RESUMO
A presente pesquisa investigou como 19 professores de língua inglesa da
rede pública do Estado de São Paulo realizaram a atividade de se engajar em um
curso online, ao serem alunos do curso de Compreensão do Inglês Falado via
Internet I e II, de formação continuada. Meu objetivo foi compreender como
ocorreu a atividade, da perspectiva do aluno, como a mediação de ferramentas
ajudou a entender a relação entre o aluno e seu(s) objetivo(s), quais as contradições
ocorridas e soluções encontradas e quais ações do aluno ajudaram a perceber o seu
engajamento nos diversos espaços de produção do curso.
Para fundamentar esta análise, usei a teoria da atividade (Leontiev, 1978;
Engeström, 1987, 1997; Cole, 1997; Davydov, 1999; Kaptelinin, 1996, 1997) que
em princípio argumenta que as pessoas não estão apenas cercadas pelo contexto de
suas atividades; elas interagem com o contexto e o mudam. A teoria da atividade
tratou de descrever os fatores que afetaram ou mediaram o sujeito e o objeto dentro
do contexto específico; e explicou como o sujeito interagiu com os outros
componentes do sistema.
A análise do desenvolvimento e engajamento do aluno ocorreu com base na
concepção do ciclo expansivo de desenvolvimento (Engeström, 1987) que apregoa
que desenvolver quer dizer resolver ou transformar as contradições existentes,
resultando, assim, em uma mudança no sistema de atividade: a construção de um
novo objeto e novo(s) motivo(s).
Os dados foram coletados ao longo de cinco meses ininterruptos, de março
a julho de 2003, período de duração do curso online. Os dados foram agrupados
em dados: (a) registrados pelo programa de autoria usado (TelEduc), (b) coletados
por meio de questionários, (c) coletados por meio das produções escritas dos alunos
e (d) gerados por meio da comunicação eletrônica (e-mail) ocorrida entre
professora/alunos e alunos/professora.
Inicialmente, descrevi o contexto de investigação, o curso de Compreensão
do Inglês Falado via Internet I e II e a caracterização dos participantes. As
contradições, fonte de transformações e desenvolvimento, foram levantadas com
base nos registros escritos dos participantes e nas minhas anotações. A análise
sustentada pelas contradições serviu para mapear as áreas e explicitar os
desequilíbrios existentes dentro deste contexto. Elas podem apontar para áreas que
precisam ser revistas, identificar as oportunidades para mudança, desenvolvimento
e evolução.
Finalmente, analisei o desenvolvimento e engajamento do aluno com base
no que Engeström (1999) chama de ciclos miniatura/ intermediários de
aprendizagem. Por meio das produções dos alunos, identifiquei, discuti e mostrei
como a aprendizagem emergiu no contexto sociocultural da atividade em
investigação.
Concluí que na atividade de se engajar em um curso online há de se levar
em conta que o desempenho dos alunos está relacionado com o ambiente em que
estão inseridos. Sujeito, objeto e ferramentas se interrelacionam, recíproca e