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perceber os símbolos da linguagem escrita, mas inclui também
sinais (gestos e expressões faciais), cartões, fotografias e
pinturas. Se a privação da capacidade de ler se restringisse
apenas à leitura de livros, não seria problema assim tão extenso.
A leitura, é claro, ocupa importante lugar em nossas vidas;
quando a cegueira nos priva desse recurso, a perda é pungente.
Contudo, para aqueles que não gostam muito de ler, essa perda
é, de certo modo, irrelevante, comparada a outras.
Porém, não devemos subestimar essa perda. Uma coisa
é não fazer questão de ler, outra é estar de repente incapacitado
para tal. A cegueira acarreta a impossibilidade de adquirir
informação escrita, ou seja, acesso à leitura de jornais revistas
e livros, o que causa sério impedimento para o exercício da
atividade profissional, e/ou intelectual do indivíduo. Essa perda
freqüentemente influencia direta ou indiretamente sua
capacidade de ganhar a vida, de manter sua posição dentro da
profissão ou de estar atualizado nos papos informais em roda
de amigos.
Outras dificuldades cotidianas estão embutidas na
perda da comunicação, por exemplo, a incapacidade de conferir
um extrato bancário, de consultar a lista ou anotar um número
de telefone e, até mesmo, de ler e escrever a própria
correspondência, o que é sem dúvida o mais inconveniente, pois
significa a perda da privacidade.
É importante mencionar, porém, que hoje em dia há
muitos progressos técnicos que ajudam a amenizar essa perda
como, por exemplo, o uso de gravadores (o chamado “livro
falado”), da máquina de escrever em braile, de computador, de
scanner
, além é claro, do rádio e da televisão.
Perdas que Afetam a Personalidade como um Todo
(Independência Pessoal, Adequação Social, Auto-Estima)
Essas perdas são sentidas de maneiras diferentes e
em diversos graus, dependendo do indivíduo. Porém, é preciso
compreender que a cegueira implica muitas vezes mudanças