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atlas histórico escolar
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Brasil. Fundação Nacional de Material Escolar.
B823a Atlas histórico escolar [por] Manoel Maurício de Albuquerque, Arthur
Cézar Ferreira Reis [e] Carlos Delgado de Carvalho. 7. ed. rev. e atual.
Rio de Janeiro, FENAME, 1977
160p. ilust. 31,5 cm.
1. Atlas. 2. Geografia histórica - Mapas. I. Albuquerque, Manoel
Maurício de, 1927- .II. Reis Arthur Cézar Ferreira, 1906- .III. Carvalho,
Carlos Delgado de, 1884- .IV. Titulo.
77-002
MEC/FENAME/RJ
CDD-911
atlas
histórico
escolar
7
a
edição
revista e atualizada
Manoel Maurício de Albuquerque
Arthur Cézar Ferreira Reis
Carlos Delgado de Carvalho
1977
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA
FENAME - FUNDAÇÃO NACIONAL DE MATERIAL ESCOLAR
©1960
Direitos autorais exclusivos da
FENAME Ministério da Educação e Cultura
edição -1960
1ª edição/2ª tiragem - 1961
2'ªedição - 1965
edição - 1967
edição - 1968
edição - 1969
edição -1973
Impresso no Brasil
Esta edição foi publicada pela
FENAME - Fundação Nacional de Material Escolar, sendo
Presidente da República Federativa do Brasil
Ernesto Geisel
Ministro de Estado da Educação e Cultura
Ney Braga
Secretário-Geral do MEC
Euro Brandão
Secretário de Apoio Administrativo do MEC
Hélio Pontes
Diretor Executivo da FENAME
Augusto Luiz Duarte Lopes Sampaio
AUTORES
HISTÓRIA DO BRASIL
Manoel Maurício de Albuquerque Professor de História Econômica do Brasil da Pontifícia
Universidade Católica do Rio de Janeiro Ex-Professor do Instituto Rio Branco do Minis-
tério das Relações Exteriores.
HISTÓRIA DA AMÉRICA
Arthur Cézar Ferreira Reis Catedrático de História da América da Faculdade de Filosofia,
e de História Política e Social do Brasil da Escola de Sociologia e Política da Pontifícia Uni-
versidade Católica do Rio de Janeiro Professor de História da América da Faculdade de
Filosofia, Ciências e Letras de Petrópolis.
HISTÓRIA GERAL
Carlos Delgado de Carvalho Professor Emérito e Catedrático de História Contemporânea
da Faculdade de Filosofia da Universidade Federal do Rio de Janeiro Catedrático de So-
ciologia do Instituto de Educação do Estado do Rio de Janeiro Representante do Minis-
tério da Educação e Cultura no Diretório do Conselho Nacional de Geografia (atual Fundação
I.B.G.E.).
COLABORADORES DO PROJETO ORIGINAL
Américo Jacobina Lacombe
Carlos Goldenberg
João Alfredo Libânio Guedes
Martinho Corrêa e Castro
Miridan Brito Knox
Nemésio Bonates
Therezinha de Castro
ILUSTRAÇÃO
Ivan Wasth Rodrigues
sumario
Prefácio
História do Brasil
História da América
História Geral
índice
7
9
41
71
160
prefácio
A Fundação Nacional de Material Esco-
lar, em continuidade ao trabalho de assis-
tência ao estudante, na área de material
de apoio pedagógico, apresenta esta 7
a
edição do Atlas Histórico Escolar, revista e
atualizada em face dos recentes fatos
econômico-sociais quem atuando na
evolução da História.
Trata-se de trabalho originariamente
pioneiro da linha editorial da Fundação,
considerado nos meios educacionais
como fonte indispensável de consulta e
referência para o estudante.
Constituído de três partes distintas,
História do Brasil, História da América e
História Geral, apresenta mapas queo
complementados por textos e ilustrações
artísticas de cenas e épocas históricas,
representativas do panorama cultural.
A temática e os critérios que nortearam
a elaboração do Atlas Histórico Escolar
o apresentados por seus autores, Pro-
fessores Arthur Cézar Ferreira Reis, Carlos
Delgado de Carvalho e Manuel Maurício
de Albuquerque.
Destinada ao Ensino de 1
o
e 2° Graus
esta edição mereceu a aplicação de novos
recursos visuais, de forma a aliar os
padrões de qualidade, preço acessível e
melhor utilização, de acordo com as nor-
mas editoriais que esta Fundação vem
implantando com a colaboração do par-
que gráfico nacional.
Rio de Janeiro, maio de 1976
Augusto Luiz Duarte Lopes Sampaio
Diretor Executivo da
Fundação Nacional de Material Escolar
história do Brasil
Na realização do presente trabalho procuramos satisfazer exa-
tamente aos objetivos previstos no próprio titulo da obra: Atlas
Histórico Escolar. Assim, tendo como base elementos geográficos,
desenvolvemos um plano cronológico capaz de fornecer aos estu-
dantes, através de mapas, um elemento auxiliar na fixação dos
conhecimentos históricos.
Evitamos o que poderia exceder esta finalidade, contentando-
-nos com o que nos pareceu mais objetivo e essencial dentro do
que exigem os programas escolares atuais.
Serviu-nos de roteiro inicial a planificação anteriormente apre-
sentada pelo Prof. João Alfredo Libânio Guedes. Permitimo-nos
desenvolver e modificar aquilo que poderia esclarecer certos as-
pectos menos divulgados de nossa História. É o caso dos mapas
referentes às capitanias hereditárias e reais, dos que fixam a
evolução econômico-povoadora do Brasil ou os relativos ao pro-
blema da mão-de-obra, à fixação de nossas fronteiras ou â atua-
ção brasileira na Segunda Guerra Mundial.
Quanto às ilustrações, excluímos propositadamente os retratos,
o só pelo que poderiam pressupor de escolha injusta como,
também, por muitos deles, principalmente os coloniais, serem
idealizações de fraco valor informativo, prejudiciais mesmo. Prefe-
rimos, num critério cultural mais amplo, homenagear os grandes
grupos que construíram o Brasil atual, através de uma visualiza-
ção em que â beleza se aliasse a veracidade documental.
Manoel Maurício de Albuquerque
DISTRIBUIÇÃO DOS GRUPOS INDÍGENAS
As formações sociais indígenas representavam diversos está-
gios da comunidade primitiva, que entrou em processo de desa-
gregação a partir dos contatos com os representantes da expan-
o mercantil européia. O avanço das frentes pioneiras promoveu,
sucessivamente, a diminuição das áreas de mobilidade espacial e
também o decréscimo quantitativo dessas populações cuja impor-
tância numérica atual é bastante reduzida.
Deste relacionamento, pacifico ou conflitante, resultaram a
mestiçagem e a incorporação de várias experiências daquelas
comunidades à Formação Social Brasileira. Estes elementos fo-
ram transformados na medida em que se articulavam em outra
estrutura social, diferente daquela que organizava as populações
indígenas. É neste novo contexto que deve ser analisado o apro-
veitamento econômico da mandioca, do milho, do algodão, da
batata e de numerosas outras espécies vegetais, além das práti-
cas de trabalho coletivo, como o mutirão, ou o emprego da rede
de dormir ou de técnicas de caça e pesca. A mesma reflexão deve
ser feita no estudo das transformações dos procedimentos alimen-
tares ou das contribuições ao universo folclórico brasileiro. Ela
também nos permite compreender como a difusão de elementos
tupis, apropriados pelos agentes da colonização, resultou na falsa
noção de que este fora o único grupo indígena a contribuir na
estrutura social brasileira.
Observe-se no mapa a distribuição primitiva das formações
sociais indígenas, tendo como base a classificação lingüística e,
em tom mais forte, os remanescentes atuais.
Milho
Mandioca
Fumo ou
tabaco
Mate
Plantas indígenas As comunidades primitivas in-
dígenas produziram técnicas para o aproveitamento
econômico do milho, da mandioca, do fumo e do
mate. Também já utilizavam outros vegetais, como o
algodão, o cacau e o guaraná, mas nio atribulam
ainda a esses produtos um valor comercial.
índio cambeba Os Cambebas, índios do Amazo-
nas, foram os descobridores da borracha. Com ela
fabricavam vários utensílios, inclusive bolsas para
carregar água: as "seringas". Os Cambebas defor-
mavam artificialmente a cabeça, de onde lhes veio o
nome que, em tupi, significa "cabeça chata". (Dese-
nho segundo o original da Viagem Filosófica, séc.
XVIII, de Alexandre Rodrigues Ferreiro, Biblioteca
Nacional.)
Casa rural Nas construções sertanejas articulam-
se elementos de origem diversa. A estrutura da
habitação é européia, mas nela se aproveitam tam-
bém elementos da experiência indígena: a cobertura
de palha, as paredes de galhos entrançados, o em-
prego do barro.
Cerâmica dos Carajás Os Carajás habitam, princi-
palmente, a ilha de Bananal, em Goiás. Possuem
uma técnica de cerâmica muito adiantada e de gran-
de beleza artística. (O desenho reproduz uma peça
da coleção do Museu do índio, no Rio de Janeiro.)
Habitação indígena Nas malocas, como também
em casas do interior do Brasil, encontram-se utensí-
lios comuns: redes, bancos, cuias, o tipiti (espreme-
dor de mandioca) e cestaria. Exemplificam setores
da atividade produtiva indígena incorporados á For-
mação Social Brasileira.
PERÍODO PRE COLONIZADOR
1 500-1530
Na etapa que antecedeu à instalação da agromanufatura do
açúcar, o extrativismo do pau-brasil constituiu a principal ativida-
de econômica. No entanto,o atendia aos interesses comerciais
dominantes na expansão portuguesa: a busca de intercâmbio com
formações sociais em estágio mercantil, capazes de oferecer pro-
dutos exóticos, metais preciosos e em condições de consumir
gêneros importados. Esses requisitoso podiam ser atendidos
pelas comunidades primitivas indígenas, com as quais somente se
podiam realizar as trocas rudimentares do escambo.
O expansionismo espanhol e francês forçou o Estado Português
a consolidar o seu domínio colonial no Brasil. 0 controle do litoral
era imprescindível para a segurança das rotas comerciais do
Atlântico que davam acesso aos centros comerciais africanos e,
através do Indico ou do Pacífico, à Ásia.
O arrendamento do pau-brasil, as feitorias dispersas pela orla
marítima, a doação da Capitania Hereditária da Ilha deo João,
em 1504, e as práticas repressivas das esquadras de guarda-cos-
tas eram iniciativas de âmbito limitado. A instalação de unidades
produtoras de açúcar foi a solução adequada, porque nela conver-
giam vários elementos favoráveis: a expansão do mercado consu-
midor europeu, a experiência técnica aperfeiçoada nas ilhas do
Trecho do fac-símile da Carta de Pero Vaz de Caminha
. . .do que nesta Vossa terra vi. E se a um pouco alonguei, Ela me perdoe.
Porque o desejo que tinha de Vos tudo dizer, mo fez pôr assim pelo miúdo.
E poisque. Senhor, é certo que tanto neste cargo que levo como em outra
qualquer cousa que de Vosso serviço for. Vossa Alteza há de ser de mim muito
bem servida, a Ela peço que por me fazer singular mercê, mande vir da ilha de São
Tome a Jorge de Osório, meu genro o que d'Ela receberei em muita mercê.
Beijo as mãos de Vossa Alteza.
Deste Porto-Seguro, da Vossa Ilha de Vera Cruz, hoje, sexta-feira, primeiro dia
de Maio de 1500.
s. Pero Vaz de Caminha.
Carta de Pero Vaz de Caminha 0 primeiro e mais importante documento
sobre o Brasil está no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, em Portugal. Ele nos
informa sobre a viagem de Cabral, os objetivos que organizavam o expansionismo
português, a permanência no litoral da Bahia e os primeiros contatos com as
comunidades primitivas indígenas. Durante a Exposição do IV Centenário de São
Paulo, a Carta foi exibida e depois retornou á Europa.
Atlântico e o concurso de capitais estrangeiros, notadamente os
flamengos. Como suporte econômico, o 'açúcar podia financiar a
defesa do litoral, superava a insegurança das rendas do comércio
do pau-brasil e oferecia condições para o conhecimento das possi-
bilidades minerais do Brasil. Este último objetivo, dominante no
projeto expansionista português, recebeu novos estímulos a partir
da conquista espanhola do México e posteriormente do Peru.
O mapa resume os resultados da ação portuguesa nessa etapa
dominada pelo extrativismo vegetal: o conhecimento litorâneo e a
fundação de feitorias para o armazenamento do pau-brasil.
No primeiro encarte, o roteiro de Cabral, segundo a Carta de
Caminha; o outro, de autoria de Jaime Cortesâo, mostra o local
dos principais sucessos do Descobrimento.
Besteiro português A besta, arma dos séculos XV e XVI, ainda persiste em
algumas regiões do Nordeste como brinquedo infantil. Quarenta homens armados
desta forma acompanharam Pero Lobo e Francisco Chaves numa entrada ao
interior do Brasil em 1531. (Desenho segundo uma escultura africana do século
XV existente no Museu Britânico.)
Caravela redonda A caravela, de origem moura e aperfeiçoada pelos portugue-
ses, empregava velas triangulares ("latinas") e era própria para navegar com
qualquer vento. Isto a tornou um elemento de grande eficiência nas explorações
marítimas.
AS PRIMEIRAS CAPITANIAS HEREDITÁRIAS
Associando particulares â colonização do Brasil, o Estado Por-
tuguês buscava consolidar o seu domínio sem prejuízo dos inte-
resses prioritários de outras áreas como a África e, sobretudo, a
Ásia. O sistema das donatárias organizou as atividades produtivas,
notadamente as da agromanufatura do açúcar e da pecuária,
propiciou a fundação das primeiras vilas e o exercício das ativida-
des jurídico-pollticas e culturais. Os privilégios concedidos aos
capitães-mores eram limitados pelo Estado Absolutista e tinham
seu exercício articulado à estrutura econômica dominantemente
escravista cuja produção era destinada quase toda ao setor de
consumo externo. As capitanias hereditárias permaneceram até o
século XVIII, quando foram abolidas nos reinados de D. João V e
de D. José I.
No encarte, a expedição de Martim Afonso de Sousa, que, além
do reconhecimento do litoral e do interior, da defesa do monopó-
lio comercial do pau-brasil, realizou também a fundação das vilas
deo Vicente e de Piratininga e a instalação do Engenho do
Senhor Governador, pertencente a Martim Afonso.
Brasão de Duarte Coelho O Rei D. João III conferiu-lhe este brasão, em 1545,
como prêmio aos serviços prestados no Oriente e em Pernambuco. Os cinco
castelos lembram as cinco povoações por ele fundadas, das quais conhecemos
apenas Igaraçu, Olinda e Paratibe. (Desenho segundo a descrição existente no vol.
III da História da Colonização Portuguesa do Brasil.)
Mapa do Brasil no século XVI Deve-se observar que, apesar de certas impreci-
sões e desproporções do desenho, o contorno da costa brasileira já era bastante
conhecido. Isto se deve ê relativa freqüência e ao interesse geogréfico des diversas
expedições que visitaram o Brasil. (Mapa de fins do século XVI existente ne
Biblioteca da Ajuda em Lisboa.)
Colono português Após a doação das primeiras capitanias começaram a chegar
os povoadores atraídos pela doeção de terras e demais incentivos concedidos pelo
Estado. Na maioria, provinham das áreas rurais, mas a sua experiência agrária teve
de ser ajustada é atividade produtora de base escravista, em regime de grande
propriedade agroexportadora. (Desenho composto segundo a obra de Alberto de
Souza: 0 Traje Popular em Portugal nos Séculos XVI e XVII.)
O GOVERNO-GERAL NO SÉCULO XVI
Para a instalação do Governo-Geral concorreram diversos ele-
mentos: o desigual resultado das donatárias, a permanência dos
concorrentes estrangeiros e o declínio das rendas comerciais da
África e da Ásia. A implantação desse órgão coordenador das
práticas coloniais no Brasil foi também estimulada pelo descobri-
mento e exploração de minerais no Cerro Potosf, na atual Bolívia,
e pela expansão promissora da produção açucareira. Os govema-
dores-gerais tinham a sua autoridade extensiva a todo o Estado
do Brasil, que então passou a compreender as antigas e novas
capitanias hereditárias às quais se acrescentaram as capitanias
reais. Destas últimas a primeira foi a da Bahia, onde foi fundada
Salvador, que permaneceu como capital até 1763.
O mapa informa as modificações resultantes da iniciativa cen-
tralizadora de D. João III, o povoamento simultâneo português e
espanhol de terras atualmente brasileiras e, no encarte, a divisão
temporária do Estado do Brasil. Esta mudança resultou do agrava-
mento da ameaça de dominação francesa em Cabo Frio e no
litoral do Leste e do Nordeste.
Índio tamoio Os Tamoios, divisão do grande grupo Tupi. foram aliados dos
franceses invasores do Rio de Janeiro. Após a expulsão destes, refugiaram-se em
Cabo Frio, de onde os expeliu definitivamente o Governador Antônio Salema
(Desenho composto com elementos do livro de Léry: Viagem â Terra do Brasil.)
Soldado francês do século XVI Além do comércio do pau-brasil, que permane-
ceu ativo em áreas não ocupadas do litoral, a ação colonialista francesa ensaiou
ocupar a Guanabara. 0 projeto teve a sua realização interrompida pela expulsão
dos invasores em 1567. (Desenho composto com elementos do livro de Léry:
Viagem à Terra do Brasil.)
Vila fortificada No século XVI, as cidades e vilas brasileiras defendiam-se dos
ataques dos índios e dos corsários com muros de taipa e cerca de madeira.
(Desenho adaptado de uma reconstituiçáo de São Paulo, no século XVI. da autoria
de José Wasth Rodrigues.)
A ECONOMIA NO SÉCULO XVI
A agromanufatura do açúcar forneceu a base econômica para a
valorização colonial do Brasil e a ela se subordinavam o extrativis-
mo do pau-brasil e a pecuária. A utilização em larga escala de
trabalhadores escravos, a disponibilidade de terras e a expansão
do setor de consumo externo concorreram para o enriquecimento
da classe proprietária e da burguesia comercial portuguesa e fla-
menga. Apesar disso, persistiam os interesses metalistas, como o
demonstram as numerosas entradas. 0 mapa mostra ainda a
pecuária em sua etapa inicial, ainda como atividade dependente
do açúcar. Faz exceção a área entre Salvador eo Cristóvão, nas
terras de Garcia d'Ávila, em que a criação de gado já era au-
tônoma.
Até 1 580, o comércio realizou-se com relativa liberdade, espe-
cialmente a concedida aos flamengos. A partir da União Ibérica
estabeleceu-se o regime de monopólio, inicialmente controlado
por frotas anuais.
Igreja da Graça, em Olinda Esta fachada é a única que nos resta do século XVI.
Graças aos estudos efetuados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional do MEC, podemos ter uma idéia, através desta igreja, do que seriam os
primeiros templos brasileiros.
Engenho de Megalpe Muito embora datando do início do século XVII, este
engenho nos dé uma idéia, graças ao seu aspecto de fortaleza, da insegurança dos
primeiros tempos de nossa história. (Desenho adaptado da aquarela existente no
Documentário Arquitetônico de José Wasth Rodrigues.)
Brasão do Estado do Brasil É interessante observar os símbolos que procuram.
mostrar as duas designações que recebeu o Brasil. (Desenho reproduzido do que
ilustra o artigo de Hélio Vianna, no Anuário do Museu Imperial, vol. X. 1949. 0
original se encontra no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, em Portugal.)
A CONQUISTA DO NORDESTE E DO
NORTE
A instalação do Governo-Geral conferiu
à defesa do domínio colonial português a
necessária coordenação e eficiência. Ao
terminar o século XVI, ele já era continuo
desde Salvador (1549) a Natal (1599).
No entanto, o Extremo Norte permane-
ceu isolado devido às dificuldades de co-
municação entre a Costa Leste-Oeste e o
Estado do Brasil e à impossibilidade de
expandir a produção açucareira em solos
pobres e arenosos. Esse isolamento favo-
receu tentativas de ocupação estrangeira:
franceses no Maranhão, mais tarde no
Amapá, e holandeses e ingleses que trafi-
cavam drogas do sertão no estuário ama-
zônico.
A vigência da União Ibérica
1580-1640 agravou essa competição
colonialista e teve como efeito o estimulo
às iniciativas de colonização do Extremo
Norte. Em 1621 foi instituído o Estado do
Maranhão (mais tarde do Grào-Pará e
Maranhão), separado do Estado do Brasil
e cujos limites se estendiam da Capitania
Real do Ceará ao Vice-Reino do Peru. Du-
rante o século XVII, nele dominou a ativi-
dade extrativa das drogas do sertão, à
qual se articulavam a criação de gado e a
agromanufatura do açúcar. 0 litoral entre
Natal eo Luis permaneceu praticamen-
te desabitado, exceção feita do núcleo mi-
litar que deu origem á atual Fortaleza.
Para facilitar a tarefa colonizadora, o
Estado distribuiu sesmaria, doou capita-
nias hereditárias e instituiu outras reais e
estimulou a catequese. Nesta prática co-
lonizadora distinguiram-se os jesuítas, os
franciscanos, os carmelitas e os merce-
dários.
A exploração do trabalho escravo indí-
gena produziu contínuos conflitos entre
os missionários e a classe escravista. Essa
oposição de interesses constitui um dos
fundamentos da Revolta de Beckman, no
Maranhão (1684/85).
0 encarte ilustra a entrada de Pedro
Teixeira, que estabeleceu comunicações
entre o Estado do Maranhão e as áreas
mineradoras do Vice-Reino do Peru, além
de assegurar a posse portuguesa de gran-
de parte do vale amazônico.
Missionário jesuíta As ordens religiosas colabora-
ram, de maneira decisiva, na fixação do elemento
indígena. Graças a isso, o povoamento das terras do
Norte pôde ser efetuado com maior rapidez. (Dese-
nho composto segundo o retrato do Padre Ma/agri-
da, existente no vol. VIII da História da Companhia
de Jesus no Brasil, do Padre Serafim Leite.)
índio tupinambé do Maranhão Para fortalecer o
seu domínio no Maranhão, os franceses procuraram
aliar-se aos Tupinambés. Vários desses índios estive-
ram na Europa onde foram tratados com grandes
homenagens, batizados a cumulados de presentes.
0 desenho mostra um deles com traje francês, usa-
do por ocasião de seu batismo e primeira comu-
nhão. (Desenho tirado do original que ilustra o livro
de Claude d'Abbeville: História da Missão dos Pa-
dres Capuchinhos na Ilha do Maranhão.
índio militarizado 0 Ihdio foi muito solicitado
como guerreiro contra estrangeiros e selvagens re-
belados. Observe-se o emprego do couro na indu-
mentária, como conseqüência da expansão da pe-
cuária, fator essencial no povoamento do sertão.
(Desenho segundo um códice do século XVIII exis-
tente no Museu Histórico Nacional, Rio de Janeiro.)
Soldado do século XVII A ocupação do Nordeste
e do Norte foi feita, sobretudo, em base militar. Para
tornar efetivo o domínio português naquelas terras,'
os colonos tiveram que lutar contra estrangeiros e
índios. (Desenho segundo elementos da indumentá-
ria militar do século XVII.)
Aldeia missionária As missões eram povoados
em que se reuniam populações indígenas sob a
direção de religiosos. Sua estrutura econômica, onde
se articulavam elementos feudais, se organizava
em base mercantil. (O desenho de Zacarias Wagner,
da comitiva do Conde João Maurício de Nassau
Siegen, serviu de base a esta reconstituição de um
estabelecimento missionário em Pernambuco.)
BANDEIRAS DOS SÉCULOS XVII E
XVIII
As bandeiras, organizadas pelos pro-
prietários do planalto de Piratininga, aten-
diam inicialmente á busca de escravos in-
dígenas, já que os rendimentos locaiso
suportavam os gastos com a importação
de africanos. A ocupação de portos ne-
greiros na África pelos comerciantes ho-
landeses conferiu a essa atividade regio-
nal da Capitania deo Vicente um estí-
mulo mercantil poderoso: a exportação
de escravos indígenas para as áreas açu-
careiras do Rio de Janeiro, Bahia e mes-
mo de Pernambuco.
A caça ao índio provocou conflitos com
a frente pioneira hispano-jesuítica, que, a
partir de Assunção, buscava alcançar o
Atlântico (Guairá, Uruguai e Tape) e arti-
cular-se ao Alto Peru (Itatín). Os ataques
dos sertanistas vicentinos frustraram a
ação desses representantes do colonialis-
mo espanhol.
O sertanismo de contrato articulou-se
aos interesses dos produtores de açúcar,
ameaçados pelos quilombos de Palmares,
e dos fazendeiros de gado, cuja atividade
exigia novas terras para se desenvolver.
Numerosos bandeirantes deslocaram-se
para o Leste e o Nordeste, onde mais tar-
de se fixaram nas terras que receberam
como retribuição àqueles serviços em Pal-
mares e reprimindo a Confederação dos
Cariris.
Outros sertanistas aceitaram os estímu-
los do Estado português dedicando-se à
pesquisa mineral. Em 1695 descobriu-se
ouro em Minas Gerais. O extrativismo do
ouro e do diamante impulsionou o povoa-
mento da Região Centro-Sul, disto resul-
tando a ampliação da rede urbana, maior
diversificação social e a qualificação do
Brasil como o centro econômico dos do-
mínios portugueses.
0 primeiro encarte informa as áreas de
conflito entre as bandeiras escravizadoras
de índios e as frentes pioneiras espanho-
las nos atuais territórios do Paraná, Rio
Grande do Sul e Mato Grosso. 0 outro,
segundo estudos de Sérgio Buarque de
Holanda, ilustra o Caminho das Monções,
que articulavao Paulo e Cuiabá.
Mapa de D. Luis de Céspedes Xeria Este governa-
dor espanhol do Paraguai viajou por terra de São
Paulo a Assunção e traçou o primeiro mapa da
região. (O original se encontra no Arquivo de índias,
em Sevilha.)
Candeeiro, adaga e espada dos séculos XVII e XVIII.
Bandeirante Observe-se o uso do "escupil" feito
de couro, acolchoado e que protegia contra as fle-
chas dos índios. (Desenho segundo as descrições
dos jesuítas, especialmente Montova, narrando os
ataques às missões espanholas feitos por bandeiran-
tes vicentinos.)
Casa da Câmara da Vila deo Paulo As câmaras
municipais foram um dos primeiros núcleos de resis-
tência és imposições do governo português. (0 dese-
nho reproduz a reconstituiçào feita por José Wasth
Rodrigues, segundo o original do mapa de D. Luis de
Céspedes Xeria.)
A ECONOMIA NO SÉCULO XVII
A pecuária, antes limitada aos enge-
nhos, expandiu-se, valorizando as terras
do interior em que era antieconômica a
produção de açúcar.o exigindo grande
capital inicial, oferecia condições aos que
o dispunham de recursos para investir
nas regiões produtoras de açúcar. Na cria-
ção de gado desenvolveram-se relações
de produção que se assemelham às da
etapa de declínio do feudalismo: o vaquei-
ro era juridicamente livre e participava do
produto.
A agromanufatura do açúcar desenvol-
veu-se sob o estimulo de condições favo-
ráveis, embora entrasse em crise na se-
gunda metade do século XVII. Esta mu-
dança foi em grande parte determinada
pela retração do mercado consumidor eu-
ropeu e pelo desenvolvimento de centros
concorrenciais nas Antilhas.
A penetração no vale amazônico e no
Maranhão foi impulsionada pelo extrati-
vismo das drogas do sertão, coletadas por
escravos indígenas. No entanto, o povoa-
mento regular teve para apoiá-lo a produ-
ção de açúcar, a pecuária e a agricultura
o organizada para a exportação. A utili-
zação de escravos indígenas, sobretudo
nos engenhos, e a insuficiência de recur-
sos para a importação de africanos tive-
ram como efeito o levante de proprietá-
rios conhecido como a Revolta de
Beckman.
O mapa também assinala a exploração
do ouro de lavagem na Capitania deo
Vicente e a expansão da criação de gado
em direção ao Prata. Esta última atividade
econômica serviu de base á tentativa de
acesso terrestre ao comércio com Buenos
Aires e os centros mineradores do Vice-
Reino do Peru. Esse intercâmbio, o co-
mércio peruleiro, já se realizava por via
marítima e articulava o Rio de Janeiro e
Buenos Aires e constituiu um dos deter-
minantes para a fundação da Nova Colô-
nia do Santíssimo Sacramento, em 1680.
Negra As necessidades econômicas, sobretudo
as da produção de açúcar, provocaram a intensifica-
ção da escravidão africana do Brasil. Por esta razão,
o litoral do Nordeste possui uma grande densidade
de população negra e mestiça, além de numerosas
contribuições africanas na culinária, na música e na
religião. (Desenho segundo original de Frans Post.)
Engenho A expansão da agromanufatura do açú-
car no Nordeste atraiu a cobiça de estrangeiros,
notadamente dos holandeses. Apesar das crises que
periodicamente ocorriam, as exportações de açúcar
foram as dominantes até a primeira metade do
século XIX. (Desenho baseado em uma tela de Frans
Post e pertencente é coleção de J. de Souza Leão.)
EXPANSÃO TERRITORIAL
A ação de diversas frentes pioneiras, a
partir do século XVI, excedeu o meridiano
de Tordesilhas e incorporou ao domínio
português territórios que deveriam perten-
cer à Espanha. Uma das principais áreas
de atrito localizava-se no Rio da Prata,
onde estava situada a Nova Colônia de
Santíssimo Sacramento, em terras atual-
mente uruguaias. A outra era o Amapá,
pretendido pelos franceses, sem que essa
reivindicação tivesse qualquer apoio para
legitimá-la, salvo o interesse em ocupar a
margem esquerda do Amazonas.
Pelo Tratado de Utrecht de 1713, a
França reconheceu o Oiapoque como limi-
te entre a sua Guiana e o Brasil. Com a
Espanha foram assinados os Tratados de
Madri (1750) e o de Santo lldefonso
(1777). 0 primeiro legalizava as incorpo-
rações territoriais luso-brasileiras, definin-
do praticamente o contorno atual do Bra-
sil. Em compensação, a Espanha assegu-
rava a posse da maior parte da bacia Pla-
tina, a Colônia do Sacramento e as Filipi-
nas. 0 primeiro mapa ilustra essas infor-
mações e mostra também o alcance-
ximo do expansionismo colonial, o Uru-
guai (1821/28).
0 segundo mapa indica as regiões inva-
didas por estrangeiros, como efeito da
disputa colonialista que se desenvolveu a
partir do século XVI. 0 terceiro esclarece
a tentativa de ocupação mais ambiciosa:
a holandesa.
0 último mapa destaca as transforma-
ções dos limites de acordo com as deci-
sões estabelecidas em 1750 e 1777. A
perda definitiva da Colônia do Sacramen-
to e o limite Extremo Sul no arroio Chuí,
que resultaram do Tratado de Santo llde-
fonso, e os Sete Povos das Missões, cedi-
dos a Portugal pelo Tratado de Madri. No
entanto, a sua incorporação definitiva só
ocorreu em 1801, após a guerra peninsu-
lar entre Portugal e Espanha.
