Download PDF
ads:
Angelita Gouveia Quevedo
ATIVIDADE, CONTRADIÇÕES E CICLO EXPANSIVO DE
APRENDIZAGEM NO ENGAJAMENTO DE ALUNOS EM
UM CURSO
ONLINE
DOUTORADO EM LINGÜÍSTICA APLICADA E ESTUDOS DE
LINGUAGEM
Pontifícia Universidade Católica DE SÃO PAULO
2005
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
2
Angelita Gouveia quevedo
Atividade, contradições e ciclo expansivo
de aprendizagem no engajamento de alunos
em um curso
online
.
Tese apresentada à Banca Examinadora da
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, como
exigência parcial para obtenção do título de Doutor em
Lingüística Aplicada e Estudos da Linguagem, sob a orientação
da Profa. Dra. Anise de Abreu Gonçalves D’Orange Ferreira.
LAEL PUCSP
2005
ads:
3
Aos meus queridos pais, Mario Quevedo e
Irene Gouveia Quevedo (em memória).
Ao meu filho
4
Membros da banca:
________________________________________
________________________________________
________________________________________
________________________________________
________________________________________
5
AGRADECIMENTOS
Concretizar essa atividade de escrever uma tese contou com a ajuda de muitas
comunidades. Recebi apoio de instituições, professores, colegas, amigos e
familiares. Quero aqui registrar meus agradecimentos sinceros a cada um deles.
Ao CEPE, Conselho de Ensino e Pesquisa e Extensão da PUC-SP, pelo apoio
financeiro dado e à CAPES, pelo programa de auxílio à pesquisa em educação a
distância (PAPED), que foi essencial para a última etapa da pesquisa.
Às professoras integrantes da banca, pela disponibilidade de avaliar esse
trabalho, seus comentários, contribuições e incentivo.
À minha orientadora, Anise A. G. D’Orange Ferreira, pela amizade e presença
marcante com comentários sempre muito valiosos no decorrer desses quatro anos.
Às professoras integrantes das bancas de qualificação, Maximina Freire e
Heloisa Collins pelas observações enriquecedoras.
Aos colegas do Edulang, que talvez sem saber, tiveram sua parcela de
influência, ao refutarem, concordarem ou apenas ouvirem: Maria do Carmo Martins
Fontes, Maria Eugenia Batista, Rosinda Guerra Ramos, Shannon Svadi, Sheyla
Riyadh Weyersbach, Terezinha Maria Sprenger, Maria Paula Salvador Wadt, Betina
Staa , Izaura Maria Carelli, Roberta Lombardi Martins.
Ao técnico do laboratório do Edulang, Paulo Kuester Neto, sempre disponível
para qualquer suporte técnico.
Aos alunos do curso de Compreensão do Inglês Falado Via Internet I e II,
participantes desta pesquisa.
Ao meu companheiro e amigo, José Gonzaga Rezende Júnior, por saber ouvir
e distrair-me nos momentos certos.
Ao meu filho, Anderson Quevedo Farias, pelo carinho, apoio e alegria que me
tem dado.
6
RESUMO
A presente pesquisa investigou como 19 professores de língua inglesa da
rede pública do Estado de São Paulo realizaram a atividade de se engajar em um
curso online, ao serem alunos do curso de Compreensão do Inglês Falado via
Internet I e II, de formação continuada. Meu objetivo foi compreender como
ocorreu a atividade, da perspectiva do aluno, como a mediação de ferramentas
ajudou a entender a relação entre o aluno e seu(s) objetivo(s), quais as contradições
ocorridas e soluções encontradas e quais ações do aluno ajudaram a perceber o seu
engajamento nos diversos espaços de produção do curso.
Para fundamentar esta análise, usei a teoria da atividade (Leontiev, 1978;
Engeström, 1987, 1997; Cole, 1997; Davydov, 1999; Kaptelinin, 1996, 1997) que
em princípio argumenta que as pessoas não estão apenas cercadas pelo contexto de
suas atividades; elas interagem com o contexto e o mudam. A teoria da atividade
tratou de descrever os fatores que afetaram ou mediaram o sujeito e o objeto dentro
do contexto específico; e explicou como o sujeito interagiu com os outros
componentes do sistema.
A análise do desenvolvimento e engajamento do aluno ocorreu com base na
concepção do ciclo expansivo de desenvolvimento (Engeström, 1987) que apregoa
que desenvolver quer dizer resolver ou transformar as contradições existentes,
resultando, assim, em uma mudança no sistema de atividade: a construção de um
novo objeto e novo(s) motivo(s).
Os dados foram coletados ao longo de cinco meses ininterruptos, de março
a julho de 2003, período de duração do curso online. Os dados foram agrupados
em dados: (a) registrados pelo programa de autoria usado (TelEduc), (b) coletados
por meio de questionários, (c) coletados por meio das produções escritas dos alunos
e (d) gerados por meio da comunicação eletrônica (e-mail) ocorrida entre
professora/alunos e alunos/professora.
Inicialmente, descrevi o contexto de investigação, o curso de Compreensão
do Inglês Falado via Internet I e II e a caracterização dos participantes. As
contradições, fonte de transformações e desenvolvimento, foram levantadas com
base nos registros escritos dos participantes e nas minhas anotações. A análise
sustentada pelas contradições serviu para mapear as áreas e explicitar os
desequilíbrios existentes dentro deste contexto. Elas podem apontar para áreas que
precisam ser revistas, identificar as oportunidades para mudança, desenvolvimento
e evolução.
Finalmente, analisei o desenvolvimento e engajamento do aluno com base
no que Engeström (1999) chama de ciclos miniatura/ intermediários de
aprendizagem. Por meio das produções dos alunos, identifiquei, discuti e mostrei
como a aprendizagem emergiu no contexto sociocultural da atividade em
investigação.
Concluí que na atividade de se engajar em um curso online de se levar
em conta que o desempenho dos alunos está relacionado com o ambiente em que
estão inseridos. Sujeito, objeto e ferramentas se interrelacionam, recíproca e
7
mutuamente instigando o processo de construção de conhecimento (Cole, 1996).
Portanto, a ação mediada é um processo de transformação, não para o aluno mas
também para o objeto e para as ferramentas. Quando o aluno encontra situações
difíceis (contradições), e se ele decide que é importante persistir, ele tem a opção de
procurar ajuda. Em ambientes virtuais de aprendizagem, o computador pode se
comportar de uma maneira inesperada provocando mudanças de foco e o aluno, ao
invés de concentrar-se no objeto da atividade em si pode passar a dirigir sua
atenção para os mecanismos operacionais da ferramenta. A teoria da atividade
reconhece a importância e a influência do contexto, bem como as diferentes
percepções, os entendimentos e as expectativas dos participantes de um sistema de
atividade. Por isso ela propiciou a compreensão do design e de seu processo de uso
pelos alunos e pela professora.
8
ABSTRACT
This research investigated how 19 in-service public school English teachers,
from the State of São Paulo, have undertaken the activity of engaging in the course
of English Listening Comprehension via Internet I and II. My objective was to
understand how the activity happened from the student’s perspective, how the
mediational tools helped understanding the relationship between the student and his
objective(s), which contradictions emerged in the activity, which solutions were
found and which student’s actions helped perceiving his engagement in the several
production areas of the course.
The analysis was based on the activity theory (Leontiev, 1978; Engeström,
1987, 1997; Cole, 1997; Davydov, 1999; Kaptelinin, 1996, 1997) that considers
people are not only surrounded by the context of their activities; they interact with
the context and change it. The activity theory was used to describe the factors that
affected or mediated the subject(s) and object in the specific context and explained
how the subject(s) interacted with the other elements of the activity system.
The analysis on students’ development and engagement was based on the
expansive learning cycle conception (Engeström, 1987) that states that developing
means solving or transforming the existing contradictions, and consequently it
results in changes of the activity system: the building of a new object and new
motive(s).
I collected data from March to July, 2003, during which period the online
course lasted, and grouped them according to data generated by: (a) the courseware
used (TelEduc), (b) the questionnaires, (c) the students’ written production registered
in TelEduc and (d) the electronic communication (e-mail) from teacher/students and
students/teacher.
Initially, I described the investigation context, the English Listening
Comprehension Course via Internet I and II and the participant’s characteristics. The
contradictions, source of transformations and development, were listed and
analyzed based on the students’ written production and on my observation notes.
The analysis of the contradictions was useful to locate the areas that need to be
reviewed, to identify the opportunities for changing, developing and evolution.
Finally, I analyzed the students’ development and engagement based on
what Engeström (1999) calls as miniature/intermediate cycles of learning. Observing
the students’ written production I could identify, discuss and show how learning
emerged from the sociocultural context of the activity in study.
I concluded that in the activity of engaging in an online course we have to
consider that the students’ performance is related to the environment they are in.
Subject, object and tools are interrelated and they reciprocally and mutually
instigate the process of knowledge building (Cole, 1996). Therefore, the mediated
9
action is a transformation process not only to the student but also to the object and
tools. When the student finds difficult situations (contradictions), and if he decides it
is important to persist, he has the choice of looking for help. In virtual learning
environments, computers may behave in an unexpected way provoking changes in
focus and the student, instead of concentrating in the object of the activity may
focus his attention to the operational tool mechanisms. Activity theory recognizes
the importance and influence of the context, of the different perceptions, the
understandings and expectations of the participants of an activity system, that’s why
AT helped me understand the design and the process of its use made by the students
and teacher.
10
SUMÁRIO
RESUMO 6
ABSTRACT 8
LISTA DE ILUSTRAÇÕES 13
INTRODUÇÃO 17
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 37
1. SOBRE A TEORIA DA ATIVIDADE (TA) 38
1.1 BREVE HISTÓRICO 38
1.2 PRINCÍPIOS 47
1.3 CICLO DE APRENDIZAGEM EXPANSIVA 51
2. A HABILIDADE DE COMPREENSÃO DE TEXTOS ORAIS (OU COMPREENSÃO DA FALA) NO
PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM DA LÍNGUA ESTRANGEIRA 58
2.1 SOBRE A COMPREENSÃO DE TEXTOS ORAIS 61
3. COMPREENSÃO ORAL E COMUNICAÇÃO MEDIADA PELO COMPUTADOR (CMC) 66
4. IMPLICAÇÕES METODOLÓGICAS DA TEORIA DA ATIVIDADE 71
METODOLOGIA 75
1. ESCOLHA METODOLÓGICA 76
TEORIA DA ATIVIDADE E ESTUDO DE CASO 79
2. CONTEXTO DE PESQUISA 81
2.1 A PLATAFORMA TELEDUC 83
2.1.1 Ferramentas no ambiente 84
2.1.1.1 Ferramentas de produção 88
2.1.1.2 Ferramentas de estudo/ Publicação das tarefas pedidas 89
2.1.1.3 Ferramentas de comunicação 90
2.1.1.4 Ferramentas de suporte técnico 91
11
2.2 O CURSO DE COMPREENSÃO DO INGLÊS FALADO VIA INTERNET I E II 93
As tarefas de compreensão oral do curso 100
2.3 PARTICIPANTES 108
3. PROCEDIMENTOS PARA A COLETA DE DADOS 110
3.1 DADOS GERADOS PELO SISTEMA 111
3.2 QUESTIONÁRIOS 117
4. PROCEDIMENTOS PARA A ANÁLISE DOS DADOS 121
4.1 SISTEMATIZAÇÃO DOS DADOS 122
RESULTADOS E DISCUSSÃO: CONTRADIÇÕES DA ATIVIDADE EM ESTUDO 127
1. CONTRADIÇÃO PRIMÁRIA 131
1.1 NA FERRAMENTA 132
1.2 NO OBJETO 133
1.3 NA DIVISÃO DE TRABALHO 137
1.4 NAS REGRAS 137
2. CONTRADIÇÃO SECUNDÁRIA 139
2.1 CONTRADIÇÕES ENTRE FERRAMENTA E OBJETO 139
2.2 CONTRADIÇÕES ENTRE SUJEITO E FERRAMENTAS 141
2.2.1 – Nas ferramentas materiais 144
2.2.2 – Nas ferramentas híbridas 150
2.2.3 – Nas ferramentas psicológicas 165
2.3. CONTRADIÇÃO ENTRE SUJEITO E OBJETO 165
2.4. CONTRADIÇÃO ENTRE SUJEITO E REGRA 168
2.4.1 Regras estipuladas pelos designers 168
2.4.1.1 Horas de estudo para o curso 168
2.4.1.2 Pré-requisitos técnicos 169
12
2.4.2 Regras estipuladas pela professora 171
2.5 CONTRADIÇÕES ENTRE SUJEITO E DIVISÃO DE TRABALHO 179
2.6 CONTRADIÇÃO ENTRE O SUJEITO E A COMUNIDADE 182
3. CONTRADIÇÃO TERCIÁRIA 183
4. CONTRADIÇÃO QUATERNÁRIA 183
ENGAJAMENTO DOS ALUNOS 186
CONSIDERAÇÕES FINAIS 209
IMPLICAÇÕES DO USO DA TEORIA DA ATIVIDADE 211
LIMITAÇÕES E PERSPECTIVAS 216
LIMITAÇÕES 216
PERSPECTIVAS 217
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 219
ANEXOS 243
13
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Quadro nº 1 - Níveis hierárquicos de uma atividade segundo Leontiev (1981: 255)
_______________________________________________________________ 42
Diagrama 1- A estrutura da atividade humana (Engeström, 1987: 73. Tradução
minha) _________________________________________________________ 43
Quadro nº 2– Níveis hierárquicos da atividade e das contradições______________ 52
Diagrama 2 – Quatro níveis de contradições em uma rede de sistemas de atividade
humana ________________________________________________________ 54
Diagrama 3 – Ciclo de aprendizagem expansiva (Engeström, 1996) ____________ 55
Figura 1– Elementos de processamento descendente/ ascendente ______________ 63
Figura 2 - Primeira agenda do curso de Compreensão do Inglês Falado via Internet,
ano de 2003 ____________________________________________________ 86
Quadro nº 3 - Ferramentas do TelEduc e suas funções no curso ________________ 87
Figura 3 - Página de acesso ao Course Dynamic _____________________________ 88
Figura 4 - Relação de exercícios por unidade_______________________________889
Figura 5 - Sobre a ferramenta Course Dynamic – encontrado no Tutorial do
TelEduc ________________________________________________________ 91
Figura 6 - Página de entrada do tutorial sobre o Internet Explorer _______________ 92
Figura 7 - Página de entrada da ferramenta Frequently Asked Questions ________ 92
Figura 8 - Página de acesso ao site ________________________________________ 98
Figura 9 - Página de configuração do software de áudio ______________________ 98
Figura 10 - Página de conteúdo do site sobre Chico Mendes___________________ 98
Quadro nº 4 - Tarefas do curso de Compreensão do Inglês Falado via Internet I e II
distribuídas nas ferramentas do TelEduc _____________________________ 99
Quadro nº 5: Taxonomia de tipos de tarefas de compreensão de textos orais em
termos das demandas da tarefa (nível ascendente de demanda cognitiva) 104
Quadro nº 6 - Distribuição das tarefas de compreensão oral segundo o nível de
processamento cognitivo _________________________________________106
Figura 11- Exemplo de registro automático de mensagem deixada no Discussion
Forum ________________________________________________________112
Figura 12 - Quadro parcial de registro automático da criação do Profile ________112
Figura 13- Exemplo de registro automático de mensagem postada no Mail do curso
______________________________________________________________113
Figura 14 - Exemplo de registro automático de criação da mensagem no Group
Portfolio_______________________________________________________113
Figura 15 - Exemplo de registro automático de edição de mensagem deixada no
Group Portfolio_________________________________________________114
Figura 16 - Exemplo de registro automático da quantidade de turnos de cada aluno
em uma sessão de Chat __________________________________________114
Figura 17- Exemplo de rede de comunicação do Chat: Listening Strategies and
Doubts, de 12/04/2003 _________________________________________115
14
Figura 18 - Exemplo de registro automático de acesso às ferramentas do curso __116
Figura 19 - Exemplo de registro automático da quantidade de mensagens deixadas
em um Discussion Forum ________________________________________116
Quadro nº 7 - Exemplo parcial de dois dias de acesso do aluno C2 ____________123
Quadro nº 8 - Inventário geral do curso –dados quantitativos usados na pesquisa 124
Quadro nº 9 - Níveis hierárquicos da atividade em estudo____________________128
Diagrama 1 - A estrutura da atividade humana _____________________________132
Quadro nº 10 - Motivos mencionados pelos alunos para fazer o curso de
Compreensão do Inglês Falado via Internet I e II _____________________135
Quadro nº 11 - Registros que indicam problemas de conexão_________________138
Quadro nº 12- Registros que indicam problemas com a linha telefônica ________138
Quadro nº 13- Registros que indicam problemas no computador do aluno______138
Quadro nº 14 - Registros que indicam problemas na ferramenta digital Chat ____140
Quadro nº 15 - Registros que indicam problema de uso de apóstrofe no TelEduc 140
Quadro nº 16 - Registros que indicam problema no servidor da PUCSP ________141
Quadro nº 17- Registros que indicam problemas no computador do aluno______145
Quadro nº 18 - Registros que indicam problema de endereço do curso_________145
Quadro nº 19 - Registros que indicam problema de senha____________________146
Quadro nº 20 - Registros que indicam problema com a plataforma ____________147
Quadro nº 21- Registro que indica problema no site indicado ________________147
Quadro nº 22- Registros que indicam problema na entrega do CD-ROM _______147
Quadro nº 23 - Registro que indica retorno de mensagens ___________________148
Quadro nº 24- Registros que indicam problema de conexão __________________148
Quadro nº 25 - Registros que indicam problemas com páginas expiradas _______149
Quadro nº 26 - Registro que indica problema de falta de arquivo em CD-ROM __149
Quadro nº 27- Registros que indicam problema com o software HotPotatoes ___150
Quadro nº 28 - Trecho do chat de 05/04__________________________________151
Quadro nº 29 - Trecho do chat de 02/04__________________________________151
Quadro nº 30 - Registro de C1 no Discussion Forum ________________________152
Quadro nº 31- Exercícios com som confuso________________________________152
Figura 20 - Exercício sobre gênero – unidade 1, genre 3______________________154
Figura 21 - Exercício da Unidade 2, passo 7________________________________154
Figura 22 - Exercício sobre Graham –unidade 4_____________________________155
Figura 23- Exercício sobre Graham –unidade 4 – versão sem colunas __________156
Figura 24- Exercício sobre Patrick, unidade 4_______________________________156
Quadro nº 32 - Registros que indicam desconhecimento de como operar
ferramentas digitais______________________________________________157
Quadro nº 33 - Registros que indicam problemas com a ferramenta Chat _______158
Quadro nº 34 - Registros que indicam problemas com as instruções das tarefas__158
Quadro nº 35 - Registro que indica problemas com as instruções na tarefa______159
Quadro nº 36 - Registro da aluna D2 no Discussion Forum___________________160
Quadro nº 37 - Registros do Discussion Forum da Unidade 1 ________________161
Quadro nº 38 - Registros do Discussion Forum da Unidade 1_________________161
Figura 25 - Primeira página de acesso do site http://www.chicomendes.com____163
Figura 26 - Segunda página de acesso do site ______________________________164
Quadro nº 39 - Registro da comunicação de C1 com a professora _____________164
Quadro nº 40 - Registro de C1 no Discussion Forum ________________________164
Quadro nº 41 - Registros que apontam para nível de proficiência______________165
15
Quadro nº 42 - Trecho do chat de 12/04__________________________________166
Quadro nº 43 - Registros que apontam para a dificuldade de se entender os arquivos
em áudio ______________________________________________________168
Quadro nº 44 -: Pré-requisitos técnicos necessários ao cumprimento das unidades
______________________________________________________________170
Figura 27 - Mapa da unidade 1 __________________________________________171
Figura 28- Agenda publicada em 25/05/2003 _____________________________172
Quadro nº 45 - Regras estabelecidas pela professora quanto a algumas ferramentas
______________________________________________________________173
Quadro nº 46 - Registro de contradição entre sujeito e regra__________________174
Quadro nº 47 - Registro de comunicação entre C1 e professora ______________174
Figura 29 - Welcome Agenda ___________________________________________175
Quadro nº 48 - Exemplo de regra inconsciente – notificação à professora _______176
Quadro nº 49 - Exemplos de dificuldades _________________________________177
Quadro nº 50 - Resumo das regras existentes na atividade____________________178
Quadro nº 51 - Registros que indicam contradição entre sujeito e divisão de trabalho
______________________________________________________________180
Quadro nº 52 - Registros que indicam contradição entre sujeito e comunidade __182
Quadro nº 53- Registros que indicam contradição quaternária ________________184
Diagrama 4 - Seqüência cíclica ideal-típica de ações epistêmicas de aprendizagem
______________________________________________________________189
Figura 30 - Exemplo de não presença no curso _____________________________193
Figura 31 - Exemplo de presença da aluna C1 ______________________________193
Quadro nº 54 - Quadro de acessos do aluno no curso _______________________195
Quadro nº 55 - Ações feitas para a concretização dos motivos de cunho
pessoal,profissional e social_______________________________________197
Quadro nº 56 - Ilustração de manifestações da primeira etapa do ciclo expansivo 199
Quadro nº 57- Indícios da segunda etapa do ciclo miniatura/intermediário de
aprendizagem __________________________________________________200
Figura 32- Distribuição dos alunos no ciclo expansivo de aprendizagem ________206
Figura 33 - Posicionamento do alunos quanto ao número de acessos e tarefas ___207
16
“O texto oral existe no tempo e não no espaço; seu caráter efêmero deve ser
percebido à medida que é enunciado.”
(Metinne, 2000)
17
INTRODUÇÃO
Esta pesquisa insere-se na interface de duas grandes áreas: educação
a distância (EaD) e aprendizagem de língua estrangeira centrada no
desenvolvimento da habilidade de compreensão do inglês falado. Assim,
torna-se importante caracterizar cada uma delas.
Hoje, quando falamos em EaD, logo nos vem à lembrança a imagem
de computadores potentes e velozes, por onde passam gigabites de
informações – um mundo de conhecimento que aguarda para ser descoberto
e conquistado. Entretanto, essa modalidade educacional tem uma longa
história. Alguns estudiosos (Romiszowski, 2004; Almeida, s/d) dizem que a
EaD data das epístolas de São Paulo e aparece como uma atividade
comercial no século 19, com os propagados cursos de correspondência para
treinamento vocacional e educação continuada. Contudo, começou a ganhar
um certo respeito somente a partir da segunda metade do século 20, com o
sucesso da Open University (Universidade Aberta) da Inglaterra.
18
Moore e Kearsley (1996) identificam a existência de três gerações em
EaD:
a. de anos anteriores até 1970 - primeira geração ou geração textual
(Franco, Marcelo Araújo et alli, s/d.), caracterizada pelo estudo por
correspondência, quando os materiais impressos eram enviados
pelo correio;
b. de 1970 até 1985 - segunda geração ou geração analógica, -
caracterizada pelo surgimento das primeiras Universidades
Abertas, que, além do material impresso, fazem uso de
transmissões por televisão aberta, rádio, fitas de áudio e de vídeo,
com interação por telefone, satélite e TV a cabo;
c. de 1985 até 1995 - Terceira geração ou geração digital,
caracterizada pelo uso de redes de conferência por computador e
estações de trabalho multimídia.
Sherron e Boettcher (1997) falam de uma quarta geração (de 1995 até
os dias de hoje), caracterizada pelo crescente uso de tecnologias de banda
larga que permitem, entre outras coisas, que o aluno participe de
experiências de vídeo interativo (ao vivo). E quem fale sobre a quinta
geração como uma derivação da quarta. Além de incluir a comunicação via
computadores, com sistema de respostas automatizadas, e bancos de dados
de objetos inteligentes com potencial para oferecer experiências de
aprendizagem personalizadas, possibilita também acesso via portal ao
campus universitário virtual (Taylor, 2001).
Tais gerações sinalizam as diferentes tecnologias empregadas na
produção e distribuição de materiais em EaD, bem como na comunicação
entre os participantes nesse contexto. Porém, não se deve pensar que a
geração textual foi suplantada pela geração analógica, ou ainda, que a
geração digital suplantou as anteriores.
19
No Brasil, a EaD, em sua primeira geração, também foi marcada pelos
cursos por correspondência, no início do século 20 uma alternativa usada
para que a educação convencional chegasse às pessoas residentes em áreas
longínquas e isoladas ou àqueles não tivessem condições de cursar o ensino
regular. Tratava-se de uma alternativa barata, considerada, na época, como
de segunda classe (Almeida, s/d.).
A utilização do rádio para fins educativos na década de 20, pela
iniciativa de Roquete Pinto e pelo projeto Minerva, transmitindo programas
de literatura, de línguas e outros interesses comunitários (Fontana, s/d)
marcou a segunda geração dessa modalidade no país. O rádio educativo
surgiu em 1923, e pesquisas pioneiras foram realizadas na década de 1930,
para documentar os pontos positivos e negativos no uso do rádio como meio
instrucional.
Entre as primeiras experiências brasileiras de destaque, encontra-se a
criação do Movimento de Educação de Base – MEB, cujo foco era alfabetizar
jovens e adultos por intermédio das escolas radiofônicas. Entretanto, somente
a partir da década de 60, a EaD tornou-se expressiva. Na década de 70, com
a criação do Programa Nacional de Teleducação (PRONTEL) surgia a
televisão educativa (TVE), apontando para a democratização da imagem.
Nesse universo, muitos projetos educativos foram lançados, voltados,
principalmente, para a educação pública (projeto Minerva, projeto SACI,
Telecurso e Graus, MOBRAL, entre outros). Tais projetos tinham como
objetivo oferecer uma segunda oportunidade para adultos e adolescentes
completarem seus estudos de primeiro e segundo graus (Romiszowski, 2004).
Na geração analógica, quando a prática dominante de EaD no Brasil
se circunscrevia aos programas de “telecurso”, divulgados pelos meios de
massa (rádio/ TV), alguns projetos fizeram uso da recepção organizada, ou
seja, os alunos reuniram-se em grupos, acompanhados de um monitor,
orientador ou facilitador, para assistir às teleaulas e desenvolverem as tarefas
20
de aprendizagem. Outros usaram a recepção livre, que implicava estudo
individual em casa. Na época, os melhores projetos brasileiros ganharam o
reconhecimento internacional (segundo grau por meio da TVE do Maranhão;
telecursos supletivos para adultos, lançados pela TVE Amazonas e Instituto
de Radiofusão do Estado da Bahia (IRDEB), e projeto SACI).
Em fins dos anos 70, um levantamento realizado com apoio do
Ministério da Educação, apontava para a existência de 31 estabelecimentos
de ensino que usavam a metodologia de EaD, distribuídos entre os estados
de São Paulo e Rio de Janeiro.
A partir dos anos 85, o progressivo desenvolvimento mundial das
tecnologias de informação e comunicação (TICs) inaugurou a geração digital
e ajudou a educação a distância a elevar-se de ensino de segunda categoria
para o mesmo nível e potencial de qualidade da educação presencial. A
propagação dos computadores pessoais e o advento da Internet são marcos
da passagem da segunda para a terceira geração, sendo que, nesta última,
surgiram ferramentas de comunicação que vieram promover a interação
síncrona (chat, vídeo e teleconferência) e assíncrona (e-mail, fóruns, listas de
discussão, blogs) entre os participantes de uma comunidade virtual.
Nessa perspectiva, no Brasil, no fim da década de 80 e início dos
anos 90, surgiram iniciativas das Universidades UNB (Universidade de
Brasília), UFMT (Universidade Federal do Mato Grosso) e UFSC
(Universidade Federal de Santa Catarina), bem como ações governamentais,
como o programa Salto para o Futuro, TVEscola, PROINFO e Proformação,
que vêm mudando o rumo da EaD no país (Romiszowski, 2004).
Em síntese, na terceira geração, a característica básica da educação a
distância é o estabelecimento de uma comunicação de dupla via. Professor e
aluno não estão juntos no mesmo espaço (sala de aula) e precisam, então, de
meios que possibilitem a interação: correspondência postal, eletrônica,
telefone, telex, fax, rádio, “modem”, televisão apoiada em meios abertos de
21
dupla comunicação etc. Como se trata de um processo que vem sendo
consolidado por meio de inúmeros cursos ministrados via rede, com alto teor
informacional, o que era antes visto como uma modalidade especial de
ensino, que se apoiava em um sistema não tradicional, vem se tornando um
fator significativo na educação.
Nesse contexto, pode-se afirmar que a evolução tecnológica e, por
conseguinte, o crescimento das aplicações das tecnologias digitais na
educação sustentam a terceira geração da EaD. De acordo com pesquisas
desenvolvidas em universidades brasileiras, tais tecnologias parecem
contribuir para o “desenvolvimento de processos construtivos de
aprendizagem, para a criação de novos espaços de aprendizagem, de novas
formas de representação da realidade, para ampliação de contextos e maior
incentivo aos processos cooperativos de produção do conhecimento”
(Moraes, 2002:02). Elas podem também favorecer o desenvolvimento do
pensamento reflexivo (Valente, 1999) e da consciência crítica e, ainda,
viabilizar soluções para novos problemas, como o acesso democrático de
informações; o re-posicionamento da educação; a formação de indivíduos
para uma nova cidadania com a utilização plena dessas tecnologias etc.
Em outras palavras, o uso adequado de ferramentas tecnológicas na
construção de ambientes virtuais de aprendizagem que favorecem a
construção do conhecimento de forma compartilhada abre a possibilidade
do desenvolvimento de processos reflexivos sobre o próprio processo de
aprender e de construir significados. Tais ferramentas favorecem o saber em
movimento, caracterizado pela dinamicidade dos processos de construção
do conhecimento, que ocorrem com base em atividades de exploração,
investigação e descoberta, realizadas individualmente ou em grupo (Moraes,
2002).
22
O crescente desenvolvimento das ferramentas tecnológicas na
geração digital apoia-se no incentivo da aprendizagem autodirigida
1
. O
aprendiz autodirigido deve ser visto como um indivíduo que adquire novos
conhecimentos por meio do diálogo, do feedback e da reflexão com
professores, facilitadores, monitores e colegas. Esse contato com os outros
propicia-lhe o acesso a outras perspectivas, que o levem a conhecer mais
profundamente sua temática de aprendizagem. Nesse sentido, a Internet
parece ser um excelente recurso, por meio do qual se tem acesso a
bibliotecas, artigos, publicações online, referências bibliográficas, listas de
discussão, ambientes virtuais de aprendizagem (AVA), entre outros.
Entretanto, a rede mundial de computadores, por si só, não é
suficiente para um processo educacional eficaz. É preciso saber usar as
ferramentas disponíveis nos ambientes de aprendizagem, de modo a
estimular o trabalho colaborativo, a compartilhar os saberes individuais, a
formular e solucionar questões, a buscar informações contextualizadas às
dinâmicas sociais de aprendizagem e à criação e conseqüente ampliação da
comunidade virtual em que se inserem os aprendizes. Assim, nos últimos
anos, um número significativo de estudos tem sido realizado por
pesquisadores brasileiros sobre o uso de recursos eletrônicos, especialmente
no ensino e na aprendizagem por meio da Internet (Moran, 1998) e na
articulação entre educação e tecnologia e formação de educadores para
ambientes eletrônicos (Almeida, 2003).
No que se refere ao ensino e aprendizagem de língua estrangeira (e
também materna), as últimas duas décadas trouxeram uma gama de
tecnologias áudiovisuais; contudo, nenhum outro recurso tem tido um maior
impacto do que o computador pessoal. Hoje, além da possibilidade de
1
A aprendizagem autodirigida consiste no processo pelo qual os indivíduos tomam a
iniciativa de, com ou sem a ajuda de outros, diagnosticar as suas necessidades e formular
objetivos de aprendizagem, identificar os recursos humanos e materiais para aprender,
escolher e implementar as estratégias apropriadas e avaliar os resultados no processo
educacional. (Knowles, 1975).
23
interação com textos e gráficos gerados pelo computador, temos também
uma combinação de sons e imagens analógicas e digitais. E integrar a
tecnologia nos contextos de aprendizagem representa um grande desafio.
E especificamente no que se refere ao ensino-aprendizagem da língua
inglesa mediado por computador, um número significativo de estudos têm
surgido sobre o uso de recursos eletrônicos em sala de aula, especialmente
por meio da Internet (Collins & Braga, 2001); o uso do chat no ensino de
inglês (Motta-Roth, 2001; Sabbag, 2002); as diferentes possibilidades de
interação oferecidas por recursos eletrônicos e sua ocorrência no ensino da
língua inglesa no contexto digital (Costa, 2001; Menezes, 2001); o papel do
professor de língua inglesa em cursos online (Faustini, 2001); a formação de
professores para o contexto digital (Ramos e Freire, 2001; Freire, 2003;
Tavares, 2001); a afetividade do professor de língua inglesa na interação com
seus alunos em um curso de inglês online (Santi, 2003); a prática da língua
inglesa em ambientes eletrônicos (Freire, 2003); a autonomia promovida
pelos ambientes virtuais; as questões de avaliação de design de cursos de
inglês online (Wadt, 2002; Freire et al., 2004); a didática para o ensino da
língua inglesa online (Leffa, 2003), entre outros.
Mais recentemente, têm surgido programas computacionais
adequados e com atividades especialmente elaboradas para o ambiente
virtual, com o intuito de auxiliar no desenvolvimento da habilidade de
compreensão oral mediada por computador. Entretanto, a pesquisa nessa
área ainda os seus primeiros passos e não estudos realizados sobre
exercícios ou tarefas online de compreensão do inglês falado em cursos de
língua inglesa desenvolvidos para plataformas educacionais via Internet.
Nesse ponto, reside a importância desta pesquisa, uma vez que une
duas grandes áreas de conhecimento: aprendizagem tecnológica e
aprendizagem de língua estrangeira. No trabalho, nosso objetivo principal é
24
conhecer como ocorre a atividade
2
de se engajar em um curso online
(Compreensão do Inglês Falado via Internet I e II) do ponto de vista do aluno,
com base em pressupostos da teoria da atividade, como será mostrado mais
adiante.
No intuito de entender a atividade de se engajar em um curso online,
é necessário considerar a visão de linguagem, os pressupostos sobre
aprendizagem e tecnologia e a visão de aprendizagem de língua estrangeira
que embasam esta pesquisa.
Do ponto de vista da linguagem, há dois conceitos-chave. O primeiro
pertence à visão hallidiana de que a linguagem é um sistema probabilístico,
delimitado pelas escolhas realizadas pelo usuário da língua, de acordo com
o contexto social específico (Halliday, 1992). O contexto é, então, passível
de caracterização a partir da ocorrência das escolhas mais freqüentes e o
indivíduo atua no contexto segundo uma realidade social que é, em si
mesma, um edifício de significados - um construto social do qual a
linguagem é um dos constituentes (Halliday,1993). uma co-construção
da realidade social pelos participantes, que, juntos, concordam ou aceitam
mutuamente significados de sinais, gestos e elementos de linguagem. A
linguagem é fundamentalmente usada com propósitos sociais.
Para Halliday (1993: 94), a linguagem é a condição essencial do
conhecer, o processo pelo qual a experiência se torna conhecimento, e todo
o significado e toda a aprendizagem é ação e reflexão. Os contextos em que
os significados são partilhados não são isentos de valor social; um contexto
de fala é, em si, um construto semiótico que tem uma forma (derivada da
cultura) e que permite aos participantes predizerem aspectos do registro
predominante e, conseqüentemente, entenderem uns aos outros.
2
Compreendo que atividade consiste em uma forma de agir de um sujeito ou sujeitos
direcionada para um objeto. O sujeito (ou sujeitos) atua (m) sobre o objeto da atividade
mediado por ferramentas ou instrumentos (artefatos de mediação). O objeto da atividade
pode ser algo material ou abstrato (uma idéia), conforme explicitado na teoria da atividade.
25
O segundo conceito define a linguagem como ferramenta que
transforma a relação entre os homens e seus ambientes, (Vygotsky, 1985),
um instrumento de mediação pelo qual o indivíduo interage e se desenvolve
dentro do contexto sócio-histórico em que se insere. A aprendizagem
humana, fundamentalmente, é uma experiência social na qual a interação se
pela linguagem e pela ação. A construção do conhecimento não ocorre
pela ação do sujeito sobre a realidade, mas passa a ser fruto da ação
mediada por um “outro social”, seja esse outro um objeto, o ambiente que o
cerca, o mundo cultural que o rodeia etc.
O uso da linguagem (oral e escrita), uma das ferramentas semióticas
mais poderosa e versátil, realiza duas funções cruciais: primeiro, capacita
seus participantes a coordenarem suas ações, percepções, crenças e
intenções com relação às situações que partilham e, segundo, fornece um
meio para representação e reflexão sobre as pessoas, coisas, ações e sobre as
relações entre elas (Wells, 1994).
Além dessas, há, ainda outra função da linguagem, de um ponto de
vista sociocultural de desenvolvimento: transmitir o conhecimento e as
práticas construídas no passado para futuras gerações. Entretanto, por meio
dela, ocorre muito mais do que a transferência de informações; na interação
com o contexto, o indivíduo transforma seu potencial em ação social e
também constrói intramentalmente o meio para realizar tais ações.
Tanto Vygotsky (1985) quanto Halliday (1992,1993) vêem a
linguagem como uma invenção humana usada como meio para atingir
objetivos da vivência social. Halliday interessa-se em verificar como as
relações sociais são geradas ou constituídas com base em padrões
lingüísticos. Vygotsky, por sua vez, interessa-se em observar como esses
padrões influenciam a cognição humana. Tanto um quanto outro acreditam
que a linguagem é a “ferramenta das ferramentas”, pois é por meio dela que
26
o homem faz conexões ou co-cria significados com outros e, ao mesmo
tempo, ao experienciar essas conexões, aprende e apreende conhecimento.
O curso Compreensão do inglês falado via Internet I e II adota as
noções de aprendizagem fundamentadas na visão sócio-construtivista-
interacionista de Vygotsky (1985). Para ele, a aprendizagem é um processo
pelo qual o indivíduo adquire informações, habilidades, valores etc. ao
entrar em contato com o meio ambiente, com a realidade, com as outras
pessoas. As funções psicológicas superiores (por exemplo, linguagem e
memória) são construídas ao longo da história social do homem, em sua
relação com o mundo. Desse modo, referem-se à processos voluntários,
conscientes, mecanismos intencionais e dependem de processos de
aprendizagem que constróem o desenvolvimento do indivíduo.
Existem pelo menos dois níveis de desenvolvimento identificados por
Vygotsky (1985): um real, já adquirido ou formado, e um potencial, referente
à capacidade de aprender com o outro. A aprendizagem interage com o
desenvolvimento, produzindo as zonas de desenvolvimento proximal (ZDP)
que se referem à distância entre o que o indivíduo faz sozinho e o que é
capaz de fazer com a intervenção do outro. Na troca com o outro e consigo
mesmo, ele consolida conhecimentos, papéis e funções sociais. Trata-se de
um processo que caminha do plano social para o individual interno um
diálogo entre o exterior e o interior do indivíduo.
O desenvolvimento é produzido, então, pelo processo de
internalização da interação social com o outro e tal processo se constrói de
fora para dentro. Além da interação social, uma interação do indivíduo
com os produtos da cultura: os diferentes instrumentos e técnicas (inclusive
tecnologias) que o homem assimila e orienta influem em suas próprias
funções mentais (Zacharias, 2004). A cultura cria um número cada vez maior
de auxiliares externos (instrumentos, aparatos, tecnologias) que apóiam os
processos psicológicos; por exemplo, a linguagem escrita e a cultura livresca
27
mudam os modos de funcionamento da percepção, da memória e do
pensamento. Ao apropriar-se da linguagem escrita, o indivíduo apropria-se
das técnicas oferecidas por sua cultura. E o sujeito, no domínio dos
instrumentos de mediação, forma conhecimentos e constitui-se com base em
relações intra e interpessoais.
A tecnologia é, ao mesmo tempo, um instrumento de mediação e
produto cultural que medeia as relações entre os indivíduos em nível global.
O computador é um instrumento do mundo concreto que medeia o aprendiz
e o objeto de seu aprendizado e, como elemento cultural, ao ser manejado,
pode provocar mudanças na forma de o indivíduo perceber, simbolizar e
atuar sobre o mundo (Borges, 2000).
Para que possamos participar da cultura tecnológica precisamos
desenvolver certas competências e habilidades. Mas o que são
competências? Para os propósitos desta pesquisa, adotarei a concepção de
Perrenoud (1999: 07), que define competência como “a faculdade de
mobilizar um conjunto de recursos cognitivos (saberes, capacidades,
informações etc.) para solucionar uma série de situações”. O indivíduo,
então, competente na cultura tecnológica é capaz de participar da sociedade
de informação, conviver com o seu ritmo constante de mudanças, construir
seu próprio conhecimento, refletir, analisar, buscar novas informações,
dialogar em um mundo interativo, e aprender a aprender.
A comunicação em tempo real em um espaço virtual corrobora para
que o processo educacional se realize cada vez mais sem fronteiras
delimitadas. A Internet é a porta de entrada para esse mundo e as tecnologias
de informação e comunicação servem de instrumentos de mediação.
Computadores equipados com programas especialmente elaborados podem
refletir o uso da tecnologia com a função de interlocutor, expert ou mediador
do processo de aprendizagem. Mas, como afirma Jonassen (1992: 2):
28
Technologies do not directly mediate learning. That is, people do not learn from
computers, books, videos, or the other devices that were developed to transmit
information. Rather, learning is mediated by thinking (mental processes).
Thinking is activated by learning activities, and learning activities are mediated by
instructional interventions, including technologies. Learning requires thinking by
the learner. In order to more directly affect the process, therefore, we should
concern ourselves less with the design of technologies of transmission and more
with how learners are required to think in completing different tasks.
Em outros termos, tanto o professor quanto a tecnologia podem
estimular e apoiar tarefas (ou práticas) que engajem os alunos em raciocínio
e que possam resultar no aprender, mas os alunos não aprendem diretamente
da tecnologia. Aprendem do pensar sobre o que fazem (Jonassen, 1999a).
O aluno aprende porque reflete sobre o que faz ou fez, sobre o que
acredita, sobre o que outros fizeram e acreditam, sobre o próprio processo
de reflexão, enfim o pensar está sempre presente. Diferentes práticas
engajam diferentes tipos de pensar e essas podem ser apresentadas pelo
professor ou pela tecnologia; porém, nem o professor nem a tecnologia
causam o pensar, o aprender.
Para Jonassen (1999a), o conhecimento é construído com base na
experienciação de fenomênos e da interpretação dessas experiências. A
partir daí, o indivíduo cria modelos ou representações internas, que são
resultados de práticas de aprendizagem. E o conhecimento adquirido é
único, porque cada um de nós possui um conjunto de interpretações
singulares das experiências, tal conjunto produz uma combinação única de
crenças sobre o mundo.
Jonassen (1999a) argumenta que, para construir o significado, é
preciso articular o que foi aprendido. E isso
a. pode ser incentivado por um problema, por uma questão,
uma confusão, um desacordo, ou uma dissonância (uma
necessidade ou um desejo de conhecer);
29
b. requer uma articulação, expressão, ou representação
daquilo que é aprendido (o significado construído);
c. pode ser partilhado com outros, uma vez que a
aprendizagem é inerentemente um processo dialógico-social
(Duffy & Cunningham, 1996).
Por meio de práticas autênticas ou baseadas em casos ou em soluções
de problemas, as atividades instrucionais podem centrar-se na aprendizagem
ativa, construtiva, intencional, autêntica e cooperativa, para que resultem em
um processo mais significativo.
Outro elemento importante apontado por Jonassen (1999a) refere-se à
necessidade de reflexão e articulação dessa reflexão para a construção do
conhecimento. Conseqüentemente, os sistemas de aprendizagem baseados
na tecnologia podem ser usados para que os aprendizes articulem o que
estão fazendo, reflitam sobre as decisões que tomam, as estratégias que usam
e as respostas que encontram.
Portanto, depreende-se de Jonassen (1999a) que a tecnologia pode ser
usada no processo de aprendizagem como:
ferramenta
o para a construção do conhecimento por meio da
representação das idéias, compreensões e crenças do
aprendiz;
veículo de informação
o para explorar o conhecimento;
o para acessar a informação necessária;
o para comparar perspectivas, crenças e pontos de vista
sobre o mundo;
cenário
30
o para facilitar o aprender-fazendo;
o para representar e simular problemas, situações e
contextos do mundo real;
o para representar crenças, perspectivas, argumentos e
estórias de outros;
o para definir um espaço seguro e controlado para a
reflexão do aprendiz;
um meio social
o para a aprendizagem por meio de:
colaboração com os outros;
discussão, argumentação e construção de
consenso entre membros de uma comunidade;
o para as comunidades de construção de significado;
um parceiro intelectual (Jonassen,1996)
o para facilitar a aprendizagem por reflexão;
o para ajudar o aprendiz a articular e representar o que
ele conhece;
o para ajudar o aprendiz a refletir sobre o que aprendeu e
como;
o para facilitar as negociações internas e construções de
significado;
o para construir representações pessoais de significado;
o para promover o pensar cuidadoso.
Em suma, devemos nos apoiar nas vantagens trazidas pelas
tecnologias de informação e comunicação, para que possamos auxiliar os
31
alunos a aprenderem, além da língua, um modo de interagir nas novas
comunidades que se formam com base nessas tecnologias. Podemos criar as
oportunidades dentro e fora da sala presencial para a prática e exploração
lingüistica, social, cultural e histórica da língua, quer seja materna, quer seja
estrangeira. A esse respeito, Warschauer (2000) afirma que:
"The computer is a powerful tool for this process as it allows
students access to online environments of international
communication. By using new technologies in the language
classroom, we can better prepare students for the kinds of
international cross-cultural interactions which are increasingly
required for success in academic, vocational, or personal life."
No caso da aprendizagem de uma língua estrangeira, o acesso a
ambientes internacionais online de comunicação, a diversidade de
informações sobre os mais variados assuntos e domínios de conhecimento, o
acesso a material autêntico nos mais diversos formatos auxiliam no processo
contínuo de apropriação lingüistica sócio-histórico-cultural que envolve a
construção de habilidades e competências necessárias para a participação
em uma comunidade. Em língua estrangeira, as habilidades centrais são
leitura, escrita, produção oral e compreensão oral e as competências
consistem na capacidade de organização para estudo, de pensamento
crítico, capacidade para resolver problemas e para trabalhar
colaborativamente em grupo, entre outras.
Quando se fala em aprendizagem de língua estrangeira, é comum nos
referirmos a estratégias de aprendizagem, ou seja, ao modo como as pessoas
aprendem, aos recursos que utilizam, às técnicas ou operações empregadas
conscientemente. Na literatura, não um consenso quanto a definição
dessa expressão. Wenden & Rubin (1987: 7) consideram-na como “qualquer
conjunto de operações, passos, planos, rotinas usados pelo aprendiz para
facilitar a obtenção, o armazenagem, a lembrança e o uso da informação”.
Richards & Platt (1992: 173) compreendem-na como “comportamento
32
intencional e pensamentos usados pelo aprendiz durante a aprendizagem
para ajudá-lo a melhor entender, aprender, ou lembrar nova informação”.
Oxford (1990: 9) conceitua-a como “procedimentos de resolução de
problemas, passos e comportamentos usados pelos aprendizes para melhorar
a aquisição, o armazenamento, a retenção e o uso da nova informação”.
Nesta pesquisa, usaremos a conceituação de Rubin (1975: 43), que afirma
que as estratégias são “as técnicas ou os recursos que um aprendiz pode usar
para adquirir conhecimento.” por considerá-la mais abrangente.
Oxford (1990) e Rubin (1987) apresentam dois grupos de estratégias:
diretas e indiretas. As diretas dividem-se em estratégias de memória,
cognição e compensação, as indiretas dividem-se em metacognitivas, sociais
e afetivas.
No entanto, basear um estudo apenas nas estratégias de
aprendizagem usadas pelos alunos não bastaria para investigarmos a
atividade de se engajar em um curso online de Compreensão do Inglês
Falado. Um outro referencial teórico revelou-se necessário nesta pesquisa – a
teoria da atividade, que surgiu entre o final do século XIX e início do século
XX, em um momento em que a Psicologia buscava para si o status de
ciência.
A psicologia comportamentalista foi a primeira corrente da Psicologia
a se definir como uma ciência e orientava-se pelos preceitos da ciência
positivista. A partir dos anos 50, desenvolveu-se uma outra opção chamada
de cognitivismo. A teoria da atividade situa-se como uma outra opção
distinta das anteriores (Komosinski, 2000) e tem no contexto social o seu
ponto de partida. Wells (1998) a qualifica como a abordagem mais adequada
para tratar os fenômenos humanos, especialmente aqueles ligados à
educação. Desde sua origem, teve como meta romper com as abordagens
predominantes da época: a naturalista (a psicologia como uma ciência
natural, baseada na experimentação) e a idealista (a psicologia como uma
33
ciência mental, baseada em descrições subjetivas e dirigidas à fênomenos
globais Komosinski, 2000; Oliveira, 1993). Na visão de Vygostsky (in:
Rego, 1995), as abordagens existentes não eram capazes de explicar
cientificamente o que ele chamava de funções psicológicas superiores
(controle consciente do comportamento, atenção e lembrança voluntários,
memorização ativa, pensamento abstrato, raciocínio dedutivo, capacidade
de planejamento etc).
A teoria da atividade incorpora o social à natureza humana; assim, a
relação do homem com o ambiente passa a ser mediada por signos (como a
linguagem) e instrumentos. O que uma mente é capaz de fazer depende,
portanto, de elementos culturais (Komosinski, 2000). A teoria tem se
espalhado internacionalmente e atraído pesquisadores que atuam na
interface do ensino de línguas e tecnologia, para a compreensão da prática
do estudo a distância (Carelli, 2003; Tavares, 2004; Sprenger, 2004); nos
campos de ensino e aprendizagem (Moll, 1990); na interação homem-
computador (Nardi, 1996); na cognição distribuída (Salonom, 1993), entre
outros.
Segundo seus preceitos, para compreender como as pessoas
aprendem, é necessário analisar o contexto, ou seja a própria atividade. Por
sua vez, a atividade é uma forma de fazer direcionada para um objeto e ela
existe porque uma necessidade de transformar esse objeto, que pode ser
algo material, concreto ou abstrato (um plano, uma idéia
3
), em um resultado.
Contudo, as pessoas não estão apenas cercadas pelo contexto de suas
atividades; elas interagem com o contexto e o modificam. Estamos
continuamente mudando nosso ambiente e criando artefatos ou produtos
culturalmente significativos, que são usados tanto como extensão de nossas
3
Em Vygostsky (1994), a linguagem estabelece um sistema de mediação que
propicia a comunicação entre pessoas e a comunicação intra-pessoal (pensamento),
age na organização do raciocínio, principalmente quando assume a função
planejadora.
34
habilidades físicas (martelo, caneta) quanto de nossas habilidades mentais
(linguagem, símbolos, idéias). Como conceituamos e desenhamos tais
artefatos ou produtos, é em si uma atividade culturalmente mediada. Desse
modo, a atividade é um sistema próprio com ferramentas, regras, divisão de
trabalho e estrutura.
O foco desta pesquisa consiste no estudo da atividade de se engajar,
por parte do aluno, no curso de Compreensão do Inglês Falado via Internet I
e II. Meu interesse pelo tema surgiu quando comecei a participar mais
ativamente do grupo Edulang, com a docência online do módulo de
Compreensão do Inglês Falado via Internet I e II, em 2002, para um grupo de
professores da região de Assis. Durante o período em que fui professora,
alguns pontos chamaram minha atenção: o primeiro está relacionado às
tarefas de compreensão oral elaboradas para o curso, ou seja, embora a
equipe de design tenha escolhido a abordagem estratégica, essa não parecia
estar sistematicamente presente nos exercícios. O segundo está ligado ao
comportamento do aluno diante dos tipos de tarefas elaboradas em cada
unidade. O terceiro reporta-se ao comportamento do aluno perante as
tarefas colaborativas presentes nos módulos.
Com base nos pontos explicitados, formulei as seguintes perguntas de
pesquisa:
Como ocorreu a atividade, da perspectiva do aluno?
o Como a mediação de ferramentas ajuda na
compreensão da relação entre o aluno e seu(s)
objetivo(s) para se engajar no curso?
o Quais as contradições ocorridas?
o Quais as soluções encontradas?
35
Quais são os indícios, produzidos pelo aluno nos diversos espaços
do curso, que ajudam a perceber o seu desenvolvimento e
engajamento?
É importante sintetizar alguns dos pontos levantados desde o início da
introdução. Primeiro, esta pesquisa insere-se na interface da EaD e da
aprendizagem tecnológica relacionada à aprendizagem de língua
estrangeira. Segundo, parte de uma visão hallidiana e vygotskiana de
linguagem. Terceiro, apoia-se na existência de estratégias de aprendizagem
(diretas e indiretas), que atuam como ferramentas (conforme a concepção da
teoria da atividade) que medeiam as relações do aprendiz com seu objeto.
