transparentes
ou opacas, edições em microfilmes, filmes educativos slides,
diapositivos cartões perfurados, fitas ou discos magnéticos, ou
qualquer outro tipo em que sua forma de apresentação difira
do material descrito no item 3.2.1.
3.3 Como norma geral, não devem ser acervados apostilas,
trabalhos escolares, catálogos comerciais e foto-reproduções
(xerox, heliografia, fotostática, etc.) de documentos já exis-
tentes na DBD ou disponíveis no mercado editorial.
4 Critérios de Seleção
4.1 Seleção de compras
4.1.1 Em cada unidade, a seleção bibliográfica deverá ser
efetuada por uma Comissão de Seleção, integrada por repre-
sentantes das diferentes áreas de ensino e pesquisa dessa
unidade e assistida tecnicamente por uma bibliotecária indi-
cada pela DBD, preservando-se a autonomia de cada Depar-
tamento.
4.1.2 Serão também constituídas Comissões de Seleção para
aquisição de material especial relacionado no item 3.2.2.1., tais
como: livros raros, manuscritos, códices, mapas e coleções
especiais.
4.1.3 À Comissão de Seleção compete declarar sua política
de seleção específica.
4.1.4 Cada Comissão de Seleção deverá definir sua política
de seleção em termos de:
a. objetivo geral;
b. línguas a serem cobertas e restrições;
c. áreas geográficas abrangidas (quando aplicável);
d. delimitações cronológicas (datas das edições);
e. tipos de material a serem incluídos;
f. tipos de material a serem excluídos;
g. áreas de assunto a serem cobertas e correspondente
nível de especificação das coleções; h.
outras especificações.
4.1.5 Os seguintes critérios, devem ser indicados quando
da definição da política de seleção, tendo em vista os níveis
de especificidade do material bibliográfico:
.— nível geral — suprir necessidades gerais dos progra-
mas, tanto presentes quanto futuras;
— Nível de graduação — servir de suporte efetivo ao
ensino de graduação, incluindo todos os tipos de material de
referência, principalmente índices, bibliografias e publica
ções periódicas;
nível de pesquisa — suprir EIS atividades acadêmicas
de meios que lhe permitam associar o ensino à pesquisa e
servir de base aos programas de Mestrado;
— nível intensivo — atender, de forma exaustiva, às li
nhas de pesquisa da Universidade e aos cursos de Doutorado
4.1.6 Duplicação de Coleções
A qualidade do acervo não deve ser sacrificada à dupli-
cação desnecessária de títulos, adotando-se, como critérios de
duplicação, a intensidade de uso, a localização das bibliotecas
do sistema, bem como a disponibilidade do acervo da DBD.
4.1.7 Em se tratando de publicações periódicas, em prin
cípio, haverá na DBD uma única assinatura para cada título,
ficando a virtual duplicação subordinada a .justificativa fun
damentada e competente aprovação pelo Conselho Departa
mental do setor interessado, ouvindo-se a Comissão de Se
leção.
4.2 Seleção de doações
4.2.1 Serão aplicados tanto para recepção de doações quanto
para permuta os mesmos critérios de seleção adotados para
compra.
4.2.1.1 A seleção das obras aceitas em doação será efetivada,
segundo o determinado no item 4.2.1, pela Comissão de
Seleção da Unidade interessada.
4.2.1.2 Caso discorde da seleção efetuada sob a responsa-
bilidade da Comissão de Seleção, a Diretoria da DBD subme-
terá o assunto à Comissão de Bibliotecas, cabendo ainda
recurso ao Vice-Reitor Acadêmico.
4.2.2 Como norma geral, a PUC deve evitar a aceitação de
doações com restrições específicas, tais como localização es-
pecial e uso limitado, nos casos em que essas doações sejam
qualitativamente importantes, será ouvida a Comissão de
Bibliotecas, para parecer a ser encaminhado à decisão do Vice-
Reitor Acadêmico.
4 2.3 Caberá à Bibliotecária Supervisora da Seção de Aqui-
sição Centralizada, assistida pela Bibliotecária-Chefe da DBD,
efetuar a pré-seleção das obras ofertadas.
4.2.4 Em se tratando de coleções acima de 20 volumes, o
doador deverá, para fins de pré-seleção, enviar à DBD uma
relação das obras que pretende doar ou solicitar, para tanto, o
auxílio de uma bibliotecária.
4.2.5 A PUC se reserva o direito de descartar ou permutar as
doações não selecionadas.
4.3 Retirada e descarte de material
4.3.1 Para manutenção da qualidade das coleções serão
adotadas práticas de seleção negativa aplicáveis ao material
acervado.
4.3.2 Sistematicamente, deverá ser efetuado o descarte do
material efêmero e a retirada do material obsoleto, preser-
vando-se entretanto os títulos e coleções que sejam de interesse
dos programas de pesquisa da Universidade.
4.3.2.1 Por descarte entende-se a eliminação de material
bibliográfico acervado.
4.3.2.2 Por retirada entende-se a transferência de documento
acervado para o processo de permuta. Todo documento
transferido deverá pois ser tratado como duplicata.
4.3.2.3 Será considerado material efêmero qualquer do-
cumento cujo conteúdo tenha valor informativo temporário ou
relativo.
4.3.2.4 Será considerado material danificado todo (do-
cumento que apresente mutilações graves ou cujas condições
materiais sejam tão más que não se justifique sua restauração.
4.3.2.5 Será considerado material obsoleto qualquer do-
cumento que comprovadamente não tenha sido utilizado num
período de tempo superior a 10 anos ou cujas novas edições
existentes na DBD superem o documento em questão.
4 3.3 Descarte de material
4 3 3 1 O material efêmero bem como o material danificado
deverão ser descartados.
4.3.3.2 O descarte será efetuado rotineiramente e em con
cordância com a temporalidade do material efêmero ou com o
grau de mutilação em questão.
4.3.4 Retirada de material
4.3.4.1 Todo material obsoleto dever ser retirado do acervo
4.3 4.2 A retirada do material obsoleto será efetuada
periodicamente, por ocasião da realização dos inventários
gerais das bibliotecas, obedecendo-se aos seguintes critérios:
Os critérios de seleção negativa para retirada devem
basear-se nos princípios gerais de aquisição;
a seleção negativa será efetuada pela bibliotecária
assistente de cada Comissão de Seleção;
a Comissão de Seleção da unidade interessada caberá a
decisão quanto à retirada das obras selecionadas negati-
vamente;
caso discorde da decisão da Comissão de Seleção, a
Diretoria da DBD submeterá o assunto à Comissão de Biblio
tecas.
(1) GRIEDER, E. M., ed. Book Selection Policies of the Libraries of
Standford University, Stanford, Cal., Standford Univer-Fity Libraries, 1970.
mimeog.
2ª SESSÃO CIENTÍFICA
COMPONENTES DA MESA
Presidente: HELOÍSA BENETTI SCHREINER (Diretora da
Biblioteca Central da UFRGS)
Relatora: DYRCE BARRETO TAVEIRA (Professora do De-
partamento de Documentação da UFF)
Expositora: CÉLIA LÚCIA MONTEIRO DE CASTRO (Dou-
tora em Medicina)
Secretária: SANDRA BADINI DA COSTA (Chefe da Seção
de Referência Geral e Legislativa do Núcleo de Documen-
tação da UFF)
NECESSIDADE DE INFORMAÇÃO: O PONTO DE
VISTA DO PESQUISADOR
CÉLIA LÚCIA MONTEIRO DE CASTRO
(Doutora em Medicina)
RESUMO DA PALESTRA
A preocupação do pesquisador, no que se refere à velo-
cidade de disseminação da informação, tem como ponto de
partida os seguintes aspectos:
a) As relações existentes entre pesquisa/ciência/tecnolo-
gia/desenvolvimento, associando o domínio da informação
ao poder;
b) O custo envolvido nos procedimentos de produção, es-
tocagem e divulgação do conhecimento;
c) O caráter cumulativo do conhecimento científico e a
reconstrução do objeto pela crítica da comunidade de
pares;
d) A permanente ameaça da desatualização da informação
impressa, mormente nos campos de desenvolvimento
acelerado, tornando rapidamente obsoletos livros e
revistas;
e) Os procedimentos usuais de seleção de material a ser
impresso e as próprias limitações do mercado editorial.
Estes aspectos influem, necessariamente, no livre trân-sito
da informação, quer determinando o que pode ser divulgado,
quer afetando a velocidade com que o conhecimento é
disseminado. Neste sentido, não se torna disponível ao
pesquisador a informação de hoje", aumentando os intervalos
de tempo entre produção e obtenção do conhecimento e/ou da
informação.
Embora se reconheça que os centros e núcleos de do-
cumentação estejam atentos ao problema, parece sempre
necessário ou prudente salientar a questão da velocidade da
propagação do conhecimento, trazendo para debate a exi-
quibilidade de medidas tendentes a:
a) Agilizar os mecanismos de obtenção e reprodução de
material impresso;
b) Divulgar trabalhos em andamento, a par de trabalhos já
concluidos, ressaltada a importância dos conclaves e das
"comunicações" neles apresentadas;
c) Cadastrar centros e pessoas envolvidas na produção de
conhecimento, por áreas e sub-áreas do saber;
d) Utilizar os mecanismos de comunicação informal, de
modo mais eficiente e para benefício coletivo;
e) Especializar os profissionais em documentação por áreas
de conhecimento.
DEBATES
ALICE BARROS MAIA (Diretora do Núcleo de Documen-
tação da UFF): O problema de agilizar a informação para que
ela chegue mais rapidamente ao pesquisador, no sentido de
diminuir o intervalo de tempo entre a existência da informação
e sua utilização por quem de direito, seria no meu entender, a
divulgação da pesquisa em andamento no momento em que ela
é registrada e aprovada. Isto, porém corre um grande risco
porque a pesquisa evolui, pode mudar seu enfoque e, às vezes,
até o tema proposto inicialmente. Além disso, temos uma
resistência muito grande a vencer: o pesquisador, normalmente
não admite que o bibliotecário divulgue a sua pesquisa, no
momento em que ela é registrada. Temos como exemplo a
nossa experiência na UFF. Quando aqui chegamos ficamos
preocupados com a divulgação das pesquisas em andamento.
Perguntamos quem controlava ,onde ficava o registro e quem
fazia sua divulgação, pois já que somos um órgão de
informação, nós teríamos que ter esses dados para informar:
onde estava se desenvolvendo essa pesquisa, quem estava
pesquisando e a que resultados estava chegando. Não tendo
conhecimento de quem controlava, nos propusemos a fazer um
levantamento dessas pesquisas, para se ter um controle,
cadastrádas e fazer uma publicação divulgando-as.
Interessando-se a Coordenação de Pesquisas e Pós-graduação
pelo assunto.
após a distribuição dos formulários, recolheu-os, analisou-os e
tomou a seu encargo a publicação desse trabalho. A partir daí,
nos interessamos por outro tipo de informação: as teses. Essas,
também, não possuíam um controle. Fizemos um formulário e
distribuímos aos pesquisadores. Com os dados obtidos criamos
o Catálogo de Teses da UFF, que abrange, atualmente, o
período de 1976-77. Gostaria de ressaltar que durante todo o
processo de preenchimento dos formulários, encontramos
grande resistência por parte dos pesquisadores em respondê-
los. O que me parece é que existe pouca comunicação de parte
à parte, falta de compreensão quanto à importância das
informações a serem dadas pelos pesquisadores e muita
relutância.
Acho, portanto, que tem de haver uma reformulação geral
para que esses problemas se resolvam, sem atritos, apenas
servindo a quem de direito e sobretudo, no sentido de de
agilizar o processo de informação.
CÉLIA LÚCIA MONTEIRO DE CASTRO: Apesar de toda
minha formação em Medicina, estou fazendo a algum tempo
pesquisas na área de Estudos Sociais, mais especialmente em
Educação, e, embora, use questionário como técnica de
pesquisa, seria tremendamente relutante, se algum setor de
Documentação viesse me entregar um questionário, onde eu
dissesse o tema da pesquisa, seu objetivo, sua metodologia,
etc., de modo que posso entender a resistência dos com-
panheiros de pesquisa. A minha idéia não é criar desenten-
dimento entre o bibliotecário e o pesquisador, mas simples-
mente ver o que se pode fazer para agilizar o processo de
informação. Vamos imaginar que uma Universidade resolva
cadastrar suas pesquisas em andamento. A experiência que
tenho em relação a isso, é a seguinte: em primeiro lugar, há
uma pessoa encarregada desse levantamento. Essa pessoa
começa a elaborar um questionário, esse questionário é revisto
ou modificado e, tende a obter uma aprovação para ser
aplicado, dependendo da instituição, esse questionário pode ser
até impresso. Isto leva algum tempo, digamos um a dois meses.