Guarani da Missão de San Juan Bautista Esta
missão espanhola, em terras gaúchas, foi erguida
pelo Jesuíta Antonio Sepp. Chama-se atualmente
São João Velho. No traje da figura, o poncho, as
esporas, a cruz. Juntamente com os detalhes arquite-
tônicos. configuram a nova estrutura social missio-
neira, bem diferente da comunidade indígena que a
precedeu. (Desenho segundo o mapa figurado exis-
tente em Simancas, Espanha.)
índio minuano Este subgrupo dos Charruas per-
maneceu independente, reagindo à dominação colo-
nial. O desenho permite compará-lo com os guara-
nis aldeados pelos missionários. Observem-se a co-
bertura de pele, a lança muito comprida e as bolea-
deiras, depois utilizadas pelos vaqueiros gaúchos.
(Desenho composto com elementos do Diário do Dr.
José de Saldanha. 1787.1
Sargento holandês com alabarda A Nova Holan-
de estruturou-se na base da exploração comercial
do açúcar, no controle dos centros urbanos e na
ocupação militar. Durante o governo do Conde, de-
pois Príncipe, João Maurício de Nassau Siegen.
houve relativa paz que favoreceu a recuperação eco-
nômica do Nordeste. Durante a sua administração,
ergueu-se o Pelãcio das Torres ou Friburgo, que se
no segundo plano. (Desenho de acordo com
Barleus e pintores holandeses da época.)
A ECONOMIA E MOVIMENTOS NATI-
VISTAS NO SÉCULO XVIII
O extrativismo mineral do ouro e do
diamante transformou o Centro-Sul em
área dominante, â qual se subordinaram
outros centros produtores, notadamente
os do açúcar e os pecuaristas. A formação
de um setor de consumo interno nas Ca-
pitanias de Minas Gerais, Goiás e Mato
Grosso, ainda que temporário, diminuiu a
excessiva dependência econômica em re-
lação aos mercados europeu, africano e
rio-platense. Como efeito desta hegemo-
nia econômica, a capital do Estado do
Brasil foi transferida de Salvador para o
Rio de Janeiro, em 1763.
A crise econômica determinada pelo
declínio da mineração, na segunda meta-
de do século XVIII, foi atenuada pela res-
surreição agrícola, que valorizou o açúcar
e o algodão, principalmente. Também a
pecuária passou a figurar nas exportações
de couro e de sola, além de registrar o
desenvolvimento das charqueadas e sala-
deiros pela articulação com o extrativismo
salineiro no Nordeste e no Sul.
O mapa também localiza os conflitos
de interesse coloniais e metropolitanos.
Esta oposição manifestou-se em revoltas
e conspirações, estas últimas já progra-
mando a emancipação política do Brasil.
Bateia, almocafre (enxada empregada em minas) e
máquina de cunhar moedasA descoberta das mi-
nas teve grande influência na economia brasileira. 0
uso da moeda fa do desenho data de D. Maria I) me-
tálica tornou-se maior, embora, em certas regiões,
continuasse a troca comercial baseada em produtos
como o cacau, o algodão etc.
Palácio dos Governadores, em Ouro Preto A
mineração forneceu a bese econômica para que Vila
Rica constituísse um centro de produção artística
barroca. Um bom exemplo desta atividade é a atual
Escola de Minas, que o desenho mostra com seu
aspecto primitivo. (Desenho segundo a reconstitui-
ção do Prof. J. Wasth Rodrigues, publicada na Re-
vista do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional, 4.)
Cabocla do Amazonas Até o século XVIII, o
indígena foi o trabalhador mais importante na Re-
gião Norte, como escravo, servo nas missões e
juridicamente assalariado após a libertação decreta-
da pelo Marquês de Pombal, em 1755. Sua partici-
pação, embora fundamental, sofreu a ação modifica-
dora de outros agentes sociais, sobretudo a de
imigrantes europeus e dos escravos africanos. (De-
senho segundo o que ilustra a Viagem Filosófica, de
Alexandre Rodrigues Ferreira século XVIII.)
O IMPÉRIO DO BRASIL 1822-1889
A instalação das Províncias do Amazo-
nas e do Paraná aumentou as unidades
administrativas que se haviam constituí-
do nas Etapas Colonial (1500-1808) e
de Transição para o Estado Nacional
(1808-1822). 0 número restrito de novas
divisões territoriais resultava principal-
mente do declínio ou da insuficiência das
rendas de certas atividades econômicas
interioranas, como a mineração e a pe-
cuária, respectivamente. A importância
das exportações de açúcar, de algodão e
sobretudo do café acentuou o desequilí-
brio demográfico em benefício da orla
marítima. Um dos efeitos dessa mudança
foi a transferência das capitais das Provín-
cias do Piauí, Alagoas e Sergipe para lo-
calidades mais próximas do litoral. 0 ou-
tro foi o agravamento da carência de co-
municações terrestres que chegou a pro-
duzir problemas internacionais. A articula-
ção de Mato Grosso com o Rio de Janeiro
realizava-se através da bacia do Prata e
esta dependência produziu conflitos, dos
quais o mais grave foi a Guerra da Tríplice
Aliança (1864-1870).
0 mapa mostra a permanência do con-
torno territorial já fixado no século XVIII,
exceção feita das áreas litigiosas. Destas,
somente a da fronteira com o Paraguai foi
fixada pelo Tratado de Assunção, que en-
cerrou diplomaticamente a Guerra da Trí-
plice Aliança. As demais foram resolvidas
na Etapa Republicana, quando também
foi incorporado o Acre, depois de entendi-
mentos com a Bolívia e o Peru.
Observem-se, também, os locais da
Guerra da Independência e os dos confli-
tos produzidos pela oposição de interes-
ses entre a hegemonia do Sudeste e as
demais regiões brasileiras, desde a Confe-
deração do Equador (1824) á Revolução
Praieira (1848).
Casa residencial A partir da Abertura dos Portos,
a Formação Social Brasileira articulou-se diretamen-
te aos grandes centros mundiais, entre eles Paris.
Cm 1816 chegou ao Rio de Janeiro a Missão Artísti-
ca Francesa, cuja orientação estética neoclássica
tornou-se, então, a dominante.
Soldado de 1823 A Guerra de Independência
desenrolou-se principalmente na Bahia e nela inter-
vieram tropas populares. O traje do soldado ilustra a
importância da pecuária na economia e na indumen-
tária sertanejas. (Desenho tirado do livro Uniformes
do Exército Brasileiro, G. Barroso e J. Wasth Rodri-
gues.)
Farroupilha Segundo um quadro existente no
Museu de Bolonha, Itália.
Dama da corte do Primeiro Reinado 0 traje, de
inspiração francesa, foi reinterpretado ao gosto na-
cionalista, presente nas cores do manto verde com
bordados a ouro. (Desenho segundo o original de
Debret.)
A ECONOMIA NO SÉCULO XIX
Embora a economia permanecesse
agrária e escravista, subordinada ao setor
de consumo externo, a partir da segunda
metade do século começaram a se impor
as atividades econômicas em regime capi-
talista. O café, cujas exportações supera-
ram o algodão e o açúcar, manteve sua
hegemonia apesar da mudança do traba-
lho escravo pelo assalariado. Em sua pri-
meira etapa, enriqueceu os proprietários
fluminenses, mineiros e paulistas. Foi
também na Província deo Paulo que o
café passou a ser produzido por trabalha-
dores livres e assalariados, nacionais e es-
trangeiros. No Extremo Norte iniciou-se o
extrativismo da borracha, realizado princi-
palmente por imigrantes nordestinos.
As exportações de café destinadas prin-
cipalmente ao setor de consumo nor-
te-americano aumentaram a receita e di-
minuíram a dependência comercial em re-
lação à Inglaterra. Um dos efeitos dessa
nova situação foi o protecionismo alfan-
degário, adotado em 1844, que dificulta-
va as importações estrangeiras. Esses
dois elementos, articulados à abolição do
tráfico negreiro, em 1850, e aos investi-
mentos estrangeiros, produziram condi-
ções para que se ampliasse a rede bancá-
ria, as facilidades de crédito para a aplica-
ção em serviços urbanos, ferrovias e nas
primeiras indústrias. Nessa conjuntura si-
tuam-se as múltiplas iniciativas capitalis-
tas do Barão e Visconde de Mauá, das
quais e mais ambiciosa foi a tentativa de
implantação do Estaleiro da Ponta da
Areia, em Niterói.
Nessas novas condições, o trabalho es-
cravo tornou-se antieconômico pela sua
pequena capacidade consumidora. Os se-
tores capitalistas, constantemente refor-
çados, aumentaram a pressão abolicionis-
ta, que produziu a Lei Visconde do Rio
Branco, a Saraiva-Cotegipe e, finalmente,
a Lei Áurea, em 1888.
Fazenda fluminense Na antiga Província do Rio
de Janeiro localizou-se o centro dominante da pro-
dução escravista do café, posteriormente superado
pelas fazendas capitalistas de São Paulo.
Escudo do Brasil Império Os ramos de fumo e de
café mostram duas das principais riquezas do Brasil
imperial; as estrelas, as províncias; a cruz de Cristo e
a esfera armilar, a herança lusitana.
Negra mina A influência árabe é sensível neste
traje de baiana. O turbante, os balangandãs, o pano
listrado, o uso da cor branca resultaram dos contatos
comerciais entre as formações sociais norte-africa-
nas e outras partes do continente.
A "Baronesa" O nome homenageia o Barão e
Visconde de Mauá, cuja ferrovia pioneira inaugurou-
se em 1854. A ampliação das estradas de ferro
resultou principalmente no aumento das exporta-
ções, sobretudo as do café.
Lanceiro de
Morel.
Rosas, segundo um desenho de Carlos
Relíquias guerreiras No alto, um estandarte brasi-
leiro de regimento de cavalaria, bandeiras do Para-
guai, da Argentina (no tempo de Rosas) e a uru-
guaia, e flâmulas do Brasil e do Paraguai. Embaixo,
armas diversas, tambor paraguaio, couraça de lan-
ceiro de Rivera e as barretinas dos regimentos para-
guaios Acá Verá e Acá Carayà. Estes nomes guara-
nis significam, respectivamente, "cabeça brilhante" e
"cabeça de macaco"
1 OCUPAÇÃO DA BANDA OCIDENTAL
REVOLUÇÃO CISPLATINA E GUERRA
2 CONTRA AS P. UNIDAS
DO RIO DA PRATA
3 GUERRAS DE ORIBE E OE ROSAS
4 GUERRAS DE AGUIRRE
E DO PARAGUAI
5 GUERRA DO PARAGUAI
6 A DEZEMBRADA E A CAMPANHA
DAS CORDILHEIRAS
GUERRAS NO SÉCULO XIX
Os conflitos internacionais localizaram-
-se principalmente na região platina, cujos
rios garantiam as comunicações com Ma-
to Grosso. Este e outros problemas resul-
taram em guerras das quais a mais impor-
tante foi a da Tríplice Aliança (1864-
1870), contra o Paraguai.
0 primeiro mapa mostra a intervenção
luso-brasileira na Banda Oriental do Uru-
guai, que foi anexado ao Brasil como Pro-
víncia Cisplatina, em 1821. 0 seguinte
ilustra a Revolução Cisplatina e a guerra
contra as Províncias Unidas do Rio da
Prata. Delas resultou a independência do
Uruguai, que foi reconhecida em 1828
pelo Tratado do Rio de Janeiro.
As campanhas contra Oribe e seu alia-
do Rosas podem ser estudadas no mapa
seguinte. Os últimos informam a guerra
contra Aguirre e a da Tríplice Aliança, esta
o maior conflito armado da América do
Sul. 0 encarte destaca a Dezembrada,
com as vitórias obtidas sob o comando de
Caxias, e a Campanha da Cordilheira,
onde foram derrotadas as últimas forças
de Solano López.
Gaúcho brasileiro Devido à posição limítrofe, os
habitantes da antiga Província de São Pedro do Pio
Grande do Sul foram muito solicitados nas lutas em
que o Brasil se envolveu no Rio da Prata. No unifor-
me deste soldado foram aproveitados diversos ele-
mentos da indumentária dos vaqueiros das es-
tâncias.
AS TRANSFORMAÇÕES DA MÃO-
-DE-OBRA
O emprego de trabalhadores escravos
resultou da organização de uma estrutura
econômica subordinada aos interesses do
setor de consumo externo. No entanto,
embora fosse dominante a participação
dos escravos, também se desenvolveram
outros tipos de relações sociais de impor-
tância mais limitada. Na agromanufatura
do açúcar, por exemplo, havia trabalhado-
res assalariados, e na pecuária, o vaquei-
ro tinha direito a uma parte menor do
produto, como no sistema econômico
feudal.
No entanto, a reprodução da estrutura
econômica era determinada basicamente
pela exploração do escravo indígena e
africano. O primeiro era obtido por apre-
samento direto eo através de um inter-
câmbio regular, como ocorria com os tra-
balhadores importados da África. Comu-
mente era capturado depois de ataques
às aldeias indígenas, às missões religio-
sas, como ocorreu nas entradas amazôni-
cas e maranhenses ou nas bandeiras vi-
centinas. De forma menos freqüente, con-
seguiam-se escravos pela prática do es-
cambo, isto é, troca de prisioneiros de
guerras intertribais por produtos forneci-
dos pelos proprietários escravistas. Várias
vezes proibida, outras tantas permitida, a
escravidão indígena foi oficialmente extin-
ta pelo Marquês de Pombal, em 1755.
A escravidão de africanos permaneceu
até o século XIX. Em 1850, sob pressão
dos interesses capitalistas nacionais e es-
trangeiros, notadamente da burguesia in-
glesa, o tráfico negreiro foi abolido. Com
isso, a reprodução do trabalho escravo fi-
cava condicionada ao crescimento vege-
tativo no Brasil. A manutenção do traba-
lhador escravo tornou-se gradativamente
antieconômica, na medida em que se de-
senvolviam as formas de produção capita-
listas. A última grande área de manuten-
ção da economia escravista foram as fa-
zendas de café. O seu declínio, sobretudo
no final do século XIX, fortaleceu a cor-
rente abolicionista, que se tornou vitorio-
sa em 1888. Já então as relações de tra-
balho assalariado se haviam imposto, in-
corporando trabalhadores nacionais e imi-
grantes estrangeiros.
No encarte, segundo Aroldo de Azeve-
do e Renato Mendonça, as linhas do tráfi-
co negreiro e as áreas lingüísticas africa-
nas que interessam ao Brasil.
Negro escravo As fugas, a organização de qui-
lombos e as revoltas urbanas foram práticas de
reação dos africanos e dos seus descendentes à
dominação escravista. O colar de ferro identificava
os escravos capturados depois de uma tentativa
frustrada de evasão. (Desenho segundo Debret, sé-
culo XIX.)
Índia A escravidão indígena coexistiu com e de
africanos até o século XVIII. Ela foi a relação de
trabalho mais importante na Amazônia, no Mara-
nhão e em São Vicente, principalmente. (Desenho
segundo Frans Post, século XVII.)
Vista de Petrópolis em 1870 Petrópolis, Nove
Friburgo, Blumenau, São Leopoldo, e outras cidades
brasileiras são resultado da colonização estrangeire.
Graças a esses imigrantes ampliou-se o trabalho
livre em nossa pátria. (Desenho segundo fotografia
de Marc Ferrez.)
Vaqueiro Na pecuária, as relações de trabalho
assemelhavam-se ás do sistema feudal. Elementos
medievais, sobretudo portugueses, permanecem
reinterpretados na produção folclórica das áreas de
criação de gado no Nordeste. (Desenho segundo
uma aquarela de Landseer.)
QUESTÕES INTERNACIONAIS
Na Etapa Republicana, anterior à Revo-
lução de 1930, foram solucionadas as
questões de fronteira que ainda se manti-
nham. Optando pelo arbitramento, o Go-
verno brasileiro pôde resolver satisfatoria-
mente as divergências com a Argentina e
a França. Na defesa dos direitos do Brasil
atuou o Barão do Rio Branco, mais tarde
Ministro das Relações Exteriores. Apenas
o território litigioso do Pirara, disputado
pela Grã-Bretanha, recebeu uma decisão
arbitrai menos favorável, apesar dos es-
forços de Joaquim Nabuco.
A questão mais grave foi a do Acre.
Trabalhadores nordestinos que buscavam
novas reservas de seringueiras penetra-
ram pelos rios Purus, Juruá e Javari, por
onde alcançavam territórios pertencentes
à Bolívia e ao Peru. A ocupação dessas
áreas por frentes pioneiras do Brasil teve
como resultado choques armados com
forças bolivianas. Os efeitos desses confli-
tos foram limitados pela abertura de ne-
gociações diretas dirigidas pelo Chanceler
Barão do Rio Branco. Pelo Tratado de Pe-
trópolis, o Governo da Bolívia concordou
em ceder a região contestada, recebendo
em troca uma indenização e o compro-
misso da abertura da Estrada de Ferro
Madeira—Mamoré. Posteriormente, o
Tratado do Rio de Janeiro, assinado com
o Peru, completou a incorporação do atual
Estado do Acre ao Brasil.
Além de participar constantemente das
diversas etapas da política pan-america-
na, o Brasil também interveio nas duas
Guerras Mundiais. Especialmente na Se-
gunda, a colaboração com os aliados ma-
nifestou-se no fornecimento de recursos
econômicos, em facilidades ao aproveita-
mento estratégico do litoral brasileiro e
no envio de tropas á Itália. O mapa da
Segunda Guerra Mundial assinala as prin-
cipais operações militares, entre elas as
vitórias de Monte Castelo e de Montese.
Seringueiro O desbravamento e ocupação de
várias áreas da Amazônia foi estimulado pelo extrati-
vismo da borracha, realizado principalmente por tra-
balhadores nordestinos. Sua presença foi também
marcante na incorporação do Estado do Acre ao
Brasil.
Soldado da FEB O "pracinha" tornou-se motivo
de orgulho na contribuição brasileira em prol da
democracia. Seu heroismo granjeou-lhe a estime e a
admiração de nossa gente, dal o apelido carinhoso
com que se popularizou.
Paisagem amazônica.
história da América
A aproximação, a vinculação entre os povos americanos, tem
sido incentivada na base de entendimentos comerciais, que pro-
duzem realmente um resultado positivo, maso suficiente para
assegurar a compreensão política e cultural. Restringindo-se a
certas áreas, essa vinculaçãoo tem sido levada a todas as
camadas da humanidade continental, de maneira a criar um espí-
rito efetivamente americano. Tem faltado a esse esforço apreciá-
vel a revelação, aos povos que compõem o quadro político do
Novo Mundo, do que eles são, do que valem, do que estão efe-
tuando e de como sem comportando no andar dos anos.
Revelação que deve partir das raízes coloniais para chegar aos
nossos dias, quando as conferências, os acordos e os órgãos de
elevados objetivos tentam a grande tarefa da solidariedade mais
positiva.
Há toda uma imensa necessidade de, através da História, escla-
recer a América a propósito da conveniência, cada dia mais impe-
rativa, de integrar-se num conjunto fraterno, essencial ao seu
desenvolvimento e à sua dignificação, pondo-se termo às diferen-
ças que encontram seu maior destaque no que chamamos hoje de
subdesenvolvimento.o se poderá criar a grande família ameri-
cana enquanto os povos que a devem formar se ignorarem e,
portanto,o se puderem estimar.
O ensino da História da América, por isso mesmo, impõe-se,
como um dos melhores instrumentos para essa obra de tamanha
significação, levando a um máximo de indivíduos a lição admirável
das gerações de ontem. Ensino da História realizado com a preo-
cupação de indicar as fases mais decisivas do processo de forma-
ção e de crescimento dos países que resultaram da aventura
européia, iniciada pelos portugueses, continuada pelos espanhóis,
pelos franceses, pelos ingleses e pelos holandeses, e assegurada,
na continuidade temporal, pelo trabalho construtivo de seus na-
cionais.
Nos mapas que organizamos, servindo-nos da experiência de
consagrados mestres portugueses, espanhóis, franceses e nor-
te-americanos e de nossas próprias concepções, procuramos
seguir os programas, visando proporcionar aos estudantes os ele-
mentos indispensáveis para que obtenham, nessas peças carto-
gráficas, os dados necessários a uma melhor compreensão do pas-
sado americano.
Partimos dos grupos pré-colombianos e das culturas mais im-
portantes que elaboraram, registrando o que nos pareceu funda-
mental para caracterizá-los. A conquista e o domínio dos euro-
peus foram indicados em várias cartas, em que procuramos distin-
guir as empresas de colonização uma das outras, de maneira a
permitir uma informação mais nítida do que cada uma represen-
tou. No particular da ação da Espanha, tivemos a preocupação de
estudar separadamente a conquista, a colonização e a organiza-
ção do domínio. É que numa carta única seria difícil assinalar os
episódios de maior importância. A conquista por si é uma página
distinta, como o capítulo seguinte tem também sua esfera própria.
Era necessário, ademais, fixar, além da atuação dos governantes
civis, a que convencionamos chamar de conquista espiritual, efe-
tuada pelas Ordens Religiosas, e a dos homens de negócio, que
foram motivação fundamental na operação do Novo Mundo.
A independência está apresentada em vários mapas de maneira
a permitir uma idéia precisa dos vários movimentos que ocorre-
ram, nas suas diferenças de tempo, de espaço e de processos,
inclusive as marchas dos exércitos libertadores.
Dos Estados Unidos figuram, além da parte relativa à indepen-
dência, os episódios da guerra de Secessão e da formação da
base física, isto é, a ampliação de seu território, bem como de sua
projeção exterior, nas Antilhas e no Pacífico.
Os conflitos militares posteriores às jornadas da independência
foram cartografados num mínimo de detalhes. Tivemos, assim, o
propósito de evitar o avivamento de fatos que, seo podem ser
esquecidos pelo que representam nos fastos nacionais de vários
países, devem ser menos utilizados quando porfiamos para elabo-
rar uma consciência de americanismo que se deve afirmar em
sentimentos pacifistas eo em hegemonias resultantes de ações
drásticas.
O mapa relativo à América em nossos dias inclui o Canadá com
certo relevo, pelo que ele representa como realização atual no
campo do progresso. Foi nosso propósito mencionar todos os
grandes momentos em que os povos americanos, em conferên-
cias e assembléias pacíficas, procuraram dar sentido pragmático
aos projetos e anseios de solidariedade. Igualmente, os movimen-
tos migratórios que trouxeram nova seiva ao desenvolvimento
continental e a contribuição das Américas nos sucessos militares
que, em duas épocas do século XX, determinaram modificações
profundas na vida universal.
Por fim, queremos explicar que o Brasil, por haver parte espe-
cial a ele consagrada, apenas é referido no essencial para uma
compreensão, em termos de comparação, da sua presença na
comunidade americana.
Arthur Cézar Ferreira Reis
MIGRAÇÕES E DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA DOS PRINCI-
PAIS GRUPOS INDÍGENAS
A origem do primeiro habitante da Américao se encontra ainda
definitivamente assentada. Afirmam alguns historiadores que o ho-
mem da América é originário do próprio território americano. Asse-
veram outros estudiosos que foi em virtude de movimentos migra-
tórios oriundos do Pacífico que se operou a vinda dos seres huma-
nos para o nosso continente, através de vias marítimas ou terrestre
(estreito de Bering). Os principais grupos indígenas encontrados pe-
los descobridores europeus foram os seguintes: Esquimó, Algonqui-
no, Sioux, Shoshone, Nahua, Asteca, Pano, Araucano, Pampa, Je,
Diaguita, Guaicuru, Chiquito, Guató, Maia, Chibcha, Aruaque, Quí-
chua, Aimara, Bororó e Tupi-Guarani.
A AMÉRICA PRÉ-COLOMBIANA
As culturas primitivas americanaso geralmente classificadas
em quinze grupos, como se vê no mapa maior. Para tal classifica-
ção foram observados os tipos de habitação, remos de embarca-
ções, alimentação, vestuário, cultura da mandioca, obtenção do
fogo, tecido, uso de trombeta. Três Impérios Inca, Maia e
Asteca, o primeiro no Peru, o segundo na América Central e o
terceiro no México distinguiram-se dos demais pela organiza-
ção política, religião, monumentos materiais e espirituais, sistema
de vida, comércio, produção artística e literária, conhecimento da
matemática e da astronomia. A cidade de Cuzco era a capital do
Império Inca, e Tenochtitlán, a do Império Asteca. À chegada dos
espanhóis, o Império Maia estava em decadência.
VIAGENS DOS ESPANHÓIS
As quatro viagens de Cristóvão Colombo acham-se indicadas
nos roteiros ao lado como também a da primeira volta ao mundo
realizada por Fernão de Magalhães e Sebastião Elcano, que subs-
tituiu o navegador português a serviço dos reis da Espanha.
Os roteiros das viagens de outros navegantes espanhóis, no
1º século do achamento da América, Vicente Yãnez Pinzón, Juan
Dias de Solis, Alonso de Ojeda e Diogo de Lepe encontram-se
igualmente assinalados em outro mapa e constituem uma contri-
buição ponderável para o esclarecimento da dúvida se Colombo
chegou às índias por um caminho queo aquele encontrado
pelos portugueses, ou a um outro continente.
CONQUISTA ESPANHOLA
A conquista da América pelos espa-
nhóis começou pela região das Antilhas.
A ilha de Híspaniola foi a primeira terra
ocupada.
Em seguida os conquistadores espraia-
ram-se continentes afora, após duros e
cruéis combates com os indígenas. Distin-
guiram-se na façanha militar: Hernão Cor-
tez, no México; Francisco Pizarro, no Pe-
ru; Diego de Almagro e Pedro de Valdívia,
no Chile. Nos territórios queo hoje a
Venezuela, Colômbia e na região do Rio
da Prata, a penetração e conquista do es-
paço fez-se menos violentamente e nela
se distinguiram: Rodrigo de Bastidas, Se-
bastião de Benalcazar, Nicolas Federman,
D. Pedro de Mendonza, Martínez de Irala
e Juan de Gara. Cidades e estabelecimen-
tos militares, ao longo da costa, marca-
ram a vitória e a permanência dos con-
quistadores, cuja atuação drástica provo-
cou campanha contra Espanha, contida
no que se denominou de "lenda negra". A
superioridade de armas e de técnica na
ação militar explicam a rapidez e o êxito
da conquista. Missões religiosas realiza-
ram então obra de pacificação e de con-
quista espiritual dos gentios, pondo fim
ao conflito armado. As principais Ordens
Religiosas foram: Jesuítas, Mercedários,
Franciscanos, Agostinianos, Capuchinhos
e Dominicanos. As missões mais impor-
tantes foram no Paraguai, em Chiquitos,
Mojos, Maynas, no Orenoco e na Califór-
nia. As missões jesuíticas do Paraguai al-
cançaram fama mundial. O Pacífico, reve-
lado em 1513 pelo navegante espanhol
Vasco Nunez de Balboa, foi denominado
Mar del Sul.
COLONIZAÇÃO PORTUGUESA
O Tratado de Tordesilhas atribuiu a Por-
tugal, na América do Sul, um território ao
longo do Atlântico. A ocupação do litoral
realizou-se no primeiro século da desco-
berta, começando pelo sistema das capi-
tanias hereditárias. A colheita dos produ-
tos florestais na Amazônia, a criação de
gado nos sertões nordestino e no Extremo
Sul, a cultura da cana e a fabricação do
açúcar no Nordeste úmido, a extração do
ouro em Minas, Mato Grosso e Goiás le-
varam à ampliação do território e à forma-
ção das várias áreas sociais, econômicas
e culturais do Brasil colonial, empresa em
que se distinguiram os bandeirantes pau-
listas e os sertanistas de Pernambuco,
Bahia e Amazônia. As missões religiosas,
em particular as da Companhia de Jesus,
especialmente na Amazônia e no Nordes-
te, asseguraram a contribuição pacífica
do elemento indígena. Os Tratados de
Madri e S. Ildefonso, celebrados respecti-
vamente em 1750 e 1777, legalizaram a
expansão bandeirante. Núcleos urbanos,
fortificações e administrações locais, re-
presentadas em capitanias-gerais e capi-
tanias subordinadas, controladas em Lis-
boa pelo Conselho Ultramarino, assegura-
ram a fronteira e estabilidade interior e
litorânea da Colônia.
COLONIZAÇÃO ESPANHOLA
Os espanhóis, à medida que aumenta-
vam suas responsabilidades com a am-
pliação da conquista, estabeleceram a se-
guinte organização para o domínio das
terras americanas sob sua soberania: 4
Vice-Reinados, 4 Capitanias-Gerais, Inten-
dências, "Gobernaciones" e, em relação à
ordem judiciária, Audiências. Em cada-
cleo urbano funcionava uma edilidade,
denominada Cabildo. Os Vice-Reinados
foram: Nova Espanha (México), Peru, No-
va Granada (Colômbia e Equador), Prata
(Argentina, Uruguai, Paraguai e Bolívia).
As Capitanias foram: Cuba (Cuba, Flórida,
S. Domingos e Porto Rico), Guatemala
(América Central), Venezuela e Chile. As
Audiências eram em número de 14. Para
a direção da vida espiritual havia 4 arce-
bispados e 31 bispados. 0 controle políti-
co e econômico do Império processava-se
através do Conselho das índias, sediado
em Sevilha, e da Casa de Contratação,
sediada em Cádiz. As relações de comér-
cio, a principio limitadas de acordo com o
regime de monopólio vigente, perderam,
no século XVIII, o seu caráter rígido. O
mapa indica os principais caminhos do
comércio interno e externo.
COLONIZAÇÃO FRANCESA
Foi pela Terra Nova e pela Acádia, que os franceses principia-
ram, na América do Norte, sua empresa colonial. Prosseguiram-na
através da exploração do rioo Lourenço, onde fundaram Que-
bec, Montreal e Porto Real. Samuel de Champlain, Jean Talon,
Conde de Frontenac, Marquês de Montcalm distinguiram-se na
montagem e na defesa do Império, contestado pelos ingleses.
Como o Padre Marquette, Joliet, La Salle, Iberville distinguiram-se
na expansão pela Luisiana. Colbert foi o impulsionador da criação
do império. Alcançaram depois a região dos grandes lagos é che-
garam à bacia do Mississípi e ao golfo do México. A guerra com
os ingleses fez com que perdessem os domínios do litoral atlânti-
co e os territórios interiores. Na Flórida, a empresa colonial fran-
cesa teve menos expressão. Nas Antilhas, a colonização baseou-
se na mão-de-obra negra e na produção de gêneros tropicais,
principalmente no Haiti, Martinica e Guadalupe. Na América do
Sul, além das tentativas no Rio de Janeiro e Maranhão, ocuparam
a ilha de Caiena, na região das Guianas.
COLONIZAÇÃO INGLESA
Os ingleses iniciaram sua empresa co-
lonial na América durante o reinado da
Rainha Isabel I, estabelecendo-se na Terra
Nova e, a seguir, na Virgínia, na ilha de
Roanoke. As Companhias de Londres e de
Plymouth, beneficiárias de doações regias
ao longo da Costa Norte da América, de-
ram então começo á ocupação de seus
territórios. Em dezembro de 1620, os pe-
regrinos, que vieram da Inglaterra pelo
barco Mayflower, atingiram Cape Cod,
fundando Plymouth, na Região Norte, de-
nominada Nova Inglaterra. As demais co-
lônias foram: Maryland, Carolina do Nor-
te, Carolina do Sul, Geórgia, New Hamp-
shire, Massachusetts, Rhode Island, Nova
Iorque, Nova Jérsei, Pensilvânia e Dela-
ware. Ingleses, escoceses e irlandeses,
premidos por motivos religiosos e políti-
cos, constituíram a grande imigração ini-
cial que deu segurança às colônias então
estabelecidas. No Norte, elaborou-se uma
economia urbana, enquanto, no Sul, as
grandes propriedades e uma lavoura tropi-
cal constituem o fundamento maior da
colonização. Em todas essas colônias o
governo era constituído pelos próprios co-
lonos, sem interferência maior da Coroa,
representada por um governador. As as-
sembléias locais regulavam a vida re-
gional.