Finalmente, adota a teoria da atividade por compartilhar de seus princípios.
Este trabalho será desenvolvido com base na seguinte estrutura:
O primeiro capítulo é dividido em duas partes. Na primeira, apresenta
um breve histórico sobre a teoria da atividade de Vygotsky a Engeström, e
aborda os conceitos e princípios fundamentais dessa teoria, escolhida para
esta pesquisa por fornecer os pressupostos que ajudam a entender a
atividade humana como um sistema próprio, com ferramentas, regras,
divisão de trabalho e estrutura.
A segunda parte trata da habilidade de compreensão de textos orais
(ou compreensão da fala) no processo de ensino-aprendizagem, das
definições, da natureza e das características do processo de compreensão de
fala em língua estrangeira uma vez que o objeto da atividade é curso de
Compreensão do Inglês Falado.
O segundo capítulo apresenta os aspectos metodológicos da pesquisa;
a justificativa da escolha metodológica, a descrição do contexto de pesquisa,
a descrição do curso de Compreensão do Inglês Falado via Internet I e II, a
caracterização dos participantes, os procedimentos e instrumentos de coleta
36
usados, bem como os procedimentos para análise e a descrição da
sistematização dos dados.
O terceiro capítulo trata da discussão dos resultados, enfocando as
contradições da atividade em estudo, os problemas observados e as soluções
encontradas (quer tenham sido descritas ou inferidas pelos alunos com base
em suas ações recorrentes). Toda a discussão parte da análise dos dados
produzidos por questionários, troca de mensagens entre professor/aluno e
aluno/professor e pelos dados gerados pela plataforma educacional TelEduc.
O quarto capítulo continua a tratar da discussão dos resultados,
apresentando a análise do desenvolvimento e engajamento dos alunos no
curso online com base no conceito de ciclo expansivo de aprendizagem
(Engeström, 1987; 1997).
Ao término, são apresentadas as considerações finais, em que
apontamos alguns aspectos que podem suscitar reflexões para futuras
pesquisas, além de apresentar as limitações deste trabalho.
Esperamos que esta pesquisa forneça conhecimento mais detalhado
sobre uma atividade específica, e, assim, contribua para futuros estudos que
desenvolvam temáticas nas áreas de aprendizagem tecnológica e
aprendizagem de língua estrangeira sob a ótica da teoria da atividade. Ela
pode servir de guia para o desenho instrucional de cursos de línguas
(materna e/ou estrangeira) que trabalhem a habilidade de compreensão da
língua falada via Internet, com base em uma visão sistêmica e estratégica de
linguagem. Considerando-se também a velocidade com que cursos na
modalidade de EaD estão sendo criados, em diferentes níveis de ensino, uma
pesquisa como esta pode colaborar para a consolidação da EaD no Brasil
como uma modalidade de educação de qualidade.
37
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Neste capítulo, apresentarei as bases teóricas em que a pesquisa se
fundamenta. Para facilitar a leitura, ele é dividido em duas partes: a primeira
apresenta um breve histórico da teoria da atividade de Vygotsky a
Engeström e seus conceitos e princípios fundamentais, por fornecerem
pressupostos que ajudam a entender a atividade humana como um sistema
próprio, com ferramentas, regras, divisão de trabalho e estrutura. A segunda
versa sobre a habilidade de compreensão de textos orais (ou compreensão da
fala) no processo de ensino-aprendizagem, bem como definições, natureza e
características do processo de compreensão da fala em língua estrangeira.
38
1. Sobre a teoria da atividade (TA)
A teoria da atividade, iniciada por Leontiev, é vista como “uma
formação sistêmica, coletiva, que tem uma estrutura mediacional complexa”
(Cole,1997: 04) e que leva em conta a interação entre os participantes no
contexto sociocultural em que atuam. Descreverei, primeiramente, o seu
aspecto histórico, para depois tratar de seus princípios fundamentais.
1.1 Breve histórico
No início do século XX, a psicologia na Rússia, assim como na
Europa, movia-se entre escolas antagônicas que procuravam oferecer
explicações parciais para alguns fenômenos – era a crise da psicologia (Cole,
1988: 05). Lev Vygotsky (1896-1934) começou a procurar, então, uma
abordagem que possibilitasse a descrição e a explicação das funções
psicológicas superiores. Essa abordagem deveria incluir a identificação dos
mecanismos cerebrais subjacentes a uma determinada função; a explicação
detalhada da sua história ao longo de seu desenvolvimento, com o objetivo
de estabelecer as relações entre formas simples e complexas do que
aparentava ser o mesmo comportamento, e a especificação do contexto
social em que se deu o desenvolvimento do comportamento (Cole, 1988:
06). Vygotsky tentava reformular a psicologia com base na teoria Marxista,
para poder entender o relacionamento intrincado entre indivíduos e o seu
contexto social.
Três pontos trazidos por Vygotsky constituem a base da futura teoria
da atividade.
O primeiro ponto consiste no fato de que o comportamento humano
podia ser visto de dois tipos: a) atos inferiores naturais que se desenvolveram
no curso da evolução e que eram compartilhados com animais superiores e
b) atos instrumentais artificiais que evoluiram ao longo da história humana
(Veer & Valsiner, 2001). O exemplo clássico desses dois tipos de
39
comportamento refere-se à memória natural e à memória artificial. Na
memória natural, a ligação entre os eventos ocorre por reflexo condicionado,
ao passo que na memória artificial ela ocorre porque existe um terceiro
elemento entre os eventos, que tem a função de fazer lembrar algo e consiste
em um artefato social projetado para dominar e, conseqüentemente,
melhorar o processo psicológico natural. Como exemplos de signos,
Vygotsky citava as palavras, os números, os recursos mnemotécnicos, os
sistemas de escrita, os diagramas, os mapas, as plantas etc. (Veer & Valsiner,
2001: 241).
Vygotsky acreditava que o ser humano é quem decide que alguns
estímulos podem servir como meios de operar sobre outros estímulos. Havia,
então, os estímulos-meios (stimuly-sredstvy) ou signos e os estímulos-objetos
(stimuly-ob’ekty) (Veer & Valsiner, 2001: 241). A introdução dos signos na
atividade humana leva a mudanças estruturais; tanto o instrumento quanto o
signo formam uma ligação intermediária entre objeto e operação, entre
objeto e sujeito (Veer & Valsiner, 2001: 242). Ao longo da história da
humanidade, os homens têm inventado um conjunto de instrumentos
culturais que podem ser considerados estímulos-meios ou signos. Com a
ajuda desses signos, dominaram seus próprios processos psicológicos e
melhoraram seu desempenho.
O segundo ponto destaca que a unidade de análise, para Vygostsky,
era a ação orientada para uma meta mediada por ferramentas culturais e
signos (Vygotsky, 1978: 40). A mediação por outros seres humanos e as
relações sociais foram incluídas mais tarde por Leontiev, quando ele inseriu
a divisão de trabalho no modelo de Vygotsky (Engeström, 1999: 04).
O terceiro ponto revela que a definição de construtos psicológicos foi
estendida para sistemas inteiros de construtos teóricos desenhados para
manter as relações conceituais entre mente, atividade e objeto externo no
mundo onde a atividade humana ocorre.
40
É costume pensar que a teoria histórico-cultural tenha se desenvolvido
com base em três autores: Vygotsky, Leontiev e Luria; entretanto,
historicamente, Luria juntou-se a Vygotsky por volta de 1930 e, mais tarde,
Leontiev (Veer & Valsiner, 2001). Depois da morte de Vygotsky em 1934,
Leontiev e Luria continuaram a desenvolver estudos que examinavam a
complexa relação entre indivíduos e ambiente social e, ainda, o modo como
a interação entre indivíduo e ambiente influenciava a formação do
pensamento individual.
Leontiev (1978) postulava que a atividade humana é sempre social e
cooperativa, portanto coletiva, ocorrendo dentro de uma divisão de
trabalho. A atividade coletiva está ligada ao objeto e ao motivo, sobre os
quais os membros da comunidade (individualmente) não estão
freqüentemente conscientes. O conceito de objeto está contido no
conceito da atividade; não atividade sem objeto. Um objeto é tanto algo
dado quanto algo projetado ou antecipado. Uma coisa ou um fenômeno
pode se tornar um objeto da atividade à medida que satisfaz a necessidade
humana.
Um sistema de atividade produz ações e é realizado por meio das
ações; não obstante, a atividade não pode ser reduzida às ações, que são
temporárias e têm começo e fim claramente determinados, ao passo que os
sistemas de atividade se desenvolvem como um processo sócio-histórico.
As ações individuais estão ligadas às metas (goals) mais ou menos
conscientes (Leontiev, 1978: 52), as quais, por sua vez, estão ligadas às
ações específicas e não podem explicar a emergência das ações; ao
contrário, à medida que alguém age, as metas são formuladas e revistas. As
operações dependem das condições em que as ações são realizadas. O
exemplo de aprender a dirigir vem de Leontiev (1978: 66):
"Initially every operation, such as shifting gears, is formed as an
action subordinated specifically to this goal and has its own
conscious 'orientation basis'. Subsequently this action is
41
included in another action, ... for example, changing the speed
of the car. Now shifting gears becomes one of the methods for
attaining the goal, the operation that effects the change in speed,
and shifting gears now ceased to be accomplished as a specific
goal-oriented process: Its goal is not isolated. For the
consciousness of the driver, shifting gears in normal
circumstances is as if it did not exist. He does something else:
He moves the car from a place, climbs steep grades, drives the
car fast, stops at a given place, etc. Actually this operation [of
shifting gears] may, as is known, be removed entirely from the
activity of the driver and be carried out automatically. Generally,
the fate of the operation sooner or later becomes the function of
the machine."
As ações são cadeias de operações e todas as operações são ações
quando são primeiramente executadas, porque são realizadas
conscientemente. Por exemplo, na ação de trocar a marcha do automóvel,
temos as operações de: a) tirar o do acelerador, b) colocar o na
embreagem, c) trocar a marcha no câmbio, d) tirar o da embreagem e e)
colocar o no acelerador. Essas operações podem ser relacionadas a
comportamentos de rotina executados automaticamente, sem o mesmo nível
de consciência presente na ação de dirigir em uma estrada. Com a prática, as
ações se tornam operações, portanto passíveis de serem realizadas por uma
máquina.
A distinção entre atividade, ação e operação torna-se assim, a base do
modelo para a teoria da atividade, na qual a atividade consiste em uma
hierarquia de ações direcionadas a metas usadas para concretizar um objeto
(um motivo). Leontiev (1981) propôs três níveis de estrutura para uma
atividade, conforme demonstrado no Quadro 1:
42
Quadro nº 1 - Níveis hierárquicos de uma atividade segundo Leontiev (1981: 255)
Nível
Orientada para
Realizada por
Atividade
Objeto/ Motivo
Comunidade
Ação
Meta
Indivíduo ou grupo
Operação
Condições instrumentais
Indivíduo ou máquina
automática
No primeiro nível, a atividade coletiva é orientada ao objeto; no
segundo, as ações do indivíduo ou do grupo são orientadas por metas e
revelam as etapas para a realização da atividade; no terceiro, as operações
automáticas são orientadas pelas condições instrumentais da atividade.
Para Leontiev, a atividade humana é uma rede social de processos
resultantes de ações de um indivíduo ou mais. As interrelações de
necessidades na atividade – se realizadas por indivíduos garantem relações
correspondentes entre elas, de modo que a atividade medeie, por um lado, o
cultural e o social e, por outro, o individual (Axel, 1997: 136). A natureza
coletiva da atividade é manifestada na divisão de trabalho.
Engeström (1987) partiu da base teórica de Vygotsky e aprofundou
seus estudos sobre a atividade mediada. Para ele, a evolução da atividade,
de modo geral, ocorre pelas várias formas de interação entre organismo e
meio ambiente (homem e sociedade) (Engeström, 1987: 74). A teoria da
atividade considera a capacidade humana do ponto de vista físico (como
somos constituídos e que habilidades sensório/motoras temos); cognitivo
(como pensamos, como aprendemos e que habilidades cognitivas temos) e
social (como nos relacionamos socialmente). O autor propõe, então, um
sistema de representação da atividade humana que abarca os vários
componentes do sistema da atividade e suas relações de conexão e
interdependência.
O que distingue uma atividade da outra é seu objeto. Para Leontiev
(1978), o objeto de uma atividade é seu real motivo. Assim, o conceito de
43
atividade está necessáriamente ligado ao conceito de motivo. Sob as
condições de divisão de trabalho, o indivíduo participa de atividades,
mesmo sem estar integralmente consciente de seus objetos e motivos. As
atividades são realizadas por ações direcionadas ao objeto, subordinadas aos
motivos ou propósitos conscientes (Engeström, 1987: 62) e são normalmente
mediadas por instrumentos ou ferramentas ou signos. Engeström (1987)
propõe o modelo do Diagrama 1 para representar a estrutura da atividade
humana:
Diagrama 1- A estrutura da atividade humana (Engeström, 1987: 73. Tradução minha)
O primeiro foco da análise do sistema de atividade é o topo do
triângulo (a produção de algum objeto), no qual se tem a atividade
realizada/concretizada. Na produção de qualquer atividade, temos um
sujeito, o objeto da atividade, as ferramentas usadas e as ações e operações
que afetam o resultado. (Jonassen, 1999b).
O modelo elaborado por Engeström (Diagrama 1) sugere a
possibilidade de análise de várias relações dentro da estrutura triangular da
44
atividade; no entanto, a tarefa principal é sempre entender o todo e não suas
conexões separadas (Engeström, 1987: 73). Os componentes do modelo são
descritos abaixo:
Sujeito. O sujeito de qualquer atividade é o indivíduo ou grupo de
indivíduos engajados na atividade e que age(m) orientado(s) pelo objeto ou
motivo. O relacionamento do sujeito com o objeto ou motivo da atividade
ocorre pelo uso de ferramentas.
Objeto. O objeto é parte integrante da atividade e representa a
intenção que motiva quer seja material ou física ou mental o objetivo
para o qual a atividade está direcionada. O objeto é mediado por
ferramentas físicas ou simbólicas, externas ou internas, que o moldam e o
transformam em resultados ou produtos.
Ferramentas. As ferramentas são os recursos usados para transformar o
objeto e para se chegar a um resultado. Elas podem ser qualquer recurso
usado durante o processo de transformação (martelos, computadores,
modelos mentais, métodos, teorias). As ferramentas alteram e são, por sua
vez, alteradas pela atividade, uma vez que medeiam as relações entre o
sujeito e o objeto. As ferramentas físicas ou materiais são usadas para
manipular o(s) objeto(s); as ferramentas psicológicas são usadas para
influenciar o comportamento.
O(s) sujeito(s) de uma atividade forma(m) uma comunidade que
partilha o mesmo objeto geral e que se constitui como uma comunidade
distinta de outras. É esse componente que insere a análise da atividade
investigada no contexto sociocultural no qual o(s) sujeito(s) opera(m).
Regras, normas e sanções especificam e regulam, explícita e
implicitamente, os procedimentos corretos previstos e as interações
aceitáveis entre os participantes dentro do sistema de atividade. São as regras
que medeiam as relações entre os sujeitos e a comunidade.
45
A divisão de trabalho, tanto a divisão horizontal de tarefas entre os
membros da comunidade quanto a divisão vertical de poder e status, medeia
a distribuição continuamente negociada das tarefas, da detenção de poder e
das responsabilidades entre a comunidade e o objeto do sistema de atividade
(Carelli, 2003: 37).
Um sistema de atividade é sempre heterogêneo e apresenta muitas
vozes, porque indivíduos diferentes (devido às suas diferentes histórias e
posições na divisão de trabalho) formam uma comunidade e constroem o
objeto e os outros componentes da atividade de maneiras diferentes, às vezes
em sobreposição, às vezes em conflito.
Conseqüentemente, pode haver uma construção e uma renegociação
constantes no sistema de atividade: as tarefas podem ser redistribuídas e
redivididas, as regras podem ser reinterpretadas, o(s) objeto(s) podem ser
modificados etc. Pode haver também um movimento incessante entre os
nódulos da atividade: o que inicialmente aparece como objeto pode
transformar-se em resultado, logo depois se transformar em instrumento e,
talvez mais tarde, em uma regra (Engeström, 1996). O exemplo dado é o da
doença que surge pela primeira vez como um problema, transforma-se em
um diagnóstico e em um tratamento bem sucedidos; o relato do caso é usado
instrumentalmente como um modelo para casos semelhantes e gradualmente
se sedimenta como procedimento para todos os casos que se enquadrem na
categoria.
O modelo apresentado por Engeström (1987) possibilita o estudo das
relações entre os componentes do sistema de atividade (sujeito, objeto,
ferramentas, regras, comunidade e divisão de trabalho). Por sua vez, as
relações que se estabelecem no sistema de atividade são responsáveis pelo
contexto e pelo significado das ações individuais.
Jonassen (1999b) afirma que a teoria da atividade adota a noção de
atividade e consciência como dinamicamente interrelacionadas e isso
46
oferece uma perspectiva alternativa para as visões mentalistas e idealistas do
conhecimento humano que apregoam que a aprendizagem deve preceder a
atividade. Na teoria da atividade, o conhecimento não é transmitido, mas
sim socialmente construído com base no objeto, na história, cultura e
ferramenta mediadora usada no processo.
De acordo com a teoria da atividade, a aprendizagem emerge da
atividade, portanto, como afirma Jonassen (1999b), a teoria é uma lente
sociocultural e sócio-histórica, pela qual podemos analisar muitas formas de
atividade humana, enfocando a interação de tal atividade e a consciência
dentro de um contexto.
Concordo com Jonassen (1999b), quando diz que a teoria da
atividade é um referencial importante para entender a totalidade do trabalho
humano e sua praxis, pois a atividade não pode ser entendida ou analisada
fora do contexto em que ocorre. Dessa forma, ao se analisar a atividade
humana, devemos levar em consideração não as ações dos indivíduos,
mas também quem está engajado, quais são seus motivos e metas, que
resultados ou produtos se originam, quais regras e procedimentos (normas)
existem e a comunidade onde a atividade ocorre.
A atividade é, então, uma forma específica da existência societária
dos homens e consiste na mudança intencional da realidade natural e social
(Davydov, 1999: 39). Em contraste com as leis naturais, as leis sociais
manifestam-se por meio da atividade humana e constroem novas formas e
aspectos da realidade, transformando o material inicial em produtos.
Em síntese, a teoria da atividade não é uma metodologia mas sim um
“arcabouço filosófico para se estudar as diferentes formas de praxis humana
como processos de desenvolvimento, nos níveis individuais e sociais
interligados ao mesmo tempo” (Jonassen, 1999b: 2. Tradução minha). Ela
pode ser vista como “uma metateoria na interpretação mais restrita do termo,
isto é, um conjunto de princípios que constitui um sistema conceitual
47
genérico que pode ser usado como um fundamento para a elaboração de
outras teorias mais específicas” (Carelli, 2003: 39).
Tratarei, a seguir, dos princípios em que a teoria da atividade se
fundamenta.
1.2 Princípios
Os princípios que embasam a teoria da atividade são amplamente
discutidos por diversos estudiosos, tais como Engeström (1987, 1999), Russel
(2002), Jonassen (1999b) e Kaptelinin & Nardi (1997).
O primeiro princípio relaciona-se à hierarquia da atividade. Um
sistema de atividade é visto como uma unidade de análise e ações e
operações individuais e grupais, relativamente independentes, mas ainda
assim consideradas como unidades subordinadas de análise, entendidas
somente quando interpretadas levando-se em conta a divisão do trabalho
para a realização da atividade e as regras que cada participante do sistema
pode interpretar. Jonassen (1999b) enfatiza ser esse o princípio que lida com
a comunidade a qual negocia e medeia as regras e os procedimentos que
descrevem como a comunidade funciona, no que ela acredita e as formas
em que se apoiam diferentes atividades. A divisão de trabalho na
comunidade é mediada por regras e por negociação social. Por sermos
participantes de várias comunidades (comunidade do trabalho, do círculo
social, do círculo familiar), precisamos nos ajustar às expectativas
socialmente mediadas nos diferentes grupos.
O terceiro princípio trata da historicidade. Na teoria da atividade, as
atividades desenvolvem-se em um espaço de tempo e dentro de uma cultura
de forma irregular e descontínua. Para compreendermos a dinâmica de uma
situação particular, é necessário entendermos as mudanças ou evoluções
48
ocorridas na situação estudada. Russel (2002) subdivide esse princípio em
mudanças históricas, desenvolvimento individual e mudanças seqüenciais.
O quarto princípio lida com a mediação de ferramentas (instrumentos,
signos, procedimentos, máquinas, métodos, leis, conceitos etc.) e seu papel
precisa ser entendido. As ferramentas medeiam ou alteram a natureza da
atividade humana, são criadas e transformadas durante o desenvolvimento
da atividade e, quando internalizadas, influenciam o desenvolvimento
mental do homem. A noção de mediação ajuda a entender a relação entre
o(s) sujeito(s) e seu(s) objetivo(s) para se engajar(em) em uma atividade
particular. A natureza da ferramenta é, então, entendida no contexto da
atividade humana e, assim, temos de observar o modo como as pessoas a
utilizam, as necessidades satisfeitas e a história de seu desenvolvimento
(Kaptelinin & Nardi,1997).
O quinto princípio trata da fonte de transformações e
desenvolvimento de uma atividade, quando surgem as contradições e, a
partir daí, as inovações. Esse princípio gera o princípio seguinte: a
possibilidade de transformações expansionistas nos sistemas de atividade,
fruto das contradições mencionadas no princípio anterior. A nova estrutura
de atividade surge com base na reflexão e análise da estrutura anterior “é
necessário conhecer e entender o que se pretende transcender” (Engeström,
1999: 33. Tradução minha).
Além dos princípios mencionados, Russel (2002) sistematiza outros
princípios baseados no trabalho de Michael Cole (1996) e aplica-os em
questões relacionadas ao uso da tecnologia no contexto educacional. Para
ele, o sexto princípio está ligado ao fato de o comportamento humano ser
social e de a atividade humana ser coletiva. Corroborando o pensamento de
Russel, Jonassen (1999b: 8) destaca que “poucas atividades são realizadas
individualmente. As pessoas podem individualmente atuar em contextos,
como a escola, por exemplo, mas a habilidade de atuar é estabelecida por
49
um grupo de pessoas” (Tradução minha). Ele o exemplo do pianista
concertista cuja ação individual de uma apresentação solo se apóia em seus
professores passados, nos fabricantes de piano, nos construtores do lugar
onde se apresenta, na orquestra e no regente etc. Portanto, a atividade
humana individual é um sistema de relações sociais e não existe sem essas
relações (Jonassen, 1999b). As atividades são complexas, interativas e
necessitam de esforço colaborativo.
O modo de visualizar a atividade em si realiza-se por meio do sistema
de atividade. Ele interage com uma cadeia de outros sistemas de atividades e
cada componente do sistema de atividade pode ser o produto ou o resultado
de outros sistemas de atividade. O exemplo dado por Jonassen é o de um
grupo de aprendizes que podem ser sujeitos de uma atividade instrucional
específica e também serem o resultado (objeto) de uma tarefa de um instrutor
que procura pessoas com idéias semelhantes para trabalhar em um projeto.
Assim, influências externas (de outros sistemas de atividades) podem gerar
modificações na atividade humana e isso pode provocar o que Engeström
(1987: 82) chama de contradições no sistema de atividade.
Russel (2002) e Jonassen (1999b) concordam com o princípio
seguinte, o sétimo, associado ao conceito de “consciência humana”. Na
teoria da atividade, consciência é o fenomêno que une atenção, intenção,
memória, razão e fala (Jonassen, 1999b) e ela se manifesta na praxis. A
prática se insere em uma matriz social composta por pessoas e ferramentas
(artefatos ou instrumentos físicos e sistemas de signos) usados na atividade. A
consciência está presente no sistema de atividade mais geral, que rodeia as
atividades do indivíduo. Jonassen (1999b) destaca que mudanças nas
condições físicas, mentais ou sociais de um indivíduo são internalizadas e
diretamente se refletem nas atividades conscientes desse indivíduo.
Além dos princípios mencionados, Jonassen (1999b ) refere-se a um
oitavo princípio, relacionado à ação mediada no contexto. Para ele, as
50
atividades são as interações humanas com o mundo objetivo e com as
atividades conscientes que são uma parte dessas interações. A teoria da
atividade postula que a atividade é precursora da aprendizagem e a mente
humana surge como um componente especial das interações com o
ambiente. Por exemplo, designers entendem os processos instrucionais de
design com a prática de design em algum contexto. Assim, a ação é essencial
para o entendimento: à medida que atuamos, ganhamos conhecimento que,
por sua vez, afeta nossas ações, que mudam nosso conhecimento e assim
por diante.
Jonassen (1999b) ainda destaca o nono princípio, o da
intencionalidade, segundo o qual interagimos com os diversos contextos
com um determinado objetivo e aprendemos sobre o mundo por intermédio
dessas interações. O objetivo (ou motivo) pode ser consciente ou não e
predetermina a estrutura de uma atividade, direcionando-a. O sujeito da
atividade pode, então, controlar seu comportamento direcionando suas
ações para a realização de certas metas. Nesse sentido, a teoria da atividade
foca suas atenções nas ações realizadas por meio das intenções conscientes,
as quais, antes de se manifestarem no mundo, são planejadas. Todavia, as
intenções e os planos não são rígidos, mas sim incompletos e têm o caráter
de serem tentativas. As intenções surgem a partir das contradições
percebidas pelos indivíduos o que eles acreditam que precisam saber para
concretizar um objetivo e o que eles sabem de fato e existem somente em
seus contextos específicos.
As intenções são direcionadas para objetos da atividade (ver Quadro
5) e esse fato remete ao décimo princípio. Jonassen (1999b) explica que o
objeto pode ser qualquer coisa, contanto que possa ser transformado pelos
sujeitos do sistema de atividade. A transformação do objeto move seus
sujeitos em direção à realização da meta (Quadro 1) e uma vez que o
processo de transformação continua a motivar a atividade, o objeto da
51
atividade enfoca as ações intencionais sobre o objeto. O objeto da atividade
afeta a natureza da atividade que, por sua vez, afeta o objeto em uma
relação dinâmica. O objeto transformado é o motivo da atividade.
Um outro princípio importante na teoria da atividade trata de órgãos
funcionais. Os indíviduos são dotados de recursos internos, e no mundo que
nos rodeia existem os recursos externos. Como exemplos de recursos
internos, podemos pensar nos olhos, nas mãos, na memória etc. E como
exemplos de recursos externos, podemos pensar em óculos, tesouras,
cadernos, entre outros. As ferramentas externas têm a função de dar suporte
às habilidades humanas naturais e de complementá-las na realização de
novas funções ou na realização de funções existentes com maior
eficiência. Por exemplo, podemos usar uma tesoura para ampliar a
capacidade das mãos para cortar papéis. Quando existe uma integração
entre uma ferramenta interna e outra externa, temos o desenvolvimento de
um novo órgão funcional (Kaptelinin,1996).
Em resumo, onze principios foram mencionados: a) hierarquia da
atividade; b) ênfase na divisão de trabalho para a realização da atividade e
nas regras; c) historicidade da atividade; d) mediação de ferramentas; e)
transformações e desenvolvimento da atividade e contradições; f)
comportamento humano social e caráter coletivo da atividade; g)
consciência humana; h) ação mediada no contexto; i) intencionalidade; j)
direcionalidade das intenções e k) órgãos funcionais.
1.3 Ciclo de aprendizagem expansiva
A teoria da atividade explica como um indivíduo (ou grupos de
indivíduos) interage de forma a aprender com a experiência e está baseada
em conceitos vygostkianos de identificação e explicação de “padrões” e
“contradições”. A idéia de contradição foi primeiramente traduzida por Evald
52
Hyenkov (Carelli, 2003) como sendo o que potencialmente desestabiliza os
componentes do sistema de atividade.
As contradições são um indício de riqueza e de mobilidade do
sistema de atividade. Engeström (1992) afirma que elas são tensões ou
desequilíbrios manifestados por meio de problemas e identifica três tipos de
rupturas que influenciam a atividade (Quadro 2):
Quadro nº 2– Níveis hierárquicos da atividade e das contradições
Orientação
Execução
Automaticidade
Ruptura
Motivo
Comunidade
Geralmente
inconsciente
Contradições
Meta
Indivíduo
Consciente
Problemas
Condições
Humano/automático
Inconsciente
Falhas
Carelli (2003: 52)
As contradições mostram a capacidade de uma atividade para se
desenvolver; elas revelam os lugares no sistema de atividade capazes de se
expandirem. Engeström (1996) classifica as contradições em quatro níveis: de
primeira, segunda, terceira e quarta ordens.
As contradições de primeira ordem refletem a característica da
formação socioeconômica, e revelam o conflito interno entre o valor de
troca e o valor de uso em cada canto ou vértice do triângulo da atividade
(Engeström, 1987: 81).
As contradições de segunda ordem estão entre os cantos do triângulo,
ocorrem entre os componentes do sistema de atividade e aparecem quando
um fator novo surge em um dos componentes do sistema. No contexto desta
pesquisa, observei que alguns alunos tiveram problemas para identificar o
drive de CD-ROM e configurar a unidade de CD para ouvir os textos em
áudio, por exemplo.
53
As contradições de terceira ordem, por sua vez, ocorrem quando
representantes de uma cultura (por exemplo, professores) introduzem o
objeto e motivo de um outro sistema de atividade culturalmente mais
avançado no sistema de atividade vigente (Engeström, 1987: 82). O exemplo
dado pelo autor é o do garoto que freqüenta a escola primária para brincar
com seus colegas (motivo dominante), mas seus pais e o professor tentam
fazê-lo estudar seriamente (motivo culturalmente mais avançado).
Por fim, as contradições de quarta ordem ocorrem entre o sistema de
atividade central e os sistemas de atividades circunvizinhos na rede de
sistemas e emergem da interação da atividade central com as atividades
periféricas. As atividades circunvizinhas incluem, em primeiro lugar, as
atividades nas quais os objetos e produtos (ou resultados) da atividade
central estão fixados (atividades-objeto). Em segundo lugar, incluem as
atividades que produzem as ferramentas-chave para a atividade central
(atividades de produção de ferramentas). Em terceiro lugar, incluem as
atividades como aprendizagem e escolarização do sujeito (atividades de
produção do sujeito). Em quarto lugar, incluem as atividades de
administração e legislação (atividades de produção de regras) (Engeström,
1987: 82). Voltando, novamente, para o contexto desta pesquisa, relaciono,
com base nas contradições de quarta ordem, os problemas decorrentes do
design do curso, por exemplo o prazo para estudo semanal estimado pelos
designers, as instruções que foram interpretadas de outra forma pelos alunos,
entre outros. Abordarei mais detalhadamente essas questões no capítulo de
Resultados e Discussão.
O Diagrama 2 mostra uma apresentação esquemática dos quatro
níveis de contradições que podem ocorrer em um sistema de atividade.
54
Diagrama 2 – Quatro níveis de contradições em uma rede de sistemas de atividade humana
Fonte: http://www.edu.helsinki.fi/activity/pages/chatanddwr/activitysystem/ Acesso em 26/01/2005.
Em suma, na jornada em direção ao objeto da atividade, o sujeito
(indivíduo, grupo, organização, comunidade) encontra ou é exposto a uma
gama de fatores mediadores (ferramentas, divisão de trabalho, divisões de
conhecimento, normas sociais, regras organizacionais), que podem criar
“contradições” no caminho original entre ele e o objeto de sua atividade. As
contradições dão origem ao ciclo de aprendizagem expansiva e mudam o
objeto da atividade e sua relação com os fatores mediadores, e tal mudança
pode criar outras “contradições” e assim por diante. Além disso, outros
sistemas de atividade estão concomitantemente em operação e também
interagem entre si, podendo fornecer outras “contradições”, outras
modificações do objeto e novos ciclos de aprendizagem expansiva.
O ciclo de aprendizagem expansiva é uma contínua construção e
resolução de tensões e contradições em um sistema de atividade. Nessa
ótica, desenvolver quer dizer, então, resolver ou transformar as contradições
existentes no sistema de atividade, resultando, assim, em uma mudança no
sistema: a construção de um novo objeto e motivo(s).
O diagrama 3 demonstra os passos importantes do chamado ciclo de
aprendizagem expansiva:
55
Diagrama 3 – Ciclo de aprendizagem expansiva (Engeström, 1996)
O ciclo inicia-se com o sujeito questionando uma determinada
prática e gradualmente expandindo-se para o desenvolvimento de uma nova
prática. Seu ponto de partida caracteriza-se pela abstração, que, no decorrer
do processo, converte-se em um sistema concreto de múltiplas manifestações
e constantes desenvolvimentos. De acordo com Engeström (1999: 383), “a
ascensão do abstrato para o concreto é alcançada pelas ações de
aprendizado, que, juntas, formam um ciclo expansivo” (Tradução minha).
Para o autor, a seqüência ideal de ações de um ciclo expansivo caracteriza-
se por sete etapas:
1. Questionamento da situação atual – questionamento, crítica
ou rejeição de alguns aspectos da prática corrente.
2. Análise histórica das contradições/ análise empírica atual
análise da situação que envolve transformações mentais,
discursivas ou práticas da situação em questão, para
56
descobrir causas ou mecanismos explanatórios. O autor
sugere dois tipos de análise: histórico-genética, quando a
situação é explicada pelo traçado de sua origem e
evolução; e real-empírica, quando é decorrente da
construção de um esquema das relações sistêmicas internas
ocorridas na atividade.
3. Modelagem da nova situação construção de um modelo
da nova idéia que explique e ofereça uma solução para a
situação-problema.
4. Exame do novo modelo experimentação do modelo, no
intuito de perceber sua dinâmica, potencialidades e
limitações.
5. Implementação do novo modelo - experimentação do
modelo por meio de aplicação prática.
6. Reflexão sobre o processo – avaliação do novo processo.
7. Consolidação de nova prática estabelecimento de uma
nova forma de prática.
Mudança e movimentos são processos contínuos em um sistema de
atividade, decorrentes de crises e rupturas que resultam em transformações
qualitativas e inovações no sistema coletivo. De acordo com Engeström
(1987: 82), a resolução das contradições leva ao desenvolvimento da
atividade e as tensões e contradições internas de um sistema são a força
motivadora de mudanças e desenvolvimento das atividades humanas.
Síntese da primeira parte
57
Com base no que foi exposto, concordo com a existência de três
gerações teóricas na história da evolução da teoria da atividade (Engeström,
1997). A primeira, centrada em Vygotsky, criou a idéia de mediação,
representada no modelo triangular de um ato mediado (Vygotsky, 1978: 40),
comumente expresso como a tríade de sujeito, objeto e ferramenta
mediadora.
A inserção de ferramentas culturais nas ações humanas foi
revolucionária: o sujeito não poderia mais ser entendido fora de seu meio
cultural e a sociedade não poderia ser entendida sem os sujeitos que usam e
produzem as ferramentas. As ferramentas tornaram-se então, entidades
culturais, e a ação orientada para o objeto tornou-se a chave para o
entendimento da psique humana (Engeström, 1997).
Na primeira geração, a unidade de análise ainda estava focada no
indivíduo, mas isso foi resolvido na segunda geração, com base nos
trabalhos de Leontiev e Luria. Eles conseguiram mostrar como a divisão de
trabalho historicamente evoluiu e trouxeram a diferença entre ação
individual e ação coletiva. Todavia, a expansão gráfica do modelo de
Vygotsky só aconteceu mais tarde, na terceira geração.
A terceira geração voltou-se para as interrelações entre o sujeito e
sua(s) comunidade(s). Desde 1970, a teoria da atividade tem se espalhado e
novas diversidades de aplicação têm surgido, forçando o desenvolvimento
de ferramentais conceituais para a compreensão do diálogo das múltiplas
perspectivas e vozes emergentes das pesquisas. Carol Kramsch (1993) propôs
o conceito de “zona de contato” para descrever aprendizagem e
desenvolvimento, que ocorrem à medida que pessoas e idéias de culturas
diferentes se encontram, colidem e se misturam. Jim Wertsch (1991) vem
introduzindo as idéias de Mikhail Bakhtin sobre dialogicidade para expandir
a estrutura vygotskiana.
58
Atualmente, a terceira geração busca uma representação que
contemple redes de sistemas de atividades que interagem entre si. Como
ocorre em Carelli (2003), nesta pesquisa, trato de pelo menos três sistemas
de atividade que compartilham o mesmo objeto curso online. um
sistema de atividade central (foco da investigação), o engajar-se no curso de
Compreensão do Inglês Falado via Internet I e II e dois sistemas de atividade
paralelos: o sistema de docência online (para a professora) e o sistema de
design do curso online (para a equipe de designers ).
O engajar-se no curso online compartilha o objeto curso de
Compreensão do Inglês Falado via Internet I e IIcom o sistema de atividade
da docência online e com o sistema de atividade de design. Entretanto, esse
mesmo objeto é visto conceitualmente de modo diferente pelas comunidades
de cada sistema. Na atividade de engajar-se no curso online, por exemplo, os
alunos podem ter visto o curso como uma ferramenta para conseguir ou
fazer algo; a professora, por sua vez, pode ter visto os alunos e a docência
como objetos, e as ferramentas como recursos disponíveis para tal. Como
representar essa rede e sistematizar as interrelações entre os sistemas tem
sido o grande desafio para a teoria da atividade.
2. A habilidade de compreensão de textos orais (ou compreensão
da fala) no processo de ensino-aprendizagem da língua
estrangeira
Nos últimos vinte anos, alguns estudiosos (Anderson & Lynch, 1988;
Brown, 1990; Flowerdew, 1994a, 1994b; Long, 1989; Lund, 1992;
O’Malley, Chamot & Kupper, 1989; Richards, 1983; Rost, 1990) têm se
voltado ou para o ensino da compreensão de textos orais como uma
habilidade nas aulas de língua estrangeira (como segunda língua ou para fins
59
específicos/ acadêmicos) ou para a pesquisa sobre os processos envolvidos
na compreensão.
Como Rost (1990: 27) afirma, tanto no método audiolingual, com sua
ênfase em exercícios de repetição e uso intensivo do laboratório de línguas,
quanto no método situacional, com seu foco no contexto de situação
4
,
determinando o significado dos enunciados, o papel da habilidade de
compreensão de textos orais sempre foi o de reforçar o reconhecimento de
produtos lingüísticos listados em um programa ou conteúdo. As atividades
de compreensão eram principalmente centradas na estrutura, com repetições
de passagens, que reforçavam a percepção de semelhanças formais entre
textos falados e escritos. O desenvolvimento da habilidade de compreensão
em si era raramente considerado durante o processo de aprendizagem.
Pesquisadores como Postovsky (1974), Asher (1981), Winitz (1981),
Nord (1981) e Morley (1990) conseguiram, de certa forma, mudar essa
situação, ao apontarem para a importância e necessidade de se oferecer
input que permitisse ao aluno formular hipóteses sobre a língua e obter o
vocabulário suficiente para produzir satisfatoriamente enunciados
significativos. Por muitos anos, muitos desses pesquisadores desenvolveram e
advogaram um 'listening first syllabus’, ou a chamada Abordagem de
Compreensão (Lynch, 1988), que teve um papel significativo para o
surgimento de movimentos semelhantes e que levaram ao renascimento do
Método Direto por Krashen & Terrell (1983).
Para Krashen (1983), tanto a primeira quanto a segunda língua eram
adquiridas da mesma forma: pela compreensão de mensagens. Por meio de
input, que progressivamente se ampliava, o aprendiz "naturalmente" adquiria
a habilidade de compreender. O professor não precisava forçá-lo a falar, pois
essa habilidade emergia como resultado do trabalho da habilidade de
4
O contexto de situação inclui conhecimento do tópico, dos falantes, da relação
entre eles e da sua relação com a situação (Halliday & Hasan, 1989).
60
compreensão de textos orais. O aprendiz entendia estruturas ainda não
adquiridas a partir de pistas contextuais existentes na mensagem e a partir de
pistas extra-lingüísticas. O conhecimento de mundo e sua competência
lingüística prévia também o ajudavam a entender a mensagem. Nota-se em
Krashen um avanço porque partia do princípio da aquisição de linguagem
ser mais central do que a aprendizagem e que talvez a aquisição ocorresse a
partir do entendimento de língua que está um pouco além de nosso atual
nível de competência.
Por sua vez, o método comunicativo (Communicative Language
Teaching ) surgiu quase na mesma época, enfatizando a autenticidade do
contexto e texto e ganhando, dessa forma, popularidade e espaço (Candlin,
1981b; Littlewood, 1981; Brumfit, 1984). A habilidade de compreensão da
fala começou a ser vista como uma parte integrante da competência
comunicativa e o ouvir, buscando significado, passou a ser o foco principal
nas aulas. Assim, encontrar input relevante para o aprendiz passou a ter
grande importância e desde então, muito se tem publicado sobre as técnicas
para o ensino de compreensão da fala (Richards, 1985; Long, 1989; Lund
1990), sobre a natureza do processo (Taylor, 1981; Boyle, 1984; Faerch &
Kasper, 1986), sobre a interatividade da fala e da compreensão (Brown &
Yule, 1983; Byrnes, 1984; Brown, 1986, 1989; Dunkel 1986; Anderson &
Lynch, 1988; Nunan, 1990), sobre os modelos de processamento de
informação na compreensão (Cook, 1985), sobre os aspectos das tarefas de
compreensão (Bacon, 1992b; Rubin, 1994), sobre as estratégias de
compreensão (Murphy, 1987; O’Malley, Chamot & Kupper, 1989; O’Malley,
Chamot, Stewner-Manzanares, Kupper & Russo, 1985; Vandergrift, 1997a,
1997b, 1998), sobre o modo como os aprendizes usam as estratégias de
compreensão (Bacon, 1992b; Flowerdew & Miller, 1992; O’Malley, Chamot,
Stewner-Manzares, Russo & Kupper, 1985) e sobre os participantes que
afetam a performance da compreensão da fala (Bacon, 1992a; Rubin, 1994).
61
Rost (2002: 103) destaca que os materiais usados nas salas de aula e
nos centros de "self-acess" podem ser descritos como ecléticos, porque são
elaborados com base em princípios educacionais, lingüísticos,
psicolingüísticos, instrucionais e de aprendizagem, que objetivam enfatizar
as melhores práticas de aprendizagem para situações e programas
particulares e específicos.
A seguir, antes de tratar da compreensão oral mediada pelo
computador, apresentarei o que tem sido pesquisado sobre o processo de
compreensão oral.
2.1 Sobre a compreensão de textos orais
Por muito tempo, as pesquisas em compreensão da fala voltaram-se
quase que exclusivamente para o sinal da fala (speech signal). Havia uma
procura pelas pistas acústicas que codificavam os segmentos fonêmicos de
uma mensagem e o papel do ouvinte nessas pesquisas era limitado à
identificação de um estímulo (Studdert-Kennedy, 1976 e Fry, 1976, citados
em Quevedo, 1987). Depois, a preocupação voltou-se para unidades
lingüísticas maiores, tais como a palavra, a sentença e o texto, e para
aspectos não lingüísticos, como, por exemplo, a interação. Recentes
investigações (Jonassen, 1999; Rost, 1990; 2002) parecem tentar estabelecer
o papel do aluno como um intérprete e um negociador ativo dos significados
de mensagens, mudando, conseqüentemente, o foco de atenção nas
pesquisas: deixa-se os modelos de fênomenos mentais e encaminha-se para
os modelos de fênomenos sociais. De acordo com essa perspectiva, tratarei,
a seguir, da definição, da natureza e das características do processo de
compreensão da fala em língua estrangeira.
No estudo feito por Metinee (2000) a respeito das definições
encontradas sobre compreensão oral, uma abrangência que vai do
conceito mais simples até o mais elaborado. Dos teóricos mencionados,
62
Rankin (1926; 1952: 847) define essa habilidade como a habilidade de
entender a linguagem oral”; Johnson (1951: 58), por sua vez, expande a
definição para “… a habilidade de entender e responder eficientemente a
comunicação oral”; Jones (1956: 12) define-a como um “processo seletivo
pelo qual sons emitidos pela mesma fonte são recebidos, criticamente
interpretados, e trabalhados por um ouvinte com propósitos”; Nichols (1974:
83) simplifica a definição, considerando-a como o ato de dar ou conferir
significado para símbolos aurais”; Underwood (1989: 01) conceitua-a como
“a atividade de prestar atenção e tentar obter significado a partir de algo que
ouvimos”; Purdy (1997: 08) define-a como “o processo ativo e dinâmico de
prestar atenção, perceber, interpretar, lembrar e responder às necessidades,
preocupações e informações expressas (verbais ou não-verbais) por outro ser
humano.” O próprio Metinee (2000) define-a como um processo ativo e
interativo, no qual o ouvinte recebe o input sonoro e tenta dar significado
aos sons emitidos, no sentido de entender a mensagem do falante (ou do
texto oral), para que ele (ouvinte) possa responder eficientemente à situação
de comunicação.
Para muitos estudiosos, a compreensão oral envolve quatro fases
interrelacionadas: recepção do estímulo aural (Jones, 1956; Petrie, 1962;
Steil, Barker & Watson, 1983; Wolvin & Coakley, 1988), atenção às palavras
faladas (Barker, 1971; Petrie, 1962; Underwood, 1989; Wolvin & Coakley,
1988), conferência de significado aos símbolos aurais (Nichols, 1974;
O'Malley, Chamot, & Kupper, 1989; Spearritt, 1962; Wolvin & Coakley,
1988) e resposta à comunicação oral (Johnson, 1951; Purdy, 1997; Steil,
Barker & Watson, 1983). Além disso, pelo menos quatro tipos de
conhecimento que entram em ação quando se trata de compreensão de
textos orais: conhecimento pragmático, conhecimento semântico,
conhecimento lexical e conhecimento fonológico (Flowerdew, 1994b).
63
DESCENDENTE
Relações sociais
Conhecimento compartilhado
Tipo de discurso
Estrutura discursiva
Função discursiva
Mecanismos conversacionais
Coesão
(Gramática e Léxico)
(Sons ou Letras)
ASCENDENTE
A ciência cognitiva reforça que esses tipos de conhecimento
interagem (Anderson, 1983, 1985) por meio de diferentes processos:
ascendente (percepção auditiva dos sinais acústicos, reconhecimento e
categorização dos sons da língua em questão, reconhecimento e
identificação das palavras e suas relações gramaticais) e descendente (uso do
conhecimento prévio e de expectativas geradas para criar significado).
Favorável a essa visão, Dirven & Oakeshott-Taylor (1984)
argumentam que o processo de compreensão é um processo duplo de
decodificação e codificação. O processo de decodificação procede em duas
direções, que operam simultaneamente: ascendente ( bottom-up ) e
descendente (top-down). Cook (1989: 08) mostra a importância da interação
dos processos ascendente e descendente na Figura 1:
Figura 1– Elementos de processamento descendente/ ascendente
Para um número significativo de pesquisadores (Marslen-Wilson &
Tyler, 1980; Bond & Garnes, 1980; Conrad, 1985; Anderson & Lynch, 1988;
Lund, 1991; Wolf, 1987; Bacon, 1992a, 1992b; O’Malley, Chamot &
Kupper, 1989), os processos ascendente e descendente operam
simultaneamente; contudo, ainda parece haver algum desacordo com
relação ao tipo de processo que predomina nos diferentes níveis de
proficiência do aprendiz (Rubin, 1994: 210 - 211). Para Rost (1994), os
processos são complementares.
64
Outros estudiosos (Wales & Marshall, 1976; Morton & Patterson,
1980, citados em Quevedo, 1987) não compartilham da idéia de que haja
uma simultaneidade entre os processos ascendente e descendente e preferem
ressaltar o processo de decodificação ascendente, começando com o nível
mais baixo de decodificação do sistema lingüístico, e a representação na
memória ativa dessa decodificação, em vez de partir da interpretação em
relação a um nível mais alto de conhecimento de mundo e de contexto.
Sperber & Wilson (1986) põem em questão, por exemplo, os
processos de codificação e decodificação de um enunciado. Para que exista
a comunicação humana, é necessária uma complementação da linguagem
pela inferência e eles consideram os processos inferenciais de alto nível
pragmático como o ponto de partida, sendo o dado lingüístico no nível mais
baixo trabalhado somente se exigido ou necessário, a partir das expectativas
e metas do compreendedor.
Assim, as metáforas usadas para o processo de compreensão são
criticadas, porque não parece ficar claro o que se quer dizer por níveis mais
baixos ou mais altos. Muitos estudiosos hoje (Clark & Clark, 1977; Anderson,
1983, 1985) aceitam a visão de que na compreensão uma variedade de
processos que interagem, mas ainda não se sabe exatamente de que forma.
Nas últimas duas décadas, tem havido uma tendência por parte dos
teóricos (Riley, 1981; Lynch, 1988; Anderson & Lynch, 1988) em afirmar que
compreender eficientemente requer daquele que ouve o uso de processos
dinâmicos diferentes envolvidos no processo de compreensão. Tal processo
é um contínuo de elementos que interagem com base em dois aspectos: a
percepção da fala e a interpretação. Por sua vez, Flowerdew (1994b) enfatiza
que um outro conceito adotado por alguns teóricos considera que a
compreensão possui dois estágios: o primeiro consiste no processamento
puramente lingüístico e o segundo, consiste na aplicação dos resultados
desse processamento no contexto e conhecimento prévio.
65
Outra contribuição importante para a explicitação do processo de
compreensão vem da teoria dos esquemas, que traz a noção de que os
esquemas são estruturas cognitivas de conhecimento, usadas para modelar
eventos e situações correntes para organização dos textos na memória, que
permitem a construção de hipóteses geradas com base em possíveis
interpretações desses textos (Anderson, 1983, 1985). Assim, no início de uma
palestra, por exemplo, o conhecimento da estrutura esquemática desse
gênero permite que se faça predições sobre o que de provável será dito, à
medida que a palestra é proferida. É possível predizer que o enunciado
“Hoje, eu vou …” provavelmente será seguido pela frase “falar sobre ….”.
Entretanto, o processamento ao nível fonológico é necessário para que se
confirme a concretização ou não da predição feita (Flowerdew, 1994b).
De toda a discussão gerada nessa área, parece sensato afirmar que os
ouvintes usam processos descendentes quando recorrem ao conhecimento
prévio para entender o significado de uma mensagem o conhecimento
prévio pode ser o conhecimento do tópico, do contexto, do tipo de texto, da
informação cultural sobre a situação etc. Os ouvintes também usam pistas
contextuais e lexicais para formular hipóteses, além do conhecimento
lingüístico organizado a partir do input sonoro codificado em palavras que,
por sua vez, estão organizadas em estruturas sintático-gramaticais.
Mais do que precisar ter um certo comando sobre alguns
componentes fundamentais da língua fonologia, léxico, sintaxe, semântica
e estrutura textual (Bacon, 1989; Byrnes, 1984; Dunkel, 1986; Lundsteen,
1979; Paulston & Bruder, 1976; Pearson & Fielding, 1982; Rivers &
Temperly, 1978; Snow & Perkins, 1979; Weissenrieder, 1987), o ouvinte
precisa ter competência gramatical e competência sociocultural, ou seja,
conhecimento dos aspectos sociais e culturais presentes no contexto da
mensagem.
66
Além da contribuição dada pela teoria dos esquemas, o conceito de
competência estratégica, isto é, a capacidade do ouvinte de atribuir
significados às palavras não familiares ouvidas e de usar estratégias
5
para
compensar a falta de conhecimento (Metinee, 2000) também auxilia na
explicitação do processo de compreensão oral. Nessa perspectiva, cabe
ressaltar que o ouvinte precisa também ter a competência discursiva, ou seja,
a capacidade para usar recursos coesivos que atribuam significado ao texto e
a capacidade para reconhecer como a coerência é usada para manter a
unidade da mensagem (Douglas, 1988; Dunkel, 1991b; Faerch & Kasper,
1986; Robinett, 1978; Scarcella & Oxford, 1992; Shrum & Glisan, 1999).
Percebe-se, porém, que modelos teóricos que tentam capturar a
complexa e intrincada natureza do processo de compreensão não
conseguem dar conta dos diversos fatores cognitivos e externos (ambientais)
que influenciam a recepção, interpretação e construção de significado. Ao
longo dos últimos trinta anos, progressivamente, menos ênfase tem se dado à
compreensão como um processo cognitivo interno do ouvinte e mais
atenção tem se prestado aos processos de interação e negociação de
significado, em uma tentativa de abarcar todos os fatores que permeiam o
processo de compreensão.