Depois esse questionário é enviado aos pesquisadores de toda a
Universidade para ser respondido, obviamente outro período de
tempo é levado para que isto ocorra. Após a entrega, esse
questionário poderá ser impresso. Novamente se estabelece um
intervalo entre o momento de obtenção de informação e a sua
divulgação. Se é uma Universidade que tem um programa
editorial e quer
publicar esse trabalho, então se coloca, pelo menos mais um
ano; por outro lado, muitas vezes o sistema de distribuição das
publicações da universidade não é assim tão eficiente que faça
com que o indivíduo que deu a informação saiba e receba
depois a obra em que esse dado está contido; mas mesmo que
receba, em geral, vai passar mais um ano entre o momento em
que ele deu a informação e obteve essa publicação. Não sei em
que medida se poderia agilizar o processo de informação,
talvez com publicações mais simples informais, como algum
tipo de documento mimeografado que poderia rapidamente ser
impresso e distribuido aos interessados, embora, esteticamente
não seja das publicações mais bem elaboradas.
Se as colegas me permitem gostaria de fazer uma refe-
rência pessoal quanto ao emprego de questionários como
técnica de levantamento de dados. Uma das coisas que st tem
conhecimento hoje em pesquisa social, principalmente se
estamos trabalhando com população cativa ou seja com uma
determinada área de interesse, com uma preocupação específica
e possivelmente, os informantes se man-têm comigo durante
muito tempo é que à medida que aumenta o número de
questionários, diminui o número de respostas. Podemos ilustrar
com o seguinte exemplo: estou pesquisando uma Faculdade de
Educação e vou a essa faculdade de 2 em 2 anos ou de 6 em 6
meses e, resolvo enviar um questionário a esse local para ser
respondido. A experiência demonstra que se nós vamos
trabalhar com uma população cativa e se enviamos um
questionário e ele é por qualquer motivo respondido, um
segundo questionário é menos respondido e, um terceiro, ainda,
menos. Se fizermos um gráfico pelo número de questionários
respondidos, cada vez que eles forem enviados, notaremos um
declínio muito nítido de recebimento de respostas. Isto,
simplesmente, se dá porque o informante desconhece o que
ocorreu com a informação que ele prestou. Em pesquisa social,
a técnica nos diz que no momento que a informação dada pelo
informante passa a constituir um relatório de pesquisa, um
artigo ou qualquer outro tipo de publicação deve-se voltar ao
informante comunicando-o como foi usada a informação por
ele prestada. Nota-se que na medida em que o informante
verifica para que finalidade a informação dada por ele foi usada
e, constata que diminui o intervalo de tempo entre a informação
que foi dada e a obtenção da resposta, então, creio que
ele passa a colaborar ativamente no preenchimento dos ques-
tionários .
Acredito, talvez, que devêssemos usar mais comunicações
do tipo informal como cópias xerox, mimeografadas, etc. do
que as do tipo formal, porque isto abreviaria o tempo entre dar
a informação e divulgá-las ao interessado.
Gostaria de dizer que quanto a mudança ou evolução tia
pesquisa em andamento para enfoques diferentes dos propostos
inicialmente, isto tende a diminuir por uma razão bastante
simples, isto é, as pesquisas se tornam cada vez mais caras e na
medida em que elas atingem esse nível, o pesquisador está se
utilizando cada vez mais de recursos externos a sua instituição
para financiar a própria pesquisa. São raríssimas as
universidades brasileiras que têm recursos suficientes para
patrocinar essas pesquisas e, portanto, na medida em que se
obtém financiamentos externos passamos a ter projetos
suficientemente rígidos e detalhados uma vez que o
investimento é muito grande e a agência financeira não irá
incentivar mudanças no processo da pesquisa. Podemos dizer
que o mecanismo da descoberta que tanto estimula a
imaginação do pesquisador está diminuindo, cada vez mais
devido ao próprio desenvolvimento econômico.
Gostaria de citar a contribuição da Biblioteca do Instituto
de Física da UFRGS ,que vem de encontro ao que acabo de
expor. O Instituto de Física da UFRGS mantém seus pes-
quisadores atualizados através de pre-prints recebidos dire-
tamente dos autores. Para isso mantêm contato com as ins-
tituições internacionais afins que enviam listas de suas pu-
blicações, os pesquisadores fazem os pedidos através da Bi-
blioteca e recebem o artigo antes que ele seja publicado.
É um processo pelo qual uma vez que haja um documento de
qualquer tipo pronto não se espera que ele seja publicado, para
que seja feita sua divulgação. Na medida em que o Instituto de
Física da UFRGS obtém os trabalhos, antes de sua publicação,
é lógico que se pode ter a informação de hoje para o
pesquisador e, não a de ontem.
Quando se diz que os pesquisadores não gostam de res-
ponder questionários e querem guardar para si os pre-prints é,
nesse sentido, que precisamos exaustivamente do auxílio dos
bibliotecários, para que esse mecanismo seja assumido pelas
bibliotecas e, não deixada ao sabor do egoísmo dos
pesquisadores, tentando reter para si o que é patrimônio da
comunidade científica.
FRANCISCA MARÍLIA LEAL: A divulgação das pesqui-
sas em processo deveriam ser normalizadas pelo INPI através
de ato normativo sendo obrigatória por parte do pesquisador
ou instituição patrocinadora da pesquisa a publicação do
andamento da mesma em jornais diários, assim como são
publicados os editais, por ser um meio de comunicação e
acesso comum e, periódicos especializados por serem mais
fáceis para a localização das pesquisas em desenvolvimento ou
seja, a possibilidade da publicação em jornais diários ou em
periódicos especializados. O que lhe parece?
CÉLIA LÚCIA MONTEIRO DE CASTRO: Parece-me óti-
mo, apenas gostaria de relembrar que o periódico especiali-
zado volta a ter o tempo de espera para publicação, isto tem
sido amplamente debatido nos Estados Unidos por diversas
instituições científicas.
HELOÍSA BENETTI SCHREINER (Diretora da Biblio-
teca Central daUFRGS): Como a senhora disse no início,
informação é poder, poder econômico e político, não será essa
própria natureza da informação um fator de resistência à
informação de pesquisas em andamento, não será essa uma das
grandes limitações dos cadastros de pesquisa em andamento.
Se o pesquisador muitas vezes julga ou deseja que ele seja o
proprietário único de uma informação contida num pré-print de
autoria de um colega seu, não será essa, também, uma
colocação válida, se a informação é ele que está gerando?
CÉLIA LÚCIA MONTEIRO DE CASTRO: Eu tentaria co-
locar a questão de uma outra forma. Em 1976, estava pes-
quisando o problema de Pós-graduação em Educação no Bra-
sil, e a situação no panorama internacional. Em vez de me
utilizar dos sistemas convencionais de pesquisa, simplesmente
enviei uma carta pedindo a informação que desejava saber e
essa carta foi vertida para o espanhol, francês, inglês e alemão.
Gastamos apenas o correio e espalhamos a carta pelo mundo
todo. Com isso, começamos a receber correspondência e
informações de todas as partes do mundo, inclusive de locais
que desconhecíamos totalmente. Estou dando esse exemplo
para demonstrar que a comunicação informal, entre
pesquisadores é, talvez, uma das coisas mais respeitadas e que
faz parte da ética profissional ou seja, por ética profissional
entende-se que um pesquisador ao receber um pedido de
informação de um colega tende a atendê-lo.
A minha preocupação seria em que medida essas formas
informais podem ser agilizadas não para benefício de um
pesquisador, mas para que isso possa servir à comunidade dos
pesquisadores. Acredito que a resistência do pesquisador em
dar informação, ou em fornecer um pre-print ou se-parata se
deve ao fato de que ele o conseguiu com um gran-de esforço
pessoal e, como nós estamos num sistema capitalista, em que
se protege a propriedade privada, evidentemente, uma
informação que eu obtive porque conheço alguém que possa
me dá-la, não haveria muito interesse de minha parte em
divulgá-la, mas, no momento em que essa informação não
fosse pedida, nem obtida por um pesquisador individual, mas
por uma organização especializada, no caso a Biblioteca, tenho
a impressão de que isto beneficiaria a todos.
O pesquisador relutará em fornecer informações sobre sua
pesquisa, na medida em que ele não veja qual a utilidade
daquilo; no momento em que é outro pesquisador quem pede a
informação a coisa muda de figura, porque a percepção da
utilidade é imediata. Na medida em que Centros de
Documentação consigam convencer o pesquisador que aquela
informação é pedida, mas é pedida para ser divulgada e, é uma
divulgação imediata, acredito que se tenderia a acabar com a
resistência por parte do pesquisador.
(Considerações feitas por um participante do Seminário
que não foi identificado): Gostaria de levantar alguns
problemas quanto ao que foi dito aqui.
Primeiramente, quanto à demora da obtenção de infor-
mação. Enquanto houver falhas no nosso correio, enquanto nós
não pudermos contar com essas embalagens especiais para
enviar a comunicação de forma rápida, será muito difícil
diminuir essa demora. Deveríamos ter uma lei ou portaria do
governo, no sentido de que qualquer comunicação escrita ou
qualquer outra forma de documento pudesse chegar a seu
destino imediatamente. Enquanto, também, tivermos falta de
recursos administrativos e reprográficos, o problema
continuará acontecendo.
Em segundo lugar, quanto ao cadastramento de pesquisas
em processo, além do problema dos questionários que,
geralmente, não são respondidos, o que torna o nosso cadastro
incompleto, gostaria de dizer que nem sempre a informação
que o pesquisador deu no início, é a mesma depois
que ele desenvolve a sua pesquisa, portanto, o que cadastra
essas informações teria que acompanhar a pesquisa ou o
pesquisador se comprometer a mandar periodicamente as
reformulações.
Outro ponto que gostaria de expor, em nome da Profes-
sora Dinah Aguiar Población, que recentemente fez uma co-
municação muito interessante à respeito do bibliotecário — é
que ele não é solicitado a participar das Câmaras de Pesquisa
,enfim das reuniões de cúpula, dos pesquisadores, dos
professores, então, ele não toma conhecimento das programa-
ções de pesquisa, portanto se o bibliotecário pudesse ser ou-
vido e pudesse participar dessas reuniões, ele participaria das
decisões a serem tomadas e ficaria mais fácil para ele divulgá-
las. Isto é o que deveríamos pleitear urgentemente.
Outro ponto, ainda, é quanto ao treinamento do biblio-
tecário. Nós temos a experiência do Instituto de Energia
Atômica em que o bibliotecário que entra nessa biblioteca é
treinado, passando por volta de 9 meses em treinamento para
fazer uma reciclagem em matemática, física, química, etc.,
enquanto ele não estiver apto, ele não começa a trabalhar. Com
relação à informação bibliotecária, acho que por enquanto é
impraticável nas Escolas de Biblioteconomia, talvez, fosse
possível se fazer o treinamento numa instituição ou um curso
preparado com esse objetivo.
Em último lugar, gostaria de dizer que quanto à educação
do usuário, nós temos percebido que as bibliotecas e centros de
documentação produzem seus instrumentos de informação,
porém, o usuário não sabe se utilizar deles, portanto o usuário
também, precisaria ser treinado. Alguns são privilegiados,
fazem cursos fora, mas a maioria dos usuários não conhece o
valor dos instrumentos bibliográficos de que dispõem. O
treinamento desses usuários é condição essencial para que eles
possam usufruir das fontes de informação
JOSÉ CARLOS TEIXEIRA (Coordenador do Curso de Bi-
blioteconomia da UFF): Acho um pouco de prevenção do
pesquisador, a tendência de relegar, a um plano inferior, a
informação produzida anteriormente, principalmente na área de
Ciências Sociais e, mais especificamente em Educação, onde
nós não podemos, pelo menos com um prazo de 10 anos,
realmente fazer uma avaliação, ou seja, sentir o 'feedback".
Porque em sistemas de ensino, nós não vamos poder nunca
colher os frutos imediatos, o que temos que
er é se aquele processo, técnica ou experiência realmente
contribuiu para a formação global do indivíduo e, isto exi-e
um espaço de tempo para ser avaliado corretamente.