Os suecos e os holandeses pretende-
ram criar áreas coloniais, fundando Nova
Suécia e Nova Holanda, mas os ingleses
os atacaram e dominaram. A cidade de
Nova Amsterdã, holandesa, em conse-
qüência, passou a ser Nova Iorque.
AS TREZE COLÔNIAS E OS E.U.A. ATUAIS
1 _ Massachusetts
2 _ N. Hampshire
3 _ Rhode Island
4 _ Connecticut
5 _ Nova Iorque
6 _ Nova Jérsei
7 _ Penailvània
8 _ Delaware
9 _ Maryland
10 _ Virgínia
11 _ Carolina do Nonte
12 _ Carolina do Sul
13 _ Geórgia
OS ESTADOS UNIDOS
NA ÉPOCA DA INDEPENDÊNCIA
A mudança da política fiscal, seguida
pela Inglaterra sobre as 13 colônias que
possuía na América do Norte, determinou
o protesto de Filadélfia (5-9-1774). Os in-
gleses tinham determinado uma nova tri-
butação queo se enquadrava no costu-
me constitucional. Os "colonos" reuni-
ram-se em Assembléia, lavraram seu pro-
testo e fizeram a Primeira Declaração de
Direitos, que tiveram repercussão mundial
e levaram a pronunciamentos contrários
na própria Europa.
Os patriotas locais, sob o comando de
George Washington, travaram os primei-
ros choques armados com as forças
regulares. O encontro de Lexington
(19-4-1775) iniciou as lutas militares que
terminaram em Yorktown (19-10-81),
com a rendição final das forças inglesas.
Os patriotas norte-americanos tiveram
nessa fase da luta o auxílio de forças mili-
tares francesas, comandadas por Lafayet-
te e Rochambeau, e da Espanha, que lhes
proporcionou facilidades materiais. Geor-
ge Washington, no comando supremo
das forças patrióticas, revelou-se um ex-
cepcional chefe militar. A passagem das
tropas sob seu comando pelo rio Delawa-
re é considerada uma invulgar proeza mi-
litar. Um Segundo Congresso Continental,
reunido em 4 de julho de 1776, ainda na
Filadélfia, aprovou a célebre Declaração
da Independência, redigida por Thomas
Jefferson.
Teatro de guerra nas colônias
do Leste e Centro 1775-1780
INDEPENDÊNCIA DO MÉXICO E AMÉRICA CENTRAL
No México a luta pela independência iniciou-se em Dolo-
res (1810-1811), sob a chefia do Padre Miguel Hidalgo, e
continuou-a outro padre. José Morellos y Pavón (1811-
1812). Foi uma luta extremamente violenta. Um Congresso
reunido em setembro de 1813, na cidade de Chilpancingo,
proclamou, a 6 de novembro do mesmo ano, a independên-
cia, que veio a ser alcançada, de fato, somente em setembro
de 1821, ao fim da dominação espanhola. A América Cen-
tral, que se incorporara ao México, proclamou-se indepen-
dente, formando, então, as Províncias Unidas do Centro da
América. Em 1838, a Federação rompeu-se. Uma a uma, as
cinco regiões políticas se foram declarando soberanas: Hon-
duras (1838), Costa Rica (1838), Nicarágua (1838),o
Salvador (1841), Guatemala (1847-48). O Panamá, provín-
cia da Colômbia, desligou-se em 1830 daquela república,
voltando a incorporar-se a ela no mesmo ano. Em 1903, po-
rém, separou-se definitivamente da Colômbia, constituindo-
-se então, em nação soberana.
O Haiti, colônia francesa, foi a segunda a alcançar a indepen-
dência. A população escrava, chefiada por Baouckman, Toussaint
Louverture e Dessalines, caminhou para a independência sem
brancos a orientá-la, agitada pelos princípios de liberdade, igual-
dade e fraternidade da Revolução Francesa.
Em 23-8-1 793, Santhonax proclama livres os escravos da ilha. A
independência foi finalmente obtida em 1-1-1804.o Domin-
gos, em 1801, foi dominada pelos haitianos; de 1802 a 1806,
esteve em poder dos franceses; Nunez de Cáceres proclamou a
independência (1-2-1820), e, em 1822, voltou ao domínio do
Haiti. Francisco Sánchez, em 1844, reproclamou a independência;
em 1861 voltou ao domínio espanhol; em 1865, com Juan Pablo
Duarte, a independência tornou-se realidade.
EMANCIPAÇÃO
POLÍTICA DAS ANTILHAS
A luta armada pela independência de Cuba começou em
19-5-1850, com a tentativa de Narciso Lopes. Carlos Manoel de
Cespedes proclamou a independência em 10-10-1868, iniciando
a guerra dos dez anos. Em 1895, começou em Oriente a terceira
guerra, que terminou com a intervenção norte-americana, devido
ao afundamento do Maine (15-2-1898) e a destruição da es-
quadra espanhola em Santiago de Cuba (3-7-1898). Chefiou o
movimento, com a pregação libertadora, o intelectual José Marti,
morto logo no início do movimento. A empresa militar foi conti-
nuada por Antonio Maceo e Maximo Gomes. As forças norte-ame-
ricanas deixaram o país em 1901, quando assumiu o governo o
primeiro presidente da República, Tomaz Estrada Palma.
EMANCIPAÇÃO POLÍTICA
DA AMÉRICA DO SUL
A ideologia revolucionária, visando a in-
dependência do império espanhol, toma ex-
pressão no século XVII, com a penetração
das idéias do "iluminismo", já nos séculos
XVI e XVII se haviam registrado pronuncia-
mentos de natureza política que podem ser
considerados como expressões: de descon-
tentamento contra a Espanha e de aspi-
rações liberais.
Em 1806, o General Francisco de Miran-
da tentou obter a independência da Vene-
zuela. Em 1810, em face da invasão france-
sa à Espanha e da destituição de seus go-
vernantes reais (Carlos IV e Fernando VII),
em várias cidades da América espanhola fo-
ram organizadas juntas fiéis à Espanha,
ante a ameaça francesa ao território sul-
americano. A primeira República da Vene-
zuela foi proclamada pelo General Miranda,
em 2-3-1811, mas teve de capitular, em ju-
nho de 1812, perante as forças espanholas.
Simon Bolívar iniciou sua vitoriosa campa-
nha de libertação em Cartagena nos de
outubro de 1812. Os territórios da Colôm-
bia e Venezuela foram inicialmente o teatro
da grande luta. Mais tarde, o movimento li-
bertador estendeu-se ao Equador. Em An-
gustura, foi proclamada, em 17 de de-
zembro de 1823, a Grã-Colômbia, que
compreendeu a Venezuela, a Colômbia e o
Equador, que por fim romperam a unidade,
constituindo-se Estados soberanos.
No Chile, a luta foi comandada por Ber-
nardo O'Higgins e pelo genetal argentino
San Martin, que atravessou os Andes, sain-
do vitorioso, em 1818, na batalha de Mai-
pu. A seguir, San Martin dirigiu-se ao Peru,
em cuja capital entrou em julho de 1821.
Na Bolívia, as expedições enviadas pelos
argentinoso haviam obtido êxito. A vi-
tória foi alcançada pelo exército do General
Sucre. O Paraguai, vencidos os argentinos,
desligou-se da comunidade platina e isolou-
se. No Uruguai, o General Artigas lutou
pela independência contra os espanhóis,
argentinos e portugueses. Incorporado ao
Brasil, em 181 7, a sua independência só foi
alcançada em 1828.
Em Junin e em Ayacucho, no ano de
1824, os espanhóis sofreram as derrotas
que puseram fim ao seu domínio na
América do Sul.
No Brasil, a guerra da Independência foi
travada na Bahia (Batalha de Pirajá), no
Piauí, no Maranhão e no Uruguai (Cisplati-
na).
A antiga Guiana Inglesa foi declarada in-
dependente a 25-5-1966, com o nome de
Guiana. A Guiana Holandesa, recentemente
declarada independente, adotou o nome de
Suriname, permanecendo apenas a Guiana
Francesa na condição de colônia.
EXPANSÃO TERRITORIAL DOS ESTADOS UNIDOS
A expansão territorial dos Estados Unidos começou durante a
Guerra da Independência, quando os colonos ocuparam terras
situadas a leste do Mississípi. A Luisiânia foi comprada à França
em 1803, por 60 milhões de francos. A Espanha cedeu-lhe a
Flórida, mediante indenização de 5 milhões de dólares. Através de
meios diplomáticos, obteve da Grã-Bretanha o território de Ore-
gon, as montanhas Rochosas e o rio Santa Cruz, no Maine. A
guerra contra o México proporcionou, pelo tratado de paz de
1848 e mediante a indenização de 15 milhões de dólares, novas
áreas: Texas, Novo México, Arizona, Colorado, Califórnia superior.
Em 1853, por outra indenização de 10 milhões de dólares, obteve
nova retificação da fronteira com o México. Em 1867, comprou da
Rússia, por 7 milhões de dólares, o que é hoje o Alasca. As
ferrovias, ligando o Atlântico ao Pacifico, facilitaram o povoamen-
to desse vasto território, alimentado pelas correntes migratórias
européias. A expansão alcançou, no Atlântico, as Antilhas Dane-
sas e Porto Rico, hoje Estado Associado; no Pacifico, o arquipéla-
go do Havaí, as Filipinas, Wake e Midway. O canal do Panamá
encerrou o movimento de ampliação da base física norte-america-
na. A história do deslocamento de fronteira constitui, em conse-
qüência, o motivo central do processo norte-americano de forma-
ção. À medida que avançam a fronteira, nas áreas incorporadas
eram criados territórios federais, mais tarde elevados à condição
de Estados.
GUERRA CIVIL 1861-1865
As diferenças entre as colônias do Norte e as do Sul datam do
período colonial. A mão-de-obra escrava, no Sul, era o esteio do
sistema econômico-social. A eleição de Abraão Lincoln, em 1860,
favorável ao fim da escravatura, favoreceu o rompimento da uni-
dade nacional. A Guerra de Secessão foi iniciada pela tomada do
Forte Sumter, pelos confederados, em 12-4-1861. Os Estados do
Sul, que inicialmente se separaram da União, eram os seguintes:
Carolina do Sul, Geórgia, Flórida, Texas, Luisiana, Mississípi, Ala-
bama (4-2-1861). Posteriormente, a Carolina do Norte, Arkansas,
Tennessee e Virgínia Oriental aderiram à Confederação. Os Esta-
dos de Maryland, Virgínia Ocidental, Kentucky e Missúri
recusaram-se a participar da Confederação. A luta foi longa e
cruenta, tendo havido importantes batalhas. As forcas militares da
União foram comandadas pelo General Grant, e as da Confedera-
ção, pelo General Lee. 0 Presidente da República, Abraão Lincoln,
que proclamou a emancipação dos escravos e dominou o conflito
armado, conseguiu restabelecer a unidade política da nação. Em
Appomatox (9-4-1865), o General Lee, confederado, rendeu-se ao
General Grant, da União. Estava terminada a luta militar. Cinco
dias após, Lincoln era assassinado.
CONFLITOS ARMADOS
NA AMÉRICA DO SUL
Os anos que se seguiram à conquista
da independência dos países hispa-
no-americanos foram muito difíceis. A lu-
ta pelo poder, com o aparecimento de
candidatos civis e militares, retardou-lhes
a unidade, dando origem a conflitos inter-
nos que lhes puseram em perigo a exis-
tência normal, ameaçando o bem-estar de
suas populações. Dos conflitos armados
que perturbaram a paz da família ameri-
cana, os mais importantes foram os se-
guintes: Brasil—Argentina (1825-1828);
Peru—Colômbia (1828-1829); Chile e
Argentina contra a Confederação Peru
Bolívia (1836-1839); Brasil—Argentina
guerra contra o ditador Rosas
(1851-1852); Espanha contra Chile e
Peru (1886); Chile contra a Bolívia e Peru
(guerra do Pacífico) (1879-1883); Brasil,
Argentina, Uruguai contra Paraguai
(1865-1870) e Paraguai—Bolívia (Chaco,
1932-1935). As lutas do Pacífico e do Pa-
raguai revestiram-se de aspectos épicos
em seus encontros terrestres, marítimos e
fluviais, destacando-se os combates de
Angamos, Arica, Riachuelo e Tuiuti. O
conflito de Letícia (1932-1933), entre o
Peru e a Colômbia,o gerou uma guerra.
A AMÉRICA NO MUNDO
A América alcançou uma posição especial nos quadros do mun-
do, marcada principalmente pela estruturação de uma ordem co-
mum, a Organização dos Estados Americanos (OEA), e emanada
de assembléias continentais (do Panamá, em 1826, a Punta del
Este, em 1962), pronunciamentos contrários ao regime colonialis-
ta (Monroe, 1823), princípios de cooperação e solidariedade
(Pan-Americanismo), esforço pelo melhor desenvolvimento econô-
mico (OPA) e acolhimento de multidões de imigrantes, vindos da
Europa e da Ásia. A América participou dos grandes conflitos
internacionais (1914-1918 e 1939-1945), da Sociedade das Na-
ções e faz parte da Organização das Nações Unidas (ONU). Seu
objetivo maior é o desenvolvimento econômico, com o aproveita-
mento local de seu potencial de solo e subsolo.
ORGANIZAÇÃO
DOS ESTADOS
AMERICANOS
ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AME-
RICANOS
A Organização dos Estados Americanos
resultou da IX Conferência Interamerica-
na, realizada em Bogotá, no ano de 1948,
e tem como sede a cidade de Nova Ior-
que. Sua função é ampla e abrange os
mais variados aspectos das conjunturas
que as Américas enfrentam no decorrer
dos tempos. De certo modo, vem satisfa-
zer os anseios de criação de uma coletivi-
dade continental harmônica, cuja necessi-
dade, logo nos inícios da experiência de-
mocrática e soberana que começava a vi-
ver, era considerada fundamental. O Orga-
nograma indica a estrutura e o funciona-
mento da OEA.
No quadro há informação sobre os or-
ganismos destinados a ocupar-se da
problemática econômica, que se pretende
solucionar através de mercados comuns e
legislação apropriada, regulatória dos sis-
temas de produção e de comercialização.
história geral
Todoss temos consciência de que nosso Pais está em condi-
ções de se tornar, muito breve, uma Grande Potência e de desem-
penhar, nas relações internacionais, um papel mais decisivo do
que lhe coube no passado. 0 Brasil possui, de fato, para assim se
destacar, uma extensão territorial, uma população e recursos na-
turais que se acham valorizados pela sua posição geográfica no
Continente Sul-Americano, no Atlântico e no mundo atual.
Nestas condições, surge no momento, para as gerações con-
temporâneas, um certo número de deveres e de obrigações que,
até agora,om sido suficientemente focalizados na nossa
educação cívica. Um deles é, incontestàvelmente, a necessidade
de conhecer melhor o mundo político, econômico, cultural e social
no qual temos de exercer a nossa devida e justa influência.
A parte de História Geral, apresentada neste Atlas Histórico Es-
colar, procura exatamente completar as noções de que o
brasileiro-americano precisa para interpretar, nas suas origens, no
seu desenvolvimento e no seu estado atual, os fatos que seo
fora das Américas.
As Relações Internacionais, sem constituir uma disciplina sepa-
rada, pois faziam parte das Ciências Políticas,o deixam de ser
uma matéria distinta que em muitas universidades as Grandes
Potênciasm colocado ultimamente nos seus currículos.
As facilidades e a rapidez das comunicaçõesm reduzido as
distâncias-tempo e tornado o mundo, por assim dizer, menor. Mas
s precisamoso é apenas de um mundo menor, é de um
mundo melhor. Nele, bem sabemos, os contatos se tornam mais
freqüentes e mais íntimos; daí a necessidade da boa-vizinhança;
daí também a urgência de melhor conhecimento e de maior coo-
peração.
O que visam os mapas históricos gerais é habilitar o estudante
a seguir o processo histórico de cada continente e dos principais
países estrangeiros, para daí tirar conclusões a respeito das situa-
ções atuais.
Em referência a estas interpretações da História dos tempos
presentes, devo fazer aqui algumas ponderações:
Os mapas de História Geral se acham muito simplificados.
Bem sei que o ideal de uma combinação de Geografia com a
História exigiria uma representação completa do mapa físico, com
latitudes e altitudes. Num mapa histórico, em que fronteiras do
passado e do presente, rios principais e feições litorâneaso de
capital importância, o relevo tem de ser sacrificado ou raras vezes
apresentado.
É possível que a nomenclatura destes mapas e de seus
encartes venha a sofrer críticas justas e acertadas; entretanto,
lembro que aindao existe em nossa língua uma reconhecida e
generalizada ortografia para nomes estrangeiros aindao total-
mente aportuguesados.
Nos mapas antigos e medievais, os traçados de fronteiras
devem ser considerados apenas como tentativas de delimitações,
baseadas sempre em cartas autorizadas mas cuja imprecisão deve
ser considerada como uma necessidade de apresentaçãoo tan-
to de linhas como de zonas de fronteiras. Somente nos mapas
contemporâneos deixam estas considerações de ser indispen-
sáveis.
Apesar de ter procurado simplificar o mais possível os ma-
pas desenhados, fui levado a apresentar com maiores detalhes os
mapas relativos à época atual, isto é, os que se prestam a estudos
de relações internacionais. Caso sejam necessárias informações
complementares de Geografia Física, forçoso será recorrer ao
Atlas Geográfico Escolar, também editado pela FENAME. e com-
parar os mapas físicos com o mapa histórico.
Nos mapas históricos, em geral, as questões de latitudes
o tidas de influência menor; precisam ser, entretanto, levadas
em conta quando é iniciado o estudo de uma região em determi-
nada fase histórica. Parao sobrecarregar os mapas foram da-
das poucas indicações a este respeito, mas foi colocado, no final
do Atlas, um mapa simples, com a projeção de Mercator, que
servirá de ponto de referência para qualquer consulta sobre lati-
tudes.
Espero que muitas sugestões úteis terão ocasião de ser manda-
das a respeito dos mapas de História Geral para que sejam apro-
veitadas em futuras edições. Para tal fim, conto com os meus
colegas, professores de História, de Geografia e de outras ciências
sociais.
Com a colaboração da Professora Therezinha de Castro, redigi
alguns textos explicativos muito resumidos que figuram no rodapé
dos mapas. Resultam esses comentários da necessidade perma-
nente de localizar todos os fatos históricos; no mesmo cenário físi-
co fixo, o tempo vai modificando sempre o caráter histórico da po-
sição e do espaço, variáveis segundo as épocas. É a ação da His-
tória sobre a Geografia. 0 estudioso notará nos mapas certos pon-
tos nevrálgicos onde as mudançaso mais freqüentes e mais ra-
dicais; nada há de mais sugestivo, sob este ponto de vista, do que
a geografia das fronteiras: contatos de civilizações, contatos de
Estados, contatos de idéias. Cada quadro pode ser explicado pelo
quadro que precede: a Europa do século XVI resulta da ação dos
homens representada na Europa do século XV. A Europa do século
XVIII e o nosso quadro geográfico atual procedem de outros tan-
tos precedentes.
Quanto à grafia dos topônimos estrangeiros, devo esclarecer
que a mesma obedece a um critério pessoal.
Delgado de Carvalho
O EGITO DOS FARAÓS E O ORIENTE
MÉDIO
O Egito se estende entre 24 e 31 graus
de latitude norte, no Nordeste da África,
entre o deserto da Líbia e o mar Verme-
lho. As inundações anuais do Nilo torna-
ram a região fértil. Politicamente unifica-
do cerca de três milônios antes de Cristo,
o Egito foi governado por trinta e uma
dinastias de faraós. Suas capitais foram
Tebas, Mênfis e Sais. De lá saíram entre
1300 e 1250 A.C. os hebreus que, pas-
sando pela península do Sinai, foram es-
tabelecer as suas tribos na Terra Prometi-
da, ou Palestina, onde conquistaram Jeri-
co. Primitivamente unidos, os judeus
constituíram posteriormente dois reinos:
o de Judá, com capital em Jerusalém, e
Israel, com capital em Sichém e depois
em Samaria.
Na parte noroeste da Palestina, a costa
do Mediterrâneo ficou em poder dos fení-
cios, cujos portos principais foram Tiro e
Sido.
Entre o mar Negro e o Mediterrâneo,
dominaram os povos hititas, com capital
em Hatusas. Durante muito tempo dispu-
taram aos egípcios o domínio da Síria.
IMPÉRIOS ANTIGOS DO ORIENTE
MÉDIO
Os três mapas do Oriente Médio, na
Antigüidade, marcam três fases históricas
principais daquela região. Permitem ob-
servar as sucessivas monarquias asiáticas
que precederam a conquista helênica.
O primeiro mapa traça, aproximada-
mente, o Império Assírio nos reinados dos
conquistadores Salmanazar e Assurbani-
pal. Antes, porém, da formação desta mo-
narquia que constituiu o primeiro grande
Império Asiático da região, populações
sumerianas e invasores semitas haviam-
se localizado na Mesopotâmia, nas terras
do chamado "Crescente Fértil" e fundado
uma monarquia cujo centro político era
Babilônia.
No segundo mapa, em que aparecem
os Impérios Meda e Babilônico, observa-
se que na Ásia menor apareceram novos
Estados, entre os quais a Lídia, com sua
capital em Sardes. A Capadócia e a Cilícia
o territórios desmembrados do Império
Assírio.
Por fim, o terceiro mapa apresenta o
Império Persa na sua maior extensão, em
seguida às conquistas de Dário. Algumas
estradas, em azul, marcam a importância
que teve então a monarquia persa, cuja
duração foi relativamente curta.
A GRÉCIA NO SÉCULO V A.C.
A Grécia dos tempos clássicos, antes
da conquista macedônica (Queronéia
338 A.C.) estendia-se até 40° de latitude
norte. Faziam parte de seus domínios os
diversos arquipélagos do mar Egeu e as
ilhas da costa ocidental (Corfu, Cefalônia,
Zanto). A serra do Pindo separava o Épiro
da Tessália. Um istmo, perto de Corinto,
ligava a Grécia Central à península do Pe-
loponeso.
Migrações oriundas do Norte ocuparam
a terra grega em ondas sucessivas. Os
deslocamentos de populações determina-
ram a formação de colônias nas costas
asiáticas. As três cores do mapa indicam
os setores em que se estabeleceram as
três etnias helênicas (dórios, eólios,-
nios).
A posição geográfica de Tróia, na proxi-
midade do Helesponto, explica a impor-
tância histórica daquela cidade. Para con-
quistá-la, partiam as expedições gregas
das principais cidades da Argólida: Mice-
nas, Tirinto, Argos.
O relevo manteve a Grécia dividida em
pequenas regiões naturais que consti-
tuíam unidades políticas (cidades-estado),
como Atenas (Ática), Tebas (Beócia), Es-
parta (Lacônia), Megalópolis etc. No en-
carte, podem ser observadas as diretrizes
seguidas pelos invasores persas, no sécu-
lo V, vindos por terra e por mar.
COLONIZAÇÃO GREGA
(DOMÍNIOS FENÍCIOS E CARTAGI-
NESES)
O mundo grego estava restrito, inicial-
mente, a uma pequena península monta-
nhosa, de terraso muito férteis, onde
se desenvolveu uma série de cidades-es-
tado, destacadamente Esparta e Atenas.
A investida de novos invasores tornou a
Grécia superpovoada. A opressão por par-
te de famílias dominadoras e a falta de
recursos que passaram a sofrer os gregos
os animaram a emigrar em bandos. Ini-
cialmente, dirigiram-se para a Ásia Me-
nor, onde se destacaram logo Éfeso e Mi-
leto. As ilhas de Rodes, Chipre e Creta
também foram ocupadas. Caminharam
depois os gregos para o Oeste e, estabe-
lecendo-se no Sul da Península Itálica e
parte da ilha de Sicília, passaram a deno-
minar a região de Magna Grécia. Um con-
junto de colônias prósperas surgiu logo:
Siracusa, Síbaris, Taranto e Neápolis
(atual Nápoles). Foram para o continente
(atual Sul da França), onde fundaram Mas-
sília (Marselha) e Nicae (Nice), cabendo-
lhes também a glória de fundadores de
Sagunto. No Norte da África estabelece-
ram-se em Cirene e Apolônia da região
chamada de Pentápole, e finalmente em
Naucrátis, no delta do Nilo.
Por sua situação geográfica, isoladas
no litoral pelos montes Líbano, as cidades
da Fenícia Arad, Biblos, Sido e Tiro
lançaram seus habitantes também ao mar
Mediterrâneo. Coube a Sido iniciar essa
expansão pela Ásia Menor. Mas foi Tiro
que fundou Cartago (800 A.C.), no Norte
da África, que se tornou depois mais im-
portante que a própria metrópole.
As colônias cartaginesas também se
espalharam pelo Mediterrâneo. Ocupando
a parte oeste da ilha da Sicília, estabele-
ceram-se na Sardenha e Baleares, tornan-
do mais ativo o comércio com o Sul da
atual Espanha, onde tiveram intenso mo-
vimento os portos de Nova Cartago e
Gades.
IMPÉRIO DE ALEXANDRE
tral,
às
margens
do rio
Indo,
onde derro-
e Ptolomeu, só subsistiram dois até as bactriana,
que ocupava a bacia média e
tou o Rei Pórus. Está também traçada a conquistas romanas, no I século antes de inferior do Indo.
A expansão máxima do helenismo reali- sua expedição ao Egito, onde fundou Ale- nossa
era. Um foi o dos selêucidas, na É interessante notar no mapa o canal
zou-se no século IV A.C., com as conquis- xandria.
Depois de curto reinado (333 a
Ásia Oriental (Síria, Mesopotâmia, Média, antigo
que ligou no passado o lago Oxia-
tas de Alexandre, o Magno. 0 seu império 323 A.C.), Alexandre morreu em 323 Pérsia e Armênia); o outro foi o dos ptolo- no, atual mar de Arai, ao Ponto-Euxino,
estendeu-se, em latitude, entre 45° e 25° A.C.,
na Babilônia. meus, no Egito. atual mar Negro. De fato, foi o caminho
de latitude norte. 0 Rei Filipe da Macedo- As diferentes partes do Império Alexan- Durante dois séculos continuou a hele- natural que pelo rio Oxus, atual Amu-Dá-
nia havia ocupado a Grécia e coube a seu drino, Pérsia, Média, Armênia, Síria etc, nização
do Oriente, onde se destacaram ria, seguiam as mercadorias da fndia, des-
filho, Alexandre, apoderar-se da Pérsia de-o
m limites indicados por serem estes
os grandes focos de cultura de Alexandria, tinadas
ao Ocidente. A depressão apro-
cadente do Rei Dário III, depois de suas muito
imprecisos, tanto mais que pouco
de Pérgamo e de Antioquia. veitada
pelo canal era resíduo de antigo
vitórias de Granico, Issos e Arbelas. sobreviveram
ao jovem imperante. De fa-
A monarquia selêunica, porém,o fundo
de mar.
O mapa indica o roteiro de Alexandre,
to, foi cedo desmembrado o território en- conseguiu
manter a sua autoridade na Na parte ocidental do império de Ale-
que de Arbelas marchou sobre Babilônia, tre os generais, que o dividiram entre si parte
oriental de seus domínios: formou- xandre sobreviveram pouco os reinos da
Susa e Persépolis. Em seguida, alcançou (301
A.C.). Dos reinos que então se for-
-se no Irã o reino dos partas e, mais a Macedônia,
da Trácia, da Bitínia, do Ponto
os confins do Império Persa, na Ásia Cen- maram
com Antlgono, Lisímaco, Seleuco leste, surgiu outra monarquia grega, a e de Pérgamo.
ITÁLIA ANTIGA
O nome de Itália foi aplicado sucessiva-
mente a territórios da península, de sul
a norte. Primitivamente, Itália designa-
va apenas a extremidade meridional. No
tempo de Sila estendeu-se o nome até
Rubicon; César estendeu-o à Gália Ci-
salpina.
A primeira dominação mais importante
na península foi a dos etruscos, como in-
dica o encarte. A Sicília e o Sul foram
ocupados pelas colônias gregas ditas
Magna Grécia. Por sua vez, os cartagine-
ses conquistaram a Sardenha e a Sicília
Ocidental.
Ao estender os seus domínios, Roma
criou, no III século A.C., numerosas colô-
nias. Alba, Ariminum, Beneventum, Brun-
dusium, Cremona, Aquiléia foram as fun-
dações principais.
O mapa indica as conquistas romanas
que seguiram as guerras mais decisivas: a
Guerra Latina, a Guerra Samnita, a Guerra
Tarentina contra Pirro, rei do Épiro, e as
Guerras Púnicas, contra Cartago.
O encarte relativo à Gália, no tempo de
César, mostra aproximadamente os limi-
tes da Céltica, da Província Romana e da
Bélgica, e localiza os principais pontos
conquistados.
IMPÉRIO ROMANO
Depois de ter sucessivamente conquis-
tado a Itália e o Mediterrâneo, Roma es-
tabeleceu o seu império sobre a parte do
mundo conhecido, situado entre os três
continentes. Os seus domínios se esten-
diam do 25° até além de 55° de latitude
norte. Marcavam limites naturais os rios
Danúbio (Ister) e Reno. A Bretanha foi
ocupada até os limites da Caledônia, sen-
do lá construídas as muralhas de Adriano
e de Antonino.
O Império era dividido em províncias
que no tempo de Augusto foram trinta e,
no tempo de Trajano, quarenta e seis. A
Itália compreendia onze regiões. As pro-
víncias eram de tamanhos muito, diferen-
tes, mas a maior parte delas era de gran-
de extensão, como a Lugdunesa, Tarraco-
nesa e o Egito. No século III de nossa era,
o Império envolve o mar Mediterrâneo na
sua totalidade. Tendo alcançado os seus
limites naturais, deixaram de pensar os
imperadores em ocupar outros territórios
que só viriam tornar mais difícil a defesa
do Império. Assim, depois de Trajano, fo-
ram abandonadas a Armênia e a Mesopo-
tâmia aos partas. Também abriu mão, Ro-
ma, da Dácia conquistada.
As províncias, cuja defesa e segurança
eram ainda tidas por insuficientes, consti-
tuíam as denominadas províncias impe-
riais, que eram submetidas diretamente à
autoridade do "príncipe". Entravam nesta
categoria, no tempo de Augusto, a Lusitâ-
nia, a Tarraconesa, a Aquitânia, a Lugdu-
nesa, a Bélgica, a Rétia, a llíria, as duas
Moésias, a Cilícia, a Síria, a Numídia, o
Egito. Eram ditas províncias senatoriais a
Bética, a Narbonesa, a Macedônia, o Épi-
ro, a Acaia, as províncias da Ásia Menor e
a África-Cirenaica. Eram estados vassalos
a Mauritânia, a Trácia, o Ponto e a Capa-
dócia.
No encarte da Britânia Romana estão
traçadas as estradas que de sul para norte
penetravam na ilha. Seus nomeso da-
dos segundo a nomenclatura inglesa sob
a qualo atualmente conhecidas.
No encarte relativo às adjacências e
vias principais de Roma acham-se indica-
dos os trechos iniciais da Via Apia, da Via
Latina, da Via Flamlnia, da Via Aurélia.