3. Compreensão oral e comunicação mediada pelo computador
(CMC)
A mídia visual sofisticou-se e a percepção começou a emergir da
íntima relação entre compreensão visual ( viewing ) e compreensão de textos
orais ( listening ). Particularmente em língua estrangeira, pesquisadores e
5
Estratégia, por sua vez, segue a concepção de Rubin (1975: 43) e deve ser
compreendida como um conjunto de “técnicas ou os recursos que um aprendiz
pode usar para adquirir conhecimento”.
67
professores passaram a tratar dos significados do gesto, da expressão visual,
da linguagem corporal (Kellerman, 1992; Hurley, 1992; Fidelman, 1994)
com a introdução dos vídeos nas aulas, da importância do contexto visual
(Secules, Herron & Tomasello, 1992), do papel dos aspectos não-verbais
(Kellerman, Ammerlaan, Bongaerts & Poulisse, 1990), das mensagens
transmitidas (Kellerman, 1992). Entretanto, dado o escopo deste trabalho,
não poderei me aprofundar nesses aspectos apesar de acreditar que tais
estudos possam ter um impacto considerável quanto ao uso de multimídia
em contextos de aprendizagem mediados por computador pois a imagem /
o vídeo serão enfocados como tendo papel complementar e de apoio para o
canal verbal/ aural. Mais recentemente, como afirma Hoven (1997), com o
advento da multimídia e do oferecimento de multimída interativa para o
aprendizado de línguas, esse foco tem sido progressivamente posto em
prática.
À medida que a tecnologia de multimídia se torna mais acessível,
torna-se também mais uma opção de recurso a ser usada no
desenvolvimento da habilidade de compreensão da fala. Desse modo, ao
permitir uma integração de texto, gráficos, áudio e movimento numa gama
de combinações, possibilita o processamento multimodal, ou seja, o
engajamento de mais de uma modalidade de percepção: texto – som – vídeo
(Meskill, 1996).
MacWilliam (1986) argumenta que as múltiplas línguagens (texto,
som, imagem) exigem muito da capacidade de processamento de uma
pessoa, principalmente quando o material está numa língua estrangeira ou
numa segunda língua. Entretanto, ainda é desconhecido como o
processamento multimodal interfere no processo de compreensão da fala. Há
décadas, imagens associadas com som, assim como o vídeo, são usadas em
sala de aula presencial como recurso para facilitar atividades de
compreensão, ajudar no armazenamento de informação, aumentar a
68
motivação do aluno etc., mas a co-ocorrência de vídeo com texto, áudio e
gráficos em um ambiente multimidiático levanta a questão sobre o
processamento necessário para essas modalidades combinadas.
Nas duas últimas décadas, muitas tecnologias audiovisuais, porém
nenhuma gerou o impacto causado pelo computador pessoal. A
compreensão de textos orais mediada por computador pode possibilitar o
acesso a material autêntico
6
e, assim, influenciar o aluno no seu aspecto
motivacional, por lhe dar a oportunidade de observar o uso expressivo da
linguagem em termos de seus valores estéticos, éticos ou culturais, além do
objetivo comunicativo ou informacional. Apesar de o material autêntico
poder ser lingüisticamente mais complexo em conteúdo, tais exemplos de
uso de linguagem podem tornar o estudo da língua mais compensador e
gratificante, uma vez que o aluno, ao lidar com amostras autênticas de
linguagem em um contexto, aprende a apreciar como o significado
intencional é negociado na outra língua.
Computadores, equipados com programas adequados e atividades
especialmente elaboradas, podem criar um ambiente que incorpore
interação e negociação de significado sob controle estratégico do aluno. Esse
ambiente pode ser ampliado com o uso da Internet, potencializando, assim,
as possibilidades de expansão do conhecimento. O aluno passa, então, a
tomar decisões, de acordo com sua vontade, curiosidade e necessidade,
quanto ao conteúdo, ao modo, à ordem, ao rítmo, ao nível e à direção de
aprendizado, à medida que é exposto à língua estrangeira, por meio de
tarefas baseadas em material de linguagem autêntica. Em outros termos, os
ambientes educacionais online podem não oferecer aos alunos
oportunidade de seguir em seu processo de aprendizagem de acordo com o
próprio ritmo, mas também permitir que interaja, conforme o que foi
6
O termo material autêntico é definido neste estudo como amostras de eventos
comunicacionais criadas por falantes nativos para falantes nativos (Bacon, 1992; Scarcella &
Oxford, 1992).
69
programado, não com o material, mas também com outros colegas em
espaços apropriados de interação.
Embora os aspectos de interatividade homem-computador não sejam
objeto deste trabalho, é interessante observar o que dizem alguns estudiosos.
Hoven (1997) menciona que alguns estudos começaram a lidar com certos
aspectos dessa questão. Chapelle (1994) trabalha com a noção de gênero
desenvolvida por Halliday & Hasan (1989) e Swales (1990) e sugere que o
estudo e uso eficiente de comunicação mediada por computar (CMC)
fundamenta-se na análise das atividades elaboradas em três níveis diferentes:
texto, gênero e contexto. Em suas palavras :
CALL texts are produced in any language learning context
where the computer takes an interactive role. Such contexts
may be comprised of learners working individually with a
computer, of learners working in pairs or larger groups with a
computer or multiple connected computers, or of learners
working with teachers or other experts. In each of these cases,
the participants one of which is the computer contribute to
an emerging text which is affected by the nature of the context
and which both affects and provides evidence for the quality of
the learning experiences.
(Chapelle, 1994: 38)
Para Chapelle (1994), o computador pode ter um papel de interação
no contexto de aprendizagem; todavia, como explica Jonassen (1992), não é
o computador em si que desempenha esse papel, mas sim o programa ou a
pedagogia que está por trás, ou seja, o desenho instrucional das tarefas de
aprendizagem, o conteúdo do material, o desenho da interface, entre outros.
Síntese da segunda parte
Com base no que foi exposto, parece justo dizer que a compreensão
da fala pode ser reconhecida como uma atividade complexa, na qual está
presente uma negociação ativa de significado entre ouvinte e falante, que
ativa processos cognitivos e sociocognitivos. No entanto, este estudo não se
fundamenta apenas em tais aspectos, pois considero que o processo de
70
compreensão oral é um processo ativo, no qual pelo menos quatro tipos de
conhecimento entram em ação: conhecimento pragmático, semântico,
lexical e fonológico. Dessa forma, além da competência gramatical, outras
competências são necessárias ao ouvinte: as competências sociocultural,
estratégica e discursiva.
Considero também que os aspectos social e cognitivo estão ligados
um ao outro, que a cognição humana é um processo social e cultural
(Hutchins,1995: 353) e que enfocar puramente o aspecto de processamento
de informações isolado do aspecto sociocultural não é suficiente para um
estudo que lida com processos cognitivos.
Ao rever a literatura, percebo que a necessidade de surgirem
pesquisas que se voltem não para o contexto social da compreensão da
fala como tem sido mas também que tratem do processo de compreensão em
contextos de comunicação mediada pelo computador. O uso de multimídia
7
pode fornecer uma dimensão a mais para a comunicação quando o controle
e manuseio de informação passam para as mãos do aluno? A introdução do
uso do computador pode confirmar as descobertas de pesquisas feitas até
agora com outros recursos (o vídeo, por exemplo)? Parece natural
depreender que daqui para frente pesquisas que investiguem a compreensão
da fala mediada pelo computador devam dar conta também da interferência
desse recurso para o desenvolvimento dessa habilidade.
Para isso, a teoria da atividade serve como um referencial teórico
importante porque leva em conta, todos os componentes envolvidos em uma
atividade: quem está engajado, os artefatos usados, o que quer, as relações
sociais e contextuais e o objeto ou produto da atividade.
7
Neste trabalho, multimídia refere-se a combinação de uma ampla gama de
elementos comunicacionais – texto, som, gráficos, imagens, animação, vídeo etc,
veiculados pelo computador.
71
Assim, um aspecto inédito deste trabalho é a percepção não isolada
de todo o processo envolvido na compreensão oral, dentro de um sistema
maior, que é o da atividade humana, ou seja, as tarefas de compreensão oral
não serão analisadas isoladamente do sistema de atividade de se engajar no
curso de Compreensão do Inglês Falado via Internet I e II.
4. Implicações metodológicas da teoria da atividade
Embora a teoria da atividade pareça promissora no sentido de
oferecer uma estrutura de análise e uma terminologia próprias para descrever
a atividade humana em contexto, não apresenta um método padrão para
pesquisa. Como foi observado por Engeström (1999) e Jonassen (1999b), ela
não oferece técnicas e procedimentos de pesquisa já prontos.
A primeira tentativa para se especificar as implicações metodológicas
da teoria da atividade foi feita por Vygotsky, em 1930. Tal tentativa foi
expressa segundo três princípios:
a. Análise de processo e não de objeto. “Qualquer processo
psicológico, quer seja desenvolvimento de pensamento ou
comportamento voluntário, é um processo no qual mudanças
ocorrem bem em frente aos nossos olhos” (Vygotsky, apud
Tolman, 1999: 76. Tradução minha).
b. Explicação versus descrição. Vygostky buscava explicações.
c. Problema do comportamento fossilizado. Noção de que processos
subjacentes não estão sempre evidentes na superfície aparente das
ações.
Entretanto, os princípios da metodologia ainda precisam ser
dominados e não podem ser traduzidos como procedimentos precisos e
definidos. Segundo Tolman (1999), a literatura da teoria da atividade está
72
repleta de exemplos concretos de pesquisas que revelam três determinantes:
(1) a existência de um entendimento teórico do processo geral; (2) um foco
na natureza concreta do problema imediato e (3) um objetivo de revelar as
dinâmicas causais subjacentes.
A teoria da atividade, como estrutura, tem continuamente se
desenvolvido, como pode ser visto na primeira parte deste capítulo.
Conseqüentemente, os esforços têm ocorrido no sentido de fornecer um guia
prático geral e recomendações de como aplicar tal teoria.
No que se refere à sua aplicação, Engeström (1999) descreve três
princípios cruciais: o primeiro refere-se à necessidade de se enfocar e usar
um sistema de atividade coletivo como unidade de análise. Tendo-se
estabelecido o sistema de atividade coletivo, deve-se identificar os
componentes e atributos do sistema de atividade em questão. O segundo diz
respeito à necessidade de identificar as contradições internas e externas entre
os vários componentes do sistema de atividade, quando se analisa os dados.
As contradições formam a base para o entendimento do sistema de atividade
investigado e manifestam-se como distúrbios ou conflitos. Uma investigação
nessa direção é necessária para se entender as inovações e os tipos de
mudanças ocorridas no sistema de atividade em investigação. O terceiro
refere-se à análise do desenvolvimento histórico da atividade examinada no
contexto em que ela normalmente ocorre. Engeström (1999) não estipula
procedimentos metodológicos específicos para se colocar em prática tal
conjunto de princípios, fica a cargo do pesquisador interpretá-los e aplicá-los
da melhor forma possível.
Embora faltem procedimentos metodológicos definidos, a teoria da
atividade tem atraído pesquisadores em diversos campos, quer na interface
do ensino de línguas e tecnologia, quer na compreensão de práticas de
estudo a distância (Carelli, 2003; Tavares, 2004; Sprenger, 2004), nos
campos de ensino e aprendizagem (Moll, 1990), na interação homem-
73
computador (Nardi, 1996), na cognição distribuída (Salonom, 1993).
Algumas práticas têm sido geralmente aceitas.
Independentemente do foco, a atividade deve ser estudada em uma
situação de vida real, o que inclui os pesquisadores como participantes
ativos no processo. Para a teoria da atividade, o contexto deve ser visto
como um sistema que comporta interações socioculturais, as quais
caracterizam um comportamento que produz um tipo de mudança chamado
aprendizagem.
A teoria da atividade está associada a uma abordagem de análise
qualitativa e, no caso de análise de situações de aprendizagem, Jonassen
(1999b) e Nardi (1996) afirmam ser importante pressupor certas
características:
a. o tempo de pesquisa deve ser longo o suficiente para se entender
os objetos da atividade. A compreensão do objeto implica
estabelecer os tipos de mudanças que poderão ocorrer na
atividade e nos objetos e suas relações com outras atividades;
b. a análise deve considerar primeiro os padrões mais amplos da
atividade, antes de considerar os fragmentos episódicos que não
revelam a direção geral e a importância da atividade;
c. os pesquisadores devem usar métodos variados para a coleta de
dados (entrevistas, observações, vídeo, diários etc.) e pontos de
vista (sujeito, comunidade, ferramentas) diferentes.
Síntese do capítulo
Neste capítulo, apresentei um breve histórico sobre a teoria da
atividade e descrevi seus princípios, por acreditar que ela fornece
pressupostos que ajudam a entender a atividade humana como um sistema
próprio com ferramentas, regras, divisão de trabalho e estrutura. Tratei
também da habilidade de compreensão da fala no processo de ensino-
74
aprendizagem; de sua definição, natureza e, ainda, das características do
processo.
Das idéias apresentadas, a mais importante, talvez, seja a noção de
que a atividade humana é mediada por uma realidade culturalmente
definida. Nesse sentido, uma das contribuições fundamentais da teoria da
atividade para o contexto educacional é a explicação da atividade humana
como um processo dinâmico de ações e operações reguladas por objetivos e
metas que são melhor entendidos e definidos no sistema de atividade.
A teoria da atividade define o ser humano como um ser social e
histórico, portanto valoriza os aspectos culturais e remete à visão filosófica
de que o homem é produto e produtor de si mesmo. O que as pessoas fazem
representa a unidade básica de análise quando se estuda o comportamento
humano. Desse modo, a teoria da atividade pretende entender tanto o
aspecto individual quanto o coletivo das práticas humanas, com base em
uma perspectiva sociocultural histórica.
No próximo capítulo, descreverei a metodologia e o contexto da
pesquisa.
75
METODOLOGIA
Neste capítulo, apresentarei os aspectos que fazem parte do desenho
metodológico desta pesquisa: a justificativa da escolha metodológica, a
descrição do contexto em que a investigação se insere, a descrição do curso
de Compreensão do Inglês Falado via Internet I e II, a caracterização dos
participantes, os procedimentos e instrumentos de coleta utilizados, os
procedimentos para análise e a descrição da sistematização dos dados.
O objetivo geral da pesquisa é investigar os aspectos envolvidos na
atividade de se engajar no curso de Compreensão do Inglês Falado via
Internet I e II
8
, realizado por professores de inglês da rede pública do estado
de São Paulo em 2003. Com base na teoria da atividade, pretendo responder
as seguintes perguntas:
Como ocorreu a atividade, da perspectiva do aluno?
8
A primeira versão do curso foi feita em 1999 pela seguinte equipe de design:
WADT, M. P. S., COLLINS, H., FONTES, M. C. M., CARELLI, I. M., PEREIRA, K. M.,
GABRIEL, S., FERREIRA, A., LESSA, A. . Posteriormente, em 2002, o curso foi
redesenhado por WADT, M. P. S., COLLINS, H., FREIRE, M. M., FERREIRA, A. A
versão de 2002 foi a utilizada para a turma de 2003.
76
o Como a mediação de ferramentas ajuda a entender a
relação entre o aluno e seu(s) objetivo(s) para se engajar
no curso?
o Quais as contradições ocorridas?
o Quais as soluções encontradas?
Quais são os indícios, produzidos pelo aluno nos diversos espaços
do curso, que ajudam a perceber o seu desenvolvimento e
engajamento?
Para uma melhor apreciação de como a pesquisa foi desenvolvida, a
próxima seção trata mais detalhadamente do embasamento metodológico
que orientou o estudo.
1. Escolha metodológica
A teoria da atividade fornece uma estrutura conceitual para a
compreensão e análise da atividade humana; entretanto, não fornece
procedimentos metodológicos claros de como as atividades devem ser
reconhecidas, delineadas e escrutinizadas. Portanto, dentro da tradição da
teoria da atividade, encontram-se tipos diferentes de estudos, como, por
exemplo, observação das atividades, análise das interações, análises
históricas de ferramentas, estudos de caso etc.
Kaptelinin e Nardi (1997) afirmam que a teoria da atividade combina
o rigor e a dedicação do método científico da ciência cognitiva tradicional
com a atenção necessária aos fatores sociais e contextuais para os estudos
ligados à interação homem-computador. Eles vêem a teoria como uma
estrutura conceitual, na qual métodos como a etnografia e o desenho
participatório são muito eficientes. Contudo, a conclusão metodológica a
que chegam é a de que a teoria da atividade não prescreve um único método
77
de estudo; o método deve ser escolhido baseado nas perguntas de pesquisa,
ou seja, tal teoria inicia-se com o problema e, então, move-se para a seleção
de um método.
No caso desta pesquisa, o método selecionado foi o de estudo de
caso. Na definição de Yin (1984: 23), esse método consiste em um
questionamento empírico, que investiga um fenômeno contemporâneo em
um contexto real de vida; quando os limites entre o fenômeno e o contexto
não são claramente evidentes e quando fontes múltiplas de evidência são
usadas. O estudo de caso enfatiza uma análise contextual detalhada de
informação sobre um evento em particular. Por meio dele, examina-se todas
as variáveis e suas interrelações para fornecer uma compreensão tão
completa quanto possível do caso em investigação.
O método em questão pode ser uma forma de pesquisa quantitativa
estatística, de pesquisa qualitativa descritiva, ou até uma combinação das
duas (Burns, 1997). Diferentemente de métodos de pesquisa quantitativos e
de experimentos mais especificamente dirigidos, os estudos de caso
requerem um problema que procura uma compreensão holística do evento
ou situação em questão, com base em um raciocínio lógico indutivo, do
específico para o geral.
Burns (1997) categoriza seis tipos de estudo de caso, descritos a
seguir:
1. estudo de caso histórico tende a traçar o progresso
de uma organização ou sistema ao longo de um período de
tempo e depende intensivamente de registros históricos,
documentos e entrevistas interativas. A pesquisa deve
assegurar que os documentos ou registros essenciais estejam
disponíveis por volta do período de investigação, como
também a disponibilidade dos entrevistados;
78
2. estudo de caso observacional usualmente
conduzido em um ambiente de grupo por uma categoria
específica de pessoas (por exemplo, um ambiente de sala de
aula com alunos de primeiro ano de computação).
Freqüentemente, usa uma variedade de observação ou
métodos de entrevista como ferramentas principais de coleta
de dados;
3. narrativa oral – geralmente ligada à coleta de
informação (por meio de entrevistas) a partir de um
indivíduo (fonte de informações);
4. análise situacional eventos particulares são
estudados com base na visão de todos os participantes
envolvidos no caso. Todas as visões são coletadas e
analisadas para fornecer resultados que possam contribuir
de maneira significativa para a compreensão do evento;
5. estudo de caso clínico cujo principal objetivo é
entender completamente um indivíduo em particular. Esse
tipo de método tipicamente aplica entrevistas detalhadas,
observação não-participante, documentos e registros. Além
disso, tenta testar hipóteses com vistas à compreensão do
problema e à identificação de possíveis tratamentos;
6. estudo de caso múltiplo refere-se à coleção de
estudos de caso. Não é baseado em amostragem lógica de
múltiplos sujeitos em um experimento; trata-se de mais uma
forma de réplica ou de experimentos múltiplos. Além disso,
os argumentos e variáveis de cada caso devem ser
consistentes para produzir os resultados contrários para
razões preditas ou para produzir resultados semelhantes. O
resultado irá demonstrar ou servir de suporte para as
79
proposições da pesquisa, ou, ainda, que uma
necessidade de revisar as sugestões propostas com um outro
conjunto de estudos de casos para novos testes.
Stake (1995) afirma que o caso é geralmente selecionado devido a
algo particularmente interessante que ocorre em um ambiente. Embora o
estudo de caso possa resultar em uma generalização, que pode ser usada
como hipótese para outras metodologias, esse não é o seu objetivo central. A
questão central é a particularização e não a generalização (Stake, 1995: 8).
Os estudos de casos geralmente são estudos complexos, porque
múltiplas fontes de dados, podem incluir múltiplos casos dentro de um único
estudo e podem produzir grandes quantidades de dados para análise. Apesar
disso, podem ser usados para reforçar, produzir ou contrariar uma teoria,
explicar uma situação, fornecer base para aplicação de soluções para
situações, explorar ou descrever um objeto ou fenômeno.
Teoria da atividade e estudo de caso
Para a teoria da atividade, contexto é o sistema de atividade, uma vez
que integra os sujeitos interagindo com um objeto, mediado por ferramentas
(artefatos ou signos) e regras, e permite a divisão de trabalho para a
realização da atividade. O sistema de atividade é a unidade básica de
análise, portanto o objeto da pesquisa é essencialmente coletivo.
Pode-se encontrar várias pesquisas fundamentadas na teoria da
atividade, que lançaram mão da metodologia do estudo de caso. Alguns
exemplos internacionais são: Lim & Hang, 2003 (An Actvity Theory Aproach
to Research of ICT Integration in Singapore Schools); Gregory, 2000 (Activity
Theory in a “Trading Zone” for Design Research and Practice); Crichton,
1997 (Learning Environments Online: A Case Study of Actual Practice);
Hasan, 1998 (Integrating IS and HCI Using Activity Theory as a Philosophical
80
and Theoretical Basis); Yamagata-Lynch, 2003 (Using Activity Theory as an
Analytical Lens for Examining Technology Professional Development in
Schools); Jarzabkowski, 2001 (Strategy as Social Practice: An Activity Theory
Perspective); Spasser, 2002 (Realist Activity Theory for Digital Library
Evaluation: Conceptual Framework and Case Study); Foot, 2001 (Cultural
Historical Activity, Theory as Practical Theory: Illuminating the Development
of a Conflict Monitoring Network), entre outros.
Exemplos de pesquisas brasileiras podem ser encontrados em Souza &
Gomes, 2003 (Análise da Atividade Assíncrona na Interação via Lista de
Discussão: Estudo de Caso em Curso de Formação Continuada de
Professores em Regime Semipresencial); Rodrigues, 2003 (A Mudança da
Prática Pedagógica do Modelo Presencial para o Modelo de Educação a
Distância sob as Óticas da Teoria da Atividade e da Metodologia
Inovadora); Menezes, 2002 (O Paradigma CSCL e a Avaliação Discente
Mediada pelas NTICs: Reflexões através do Conceito de Contradições da
Teoria da Atividade); Mendes, 2002 ( Possibilidades e Limites da Informática
na Educação – uma Abordagem a Partir da Teoria da Atividade); Komosinski,
2000 (Um Novo Significado para a Educação Tecnológica Fundamentado na
Informática como Artefato Mediador da Aprendizagem), entre outros.
Neste trabalho, decidi desenvolver um estudo de caso na ótica de
uma abordagem qualitativa, guiada por uma série de perguntas que ajudam a
descrever a atividade de se engajar no curso de Compreensão do Inglês
Falado via Internet. Como ocorreu com Yamagata-Lynch (2003) e Foot
(2001), fui pesquisadora e participante da pesquisa.
Conforme Godoy (1995: 58), “a pesquisa qualitativa envolve a
obtenção de dados descritivos sobre pessoas, lugares e processos interativos,
pelo contato direto do pesquisador com a situação estudada, procurando
compreender os fenômenos segundo a perspectiva dos sujeitos, dos
participantes da situação em estudo.” Assim, esta investigação não segue
81
padrões rígidos ou predeterminados. Com base na observação direta em um
determinado período de tempo, ela visa a focar o estudo dos processos que
originaram os dados e a interpretá-los. Tais dados, por sua vez, podem ser
vistos como “fatos sociais”, por terem sido produzidos, compartilhados e
usados de forma socialmente organizada (Silverman, 2001).
No trabalho, os alunos e o conteúdo não foram selecionados a priori.
Fui pesquisadora e também professora do curso, portanto tive participação e
envolvimento com a atividade em investigação. Os dados foram coletados
de março a julho de 2003, ao longo de cinco meses ininterruptos, e foram
agrupados em: (a) dados registrados automaticamente pelo sistema; (b) dados
coletados por questionários e (c) dados obtidos por meio de comunicação
ocorrida por e-mail (do curso e particular) entre professora-aluno/ aluno-
professora.
Por ser a pesquisa realizada em ambiente educacional digital,
dados quantitativos que fazem parte do contexto, e a maneira de analisá-los
e interpretá-los é influenciada pelas características peculiares ao meio (Wadt,
2002). Por exemplo, no ambiente educacional digital, tudo o que o aluno faz
é registrado detalhadamente, dia e horário da mensagem, de acesso ao curso
e etc.
2. Contexto de pesquisa
Os módulos de Compreensão do Inglês Falado via Internet I e II,
ministrados a distância, faziam parte do Programa de Melhoria de Ensino da
Língua Inglesa dirigido para professores de Inglês de Escolas Públicas, o qual
consistia em uma parceria entre o Programa de Pós-graduação em
Lingüística Aplicada e Estudos de Linguagem (LAEL PUCSP), por meio do
82
grupo de pesquisa Edulang
9
, e a Sociedade Brasileira de Cultura Inglesa- São
Paulo.
O programa era composto por seis módulos, sendo: Expressão Oral
em Inglês I e II (presencial), Leitura Instrumental em Inglês I e II e
Compreensão do Inglês Falado I e II (a distância).
Segundo detalhado em seu site
10
, ele visa a:
“capacitar professores de Língua Inglesa através de um
conjunto de cursos criados para contribuir com a melhoria da qualidade
do ensino, fazendo uso da tecnologia e permitindo o aprendizado de
forma colaborativa. Tem como objetivo geral instalar um processo de
educação contínua, eficiente e viável para qualquer professor de
inglês. (…). Oferece oportunidades de adaptação a uma nova cultura, a
da comunicação digital, e promove a adoção de modos colaborativos
de trabalho, dinâmicas compartilhadas e atividades que estimulam o
questionamento sobre modos enraizados de ensinar e aprender
instalando um novo processo de aprendizagem. (…) Visa estimular
reflexão sobre questões de ensino e aprendizagem relevantes para o
professor, que permita melhorar a utilização do inglês em atividades de
leitura, compreensão e produção oral, bem como estimular a discussão
e o compartilhamento de problemas e soluções para atuação junto a
adolescentes de escolas públicas.”
Conforme Wadt (2002: 04-05), os módulos de compreensão do inglês
falado foram desenhados de acordo com “visões teóricas de linguagem
baseadas em gêneros a partir dos princípios postulados por Hasan, R.
(Halliday, M. A. K.: Hasan, R., 1989) e Eggins, S. (1994)”. Nesses módulos,
destaca-se a “visão de aprendizagem baseada em interação, especialmente a
que se refere ao aprendizado e construção de conhecimento realizado no
meio digital (Jonassen, D., 1993; Wilson, B. G., 1997)”.
Os módulos foram oferecidos por meio do software livre chamado
TelEduc
11
versão 2.0 - um ambiente para a realização de cursos a distância
9
A equipe Edulang integra o projeto Lingüística Aplicada em Contexto Digital, um
projeto na interface das áreas da Lingüistica Aplicada, da Educação a Distância e da
Tecnologia Digital.
10
http://teacherslinks.lael.pucsp.br/programa.asp , acesso em 16/10/2004.
83
via Internet, que consiste em uma plataforma desenvolvida no NIED (Núcleo
de Informática Aplicada a Educação/UNICAMP). A próxima seção descreve
em detalhe essa plataforma.
2.1 A plataforma TelEduc
Esta seção apresenta informações gerais sobre o ambiente virtual de
aprendizagem TelEduc, usado no curso de Compreensão do Inglês Falado
via Internet I e II, no ano de 2003. O ambiente possui um sistema de acesso
por meio de senha e de identificação pessoal (login), solicitados quando o
participante acessa o curso. Sua página inicial (home) é dividida em duas
partes: à esquerda, estão dispostos em uma coluna os espaços (ou
ferramentas, conforme nomenclatura usada na descrição contida no
software), e à direita, tem-se o conteúdo correspondente a uma determinada
ferramenta, selecionada na coluna da esquerda.
No acesso ao curso, o primeiro conteúdo refere-se à ferramenta
Agenda, que pode conter informações, dicas ou sugestões dos professores
para os alunos. Essa página serve como um canal de comunicação direta e
pode ser atualizada conforme previsto na dinâmica do curso ou conforme a
necessidade. O TelEduc permite tornar visível ou não, a qualquer momento
durante o período do curso, um conjunto de ferramentas e tal visibilidade
pode fazer parte da metodologia adotada pelo professor. Descreverei, a
seguir, as ferramentas usadas no curso em foco, conforme informações
contidas no software.
11
O trabalho foi realizado sob a orientação da Profª Drª Heloisa Vieira da Rocha,
do Instituto de Computação da UNICAMP. A plataforma TelEduc pode ser acessada
na página http://teleduc.nied.unicamp.br/teleduc/
84
2.1.1 Ferramentas no ambiente
As seguintes ferramentas foram utilizadas no ambiente TelEduc:
- Dinâmica de curso (Course Dynamic): contém informação sobre a
metodologia e organização geral do curso.
- Agenda (Agenda): mostra a programação para um dado período de
tempo (diária, semanal, mensal), além de ser a página de entrada do
curso.
- Atividades (Activities): apresenta as atividades a serem desenvolvidas
ao longo do curso.
- Material de apoio (Support Material): apresenta informação útil
relacionada ao tema do curso, como apoio para o desenvolvimento
das atividades propostas.
- Perguntas freqüentes (Frequently Asked Questions): contém a relação
das perguntas realizadas com maior freqüência durante o curso e suas
respectivas respostas.
- Fóruns de Discussão (Discussion Foruns): permite acesso à página
que contém tópicos em discussão em um dado momento do curso. O
acompanhamento da discussão ocorre por meio da visualização de
forma estruturada das mensagens enviadas e por meio da participação
pelo envio de mensagens.
- Bate-papo (Chat): permite uma conversa em tempo real entre os
alunos e o professor. Os horários de interação online com o professor
são geralmente informados na agenda. Se houver interesse por parte
do grupo de alunos, esse espaço pode ser utilizado em outros
horários.
- Correio (Mail): permite enviar e receber mensagens por meio de um
sistema de correio eletrônico interno ao ambiente.
85
- Grupos (Groups): permite a criação de grupos de pessoas, para
facilitar a distribuição e/ou o desenvolvimento de tarefas.
- Perfil (Profile): apresenta informação referente ao aluno, de maneira
informal, sobre suas principais características. É por intermédio dessa
ferramenta que o estudante se apresenta aos demais colegas. Ela
permite a edição de dados pessoais e seu objetivo fundamental é
fornecer um mecanismo para que os participantes possam se
“conhecer a distância”. É permitida a inserção de foto.
- Portfolio (Portfolio): armazena textos e arquivos utilizados e/ou
desenvolvidos durante o curso, bem como endereços da internet.
Esses dados podem ser particulares, compartilhados apenas com o
professor ou compartilhados com todos os participantes do curso.
Cada participante pode ver os demais portfolios e comentá-los se
assim o desejar.
- Configuração (Configure): permite alterar configurações pessoais no
ambiente, tais como: senha, idioma e notificação sobre as novidades.
As ferramentas abaixo não ficaram disponíveis para os alunos,
somente para o professor (ou formador) e coordenador do curso:
- Acessos (Access): permite acompanhar a freqüência de acesso dos
alunos ao curso e às ferramentas.
- Intermap (Intermap): permite aos professores e coordenador
visualizarem a interação dos participantes do curso nas ferramentas
Correio, Fóruns de Discussão e Bate-Papo.
As ferramentas descritas a seguir são de uso exclusivo dos professores
e do coordenador do curso:
- Administração (Administration): permite gerenciar as ferramentas do
curso, as pessoas que dele participam e, ainda, alterar dados do curso.
As funcionalidades dentro de Administração são: a) visualizar/ alterar
86
dados e cronograma do curso; b) escolher e destacar ferramentas do
curso; c) inscrever alunos e professores do curso; d) gerenciar
inscrições, alunos e professores; e) alterar nomenclatura do
coordenador; f) enviar senha.
- Suporte (Support): permite aos professores entrarem em contato com
o suporte do ambiente (administrador) por e-mail.
A Figura 2 mostra a primeira agenda do curso na visão do professor.
Na visão do aluno, as ferramentas Access, Intermap, Administration e
Support não aparecem.
Figura 2 - Primeira agenda do curso de Compreensão do Inglês Falado via Internet, ano de 2003
As ferramentas digitais foram divididas
12
segundo sua função no curso
e, conseqüentemente, foram identificadas as seguintes categorias:
ferramentas de produção, de estudo, de publicação das tarefas pedidas e de
comunicação. Essas categorias são detalhadas no Quadro 3.
12
Usei o critério de Carelli (2003).
87
Quadro nº 3 - Ferramentas do TelEduc e suas funções no curso
Ferramentas
Descrição
Environment
Structure
Apresenta para o aluno informação
geral sobre o TelEduc, suas
ferramentas e seus usos.
Course
Dynamic
Página em html que contém links
referentes a cada unidade do curso.
É por meio do Course Dynamic que
o aluno acessa as páginas de
conteúdo do curso.
Agenda
Página de entrada do curso que
disponibiliza a programação
estabelecida pela professora.
Produção
Busca
Permite buscas em todas as
ferramentas do curso.
Activities
Permite o acesso às tarefas
elaboradas para cada unidade.
Individual
Portfolio
Permite aos alunos trabalharem
individualmente e registrarem as
tarefas realizadas.
Group
Portfolio
Permite aos alunos trabalharem em
grupo e registrarem as tarefas
realizadas.
Estudo/ Publicação das
tarefas pedidas
Discussion
Forum
Permite aos alunos registrarem suas
respostas individuais às tarefas
pedidas.
Discussion
Forum
Possibilita a comunicação
assíncrona.
Email
Possibilita o envio e recebimento de
mensagens.
Assíncrona
Profile
Possibilita o registro de informações
pessoais, que ficam visíveis a todos
da comunidade.
Comunicação
Síncrona
Chat
Possibilita a comunicação síncrona.
Support
Material
Permite o acesso aos tutoriais sobre
o TelEduc e sobre o Internet
Explorer.
Suporte Técnico
Frequently
Asked
Questions
Permite o acesso às respostas sobre
as dúvidas técnicas mais comuns.
Em seguida, descreverei como as ferramentas digitais, segundo a
classificação realizada em decorrência de suas funções (Quadro 3), foram
usadas ao longo do curso.
88
2.1.1.1 Ferramentas de produção
Entre as ferramentas de produção, usou-se as ferramentas Course
Dynamic e Agenda. A ferramenta Environment Structure não será descrita
porque não foi elaborada nem tão pouco alterada pela equipe de designers
do curso.
O Course Dynamic continha a organização estrutural do curso no
formato de uma tabela de conteúdos, conforme pode ser visto na Figura 3.
Figura 3 - Página de acesso ao Course Dynamic
As cinco unidades ficavam acessíveis por meio de links. Nas páginas
(em html) das unidades, os alunos encontravam as instruções, os textos e as
tarefas pedidas para cada seção da unidade. O sistema registrava
detalhadamente (dia e hora) o acesso à página de entrada (Figura 3) do
Course Dynamic, mas não registrava o acesso às páginas de conteúdo
relacionadas à página de entrada do Course Dynamic. A Agenda era
utilizada pela professora para registrar o início e os prazos de términos de
cada unidade, dia e horário dos chats e outros eventos e informações
relevantes para o curso. Era a porta de acesso, portanto a primeira
89
informação disponível ao aluno. O sistema não registrava se a ferramenta de
Busca foi utilizada.
2.1.1.2 Ferramentas de estudo/ Publicação das tarefas pedidas
A ferramenta Activities foi adotada pelos designers e pela professora
como uma ferramenta de estudo, e, por meio dela, os alunos tinham acesso
aos diferentes tipos de exercícios de compreensão oral elaborados para cada
unidade dos módulos. Entre eles, destacam-se exercícios de múltipla
escolha, combinação de sentenças, ordenação de sentenças, exercícios de
resposta curta, falso/verdadeiro, preenchimento de lacunas, palavras
cruzadas feitas por input sonoro, reorganização de sentenças etc.
Como pode ser observado na Figura 4, ao acessar a ferramenta
Activities, o aluno encontrava cada unidade em pastas que continha uma
relação de links relativos aos exercícios correspondentes à unidade
pretendida. Não houve dados gerados pelo sistema sobre o desempenho dos
alunos nos exercícios de compreensão oral.
Figura 4 - Relação de exercícios por unidade
90
As ferramentas Individual Portolio, Group Portfolio e Discussion
Forum tiveram a função de publicação das tarefas pedidas e foram utilizadas
pelos alunos para registrarem suas respostas (individuais, em pares ou em
grupos).
2.1.1.3 Ferramentas de comunicação
Para as interações assíncronas, foram usadas três ferramentas:
Discussion Forum, Profile e E-mail. A ferramenta Discussion Forum foi
organizada de acordo com a sessão de cada unidade (exemplo: U.3-step2a:
Why is prediction important?). O aluno clicava no link que queria para
deixar sua mensagem registrada e podia configurar a visão das mensagens
segundo quatro critérios: autor, seqüência cronológica, título ou em estrutura
de árvore (tree organization). Todas as mensagens deixadas nos Discussion
Forums estavam relacionadas às tarefas do curso.
A ferramenta Mail foi pouco utilizada, como será explicitado mais
adiante. Por meio dessa ferramenta, o aluno podia enviar e responder
mensagens a um indivíduo, grupos de indivíduos ou à todos os participantes
do curso.
A ferramenta Profile possibilitou o acesso a informações pessoais dos
participantes da comunidade. Por meio dela, os alunos podiam registrar
dados pessoais, interesses, hobbies e incluir suas fotos.
A ferramenta usada para comunicações síncronas foi o Chat. As
sessões eram programadas e agendadas, segundo temas predefinidos, e
ocorriam no meio da semana e aos sábados (esta repetia o tópico discutido
no meio da semana). As sessões eram gravadas automaticamente pelo
sistema e alunos e professora podiam ter acesso aos scripts ou logs dos chats
realizados.
91
2.1.1.4 Ferramentas de suporte técnico
A ferramenta Support Material continha dois tutorais: um sobre o
TelEduc e outro sobre o Internet Explorer. O tutorial do TelEduc, explicado
em português, versava sobre a plataforma educacional e tinha por objetivo
ajudar os alunos a entender a dinâmica de funcionamento e as funções das
ferramentas do curso: Course Dynamic, Agenda, Activities, Support Material,
CD-ROM, Frequently Asked Questions, Discussion Forums, Chat, Mail,
Groups, Portfolio, Profile, Configure. A Figura 5 exemplifica a explicação
encontrada no tutorial sobre uma das ferramentas.
Figura 5 - Sobre a ferramenta Course Dynamic – encontrado no Tutorial do TelEduc
O tutorial sobre o Internet Explorer descrevia as funções do
navegador, com instruções passo a passo de como proceder para um melhor
uso e navegabilidade do navegador. Ao clicar nos links, o aluno tinha acesso
92
às informações detalhadas sobre cada tópico. A Figura 6 apresenta a página
de entrada desse tutorial.
Figura 6 - Página de entrada do tutorial sobre o Internet Explorer
A ferramenta Frequently Asked Questions trazia respostas às dúvidas
técnicas mais comuns. Ao clicar em cada pergunta, o aluno tinha acesso a
uma explicação detalhada em português sobre o tópico. A Figura 7 traz a
página de entrada dessa ferramenta.
Figura 7 - Página de entrada da ferramenta Frequently Asked Questions
93
Pode ser observado que os tutoriais não apresentavam orientações
vinculadas à realização das tarefas do curso em si, orientavam
exclusivamente sobre o uso das ferramentas do contexto digital.
2.2 O curso de Compreensão do Inglês Falado via Internet I e II
Os módulos de Compreensão do Inglês Falado via Internet I e II foram
ministrados de março a julho de 2003, sem intervalo e com uma duração
aproximada de vinte semanas. Eles propiciavam o desenvolvimento das
estratégias de compreensão de quatro gêneros falados em inglês: entrevista,
documentário, clip musical e notícia televisiva, por meio das seguintes
unidades de trabalho:
Unidade 1: Características de Gêneros do Discurso
introduzia as bases conceituais da organização do curso.
Unidade 2: Clips musicais – resgatava as estratégias trabalhadas
na Unidade 1 e desenvolvia integração de habilidades e o uso
de organização textual e de pistas visuais.
Unidade 3: Notícias de TV unia leitura e compreensão oral
de notícias em inglês, enfocando-se a compreensão geral com
base no conhecimento prévio, e a compreensão detalhada por
meio da estratégia de foco.
Unidade 4: Entrevistas apresentava as características
genéricas de uma entrevista e visava a desenvolver no aluno a
compreensão oral geral e de detalhe, preparando-o para fazer
uma entrevista online.
Unidade 5: Documentário – tratava das características
genéricas de um documentário e visava a desenvolver no
estudante a compreensão oral, observando a ordem e
94
seqüência de fatos, a importância de compreensão de léxico e
a compreensão detalhada.
Explicarei, a seguir, cada unidade desenvolvida.
Unit 1- Characteristics of Discourse Genres - tinha por objetivos: a)
propiciar ao aluno um contato com uma abordagem de textos baseada no
conceito de gênero e com alguns gêneros escolhidos para o curso de
compreensão oral; b) levar o aluno a configurar o CD; e c) propiciar ao
aluno ouvir relatos sobre os gêneros com os quais um professor de inglês
deveria lidar. Ao final da unidade, o aprendiz deveria saber quais os gêneros
mais comuns utilizados por seus colegas na sala de aula de inglês e de que
forma ocorria essa utilização.
A unidade propunha cinco tipos de exercícios de compreensão:
preenchimento de lacunas, palavra cruzada baseada em input sonoro,
combinação de uma parte da sentença com outra, questões abertas de
compreensão e ordenação de frases segundo o que foi falado. Os exercícios
foram elaborados no HotPotatoes
13
e configurados para permitirem feedback
automático. Os alunos puderam fazer os exercícios e tiveram a sua
disposição o botão Check, para obterem as respostas automaticamente. O
HotPotatoes foi usado porque o TelEduc, versão 2.0, não possuía ferramenta
para criação/edição e gerenciamento de exercícios. O procedimento de
respostas automáticas do HotPotatoes revelou-se problemático, como será
demonstrado mais adiante no capítulo de Resultados e Discussão:
Contradições da Atividade em Estudo.
13
O HotPotatoes é um conjunto de seis ferramentas de autoria, desenvolvidas pela
equipe da University of Victoria CALL Laboratory Research and Development, que
possibilita a elaboração de seis tipos básicos de exercícios interativos (múltipla
escolha, resposta curta, sentenças misturadas, palavras cruzadas,
combinação/ordenação e preenchimento de lacunas), utilizando páginas Web. A
interatividade é obtida pelo uso de JavaScript. A versão usada para os exercícios dos
módulos foi HotPotatoes for Macintosh PowerMac/G3/G4 OS 8+ (versão 5.3.6) –
site: http://web.uvic.ca/hrd/halfbaked/, acesso em 17/10/2004.
95
Além dos exercícios de compreensão, a unidade incluia duas tarefas
individuais de cunho reflexivo ligadas à percepção de quais estratégias de
compreensão o aluno usava no seu dia-a-dia e de quais gêneros eram mais
usados em sua sala de aula e de que maneira, para que pudessem falar da
experiência deles no curso. Os alunos deveriam publicar suas reflexões na
ferramenta Discussion Forum.
Unit 2 Musictinha por objetivos ajudar o aluno a: a) identificar os
diferentes gêneros musicais; b) aguçar a percepção de possíveis sensações e
imagens mentais motivadas pela música; e c) relacionar música com arte e
diversão. Ao final da unidade, o aluno deveria ser capaz de elaborar uma
proposta de tarefa ou um plano de aula de inglês usando música, de forma a
não se restringir à tradução e ao treino de vocabulário.
A unidade propunha sete tarefas:
a. com base em input sonoro (melodia de três canções);
b. com base em input visual (letras das três canções ouvidas);
c. com base em input visual e sonoro (letras e músicas das
canções selecionadas).
As tarefas eram individuais e visavam à produção de texto, com a
utilização da ferramenta Individual Portfolio. Além dessas, outras tarefas
consistiam em:
a. registro das memórias musicais –tarefa individual para
ser publicada no Individual Portfolio,
b. adivinhação, com base em input visual (informações
obtidas em vários sites indicados para escolha do aluno)
tarefa individual realizada com a ferramenta Mail. Os alunos
deveriam mandar sua adivinhação justificada e recebiam da
professora a avaliação da resposta: certa ou não.
96
As duas tarefas restantes foram elaboradas para serem realizadas em
grupo ou em pares: a) a primeira partia de informações obtidas em um dos
três sites listados na unidade, e os alunos escolhiam um dos sites para depois
criarem uma atividade que poderia ser usada em seus contextos
profissionais; b) a segunda pedia a elaboração de uma proposta de tarefa ou
plano de aula de inglês usando música e que não se limitasse à tradução e
treino de vocabulário. Para essa última estava previsto uma enquete: os
alunos escolhiam a melhor proposta de tarefa ou plano de aula e registravam
seu voto na ferramenta Discussion Forum.
A unidade incluia também a indicação de alguns sites nos quais o
aluno poderia ouvir música em inglês para divertimento próprio.
Unit 3 – News – tinha por objetivos: a) guiar o aluno a ler notícias em
inglês e b) desenvolver estratégias de compreensão oral centradas em
conhecimento prévio, compreensão geral do texto e definição de pontos
específicos para compreensão detalhada. Ao final da unidade, o aluno
deveria ser capaz de assistir a várias notícias em inglês pela Internet e
escolher uma que melhor representasse o tema trabalhado na unidade.
A unidade propunha um exercício de compreensão que exigia a
combinação de trechos de notícias ouvidas com as respectivas manchetes.
Uma outra tarefa para ser feita em pares incluía a escolha, entre os sites
indicados, de uma notícia a ser ouvida e analisada estruturalmente, segundo
material teórico encontrado na unidade. A análise deveria ser registrada na
ferramenta Group Portfolio e o follow-up da tarefa incluía uma sessão de
chat, que deveria ser marcada para o grupo todo escolher uma única notícia
que melhor representasse o tema Discrimination and Solidarity, à qual
deveria reportar individualmente utilizando a ferramenta Individual Portfolio.
Unit 4 Interview tinha por objetivos a) capacitar o aluno a
compreender e conscientizar-se sobre as características genéricas de uma
entrevista; b) desenvolver estratégias de compreensão oral nos níveis geral e
97
detalhado; e c) preparar o aluno para fazer uma entrevista, do ponto de vista
do entrevistador. Ao final da unidade, o estudante deveria ser capaz de
elaborar uma entrevista e entrevistar um convidado.
A unidade propunha uma tarefa de preparação antes de os alunos
ouvirem os arquivos sonoros. Em pares, eles deveriam preparar um plano de
aula sobre o Reino Unido e sua cultura e publicá-lo usando a ferramenta
Group Portfolio. A unidade incluía seis entrevistas para as quais foram
elaborados exercícios de compreensão (questões de falso/verdadeiro;
ordenação de idéias e perguntas conforme são mencionadas na entrevista;
combinação de informações solicitadas, consoante respostas na entrevista e
questões de múltipla escolha). A tarefa final da unidade foi conduzida numa
sessão de chat, em que a professora do curso foi entrevistada.
Unit 5 Documentaries tinha por objetivos a) capacitar o aluno a
compreender e conscientizar-se sobre as características genéricas de um
documentário; b) desenvolver estratégias de compreensão oral, observando
ordem e seqüência de fatos, importância de compreensão de léxico e prática
de compreensão detalhada, c) utilizar conhecimento prévio para o
desenvolvimento da compreensão do texto. Ao final da unidade, o aluno
deveria ser capaz de analisar a estrutura de um documentário.
A unidade propunha dois exercícios preparatórios para o
documentário a ser visto (slide-show) e ouvido: a) adivinhação do conteúdo
baseado na imagem e b) predição de vocabulário com base em um cenário
dado. O documentário encontrava-se no endereço:
http://www.chicomendes.com . A seguir, são reproduzidas as páginas de
entrada que deveriam ser percorridas pelo aluno para chegar ao conteúdo
principal:
98
Figura 8 - Página de acesso ao site
Figura 9 - Página de configuração do
software de áudio
Após essas duas páginas, o aluno chegava à página principal,
reproduzida a seguir:
Figura 10 - Página de conteúdo do site sobre Chico Mendes
Os exercícios de compreensão para essa unidade foram elaborados
com base nos capítulos 4 e 5 do site acima. Ao ouvir o capítulo 4, o aluno
deveria realizar dois exercícios que pediam para selecionar a ordem dos
eventos narrados com apoio visual (imagens). Ao ouvir o capítulo 5, ele
99
deveria responder, após discussão em grupo, duas perguntas abertas. O
aluno deveria usar a ferramenta Discussion Forum para registrar suas
respostas individuais e para negociar com os integrantes de seu grupo uma
única resposta. A resposta do grupo deveria ser registrada na ferramenta
Group Portfolio.
A unidade incluía, ainda, três outras tarefas: uma em que o aluno
deveria registrar na ferramenta Discussion Forum uma descrição do tipo de
organização do documentário visto; outra em que deveria ouvir uma música
e assistir ao restante dos capítulos do documentário, para depois registrar a
informação considerada surpreendente, e outra, em que deveria comentar
sobre dois itens em particular com os colegas, usando a ferramenta
Discussion Forum.
As tarefas desenhadas para o curso de Compreensão do Inglês Falado
via Internet I e II ficaram distribuídas nas ferramentas digitais do TelEduc,
conforme apresentado no Quadro 4.
Quadro nº 4 - Tarefas do curso de Compreensão do Inglês Falado via Internet I e II distribuídas
nas ferramentas do TelEduc
Ferramenta de produção
Ferramenta de estudo
Ferramenta de comunicação
individual
Assíncrona
Síncrona
Unidades
Páginas que explicam
Conteúdo
Páginas que contêm
Instrução para
Agenda
Activities
Portfolio
Discussion forum
Group Portfolio
Discussion Forum
Mail
Profile
Chat
Small
Talk
1
1
1
5
2
6
5
2
3
10
1
2
2
1
3
5
6
1
1
2
1
1
4
3
9
1
6
1
5
4
3
100
As tarefas de compreensão oral do curso
À medida que o foco no ensino e na aprendizagem de línguas passa a
ser mais o aluno, as investigações conduzidas na área de compreensão oral
têm progressivamente mudado. Hoje, o diálogo contínuo existente entre os
pesquisadores gira em torno da natureza da interação do aprendiz com o
input oral. O ouvinte está ativamente engajado na construção de significado,
com base em uma variedade de contextos e fontes de input (Vandergrift,
2002).
Vários pesquisadores têm tentado analisar os fatores que contribuem
para a dificuldade ou complexidade dos textos em geral e das tarefas de
compreensão oral em particular. Brown (1986) identificou "a especificação
da tarefa", "a tarefa" e "o texto" como fatores que determinam o nível de
dificuldade para a compreensão em um estudo conduzido com adolescentes
em língua materna.
Boyle (1984) lista três classes de fatores mencionados na literatura:
fatores do ouvinte (biográfico, sociológico, intelectual, físico e psicológico),
fatores do falante (habilidade lingüística, velocidade de fala, prestígio,
personalidade do falante) e fatores do meio (língua usada, dificuldade de
conteúdo e de conceitos, acústica do ambiente, apoio paralingüístico
fornecido). Richards (1985) e Ur (1984: 2-10) também analisam essa questão,
sendo que Ur menciona "fatores da mensagem" e "fatores do meio", por
exemplo. Com relação aos “fatores de mensagem”, ela cita, entre outros, a
memória de curto prazo, que lida com a forma dos enunciados, enquanto a
memória de longo prazo detém-se nos seus significados. Portanto, o que é
ouvido hoje pode ser repetido com formas ou palavras diferentes na semana
seguinte. Um outro exemplo está ligado ao conhecimento prévio que o
ouvinte emprega nas situações de compreensão oral. Por “fatores do meio”,
destacam-se as hesitações, a velocidade da fala, os erros gramaticais que
101
eventualmente ocorrem, os gestos, as expressões e outros sinais não verbais
etc.
Hoven (1997: 96), depois de examinar as análises de Anderson e
Lynch (1988), Brown e Yule (1983) e Cook (1989), propõe a identificação de
três aspectos interrelacionados:
1. características do texto (aspectos da linguagem do
texto, organização discursiva, conteúdo);
2. características do contexto (aspectos paralingüísticos
do texto, nível e natureza de apoio, carga de
processamento);
3. características da tarefa (incluindo classificação de
tipos de tarefas e nível de exigência de resposta).
Um dos aspectos levados em conta quando se fala do contexto é a
reciprocidade ou disponibilidade do falante. O nível de interação entre ele,
que conduz a negociação de significado, e o ouvinte afeta o nível de
compreensão atingida por este último. Nesse sentido, Hoven (1997: 109)
aponta para dois aspectos: a visibilidade do falante e o grau de interatividade
com o ouvinte.
