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RECOMENDAÇÕES PARA A CONSTRUÇÃO DE ESCOLA INCLUSIVA
de vida peculiar, com características culturais diferenciadas, com realidades
de vida familiar, social, econômica bastante diferenciadas, com características
funcionais de aprendizagem também diversificada, além de diferirem em um
sem número de variáveis (qualidade de vida, etnia, religião, saúde, repertório
de convivência grupal, habilidade de gerenciamento de relações interpessoais,
instrumentalização para a convivência com pares e autoridades, etc..) que faz de
cada aluno um sujeito de aprendizagem único, que necessita ser profundamente
conhecido e reconhecido, se quisermos ser bem sucedidos em nosso processo de
ensino.
Há também que se lembrar que, geralmente, o programa de ensino com o
qual iniciamos nosso ano de trabalho é elaborado antes sequer de termos sido
apresentados a esses alunos, o que desvela a pressuposição de que é possível
ensinar a todos, como se todos fossem um só.
Ignorar a individualidade e argumentar que o grande número de alunos em
cada sala de aula não permite a atenção individualizada a cada aluno, tem sido
uma das principais causas do fracasso escolar, quando olhado do lado da ação
do professor.
Nossa experiência docente nos tem mostrado que se encontram na mesma sala
de aula alunos que vivem na miséria, alunos que enfrentam violência familiar,
alunos que cheiram cola, alunos que cresceram brincando com computador,
alunos de classe média, alunos de classe alta, alunos de populações distantes,
os nômades, alunos que trabalham para sustentar família, alunos que são
moradores de rua, alunos que pertencem a minorias lingüísticas, étnicas ou
culturais, enfim, individualidades totalmente diferenciadas umas das outras,
que constituem uma ampla dimensão de características.
Cada uma dessas individualidades, por sua vez, tem uma história e um padrão
diferenciado de relação com a realidade e com o processo de aprendizagem.
Todos têm um conhecimento da realidade, que foi construído em sua história
de vida e que não pode ser ignorado no processo do ensinar.
Há os que aprendem melhor através da experiência concreta. Há os que aprendem
melhor através da via auditiva. Há os que aprendem melhor, se utilizarmos a via
escrita. Há os que aprendem melhor, se puderem escrever sobre o assunto que
está sendo abordado.
Cada um tem necessidades educacionais específicas, às quais o professor tem
que responder pedagogicamente, caso queira cumprir com seu papel primordial
de garantir o acesso, a todos, ao conhecimento historicamente produzido
pela humanidade, e ao seu uso na relação com a realidade social na qual nos
encontramos inseridos, e que nos cabe transformar.
Considerando essa diversidade toda, não podemos ainda nos esquecer dos
alunos que apresentam uma deficiência física, mental, visual, auditiva, múltipla,
comportamentos típicos e mesmo aos que apresentam altas habilidades.