Na parte média do rio Reno estão indi-
cadas as fortificações dos limites, nos
Campos Decumatas, entre o Reno e o Da-
núbio; eram terras germânicas ocupadas
no século I, além das fronteiras naturais.
MIGRAÇÕES DE POVOS E IN-
VASÕES
Em 395, com a morte de Teodósio, o
Império Romano foi dividido em dois: o
Império do Ocidente, com capital em Ro-
ma, e o Império do Oriente, com capital
em Constantinópolis (atual Constanti-
nopla).
Já então estava o Império Romano do
Ocidente em plena decadência. É nesta
situação que as primeiras ondas migrató-
rias de bárbaros oo encontrar. Roma
o pôde resistir ás invasões sucessivas
e, em 476, cai em poder do bárbaro
Odoacro.
0 Império do Oriente conseguiu sobre-
viver ao do Ocidente de um milênio, como
unidade política. Separado do mundo bár-
baro, o também chamado Estado Bizanti-
no, apesar de considerar-se como o legiti-
mo herdeiro de Roma, tornou-se profun-
damente helenizado. Evoluiu depois para
estado semi-oriental, por sua aproximação
com os problemas orientais.
A expansão do Islamismo alcançou o
Império Bizantino. Coube aos turcos to-
mar Constantinopla, o que conseguiram
em 1453, no tempo de Maomé II.
ESTADOS BÁRBAROS NO SÉCULO V sob
Teodorico, passaram os Alpes em
se localizaram no planalto da Helvétia e Itália,
o bárbaro Odoacro, que lá se fixou
489 e invadiram a Itália.
na Saboia. Expandiram-se para a região com
seus hérulos; pouco depois foi derro-
Os visigodos, que entraram como alia- Os vândalos, que haviam atravessado a do Ródano. tado pelos ostrogodos.
dos de Roma, instalaram-se na Gália Me- Espanha, estabeleceram um reino na Áfri- Entre os rios Saona e Loire,o se ten- 0 mais bem sucedido dos chefes bár-
ridional. Cedo, porém, expandiram-se pa- ca, que se tornou centro de pirataria orga- do estabelecido nenhum chefe bárbaro, baros foi, incontestàvelmente, o franco
ra o Sul, passando os Pireneus e ocupan- nizada
no Mediterrâneo Ocidental.
um general romano, Siágrio, conseguiu que
venceu sucessivamente Siágrio, os
do a Ibéria. Por sua vez, os ostrogodos,
Os burgúndios, como aliados, também manter-se algum tempo. Mais feliz foi, na alamanos
e os visigodos.
O IMPÉRIO DE CARLOS MAGNO
Neste mapa, a Itália setentrional (Lom-
bárdia) e a Córsega estão incorporadas ao
Império de Carlos Magno, mas o Extremo
Sul e a Sardenha ainda pertencem ao Im-
pério do Oriente.
Os Estados da Igreja, garantidos por
Pepino desde 755-56, compreendiam,
além do "ducado" de Roma e Pentápole,
Ancona e o Exarcado de Ravena, Estes
territórios se achavam independentes de
direito, mas, de fato, sob a proteção impe-
rial que contava Roma e Ravena como
metrópoles do Império. Mais ao sul, apre-
sentava a península itálica os ducados de
Espoleto e de Benevento; Nápoles ainda
era bizantina.
A Bretanha Continental conservava
seus chefes locais, e a insular, conquista-
da pelos saxões, jutas e anglos, apresen-
tava então cinco monarquias (das sete
que teve): Kent, Wessex, Eastanglia, Már-
cia e Nortúmbria. Os limites orientais do
Império Carolíngioo mais imprecisos;
podem ser considerados os rios Elba infe-
rior e Saale como fronteiras da Saxônia
conquistada por Carlos Magno de 772 a
802. Para sudeste, a fim de enfrentar os
ávaros, últimos vestígios dos hunos, fo-
ram criadas as Marcas, territórios milita-
res governados por margraves ou mar-
queses, como a Caríntia, a Carníola e a
Baviera, no Alto Danúbio.
O SANTO IMPÉRIO
ROMANO GERMÂNICO
O mapa representa a Alemanha no
tempo dos Hohenstaufens (suabos) com
os seus limites aproximados de 1250. Ve-
rifica-se que o Império se estende do mar
Mediterrâneo ao mar do Norte, abrangen-
do quase toda a Europa Central, sob cer-
ca de quinze graus de latitude. É limitado
a leste pelos Reinos da Hungria e Polônia
e pelo Ducado de Pomerânia; do lado do
oeste é vizinho do Reino da França.
O que de mais notável se apresenta
neste mapa é a localização dos ducados
constituídos por populações germânicas
da mesma etnia e lingua. Além dos duca-
dos que forneceram imperantes à Monar-
quia, isto é, Saxônia, Francônia, Suábia.
Baviera e, mais tarde, Lorena, figuram os
reinos de Aries, da Itália e da Boêmia (no
século XII), as Marcas de Brandeburgo,
Lusácia, de Mísnia, de Verona, de Carnío-
la e de Ístria. Nos séculos seguintes, a
História Moderna registra a extrema com-
plexidade geográfica que apresentam as
divisões e subdivisões destas unidades
primitivas. É, pois, de interesse conhecê-
las enquanto ainda oferecem certa simpli-
cidade, porqueo denominações que, no
decorrer dos tempos,o ter importância
histórica (Boêmia, Brandeburgo, Saxônia,
Lorena etc).
Roma, no Patrimônio de S. Pedro, con-
tinua a ser incontestàvelmente a capital
da Europa Ocidental, pois láo ser co-
roados os imperadores.
No tempo dos Hohenstaufen, porém,
os Estados da Igreja se acham envolvidos
nos limites do império, e a autoridade im-
perial mal reconhece a soberania tempo-
ral dos papas.
Na Itália, a cidade de Gênova ocupa
uma faixa costeira, no fundo do golfo me-
diterrâneo, ao qual deu seu nome. Perten-
cem-lhe as ilhas da Córsega e da Sar-
denha.
IMPÉRIO DO ORIENTE E A RECONQUISTA BIZANTINA
A cisão definitiva do Império Romano no século V deixou a
parte ocidental aos invasores bárbaros, enquanto se conservava
intacta a parte oriental ou bizantina. Nem por isso abdicaram os
imperantes de Bizâncio os seus direitos históricos sobre o mundo
ocidental. Coube a Justiniano restaurá-los na realidade (527-565).
A África foi reconquistada aos vândalos,o em sua totalidade,
mas Septum (Ceuta) e Tíngis (Tânger) foram ocupadas. Da Penín-
sula Ibérica foi recuperada a parte meridional. Do mesmo modo
foi restaurada a preponderância bizantina no Mediterrâneo Oci-
dental com a ocupação das ilhas de Córsega, Sardenha e Balea-
res. Mais penosa foi a reconquista da Península Itálica, que levou
dezoito anos; mesmo assim, escapou a Justiniano parte do Extre-
mo Norte. O mapa indica, em laranja, a posterior conquista da
Península pelos lombardos, pois Pisa, Gênova, Verona e Milão
haviam sido restituídas ao Império.
Do lado do Oriente, o Império Sassânidao permitiuo
marcados progressos: houve pequenos avanços na Armânia e no
Cáucaso, mas, nestes setores (mar Negro, Síria, Arábia), deu-se
uma diplomática propaganda religiosa que criou laços de vassala-
gem bizantina.
Justiniano procurou restaurar no Império o sistema administra-
tivo romano, mas, no que diz respeito à divisão em províncias,
julgou preferível estabelecer unidades mais extensas, isto é, criar
províncias maiores, restabelecendo poderes civis e militares sob a
mesma autoridade. Eram medidas que visavam satisfazer às ne-
cessidades de defesa. A linha do Danúbio, de Singedunum ao mar
Negro, foi dotada de oitenta castelos fortes, construídos nos locais
de antigos postos romanos. Fortes em linha também foram esta-
belecidos ao lado do limes da fronteira persa (Dará, Teodosiópolis,
Circesium).
Foi no tempo de Justiniano que S. Bento fundou o mosteiro do
Monte Cassino, a 75 quilômetros de Nápoles. O mapa indica as
cidades em que se reuniram, na Idade Média, Concílios Ecumêni-
cos (Nicéia, 325 e 787; Constantinopla, 381, 553, 680 e 869;
Éfeso, 431; Calcedônia, 451; Latrâo, isto é, Roma, 1123, 1139,
1179 e 1215; Liâo, 1245 e 1274; Viena, 1311; Florença, 1438).
O encarte localiza a cidade de Bizâncio no mar de Mármara, à
margem do Bósforo. Era uma colônia de Mégara, fundada em 658
A.C.; reconquistada aos persas, foi perdida pelos atenienses em
405 A.C. Constantino a reconstruiu e tornou-a capital do seu
império em 330.
EXPANSÃO DO ISLÃO
Foi no tempo das lutas religiosas que apareceu, em Meca,
Maomé, fundador da nova religião. Sob as influências diversas
dos cristãos romanos e bizantinos, dos cristãos abissínios, dos
masdeanos persas e dos israelitas, viviam então, na Arábia, tribos
de semitas nômades e politeístas. Os árabes, de etnia, lingua e
tradições,o estavam localizados exclusivamente na Península
da Arábia, mas se encontravam também em grande número nos
domínios de Roma, da Pérsia, do Egito. Esse fato explica a rapidez
que caracterizou as conquistas efetuadas pelos quatro primeiros
califas, em seguida à morte de Maomé. Em 632, era ainda restrita
a área do Islão em que o Profeta havia pregado; mas, conquistada
a Península, a tomada de Madain (637) foi o sinal da derrocada
do reino sassânida da Pérsia, consumada em Nehavend, em 643.
Os primeiros califas, amigos de Maomé, residiam na Arábia, em
Medina; a dinastia Omíada, que lhes sucedeu em 660, passou a
ocupar Damasco, na Síria. Mais políticos do que chefes religiosos,
cogitaram de expansão e riqueza; por eles foi realmente criado o
califado monárquico, hereditário e conquistador. A ocupação da
África do Norte, Ifrikia e Magreb, foi obra deles na primeira meta-
de do século VIII. Nestas conquistas, porém, os elementoso
eram mais exclusivamente árabes, mas predominantemente ber-
beres, já muito ligados aos árabes no Egito.
Ocupado o Magreb-al-Acsa ou "Extremo Ocidente", o chefe
muçulmano Tarik aproveitou uma situação política confusa em
Ceuta e atravessou o estreito que hoje conserva o seu nome
(Djebel-al-Tarik) e iniciou a conquista da Espanha visigoda (711).
O reino dos francos também chegou a ser invadido; as ilhas do
Mediterrâneo Ocidental foram ocupadas. Em 732, porém, foram
os invasores batidos em Poitiers, pelo avô de Carlos Magno, aban-
donando, em seguida, a Gália merovíngia.
Os muçulmanos (árabes-berberes) do Magreb-al-Acsa desem-
penharam um papel geográfico importante pela sua penetração
no Centro da África. Atravessando o Saara e o Sudão, alcançaram
a Nigéria e estabeleceram suas comunicações com o Mediter-
râneo.
Do lado da Ásia, isto é, a nordeste do Irã, foram mais difíceis e
mais longas as conquistas muçulmanas; na Transoxiana (Amu-Dá-
ria) encontraram os árabes a resistência turca. Depois de 750,
reinaram os abássidas, que estabeleceram em Bagdá a capital de
seu reino.
A PENÍNSULA IBÉRICA
No mapa relativo â expansão mu-
çulmana na Ibéria, observa-se, nes-
ta primeira fase da Idade Média a
existência de uma prefiguração da
unidade espanhola: a monarquia vi-
sigótica que se havia formado em
toda a Península, incluindo, assim,
Portugal. Os seus reis, batidos pelos
francos, haviam transferido sua ca-
pital de Tolosa para Toledo e, além
dos Pireneus, só conservavam a
Septimânia.
Durante muito tempo a ortodoxia
romana havia entrado em lutas reli-
giosas com o Arianismo. Vencedora
finalmente, reunia Concílios, verda-
deiras assembléias políticas, anteci-
pação das futuras cortes.
Diante da invasão muçulmana no
século VIII, organizou-se a resistên-
cia nos montes Cantábricos, isto é,
nas Astúrias e na Navarra. Depois
de Covadonga (718), os árabes-ber-
beres recuaram, mas continuaram
ocupando o planalto castelhano. Foi
então Oviedo, a capital visigótica,
ponto de apoio da Reconquista.
O mapa relativo aos séculos IX e
X indica as monarquias cristãs que
se formaram no Norte da Península.
No centro da resistência asturiana
formou-se o reino de Leão, do qual
se destacou, no século XI, o reino
de Castela (1037). No centro da re-
sistência pireneana, formaram-se
por sua vez os reinos de Navarra e
de Aragão. Os episódios mais famo-
sos do século X, na Península
ocupada pelos omíadas, foram as
campanhas de Almançor, que che-
gou a saquear Barcelona e Compos-
tela.
No século XIIo mais marcados
os progressos da Reconquista de
territórios sob os Almorávidas.
Afonso VI de Leão ainda era batido
em Zalaca, mas no ano anterior
(1085) havia conseguido apoderar-
se de Toledo, auxiliado então por
Rodrigo Díaz de Vivar, o "Cid Cam-
peador".
O quarto mapa descreve as últi-
mas fases da Reconquista, quando
o vale de Guadalquivir, na planície
andaluza, é alcançado depois da vi-
tória luso-castelhana de Las Navas
de Tolosa, em 1212. Mais de dois
séculos ainda devia durar o reino
muçulmano de Granada, cuja queda
marcaria a união definitiva das duas
monarquias cristãs sobreviventes,
Castela e Aragâo.
O mapa de Portugal, além das
indicações que figuram nos mapas
da Ibéria, permite seguir cronologi-
camente a expansão para o Sul e a
ocupação do Algarve. Marca, igual-
mente, as principais batalhas da
história de Portugal.
co. Os gruposo chegaram, pois fo- ce este nome, pelo objetivo político- ções de S. Luís encerram o sentido primi-
ram derrotados antes pelos turcos. -econômico
de que se cercou. Atendia essa tivo do empreendimento religioso.
A perda de Jerusalém provocou a expedição aos objetivos econômicos de Quando,
em 1244, Jerusalém estava
3
a
Cruzada, organizada por tros reis. A Veneza e políticos de um imperador bizan- inteiramente sob o domínio dos turcos,
morte de Frederico Barba-Ruiva deixou a tino deposto. Assim, a ação desses cruza- realiza-se
a 7
a
Cruzada, tendo como obje-
expedição sob o comando de Filipe Au- dos
se resumiu em tomar Bizâncio (Cons- tivo inicial o Egito. Aí S. Luís tomou Da-
gusto, da França, e Ricardo Coração de tantinopla), fundando aí o Império Latino, mieta,
logo depois devolvida, com a der-
Leão, da Inglaterra. Ao contrário das duas que
durou mais de meio século (até rota de Mansura (1250). Preso, o rei fran-
primeiras, esta expedição seguiu sempre 1261).s foi resgatado por alto preço. A 8
a
Cru-
por mar. Conseguiram os cruzados, apesar As Cruzadas de S. Luís foram a 7
a
e 8
a
; zada, também sob o comando de S. Luís,
de sempre em desacordo, tomar Chipre e
a 5
a
e 6
a
oo mencionadas pela pou- atacou
os muçulmanos em Túnis (1270);
S. João d'Acre. A 4
a
Cruzada pouco mere- ca importância que tiveram. As expedi- aí faleceu ele, vítima da peste.
EUROPA DAS CRUZADAS
Em sua expansão, o Isla-
mismo ameaçava a Europa
cristã. Já haviam os muçul-
manos se apossado dos luga-
res santos de Jerusalém, e,
após ocupar todo o Norte da
África, chegaram à Península
Ibérica.
De um apelo formulado
pela Santa, surge uma-
rie de expedições feudais
as Cruzadas de caráter re-
ligioso inicialmente, transfor-
madas depois em empreendi-
mentos político-econômicos.
A 1
a
Cruzada, organizada e
dirigida por barões, notada-
mente franco-normandos, foi
a mais bem sucedida. Era
uma expedição de cerca de
1 50 mil cruzados, que, atra-
vessando vitoriosamente a
Ásia Menor, conquista Antio-
quia, Edessa e Jerusalém.
Para a defesa da Terra Santa
deixaram aí Ordens Militares
e Religiosas (Templários,
Hospitalários de S. João de
Jerusalém e Cavaleiros Teu-
tõnicos), que constituíram os
exércitos permanentes do
Oriente Cristão.
Nova investida muçulmana
e os turcos se apoderam de
Edessa, reconquistando parte
do Principado de Antioquia.
A reação da Europa se faz
sentir, com a organização da
2
a
Cruzada, pelos reis da Fran-
ça e da Alemanha. Em Cons-
tantinopla foram os cruzados
mal recebidos e aí mesmo a
expedição se divide, embora
o objetivo geral fosse Damas-
HANSA E CAVALEIROS TEU-
TÔIMICOS
A criação do Santo Império (século X)
despertou na Alemanha o ardor con-
quistador das forças germânicas, para les-
te. O objetivo era a incorporação das po-
pulações eslavas na civilização cristã e a
expansão econômica das comunidades
alemãs. Durante o século XI o movimento
para leste foi lento eo ultrapassou a
linha do rio Elba.
O mapa destina-se a indicar grafica-
mente dois elementos principais desta ex-
pansão: a Hansa e os Cavaleiros Teutôni-
cos. Por sua vez, a feição administrativa
desta conquista de territórios se concreti-
zava na organização de Marcas. Os mar-
graves procuravam chamar para suas ter-
ras despovoadas, colonos alemães que vi-
nham em grande número da Westfália e
da grande Frísia. Os margraves vendiam
lotes e fundavam cidades.
No princípio do século XIII foram cha-
mados os Cavaleiros Teutônicos pelo Du-
que Conrado de Mazóvia para auxiliar na
conversão dos prussianos que resistiam
aos monges de Oliva. Assim foi ocupada a
região do Vístula Inferior. Depois de uni-
dos os Cavaleiros Espatários, em 1237, a
influência germânica foi levada até o gol-
fo de Finlândia. No século seguinte o rei
da Dinamarca lhes vendia a Estônia. Cou-
be ao eleitorado do Brandeburgo recolher
mais tarde os frutos da obra realizada,
depois de eles terem sido vencidos pela
Polônia, em Tannenbera, em 1410, e de o
Eleitor ter secularizado o Estado Teutôni-
co, que se tornou luterano em 1525.
Importante também foi o trabalho de
germanização efetuado pela Liga Hanseá-
tica, além da expansão comercial que lhe
coube promover a partir de 1241.
COMÉRCIO MEDIEVAL
NA EUROPA CENTRAL
Este mapa tem por objetivo principal
mostrar graficamente as relações que se
estabeleceram, na Idade Média, entre o
Sul da Europa, isto é, o Mediterrâneo e a
Europa Setentrional, o mar do Norte e o
Báltico. As principais estradas estão mar-
cadas e, atravessando a região monta-
nhosa dos Alpes pelos passos do Monte
Cenis, doo Bernardo, doo Gotardo
e do Brenner, estabeleciam comunicações
entre as grandes cidades industriais italia-
nas, como Milão, Florença, Gênova, Vene-
za, e os portos do Norte, como Bruges,
Bremen, Hamburgo e Dantzig.
Nos percursos dos roteiros sul-norte
para o intercâmbio de mercadorias, várias
cidades eram atravessadas, e logo senti-
ram algumas delas solidariedade de inte-
resses. Dal cresceram as Ligas. Ao longo
do Reno devia formar-se a Liga Renana;
no planalto bávaro, para o qual levava o
passo do Brenner, constituiu-se a Liga
Suábica. A que mais se salientou na His-
tória Medieval, porém, foi a Liga Hanseá-
tica, formada em 1241. Do lado da Fran-
ça, eram muito procuradas as famosas
Feiras da Champagne (Troyes, Bar, Pro-
vins, Lagny, Chartres, Ruão).
Apesar de dividida e perturbada pelas
lutas internas, a Itália via florescer algu-
mas cidades-estado ou repúblicas que,
temporariamente, exerciam certa hege-
monia, devido a sua prosperidade econô-
mica. Foi assim que Pisa dominou até o
fim do século XIII, Veneza e Gênova tive-
ram fases de grande influência no comér-
cio. O centro industrial que Veneza repre-
sentou levou-a a se especializar em tran-
sações monetárias, tornando célebres os
seus banqueiros. Salientou-se igualmente
na indústria a capital lombarba, Milão.
pério de Gôngis-Cã. Na China, o Império
Ming (1368-1644) foi mais ou menos o
Império do Grão-Cã depois da morte de
Cublai-Câ (1224). 0 Império de Jagatai é
localizado na Ásia Central, na bacia do
Tarim, importante região de trânsito co-
mercial. O Império de Hologu abrangia a
Pérsia e a Mesopotâmia. O Império de
Batu foi o domínio da Horda de Ouro.
No fim do século XIV, outro mongol
afamado apareceu na Ásia Ocidental para
aterrorizar as populações, Tamerlan, que
devastou a Pérsia, a Mesopotâmia e o
Norte da índia, até Delhi. A capital de seu
reino era Samarcanda e seu império se
estendeu do Cáucaso ao Indo. Pouco du-
rou o reinado desse conquistador, mas
seus sucessores ainda reinaram um sécu-
lo. Com o declínio da dominação mongol,
os europeus perderam um tanto o contato
que, no século XIII, tinham tido com a
China.
Durante a Idade Média desenvolveu-se
consideravelmente o comércio da Ásia.
Além dos roteiros da seda e das especia-
rias, as exportações para o Ocidente
eram: têxteis e porcelanas da China; ouro,
cânfora, perfumes, madeiras, essências e
estanho da Indonésia; pedras preciosas e
marfim do Ceilão.
ÁSIA MEDIEVAL ECONÔMICA
O mapa abrange situações sucessivas
da Ásia do século IX ao século XIV, sa-
lientando principalmente as relações en-
tre o continente e o oceano Índico, princi-
pal fator de sua vida econômica. As re-
giões historicamente mais importantes
(aproximadamente delimitadas)o a Chi-
na no tempo da dinastia Sung (século X a
XIII), o Império Kmer (século IX a XII), o
Reino de Delhi e o Império de Tamerlan
(século XIV).
A China, desde os tempos da sua ex-
pansão sob a dinastia Tang (618-907),
dominava o Tibet e mantinha relações co-
merciais com o Japão e com a índia, pelo
porto de Kuang-tcho (Cantão).
Na península indochinesa haviam-se
dado invasões indianas e javanesas quan-
do, entre as bacias do Mecongo e do Me-
não, se libertou, no inicio do século IX, o
Reino Kmer, sob a dinastia de Angkor.
Desenvolveu-se então uma civilização bri-
lhante que construiu palácios espetacula-
res, cujas ruínas ainda existem. Limites
secundários aproximadoso traçados no
mapa, na parte setentrional da Ásia; mar-
cam os territórios desmembrados do Im-
A ÁSIA MUÇULMANA NOS SÉCU-
LOS XV, XVI E XVII
Depois de haver resistido durante três
séculos â invasão muçulmana, a índia
Medieval tinha sido presa de conquista-
dores vindos do Norte e acabava des-
membrada em pequenos Estados que vi-
viam em perpétuas lutas entre si. O Sulta
nato de Delhi havia sido um dos que Ta-
merlan tinha visitado.
0 esfacelamento territorial da-penínsu-
la favoreceu então a intervenção de um
guerreiro turco que ocupava o trono de
Cabul. Vencedor na batalha de Panipat
(1526), entrou Baber em Delhi e consoli-
dou o seu domínio na planície indogangé-
tica. Estava assim criada a dinastia dos
Mogóis, que ocupou a Índia até 1858,
isto é, até o motim dos cipaios, sob a
dominação britânica, quando se extinguiu
a dinastia.
Durante o reinado de Akbar, neto de
Baber, o Império Mogol apoderou-se do
Malva e do Gondwana; foi adquirido tam-
m o Gudjerat, que dava acesso ao mar
Arábico e comunicação com os portugue-
ses, mas o Rajputana, campeão do hin-
duísmo, resistia. Para o Norte expandiu-
se a monarquia, conquistando Multan
(1591) e Kandahar (1595). Para o Sul
estendeu a sua autoridade até o rio Krish-
na. Jahangir, filho de Akbar, continuou lu-
tando contra os rajputas e entrou em con-
tato com os ingleses em Surate. A con-
quista do Decan foi seguida por uma ten-
tativa contra Golconda pelo Ha Jahan, o
construtor do famoso mausoléu de Taj
Mahal, em Agra. Um dos últimos grão-
mogóis foi o filho de Ha Jahan, Aurenzeb,
que reinou meio século em Delhi (1658-
1707). Levou este o seu domínio até
o Assam, onde ocupou Chittagong.
Conseguiu conquistar o Sultanato de Gol-
conda, mas inutilmente combateu os Ma-
haratas, na costa ocidental. Principiou en-
o a decadência dos mogóis.
O mapa apresenta o reino da Pérsia
sob a dinastia fundada pelo Xá Ismail Se-
fevi no fim do século XV, depois de des-
membrado o império de Tamerlan (ver
encarte). O reinado mais brilhante dos Se-
fevidas foi o de Abas I, que constituiu um
período de renascimento nacional para a
Pérsia. Sua capital era Ispahan, que con-
tava 600.000 habitantes; era uma das
mais belas cidades da época, grande cen-
tro artístico e cultural.
Uma invasão afgana, em 1722, derru-
bou o domínio sefevida, e um chefe da
tribo do Korassan estabeleceu no Irã uma
anarquia que favoreceu os turcos e os rus-
sos nas suas incursões na Transoxiana e
no Cáucaso.
N.B. Mogol é a forma árabe-persa da palavra
mongol. Foi aplicada ao império muçulmano da ín-
dia fundado por Baber. Grão-mogol foi o nome
atribuído pelos portugueses aos imperadores de De-
lhi e, em seguida, adotada pelos europeus em geral
[Enciclopédia Britânica).
FRANÇA E INGLATERRA NA IDADE
MÉDIA
O mapa representa principalmente as
fases sucessivas da formação da monar-
quia francesa sob o domínio dos reis ca-
petíngios. Subsidiariamente indica episó-
dios posteriores da Guerra dos Cem Anos
e da Guerra das Duas Rosas na Inglaterra.
Apesar de a cartao mencionar os
domínios franceses dos reis angevinos
da Inglaterra, isto é, dos plantagenetas
(1154-1189), poderia ser traçada a carta
destas possessões, juntando à Guiena e
Gasconha o Poitou, a Marche, a Arvérnia,
o Anjou, o Maine, a Bretanha e a Norman-
dia. Era, pois, toda a França atlântica e
central. Eram estas províncias adquiridas
por cessão (Normandia), por herança (An-
jou) e por casamento (Guiena e Gas-
conha).
A maior parte desses territórios, consti-
tuindo, na Idade Média, senhorios, conda-
dos ou ducados, eram feudos que as cir-
cunstâncias políticas criavam, cediam ou
transferiam, passando, como se fossem
propriedades privadas, de um membro de
família real a outro, sem interferência das
comunidades interessadas.
Quando se deu a Guerra dos Cem
Anos, os domínios ingleses no continente
já haviam sido consideravelmente reduzi-
dos, graças à política dos reis franceses
que visava expulsá-los. Ainda restavam,
porém, à Inglaterra os Ducados de Guiena
e Gasconha, de grande valor econômico.
Em seguida às derrotas francesas, na
primeira fase da Guerra dos Cem Anos,
o Tratado de Brétigny, em 1360, acres-
centou aos domínios ingleses o Poitou, a
Marche e parte do Languedoc; no Norte,
ocupavam os ingleses o Ponthieu e Ca-
lais. Esta última cidade, porto de mar, em
frente de Dover, tinha de ficar em poder
dos ingleses até 1558.
0 mapa reproduzindo a Ilha Britânica
indica a situação inglesa no século XIV,
no tempo de Eduardo III (1327-1377). No
País de Gales, ocupado por populações
celtas, os reis normandos haviam estabe-
lecido Marcas no século XII. Conquistado
o território galés por Eduardo I, havia sido
feito principado e em 1301 tornado domí-
nio do herdeiro, por isso chamado Prínci-
pe de Gales. Só foi incorporado â Ingla
terra o País de Gales no reinado de Henri-
que VIII.
Apanágio análogo obteve o herdeiro do
trono de França, com o delfinado, adquiri-
do em 1349, que o tornou delfim.
VIAGENS E DESCOBRIMENTOS
Tendo como objetivo principal a busca
de um caminho marítimo para as índias,
lançam-se portugueses e espanhóis ao
mar Tenebroso (atual Atlântico). Surgem
assim os dois grandes ciclos de nave-
gação:
a) O Oriental, seguido pelos portugue-
ses, que, costeando a África, procuravam
atingir a Ásia. O ponto de partida desses
descobrimentos foi Ceuta (1415); se-
guem-se Madeira (1420), o cabo Bojador
(1433), e, assim, vai sendo desvendado o
litoral africano. 0 primeiro passo para que
chegassem os portugueses à cobiçada ro-
ta coube a Bartolomeu Dias, descobridor
do cabo das Tormentas, depois chamado
da Boa Esperança (1488). Alguns anos
depois. Vasco da Gama transpunha o re-
ferido cabo, encontrando o caminho marí-
timo para as Índias (1498). O descobri-
mento do Brasil, em 1 500, foge ao rotei-
ro do ciclo.
b) O Ocidental, que tinha como objeti-
vo atingir o Oriente diretamente pelo
Poente. Era o roteiro dos espanhóis, que,
através de Cristóvão Colombo, vieram a
redescobrir a América (1492). A idéia de
que, por esse caminho, seria atingida a
Ásia era certa, pois, em 1521, Fernão de
Magalhães, atravessando o estreito que
tem seu nome, chegou às Filipinas, onde
foi morto pelos nativos; Sebastião El Ca-
no concluiu esta viagem de circunavega-
ção. Américo Vespúcio fez também várias
viagens à América. Coube-lhe a glória de
revelar queo se havia chegado às ín-
dias como supunha Colombo, mas sim a
um novo continente, que recebeu o seu
nome. Da Inglaterra partiram: João Cabo-
to (1497), que visitou a embocadura do
S. Lourenço; Sebastião Caboto (1498),
que, além de visitar as imediações da ilha
de Terra Nova, seguiu para o Norte, tendo
alcançado a Groenlândia; e Francisco Dra-
ke, que entre 1 577-80 realizou novamen-
te a viagem de circunavegaçâo. Pela
França, Jacques Cartier realizou duas via-
gens (1534-35) à região do rio S. Lou-
renço.
EXPLORAÇÕES NO PÓLO NORTE
A conquista da Terra foi-se realizando
por etapas, através das viagens de explo-
rações. Assim, às grandes descobertas e
partilhas das terras, até a Idade Moderna
o incluídas no mundo civilizado, suce-
deram as conquistas dos pólos. Estas se
iniciaram pelo Pólo Norte ou Terras Árti-
cas, no século XIX, por se encontrarem
mais próximas dos países europeus.
Explorado o Ártico, este se tornou exce-
lente ponto para as viagens aéreas e rotas
marítimas, por encurtar a distância entre a
Europa, Ásia e América.
Considera-se como terras polares do
Norte as que estão incluídas acima do
chamado circulo polar ártico.o forma-
das por numerosas ilhas e arquipélagos,
das quais a maior é a Groenlândia, que é
também a maior do mundo, com
2.1 75.600 km
2
, com área de pouco mais
do dobro do nosso Estado do Amazonas.