Concordo com Hoven (1997) que em uma situação face a face, o
ouvinte tem acesso a todas as características visuais ou cinéticas disponíveis
e pode, se consciente de sua importância, usá-las para facilitar a
compreensão. Essas características também estão disponíveis aos alunos
quando participam de tele ou vídeoconferências, assistem a televisão ou ao
vídeo, participam de sessões com recursos multimídiáticos, etc. Quando
ouvem uma gravação de uma conversa telefônica, por exemplo, nenhuma
dessas características visuais ou cinéticas estão disponíveis, o que aumenta o
nível de dificuldade. No caso do contexto desta pesquisa, os textos orais
102
usados iam dos textos apenas orais [teoricamente mais difíceis, segundo
Hoven (1997)] aos textos multimídia (com imagens).
Para Hoven (1997: 111), a interatividade refere-se à importância da
presença do interlocutor, que dá feedback ao ouvinte e ajuda-o na
negociação de significado na interação. Em uma situação de grupo ou de
par, o falante está disponível para responder perguntas, confirmar
significados, esclarecer pontos/conceitos e resolver ambigüidades. No caso
do aluno, a presença do falante resultará em mais negociação de significado
e, portanto, em comunicação mais potencialmente bem sucedida.
O feedback, no contexto da pesquisa, ocorreu por meio de
comentários inseridos no programa utilizado. À medida que o aluno
respondia a uma determinada questão, podia checar sua resposta clicando o
botão de Check. Com esse procedimento, recebia os comentários que
haviam sido previamente inseridos no programa. Tratarei desse assunto em
mais detalhes no capítulo Resultados e Discussão: Contradições da Atividade
em Estudo.
Como hoje muitos educadores apregoam o uso de tarefas que
permitam aos alunos praticarem as estratégias necessárias para compreensão
(por exemplo, procurar por informação específica) e que forneçam acesso a
textos autênticos
14
e genuínos de forma mais significativa, é necessário
considerar os aspectos da tarefa em si.
Aspectos da tarefa
A literatura fornece várias definições para o termo tarefa. Em Breen
(1987: 23), a tarefa é um conjunto de planos de trabalho, cujo propósito final
é facilitar a aprendizagem de língua do exercício mais simples ao mais
14
Neste trabalho, textos autênticos referem-se a textos criados por falantes nativos
para falantes nativos.
103
complexo e mais longo, tais como simulações, resolução de problemas e
tomada de decisões. Em Nunan (1989), a tarefa é um trabalho direcionado,
que leva o aprendiz a compreender, produzir ou interagir com a língua-alvo.
As tarefas podem ser analisadas ou categorizadas de acordo com seus
objetivos, suas atividades, input, cenários e papéis. Em Candlin & Murphy
(1987: 10), a tarefa é uma atividade entre um conjunto de atividades
diferenciadas que apresentam problemas a serem resolvidos, em ordem
seqüencial. Tais atividades compreendem aprendizes e professores em
alguma seleção conjunta, realizada com base em uma gama de
procedimentos comunicativos e cognitivos variados, aplicados a
conhecimentos existentes ou novos, na busca e exploração coletiva de
metas previstas ou emergentes no ambiente social.
Nesta pesquisa, usarei o conceito de Hoven (1997), que compreende
por tarefa uma atividade que tem um objetivo de aprendizagem, em um
contexto de aula (presencial ou virtual), e é elaborada ou estruturada por um
professor ou designer, não tendo necessariamente uma progressão ou
apresentação linear. A tarefa pode envolver um ou mais alunos, tanto dentro
quanto fora da classe, durante um certo tempo.
Se consideramos o processo de compreensão da fala como um
processo interativo, está intrínseco que o ouvinte possui um papel de
participante ativo com um objetivo (ou objetivos) antes, durante e depois de
ouvir um texto. Então, como interpretar a maneira pela qual o ouvinte aplica
o(s) seu(s) objetivo(s) ao texto em questão? Do ponto de vista cognitivo,
Hoven (1997: 112) apresenta a Taxonomia de Objetivos Educacionais para o
Campo Cognitivo de Bloom et al (1956), e destaca que um dos aspectos
cruciais no desenvolvimento dessa taxonomia é a separação da proficiência
lingüística das capacidades ou habilidades cognitivas ou metacognitivas. A
autora salienta que muitos estudos (Richards, 1983; Lund, 1990; Rost, 1990)
têm tentado desenvolver taxonomias de habilidades de compreensão de
104
textos orais em L2; entretanto nenhum conseguiu abarcar toda a
complexidade existente.
A taxonomia proposta por Hoven (1997: 121) incorpora todos os tipos
de tarefas de compreensão de textos orais encontrados nos materiais
comercialmente disponíveis e nos programas de ensino de língua estrangeira
voltados para o desenvolvimento da habilidade de compreensão da fala. As
tarefas foram analisadas do ponto de vista do aspecto cognitivo exigido para
o aluno chegar a respostas apropriadas e com base nessas análises, os tipos
de tarefas foram distribuídos ao longo da taxonomia, do nível do
conhecimento para as exigências mais básicas (lembrança de fatos) até o
nível da apreciação.
No quadro a seguir, na coluna da esquerda, estão as características
típicas de tarefas no nível cognitivo, como proposta por Bloom (1981). Na
coluna da direita, uma lista das tarefas de compreensão oral/visual
encontradas na literatura (Grellet, 1981; Richards, 1983; Ur, 1984; Nunan,
1989; Sheerin, 1989; Lund, 1990; Stempleski & Tomalin, 1990; Cooper,
Lavery, & Rinvolucri, 1991; Stempleski & Arcario, 1992). Cada tipo de tarefa
foi colocado em um nível, de acordo com a exigência cognitiva para que o
aluno responda apropriadamente.
Quadro nº 5: Taxonomia de tipos de tarefas de compreensão de textos orais em termos das
demandas da tarefa (nível ascendente de demanda cognitiva)
Nível de processamento
cognitivo
Tipo de tarefa (definido em termos das demandas de resposta)
Conhecimento
Os processos psicológicos
da lembrança (Bloom et al,
1981)
Lembrança de: específicos e
universais, métodos e
processos.
Conhecimento de
específicos (terminologia e
fatos específicos).
Ênfase em “símbolos com
referentes concretos”.
Fazer (indicar, reagir)
Responder a comandos, instruções e direções
Imitar
Responder (respostas sim/não para questões simples sobre informação
específica em um texto ou fornecer informação específica)
Identificar mudanças de tópico
Identificar informação específica
105
Compreensão
Traduzir, ilustrar, extrapolar,
estimar, predizer, identificar/
distingüir, interpretar (Bloom
et al., 1981).
Transferir (de um meio para outro)
Duplicar (i.e., transcrever, traduzir, ditar - Lund, 1990)
Parafrasear enunciado (por exemplo, em um registro diferente)
Ordenar figuras/ diagramas, de acordo com narração verbal
Combinar conjuntos de input/texto em meios/canais diferentes (por exemplo,
diagramas com algum tipo de descrição verbal)
Inferir as características de participantes em um texto
Inferir o relacionamento entre falantes em uma conversação
Reordenar enunciados em um texto para combinar com um texto verbal
Aplicação
Uso de abstrações em
particular e situações
concretas (Bloom et al.,
1981) i.e., lembrar e aplicar.
Buscar informação específica com algum grau de inferência exigido
Reconstruir diálogo com base em uma transcrição contendo lacunas
Anotar (de forma guiada)
Predizer (fim da estória, tendências baseadas em dados e condições etc)
Jigsaw listening
Inferir significados (que não estão explicitamente enunciados em um texto)
Buscar pontos principais
Análise
Divisão da comunicação em
suas partes constituintes,
elementos, relações e
princípios organizacionais.
Anotar
Fazer esboços (outline)
Inferir o global (gist)
Identificar várias funções de linguagem
Síntese
Combinar elementos
analisados e partes para
formar um todo.
Resumir
Imitar, modificando o modelo para servir a situação
Elaborar
Inferir atitudes
Avaliação
Julgamento + critérios;
opinião + justificativa, em
termos de evidência
interna/externa.
Distingüir entre fato e opinião
Avaliar evidência conflitante
Avaliar eficiência ilocucionária de um texto e/ou enunciado
Avaliar adequação de registro ou gênero de um texto
Fazer julgamentos com base em evidência interna em um texto (e justificá-
los)
Inferir / desenvolver critérios fundamentados em informação/ exemplos em
um texto
Apreciação
Apreciação intelectual e
estética de partes,
elementos, organização
e/ou expressão criativa de
um texto.
Identificar/ criar empatias com participantes em um texto e expressar,
apreciar, ou hipotetizar sobre seus pontos de vista/ papéis etc
Expressar apreciação de aspectos estilísticos de um texto, incluindo aspectos
co-verbais
Estender um texto usando variações próprias de estilo/ criatividade (por
exemplo, em um outro meio)
A taxonomia permite a visualização das tarefas de compreensão oral
disponíveis em uma estrutura que indica a natureza e o nível de exigência
cognitiva das tarefas. Desse modo, as tarefas de compreensão oral, que
integraram os módulos I e II do curso de Compreensão Oral do Inglês Falado
via Internet, são descritas com base na taxonomia de Hoven (1997).
106
Conforme o Quadro 5, a autora apresenta sete níveis de processamento
cognitivo: a) conhecimento; b) compreensão; c) aplicação; d) análise; e)
síntese; f) avaliação e g) apreciação.
Com base em tais níveis, as tarefas do curso em questão foram
distribuídas conforme mostra o Quadro 6. As tarefas elaboradas para cada
unidade procuravam explorar a utilização de várias ferramentas do TelEduc.
Quadro nº 6 - Distribuição das tarefas de compreensão oral segundo o nível de processamento
cognitivo
Unit 1
Unit 2
Unit 3
Unit 4
Unit 5
CONHECIMENTO
Genres 2
Identificar
informação
específica.
Genres 4
Responder
(respostas
sim/não para
questões
simples sobre
informação
específica em
um texto ou
fornecer
informação
específica).
TAREFA 7 – input
escrito+sonoro
(melodia de música).
Identificar informação
específica.
TAREFA 1
Ian Newby
Responder sobre
informação
específica em um
texto ou fornecer
informação
específica.
TAREFA a/b/e
Identificar
informação
específica, com
base em
conhecimento
prévio.
COMPREENSÃO
Genres 1
Preencher
lacuna.
Genres 3a
Combinar
conjuntos de
input/texto.
Genres 5a
Reordenar
enunciados em
um texto para
combinar com
um texto verbal.
Genres 6a/6b
Identificar
informação
específica.
TAREFA 1
Combinar
conjuntos de
input/ texto
com algum tipo
de descrição.
TAREFA 2c
(Transferir de
um meio para
outro).
Alan
Identificar
informação
específica.
Graham/ Ian
Reade
Reordenar
enunciados em
um texto para
combinar com um
texto verbal.
Patrick/ Thomaz
Combinar
conjuntos de
input/ texto com
algum tipo de
descrição verbal/
buscar
informação
específica.
TAREFA C/ TAREFA
D
Ordenar figuras/
diagramas, de
acordo com
narração verbal.
TAREFA E
Extrapolar.
107
APLICAÇÃO
Genres 5b
Buscar pontos
principais.
Genres 6b
Buscar
informação
específica com
algum grau de
inferência
exigido.
Pós-listening
Predizer
tendências com
base em dados e
condições.
FOLLOW-UP -
TAREFA E
Identificar funções
de linguagem.
ANÁLISE
Genres 5b
Anotar/ fazer
esboços.
TAREFA 2A
Anotar/
identificar
funções de
linguagem.
SÍNTESE
Genres 5b
Resumir.
TAREFA 5 – input
escrito+ sonoro
Elaborar um plano de
aula com base no
que foi lido e ouvido.
TAREFA 8 –
Elaborar um plano de
aula que seja
utilizada música.
TAREFA 2C
Resumir.
FOLLOW-UP -
TAREFA E
Fazer julgamentos
com base em
evidência interna
em um texto (e
justificá-los).
TAREFA G
Distingüir entre
fato e opinião/
avaliar evidência
conflitante/ fazer
julgamentos com
base em evidência
interna em um
texto (e justificá-
los).
AVALIAÇÃO
TAREFA 1
Responder um
questionário – não há
input sonoro: escreva
sobre sua relação
com a música.
TAREFA 2 – não há
input sonoro: escreva
sobre a importância
da música na vida de
todo mundo.
TAREFA 9input
escrito - avaliar o
plano de aula mais
criativo.
TAREFA 2B
Avaliar gênero
de um texto/
fazer
julgamentos
com base em
evidência
interna em um
texto (e
justificá-los).
TAREFA F
Identificar/ criar
empatias com
participantes em
um texto e
expressar,
apreciar, ou
hipotetizar sobre
seus pontos de
vista/ papéis, etc).
108
APRECIAÇÃO
Genres 3b
Estender um
texto usando
variações
próprias de
estilo/
criatividade.
Genres 5b
Desenvolver
critérios
(instruções)
baseados em
informação/
exemplos em
um texto.
TAREFA 3A (som)/ 3b
(escrito)/ 3c
(som+escrito)
Criar empatias e
expressar
apreciação.
TAREFA 4: input
escrito+sonoro
Apreciar.
TAREFA 6input
sonoro
Apreciar.
TAREFA 2B
Criar empatias
com
participantes
em um texto e
expressar,
apreciar ou
hipotetizar
sobre seus
pontos de
vista.
Pós-listening
Estender um
texto usando
variações
próprias de
estilo/criatividade.
2.3 Participantes
Além de ser professora da turma em foco, sou pesquisadora, formada
em Língua e Literatura Inglesas na PUCSP, onde atuo como professora de
inglês desde 1980. Em 2000, fui aluna-ouvinte de um curso sobre o uso da
Internet como contexto de aprendizagem e quase que paralelamente iniciei
minhas experiências no campo, nas aulas da graduação. Esse interesse levou-
me ingressar, em agosto de 2001, no programa de Lingüística Aplicada e
Estudos de Linguagem (LAEL) da PUCSP, na área de educação a distância,
para meu doutoramento. Em 2002, passei a integrar a equipe Edulang,
atuando como professora nos módulos de Compreensão do Inglês Falado via
Internet I e II para a turma de Assis - SP. Posteriormente, também fui
professora dos mesmos módulos para a turma do ABCD, Carapicuíba e
Osasco - SP.
Nesta pesquisa, foram selecionados 19 alunos, todos professores
graduados, exercendo a função de professores de inglês da rede pública de
ensino do estado de São Paulo (Santo Amaro, São Bernardo, São Caetano,
Diadema e arredores), com alguma ou pouca experiência no uso do
computador e Internet. O critério adotado para a seleção consistiu no fato de
109
terem concluído os módulos de Leitura Instrumental em Inglês I e II.
Obedecendo aos princípios éticos da pesquisa em Ciências Humanas, todos
assinaram uma carta de permissão de uso dos dados
15
, e a identificação de
cada um deles foi preservada.
Quando os alunos iniciavam o módulo de Compreensão do Inglês
Falado I, de modo geral, haviam estado em ambiente digital por terem
cursado Leitura Instrumental em Inglês via Internet I e II módulos que
faziam parte do Programa de Melhoria de Ensino da Língua Inglesa tratado
anteriormente (Contexto de Pesquisa); Entretanto, no caso da turma da região
do ABCD, houve mudança de plataforma e os alunos tiveram o seu primeiro
contato com o ambiente digital nos módulos de Leitura que utilizaram o
software WebCT. Na continuação do programa, para os módulos de
Compreensão do Inglês Falado, passaram para outra plataforma, o TelEduc.
Conseqüentemente, tiveram de ser apresentados a todos os ambientes, às
ferramentas e aos recursos utilizados no curso.
As características demográficas que apresento a seguir foram colhidas
de questionários enviados no final de cada módulo do curso. Dos dezenove
alunos inscritos: a) quatro não responderam o questionário (mesmo sabendo
que o certificado de conclusão seria expedido mediante o recebimento do
questionário respondido) e depois de terem sido cobrados duas vezes por e-
mail, b) um deles enviou mas não respondeu e c) um outro enviou o
questionário em arquivo que não abriu (arquivo danificado).
Os alunos eram professores vindos de Diadema (3), Guarulhos (2),
São Paulo - capital (2), Cotia (1), Jundiaí (1), Vargem Grande Paulista (1),
Mauá (1), Ribeirão Pires (1) e Santo André (1). Com relação à faixa etária,
cinco dos alunos tinham de 30 a 39 anos, quatro deles tinham de 40 a 59
anos, dois deles tinham de 20 a 29 anos e dois alunos não responderam. A
variação de faixa etária nos leva a uma variação de tempo de experiência
15
Ver Anexo 1.
110
profissional. A maioria (cinco deles) tinha de 6 a 10 anos de experiência, três
deles tinham de 11 a 15 anos, três outros tinham de 5 meses a 1 ano, um
tinha 30 anos de experiência e um não respondeu. Esses dois últimos alunos
também foram cobrados duas vezes por e-mail.
Em termos de formação acadêmica, todos eram graduados em Letras;
quatro tinham pós graduação lato sensu: em Língua Inglesa e Tradução, em
Pedagogia Administrativa, em Língua, Literatura e Semiótica, em Língua,
Linguagem e Comunicação, um estava cursando pós graduação lato sensu
em Educação Infantil.
Profissionalmente, todos atuavam em escolas da rede pública, três
deles atuavam também em escolas particulares e apenas um também atuava
em escola de língua. A maioria atuava como professor de inglês e português
e dois atuavam exclusivamente como professores de inglês.
3. Procedimentos para a coleta de dados
Para a coleta de dados, segui os princípios estabelecidos por Nardi
(1996), no que diz respeito ao uso da teoria da atividade, descritos no
capítulo de Fundamentação Teórica. A seguir, eles são retomados,
resumidamente, em forma de ítens:
1. delimitação de um período de tempo para entender o objeto - os
dados foram coletados no período de março a julho de 2003,
totalizando vinte semanas. Isso permitiu o acompanhamento
integral das interações ocorridas nos dois módulos do curso
Compreensão do Inglês Falado via Internet I e II;
2. atenção para padrões mais amplos da atividade - na busca de um
padrão mais amplo da atividade em foco, dados mais abrangentes
sobre como os alunos realizaram a atividade foram levantados;
111
3. uso de técnicas variadas para coleta de dados - quanto às técnicas
de coleta, foram usados os registros dos participantes, gravados
automaticamente pelo sistema de autoria (participação dos alunos
nas diversas ferramentas), registro da comunicação entre alunos e
professora por e-mail (do curso e particular), registro dos relatos de
experiência ocorridos por meio dos questionários enviados
eletronicamente e registros das tarefas solicitadas ao longo do
curso, executadas pelos alunos;
4. compreensão da atividade do ponto de vista do sujeito - para
garantir a opinião do aluno sobre a atividade, os depoimentos
registrados por escrito, tanto no ambiente quanto no questionário
enviado, além de depoimentos enviados por e-mail, foram usados.
O contexto de coleta consiste no conjunto de dois módulos do curso
Compreensão do Inglês Falado via Internet I e II, conforme mencionado
anteriormente. Na seqüência, descreverei os tipos de dados gerados pelo
TelEduc.
3.1 Dados gerados pelo sistema
Não houve necessidade de criar instrumental específico para coletar
dados referentes à participação dos alunos. O programa utilizado – TelEduc -
registrava automaticamente:
a. Dia e hora de criação das mensagens dos alunos no Discussion
Forum:
112
Figura 11- Exemplo de registro automático de mensagem deixada no Discussion Forum
b. Dia e hora de criação do Profile:
Figura 12 - Quadro parcial de registro automático da criação do Profile
c. Dia, hora e status da mensagem postada no Mail do curso:
113
Figura 13- Exemplo de registro automático de mensagem postada no Mail do curso
d. Dia e hora de criação das mensagens dos alunos no Individual
Portfolio e Group Porfolio:
Figura 14 - Exemplo de registro automático de criação da mensagem no Group Portfolio
No Record of Previous Changes, ficava registrado o dia e a hora das
edições feitas pelo aluno na mensagem original. Para todo e qualquer
comentário (Comment) deixado, também ficavam registrados a data, o
horário e o autor:
114
Figura 15 - Exemplo de registro automático de edição de mensagem deixada no Group Portfolio
e. Quantidade de turnos de cada aluno em cada sessão de Chat. Esse
dado era obtido por meio da ferramenta administrativa Intermap:
Figura 16 - Exemplo de registro automático da quantidade de turnos de cada aluno em uma sessão
de Chat
O intermap também representava quem falou com quem, através de
uma rede de comunicações, conforme mostrado na Figura 17:
115
Figura 17- Exemplo de rede de comunicação do Chat: Listening Strategies and Doubts, de
12/04/2003
Os registros possibilitavam também o acesso aos logs das interações
ocorridas durante as sessões de chats, com identificação do horário de envio
de cada mensagem e do horário de entrada e saída de cada participante.
f. Quantidade de acessos a todas as ferramentas do curso (Course
Dynamic; Agenda; Activities; Profile; Portfolio; Discussion Forum;
Support Material; Frequently Asked Questions; Mail; Chat), por
meio da ferramenta administrativa Access.
g. Acesso de cada aluno, com dia e hora em que acessou a página de
cada ferramenta do curso:
116
Figura 18 - Exemplo de registro automático de acesso às ferramentas do curso
h. Quantidade de mensagens enviadas por aluno em cada Discussion
Forum. Esse dado era obtido por meio da ferramenta administrativa
Intermap:
Figura 19 - Exemplo de registro automático da quantidade de mensagens deixadas em um
Discussion Forum
Quanto às mensagens no Discussion Forum, essas podiam ser
compiladas por autor, por seqüência cronológica, por título ou de forma
encadeada (organização por árvore – tree).
117
Ao final de cada unidade, todos os registros (gravados
automaticamente pelo TelEduc) de cada aluno nas diferentes ferramentas
(Chat, Mail, Discussion Forum, Portfolio, Group, Profile, Activities e Access)
foram sistematizados em planilhas, que detalharam o ritmo de trabalho de
cada um, para que fosse analisada, longitudinalmente, sua participação no
curso.
3.2 Questionários
Os questionários foram enviados eletronicamente ao final de cada
módulo e serviram para registro e compreensão da percepção dos alunos
acerca da atividade. Para elaborá-los, embasei-me no questionário
encontrado em Carelli (2003: 74), entretanto foram feitas algumas
adaptações.
É importante retomar, em um breve histórico, a criação e as
mudanças ocorridas no questionário. Ele foi aplicado pela primeira vez na
avaliação dos módulos de Leitura Instrumental, um curso-piloto ministrado
em 1999, e depois no primeiro semestre de 2000. Elaborado pelos
pesquisadores da equipe Edulang, era subdividido em quatro partes:
perfil incluia os dados pessoais, a formação acadêmica, a
experiência profissional, disciplinas ministradas no ensino
fundamental e médio e tipos de escolas em que os alunos
atuavam (da rede pública, da rede particular, instituto de
línguas);
estilo de aprendizagem - investigava preferências e atitudes
assumidas pelos alunos quando participavam de um curso
online, tais como: necessidade desse curso, tipo de atividade,
organização e previsão de tempo de estudo;
118
conhecimento sobre a Internet no contexto educacional
levantava a experiência do participante no uso dessa tecnologia
no contexto educacional;
expectativas investigava o que esperavam aprender, tanto em
termos da habilidade de leitura quanto de familiarização com a
Internet.
Em 2000, o questionário foi modificado e ampliado por Carelli
(2003), que criou outras cinco seções com os seguintes temas: problemas
com a Internet, estudo online, conteúdo do módulo, aprendizagem e
repercussão da experiência em suas vidas. A seguir, pode ser observado o
questionário de Carelli (2003: 205):
Fale de você
Preencha os espaços abaixo
1. Nome
Idade:
2. Endereço
Cidade
3. Formação Acadêmica
Graduação em:
Ano:
Pós-Graduação em:
Ano:
4. Experiência profissional
Escola Pública:
Tempo:
Disciplinas: [ ] Inglês [ ] Português [ ] Outra:
Escola Particular:
Tempo:
Disciplinas: [ ] Inglês [ ] Português [ ] Outra:
Escola de Línguas
Tempo:
Disciplinas: [ ] Inglês [ ] Português [ ] Outra:
Avalie Problemas com a Internet
Assinale todas as alternativas que se aplicam ao seu caso.
5. Você utilizava a Internet antes de fazer esses módulos? [ ] Sim [ ] Não
6. Em caso afirmativo, há quanto tempo?
[ ] 0 - 6 meses [ ] 6 meses - 1 ano [ ] 1 ano - 2 anos [ ] mais de 2 anos
7. Demora para carregar as páginas. [ ] Sempre [ ] Às vezes [ ] Raramente
8. Queda de conexão. [ ] Sempre [ ] Às vezes [ ] Raramente
9. Problemas com a senha.
[ ] Esquecimento da senha. [ ] Senha que não era reconhecida.
10. Problemas nas Content Pages.
[ ] muitas vezes não conseguia abrir e visualizar. [ ] às vezes não conseguia abrir e visualizar.
11. Problemas no Bulletin Board.
[ ] conseguia ler, mas não sabia responder.
[ ] conseguia ler, mas não localizava as mensagens já lidas .
[ ] não consegui ler nenhuma mensagem.
12. Problemas no Chat.
[ ] não consegui entrar no Chat.
[ ] só conseguia ler, mas não conseguia enviar mensagens.
[ ] não conseguia gravar o Chat.
Estudando on-line
119
Assinale todas as alternativas que se aplicam ao seu caso.
13. Como era sua necessidade para fazer o módulo:
[ ] Muito grande, precisava do módulo para minhas atividades no trabalho.
[ ] Não muito grande, poderia fazê-lo em um outro momento.
[ ] Pequena, apenas por curiosidade pessoal e poderia fazê-lo em outro momento.
[ ] Outros:
14. Como você se sentiu com relação ao fato de seu/sua professor/a e colegas não estarem
fisicamente presentes:
[ ] não encontrei problemas porque comunicava-me sempre que precisava.
[ ] Senti falta de ter pessoas por perto.
[ ] Outros:
15. Como você se organizou para fazer o módulo?
[ ] Não fiz um planejamento; trabalhava nas horas vagas.
[ ] Fiz um planejamento mas não consegui mantê-lo; trabalhava quando podia.
[ ] Fiz um planejamento e consegui mantê-lo.
[ ] Outros:
16. Quanto tempo por semana você dedicou ao módulo:
[ ] até 3 horas.
[ ] entre 4 e 7 horas.
[ ] entre 8 e 11 horas.
[ ] mais do que 11 horas.
17. Como você faz as atividades do módulo?
[ ] primeiro imprimo e depois faço as atividades on-line.
[ ] faço tudo on-line.
[ ] Faço xerox de material já impresso e depois faço as atividades on-line.
[ ] Outra:
18. Que computador você utiliza para fazer as atividades?
[ ] meu computador em casa.
[ ] computador do ERIC
[ ] computador na escola onde leciono
[ ] computador de amigos.
[ ] Outra:
Avalie o módulo Leitura Instrumental I
19. Quanto aos assuntos das 3 unidades
Gostei de:
Não gostei de:
20. Extensão das unidades: [ ] tamanho certo [ ] extensas demais
21. Extensão dos textos: [ ] tamanho certo [ ] extensos demais
22. Referente aos Quizzes:
Gostei de:
Não gostei de:
23. Em relação ao feedback do professor:
[ ] Fiquei satisfeito porque:
[ ] Não fiquei satisfeito porque:
24. Em relação ao suporte técnico oferecido pela Profa. Izaura
Gostei de:
Não gostei de:
Avalie a sua Aprendizagem
Em Língua Inglesa
25. Na sua opinião, quais as atividades que mais contribuíram para a sua aprendizagem? Por quê?
1.
26. Cite pelo menos 5
"coisas" que você
aprendeu durante o
módulo de Leitura
2.
120
3.
4.
aprendeu durante o
módulo de Leitura
5.
Sobre Computador e Internet
27. Na sua opinião, quais as atividades que mais contribuíram para sua aprendizagem? Por quê?
1.
2.
3.
4.
28. Cite pelo menos 5
"coisas" que você
aprendeu durante o
módulo
5.
Avalie a sua Experiência
Relate as suas impressões dessa experiência
29. Como aluno/a:
30. Como professor/a:
31. Como pessoa:
32. Se houver mais alguma informação que você queira nos dar, por favor use livremente o espaço
abaixo.
Muito obrigada por sua cooperação!
A versão de Carelli (2003) passou por algumas pequenas mudanças
efetuadas pela equipe Edulang e, a partir da última versão, fiz uma
adaptação para que pudesse ser aplicado nos módulos de Compreensão do
Inglês Falado I e II
16
. A versão enviada eletronicamente contemplava os
quesitos do questionário elaborado por Carelli (2003) (Fale de você; Avalie
Problemas com a Internet; Estudando on-line; Avalie a sua Aprendizagem e
Avalie sua Experiência); contudo, os tópicos da seção Avalie sua
Aprendizagem estavam direcionados somente para as unidades dos módulos
de Compreensão do Inglês Falado via Internet I e II. Destaco que o
questionário de Carelli (2003) foi elaborado para um curso que ocorreu na
plataforma WebCT, ao contrário do curso foco desta pesquisa, que usou a
platafoma TelEduc, conforme descrito anteriormente. Conseqüentemente,
16
Ver Anexo 02, da versão final do questionário.
121
adaptações quanto aos nomes de espaços e particularidades da plataforma
tiveram de ser realizadas.
4. Procedimentos para a análise dos dados
Conforme exposto nas implicações metodológicas da teoria da
atividade (no capítulo de Fundamentação Teórica), embora a teoria não
apresente uma estrutura prévia de análise, alguns princípios existem no
sentido de fornecer um guia prático geral de procedimentos usados para se
considerar questões importantes ao se utilizar a teoria da atividade. Uma
maneira sistemática de identificar dinâmicas e de entender fatores
contextuais em uma dada situação é apresentada em um roteiro elaborado
por Jonassen (1999c), reproduzido abaixo. O roteiro será o fio condutor
desta pesquisa.
1. Clarificar o propósito do sistema de atividade - identificar o
contexto relevante em que a atividade ocorre [comunidade(s),
contexto(s) da(s) comunidade(s), níveis de expectativa ou regras
existentes], as motivações do sujeito (indivíduo ou grupo), a
dinâmica social do grupo e as circunstâncias que levaram o sujeito
a esta situação.
2. Analisar o sistema de atividade - definir o sujeito (suas motivações
e objetivos), a(s) comunidade(s) relevante(s) e o o objeto (sua
natureza e as transformações).
3. Analisar a estrutura de atividade - definir a atividade, decompondo-
a em seus componentes de ações e operações.
4. Analisar os mediadores de transformação - analisar as ferramentas
de mediação, as regras e as dinâmicas de trabalho.
122
5. Analisar os limites do contexto analisar o contexto do sujeito e o
da comunidade, com relação às forças internas e às limitações
impostas pelos artefatos.
6. Analisar a dinâmica do sistema de atividade - verificar quais as
interrelações existentes entre os componentes do sistema, como
são estabelecidas e quais mudanças históricas ocorreram.
No intuito de levantar as características da atividade de se engajar no
curso de Compreensão do Inglês Falado via Internet, procurei compreender
como ocorreu a atividade conforme o roteiro acima, que tipo de problemas
foram enfrentados e quais soluções foram encontradas, além das
transformações introduzidas diante dos problemas enfrentados. Consoante o
levantamento feito, procurei estabelecer se houve aspectos comuns
compartilhados quanto à ações, problemas e soluções.
4.1 Sistematização dos dados
Pelo fato de a pesquisa ter sido realizada em um ambiente virtual de
aprendizagem, o sistema registrou dados de freqüência. Na tentativa de
associar os recortes desses dados ao objetivo de investigar os aspectos
envolvidos na atividade de se engajar no curso de Compreensão do Inglês
Falado via Internet, tudo o que foi feito pelos alunos foi agrupado em
planilhas individuais, em ordem cronológica, no intuito de revelar o percurso
que cada um seguiu durante o curso.
Várias planilhas foram feitas, segundo a fonte e natureza dos dados
especificados, da seguinte maneira:
a. Histórico detalhado de acessos ao curso contendo dia, hora e
ferramentas do ambiente acessadas (Course Access, Couse
Dynamic, Activities, Agenda, Support Material, Environment
Structure, Mail, Discussion Forum, Portfolio, Chat). O Quadro 7
123
traz um exemplo de histórico detalhado de acessos para os dois
primeiros dias de curso da aluna C2. No dia 13 de março/2003, C2
acessou o curso pela primeira vez às 18h21 (c.a. - course access) e
visitou a agenda, o c.d. (course dynamic) e o sup. mat. (support
material). Em 14 de março/2003, C2 acessou o curso às 9h44 e
saiu depois das 10h32. O sistema não registrou a hora de saída do
ambiente, porém, durante o tempo em que ficou conectada,
provavelmente C2 teve problemas de conexão porque o sistema
registrou um segundo acesso às 9h57 (c.a.- course access) e um
terceiro acesso às 10h24 (c.a.- course access). Ao se observar a
lista de ferramentas registradas pelo sistema, sabe-se que C2
passou pela agenda, pelo sup. mat. (support material), pela env.
str. (environment structure), pelas activities, pelo mail, portfolio e
chat, bem como a ordem em que acessou as ferramentas e quanto
tempo ficou em cada uma delas.
Quadro nº 7 - Exemplo parcial de dois dias de acesso do aluno C2
Legenda:
c.a.- course access
c.d.- course dynamic
sup.mat – support material
env.str- environment structure
124
b. Quantidade de turnos em cada sessão de chat ocorrida, por aluno.
Como explicitado na seção dados gerados pelo sistema, o TelEduc
não registrava os turnos de cada sessão de chat mas também
gravava as interações ocorridas em logs que podiam ser lidos
posteriormente.
c. Número de mensagens enviadas para cada Discussion Forum, por
aluno.
d. Número de tarefas realizadas nas ferramentas Group Portfolio e
Individual Portfolio por unidade, por aluno.
Todas as planilhas foram agrupadas e deram origem ao que
denominei de inventário geral do curso. O Quadro 8 sintetiza os registros
quantitativos (número de acessos por ferramenta, número total de turnos das
sessões de chat realizadas, número total de mensagens enviadas aos
Discussion Forums, número de tarefas entregues em cada unidade, número
de questionários respondidos e se houve comunicação eletrônica (e-mail)
entre professor-aluno/ aluno-professor.
Quadro nº 8 - Inventário geral do curso –dados quantitativos usados na pesquisa
125
Esses números, de certa forma, representam a freqüência do aluno e
ajudam a revelar seu perfil longitudinal no curso de Compreensão do Inglês
Falado via Internet I e II. Usando a analogia da sala de aula presencial, em
princípio, quanto mais freqüente o aluno for em seu curso, mais
oportunidade de participação e engajamento terá.
e. Levantamento e tabulação das respostas dadas às perguntas
fechadas e abertas dos questionários eletrônicos enviados por e-
mail.
f. Levantamento do conteúdo da comunicação ocorrida por e-mail
(do curso e particular) entre professor/aluno e aluno/professor,
durante o período de vinte semanas.
g. Levantamento da produção escrita do aluno nas ferramentas de
produção do Teleduc.
Esses últimos levantamentos são considerados os dados qualitativos
da pesquisa e as contradições encontradas na atividade emergiram desses
dados, sendo discriminadas, conforme a classificação sugerida por
Engeström (1987), como primárias, secundárias, terciárias e quaternárias.
Os registros de freqüencia somados aos dados qualitativos mostraram
como o aluno se envolveu no decorrer do curso, ou seja, a maneira como o
engajamento pôde ser percebido na ação do aluno nos diversos espaços do
curso.
Os resultados desta pesquisa serão discutidos em dois capítulos:
Resultados e Discussão: Contradições da Atividade em Estudo e Engajamento
dos Alunos.
O capítulo Resultados e Discussão: Contradições da Atividade Em
Estudo apresentará as contradições primárias, secundárias, terciárias e
quaternárias encontradas na atividade. O capítulo Engajamento dos Alunos
enfocará os indícios de produção encontrados nos chats e em outros espaços
126
de produção do curso e, ainda, depoimentos retirados dos questionários e e-
mail do curso e particular.
127
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
CONTRADIÇÕES DA ATIVIDADE EM
ESTUDO
Neste capítulo, focalizarei as contradições encontradas na atividade,
com base nos registros escritos dos participantes (chat, e-mail, respostas ao
questionário e produções escritas dos alunos registradas nos espaços de
produção) e nas anotações feitas por mim ao longo do curso. Vale lembrar
que a comunidade da atividade é formada a) pelos alunos; b) pela
professora, que também foi pesquisadora, c) pela coordenadora e d) pelo
suporte técnico. Nesta pesquisa, centralizarei minha atenção na atividade
vivenciada pelo aluno e, antes de iniciar o levantamento das contradições
existentes, tratarei da estrutura hierárquica da atividade.
Toda estrutura hierárquica de uma atividade é caracterizada em três
níveis (Engeström, 1987). No primeiro nível, a atividade é orientada por um
objeto que corresponde à satisfação das necessidades. No segundo, a
128
ação propriamente dita, que é consciente e determina os meios que serão
utilizados para satisfazer as necessidades. No terceiro, as operações
automatizadas que o ser humano usa para obter o resultado desejado.
A estrutura é, sem dúvida, um ponto de partida útil; embora pareça
rígida, para a teoria da atividade não entidades estáticas: as atividades
estão sempre mudando e se desenvolvendo em todos os níveis: novas
operações são formadas a partir de novas ações, na medida em que as
habilidades dos sujeitos-participantes da atividade vão melhorando. Novas
ações são inventadas, experimentadas e adaptadas como respostas a novas
situações ou durante o processo de transformação do objeto.
Os níveis hierárquicos de nossa atividade podem ser então
apresentados conforme o Quadro 9:
Quadro nº 9 - Níveis hierárquicos da atividade em estudo
Orientada por
Realizada por
Nível da
atividade
Atividade de se engajar no curso de
Compreensão do Inglês Falado via
Internet I e II
Motivos de cunho:
pessoal
profissional
social
Alunos e professora
Nível das
ações
Exemplo: acessar páginas de
conteúdo
Exemplo:
meta: fazer as tarefas
Indivíduo ou grupo
Nível das
operações
Exemplo: digitar o endereço do
curso no navegador
Exemplo:
meta: entrar no curso
Servidor/ indivíduo/
computador/ software
Como se pode observar, no primeiro nível, a atividade coletiva de se
engajar no curso de Compreensão do Inglês Falado via Internet é orientada
por motivos de cunho pessoal, profissional e social, a serem explicitados
mais adiante (página 137); no segundo nível, um exemplo de ação do
indivíduo orientada para a realização de uma meta (fazer as tarefas); no
terceiro nível, um exemplo de operação do indivíduo (digitar o endereço
do curso no navegador) orientada por uma meta (entrar no curso), e
129
concretizada pelas condições instrumentais da atividade (computador,
software, servidor e indivíduo).
Acessar o site do curso e ler a agenda para se manter atualizado;
configurar o drive de CD-ROM para ouvir os arquivos de áudio; acessar e ler
as páginas de conteúdo no Course Dynamic; preencher o Profile para se
apresentar aos colegas; usar as ferramentas digitais do TelEduc para fazer as
tarefas do curso; enviar mensagens para os Discussion Forums e por e-mail
para se comunicar com o professor e os colegas; participar dos chats foram
algumas das ações conscientes que determinaram os meios para satisfazer as
necessidades de cada um.
Ligar o computador, abrir um navegador, digitar o endereço do curso,
conectar-se, clicar em links, abrir arquivos de áudio e de vídeo, digitar texto
etc. foram algumas das operações usadas. Destaco que muitas delas
consistiram em ações em um primeiro momento, pois o aluno não sabia
como proceder e precisou ser cuidadosamente orientado até chegar ao ponto
de automatizar a ação e ela se tornar operação. Um exemplo de operação
que se iniciou como ação pode ser observado na troca de mensagens entre
C2 e a professora logo no início do curso, sobre como inserir um texto no
Discussion Forum:
16/03
Oi Angelita, sou eu de novo a C2.
Hoje o dia inteiro fiquei em frente do computador e não consegui realizar nenhuma tarefa. Não
estou conseguindo entender quase nada. (…) outra lição que eu tentei enviar foi no discussion
forum no item "Identify Genres", e não havia um lugar para digitação. (…). Obrigada C2
16/03
C2
Relax. (…) Quanto ao Discussion:
1. Vc clica no link do Discussion Forum, e então aparece uma tela a sua direita com a lista dos
discussions da unidade 1.
2. Clique em Unit1-step 4a. Aparece uma nova tela com: 1. Question to be answered.
3. Clique nesse link (1. Question to be answered). Aparece uma tela com a pergunta. Em baixo dela
vc tem os seguintes botões: Reply - Delete - Return to the list of messages.
4. Clique em Reply, ai aparece a tela com lugar para vc responder.
130
Apesar de os alunos terem participado dos módulos de Leitura
Instrumental em Inglês via Internet I e II na plataforma WebCT, entender a
lógica de uma nova plataforma, participar dos chats, deixar mensagem no
Discussion Forum, deixar tarefas no Portfolio, entre outras ações, causaram
algumas perturbações para a atividade. Além disso, para a maioria dos
alunos, lidar com os arquivos de som e de vídeo foi uma novidade e isso
implicava um certo domínio em algumas operações:
a. reconhecer o tipo de arquivo pela sua extensão (.mov, .mp3, .wav,
.ram, .ra, .mid etc.);
b. reconhecer o tipo de programa necessário para usar com cada
arquivo de som/ vídeo (Windows Media Player, Quicktime, Real
Player, Real One etc.);
c. saber configurar o CD conforme o drive usado (d:/ ou e:/);
d. instalar no computador (de alguns alunos) programas de áudio/
vídeo.
Como as atividades não são unidades isoladas, mas parecem nódulos
de uma rede interligada, elas são influenciadas por outras atividades que
podem causar desequilíbrios ou contradições. As contradições também são
percebidas dentro da atividade, entre os elementos de sua estrutura, entre
suas diferentes fases e manifestam-se como problemas, rupturas, embates
etc., entretanto são fontes de seu desenvolvimento.
Diante de tais considerações, qualquer atividade humana nunca é
estática. Ela muda continuamente, transformando os instrumentos e
incorporando inovações. Uma vez que está inserido em uma comunidade,
esse sistema convive com perturbações, impasses e contradições que levam
ao desenvolvimento de novas atividades, ou seja, sofrem modificações.
Neste trabalho, desenvolver significa resolver ou transformar as
contradições, o que resulta em uma mudança na atividade: a construção de
131
um novo objeto e motivo(s). Tal mudança é um processo cíclico construído
ao longo do tempo, em um movimento espiral de internalização e
externalização, conforme explica Engeström (1987: 124 - 125).
The essence of learning activity is production of objectively,
societally new activity structures (including new objects,
instruments, etc.) out of actions manifesting the inner
contradictions of the preceding form of the activity in question.
Learning activity is mastery of expansion from actions to a new
activity. While traditional school-going is essentially a subject-
producing activity and traditional science is essentially an
instrument-producing activity, learning activity is an activity-
producing activity. (Engeström, 1987: 124-125, itálico no
original)
As contradições, por sua vez, não necessariamente precisam ser
evitadas, elas podem ser (e geralmente são) a força motriz de transformação
dentro da atividade (Engeström, 1987) e são consideradas tensões estruturais
que podem se acumular em algum componente do sistema, ou entre
componentes do sistema e entre sistemas, causando desequilíbrio
(Engeström, 1999). Elas representam a presença de elementos não familiares
cujo estudo é necessário para estabelecer o tipo de desenvolvimento que
está ocorrendo dentro do sistema de atividade.
Várias contradições foram detectadas na atividade da pesquisa e
foram classificadas, conforme discutido no capítulo de Fundamentação
Teórica, em contradições primárias, secundárias, terciárias e quaternárias.
1. Contradição Primária
Para que se possa visualizar mais claramente onde se localiza a
contradição primária, retomo o Diagrama 1 (Engeström, 1987: 73)
encontrado no capítulo de Fundamentação Teórica. A contradição primária é
encontrada em cada canto ou vértice do triângulo e está ligada ao valor de
uso versus o valor de troca.
132
Diagrama 1 - A estrutura da atividade humana
Na atividade em estudo, ela pode ser encontrada na ferramenta, no
objeto, na divisão de trabalho e nas regras.
1.1 Na ferramenta
O TelEduc foi escolhido por se tratar de um software gratuito;
entretanto, não incorporava recursos (como os pagos possuem) que
permitissem a colocação de exercícios que registrassem automaticamente no
sistema as respostas dadas pelo aluno. Conseqüentemente, foi usado o
HotPotatoes (explicado no capítulo de Metodologia) – outro software gratuito
que possibilitou a inserção de exercícios. Mas ainda assim, a performance do
aluno nos exercícios de compreensão da fala recurso disponível nos
softwares de autoria pagos não foi registrada. Deve-se lembrar que,
originalmente, o curso foi desenhado para a plataforma WebCT (um software
pago), que incluía ferramentas para exercícios com feedback automático e
registro da performance do aluno.
133
Em 2004, na versão 3.3.2 do TelEduc, duas ferramentas foram
incorporadas e estão em fase de desenvolvimento: Exercícios e Avaliações.
Atualmente, é possível inserir exercícios de múltipla escolha, falso/
verdadeiro e de respostas dissertativas. Além disso, a versão atual consegue
registrar a performance do aluno em cada exercício.
1.2 No objeto
Um princípio básico da teoria da atividade vem do pressuposto de
que toda atividade humana é motivada pela necessidade (Leontiev, 1978): os
homens são criaturas que se orientam por objetivos ou metas e são capazes
de articularem suas intenções e seus planos (motivos) para os atingirem. O
questionário aplicado no final dos módulos (na seção Estudando online,
questão 13
17
) avaliava, numa escala de três níveis de necessidade (muito
grande, não muito grande, pequena), a percepção de se fazer o curso, sendo
que o nível mais polar referia-se à maior necessidade. Pelos dados obtidos,
nove alunos consideraram imprescindível fazer o curso naquele momento
por terem assinalado a alternativa (a) muito grande, precisava para minhas
atividades no trabalho.
As motivações do aluno para fazer o curso foram reveladas a partir da
primeira tarefa do módulo I - Small Talk um roteiro de perguntas
reproduzido a seguir:
Small Talk Part I
Before we start the course, let’s take the chance to tackle some issues. It's important to share some things.
Take your time to answer the questions below. Send your answers in a paragraph format to the Discussion
Forum.
!1. Write about your expectations for this module. What do you expect to achieve?
2. What kind of opportunities do you have to listen to English?
3. Fill in the statements according to your experience in listening to English:
a. I feel nervous when …
b. I feel calm when …
c. I feel stressed/ tired when …
d. I feel lost when …
17
Ver anexo 2.
134
e. I feel happy/ enthusiastic when …
f. I feel … when …
4. Which listening situations do you find particularly difficult?
Esse roteiro não fazia parte do design original do curso e foi inserido
porque houve um atraso de uma semana no recebimento dos CDs. Então,
passou a ser a primeira tarefa individual a ser registrada no Portfolio
Individual. A primeira questão (Which are your expectations for this module?
What do you expect to achieve? Quais suas expectativas para este módulo?
O que você espera alcançar) investigava informações ligadas aos motivos
para se fazer o curso. Dos 19 alunos inscritos, 10
18
responderam e , por meio
das respostas, foram obtidos os seguintes dados:
A: “Although I,ve begin this new course a little late (My house is upset down because it is
beeing reformed), I intend to do all the lessons and to partipate in all chats.“
C2: “Well, I`ve stayed very anxious to start this module. Now, I hope to understand and to
improve the listening, and to know how to work with my students.”
C1: ” I want to learn more with this course specially how to work with listening strategies
with a class of 40 students.”
D2: ” After all, I want to say that I´m happy to have this oppotunity to do this course. This
course will help me so much because it will improve my knowledge and help to find a good
occupation.”
M4: ” My expectation for this modules is very good, because I have difficult in listen.
perhaps lack practice. I think that with this module I can to improve.”
M1: ” In this module, I think i will learn how to understand more oral english. I will pratice
my hearing for english conversation. When you understand english, you have more chance
to find a good job, to know other cultures.”
T1: ” I think in this course English Comprehension and Speaking I intend to improve my
speaking and listening to English, learning new strategies and adapting them to my classes
in the state school, though I am sure that we as teachers from state, besides to be in
contact with the new strategies, we will have to be creative due to the numerous classes
we have - thirty-five, forty students per class”
18
O roteiro ficou no ar por duas semanas. Transcrevi literalmente o que os alunos
responderam.
135
T2: “My expectations for this module are the best. As a no-native language teacher,
contemplate my difficulties and develop my skills more and more, because my
opportunities to listen to English sum up in music and films.”
V: “In this module, I expect to improve my oral English, exchange experience and activities
with the colleagues of the course, learn more about different and interesting classes for my
students,!!change for the better my classes, and awake my students to learn English with
pleasure.”
Z: “In this module, I wait to have opportunities and understand much when I listen activities
in English language; as well as to share my doubts with other colleagues, who suffer and
make anxious about that. Maybe, if I learn some listening strategies, I should get self-
assurance. As a result of that, I think I would be able to deal with!!my pupils and help
them!!how to apply a listening class that they could understand something with pleasure
and enthusiasm.”
As respostas foram sintetizadas conforme mostra o Quadro 10
Quadro nº 10 - Motivos mencionados pelos alunos para fazer o curso de Compreensão do Inglês
Falado via Internet I e II
Natureza
Motivo
de cunho pessoal
“sanar dificuldades próprias em ouvir o inglês falado”
“praticar ouvir o inglês falado”
“ficar mais auto-confiante quanto a entender o inglês falado”
“desenvolver o conhecimento”
“saber como entender o inglês oral”
“fazer as lições …”
“ conhecer outras culturas”
de cunho
profissional
“saber como trabalhar esta habilidade com seus alunos em suas aulas”
“aprender novas estratégias e adaptá-las para suas aulas
“mudar suas aulas tradicionais”
“despertar em seus alunos o prazer de aprender o inglês”
“Conseguir uma melhor oportunidade profissional”
de cunho
social
“trocar experiências e atividades com os colegas do curso”
“compartilhar dúvidas com os colegas do curso”
“ … e participar em todos os chats
Uma vez que a atividade é uma forma de fazer direcionada a um
objetivo e a transformação desse objetivo em um resultado ou produto é a
motivação da existência da atividade, pode-se dizer que os alunos tiveram
motivações de cunho pessoal, profissional e social. Ao observar os motivos
136
de cunho pessoal, detectei a intenção de desenvolvimento da habilidade de
compreensão da fala (“sanar dificuldades próprias em ouvir o inglês falado”,
“ficar mais auto-confiante quanto a entender o inglês falado”, “saber como
entender o inglês oral” e “praticar ouvir o inglês falado”). Quanto aos
motivos de cunho profissional, os indícios mostram que havia a intenção de
querer usar o que pudesse ser aprendido durante o curso para a prática
pedagógica e para desenvolvimento profissional (“conseguir uma melhor
oportunidade profissional”). Os motivos de cunho social foram revelados no
encontro para troca de experiências, nas atividades e na oportunidade para
compartilhamento de dúvidas. A satisfação desses motivos demonstrou o
resultado esperado pelos participantes.
Conforme pode ser visto no Quadro 10, alguns dos alunos
mencionaram que queriam fazer o curso para “saber como entender o inglês
falado” e “conhecer outras culturas” (valor de uso); outros afirmaram terem
sido motivados “para melhorar meu currículo”, “para conseguir uma melhor
oportunidade profissional” (valor de troca). Alguns manifestaram um querer
fazer o curso para aplicá-lo em suas práticas profissionais, melhorando assim
suas aulas (valor de troca).
Uma aluna registrou sua preocupação no chat, perguntando se o
certificado do curso estaria pronto em tempo para o concurso de PEBII, para
poder incluir os pontos vindos do certificado (valor de troca):
Chat –09/07
23:10:02 – M4 says to All: Teacher, do you know if to next concourse PEB II we will have time to present the
certificate this course to addition our points? This help us very much
137
1.3 Na divisão de trabalho
Na divisão de trabalho, pode ser observado como participantes da
comunidade dividem a responsabilidade na influência e definição do objeto.
Reforçando a observação de Lang (2004: 82), diferenças nas relações de
trabalho entre os participantes, pois as atividades diferentes que os envolvem
têm valores de troca diferenciados. O professor, o coordenador e o suporte
técnico são pagos pela atividade com dinheiro; os alunos são pagos pelo
próprio curso e com os certificados. Aqueles que o concluem recebem um
certificado (que vale pontos), aqueles que não conseguem concluí-lo são, de
certa forma, punidos se forem consideradas as regras que o sistema impõe
para ascenção na carreira.
