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A cor do pau-brasilPrograma 5
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Muitos navios piratas franceses circulavam pelo li-
toral e, com a ajuda dos índios, contrabandeavam pau-
brasil. Uma dessas naus, a Pélérine, capturada pelos
portugueses abarrotada de pau-brasil, levava também
tudo que os franceses julgavam exótico, capaz de des-
pertar a curiosidade dos europeus e passível de
comercialização: peles de animais, papagaios, sagüis,
algodão e plantas consideradas medicinais.
A freqüência com que os contrabandistas chega-
vam à costa brasileira preocupou a Coroa portugue-
sa, que se mobilizou para explorar mais efetivamente
as riquezas da nova terra, principalmente o pau-
brasil, com a ajuda de capitais particulares.
A exploração do pau-brasil
A palavra ‘brasil’, de acordo com o dicionário do Au-
rélio, tem sua origem no francês brésil, que é uma al-
teração do italiano verzino, nome atribuído a madei-
ras de coloração vermelha, importada do Oriente e
empregada para tingir tecidos.
Outra possível origem do nome Brasil deriva de uma
ilha imaginária, conhecida como Hy Brazil, que, segun-
do a lenda divulgada na Europa medieval, teria sido co-
lonizada pelo monge irlandês São Brandão. Essa ilha,
que aparece em vários mapas da época em distintas lo-
calizações, teria a característica de se deslocar pelo oce-
ano. Segundo essa vertente, a palavra viria do celta,
bress, origem do verbo inglês to bless, que significa ‘aben-
çoar’. Brasil, portanto, significaria ‘terra abençoada’.
Provavelmente, as primeiras amostras de pau-
brasil foram para Portugal já na caravela que levou a
notícia da descoberta das novas terras – ou então em
uma expedição do ano seguinte. A árvore era conhe-
cida pelos indígenas como ibirapitanga, ou arabutã.
Não era uma árvore colossal – chegava a cerca de 15
metros de altura –, mas os nativos demoravam em
média quatro horas para derrubá-la, com seus macha-
dos de pedra. Era encontrada por todo o litoral, do
cabo de São Roque a Cabo Frio, mas a maior concen-
tração era na região de Pernambuco.
Nessa época de intenso comércio de especiarias, as
plantas das quais se podia extrair tinta tinham grande
interesse comercial. Por isso o pau-brasil foi logo de-
clarado monopólio, ou estanco, da Coroa: sua explora-
ção e sua comercialização eram prerrogativas do rei, que
arrendava esse direito a outras pessoas. O primeiro
desses arrendatários foi Fernando de Noronha.
A exploração do pau-brasil
era feita a partir de feitorias,
erguidas em locais convenien-
tes ao longo da costa para
juntar a madeira a ser trans-
portada para os navios. As pri-
meiras feitorias, em Pernam-
buco, Cabo Frio e Rio de Janei-
ro, eram meras paliçadas, que
abrigavam um pequeno grupo
de portugueses. Nelas a derru-
bada era negociada com os ín-
dios e as toras eram estocadas, à espera de naus que
pudessem carregá-las para Portugal. Os europeus
engajados na exploração do pau-brasil ficaram co-
nhecidos como ‘brasileiros’, nome que logo se esten-
deu a todos os nascidos na nova terra.
A derrubada na mata e o transporte para o litoral
eram feitos pelos índios em troca de contas e espelhos,
além, evidentemente, de facas e machados de ferro, no
sistema conhecido como escambo. Nesse início de co-
lonização os índios não eram escravizados.
As naus seguiam para a Europa abarrotadas de
madeira. A nau Bretoa, que esteve no Brasil em 1511
Uma feitoria