Estão ainda incluídos na Região Ártica
territórios da Rússia, da Noruega, do
Canadá e dos Estados Unidos, representa-
dos pelo Alasca.
Numerosas foram as viagens de explo-
ração feitas na Região Ártica, dentre as
quais destacamos as seguintes, cujos
roteiros poderão ser seguidos no mapa.
Uma das mais produtivas explorações foi
a de Mac Clure, que, partindo da Terra de
Baffin, descobriu a Terra do Príncipe
Alberto e ao procurada Passagem do
Nordeste.
Outro grande explorador foi Amundsen,
que, muitos anos depois, realizou a
mesma viagem, mas em sentido contrário,
já que o seu ponto de partida foi o Alasca.
0 mesmo Amundsen realizou com Elles-
worth e Nobile o mais extensoo então
feito na região, partindo da Noruega;
sobrevoaram o Pólo Norte, chegando ao
Alasca. No entanto, três dias antes desta
façanha (9 de maio de 1926), Byrd havia
chegado ao Pólo Norte em seu aeroplano,
em viagem bem mais curta. Mas, a desco-
berta do Pólo Norte já havia sido efetuada
na viagem marítima de Peary (1909).
Nordenskjold e Nansen exploraram a
região polar fronteira ao continente euro-
asiático. O primeiro efetuou o percurso
completo; o segundo, afastando-se mais
do litoral, tocou em várias ilhas e no arqui-
pélago da Nova Sibéria.
Em se tratando da partilha da região,
prevaleceu a idéia do senador canadense
Pascal Poirier; herdariam as ilhas árticas
os países que com elas se defrontassem.
Pela teoria da defrontação, a Rússia her-
dou a maior fatia polar, onde estão locali-
zados vários arquipélagos e ilhas, entre as
quais a de Nova Zembla; à Dinamarca
coube a Groenlândia, enquanto o Canadá
ficaria com maior número de ilhas.
EXPLORAÇÕES NO PÓLO SUL
Denomina-se Antártica a um enorme
bloco de terras emersas, escondidas por
espesso manto de gelo, onde se localiza o
ponto geodésico denominado Pólo Sul.
Associando-lhe os 13.000 km
2
corres-
pondentes às ilhas, o tronco continental
foi estimado em 13.897.000 km
2
, sendo
portanto bem maior que o Brasil, com
seus 8.511.965 km
2
. E a região mais fria
do globo, daí a dificuldade de sua ocupa-
ção permanente; a temperatura média
anual é de 25° abaixo de zero, descendo
no inverno a 70° abaixo de zero,
mantendo-se nos meses consecutivos a
50° abaixo de zero.
Distando 3.600, 4.600 e 7.000 km,
respectivamente, da Terra do Fogo, Nova
Zelândia e cabo da Boa Esperança e
quase todo incluído dentro do círculo
polar antártico, o continente polar sul é
geralmente dividido em 3 setores: o
americano, o oceânico ou australiano e o
africano. A Antártica encontra-se bem
afastada dos continentes; já a América
acha-se ligada por uma série de ilhas e
arquipélagos que, desenhando um arco
para oeste, chegam à Terra de Graham.
A idéia de se estudar as regiões gela-
das surgiu na Áustria-Hungria, no ano de
1880, embora a Antártica já tivesse si-
do visitada anteriormente por Cook e Ross.
O interesse científico pela Antártica
acentuou-se nos chamados "Anos Pola-
res" (1882-83 e 1932-33), que culmina-
ram com o Ano Geofísico Internacional
(1957-58); a este último aderiram inicial-
mente 37 nações, entre as quais o Brasil.
0 fator econômico foi o causador das
reivindicações na Antártica, representado
inicialmente pela pesca da baleia e, atual-
mente, pela comprovada riqueza mineral;
alia-se a isto o problema estratégico. Os
territórios reivindicados pela Inglaterra,
Argentina, Chile, França, Noruega etc. se
sobrepõem uns aos outros. Os Estados
Unidoso aceitam as reivindicações de
setores, apontando-os como contrários ao
princípio da liberdade dos mares. A Rús-
sia, através do Memorando de 7 de julho
de 1950, propôs uma Conferência Inter-
nacional para a resolução do problema.
Em fins de 1959, reuniu-se a Conferência
de Washington, para tratar da questão da
Antártica, mas dela esteve ausente o Bra-
sil. Dois pontos apenas tiveram o apoio
dos congressistas: o da cooperação inter-
nacional no que diz respeito à investiga-
ção científica do continente, e o da proibi-
ção do uso da região para fins militares;
quanto às reivindicações territoriais apre-
sentadaso se chegou a um acordo.
A divisão da Antártica, baseada na
teoria da defrontação, foi posta em prática
quando se efetuou a partilha das terras do
Pólo Norte. Caso venha ela ser posta tam-
m em prática no continente do Pólo
Sul, o Brasil seria, juntamente com outros
países da América do Sul, beneficiado.
Podemos observar que o continente
antártico vem sendo visitado por numero-
sos exploradores. Coube a Amundsen, já
experimentado com as explorações da
Região Ártica, atingir pela primeira vez o
Pólo Sul do continente antártico. Scott, no
ano seguinte (1912), repetia o feito. Outra
grande façanha era levada a efeito na
mesma época por Filchner, ao alcançar a
maior latitude meridional, penetrando no
mar de Weddell. Em 1935, Ellesworth ia
de avião da Terra de Graham até a ilha
Roosevelt.
A EUROPA NO SÉCULO XVI
Este mapa é a primeira representação gráfica da Europa Moder-
na. Sua feição mais característica é a considerável extensão do
Império de Carlos V. Jáo coincide mais com as fronteiras do
Santo Império Germânico, pois o ultrapassa em todos os setores.
O Reino de França fica, em conseqüência, rodeado de possessões
daquele imperador. De fato, Carlos V, além de sucessor de seu
bisavô Maximiliano, na parte germânica de suas heranças, passou
a ser rei da Espanha unificada por Fernando e Isabel, a Católica,
depois da conquista de Granada. Aindao ocupa Portugal, mas
tem praças africanas em Ceuta, Melilla, Oran, Argel, Bône, Túnis.
Desta herança espanhola provêm também os seus domínios no
Mediterrâneo insular, as ilhas Baleares, a Sardenha, as duas Sicí-
lias, isto é, o Reino de Nápoles. A leste da França, Carlos V
incorporou ao Império o Franco Condado. Quanto à Boêmia, á
Morávia, â Silésia e parte da Hungria, domínios angevinos até
1519, cabem aos Habsburgo, representados por Ferdinando, ir-
o de Carlos V.
A incontestável hegemonia hispano-germânica que revela a po-
sição geopolítica do Império de Carlos V apresenta os seus pontos
fracos. As comunicações existentes entre as diferentes e afasta-
das possessões do monarca se acham sob a dependência de
potências estrangeiras, por vezes inimigas. A França se acha evi-
dentemente cercada e ameaçada, mas tem a vantagem de ver
concentrada a sua força de resistência e ataque numa monarquia
consolidada e poderosa. 0 principal perigo apresenta-se a leste,
com a força ainda respeitável dos turcos de Solimão, o Magnífico,
apesar da derrota de 1526, em Mohacs. Por sua vez, as posses-
sões da Itália aindao precárias. Quanto à Alemanha propria-
mente dita, coincide o reinado de Carlos V com as lutas religiosas
da Reforma, o que muito enfraquece o seu poder real.
O mapa permite observar a maior parte dos domínios eclesiásti-
cos, isto é, além dos Estados da Igreja e de Avinhão, os Arcebis-
pados de Salzburgo, Bamberg, Mogúncia, Colônia, Munster, Tré-
veris, Bremen etc. Nota-se a posição do Bispado de Liége, que
corta em dois setores os Países Baixos. Na Escandinávia, a Dina-
marca, além da Noruega, ocupa ainda a orla báltica dos estreitos.
A EUROPA NO SÉCULO XVII
Os Tratados de Westfália (1648) fixa-
ram os resultados das guerras de religião
e principalmente os da Guerra dos Trinta
Anos, que tinham movido contra a Alema-
nha, a França e seus aliados. O mapa
então traçado pela política e pela diplo-
macia foi mais ou menos conservado até
a Revolução Francesa, pelo menos nas
suas grandes linhas. Findos os movimen-
tos religiosos de Reforma e de Contra-Re-
forma, dividem-se os países da Europa
entre católicos e protestantes; a confusão
dos credos localiza-se, especialmente, na
Europa Central, onde cada um dos nume-
rosos príncipes alemães exige de seus-
ditos a obediência a seu próprio culto.
Os Tratados de Westfália assinados em
Munster e Osnabruck, ambas cidades
westfalianas, operaram profundas altera-
ções territoriais.
Da Guerra dos Trinta Anos saía vitorio-
sa a França dos Bourbon, onde reinava
Luís XIV. Suas aquisições foram em suas
fronteiras orientais. Os tros Bispados de
Metz, Toul e Verdun lhe foram confirma-
dos e reconhecidos como franceses. À
França também foi cedida a Alsácia. Em-
bora conquistas feitas às custas da Ale-
manha, eram pontos de partida para
maior expansão. O reconhecimento da
República das Províncias Unidas deixava
em situação geográfica difícil os Países
Baixos espanhóis, que continuavam cató-
licos, enquanto que a parte norte se sepa-
rava do Santo Império.
Passou então uma nova potência nórdi-
ca, a Suécia, por uma fase de gloriosa
expansão. O mar Báltico veio a ser um
lago sueco, pois além de dominar a Fin-
lândia, adquiriu, da Rússia, a ingria e ob-
teve, da Polônia, a Estônia e a Livônia. No
setor alemão, além da Pomerânia Ociden-
tal, assenhoreou-se dos Bispados de Bre-
men e de Verden. Geopoliticamente, o
poderio da Suécia, que aliás foi de curta
duração, fechou o golfo de Finlândia aos
russos e apoderou-se do controle dos es-
tuários do Elba, do Weser e do Oder.
Assim como havia sido reconhecida a
independência das Províncias Unidas, foi
igualmente reconhecida a dos Cantões
Suíços.
De toda esta remodelação territorial, a
potência que mais se achava prejudicada
era a Alemanha: eram os Habsburgo
vencidos pelos Bourbon, e desaparecia
definitivamente a ameaça de um conflito
permanente entre territórios hispano-ger-
mânicos. 0 Santo Império se achava en-
o depauperado e desorganizado, sofren-
do ainda da longa guerra que se tinha
ferido em seu território. 0 único príncipe
alemão que saía ganhando era o Eleitor
de Brandeburgo.
gólica em suas feições, apesar de usar a
mesma língua e seus dialetos.
Mais importante ainda foi o resultado
do jugo tártaro, pois sendo mais leve e
quase indiferente, favoreceu o crescimen-
to da autoridade do grâo-príncipe de Suz-
dal e determinou a hegemonia de Mos-
cou, núcleo da Moscóvia. Este, no século
XVII, por aquisições sucessivas, se esten-
deu do mar Branco ao mar Cáspio, e per-
mitiu a Pedro, o Grande, e seus sucesso-
res a incorporação â Grande Rússia dos
territórios ocidentais, embora fossem es-
tes de cultura mais aprimorada. Assim, se
tornaram os seus soberanos "Czares de
Todas as Rússias".
lituano-russo-poloneses derrotaram, em
1410, os Cavaleiros Teutônicos em.Tan-
nenberg e lhes impuseram o Tratado de
Thorn (1466) que os tornou feudatários
do rei da Polônia.
O grupo oriental, por sua vez, foi con-
quistado pelos tártaros-mongóis doss
de Karakorum. Limitaram-se estes, po-
rém, a exigir tributos dos príncipes russos;
mesmo no tempo dos cas da Horda de
Ouro, estabelecidos em Sarai, pouco in-
terferiram nas comunidades eslavas.
Destas duas ordens de conquistas re-
sultaram influências polonesas e germâni-
cas, isto é, ocidentais nos principados do
oeste e influências muçulmanas, asiáti-
cas, nos principados de leste. Da! a for-
mação da Rússia Branca e Pequena Rús-
sia, de um lado, mais européia e alógena,
e, do outro, da Rússia Grande, mais mon-
parentesco da maioria dos príncipes, a re-
ligião grega ortodoxa e um certo respeito
pelo grão-príncipe de Kiev, a metrópole
cultural.
Cedo, porém, começaram a se destacar
um do outro, o grupo de Leste e o grupo
do Oeste. Os russos orientais eram tidos
por eslavos puros; os ocidentais incluíam
muitos elementos alógenos. A Rússia de
Leste era a Rússia primitiva; a do Oeste
era a Rússia de colonização. Neste último
setor destacava-se Novgorod-a-Grande,
que estendia seus domínios do lago llmen
aos montes Urais e às costas do mar
Branco.
Do XIII ao XIV século, ambos os grupos
foram sujeitos a invasões. 0 grupo oci-
dental foi conquistado pelos lituanos que,
unidos aos poloneses, formaram um Esta-
do, em 1386. Graças a esta coligação, os
FORMAÇÃO DA RÚSSIA
A chamado dos eslavos, resíduos étni-
cos das invasões nas regiões do mar Cás-
pio ao Báltico, penetraram na planície
russa os varagues, escandinavos chefia-
dos por Rurik, em meados do século IX.
Estabeleceram-se Novgorod e foram até
Kiev. As extensas terras da Europa Orien-
tal foram repartidas entre os parentes e
descendentes do chefe escandinavo e, no
século XII, a Rússia se achava dividida em
numerosos principados. Os do Norte, co-
mo Novgorod, Pskov, Viatka, eram ditos
"repúblicas"; no Oeste, o grupo abrangia
Smolensk, Tchernigov, Kiev; ao grupo
oriental, pertenciam Suzdal, laroslav, Tver,
Riazan, Moscou, Nijni-Novgorod.o ha-
via ainda "Rússia", mas apenas Rússias.
0 que tinham de comum era a língua, o
OS ESTADOS BÁLTICOS DE 1914 A 1967
Do ponto de vista do esfacelamento da Europa Central e
Oriental em novas nações, a Primeira Guerra Mundial foi
pródiga; no entanto, em matéria de modificações territoriais,
a Segunda Guerra Mundial foi mais drástica, já que raros
foram os países queo sofreram alterações em suas frontei-
ras. Na Europa Setentrional, os Estados bálticoso ficaram
alheios às remodelações estipuladas pelos tratados de 1946.
A Finlândia, primitivamente povoada por lapões e finos, foi
ocupada no século XI por mercadores de Gotland e cristiani-
zada no século seguinte pelos suecos. Durante séculos ficou
sendo uma possessão autônoma da Suécia, mas, no Tratado
de Nystad (1721), perdeu a Carélia, até então parte integrante
deste território, que foi entregue aos russos. Quando, em
1809, a Finlândia passou a ser russa, foi transformada num
grão-ducado governado pelo czar-duque da Rússia, ligada, no
setor da política externa, ao governo central de S. Petersbur-
go. A autonomia existiu nos vários campos, econômico, cultu-
ral e outros, durante o período chamado de reação, antes
mesmo do reinado de Alexandre II, muito embora a ligação
com a Rússia tenha sido uma espécie de "união pessoal".
Quando em 1917 caiu o regime czarista, a burguesia finlan-
desa reivindicou sua independência. As potências européias
hesitaram, subordinando o reconhecimento ao "assentimento
do povo russo". Conseguindo em 1918 a independência, a
Finlândia procurou chamar para o trono um príncipe alemão:
a França se opôs, motivo pelo qual a nova nação se transfor-
mou numa república. Uma vez reconhecida pela Rússia, foi-
Ihe cedida Petsamo no Extremo Norte em virtude da Paz de
Tartu, em 1920. Vinte anos depois, o seu duplo conflito com
os russos (1940-47) fez a Finlândia restituir novamente à
Rússia a Carélia, em seu poder desde 1812, e Petsamo. Neste
mesmo tratado russo-finlandês, assinado em Moscou no ano
de 1948, além dos territórios mencionados, era ainda conce-
dida a ponta de Porkala, por cinqüenta anos, à Rússia como
base naval; mas em 1956, os russos abriamo desta con-
cessão.
As províncias russas denominadas Curlândia, Livônia e Li-
tuânia foram, em 1914, transformadas em três Estados inde-
pendentes uns dos outros. Suas populações eram, no entan-
to, bastante misturadas; eram de origem fino-ugriana e balta,
havendo recebido freqüentes levas de letôes e lituanos. A
esses pagãos vieram juntar-se as missões religiosas, compos-
tas principalmente por alemães que iniciaram sua ação na-
quela região, no século XIII, quando se deu a fundação de
Riga (1201). A intervenção pontificai entregou depois a colo-
nização aos Espatários que se uniram pouco depois aos cava-
leiros da Ordem Teutônica (1237). Os comerciantes da Liga
Hanseática contribuíram para aumentar ainda mais o elemen-
to alemão nestas províncias balticas, sob a administração
dinamarquesa.
A Reforma teve nessas antigas províncias russas, transfor-
madas em 1920 na Lituânia, Letônia e Estônia, sérias reper-
cussões; as duas últimas aderiram ao credo luterano, man-
tendo-se apenas católica a Lituânia, graças à influência po-
lonesa.
Após 20 anos de independência, a Estônia, a Letônia e
Lituânia voltaram a fazer parte da União Soviética, sob o
nome de Repúblicas Socialistas Soviéticas (1940).
O caso das ilhas Aland provocou discussões diplomáticas
entre os países bálticos e a Liga das Nações, logo em seguida
à Primeira Guerra Mundial.o cerca de 300 ilhas e ilhotas
que se acham mais próximas da Suécia do que da Finlândia,
mas que desta últimao separadas por águas mais rasas;
por isso, no inverno, quando as águas se congelam, ficam
essas ilhas ligadas à Finlândia. Fizeram sempre parte admi-
nistrativa de Abo (hoje Turku) e representam para os finlande-
ses uma posição estratégica de importância. Por isso, foram
neutralizadas em 1947, como aliás já haviam sido desmilitari-
zadas em 1856, após a Guerra da Criméia, pelo acordo de
1922.
Com o desmembramento da Alemanha após a Segunda
Guerra Mundial desaparecia a Prússia; a parte oriental ficou
sob administração russa, quando Konigsberg passou a cha-
mar-se Kaliningrado.
Porkala : base naval de 1947 a 1956
T
erritórios adquiridos pela Rússia ( Estados bálticos
Viborg , Petsamo , Prússia Oriental)
Ilhas Aland
1809 Russas
1930 Finlandesas
1967 Neutras
Delgado de Carvalhi -Therezinta de Castro
A EUROPA NO SÉCULO XVIII (Do Tra-
tado de Utrecht à Revolução)
Os dispositivos dos Tratados de West-
fália haviam sido modificados pela expan-
o francesa. As campanhas de Luís XIV
alargaram os domínios franceses à custa
dos Países Baixos espanhóis. Dunquer-
que, Lille, Arras, Valenciennes tornavam-
-se cidades francesas. Strasburgo e outras
eram incorporadas â França pelas Câma-
ras de Reunião. Só a Lorena é que estava
ainda para ser anexada, em 1738-1766.
O acontecimento político mais impor-
tante nos primeiros anos do século XVIII
foi a tentativa de Luís XIV para unir a
França e a Espanha sob a mesma coroa
de seus sucessores. Se passassem deste
modo para a França as possessões ameri-
canas da Espanha, era a hegemonia da
França no mundo ocidental que iria com-
prometer os interesses coloniais e comer-
ciais da Grã-Bretanha e da Holanda. Daí a
coligação contra Luís XIV, na qual entrou
a Áustria, e se juntaram também a Saboia
e Portugal.
Sem ser vitoriosa, a França conseguiu
sair honrosamente do grande conflito
(Guerra de Sucessão da Espanha) com o
Tratado de Utrecht, que manteve o neto
do rei Bourbon no trono da Espanha.
No Mediterrâneo houve algumas im-
portantes redistribuições territoriais: Gi-
braltar e Minorca ficaram com a Grã-Bre-
tanha; a Sicília coube à Saboia; Nápoles e
os Países Baixos foram dados à Áustria.
Em 1720, porém, houve troca de territó-
rios; a Áustria deu a Sardenha à Saboia e
dela recebeu a Sicília.
Na Europa Setentrional, a Inglaterra e
Gales passaram a constituir o Reino da
Grã-Bretanha, com a união da Escócia em
1707. Alterações mais consideráveis em
favor da Grã-Bretanha foram efetuadas
nas colônias, à custa da França.
Na Europa Oriental, o episódio histórico
mais dramático foi o aparecimento de Pe-
dro, o Grande, na Rússia e a conquista da
Suécia pela Carélia, íngria e Estônia, ten-
do a Suécia perdido seus Bispados de
Bremen e Verden em favor do Hanover, e
parte da Pomerânia em favor da Prússia.
No Suleste europeu, recuavam os tur-
cos, que ainda em 1683 haviam ameaça-
do Viena. A defesa austro-polonesa os ha-
via levado ao Danúbio, reconquistando a
Hungria pelos Tratados de Carlovitz e de
Passarovitz (1699-1718).
A EUROPA NAPOLEÔNICA
O mapa nos dá uma visão geral da Eu-
ropa desde a Revolução Francesa até
1812.
Em 1789, os domínios do Estado cor-
respondiam mais ou menos aos atuais,
faltando-lhe apenas a Saboia, Nice e Avi-
nhão.
Coube ao Diretório acrescentar novos
territórios. Pelo Tratado de Lunéville, fo-
ram incorporados aos domínios franceses
a Bélgica, a Saboia e o Condado de Nice.
O território de Avinhão alcançava as fron-
teiras naturais da Gália Antiga, isto é, Pi-
reneus, Reno e Alpes.
O Império Francês de Napoleão sofreu
notável modificação de limites. As con-
quistas napoleônicas foram as seguintes:
Genebra; grande parte da Itália (incluindo
Estados da Igreja); a costa adriática e
grande parte do litoral do mar do Norte
até o Elba. Napoleão ainda cercou o Im-
pério Francês de reinos dependentes, dis-
tribuidos a parentes seus. Destacaram-se
o reino da Holanda, entregue a seu irmão
Luís; o da Itália, ao seu enteado Eugênio
de Beauharnais; o de Nápoles, ao seu
cunhado Murat, e o da Espanha, ao seu
irmão José.
A Polônia, que havia desaparecido de-
pois do terceiro e último desmembramen-
to, em 1795, foi, em parte, restabelecida
por Napoleão, com a criação do Grâo-Du-
cado de Varsóvia, formado à custa de ter-
ritórios poloneses adquiridos pela Rússia,
Áustria e Prússia, em partilhas anteriores.
Outra feição característica da Europa
napoleônica foi a criação da Confedera-
ção do Reno, da qual faziam parte a Sa-
xônia, a Baviera, a Westfália, grande-
mero de pequenos principados alemães e
o Hanover.
No encarte, o local das principais cam-
panhas de Napoleão, até Waterloo, em
1815.
A EUROPA
DO CONGRESSO DE VIENA 1815
Tendo a grande coligação, formada contra
Napoleão, conseguido vencê-lo, foi reunido em
Viena o Congresso incumbido da liquidação im-
perial, isto é, da redistribuição dos territórios
ocupados pelos franceses, fora da França. De
fato, já havia sido decidida pelos aliados a fron-
teira imposta aos vencidos, nos tratados de
Paris de 1814 e 1815.
Em Viena, os representantes dos Estados
vencedores, ditos aliados, julgaram ter uma
oportunidade única de remodelar o mapa da
Europa de acordo com as ambições dos seus
respectivos soberanos. Só um deles devia ser
sacrificado por ter-se conservado fiel a Napo-
leão: o rei da Saxônia. De fato, mais de 50% de
seus domínios, na bacia do Elba e de seus
afluentes, foram-lhe retirados para serem entre-
gues à Prússia.
Substituindo a Confederação do Reno, foi
criada a Confederação Germânica, com sede
em Francfort e sob a presidência da Áustria. Era
uma organização imperial de pouca eficiência,
que reuniu os numerosos soberanos alemães e
na qual tinham parte também soberanos estran-
geiros com possessões na Confederação, como
o rei da Dinamarca e o rei dos Países Baixos.
Fora dos limites da Confederação, soberanos
alemães, por sua vez, possuíam territórios ex-
tensos queo faziam parte dela.
Entre os principais assuntos tratados em Vie-
na, dois deram ensejo a lutas diplomáticas mais
ásperas: a questão da Saxônia, desmembrada
em parte, como foi dito, e a questão da Polônia.
Para apoio às pretensões da Prússia â Saxônia,
o czar exigiu a formação de um Reino da Polô-
nia, do qual seria rei. Desapareceu, assim, mais
uma vez, a Polônia, bem como o Grão-Ducado
de Varsóvia, criado por Napoleão. Tomaram par-
te no desmembramento a Rússia, a Prússia e a
Áustria. Foi apenas respeitada a cidade de Cra-
cóvia, que se tornou república livre. A Rússia
conservou o Grão-Ducado da Finlândia e a Bes-
sarábia (anexada em 1812).
Uma nova monarquia era criada em favor do
rei dos Países Baixos, aos quais foi incorporada
a Bélgica. Também, acrescida de Gênova e da
Saboia, era restaurada a monarquia sarda.
A Áustria, além da presidência da Confedera-
ção Germânica, obtinha da Itália o Reino Lom-
bardo-Veneziano e restabelecia seus arquidu-
ques nos tronos italianos da Toscana, de Parma
e Módena. Adquiria a Dalmácia e a Galícia. En-
tre os mais bem aquinhoados, na Alemanha,
destacava-se a Baviera, que recebia a Francônia
e o Palatinado.
A Suécia perdia a Finlândia, mas se unia à
Noruega, retirada da Dinamarca.
A Cracóvia foi transformada em cidade livre,
enquanto Francfort, Bremen, Hamburgo e Lu-
beck já o eram antes do Congresso de Viena.
ZOLLVEREIN
Ao ser liquidada a situação política e econômica da Europa,
criada pelas guerras napoleônicas, a Alemanha ficava dividida em
mais de 30 Estados e algumas cidades livres. Várias eram as
unidades alfandegárias cujos produtos importados, exportados ou
em trânsito, eram de tal modo taxados que quase paralisavam o
intercâmbio alemão.
A posição da Prússia, a monarquia territorialmente mais exten-
sa, era crítica. Além da expansão comercial, esse reino tinha dois
objetivos: impedir a Áustria de se integrar num sistema econômi-
co alemão, ja que ela só poderia criar obstáculos â formação de
um império que a Prússia ambicionava para si; e chegar por meio
da união econômica à coesão nacional, sob sua hegemonia.
0 economista List foi um dos inspiradores da nova doutrina
nacional alemã, embora desde 1818 tenha a Prússia abolido suas
barreiras alfandegárias internas. A união alfandegária era para ela,
no início, uma obra mais fiscal do que política, pacientemente
elaborada pelo respeitável funcionalismo prussiano. A primeira
parte da obra era facilitada pelo fato de alguns pequenos Estados
se encontrarem encravados no território prussiano; assim, o Hesse
Ducal (Darnstadt) e o Ducado de Anhalt entravam para o Zollve-
rein, em 1828.
Neste mesmo ano de 1828, tros outras uniões aduaneiras eram
levadas a efeito, umas separadas das outras. Para fazer frente
justamente à associação prussiana, os Estados do Sul, liderados
pela Baviera com o seu Palatinado e o Würtemberg, estabeleciam
o seu Zollverein. Sentindo o perigo do isolamento, os Estados
centrais, formados pela Saxônia, Turingia e Hesse Eleitoral, unem-
se no chamado Handelsverein. Surgindo ainda, em 1828, o
Steuerverein, união aduaneira constituída em torno do Hanover.
0 trabalho da Prússia consistiria, então, na política de união
destes diferentes grupos econômicos, formados separadamente
dentro da Alemanha.
A união aduaneira do Centro (Handelsverein) desapareceria
com a aproximação entre a Prússia e a Saxônia (1831); seguiu-se
a adesão de todo o Centro, possibilitando que, a 1
o
de janeiro de
1834, entrasse em vigor o Zollverein, ainda principiante. Em 1833
aderiam também a Baviera, Palatinado e Wurtemberg.
Em seguida, a Prússia resolve empregar a política do isolamen-
to, criando dificuldades ao escoamento dos produtos de pequenos
Estados que lhe faziam fronteira; consegue assim a adesão do
Lippe, Brunswick e Luxemburgo ao Zollverein (1842). Após vários
entendimentos, consegue a Prússia atrair os demais Estados for-
madores do Steuerverein; passavam assim a participar do Zollve-
rein o Hanover e o Oldenburgo (1854).
No Norte, os Grão-Ducados do Mecklemburgo e o Sleswig-
Holstein só entraram no Zollverein em 1867, depois da derrota da
Áustria, que, por várias vezes, havia tentado entrar na União, mas
que, finalmente, depois de Sadowa (1866), era expulsa da Comu-
nidade Alemã. A Alsácia-Lorena seria integrada em 1872 após ter
sido a França vencida pela Prússia. As cidades livres de Hamburgo
e Bremen só iriam se decidir a participar do pacto bem mais tarde
(1888).
Com as guerras austro-prussiana e franco-prussiana aparecia o
sentido político da união econômica, sob o impulso de Bismarck.
O Zollverein foi incontestàvelmente um fator capital na formação
político-econômica da unidade alemã.o pode, entretanto, ser
esquecida a simpatia que os Estados sulistas de formação católica
demonstraram sempre pela Áustria; procuraram estes conseguira
entrada da Áustria no Zollverein, fato este sempre obstado pela
Prússia, que contava com o apoio dos Estados do Norte de for-
mação protestante.
O Zollverein, como regime de desenvolvimento econômico da
Alemanha, foi o alicerce do Império e a condição da rápida e signi-
ficativa industrialização da pátria de Bismarck.
FORMAÇÃO DA UNIDADE ALEMÃ E SUA
EVOLUÇÃO
Os cinco mapas nos permitem seguir a for-
mação do que foi a Alemanha num período de
dois séculos, isto é, desde a obra política e terri-
torial de Frederico II, até o estado em que a
deixou a obra de Hitler.
0 drama alemão se desenrola, em sua totali-
dade, em torno da Prússia, elemento propulsor
de maior intensidade política.
No primeiro mapa, o Eleitorado de Brande-
burgo, ponto central na Europa, já se havia tor-
nado reino desde 1 700 e adquirido terras aus-
tríacas, por meio de guerras, e terras polonesas,
através de partilhas (Silésia, Bromberg, Dant-
zig). Posen foi anexada depois da morte de Fre-
derico II.
No segundo mapa, a Prússia, desmembrada
por Napoleão (1806), é restaurada, recebendo
em Viena (1815) substanciais compensações
no Reno. 0 trabalho de absorção de terras ale-
s pela Prússia continua depois de Sadowa.
0 terceiro mapa representa a obra de Bis-
marck. Vencidas a Dinamarca, a Áustria e a
França, ergue-se o Império Alemão (o II Reich),
onde ainda existem pequenas monarquias ale-
mãs: quatro reinos, onze grão-ducados, sete
principados e três cidades livres (Bremen, Ham-
burgo e Lubeck) e a Nova Terra do Império
(Alsácia-Lorena). É o apogeu de uma situação
que durou meio século (1871-1914-1919).