Outro aspecto que a senhora abordou e, que é uma
grande preocupação nossa é o problema da formação do bi-
bibliotecário. Infelizmente no nosso sistema, o bibliotecário
em uma graduação mais em termos quase de técnicas de
tratamento de material bibliográfico e documentário, isto é,
disseminação, recuperação da informação, mas já se tentou
a UFF e, é preocupação de muitos, criar essas especiali-
ações, na área de Biblioteconomia e Documentação.
CÉLIA LÚCIA MONTEIRO DA CASTRO: Estou de acor-
do com tudo o que acaba de dizer. Talvez, devesse ser bem
honesta e começar a minha intervenção não tanto na linha as
exigências do pesquisador, mas fazendo um pouco de crítica
ao próprio pesquisador. Espero que ninguém me critique
muito violentamente por isso. Quando penso em pesquisa, não
penso em teses de Mestrado, porque Mestrado Pós-Graduação
são recursos que estamos usando no Brasil para preparar
docentes universitários ou para melhor qua-lificá-los, para
preparar o profissional de alto gabarito e pa-ra iniciar a
formação do pesquisador.
Gostaria de ressaltar aqui que Mestrado não forma
pesquisador. Mestrado quando muito dá início à formação da
carreira de pesquisador. Em países mais desenvolvidos a tese
de Mestrado já caiu por terra, porque se reconhece que em
nível de Mestrado não há porque exigir-se tese, já que as
pessoas não estão em condições de fazê-la.
Concordo com o colega José Carlos quando ele diz que a
preocupação com a informação de ontem, principalmente em
Educação, pode desmerecer coisas importantes, porque um
processo educativo não é julgado ontem, porém gostaria de
lembrar da necessidade por parte do pesquisador de ter a
informação correta e atualizada. Qualquer análise que se faça
fica falha quando os dados são desatualizados, nesse sentido é
que a informação tem que ser atual.
Acredito que se fosse possível se intensificar a formação
de bibliotecários por áreas de conhecimento, seja a nível de
Graduação, Pós-Graduação, ou cursos de especialização, isto
seria de grande benefício para o pesquisador e suas pesquisas.
Parece-me que no Brasil, atualmente, uma das principais
missões do pesquisador é a de cadastrar os nomes e en dereços
das pessoas que trabalham na sua área de saber Seria função da
biblioteca ou centro de documentação não só conhecer as
publicações, mas também as pessoas, centros e instituições que
estão na vanguarda daquela área.
DINAH AGUIAR POBLACIÓN (Presidente da Comissão
Brasileira de Documentação Biomédica e Professora da Es-
cola de Comunicação e Arte da USP): Uma das metas do bi-
bliotecário é estar sempre insistindo para obter a informa ção
desejada. A exemplo disso, a senhora deve conhecer os
relatórios da Escola Paulista de Medicina. Os questionários
iniciais foram difíceis de serem respondidos, mas desde 1970
nós mantemos constantemente essa indagação sobre pesquisas
em andamento, trabalhos publicados, participação em eventos
e atividades científicas do corpo docente. Estamos com os
levantamentos feitos até 1977.
Recentemente na Reunião da SBPC propusemos, mediante
apresentação, inclusive de uma portaria do Ministro da
Educação, que o bibliotecário participasse das reuniões dos
Colegiados, não como poder decisório, mas para tomar
conhecimento das linhas de pesquisa que a Universidade está
desenvolvendo. O bibliotecário ciente com antecedência do
que será realizado, do que foi aprovado e das linhas de pes-
quisa da instituição, poderá avaliar não apenas o acervo de que
dispõe, mas também providenciar os documentos que os
pesquisadores vão necessitar. Dessa forma a biblioteca passa a
ser um centro referencial de informação para o pesquisador.
3ª SESSÃO CIENTIFICA
Componentes da mesa
Presidente: ALICE BARROS MAIA (Diretora do Núcleo de
Documentação da UFF)
Relatora: THEREZA SITA CARS (Professora do Departamento
de Documentação da UFF)
Expositores: JORGE DA SILVA PAULA GUIMARÃES (Professor
Titular de Histologia da UFF)
CHARLES ALFRED ESBERARD (Professor Titular
de Farmacologia da UFF)
ALRIDIA CARVALHO PINTO MOREIRA (Chefe
da Biblioteca de Engenharia da UFF) ENEIDA DE
MATTOS FOLLY (Chefe da Biblioteca de Medicina
da UFF)
MÁRCIA MARIA ERTHAL SERRÃO (Biblio-
tecária do Núcleo de Documentação da UFF)
MARÊDA FIORILLO BOGADO (Chefe da Bi-
blioteca Biomédica da UFF)
Secretária: ANA LÚCIA LIMA FERREIRA (Bibliotecária do
Núcleo de Documentação da UFF)
A BIBLIOTECA UNIVERSITÁRIA NO BRASIL DO PONTO
DE VISTA DO PESQUISADOR, SUAS EXPECTATIVAS
E INTERESSES
JORGE DA SILVA PAULA GUIMARÃES
(Professor Titular de Histologia da UFF)
Na pesquisa científica, como em qualquer outra atividade
humana, estamos sempre confrontados com a necessidade de
tomar decisões. Com relação à pesquisa científica,
especialmente, nós precisamos decidir, por exemplo: quanto às
linhas de trabalho ou temas de pesquisa a ser adotado; quanto à
metodologia a empregar, envolvendo procedimentos, técnicas,
instrumental, animais, etc.; quanto à estrutura conceituai e
teórica, dentro da qual vamos propor as perguntas do trabalho
científico, vamos analisar os resultados, avaliar as respostas e
extrair as conclusões. Esse ato humano de decidir e, sobretudo,
de decidir bem no âmbito dá pesquisa científica e, insisto
como em qualquer setor, exige acima de qualquer coisa a
aquisição prévia de informação . Informação definida como
tudo aquilo que orienta a ação, no entanto mais do que
informação, nós os cientistas precisamos de informação
relevante para a decisão final, relativa àqueles aspectos que me
referi inicialmente. Para preencher essa condição, isto é. para
se ter informação relevante necessária a atender a essas
solicitações anteriores, precisamos de pelo menos 3 pré-
requisitos, que devem ser considerados: 1º — a informação
deve existir em forma adequada e acessível; 2º — os usuários
da informação devem saber que ela existe, e, 3º — os usuários
da informação devem saber como encontrá-la e como usá-la.
Toda informação é operacionalmente inexistente se não
for comunicada de alguma forma e, há várias maneiras de
fazê-lo (oral, escrita, conferência, livro, rádio, disco, fita;
periódico, microfilme, etc.). O cientista, ou é um ser comu-
nicante, ou não é cientista. Ciência é impensável sem co-
municação e mais do que isso, para que o trabalho científico
atinja seu rendimento máximo é preciso que a informação dada
seja de boa qualidade e adequada à sua pesquisa. Estima-se que
9% dos recursos gastos em pesquisa podem ser desperdiçados,
se uma adequada informação não for apropriadamente
comunicada. Temos como exemplo: levando a uma duplicação
desnecessária de pesquisa; a um planejamento mal elaborado; a
um atendimento falho de teorias, conceitos, que levam a
conclusões errôneas ao fim da pesquisa e, assim por diante.
A comunicação de informações se faz de 3 maneiras dis-
tintas: lº — através do que Solla Price chamou "Colégios
Invisíveis", que é um sistema informal de troca de informações
sob a forma de cartas .periódicos, encontros fortuitos,
seminários, visitas a laboratórios, etc, é uma vivência social
entre os cientistas que leva a um processo de comunicação
muito ativo e eficaz; 2º — através de comunicação formal de
trabalhos originais publicados em periódicos, livros, teses,
monografias, anais de congressos, etc e, que são conhecidos na
terminologia técnica como "Publicações Primárias" e, 3º —
através das publicações ditas "Secundárias" e, que alguns
chegam até a chamar de "Terciárias". Consistem nos índices,
abstracts, reviews, advances, progress, etc, sendo que algumas
vezes se incluem sumários ou artigos de atualização e questões
importantes de temas, ou revisões da história remota ou recente
de um determinado assunto e, mais recentemente, listas
analíticas dos artigos publicados na semana, mes ou ano. A
utilização dessas 3 modalidades de comunicação da informação
entre os cientistas varia grandemente; num extremo
encontramos aquele que se vale largamente de publicações
secundárias, que antes de cada projeto de pesquisa realiza uma
ampla revisão bibliográfica, se valendo de todos os serviços de
informação que a biblioteca a qual ele tem acesso, dispõe e se
propõe a fazer; enquanto, do outro lado situa-se aquele que
apenas consulta regularmente alguns periódicos relevantes, ou
preferem mesmo, se informar circulando num desses "Colégios
Invisíveis". É lógico que nenhum desses tipos de cientistas se
realiza no estado puro. O cientista atuante de alguma forma
utiliza todos esses processos .apenas enfatiza às vezes mais um
ou outro, dependendo inclusive do temperamento,
oportunidade, etc, de cada um deles. De um modo geral, existe
uma subutilização dos setores secundários de infor-
mação. Um levantamento realizado na Inglaterra em relação à
literatura médica revelou que, apenas 1/3 das solicitações feitas
à National Lending Library for Science and Technology eram
conseqüência de referências obtidas em índices e abstracts, a
maior parte das solicitações provinham de referências obtidas
em publicações primárias ou oralmente. Em outro
levantamento demonstrou-se que os biologistas usam menos os
serviços secundários do que os químicos, muito embora esses,
também, não o utilizem no nível considerado ótimo. A razão
desses fenômenos eu desconheço. Como a utilização dessas
redes de informação nem sempre é muito fácil, tudo indica que
os cientistas ,a maior parte das vezes, só utilizam a literatura
cuja existência lhes chega mais facilmente às mãos, aquela em
que eles têm contato de uma forma mais direta e imediata.
Várias razões concorrem, obviamente, para isso: mas,
provavelmente 3 parecem influir de maneira significativa nesse
procedimento: 1º — ausência de instrução e treinamento
formal e sistemático na utilização desses serviços de
informação; 2º — a tendência natural dos cientistas a buscar a
informação por métodos simples e diretos, procurando o que
deseja através do "Colégio Invisível", folheando periódicos,
etc. e, 3º — a qual acho a mais significativa, são certas
dificuldades que o cientista e o pesquisador atual enfrenta de se
orientar dentro da crescente complexidade da rede de
informação; geralmente, a situação está adquirindo um caráter
muito sofisticado, esotérico, complicado, que nós que já
possuímos um tempo razoável e número de pesquisas
realizadas, de repente nos sentimos atordoados e meio perdidos
no meio dessas publicações, itens, etc.
Seja como for o produto final do serviço de informação é a
literatura propriamente dita, da mesma forma que o produto
final do trabalho científico é o documento, sua publicação.
Nesse ponto, chegamos à biblioteca. Para o cientista e o
pesquisador profissional a biblioteca é o centro vital da cadeia
de informações e de uma forma ideal, o pesquisador espera que
ela seja, na atualidade, capaz de atender a todas às demandas
de informação, isto é, que seja um sistema bastante complexo,
capaz de identificar, adquirir, processar, armazenar, recuperar e
suprir a informação.
Para um cientista hoje manter-se atualizado, especialmente
se ele deseja conservar-se atuante dentro do que se chamou
"frente de pesquisa", exige-se dele um esforço con-
cio especialista em informação, que seria o indivíduo que
ficaria entre o cientista e a fonte de informação? Em que ex-
tensão e profundidade as atuais bibliotecas e serviços de in-
formação estão auxiliando o cientista na busca e seleção de
informação relevante? Estão os cientistas utilizando regu-
larmente os serviços de informação fornecidos pelas nossas
bibliotecas, especialmente os serviços ditos secundários? E
finalmente, que papel devem desempenhar os cientistas e
pesquisadores nesse esforço de mudança? E se todas essas
indagações e respostas implicam numa negativa, então, a
pergunta é a seguinte: O que devemos fazer para mudar a
situação agora?
A BIBLIOTECA UNIVERSITÁRIA NO BRASIL DO PONTO
DE VISTA DO PESQUISADOR, SUAS EXPECTATIVAS
E INTERESSES
CHARLES ALFRED ESBERARD
(Professor Titular de Farmacologia da UFF)
Em primeiro lugar, gostaria de agradecer a honra do
convite, para que viesse falar como usuário de uma biblioteca
universitária e, pretendo abordar, exatamente, esse tema como
pesquisador e como professor universitário.