1.4 Nas regras
Na teoria da atividade, quando se trata de regras, incluem-se também
normas, rotinas, hábitos e valores, que podem ser determinados tanto em
nível formal, consciente e explícito, quanto informal, inconsciente e
implícito. As regras permitem um certo nível de estabilidade para a atividade
humana, na medida em que orientam o(s) sujeito(s) a manusear(em) as
ferramentas na atividade. Na atividade em foco, pude reconhecer regras
explicitas e implícitas ou inferidas.
Uma regra explícita dizia respeito ao equipamento tecnológico e às
condições de conexão necessárias para a realização do curso; contudo, por
se tratar de um curso online, que trabalhava com arquivos de áudio e vídeo,
os beneficiados foram aqueles alunos que possuíam um computador mais
atualizado e um acesso melhor à Internet. Assim, ficaram prejudicados os
outros alunos, como pode ser observado nos registros a seguir, por três
motivos:
1. Por conexão ruim não puderam participar de chat
138
Quadro nº 11 - Registros que indicam problemas de conexão
E-mail - 25/05
Dear teacher Angelita,
Iam writing to apologize for last chat. I and L couldn´t access the internet because the conection
was bad…. S
E-mail - 06/04
Hi teacher,
I had some problems with the internet last Saturday and I couldn´t be present on the chat. - > I´ll try
to be present next Saturday. A nice week for you. > C1
Chat – 12/04
(16:48:46) T2 says to All: I am back! My computer waged! I always have connection problems too!
Questionário:
D2 - Muitas vezes o site era muito demorado e eu não conseguia visualizá-los. Talvez o problema
fosse no meu computador
R2: Não conseguir participar de todos por motivos técnicos no meu computador ou na rede.
Teclado não respondia o comando.
2. Por falta de pagamento
19
da linha telefônica atrasaram-se
no curso
Quadro nº 12- Registros que indicam problemas com a linha telefônica
E-mail - 20/03
Olá, Teacher Angelita,
Desculpe-me, estava com problemas p/ acessar a Internet nestas últimas semanas, só estava
recebendo as ligações telefônicas…… Z
E-mail - 27/04
R2 wrote:
I am late, I am sorry, But I was problem with telephone line.
3. Pelo tipo de computador que possuíam não puderam fazer
todas as tarefas
Quadro nº 13- Registros que indicam problemas no computador do aluno
Chat 17/05
(17:39:25) M2 says to All: No, Teacher, thanks , I’m doing the exercises My real difficult is with my
computer. but I think it will be solve too.
Questionário:
R2 - Não conseguir participar de todos por motivo técnicos no meu computador ou na rede.
M4 - Encontrei muita dificuldade na abertura de alguns arquivos, precisando recorrer para outros
computadores.
As contradições primárias observadas trouxeram como conseqüências
principais:
19
Conforme explicitado em conversa por telefone.
139
a. a impossibilidade de acompanhar o desempenho dos alunos nas
tarefas de compreensão oral, uma vez que os sistemas TelEduc e
HotPotatoes não registravam a performance do aluno nos
exercícios;
b. a impossibilidade, para alguns alunos, de participar dos chats,
trazendo como conseqüência uma sensação de frustração por não
terem podido concretizar plenamente o motivo social
manifestado (p. 135);
2. Contradição Secundária
A contradição secundária manifesta-se entre os vértices do triângulo e
para Engeström (1987) é a mais comum. Na atividade em foco, vamos
encontrá-la entre: ferramenta e objeto (p. 139); sujeito e ferramentas (p. 141);
sujeito e objeto (p.165); sujeito e regra (p.168); sujeito e divisão de trabalho
(p.179); e sujeito e comunidade (p.182).
2.1 Contradições entre Ferramenta e Objeto
Entre os princípios básicos da teoria da atividade, está a mediação por
meio de ferramentas, que moldam a maneira como se interage com a
realidade. Por um lado, as ferramentas podem expandir as habilidades para
manipular ou transformar objetos diferentes e, por outro, podem limitar ou
restringir a percepção e manipulação do objeto em si.
A contradição entre ferramenta e objeto impede o fluxo entre os dois
componentes do triângulo, e nesta pesquisa, foram detectados três pontos de
contradição: na ferramenta digital Chat, no uso de apóstrofe no TelEduc e no
servidor da PUCSP. Os registros a seguir demonstram esses pontos.
Problema na ferramenta digital Chat
140
Quadro nº 14 - Registros que indicam problemas na ferramenta digital Chat
Chat – 12/04
(16:29:07) V asks T1: Tania, I can not read the things you write and I can not adjust the web. I my
God. What is happening?
E-mail - 02/06
>> Teacher>
> In the last chat (June, 02) I was triyng to participate to the chat, but I think that I didn´t know how
to do it, because I didn´t see what the people was writing and what I was writing. I think was some
problem with the computer (or whith the program). It was wrote the message: Unscheduled
session.>> D2
Chat – 09/07
(23:06:31) D2 says to All: I dont know if youre seeing what Im writing, but I see nobody. Teacher,
can you send an e-mail telling me if you can see me, in the chat?
O problema experienciado pelas alunas ocorreu algumas vezes
comigo, e eu não conseguia ver o que os outros escreviam. Ainda na versão
3.3.2, isso ocorre e não se sabe o porquê.
Problema de uso de apóstrofe no TelEduc
Quadro nº 15 - Registros que indicam problema de uso de apóstrofe no TelEduc
29/03
Oi Angelita,
Estou tentando enviar minhas mensagens no discussion forum e está dando erro, não consigo envia-las. O
que está acontecendo? Mando esta mensagem para o suporte técnico ou não? C2
11/04
Entrei no Chat sabado, porem a pagina esta dando erro e fecha, conversei com algumas colegas, elas estao
tendo o mesmo problema ou quando acessam o Chat ou as unidades. … (V)
Toda vez que se usa apóstrofe no TelEduc, o sistema acusa erro e a
mensagem digitada é perdida. No inglês, é muito comum usar esse sinal por
conta das abreviaturas que existem, como por exemplo, I’m/ don’t etc. Por
conta disso, os alunos tiveram de recorrer a outro tipo de escrita: ou escrever
por extenso, ou usar outro símbolo no lugar, mas foi preciso um certo tempo
para que essa prática fosse incorporada à rotina da atividade.
c. Problema no servidor da PUCSP
Em 22/03, faltou energia elétrica e isso afetou o servidor da PUCSP,
que ficou fora do ar por cinco horas. Esse incidente se repetiu ao longo do
curso mais duas vezes.
141
Quadro nº 16 - Registros que indicam problema no servidor da PUCSP
REGISTRO
23/03
Bom dia Angelita, sou eu de novo a C2. Ontem tentei
entrar no curso o dia todo, e não consegui. Passei uma
mensagem para o suporte técnico ontem e hoje também,
pois, a página não abre do curso para poder fazer meus
exercícios. Estou preocupada, pois como vc. vê, eu não
consegui terminar minhas lições. O endereço está
digitado corretamente. (C2)
Mensagem recebida do suporte em 24/03
"Estou escrevendo para reportar que
tivemos problemas de falta de energia no
sabado que tirou o servidores do ar por 5
horas. Logo depois da força ser
reestabelecida algum pico de energia
impediu que os discos conseguissem voltar
ao estado de operação normal. O que
ocasionou a impossibilidade de acesso aos
cursos. De qualquer forma esta tudo
funcionando normalmente agora."
01/04
Bom dia.
Desde domingo, não tenho conseguido acessar o curso.
Será que o problema é no meu computador? Aparece a
mensagem: A página não pode ser exibida. D2
Ok, sem problemas. Eu havia me programado para
finalizar a Unidade 02 no final de semana da Páscoa
mas, infelizmente, o site da PUC ficou fora do ar.
Amanhã, com certeza, eu terminarei as atividades
relativas a unidade 02. Obrigada, F.
O servidor ficou fora do ar novamente.
Para lidarem com essas contradições, quando faltou energia elétrica e
o servidor saiu do ar, professores e alunos tentaram acessar o curso em outro
dia e horário. Quando houve problemas técnicos no chat, encerrei o evento
antes do tempo previsto e, depois, entrei em contato com o suporte técnico,
que encaminhou o problema para a equipe de autoria do TelEduc. Quando
se descobriu que o TelEduc não aceitava o apóstrofe, foram inventadas
outras convenções de escrita, como por exemplo I*m ou I dont.
2.2 Contradições entre Sujeito e Ferramentas
A mediação é um dos princípios básicos da teoria da atividade, já que
os homens têm acesso ao mundo somente de forma indireta. Desse modo, a
forma pela qual ele obtém a informação sobre o seu universo e a maneira
pela qual age sobre a informação obtida ocorre por meio da mediação. Os
componentes sujeito, objeto e comunidade não agem um sobre o outro
diretamente e suas interações são mediadas por outros fatores. As
142
ferramentas (artefatos, símbolos, instrumentos e signos) modelam a maneira
como as pessoas interagem com a realidade, com o contexto e medeiam o
relacionamento entre o sujeito e o objeto (motivo para realizar a atividade);
as regras são definidas pela comunidade e medeiam o relacionamento entre
o sujeito e a comunidade; e a divisão de trabalho medeia o relacionamento
entre a comunidade e o objeto da atividade. Cada um desses fatores está
ligado ao contexto e existe formalmente (está documentado) ou
informalmente (é percebido).
Em outras palavras, o homem constrói imagens mentais por meio de
elementos mediadores constituídos por ferramentas e signos. Com as
ferramentas, ele regula as ações sobre os objetos e controla a natureza; com
os signos, representa simbolicamente o mundo concreto, comunica-se,
compartilha significados e interpreta as situações que ocorrem no mundo.
Portanto, as ferramentas criadas pelo homem têm um fim determinado,
dirigido para o seu próprio desenvolvimento (Vygotsky, 1978).
As ferramentas podem ser materiais ou psicológicas. As materiais
manipulam objetos físicos (por exemplo, martelo, caneta, livro, tecnologias
web) e, geralmente, são uma extensão das capacidades humanas, pois
ajudam-no a operar no mundo para modificar o ambiente. As psicológicas
são usadas pelos homens para influenciar outras pessoas ou a si mesmos (por
exemplo, agenda, propaganda). Elas podem produzir efeitos internos e
externos sobre indivíduos e grupos sociais, sendo que nos indivíduos, os
efeitos podem ser de auto-regulação e de regulação de outros (Vygotsky,
1978) e nos grupos sociais, podem ser de pensamento compartilhado,
negociação de significado e de práticas.
Na pesquisa, deparei-me com ferramentas materiais, psicológicas e
aquelas que chamarei de híbridas (por poderem ser vistas ora como
ferramentas materiais, ora como psicológicas). As ferramentas materiais
foram:
143
servidor da PUCSP – responsável por alojar o curso;
o CD-ROM contendo o material de áudio e vídeo enviado ao
aluno;
os programas para tocar arquivos de vídeo e áudio (Quicktime,
RealPlayer, Real One, Windows Media Player);
os programas de editor de texto;
os servidores de e-mail;
os endereços de sites colocados no curso.
As ferramentas psicológicas foram:
a habilidade de compreensão do inglês falado componente
cognitivo desenvolvido no curso de Compreensão do Inglês
Falado (descrito no capítulo de Metodologia);
a língua inglesa usada para a comunicação no ambiente que
modelou a compreensão entre os sujeitos e sua interpretação
acerca da atividade. Como ferramenta psicológica, pôde
transformar as experiências em conhecimento, formular e
externalizar pensamentos, revelar o que o aluno sabia, suas
dúvidas, suas interpretações.
As ferramentas híbridas foram:
o computador e o TelEduc, com suas ferramentas digitais
(descritas no capítulo de Metodologia) considerados tanto
ferramentas materiais quanto psicológicas (Hasan, 1998): ao
serem usados para que um indivíduo interaja com o outro
(como o telefone ou a carta) são ferramentas materiais;
entretanto, a interação resultante desse uso pode levar a uma
função psicológica. Por exemplo, ao se colocar na agenda de
um curso online a programação da semana, ao se dar feedback
144
para uma tarefa, ao se responder uma dúvida do aluno etc.,
podem ocorrer efeitos internos e externos sobre os alunos,
como por exemplo, ajudar o aluno a crescer em seu processo
de aprendizagem, ao ser alertado para prestar atenção a um
ponto específico;
os materiais do curso (páginas de conteúdo, arquivos de áudio
e vídeo, tarefas e instruções). As tarefas, sobretudo as
instruções, deveriam conduzir à adoção de determinadas
estratégias por parte do aluno. Ele deveria saber o que fazer em
função dos objetivos colocados, da familiaridade da
informação, do nível de dificuldade etc. Dessa forma, o
indivíduo se esforçaria, mais ou menos, conforme o
conhecimento que possuísse sobre as características e
exigências da tarefa (Fry & Lupart, 1987);
Tanto as ferramentas materiais quanto as psicológicas são dominadas
e apropriadas (Wertsch, 1998) e tal domínio implica o aprendizado do uso
dessa ferramenta; saber como e em que contextos usar. A apropriação
implica a idéia de tomar a ferramenta, adotá-la e imprimir-lhe um uso
próprio, pessoal (Leontiev, 1981).
Como é o sujeito que faz uso da ferramenta, para se compreender
suas ações mediadas, é necessário verificar como isso ocorre na atividade.
No curso, a falta de domínio no uso de certas ferramentas trouxe como
conseqüência distúrbios na atividade.
2.2.1 – Nas ferramentas materiais
Foram observadas contradições em dez eventos referentes às
ferramentas materiais, examinados a seguir: computador de aluno, endereço
do curso, senha, plataforma TelEduc, sites indicados, atraso no recebimento
145
do CD-ROM, mensagens que retornaram, problemas de conexão, páginas
expiradas e arquivo em falta no CD-ROM.
COMPUTADOR DE ALUNO
Quadro nº 17- Registros que indicam problemas no computador do aluno
REGISTRO
E-mail -
>> Good evening, Angelita,
>> I have had a big problem....As I do not know computers very well I asked to my brother.....We need to click
on the folder in our CD to listen to music 1/2/3 and my brother said it is necessary Microsoft Media Player and
in mine there is only Windows Media Player; because of this I can not listen to the music. What can I do?>
Thanks>> T2.
Questionário
J: Não gostei de: Não ter conseguido fazer algumas atividades como aquela sobre Chico Mendes, pois
parece que o meu computador não tem Quick Time ou Real Player ( OU NÃO CONSEGUI USÁ-LOS), mas
pude ver os dois clips e a imagem de alguns entrevistados estrangeiros- do Reino Unido.
M4-… Não gostei de: encontrei muita dificuldade na abertura de alguns arquivos,
precisando recorrer para outros computadores. Sugestões: determinar os programas
necessários (do computador) para ter maior agilidade nos trabalhos solicitados
O computador de alguns alunos não estava configurado com o
software apropriado para tocar os arquivos de áudio e vídeo, o que acarretou
aborrecimentos e atraso nas tarefas de compreensão. Embora houvesse
informação quanto à configuração mínima necessária para se fazer o curso
por ocasião da inscrição do aluno, parece que alguns não prestaram atenção
a isso, como pode ser visto pela sugestão dada por M4.
ENDEREÇO DO CURSO
Quadro nº 18 - Registros que indicam problema de endereço do curso
E-mail –
Hello Angelita
I acess the program last week, but I only answered a questionary and a page Welcome. I didn’t find
the tools so I didn’t do anything, because the calendar doesn’t open too.
I am trying to acess the program every day but is in vain. What can I do? Can you help me? Hugs V
Olá Angelita,
Finalmente consegui acessar o curso o problema foi que eu estava acessando o curso errado
http://lael.pucsp.br/backup … mas agora está tudo bem. Vou te enviar o mais rápido possível a resposta das
questões. Obrigada,- R1
146
Alguns alunos, apesar de terem sido notificados por e-mail sobre o
endereço do curso, acessavam o curso antigo. Isso causou alguma
inquietação e conseqüente atraso nos primeiros quinze dias do curso.
SENHA
Quadro nº 19 - Registros que indicam problema de senha
E-mail
Angelita!
Estou tentando e não consigo acessar o curso. Continua a mesma mensagem: "Ocorreu um erro na
pesquisa solicitada Por favor tente novamente. Erro na consulta : Table ´TelEduc.Usuario´ doesn´t exist
Consulta enviada : select senha,cod_usuario from Usuario where
login='0282025'" A última senha que foi passado para mim não está dando certo. (M4)
Oi Angelita,
Eu não consegui acessar o programa porque a senha e o login não entram. Insistirei mais vezes. Obrigada, -
V
Olá, Angelita
estou com problemas com a minha senha enviei um e-mail para adminstração me enviaram uma nova senha
mesmo assim não consigo entrar no programa, estou aguardando solução,peço ajuda, obrigada, - R1
Oi Angelita,
Ainda não consegui acessar, porque a senha não entra. Obrigada V
Olá Angelita,
Continuo com problemas com a minha senha, estou aguardando resposta da parte administrativa, até logo, -
R1
Dear Angelita,
How are you? I didn't finish the activity, because my password is with problems. I send an e-mail to doubts
techniques. I am waiting the answer. L
O TelEduc gera uma senha composta por letras maiúsculas e
minúsculas associadas com números, em ordem randômica por exemplo,
Ac3fRT0x. Se o usuário digitar uma letra minúscula ao invés de maiúscula, o
sistema não reconhece e isso gerou um certo desequilíbrio no começo do
curso.
A explicação sobre a senha do TelEduc era mandada para os alunos
com sugestões de procedimentos como copiar e colar, conforme pode ser
visto no e-mail abaixo:
Oi V
Por favor observe que a senha que você recebeu pode conter
caracteres em letras maiusculas e minusculas. O programa
diferencia entre elas então a senha deve ser digitada exatamente
como você recebeu no e-mail. Vc pode fazer um copia/cola. Tente
ok, se vc nao conseguir escreva para [email protected] .
Angelita
147
Como professora do curso, pude mandar uma nova senha para os
alunos que a perderam, esqueceram, ou não conseguiam usar a enviada
anteriormente.
PLATAFORMA TELEDUC
Quadro nº 20 - Registros que indicam problema com a plataforma
Chat – 12/04
(16:39:06) F says to All: in the beginning it was difficult, because this site is different from the
other,…
Questionário
M3: …NA VERDADE EU ME SENTI PERDIDA NO CURSO INTEIRO POR QUE A
CONFIGURAÇÃO DO SITE FOI INADEQUADA PARA TAIS FINS.
Apesar de o TelEduc parecer mais simples do que o WebCt, a
mudança de plataforma causou um pouco de dificuldade, principalmente no
manuseio das ferramentas Individual Portfolio e Group Portfolio. Em muitas
ocasiões, os alunos não deixavam o acesso a essas ferramentas
compartilhado para todos e isso comprometia o trabalho colaborativo.
SITES INDICADOS NO CURSO
Quadro nº 21- Registro que indica problema no site indicado
Chat 07/05
(23:47:06) C2 says to All: And the step7 I read the biography of the artists, but there are many reading and I
do not where exactly to read and to do activities.Where to go exactly.
Os sites indicados para obtenção da informação necessária para
completar a tarefa pedida na unidade 2 - Music pareceu confuso para
alguns alunos.
ATRASO NO RECEBIMENTO DO CD-ROM
Quadro nº 22- Registros que indicam problema na entrega do CD-ROM
E-mail
Dear Angelita,
I am not sure if we can use this part of the course now. Anyway I am writing to tell you that I have
not received the Cd-Room, mentioned. Sincerely yours J.
Hi,
No, I didn't receive the CD, only my password and login. Then... I'll wait some information about it. Have a
nice and productive Friday. T1
148
Angelita, não recebi o CD-ROM, caso tenha sido problema com endereço, por favor mande-o para: XX JXXX
MXXXX na Rua Jxxxx Cxxxxx Pxxxxx sn - Jxxxx Mxxxxx - Diadema - SP. CEP:xxxxx-xxx. - Estou ouvindo o
CD-ROM da S, nós estamos acessando o curso juntas, provisoriamente. Obrigada! - M3
Como houve um atraso de uma semana no envio dos CDs, a tarefa
Small Talk foi criada e inserida para ser realizada na primeira semana.
Contudo, para alguns alunos, esse atraso se estendeu para duas ou três
semanas e isso gerou um ligeiro atraso no cronograma: a unidade 1 ficou no
ar por quatro semanas ao invés das três semanas programadas.
MENSAGENS QUE RETORNARAM
Quadro nº 23 - Registro que indica retorno de mensagens
Mensagens que retornaram:
Mail box not found/ Usuário desconhecido:/ Mailbox lotada
Durante o primeiro mês de curso, algumas mensagens retornaram ou
porque o usuário era desconhecido, ou porque a caixa postal estava lotada.
Como isso ocorria sempre em todos os módulos e versões do curso, para a
turma seguinte, organizou-se uma equipe (composta por estagiários de
prática de ensino), que teve como incumbência, entre outras ações, entrar
em contato telefônico com alunos cujas mensagens retornavam. Essa
iniciativa provou ser muito benéfica, evitando assim que o estudante se
atrasasse em seu cronograma.
PROBLEMAS DE CONEXÃO
Quadro nº 24- Registros que indicam problema de conexão
Chat 07/05
(23:31:09) angelita says to All: I think we might be having some conection problems.
(23:32:10) m2 says to All: Everybody is leaving on I think so.
(23:32:29) angelita says to All: I’m writing and it takes a very long time to appear in the screen. Is this
happening to you?
(23:33:09) angelita says to All: Well, I think they’re going to come back.
(23:33:23) m2 says to All: yes, teacher.
(23:38:22) angelita says to All: We are having some conection problems.
(23:38:44) C2 says to All: Ok. Sometime I have too.
(23:51:28) angelita says to All: I think we are having conection problems because they were here and they
keep on going out and coming in. T1 and J were here before. I think they decided to come next 17th May.
(00:00:43) angelita says to All: You see C2. We are having problems
(00:01:15) Carla Milene Bi says to All: Yes
149
O trecho do chat acima aponta para o problema de lentidão no
recebimento de mensagens (fala 23:32:29), além de evidenciar que T1 e J
enfrentavam problemas. Esse tipo de evento ocorreu algumas vezes ao longo
do curso, prejudicando o aluno e, por vezes, a sessão inteira, que terminava
antes do prazo previsto.
PÁGINAS EXPIRADAS
Quadro nº 25 - Registros que indicam problemas com páginas expiradas
Respostas aos questionários: para 12 deles as páginas ás vezes demoravam para carregar.
Desses, 09 não conseguiam abrir e visualizar e 02 muitas vezes não conseguiam abrir e visualizar
Respostas aos questionários:
T2: “Às vezes eu não conseguia voltar para a área anterior, p. ex.: eu estava na Listening Room e quando eu
tentava voltar para a anterior , a página expirava.”
M3:“AS PÁGINAS DIGITADAS EXPIRAVAM-SE;…
O problema apontado pelos alunos pode ter ocorrido porque os
cookies do navegador não estavam habilitados. Como se tratava de
estudantes ainda inexperientes com relação a esse assunto, perdiam muito
tempo e, às vezes, motivação em se manterem em dia com o cronograma do
curso. Isso pode ter afetado o nível de engajamento do aluno no curso.
ARQUIVO EM FALTA NO CD-ROM
Quadro nº 26 - Registro que indica problema de falta de arquivo em CD-ROM
E-mail
Hello Angelita,
I would like to know if, did you receive my e-mail yesterday night, asking help with CD, because I don't find out
"combo5.exe".? I am waiting answer. thanks, C2
Angelita!
Consegui acessar o curso todo, já fiz algumas atividades, porém, o CD que eu recebi não abre
"characterístics. Mesmo dando um dowload surge uma mensagem "ocorreu um problema ao carregar o
arquivo especificado quando o assistente para acessibilidade estava sendo executado" O que faço? M3
Essa aluna foi a única que experienciou problema com a mídia. Tão
logo recebi seu e-mail, encaminhei-o para o suporte técnico e um novo CD
foi enviado.
150
2.2.2 – Nas ferramentas híbridas
Os registros apontam para as seguintes contradições percebidas nas
ferramentas híbridas (materiais/ psicológicas): HotPotatoes, layout de alguns
exercícios, ferramentas digitais do TelEduc (Discussion Forum, Portfolio e
Chat), instruções em algumas tarefas, site do Chico Mendes e exercícios de
áudio e vídeo.
a. Ferramenta HotPotatoes
Para se atribuir pontuação aos exercícios, é preciso alimentar a
ferramenta com todas as respostas possíveis e programá-la para aceitar
determinadas alternativas. Tal procedimento foi realizado, no entanto,
quando os alunos começaram a fazer os exercícios, percebeu-se que ainda
havia possibilidades de respostas que não haviam sido incluídas, como por
exemplo, respostas com erros na ortografia
20
, respostas com artigo definido.
A ferramenta, então, considerava a resposta como errada e não computava
pontos e isso gerou, para alguns alunos, muita frustração, como pode ser
observado na seqüência de mensagens trocadas entre professor e aluno e no
depoimento deixado no questionário de avaliação.
Quadro nº 27- Registros que indicam problema com o software HotPotatoes
16/03
Oi Angelita, sou eu de novo a C2. Hoje o dia inteiro fiquei em frente do computador e não consegui
realizar nenhuma tarefa. Não estou conseguindo entender quase nada. No quiz na hora em que
clico no check, dá 0% de pontos
02/04
> I would like to understand if we have to put the exact words to answer the quizzes because on
number two I had typed a - telephone call - and the result was zero. It was obvious it was a phone
call, so we have to fill with the exact words in order to the answer be considered correct.> I look
forward your reply,> T2
03/04
>> Good evening, Angelita,>
> You said "Do not panick!", but I do.In Genres and English Language Teaching - part 4, I am sure I
understood the listening but my answers were never accept. So, I clicked on show answer and,
there was my answer! The same words were there!Maybe the way I used the words were not
correct but I understood it and because of show answer my score was 0%!!I feel stressed,nervous,
panick and something else I can not remember now!I am very late with my lessons!I am sorry!> T2
20
O fato de os alunos não serem proficientes na língua inglesa (contradição entre
sujeito e ferramenta) afetou a relação entre sujeito e ferramenta HotPotatoes.
151
panick and something else I can not remember now!I am very late with my lessons!I am sorry!> T2
Questionário
C1: … Não gostei de ver respostas certas não aceitas pelo computador como tal.
A aluna T2 usou uma parte do chat do dia 02/04 para tocar no
assunto, expressando seu nervosismo e sua angústia quanto ao ocorrido. Ela
demonstrou alívio quando eu disse para desconsiderar o feedback do
HotPotatoes, pois, após envio das respostas para o Discussion Forum, eu
comentaria e avaliaria a tarefa.
No trecho do chat de 05/04, quando não estive presente, a aluna T2
ainda comentou o fato com as colegas e reforçou que entrava em pânico
apesar do que lhe dissera anteriormente:
Quadro nº 28 - Trecho do chat de 05/04
(16:16:25) T2 says to All: Hey, girls, have you had any difficult with the activities?
(16:17:00) T2 says to All: Sometimes, my answers are not accept by the computer!
(16:17:13) C2 says to All: L is have dating someone?
(16:17:38) C2 says to All: Yes, T2. I was very nervous.
(16:18:19) T2 says to All: Angelita said to me do not panick, but I do!
Outra aluna, T1, comentou no chat de 02/04 que ficara nervosa
porque a ferramenta não aceitara suas respostas. Em um primeiro momento,
imaginei que não estivesse entendendo as instruções do exercício, mas
depois percebi do que se tratava e comentei que a avaliação válida seria
dada por mim assim que ela fizesse a complementação do exercício (follow
up) e o enviasse ao seu Portfolio. Depois de saber sobre o que iria ocorrer,
afirmou ter ficado aliviada.
Quadro nº 29 - Trecho do chat de 02/04
Chat 02/04
(23:48:22) T1 says to angelita: I read yesterday night MAP I and tried to do the quizzes, but I did not get and I
got nervous, could you explain me anything about it?
(23:49:55) angelita says to All: Yes T1. You got nervous because you tried to understand word by word. In the
quiz Identifying Genres, the most important point is to guess the genre the audio file exemplifies.
(23:50:48) angelita says to All: When you identify the genre, say for example a telephone call, then you can
listen again trying to identify any word or expression that confirms your guess.
(23:51:11) T1 says to angelita: No, I put A telephone call and it ask for more and I got zero.
(23:52:17) angelita says to All: When you find those words, then you start building up a possible meaning for
the message. Do not try to understand word by word ok?
(23:52:23) T1 says to angelita: The other one was a documentary, then he asks for another word a...
152
(23:53:21) T1 says to angelita: I insist documentary he answer me sorry, why?
(23:56:43) T1 says to angelita: Angelita if I am sure it is a documentary or a Add, may I go on?
(23:57:39) T1 says to angelita: Sorry, I mean an addd...
(23:57:53) angelita says to All: Sure Tania. In this quiz (Identifying genres), there is a follow-up task - you have
to send your answer to a discussion forum. When you do that, I comment and correct. Then you are going to
be graded.
(23:59:04) T1 says to All: OK angelita, now I feel more comfortable.
A aluna C1 registrou sua experiência no Discussion Forum. Em sua
segunda tentativa, descreveu o que aconteceu e chegou a hipotetizar uma
possível causa para o problema.
Quadro nº 30 - Registro de C1 no Discussion Forum
2
nd
try
It´s an interesting exercise. Each time I listen they change the position of the extract. For example, the first
time I listen and tried to complete the first extract was about a loudspeaker, the second time I tried to do it , it
was the extract about a documentary. But, everytime I do the exercise my answers are not correct. I tried also
to copy the answer and do the exercise. They show the same answer and say that only part of the answer is
correct. " Problemas de configuração?"
3
rd
try
I had the same problem I talked before with the exercise 4. I understood, I wrote the answer and they say that
part of the answer is correct.
b. Layout de alguns exercícios
As unidades que apresentaram exercícios com layout confuso, do
ponto de vista do aluno, são mostradas no Quadro 31, junto com o registro
do comentário do aluno.
Quadro 31- Exercícios com som confuso
UNIDADE
REGISTRO
1 – CHARACTERISTICS OF GENRES GENRES 3
Combinar conjuntos de input/ texto
…. Eu tenho uma pequena dúvida; talvez você
possa me ajudar: em uma das atividades do
CD, nós temos que relacionar as colunas ( se
eu não me engano é na atividade 03 ), porém,
eu não consigo fazer nada nesta atividade ).
Como nós temos um chat marcado para o
próximo sábado, eu irei acessar novamente a
unidade 1, e te informo se não conseguir
finalizar alguma atividade. Obrigada, F
2- MUSIC PASSO 7
Adivinhação com base em informações obtidas
em vários sites e na letra de música
4- INTERVIEWS
Graham/ Ian Reade
Reordenar enunciados em um texto para
combinar com um texto verbal
M3- ACHEI CONFUSA A ATIVIDADE QUE
ENVOLVIA MÚSICA E A VIDA DO PINTOR
VAN GOGH. …
OS EXERCÍCIOS QUE DISPUNHAM DE
TEXTO ENVOLVIDOS EM CAIXAS E BORDAS
NÃO SE CONSEGUIA MOVÊ-LOS PARA O
LOCAL CORRETO; O EXERCÍCIO DE LIGAR
COLUNAS APRESENTAVA UMA
COLUNA;…
153
(havia a versão com colunas, e a versão sem
colunas)
COLUNAS APRESENTAVA UMA
COLUNA;…
4 – INTERVIEWS
Graham/ Ian Reade
Reordenar enunciados em um texto para
combinar com um texto verbal
(havia a versão com colunas, e a versão sem
colunas)
Patrick/ Thomaz
Combinar conjuntos de input/ texto com algum
tipo de descrição verbal/ buscar informação
específica
(havia a versão com colunas, e a versão sem
colunas)
J: As entrevistas com os estrangeiros. Não
entendi o “lay-out” de alguns exercícios de um
quizz’. Gostei de: ter de fazer boa parte dos
quizzes, embora alguns parecessem confusos./
Não gostei de: Alguns quizzes confusos, digo a
forma do exercício.
5 –DOCUMENTARY
Quiz: Image and Sound
O aluno tinha dois exercícios que pediam para
escolher a ordem dos eventos narrados tendo
apoio visual (imagens).
M4- A atividade que considero difícil foi da
unidade 4 Quiz Image and Sound, porque
você trabalha simultaneamente com a imagem
e som e às vezes me perco, como também a
dificuldade no uso da ferramenta.
Na unidade 1, o exercício mencionado instruía o aluno a combinar as
colunas conforme a informação ouvida. A Figura 20 ilustra o exercício em
que os retângulos da coluna da direita podiam ser movimentados e ligados
aos retângulos da coluna da esquerda. Entretanto, ao se observar
atentamente as instruções, pode ser constatado que a mecânica do exercício
não foi explicada ao estudante e isso pode ter contribuído para o seu
insucesso na realização da tarefa. A versão utilizada do HotPotatoes não
previa a execução visual de matching, como faz hoje a versão atual (6.0).
Para esse exercício, não houve a versão sem colunas.
154
Figura 20 - Exercício sobre gênero – unidade 1, genre 3
O exercício do passo 7, Unidade 2, está ilustrado na Figura 21.
Figura 21 - Exercício da Unidade 2, passo 7
O aluno tinha de visitar os três sites indicados (de Gauguin,
Rembrandt e Van Gogh), ler a biografia de cada pintor e ler sobre as suas
155
pinturas e ler a letra da música e, com base em todas as informações obtidas,
descobrir para qual artista a música foi composta. Por fim, deveria justificar
sua resposta com evidências coletadas no site.
Ressalto que esse exercício privilegia muito mais a habilidade de
leitura do que a de compreensão da fala e talvez a aluna não tivesse a
habilidade de leitura suficientemente desenvolvida em língua estrangeira
para busca de informação detalhada.
O exercício sobre Graham, da unidade 4, está ilustrado na Figura 22.
Nele, pedia-se para que o estudante combinasse as colunas, porém, como
ocorreu no exercício sobre gêneros, Genres 3 - da unidade 1 não houve
explicação sobre a mecânica do exercício: a coluna da esquerda não se
movia, apenas a da direita.
Figura 22 - Exercício sobre Graham –unidade 4
No entanto, para esse exercício, assim como para o exercício sobre
Ian Reade, havia a versão sem coluna, ilustrada na Figura 23.
156
Figura 23- Exercício sobre Graham –unidade 4 – versão sem colunas
O exercício sobre Patrick, unidade 4, ilustrado na Figura 24, é do
mesmo tipo dos anteriores e nele se observa também a falta de instruções
sobre sua mecânica.
Figura 24- Exercício sobre Patrick, unidade 4
c. Ferramentas digitais do TelEduc
157
No início do curso, o desconhecimento de como operar as
ferramentas digitais (mais especificamente Discussion Forum e Portfolio),
causou um certo desequilíbrio. Os alunos precisaram de cerca de duas
semanas para incorporarem as operações necessárias para usar tais
ferramentas em sua rotina de trabalho e o fato de escreverem para mim pode
indicar que os tutoriais sobre elas não foram esclarecedores, ou, ainda, que
sentiam necessidade de se comunicarem com alguém.
Quadro nº 32 - Registros que indicam desconhecimento de como operar ferramentas digitais
MENSAGEM RECEBIDA
RESPOSTA DADA
16/03
… outra lição que eu tentei enviar foi no
discussion forum no item "Identify
Genres", e não havia um lugar para
digitação. (C2)
16/03
Oi Angelita, I acabei de enviar a
mensagem no portfolio, e gostaria de
saber se você recebeu, poi, houve um
erro, e eu perdi a mensagem. Lá, tinha
tr~e itens para clicar, e eu cliquei no
structor acess, então não sei se deu
certo. C2
16/03
…Quanto ao Discussion:
1. Vc clica no link do Discussion Forum, e entao aparece uma tela
a sua direita com a lista dos discussions da unidade 1.
2. Clique em Unit1-step 4a. Aparece uma nova tela com: 1.
Question to be answered.
3. Clique nesse link (1. Question to be answered). Aparece uma
tela com a pergunta. Em baixo dela vc tem os seguintes botoes:
Reply - Delete - Return to the list of messages.
4. Clique em Reply, ai aparece a tela com lugar para vc responder.
Vc pode tambem entrar em Support Material, na coluna de links a
sua esquerda, clicar lah e olhar o tutorial do ambiente Teleduc.
Lah vc encontrara explicacoes sobre todos os recursos usados no
teleduc ok!
(…) Espero que vc consiga escrever sobre vc no Profile e tambem
responder as perguntas do Small Talk no Portfolio que vc jah
criou. Assim poderei talvez lhe ajudar mais.Be calm! Angelita
19/03
Boa noite Angelita,
Vc. pediu pra eu mudar o acesso do
profile
21
. Mas eu gostaria de saber se
eu tenho que responder tudo de novo e
enviar? Como devo proceder? Outra
dúvida: se eu não mudar, outros
colegas não irão ler minhas
mensagens, lições, etc? -Obrigada, C2
19/03
Oi C2
Se eu fosse vc, criaria um outro portfolio,por exemplo C…. e
colocaria o acesso - free. Assim todos vao poder ler suas
mensagens. Acho que houve problemas no envio. O seu portfolio
atual estah vazio. Os passos sao:
1. cria-se o portfolio
2. para incluir as tarefas - clica-se:
a. em include folder (quando vc quer organizar o seu material em
pastas)
b. em include item (quando vc quer adicionar itens soltos)
O que eu tenho seu eh o que aparece em Discussion Forums. O
seu profile estah vazio e o seu portfolio tambem.
Angelita
21/03
Good afternoon, Angelita,
>> Computers and I are not so
good friends! In "Small talk" you
asked us to answer some
questions and send them to our
Individual Portifolio but....I am
not able to do this. I looked for
some help in Support Material
but I could not get any
information, just about Profile.
Could you help me,
pleeeeeeeease!?> Thanks, >>
T2
24/03
Hi T2
Sorry for answering you only today. We had a problem in our
server and it did not work this weekend.
See, you have to go to portfolio and click to create an individual
portfolio. Make the access visible for everybody - free access. After
that, you can click on your individual portfolio and click on include
items or include folders. If you click on folders, give it a title such as
unit1, for example. When you click on the folder,you will have the
possibility of including items. I hope you can understand. []s
Angelita
21
A aluna estava, de fato, referindo-se ao Portfolio.
158
not able to do this. I looked for
some help in Support Material
but I could not get any
information, just about Profile.
Could you help me,
pleeeeeeeease!?> Thanks, >>
T2
items or include folders. If you click on folders, give it a title such as
unit1, for example. When you click on the folder,you will have the
possibility of including items. I hope you can understand. []s
Angelita
29/03
Hi Angelita,
I tried entry in portifolio and write my
answer of the " small Talk" but I didn't
get. Why? R1
29/03
Hi
You created your portfolio, whenever you want to put anything there, you
have to click on include new item. When you do that, you have a screen
(tela) which is an editor. Unfortunately you can not use abbreviations like:
"I'd like to". You have to write everything "I would like to". If you use the
apostrophe, the system rejects and you are not able to save your writings.
Try again, this time writing everything in full. Angelita
Além dessas ferramentas, alguns alunos tiveram problemas com a
ferramenta Chat, como demonstra o Quadro 33.
Quadro nº 33 - Registros que indicam problemas com a ferramenta Chat
Questionário
02 só conseguiam ler mas não conseguiam enviar mensagens/ 01 era expulso do Chat com
freqüência/ 01 só conseguia enviar mensagens mas não conseguia ler/ 01 teve um problema de
queda de energia e não participou do chat
D2: Não gostei: não conseguir entrar . Preparei-me para eles e não consegui participar. Segui a
orientação de participar de outros chats na internet e não tive nenhum problema
M3: … Conseguia ler, sabia a resposta mas não sabia como enviar a minha resposta.
d. Instruções das tarefas
As instruções de algumas tarefas parecem não terem ficado claras
quanto ao que fazer e onde colocá-las, conforme mostra o Quadro 34.
Quadro nº 34 - Registros que indicam problemas com as instruções das tarefas
REGISTROS
18/03
Good evening Angelita. I'm again. Today, I've stayed in
the course whole afternoon,reading and listening
everything, but, I'd like to know if, the questions that are
in the discussion forum is about my school or about the
CDroom. (C2)
29/03
Hi, Angelita
I'm lost I don't understand the lessons what first
activities, help me please.- R1
31/03
Teacher:
Now I got to access the page of the course. So, I did
many activities there but I had problem to do the
listening exercises. I didn´t understando what I need to
do in the exercise 03 of CD. In the other, I need to pay
attention in the listening and try to do again. (,,,) F.
Em 16/05/2003 22:54:33, V havia escrito:
> Hi Angelita,
> I sent identify genres again. I have a doubt about
the genres I use in my classroom. Must I choose
one of the genres I sent to discussion like:
telephone call, A peace of news etc.?
19/05
Hi Angelita,
I would like to know, where can I send my
message of Unit 2- Step 7, because, don't
"especifica" the place. Is it in the discussios or
Portfolio? (C2)
08/06
Hi teacher,
Sorry for my message on the mail. But, after I have
read the step, I think me confundi, but, these two
step is about the picture of the S. Salgado? Or
about what the group portffoli left there? C2
159
attention in the listening and try to do again. (,,,) F.
04/05/2003 11:38:37, C1 havia escrito:>
Hello teacher,>
I think this lyrics belong to Rembrandt …Where must I
write this teacher?
Em 11/05/2003 09:23:50, S havia escrito:>
> Dear teacher Angelita ,
> If It is possible,Could You explain for me ,What
should I do in the step 2 , Unit -2 ? Thanks very
much...S
step is about the picture of the S. Salgado? Or
about what the group portffoli left there? C2
Questionário:
C2: … No primeiro momento, foram as primeiras
lições do primeiro módulo, pois, eu não conseguia
me situar, não conseguia entender o que era para
fazer e onde mandar as atividades.
M3: …AS ORIENTAÇÕES NÃO ERAM CLARAS O
SUFICIENTE; ….
J: No curso como um todo parece ter havido uma
“não-clareza” em algumas instruções. Mas diria
que o suporte foi bom.
A alternativa que encontrei foi explicar detalhadamente, para cada
mensagem enviada pelo aluno, o que ele deveria fazer. A mensagem
enviada à aluna C2, em 18/03, serve como exemplo.
18/03
Hi C2
U.1 step3:Personal/Public & Formal/Informal (1) - this has to do with what
you use in your school.
U.1-step2: Listening strategies - When and where (1) - this has to do with
any sort of situation
U.1-step 3: How to prepare a debate activity (0) - this has to do with the CD
U.1-step4a: Identifying Genres (1) - this has to do with the CD
U.1-step 5: Genres I use in my English class (1) - this has to do with your
class
In the Quiz: Identifying Genres, I think it will be easier if you answer
separately. They are different and there's that question which asks which
words or expressions helped you guess the type of genre.
Em outra situação, os estudantes pensaram que a tarefa incluia a
participação da classe inteira, quando, na verdade, referia-se ao trabalho que
o grupo ou o par deveria produzir para mostrar aos outros participantes e
não avaliar o que haviam produzido.
Quadro nº 35 - Registro que indica problemas com as instruções na tarefa
REGISTROS
Em 08/06/2003 14:32:21, C2 havia escrito:>
> Teacher,>
> We can finish the Unit, because, the people until
did not finish the activity. How can evaluate, if do
not have any message? It only F, M3 and your
group and D1 and I.> C2
12/06
Hi C2
I think there is a misunderstanding here. In
step 6 you choose a piece of news to analyse
the structures. If you are working with
somebody else, maybe you watched a piece
of news and your partner watched another
piece. You two get together and decide which
one you will choose to analyse. This is step 6
ok? You do not have to wait for everybody to
finish to choose the piece of news you will
work with. Did you get it now? Could you
please tell the others? Angelita
160
ok? You do not have to wait for everybody to
finish to choose the piece of news you will
work with. Did you get it now? Could you
please tell the others? Angelita
Há um registro interessante no Discussion Forum da unidade 1- step3:
Personal Public & Formal/Informal. Nesse passo, pergunta-se ao aluno quais
gêneros são pessoais e informais e quais são públicos e formais entre os
usados em sua comunidade escolar (Which genres are personal and informal
and which are public and more formal in your school community?), mas não
fica claro que se pretende saber sobre os gêneros usados na escola. Assim, a
aluna D2 iniciou a resposta tratando do assunto de um modo geral e ela
pareceu não ter entendido a noção de gênero, porque comentou sobre as
atividades de projeto realizadas na escola, com outros professores. Eu tentei
trazê-la ao ponto da questão, perguntando-lhe diretamente como classificaria
os tipos de gêneros. Ao final da interação, ela deixou claro que não havia
entendido a pergunta, entretanto a falha, a meu ver, foi da instrução da
tarefa.
Quadro nº 36 - Registro da aluna D2 no Discussion Forum
D2:
I think for a good and complete job, we need to use some genres together
(almost more than just one) and, in my school, sometimes, I find some
problems to develop a good work with the other teachers, but we are always
trying to work with projects, and in the last year, we developed some very good
projects, as: Halloween and Valentine´s day (musics, movies etc) and now, we
are doing expository about the war with newspapers and magazines.
Professora:
Very good work Daniela. And how would you classify the genres you have
been working with: public or personal? Informal or formal?
D2:
I think I classify as personal and informal. Could be it?
Professora:
Well If we consider the halloween/s and valentine/s projects they are informal
for sure. Depending on what you did, they could be personal or public. If you
worked with an add for example, this is not personal. Now, going to the war.
You are dealing with magazines, piece of news. it is definitely public. And it
may be formal or informal. It depends on the source. Do you agree?
D2:
Yes, I agree. I didn´t understand very well the question.
161
Outras instruções parecem não ter sido seguidas, talvez porque os
alunos não tenham sido capazes de entender os extratos de áudio. Por
exemplo, os registros a seguir, encontrados no Discussion Forum, referem-se
a uma tarefa da primeira unidade, na qual eles deveriam explicitar o gênero
de cada extrato e quais as dicas ou pistas que o levaram a deduzir esse
gênero. Para aqueles que não responderam adequadamente essa tarefa,
expliquei o que deveriam fazer e pedi que a refizessem, segundo as
explicações dadas. Apenas D2 tentou uma segunda resposta, mas que ainda
não atendeu ao que foi pedido.
Quadro nº 37 - Registros do Discussion Forum da Unidade 1
M2
The sort of information what helped me to identify the spoken genres in the exercises were
the context that their were production, the entonation of the speaker, the cognates and
known words and the cultural understanding that I have about the context.
R2
Bakhtin says that human beings interact and that to be followed within these contexts.
These rules are not only related to the way people behave . They produce language
according to rules, in specific contexts and for specific reasons. This means that . In fact,
this concept is not new to us. We know what we are talking about when we teach our
students how to or how to write a personal letter. When we are doing this, when we are
taeching our students all these things, we are in fact teaching them how to follow the rules of
different genres
D2
In the quizz one and four, the context is the most important listening strategy to identify the
genre. And in the quizz two, three and five, all the strategies, together, help us to identfy the
genre.
2
nd
try:
Some sounds, as when the telephone rings...or the voice in the loudspeaker
F
We can find out these spoken genres in the exercise through of cognates, prediction,
looking for a specific information, the mean of the words, etc and try to identify the genre
and the message of the text, the ad, etc.
M1
I think that some noises and the way the speaker talk, some words, help to identifying the
spoken genres.
Os alunos a seguir tiveram um desempenho inadequado pela primeira
vez, contudo, parecem ter conseguido assimilar as instruções depois da
explicação dada, que a segunda tentativa trouxe os elementos pedidos na
tarefa.
Quadro nº 38 - Registros do Discussion Forum da Unidade 1
C2
In my opinion, the information that I could notice in first of all was the sound of each
narration.After I noticed some words like: “hello”, “the date of some documentary-1979”
(maybe) and “president”.
162
2
nd
try:
Well, In the first is a documentary, but I could understand any word. Second is a radio
advertisement that speak about nutricion/health. The third is a telephone call ,and the word
is hello. The fourth is a piece of news that speak about project of the president about human
history that cost more expensive. And finally the last is a annoucement about racing car, the
man speak in the loudspeaker.
M4
I think that the sort of information helped me identify the spoken genres in the exercise is
the woof and function of language
2
nd
try:
In the first audio file I only could identify a man talking in the loudspecker and the word
“remember”. I think that is in car rum or street, because of the noise of motor of car.
In the second audio file I coud identify the words: information, introduction, new car. So, I
think that is advertising in radio.
In the third audio file I coud identify the words: president, expensive, Dallas, film, restaurant,
maybe. So, I think that is news.
In the fourth audio file I could identify the words: Silver, Los Angeles, Tex, Roosevelt,
Arizona, family, cow-boy and date 1879. So, I think is documentary.
In the fifth audio file I could identify a telephone call and a word “hello”and there are ask and
answer.
T1
We have to worry about examinig the context of productions that each social interation
human beings get involved in may create genres reporting experiences and facts :diaries
,news, biographs, tellstories, fairy tales, nusery, rymes,novels, science fictions. Argue for
something:debates,editorials. Expose something:conferences,reviews,seminar,articles.
Genres that describe actions ,instuctions, recipe,rulesof games,etc.
2
nd
try:
In the first, I could identify how a film history,words how:president,cost of the project.
Second, I may be about health advertisement ,words how:carbhoydrat,nutritious. Third, I
think that it may be anmoucement over the loudspeaker,words how:clamber and remember.
Fourth, It may be a documentary about silver,words how:farmers, silver were descovered in
the new Arizona. Finally,the last It was a telephone ringing ,word how:hello.
V
When I listen some words, some sort of text, characteristics of language, these information,
help me to identify the spoken genres. In the first audio file I found some words like:
invitation, letter, people behavior; in the second, advertisement, article, lay out, illustration,
linguistics elements; in the third, team, situation, dialogues, telephone conversation, writer,
speaker, reader and listener, social rules, the aim of the produce text; in the fourth, social
control of speaker, social interaction, some groups like: tells histories, fairly history, novels,
science fiction; describe actions, rules of games, gossips, debates; related facts, important
experiences, newspapers, news, diary; in the fifth I found some words like: debates,
characteristics, mediate, interaction, kind of linguistic, social rules, point of view, etc.
(Parece que a aluna falou sobre todos os arquivos de áudio da Unidade 1, e não
daqueles pedidos na tarefa)
2
ND
try:
There are five genres:
Telephone Call - Words I have found: hallo, do you know, friends, where, darling, allright.
Announcement over the loudspeaker - Words I found: remember, this asking, another
words. Documentary - Words: Silver, 1879, war is over, killer, New York, Los Abgeles,
peace for his family, Queen. Radio Advertsement - Words: health, buy milk, clibing upstairs,
work with computer, 50%. A peace of news - words: history, most expensive, predident, the
cost.
163
O registro da aluna M2 (vindo do questionário) aponta para uma
provável explicação de seu comportamento ao longo do curso e corrobora o
fato de as instruções precisarem ser repensadas.
M2: COMO TODO ALUNO, EU GOSTO DE EXPLICAÇÕES CLARAS E OBJETIVAS. AS
TAREFAS QUE EU NÃO ENTENDIA PRONTAMENTE ERAM DEIXADAS SEM FAZER.
e. Site do Chico Mendes
O site do Chico Mendes foi usado na unidade sobre documentário.
Porém, antes de se chegar à página de conteúdo, o aluno tinha uma primeira
página de acesso que reproduzo a seguir, com a indicação de Enter no canto
inferior direito:
Figura 25 - Primeira página de acesso do site http://www.chicomendes.com
Ao invés de ter acesso ao conteúdo do site propriamente dito, o aluno
tinha antes de escolher o programa de áudio que possuía em seu
computador.
164
Figura 26 - Segunda página de acesso do site
Para a aluna C1, a estrutura do site apresentou-se como problemática.
Quadro nº 39 - Registro da comunicação de C1 com a professora
Em 12/07/2003 01:24:53, C1 havia escrito:
>> Teacher I couldn´t do the exercises about stressed words. I couldn´t listen anything, I could read
but not listen to it. When I select watch video I see " Marcia Birto 2002". I´ll be travelling from July 12
to July 19 and wouldn´t be possible to do this part before it and without your help.> Thanks> C1
Em 12/07/2003 01:37:30, C1:
>> Teacher,
>> I couldn´t listen image and sound....
Em 12/07/2003 01:46:56, C1 havia escrito:>
> Teacher
> I started doing this lesson 11:00 p.m and now it´s 1:45 and I coudn´t do anything. I couldn´t listen
the video, the words, the song and I´m sorry but I hated this lesson.> C1
f. Exercícios de áudio e vídeo
A aluna C1 registrou sua experiência no Discussion Forum, mas não
identificou o gênero adequadamente. Ao invés disso, procurou obter a
compreensão geral de cada extrato de áudio (e não era o que estava sendo
pedido no exercício).