0 quarto mapa indica as perdas alemãs esti-
puladas no Tratado de Versalhes. A Dinamarca
recusou-se a recuperar o território perdido em
1865 em sua totalidade. A Posnânia passou
para a Polônia, e a Alsácia-Lorena para a Fran-
ça. Foi, porém, criado o Corredor de Dantzig,
que separava a Prússia Oriental da Alemanha
Central. Alguns plebiscitos devolveram certos
territórios (Alta Silésia, Allenstein, Sarre). A des-
militarização foi outro dispositivo de Versalhes,
para isolar a zona do Reno.
0 quinto mapa representa a situação atual
das Alemanhas (Oriental e Ocidental). Em se-
guida ao conflito de 1939-45, o país havia sido
dividido em 4 zonas de ocupação, hoje evacua-
das, mas que subsistem em Berlim.
A nova fronteira é marcada pela linha Oder-
Neisse, ficando a Silésia e a Pomerânia sob a
administração polonesa, como é também o caso
da Prússia (Oriental). O mapa indica em duas
cores a nova Polônia, uma vez que a linha Oder-
Neisse foi dada pelo artigo X do acordo de Pots-
dam (2 de agosto de 1945), como provisória;
solução definitiva será dada pela Conferência da
Paz que decidirá sobre a questão de limites e o
destino das Alemanhas.
NOTA: A solução do problema da unificação da Alemanha
foi prevista na Conferência de Genebra de 14 de maio de
1959. Diz o acordo: "O tratado de paz deverá ser negocia-
do livremente e assinado pelo governo da Alemanha unifi-
cada." Antes desta unificação, entretanto, foi assinado o
tratado definitivo que resolve a questão de limites entre a
Alemanha e a Polônia.
As relações germano-polonesas foram normalizadas pelo
tratado de 7 de dezembro de 1970. em virtude do qual a
Alemanha Ocidental reconhece como permanente e inviolá-
vel o limite ocidental da Polônia definido pela Conferência
de Potsdam, a 2 de agosto de 1945, isto é, a linha dita
Oder-Neisse.
FORMAÇÃO TERRITORIAL DA ITÁLIA
0 Congresso de Viena havia restaurado as
pequenas monarquias que ocupavam a penínsu-
la antes das conquistas francesas e da forma-
ção do Reino da Itália, criado por Napoleão.
Foram, pois, restabelecidos os seguintes Es-
tados:
1. O Reino das Duas Sicílias, com sua capital
em Nápoles, voltando para lá os reis Bourbon,
para substituírem o Rei Murat, cunhado de
Napoleão.
2. Os Estados da Igreja, restituídos à Santa
, recuperaram o território romano, a Úmbria,
Ancona e Ravena até o rio. O Estado pontifi-
cai foi integralmente reconstituído, reservando
à Áustria o direito de estabelecer guarnições
nas legaçôes de Ferrara e Ravena.
3. Os Ducados de Módena, Parma e Lucca e
o Grão-Ducado de Toscana voltaram a ser go-
vernados por príncipes austríacos.
4. A Lombárdia e a Venócia caíram novamen-
te sob o domínio dos Habsburgo, formando o
Reino Lombardo-Vôneto, limitado pelo Pó e pe-
lo Tecino.
5. 0 Reino da Sardenha restaurado foi acres-
cido de Gênova, de Nice e da Saboia.
A atuação da administração napoleônica ha-
via esboçado uma parcial unificação da Itália,
que, apesar de sua pouca duração, havia des-
pertado nos povos da Península um sentimento
de nacionalismo e de limitação que visava á
unidade italiana, sob um dos imperantes, Papa
ou rei, e contra o domínio da Áustria. As tentati-
vas de revoluções nacionais em 1821, 1830 e
1848o foram bem sucedidas. Foi necessário
ao rei da Sardenha (ou Piemonte) o auxílio da
França de Napoleão III, para a parcial expulsão
dos austríacos. Anexou então à Sardenha a
Lombárdia, conquistada em 1859 pelos franco-
sardos.
Tirando partido do apoio francês, o governo
de Turim procedeu, em 1860, a uma série de
anexações, mais ou menos pacíficas, dos duca-
dos, dos Estados da Igreja (exceto Roma) e dos
territórios napolitano-sicilianos. O mapa indica
as datas das fases sucessivas de expansão pie-
montesa pelas terras da Península.
Uma aliança com a Prússia bismarckiana, em
1866, permitiu que nova guerra, apesar de per-
dida, conduzisse à anexação também da Vené-
cia ao novo Reino da Itália, fundado em 1861,
com capital em Florença.
Os territórios perdidos (Saboia, Nice, Ístria) e
o adquirido (Trentino) podem ser observados.
0 encarte que representa a "coroa" de cida-
des que se acham ao redor do maciço alpino
permite observar os principais passos que tive-
ram importância histórica no passado e hoje
continuam a determinar posições estratégicas e
facilidades comerciais.
A última questão territorial que surgiu após a
última guerra mundial foi a da ocupação da ís-
tria. Finalmente em Londres, a 25 de outubro
de 1954, foi restituída à Itália a zona de Trieste,
conservando a Iugoslávia o resto da Península.
(Veja mapa p. 150.)
COLONIZAÇÃO E MODERNO IMPERIALISMO
Os primeiros povos europeus, cuja expansão ocupou a História
Moderna, foram os ibéricos e os batavos. Surgiram em seguida os
franceses e os ingleses e, por fim, no século XIX apareceram
tardiamente os alemães e os italianos. Enquanto se processavam
estas atividades extra-européias, cresciam, na Ásia, a Rússia e
mais tarde o Japão.
A fase de expansão iniciada do século XIV ao XVII teve por
objetivo o colonialismo puro, isto é, a aquisição de pontos afasta-
dos, nos quais os holandeses, portugueses e espanhóis pudessem
abastecer-se de mercadorias necessárias ao estágio de civilização
em que se achavam. Do Oriente, principalmente, vinham especia-
rias, drogas e madeiras finas. Abandonados os roteiros continen-
tais, que desde tempos antigos eram caminho para a China, ín-
dias e Oriente, passaram então os mares a serem trafegados
pelos marinheiros peninsulares e holandeses.
0 século XVIII apresenta-se como uma fase de transição, em
que passam a salientar-se os novos concorrentes. Fica ainda a
política adstrita ao sistema do monopólio. No século XIX, entre-
tanto, aparece, em vez de simples colonialismo, o que se chamou
de imperialismo. As metrópoles, depois das guerras napoleônicas
e da Revolução Industrial, passaram a visar à expansão econômi-
ca e militar. Necessitavam ainda de postos de abastecimento em
matérias-primas; requeriam mercados para suas indústrias em
progresso; precisavam de portos em todos os roteiros marítimos
para as suas frotas mercantes e militares, e procuravam, por fim,
colocação para os seus capitais e por vezes, também, para seus
colonos nacionais.
Foi assim que, dotados de considerável força de expansão, os
ingleses tiveram a oportunidade de encontrar ainda territórios de
fácil ocupação em zonas temperadas: o Canadá, a África do Sul, a
Austrália, sem prejuízo de suas aquisições nas regiões tropicais e
equatoriais. A expansão francesa efetuou-se em zonas menos
favoráveis e, ao ser na Argélia, só adquiriu terras na Indochina
e em regiões tropicais e equatoriais.
O exemplo dos franceses e ingleses seduziu a Alemanha, que
apesar da oposição inicial de Bismarck, conseguiu alguns pontos
na África e Oceania. A Itália, outra retardatária, procurou iniciar
um império pela África. Dos antigos colonizadores, ficaram com
suas possessões até a Segunda Guerra apenas a Holanda e Portu-
gal. A Espanha, em 1914, já havia perdido tudo, com exceção de
Rio do Ouro, na África. Por sua vez, a Rússia havia progredido no
Turquestão e na Ásia Central, e o Japão, no Extremo Oriente.
A INGLATERRA MEDIEVAL E A
MODERNA EXPANSÃO BRI-
TÂNICA
A apresentação sinótica da Ingla-
terra Medieval permite seguir os
estágios mais característicos de sua
história, desde a invasão dos anglo-
-saxõesaté aconquista normanda. A
história anterior já foi traçada nos
mapas do Império Romano e da
Europa Medieval. Um esboço dos
domínios do Rei Canuto da Noruega
e Dinamarca revela como os nórdi-
cos haviam reduzido o mar do Norte
a um lago norueguês.
No primeiro mapa figuram as
sete monarquias da chamada Hep-
tarquia. Convém localizá-la sem
esquecer, todavia, que nunca coe-
xistiram. No segundo mapa, é indi-
cado o Danelaw, território reconhe-
cido aos dinamarqueses pelo Tra-
tado de Wedmore (878). Estão
sublinhadas as chamadas "Cinco
Cidades", feudos nórdicos, cujas
funções os historiadoreso conhe-
cem com exatidão. (Veja Breasted,
Huth, Hardinq-European History
Atlas. p. XXXV.)
Dois mapas da Inglaterra Medie-
val na época da conquista de 1066
e depois dela permitem interpretar o
aspecto que tomou, na ilha, o feuda-
lismo: marcas e palatinados. A
maior parte do território se acha
administrada pelos xerifes do rei.
O encarte relativo à Irlanda indica
apenas a situação geográfica atual
da República Irlandesa na ilha e seu
contato com o território britânico de
Ulster.
0 mapa do Império Britânico no
seu apogeu, em 1914, reproduz, em
projeção de Mercator, a "linha ver-
melha" que ligava todas as posses-
sões britânicas da época. As aquisi-
ções resultantes do Tratado de Ver-
salhes (1919) foram principalmente
"mandatos".
A índia é estudada em dois
encartes; no primeiro, em suas
linhas gerais, na data da vitória de
Robert Clive, em Plassey (1757), e,
no segundo, cem anos mais tarde,
quando se deu a Revolta dos
Cipaios, cujos episódios mais dra-
máticos ocorreram em Cawnpore e
Lucknow. 0 Império das Índias foi
proclamado em 1876 e a indepen-
dência data de 1949, continuando,
porém, a índia república democrá-
tica soberana a ser membro da
Comunidade, que aceita a rainha
como símbolo de "livre associação"
(Acordo de 17 de maio de 1949). A
sua Constituição entrou em vigor
em 1950.
0 objetivo principal do mapa da
África do Sul no século XIX é de
localizar as duas repúblicas bôeres
de Orange e Transvaal, indicando as
diretrizes de penetração britânica e
holandesa. Majuba Hill, Ladysmith e
Mafeking marcam os episódios das
lutas terminadas pelo Tratado de
Vereeniging, em 1902.
0 mapa da colonização da Austrá-
lia relata a história da penetração da
ilha-continente, cujas costas meri-
dionais foram ocupadas em pri-
meiro lugar. Ainda hoje apresenta-
-se deserto o interior, pois 77% da
população residem nos Estados do
Suleste da Federação. Camberra é a
nova capital, inaugurada em 1927.
A Primeira Guerra Mundialo
parece ter destruído a preeminência
naval e econômica do Império Britâ-
nico. A Segunda Guerra, porém,
modificou a situação, afrouxando os
laços com suas possessões ultrama-
rinas.
O Império passou a ser Comuni-
dade das Nações Britânicas, consti-
tuída de nações associadas, de
federações, protetorados e manda-
tos. É uma associação sem poder
centralizado, com voz comum para
todos os seus membros, o que, na
expressão de Hartley Gratton,
"muito contribui para desnortear e
tornar misteriosa esta entidade aos
olhos do mundo exterior".
ESTADOS BALCÂNICOS NO SÉCULO XX
Quando os turcos otomanos conseguiram em meados do sécu-
lo XIV atravessar o estreito de Dardanelos, encontraram na Penín-
sula Balcânica o Reino Sérvio, como potência dominadora, o Im-
pério do Oriente e a Bulgária. Na batalha de Kossovo (1389) os
turcos conseguiram vencer os sérvios e, no fim desse século, já
haviam conquistado a Península até o Danúbio, excluindo-se
Constantinopla, cuja queda só se deu em 1453.
O Império Otomano aí estabelecido pelos turcos atingiu no
século XVI sua extensão máxima: do Adriático ao mar Negro, dos
Cárpatos ao Egeu. Derrotados em Lepanto, por venezianos e espa-
nhóis,o puderam os otomanos chegar à Península Itálica, onde
pretenderam apossar-se de Otranto. Cumpre destacar, também,
que o Principado do Montenegro jamais foi incorporado ao grande
Império.
O século XVIII marca a derrocada do Império Otomano. Inicial-
mente vemos a Áustria anexando a seus domínios toda a Hungria;
depois a Rússia, apossando-se de vasto trecho do mar Negro e,
em 1812, acabando por anexar toda a Bessarábia. As nacionalida-
des começam também a se manifestar: primeiro foi a Sérvia, de-
pois a Romênia (com a unificação da Moldávia, Valáquiá e
Dobrudja), depois a Grécia e finalmente a Bulgária.
O Mapa de 1914 mostra o recuo do Império Otomano, adstrito
a pequeno território na Península, que, por sua vez, se encontra
dividida em cinco países. A Albânia havia surgido como estado-
tampâo, em virtude da oposição da Áustria e Itália à chegada da
Sérvia ao Adriático.
Em 1959, a feição política dos Bálcãs também vai apresentar
profundas modificações. A Bulgária, tendo em 1914 entrado na
guerra ao lado da Alemanha, perdeu para a Grécia (Tratado de
Neuilly, 1919) sua posição no mar Egeu, recuperando em 1937,
ao começar a cooperar com os poderes germânicos, o Sul da
Dobrudja. (Veja mapa p. 110.)
A Romênia lutou na Primeira Guerra Mundial com os aliados e
seu território foi acrescido da Bessarábia, Transilvânia, Banato de
Temesvar e Bukovina. No mapa de 1967 já se nota a Romênia,
que na Segunda Guerra lutou ao lado do Eixo, sem a Bessarábia,
reconquistada pela Rússia, em 1941. A Iugoslávia, que aparece
no mapa de 1967, teve como núcleo geistórico a Sérvia, de-
pois transformada em Reino dos Sérvios, Croatas e Eslovenos.
Foi em redor deste núcleo que se formou a Unidade Iugoslava
em 1918, como na Península Itálica se havia formado, no século
XIX, a Unidade Italiana em torno do Piemonte e, na Europa Cen-
tral, a Unidade Alemã apoiada na Prússia.
0 encarte nos dá uma visão mais detalhada da atual Turquia
européia, que ainda detém os estreitos de Dardanelos e Bósforo.
ORIENTE MÉDIO
O final da Primeira Guerra Mundial marcou o esfacelamento do
Império Otomano. Passaram então a vigorar sistemas de manda-
tos, protetorados e de esferas de influência, estabelecidos na
conferôncia de San Remo, em 1920. Foi principalmente o Oriente
Médio ali discutido, ficando as suas divisões políticas mais ou
menos respeitadas, embora atribuídas às potências mandatárias
França e Inglaterra.
A sede do novo governo da Turquia passou a ser Ancara.
Abandonavam os turcos, aos aliados, suas possessões no Oriente
Médio. A Síria e o Líbano foram mandatos concedidos à França
pela Liga das Nações. O Iraque, a Transjordânia e a Palestina
couberam ao mandato britânico.
Esta situação do Oriente Médio manteve-se, durante alguns
anos, no periodo de entreguerras. A primeira alteração foi o reco-
nhecimento da independência do Iraque, em 1927, sendo o pais
admitido na Liga das Nações em 1932.
Foi, porém, depois da Segunda Guerra Mundial que se deram
as maiores alterações no Oriente Médio. A agitação que se produ-
ziu na Síria durante o conflito comprometeu o mandato francês,
que vigorou até 1941.
No ano de 1945 foi criada a Liga Árabe, cuja iniciativa coube
ao Egito (Protocolo de Alexandria Convênio do Cairo). Hoje,
dela fazem parte o Iraque, a Síria, o Líbano, a Jordânia, a Arábia, o
lêmen, a Líbia e o Sudão.
Em 1944 tornou-se independente o Líbano; a Transjordânia, em
1946, sendo admitida na ONU em 1955.
Israel foi proclamado república em 1948, e membro da ONU
no ano seguinte. Encontra-se entre Estados árabes que conside-
ram sua posição geográfica e política um obstáculo à unificação
do mundo árabe muçulmano, visado pela liga de 1945. Esta
política de integração é hoje tentada pelo Egito, que já a conse-
guiu, em parte, com a República Árabe Unida (Egito e Síria).
Os limites traçados no mapa correspondem ao que foi fixado
em abril de 1950, depois da Transjordânia se ter transformado em
Jordânia, obtido uma parte da antiga Palestina (Cisjordãnia) e
ocupado um setor de Jerusalém.
A EUROPA NA SEGUNDA PARTE DO SÉCULO XIX
O mapa fixa graficamente a situação da Europa resultante dos
tratados de 1815, que perdurou até a Primeira Guerra Mundial,
com um certo número de modificações territoriais. Foi um período
de relativa estabilidade, no qual só se efetuaram alterações resul-
tantes de conflitos armados nos Bálcãs, na Península Itálica, na
AIsácia-Lorena e nos ducados do Elba (Schleswig-Holstein). Nos
demais setores, as mudanças foram pacificas, como a separação
completa da Suécia e da Noruega e a da Bélgica e dos Países
Baixos, à anexação da Bósnia-Herzegovina ao Império Austro-
-Húngaro.
0 mapa dos Bálcãs oferece a distribuição territorial que vigora-
va em 1912, isto é, antes das guerras balcânicas.
No princípio do século XIX, o Império Otomano ainda ocupa na
Europa Sul-Oriental uma posição estratégica da maior importân-
cia, poiso somente domina os estreitos que levam ao mar
Negro, mas também as ilhas do Egeu, a entrada do Adriático,
Creta, Chipre, Suez e, de um modo geral, o mundo muçulmano do
Oriente Médio.
A Península Itálica já se acha, na segunda parte do século,
quase totalmente unificada; em 1866 o Reino da Itália adquire a
Venécia e apodera-se, em 1870, de Roma, para onde transfere a
sua capital, temporariamente fixada em Florença. No Extremo
Norte da Península restam para ser anexadas as províncias irre-
dentas com Trento e Bolzano.
O que ressalta, pois, mais claramente do século XIX é a anula-
ção da obra diplomática de Viena. As uniões então forjadas se
dissolvem (Suécia-Noruega; Bélgica-Holanda) e os esfacelamen-
tos mantidos â força se integram à custa da Confederação Germâ-
nica (Itália, Alemanha). A Europa é abalada pelos conflitos defla-
grados pelo Princípio das Nacionalidades formadores de novas
nações. Nos Bálcãs esses movimentos recebem apenas a aprova-
ção formal do Congresso de Berlim de 1878, data em que Chipre
passou a ser cedida administrativamente â Grã-Bretanha.
A EUROPA DE ENTREGUERRAS (1919-1939)
Durante a trégua de vinte anos que ocorreu entre a
Primeira e a Segunda Guerra Mundial, a Europa conheceu,
sob o ponto de vista geográfico, um período relativamente
estável. Ao ser os territórios submetidos a plebiscito
(Sarre, Schleswig-Holstein, Alta Silésia, Prússia Oriental, o
Burgenland),deram-se algumas anexações imprevistas nos
tratados (Fiúme, Vilna) e por fim as incorporações hitleria-
nas (Áustria, sudetos).
As principais modificações efetuadas pelos tratados de
paz foram as seguintes:
O Tratado de Versalhes restituiu â França a Alsácia-Lo-
rena, que" lhe tinha sido retirada pelo Tratado de Francfort
de 1871. 0 Schleswig-Holstein devolvido à Dinamarca
o foi aceito em sua totalidade: a Dinamarca só quis ficar
com o Schleswig do Norte por meio de plebiscito; o do Sul
possufa alemães e iria lhe trazer muitas dificuldades. A
Polônia, tantas vezes desmembrada, foi reconstituída, fi-
cando, porém, o chamado Corredor de Dantzig entre ter-
ras prussianas. A cidade de Dantzig, por sua vez, ficou
sendo cidade livre, sob o controle da Liga das Nações.
O Tratado de Saint-Germain reduziu a Áustria a seus
elementos germânicos, entregando à Itália o Trentino e a
Ístria; à Iugoslávia (então chamado Reino dos Sérvios,
Croatas e Eslovenos) eram cedidas a Eslovênia e a Dalmá-
cia, a Croácia e a Bósnia-Herzegovina. A Polônia recebeu a
Galícia de volta e a Romênia adquiriu a Bucovina. Ficava a
Áustria reduzida a 83.850 km
2
e formava-se, â custa de
seus domínios tchecos, um novo Estado, a Tchecoslová-
quia.
O Tratado de Neuilly impunha â Bulgária a restituição a
seus vizinhos de todos os territórios de etnia não-búlgara, a
saber: o Sul da Dobrudja à Romênia; a Trácia, de Cavala, à
Grécia; o Sudeste da Macedônia à Iugoslávia. O Tratado
tornava o Danúbio rio internacional.
O Tratado de Trianon reduziu a Hungria a um terço de
sua superfície de 1914. Cedia a Croácia, a Eslováquia e a
Rutênia à Tchecoslováquia e a Transilvânia à Romênia. Era
dividido o Banato de Temesvar.
0 Tratado de Sèvres, imposto à Turquia,o foi aceito
pelo governo de Ancara e, em 1925, foi assinado o Trata-
do de Lausanne. As perdas turcas eram todas em setores
asiáticos (Arábia, Mesopotâmia, Palestina, ilhas do Egeu).
Estes tratados, assinados todos em subúrbios de Paris,
confirmavam apenas, a maior parte das vezes, situações
criadas durante o conflito. Nenhum foi recebido sem resis-
tência pelos signatários vencidos e deles resultou, em par-
te, a Segunda Guerra Mundial.
Um mapa de 1960, isto é, um mapa geográfico da atualidade, traça
forçosamente limites na Europa Central que aindao foram definitiva-
mente fixados. Semelhante mapa, de fato,o seria muito diferente do
mapa de 1939 ai representado, visto que as modificações mais importan-
tes se deram apenas em territórios da Europa Oriental (absorção da
Estônia, da Letônia, da Lituânia, de Viborg, da Bukovina, da Rússia
Branca, até Brest Litovsk, e da Bessarábia pela Rússia). Todas essas
alterações, aliás,o registradas nos mapas regionais que seguem.
AÁSIA MODERNA
Os mapas representam territórios do
Extremo Oriente, que nos tempos moder-
nos, isto é, nos séculos XIX e XX, sofreram
alterações políticas, mudando do domínio
de uma nação para outra. A apresentação
das fronteiras himalaianas permite colo-
car o estado atual (1959) da índia, do
Paquistão, do Nepal e do Butâo. A colora-
ção neutra salienta a posição de Caxemira
e Jammu.
O mapa relativo à Indonésia indica a
posição da nova República, criada em
1945. Unida aos Países Baixos em 1949,
pela Mesa-Redonda de Haia, foi definiti-
vamente separada em 1956. Ainda con-
servavam os holandeses a parte ocidental
da Nova Guiné. Na península de Malaca,
a Federação Malaia (capital em Kuala-
-Lumpur) tornou-se Estado soberano da
Comunidade das Nações Britânicas, em
1957. Singapura já tinha ficado "colônia
da Coroa" desde 1946, data em que fora
dissolvida a colônia dos Straits Settle-
ments. O Bornéu do Norte, antigo prote-
torado britânico, também passou a ser,
em 1946, como Sarawak, "colônia da
Coroa".
A importância que deram ao Japão mo-
derno suas guerras de 1894 e 1904 con-
tra a China e contra a Rússia torna con-
veniente seguir-lhe na Coréia e no mar da
China os principais episódios: passagem
do rio Yalu, desembarque em Takusshan e
Pitsevo, sitio e tomada de Porto Artur,
batalhas de Mukden e de Liao-Yang; no
estreito, batalha naval de Tsushima. No
Sul do Japão, Simonosaki lembra o trata-
do que lá foi assinado no fim da guerra
chinesa (1895). No mapa da formação
territorial do Japão acham-se indicadas
as principais aquisições japonesas desde
1875 (Kurilas, Riu-Kiu, Sakalina, Formo-
sa, Porto Artur e os mandatos no Pacifi-
co). Em seguida à guerra sino-japonesa,
as potências européias conseguiram
ocupar também territórios chineses. A
Rússia czarista obteve Porto Artur (que
perdeu em 1905); da intervenção alemã
resultou a ocupação de Kiau-tcheú, no
Chantung (1898). Wei-hai-wei, na mesma
península, foi cedida à Grã-Bretanha, que
a restituiu em 1930. À França coube, em
1898, ocupara baía de Kuang-tcheú (ma-
pa da China), cujo porto estava aberto
desde 1876.
A situação da China, no século XIX, é
examinada no mapa que marca as datas
de abertura dos portos chineses ao co-
mércio internacional. A China é apresen-
tada com as regiões que faziam parte do
seu império, no tempo da dinastia mand-
chu: Tibet, Sin-Kiang, Mongólia, Mand-
chúria. A área delimitada na China própria
indica aproximadamente o território em
que se deu a Revolta dos Taipings.
A imprecisão dos limites setentrionais e
orientais do Tibet (serra do Kuen Lun)
eqüivale â indecisão de sua situação polí-
tica entre as nações. Os tratados de limi-
tes concluídos com a China (1870, 1914)
nunca foram aceitos por Lhassa. Seguin-
do a tradição da China Imperial, a China
Republicana sempre procurou reduzir o Ti-
bet à categoria de província. Invadido pe-
las forças da China Popular, o Tibet ape-
lou para as Nações Unidas sem resultado
(1950).
A 23 de maio de 1951 foi assinado em
Pequim um tratado sino-tibetano em vir-
tude do qual foram entregues â China as
relações exteriores e a defesa do Tibet,
deixando ao dalai-lama o cuidado da po-
lítica interna.
Este soberano tibetano tomou parte no
primeiro Congresso Nacional Chinês em
1954. Foi criada uma comissão prepara-
tória para a autonomia tibetana, cujo tra-
balho foi adiado por seis anos, em 1957.
Em 1964 foram destituídos os lamas e
em 1965 o Tibet foi reconhecido "região
autônoma" com regime administrativo
idêntico ao da Mongólia Interior. (Veja
mapa p. 138.)
ÁSIA CONTEMPORÂNEA (1863-1913-1959)
O objetivo principal destes mapas da Ásia é mostrar as
fases sucessivas da ocupação européia no continente. No
mapa relativo aos séculos XVI e XVIIo indicadas as posi-
ções ocupadas pelos portugueses (Mascate, Goa, Calecute,
Ceilâo, Malaca, Macau e ilhas de Sonda). Em seguida, as
datas em azul marcam os pontos em que foram substituídas
pelos holandeses, no século XVII. Naqueles séculos continua-
ram imprecisos os limites dos maiores Estados asiáticos, co-
mo a China dos Ming, o Império Mogol e a Pérsia. No Norte
do continente, as datas permitem seguir os progressos da
expansão russa pela Sibéria.
Já no século XIX (segundo mapa geral) observam-se condi-
ções muito diferentes. Na época da abertura dos portos da
China e do Japão operou-se um verdadeiro desmembramen-
to do Extremo Oriente. A índia pertencia então à Grã-Breta-
nha; a França havia se apoderado da metade da península
indochinesa; os holandeses e portugueses conservavam, ain-
da, boa parte de suas colônias dos séculos passados. Grande
número de portos era ocupado pelos europeus britânicos,
franceses e alemães, principalmente.
Os encartes permitem localizar mais claramente os pontos
de ocupação escolhidos. No golfo de Petchilli: Porto Artur,
conquistado aos russos pelo Japão, e Wei-hai-Wei, ocupado
pelos britânicos (1898); Kiau-tcheú, no Chantung, foi ocupa-
do pelos alemães, como indenização pelo massacre de dois
missionários. O outro encarte localiza as possessões estran-
geiras no Sul da China: franceses, portugueses, britânicos e
japoneses dominam o mar da China Meridional.
0 mapa relativo a 1959 representa uma Ásia que duas
grandes guerras modificaram consideravelmente. Ao ser
Portugal e a Grã-Bretanha, todos os países colonizadores
abriramo de suas possessões.o há mais portos france-
ses na índia, pois todos os cinco foram restituídos. 0 Vietnã
forma hoje dois Estados: Vietnã do Norte e Vietnã do Sul. A
Birmânia separou-se da Grã-Bretanha; a Indonésia é
república; o mesmo se dá com a Coréia, embora dividida; a
Mongólia é igualmente independente; a Mandchúria foi devol-
vida à China, mas o Tibet é problema. Na índia, as comunida-
des muçulmanas constituíram o Estado bipartido do Paquis-
tão.
Um encarte relativo à Pérsia, atual Irã, permite determinar
o que foi a realidade política de 1906, quando a Grã-Bretanha
e a Rússia, em conflito de interesses na Ásia, precisaram ligar-
-se para resolver questões internacionais na Europa.
Finalmente, um outro encarte representa um episódio da
história dos árabes, na primeira parte do século XIX: o Sulta-
nato de Oman, que se estendia nas duas margens do golfo
Pérsico, possuindo terras africanas até Zanzibar.
Situações mais ou menos transitórias se apresentam nos
movimentos de unificação e de integração nacional em certos
países asiáticos. 0 fator geopolítico, determinado por ideolo-
gias em conflito, supera o fator de unidade geográfica natural,
impondo uma divisão artificial. É o caso dos Vietnãs do Norte
e do Sul, das Coréias do Norte e do Sul e das duas Chinas:
Formosa e Popular.
ESTADOS ÁRABES
Em fevereiro de 1513, Afonso de Albuquerqueo conseguira
tomar Áden em virtude de as "escadas se terem quebrado na
escalada" (Antônio G. Matoso). Já em 1538, os turcos ocupavam
este ponto estratégico, vizinho da salda do mar Vermelho (Bab-el
Mandeb). Áden é, ainda hoje, importante escala no caminho das
índias, como porto de reabastecimento, fazendo parte da Comuni-
dade Britânica.
Isto porque, trezentos anos após a conquista turca, em 1839, a
Inglaterra anexou Áden, ocupando a ilha de Perim (1857), conse-
uindo assim o controle marítimo da navegação entre o Egito e a
ndia. A abertura do canal de Suez deu grande importância comer-
ciai ao porto, cuja zona de influência se foi estendendo através do
interior montanhoso da península, entre o lêmen e o Sultanato de
Oman (Mascate).
O Centro da Península Arábica, em grande parte desértica,
constitui a chamada Arábia Saudita, por ter sido formada aos pou-
cos por Abdul Aziz Al Saud, rei do Hedjaz. A delimitação de seus
territórios foi efetuada com o lêmen (1937), com o Kuwait (1942)
e com a Jordânia (1962).
Na vertente do golfo Pérsico estão localizados vários Estados
árabes, entre outros o Kuwait, o Bahrein, o Katar, que enriquece-
ram os seus respectivos governos com as reservas de petróleo
consideráveis em seus territórios. Na parte meridional do golfo, o
litoral é ocupado pelos sete "Estados da Trégua" (Dubai. Sharja,
Ajisman, Abu Dhabi etc), assim denominados em virtude da Tré-
gua Marítima Perpétua que assinaram em 1853 com a Inglaterra,
comprometendo-se ao mais hostilizar a East índia Company,
conformando sua política exterior às diretrizes inglesas.
Quanto ao lêmen, ocupado pelos egípcios e turcos desde o ini-
cio do século XIX, conseguiu, graças à intervenção britânica,
libertar-se do domínio turco, fixando suas fronteiras em 1914.
