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Onde está a dança?Programa 4
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A maioria das pessoas aprende a dançar sem profes-
sor, e dança de forma espontânea, por puro prazer; para
elas, a dança é antes de tudo uma diversão. Mas, assim
como nos jogos e brincadeiras, muitos conhecimentos são
mobilizados no ato da dança. Movimentar-se com ritmo,
com gestos diferentes dos movimentos utilitários do dia-
a-dia, estar em sintonia – ou sincronia – com a música,
com outras pessoas e com os próprios sentimentos, tudo
isso é a experiência da dança, uma experiência agradável
e repleta de desafios, não apenas corporais.
A dança, junto com a música, faz parte de nosso
dia-a-dia: das festas de aniversário ao carnaval, são
muitas as ocasiões e os pretextos para dançar, no con-
vívio social: em roda, aos pares, em grupo, as pesso-
as compartilham uma experiência prazerosa.
Observando e participando de ‘situações dançan-
tes’: é assim que muita gente aprende a dançar. Na rua,
com os amigos; em casa, com a família; nas festas da
coletividade; e – por que não? – até pela televisão.
E a escola, dança?
Talvez por preconceito (por achar que aquilo que di-
verte não contém conhecimento), ou por inseguran-
ça de trabalhar um conteúdo com o qual têm pouca
familiaridade (enquanto conteúdo formal), muitos
professores vêm dando um ‘chá de cadeira’ na dança,
deixando-a do lado de fora da sala de aula.
Com raríssimas exceções, a única ocasião em que a
dança entra na escola é na época das festas juninas,
quando os alunos ensaiam a quadrilha. Mesmo nesse
caso, muitas vezes ela é realizada de forma automática,
desprovida de sentido, sem que os alunos saibam suas
origens e seus significados. Em geral, quando se dança
é por conta das próprias crianças (em geral, as meninas),
que imitam danças divulgadas pela mídia (Xuxa, Eliana,
Tchan etc.). A dança, enquanto objeto de ensino e apren-
dizagem escolar, tem deixado muito a desejar.
Cada estado, região ou cidade do Brasil tem suas fes-
tas e danças: moçambique, maculelê, maracatu, reisado,
folia, chegança, bumba-meu-boi, forró, baião, xote,
xaxado, samba, cateretê, balaio, pezinho, congada, pasto-
ril, quadrilha etc. Inúmeras formas de dança se desen-
volveram e continuam a ser criadas por todo o país.
Nossa cultura plural e nossa facilidade em absor-
ver influências faz com que tenhamos uma diversida-
de muito grande de danças regionais. Cada manifes-
tação dessas tem uma história, uma razão de ser, re-
vela um pedacinho da história do Brasil, contada,
recontada, recortada e ampliada.
Os grandes centros urbanos também têm suas tradi-
ções, instauradas por outras vias historicamente mais re-
centes: bailes funk, forrós e lambadas, escolas de samba,
gafieiras, mingaus de clubes, discotecas, carnaval de rua,
pagodes e muito mais. São danças bem diferentes das
regionais, mas também, como elas, foram criadas ou adap-
tadas pelos grupos culturais que as praticam; identificam
esses grupos e estão repletas de significado social.
A dança tem um status artístico, apresentada por
grupos profissionais ao vivo, em teatros, ou pela te-
levisão. Esses grupos são compostos por pessoas que
estudam e desenvolvem técnicas, criam e recriam lin-
guagens, compõem e interpretam coreografias. Alguns
grupos profissionais de dança desenvolvem as cha-
madas danças étnicas, típicas de uma cultura, dando
a elas novos significados e novas interpretações.
Como e por que
as pessoas dançam
Para as pessoas que aprendem técnicas, estudam, praticam
e recriam formas de dança, para se apresentar ao público,
a dança é uma profissão. Assim como o esportista profissi-
onal, o dançarino não dança apenas por prazer, e pode se
tornar uma referência para as pessoas que apreciam dança.