Quadro nº 40 - Registro de C1 no Discussion Forum
I thought this exercise a little bit difficult because I couldn´t answer with the word they wanted. I
listen to the 5 parts, and noticed that the first and the second are equal. For the first I thought it was
about jumpers with motorcycles and when I checked I noticed it was about a loudspeaker.The third
was about a reporter talking about a project andf it was wrong again.The fourth was about the silver
war, I wrote history, and it was a documentary.The fifth, in my opinion, they were talking about
health but it was an advertisement. Then, I got zero on this part.
165
health but it was an advertisement. Then, I got zero on this part.
2.2.3 – Nas ferramentas psicológicas
Em tais ferramentas, os registros apontam para o nível de proficiência
da língua inglesa. Em algumas situações, o nível interferia na comunicação
entre professora e alunos, conforme demonstra o Quadro 41.
Quadro nº 41 - Registros que apontam para nível de proficiência
Chat de 17/05
(17:23:11) R2 says to angelita: Angelita I happy and conect next moment, because I down what do
you do unit 3
Mensagem deixada no Discussion Forum
L (…) Depending of backound knowledge of listener the message is easy acessible. The same
when pass a news the television announcer no conclude the listener make the prediction.
A situação mostra que os alunos não se apropriaram ainda por
completo do inglês como ferramenta para se comunicarem plenamente e
provavelmente, a dificuldade tenha também se refletido nos exercícios de
compreensão projetados para o curso. Frawley & Lantolf (1985) conduziram
um estudo em que compararam o desempenho de fala de alunos de nível
intermediário e de avançado de língua inglesa. Desse modo, mostraram que
os alunos de menor nível apresentaram falhas que os levaram a ser
subjugados pela tarefa imposta, enquanto que os estudantes de maior nível
conseguiram controlar a atividade por meio da língua. Na teoria da
atividade, os indivíduos movem-se em estágios, nos quais são primeiramente
controlados pelo objeto, depois por outros e finalmente ganham o controle
sobre suas próprias atividades sociais e cognitivas (Lantolf, 2000).
2.3. Contradição entre Sujeito e Objeto
No chat do dia 12/04, um registro que parece mostrar uma certa
resistência à noção de estratégias de compreensão, a aluna M2 relatou que
havia lido e entendido as explicações sobre estratégias, mas que não havia
166
entendido os extratos de áudio. Ela comentou que tentaria usá-las, no
entanto gostaria de entender o “real significado da mensagem ouvida”. A
partir daí, passei a discutir esse comentário, afirmando que o real significado
da mensagem poderia ser diferente das palavras usadas pelo falante. Outras
alunas emitiram opiniões sobre o tema (C1 e T1 não achavam os exercícios
tão difíceis assim), discutiram e exemplificaram e M2 ficou em silêncio.
Parece que estava “ouvindo” atentamente a tudo, mas não se convenceu no
final.
Quadro nº 42 - Trecho do chat de 12/04
Chat 12/04
(16:39:15) m2 says to All: I could understand everything at the explanation but I couldn!t understand
well the reports
(16:39:17) C1 says to angelita: They arent so difficult but its difficult to write the same answer we
have recorded on our course.
(16:40:44) angelita says to All: M2, do not try to understand everything you hear in the audio
material. This is not the way we should listen. You have to be aware of the listening strategies and
try to use them. Whenever you have difficulties, email me.
(16:40:58) T1 says to All: I do not think the activities are difficult, we have only to pay more attention
in order to listen, and I think the most par of you has this difficulty
(16:42:11) F says to All: All these activities ( course ) is a reflection for us, for our job in the classes
(…)
(16:43:20) M2 says to All: Ok, teacher I will try, but I would like to get the real meaning of the
message I heard
(…)
(16:44:39) angelita says to m2: The real meaning of the message may be different from the real
words used. What is more important: the meaning or the words used?
(…)
(16:45:50) angelita says to All: When we study listening, we have to set up priorities. Do you not
think so?
(16:46:59) F says to All: Yes, we need to pay attention in all the words, in all the situations and also
try to understand the situation
(16:47:43) M2 says to All: The words are important for listen but if the person can!t understand
he/she had a problem, isn!t it.
(16:48:06) angelita asks All: If you go to a lecture about Astro-physics or about the Quantum Theory
in portuguese. Do you think you are going to understand the lecture?
(…)
(16:48:53) F says to All: Some words is possible to understand like the cognates in english.
(…)
(16:49:13) M2 says to All: Of course we will get the general meaning.
(16:49:14) angelita asks All: So M2, I have a tremendous problem because there are certain
Brazilian songs that I can not understand all the words. Is there a solution for my case?
(16:49:24) F says to All: Maybe we can understand the subject of the text but all the text is
impossible
167
(…)
(16:50:22) V says to angelita: I think we find a general idea about the text, because we can make
prediction and use our previous knowledge
(…)
(16:51:43) F says to All: Sometimes in our language, portuguese, we need to understand the
context and the kind of people wrote the song to try understand what they want to speak
(…)
(16:52:02) T2 says to All: I think that when we go to a lecture we usually have an idea about the
topic. We could prepare ourselves with some reading about it.
16:52:08) angelita says to V: This is what happens in every listening situations. You use your
knowledge of the world and you use the prediction strategy. In any language. if those fail, you fail to
understand.
(16:52:51) C1 says to angelita: Astro-physics is difficult to understand teacher. I can listen but not
understand. Its not part of my knowledge also in Portuguese.
(16:53:00) T1 says to angelita: I would add something about work with music. Many times I do not
work totally with the letter, only pieces that are interested to clas, the subject we are studying. What
do you think about? The comprehension is better.
(16:53:11) V says to angelita: I agree with you F.
(16:54:50) T2 says to All: I think as you,C1
(16:54:52) angelita says to All: You see, knowledge of the world is fundamental in any listening
situation. It helps you to construct the meaning. Do you think there is a correct comprehension for
everything?
(16:56:27) angelita says to T1: We can try to facilitate comprehension when we give listening tasks
to our students. Using their knowledge and doing some prediction will help them.
(16:56:33) T2 says to All: No, I do not, because we are different people with different points of view
of things! (…)
(16:57:11) C1 says to T2: I agree with you T2
(…)
(16:57:44) F says to All: No because there is a principal idea, but you can interpret in different ways.
an example is the bible each religion understand of its way
(16:58:17) angelita says to T2: with what do you disagree T2? I do not get you.
(…)
(16:58:34) V says to angelita: No, I do not. Because we have different point of view and a depth
knowledge or not [respondendo pergunta em 16:54:52]
(16:58:35) T2 says to All: That is it, F! That is what I wanted to say!
(16:59:09) Sa says to All: In my opinion, I agree with teacher about listening because at Cultura
works this, with knowledge
(16:59:29) angelita says to All: Bingo, F. Another example is when we go to watch movies.
Sometimes we have different "comprehensions" because this depends a lot on the experience of life
of each one.
(…)
(16:59:41) T2 says to All: It is about our interpretation of things as F said.
(16:59:51) m2 says to All: The meaning of the words used in an song depends on the context they
are used.
Outros registros apontam para a dificuldade que os alunos sentiram
para entender o que estava sendo dito.
168
Quadro nº 43 - Registros que apontam para a dificuldade de se entender os arquivos em áudio
Respostas aos questionários:
F: Ao mesmo tempo que adorei a parte dos listening, para mim, foram as mais difíceis, pois precisei
ouvir diversas vezes para completar as atividades.
L: Eu achei que foi o documentário, devido não ter o conhecimento de mundo.
R2- Atividade de listening, por que mesmo que trabalhamos em sala de aula, temos um pouco de
dificuldade. Falta de falar sempre o inglês e ouvir outras pessoais falando este idioma
T2: Novamente as atividades de ‘quizz’ devido a rapidez com que falam as pessoas nativas.
2.4. Contradição entre Sujeito e Regra
As regras explícitas foram estabelecidas por sujeitos pertencentes a
outros dois sistemas de atividade distintos: a atividade de desenhar o curso,
portanto os designers, e a atividade de ministrar o curso
conseqüentemente, a professora. Os dois sistemas de atividade interligam-se
com a atividade em estudo.
2.4.1 Regras estipuladas pelos designers
As regras estipuladas pelos designers foram publicadas e versavam
sobre os seguintes ítens:
2.4.1.1 Horas de estudo para o curso
Encontramos dois lugares onde essa informação foi publicada:
- no site
22
do programa de Lingüística Aplicada e Estudos de
Linguagem: “Espera-se dedicação semanal de 4 ou 5 horas
por parte do aluno” e
22
Informação presente no site http://lael.pucsp.br/ , quando se clica no link
Compreensão do Inglês Falado. Acesso em 16/09/2004.
169
- no site do Teachers’ Links
23
: “ … exigem no mínimo 5 horas de
dedicação semanal em horários flexíveis.”
Essa regra, ao estar disponível no momento da inscrição do aluno no
curso, visava a ajudá-lo a se programar em sua organização pessoal para o
cumprimento das tarefas programadas.
As respostas dos questionários mostram que foram necessárias em
torno de 4 a 7 horas de estudo por semana para a realização do curso, uma
média de tempo próxima daquela estipulada pelos designers. Todavia, houve
a ocorrência de dois alunos que necessitaram mais de 8 horas por semana e
de quatro terem necessitado de até 3 horas por semana.
2.4.1.2 Pré-requisitos técnicos
Para cada unidade, foram estabelecidos pré-requisitos técnicos, dos
quais o aluno deveria ter conhecimento para cumprir a unidade (ver Quadro
44). Se não os tivesse, havia a indicação “Se você tiver alguma dúvida,
clique em Frequently Asked Questions na barra de navegação, à esquerda da
tela.”
23
Informação presente no site:
http://teacherslinks.lael.pucsp.br/cursos_ingles_falado.asp . Acesso em 16/09/2004.
170
Quadro nº 44 -: Pré-requisitos técnicos necessários ao cumprimento das unidades
UNIT 1
UNIT 2
UNIT 3
UNIT 4
UNIT 5
P-REQUISITOS TÉCNICOS
Identificar o drive
de CD-ROM de
seu computador.
Configurar a
unidade de CD
para ouvir sons.
Ler e escrever
mensagens
usando a
ferramenta de
comunicação
Discussion
Forums.
Utilizar a
ferramenta -
Activities.
Utilizar o
Portfolio
Individual.
Utilizar! o
Portfolio de
Grupo.
Ler e escrever
mensagens
usando a
ferramenta
Discussion
Forums.
Utilizar a
ferramenta
Internet.
Utilizar a
ferramenta
Individual
Portfolio.
Utilizar a
ferramenta
Group Portfolio.
Ler e escrever
mensagens
usando a
ferramenta de
comunicação
Mail.
Utilizar a
ferramenta
Internet.
Utilizar a
ferramenta
Individual
Portfolio.
Utilizar a
ferramenta Group
Portfolio.
Ler e escrever
mensagens
usando a
ferramenta de
comunicação
Discussion
Forums.
Utilizar a
ferramenta de
comunicação
Chat.
Configurar o CD.
Utilizar a
ferramenta de
avaliação Group
Portfólio .
Ler e escrever
mensagens
usando a
ferramenta de
comunicação
Discussion
Forums.
É importante observar que as regras não apareciam todas juntas,
como é mostrado no Quadro 44, elas vinham em página html vinculadas
(por link) ao mapa da respectiva unidade. O link não deixava claro que se
tratava de pré-requisitos técnicos, localizava-se abaixo do título e dizia:
!Antes de começar esta unidade, clique aqui! (!Before starting this unit, click
here!), como pode ser visto na Figura 27. Isso pode ter levado os alunos a
não observarem o detalhe e passarem a trabalhar diretamente nos passos da
unidade, ocasionando, por vezes, alguns insucessos pelo desconhecimento
dos pré-requisitos técnicos. Além disso, culturalmente não temos o costume
de seguir orientações, ler manuais, seguir regras, daí uma outra hipótese a ser
considerada.
171
Figura 27 - Mapa da unidade 1
O fato de os alunos não atentarem para os pré-requisitos técnicos
exigidos para cada unidade talvez tenha sido a causa mais freqüente de
contradição entre sujeito e ferramentas digitais do TelEduc.
2.4.2 Regras estipuladas pela professora
As regras estabelecidas pela professora foram publicadas na
ferramenta Agenda, renovada periodicamente as Agendas anteriores
podiam ser acessadas ao se clicar no link Past Agendas. As primeiras regras
ficaram disponíveis durante as duas primeiras semanas do módulo e a Figura
28 mostra como as relativas ao prazo para finalizar as unidades 2 e 3 foram
publicadas.
172
Figura 28- Agenda publicada em 25/05/2003
26th May - 28th May: End of unit 2 - Deadline for the ones who still have tasks from unit 2 to
upload.
02th of June - Monday (Chat at 23:15h) and 06th of June- Saturday (Chat at 14:00h) Topic:
Unit 3 - Discussion about the best piece of news (the ones you saw in step 4)
13th of June - Deadline to finish tasks from unit 3.
14th of June - We start Unit 4
As regras referiam-se à:
– Horas de estudo para o curso
“Ter sempre pelo menos 30 minutos todo dia para estudo, para
acompanhar o ritmo do curso.” Algumas dicas acompanhavam essa regra: a)
definir horas para estudar, preferivelmente criar uma rotina quanto aos dias e
horários; b) não inventar desculpas, considerar o estudo tão seriamente
quanto possível; c) não se atrasar nas tarefas, principalmente nas tarefas que
eram realizadas com outros; d) compartilhar as soluções com os colegas.
– Leituras pedidas para solucionar problemas técnicos
“Ler o tutorial sobre o TelEduc sempre quando necessário.” Essa regra
foi posteriormente reforçada por e-mail entre a professora e os alunos (“É
importante que leiam o material sobre o Teleduc. Esse material está em
Support Materials. Qualquer dúvida, não hesitem em me contatar.”)
– Atitude diante de algumas ferramentas
As regras quanto a algumas ferramentas foram estabelecidas na
segunda semana de curso e pode-se dizer que elas aparecem de forma
indireta, uma vez que foram publicadas na Agenda sob a égide de “Algumas
boas dicas” (Some good tips). O Quadro 45 traz as regras estabelecidas pela
professora.
173
Quadro nº 45 - Regras estabelecidas pela professora quanto a algumas ferramentas
“1) Depois de postarem suas mensagens no Discussion Forums, não esqueçam de voltar depois de
dois dias para lerem os comentários.;
2) Quando criarem suas pastas individuais no Portfolio, assegurem-se de deixar o acesso livre
para todos. Se isto não for feito, apenas o instrutor terá acesso ao que for deixado lá;
3) Toda vez que deixarem algo nos Portfolios, lembrem-se de voltar depois de dois dias ou mais
para lerem os comentários;
4) Não se esqueçam de registrar as informações pessoais no Profile.
A primeira regra foi reforçada posteriormente por e-mail (“Whenever
you write something in the Discussion, remember to come back and see if
there is any comment after 2 days ok?”), assim como a quarta foi reforçada
outras vezes pela mesma ferramenta (“Gostaria muito que para essa primeira
semana vocês fizessem o seu Profile. Coloquem todas as informações que
julgarem importantes. Assim, poderei conhecê-los mais de “perto”).
– Atitude frente às tarefas de compreensão
“Ter concentração e persistência e, em caso de dificuldade, entrar
em contato com o professor ou com o suporte técnico:
– Prazos
Os prazos de início e encerramento das unidades e os prazos finais
para a entrega das tarefas foram sempre estipulados. Além da agenda, a
professora fez uso de comunicação por e-mail para reforçar a regra.
“Module 1 will last 10 weeks. This means that we’ve started in March, 12 and we
will finish in May, 14. I hope this helps you organize yourselves. We have 3 units for this
module. We can assume that you will need 3 weeks for each unit. If you plan your studies,
you will be able to follow this course in an easy way. Don’t forget, a good study plan will be
the key for your success.”
174
– Dois horários para chat
Os alunos foram notificados por e-mail de que os chats ocorreriam
uma vez no meio da semana, com repetição de tema no sábado ou domingo
(“Planejo termos um chat no meio da semana e outro (repeteco) no sábado
ou no domingo.”) Contudo, o horário foi negociado: eles responderam à
notificação e encontrou-se, assim, um horário em que a maioria poderia
estar presente. Então, durante a semana, o chat realizou-se a partir das 23h e
no sábado, a partir das 15h. Entretanto, observando-se os registros
existentes, um aponta para a contradição secundária entre sujeito e a regra
estabelecida pela professora:
Quadro nº 46 - Registro de contradição entre sujeito e regra
Questionário:
C1: Não gostei de: tive um pouco de problema para participar, ... era um horário que eu não
estava em casa para acessar o curso.
Conforme mencionei anteriormente, enviei mensagem em 10/03,
pedindo a disponibilidade de horário para os encontros síncronos. Nela,
avisei que teríamos um encontro no meio da semana e outro no sábado ou
domingo, o qual seria repetição do encontro anterior. A aluna C1 respondeu
em 11/03.
Quadro nº 47 - Registro de comunicação entre C1 e professora
Olá Angelita,
O horário melhor para mim seria após às 23:00, mas por enquanto não estou trabalhando no
período da tarde, se quiser um horário à tarde tudo bem. Obrigada pela atenção. – C1
O primeiro chat foi realizado em 02/04, às 23h15, e dele participaram
os alunos A e T1. C1 participou do chat de 12/04 sábado, às 16h horário
que acabou congregando o maior número de alunos.
175
– Avaliação
“A avaliação do módulo será feita baseada no resultado da
responsabilidade, dedicação, desempenho e atuação do aluno. Tudo será
levado em consideração: as obrigações esperadas e qualquer iniciativa além
do que for esperado. Tudo o que não for feito também será levado em
consideração.” A Figura 29 traz a primeira agenda do curso em que a
maioria dessas regras foram publicadas.
Figura 29 - Welcome Agenda
As regras implícitas ou inferidas originaram-se de ações
freqüentemente repetidas durante a atividade, que vieram de duas fontes: da
professora e dos alunos.
Uma regra implícitamente estabelecida pela professora foi a de
contatar o aluno por e-mail quando a) não tinha acessado o curso, b) tinha
acessado poucas vezes dentro de uma semana, c) não entregava as tarefas
pedidas no prazo ou d) não tinha terminado a unidade.
Outra regra implícita estava ligada aos procedimentos de avaliação.
Os alunos foram avaliados conforme a) cumprimento de, no mínimo, 50%
176
das tarefas de cada unidade, b) desempenho lingüístico na comunicação, c)
relevância
24
das contribuições dadas aos temas de discussão, d) participação
no trabalho em grupo e e) cumprimento das tarefas nos prazos estipulados.
Não houve registros que apontassem para contradições entre sujeito e regras
implícitas estabelecidas pela professora.
As regras dos alunos podem ser vistas na forma como interpretaram
as regras explícitas em um primeiro momento. Elas basearam-se em fontes
variadas: parte das respostas aos questionários enviados, indícios textuais
registrados nos chats e na comunicação entre aluno-professora (e-mail) e em
minha observação da ocorrência de ações sistemáticas dos alunos.
Como resultado de observação, as ações a seguir foram recorrentes a
ponto de terem sido consideradas regras estabelecidas inconscientemente.
Os alunos passaram a notificar a professora (por e-mail particular e do curso)
quando deixavam as tarefas em qualquer ferramenta, por vezes cobrando um
comentário. Como ilustração, apresento exemplos no Quadro 48, a seguir.
Quadro nº 48 - Exemplo de regra inconsciente – notificação à professora
02/04
OK Angelita, I've just posted my Portfolio and I'm going to try the quizzes. See you later on the chat, T2
05/05
Hello Angelita
Can you tell me if I did all activities of Unit 1? I've just started Unit 2. I am sending some activities today and I
am going to work in pair with Tania Araujo. We have talked about the activities we need to do. Hugs – V.
01/06
Hello Angelita,
May you help me? I posted the activitiy " The importance of music for me" on PORTFOLIO. (…)? I start
classes this afternoon at 6:00 PM and I will return late. I wiil post tomorrow afternoon. May I post on Portfolio
File or on other place? I am trying to organize the activities, please, I think until this weekend. Tal to you
soon, T1
24
Relevância da contribuição foi entendida como a contribuição que estivesse
dentro do tema discutido e que trouxesse elementos informacionais significativos
para a construção do conhecimento coletivo.
177
O contato com a professora ocorreu também quando os estudantes
sentiam dificuldades com as tarefas de compreensão (fossem dificuldades
técnicas ou de conteúdo), conforme demonstra o Quadro 49.
Quadro nº 49 - Exemplos de dificuldades
16/03
Oi Angelita, sou eu de novo a C2.
Hoje o dia inteiro fiquei em frente do computador e não consegui realizar nenhuma tarefa. Não estou
conseguindo entender quase nada. No quiz na hora em que clico no check, dá 0% de pontos
17/03
Oi Angelita,
Eu não consegui acessar o programa porque a senha e o login não entram. Insistirei mais vezes. Obrigada, -
V.
Teacher:
Now I got to access the page of the course. So, I did many activities there but I had problem to do the listening
exercises. I didn´t understando what I need to do in the exercise 03 of CD. In the other, I need to pay attention
in the listening and try to do again. I didn´t do the discussion 03 because it´s not available. Thanks a lot, F.
Os alunos também contataram a professora: para se justificarem pelo
não cumprimento dos prazos estabelecidos
Olá, Teacher Angelita,
Desculpe-me, estava com problemas p/ acessar a
Internet nestas últimas semanas, estava recebendo
as ligações telefônicas. Z.
25
;
para cobrarem um andamento de avaliação (o que faltava entregar
etc.)
25/03
Boa noite Angelita.
Estou escrevendo para pedir a você que me escreva
se a minha lição estiver certa ou errada. Mandei hoje no
Discussion forum sobre a pergunta que estava "What
sort information helped me identify genres? Por favor
verifique envie uma mensagem pra mim. (C2) .
O Quadro 50 resume as regras encontradas na atividade em
investigação.
25
A aluna Z teve problemas financeiros ao longo do curso que a impediram de
acessá-lo de forma sistemática, segundo conversa ao telefone.
178
Quadro nº 50 - Resumo das regras existentes na atividade
Sujeitos
Regras
Designers
Professora
Alunos
Regras
explícitas
Alunos
Regras
implícitas
Horas
de estudo
Site LAEL: 4/5 horas por
semana
Site Teachers’ Links: 5
horas no mínimo
30 minutos todos os dias =
2h30 p/ semana
- Definir horas de estudo
- Não inventar desculpas
- Não se atrasar nas tarefas
- Compartilhar as soluções
06 – estudaram
de 4 a 7 horas
04 – estudaram
até 3 horas
01 – estudou de
8 a 11 horas
01 estudou mais
de 11 horas
02 – não
responderam
Pré-requisitos
técnicos
u.1 - Identificar/
configurar o drive de CD-
ROM / Saber usar as
ferramentas: Discussion
Forums. /Activities
u.2 - Saber usar as
ferramentas: Portfolio
Individual/Group Portfolio
/Discussion Forums/
Internet
u.3 - Saber usar as
ferramentas: Individual
Portfolio/ Group Portfolio/
Mail/ Internet
u.4 - Saber usar as
ferramentas: Individual
Portfolio/ Group Portfolio/
Discussion Forums /
Chat/ Configurar o CD
u.5 - Saber usar as
ferramentas: Portfólio de
Grupo / Discussion
Forums
Clicar em FAQ
Ler o tutorial sobre o
TelEduc
Perguntar para a
professora quando
necessário
06 Não
consultaram o
tutorial do
TelEduc
C1: “Consultei
mas não
necessitei dele.
Consultei
apenas por
curiosidade.”
As alunas
usaram o
suporte técnico
oferecido pela
professora – por
e-mail particular
e não o tutorial
online
Utilização das
ferramentas
- Discussion Forum: voltar
depois de 2 dias que
postou a mensagem para
ler os comentários feitos
- Deixar acesso livre para
todos no Portfolio/ voltar
depois de 2 dias ou mais
para ler os comentários
feitos
- Registrar as informações
pessoais no Profile
Notificar
professor sobre
a tarefa deixada
Cobrar
comentário
Regras explícitas
Atitude diante
das
tarefas de
compreensão
Ter concentração e
persistência. Em caso de
dificuldade, entrar em
contato com o professor ou
com o suporte técnico
Contatar a
professora
Prazos
- De início e encerramento
das unidades / - Prazo final
para entrega das tarefas
Justificar pelo
não
cumprimento
dos prazos
179
Encontros
Síncronos
- Dois horários para chats:
um no meio da semana,
outro no sábado ou
domingo, com repetição do
tema
Horário
estabelecido via
negociação (e-
mail); a partir
das 23h no
meio da
semana,
sábado – a
partir das 15h
Avaliação
Com base:
responsabilidade/
dedicação/ desempenho e
atuação/ iniciativas /
ausência de ação
Cobrar
andamento de
avaliação
Avaliação
a) cumprimento de, no
mímino, 50% das tarefas
de cada unidade, b)
desempenho lingüístico na
comunicação, b) relevância
das contribuições dadas
aos temas de discussão, c)
participação no trabalho
em grupo, d) cumprimento
das tarefas nos prazos
estipulados
Regras implícitas
Cobrança
Via e-mail (individual ou
coletivo): não acesso ao
curso; poucos acessos
durante a semana; não
entrega das tarefas no
prazo; não término da
unidade
2.5 Contradições entre Sujeito e Divisão de Trabalho
Quando uma comunidade está envolvida na transformação de um
objeto, há, conseqüentemente, a divisão de trabalho, que se refere à divisão
de tarefas entre os participantes da comunidade e à divisão de poder e status
(Engeström, 1999). No curso em foco, uma divisão bem definida quanto
ao poder e status (organização explícita): a coordenadora do curso, a
docente, o suporte técnico e os alunos – cargos oficiais claramente ocupados
pelos membros da comunidade.
180
As contradições ocorridas nessa esfera afetaram a proposta de
trabalho colaborativo
26
do curso, talvez devido ao fato de os alunos não
verem a conquista do objeto como uma conquista coletiva ou partilhada.
Como se trata do desenvolvimento da compreensão da fala, podem ter
pensado em conquista do objeto como uma conquista apenas individual.
Na atividade investigada, deixei a cargo dos alunos a formação dos
grupos, tendo em vista que eles haviam estudado juntos nos módulos de
Leitura Instrumental I e II, no entanto poucos foram os que trabalharam
juntos. Os indícios que registram essa contradição são oriundos dos
questionários e do portfolio.
Quadro nº 51 - Registros que indicam contradição entre sujeito e divisão de trabalho
Fonte
Aluno
Registro
Causa /Comentário
C1
“Novas amizades. É bom trabalhar em grupo. Às vezes é
difícil se comunicar com nosso colega para montar uma
atividade. Nem sempre o e-mail de nosso colega
funciona...”
E-mail do colega que não
funciona
F
“Cito os chats como exemplo, pois para mim, foi muito
positivo, poder discutir com várias pessoas ao mesmo
tempo, pela internet.
Infelizmente, é um pouco difícil trabalhar em grupo quando
nós mal nos conhecemos. Mas, com a abertura que a
professora nos proporcionou para a execução das
atividades, podendo também trabalharmos
individualmente, facilitou muito, pois, eu fiz algumas
atividades sozinha e outras em grupo.”
Falta de afinidade com o
colega
M4
“Exemplos positivos: trocas de conhecimento entre
colegas e professor. Não houve um entrosamento geral do
grupo. Cada um procurou trabalhar com a pessoa que
tinha uma certa afinidade, quando do módulo presencial.
Não permitindo abertura para outras pessoas.”
Influência de outro
sistema de atividade –
módulo presencial de
produção oral
C2
“Gostei de trabalhar em dupla. Se fosse somente em
grupo, não daria certo, pois, eu achei os colegas do curso
um pouco individualista.”
Percepção dos colegas
como sendo um pouco
individualistas
QUESTIONÁRIO
D2
“Porém verifiquei que trabalhei em grupo com uma
pessoa que conhecia pessoalmente. Isso ainda é uma
resistência às mudanças.”
Trabalho com pessoa
conhecida
26
Nesta pesquisa, os termos “colaboração/ colaborativo” são usados com o
significado de “construção ou realização de algo em comum”. Não pretendo
discutir as diferenças e semelhanças entre “cooperar” e “colaborar”, visto que são
termos ainda muito controversos na literatura.
181
Para F
Yes, from now on I suggest you choose someone to work
with. M4 and T2 are in the same step you are. Why don't
you pair up?
This activity is to be done in pairs or in group. Do you
prefer to work alone?
Comentário feito no
Portfolio por mim
Para
T2(*)
Yes, from now on I suggest you choose someone to work
with. M4 is in the same step you are. Why don't you pair
up?
Comentário feito no
Portfolio por mim
PORTFOLIO
Para
M4(*)
Yes, from now on I suggest you choose someone to work
with. T2 is in the same step you are. Why don't you pair
up?
Comentário feito no
Portfolio por mim
12/04
17:06:52
17:09:00
T2 says to angelita: We had some problems last year to
work in pairs / groups.Must we do in pairs/groups or may
we do individualy?
T2 says to angelita: I know it is important work as a team,
but because of time it is very difficult . I usually read the
work of my colleagues and answer them
Gerenciamento do tempo
CHAT
02/06
00:06:40
M4 says to All: I prefer work alone
Preferência individual
(*): Acabaram trabalhando juntas na Unit 3step B
A aprendizagem colaborativa pode ser entendida como um ato social,
que colaboração pressupõe um trabalhar junto, em que um indíviduo
interage com outro para realizar algo. Do ponto de vista tecnológico, é
importante ressaltar a afirmação de Komosinski (2002: 65),
“… a Internet viabilizou nos últimos anos a comunicação entre pessoas a um custo muito
baixo e praticamente eliminou-se a noção de distância.”
As pessoas podem se comunicar por escrito, via correio eletrônico,
fóruns, programas de bate-papo etc. Todavia, a possibilidade técnica não
garante a aprendizagem colaborativa, uma vez que ainda está em voga um
modelo educacional que não valoriza o diálogo e privilegia o aluno que faz
as tarefas e segue sem questionamentos.
Os alunos da atividade em foco, muito provavelmente, vivenciaram a
escola tradicional, onde eram encorajados a competirem (por notas, pelo
reconhecimento de seus pares etc.) e podem ter ficado, de certa forma,
desorientados com a nova regra que se estabeleceu o trabalho
colaborativo. Com a mudança de postura, surgem dificuldades específicas,
como, por exemplo, falta de vínculo emocional que leve a uma interação
182
entre os integrantes do grupo, ritmos de trabalho diferentes entre os membros
do grupo, liderança eventual de um aluno sobre outros alunos, conflitos
dentro do grupo, falta de iniciativa etc.
A interação para um trabalho colaborativo poderia ter ocorrido no
TelEduc por meio da participação ativa e freqüente no Discussion Forum,
Group Portfolio e Chat, entretanto não registros que evidenciem
isso.Talvez os grupos/pares tenham se comunicado por e-mail particular, ou
se encontrado presencialmente, como foi o caso de M3, S e L.
2.6 Contradição entre o Sujeito e a Comunidade
A comunidade é formada por todos os sujeitos que compartilham do
mesmo objeto e cuja identidade é definida, em grande parte, pelo papel ou
função que têm no grupo. Conforme mencionado no início deste capítulo, a
comunidade foi formada por, pelo menos, 22 pessoas. Por ser uma atividade
ligada à aprendizagem (curso online), tradicionalmente apresenta uma
divisão clássica de papéis: alunos inscritos (19), professora (1), coordenadora
(1). Por ser o curso online, ainda há o suporte técnico (1).
Embora o curso tenha sido desenhado para ser completamente via
Internet, três alunas (M3, S e L) costumavam se reunir na casa de uma delas
para estudar e fazer as tarefas. Elas se reuniam também para participar dos
chats; muitas vezes S acessava o curso e enviava os comentários das outras.
Quadro nº 52 - Registros que indicam contradição entre sujeito e comunidade
Chat – 05/04
16:06:26) S says to All: Hello,everybody! We are here: I, M3 and L .
(16:09:49) C2 says to All: And L, is she here with you?
16:10:28) S says to All: Yes We are together.
(16:10:36) C2 says to All: Now I saw the name of M3. How are you M3?
16:11:26) S says to All: M3 is dreaming......
16:14:53) S says to All: L asked to us begin the chat, she is very happy today because she is in
love.
(16:45:59) S says to All: Whats your opinion, about L said.
(16:52:35) S says to All: V, DO you agree that when working Specific information genres, we have
Specific information , M3 said.
183
Chat – 09/07
(23:21:23) S says to All: my colleagues want to know about this course
As alunas não conseguiram participar do chat do dia 16/04 e, então,
recebi a mensagem abaixo:
Hello ,teacher Angelita.
I am writing to ask you apologies by chat on saturday.I just could conect 16:50 because I was with
doubts in internet. L and M3 were the same doubts. I would like to know, What I must do when
happen this. Can I take part chat later? Thanks S
De certo modo, elas transformaram a atividade, que, originariamente,
era uma atividade de se engajar em um curso online e, depois, passou a ser
para elas uma atividade de se engajar em um curso de compreensão da fala,
com apoio de grupo (presencial/ virtual).
3. Contradição Terciária
A contradição terciária surge quando objetos e motivos mais
avançados são introduzidos na atividade central. Não encontrei registros que
apontassem para contradições terciárias na atividade estudada.
4. Contradição Quaternária
A contradição quaternária surge a partir da interação entre a atividade
central e as atividades circunvizinhas. Além dos problemas decorrentes da
interação com o resultado do sistema de atividade de design do curso, por
exemplo, o prazo para estudo semanal estimado pelos designers, as
instruções criadas, o prazo estipulado para cada unidade do curso, entre
outros, a contradição se manifestou pela interferência de outros sistemas de
atividade a que os alunos pertenciam. Os registros encontrados apontaram
para as esferas profissional, familiar e pessoal.
184
Quadro nº 53- Registros que indicam contradição quaternária
Esferas
Registro
Profissional
24/04
Olá, Angelita
desculpe, andei doente e esta semana estou meio apertada porque tenho que fechar notas na
escola, tentarei fazer no final de semana. obrigada, R1.
06/05
Ola Professora!!!!
Eu recebi os e-mail, sim!!!! Estou fazendo as liçoes e vou mandar no sabado e domingo, ja que
durante a semana nao encontro um tempo para mandar devido a profissao. Se eu tiver algum
problema, neste fim de semana eu te dou um retorno, OK!!! - Abraços - D1
Em 07/06/2003 23:30:10, C1 havia escrito:
Teacher,
I´m so sorry I wasn´t at the chat today. It was because I had a meeting at school in order to
prepare me and the others to work on Sunday on the universities´exams.> Bye> C1
Familiar
23/03
OI ANGELITA TUDO BEM .
SÓ HOJE PUDE ABRIR MEUS E-MAILS POIS TIVE PROBLEMAS DE MORTE NA FAMILIA E
VIAJEI PARA MINAS GERAIS . QUANTO Á MINHA DISPONIBILIDADE É TODO DIA ÁS 23:00
OU AO SABADO OU DOMINGO. PROVAELMENTE VOCES JÁ SE ORGANIZARAM E EU
TEREI QUE ME ADAPTAR AOS DEMAIS FAREI O MEU MELHOR PARA ISTO. DESDE JÁ
AGRADEÇO E ME DESCULPO . ABRAÇOS M4.
10/04
Angelita:
Bom-dia. Eu irei terminar esta unidade neste final de semana. É que infelizmente eu só consigo
acessar o curso em minha casa, então, sempre faço as atividades nos finais de semana, porém,
no último final de semana, minha avó faleceu e eu não tive tempo para entrar no curso. F
13/05
Hi Angelita,
OK, it's great!!!!
Mammy is getting over from the surgery and I come back to my daily routine. Thanks and
hugs, T1
16/05
Teacher, I won't partake of chat tomorrow, because my husband is sick, he is admit to the
hospital. I won't to over there. Thank! M3
Pessoal
31/03
Hi Angelita,
Of course I didn't give up the course, I am going to do the tasks. I was with a guest at home
until yesterday and I was with some documents, now everything is ok. T1
11/04
Angelita
Este final de semana estarei colocando todas as lições em dia. Estava estudando para um
concurso por isso estava sem tempo. Obrigado pelo interesse. M1
24/04
Hello,
Tudo bem? Não esqueci o curso não, é q tenho prova na Cultura hoje, amanhã iniciarei as
tarefas do curso. T1
Síntese do capítulo
185
Apresentei neste capítulo as contradições da atividade em estudo. A
análise sustentada pelas contradições serve para mapear as áreas e explicitar
os desequilíbrios existentes dentro deste contexto. Elas são atributos
inevitáveis de uma atividade, iluminam áreas que precisam ser revistas,
identificam as oportunidades para mudança, desenvolvimento e evolução.
No próximo capítulo, tratarei do desenvolvimento dos alunos no curso
online.
186
ENGAJAMENTO DOS
ALUNOS
A presente análise e observação do engajamento é feita com base na
verificação dos processos de internalização e externalização, geradores das
mudanças na atividade. Com o intuito de dar mais clareza ao estudo,
retomarei, brevemente os conceitos de internalização e externalização, para
em seguida, tratar das ações realizadas pelos alunos, que podem nos ajudar
a perceber indícios de aprendizagem expansiva no curso online. A
identificação e reconhecimento dessas ações estão baseados na produção da
atividade em investigação, ou seja, nos registros dos chats, dos Discussion
Forums, do Portfolio, dos questionários e na comunicação de e-mail (do
curso e particular).
Se usarmos a analogia do estudo presencial, veremos que todos os
participantes nesse cenário utilizam-se da comunicação face a face, que
fornece pistas visuais, como o olhar, os gestos, a postura do corpo etc. e que
sinalizam, por exemplo, se um aluno está com dificuldades de entender o
187
conteúdo, se está interessado na aula, se conversas paralelas e outras
tantas coisas. Essas pistas podem ajudar o professor a acompanhar melhor o
estudante, dando-lhe subsídios para que decida sobre a melhor hora e forma
de intervir.
A presença física em cursos face a face pode pressupor que o aluno
pertença ao grupo ou classe. Ele ouve o que é dito e pode participar de uma
discussão, erguendo a mão para lançar um comentário, uma pergunta ou
uma dúvida. Ou, por uma série de razões, ele pode estar alienado a tudo o
que ocorre em sala de aula e não se sentir parte do grupo. E na rede? O que
ocorre? Ao entrarmos no TelEduc, por exemplo, observaremos um conjunto
de ferramentas que apresentam e organizam a informação gerada,
normalmente registrada de forma seqüencial e textual. Mas como saber se o
aluno está se desenvolvendo e se engajando na atividade de aprendizagem?
Aprender é um processo de construção de significados e não de
transmissão de conhecimento. Interagimos não com os outros, mas
também com ferramentas (artefatos), e tentamos continuamente construir os
sentidos dessas interações. A construção de significado parece ser a solução
do desequilíbrio existente entre o que sabemos com certeza e o que
percebemos ou o que achamos que outros sabem. Trata-se de um processo
que pode se iniciar por causa da curiosidade, da perturbação, do espanto, da
expectativa etc. Dessa forma, um sujeito, quando encontra um problema,
articula uma intenção de “resolver” o fenômeno e depois age
conscientemente, refletindo sobre o significado das interações (Jonassen,
2000).
As mudanças nas atividades, por sua vez, ocorrem por meio de
processos recíprocos e unificados de internalização e externalização. As
contradições e tensões entre indivíduos e influências socioculturais, entre
dois ou mais componentes de um sistema de atividade, e entre diferentes
188
sistemas de atividade impulsionam a internalização e, conseqüentemente, o
desenvolvimento.
O ser humano internaliza conhecimentos, conceitos, valores e
significados, reproduzindo-os em suas relações sociais. A internalização está,
portanto, relacionada com a reprodução da cultura e não corresponde à
cópia das estruturas externas para o plano de consciência, mas à recriação
interna, influenciada por fatores idiossincrásicos de tais estruturas Uma
operação que inicialmente representa uma atividade externa é reconstruída e
começa a ocorrer internamente.
Ligada à internalização, temos a externalização, a manifestação
externa de processos internos e à capacidade criativa do ser humano, pela
qual é possível transformar a realidade vivida. Nesse processo, novas
ferramentas (materiais ou psicológicas) podem ser criadas, com a função de
mediarem a relação entre sujeito e objeto, potencializando a superação do
processo de reprodução cultural, e novas formas de organização social
podem surgir a partir da transformação de uma precedente. Nada está
definido e um constante evoluir, caracterizando, assim, um ciclo de
aprendizagem expansiva (Engeström, 1987), que constitui uma contínua
construção e resolução de tensões e contradições em um sistema de
atividade. Desenvolver significa, então, resolver ou transformar as
contradições existentes, resultando, dessa forma, em uma mudança no
sistema de atividade: a construção de um novo objeto e novo(s) motivo(s).
No ciclo de aprendizagem expansiva, toda a atividade se transforma;
geralmente, o ciclo é coletivo e leva um longo período de tempo para se
completar. Ele começa quando os participantes questionam os objetivos da
atividade, o que é produzido e por quê, e normalmente os envolvidos
acabam criando uma nova prática.
189
Como atualização do Diagrama 3, mostrado no capítulo de
Fundamentação Teórica, surge o Diagrama 4, uma seqüência cíclica ideal-
típica de ações epistêmicas de aprendizagem
27
(Engeström, 2001: 152):
Diagrama 4 - Seqüência cíclica ideal-típica de ações epistêmicas de aprendizagem
A seqüência é composta por sete etapas:
1. questionamento da situação atual;
2. análise histórica das contradições/ análise empírica atual;
3. modelagem da nova situação;
4. exame do novo modelo;
5. implementação do novo modelo;
6. reflexão sobre o processo;
7. consolidação de nova prática.
27
Ideal-typical cyclic sequence of epistemic learning actions.
190
Tais fases encerram ações decisivas e cíclicas de indivíduos
pertencentes ao sistema de atividade, que surgem como reação ou solução
de contradições internas. Nesta pesquisa, analisarei o que Engeström (1999:
385) chama de ciclos miniaturas e intermediários de aprendizagem. Os
miniaturas podem levar minutos ou horas e os intermediários, semanas ou
meses. Eles podem ser considerados potencialmente expansivos, entretanto o
seu surgimento não é uma garantia de que haverá a ocorrência de um ciclo
completo de aprendizagem expansiva.
Destaco, porém, que a necessidade é o fator desencadeador da
atividade; ela motiva o sujeito a ter objetivos e a realizar ações para
concretizá-los mas tão logo ele começe a agir, imediatamente passam a
ocorrer transformações, e o motivo/a necessidade passa do virtual para o
material, sem conhecer o objeto, até que a primeira ação seja tomada.
Quanto mais a atividade prossegue, mais o motivo/a necessidade se converte
em resultado (Leontiev, 1978).
O movimento entre atividade, ação e operação revela o processo
contínuo de desenvolvimento do sujeito. Assim, para que uma ação tenha
significado, ela deve ter sido produzida por um motivo. Para que se torne
uma operação, é preciso que novas necessidades (ou motivos) exijam ações
mais complexas. Para que o sujeito sinta novas necessidades ou motivos que
o estimulem a agir em um nível superior, é preciso que esteja inserido em
um contexto que produza a necessidade de novas ações e assim por diante.
Cada motivo é um objeto (material ou ideal) que satisfaz uma necessidade,
levando em consideração dois princípios básicos: a internalização e a
externalização.
Com base em tais conceitos, voltemos à situação presente. Os alunos
ao terem iniciado o curso de Compreensão do Inglês Falado via Internet,
estavam todos na primeira etapa do ciclo expansivo de aprendizagem -
191
questionamento da situação atual. Relataram, como vimos no capítulo
anterior (p.136), motivos de cunho pessoal e profissisional que almejavam:
a. a transformação da prática profissional corrente (C1: I
want to learn more with this course specially how to
work with listening strategies with a class of 40
students.”);
b. a mudança de nível de conhecimento relativo à
habilidade de compreensão do inglês falado (M4: My
expectation for this modules is very good, because I
have difficult in listen. perhaps lack practice. I think that
with this module I can to improve.”);
c. a junção dos itens acima (V: “In this module, I expect
to improve my oral English, exchange experience and
activities with the colleagues of the course, learn more
about different and interesting classes for my
students, change for the better my classes, and awake
my students to learn English with pleasure.”).
A partir daí, cada aluno começou sua jornada e vivenciou
contradições que influenciaram o seu desenvolvimento ao longo do curso.
As personalidades foram se delineando e, conseqüentemente, viveram e
posicionaram-se em etapas diferentes do ciclo miniatura/intermediário de
aprendizagem.
Dessa forma, os motivos passaram do virtual para o material e, com a
primeira ação tomada, entraram em contato com o objeto e puderam
articular suas intenções, revelando-se nas ações realizadas. A força motriz
para o engajamento na atividade partiu, então, do motivo/ da necessidade.
A ação inicial dos alunos para a concretização dos motivos foi a de
acessar o site do curso para materializar a presença e participação. Destaco
192
que a definição mais simples de presença em um curso online tem sido a
habilidade do aluno em interagir com outros colegas e com o professor (ou
instrutor) (Picciano, 2002). Mas, à medida que esse conceito vem sendo
estudado, sua definição tem se expandido para incluir a telepresença, a
presença cognitiva, a presença social e outras formas de presença. Por
conseguinte, com a expansão do conceito, uma distinção vem sendo feita
entre interação e presença, sendo que a interação pode indicar a presença,
mas é possível que um aluno poste uma mensagem e não necessariamente se
sinta parte de um grupo ou de uma classe.
Pesquisas ligadas à comunicação mediada pelo computador e à
aprendizagem online vêm redefinindo o conceito de presença à luz da
habilidade que os indivíduos têm para se comunicar por via digital. O termo
telepresença tornou-se popular como uma área de estudo, fato que levou
Tamelin (1998) a estabelecer uma relação entre telepresença e presença
social como uma levando a outra. Biocca (1995) classifica a presença em
três tipos: presença espacial, presença reflexiva e presença social. Rourke,
Anderson, Garrison & Archer (2001), por sua vez, definem um modelo com
três componentes: presença cognitiva, social e de ensino.
Neste trabalho, considero que a presença é o resultado de um
rastreamento das evidências comunicativas produzidas pelos alunos nas
áreas visíveis do curso, ou seja, as mensagens enviadas para os Discussion
Forums, os registros nos Portfolios (individual e de grupo), as mensagens de
e-mail (do curso ou particular), os registros no Profile e as transcrições de
chats. Enfatizo que essas ferramentas de comunicação podem revelar o
processo de pensamento do estudante para compreender o conteúdo do
curso e completar as tarefas e que não foram contadas como presença as
situações em que ele entrou no ambiente e dirigiu-se apenas para a Agenda,
conforme mostra a Figura 30:
193
Figura 30 - Exemplo de não presença no curso
Embora o TelEduc não registrasse o número de mensagens lidas pelo
aluno no Discussion Forum ou no Mail, o sistema registrava o seu acesso (dia
e hora) nessas ferramentas. Na Figura 31, pode ser observado que cada dia e
horário possuiam links para mais informações:
Figura 31 - Exemplo de presença da aluna C1
No caso da aluna C1, verifica-se os dias que ela acessou o Discussion
Forum no mês de março. No dia 17/03, por exemplo, acessou a ferramenta
194
às 15:04:53; ao clicarmos no link do dia, veremos que C1 entrou às 15:07:23
na ferramenta Agenda. No dia 18/03, acessou o Discussion Forum às
17:35:19. Ao clicarmos no dia 18/03, um registro de que C1 também foi
às 17:47:20 para a ferramenta Chat. Provavelmente, ela pode ter gasto o
tempo, de 17:35:19 até 17:47:20, lendo as mensagens do Discussion Forum;
contudo, trata-se de uma especulação, uma vez que o TelEduc não registrava
quando as mensagens eram lidas pelo aluno. No dia 28/03, C1 deixou suas
contribuições nos Discussion Forums da unidade 1:
U.1-step2: Listening Strategies às 13:53:52 (o sistema registrava
13:49:35 como hora de entrada nessa ferramenta e 13:54:59
como hora de entrada na ferramenta Course Dynamic);
U.1-step4a: Identifying Genres às 14:43:46 (o sistema
registrava 14:36:15 como hora de entrada nesta ferramenta e
14:44:15 como hora de entrada na ferramenta Activities).
No dia 30/03 (dois dias depois de ter deixado sua mensagem no
fórum), C1 acessou a ferramenta Discussion Forum às 10:06:40 e às 10:07:44
acessou a ferramenta Mail, de onde mandou a seguinte mensagem para a
professora:
Remetente
Destinatários
Data
C1
Angelita Quevedo
30/03/2003 10:11:30
Rep:your answers in the first quiz
Hi teacher,
Thanks a lot for answering. I tried to get the main idea not the genre on the first exercise. I´ll try it
again. C1
O e-mail enviado foi resposta a uma mensagem da professora
(datada do dia 29/03, 09:53:41) que a orientava quanto às respostas enviadas
ao Discussion Forum: Identifying Genres. A aluna havia mostrado ter
interpretado as instruções da tarefa de modo inadequado e
195
conseqüentemente, alertei-a para esse fato e pedi para que refizesse o
exercício:
Em 29/03/2003 09:53:41, Angelita Quevedo havia escrito:
> Hi C1
> I looked at your answers about the first quiz: Identifying genres in the Discussion Forum and I
would like to point out some things. First, what happened was that you listened to the exercise
without having paid attention to all the instructions. Part of the instructions was for you to identify the
genre, in this case you had to identify if what you were listening was a piece of news, a
conversation, a documentary etc...
> When you wrote that the first and the last sound were the same, I do not know which files you are
talking about because the system shuffles the files every time you open the quiz. But let us see:
when you said that you thought that one audio was about health, you were right. It was a
commercial add about a site called nutrition.com. A site dedicated to your health. This means that
you understood the message, maybe you had even recognized the type of genre but you were
worried to show you had understood the meaning of the words.
> Listen again, this time trying to pay attention to the kind of genre. Your next step will be to pay
attention to the word/ or expression that helped you identify the genre, not the message. Sometimes
this can be a noise of a phone call for instance plus the word hello. Did you get the idea now?
> Angelita
Provavelmente, C1 voltou dois dias depois, segundo regra
estabelecida pela professora, para checar se havia comentários para sua
contribuição ou ler outras mensagens deixadas pelos seus colegas.
A observação detalhada dos procedimentos usados por C1, em seu
trajeto durante o curso estendeu-se para todos os alunos, o que gerou o
Quadro 54, que registra o número de dias em que o aluno esteve no curso:
Quadro nº 54 - Quadro de acessos do aluno no curso
MARÇO
ABRIL
MAIO
JUNHO
JULHO
TOTAL
ALUNO
DIAS
ACESSOS
DIAS
ACESSOS
DIAS
ACESSOS
DIAS
ACESSOS
DIAS
ACESSOS
DIAS
ACESSOS
R2
6
22
08
40
13
52
12
44
12
90
51
248
J
5
22
10
17
10
46
11
59
4
22
40
166
C2
12
47
9
22
15
36
12
37
8
23
56
165
M4
4
8
9
26
15
41
10
26
8
34
46
135
C1
12
20
15
22
17
30
19
33
11
28
74
133
D2
4
11
8
20
8
29
7
14
18
35
45
109
Z
1
5
16
28
13
26
5
9
13
36
48
104
M2
1
1
3
7
5
7
16
62
10
23
35
100.
T1
3
7
13
43
7
21
4
11
3
11
30
93
T2
9
20
15
32
10
16
5
9
5
14
44
91
M3
11
13
9
13
14
21
13
16
11
17
58
80
196
F
2
5
6
12
7
8
8
19
14
27
37
71
S
2
5
6
13
7
12
5
14
3
18
23
62
V
0
0
7
21
7
14
8
13
4
7
26
55
L
0
0
5
9
5
8
2
3
4
11
16
31
M1
4
4
2
2
7
11
4
8
4
5
21
30
A
2
4
3
7
4
5
0
0
0
0
9
16
R1
1
6
3
5
0
0
1
2
0
0
5
13
D1
2
2
2
2
1
1
1
4
0
0
6
9
O quadro mostra, em ordem decrescente, o número de acessos
(mensal e total) dos alunos. Foram considerados acessos as vezes em que o
estudante acessava a Agenda e pelo menos uma outra ferramenta do
TelEduc.
Um dos critérios utilizados para determinar com quais alunos
trabalhar foi o da média aritmética (90) e do desvio padrão (61,65), tendo o
desvio padrão como limiar quantitativo superior e inferior de acessos dos
sujeitos. Selecionei, então, os alunos cujo número de acessos variava entre
29 e 151 (90 ± 61) e desconsiderei os extremos inferiores (9,13 e 16 acessos)
e os superiores (165,166 e 248 acessos). Obtive um total de treze alunos
(M1, L, V, S, F, M3, T2, T1, M2, Z, D2, C1, M4) que, acredito, representam a
faixa de normalidade. Os valores extremos podem estar associados a
probabilidades remotas, não sendo de interesse para esta pesquisa as causas
que fazem muito pouca gente acessar muito ou pouco, mas as causas que
levam a maior parte a acessar. O excessivo número de acessos poderia
significar simplesmente um defeito no equipamento dos sujeitos ou uma
conexão precária e não um interesse genuíno no curso, entre outras razões.