O que busco numa biblioteca universitária evidentemente,
é o conhecimento registrado numa forma dissemina-vel sobre
um fato. Fato esse que tem uma história. Fato esse que tem um
certo número de ramificações, várias interpretações, inúmeras
avaliações; de tal forma, que a história registrada desse fato,
que é parte do patrimônio cultural, é essencialmente
representado por uma árvore, na qual sua emergência, e seu
ponto de origem é o início do tronco e, que progressivamente
se ramifica, a medida em que a análise desse fato, sua
interpretação, sua avaliação, seu significado vão escapando do
limite da descrição inicial e, a um determinado instante, uma
linha horizontal que passe por uma altura daquela árvore, pode
representar o momento atual Esse momento pode ser, por
exemplo, o de um usuário de biblioteca universitária que a
procure para saber o que existe sobre determinado fato, sobre o
modo como ele é interpretado e, aí vem exatamente, o
problema que coloca como usuário: O que eu vou achar? O que
espero achar? O que eu devo achar? Essencialmente, o ideal,
que é inatingível dentro da estrutura brasileira, seria a de que se
tivesse todos os periódicos com coleções completas, que se
tivesse um maior número de referências possível, que se
tivesse a maior coleção de revisões críticas das análises
periódicas, etc. Efetivamente, isso não é possível. Não é
possível pela própria estrutura da universidade brasileira, que é
extremamente recen-
te. Uma estrutura que ainda não está solidificada. Uma es-
trutura em que a relevância e o registro do dado cultural, ainda,
é pouco valorizado. Por outro lado, nós não temos ainda, uma
cultura que seja brasileira, autônoma, própria Dependemos em
grande parte de publicações, obras e estudos estrangeiros.
Posso citar, como exemplo, a neurobiologia, que é minha área
de especialização, atualmente está chegando ao Brasil menos
de 1% pelas vias normais de comércio de tudo o que é
publicado mundialmente. Nessa área que é talvez, uma das que
nos últimos 10 anos tem tido um desenvolvimento dos mais
explosivos, são anunciados periódicos novos numa média de
20 por ano. Periódicos esses que são impraticáveis de serem
colecionados por pesquisadores individuais, por mais
especializados que sejam e por maiore-recursos financeiros de
que disponha. Acredito que esse seja um dos problemas críticos
que temos de enfrentar juntos, porque não há orçamento ou
previsão orçamentária, que possa arcar com incrementos de
custo dessa ordem, sem prejuízo das coleções iniciais.
Para se chegar à interpretação de um determinado fato,
todo o histórico dele tem de ser levado em conta. Não é a
interpretação de um conjunto de experiências, que nos leva a
fórmulas novas, nem sequer teorizar a respeito dessa ex-
periência, porque para isso teremos que remontar aos pri-
mórdios do fenômeno, analisar como seu conceito mudou no
tempo. Isso só é possível através de coleções completas
Exatamente, vejam que esse é o dado que interpreto como
essencialmente da biblioteca universitária, porque a não ser em
condições muito especiais, nenhuma biblioteca universitária
brasileira tem uma coleção completa de um periódico. Isso nos
mostra a importância de se confrontar livremente as premissas
de compra e assinatura de periódicos, no sentido de não se
despender orçamentos tão preciosos, na duplicação de títulos,
que já venham sendo adquiridos por outras bibliotecas. Que se
crie, efetivamente, uma política de aquisição de periódicos para
que haja na área federativa, geoeconomica, geouniversitária,
uma maior possibilidade de acesso às fontes de informação,
sem duplicidade e com maior eficiência.
Outro aspecto, a ser abordado, da biblioteca universitária,
é o problema do livro. Esse problema, no meu entender se
prende ao problema do livro-texto. O livro-texto classi-
camente definido, dentro de modelos americanos, é um livro
que foi feito, no sentido de atender às necessidaes primárias do
curso, que os professores universitários estão ministrando aos
alunos. Esses livros disseminaram-se no Brasil numa época em
que livro-texto era igual a livro didático, com a constatação de
livro didático ser o livro pré-universitário; começou-se, assim,
uma política de traduções. Traduções que eram feitas em certas
épocas, conforme uma demanda brasileira e, que não seguiam
uma seqüência temporal das edições originais. Outro problema
sério que temos nesse sentido é o de que no Brasil ainda não
possuímos uma população estudantil capaz de absorver a curto
prazo o livro-texto . Há uma série de tentativas de autores
nacionais para escreverem livros-texto, evidentemente, o livro-
texto brasileiro escrito por brasileiros será totalmente diferente
daquele escrito em língua estrangeira e traduzido para o
português. Outro aspecto é o de que dependendo do livro-texto
seu custo é elevado para o estudante, não sendo possível sua
aquisição por ele. Isto exige, portanto, que ele seja encontrado
nas bibliotecas universitárias em número adequado de exempla-
res de acordo com o número de alunos que irão utilizá-lo. Isto
obrigaria à biblioteca universitária a ter em vez de 2
exemplares, digamos, da obra, que ela venha a ter 10, 20 ou 50
exemplares, com isso seu orçamento fica comprometido e, as
aquisições de obras que não são livros-texto (monografias,
advances, etc.) de que, efetivamente, necessita a biblioteca
universitária para possuir os conhecimentos de conteúdo
recente de uma determinada área de especialização, não podem
ser conseguidos. É preciso que se entenda, que o conceito que o
livro-texto tem no Brasil é o de que ele é capaz de cobrir todo o
assunto de uma área de conhecimento, sem a ajuda de nenhuma
outra fonte de informação. Isto afasta o estudante da fonte
original de informação. Isto dá ao estudante uma visão errônea
do que é ciência, porque ele passa a usar o livro-texto como se
fosse s única fonte de consulta. Isso leva o aluno a se afastar da
biblioteca e da necessidade de constante pesquisa e atualização.
A sala de leitura da biblioteca universitária hoje, e isso não é só
aqui na UFF, mas na grande maioria das que conheço, passou a
ser uma sala onde o aluno vai para estudar a partir de seus
apontamentos de aula. As estantes de livros e periódicos lá
estão, mas praticamente não são consultadas .
Confesso que a imagem que transmito é bastante pessi-
mista. Acho que a biblioteca universitária, na sua perspectiva
futura, tem que lutar por um objetivo muito sério, que é o
objetivo da árvore de cobrir a copa e, na medida em que nos for
possível, cobrir os ramos, o tronco e até as raízes A biblioteca
universitária deve ser, fundamentalmente, o local onde o estado
atual de conhecimento, baseado no seu passado, na sua história,
nas suas lutas deve ser encontrado. Um dos objetivos mais
importantes da vida universitária, não é uma vida de formação
profissional em que aquele que ali entra vai ser educado, mas
sim se educar, enriquecer sua experiência humana, se ilustrar.
Esse objetivo, ainda, está muito longe de ser atingido e, só
poderá ser conseguido, na medida em que a biblioteca
universitária seja usada desde o primeiro dia de aula pelo
estudante. Temos de acabar com o problema do livro-texto,
incentivar o aluno a estudar no dado da pesquisa pura original.
Não podemos nos prender a dados que nos vem filtrados e
depurados pelo tempo, pela visão de um. Temos que ensinar a
nossos alunos a ter sua própria visão, a analisar o próprio fato, a
ar-guir o próprio fato e, só com a biblioteca universitária é que
vamos poder fazer isso. É exatamente nesse ponto que argúo a
questão de perspectiva e interesses de uma biblioteca uni-
versitária do ponto de vista de um pesquisador: uma política
eficaz e prioritária para aquisição do que é bom, do que é atual,
do que é valioso; uma política que se faça sem limites de
tempo, que seja dependente de um planejamento; em que haja
uma continuidade de assinaturas de periódicos e, tamm, de
uma política geral das bibliotecas de uma mesma área de
conhecimento, no sentido de se evitar a duplicação de coleções
e a dificuldade de se conseguir o material bibliográfico
desejado.
DEBATES
ROSEMARIE APPY (USP): A continuação e o desenvol-
vimento do programa do livro-texto para o ensino superior,
mantido pelo INL, deve ser considerado benéfico ou, pre-
judicial ao ensino universitário?
CHARLES ALFRED ESBERARD: A experiência que co-
nheço do livro-texto do INL é de um trabalho extremamente
meritório. Se esse programa for construido em termos de
autores nacionais para áreas específicas do conhecimento será
um dos trabalhos dos mais relevantes para o país. Se nós
tivermos um processo, projeto ou sistema que, efetivamente,
permita uma rápida adaptação do texto desse tipo de obra às
mudanças que vem se processando com uma velocidade
vertiginosa no conhecimento científico e, na medida em que
tivermos um intercâmbio de professores que tenta a
uniformizar esses cursos em todo o Brasil, o problema do livro-
texto será satisfatoriamente resolvido.
MÁRCIA JAPOR DE OLIVEIRA GARCIA (Diretora da
Divisão de Serviços Informativos do NDC e Professora do
Departamento de Documentação da UFF): Não seria uma
forma de melhor educar e formar o estudante universitário a
recomendação e de certa forma exigência de utilização de
outros materiais bibliográficos, que não fosse o livro-texto,
para seus estudos e pesquisas? Não seria essa uma forma de
fomentar a utilização de recursos disponíveis nas bibliotecas e
criar, talvez, um hábito de investigação ou, mesmo de
modificar seu comportamento com relação à biblioteca, cons-
oientizando-o quanto ao seu valor e importância? órgãos tais
como Departamentos e Coordenações de Cursos das uni-
versidades poderiam, talvez, criar ou recomendar critérios para
que os professores façam essas exigências?
CHARLES ALFRED ESBERARD: Concordo plenamente
com a senhora. Acontece que vamos encontrar a barreira ria
língua. A experiência que tenho é a de que qualquer obra
escrita fora da língua portuguesa não atinge o nosso aluno
universitário. A tentativa que fiz para fazê-lo ler artigos
originais de pesquisa que, geralmente, vinham em francês ou
inglês, não funcionaram. A tentativa de textos em língua
espanhola originou deformações e interpretações incorretas,
ainda maiores do que as que muitas vezes, ocorrem nos livros
traduzidos. Confesso que se a barreira lingüística não for
vencida será muito difícil resolver esse problema.
TREINAMENTO DE USUÁRIOS DA INFORMAÇÃO PARA
ALUNOS DE GRADUAÇÃO DA ÁREA BIOMÉDICA DA UFF
ALRÍDIA CARVALHO PINTO MOREIRA
(Chefe da Biblioteca de Engenharia do NDC
da UFF)
ENEIDA DE MATTOS FOLLY
(Chefe da Biblioteca de Medicina do NDC
da UFF)
MÁRCIA MARIA ERTHAL SERRAO (Bibliotecária da
Divisão de Serviços Técnicos/Seção de Catalogação e
Classificação do NDC da UFF)
MARÊDA FIORILLO BOGADO
(Chefe da Biblioteca Biomédica do NDC
da UFF
1 Introdução
O presente trabalho trata do treinamento de usuário/aluno
de graduação da UFF, da área biomédica, que constitui uma
população considerável, pois ingressam cada ano, nessa área,
aproximadamente 1.200 alunos. Não será abordado aqui
treinamento de aluno de pós-graduação, nem de professores e
pesquisadores, cujo tamanho da população não chega a
constituir problema de treinamento.
Treinamento de usuário em biblioteca universitária e
especializada não é assunto novo. Ao contrário é farta a li-
teratura disponível sobre o tema. Os autores são uníssonos em
reconhecer essa necessidade e a preocupação de treinamento
de usuário em biblioteca já transcende o âmbito da literatura
profissional.
MALUGANI (8) Enfatiza que "em vista da amplitude do
problema do acesso à informação é urgente — como tem sido
indicado — que o especialista, seja professor, cientista, téc-
— 378 —
nico ou estudante, receba orientação e treinamento para o uso
da literatura científica e técnica da sua especialidade e dos
guias e fontes de acesso à literatura das ciências afins"
NEGHME (10) cita como um dos requisitos mínimos para
o cumprimento satisfatório das funções da biblioteca em
ensino superior a "Educação dos usuários sobre a biblioteca e
levantamento bibliográfico".
CEPEDA (4) acentua a necessidade de treinamento na
forma de cursos formais, como fazem algumas faculdades de
medicina em nosso país que "já aprovaram no currícu-lum um
treinamento no uso da biblioteca, das bibliografias médicas e
nas técnicas de investigação bibliográfica".
FJALLBRANT (5), quando trata de diversos métodos de
ensino aplicáveis à educação do usuário da informação,
observa que "o bibliotecário pode estar primordialmente in-
gressado na máxima utilização dos recursos da informação
existente na biblioteca; os professores, em como ensinar os
alunos a coletar informações e ter acesso a elas de forma
crítica, enquanto que os estudantes podem estar querendo saber
como encontrar informação tão rapidamente quanto possível, a
fim de passar nos exames. Os principais objetivos de um
programa de instrução de usuário devem integrar esses
diferentes aspectos".
A "Association of American Medicai Colleges" e a "U.S.
National Library of Medicine", citadas por NEGHME (10)"
fizeram um estudo detalhado acerca da responsabilidade que a
biblioteca vem assumindo em conexão com a pesquisa e
ensino, recomendando que dê a ela igual categoria de direitos e
privilégios que aos outros departamentos dentro da escola,
inclusive voz na estrutura dos programas de ensino e na
preparação dos orçamentos. Além disso, recomendou que se
destine tempo do horário habitual de estudo para instruir os
alunos sobre o uso da biblioteca e para que se realizem
treinamento em levantamentos bibliográficos".
BRITTAIN (3), no 9º Congresso Brasileiro e 5º Jornada
Sul-Rio-Grandense de Biblioteconomia e Documentação, rea-
lizado em Porto Alegre, em 1977, ministrou um curso sobre
treinamento de usuário da informação, no qual abordou as-
pectos como tipos de instrução, métodos, avaliação, projetos de
apoio existentes e modelo de instrução para usuário
Em suma, observa-se que a preocupação em preparar o usuário
para utilizar eficazmente a informação é geral.
Na Universidade Federal Fluminense algumas tentativas foram
feitas a fim de levar ao usuário/aluno de graduação conhecimentos
necessários ao uso da biblioteca e das obras de referência existentes
no acervo, assim como de noções essenciais no preparo de trabalhos
científicos. Cabe destacar os cursos que foram realizados na
Biblioteca de Veterinária, Medicina e Farmácia, integrados a
disciplinas do currículo, atingindo apenas uma clientela reduzida e
específica, por solicitação de professores das disciplinas. Esses
cursos tinham por objetivo orientar os alunos na elaboração de
trabalhos que teriam que apresentar ao mestre, em que o uso das
fontes de informação e da biblioteca estavam inclusos. Outras
tentativas foram feitas, como a elaboração de um manual sobre
"Redação e apresentação de trabalhos técnicos e científicos" (11),
assim como a elaboração de um currículo mínimo para curso de
treinamento para todas as áreas, em 1971, que não chegou a ser
posto em prática.
A falta de uma sistematização de cursos desse tipo na UFF
demonstra dificuldades a serem superadas.
2 Dificuldades para treinamento de usuário/aluno de graduação da
Universidade Federal Fluminense
MILLER (1962), citado por WEST (12), ao tratar do processo
da aprendizagem diz que "todo aprendizado é um auto-aprendizado".
Relaciona, a seguir, numa escala de eficiência crescente, os diversos
graus de aprendizagem: "a menos eficiente", "apenas ligeiramente
eficiente", "mais eficiente" e "muito eficiente".
Considera "menos eficiente" o aprendizado para atendei a
necessidades puramente acadêmicas. Demonstrou que alunos que
obtém altas notas em determinados exames retêm pouco desse
conhecimento e quando repetem, três anos após, a experiência dos
mesmos exames, alunos que obtiveram baixas notas se equiparam
aos seus colegas que originalmente haviam se sobressaído.
"Aprendizado apenas ligeiramente eficiente" é aquele
obtido através de freqüências a conferências ou preleções ou,
de leitura de revistas e livros, pela forma regular. Esse tipo de
aprendizado, conclui MILLER, pode ser prejudicado pela falta
de uma seleção objetiva.
O "aprendizado mais eficiente" é o que se relaciona à
procura de informações para resolver um problema que se tem
em mãos, como por exemplo, dar uma aula.
Finalmente, o "aprendizado muito eficiente" é aquele cm
que o indivíduo procura a informação com uma finalidade
prática imediata e importante, tal como resolver o caso de um
paciente.
Como se vê, os pontos do aprendizado se dão quando
determinados pela necessidade.
Com relação aos cursos de treinamento de uso da biblio-
teca, se não houver necessidade prática imediata, o aprendi-
zado ficará, sem dúvida, comprometido. E essa é uma das
grandes barreiras encontradas para treinamento de alunos de
graduação da UFF.
Outro problema que se tem que encarar é o número
elevado de alunos a serem treinados.
Sabe-se que a Universidade Federal Fluminense se inclui
entre as primeiras do país quanto à população estudantil . Só na
área biomédica matriculam-se por semestre cerca de 600
alunos. Existem, para atender as necessidades de informação
desses alunos, uma biblioteca biomédica, que serve a todos da
área básica e quatro bibliotecas na área profissional, atendendo
respectivamente a alunos de farmácia, medicina, veterinária e
odontologia.
O pessoal técnico disponível nas bibliotecas, com condi-
ções específicas para treinar, parece não ser em quantidade
suficiente para atender a número tão elevado de alunos.
Por outro lado, os alunos estão sujeitos a um horário de
aulas descontínuo, que abrange mais de um turno; as disci-
plinas por sua vez são ministradas em lugares diversos. O
regime de crédito por semestre permite que o aluno requeira
uma carga horária às vezes maior do que a que pode suportar,
no afã de preparar-se mais cedo. Evidentemente, há no
momento pouca oportunidade para a inserção de um novo
curso no currículo.
Em suma, esses parecem ser os principais problemas para
treinamento de alunos de graduação da área biomédica da
UFF. Sem dúvida, necessitam de uma solução imediata a
3 Por que treinar?
A escola moderna baseia a educação na auto-aprendiza-
gem do aluno. Fundamenta-se, principalmente, em ensinar o
aluno a aprender, ao invés de sobrecarregá-lo com uma
quantidade exagerada de dados informativos. Na formação
profissional do aluno, que é a meta do ensino universitário,
deve estar implícito o fornecimento de meios que o possibilite
a continuar sua aprendizagem através da auto-educação. E
onde o profissional encontrará os meios mais eficientes para
prosseguir avançando em seus conhecimentos, senão através
da palavra escrita?
Visto isso, não pode a biblioteca universitária omitir-se em
relação a essa necessidade, virtual do aluno, ou seja, permitir
que ele passe pelo curso de graduação sem obter as armas
necessárias que lhe permitam continuar o seu auto-
aprendizado. É evidente que alguma solução deverá ser tomada
para implantação de cursos de treinamento de usuário da
informação, também para alunos de graduação da
Universidade Federal Fluminense.
4 O uso que a população em estudo faz dos recursos
da Biblioteca
Durante a primeira semana do mês de abril de 1978 foi
efetuado um inquérito com cento e um alunos de gradua-ção,
que se encontravam utilizando as bibliotecas biomédica e de
Medicina da UFF, com o objetivo de identificar padrões de uso
da biblioteca e de fontes bibliográficas. Segue, abaixo, o
resultado desse inquérito.
4.1 Resultado do questionário — entrevista aplicada
a) FINALIDADE DA IDA À BIBLIOTECA
conhecer as novas aquisições ..................... l°/o
Consultar alguma publicação...................... 16%
Usar as salas de leitura .............................. 35%
Pedir um livro emprestado ....................... 35%
Fazer levantamento bibliográfico ....... 1%
Pedir explicação ao bibliotecário .................... 2%
Sem resposta..................................................... 10%
O resultado acima indica que grande parte da população
observada (75%) vai a biblioteca para usar as salas de leitura ou
pedir um livro emprestado.
b) CANAIS DE ACESSO À INFORMAÇÃO
Bibliotecários..................................................... 25%
Catálogos .......................................................... 15%
Índices e "abstracts"......................................
Colegas.............................................................. 10%
Professores ..................................................... 40%
Sem resposta.................................................... 10%
Pelas respostas acima, verifica-se que os instrumentos usuais de
acesso à informação, isto é, catálogos, índices e "abstracts" pouco
significam para o aluno de graduação. É, ainda, a indicação do
professor (40%), formalizada ou não, que representa o meio mais
utilizado para o acesso à informação .
O FINALIDADE DO CATALOGO
Para saber que obras a biblioteca possui
sobre determinados assuntos ...................... 27%
Para saber que obras a biblioteca possui
sobre determinado autor ................................ 19%
Para localizar obras nas estantes ....................... 46%
Sem respostas..................................................... 8%
Na maioria das vezes (46%), o aluno procura o catálogo apenas
para localizar, nas estantes, a publicação que previamente lhe foi
indicada. Utiliza-o quase sempre para anotar o número de chamada e
o nome do autor da obra a fim de solicitá-la ao funcionário no
balcão.
d) DIFICULDADES PARA OBTER AS INFORMAÇÕES
DESEJADAS:
Falta de publicação ........................................... 19%
Falta de tempo ................................................... 7%
Não sabe como obtê-la................................ 2%
Falta de orientação didática ........................ 1%
Outras ....................................................... 1%
Sem resposta ............................................... 70%
70% das questões ficaram sem respostas. O que acontece é
que, por desconhecimento dos recursos da biblioteca, não
sabem os alunos colocar suas dificuldades devidamente.
e) CONHECIMENTO E USO DA COLEÇÃO
Cite uma obra de referência bibliográfica de sua
especialidade.
Livro-texto ............................................. 38%
Sem resposta................................................ 62%
A pergunta acima foi colocada com o propósito de veri-
ficar se os alunos têm conhecimento do que seja uma obra de
referência bibliográfica. 38% só citaram livro-texto e 62% não
deram respostas. Há, como se vê, desconhecimento das fontes
de referência da área.
De que publicações necessita para manter-se
atualizado?
Periódicos.................................................... 32%
Livros-texto .............................................. 51%
"Abstract" e Índices .............................. 1 %
Enciclopédias ............................................. 7%
Sem respostas ............................................ 9%'
As respostas enfatizam como prioritório o livro-texto.
As obras que dão acesso à informação atualizada (índices
e "abstracts") não foram enfatizadas como prioritárias.
Os dados referentes a periódicos dão a idéia de um con-
senso a respeito do seu valor para atualização de conheci-
mentos .
Prefere obras de leitura resumida?
Sim ............................................................. 25%
Não.............................................................. 12%
Sem respostas ............................................. 64%
— Você gostaria de ler um pouco mais sobre assuntos
dados em aula?
Sim ........................................................... 77%
o ............................................................. 18%
Sem respostas.............................................. 2%
64% não deram respostas sobre se preferem ou não livros
de leitura resumida. Isso parece mostrar uma perplexidade, que
pode refletir a impossibilidade do aluno de graduação de
aprofundar suas leituras. Já na questão seguinte, 77% declaram
que gostariam de ler um pouco mais sobre assuntos dados em
aula. Houve uma evidente contradição, mostrando talvez que a
maioria dos alunos quer ler, mas reconhece essa
impossibilidade, durante o curso.
f) CONHECIMENTO DAS NORMAS DA ABNT
— Faça a referência bibliográfica da publicação que
você está lendo.
Referência incorreta..................................... 4%
Referência certa ..................................... 1%
Sem respostas .............................................. 95%
Os alunos não sabem fazer referência bibliográfica, como
já era de esperar-se.
— Em que lugar do livro você localiza o que está
contido nos capítulos?
Sumário ...................................................... 11%
Índice.......................................................... 85%
Folha de rosto............................................. 2%
Título ........................................................... 2%
Convém assinalar, aqui, que na ocasião da entrevista, a
maioria dos alunos tinha em mãos obras que indicavam seus
sumários pelo nome de índice.
4.2 Comentários
De uma maneira muito geral, os problemas de informação
podem se resumir em:
Como encontrar a informação
Como aprender a informação
Como redigir um trabalho (relatório, seminários')
A primeira dificuldade abrange aspectos como uso correto
dos catálogos da biblioteca, noção de arranjo de documentos,
uso do material de referência, conhecimentos acerca de redes e
sistemas de informação, etc.
-
Aqui se coloca desde logo o problema do nível e tipo
da informação desejada pelo aluno. A rigor, a informação que
o aluno de graduação da UFF busca nas bibliotecas das quais
se tem tratado limita-se à inserida no livro-texto. Como se
sabe, instrumentos de referência como índices e "abstracts" se
referem quase sempre a informação de conteúdo recente e
original, ao qual o aluno de graduação parece não estar, no
momento, interessado. Seria o manuseio dessas obras uma
necessidade urgente sentida pelo aluno de graduação da UFF?
Provavelmente, não. Porém, o conhecimento desse tipo
específico de publicação é uma das armas que o aluno deve
adquirir para continuar sua auto- aprendizagem, já no exercício
de sua profissão.
A segunda dificuldade é a fase em que o aluno já de posse
da informação desejada e disponível passa a decodificá-la e
interpretá-la.
Os problemas que surgem se referem, de início, à barreira
lingüística. Sabe-se que aproximadamente 70% dos alunos de
graduação da UFF não têm acesso à lingüística inglesa e
grande parte desses alunos faz restrições à literatura escrita em
língua espanhola, como se tem provado pela grande rejeição
das obras nessa língua, quando disponíveis para empréstimo e
consulta.
Seria esse um problema que um treinamento de usuário a
nível de graduação pudesse solucionar? Evidentemente não.
Quanto à interpretação do texto, diríamos o seguinte: o
texto de literatura científica de conteúdo assente (livro-
-texto, enciclopédia, manual, etc.) representa, no plano di-
dático, o apoio teórico do que é exposto na sala de aula. Ele é,
sabe-se, o registro permanente do conhecimento em vigor,
enquanto tal. Daí dizer-se que um livro-texto é, também, além
de instrumento para estudo e aprendizagem, uma obra de
consulta. Essas obras apresentam o conhecimento sistematizado
e pretendem, num prazo máximo de 5 anos, servir como
referência do conhecimento que pretendem englobar, e por isso
são, na maioria das vezes, extensas. No campo científico e
tecnológico essas obras são geralmente traduções de um
conhecimento importado que. freqüentemente, são comerciais,
e cujo conteúdo às vezes se refere a uma realidade que não é
vivenciada, no nosso meio. pelo aluno de graduação. Daí uma
das dificuldades de interpretação.
NÃO seria demais lembrar o pensamento de SOLLA
PRICE resumido por BRAGA (2) quando diz: "Talvez a pri-
meira grande advertência deva ser dirigida aos países menos
desenvolvidos, para que se esforcem e procurem, por todos OR
meios, integrar realmente o ensino universitário com a
educação primária e secundária: principalmente que deivem de
lado os livros didáticos em línguas estrangeiras e produzam
textos decentes e adequados, em seus prónprios idiomas
Sempre batalhamos contra o nacionalismo científico. mas
atualmente pode ser uma boa estratégica inverter as regras da
batalha".
Como se sabe, a apresentação de um trabalho escrito é
tarefa que necessariamente envolve conhecimentos da língua,
do assunto a ser tratado e da maneira como deverá ser apre-
sentado, isto é, das partes em que deve ser constituído Um
simples curso de treinamento de usuário da informação não
poderá, é evidente, orientar nesses três aspectos; restringe-se
apenas à maneira de apresentação e, sem dúvida, como a
experiência tem demonstrado, isso já facilita a expressão do
conteúdo.
Experiências com alunos da UFF junto as disciplinas de
Tecnologia Farmacêutica, Botânica, Tecnologia dos Alimentos
de Origem Animal, Anatomia Patológica dos Animais
Domésticos e Obstetrícia e Patologia da Reprodução Animal,
mostram que, quando conjugados os esforços da biblioteca e de
professores interessados em que seus alunos aprendam
a elaborar corretamente um trabalho científico, os resultados
são apreciáveis. Convém notar ainda que a satisfação
verificada entre os treinandos ao ver suas perplexidades, pró-
prias de quem se inicia em tarefas desse tipo, dissolverem-se
pelo conhecimento de como fazer são marcantes e estimulam a
fim de que se procure fornecer esse tipo de orientação aos
demais alunos.
5 Recomendações
CONSIDERANDO a situação atual da Universidade Fe-
deral Fluminense.
RECOMENDA-SE:
5.1 que se procure conscientizar os profissionais docentes da
área médica para problemas de uso da informação — através
de cursos formais de treinamento, a fim que indiquem clientela
para cursos específicos para seus alunos, integrados às suas
disciplinas. Cabe aqui assinalar que esses cursos para docentes
poderão ter, ainda, a vantagem de, além de concientizá-los para
a problemática do aluno, minimizar o esforço das bibliotecas
na tarefa de elaboração de levantamentos bibliográficos, hoje
nitidamente aceita (6) como própria do usuário interessado;
5.2 que sejam programados cursos de treinamento para aluno
de graduação, de acordo com as solicitações dos docentes já
conscientizados, como tem sido feito pelas bibliotecas de
Veterinária e Farmácia, levando-se em consideração os
interesses da biblioteca, do corpo docente e as necessidades dos
acadêmicos, como preconiza FJALBRANT (5).
5.3 que, para atingir de um modo geral a todos os alunos da
UFF, seja elaborado um curso audio-visual modulado em dois
níveis, pela equipe técnica do NDC, com a colaboração do
Núcleo de Audio-Visual da UFF. O primeiro nível do curso
atingirá a clientela que ingressa na área básica. Esse curso
deverá conter ensinamentos estritamente necessários ao uso e
funcionamento da biblioteca. O nível mais adiantado do curso
fornecerá à clientela já na área profissional, conhecimentos
mais amplos sobre o uso da informação científica e o preparo
de trabalhos técnicos observando-se o ensino/aprendizagem
dos instrumentos bibliográficos específicos a cada área
profissional;
5.4 que seja incluída a disciplina "Didática" no currículo do curso de
Biblioteconomia dessa Universidade, com a finalidade não só de
preparar o aluno para futuras atividades docentes como, ainda,
proporcionar ao profissional já lotado nas bibliotecas universitárias
da UFF formação nesse sentido, pela oportunidade de obter esse
crédito.
Em suma, as recomendações acima seriam os passos iniciais a
serem dados a fim de que no futuro esses cursos de treinamentos
fizessem parte da programação curricular aa universidade Federai
Fluminense, mesmo como disciplina optativa, a exemplo de outras
universidades do país.
CITAÇÕES BIBLIOGRAFICAS
1 ARBOLEDA — SEPÜLVEDA, Orlando & ALVEAR, Alfre-
do. Métodos audiovisuales en la instrucion de usuarios de la
information. Separata do Bol. Biol. Agríc, 9 (4): 271-288,
1972. p. 272.
2 BRAGA, Gilda Maria. Informação, ciência, política cien-
tífica: o pensamento de Derek de Solla Price. Ci Inf., Rio de
Janeiro, 3 (2): 155-177, 1974.
BRITTAIN, J. M. User Studies user behaviour and user
Instruction; series of lectures and Seminarsy Porto Alegre,
1977 (Curso ministrado durante o 9º Congresso Brasileiro e
5ª Jornada Sul-Rio-Grandense de Biblioteconomia e
Documentação)"
4 CEPEDA, Luiza M. Rodrigues. Responsabilidades da
Seção de referência numa biblioteca médica. Porto Alegre,
1972. 12 p. mimeog. (Trabalho apresentado à 3ª Jornada
Sul-Rio-Grandense de Biblioteconomia e Documentação, p.
2-4).
5 FJALLBRANT, Nancy. Teaching methods for the educa-
tion of the library user, Libri 26 (4): 252-267, 1976. p.
253.
6 FOSKETT, AC. A abordagem temática da informação.
São Paulo, Editora Polígono, 1973. 437 p. 15.
7 KOMIDAR, Joseph S. O uso da biblioteca. In: GOOD, William J.
& Hatt, Paul K. Métodos em pesquisa social. 5 ed. Trad. de
Carolina Martuscelli Bori. São Paulo, Editora Nacional,
1975. cap. 9, p. 137-154.
E MALUGANI, Maria Dolores. La biblioteca en la educa-ción
agrícola superior. Separata do Boletim Bibliográfico
Agrícola, 4 (1): 1-12, 1967.
9 MORETTI, Dina Maria Bueno et alii. Orientação bibliográfica
na área agrícola. Porto Alegre, 1977. 15 p. mimeogr.
(Trabalho apersentado ao 9º Congresso Brasileiro e 5ª
Jornada Sul-Rio-Grandense de Biblioteconomia e
Documentação).
10 NEGHME, Amador. La funcion de la biblioteca en la
ensenanza superior, la investigacion cientifica y la practica
profissional. Separata do Boletim de la Oficina Sanitária
Panamericana, 63 (3): 242-250, Sept. 1972. p. 243-244,
246.
11 PERYOTON, Ana Mary Valporto & TAVEIRA, Maria Nil-
ce. Apresentação e redação de trabalho científico.
Niterói, Universidade Federal Fluminense, 19.
12 WEST, Kelly M. Função da biblioteca no aprendizado
para aprender clínica médica. Separata da R. bras. clín. e
terap., 1 (3): 159-64, Mar. 1972.
DEBATES
DYRSE BARRETO TAVEIRA (Professora do Departamento de
Documentação da UFF): O Núcleo de Documentação da UFF conta
com um quadro reduzido de profissionais bibliotecários. Como seria
possível desviar os poucos profissionais existentes para se dedicarem
a tarefas docentes?
MARÊDA FIORILLO BOGADO: Como nós sabemos que c
pessoal técnico disponível nas bibliotecas do Núcleo de
Documentação da UFF, com condições específicas para treinar, não
são em quantidade suficiente, a nossa proposta foi a da solução de
um treinamento coletivo, uma solução de triagem, uma solução de
emergência, que nós reconhecemos.
Como solução de treinamento coletivo, nós colocamos uma
solução de cooperação ,em torno de uma equipe, que seria
formada pelos profissionais bibliotecários do Núcleo de Do-
cumentação da UFF, em que teríamos a felicidade de contar
com a colaboração do Curso de Biblioteconomia da UFF, na
elaboração e implantação desse projeto. A nossa proposta
como solução de emergência, como primeira triagem seria a de
um audio-visual, na forma de um filme ,porque acreditamos ser
essa a solução mais econômica. O elenco do filme seria
formado pelas nossas próprias colegas bibliotecárias c, os
cenários seriam as bibliotecas da UFF. Esse filme seria
oferecido em horários a serem estudados, em grandes audi-
tórios, onde seria dado um curso que contivesse conhecimentos
mínimos necessários sobre o funcionamento da biblioteca e
treinamento do usuário, isto é, como consultar um catálogo, o
que significa o regulamento da biblioteca, etc.
4ª SESSÃO CIENTÍFICA
COMPONENTES DA MESA
Presidente: JOSÉ CARLOS ABREU TEIXEIRA (Professor
Assistente e Coordenador do Curso de Biblioteconomia e
Documentação do Departamento de Documentação da
UFF)
Relatora: MARÊDA FIORILLO BOGADO (Chefe da Biblio-
teca Biomédica da UFF)
Expositores: HERTA LASZLO (Professora Titular do Depar-
tamento de Tecnologia de Alimentos da UFF e Professora
de Metodologia da Pesquisa do Curso de Pós-Graduação
em Medicina Veterinária)
ELZA CORRÊA GRANJA (Professora do Departamento
de Biblioteconomia e Documentação da Escola de Comu-
nicações e Artes da USP e Bibliotecária-Chefe do Instituto
de Psicologia da USP)
Secretária: MÁRCIA MARIA ERTHAL SERRÃO (Bibliotecá-
ria do Núcleo de Documentação da UFF)
A VINCULAÇÃO ENTRE A BIBLIOTECA
UNIVERSITÁRIA E OS CURSOS
DE PÓS-GRADUAÇÃO
HERTA LASZLO
(Professora Titular do Departamento de
Tecnologia de Alimentos da UFF e Professora
de Metodologia da Pesquisa Científica do
Curso de Pós-Graduação em Medicina
Veterinária da UFF)
Fui convidada a participar do seminário promovido pelo
Núcleo de Documentação da Universidade Federal Flumi-
nense, para relatar como o leitor julga a importância da
Biblioteca Universitária nos Programas de Pós-Graduação.
Quero abordar, em poucas palavras, como se pretende alcançar
na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal
Fluminense a vinculação ideal entre a biblioteca e os Cursos de
Pós-Graduação.
