segundo KREUGER (1993) , pelo fato de que a revolução tecnológica, diminuindo o
número total de empregos no setor produtivo, faz com que os empregos restantes se tornem
mais complexos. Isto demanda do trabalhador crescente capacidade de tomada de decisões,
fato que se agrava quando constatamos que o modelo tradicional de ensino não tem
conseguido atingir a todos, nem fornecer-lhes as condições exigidas pelo mercado de
trabalho
35
.
O que fazer? Será que devemos simplesmente abandonar a proposta atual de
educação, ou cabe a nós, educadores, a proposição de novas metodologias e concepções de
ensino diferenciadas e, portanto, mais adequadas aos alunos do século XXI?
Um questionamento, entretanto, se faz presente: diante do que foi exposto até então,
a produção e a conseqüente utilização de softwares nas escolas se dá para atender às
exigências de nossa sociedade atual. Mas que sociedade é esta? Não é a capitalista? Num
sistema desigual como este, é praticamente impossível não trabalhar com questões
contraditórias
3
.
Estas questões não podem ser ignoradas, pelo contrário, devem estar presentes na
hora da elaboração de materiais multimídia de alta circulação, cujo impacto é abrangente.
Em uma realidade multifacetada, onde a tecnologia pode ser utilizada em prol de uma
educação de qualidade ou em prol de um escamoteamento ideológico, o potencial da
educação à distância é uma possibilidade de ampliação da esfera educativa tradicional que,
até então, tem se dado, prioritariamente, num espaço físico e em tempo determinado,
excluindo, por suas características rígidas, grande parcela da população. Neste sentido,
acredito que, quanto mais cientes estivermos da complexidade que envolve a educação e,
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KREUGER, 1993 apud OLIVERA, op. cit. p.2
35
Acrescentemos a este falo a imposição dos alunos que transparece na consciência de professores que
demonstram ter percebido que só com o giz, lousa e oratória não se consegue mais estimular a participação do
aluno e desenvolver as suas capacidades mentais e intelectuais. O esforço do professor para atrair o interesse
do aluno tem como concorrente os video-games, os jogos de computador, a internei, etc, enfatiza SALLES
(1996). SALLES, Leila M. Ferreira; MAZZA, Débora. A educação escolar e as tecnologias da
comunicação. Trabalho apresentado na ANPEd / 96, GT 16.
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Expressando-me melhor, diria que o dilema se faz presente quando penso que, de um lado, existem projetos
que ampliam a esfera da sala de aula para o mundo, como "A escola do futuro", desenvolvida pela USP, cuja
proposta visa a integração de crianças de todo o mundo realizando os mesmos experimentos e comparando
seus resultados, abrindo a possibilidade dos alunos enxergarem um espaço além do seu. Por outro lado, penso
também nas escolas dos canteiros de obra, que resolveram seu problema de educação. Ao invés de terem salas
de aulas com professores, veiculam vídeos educativos. Mas que vídeos são estes? Quem seleciona este
material? Que ideologia está por trás destas fitas? São questões a serem pensadas e, servem como sugestão
para estudos que sejam feitos sobre a educação à distância e seus materiais.