A seguir, detalharei as ações realizadas pelos alunos para
concretização de seus motivos (mencionados anteriormente). Algumas delas
deram origem aos desequilíbrios discutidos no capítulo anterior e
alimentaram, de certa forma, o posicionamento dos alunos no ciclo
miniatura/ intermediário de aprendizagem.
197
Ações realizadas pelos alunos
O levantamento das ações observadas gerou o Quadro 55, que
mostra o que os alunos, em geral, fizeram para a concretização dos motivos
de cunho pessoal, profissional e social.
Quadro nº 55 - Ações feitas para a concretização dos motivos de cunho pessoal,profissional e
social
NATUREZA
DO MOTIVO
MOTIVO
AÇÕES
INDÍCIOS DAS AÇÕES
DE CUNHO PESSOAL
“sanar dificuldades próprias
em ouvir o inglês falado”
PRATICAR OUVIR O INGLÊS
FALADO
“ficar mais auto-confiante
quanto a entender o inglês
falado”
“desenvolver o
conhecimento”
“saber como entender o
inglês oral”
Acessar course dynamic
Ler as páginas de
conteúdo
Imprimir as páginas de
conteúdo
Acessar activities
Acessar arquivos de áudio e
vídeo (via cd, via internet)
Ouvir/ ver os arquivos de
áudio e vídeo
Fazer os exercícios de
compreensão oral
Deixar as respostas no
discussion forum/ portfolio
Discutir sobre o conteúdo do
curso no chat
Nº de acessos ao curso
Nº de acessos ao course
dynamic
Nº de acessos ao activities
Nº de acessos ao portfolio
Respostas dos exercícios
dadas no discussion forum
Tarefas realizadas no portfolio
Depoimento no questionário
(ítem avaliação do curso)
DE CUNHO PROFISSIONAL
“saber como trabalhar esta
habilidade com seus alunos
em suas aulas”
“aprender novas estratégias
e adaptá-las para suas
aulas
“mudar suas aulas
tradicionais”
“despertar em seus alunos o
prazer de aprender o inglês”
“Conseguir uma melhor
oportunidade profissional”
Acessar course dynamic
Ler as páginas de
conteúdo
Imprimir as páginas de
conteúdo
Acessar o portfolio
Ler e deixar contribuição no
portfolio
Acessar discussion forum
Ler e deixar contribuições no
discussion forum
Interagir com o colega via
portfolio/ discussion forum
Trocar experiências no chat
Nº de acessos ao curso
Nº de acessos ao course
dynamic
Nº de acessos ao portfolio
Nº de acessos ao discussion
forum
Tarefas realizadas e
contribuições deixadas no
portfolio
Contribuições deixadas nos
discussion forums
Interação com os colegas
Depoimento no questionário
(ítem avaliação do curso)
198
DE CUNHO SOCIAL
“trocar experiências e
atividades com os colegas
do curso”
“compartilhar dúvidas com
os colegas do curso”
“ … e participar em todos os
chats
Acessar o portfolio de grupo
Acessar discussion forum/ ler
e deixar mensagens no
discussion forum
Interagir com o colega via
portfolio/ discussion forum/
mail do curso
Preencher o profile
Participar dos chats
Nº de acessos ao curso
Nº de acessos ao portfolio
Nº de acessos ao discussion
forum
Tarefas realizadas no portfolio
de grupo
Contribuições deixadas nos
discussion forums
Interação com os
colegas
Participação nos chats
Depoimento no questionário
(ítem avaliação do curso)
As ações realizadas pelos alunos para concretizar o motivo de cunho
pessoal levaram-os a acessar o Course Dynamic para ler sobre o conteúdo,
sobre as estratégias de compreensão da fala e sobre as instruções das tarefas
a serem executadas. No Activities, eles encontravam os exercícios de
compreensão e os arquivos de áudio/vídeo correspondentes às unidades.
Conforme a tarefa pedida, eles tinham de acessar o Portfolio e /ou o
Discussion Forum.
As ações realizadas para a concretização do motivo profissional
levaram os estudantes a acessar a) o Course Dynamic, para entrarem em
contato com o conteúdo, b) o Activities, para entrarem em contato com os
arquivos de áudio/vídeo e os exercícios de compreensão, c) o Discussion
Forum e d) o Portfolio de grupo, para socializarem experiências profissionais
e sugestões de planos de aula
28
.
As ações realizadas para a concretização do motivo social levaram os
alunos a a) participarem dos chats, b) lerem e enviarem mensagens para os
Discussion Forums, c) enviarem mensagens para outros colegas via Mail do
curso, d) preencherem o Profile e e) trabalharem em grupo no Portfolio de
grupo.
28
Conforme tarefas pedidas nas Unidades 2 e 4 – descritas no capítulo de
Metodologia.
199
Tais ações implicavam, entre outras coisas, o fato de o aluno ter se
apropriado das ferramentas do TelEduc. Observei que ações similares nas
mesmas ferramentas serviam a diferentes motivos e com a apropriação, o
indíviduo marcava sua presença no curso e na comunidade da atividade. A
maioria dos alunos teve de aprender a usar as ferramentas digitais do
TelEduc no contexto das interações sociais, nas quais o uso desses
mediadores (ferramentas) recebiam significação.
Os indícios de aprendizagem expansiva foram observados, então,
com base nas manifestações dos alunos (questionamentos, críticas ou
rejeições), quando enfrentaram contradições secundárias. O Quadro 56
exemplifica algumas dessas manifestações ocorridas na primeira etapa do
ciclo expansivo.
Quadro nº 56 - Ilustração de manifestações da primeira etapa do ciclo expansivo
Relato
Natureza da
manifestação
23/03
Olá,teacher!
Estou escrevendo para dizer lhe que estamos com algumas dificuldades
quanto ao curso, seria possível a senhora nos fornecer seu telefone para
eventuais dúvidas ? Luciene não recebeu a senha. O que ela deverá
fazer? Grata S
Pedido de ajuda
Contradição
secundária: sujeito-
ferramenta (senha)
Teacher:
Now I got to access the page of the course. So, I did many activities there
but I had problem to do the listening exercises. I didn´t understando what I
need to do in the exercise 03 of CD. In the other, I need to pay attention in
the listening and try to do again. I didn´t do the discussion 03 because it´s
not available. Thanks a lot, F
Questionamento do
que deve fazer
Contradição
secundária:
Sujeito-ferramenta
(instruções)
Em 03/04/2003 19:28:54, T2 havia escrito:
Good evening, Angelita,
You said "Do not panick!", but I do.In Genres and English Language
Teaching - part 4, I am sure I understood the listening but my answers
were never accept. So, I clicked on show answer and, there was my
answer! The same words were there! Maybe the way I used the words
were not correct but I understood it and because of show answer my score
was 0%!!I feel stressed,nervous, panick and something else I can not
remember now!I am very late with my lessons!I am sorry!> T2.
Crítica e rejeição ao
sistema de feedback
do HotPotatoes.
Contradição
secundária:
Sujeito-ferramenta
Assim, o motivo do aluno passava a ser a resolução da contradição
ou crise surgidas, bem como a apropriação da ferramenta, para depois se
200
desenvolver. Observe-se que a apropriação e o desenvolvimento não podem
atuar como dois processos independentes, pois se correlacionam como a
forma e o conteúdo de um único processo de desenvolvimento mental
humano (Davydov, 1988: 54). Nessa etapa, a maioria das soluções foram de
caráter individual, entretanto o relato de T2 foi compartilhado com a
comunidade no chat de 02/04 (ver 2.2.2, capítulo anterior).
Passada a primeira etapa, alguns alunos experienciaram a segunda
etapa do ciclo a análise empírica da situação, quando identificaram,
hipotetizaram e/ou analisaram o que supostamente causou o desequilíbrio
(contradição). O quadro 57 exemplifica como isso ocorreu:
Quadro nº 57- Indícios da segunda etapa do ciclo miniatura/intermediário de aprendizagem
Indício
Descrição
23/03
Boa-tarde, pessoal. Eu estou com problemas para acessar o site
http://lael.pucsp.br/teleduc/cursos/aplic/index.php?cod_cursos=1, vocês
poderiam me ajudar? Me parece que o site está fora do ar, pois não há
conexão com o mesmo. Obrigada pela ajuda, F
Relata o problema,
identifica possível
causa
02/04
I would like to understand if we have to put the exact words to answer the
quizzes because on number two I had typed a - telephone call - and the
result was zero. It was obvious it was a phone call, so we have to fill with the
exact words in order to the answer be considered correct.> I look forward
your reply, T2
03/04
Good evening, Angelita,
You said "Do not panick!", but I do.In Genres and English Language
Teaching - part 4, I am sure I understood the listening but my answers were
never accept. So, I clicked on show answer and, there was my answer! The
same words were there!Maybe the way I used the words were not correct but
I understood it and because of show answer my score was 0%!!I feel
stressed,nervous, panick and something else I can not remember now!I am
very late with my lessons!I am sorry! T2
C1-discussion forum
It´s an interesting exercise. Each time I listen they change the position of the
extract. For example, the first time I listen and tried to complete the first
extract was about a loudspeaker, the second time I tried to do it , it was the
extract about a documentary. But, everytime I do the exercise my answers
are not correct. I tried also to copy the answer and do the exercise. They
show the same answer and say that only part of the answer is correct. "
Problemas de configuração?"
Relata o problema,
hipotetiza possível
causa
201
01/04
Hello,
Angelita, I didn't get to enter the site of the course, my login and password
didn't appear, only the white page "esta pág não pode ser exibida. Maybe
because PUC is on strike? If you know something about, please tell me.
Hugs, T1
Hipotetiza possível
causa
Good evening, Angelita,
I have had a big problem....As I do not know computers very well I asked to
my brother.....We need to click on the folder in our CD to listen to music 1/2/3
and my brother said it is necessary Microsoft Media Player and in mine there
is only Windows Media Player; because of this I can not listen to the music.
What can I do? Thanks T2.
Relata o problema,
identifica possível
causa
Note-se que todos os relatos estão voltados para a contradição
secundária sujeito-ferramenta.
A terceira etapa do ciclo refere-se à modelagem de novas soluções
para a situação, ou seja, a formação de novas ferramentas, regras, ou divisão
de trabalho. Nesta pesquisa, a modelagem e a implementação do modelo
(quinta etapa) parecem ter ocorrido simultaneamente.
Vejamos como isso se deu nos exemplos a seguir. A descoberta da
impossibilidade de se usar o apóstrofe no TelEduc ocorreu no chat de 02 de
abril. A aluna T1 enfrentava problemas para continuar no ambiente e
constantemente era expulsa da sala. O trecho do chat ilustra a situação:
(23:46:15) T1 says to angelita: Yes, I think it register all mistakes and interrupt when I send, is it
OK?
(23:46:58) angelita says to All: Do not know. Do not use contractions. Who knows this is one of the
reasons.
(23:47:47) angelita says to All: Which browser do you have: Internet explorer? Netscape?
(23:48:56) angelita says to All: There is always the possibility of the connection. Sometimes your
connection is not quite good ... sometimes it is the server (servidor)
(23:49:23) T1 says to angelita: I use Internet Explorer and I realised I cannot use contractions.
T1 hipotetizou uma possível causa o fato de o sistema registrar seus
erros e interromper o envio da mensagem; eu hipotetizei outras o uso do
apóstrofe, a conexão e o navegador. A aluna testou uma das hipóteses
escreveu tudo por extenso (modelagem da nova situação), e houve a
202
descoberta da solução, que trouxe como conseqüência para a comunidade a
utilização de um novo símbolo (o asterisco) nos contextos em que o
apóstrofe era comumente usado na língua inglesa (implementação do novo
modelo).
Outro exemplo pode ser visto na solução que as alunas S, L e M3
encontraram para o problema de uma delas:
19/03
Angelita, não recebi o CD-ROM, caso tenha sido problema com endereço, por favor mande-o para: EE
JARDIM MOMBAÉ na Rua José Clemente Pereira sn - Jardim Mombaé - Diadema - SP. CEP:09961-
050. - Estou ouvindo o CD-ROM da S, nós estamos acessando o curso juntas, provisoriamente.
Obrigada! - M3.
As três alunas estavam juntas na casa de S para fazer as tarefas do
curso e enfrentavam problemas para carregar a página do site - que ficava
incompleta, e para ler o CD enviado. Além disso, o computador de L estava
queimado. Em 30/03, telefonaram para a professora explicando que, dessa
vez, enfrentavam problema com a conexão, que caía de dez em dez
minutos. Elas haviam resolvido o problema com o CD e comunicaram-me
que continuavam a fazer as tarefas juntas porque preferiam discutir e trocar
idéias, já que o “listening estava difícil”. Com isso, alteraram a atividade pela
introdução do componente presencial estudo em grupo presencial. Talvez
a justificativa dada pudesse ser considerada como um registro de quarta
etapa exame do novo modelo, contudo considero-a um pouco frágil, por
não ter sido retomada com mais densidade em outras situações.
Exemplos da quarta etapa do ciclo podem ser verificados em trechos
do chat ocorrido em 12/04, que versou sobre estratégias de compreensão
oral:
Indício
Tópico
(16:28:27) T2 says to All: I think that unconsciously we use
listening strategies
(16:33:06) T2 says to All: After some activities I noticed that we
do it all time!
Sobre o uso de estratégias de
compreensão oral em nosso dia
a dia.
203
(16:40:58)T1 says to All: I do not think the activities are difficult,
we have only to pay more attention in order to listen, and I think
the most par of you have this difficulty.
(16:46:59) F says to All: Yes, we need to pay attention in all the
words, in all the situations and also try to understand the
situation
Como proceder para fazer os
exercícios em áudio/ vídeo
(16:42:11) F says to All: All these activities (course ) is a
reflection for us, for our job in the classes
(16:21:12) F says to All: I like so much this course. It is a
different way to learn and change experiences with the
teachers that work in the same area.
Sobre o curso
O novo modelo é entendido aqui como a aplicação das estratégias de
compreensão para ouvir o inglês falado.
A quinta etapa é a implementação do novo modelo e, conforme
discutido anteriormente, ela ocorreu imediatamente após a terceira, em
vários momentos durante o curso. dois registros que apontam para a
implementação do novo modelo em outro sistema de atividade. Em um
deles, a aluna T2 comenta o uso de parte do conteúdo aprendido no curso
online em sua prática profissional:
Uma das técnicas que apliquei cujo resultado foi surpreendente foi técnicas de leitura; meus alunos
descobriram que poderiam compreender não um texto em inglês mas também em outra língua
através dessas técnicas. Agora, acredito mais no meu trabalho , estou mais segura em relação aos
meus conhecimentos e sei como melhor orientar meus alunos . (T2)
Em outro, a aluna Z comenta e conta detalhadamente como sua
prática profissional mudou depois que introduziu alguns dos conceitos
abordados no curso. Ela detalha uma de suas aulas e afirma ter considerado
a aula produtiva e motivadora para seus alunos, além de ter aprendido
muito:
I am trying to apply some strategies, which I read and followed through some our last steps, which
we are learning in this unit. In a class what my pupils aren`t so noisy and there are some students
which they aren`t coming to school; I`m starting to practise in English language some situations,
after your suggestion. To begin with, I thought I wouldn`t get, but I`m trying slowly and I would like to
tell you: I asked to a next class, what is always in a next week, because I have two classes in the
same day. It`s a 6th. Grade (Ensino Fundamental), what I dealt with most of them in last year,
therefore I get a control and performance better them. Then, I asked what they would like talking
about; I was listening and writing on blackboard some their suggestions in English language. Among
what they chose there were: musics, TV show schedules, teenager`s fashion as pincers and tattoos,
comic strips, some extreme and radical sports, pinball machines and their games, violence, etc...
According to their choices, we decided that will be about TV show schedules, which they like much.
So, I asked that they should bring a list of TV show schedules with their programme names; I
explained that they would divide in kinds of programme, which in English language are written:
"cartoons, sports, news, films, soaps, interviews, talent show, comedy and musical programmes,
etc..." with their "day, time and channel" in English language to research and improve their
vocabulary. After that, they should write the reason why they liked and their mind about, in
Portuguese language, of course. To next classes I researched a site what it had programmes with
204
about; I was listening and writing on blackboard some their suggestions in English language. Among
what they chose there were: musics, TV show schedules, teenager`s fashion as pincers and tattoos,
comic strips, some extreme and radical sports, pinball machines and their games, violence, etc...
According to their choices, we decided that will be about TV show schedules, which they like much.
So, I asked that they should bring a list of TV show schedules with their programme names; I
explained that they would divide in kinds of programme, which in English language are written:
"cartoons, sports, news, films, soaps, interviews, talent show, comedy and musical programmes,
etc..." with their "day, time and channel" in English language to research and improve their
vocabulary. After that, they should write the reason why they liked and their mind about, in
Portuguese language, of course. To next classes I researched a site what it had programmes with
the highest ratings, but the lowest intellectual and morality level, or to be really "tacky", programmes
are "gross" with scenes of violence, sexy obscene, etc...; which exploit people`s situations very poor
family showing their miserable lives and tragedies to get "top the ratings", that I thought very
interesting because I had to be prepared to these choices, which they could probably bring, due to
that kind of programmes to be what they always like much of talking about similar facts which they
have experiences in their communities. In spite of some haven`t brought, I divided them into groups
and I asked their answers to conclude the most favourite and chosen kind of programmes and
reasons for the choice. Besides each group explained, we were writing in a table: kinds of favourite
programmes, days of the week hours and channels in English language as agreed; so we were
putting the names of programmes into their kind; after that, they had that to justify the reason why
they liked in oral Portuguese language. I got only to sumarize in English some words or expressions
according to their student`s reasons, using adjectives like this: "interesting, fun, funny or comic,
exciting, challenging, emotional, cultural, useful advices, etc...". Although I didn`t get to apply
everything that I had planned, I think it was an useful, productive and curious to my pupils because
they had difficulties to express reasons in their own language, whenever they needed to talk about
the reason for something; besides having been interesting for me, because it was a new experience,
what I learned to use some characteristics of arguing genres and mainly the social interaction
among pupils through the exchange of their ideas and opinions.
Z descreve, em detalhes, como ministrou uma aula diferente da
tradicional.
A sexta etapa está ligada à reflexão sobre o processo, e o curso online
foi vivenciado como uma nova maneira de aprender, que deu lugar e serviu
de base para refexão sobre um novo objeto e uma nova atividade ligada à
prática profissional de cada um, por isso encontramos depoimentos que se
voltam para uma reflexão geral e não para situações pontuais dentro dessa
atividade (D2, M4, S, T2, F, L e M2 abaixo):
Antes, achava muito estranho os tais cursos à distância. Achava que era muito fácil. Mas percebi
que exige disciplina e força de vontade. Percebi também que sou uma aluna indisciplinada. Deixei
minhas atividades p/ a última hora e muitas vezes sem a qualidade que sei que poderia ter. Mas
também percebi que não consigo deixar de estudar. (D2)
205
O curso está sendo de grande valia para mim. Através desse curso sinto que posso buscar várias
formas para aperfeiçoar o meu inglês e que tenho muito que aprender. O curso fez com que me
identificasse um pouco mais com o inglês, vendo como uma coisa necessária a minha vida
profissional e pessoal. O curso me abriu horizontes, isto é, mostrou que posso melhorar e
aperfeiçoar a minha didática em sala de aula, trazendo um envolvimento maior e melhor do aluno
para esta disciplina, fazendo com que eles aprendam de uma forma bastante lúdica. (M4)
O curso provocou o interesse em eu fazer outros cursos instrumentais como: português
insrtrumental. Como aluna eu pude avaliar a minha prática em sala de aula pois eu aprendi outras
maneiras de trabalhar com a Língua Inglesa. O curso me ajudou a integrar outras disciplinas como
Educação Artística , Ed. Física , Música e até o Ensino Religioso . Minha aula se tornou melhor e
os alunos mais envolvidos no aprendizado do Inglês. Eu também abri um curso para crianças na
minha igreja. O nome do curso é Aprenda Inglês pela Evangelização. (S)
Acredito que o que mais fiz durante este curso foi refletir sobre o que é trabalhar com uma língua
estrangeira. O curso ensinou-me que não é preciso uma pessoa 24 horas ao meu lado para que
aprenda alguma coisa; basta querer e ter muita força de vontade pois não é nada fácil ter que se
virar ,quebrar a cabeça até obter respostas para as muitas perguntas e dúvidas. Porém, mostrou-
me que preciso sim, de alguém que me oriente corretamente pelos caminhos até que chegue com
minhas próprias pernas ao conhecimento. (T2)
Mesmo sendo professora, é obvio que tenho muita coisa a aprender. Um curso como este é muito
importante para o aprimoramento e reciclagem de professores de língua inglesa, pois podemos
pensar sobre nosso modo de lecionar, refletir à respeito, e aproveitar as trocas de experiências que
tivemos nos chats para nos ajudar em nosso dia-a-dia. Às vezes, é bom nos sentirmos alunos
novamente, pois podemos aprender mais alguma coisa e sentir o que nossos alunos sentem,
quando, por exemplo, passamos alguma atividade diferente para eles.(F)
Atividades com listening pq mudei a minha prática em sala de aula Ajudou a avaliar a minha
metodologia em sala de aula.Aprendi a rever melhor as aulas de inglês, planejando melhor. (L)
SIM, APRENDER USANDO A INTERNET. FORNECEU BRILHANTES IDÉIAS DE COMO USAR O
COMPUTADOR E INTERNET PARA DAR AULAS, MAIS INTERESSANTES, INSTIGANTES E
DINÂMICAS. VONTADE DE DOMINAR MELHOR OS MECANISMOS DO COMPUTADOR E DA
INTERNET PARA INCREMENTAR O NÍVEL DAS AULAS. (M2)
A sétima etapa é a consolidação da nova prática, que implica um
conflito entre a velha e a nova forma de fazer e pensar uma contradição
terciária que emerge da atividade atual. Não indícios que apontam para
essa etapa.
A Figura 32 sintetiza o ciclo miniatura/ intermediário de
aprendizagem existente na atividade da pesquisa, mostrando o
posicionamento dos alunos conforme os indícios observados.
206
Figura 32- Distribuição dos alunos no ciclo expansivo de aprendizagem
Pelos indícios, nem todos os alunos parecem passar pelas mesmas ou
por todas as etapas do ciclo. Contudo, os relatos parecem corroborar a visão
de Engeström (1987), na qual a essência de toda atividade de aprendizagem
é a produção de novos sistemas de atividades (incluindo-se novos objetos,
instrumentos, regras etc.), a partir de ações que são manifestações de
contradições internas (contradições terciárias).
Parece que os alunos que passaram pela etapa seis do ciclo
apresentam um potencial para a expansão (Engeström, 1995), por estarem
propensos a introduzir o novo em sua prática profissional.
207
Deve-se considerar que, na aprendizagem expansiva, a atividade de
aprendizagem é vista como uma entidade e nesse processo, tanto o
indivíduo quanto o coletivo aprendem diretamente, porque fazem parte das
mudanças do sistema, e indiretamente, porque o novo objeto irá motivar e
causar novas ações. Na atividade de aprendizagem, o desenvolvimento em si
torna-se o objeto da aprendizagem (Engeström, 1987: 155-156) e isso
implica que o indivíduo também é transformado, embora indiretamente,
como resultado da nova atividade.
Um outro aspecto que chamou a atenção foi o número de tarefas
cumpridas no curso, das 29 existentes. A realização de tarefas está ligada a
uma tradição escolar, em que o aluno é avaliado de acordo com os produtos
apresentados e não conforme o processo pelo qual passa para a
concretização desses produtos. Sem dúvida, uma hipótese que levanto para
explicar o alto índice de tarefas realizadas está ligada à tradição escolar que
cada aluno carrega. A Figura 33 posiciona os alunos segundo a relação
número de acessos e número de tarefas realizadas.
Figura 33 - Posicionamento do alunos quanto ao número de acessos e tarefas
Curiosamente, exceto pelas tarefas realizadas, não encontrei relatos
que servissem de indícios para posicionar M1 no ciclo expansivo. A aluna Z,
por sua vez, deixou o relato tratado na página 204. Os alunos que
manifestaram vivências concernentes à etapa 6 foram aqueles que
cumpriram de 22 a 27 tarefas (com exceção de M3 e C1). Acredito que
208
estamos diante de um fênomeno que se explica pela tradição escolar que
cada um de nós carrega cumprir as tarefas solicitadas significa garantir um
valor positivo no final, como se fossem moedas (valor de troca) que
garantissem aprovação no curso, uma contradição primária do ponto de vista
da teoria da atividade.
Síntese do capítulo
Neste capítulo, apresentei os indícios de aprendizagem expansiva
encontrados no curso online. Com base no que Engeström (1999) chama de
ciclos miniaturas/ intermediários de aprendizagem, identifiquei, discuti e
procurei mostrar como a aprendizagem emergiu no contexto sociocultural da
atividade em estudo.
O engajar-se em uma atividade prática requer que o homem use
ferramentas materiais e psicológicas para transformar objetos materiais e
ideais em resultados socialmente valorizados. Ao fazer isso, ele transforma o
seu próprio processo físico e psicológico (Cole, 1996). É importante registrar
que a atividade de aprender difere de outros tipos de atividade porque visa,
como meta central, à mudança psíquica do indivíduo (Lompscher, 1999).
Outros tipos de atividades podem resultar em aprendizagem, entretanto a
aprendizagem não faz parte de suas metas centrais. Em essência, o ciclo
expansivo de aprendizagem implica reconstrução do objeto e do motivo.
209
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Cada vez mais, pesquisadores brasileiros interessam-se pela questão
da aprendizagem de línguas mediada por computador. No contexto
educacional brasileiro, pesquisas que “contemplam descrições de cursos,
análise de materiais e ambientes virtuais, análise das potencialidades da
web, descrição de interações mediadas por computador e levantamento de
percepção de professores e aprendizes no ensino básico e superior”
(Menezes, 2005: s/p.), mas poucas pesquisas que se voltam para a
atividade de aprender online e para os indícios produzidos pelos alunos
nessa aprendizagem.
A EaD vem incorporando uma série de novas tecnologias que
expandem as possibilidades de interação, comunicação, apresentação e
condução de cursos; contudo, as tecnologias por si sós não têm capacidade
de construir o conhecimento, que passa pela evolução cultural do ambiente
em que vive o homem, compartilhando com seus pares atividades que
possam criar e recriar ferramentas, artefatos, produtos culturais, entre outras.
Assim, as tecnologias podem potencializar processos, particularmente a
210
Internet, por permitir a aproximação de pessoas de diversas culturas e
regiões, em tempo real e online.
Todavia, para que a Internet alcance a meta de construir
conhecimentos, são necessários princípios que contemplem as ações dos
indivíduos pertencentes às comunidades; a composição e distribuição das
regras existentes; os papéis representados por seus participantes, bem como
suas motivações; a forma como as ferramentas estão disponíveis e como
podem ser usadas; a visão de como os indivíduos interagem na atividade etc.
Engeström (1997: 35) postula que,
“para entendermos a estrutura e a
dinâmica de diferentes formas de aprendizagem,
sejam incidentais ou conscientes, temos de
estudá-las como partes ou aspectos de atividades
históricas concretas com sujeitos, objetos e
instrumentos específicos, em contextos
específicos.” (Tradução minha)
Desse modo, nesta pesquisa, investiguei a atividade de se engajar no
curso de Compreensão do Inglês Falado via Internet I e II, elaborado pelo
grupo de pesquisa Edulang, do programa de Lingüística Aplicada e Ensino de
Linguagens da PUCSP, em parceria com a Cultura Inglesa do Estado de São
Paulo, com o objetivo de entender, da perspectiva do aluno, como ocorreu a
atividade, a mediação de ferramentas, quais foram as contradições e
soluções encontradas e quais os indícios produzidos por ele nos diversos
espaços do curso.
Adotei a teoria da atividade como suporte teórico para poder ter uma
visão geral do objeto de estudo a atividade de se engajar no curso de
Compreensão do Inglês Falado via Internet I e II. A teoria foi usada como um
ferramental analítico para explorar os dados e fornecer um modo para
investigar o processo extremamente complexo de se descobrir como a
aprendizagem emerge da atividade em um contexto sociocultural e como
211
certas situações podem propiciar ou inibir essa aprendizagem. Assim, a
teoria tornou-se a ferramenta mediadora que possibilitou o reconhecimento
da interrelação entre os componentes do sistema de atividade e, dessa forma,
possibilitou contextualizar eventos aparentemente individuais, imprimindo-
lhe significado. Ainda seguindo os princípios da teoria, descrevi os fatores
que afetaram ou mediaram o(s) sujeito(s) e o objeto no contexto específico e
tentei mostrar como ocorreu a interação entre ele(s) e os outros componentes
do sistema.
No intuito de sistematizar as considerações finais deste trabalho, esta
seção divide-se em duas partes. A primeira relata o que aprendi ao aplicar a
teoria da atividade na análise dos dados de pesquisa e a segunda registra as
limitações e sugestões para futuras investigações.
Implicações do uso da teoria da atividade
A análise da atividade em foco ajudou-me a compreender melhor a
própria natureza da atividade de engajar-se em um curso online. Na
pesquisa, verifiquei que a apropriação das novas ferramentas e aquisição de
novas habilidades e de novos conhecimentos requerem certos pré-requisitos
em termos de motivação, habilidades e estruturas de memória, que estão
parcialmente desenvolvidas até um certo grau em um dado momento. Se
estivessem completamente desenvolvidas, a aprendizagem não seria
necessária; se não estivessem desenvolvidas de forma alguma, ela não seria
possível.
A contradição entre os pré-requisitos necessários para a apropriação
de novas ferramentas e aquisição de certo material e os pré-requisitos
existentes – o estado real do desenvolvimento psíquico – deve ser
continuamente solucionada durante todo o tempo da atividade, por meio da
execução das ações de aprendizagem apropriadas (das mais simples, como
212
por exemplo relacionar objetos às palavras; às mais complexas, como a
compreensão de textos ou a resolução de problemas).
Contudo, as ações de aprendizagem necessárias para alcançar certos
objetivos ainda não estão disponíveis inteiramente para o aluno, ou estão
insuficientemente disponíveis. Elas precisam ser formadas sistematicamente,
para depois servirem como meios essenciais à aprendizagem. Por exemplo,
não saber habilitar os cookies do navegador usado, muitas vezes impediu
que T2 tivesse contato com as páginas de conteúdo ao longo do curso,
prejudicando seu desempenho:
T2: “Às vezes eu não conseguia voltar para a área anterior, p. ex.: eu estava na
Listening Room e quando eu tentava voltar para a anterior , a página expirava.”
Ou não saber quais ações executar para solucionar um problema,
como no caso de C2, pode trazer desmotivação e futuro abandono do curso:
“Oi Angelita, sou eu de novo a C2.
Hoje o dia inteiro fiquei em frente do computador e não consegui realizar
nenhuma tarefa. Não estou conseguindo entender quase nada. No quiz na hora em que
clico no check, 0% de pontos, outra lição que eu tentei enviar foi no discussion forum
no item "Identify Genres", e não havia um lugar para digitação. Por favor estou em pânico
e nervosa, pois estou realmente com muita dificuldade neste modulo. Não foi nada
produtivo meu domingo. Obrigada C2”
Outra contradição consiste no fato de que as ações não podem ser
formadas (ou adquiridas) sem o contato com o material ou objeto de
aprendizagem. É impossível aprendê-las primeiro e depois aprender sobre o
objeto:
F: “Ao mesmo tempo que adorei a parte dos listening, para mim, foram as mais
difíceis, pois precisei ouvir diversas vezes para completar as atividades.”
213
Qualquer atividade humana é mediada por uma realidade
culturalmente definida. Conseqüentemente, na atividade de se engajar em
um cuso online, de se levar em conta que o desempenho dos alunos está
relacionado com o ambiente em que estão inseridos. Por exemplo, nesse
ambiente, o aprendiz procura entender as tarefas, as exigências (regras
estipuladas), a função das ferramentas digitais e a forma culturalmente mais
apropriada e eficaz para desenvolver sua identidade junto à comunidade, ao
longo do tempo. Sujeito, objeto e ferramentas interrelacionam-se,
mutuamente, instigando o processo de construção de conhecimento (Cole,
1996). Portanto, a ação mediada é um processo de transformação não
para o sujeito, mas também para o objeto e para as ferramentas.
O aprendiz, durante o processo, passa por transformações originadas
pelas contradições que encontra pelo caminho e pelas interações individuais
com as ferramentas e com os outros. Isso origina o ciclo expansivo de
aprendizagem, base da pesquisa desenvolvida por Engeström (1987; 1997),
que incorpora os conceitos de internalização e externalização da teoria da
atividade.
Neste trabalho, pude observar o engajamento e desenvolvimento do
aluno com base no que Engeström (1997) denomina ciclo miniatura de
aprendizagem. Partindo-se de uma constatação ou questionamento da
situação atual, o estudante segue sua jornada rumo à criação da nova prática
e quando encontra tarefas ou situações difíceis (e a dificuldade aqui é
determinada por ele), reacessa estágios iniciais de desenvolvimento (Frawley
& Lantolf, 1985). Se uma tarefa é especialmente difícil e se o aluno decide
que é importante persistir, ele tem a opção de procurar uma outra mediação,
normalmente outras pessoas. Certamente, ele pode procurar ajuda em
alguma ferramenta criada pela cultura. Em nosso contexto, por exemplo,
pôde procurar ajuda no Tutorial. Freqüentemente, os alunos desta pesquisa
recorreram à professora e aos colegas para resolver seus impasses e
214
desequilíbrios.
Entretanto, em ambientes virtuais de aprendizagem, não podemos
esquecer que o computador pode se comportar de uma maneira inesperada,
provocando mudanças de foco. Assim, o aprendiz, ao invés de concentrar-se
no objeto da atividade em si, passa a dirigir sua atenção para os mecanismos
operacionais da ferramenta para conhecer o seu uso. Isso ocorreu por várias
vezes, com todos os alunos do curso.
Pude constatar que os estudantes têm um papel fundamental na
formatação dos objetivos e resultados finais das tarefas propostas a eles por
seus professores. Embora a instrução baseada em tarefas (task-based
instruction) possa trazer resultados positivos para a aprendizagem, não
garantias, pois o que realmente interessa é como cada aluno decidiu se
engajar na tarefa como uma atividade (Lantolf, 2000: 13).
Nesta pesquisa, embora o curso não tenha dado ênfase para tarefas
de aquisição de vocabulário em língua inglesa, foram muitos os que
mencionaram, no questionário, terem ampliado seu repertório lexical. Ou,
em um outro exemplo, ter sido constatado que apesar do curso não ter
enfatizado a importância das estratégias de compreensão para textos escritos,
alguns alunos conseguiram aplicá-las com êxito em outras situações,
conforme relato de D2:
“Tive uma experiência muito importante relacionada a este curso. Nem tomamos
conhecimento de como vamos progredindo aos poucos e mudando nossas concepções.
Prestei um concurso público para uma prefeitura de uma cidade vizinha a minha e me
utilizei das técnicas estudadas no curso e, pasmem, tirei o primeiro lugar. As técnicas de
compreensão foram de suma importância, aliado à um outro curso que fiz sobre legislação.
Fique felicíssima.”
A teoria da atividade serviu como um foco analítico que me permitiu
olhar para a interação existente entre os componentes do sistema de
215
atividade e para corroborar a compartimentalização dos componentes,
tratando-os como entidades independentes e flexíveis. Observando tal
sistema, muitas vezes pude perceber que um mesmo componente mudava
de papel de tal forma que podia ser tanto ferramenta quanto objeto (por
exemplo, os arquivos de áudio, as ferramentas digitais de comunicação).
De certa forma, a teoria reconhece a importância e a influência do
contexto, bem como as diferentes percepções, os entendimentos e as
expectativas dos participantes em um sistema de atividade. Por isso, ela
propiciou também a compreensão do design e de seu processo de uso pelos
alunos e pela professora, com base no isolamento dos componentes da
atividade. Acredito que a teoria fornece uma linguagem e uma moldura que
viabiliza a descrição e compreensão do desenvolvimento de situações de
aprendizagem, entendido aqui como uma conseqüência das contradições
presentes na atividade, em um período longo de tempo em um contexto
cultural. No entanto, a relação entre o uso de ferramentas (tais como a
linguagem) que medeiam o sujeito e objeto carece de uma análise
aprofundada, baseada em princípios de teorias discursivas e
comunicacionais.
Ao reconhecermos a mediação no contexto de aprendizagem como
princípio, conseqüentemente encontramos os aprendizes apropriando-se do
conhecimento, e ao longo do processo, desenvolvendo suas identidades
como membros da comunidade na qual as atividades são praticadas. Nesse
sentido, o significado partilhado pode surgir por meio de diversas
modalidades ação, gesto, dança, música, artes visuais e de várias
combinações multimodais. Entretanto, o discurso lingüístico, tanto falado
quanto escrito, tem um status privilegiado não é mais um entre os vários
sistemas semióticos pelo qual a cultura é criada e mantida; serve também
como sistema codificador. Não se trata apenas do meio principal para
coordenar a ação, ele também fornece o meio para a reflexão sobre a ação e
216
para a descrição dos eventos e desenvolvimento das explicações, permitindo
aos homens exercer um certo grau de controle sobre o mundo material e
social onde vivem. Acredito que seja por isso que Halliday afirma que o
discurso é “o processo pelo qual a experiência se torna conhecimento”
(Halliday, 1993: 96).
Limitações e perspectivas
Limitações
Para se desenvolver conhecimento sobre os processos de mudança, é
essencial entender as ações dos participantes como sendo culturalmente
mediadas e suas atividades como sendo culturais e historicamente
produzidas bem como ser um participante ativo na atividade, para entender
o fenômeno e produzir conhecimento sobre ele. Conseqüentemente, isso
gera uma quantidade de dados que, por vezes, podem parecer impossíveis
de serem gerenciados e podem causar uma certa insegurança para quem se
inicia na teoria.
O fato da teoria da atividade ter sido desenvolvida para atividades
individuais, embora tenhamos a noção do sujeito coletivo, cujo conceito
parece não ter sido suficientemente elaborado se comparado a outros
aspectos da teoria ligados aos sujeitos individuais, é sem dúvida uma
variável importante a ser considerada. Isso se confirma ao coletarmos dados
para uma atividade tal qual a analisada nesta pesquisa. É necessário que
tenhamos primeiro uma análise individual de cada participante da
comunidade (sua motivação, suas ações e as contradições pelas quais
passou) para depois buscarmos os pontos em comum ao coletivo.
217
Perspectivas
Para dar continuidade à investigação conduzida no presente trabalho,
vejo como possíveis, as pesquisas que se propuserem a:
verificar se a concepção de objeto projetada pelos designers foi
concretizada nas ações da professora nos dois módulos do
curso de Compreensão Oral do Inglês Falado via Internet I e II;
verificar a habilidade da professora em incentivar os alunos a
se posicionarem e gerarem significados autênticos em todos os
espaços de produção do curso;
analisar mais detalhadamente a mediação ocorrida entre as
ferramentas pscológicas (sendo a linguagem uma delas) e o(s)
sujeito(s). No meio eletrônico, hipertextos que estão sendo
inseridos na nossa cultura de ensinar. Essa nova configuração
textual, portanto, requer também uma mudança na atitude dos
aprendizes com relação a esse novo contexto de
aprendizagem. Eles precisam obter conhecimentos para
realizarem suas próprias descobertas e interagirem de forma
mais efetiva, sem a intervenção do professor (Daniels, 2004).
Que tipo de contradições isso traz para o sistema de
atividade?;
analisar o que significa o erro do aluno do ponto de vista da
teoria da atividade;
incorporar novos autores que viabilizem as possibilidades para
a questão do diálogo. Por exemplo, Bahktin e Wertsch
exploram as questões de linguagem nos diversos tipos de
diálogo. É importante transpô-las para o contexto educacional
virtual.
218
Espero que esta pesquisa ajude não educadores, designers e
especialistas a visualizarem mais claramente a interdependência entre o
individual e o coletivo no desenvolvimento de seus projetos pedagógicos. A
criação de ambientes de aprendizagem é um processo contínuo de
apropriação, transformação das contradições e expansão dessas contradições
em novas atividades de aprendizagem. Trata-se de um ciclo que inclui tanto
a atividade de aprendizagem de educadores quanto de pesquisadores,
porque os pensamentos e ações são mediados e moldados por experiências
sócio-históricas. Além disso, a necessidade de incorporação cultural do
computador como uma ferramenta, que, mediante um processo
essencialmente dinâmico, possibilita a interação para um fim comum.
219
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA, Maria Elizabeth Bianconcini de (s.d.). Tecnologia e Educação a
Distância: Abordagens e Contribuições dos Ambientes Digitais e
Interativos de Aprendizagem In Educação e Comunicação / n.16
[Disponível]
http://www.anped.org.br/26/trabalhos/mariaelizabethalmeida.rtf
Acessado em 11/11/2003.
ALMEIDA, Maria Elizabeth Bianconcini de, J. Armando VALENTE & Maria
Elisabette Brito PRADO (orgs). (2003). Educação a distância via Internet.
Formação de educadores. São Paulo: Editora Avercamp.
ANDERSON, A. & T. LYNCH (1988). Listening. Oxford: O.U.P.
ANDERSON, J. R. (1983). The Architecture of Cognition. Cambridge, Mass.:
Harvard University Press.
ANDERSON, J. R. (1985). Cognitive Psychology and its Implications (2
nd
ed.).
New York: Freeman.
ASHER, J. J. (1981). Comprehension training: the evidence from laboratory
and classroom studies. In H. WINITZ (Ed.)., The Comprehension
Approach to Foreign Language Instruction Rowley. M.A.: Newbury
House, pp. 49-68.
AXEL, Erik (1997). One developmental live in European Activity Theory In:
Mind, Culture, and Activity. Eds.: Michael COLE, Yrjö ENGESTRÖM &
Olga VASQUEZ. U.S.A.: Cambridge University Press. pp.: 128 - 146.
BACON, S. M. (1989). Listening for real in the foreign-language classroom. In
Foreign Language Annals, 22: 543-551.
BACON, S. M. (1992a). Authentic listening in Spanish: How learners adjust
their strategies to the difficulty of input. In Hispania 75: 29-43.
BACON, S. M. (1992b). The relationship between gender, comprehension,
processing strategies, cognitive and affective response in foreign
language listening. In Modern Language Journal 76 (2): 160-178.
BALIZET, SHA (2001). Computer-delivered content lectures for English for
academic purposes students: Rationales, principles and possibilities. A
literature review and concept paper submitted in partial fulfillment of
220
the requirements for EME 7938 (Computer-Augmented Instructional
Paradigms in Education). College of Education. University of South
Florida. [Disponível]:
www.coedu.usf.edu/itphdsem/eme7938/2001/balizets.pdf Acessado
em 11/07/2004.
BARKER, L. L. (1971). Listening Behavior. Englewood Cliffs, N.J.: Prentice-
Hall.
BENSON, M. J. (1989). The academic listening task: a case study. In TESOL
Quarterly, 23 (3): 421-445.
BHATIA, V. K. (1993). Analysing Genre: Language Use in Professional
Settings. London. Longman.
BIOCCA, F. (1995). Presence. Presentation at a workshop on
Cognitive Issues in Virtual Reality, VR ‘95 Conference and Expo, San
Jose, CA, 1995.
BLOOM, B. S., G. F. MADAUS & J. T. HASTINGS (1981). Evaluation to Improve
Learning. New York: McGraw-Hill.
BLOOM, B. S., M. D. ENGELHART, E. J. FURST, W. H. HILL & D. R. KRATHWOHL
(1956).Taxonomy of Educational Objectives Handbook 1: Cognitive
Domain. New York: David McKay Company, Inc.
BOEKAERTS, M. (1981). Is there a direct link between the comprehension
process and the production process? In Protokoll eines
Werkstattgesprachs des Goethe Hous. M. Heid (Ed.). New York e
München: Druckerei Kemmler und Hoch, pp. 26-60.
BOND, Z. S. & S. GARNES (1980). Misperceptions of fluent speech. In
Perception and Production of Fluent Speech. R. A. COLE (Ed.).
Hillsdale: Lawrence Erlbaum, pp.: 115-132.
BORGES, Ilma (2000). Prática Pedagógica, Processos Interativos Humanos e
a Construção do Conhecimento Usando a Internet: Uma Análise a
partir da Teoria Histórico-Cultural de Lev S. Vygotsky. Dissertação de
Mestrado não publicada. UFSC. [Disponível]
http://teses.eps.ufsc.br/Resumo.asp?1233. Acessado em 13/12/2004.
BOYLE, J. P. (1984). Factors affecting listening comprehension. In ELT
Journal, 38: 35-38.
BREEN, M. (1987). Learner contributions to task design. In C. N CANDLIN, &
D. MURPHY (eds.) Lancaster Practical Papers in English Language
Education. Vol. 7: ‘Language Learning Tasks’. Englewood Cliffs, N.J.:
Prentice Hall. pp: 23-46.
BROWN, G. & G. YULE (1983). Teaching the Spoken Language. Cambridge:
C.U.P.
221
BROWN, G. (1986). Investigating listening comprehension in context. In
Applied Linguistics 7/3: 284-302.
BROWN, G. (1989). Making sense: the interaction of linguistic expression
and contextual information In Applied Linguistics: 1: 97-108.
BROWN, G. (1990). Listening to Spoken English (2
nd
ed.). London e New
York: Longman.
BROWN, G. (1991). Listening to Spoken English. 2
nd
edition. London:
Longman.
BROWN, G. K. (1978). Lecturing and Explaining. London: Methuen.
BROWN, H. D. (1980). Principles of Language Teaching and Learning.
Englewood Cliffs, N.J.: Prentice-Hall, Inc.
BROWN, H. D. (1994). Teaching by Principles: An interactive Approach to
Language Pedagogy. Englewood Cliffs, N.J.: Prentice Hall Regents.
BRUMFIT, C. (1984). Communicative Methodology in Language Teaching:
the Roles of Fluency and Accuracy. Cambridge: C.U.P.
BRUMFIT, C. J. & R. MITCHELL (1991). Research in applied linguistics of
relevance to language teaching. In Language Teaching 24(3): 137-142.
BURNS, R. (1997). Introduction to research methods (3
rd
edition). Addison
Wesley. Longmann: Melbourne.
BYRNES, H. (1984). The role of listening comprehension: A theoretical base.
In Foreign Language Annals 17(4): 317-329.
CANDLIN, C. & D. MURPHY (eds.). (1987). Lancaster Practical Papers in
English Language Education. Vol. 7: ‘Language Learning Tasks’.
Englewood Cliffs, N.J.: Prentice Hall.
CANDLIN, C. (1981b). The Communicative Teaching of English: Principles
and an Exercise Typology. Essex, England: Longman.
CARELLI, Izaura Maria (2003). Estudar on-line: análise de um curso para
professores de inglês na perspectiva da teoria da atividade. Tese de
doutorado não publicada. LAEL/PUCSP. São Paulo.
CARVALHO, Glaucia M. G. & Botelho, Francisco Villa ULHÔA (s.d.).
Educação a Distância: Um Estudo sobre Expectativas dos Alunos em
Relação ao uso do Meio Impresso ou Eletrônico. (Trabalho apresentado
na III Jornada de Educação a Distância do Mercosul CREAD 30 de
setembro a 02 de outrubro). [Disponível]
http://www.intelecto.net/ead_textos/glaucia1.htm acessado em
10/05/2004.
CELCE-MURCIA, M. (1990). Teaching English as a Second or Foreign
Language. 2ª edição. Boston: Heinle & Heinle.
222
CHAMBERS, J. A. (Ed.). (1993). Selected Papers from the 4
th
National
Conference on College Teaching and Learning. Jacksonville: Center for
the Advancement of Teaching and Learning, Florida Community
College.
CHAPELLE, C. A. (1994). CALL activities: are they all the same? In System 22:
1: 33-45.
CHAUDRON, C. & J. C. RICHARDS (1986). The effect of discourse markers on
the comprehension of lectures. In Applied Linguistics 7(2): 113-127.
CHAUDRON, C. (1983). Simplification of input: topic reinstatements and
their effets on L2 learners’ recognition and recall In TESOL Quarterly
17/3: 437-58.
CLARK, H. H. & E. V. CLARK (1977). Psychology and Language: An
Introduction to Psycholinguistics. New York, N.Y.: Harcourt, Brace,
Jovanovich, Inc.
COLE, Michael (1996). Cultural Psychology: A once and Future Discipline.
Cambridge, MA: Belknap Press.
COLE, Michael, Sylvia SCRIBNER, Vera JOHN-STEINER, Elllen SOUBERMAN (orgs.)
(1988). A Formação Social da Mente O Desenvolvimento dos
Processos Psicológicos Superiores. L. S. Vygotsky. São Paulo: Martins
Fontes.
COLE, Michael, Yrjö ENGESTRÖM & Olga VASQUEZ (1997). Mind, Culture, and
Activity. U.S.A.: Cambridge University Press.
COLLINS, Heloisa & Denise BRAGA (2001). Interação e interatividade no
ensino de línguas estrangeira via Redes de Comunicação (no prelo). In
Globalización y nuevas tecnologías: nuevos retos y ¿nuevas
reflexiones? ed. Madrid: Organización de Estados Iberoamericanos
para la Educación, la Ciencia y la Cultura (OEI)., 2004, v.7.
CONRAD, L. (1985). Semantic versus syntactic cues in listening
comprehension. In Studies in Second Language Acquisition 7(1): 59-72.
COOK, G. (1989). Discourse. Oxford: O.U.P.
COOK, J. (1975). A communicative approach to the analysis of extended
monologue discourse and its relevance to the development of teaching
materials for ESP. M.Litt. Thesis, University of Edinburgh.
COOK, V. J. (1985). Bridging the gap between computers and language
teaching. Computers in English language teaching. In ELT Documents,
No. 122: 13-24.
COOPER, R., M. LAVERY & M. RINVOLUCRI (1991). Video. Oxford: O.U.P.
COSCARELLI, C. V. (1997). Estratégias de Aprendizagem de Língua
Estrangeira: uma breve introdução. In Educação e Tecnologia. Belo
223
Horizonte: CEFET-MG, v. 4, n.4, p. 23-29, jan./jul., [Disponível]
http://bbs.metalink.com.br/~lcoscarelli/ESTRAT.pdf Acessado em
15/04/2004.
COSTA, L. A. (2001). A mediação do professor na interação do aprendiz com
o material didático em contextos pedagógicos distintos: o presencial e o
virtual. Dissertação de Mestrado. Unicamp.
COULTHARD, M. & M. MONTGOMERY (1981). The structure of monologue.
In Studies in Discourse Analysis, M. COULTHARD & M. MONTGOMERY
(Eds.). London: Routledge & Kegan Paul, pp. 31-39.
COWIE, A. P. & J. B. HEATON (Eds.). (1977). English for Academic Purposes.
Reading: BAAL/SELMOUS.
CRICHTON, Susan (1997). Learning Environments Online: A Case Study of
Actual Practice. Tese de doutorado da Universidade de Sydney,
Australia. [Disponível]
http://www.ucalgary.ca/~crichtos/doctorial_research.html. Acessado
em 03/01/2005.
CSB/SJU ACADEMIC ADVISING (2000). Lecture Note Taking [Disponível]
http://www.csbsju.edu/academicadvising/help/lec-note.html. Acessado
em 08/07/2005.
DANIELS, Harry (2004). Activity, discourse and pedagogic change.
[Disponível] www.educ.cam.ac.uk/bernstein/HarryDaniels.doc
Acessado em 08/07/2005.
DAVYDOV, Vassily V. (1988). Problems of developmental teaching: the
experience of theoretical and experimental psychological research,
Soviet Education, 9: 1-81.
DAVYDOV, Vassily V. (1999). The content and unsolved problems of activity
theory. In Perspectives on Activity Theory, Y. ENGESTRÖM, R. MIETTINEN
& R. PUNAMÄKI, (Eds.), USA: Cambridge University Press.
DeCARRICO, J. & J. R. NATTINGER (1988). Lexical phrases for the
comprehension of academic lectures. In English for Specific Purposes
7: 91-102.
DIRVEN, R. & J. OAKESHOTT-TAYLOR (1984). Listening comprehension. In
Language Teaching , 17(4): 326-343.
DOLZ, Joaquin (1998). Enseigner l’oral Des outils pour apprendre et
promouvoir le droit à la parole. [Disponível]
http://agora.unige.ch/ctie/educateur/unidete3.htm Acessado em
01/02/2004.