Quando entro numa biblioteca, o ambiente de silêncio,
respeito e a multidão de livros e periódicos me transmitem um
estado de espírito de quase religiosidade. Uma biblioteca é, pa-
ra mim, um congresso permanente de estudiosos. Nas estantes,
como se estivessem reunidos em poltronas imaginárias. estão
presentes os sábios de todas as épocas e países. Nas
publicações encontram-se todos os tesouros da sabedoria: a
herança cultural do passado, os progressos científicos e
tecnológicos do presente e as previsões do futuro.
Como todo pesquisador, procuro a biblioteca a fim de me
informar tanto quanto possível de "tudo" o que nos trabalhos
dos outros poderia influir de maneira fecunda na pesquisa a ser
projetada ou já em andamento. Viso obter e escolher técnicas
de investigação e procurar subsídios para interpretar os
resultados obtidos, podendo confrontá-los cora
os de outros pesquisadores e para formular novas hipóteses
novas premissas, confirmando ou substituindo as inicialmente
formuladas. Finalmente, pretendo colher idéias para formular
novos temas e adquirir maiores conhecimentos em torno
destes, podendo definir seus problemas e subproble-mas
específicos.
A consulta bibliográfica que na realidade perfaz 2/3 do
tempo gasto em qualquer projeto de pesquisa é uma tarefa
árdua, para uns, para outros é um prazer. As informações que
vou colhendo me estimulam e tenho que controlar minha mente
para não querer abordar demasiados assuntos ao mesmo tempo.
Gosto quando as bibliotecárias organizam uma mesa onde
as publicações recém incorporadas ao acervo da biblioteca
estão expostas por um curto período de tempo. A consulta,
mesmo superficial das mesmas, coloca a gente rapidamente a
par das mais recentes descobertas e dos assuntos mundialmente
focalizados no âmbito de nosso próprio interesse.
Como professora da disciplina de Metodologia da Pes-
quisa Científica em curso de Pós-Graduação procuro induzir
nos meus alunos, que na maioria estão se iniciando em
trabalhos de pesquisa, esta sede e empolgação para com o
estudo bibliográfico, fonte, e porque não dizer, "mola mestra"
de uma pesquisa fecunda.
Porém, para usufruir de tais riquezas é necessário possuir a
chave do tesouro, que é a capacidade de leitura inteligente, e
conhecer seus segredos, que são as normas e técnicas de boa
leitura. Uma publicação científica é como um pincel nas mãos
de um artista. Manuseado por um inexperiente, o pincel produz
somente manchas coloridas; na mão de um artista, produz
obras primas.
Um plano de atividades para as buscas ordenadas das
fontes bibliográficas é necessário e pode poupar muitos
avanços e recuos desnecessários.
Tudo isto deve ser aprendido. Todos nós sabemos correr,
mas o homem de esporte possui uma técnica própria, ele se
movimenta de maneira a tirar o máximo de proveito de seu
corpo. Assim o ordenado levantamento bibliográfico e a leitura
inteligente são técnicas que devem ser adotadas para ser
alcançado o máximo de proveito.
Para iniciar os mestrandos no trabalho de pesquisa
científica, especialmente na consulta bibliográfica, não conto
apenas com uma bibliotecária do Núcleo de Documentação que
além de boa profissional possui uma excelente didática por ser
também professora, mas também com o elenco das
bibliotecárias lotadas na nossa biblioteca que ajudam os alunos
a fixar na prática os conhecimentos adquiridos em sala de aula.
A nossa biblioteca possui 29 títulos de referências no que
se refere a abstracts e índices. Dos 3.178 volumes de livros
(acervo em dezembro de 1977), 1373, isto é, quase a metade,
foram adquiridos ultimamente (isto é, desde 1974) e incluem
livros didáticos para o curso de graduação, assim como as mais
recentes publicações nos diversos assuntos das disciplinas do
curso de Pós-Graduação. A maioria das assinaturas dos 185
periódicos é recente. Grande parte do subsídio deste novo
acervo foi destacado das verbas dadas ao curso de Pós-
Graduação. Evidentemente, também, os alunos da graduação
usufruem deste enriquecimento do acervo da biblioteca.
Vale a pena ressaltar que a escolha das novas assinaturas
adquiridas foi baseada na tese de mestrado da então biblio-
tecária, que num estudo sobre a otimização da coleção_de
periódicos apurou, dentro dos recursos disponíveis, os mais
utilizados. Tive o prazer de ser orientadora da tese referida.
Um dos aspectos da pesquisa científica é que ela é
acumulativa. Todo resultado científico mergulha as raízes, ao
mesmo tempo nos trabalhos anteriores e nas descobertas feitas
em outros campos. Destes tomamos conhecimento não apenas
pela leitura, mas também pela comunicação oral. Por isso
alegro-me com o novo projeto de aumentar a área existente da
nossa biblioteca (sala de leitura, sala de serviços técnicos e sala
de acervo) com mais salas, uma delas destinada ao estudo dos
alunos de Pós-Graduação e formulo votos de que a mesma
sirva, também, para reuniões dos professores e alunos
engajados em trabalho de pesquisa, a fim de poderem trocar
idéias e informar os diversos núcleos de pesquisa dos projetos e
trabalhos em andamento na Faculdade de Veterinária. Será,
assim, a biblioteca, como em muitas outras instituições
congêneres a "casa mater" dos que se dedicam à pesquisa
científica e ao magistério.
A BIBLIOTECA UNIVERSITÁRIA E SEUS REFLEXOS NA
PESQUISA CIENTÍFICA
ELZA CORRÊA GRANJA
(Profª do Departamento de Biblioteconomia
e Documentação da Escola de Comunicações
e Artes da USP. Bibliotecária-Chefe
do Instituto de Psicologia da USP)
RESUMO
O papel desempenhado pelas universidades e institutos de
pesquisa na busca de soluções para os desafios do momento. A
contribuição da universidade no desenvolvimento do ensino superior
e da pesquisa científica. A Biblioteca Universitária como elemento
de apoio indispensável na transferência e disseminação da
informação científica. Despreparo atual da biblioteca universitária
brasileira para atender às necessidades do momento em termos de
ensino e pesquisa. Resultados revelados por estudo realizado entre
15 bibliotecas da Universidade de São Paulo, conclusões obtidas e
sugestões apresentadas.
A Biblioteca Universitária e seus Reflexos na Pesquisa
Científica
Vivemos numa sociedade em que o crescimento rápido tornou-
se fato consumado e desafio à capacidade humana de encontrar
soluções que venham trazer a esse crescimento índices compatíveis
de desenvolvimento.
Face a esse ritmo acelerado de transformações, que se registram
globalmente, depositamos nas organizações humanas nossas
esperanças de que sejam capazes tanto de gerar mudanças quanto de
se adaptarem a essas transformações com vistas à sua própria
sobrevivência.
De todas as organizações exige-se mobilidade face às
condições ambientais vigentes mas, algumas delas, podemos
dizer, foram especificamente criadas para desenvolver, induzir
e favorecer a mudança. São as organizações que chegam à
inovação como conseqüência do esforço na procura de
soluções para os desafios do momento. Dentre essas orga-
nizações destacam-se as universidades e os institutos de
pesquisa e desenvolvimento.
No passado, essas organizações produziram inovações
capazes de responder a desafios na área da saúde e da enge-
nharia. Hoje espera-se que gerem inovações para que não se.
acentuem os problemas que surgem em decorrência da
explosão demográfica, educacional e da explosão da própria
informação científica.
A Universidade é fenômeno relativamente novo em nossa
cultura e o momento de transição e renovação que vivemos
talvez seja aquele que dela exigirá grandes esforços na
contribuição para o desenvolvimento. Essa contribuição é
esperada, sobretudo, no desenvolvimento do ensino superior e
da pesquisa científica que geram, por sua vez, o avanço da
própria ciência.
No entanto, ensino e pesquisa requerem, para o seu
desenvolvimento, o apoio de estruturas técnico-administrativas
capazes de transferir informações com o objetivo pre-cípuo de
fomentar e alimentar os trabalhos científicos em andamento.
Nesse processo de transferir informações a Biblioteca
Universitária ocupa lugar de destaque servindo como elemento
de apoio indispensável ao progresso da ciência.
Entretanto, constatamos que as bibliotecas universitárias
brasileiras não se encontram em estágio de desenvolvimento
capaz de atender às rápidas transformações que ocorrem em
nossa sociedade nem tampouco fazer face à demanda que ora
enfrentam em relação às necessidades de informação de seus
usuários. Em outras palavras, nossas bibliotecas não estão
preparadas para atender às exigências no momento em termos
de ensino e pesquisa.
Não obstante o papel que desempenham no desenvolvi-
mento científico, cultural e tecnológico do país, a impor-
tãncia da Biblioteca Universitária é freqüentemente reco-
nhecida em trabalhos de especialistas e profissionais da área,
mas poucas vezes efetivamente demonstrada em nossa
realidade.
Fato comprobatório desta afirmação revela-se na cons-
tatação de que as bibliotecas não constituem, salvo possíveis
exceções, prioridade orçamentária nas universidades. Ao
contrário, as verbas a elas destinadas são atribuídas dentro de
critérios os mais diversos, sem qualquer vinculação a um
planejamento global alicerçado em necessidade de caráter
multidimensional.
Na área oficial, onde figuram as bibliotecas universitárias
de maior porte do país, os orçamentos-programa, quando
elaborados, seguem, em geral, práticas administra tivas
rotineiras e improdutivas: a previsão é feita em excesso,
prevendo-se os cortes usuais, ou o programa deve se limitar à
previsão daquelas necessidades consideradas imprescindíveis à
manutenção dos serviços de rotina.
fi óbvio que tal proceder limita consideravelmente o de-
sempenho da biblioteca que fica, desta forma, reduzida a um
serviço de importância relativamente pequena, atendendo-se ao
empréstimo de livros e periódicos e ao atendimento do leitor
nas suas mínimas necessidades. Uma prestação de serviços
bastante coerente, sem dúvida, com a imagem tradicional de
bibliotecas.
Mas, onde está o caráter inovador que deve pautar as
atividades daquelas organizações que se propõem a colaborar
na busca de soluções aos problemas do desenvolvimento?
Países desenvolvidos ou, melhor definindo, países que têm
acesso à informação, já transformaram suas Bibliotecas
Universitárias em verdadeiros "centros de informação" por
considerarem o acesso ao conhecimento acumulado um recurso
fundamental ao desenvolvimento.
Poucas Bibliotecas Universitárias brasileiras poderiam ser
consideradas "centros de Informação" e pouquíssimas, talvez,
teriam o direito de usar o termo documentação.
De modo geral, as Bibliotecas Universitárias não têm
gerado informação científica em nenhum estágio de suas
atividades. Um serviço de documentação implica capacidade
de reunir e disseminar informações tendo em vista um processo
comunicativo estabelecido com o usuário. Tal atividade
pressupõe um conhecimento efetivo dos usuários e um sistema
de análise das informações armazenadas.
Com o objetivo de obter um diagnóstico dos "Serviços de
Referência" de bibliotecas da USP, alunos do 8' semestre do
Curso de Biblioteconomia e Documentação da Escola de
Comunicações e Artes da USP realizaram um estudo de
campo, sob a coordenação da Profª Neuza Dias de Macedo,
responsável pela disciplina "Referência".
Os dados obtidos, uma vez tabulados, revelaram que:
De 15 bibliotecas analisadas apenas 7, ou seja, 47°/o
contam com bibliotecário de referência e destas 7 apenas 2
processam Serviços de Disseminação Seletiva da Informação.
Na realidade o estudo de campo demonstrou que das 15
bibliotecas pesquisadas apenas 5, ou seja, 33% possuem um
Serviço de Referência estruturado ,com metodologia própria.
Outro item bastante revelador do estado atual dos Serviços
de Informação prestados diz respeito ao treinamento do usuário
no uso da biblioteca e dos recursos bibliográficos. Ante a
pergunta: "A biblioteca promoveu algum curso de orientação
bibliográfica" apenas 3 das 15 unidades responderam
afirmativamente.
O estudo de campo previu igualmente em seus questio-
nários e entrevistas perguntas que dessem oportunidade aos
bibliotecários de expressarem as razões que os impediam de
prestar tais serviços de apoio ao estudo e à pesquisa. As
respostas se repartiram pelos seguintes motivos:
60% falta de pessoal especializado, ou seja, bibliotecá-
rios.
20% falta de recursos
20% outros motivos
Quanto à avaliação feita pelo usuário no que diz respeito
aos Serviços de Referência que lhe foram oferecidos, o estudo
de campo revelou que:
20% consideraram ótimo o grau de utilidade que tiveram
no desenvolvimento de seus trabalhos.