Com a derrota turca na Primeira Guerra Mundial, os iemenitas
alargaram seus domínios mas tiveram que tratar desta feita com a
Arábia Saudita. Por sua vez, a Inglaterra adquirira, para Áden, as
ilhas Karaman (sem mencioná-las no tratado de paz), conseguindo
do Oman as ilhas Kuria Muria que restituiria em 1967.
A fim de tornar mais eficiente a administração britânica nestas
regiões arábicas e associá-las a sua colônia de Áden, foram orga-
nizadas várias formas políticas sucessivamente. Assim sendo, o
Protetorado de Áden foi substituído pelo Protetorado da Arábia do
Sul, agrupando vários Estados. Em 1960 era criada a Federação
da Arábia do Sul, incluindo Áden, mas excluindo outros protetora-
dos e ilhas. A independência estava marcada para 1968, mas a
oposição do povo de Áden, temendo cair o poder entre Estados e
tribos do interior, organizou uma revolta e os distúrbios levaram a
idéia ao esquecimento. Mas a solução política sobreviria em 1967;
o conjunto dos Estados do Sul arábico, Áden e o lêmen consti-
tuíram a República do lêmen do Sul.
136
ÁSIA CENTRAL SOVIÉTICA
Desde o século XVIII, a Rússia havia entrado em relações com
os príncipes locais das regiões da Ásia Central situadas a leste do
mar Cáspio. S6 no século XIX foi, porém, chamada a atenção dos
russos para estas planícies semidesérticas aoss da serra do Tur-
questâo, onde se criavam bovinos e bichos-da-seda e se cultivava
o fumo e cânhamo; nas serras estavam as afamadas minas de
ouro.
A partir de 1834, o Governo russo cuidou da ocupação do litoral
oriental do Cáspio, fazendo em seguida a malograda tentativa con-
tra o Canato de Kiva (1839). A ação militar russa havia sido desti-
nada a assegurar as comunicações entre o forte de Orenburgo (no
rio Ural) e o forte de Omsk na região ocupada pelos cossacos. No
entanto, esta estrada da Sibéria se achava sob freqüentes incur-
sões dos nômades agressivos.
Esta tentativa russa despertou a atenção da Inglaterra, já que
seus domínios indianos e o Afganistão se encontravam nas vizi-
nhanças dos Canatos de Kiva, Bokara e Khokand.
A Guerra da Criméia fez a Rússia adiar um pouco sua penetra-
ção planejada para consolidar suas fronteiras siberianas do Sul.
Cresciam, porém, as necessidades russas de algodão, linho e
outros recursos do Turquestão para suas fábricas. Daí haverem
recomeçado em 1865 as tentativas russas com a ocupação ou
conquista de Tachkent (1865), de Bokara (1866) e da velha
cidade imperial de Samarkanda, capital de Tamerlan e antigo cen-
tro intelectual da Ásia Central (1868); Kiva caía em 1873, seguida
por Khokand em 1876. Finalmente, o General Skobeler tomou de
assalto a fortaleza de Gock-Tepe no Tukmenistão (1881),
enquanto o oásis de Merv era ocupado em 1884. Por fim, a Rússia
Soviética substituiu os canatos e emiratos sob a soberania russa e
redistribuiu sobre bases nacionais os territórios do Turquestão em
cinco Repúblicas Socialistas Soviéticas (1924).
A ÁSIA EM 1967
A Ásia é, politicamente, um continente velho. Adotou
mecanismos do Ocidente na Era Contemporânea, embora
o Ocidente muito tenha ficado a lhe dever as invenções
que aperfeiçoou na Idade Moderna.
A Ásia foi sede de civilizações que os ocidentais desco-
nheciam, tendo sido o seu comércio o mais antigo do
mundo. Só no século passado começou a se fechar o
hiato entre o Ocidente e o Extremo Oriente; hoje, isto
constitui a principal ameaça que a geopolítica reservou ao
mundo civilizado.
Em vez de adaptar suas iniciativas a uma compreensiva
colaboração, a expansão dos ocidentais na Ásia apresen-
tou-se sob forma de dominação colonial, amparada por
forças armadas ainda desconhecidas pelos orientais.
Abriu-se o século XX com a revelação do desacordo entre
o Leste e o Oeste e a resistência oriental transformando-se
em nacionalismo do tipo ocidental.
Na hora presente, a Ásia é o maior dos continentes,
povoado por 1 bilhão 790 milhões de habitantes. Até o
início do século atual, os russos cuidaram exclusivamente
da expansão no setor norte, chamado Sibéria; do setor sul,
nas penínsulas e áreas monçônicas, ocuparam-se os euro-
peus ocidentais (portugueses, holandeses, ingleses e fran-
ceses). Para estes últimos foi mais difícil a tarefa pelo fato
de aportarem em terras superpovoadas. No entanto, os
colonizadoreso chegaram a fórmulas de cooperação
permanente. Daí os problemas que sem multiplicando
no "Crescente Marginal Externo do Heart-land" (China,
Indochina, Índia, Arábia etc).
0 problema fundamental é o simples fato de 53% da
humanidade (estabelecida na Ásia) disporem apenas de
10% da renda mundial. Tal fato define a pobreza do conti-
nente, explicando o seu subdesenvolvimento. Daí as tenta-
tivas de adoção de tipos de economia socialista em certos
países do continente. Em muitos setores, as transforma-
çõeso rápidas, embora acarretem problemas políticos, já
que nem todos os ocidentais parecem se desinteressar dos
problemas da Ásia.
Os encartes do mapa incluem dois casos: a posição de
Hong-Kong e Macau em relação a Cantão na China comu-
nista; e a posição de Formosa, bastião chinês da demo-
cracia.
BANGLADESH
(República de Bengala)
0 contraste econômico, as diferenças étnico-sociais e a
grande distância que separavam as duas regiões do
Paquistão foram fatores da oposição que vinham se acen-
tuando desde a independência proclamada em 1956. Em
fins de 1971, passaram estes fatores a determinar um
estado de guerra. Aos projetos de "autonomia" foi oposto
um plano de "separação". Por ocasião das grandes
enchentes das regiões dos Sandarbans, milhões de benga-
leses se refugiaram na índia, o que determinou a interven-
ção deste país em favor da independência do Paquistão
Oriental.
A situação se tornando internacional, a Rússia, de acor-
do com a índia, manifestou-se a favor de uma Bengala
independente, enquanto a China favorecia a causa do Pa-
quistão Ocidental. 0 casoo teve maiores conseqüências
internacionais e por fim, depois de lutas internas, foi pro-
clamada a independência do Bangla-Desh, que a União
Soviética reconheceu a 24 de janeiro de 1972. 0 mesmo
o fazendo as diferentes nações durante os meses se-
guintes.
0 território desta república bengalesa é formado de par-
te das províncias indianas de Bengala e de Assam. Sua
superfície é de 143.000 quilômetros quadrados, povoados
por mais de 50 milhões de habitantes.
ÁREAS SOB CONTROLE DE ISRAEL (1967)
A instabilidade política de Israel nada mais é do que um
dos aspectos das crises sucessivas por que passa o Orien-
te Médio, na atualidade. Havendo, além disso, a agravan-
te: os árabes de um lado, alegando sua maioria étnica e o
predomínio absoluto da Idade Média; os israelenses, afir-
mando, por sua vez, que já é tempo de manterem a 'Terra
Prometida", herdada de seus antepassados que há mais
de 4.000 anos aí se instalaram sob o comando de Abraão.
Israel, nascido no ano de 1948, é um pequeno país
isolado no meio de uma multidão de inimigos, representa-
dos pelos países árabes queo o aceitam como uma
realidade política.
0 fechamento do canal de Suez aos navios israelenses,
ao lado de vários incidentes de fronteira, levou à luta o
Egito e Israel, ocasionando a intervenção franco-britânica.
Durante esta guerra de 1956, Israel invadiu a península do
Sinai, de onde retirou suas tropas no ano seguinte, graças
à intervenção da ONU. Dez anos depois (1967) começava
nova guerra; desta vez, além de ocupar a estratégica pe-
nínsula do Sinai, as conquistas israelenses triplicaram-lhe
o território primitivo, englobando também o enclave jorda-
niano a oeste do rio Jordão, zona de operação das bases
guerrilheiras do país vizinho inimigo.
Nesta área, subtraída a Jordânia, destaca-se a cidade
santa de Jerusalém, dividida em parte velha e parte nova.
Ocupada pelos israelenses, foi abolida a divisão, com a
demolição das muralhas e o levantamento de todas as
restrições ao acesso de ambos os setores. Proclamada a
"reunificação irrevogável", deixava Jerusalém de ser fron-
teira militar, ficando livre ao acesso de fiéis de todas as
religiões.
A GUERRA DO PACÍFICO
(Segunda Guerra Mundial)
O inesperado ataque a Pearl Harbor
(7 de dezembro de 1941) foi seguido pela
rápida conquista da Birmânia pelos japo-
neses já em guerra com a China, que
ocupavam em parte. Cedo também foi le-
vada a efeito a ocupação da Indochina, da
Tailândia e da Malásia. Em dezembro de
1941, isto é, cem anos depois de cedido à
Inglaterra (1842), era tomado o grande
centro comercial de Hong-Kong. Oo
menos importante porto de Singapura
caiu nas mãos dos japoneses a 1 5 de fe-
vereiro de 1942, privando-se, assim, a
Grã-Bretanha de sua maior base estraté-
gica no Sudeste asiático. Aproveitando a
sua superioridade naval do momento, o
Japão ocupou sucessivamente as ilhas
Guam, Wake, as de Salomão e, no Pacifi-
co Norte, as ilhas Aleútas. Em janeiro de
1942, já tinham sido ocupadas as ilhas
holandesas Bornéu, Java, Sumatra e ou-
tras. Nas Filipinas, os japoneses encontra-
ram a forte resistência da pequena guar-
nição de Corregidor (abril de 1942). Sob o
domínio japonês havia, pois, países sob
protetorado (Mandchúria, Birmânia, Filipi-
nas), colônias sem metrópole (Indochina)
e territórios de explotaçâo, economia de
importância estratégica (Indonésia, Malá-
sia).
Ainda no primeiro ano de conflito, o
Japão sofreu dois reveses: a sua tentativa
contra a ilha de Midway e a derrota aero-
naval do Mar de Coral. A ocupação de
toda a ilha da Nova Guiné e das ilhas
Salomão visava, principalmente, à Austrá-
lia, mas, no Mar de Coral, a reconquista
americana de Guadalcanal deu a con-
tra-ofensiva americana em base naval im-
portante.
Em principio de 1943, Washington ela-
borou um plano estratégico, que foi apli-
cado com segurança e precisão. Consistia
em reconquistar a Birmânia com o auxilio
chinês, pela famosa Estrada da Birmânia,
e, em segundo lugar, efetuar a Operação
Torquês, partindo da Nova Guiné para as
Filipinas e partindo das ilhas Marianas e
Marshall para o próprio Japão. De fato,
em saltos sucessivos da ilha Gilbert para
a ilha Marshall, desta para Saipan, alcan-
çada em julho de 1944, partiram os ame-
ricanos para as suas vitórias de Okinawa,
em janeiro de 1945, e de Iwashima, em
março do mesmo ano. A reconquista das
Filipinas havia aniquilado a marinha japo-
nesa, e a defesa do Japão se tornava difí-
cil. No continente perdia também a Bir-
mânia.
De Potsdam, onde conferenciavam os
aliados, recebeu o chefe das forças ameri-
canas a ordem de empregar a bomba
atômica contra as ilhas japonesas. De-
ram-se então, a 6 e 9 de agosto de 1945,
as operações de Hiroshima e de Na-
gasaki.
OS DOIS VIETNÃS
A Tailândia, o Camboja, o Laos e os
dois Vietnãs constituem a chamada Indo-
china, isto é, uma das três grandes penín-
sulas da Ásia intertropical. O nome que
lhe foi atribuído pelos geógrafos caracteri-
za a região intermediária entre a Índia e a
China, e explica também as duas corren-
tes étnicas que nelas se encontram: a
corrente mongólica do Norte e a corrente
indonésia do Sul. A existência de dois
Vietnãs mais ou menos distintos através
da sua históriao deixa de ser represen-
tada nos tempos modernos pelo Tonquim
e pelo Anam, formado este último de po-
pulação malaio-polinésia indianizada. 0
Vietnã do Norte ou Tonquim foi conquis-
tado pelos chineses no tempo da dinastia
Han. Aos poucos, os vietnamitas do Norte
foram descendo para o Sul; o século XVII
marcou a longa fase das lutas entre Norte
e Sul, que venceu auxiliado pelos portu-
gueses. 0 século XIX foi ilustrado pelos
imperadores, como Gia-Long e Tu-Duc,
que tiveram de ceder aos necessários pro-
tetorados franceses depois de 1860, ape-
sar de repetidas tentativas para obter do
suserano chinês intervenção mais ativa
contra os "bárbaros do Ocidente".
A colonização francesa ficou efetiva de-
pois de 1885 (Tratado de Tien-Sur) e es-
tabeleceu uma união indochinesa com o
Camboja, o Tonquim e o Anam. Ocupa-
da a península pelos japoneses, durante a
Segunda Guerra Mundial, foi restitufda â
França em 1945.o chegou a durar
dois anos a nova colonização francesa,
que, depois de vários regimes (imperial e
republicano), acabou em Dien-Bien-Fu,
em 1954, com a retirada final da França
em 1956.
Naquele mesmo ano de 1954, a Confe-
rência de Genebra separou as duas repú-
blicas vietnamitas.
O Governo de Hanói ficou sob a autori-
dade de Ho-Chi-Min, e o governo sulista
de Saigon coube a Ngo-Din-Dien, que so-
freu a oposição dos budistas, dos nacio-
nalistas e dos comunistas, e, finalmente,
foi assassinado (1963). Com a instabilida-
de reinante no Sul e oo cumprimento
das eleições prometidas em Genebra, o
governo dos Estados Unidos julgou opor-
tuno a intervenção militar para auxiliar o
governo de Saigon na sua luta contra o
Vietcong. É esta a ala militar da Frente
Nacional de Libertação, organizada em
1960, destinada a promover, no Vietnã
do Sul, uma luta nacionalista em vista de
uma solução unificadora dos Vietnãs, mas
de tipo socialista.
O fato de serem numerosos os grupos
vietcongs estabelecidos nos campos e ci-
dades sulistas tornou a resistência ás for-
ças americanas estrategicamente mais-
cil,o só com o auxílio patente do Norte,
como também com os recursos enviados
por Estados comunistas.
A Guerra do Vietnã tornou-se uma das
questões vitais da política internacional. A
sua duração e a sua violência ultrapassa-
ram todas as expectativas. Paris reuniu os
representantes das potências em conflito
para fixar as bases de uma paz na penín-
sula indochinesa.
DUAS CORÉIAS
Depois de ter estado, durante séculos,
sob a suserania da China, o Reino da Co-
réia, um dos maiores fatores de cultura do
Extremo Oriente, passou para o domínio
japonês (1905) e constituiu colônia do
Japão durante 35 anos (1910-1945).
Quando se deu a retirada das forças
japonesas da península, no fim da Segun-
da Guerra Mundial, em conformidade
com uma decisão tomada em Yalta, os
Estados Unidos e a Rússia se incumbiram
de preparar a Coréia para a vida interna-
cional independente. A comissão mista
russo-americana discutiu as condições po-
líticas da unidade prometida aos corea-
nos, mas as forças de ambos os países,
obedecendo ao acordo de Potsdam, res-
peitaram o paralelo de 38° para ocupar
respectivamente o Norte e o Sul do país.
Os russos, pela sua vizinhança siberiana e
limítrofe, desde os tempos dos czares, ti-
nham-se interessado pelos recursos da
Coréia. A eles Coube a ocupação do Nor-
te. Aos americanos muito longe de suas
buscas estratégicas, coube a ocupação do
Sul.
As dificuldades de se chegar a uma so-
lução definitiva do caso coreano, acaba-
ram levando as Nações Unidas a discutir
as medidas a serem tomadas em relação
aos dois Estados em formação. Surgiram,
então, muitas sugestões, destacando-se
as da índia e do Egito, mas sem resulta-
dos práticos.
Em junho de 1950, incidentes da fron-
teira provocaram a entrada de forças nor-
tistas no território sulista. 0 Conselho de
Segurança das Nações Unidas declarou o
Norte agressor e, com a ausência tempo-
rária do representante soviético, decidiu a
intervenção internacional. Em outubro, as
forças americanas e as forças simbólicas
de quinze nações, sob o comando do Ge-
neral Mac Arthur, atravessaram o paralelo
de 38°. Em ofensiva rápida, porém, os
coreanos do Norte já haviam tomado
Seul, a capital do Sul. Com maiores refor-
ços, Mac Arthur desembarcou em Inchon,
recapturou Seul e invadiu o Norte até a
linha do rio Yalu, em rápida con-
tra-ofensiva.
Inesperadamente, abriu-se, então, a se-
gunda fase da Guerra da Coréia com a
intervenção de trezentos mil voluntários
chineses. Entrava assim, pela primeira
vez, na cena internacional, a China comu-
nista, agravando o desacordo entre Este e
Oeste. Rápida também foi então a inva-
o da Coréia do Sul, e chegou a tornar-
se crítica a posição dos americanos e su-
listas.
O General Mac Arthur julgou que havia
chegado a hora de, dispondo de armas
superiores e bombas atômicas, atacar di-
retamente a China. Este plano causou
apreensões entre as potências ocidentais,
e sua intervenção diplomática levou o
presidente dos Estados Unidos a substi-
tuir o chefe americano das forças na Co-
réia do Sul. O delegado soviético nas Na-
ções Unidas sugeriu um armistício que foi
aceito, em princípio, e novas negociações
foram entabuladas em Kaesong, sem re-
sultados. Nas conferências ulteriores de
Panmunjon chegou-se, finalmente, ao ar-
mistício de 1953. A Coréia ficou dividida
em duas Repúblicas: a do Norte ou Repú-
blica Popular, com mais de 12 milhões
de habitantes, e a do Sul, "Han Kook",
com cerca de 30 milhões de habitantes.
Ambasm sido auxiliadas pelos seus res-
pectivos aliados para a reestruturação
econômica do país.
PAÍSES DO INDO-PACÍFICO
Na região onde geograficamente se en-
contram o Indico e o Pacifico formaram-
-se, depois da Segunda Guerra Mundial,
três unidades políticas: a Indonésia
(1949), a Federação Malaia (1963) e a
República de Singapura (1965).
A Indonésia, pais insular, formado por
inúmeras ilhas que se estendem de Leste
para Oeste nas proximidades do equador,
foi bastante visitada quando das grandes
navegações que caracterizaram o inicio
da Idade Moderna. Ocupadas essas ilhas
pelos muçulmanos dos séculos XIII e XV,
viram nascer na centúria seguinte os esta-
belecimentos comerciais portugueses, su-
plantados em 1595 pelos dos holandeses
que se expandiam através da Companhia
das Índias Orientais.o constituíam
mais uma unidade geográfica sob o ponto
de vista étnico, já que, quando da chega-
da dos europeus, grupos diversos (austra-
lianos, negritos e malaios) partilhavam o
arquipélago em lutas internas.
O monopólio comercial imposto pelos
holandeses levou alguns comerciantes in-
dígenas a se agruparem no Partido Nacio-
nalista Indonésio (1927). A xenofobia ho-
landesa e a invasão japonesa durante a
Segunda Guerra Mundial precipitaram o
movimento de emancipação. A formação
inicial republicana, as ambições partidá-
rias e a conseqüente divisão do exército
passaram a provocar uma série de revolu-
ções neste país. Nenhuma tradição apro-
xima as diversas ilhas que formam a atual
Indonésia; nem mesmo uma língua co-
mum possuem, embora o poder central
tenha procurado forjar o idioma indoné-
sio, aproveitando peças dos 25 idiomas e
250 dialetos falados no arquipélago; os
interesses muitas vezes se opõem Ja-
va, a mais habitada, com dois terços da
população geral, necessita para seu abas-
tecimento das outras ilhas, entre as quais
Sumatra, que exporta em contrabando pa-
ra escapar às pesadas taxas que lhe im-
e o poder central de Djacarta.
Após a independência, a Íria ou Nova
Guiné Ocidental ficaria ainda em poder da
Holanda, embora o governo indonésio
houvesse declarado queo abririao
do território; inúmeras conversações leva-
ram-na finalmente a anexar-se à Indoné-
sia (1963).
A Federação Malaia, também ocupada
pelos portugueses (1511), holandeses
(1641) e finalmente ingleses (1795), foi
um dos pontos invadidos pelos japoneses
durante a Segunda Guerra Mundial. Falta-
-lhe o sentido de unidade, tanto do ponto
de vista histórico como geográfico. Inde-
pendentes, dentro da Comunidade Britâ-
nica (1957), aceitaram posteriormente
formar uma federação com a península de
Malaca, o Sarawak ou Bornéu do Norte e
o Estado de Singapura (1963). Tal federa-
ção durou apenas dois anos, já que Sin-
gapura se separava para formar uma re-
pública, em 1965.
A EUROPA MODERNA I
A parte superior do mapa representa a
França de 1789, em vésperas da Revolu-
ção. Acham-se indicadas as províncias
com suas respectivas capitais. Adminis-
trativamente, o país se achava dividido
em "generalidades" (généralités). As duas
cores, porém, indicam uma distinção que
perdurou muito tempo: os denominados
"pays d'Élections", e os 'pays d'États".
No primeiro caso, as províncias possuíam
um tribunal de "eleitos"; no segundo,
mantinham "Estados", com Parlamento,
como era o caso em Arras, Metz, Dijon,
Besançon, Grenoble, Aix, Tolouse, Perpig-
nan Pau e Rennes. Em territórios de elei-
ção, havia também Parlamentos: Ruão e
Bordéus. A distinção era principalmente
fiscal, para coleta de impostos e alfânde-
gas. Os Parlamentos, antes de 1789,
eram tribunais eo assembléias legisla-
tivas comoo atualmente.
Os quatro encartes laterais demons-
tram de que modo foram adquiridos os
limites orientais da França Moderna. Três
destes encartes indicam os resultados dos
tratados de 1659, 1668 e 1678. É curio-
so verificar como a diplomacia de Luís
XIV criava cada vez mais "pontes territo-
riais" no país vencido, para mais tarde,
em nova ofensiva, retificar proveitosa-
mente a linha de fronteira. O encarte
maior localiza as incorporações principais,
no Norte, no Franco-Condado e na Alsá-
cia. Quanto à Lorena, foi herdada por Luís
XV de seu sogro, o Rei Estanislau, da Po-
lônia, destronado em 1737 e falecido, em
1766, como Duque de Lorena.
Na parte inferior do mapa é reconstituí-
do graficamente o Império Austro-Húnga-
ro dos Habsburgo, nos tempos moder-
nos. As datas indicam as épocas em que
se deram as aquisições territoriais, e as
datas quem em segundo lugar marcam
os sucessivos desmembramentos, até
1914 somente. De fato, daí por diante, os
territórios do Império, repartidos pelo Tra-
tado de Saint-Germain (1919), constituí-
ram países independentes com as nacio-
nalidades que o Império Habsburguês ha-
via dominado. A nova Áustria, isolada, fi-
cou reduzida a 84.000 km
2
de superfície.
(Veja mapa p. 148.)
Poucos países viveram na História Mo-
derna episódios mais dramáticos do que a
Polônia, aqui representada em cinco en-
cartes.
O primeiro e maior destes encartes tem
por objeto mostrar como foram efetuadas,
no século XVIII, as três partilhas da Polô-
nia (1772, 1792 e 1795). A Prússia de
Frederico II anexou as províncias mais po-
voadas e desenvolvidas; a Rússia incorpo-
rou os mais extensos territórios (antiga
Lituânia, Rússia Branca e Rússia Peque-
na, Volínia, Podólia etc). Quanto á Áus-
tria, ficou discretamente alheia à segunda
partilha de 1792. Nos quatros encartes
menores, para maior clareza,o foram
repetidos os nomes de rios. Observam-se
os avatares da Polônia, restabelecida, eli-
minada, novamente ressurgida e final-
mente fixada em sua posição geográfica
atual.
narquia dos Habsburgo e suas repercussões nos
Bálcãs, onde a Rússia czarista estava atenta â Ques-
o do Oriente. O jovem império alemão, criado por
Bismarck, teve a imprudência de sustentar seu alia-
do austro-húngaro no momento em que se aproxi-
mava o desfecho final. Esta iniciativa veio criar os
problemas atuais da Europa e do mundo, pois. enfra-
quecida por duas grandes guerras, esta Europa viu
estabelecer-se fora dela, pode-se dizer, a bipolarida-
de da hora presente: os Estados Unidos e os So
vietes.
brudja Meridional havia sido atribuído â
Romênia em 1913 pelo Tratado de Buca-
reste, confirmado em Neuilly (1919-20).
Mas foi restituído à Bulgária em 1947
(Tratado de Paris).
O encarte de Trieste revela as hesita-
ções das potências depois da Segunda
Guerra Mundial. Por fim, a Grã-Bretanha
e os Estados Unidos, concordando com a
Iugoslávia, deram por terminada a ocupa-
ção militar internacional e entregaram,
em 1954, a cidade â Itália.
Os três mapas dos Países Baixos per-
mitem seguir os destinos da Bélgica, que
foi sucessivamente espanhola, austríaca,
francesa, holandesa e... belga.
NOTA A serie de encartes, sob o titulo de Europa
I e II, visa completar as cartas gerais da Europa
nos diferentes séculos. A partir do mapa "Viagens e
Descobrimentos"o estudados em sua formação
territorial quatorze países ou regiões da Europa.
Verifica-se assim que a estabilidade maior foi
alcançada nos países do Ocidente (Portugal, Espa-
nha. Grã-Bretanha e França), enquanto as mais im-
portantes alterações se produziram na Europa Cen-
tral (Países Baixos. Alemanha. Áustria, Hungria e
Itália) e na Europa Balcânica (Turquia, Sérvia, Gré-
cia, Romênia e Bulgária).
De fato, o pesadelo político do fim do século XIX
foi a perspectiva do desmembramento fatal da mo-
A Grécia revela como uma pequena po-
tência conseguiu assenhorear-se de um
extenso litoral e de vários arquipélagos
que lhe pertenceram na Antigüidade.
A Iugoslávia representou no mundo
balcânico um fator decisivo. Sob o nome
de Sérvia, inicialmente, havia no século
XIX conquistado a independência; sua-
lida posição geográfica, apoiada no Danú-
bio, levou este país a dedicar todos os
seus esforços à unificação dos elementos
eslavos do Sul, na Macedônia, no Monte-
negro, na Bósnia-Herzegovina. Neste tra-
balho de reconstrução, a Sérvia Medieval
de Stefano Duchan encontrou a oposição
da Áustria-Hungria, que, no seu "Drang
nach Osten", visava o porto de Satânica.
Daí resultou a Primeira Guerra Mundial.
As datas marcam as etapas sucessivas da
formação do Reino dos Sérvios, Croatas e
Eslovenos, hoje Iugoslávia.
A Romênia de 1946 pode ser compara-
da â Romênia de 1920, data em que a
Transilvânia lhe coube em virtude do Tra-
tado de Neuilly; mas, na sua atual confi-
guração, faltam as terras da Dobrudja Me-
ridional, a Bessarábia e a Bukovina. O ter-
ritório em duas cotes de Tolbuklin na Do-
A EUROPA MODERNA II
Os nove encartes deste mapam por
fim descrever graficamente a formação da
Europa atual, referindo-se apenas aos
tempos modernos. Apenas sobre a Suíça
é queo assinaladas algumas origens
medievais.
A Suécia é representada no período de
seu maior desenvolvimento, século XVII,
quando o Báltico era um "lago sueco".
Foi no tempo da Casa de Vasa (1523-
-1 654) que se iniciou a expansão sueca. A
Finlândia já pertencia à Suécia desde o
século XII. Foram espetaculares as con-
quistas de Gustavo Adolfo no golfo da
Finlândia e no litoral alemão (confirmadas
nos Tratados de Westfália).
A Suíça, em seguida â união dos três
Cantões primitivos, em 1291, foi-se esten-
dendo aos poucos, com admissão de co-
munidades vizinhas. No século XIV cons-
tituiu-se a Confederação dos Oito Can-
tões, com a admissão de Lucerna, Zurique,
Glaris, Zug e Berna. Os demais Cantões
entraram na época moderna, sendo que,
no século XIX, juntaram-se à Confedera-
ção: Grisões, Tecino, Argóvia;o Gall,
em 1803, e Genebra, Vaiais e Neuchâtel,
em 1815.
EUROPA CENTRAL
Por mais importante que tenham sido
os acontecimentos extra-europeus duran-
te o século de 1848-1948, deve-se reco-
nhecer que a evolução da política interna-
cional se deu em função da história da
Mittel-Europa, isto é, dos Estados da Eu-
ropa Central. A própria expansão colonia-
lista, bem como o imperialismo britânico,
o reputado,o deixaram de sofrer o
controle da Mittel-Europa (Conferência de
Berlim 1884-1885). Foi aquele século
marcado pela preponderância germânica,
obra de Bismarck, alcançando seu apogeu
em 1900, para, em seguida, ser derrubada
e, depois da aventura hitleriana, ser des-
truída ao ponto de desaparecer a Prússia,
tida como causadora do regime de paz
armada queo profundamente modifi-
cou a política internacional, a diplomacia
e as próprias economias nacionais.
0 mapa procura retratar, em um só
quadro, os avatares sucessivos pelos
quais passou a Europa Central durante a
sua fase de maiores e mais inesperadas
alterações.
Fisicamente, esta Mittel-Europa, com
os seis ou sete Estados, que nela podem
ser incluídos, é de blocos centrais antigos,
erodidos e recortados com uma barreira
montanhosa mais recente no Sul, corres-
pondendo aos Alpes, e uma planície gla-
cial ao Norte, onde os rios se comunicam
por canais, traçados pelas morainas termi-
nais do Terciário.
Esta estrutura física constituiu sistema
hidrográfico, que impôs às migrações e
por fim aos sedentários a história das
Alemanhas no mundo moderno. De fato,
essa história se acha integralmente deter-
minada pelo Elba e pelo Oder, em segui-
da pelo Danúbio e pelo Reno e finalmente
pelo Vístula. Em cada uma dessas bacias
fluviais é fácil traçar a narrativa dos gran-
des acontecimentos da Europa Central
através dos tempos.o outras tantas fa-
ses da Geopolítica que, segundo as épo-
cas, as vizinhanças e as forças políticas
internas, ditaram os destinos desses
acontecimentos.
Primitivamente é entre o Elba e o Oder
que se localizam as populações germâni-
cas na Saxônia e no Brandeburgo. A atra-
ção das planícies leva as Hansiáticas e os
Cavaleiros Teutônicos para o Nordeste
Báltico e para o Vístula. Surgindo a Prús-
sia, Frederico II investe contra a Áustria e
ocupa toda a bacia do Oder (Silésia). Pou-
co depois, a Revolução Francesa fez com
que a Alemanha se interessasse pelo Re-
no: o Wacht am Rhein é o leitmotiv do
século XIX, acabando, em Sedan, com o
próprio Napoleão IM. Antes, porém, já ti-
nha sido visado o Danúbio, mas (receio
prudente da Prússia vitoriosa em Sadowa),
à incorporação da Áustria, foi substituído
o Drang mach Osten, fórmula pangermâ-
nica para alcançar o golfo Pérsico. Ao
começar o século XX, os interesses eco-
nômicos e coloniais da Grã-Bretanha, o
desejo francês de desforra, as ambições
balcânicas da Rússia combinam com a
necessidade de "espaço vital" das Alema-
nhas, e o resultado dos conflitos feridos,
entretanto, fora do território alemão, é de-
batido e fixado em Versalhes.
Quandos os alemães se convenceram de
queo haviam sido vencidos, mas traí-
dos, Adolfo Mitler, na sua prisão de Landi-
bey, apresentou-lhes no "Mein Kampf"
um programa de ação para recuperar a
hegemonia na Europa. A Áustria-Hungria
desmembradao era mais o Império e
fiel aliado mas três nações novas, ampla-
mente dotadas de Deutschtum, isto é, de
populações alemãs. Daí a necessidade de
fazer coincidir o território alemão (Volks-
boden) com a cultura alemã (Kulturbo-
den). As negociações diplomáticas que
precederam a iniciativa belicosa foram ob-
jeto de críticas severas, mas o sucesso
militar foi inesperado, rápido e total. Entre
1935 e 1939 já tinham sido efetuadas as
anexações preliminares que determina-
ram a Europa a reagir.
0 Anschluss, ou união com a Áustria,
foi efetuado apesar da proibição de 1920.
Foram anexadas os sudetos que Versa-
lhes havia recusado à Alemanha vencida,
foram ocupadas as cidades de Memel e
de Dantzig com seu "corredor". Além dis-
so, março de 1939 marcou o Protetorado
da Boêmia-Morávia e a autonomia da Eslo-
váquia, por serem lá mais raras as comu-
nidades alemãs. Por fim, a cooperação da
Hungria foi paga por cessões territoriais
da Eslováquia e da Rutênia.
Terminada a Segunda Guerra Mundial,
a Alemanha ocupada foi dividida em qua-
tro zonas de ocupação entre a Grã-Breta-
nha, os Estados Unidos, a França e a União
Soviética. Desaparecendo a Prússia, seu
território foi ocupado pela Polônia e pela
Rússia. A Alemanha Oriental foi transfor-
mada em República Democrática Alemã,
e a Alemanha Ocidental tornou-se Repú-
blica Federal Alemã. As três zonas de
ocupação desta última, indicadas pelas le-
tras A (americana), B (britânica) e F (fran-
cesa), foram evacuadas pelos aliados oci-
dentais, de acordo com a Revogação do
Estatuto de Ocupação de 1955.
TRIESTE E A lSTRIA
Poucas regiões tiveram mais variada história territorial do que a ístria,
a triangular península do Noroeste do Adriático. Conquistada em 1 77 A.C.
pelos romanos, foi feita "marca" no tempo dos reis carolíngios e, no-
culo X, unida ao-Ducado da Baviera. Nos séculos seguintes veio a perten-
cer ao Patriarcado de Aquilea, que os Hunos destruíram, passando a ser
domínio de Veneza, onde se tinham refugiado os aquileanos. Tornou-se,
no mundo contemporâneo, sucessivamente austríaca, iliriana (no tempo
de Napoleão) e, por fim, italiana. Foi nesta última situação política que a
Segunda Guerra Mundial encontrou Trieste, Fiume e Pola, suas principais
cidades, todas portos marítimos de importância.
As dificuldades apresentadas, no fim da Primeira Guerra, quando a
Itália saiu vencedora, para dividir a ístria entre ela e a Iugoslávia, foram
ainda maiores quando, na Segunda Guerra, a Itália saiu vencida.
A ístria fazia parte da "Itália irredenta" que o poeta d'Annunzio, no seu
espetacular reide de Fiúme, havia imposto à atenção das potências
(1920-1924). Em 1946, porém, o lado sentimental da questão tinha de
ser abandonado pelos novos amigos da Itália (Estados Unidos, Grã-
-Bretanha e França) diante das reivindicações da Iugoslávia de Tito, sus-
tentada pelos russos. Gorizia e Monfalcone eram conservados pela Itália,
mas Trieste era o ponto nevrálgico. A ístria era dividida em duas partes
desiguais, sendo a maior para a Iugoslávia, mas Trieste ficava sob um
governo organizado pelas Nações Unidas e sob a ocupação de forças bri-
tânicas e americanas.
Esta solução de Território Livre de Trieste foi substituída em 1954
pela divisão deste território em duas partes: A para a Itália com Trieste e B
para a Iugoslávia (que a Rússiao apoiava mais). Este Memorando de
Londres atribuía 221 km
2
da ístria à Itália e 562 km
2
à Iugoslávia.
FRONTEIRA FRANCO-ITALIANA
O tratado de Paris com a Itália (1947) havia sido precedido por troca
de cartas, em 1945, nas quais ficava denunciado o acordo de 1896, em
virtude do qual gozava a Itália de certos privilégios no protetorado
francês da Tunísia. Mais importante, porém, era a questão das fronteiras
dos Alpes entre os dois países.
Desde cedo, julgava-se que as reivindicações francesas incluíam o
vale de Aoste na Dora Baltea Superior, cuja população falava predomi-
nantemente a língua francesa.o foi, entretanto, apresentada essa
pretensão.
As modificações de fronteiras só foram efetuadas no passo do Peque-
no S. Bernardo, no passo do Monte Cenis e na zona de Briançon. No
Sul foram conservadas duas aldeias, uma que se acha no Alto Roya, e
outra no passo de Tende, isto é, cerca de 550 km
2
, com mais de 5.000
habitantes. Nas regiões anexadas, plebiscitos organizados viram forte
maioria em favor da França, mas cerca de 130 famílias deslocaram-se
para a Itália.
A região alpina de Tende e Brigue é antes recuperação que aquisição,
pois fazia parte do Condado de Nice, cedido à França pelo tratado de
1860 ques fim à "guerra da Itália". Um ano depois desse ti atado,
Napoleão III resolveu devolver a Vítor Emanuel II o distrito de Mercan-
tour, onde o rei italiano preferia organizar as suas caçadas. A anulação
dessa concessão de 1861 tornava-se necessária, pois foi dos fortins
italianos lá instalados que partiu, em 1940, o ataque italiano e a descida
para a ocupação de Menton.
CHIPRE, RHODES E ALEXANDRETA
Vários povos da Antigüidade fenícios, egípcios, persas, gre-
gos, romanos, bizantinos passaram por Chipre, fonte principal
de cobre, metal que lhe originou o nome. Monarquia feudal de
Luiz Lusignan, anexada posteriormente por Veneza (1489), pas-
sou finalmente para o domínio do Império Otomano (1571). Os
turcos cederiam a ilha aos ingleses por ocasião do Congresso de
Berlim (1878).
A maioria grega, população rural por excelância, seguida pelos
turcos predominando em alguns centros urbanos, é a causa das
tensões por que passa a ilha, mesmo depois de sua independência
em 1960. A guerra civil estourada em 1963 levou a ONU a
ocupar a ilha com sua força de paz.
Considerando-se a defesa do Bloco Ocidental,'a função de Chi-
pre foi sempre a de defender o território turco, achando-se a
80 km, em linha reta, da cidade turca de Anamur. Traçando-se ao
redor de Chipre um círculo de 200 milhas de raio, verifica-se que,
de Haifa, no Estado de Israel, à Antália, na Turquia, toda a costa
mediterrânea do Oriente Médio está em função do ocupante da
ilha. Em Haifa, Saida, Trípoli e Banyas desembocam os oleodutos
que trazem o petróleo do Iraque e Arábia, ou seja, o abastecimen-
to da Turquia e Europa Ocidental. Sob o ponto de vista militar,
Chipre é um porta-aviões natural para todas as operações no
Oriente Médio e mar Negro. Assim sendo, a posição geográfica de
Chipre a envolve como um "peão de xadrez" na grande partida
entre o poderio marítimo e o poderio continental, entre o Bloco
Ocidental e o Bloco Oriental.
A Grécia e a Turquia disputam Chipre a primeira alegando
direitos históricos; a segunda, direitos geográficos de proximidade.
A proximidade levou a Grécia a conseguir Rhodes (1945), que
fora domínio turco (1522) e estava em poder dos italianos, venci-
dos na Segunda Guerra Mundial. Em vésperas deste conflito
(1939), a Turquia conseguia aumentar também seu litoral medi-
terrâneo ao receber o Iskenderun (Alexandreta) subtraído ao terri-
tório sírio, então sob mandato francos.
A ÁFRICA NOS SÉCULOS XIX
E XX
Até o começo do século XIX, a
África era um continente pratica-
mente desconhecido, do qual os
europeus haviam explorado ape-
nas o litoral. Com exceção da
Colônia do Cabo, os núcleos de
colonização desta época eram
precários, parecendo meros pon-
tos de escala para navios e anti-
gos empórios de escravos. Esta
situação foi mudada, quando os
europeus resolveram explorar o
interior africano. Destacam-se
então entre os principais roteiros
de penetração: o do francas Cail-
lé e o do alemão Barth, que atra-
vessaram o Saara. Cabe também
citar a expedição de Livingstone
que, partindo da cidade do Cabo,
explorou o deserto do Kalaari,
cortou o continente de leste a
oeste, deo Paulo de Luanda a
Moçambique e descobriu os la-
gos Niassa e Tanganica. Outro
inglês, Stanley, percorreu o vale
do rio Congo, por onde também
andou o francês Brazza. Nachti-
gal, do Sudão, percorreu grande
trecho do Saara, indo alcançar o
lago Chade. Notáveis, ainda, fo-
ram os roteiros de Rohlfs, Speke
e Burton. O português Serpa Pin-
to, finalmente, partindo de Ben-
guela, chegou a Pietermaritz-
burgo.
Do interesse científico, as na-
ções passaram ao plano político.
Assim é que, em 1898, quase
toda a África estava repartida en-
tre as principais potências euro-
péias.
Em 1914, apenas a Abissínia
e a Libéria (esta fundada por ne-
gros americanos) eram indepen-
dentes. Os primeiros, países de-
tentores de colônias, em territó-
rio africano, eram a Grã-Breta-
nha e a França. Nota-se ainda a
presença da Alemanha e Itália,
cujas terras foram confiscadas
após o término da Segunda
Guerra Mundial.
As possessões portuguesas de
Angola e Moçambique ficaram
sem a sonhada união terrestre
com a interferência dos ingleses.
Estes, por sua vez, tambémo
alcançaram o ideal da união de
seus domínios de norte a sul.
Obtiveram a África Oriental Ale-
, mas a ligação Cabo ao Cairo
o era mais possível, pois o Egi-
to tornava-se independente em
1922.
Em 1959 surge uma África
em plena transformação.o-
rios os países independentes;
apenas os domínios portugueses
se mantêm intactos.
Na V República, estabelecida
em 1958 na França, extinguiu-
-se a União Francesa para dar lu-
gar à Comunidade Francesa. Fo-
ram então criadas novas unida-
des políticas, em lugar da África
Equatorial e Ocidental Francesa.
o as chamadas Repúblicas no-
vas assim formadas: Federação
Máli (Estado do Senegal, Repú-
blica Sudanesa, República Vol-
taica e República do Daomé) e
República do Chade, do Niger, da
Costa de Marfim, do Congo, do
Gabâo, da Mauritânia, a Cen-
tro-Africana e Malgaxe (Mada-
gascar).
O mapa da África em 1959
representa uma das fases de
transição pela qual passou aque-
le continente. Como a Ásia, de-
pois da Primeira Guerra Mundial,
ia modificando as suas institui-
ções no sentido de maior auto-
nomia e independência, a África,
depois da Segunda Guerra, está
conseguindo os mesmos objeti-
vos, porém de modo mais espe-
tacular, em vista da redução das
forças de expansão colonizadora
das metrópoles européias e do
assentimento que lhe vem ora
das Américas, ora dos Sovietes.
Em 1960, novas modificações
políticas surgiram no mapa da
África.
A ÁFRICA EM 1974
Sendo freqüentes as modificações polí-
ticas pelas quais tem passado ultimamen-
te o continente africano, foi escolhido um
ano, 1974, para fixar um aspecto repre-
sentativo da situação territorial, situação
esta que felizmente se tem mantido sob o
ponto de vista internacional sem determi-
nar sérias apreensões na política mundial.
Quanto à coloração dos mapas, foram es-
colhidas duas cores principais, o róseo e o
verde para distinguir os países ou nações
cuja formação cultural foi obra das duas
potências européias que, durante mais de
um século, dominaram o continente, a In-
glaterra (róseo) e a França (verde). O
laranja coube â Espanha e o amarelo a
Portugal. Esta coloração, porém,o sig-
nifica, neste mapa, dependência política,
mas apenas influência cultural predomi-
nante.
De 1970 em diante, as alterações polí-
ticasm sido importantes, sem modifi-
car, entretanto, os limites das nações re-
cém-formadas. Esta relativa estabilidade
geográficao mantém sempre a nomen-
clatura política; daí, em vários casos, a
substituição por nomes em outras lín-
guas: o Congo é hoje o Zaire. Tornava-se,
pois, necessário, um mapa exclusivamen-
te político com as denominações atuais.
AS NAÇÕES UNIDAS
A Carta das Nações Unidas, assinada
emo Francisco em 1945 por cinqüenta
nações, chamadas "membros fundado-
res", é um pacto concluído entre Estados
soberanos. Sua eficiente aplicação de-
pende do respeito com queo observa-
dos os seus cento e onze artigos. A Liga
das Nações, apesar de ter falhado, havia,
durante vinte anos, demonstrado o valor
da cooperação internacional e emitido um
certo número de princípios queo tam
mais sido contestados.
A Carta da ONU apresenta várias fei-
ções que a distinguem do Pacto da Liga
das Nações. Em primeiro lugar, a coope-
ração das forças armadas é admitida para
a manutenção da paz. Em segundo lugar,
contém dispositivos práticos para a solu-
ção dos problemas econômicos e sociais.
Em terceiro lugar, criou agências especia-
lizadas que preparam programas de ação
de grande flexibilidade.
De modo geral, a Carta da ONU é mui-
to mais minuciosa nos seus detalhes do
que o Pacto e revelao somente maior
experiência em relação à vida internacio-
nal, em que se multiplicam os contatos
entre as nações, como também um espíri-
to mais realista na prática da solidarieda-
de mundial.
Explica-se esta diferença entre os dois
ditados documentos pelo fato de ter sido
a obra de Versalhes pensada e escrita de-
pois de terminada a Primeira Guerra Mun-
dial. Por sua vez, a obra deo Francisco
vinha sendo elaborada desde os primeiros
anos da Segunda Guerra, por sucessivas
entrevistas de representantes dos gover-
nos aliados, por congressos de especialis-
tas nos ramos da defesa militar, da eco-
nomia, da demografia e da política social.
Depois de 1920, as nações aliadas julga-
vam ter feito "uma guerra para acabar
com as guerras". A ação de Genebra só
durou duas décadas; a ação de Nova Ior-
que vem perdurando há mais de um quar-
to de século.
O histórico da ininterrupta elaboração
da Carta da ONU comprova o cuidado
com que foram encaradas todas as hipó-
teses previsíveis na época. O momento
atual marca um grande progresso em to-
dos os ramos científicos, daí a flexibilida-
de necessária a todas as instituições da
Carta.
A bordo de um navio britânico, nas cos-
tas de Terra Nova, os Presidentes Roose-
velt e Churchill discutiram os oito pontos
da Declaração do Atlântico de 14 de
agosto de 1941. Em janeiro do ano se-
guinte, vinte e seis governos assinavam a
Declaração das Nações Unidas, adotando
os princípios do Pacto do Atlântico, que
incluía o direito dos povos de escolher sua
forma de governo, o seu direito de auto-
determinação e a igualdade para todos
nas oportunidades econômicas.
Em outubro de 1943, os líderes políti-
cos da Grã-Bretanha, da União Soviética,
dos Estados Unidos e da China redigiam
em Moscou o texto de uma organização
internacional para servir de norma, o mais
cedo possível, a um pacto mundial entre
os países amantes da paz. Em Dumbarton
Oaks, em 1944, os mesmos signatários
preparavam o texto submetido à Confe-
rência deo Francisco, onde os cinqüen-
ta membros fundadores discutiram e assi-
naram a Carta das Nações Unidas, vindo
a primeira de suas assembléias a se reu-
nir em Londres, em janeiro de 1946. Em
seguida reuniram-se algumas em Paris e,
por fim, passou Nova Iorque a ser a sede
das Nações Unidas. A Carta das Nações
Unidas é uma organização de natureza ju-
rídica: reconhece a soberania dos Esta-
dos, a competência que lhes é reservada,
a sua igualdade e sua personalidade jurí-
dica. A admissão de membros é feita a
critério da Organização; como há ingres-
so, há também suspensão e mesmo ex-
pulsão, sob recomendação do Conselho
de Segurança.
Constituem órgãos principais:
1
o
) A Assembléia-Geral, na qual cada
país-membro tem um representante.
o atualmente 125 membros. A 23
a
sessão da Assembléia teve lugar em
outubro de 1968.
2
o
) O Conselho de Segurança, de 15
membros, no qual cincoo perma-
nentes em direito de veto (Estados
Unidos, União Soviética, Grã-Breta-
nha, França e República Popular da
China). Oso permanenteso dez,
m direito a voto para constituir
maioria nos assuntos correntes que
o implicam casos de ação coerciva.
3
o
) O Conselho Econômico e Social, de
27 membros, dos quais 9o anual-
mente renovados. Seu papel é de ca-
pital importância na vida econômica e
cultural das nações, pela sua faculda-
de de promover estudos, convocar
conferências, negociar acordos, coor-
denar atividades e executar serviços.
Por isso,o numerosos os seus ór-
gãos subsidiários, as entidades espe-
cializadas em educação, saúde, finan-
ças, serviços sociais.
4
o
) O Conselho de Tutela, com os seus
8 membros, administra os territórios
ainda sob tutela das Nações Unidas. É
herdeiro da Comissão de Mandatos da
Liga das Nações.o realizadas visi-
tas periódicas e examinadas petições.
Os recentes movimentos de descolo-
nizaçãom reduzido consideravel-
mente os territórios que se achavam
sob mandato.
5
o
) A Corte Internacional de Justiça con-
ta com 1 5 juizes; é herdeira da Corte
Permanente de Justiça Internacional,
fundada em 1920. Continua a sua se-
de em Haia.o de sua competência
os conflitos jurídicos entre Estados. A
Corte responde a consultas feitas por
órgãos internacionais, maso ape-
nas tidas como opiniões.
6
o
) O Secretariado (o cargo do secretá-
rio-geral, isto é, do mais alto funcioná-
rio da Organização). Sua ação é de
capital importância na publicação dos
tratados, nas negociações políticas,
nas medidas administrativas e na
apresentação de relatórios. Foram se-
cretários-gerais da ONU: o norueguês
Trygve-Lie, o sueco Dag Hammarsk-
jöld, o birmanês U. Thant e, desde
1971, o austríaco Kurt Waldheim.
Entre os serviços prestados pelos ór-
gãos das Nações Unidas, nestes últimos
vinte e cinco anos, destacam-se as suas
intervenções nas questões de Caxemira,
de Chipre, do Congo, da Nova Guiné, do
Oriente Médio e da Coréia.
O PAPEL DAS LATITUDES NA HIS-
TÓRIA
É no Hemisfério Norte que o globo
apresenta as maiores massas continen-
tais; no Hemisfério Sul, as terraso mais
isoladas (América do Sul, África do Sul e
Austrália). É, pois, ao norte do equador
que as influências geográficas de latitudes
marcaram mais visivelmente os episódios
da História Geral.
As origens políticas da Humanidade fo-
ram iniciadas nas zonas temperadas, e os
centros de gravidade da História se des-
locaram aos poucos para o Norte, à medi-
da que as condições de civilização permi-
tiram a adaptação dos povos a climas de
mais altas latitudes.
De fato, a História Antiga localizou-se
entre o 20° e o 45° de latitude norte; foi o
caso do Egito do Nilo, da China do
Yang-tsé, da índia do Ganges e do Indo. O
próprio Império Romano manteve-se nas
latitudes do Mediterrâneo, do 30
a
ao 45°,
mais ou menos. Na Idade Média, as capi-
tais emigraram para o Norte (Londres, Pa-
ris, Berlim, Estocolmo,o Petersburgo
etc), de 45° a 60° de latitude norte.
Do século XVI em diante, a hegemonia
nos anais da História passou à Europa,
mas, depois das guerras mundiais, já ten-
dem as principais questões políticas a se
localizar em baixas latitudes (Dacar, Suez,
Líbia, Bagdá, Singapura, Laos etc), e a
hegemonia está numa fase de bipolarida-
de (Estados Unidos e Rússia Soviética).
As latitudes, entretanto, pouco esclare-
cem os episódios da História, seoo
lembradas as suas conseqüências climáti-
cas. Os progressos da Civilização tam,
evidentemente, facilitado a adaptação dos
grupos a condições meteorológicas pouco
favoráveis à vida coletiva normal. A Histó-
ria Antiga e Medieval relata, porém, cir-
cunstâncias que os climas contribuem pa-
ra explicar.o existem, infelizmente, re-
gistros de temperaturas, chuvas e outros
fenômenos meteorológicos relativos ao
passado remoto; mas ciclos ou pulsações
climáticas registradas na Ásia Russa, por
exemplo, permitem acreditar que uma di-
minuição considerável da coluna pluvio-
métrica pode dar-se em anos consecu-
tivos.
O caráter continental do Heartland dos
geopollticos o presdipõe aos extremos cli-
máticos.
Daí nasceu a teoria do americano Ells-
worth Huntington (1876-1947) sobre "As
Pulsações da Ásia" e suas conseqüências
históricas. Uma queda de 2 (normal) para
1 (fria) nas precipitações de um ano reduz
um rebanho de pastores nômades de 600
ovelhas a 10 ovelhas por milha quadrada
de pastagens. Os movimentos migratórios
o conseqüência direta de deslocamen-
tos forçados de massas nômades, cuja
mobilidade é grande.
No Heartland (Eurásia Continental)
surgiram, no passado, civilizações mon-
góis atestadas pelas minas de Karakorum
e que se expandiram sob forma de inva-
sões, tanto do lado da Europa como do
lado da China, apesar de sua famosa mu-
ralha.
"As alterações climáticas, diz Ellsworth
Huntington,m sido um dos fatores que
mais influíram no curso do progresso hu-
mano."
As conseqüências de um ciclo climático
de secaso somente influem sobre algu-
mas gerações humanas como também
podem repercutir, durante séculos, sobre
regiões afastadas.
É desse modo que o autor americano,
muito empolgado pelo seu estudo ("Mains-
prings of Civilization" 1945), explica o
papel que desempenhou a dessecação
nas invasões bárbaras, no fim da Antigüi-
dade, na expansão muçulmana iniciada
nas orlas desérticas da Arábia, na descida
dos mongóis para a índia, no deslocamen-
to dos grandes centros da Babilônia e do
Egito para o Noroeste da Europa, que ele
define "como uma marcha em busca das
tormentas e do frio".
Além destes exemplos de dimensões
humanas espetaculares,o resta dúvida
que uma infinidade de fatos históricos se-
cundários também se prende à distribui-
ção das temperaturas, das chuvas, das
pressões, da umidade e às alterações de
sazonamento, poiso estes elementos
atmosféricos que regem a alimentação, o
vestuário, a habitação e mesmo as atitu-
des psicológicas.
As latitudes, em suma, explicam em
parte o que significam os climas para o
ótimo biológico e o desenvolvimento
mental da Humanidade. 0 turismo já foi
definido como o "nomadismo dos civili-
zados".
Mais importante seria, talvez, estabele-
cer uma relação das influências que po-
dem exercer os climas e suas oscilações
sobre o desabrochar da cultura nas dife-
rentes regiões do globo.
Na História Contemporânea, a fase das
grandes migrações já cedeu lugar às mi-
grações por infiltração e colonização. Os
deslocamentos consideráveis de massas
humanas que seguiram as últimas guerras
nadam com as condições climáticas
dos países em que se processaram.
AMÉRICA DO NORTE
1 Baltimore
2 Chicago
3 - Detroit
4 - Filadélfia
5 Los Angeles
6 México
7 Montreal
8 Nova Iorque
9 - Ottawa
10 - Washington
AMÉRICA DO SUL
11 Assunção
12 - Belém
13 Buenos Aires
14 - Caracas
15 Lima
16 Manaus
17 Montevidéu
18 - Recife
19 Rio de Janeiro
20 - Porto Alegre
21 - Salvador
22 - Santiago
23 -o Paulo
EUROPA
24 Atenas
25 Barcelona
26 - Berge
27 - Berlim
28 Birmingham
29 - Bruxelas
30 Budapeste
31 Bucareste
32 Copenhague
33 - Dublin
34 Estocolmo
35 - Glasgow
36 Hamburgo
37 - Istambul
38 - Londres
39 Leningrado
40 Lisboa
41 Madri
42 - Milão
43 Moscou
44 Nápoles
45 - Oslo
46 - Paris
47 Roma
48 Tromsoe
49 Varsóvia
50 - Viena
ÁSIA
70 Bombaim
71 - Calcutá
72 - Cantão
73 - Delhi
74 - Xangai
75 Chunking
76 - Djacarta
77 Hong-Kong
78 - lakutsk
79 - Irkutsk
80 - Karachi
81 - Kioto
82 - Lhassa
83 - Madrasta
84 Manila
85 - Mukden
86 Nanquim
87 - Osaka
88 Pequim
89 - Saigon
90 - Seul
91 Singapura
92 - Teerã
93 Tiensin
94 - Tóquio
95 Wu-chang
96 Melbourne
97 - Sydney
ÁFRICA
51 Acra
52 Adis-Abeba
53 Alexandria
54 Argel
55 Brazzaville
56 - Cairo
57 Casablanca
58 - Cidade do Cabo
59 - Dacar
60 Johannesburgo
61 Kartum
62 - Leopoldville
63 - Lourenço Marques
64 - Pretória
65 Tombuctu
66 - Trlpoli
67 - Zanzibar
68 - Bagdá
69 Bancoc
índice
HISTÓRIA DO BRASIL
DISTRIBUIÇÃO DOS GRUPOS INDÍGENAS 10
PERIODO PRÉ-COLONIZADOR: 1500-1530 12
AS PRIMEIRAS CAPITANIAS HEREDITÁRIAS: 1534 14
O GOVERNO-GERAL NO SÉCULO XVI 16
A ECONOMIA NO SÉCULO XVI 18
A CONQUISTA DO NORDESTE E DO NORTE DO BRASIL 20
BANDEIRAS: SÉCULOS XVII E XVIII 22
A ECONOMIA NO SÉCULO XVII 24
EXPANSÃO TERRITORIAL DO BRASIL 26
A ECONOMIA E MOVIMENTOS NATIVISTAS NO SÉCULO XVIII 28
O IMPÉRIO DO BRASIL 1822-1889 30
A ECONOMIA NO SÉCULO XIX 32
GUERRAS DO BRASIL NO SÉCULO XIX 34
AS TRANSFORMAÇÕES DA MÃO-DE-OBRA 36
QUESTÕES INTERNACIONAIS DO BRASIL 38
HISTÓRIA DA AMÉRICA
MIGRAÇÕES E DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA DOS PRINCIPAIS
GRUPOS INDÍGENAS 42
A AMÉRICA PRÉ-COLOMBIANA 44
VIAGENS DOS ESPANHÓIS 46
CONQUISTA ESPANHOLA 48
COLONIZAÇÃO PORTUGUESA 50
COLONIZAÇÃO ESPANHOLA 51
COLONIZAÇÃO FRANCESA 52
COLONIZAÇÃO INGLESA 54
OS ESTADOS UNIDOS NA ÉPOCA DA INDEPENDÊNCIA 56
INDEPENDÊNCIA DO MÉXICO E AMÉRICA CENTRAL 58
EMANCIPAÇÃO POLÍTICA DAS ANTILHAS 59
EMANCIPAÇÃO POLÍTICA DA AMÉRICA DO SUL 60
EXPANSÃO TERRITORIAL DOS ESTADOS UNIDOS 62
GUERRA CIVIL: 1861-1865 63
CONFLITOS ARMADOS NA AMÉRICA DO SUL 64
A AMÉRICA NO MUNDO 66
ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS 68
HISTÓRIA GERAL
O EGITO DOS FARAÓS E O ORIENTE MÉDIO 72
IMPÉRIOS ANTIGOS DO ORIENTE MÉDIO 74
A GRÉCIA NO SÉCULO V A.C 76
COLONIZAÇÃO GREGA (DOMÍNIOS FENlCIOS E CARTAGINESES) 77
IMPÉRIO DE ALEXANDRE 78
ITÁLIA ANTIGA 79
IMPÉRIO ROMANO 80
MIGRAÇÕES DE POVOS E INVASÕES 82
ESTADOS BÁRBAROS NO SÉCULO V 83
O IMPÉRIO DE CARLOS MAGNO 84
O SANTO IMPÉRIO ROMANO GERMÂNICO 85
O IMPÉRIO DO ORIENTE E A RECONQUISTA BIZANTINA 86
EXPANSÃO DO ISLÃO 88
A PENÍNSULA IBÉRICA 90
EUROPA DAS CRUZADAS 92
HANSA E CAVALEIROS TEUTÔNICOS 93
COMÉRCIO MEDIEVAL NA EUROPA CENTRAL 94
ÁSIA MEDIEVAL ECONÔMICA 95
ÁSIA MUÇULMANA NOS SÉCULOS XV XVI XVII 96
A FRANÇA E A INGLATERRA NA IDADE MÉDIA 98
VIAGENS E DESCOBRIMENTOS 100
EXPLORAÇÕES NO PÓLO NORTE 101
EXPLORAÇÕES NO PÓLO SUL 102
A EUROPA NO SÉCULO XVI 104
EUROPA NO SÉCULO XVII 106
FORMAÇÃO DA RÚSSIA 108
ESTADOS BÁLTICOS DE 1914 A 1967 110
EUROPA NO SÉCULO XVIII 112
A EUROPA NAPOLEÔNICA 113
A EUROPA DO CONGRESSO DE VIENA 114
ZOLLVEREIN 116
FORMAÇÃO DA UNIDADE ALEMÃ E SUA EVOLUÇÃO 118
FORMAÇÃO TERRITORIAL DA ITÁLIA 120
COLONIZAÇÃO E MODERNO IMPERIALISMO 122
A INGLATERRA MEDIEVAL E A MODERNA EXPANSÃO BRITÂNICA ... '24
OS ESTADOS BALCÂNICOS NO SÉCULO XX 126
ORIENTE MÉDIO 128
A EUROPA NA SEGUNDA PARTE DO SÉCULO XIX 129
A EUROPA DE ENTREGUERRAS: 1919-1939 130
ÁSIA MODERNA 132
ÁSIA CONTEMPORÂNEA: 1863-1913-1959 134
ESTADOS ÁRABES 136
ÁSIA CENTRAL SOVIÉTICA 137
A ÁSIA EM 1967 138
ÁREAS SOB CONTROLE DE ISRAEL 139
A GUERRA DO PACIFICO (SEGUNDA GUERRA MUNDIAL) 140
OS DOIS VIETNÂS 141
AS DUAS CORÉIAS (NORTE E SUL) 142
PAÍSES DO INDO-PAClFICO 143
A EUROPA MODERNA: I 144
A EUROPA MODERNA: Il 146
EUROPA CENTRAL (1914-1967) 148
TRIESTE E A ISTRIA 150
FRONTEIRA FRANCO-ITALIANA 150
CHIPRE. RHODES E ALE.XANDRETA 151
A ÁFRICA NOS SÉCULOS XIX E XX 152
AÂFRICA EM 1974 154
AS NAÇÕES UNIDAS 156
O PAPEL DAS LATITUDES NA HISTÓRIA 158
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