DONATO, R. & D. MCCORMICK (1994). A sociocultural perspective on
language learning strategies: The role of mediation. In Modern
Language Journal, 78 (4): 453-464.
224
DOUGHTY, C. (1991). Theoretical motivations for IVD software research
and development. In M. D. BUSH, M. Verano SLATON, & M. E. SLAYDEN
(eds.). Interactive videodisc: the ‘why’ and the ‘how’. CALICO
Monograph Series, Vol. 2: 17:23. Spring. Provo, Utah: Brigham Young
Press.
DOUGLAS, D. (1988). Testing listening comprehension in the context of the
ACTFL proficiency guidelines. In Studies in Seconda Language
Acquisition, 10: 245-261.
DUDLEY-EVANS, A. & T. JOHNS (1981). A team teaching approach to lecture
comprehension for overseas students. In The teaching of Listening
Comprehension. ELT Documents Special. London: The British Council.
DUFFY & CUNNINGHAM (1996). Constructivism: Implications for the
design and delivery of instruction. In Handbook of Research for
Educational Communications and Technology. D. JONASSEN (Ed.). New
York: Simon & Schuster Macmillan, pp.: 170-190.
DUNKEL, P. & F. PIALORSI (1982). Advanced Listening Comprehension.
Rowley, Mass.: Newbury House.
DUNKEL, P. (1986). Developing listening fluency in L2: theoretical principles
and pedagogical considerations. In The Modern Language Journal,
70(2).:99-106.
DUNKEL, P. (1991). Listening in the native and second/foreign language:
Toward an integration of research and practice. In TESOL Quarterly,
25(3): 431- 457.
ENGESTRÖM, Yrjö & D. MIDDLETON (Eds.) (1996). Cognition and
Communication at Work. Cambridge: C.U.P.
ENGESTRÖM, Yrjö (1987). Learning by Expanding: An Activity Theoretical
Approach to Developmental Research. [Disponível]
http://lchc.ucsd.edu/MCA/Paper/Engestrom/expanding/toc.htm.
Acessado em 08/06/2004.
ENGESTRÖM, Yrjö (1992). Interactive Expertise: Studies in distributed
Working Intelligence. Research Bulletin Bullentin 83. [ED349956].
ENGESTRÖM, Yrjö (1993). Developmental studies of work as a testbench of
activity theory: The case of primary care medical practice. In Seth
CHAIKLIN & Jean LAVE (Eds.) Understanding Practice. Perspectives on
Activity and Context. Cambridge, Mass.: Cambridge University Press.
ENGESTRÖM, Yrjö (1997). Learning by Expanding: Ten Years After.
[Disponível]
http://lchc.ucsd.edu/MCA/Paper/Engestrom/expanding/intro.htm.
Acessado em 01/01/2005.
225
ENGESTRÖM, Yrjö (2000). The computer system: tool or object? Helsinki:
Academy of Finland.
ENGESTRÖM, Yrjö, R. MIETTINEM & R. PUNAMÄKI (1999). (Eds.) Perspectives
on activity theory. USA: Cambridge University Press.
ENIK, CSOMAY (2000). Academic lectures: an interface of an oral and
literate continuum. In NovELTy. 7(3). [Disponível]
http://www.novelty.hu/htm2/vol73/csomay.htm Acessado em
03/05/2004.
FAERCH, C. & G. KASPER (1986). The role of comprehension in second
language learning. In Applied Linguistics 7(3).: 257-274.
FAUSTINI, C. H. (2001). Educação a distância: um curso de leitura em língua
inglesa para informática via Internet. In V. MENEZES (org). Interação e
aprendizagem em ambiente virtual, pp.: 249-269.
FIDELMAN, C. (1994). In the French Body/ In the German Body: Project
Results. Apresentado no CALICO “94 Annual Symposium ‘Human
Factors’, Northern Arizona University, Flagstaff, Arizona, USA.
FLAVELL, J. H. (1981). Cognitive monitoring. In W. P. dickson (ed.),
Children’s oral communication skills . N.Y.: Academic Press.
FLOWERDEW, J. & L. MILLER (1992). Student perceptions, problems and
strategies in second language lecture comprehension. RELC Journal,
23. pp.: 60-80.
FLOWERDEW, J. & L. MILLER (1997). The teaching of academic listening
comprehension and the question of authenticity. In English for Specific
Purposes. 16(1): 22-46.
FLOWERDEW, J. (1994a). Research of relevance to second language lecture
comprehension an overview. In Academic Listening Research
Perspectives. J. FLOWERDEW (Ed.). Cambridge: C.U.P, pp.: 7-29.
FLOWERDEW, J. (1994b). Academic Listening. Cambridge: C.U.P.
FONTANA, Klalter Bez et alli (s.d.). A atuação do tutor na educação a
distância: novas considerações. Centro de Educação a distância
Universidade do Estado de Santa Catarina [Disponível]
www.ead.ufu.br/tecead_II/anais/pdfs/klalter.pdf acessado em
10/06/2003.
FOOT, Kirsten A. (2001). Cultural-Historical Activity Theory as Practice
Theory: Illuminating the Development of Conflict-Monitoring Network.
In Communication Theory 11: 56-83.
FRANCO, Marcelo Araújo et alli (s.d.). Orientações para o desenvolvimento
de cursos mediados por computador. [Disponível]
226
http://www.ead.unicamp.br/ensinoaberto/orientacoes.pdf . Acessado
em 26/06/2003.
FRAWLEY, W. & J. P. LANTOLF (1985). Second language discourse: A
Vygotskyan perspective, In Applied Linguistics 6, pp.: 19-44.
FREDERICK , P. J. (1986). The lively lecture 8 variations. In College
Teaching 34(2): 43-50.
FREIRE, M. M. (2003). Interaction and silence in online courses In Revista da
ANPOLL. São Paulo, S.P.: Humanitas, v. 15. pp.: 161-190.
FREIRE, M. M. et al (2004). Roteiro para avaliação de cursos online de
idiomas In Relatos de Ensno e Aprendizagem de Línguas na Internet.
Campinas: Mercado de Letras. pp.:245-276.
FRY, D. B. (1976). Acoustic Phonetics. Cambridge: C.U.P.
FRY, P. S & J. L. LUPART (1987). Cognitive processes in children’s learning.
Springfield: Charles C. Thomas.
GASSIN, J. (1992). Interkinesics and Interprosodics in Second Language
Acquisition. In Australian Review of Applied Linguistics 15 (1): 95-106.
GILLET, A. (1996). What is EAP? In IATEFL ESP SIG Newsletter. 6:17-23
[Disponível] http://www.uefap.co.uk/articles/EAP.htm. Acessado em
04/05/2003.
GODOY, Anita Schmidt (1995). Introdução à Pesquisa Qualitativa e suas
Possibilidades. In Revista de Administração de Empresas. Vol. 35(2):
57-63. São Paulo.
GOFFMAN, E. (1981). Forms of Talk. Philadelphia, P.A.:University of
Philadelphia Press.
GREGORY, Judith (2000). Activity Theory in a “Trading Zone” for Design
Research and Practice. In DURLING, D & FRIEDMAN, K (Eds.).
Proceedings of Doctoral Education in Design: Foundations for the
Future, International Conference, La Clusaz France. Staffordshire, UK:
Staffordshire University Press.
GRELLET, F. (1981). Developing Reading Skills. Cambridge: C. U. P.
HALLIDAY, M. A. K. & R. HASAN (1989). Language, context, and text: aspects
of language in a social-semiotic perspective. Oxford: Oxford
University Press.
HALLIDAY, M. A. K. (1992). How do you mean? In M. DAVIES e L. RAVELLI
(eds.). Advances in systemic linguistics: recent theory and practice.
London:Pinter.
227
HALLIDAY, M. A. K. (1993). On the language of physical science. In M.A.K
HALLIDAY & J.R. MARTIN (Eds.), Writing Science. Bristol: The Falmer
Press.
HANSEN, C. & C. JENSEN (1994). Evaluating lecture comprehension. In
Academic Listening. J. FLOWERDEW (Ed.). Cambridge: C.U.P., pp.: 241-
268.
HASAN, Helen (1998). Integrating IS and HCI Using Activity Theory as a
Philosophical and Theoretical Basis. In AJIS Editions, vol. 6, 2.
[Disponível] http://www.uow.edu.au/ajis/vol62p4.html. Acessado em
04/01/2005.
HATCH, E. M. (1983). Psycholinguistics: A Second Language Perspective.
Rowley, MA: Newbury House Publishers, Inc.
HOVEN, D. (1991). Towards a cognitive taxonomy of listening
comprehension tasks. In SGA V Review. 9(2).:1-14. [Disponível]
http://jcs120.jcs.uq.edu.au/~dlh/pubs/SGAV91.htm Acessado em
04/07/2004.
HOVEN, D. (1997). Improving the management of flow of control in
computer-assisted listening comoprehension tasks for second and
foreign language learners. Brisbane: Tese de doutorado não publicada.
University of Queensland. [Online] Disponível:
http://jcs120.jcs.uq.edu.au/~dlh/thesis/ Acessado em 01/03/2003.
HOVEN, D. (1999). A model for listening and viewing comprehension in
multimedia environments. In Language Learning & Technology 3(1).:
88-103 [Disponível] http://llt.msu.edu/vol3num1/hoven/index.html
Acessado em 04/03/2003.
HURLEY, D. S. (1992). Issues in teaching pragmatics, prosody, and non-
verbal communication. In Applied Linguistics 13(3): 259-281.
HUTCHINS, E. (1995). Cognition in the wild. Cambridge, MA: The MIT Press.
HYMES, (1991). D.H. Vers une compétence de communication. Paris:
Crédif; Hatier; Didier.
JAMES, K. (1975). Note-taking in lectures: problems and strategies. In English
for Academic Purposes. A. COWIE & J. HEATON (Eds). Reading:
BAAL/SELMOUS, pp.: 89-98.
JAMES, K. (1977). Note-taking in lectures: problems and strategies. In English
for Academic Purposes, A. P. COWIE e J. B. HEATON (Eds.). Reading:
BAAL/SELMOUS.
JARZABKOWSKI, Paula (2001). Strategy as Social Practice: An Activity
Theory Perspective. (working paper). Aston Business School.
[Disponível] http://research.abs.aston.ac.uk/working_papers/0117.PDF
. Acessado em 04/01/2005.
228
JOHNSON, D. (1991). Second Language and Content Learning with
Computers: Research in the Role of Social Factors. In P. DUNKEL, (ed.).
Computer-assisted language learning and testing. New York: Newbury
House. pp: 61-83.
JOHNSON, K. O. (1951). The effect of classrom training upon listening
comprehension. In Journal of Communication, 1.
JONASSEN, D. H. (1992). What are Cognitive Tools? In Kommers, P. A. M.,
D. H. JONASSEN & J. T. MAYES (eds.). Cognitive Tools for Learning.
Berlin: Springer-Verlag. pp: 1-16.
JONASSEN, D. H. (1996). Computers in the Classroom: Mindtools for the
Critical Thinking. Columbus, O.H.: Merrill/Prentice-Halla.
JONASSEN, D. H. ET AL (1999a). Learning with Technology A
constructivist Perspective. Ohio, Columbus: Prentice Hall.
JONASSEN, David H. & Lucia ROHRER-MURPHY (1999b). Activity Theory as a
Framework for Designing Constructivist Learning Environments. In
Educational Technology Research and Development, 47(1): 61-79.
[Disponível]
http://tiger.coe.missouri.edu/~jonassen/courses/CLE/documents/activity.
pdf, acessado em 28/07/2003.
JONASSEN, David H. & Martin TESSMER & Walace H. HANNUM (1999c). Task
Analysis Methods for Instructional Design. London: Laurence Erlbaum
Associates, Publishers.
JONES, M. S. (1956). A critical review of literature on listening with special
emphasis on theoretical bases for further research in listening.
Dissertação de mestrado não publicada, North Carolina State College.
JORDAN, R. R. (1989). English for academic purposes (EAP). In Language
Teaching, 22 (3): 151-164.
KAPTELININ, V. & B.A. NARDI (1997). Activity Theory: Basic Concepts and
Applications. Tutorial for CHI97, Atlanta. [Disponível]
http://www.acm.org/sigchi/chi97/proceedings/tutorial/bn.htm .
Acessado em 02/01/2005.
KAPTELININ, V. (1996). Computer Mediated Activity: Functional Organs in
Social and Developmental Contexts, In: Context and Conciousness
Activity Theory and Human-Computer Interaction, Bonnie A. NARDI
(org). Massachussets: The MIT Press.
KELLERMAN, S. (1990). Lip Service: The contribution of the visual modality
to speech perception and its relevance to the teaching and testing of
foreign language listening comprehension. In Applied Linguistics, 11, 3:
272-280.
229
KELLERMAN, S. (1992). I see what you mean: the role of kinesic behaviour in
listening and implications for foreign and second language learning. In
Applied Linguistics. 13(3): 239-258.
KENSKI, Vani Moreira (2003). Tecnologias e Ensino Presencial e a Distância,
Campinas, São Paulo: Papirus.
KINTSCH, W & T. A. van DIJK (1983). Strategies of Discourse Comprehension.
New York: Academic Press, Inc.
KNOWLES, M. (1975). Self-directed learning . Chicago: Follett Publishing Co.
KOMOSINSKI, Leandro J. (2000). Um Novo Significado para a Educação
Tecnológica fundamentado na Informática como Artefato Mediador da
Aprendizagem. Tese de Doutorado não publicada. UFSC. [Disponível]
www.inf.ufsc.br/~leandro/pesquisa/
publicacoes/tese_Leandro_J_Komosinski.pd Acessado em 20/12/2004.
KRAMSCH, C. (1993).. Context and culture in language teaching. Oxford:
Oxford University Press.
KRASHEN S. D. & T. D. TERRELL (1983). The Natural Approach: Language
Acquisition in the Classroom. Oxford: Pergamon.
KUUITTI, K. (1995). Activity theory as a potential framework for human-
computer interaction research. In B. A. NARDI (Ed.). Context and
Consciousness: Activity Theory and Human-Computer Interaction.
Cambridge, MA: MIT Press. [Disponível] http:// www.dwr.bth.se/kari_
kuutti %20Nardi_book.pdf. Acessado em 03/01/2005.
LANG, Eduardo de Lucca (2004). O Público e o Privado: Análise das
Contradições em um Curso de Leitura Instrumental via Internet à luz da
Teoria da Atividade. Dissertação de Mestrado não publicada.
LAEL/PUCSP. São Paulo.
LANTOLF, J. P. (2000). Introducing sociocultural theory. In J. P. LANTOLF
(Ed.), Sociocultural theory and second language learning (pp.: 1-26).
Oxford, England: Oxford University Press.
LEBAUER , R. (1984). Using lecture transcripts in EAP lecture comprehension
courses. In TESOL Quarterly 18(1): 41-53.
LEFFA, Vilson J. (2003). Análise Automática da resposta do aluno em
ambiente virtual. In Revista Brasileira de Lingüística Aplicada. v.3, n.2,
pp.: 25 - 40, Belo Horizonte.
LEONTIEV, A. N. (1978). Activity, Consciousness and Personality. Englewood
Cliffs: Prentice - Hall.
LEONTIEV, A. N. (1981). Problems of the development of mind. Moscow:
Progress Publischers.
230
LIM, Cher Ping & David HANG (2003). An Activity Theory Approach to
Research of ICT Integration in Singapore Schools. In Computers &
Education, 41: 49-63. [Disponível] eduweb.nie.edu.sg/personal/cplim/
articles/Activity%20Theoretical%20Approach.pdf. Acessado em
02/01/2005.
LITTLEWOOD, W. (1981). Communicative Language Teaching: an
Introduction. Cambridge: C.U.P.
LOMPSCHER, Joachim (1999). Activity Formation as an Alternative Strategy
of Instruction. In Y. ENGESTRÖM et alli (Eds.). Perspectives on Activity
Theory. USA: Cambridge University Press.
LONG, D. (1989). Second language listening comprehension: a schemata-
theoretic perspective. In Modern Language Journal 73(1): 32-40.
LUND, R. J. (1990). A taxonomy for teaching second language listening. In
Foreign Language Annals. 23: 105-115.
LUND, R. J. (1991). A comparison of second language listening and reading
comprehension. In Modern Language Journal. 75: 196-204.
LUNDSTEEN, S. W. (1979). Listening: Its Impact on Reading and the Other
Language Arts. Urbana, IL: ERIC Clearinghouse on Reading and
Communication Skills and the National Council of Teachers of English.
LYNCH, A. J. (1988). Grading foreign language listening comprehension
materials: The use of naturally modified interaction. Tese de doutorado
não publicada. Edinburgh: University of Edinburgh.
MaCWILLIAM, (1986). Video and language comprehension. English
Language Teaching Journal, 40(2)., 131-135.
MARSLEN-WILSON, W. & L. K. Tyler (1980). The temporal structure of
spoken language understanding. In Cognition 8, 1-71.
McCORMACK, Colin & D. Jones (1997). Building a Web-Based Education
System. USA: John Wiley & Sons, Inc.
McDONNOUGH, J. & McDONOUGH, S. (1997). Research method for
English Language Teacher, London: Arnold.
McDONOUGH, J. (1978). Listening to Lectures. Oxford: O.U.P.
MENDES, J. (2002). Possibilidades e limites da informática na educação: uma
abordagem a partir da teoria da atividade. Dissertação de mestrado.
CEFET: Curitiba [Disponível]
http://www.ppgte.cefetpr.br/dissertacoes/2002/joao.pdf. Acessado em
03/09/2004.
MENEZES, V. L. P. O. (2001). Derrubando paredes e construindo
comunidades de aprendizagem. In Vilson J. LEFFA (org.). O professor de
231
línguas estrangeiras: construindo a profissão. Pelotas, RS: Educat,
UCPEL. P. 193-209.
MENEZES, V. L. P. O. (2005). A pesquisa sobre interação e aprendizagem de
línguas mediadas pelo computador. Revista Calidoscópio. No prelo.
[Disponível] http://www.veramenezes.com/cmc.htm . Acessado
26/06/2005.
MENEZES, G. G. (2002). O Paradigma CSCL e a Avaliação Discente Mediada
pelas NTICs: Reflexões através do Conceito de Contradições da Teoria
da Atividade. Dissertação de mestrado. CEFET: Curitiba. [Disponível]
http://www.ppgte.cefetpr.br/dissertacoes/2002/glauco.pdf____________
__:. Acessado 03/09/2004.
MENEZES, V. L. P. O. (org) (2001). Interação e aprendizagem em ambiente
virtual. Belo Horizonte: Faculdade de Letras. UFMG.
MESKILL, Carla (1996). Listening Skills Development through Multimedia In:
JI. Of Educational Multimedia and Hypermedia, 5(2): 179-201.
[Disponível] http://www.aace.org/dl/files/JEMH/JEMH52179.pdf .
Acessado em 21/07/2003.
MESKILL, Carla (1999). Computers as tools for sociocollaborative language
learning. In K. Cameron (Ed.), Computer-assisted Language Learning
(CALL): Media, Design and Applications. Exton, PA: Swets and
Zeitlinger Publishers.
METINEE, Thanajaro (2000). Using authentic materials to develop listening
comprehension in the English language as a second language
classroom computer. Unpublished dissertation. Blacksburg, Va. :
University Libraries, Virginia Polytechnic Institute and State University.
Online [Disponível]: http://scholar.lib.vt.edu/theses/available/etd-
03012000-00590032/ .Acessado em 10/02/2003.
MINICK, Norris (1997). The early history of the Vygotskian school: The
relationship between mind and activity In: Mind, Culture, and Activity
Eds.:Michal COLE, Yrjö ENGESTRÖM & Olga VASQUEZ. U.S.A.:
Cambridge University Press. pp.: 117-127.
MOLL, L. (ed). (1990). Vygostsky and education: instructional implications
and applications of sociohistorical psychology. Cambridge: Cambridge
University Press.
MONTGOMERY, M. (1977). Some aspets of discourse structure and
cohesion in selected science lectures. Dissertação de mestrado não
publicada. University of Birmingham.
MORAES, M. Candida (2002). Tecendo a rede, mas com que paradigma? In
M. Candida MORAES (org.). Educação a distância: fundamentos e
práticas. Campinas: UNICAMP/NIED.
232
MORAN, J. M. (1977). Como utilizar a Internet na Educação. In Revista
Ciência da Informação. 26(2): 146-153.
MORAN, J. M. (1998). Mudar a forma de ensinar e de aprender com
tecnologias; transformar as aulas em pesquisa e comunicação
presencial-virtual. [Disponível]
http://www.eca.usp.br/prof/moran/uber.htm. Acessado em 21/07/2004.
MORLEY, J. (1990). Listening comprehension in second/foreign language
instruction. In Teaching English as a Second or Foreign Language. M.
CELCE-MURCIA (Ed.). 2
a.
edição, Boston: Heinle & Heinle, pp.: 81-106.
MORTON, J. & K. PATTERSON (1980). A new attempt at an interpretation, or,
an attempt at a new interpretation. In M. COLTHEART et alli (eds.) Deep
dyslexia. London: Rotledge & Kegan Paul. pp.: 91-118.
MOTTA-ROTH, D. (2001). De receptador de informação a construtor de
conhecimento: O uso de chat no ensino de inglês para formandos de
Letras In Vera MENEZES (org.). Interação e aprendizagem em ambiente
virtual. Belo Horizonte, MG: Faculdade de letras, UFMG, p. 230-48.
MUNBY, J. (1978). Communicative Syllabus Design. Cambridge: C.U.P.
MURPHY, D. F. & C. N. CANDLIN (1979). Engineering lecture discourse and
listening comprehension. In Practical Papers in English Language
Education 2: 1-79. Institute for English Language Education, University
of Lancaster.
MURPHY, J. M. (1987). The listening strategies of English as a second
language college students. In Research & Teaching in Developmental
Education, 4(1): 27-46.
NARDI, B. (1996). Activity theory and human-computer interaction. In B.
NARDI (ed). Context and Consciousness: activity theory and human
computer interaction. Cambridge: MIT.
NICHOLS, R. G. (1974). Listening: questions and problems. In Quarterly
Journal of Speech, 33: 83-86.
NOBLITT, J. S. (1993). Enhancing Instruction with multimedia. In Selected
Papers from the 4
th
National Conference on College Teaching and
Learning. Jack A. CHAMBERS (Ed.). Jacksonville: Center for the
Advancement of Teaching and Learning, Florida Community College.
[Disponível] http://www.unc.edu/cit/iat-
archive/publications/noblitt/noblitt1.html . Acessado em 05/08/2004.
NOBLITT, J. S. (1995a). Nouvelles Dimensions: Une Méthode Multimédia.
Boston, M.A.: Heinle & Heinle.
NOBLITT, J. S. (1995b). Cognitives approaches to listening comprehension.
In Selected Proceedings of the 1995 Joint Conference of the Southern
Conference on Language Teaching and the South Carolina Foreign
233
Language Teachers’ Association. Georgia: Valdosta State University.
[Disponível] http://www.unc.edu/cit/iat-
archive/publications/noblitt/noblitt3.html . Acessado em 11/12/2004.
NORD, J. R. (1981). Three steps to listening fluency: a beginning. In The
Comprehension Approach to Foreign Language Instruction. H. WINITZ
(Ed.). Rowley Mass.: Newbury House Publishers, pp.: 69-100.
NUNAN, D. & R. CARTER (2001). The Cambridge Guide to Teaching English
to Speakers of Other Languages. Cambridge: C.U.P.
NUNAN, D. (1989). Designing Tasks for the Communicative Classroom.
Cambridge: C.U.P.
NUNAN, D. (1990). Designing Tasks for the Communicative Classroom.
Cambridge: C.U.P.
O’MALLEY, J. M & A. U. CHAMOT (1990). Learning strategies in Second
Language Acquisition. Cambridge: C.U.P.
O’MALLEY, J. M., A. U. CHAMOT, & L. KUPPER (1989). Listening
comprehension strategies in second language acquisition. In Applied
Linguistics 10 (4): 418-437.
O’MALLEY, J. M., A. U. CHAMOT, G. STEWNER-MANZANARES, L. KUPPER, & R.
P. RUSSO (1985). Learning strategies used by beginning and
intermediate ESL students. In Language Learning, 35: 21-46.
OLIVEIRA, M. K. de (1993). Vygotsky: Aprendizado e Desenvolvimento. Um
processo sócio-histórico. São Paulo: Scipione.
ONG, W. J. (1982). Orality and Literacy: The Technologizing of the Word.
London: Methuan.
OXFORD, Rebecca L. (1990). Language Learning Strategies. New York:
Newbury.
PAULSTON, C. B. & M. N. BRUDER (1976). Teaching English as a Second
Language: Techniques and Procedures. Cambridge, M.A.: Winthrop.
PEARSON, P. D. & L. FIELDING (1982). Listening Comprehension. In
Language Arts, 59: 617-629.
PERRENOUD, P. (1999). Construir as competências desde a escola. Porto
Alegre: Artes Médicas Sul.
PETRIC, Bojana (2000). The effect of listening instruction on the development
of listening skills of university students of English. In NovELTY. 7(3).
[Disponível] http://www.novelty.hu/htm2/vol73/bojana.htm . Acessado
em 10/02/2004.
PETRIE, C. R. (1962). An experimental evaluation of two methods for
improving listening comprehension abilities. (Tese de doutorado não
234
publicada. Purdue University, 1961). In Dissertation Abstracts, 22:
2511-2512.
PICA, T., R. YOUNG & C. DOUGHTY (1987). The impact of interaction on
comprehension. In TESOL Quarterly 21:4: 737-758.
POSTOVSKY, V. A. (1974). Effects of delay in oral practice at the beginning
of second language learning. In The Modern Language Journal 58: 229-
239.
PRIBRAM, K. (1971). Languages of the Brain: Experimental Paradoxes and
Principles in Neuropsychology. Englewood Cliffs, N.J.: Prentice Hall.
PROVINCE OF BRITISH COLUMBIA (2001). Articulation Guide for English
as a Second language Programs in the British Columbia Public Post-
Secondary System 2
nd
Edition. Ministry of Advanced Education and
the Centre for Curriculum, Transfer and Technology. [Disponível]
http://www.aved.gov.bc.ca/esl/handbook/welcome.htm . Acessado em
25/08/2004.
PURDY, M. (1997). What is listening? In Listening in Everyday Life: A
personal and Professional Approach. M. PURDY & D. BORISOFF (Eds.).,
Lanham, MD: University Press of America, pp.: 1-20.
QUEVEDO, A. G. (1987). Estratégias de conscientização no ensino de
compreensão de textos orais: Um estudo longitudinal. Dissertação de
mestrado não publicada. LAEL/PUCSP. São Paulo.
RAMOS, R. de C. & M. M. FREIRE (2001). Do presencial para o Virtual: Um
desafio para o professor de inglês. [Disponível]
http://www.abed.org/br/antiga/htdocs/paper_visem/rosinda_de_castro.h
tm. Acessado em 03/09/2004.
RANKIN, P. T. (1952). The measurement of the ability to understand spoken
language. (Tese de doutorado, University of Michigan, 1926). In
Dissertation Abstracts, 12: 847-848.
REGO, Teresa Cristina(1995). Vygotsky: Uma Perspectiva Histórico-Cultural
da Educação. 2 ed. Petrópolis (RJ): Vozes.
RICHARDS, J. & John PLATT (1992). Longman Dictionary of Language
Teaching and Applied Linguistics. Essex: Longman.
RICHARDS, J. C. (1983). Listening comprehension: approach, design,
procedure. In TESOL Quarterly 17(2): 219-39.
RICHARDS, J. C. (1985). The Context of Language Teaching. Cambridge:
C.U.P.
RILEY, (1981). Viewing comprehension: lâoeil ecoute. In The Teaching of
Listening Comprehension. (ELT Documents Special: Papers presented at
235
the Goethe Institut Colloquium Paris 1979). London: British Council,
pp.: 143-156.
RIVERS, W. M. & M. S. TEMPERLY (1978). A Practical Guide to the Teaching of
English as a Second or Foreign Language. New York: O.U.P.
ROBINETT, B. W. (1978). Teaching English to Speakers of Other Languages:
Substance and Technique. Minneapolis, M.N.: University of Minnesota
Press.
ROBINSON, G. L. (1991). Effective feedback strategies in CALL. In P.
DUNKEL. (ed). Computer-assisted language learning and testing. New
York: Newbury House. pp: 155-167.
RODRIGUES, Iracema Stancati (2003). A Mudança da Prática Pedagógica do
Modelo Presencial para o Modelo de Educação a Distância sob as
Óticas da Teoria da Atividade e da Metodologia Inovadora.
Dissertação de mestrado não publicada. Centro Federal de Educação
Tecnológica do Paraná. Curitiba.[Disponível}
http://www.ppgte.cefetpr.br/dissertacoes/dis2003.htm#dis110.
Acessado em 04/01/2005.
RODRIGUES, Rosângela (1998).. Modelo de avaliação para cursos no Ensino
a Distância: estrutura, aplicação e avaliação. Dissertação de mestrado,
PPGE/UFSC [Disponível] http://www.eps.ufsc.br/disserta98/roser/.
Acessado em 17/12/2004.
ROMISZOWSKI, Alex (2004). Panorama histórico - y personal- de la
evolución de la educación a distancia IN Revista Brasileña de
Aprendizage Abierto y a Distancia, Editorial - vol. 2/4. [Disponível]
http://www.abed.org.br/publique/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?UserActiv
eTemplate=1por&infoid=912&sid=22. Acessado em 08/12/2004.
ROSENTHAL, J. (Ed.) (2000). Handbook of Undergraduate Second Language
Education. Mahwah, New Jersey: Lawrenc Erlbaum.
ROST, M. (1990). Listening in Language Learning. London: Longman.
ROST, M. (1991). Listening in Action: Activities for Developing Listening in
Language Teaching. New York: Prentice Hall.
ROST, M. (1994). Introducing Listening. Harmondsworth: Penguin.
ROST, M. (1994). On-line summaries as representations of lecture
undersanding. In Academic Listening. J. FLOWERDEW (Ed.) Cambridge:
C.U.P., pp.: 93-128.
ROST, M. (2001). Listening. In The Cambridge Guide to Teaching English to
Speakers of Other Languages. Ronald CARTER & David NUNAN (Eds.)
Cambridge: C.U.P.
236
ROST, M. (2002). Teaching and Researching Listening. Christopher N.
CANDLIN & DAVID R. Hall (Eds.). London: Pearson Education Limited,
Longman.
ROUNDS, P. (1987). Characterizing successful classroom discourse for NNS
teaching assistant training In TESOL Quarterly 21(4): 643-671.
ROURKE, L., T. ANDERSON, D.R. GARRISON, & W. ARCHER (2001). Assessing
social presence in asynchronous text-based computer conferencing. In
Journal of Distance Education/Revue de l'enseignement ˆ distance,
[Disponível] http://cade.athabascau.ca/vol14.2/rourke_et_al.html .
Acessado em 27/06/2005.
RUBIN, J. & A, WENDEN (1987). Learner Strategies in Language Learning. UK:
Prentice-Hall International.
RUBIN, J. (1975). What the “good language Learner” can teach us. In TESOL
Quarterly. V. 9, n.1, pp.:41-51.
RUBIN, J. & D. MENDELSOHN (1995). A Guide for the Teaching of Second
Language Listening. San Diego: Dominie Press.
RUBIN, J. (1994). A review of second language listening comprehension
research. In The Modern Language Journal. 78(2): 199-221.
RUBIN, J. (1995). The contribution of video to the development of
competence in listening. In A guide for the Teaching of Second
Language Listening. D. MENDELSOHN & J. RUBIN (Eds.).. San Diego:
Dominie Press, pp.: 151-165.
SABBAG, Maria do Carmo (2002). O Chat e a Percepção Lingüística em um
Curso de Inglês On-line. Dissertação de Mestrado não publicada. PUC-
SP.
SALONOM, E. (ed) (1993). Distributed cognitions: psychological and
educational considerations. Cambridge: C.U.P.
SANTAROSA, Dra. Lucila Maria Costi (s.d.). Comunicar para aprender,
aprender para comunicar: ambientes de aprendizagem telemáticos
como alternativa. [Disponível]
http://www.niee.ufrgs.br/publicacoes/artigos/chi_arti.html . Acessado
em 19/09/2003.
SANTI, Lucimar Canonico de (2003). A Afetividade de uma professora na
interação com seus alunos em um curso de inglês online. Dissertação
de Mestrado não publicada. Programa de Pós LAEL, PUCSP, São Paulo.
SCARCELLA, R. C. & R. L. OXFORD (1992). The Tapestry of Language
Learning. Boston, Mass.:Heinle & Heinle.
237
SCHANK, R. C. & R. P. ABELSON (1977). Scripts, Plans, Goals and
Understanding: an Enquiry into Human Knowledge Structure.
Hillsdale, N.J.: Erlbaum.
SCHANK, R. C. (1972). Conceptual dependency: a theory of natural
language understanding. In Cognitive Psychology 3: 552-631.
SCHNEWLY, B. & J. DOLZ (1998). Pour un Enseignement de l’Oral – Initiation
aux Genres Formels `l’École. Paris: ESF éditeur.
SECULES, T., C. HERRON & M. TOMASELLO (1992). The effect of video context
on foreign language learning. In The Modern Language Journal, 76(iv):
480-490.
SHALOM, C. (1993). Established and evolving spoken research process
genres: Plenary lecture and poster session discussions at academic
conferences. In English for Specific Purposes. 12: 37-50.
SHEERIN, S. (1989). Self-Access. Oxford: O.U.P.
SHERRON, G. T. & J. V BOETTCHER (1997). 'Distance learning: The shift to
interactivity'. In CAUSE Professional Paper Series, no. 17.
SHRUM, J. L. & E. W. GLISAN (1999). Teacher’s handbook: Contextualized
Language Instruction. Boston, M.A.: Heinle & Heinle.
SILVERMAN, David (2001). Interpreting Qualitative Data: Methods for
Analysing Task, Text and Interaction. 2
nd
edition. London: Sage
Publications.
SILVERMAN, Eric Kline (1997). Politics, Gender, and Time in Melanesia and
Aboriginal Australia In Ethnology Abstracts, Spring, vol. 36: 2.
SINCLAIR, J. McH & M. COULTHARD (1975). Towards an Analysis of
Discourse: the English Used by Teachers and Pupils. Oxford: O.U.P.
SNOW, B. G. & K. PERKINS (1979). The teaching of listening
comprehension and communication activities. In TESOL Quarterly, 13:
51-63.
SOUZA, Flávia Veloso de & Alex Sandro GOMES (2003). Análise da
Atividade Assíncrona na Interação via Lista de Discussão: Estudo de
Caso em Curso de Formação Continuada de Professores em Regime
Semipresencial. In XIV Simpósio Brasileiro de Informática na Educação
SBIE, Rio de Janeiro. [Disponível]
http://www.cin.ufpe.br/~asg/producao/velososbie2003.pd. Acessado
em 03/01/2005.
SOUZA, R. (2001). O discurso oral, o discurso escrito e o discurso eletrônico
In V. MENEZES (org). Interação e aprendizagem em ambiente virtual.
Belo Horizonte: Faculdade de Letras. UFMG.
238
SPASSER, MARK A. (2002). Realist Activity Theory for Digital Library
Evaluation: Conceptual Framework and Case Study. In Computer
Supported Cooperative Work, vol. 11:3. [Disponível]
http://www.ics.uci.edu/~redmiles/ activity/final-
issue/Spasser/Spasser.pdf. Acessado em 03/01/2005.
SPEARRITT, D. (1962). Listening Comprehension a Factorial Analysis.
Melbourne, Australia: G. W. Green & Sons Pty.
SPERBER, D. & D. WILSON (1986). Relevance: Communication and
Cognition. Oxford: Blackwell.
SPRENGER, Terezinha Maria (2004). Conscientização e autonomia em
formação on-line de professores. Tese de doutorado não publicada.
LAEL/PUCSP. São Paulo.
STAKE, R. E. (1995). The art of case study research. Thousand Oaks, CA:
Sage.
STEIL, L., L. BARKER & K. WATSON (1983). Effective Listening: Key to Your
Success. Reading, M.A.: Addison-Wesley.
STEMPLESKI, S. & B. TOMALIN (1990). Video in Action. New York: Prentice
Hall International.
STEMPLESKI, S. & P. ARCARIO (1992). Video in Second Language Teaching:
Using, Selecting, and Producing Video for the Classroom. Virginia:
Teachers of English to Speakers of Other Languages, Inc.
STEVICK, E. (1976). Memory, Meaning and Method. Rowley, MA.: Newbury
House Publishers, Inc.
STRODT-LOPES, B. (1987). Personal anecdotes in university classes. In
Anthropological Linguistics 29(2): 194-258.
STUDDERT-KENNEDY, M. (1976). Speech perception. In N. J. LASS (ed.).
Contemporary issues in experimental phonetics . New York: Academic
Press. pp.: 243-293.
SWALES, J. (1990). Genre Analysis: English in Academic and Research
Settings. Cambridge: C.U.P.
TAMMELIN, M. (1998). From telepresence to social presence: The role of
presence in a network-based learning environment. In Aspects of Media
Education: Strategic Imperatives in the Information Age. S. TELLA, (Ed.)
Media Education Centre. Department of Teacher Education. University
of Helsinki. Media Education Publications 8.
TANNEN, D. (1982). The oral literate continuum in discourse. In Spoken and
Written Language: Exploring Orality. E. TANNEN (Ed.), pp.: 1-16.
239
TAUROZA, STEVE & D. ALLISON (1994). Expectation-driven understanding in
information systems lecture comprehension In Academic Listening, J.
FLOWERDEW (Ed.). Cambridge: C.U.P., pp.: 35-54.
TAVARES, K. C. A. (2004). Aprender a moderar lista de discussão um
estudo na perspectiva da teoria da atividade. Tese de doutorado.
LAEL/PUCSP. São Paulo.
TAVARES, K.C.A. (2001). Discutindo a formação do professor on-line - de
listas de habilidades docentes ao desenvolvimento da reflexão crítica .
[Disponível] http://www.comunicar.pro.br/artigos/reflex.htm . Acesso
em5 de setembro de 2004
TAYLOR, H.M. (1981). Learning to listen to English. In TESOL Quarterly
15(1): 41-50.
TAYLOR, James C. (2001). Fifth Generation Distance Education. In Higher
Education Series. Report 40. June. Australia. [Disponível]
http://www.dest.gov.au/archive/highered/hes/hes40/hes40.pdf.
Acessado em 21/06/2006.
TENG, HUEI-CHUN (1999). Needs analysis of EFL listening by Taiwanese
college students. In Kotesol Proceedings of PAC2 (The Second Pan
Asian conference). pp.: 169-178. [Disponível]
http://www.kotesol.org/pubs/1999-proceedings/abs_169teng.shtml .
Acessado em 25/08/2003.
THANAJARO, METINEE (2000). Using authentic materials to develop
listening comprehension in English as a second language classroom.
Tese de doutorado não publicada. Virginia: Faculty of the Virginia
Polytechnic Institute and State University. [Disponível]
http://scholar.lib.vt.edu/theses/available/etd-03012000-
00590032/unrestricted/Metinee.pdf. Acessado em 30/05/2004.
THOMPSON, S. (1994). Frameworks and contexts: a genre-based approach
to analysing lecture introductions. In English for Specific Purposes,
13(2).
THOMPSON, S. (s/d). Intonation and the signalling of organisation in
academic monologues. [Disponível]
http://www.baleap.org.uk/pimreports/2001/warwick/thompson.htm .
Acessado em 08/08/2004.
TOLMAN, CHARLES W. (1999). Society versus context. In Perspectives on
Activity Theory, Y. ENGESTRÖM, R. MIETTINEN & R. PUNAMÄKI (Eds.),
USA: Cambridge University Press.
UNDERWOOD, M. (1989). Teaching Listening. London: Longman.
UR, P. (1984). Teaching Listening Comprehension. Cambridge: C.U.P.
240
VALENTE, J. Armando (1999). Análise dos diferentes tipos de software na
educação In J. A. VALENTE (org.) O computador na sociedade do
conhecimento. Campinas: UNICAMP/NIED.
VANDERGRIFT, L. (1998). Successful and less successful listeners in
French: What are the strategy differences? In French Review, 71: 370-
395.
VANDERGRIFT, L. (2002). ‘It was nice to see that our predictions were
right’: Developing metacognition in L2 Listening Comprehension In
Canadian Modern Language Review, 58(4).[Disponível]
http://www.utpjournals.com/product/cmlr/584/584_Vander.html.
Acessado em 27/12/2004.
VANDERGRIFT, L. (1997a). The comprehension strategies of second
language (French). listeners: A descriptive study. In Foreign Language
Annals, 30: 387-409.
VANDERGRIFT, L. (1997b). The Cinderella of communication strategies:
Reception strategies in interactive listening .In Modern Language
Journal, 81: 494-505.
VYGOSTKY , L. S. (1978). Mind in Society: The development of Higher
Psychological Processes. Cambridge, MA: Harvard University Press.
[Disponível] http://www.marxists.org/archive/vygotsky/works/mind/
Acessado em 26/01/2005.
VYGOSTKY , L. S. (1985). Thought and Language. Cambridge, MA: The
M.I.T. Press.
VYGOSTKY , L. S. (1994). A formação social da mente. São Paulo: Martins
Fontes.
VYGOSTKY, L. S. (1989). A Formação Social da Mente. São Paulo: Martins
Fontes.
WADT, Maria Paula Salvador (2002). Questões de avaliação de design de
um curso de inglês online. Dissertação de Mestrado não publicada.
LAEL/PUCSP. São Paulo.
WALES, R. & J.G. MARSHALL (1976). The organization of linguistic
performance. In Psycholinguistic Papers. The Proceedings of the 1966
Edinburgh Conference. J. LYONS & R.J. WALES (Eds.)., Edinburgh: E.U.P.,
pp.: 29-84.
WARSCHAUER, M. & C. MESKILL (2000). Technology and second language
learning. In Handbook of undergraduate second language education.
J.Rosenthal (Ed.) Mahwah, New Jersey: Lawrenc Erlbaum, pp.: 303-
318. [Disponível] http://www.gse.uci.edu/markw/tslt.html . Acessado
em 4/07/2003.
WEISSENRIEDER, M. (1987). Listening to the News in Spanish. In Modern
Language Journal, 71: 18-27.
241
WELLS, G. (1994).. The complementary contributions of Halliday and
Vygotsky to a "language-based theory of learning." In Linguistics and
Education 6 (1): 41-90.
WELLS, G. (1998). Dialogue and the Development of the Agentive
Individual: An Educational Perspective. In: Fourth Congress of the
International Society for Cultural Research and Activity Theory.
Proceedings of the Fourth Congress of the International Society for
Cultural Research and Activity Theory.
WELLS, G. (1999). Dialogic Inquiry Towards a Sociocultural Pratice
and Theory of Education. USA: Cambridge University Press.
WENDEN, A. & Joan RUBIN (1987). Learner Strategies in Language Learning.
New Jersey: Prentice Hall.
WENDEN, A. (1991). Learner Strategies for Learner Autonomy. New York,
NY: Prentice-Hall.
WERTSCH, J. V. (1985). Vygotsky and the Social Formation of Mind.
Cambridge, MA: Harvard University Press.
WERTSCH, J. V. (1991). Voices of the Mind: A Sociocultural Approach to
Mediated Action. Cambridge, MA: Harvard University Press.
WERTSCH, J. V. (1991). Voices of the mind: A sociocultural approach to
mediated action. Cambridge: Harvard University Press.
WERTSCH, J. V. (1998). Mind as Action. New York: Oxford University Press.
WIJASURIYA, B. (1971).The occurrence of discourse-markers and inter-
sentence connectives in university lectures and their place in the
testing and teaching of listening comoprehension in English as a
foreign language. M. Ed. Thesis, University of Manchester.
WINITZ, H. (1981). The Comprehension Approach to Foreign Language
Instruction. Rowley, Mass.: Newbury House Publishers.
WOLFF, D. (1987). Some assumptions about second language text
comprehension. In Studies in Second Language Acquisition 9 (3): 307-
326.
WOLVIN, A. D. & C. G. COAKLEY (1988). Listening. Dubuque, I.A.: Wm. C.
Brown.
YAMAGATA-LYNCH, Lisa C. (2003). Using Activity Theory as an Analytical
Lens for Examining Technology Professional Development in Schools.
In Mind, Culture and Activity, 10 (2): 11-119. [Disponível} http://
www.cedu.niu.edu/~lynch/using_activity_theory.pdf. Acessado em
03/01/2005.
YIN, Robert K. (1984). Case Study Research: Design and Methods. Newbury
Park, CA: Sage.
242
YOUNG, L. (1994). University lectures macro-structure and micro-features
In Academic Listening, J. FLOWERDEW (Ed.)., Cambridge: C.U.P., pp.:
159-176.
ZACHARIAS, V. L. Camara (tradução). (2004). Teoria do Desenvolvimento
Mental e Problemas da Educação In Perspectivas: Oficina Internacional
de Educación, vol. XXIC, nºs 3 4, 1994, pps. 773-799. [Disponível]
http://www.centrorefeducacional.com.br/vydesmen.htm. Acessado em
11/12/2004.
243
ANEXOS
244
ANEXO 1
CARTA DE PERMISSÃO
EU, ___________________________________________________, RG Nº
______________________________________ autorizo a utilizar os dados
produzidos por mim no curso on-line durante o período de março a julho de
2003. Este curso foi disponibilizado no site http://lael.pucsp.br/teleduc. Estou
ciente que as informações colhidas através de questionários e registros
automáticos do sistema serão usadas para pesquisa. Será importante que
minha identidade seja protegida.
São Paulo, __________ de _______________ de 2003.
______________________________________________
245
ANEXO 2
PROGRAMA DE FORMAÇÃO CONTINUADA PARA PROFESSORES DE INGLÊS DE ESCOLAS PÚBLICAS
http://lael.pucsp.br
Questionário de Avaliação do Módulo de Compreensão de Inglês falado via Internet I e II
CARO ALUNO,
ESTA ATIVIDADE DE AVALIAÇÃO DE CURSO É OBRIGATÓRIA. SUAS RESPOSTAS SÃO VITAIS PARA O APRIMORAMENTO
DOS MÓDULOS DE COMPREENSÃO DE INGLES FALADO VIA INTERNET I E II E DO PROGRAMA COMO UM TODO.
O CONTEÚDO DAS RESPOSTAS EM NADA AFETARÁ SUA NOTA FINAL NO MÓDULO.
Depois de responder ao questionário, salve-o em seu computador (use a opção “salvar como”) e envie-o por
e-mail, como um documento atachado (attached document) para mailto:[email protected]
Muito obrigada por sua participação.
Fale de você
Preencha os espaços abaixo
1. Nome
Idade:
2. Endereço
Cidade
3. Formação Acadêmica
Graduação em:
Ano:
Pós-Graduação em:
Ano:
4. Experiência profissional
Escola Pública:
Tempo:
Disciplinas: [ ] Inglês [ ] Português [ ] Outra:
Escola Particular:
Tempo:
Disciplinas: [ ] Inglês [ ] Português [ ] Outra:
Escola de Línguas
Tempo:
Disciplinas: [ ] Inglês [ ] Português [ ] Outra:
Avalie Problemas com a Internet
Assinale todas as alternativas que se aplicam ao seu caso.
5. Você utilizava a Internet antes de fazer esses módulos? [ ] Sim [ ] Não
6. Em caso afirmativo, há quanto tempo?
[ ] 0 - 6 meses [ ] 6 meses - 1 ano [ ] 1 ano - 2 anos [ ] mais de 2 anos
7. As páginas demoram muito para carregar. [ ] Sempre [ ] Às vezes [ ] Raramente
8. Minha conexão cai. [ ] Sempre [ ] Às vezes [ ] Raramente
9. Tive Problemas com a senha.
[ ] Esquecimento da senha. [ ] Senha que não era reconhecida.
10. Tive Problemas de acesso às Content Pages.
[ ] Muitas vezes não conseguia abrir e visualizar. [ ] As vezes não conseguia abrir e visualizar.
11. Tive Problemas no Discussion Forums.
[ ] Conseguia ler, mas não sabia responder.
[ ] Conseguia ler, mas não localizava as mensagens já lidas .
[ ] Não consegui ler nenhuma mensagem.
12. Tive Problemas no Chat.
[ ] Não consegui entrar no Chat.
[ ] Só conseguia ler, mas não conseguia enviar mensagens.
[ ] Só conseguia enviar mensagens, mas não conseguia ler.
[ ] Era expulsa do Chat com frequência
Tive outros problemas técnicos não mencionados acima:
246
Estudando on-line
Assinale todas as alternativas que se aplicam ao seu caso.
13. Sua necessidade para fazer os módulos era:
[ ] Muito grande, precisava para minhas atividades no trabalho.
[ ] Não muito grande, poderia fazê-los em um outro momento.
[ ] Pequena, apenas por curiosidade pessoal e poderia fazê-los em outro momento.
[ ] Outros, complete:
14. Com relação ao fato de sua professora e colegas não estarem fisicamente presentes você
[ ] Não encontrou problemas porque se comunicava com eles sempre que precisava.
[ ] Sentiu falta de ter pessoas por perto.
[ ] Outros, complete:
15. Como você se organizou para fazer os módulos?
[ ] Não fez planejamento, trabalhava nas horas vagas.
[ ] Fez um planejamento mas não conseguiu mantê-lo; trabalhava quando podia.
[ ] Fez um planejamento e conseguiu mantê-lo. Se optou por esta resposta, por favor descreva seu modo de
trabalhar.
[ ] Outros, complete:!
16. Quanto tempo por semana você dedicou aos módulos:
[ ] Até 3 horas.
[ ] Entre 4 e 7 horas.
[ ] Entre 8 e 11 horas.
[ ] Mais do que 11 horas.
17. Como você fez as atividades dos módulos?
[ ] Fez tudo on-line, quase sem impressão de páginas.
[ ] Imprimiu muita coisa e também fez atividades on-line.
[ ] Fez xerox de material já impresso por um colega e também fez atividades on-line.
[ ] Outra, complete:
18. Que computador você utilizou para fazer as atividades?
[ ] Computador em casa.
[ ] Computador na escola
[ ] Computador de amigos.
[ ] Outro, complete:
Avalie os módulos de Compreensão Oral I e II
19. Quanto aos assuntos e à extensão das unidades dos módulos:
Gostei de:
Não gostei de:
Sugestões:
20. Quanto aos textos orais das unidades:
Gostei de:
Não gostei de:
Sugestões:
247
21. Quanto às indicações de sites dadas pela professora:
Gostei de:
Não gostei de:
Sugestões:
22. Quanto aos chats:
Gostei de:
Não gostei de:
Sugestões:
23: Quanto às propostas de trabalho conjunto
Gostei de:
Não Gostei de:
Sugestões:
24. Quanto aos exercícios com arquivos em áudio:
Gostei de:
Não gostei de:
Sugestões:
25. Quanto ao feedback do professor:
Gostei de:
Não Gostei de:
Sugestões:
26. Quanto ao suporte técnico oferecido:
a)avalie o suporte oferecido pelo tutorial online. Você o consultou? Mencione isso em sua resposta.
b)avalie o suporte técnico oferecido pela Profa. Angelita Quevedo
Avalie a sua Aprendizagem
Em Língua Inglesa
27. Na sua opinião, quais as atividades que mais contribuíram para o desenvolvimento de sua habilidade de
compreensao oral em inglês? Justifique.
28. Na sua opinião, quais atividades foram mais difíceis? Justifique.
1.
2.
3.
4.
29. Cite pelo menos 5
"coisas" que você aprendeu
ligadas à compreensao oral
5.
248
Sobre Computador e Internet
30. Na sua opinião, o que mais ajudou você a aprender a controlar o computador, navegar pelo curso e pela Internet?
Justifique.
1.
2.
3.
4.
31. Cite pelo menos 5
"coisas" que você aprendeu
ligadas ao uso do
computador, do curso e da
Internet
5.
Avalie a sua Experiência
32. Como aluno/a: O curso contribuiu para um jeito novo de aprender? O curso ajudou você a se conhecer melhor como
aluna/o? Por favor dê exemplos que ilustrem aspectos positivos e negativos de sua experiência neste curso, como aluno.
33. Como professor/a: O curso lhe deu idéias úteis à sua atividade docente? O curso fez você pensar em questões
associadas à docência? É possível transferir essa reflexão ou essas idéias para sua sala de aula? Por favor dê exemplos
que ilustrem aspectos positivos e negativos de sua experiência neste curso, como professor.
34. Como pessoa: O curso provocou alguma descoberta pessoal? O curso provocou algum novo acontecimento
profissional ou pessoal?
35. Se houver mais alguma informação que você queira nos dar, por favor use livremente o espaço abaixo.
Muito obrigada por sua cooperação!
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo