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Ações Afirmativas e Combate ao Racismo nas Américas
Ao que tudo indica, somente em setembro de 2000, e em atendimento à
Resolução 2000/14
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, da Comissão de Direitos Humanos das Nações Unidas, o
governo brasileiro volta a manifestar-se oficial e publicamente sobre as relações
raciais brasileiras. O então presidente da república, Fernando Henrique Cardoso,
pormeiodeDecreto,de08desetembrode2000,criouoComitêNacionalparaa
PreparaçãodaParticipaçãoBrasileiranaIIIConferênciaMundialcontraoRacismo,
DiscriminaçãoRacial,XenofobiaeIntolerânciaCorrelata.Competiaaocomitê:
Assessorar o presidente da república nas decisões relativas à formulação
das posições brasileiras para as negociações internacionais e regionais
preparatóriaseparaaConferênciaMundial.Outraresponsabilidadeatribuída
aocomitêépromover,emcooperaçãocomasociedadecivil,semináriose
outras atividades de aprofundamento e divulgação dos temas de discussão
eobjetivosdaConferênciaMundial
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.
Ao contrário do que afirmaram Maggie e Fry
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, esse comitê organizou
diversasPré-conferências TemáticasRegionais,emvários estadosbrasileiros,
afimdediscutiraspectosrelevantesparaoBrasil,naagendadaConferência
Mundial contra o Racismo
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.Dessemodo,aspré-conferênciasconstituírama
9Estaresoluçãosolicitouaos países queiriamparticiparda Conferência Mundial contra o Racismo,
Discriminação Racial, Xenofobia e Intolerância Correlata“paraquedelimitassemastendências,prioridades
eobstáculosqueestãoenfrentandoanívelnacionalequeformulassemrecomendaçõesconcretasparaas
atividades a serem desenvolvidas no futuro na luta contra o racismo, discriminação racial, xenofobia e
intolerância correlata” (Sabóia, 2001:05).
0MOURA,CarlosAlveseBARRETO,JônatasNunes.A Fundação Cultural Palmares na III Conferência
Mundial de Combate ao Racismo, Discriminação Racial, Xenofobia e Intolerância Correlata.Brasília:
Fundação Cultural Palmares (FCP), 2002, p. 67.
SegundoMaggieeFry,“antesdaConferênciadeDurban,ocomitênomeadopelogovernofederalpara
prepararaposiçãodoBrasilpromoveutrêsseminários,emBelém,SalvadoreSãoPaulo.Maspoucos
souberam ou participaram, além de ativistas negros”. MAGGIE, Yvonne e FRY, Peter. “A reserva de vagas
para negros nas universidades brasileiras”. Estudos Avançados.DossiêOnegronoBrasil.SãoPaulo:USP.
Instituto de Estudos Avançados. nª 50, 2004, p. 69.
2OcomitêsupracitadoteveapoiodoInstitutodePesquisasdeRelaçõesExteriores(IPRI),doConselho
NacionaldeDesenvolvimentoCientíficoeTecnológico(CNPq),daFundaçãoCulturalPalmares(FCP),entre
outrosórgãosfederais.AsPré-conferênciasTemáticasRegionaisforamasseguintes:)CulturaeSaúdeda
PopulaçãoNegra,de3a5/09/2000,emBrasília-DF;2)Racismo,GêneroeEducação,de5a6/0/2000,
noRiodeJaneiro-RJ;3)Cultura,EducaçãoePolíticadeAçõesAfirmativas,de7a8/0/2000,emSão
Paulo-SP; 4) Desigualdade e Desenvolvimento Sustentável, de 19 a 21/10/2000, em Macapá-AP; 5) Novo
Papel da Indústria de Comunicação e Entretenimento, de 24 a 25/10/2000, em Fortaleza-CE; 6) Direito à
Informação Histórica, de 17 a 20/11/2000, em Maceió-AL; 7) Religiosidade e Imaginário Social, de 08 a
10/01/2001, em São Luiz-MA; e 8) Cultura do Desenvolvimento, Racismo e Eqüidade, de 15 a 16/01/2001,
em Porto Alegre-RS. Delas, “participaram membros ativistas do movimento negro e de organizações
não-governamentais,sacerdotesreligiososafro-brasileiros,especialistasacadêmicos,profissionaisliberais,
diplomatas,parlamentares,gestoresdepolíticaspúblicaserepresentantesdesindicatos,osquaisderam,ao
conjunto dos debates, qualidade, atualidade e realismo” (MOURA; BARRETO, op. cit.: p. 48-49 e 68).