43°/o consideraram-no de boa utilidade.
37% consideraram-no de utilidade regular.
Quanto ao acervo das bibliotecas apenas 41% dos usuários
consideraram-no atualizado para fins de estudo e pesquisa.
Um padrão tão limitado de serviços prestados não deveria
registrar índices tão altos de satisfação. Entretanto. é preciso
lembrar que a prestação de serviços em baixo nível gera
conseqüentemente no usuário um grau de expectativa de nível
ainda mais baixo.
Sendo as Bibliotecas Universitárias um dos instrumentos
principais na assimilação individual do connhencimento
científico faz-se necessário e urgente que sua atuação liberte-se
das limitações presentes para que possam realmente oferecer
uma contribuição decisiva aos planos nacionais do
desenvolvimento científico, tecnológico e cultural
O desenvolvimento das Bibliotecas Universitárias Brasi-
leiras seria rapidamente alcançado se houvesse:
1. Maior atuação, empenho e influência dos bibliote-
cários junto aos órgãos de decisão para que se reconheça a.
biblioteca como parte da estrutura total da universidade e como
elemento fundamental ao ensino e à pesquisa.
2. Prioridade orçamentária para as bibliotecas para que
sela reduzida a defasagem existente no momento entre os
acervos e as necessidades dos usuários.
3. Maior interação entre as bibliotecas universitárias e as
especializadas tendo em vista a complementação de acervos
entre pesquisa e ensino e entre ciência pura e aplicada.
4. Maior facilidade na utilização de recursos eletrô
nicos e de computação com vistas à automação de biblio
tecas e o uso crescente de meios não impressos de infor
mação .
5. Melhor administração dos recursos recebidos de fontes
financeiras externas. Sua utilização deverá ser pautada em
critérios e sua administração alicerçada num plano global de
investimentos no setor bibliotecário das universidades .
6. Maior entrosamento entre os órgãos oficiais respon-
sáveis pelo planejamento de Sistemas de Informação e as
universidades brasileiras no sentido de que estas participem e
contribuam nesse planejamento com vistas a um maior e mais
amplo desenvolvimento.
7. Criação de um Sistema Brasileiro de Bibliotecas
Universitárias como agência de planejamento e coordenação de
intercâmbio de recursos e experiências. Este Sistema seria
vinculado a entidade governamental que lhe conferisse apoio
quanto ao plano de funcionamento e quanto às medidas
propostas com vistas a:
Maior entrosamento de atividades Racionalização do
trabalho em Bibliotecas Universitárias
Intercâmbio de pessoa e experiências Transferência de
tecnologia Planejamento em âmbito local, regional e
nacional
0. Criação de um conselho Bibliotecário Assessor atuando
junto aos órgãos superiores das Universidades e composto por
representantes do corpo docente e de representantes do corpo
de bibliotecários da Universidade e do diretor da Biblioteca
Central. O conselho teria caráter consultivo e seria presidido
pelo Reitor da Universidade.
Ao levantar problemas e formular críticas às Bibliotecas
Universitárias não queremos deixar aqui a impressão de um
espírito crítico negativista ou transmitir sensação de
impotência em relação às dificuldades ora enfrentadas. Ba-
seamo-nos apenas no propósito de que a procura de novos
caminhos implica em novas decisões e decidir exige cons-
ciência do presente e conhecimento da direção futura que
queremos tomar. Usando as palavras de Drucker "... construir o
futuro não é decidir o que poderia ser feito amanhã mas
determinar o que poderá ser feito hoje para haver um amanhã".
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ANDERLA, Georges. Information in 1985; a forecasting study of
information needs and resources. Paris, Organization for Eco-nomic
Cooperation and Development, 1973.
AZEVEDO, Fernando de. A Cultura brasileira. 5.ed. São Paulo, Editora da
USP e Editora Melhoramentos, 1971.
DRUCKER, Peter F. Drucker on management. New York, Management
Publications, 1970.
MIRANDA, Antonio. Planejamento bibliotecário no Brasil; a informação
para o desenvolvimento. Rio de Janeiro, Livros Técnicos e Científicos;
Brasília, Editora da Universidade de Brasília, 1977
PFROMM NETO, Samuel. A biblioteca como instrumento da tecnologia
educacional. R. Esc. Bibliotecon. UFMG, Belo Horizonte, 4 (1): 19-39,
mar. 1975.
Propostas de Resoluções, Recomendações e Conclusões
Apresentadas nos Painéis, Sessões Científicas e Reuniões
Levados a Efeito Durante o Primeiro Seminário
Nacional de Bibliotecas Universitárias
1) que seja criado um Grupo de Trabalho encarregado de
promover estudos e reuniões periódicas com representantes de
Bibliotecas Universitárias, a fim de que seja estruturado um esquema
de ação baseado na realidade presente e necessidades imediatas — e
elaborar um projeto que vise a formação de um Sistema Nacional de
Bibliotecas Universitárias, sob a coordenação de um órgão central;
2) que se procure conscientizar os bibliotecários universitários
quanto à importância e necessidade de cooperação realmente efetiva
e em moldes adequados à situação atual e às bibliotecas
universitárias brasileiras;
3) que seja criado um Grupo de Trabalho, com representação
regional, formado por autoridades, bibliotecários e administradores, a
fim de devotar-se ao estudo de uma legislação e de uma estrutura
organizacional "modelo", tendo em vista a formação de padrões
mínimos para a biblioteca universitária capaz de orientar o seu
planejamento, sua organização, sua padronização, suas relações, e
para definir responsabilidades das universidades e da própria classe
bibliotecária;
4) que seja recomendada aos Reitores a exigência de projetos
de regimentos internos das bibliotecas centrais ou órgãos
correspondentes, com prazos definidos para discussão e aprovação
pelos Conselhos Universitários,; e que esses regimentos sejam,
periodicamente, reavaliados com vista ao regimento da
Universidade, a fim de que acompanhem a dinâmica do processo
administrativo desta;
5) que a Biblioteca Central ou órgão correspondente de
cada Universidade seja representado no Conselho de Ensino e
Pesquisa, para fins de adequação mútua;
6) que bibliotecários sejam convidados a participar das
reuniões que se referirem à programação de cursos ou outras
atividades docentes, a fim de que seja favorecido a integração
de bibliotecários e professores e possam os primeiros estar a
par das decisões e tendências das atividades docentes, para que
tomem providências no que diz respeito à aquisição do material
bibliográfico e à política a ser adotada pela biblioteca;
7) que as bibliotecas centrais ou órgãos correspondentes
façam estudo de avaliação das coleções e definam uma política
racional de aquisição de seus acervos, criando comissões de
seleção constituídas de professores e bibliotecários ,sob a
presidência de um bibliotecário, cabendo a decisão final à
biblioteca, devido ao seu conhecimento das necessidades
bibliográficas da Universidade;
8) que todas as verbas, de procedência interna ou externa,
destinadas a material bibliográfico e serviços bibliotecários,
fiquem à disposição das bibliotecas centrais ou órgãos
correspondentes para que as coordenem, a fim de que seja
evitada a duplicação desnecessária do acervo e garantida a
racionalização das despesas;
9) que seja excluída a licitação para fins de aquisição do
material bibliográfico;
10) que seja recomendado às Universidades evitar a
criação de coleções isoladas e a proliferação de bibliotecas sem
viabilidade econômica, que, pela carência de recursos
humanos, materiais e financeiros, não tenham asegurada sua
continuidade ou garantido seu funcionamento dentro dos
padrões mínimos;
11) que seja elaborada uma avaliação normalizada para
aplicação periódica aos serviços bibliotecários;
12) que o MEC faça cumprir a Lei n
9
4.084, segundo a
qual somente profissional bibliotecário poderá estar à frente de
bibliotecas e serviços de documentação;
13) que seja instituída a disciplina "Metodologia da
Pesquisa Documentária" regularmente ministrada para todos os
cursos de graduação e pós-graduação, sob a responsabilidade
de professores de Biblioteconomia em estrita colaboração com
os bibliotecários da Universidade, de modo a acentuar em tais
cursos seu caráter de treinamento de usuários;
14) que sejam envidados esforços para a criação de cursos
de especialização na área de Biblioteconomia e Documentação
a fim de atender a uma demanda mais urgente de capacitação
de pessoal;
15) que as bibliotecas universitárias apoiem integralmente
o PRODOCENTE/Livros da CAPES, adotando como rotina a
avaliação de seus acervos e criando as comissões de bibliotecas
que garantirão o êxito do programa;
16) que se solicite ao DASP a ampliação do quadro de
pessoal das bibliotecas universitárias, considerando-se as
crescentes necessidades de pessoal para atender demanda de
informação nessa área;
17) que seja solicitado à CEPLAN a retirada do material
bibliográfico da rubrica de material permanente e crie uma
rubrica específica para sua aquisição, considerando-o material
de consumo, sujeito à depreciação;
18) que o próximo SEMINÁRIO se refira a Bibliotecas
Universitárias e Bibliotecas Especializadas.
ÍNDICE DE AUTORES
Págs.
ALBEIEICE, Lygia de Medeiros ................................................................. 242
ALVES, Cecilia Malizia ............................................................................ 337
BACCARELLI, Rodolfo Miguel.................................................................... 308
BARRETO, Aldo Albuquerque .................................................................. 117
BERNARDES, Jacira Gil .......................................................................... 40
BOGADO, Marêda Fiorillo .......................................................................... 378
BRAGA, Gilda Maria ................................................................................. 267
CARVALHO, Abigail de Oliveira ................................................................ 270
CASTRO, Cleia Lúcia Monteiro de ............................................................. 357
CAVALCANTI, Maria das Neves Niederauer Tavares ................................ 147
CUNHA, Leila Galvão Caldas da ................................................................... 216
ESBERARD, Charles Alfred .................................................................... 368
FOLLY, Eneida de Mattos ............................................................................. 378
GRANJA, Elza Corrêa ................................................................................ 396
GUHMARAES, Jorge da Silva Paula.............................................................. 368
LASZLO, Herta .......................................................................................... 393
LiEMOS, Katla Maria ............................................................................... 308
MAIA, Alice Barros ........................................................................................ 25
MENDONÇA, ária de Lourdes Azevedo ...................................................... 40
MERCADANTE, Leila Magalhães Zerllotti ............................................... 86
MIRANDA, Antonio .................................................................................. 175
MONTE-MOR,, Janice de Mello .................................................................... 163
MORAES, Nazian Azevedo de ....................................................................... 294
MOREIRA, Alridia Carvalho Pinto ........................................................ 378
MOUREN, Vera Lúcia da Costa .................................................................... 201
OLIVEIRA, José Palazzo de .......................................................................... 40
PINHEIRO, Eliana Souza ........................................................................... 125
REIS, Maria Angela Lagrange Moutinho dos ................................................ 237
SA, Elisabeth Schneider de ............................................................................ 125
SCHLEYER, Judith Rebeca ........................................................................ 285
SCHREINER, Heloísa Bennetti ...................................................................... 40
SERRAO, Marcia Maria Erthal ...................................................................... 328
SONIS, Abraam .............................................................................................. 111
SUAIDEN, Emir José .................................................................................. 210
TAVEIRA, Dyrce Barrêto ............................................................................ 216
TEIXEIRA, José Carlos de Abreu ................................................................ 21(5
TORRES, Lilia Teresa Vasconcelos ............................................................ 242
URIARTE, Maria Regina Aezevedo Arbulo .................................................. 201
VIEIRA, Antonio Euclides da Rocha ............................................................ 99
ZAHER, Celia Ribeiro ................................................................................... 34
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
CEUFF — Comissão Editorial da Universidade Federal
Fluminense
OBRAS EDITADAS
Em 1980:
NAT — Regimento do HUAP
Jornal Escola-Comunicação IACS — Ano II — Nº 4
Revista da Faculdade de Educação — Ano 5 — nº 2
A Sua Universidade 1980
Catálogo Geral da UFF — 1980
Modulo Instrucional — 2
a
Edição
Metodologia do Ensino Superior
A Didática... num enfoque dinâmico
— Investigações Gastroenterológicas
Boletim Informativo do NPD — V. 6 Nº 1 — 1977/78
Teogonia de Hesíodo
Patologia — Processos Gerais
Em 1981:
— A Sua Universidade
NAT — Legislação de Saúde em Hospital de Ensino
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo