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Relatório 2000 Pedagógico 1
Brasília-DF, março de 2001
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Equipe Técnica-Operacional do ENEM
Maria Inês Fini (Coordenadora-Geral do ENEM)
Andreia Correcher Pitta
Augustus Rodrigues Gomes
David de Lima Simões
Dorivan Ferreira Gomes
Fernanda Guirra Amaral
Frank Ney Souza Lima
Irene Teresinha Nunes de Souza Inácio
Jane Hudson Abranches
Kelly Cristina Naves Paixão
Márcio Andrade Monteiro
Marco Antônio Raichtaler
Maria Cândida Muniz Trigo
Margarida Jardim Cavalcante
Maria Vilma Valente de Aguiar
Raimundo Rainero Xavier
Suely Alves Wanderley
Ulysses Narciso Leal Costa
Valéria de Sperandyo Rangel
Tiragem: 20.000 exemplares
INEP/MEC  Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais
Esplanada dos Ministérios, Bloco L, Anexo I, 4º Andar
CEP 70047-900  Brasília-DF  Brasil
Fone: (61)321-6224
http://www.inep.gov.br/enem
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais.
Exame Nacional do Ensino Médio  Enem : relatório pedagógico 2000 / Instituto
Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais.  Brasília : O Instituto, 2001.
161 p. : il. tab.
1. Ensino médio. I. Título.
CDU 373.5
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Relatório 2000 Pedagógico 3
1 Introdução ................................................................................................................ 9
2 O modelo do Enem como avaliação de desempenho por
competências e a escolarização básica do cidadão............................................ 11
2.1 O participante como leitor do mundo................................................................. 14
2.2 O participante como escritor do mundo............................................................. 15
3 Estrutura do Enem 2000 ......................................................................................... 17
3.1 Da operacionalização ........................................................................................ 17
3.1.1 Contratação dos serviços ........................................................................ 17
3.1.2 Divulgação............................................................................................... 17
3.1.3 Inscrições ................................................................................................ 18
3.1.4 Levantamento do perfil socioeconômico dos inscritos ............................ 20
3.1.5 Manual do Inscrito ................................................................................... 20
3.1.6 Aplicação da prova .................................................................................. 20
3.2 Dos documentos e dados institucionais ............................................................ 21
3.2.1 O Banco de Dados .................................................................................. 21
3.2.2 Boletim Individual de Resultados ............................................................ 21
3.2.3 Resultados para as instituições de ensino médio ................................... 21
3.2.4 Relatórios técnicos e pedagógicos .......................................................... 24
3.3 Das relações institucionais ................................................................................ 24
3.3.1 Comitê Técnico ....................................................................................... 24
3.3.2 Comitê Consultivo ................................................................................... 24
3.3.3 O Enem e as Secretarias de Estado da Educação ................................. 24
3.3.4 O Enem e as Secretarias de Estado de Segurança Pública ................... 25
3.3.5 O Enem e as Instituições de Ensino Superior ......................................... 25
4 A prova ..................................................................................................................... 31
4.1 Parte objetiva da prova do Enem 2000 ............................................................. 31
4.1.1 Elaboração das questões ........................................................................ 31
4.1.2 Montagem da parte objetiva da prova ..................................................... 32
4.1.3 Correção.................................................................................................. 34
4.2 Redação do Enem 2000 .................................................................................... 35
umário
S
4 Relatório 2000 Pedagógico
4.2.1 Proposta .................................................................................................. 35
4.2.2 Metodologia e critérios de correção ........................................................ 35
4.3 A prova do Enem 2000: gabarito, estatísticas e análises .................................. 38
4.4 A prova do Enem 99: gabarito, estatísticas e análises ...................................... 80
5 Os participantes do Enem 2000 ............................................................................. 127
5.1 Participação por unidade da Federação............................................................ 127
5.2 Caracterização socioeconômica dos participantes............................................ 128
5.3 Perfil dos participantes das escolas públicas
e das escolas particulares ................................................................................. 142
6 Desempenho dos participantes ............................................................................. 145
6.1 Caracterização da análise do desempenho ...................................................... 145
6.2 Desempenho global dos participantes na parte
objetiva da prova ............................................................................................... 146
6.3 Desempenho geral dos participantes na redação ............................................. 149
7 Considerações finais .............................................................................................. 155
Relatório 2000 Pedagógico 5
A
presentação
Se há um movimento comum à maioria dos países que marcou a década de 90, no setor
da educação, foi aquele voltado para as reformas do secundário ou do ensino médio, confor-
me terminologia em uso no Brasil. Como alertou o sociólogo Alain Touraine, em artigo publica-
do no Le Monde, a respeito do vigoroso movimento dos estudantes secundaristas na França,
a um protesto massivo não se pode responder com simples adaptações administrativas;
estas não têm sentido se não organizam ou, ao menos, tornam possível uma mudança no
sistema escolar cuja finalidade principal não pode mais ser a de transmitir a lei, mas ajudar os
alunos a adquirir, em particular pelo conhecimento, uma capacidade de ação autônoma num
mundo cuja desordem os ameaça.
Na verdade, a passagem de ensino de elite para educação de massa  num contexto
de profundas mudanças políticas, sociais e tecnológicas  trouxe um triplo desafio ao ensi-
no médio: como etapa final da educação básica, cabe-lhe desenvolver as competências
essenciais ao pleno exercício da cidadania; como etapa intermediária no percurso escolar,
incumbe-lhe a tarefa de preparar o aluno para o ingresso no ensino superior; e, por último,
como elo entre a escola e o mundo do trabalho, compete-lhe prover a formação básica
requerida pelo mercado, dentro de uma concepção orientada para a aprendizagem continu-
ada. Em suma, recai sobre o ensino médio a enorme responsabilidade de transformar-se
numa verdadeira escola para a vida.
É esse espírito de mudança que sintetiza a implantação do Exame Nacional do
Ensino Médio (Enem), no contexto mais amplo da reforma deste nível de ensino que
vem sendo implantada no País, sob a coordenação do Ministério da Educação (MEC) e
como ação que se integra à política nacional de avaliação da educação básica. Acima
de tudo, trata-se de uma proposta inovadora, tanto por ter um caráter interdisciplinar
quanto por ser uma avaliação centrada nas competências e habilidades que se espera
que o aluno apresente no final da educação básica. Por isso, o Enem é voluntário, e tem
por objetivo avaliar o desempenho global de cada um dos participantes, oferecendo
referenciais para o prosseguimento dos estudos, para o aprimoramento individual ou,
ainda, para o ingresso no mercado de trabalho.
A criação do Enem, embora bastante recente, materializa uma das primeiras propos-
tas idealizadas e anunciadas pelo ministro Paulo Renato Souza logo após ser escolhido
para assumir o cargo, no final de 1994. Desde o início de sua gestão, a concepção deste
6 Relatório 2000 Pedagógico
Exame está presente na agenda do MEC, exigindo um longo processo de maturação, du-
rante o qual se buscou conhecer as experiências de outros países, dialogar com os siste-
mas de ensino e aprofundar o debate com especialistas em avaliação, vinculados às univer-
sidades e centros de pesquisa de todo o País. A implantação do Enem, em 1998, tornou-se
viável a partir das mudanças introduzidas pela nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (LDB)  Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. No marco desta nova legisla-
ção, a avaliação passou a ser considerada uma ferramenta estratégica para orientar as
políticas públicas de educação.
A LDB estabeleceu explicitamente como uma das atribuições do governo federal as-
segurar processo nacional de avaliação do rendimento escolar no ensino fundamental, médio
e superior, em colaboração com os sistemas de ensino, objetivando a definição de priorida-
des e a melhoria da qualidade do ensino. Coube ao Instituto Nacional de Estudos e Pesqui-
sas Educacionais (Inep), como órgão vinculado ao MEC, assumir a responsabilidade de
implementar a política nacional de avaliação que conta, além do Enem, com outros dois
importantes instrumentos: o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb),
instituído em 1990 e consolidado nos últimos cinco anos, e o Exame Nacional de Cursos
(ENC), que se popularizou como Provão, realizado com sucesso desde 1996.
Na realidade, o Enem é o caçula entre os três sistemas nacionais de avaliação e,
por isso mesmo, o mais ousado e desafiador. Embora voltados fundamentalmente para o
mesmo macroobjetivo  a garantia de transparência na avaliação para a melhoria da qua-
lidade do ensino , estes três sistemas utilizam metodologias diferenciadas e cumprem
finalidades bem distintas. Enquanto o Saeb é uma avaliação das redes de ensino básico,
por amostragem, e o Provão, uma avaliação dos cursos de graduação, o Enem  confor-
me já foi dito  avalia o desempenho individual no fim da escolaridade básica, com o
objetivo de aferir o desenvolvimento das competências fundamentais ao exercício pleno
da cidadania.
Neste sentido, constitui-se um poderoso indutor de mudanças, favorecendo a im-
plantação da reforma curricular do ensino médio. É importante observar que a implanta-
ção de ambos  do Enem e da reforma  enfrenta como desafio adicional a acelerada
expansão da matrícula, fenômeno que reflete, por sua vez, a melhoria da qualidade do
ensino fundamental e a exigência de um padrão mais elevado de escolaridade, imposta
pelas mudanças no mundo contemporâneo. Verifica-se, portanto, um quadro de dina-
mismo sem precedente no ensino médio no Brasil, dentro do qual o Enem,
indubitavelmente, aparece como um elemento impulsionador da nova identidade que se
pretende com a reforma.
Após três anos de realização do Enem, um dos principais resultados é a aceitação que
o exame tem recebido por parte das escolas. Permanentemente somos convidados a parti-
cipar de debates, seminários e discussões sobre o papel do Enem no processo de mudança
do ensino médio e dos vestibulares. Professores e diretores elogiam a prova, a matriz de
competências que fundamenta a avaliação e a abordagem conceitual que está presente no
exame, uma vez que ele avalia as competências gerais que todo indivíduo deveria desen-
volver ao concluir a educação básica.
Atualmente, cerca de 200 instituições de ensino superior já utilizam os resultados do
exame. No próximo ano esse número deverá ser ainda maior, principalmente porque o MEC
garantirá a gratuidade a todos os estudantes da rede pública de ensino que estão concluin-
do o ensino médio.
O presente Relatório Pedagógico consolida os resultados globais e destaca as princi-
pais características do exame. Mostra o desempenho médio dos participantes e os dados
socioeconômicos, que permitem conhecer a percepção dos jovens sobre vários aspectos
Relatório 2000 Pedagógico 7
que influenciam a sua formação. São informações muito ricas que certamente subsidiarão o
processo de consolidação do Enem e de mudança do ensino médio.
Os avanços no terceiro ano do Enem, portanto, superaram todas as expectativas,
embora haja um longo caminho a percorrer. Mas as alianças e parcerias construídas em
1999 e intensificadas em 2000 indicam que a direção está correta e que existe vontade dos
principais atores, que cooperam com esta importante iniciativa, para consolidá-la como ins-
trumento de melhoria da qualidade da educação básica.
Maria Helena Guimarães de Castro
Presidente do Inep
Relatório 2000 Pedagógico 9
A busca constante de aprimoramento teórico, metodológico e operacional, para a con-
solidação do modelo de avaliação que estrutura o exame, foi a característica marcante da
realização do Enem 2000.
Em decorrência, pode-se afirmar que os ganhos de qualidade são visíveis na prova de
2000 e fortalecem o Enem como instrumento de apoio à implantação da Reforma do Ensino
Médio, reafirmando-o como instrumento de avaliação da estrutura das competências funda-
mentais à vida cidadã.
Como a ênfase da avaliação se dá na verificação da estrutura de competências
associadas aos conteúdos, o exame vem provocando ricas reflexões no cenário das
políticas de avaliação. De um lado, interagindo com a universidade brasileira, apresen-
tando-lhe um instrumento possível de ser utilizado em seus processos de seleção, e, de
outro, apresenta-se apoiando a escola de ensino médio na compreensão dos eixos
estruturadores da reforma, os mesmos que estruturam este Exame. O Enem cumpre
este papel, basicamente, a partir da prova que organiza e torna pública anualmente, na
data de sua aplicação.
Este relatório apresenta os resultados globais da realização do Enem 2000. Destaca
as principais características do exame, de sua aplicação, do perfil socioeconômico dos par-
ticipantes e os dados gerais do desempenho desta população. São, também, apresentadas
as análises acuradas do desempenho dos participantes em cada questão da prova de 2000
e na redação.
É importante ressaltar, mais uma vez, que o exame tem caráter voluntário, e o conjun-
to de seus participantes, em cada uma de suas edições, não representa o universo dos
concluintes do ensino médio.
Considerando no Censo Escolar 1999, o número de concluintes do ensino médio
(1.535.943), pode-se observar (Tabela 1) a relação entre este total e o número de par-
ticipantes do Enem 2000. Para melhorar a estimativa desta relação, foi subtraído do
total de participantes o número de egressos do ensino médio (33,5%). O percentual de
concluintes participantes do exame é de 14,4%, pouco acima do de 1999 (13%).
1
Introdução
10 Relatório 2000 Pedagógico
Tabela 1  Abrangência do Enem em 1999 e em 2000
Número de Abrangência
concluintes do
do Ensino Enem 1999 Total Enem 2000 Total Enem (%)
Médio
Censo
Escolar 1999 egressos concluintes egressos concluintes
1999 2000
1.535.943 106.552 199.241 305.793 111.560 220.971 332.531 13,0 14,4
Fonte: MEC/Inep/Enem
Os dados de desempenho dos participantes do Enem, embora constituam valoroso
acervo sobre os jovens brasileiros concluintes do ensino médio, devem sempre ser conside-
rados em relação à população que realiza o exame a cada ano.
Relatório 2000 Pedagógico 11
A estrutura conceitual de avaliação do Enem vem aprimorando-se desde sua pri-
meira aplicação, tendo como referência principal a articulação entre o conceito de edu-
cação básica e o de cidadania, tal como definidos nos textos constitucionais e na nova
LDB.
As cinco competências que estruturam o Enem são desenvolvidas e fortalecidas com
a mediação da escolarização formal e correspondem aos requisitos mínimos para que a
interação social  base do exercício da cidadania  possa pautar-se pela autonomia, es-
teio das condutas nas sociedades democráticas.
Cada uma das cinco competências que estruturam o exame, embora correspondam a
domínios específicos da estrutura mental, funcionam de forma orgânica e integrada. E elas
expressam-se, mais especificamente, no caso do Enem, em 21 habilidades. Este constructo
de competências e habilidades, próprio do ser humano, desenvolve-se e aperfeiçoa-se des-
de o nascimento na interação com o meio físico e social. Das interações contínuas realiza-
das pelo cidadão, é que se constroem os conhecimentos sendo, portanto, os conceitos, as
idéias, as leis, as teorias, os fatos, as pessoas, a história, o espaço geográfico, a ética e os
valores (o conteúdo tradicional das ciências, das artes e da filosofia) condição essencial à
construção do conhecimento.
Uma matriz foi então desenvolvida para representar esta associação entre conteúdos,
competências e habilidades, de tal forma a definir claramente os pressupostos do Enem e
delinear suas características metodológicas e operacionais.
O modelo da matriz contempla a indicação das competências e habilidades
1
gerais
próprias do cidadão na fase de desenvolvimento cognitivo, correspondente ao término da
escolaridade básica, associadas aos conteúdos do ensino fundamental e médio, e conside-
ra, como referências norteadoras, o texto da LDB, os Parâmetros Curriculares Nacionais
(PCN), os textos da Reforma do Ensino Médio e as Matrizes Curriculares de Referência
para o Saeb.
1
Competências são modalidades estruturais da inteligência, ou melhor, ações e operações que utilizamos para estabe-
lecer relações com e entre objetos, situações, fenômenos e pessoas que desejamos conhecer. As habilidades são
especificações das competências estruturais em contextos específicos, decorrem das competências adquiridas e refe-
rem-se ao plano imediato do saber fazer. Por meio das ações e operações, as habilidades aperfeiçoam-se e articu-
lam-se, possibilitando nova reorganização das competências.
2
O modelo do Enem como
avaliação de desempenho por
competências e a escolarização
básica do cidadão
12 Relatório 2000 Pedagógico
A partir das competências cognitivas globais, identifica-se um elenco de habilidades
correspondentes e a matriz, assim construída, fornece indicações do que se pretende valo-
rizar nessa avaliação, servindo de orientação para a elaboração de questões que envolvem
as diferentes áreas do conhecimento.
Competências
I. Dominar a norma culta da língua portuguesa e fazer uso das linguagens matemática,
artística e científica.
II. Construir e aplicar conceitos das várias áreas do conhecimento para a compreensão de
fenômenos naturais, de processos histórico-geográficos, da produção tecnológica e das
manifestações artísticas.
III. Selecionar, organizar, relacionar, interpretar dados e informações representados de di-
ferentes formas, para tomar decisões e enfrentar situações-problema.
IV. Relacionar informações, representadas em diferentes formas, e conhecimentos dispo-
níveis em situações concretas, para construir argumentação consistente.
V. Recorrer aos conhecimentos desenvolvidos na escola para elaboração de propostas de
intervenção solidária na realidade, respeitando os valores humanos e considerando a
diversidade sociocultural.
Habilidades
1. Dada a descrição discursiva ou por ilustração de um experimento ou fenômeno de natu-
reza científica, tecnológica ou social, identificar variáveis relevantes e selecionar os ins-
trumentos necessários para realização ou interpretação do mesmo.
2. Em um gráfico cartesiano de variável socieconômica ou técnico-científica, identificar e ana-
lisar valores das variáveis, intervalos de crescimento ou decréscimo e taxas de variação.
3. Dada uma distribuição estatística de variável social, econômica, física, química ou bioló-
gica, traduzir e interpretar as informações disponíveis, ou reorganizá-las, objetivando
interpolações ou extrapolações.
4. Dada uma situação-problema, apresentada em uma linguagem de determinada área de
conhecimento, relacioná-la com sua formulação em outras linguagens ou vice-versa.
5. A partir da leitura de textos literários consagrados e de informações sobre concepções
artísticas, estabelecer relações entre eles e seu contexto histórico, social, político ou
cultural, inferindo as escolhas dos temas, gêneros discursivos e recursos expressivos
dos autores.
6. Com base em um texto, analisar as funções da linguagem, identificar marcas de varian-
tes lingüísticas de natureza sociocultural, regional, de registro ou de estilo, e explorar as
relações entre as linguagens coloquial e formal.
7. Identificar e caraterizar a conservação e as transformações de energia em diferentes pro-
cessos de sua geração e uso social, e comparar diferentes recursos e opções energéticas.
8. Analisar criticamente, de forma qualitativa ou quantitativa, as implicações ambientais,
sociais e econômicas dos processos de utilização dos recursos naturais, materiais ou
energéticos.
9. Compreender o significado e a importância da água e de seu ciclo para a manutenção
da vida, em sua relação com condições socioambientais, sabendo quantificar variações
de temperatura e mudanças de fase em processos naturais e de intervenção humana.
Relatório 2000 Pedagógico 13
10. Utilizar e interpretar diferentes escalas de tempo para situar e descrever transformações
na atmosfera, biosfera, hidrosfera e litosfera, origem e evolução da vida, variações
populacionais e modificações no espaço geográfico.
11. Diante da diversidade da vida, analisar, do ponto de vista biológico, físico ou químico,
padrões comuns nas estruturas e nos processos que garantem a continuidade e a evo-
lução dos seres vivos.
12. Analisar fatores socioeconômicos e ambientais associados ao desenvolvimento, às con-
dições de vida e saúde de populações humanas, por meio da interpretação de diferen-
tes indicadores.
13. Compreender o caráter sistêmico do planeta e reconhecer a importância da biodiversidade
para preservação da vida, relacionando condições do meio com intervenção humana.
14. Diante da diversidade de formas geométricas planas e espaciais, presentes na natureza
ou imaginadas, caracterizá-las por meio de propriedades, relacionar seus elementos,
calcular comprimentos, áreas ou volumes, e utilizar o conhecimento geométrico para
leitura, compreensão e ação sobre a realidade.
15. Reconhecer o caráter aleatório de fenômenos naturais ou não e utilizar em situações-
problema processos de contagem, representação de freqüências relativas, construção
de espaços amostrais, distribuição e cálculo de probabilidades.
16. Analisar, de forma qualitativa ou quantitativa, situações-problema referentes a perturba-
ções ambientais, identificando fonte, transporte e destino dos poluentes, reconhecendo
suas transformações; prever efeitos nos ecossistemas e no sistema produtivo e propor
formas de intervenção para reduzir e controlar os efeitos da poluição ambiental.
17. Na obtenção e produção de materiais e de insumos energéticos, identificar etapas, cal-
cular rendimentos, taxas e índices, e analisar implicações sociais, econômicas e
ambientais.
18. Valorizar a diversidade dos patrimônios etnoculturais e artísticos, identificando-a em
suas manifestações e representações em diferentes sociedades, épocas e lugares.
19. Confrontar interpretações diversas de situações ou fatos de natureza histórico-geográfi-
ca, técnico-científica, artístico-cultural ou do cotidiano, comparando diferentes pontos
de vista, identificando os pressupostos de cada interpretação e analisando a validade
dos argumentos utilizados.
20. Comparar processos de formação socioeconômica, relacionando-os com seu contexto
histórico e geográfico.
21. Dado um conjunto de informações sobre uma realidade histórico-geográfica,
contextualizar e ordenar os eventos registrados, compreendendo a importância dos fa-
tores sociais, econômicos, políticos ou culturais.
A concepção de conhecimento subjacente a essa matriz pressupõe colaboração,
complementaridade e integração entre os conteúdos das diversas áreas do conhecimento
presentes nas propostas curriculares das escolas brasileiras de ensino fundamental e mé-
dio e considera que conhecer é construir e reconstruir significados continuamente, median-
te o estabelecimento de relações de múltipla natureza, individuais e sociais.
O Enem busca verificar como o conhecimento assim construído pode ser efetivado
pelo participante por meio da demonstração de sua autonomia de julgamento e de ação, de
atitudes, valores e procedimentos diante de situações-problema que se aproximem, o máxi-
mo possível, das condições reais de convívio social e de trabalho individual e coletivo.
A Matriz de Competências pressupõe, ainda, que a competência de ler, compreender,
interpretar e produzir textos, no sentido amplo do termo, não se desenvolve unicamente na
aprendizagem da língua portuguesa, mas em todas as áreas e disciplinas que estruturam
14 Relatório 2000 Pedagógico
as atividades pedagógicas na escola. O participante deve, portanto, demonstrar,
concomitantemente, possuir instrumental de comunicação e expressão adequado, tanto
para a compreensão de um problema matemático quanto para a descrição de um processo
físico, químico ou biológico e, mesmo, para a percepção das transformações de espaço/
tempo da história, da geografia e da literatura.
Com essa estrutura conceitual, o exame vem sinalizando a necessidade de vincular a
educação básica ao exercício da cidadania, uma vez que considera o jovem cidadão exer-
cendo dois papéis distintos, porém, complementares: o de leitor e o de escritor do mundo
que o cerca.
2.1 O participante como leitor do mundo
Nas questões de múltipla escolha da parte objetiva da prova, o participante exerce o
papel de leitor do mundo que o cerca. São propostas a ele situações-problema originais
devidamente contextualizadas na interdisciplinaridade das ciências, das artes e da filosofia,
em sua articulação com o mundo em que vivemos. Utilizam-se dados, gráficos, figuras,
textos, referências artísticas, charges, algoritmos, desenhos, ou seja, todas as linguagens
possíveis para veicular dados e informações.
As situações-problema são estruturadas de tal forma a provocar momentaneamente
um conflito cognitivo nos participantes que os impulsiona a agir, pois precisam mobilizar
conhecimentos anteriormente construídos e reorganizá-los para enfrentar o desafio propos-
to pela situação.
Nesta parte da prova, o participante é o leitor de um texto (situação-problema)
estruturado por outros interlocutores (elaboradores de questões) que consideram todas
as possibilidades de interpretação da situação-problema apresentada e organizam as al-
ternativas de resposta para escolha e decisão dos participantes. Essas alternativas per-
tencem à situação-problema propostaque, em geral, todas são possíveis, necessárias,
mas apenas uma delas é possível, necessária e condição suficiente para a resolução do
problema proposto.
As situações-problema não contêm dicas ou pegadinhas e não requerem
memorização de fórmulas ou simples acúmulo de informações. Nos casos em que a com-
preensão da situação-problema exige a especificidade de dados como apoio ao seu
enfrentamento, eles são apresentados no enunciado da questão, pois o que se pretende
verificar é se o participante é capaz de transformar dados e informações, articulando-os
para resolver os problemas propostos, isto é, demonstrar o seu conhecimento.
A mobilização de conhecimentos requerida pelo Enem manifesta-se por meio da es-
trutura de competências e habilidades do participante que o possibilita ler (perceber) o mun-
do que o cerca, simbolicamente representado pelas situações-problema; interpretá-lo
(decodificando-o, atribuindo-lhe sentido) e sentindo-se provocado a agir, ainda que em
pensamento (atribui valores, julga, escolhe, decide, entre outras operações mentais).
A parte objetiva da prova é elaborada como um instrumento de medida ancorado
na matriz das cinco competências expressas nas 21 habilidades. Cada uma das habili-
dades é avaliada três vezes, gerando um conjunto de 63 questões objetivas de múltipla
escolha.
O diagrama, a seguir, mostra a relação entre as questões da prova e cada uma das
habilidades, e entre estas e as competências, de modo a permitir uma avaliação global do
desempenho do participante e uma interpretação desse desempenho em cada uma das
cinco competências.
Relatório 2000 Pedagógico 15
Modelo de análise da parte objetiva da prova
I. Dominar linguagens
II. Compreender fenômenos
III. Enfrentar situações-problema
IV. Construir argumentações
V. Elaborar propostas
Observe-se, por exemplo, que a Competência II é avaliada pela prova 51 vezes.
As 63 questões são de igual valor e o total de pontos obtidos é colocado em uma
escala de 0 a 100.
O instrumento permite também que o desempenho em cada uma das cinco competên-
cias seja igualmente representado numa escala de 0 a 100.
2.2 O participante como escritor do mundo
Na redação ou produção de texto, o participante é considerado como escritor, autor de
um texto que atende à proposta feita por outros interlocutores. A situação-problema é pro-
posta e pretende-se que cada participante selecione o recorte apropriado de seu acervo
pessoal, reorganizando os conhecimentos já construídos com o apoio da escola para en-
frentar o desafio proposto, transcrevendo-o em seu projeto de texto.
Há limites implícitos para esse projeto: a língua escrita, o tipo de texto dissertativo-
argumentativo e o tema. Estes limites são impostos para atender à representatividade dos
próprios limites usualmente presentes nas tarefas da escola e da vida em sociedade. Os
projetos desenvolvidos são únicos e pessoais.
A redação é avaliada por meio das mesmas cinco competências que estruturam a parte
objetiva da prova, mas traduzidas para uma situação específica de produção de texto:
Competências da redação
I. Demonstrar domínio da norma culta da língua escrita;
II. Compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das várias áreas de conheci-
mento para desenvolver o tema, dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-
argumentativo;
III. Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumen-
tos em defesa de um ponto de vista;
16 Relatório 2000 Pedagógico
IV. Demonstrar conhecimento dos mecanismos lingüísticos necessários para a construção
da argumentação;
V. Elaborar proposta de solução para o problema abordado, mostrando respeito aos valo-
res humanos e considerando a diversidade sociocultural.
Relatório 2000 Pedagógico 17
3.1 Da operacionalização
3.1.1 Contratação de serviços
Para os serviços de operacionalização do Enem, o Inep contratou o consórcio formado
pela Fundação Cesgranrio e pela Fundação Carlos Chagas, vencedor do processo licitatório,
estruturado para a contratação dos serviços de processamento e confirmação das inscri-
ções, formatação e impressão da prova, aplicação e correção da parte objetiva e da reda-
ção, emissão e remessa dos boletins de resultados individuais, estruturação da base de
dados, análises estatísticas e elaboração de relatório técnico sobre o exame.
O Inep contratou, ainda, a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) para o
recebimento das inscrições, a distribuição do cartão de confirmação da inscrição, do manu-
al do inscrito, do boletim individual de resultados, emissão de cadastro das fichas de inscri-
ção e remessa dos mesmos ao consórcio.
3.1.2 Divulgação
Em 2000, a divulgação institucional do Enem foi coordenada em parceria com a Asses-
soria de Comunicação Social do gabinete do senhor ministro de Estado da Educação. O
serviço de atendimento Fala Brasil ofereceu e oferece apoio significativo à aplicação do
Enem, durante todo o ano, tirando dúvidas dos estudantes a respeito do exame. O serviço do
Fala Brasil foi otimizado com o contato freqüente entre as equipes, ora esclarecendo, ora
atualizando informações, para que o atendimento ao público fosse o mais correto possível.
Merece destaque os convites recebidos e aceitos para palestras sobre o Enem e a
Reforma do Ensino Médio em escolas públicas e particulares de todo o Brasil, oportunidades
nas quais vem se consolidando a vinculação do Enem ao perfil de saída deste grau de ensino.
A campanha do Enem 2000 foi feita pelo rádio, TV e revistas de grande circulação,
além de livretos informativos e cartazes. Foram disponibilizados 2 milhões de impressos, 39
mil cartazes institucionais e 7 mil cartazes, conforme o padrão da ECT. Este material
3
Estrutura do
Enem 2000
18 Relatório 2000 Pedagógico
impresso foi distribuído entre as 18.603 escolas com alunos concluintes do ensino médio.
Além da distribuição de três cartazes para cada uma das Instituições de Ensino Superior,
que utilizam os resultados do Enem e dos 7 mil cartazes para as agências dos Correios, que
fizeram as inscrições do Enem, nesse ano as Secretarias de Educação também receberam
esse material.
A campanha de rádio em AM e FM foi veiculada em 1.451 emissoras entre os dias 29
de maio e 16 de junho, com duração de um minuto e, na prorrogação da campanha, até o
dia 23 de junho, com duração de 30 segundos.
A campanha na TV abrangeu oito emissoras, com campanha de um minuto entre 24
de maio e 15 de junho e, na prorrogação de 19 a 23 de junho, com duração de 30 segundos.
A campanha de divulgação em revistas ocorreu nas de maior circulação, com encartes
de duas ou quatro páginas.
3.1.3 Inscrições
As inscrições, sob a responsabilidade da ECT, foram efetuadas em 7 mil agências dos
Correios em 5.093 municípios brasileiros.
Inicialmente previstas para ocorrer no período de 5 a 16 de junho de 2000, foram prorroga-
das primeiramente até o dia 23 do mesmo mês por solicitação de algumas Secretarias Estadu-
ais de Educação, interessadas em patrocinar a inscrição de seus alunos da rede pública.
Por força de decisões judiciais, liminares proferidas em processos promovidos por inte-
ressados em participar do exame, que se declararam carentes e que visavam obter isenção
ao exame, resultaram em nova prorrogação do período de inscrição até o dia 30 de junho. No
cumprimento dessas liminares, foram efetivadas 59.218 inscrições gratuitas.
A Secretaria Estadual de Educação do Paraná patrocinou 40% do valor da taxa
de inscrição para 11.184 concluintes da rede pública. A Secretaria Municipal de Educação
de São Paulo patrocinou o total do valor da taxa de 1.919 inscrições e a Secretaria Estadual
de Educação do Acre patrocinou o valor total da taxa para 310 inscritos.
A Tabela 2 traz o número de inscritos e de participantes do Enem 2000.
Após o término do período de inscrições, foi elaborado o Cadastro Geral dos Inscritos
com os dados coletados na Ficha de Inscrição que permitiu a distribuição dos inscritos nos
locais das provas e o envio aos participantes da confirmação da inscrição com a indicação
do local de realização da prova, bem como do questionário socioeconômico e das informa-
ções gerais sobre o exame.
A presença de 376 pessoas que indicaram nas inscrições serem portadoras de neces-
sidades especiais merece ser destacada pela oportunidade de ampliação da competência
de operacionalização do exame pela necessária interpretação do Decreto Presidencial
nº 3.298/99 de 29 de dezembro de 1999.
Vale dizer que os critérios utilizados para essa interpretação foram ditados pela neces-
sidade de otimizar as condições de realização do exame por aqueles participantes. Médi-
cos, psicólogos, especialistas, associações, instituições e pais foram mobilizados na busca
de procedimentos mais adequados.
Assim, aqueles participantes foram aguardados com salas especiais, provas
ampliadas, provas em braile, intérpretes da linguagem Libra, auxiliares para leitura e trans-
crição, corretores especializados da redação, médicos e enfermeiros acompanhantes, pre-
viamente credenciados.
Relatório 2000 Pedagógico 19
Tabela 2  Número de inscritos e de participantes do Enem 2000
Unidade da Número de Número de % de faltas
Federação inscritos participantes
Brasil 390.180 352.487 9,7
Norte 10.531 9.280 11,9
Rondônia 1.409 1.157 17,9
Acre 311 265 14,8
Amazonas 982 809 17,6
Roraima 334 279 16,5
Pará 6.333 5.724 9,6
Amapá 413 374 9,4
Tocantins 749 672 10,3
Nordeste 23.945 21.876 8,6
Maranhão 1.001 869 13,2
Piauí 669 608 9,1
Ceará 5.931 5.283 10,9
R. G. do Norte 1.728 1.616 6,5
Paraíba 608 550 9,5
Pernambuco 6.352 5.930 6,6
Alagoas 918 865 5,8
Sergipe 935 884 5,5
Bahia 5.803 5.271 9,2
Sudeste 278.061 252.921 9,0
Minas Gerais 38.476 35.564 7,6
Espírito Santo 22.018 19.517 11,4
Rio de Janeiro 39.602 32.434 18,1
São Paulo 177.965 165.406 7,1
Sul 54.747 47.907 12,5
Paraná 41.203 35.679 13,4
Santa Catarina 7.251 6.485 10,6
R. G. do Sul 6.293 5.743 8,7
Centro-Oeste 22.896 20.503 10,5
M. G. do Sul 11.934 10.797 9,5
Mato Grosso 2.984 2.596 13,0
Goiás 4.644 4.188 9,8
Distrito Federal 3.334 2.922 12,4
Fonte: MEC/Inep/Enem
20 Relatório 2000 Pedagógico
3.1.4 Levantamento do perfil socioeconômico dos inscritos
O levantamento foi feito por meio da aplicação de um questionário socioeconômico
enviado aos inscritos como parte integrante do Manual do Inscrito.
O instrumento é composto de 127 questões que indagam sobre dados de identificação
pessoal, condição familiar, trajetória escolar, vida profissional, hábitos, crenças, expectati-
vas e valores. Faz parte deste questionário uma folha de respostas própria para leitura ótica
que, devidamente preenchida, deveria ser entregue no dia e local da prova. O questionário
foi respondido e entregue por 340.704 participantes.
3.1.5 Manual do Inscrito
O Manual do Inscrito, além do questionário socioeconômico, contém orientações gerais
para o dia do exame, informações sobre a estrutura da prova, a matriz de competências e
habilidades que será avaliada e os modelos de análise de desempenho dos participantes.
Acompanha o Manual do Inscrito a confirmação da inscrição, a indicação e o endereço
do local de realização das provas, e a ficha de acerto cadastral para ser entregue no dia e local
do exame, caso os dados transcritos da ficha de inscrição apresentem incorreções.
Em relação aos cuidados com o acerto cadastral, ainda é expressivo, cerca de 2%, o
número de Boletins Individuais de Resultados que retornam ao Inep por não serem os des-
tinatários residentes nos endereços registrados no cadastro, gerando um fluxo significativo
de pedidos de emissão de segundas vias.
3.1.6 Aplicação da prova
A prova foi aplicada no dia 27 de agosto, domingo, com início às 13 horas (horário de
Brasília) e teve cinco horas de duração. A quinta hora foi concedida pela força dos argumen-
tos apresentados por participantes do Enem 1999 acerca do tempo necessário para passar
a limpo a redação e revisar, com cuidado, a transcrição das opções do caderno de provas
à folha de respostas para leitura óptica.
As provas foram aplicadas em 187 municípios escolhidos segundo os seguintes
critérios:
l em todas as capitais;
l nos municípios com densidade significativa de matrícula na 3ª série do ensino médio
(acima de mil alunos);
l nos municípios onde estão localizadas as Instituições de Ensino Superior que utilizam o
Enem em seus processos seletivos.
A distribuição de inscritos por local de prova no mesmo município não obedeceu ao
critério de proximidade do endereço residencial do participante, gerando inúmeros protes-
tos dos interessados e suas famílias, e justificando, em muitos casos, conforme dados
pesquisados pela equipe técnica do Enem, o número de ausentes.
A aplicação do exame transcorreu sem incidentes, registrando-se apenas protestos
pelo rigoroso cumprimento do horário de início e término dos trabalhos, divulgados ampla-
mente, com antecedência.
A aplicação das provas foi acompanhada em cada local de realização por observadores
Relatório 2000 Pedagógico 21
indicados pelas Secretarias Estaduais de Educação (SEEs) e credenciados pelo Inep. Esses
observadores cumpriram valoroso papel de analisar as condições estruturais de operacionalização
do exame, em harmoniosa parceria com os técnicos vinculados ao consórcio responsável pela
aplicação do exame. Os observadores elaboraram relatórios pessoais que, consubstanciados
pelos interlocutores das Secretarias Estaduais de Educação responsáveis pela parceria Inep/
SEEs, puderam subsidiar o Relatório de Aplicação do Enem, apresentado ao Senhor Ministro
da Educação poucas horas após o encerramento do exame.
3.2 Dos documentos e dados institucionais
3.2.1 O Banco de Dados
O Banco de Dados do Enem foi estruturado desde a sua primeira edição e vem sendo
aperfeiçoado para otimizar o gerenciamento, a pesquisa e a manutenção dos dados. É
constituído de quatro grandes grupos de dados relativos:
l aos inscritos;
l aos locais de prova;
l às escolas de ensino médio e instituições de ensino superior;
l às solicitações de resultados.
3.2.2 Boletim Individual de Resultados
O modelo do Boletim Individual de Resultados pelo Enem 2000 não sofreu modifica-
ções em relação aos anteriores, na forma de apresentação dos dados.
Nele constam duas notas, uma para a parte objetiva e outra para a redação e, ainda,
uma interpretação dos resultados obtidos em cada uma das cinco competências avaliadas
nas duas partes da prova.
O Boletim registra também a média das notas obtidas pelo total de participantes, ofe-
recendo, a cada um, uma referência de comparabilidade.
Ao participante cabe autorizar a utilização de seus resultados a todos os segmentos
sociais que sejam do seu interesse. O Inep deverá confirmar oficialmente esses resultados,
sempre que devidamente solicitado.
3.2.3 Resultados para as instituições de ensino médio
Desde o Enem 1999, resguardado o sigilo dos resultados individuais, o Inep vem ela-
borando o Boletim da Escola, que contém uma análise geral e por competências do desem-
penho do conjunto de concluintes do ensino médio da instituição de ensino interessada,
desde que a instituição:
I. declare formalmente que pelo menos 90% (noventa por cento) de seus alunos tenham
participado do Enem;
II. encaminhe ao Inep solicitação formal;
III. forneça o número de inscrição de seus alunos participantes do Enem;
22 Relatório 2000 Pedagógico
IV. no caso de instituição privada, comprove o recolhimento, em favor do Inep, da importân-
cia de R$ 5,00 (cinco reais) por aluno. As instituições públicas estão isentas do recolhi-
mento dessa importância.
Relatório 2000 Pedagógico 23
24 Relatório 2000 Pedagógico
3.2.4 Relatórios técnicos e pedagógicos
São preparados anualmente pela equipe técnica do Inep/Enem, relatórios de divulga-
ção, técnicos e pedagógicos.
3.3 Das relações institucionais
3.3.1 Comitê Técnico
Instituído em fevereiro de 1999, o Comitê Técnico do Enem é composto por renomados
especialistas em medidas educacionais e em educação e vem realizando uma criteriosa
avaliação externa do trabalho desenvolvido pela equipe técnica do Enem. Em 2000, a atu-
ação do Comitê foi decisiva para o aperfeiçoamento da estrutura teórica e metodológica do
exame.
3.3.2 Comitê Consultivo
Instituído em março de 1999, o Comitê Consultivo do Enem é formado por represen-
tantes indicados pelas instituições da sociedade civil que representam profissionais da
educação de diferentes naturezas, segmentos e abrangências. Pode-se dizer que, en-
quanto o Comitê Técnico olha o Enem enfocando prioritariamente seu potencial como
instrumento de avaliação, o Comitê Consultivo focaliza os efeitos sociais e políticos dos
resultados de sua aplicação, e a forma como são capazes de sinalizar as mudanças dese-
jáveis na educação.
Constituem o Conselho Consultivo representantes das seguintes instituições: Conse-
lho Nacional de Educação (CNE), Conselho Nacional dos Secretários Estaduais de Educa-
ção (Consed), Fórum dos Conselhos Estaduais de Educação, Associação Nacional dos
Dirigentes de Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), Secretaria de Ensino Su-
perior do MEC (SESu), Secretaria de Ensino Médio e Educação Tecnológica do MEC
(Semtec), Conselho dos Reitores das Universidades Brasileiras (Crub), Secretaria de Rela-
ções do Trabalho (Ministério do Trabalho), Fórum de Pró-Reitores de Graduação, Confede-
ração Nacional dos Estabelecimentos Particulares de Ensino e Fundação Nacional do De-
senvolvimento do Ensino Superior Particular (Funadesp).
3.3.3 O Enem e as Secretarias de Estado da Educação
Intensificou-se a articulação do Enem com as Secretarias de Estado da Educação,
acentuadamente em questões ligadas à aplicação do exame. Por solicitação do Inep, cada
secretário estadual de Educação indicou formalmente um representante como interlocutor
junto ao Inep/Enem.
Por meio de intensa e variada comunicação, pôde a equipe técnica do Enem
disponibilizar documentos técnicos, portarias e material de divulgação para melhor orientar
o processo de inscrição. Merece destaque a atuação prestimosa destes interlocutores, prin-
cipalmente, em dois momentos: no período em que ocorreram as concessões das decisões
judiciais, liminares determinando a efetivação da inscrição sem o recebimento da taxa em
Relatório 2000 Pedagógico 25
diversos Estados brasileiros, quando, atentos a estas demandas, prestaram informações e
orientações rápidas aos interessados e ao Inep, e no período de preparação da aplicação
da prova e analisando a adequação dos locais indicados pelo consórcio responsável pela
aplicação do exame e o planejamento e coordenação do trabalho voluntário dos observado-
res no dia e nos locais de prova.
3.3.4 O Enem e as Secretarias de Estado de Segurança Pública
Os titulares das Secretarias de Estado de Segurança Pública também indicaram
interlocutores para atuar em parceria com o Inep a favor da otimização das condições de
aplicação do exame.
Foi possível atender, respondendo prontamente, a inúmeras reivindicações de fami-
liares e dos próprios participantes que apontavam para a necessidade de policiamento
ostensivo em torno de determinados locais de realização de provas no dia da aplicação
dos exames. Esses locais, geralmente nas capitais, são bairros com altos índices de
criminalidade e mereceram redobrado policiamento no dia do exame. Em todos os muni-
cípios de realização do exame, o fluxo de trânsito em torno do local também foi coordena-
do pela Polícia Militar.
3.3.5 O Enem e as Instituições de Ensino Superior
A utilização dos resultados do Enem nos processos de seleção das Instituições de
Ensino Superior (IES), é a primeira modalidade social de uso do exame e, desde sua
implantação, há três anos, constitui-se o mais forte atrativo aos que a ele se submetem.
Instituído em 1998, principalmente como um serviço prestado pelo MEC para servir de
referência à auto-avaliação dos jovens cidadãos ao término da escolaridade básica, o exa-
me vem se consolidando e ganhando cada vez mais credibilidade junto às IES do País.
No momento em que este relatório está sendo elaborado, 182 IES manifestaram-se
formalmente pela utilização do Enem em seus processos seletivos. Os critérios dessa utili-
zação são fixados pelas IES. Dentre elas, algumas reservam percentuais de vagas para os
seus candidatos que obtiveram uma determinada nota no exame, outras acrescentam pon-
tos à nota de seus candidatos na primeira ou na segunda fase, dependendo da nota do
exame, outras, substituem a primeira fase e outras, ainda, substituem totalmente a forma de
ingresso pelo resultado do Enem.
As IES que utilizam o resultado do Enem em seus processos seletivos comprometem-
se formalmente com o sigilo dos dados individuais dos participantes e têm acesso a um
sistema de coleta de informações bastante seguro que permite informar ou confirmar, com
fidedignidade, o desempenho dos participantes.
A metodologia adotada pelo Inep para apresentar o Enem às IES e aos demais setores
da sociedade interessados nos seus resultados tem se constituído de práticas de natureza
essencialmente acadêmica em que são evidenciados com total transparência todos os con-
tornos do exame.
Em função dessa metodologia, foram realizados seminários, reuniões técnicas,
minicursos e conferências.
Apresenta-se, a seguir, a relação das Instituições de Ensino Superior que formaliza-
ram essa adesão junto ao Inep até 30 de novembro de 2000.
26 Relatório 2000 Pedagógico
1 ABEU  Faculdades Integradas
2 Centro de Tecnologia em Automação de Informática
3 Centro Integrado de Ensino Superior
4 Centro Superior de Ciências Sociais de Vila Velha
5 Centro Técnico-Educacional Superior da Lapa
6 Centro Universitário Adventista de São Paulo
7 Centro Universitário Capital
8 Centro Universitário da Cidade
9 Centro Universitário de Barra Mansa
10 Centro Universitário de Ciências Gerenciais
11 Centro Universitário de Santo André
12 Centro Universitário de Votuporanga
13 Centro Universitário do Triângulo
14 Centro Universitário Municipal de São Caetano do Sul
15 Centro Universitário Plínio Leite
16 Centro Universitário Univates
17 Escola de Engenharia de Piracicaba
18 Escola de Sociologia e Política de São Paulo
19 Escola Federal de Engenharia de Itajubá
20 Escola Superior Ciências Humanas e Exatas de Rio Verde
21 Escola Superior de Ciências Agrárias de Rio Verde
22 Escola Superior de Ciências da Saúde de Rio Verde
23 Escola Superior de Educação Ciências e Letras de Rio Verde
24 Escola Superior de Hotelaria
25 Escola Superior de Turismo e Hotelaria  Florianópolis
26 Faculdade Arthur Sá Earp Neto
27 Faculdade Batista de Minas Gerais
28 Faculdade Brasileira
29 Faculdade Brasileira de Ciências Jurídicas
30 Faculdade da Terra de Brasília
31 Faculdade de Administração da Serra
32 Faculdade de Administração de Capivari
33 Faculdade de Administração de Empresas
34 Faculdade de Administração de Empresas de Cacoal
35 Faculdade de Administração de Florianópolis
36 Faculdade de Administração e Ciências Contábeis Tibiriçá
37 Faculdade de Administração e Informática de Birigüi
38 Faculdade de Administração e Negócios de Sergipe
39 Faculdade de Agronomia Luiz Meneghel
40 Faculdade de Americana
41 Faculdade de Análise de Sistemas de Informação Domus
Relatório 2000 Pedagógico 27
42 Faculdade de Castelo
43 Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde Dr. Bezerra de Menezes
44 Faculdade de Ciências Contábeis e Administração de Empresas Souza
45 Faculdade de Ciências da Saúde de Vitória
46 Faculdade de Ciências Econômicas
47 Faculdade de Ciências Econômicas de Bauru
48 Faculdade de Ciências Econômicas de Cacoal
49 Faculdade de Ciências Econômicas e Administrativas de Vila Velha
50 Faculdade de Ciências Econômicas, Administrativas e da Computação Dom Bosco
51 Faculdade de Ciências Humanas de Fortaleza
52 Faculdade de Ciências Tecnológicas de Fortaleza
53 Faculdade de Comunicação Social Domus
54 Faculdade de Direito de Bauru
55 Faculdade de Direito de Campos
56 Faculdade de Direito de Itu
57 Faculdade de Economia e Administração do Ibmec
58 Faculdade de Economia e Administração Domus
59 Faculdade de Economia e Finanças - Rio de Janeiro
60 Faculdade de Economia e Finanças Ibmec
61 Faculdade de Educação de Cacoal
62 Faculdade de Educação de Porto Velho
63 Faculdade de Educação de Porto Velho
64 Faculdade de Educação de Porto Velho
65 Faculdade de Educação Domus
66 Faculdade de Educação e Comunicação Social - Vitória
67 Faculdade de Educação Física de Santo André
68 Faculdade de Educação Física Montenegro
69 Faculdade de Educação Montenegro
70 Faculdade de Engenharia Elétrica da Bahia
71 Faculdade de Engenharia Industrial de São Bernardo do Campo
72 Faculdade de Engenharia Souza Marques
73 Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Catanduva
74 Faculdade de Filosofia Ciências e Letras Souza Marques
75 Faculdade de Filosofia Ciências e Letras Tibiriçá
76 Faculdade de Filosofia da Companhia de Jesus
77 Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras Nossa Senhora Aparecida
78 Faculdade de Informática
79 Faculdade de Informática Tibiriçá
80 Faculdade de Letras Domus
81 Faculdade de Pedagogia da Serra
82 Faculdade de Processamento de Dados de Cacoal
28 Relatório 2000 Pedagógico
83 Faculdade de Reabilitação da Asce
84 Faculdade de Relações Internacionais Domus
85 Faculdade de Serviço Social de Bauru
86 Faculdade de Tecnologia e Ciências
87 Faculdade de Turismo Domus
88 Faculdade de Vila Velha
89 Faculdade do Norte Pioneiro
90 Faculdade Educacional do Sudoeste do Paraná
91 Faculdade Euro-Americana
92 Faculdade Evangélica Luterana de Curitiba
93 Faculdade Federal de Odontologia de Diamantina
94 Faculdade Ideal
95 Faculdade Integrada da Bahia
96 Faculdade Interlagos de Educação e Cultura
97 Faculdade Internacional de Curitiba
98 Faculdade José Lacerda Filho de Ciências Aplicadas
99 Faculdade Juscelino Kubitschek
100 Faculdade Leonardo da Vinci
101 Faculdade Martha Falcão
102 Faculdade Mater Dei
103 Faculdade Metropolitana
104 Faculdade Moraes Júnior
105 Faculdade Novo Milênio
106 Faculdade Padrão
107 Faculdade Paulista de Serviço Social
108 Faculdade Paulista de Serviço Social de São Caetano do Sul
109 Faculdade Pitágoras de Turismo e Hotelaria de Montes Claros
110 Faculdade Prudente de Moraes
111 Faculdade Salesiana de Vitória
112 Faculdade Santa Marta
113 Faculdade São Luís
114 Faculdades Associadas de São Paulo
115 Faculdades Bom Jesus
116 Faculdades Integradas Espírita
117 Faculdades Integradas Anglo-Americano
118 Faculdades Integradas Bennett
119 Faculdades Integradas de Bauru
120 Faculdades Integradas de Campo Grande
121 Faculdades Integradas de Jacarepaguá
122 Faculdades Integradas do Vale do Itajaí
123 Faculdades Integradas Hebraico-Brasileiras Renascença
Relatório 2000 Pedagógico 29
124 Faculdades Integradas Hélio Alonso
125 Faculdades Integradas Interamericana
126 Faculdades Integradas Tibiriçá
127 Faculdades Integradas Toledo
128 Faculdades Unificadas de Foz do Iguaçu
129 Faculdades Unificadas Serra dos Órgãos
130 Federação de Escolas das Faculdades Integradas Simonsen
131 Fundação de Ensino Superior de São João Del Rey
132 Fundação Universidade Federal de Pelotas
133 Instituto de Ciências Sociais do Paraná
134 Instituto de Educação Superior de Brasília
135 Instituto de Educação Superior de Sarandi
136 Instituto de Ensino Superior de Fortaleza
137 Instituto Pan-Americano de Liderança em Administração e Negócios
138 Instituto Superior de Ciências Aplicadas  Isca
139 Pontifícia Universidade Católica de Campinas
140 Pontifícia Universidade Católica do Paraná
141 Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
142 Universidade Anhembi Morumbi
143 Universidade Braz Cubas
144 Universidade Cândido Mendes
145 Universidade Castelo Branco
146 Universidade Católica de Pelotas
147 Universidade Católica de Petrópolis
148 Universidade Católica de Santos
149 Universidade Católica Dom Bosco
150 Universidade Cidade de São Paulo
151 Universidade Cruzeiro do Sul
152 Universidade da Amazônia
153 Universidade de Alfenas
154 Universidade de Caxias do Sul
155 Universidade de Marília
156 Universidade de Mogi das Cruzes
157 Universidade de Ribeirão Preto
158 Universidade de São Paulo
159 Universidade de Taubaté
160 Universidade de Uberaba
161 Universidade do Estado do Rio Grande do Norte
162 Universidade do Grande ABC
163 Universidade do Grande Rio Professor José de Souza Herdy
164 Universidade do Sagrado Coração
30 Relatório 2000 Pedagógico
165 Universidade do Sul de Santa Catarina
166 Universidade do Vale do Itajaí
167 Universidade Estadual de Campinas
168 Universidade Estadual de Montes Claros
169 Universidade Estadual de Ponta Grossa
170 Universidade Estadual do Oeste do Paraná
171 Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho  Unesp
172 Universidade Estácio de Sá
173 Universidade Federal de Lavras
174 Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
175 Universidade Federal de Ouro Preto
176 Universidade Federal de São Paulo
177 Universidade Federal do Espírito Santo
178 Universidade Federal do Paraná
179 Universidade Gama Filho
180 Universidade Metodista de Piracicaba
181 Universidade Metodista de São Paulo
182 Universidade Norte do Paraná  Unopar
183 Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal
184 Universidade Paulista
185 Universidade Potiguar
186 Universidade Presbiteriana Mackenzie
187 Universidade Salvador
188 Universidade Santa Cecília
189 Universidade Santa Úrsula
190 Universidade Severino Sombra
191 Universidade São Francisco
192 Universidade São Judas Tadeu
193 Universidade São Marcos
194 Universidade Tuiuti do Paraná
195 Universidade Vale do Rio Verde
196 Universidade Veiga de Almeida
197 União das Faculdades Claretianas
198 União das Faculdades da Fundação Herminio Ometto  Uniararas
199 Sociedade Unificada de Ensino Superior e Cultura  Suesc
Relatório 2000 Pedagógico 31
4.1 Parte objetiva da prova do Enem 2000
4.1.1 Elaboração das questões
Para o Enem 2000, o grupo de autores, constituído por consultores permanentes do
Inep e por especialistas em psicologia do desenvolvimento, pesquisadores e professores das
diferentes áreas de conhecimento, com base no trabalho dos anos anteriores, sugeriu que
fossem constituídas equipes para elaborar provas  e não itens isolados. Foi enfatizada a
necessidade do trabalho conjunto para propiciar as discussões decorrentes e promover uma
melhor compreensão da interdisciplinaridade na proposta e na solução dos problemas.
As equipes, coordenadas pelos autores da matriz, foram constituídas por novos
elaboradores de itens, além daqueles professores que demonstraram bom desempenho
nas edições anteriores, contando cada uma com sete elaboradores, um de cada disciplina.
Cada equipe teve a incumbência de elaborar quatro provas. Foram escolhidos cinco núcle-
os para a elaboração dos itens: São Paulo, Campinas, Recife, Fortaleza e Rio de Janeiro. A
escolha dessas cidades foi feita baseada na possibilidade futura dos grupos de elaboradores
serem integrados à estrutura de uma universidade pública.
O grupo de autores e de especialistas em medidas educacionais elaborou o ajuste
técnico a partir da análise de 1.260 itens. Foram aceitos, corrigidos, reformulados, ajusta-
dos tecnicamente e indicados 405 itens para o pré-teste de 2000. Os demais permanecem
guardados no Banco de Itens do Enem, aguardando ajustes técnico e pedagógico.
Os itens pré-testados passaram por uma análise estatística denominada Teoria de Res-
posta ao Item (TRI) e estatísticas clássicas com os percentuais de acerto e por opção de respos-
tas, índice de discriminação, coeficiente bisserial da resposta certa e das demais opções.
Como nos anos anteriores, o pré-teste forneceu os mesmos indicadores que possibili-
taram, após os ajustes necessários feitos pelo grupo de autores, a escolha, seguindo os
mesmos critérios, das questões que compuseram a prova.
4
A prova
32 Relatório 2000 Pedagógico
2
Depois de elaborados, os itens da prova foram pré-testados numa amostra estratificada da população de concluintes do
ensino médio. O comportamento empírico dos itens no pré-teste determinou os parâmetros correspondentes ao grau de
dificuldade que ele apresenta. Como o exame é voluntário, as características socioeconômicas da população que o
realiza a cada ano são diferentes e não necessariamente correspondem a uma amostra da população total dos concluintes.
Pode ocorrer, portanto, que o resultado verificado na aplicação da prova não corresponda à calibração feita por meio do
pré-teste.
4.1.2 Montagem da parte objetiva da prova
A prova foi montada em quatro cores (amarelo, branco, verde e rosa), alternando-se
em cada uma a seqüência de apresentação dos itens e das alternativas de resposta. A
estrutura da prova amarela é a considerada para as análises oficiais.
Após a análise do pré-teste, procedeu-se à seleção de questões que compuseram a
parte objetiva da prova. Para cada uma das habilidades, foram selecionadas três questões,
com níveis diferentes de dificuldade, o que totalizou 63 questões de múltipla escolha.
Os critérios de seleção das questões para a estruturação final da prova consideraram,
também, a pertinência mais direta da questão à habilidade avaliada, originalidade e coefici-
ente bisserial maior de 30.
A seleção procurou privilegiar, ainda, a maior distribuição possível de temas e assun-
tos.
2
Considerando os níveis de dificuldades, foi possível compor novamente uma prova
com 20% de questões de dificuldade baixa, 40% média e 40% alta (13, 25 e 25, questões,
respectivamente).
Quadro 1  Nível de dificuldade das questões segundo o pré-teste
Enem 2000
(continua)
Questão Habilidade Nível de dificuldade
1 5 Difícil
2 11 Difícil
3 9 Difícil
4 19 Difícil
5 14 Difícil
6 6 Fácil
7 7 Médio
8 15 Difícil
9 4 Médio
10 12 Médio
11 8 Médio
12 7 Fácil
13 14 Difícil
14 7 Difícil
15 2 Fácil
16 10 Médio
17 18 Difícil
18 6 Médio
19 1 Difícil
20 5 Médio
Relatório 2000 Pedagógico 33
(continuação)
Questão Habilidade Nível de dificuldade
21 20 Médio
22 13 Médio
23 8 Médio
24 19 Médio
25 1 Médio
26 12 Difícil
27 10 Difícil
28 10 Fácil
29 18 Médio
30 1 Fácil
31 12 Médio
32 19 Fácil
33 18 Difícil
34 16 Difícil
35 20 Difícil
36 11 Difícil
37 17 Difícil
38 17 Médio
39 15 Médio
40 15 Médio
41 2 Difícil
42 2 Médio
43 14 Difícil
44 4 Médio
45 13 Fácil
46 5 Fácil
47 16 Fácil
48 9 Fácil
49 9 Difícil
50 17 Difícil
51 8 Fácil
52 21 Difícil
53 20 Difícil
54 3 Fácil
55 3 Médio
56 21 Difícil
57 6 Médio
58 3 Médio
59 4 Fácil
60 21 Difícil
34 Relatório 2000 Pedagógico
(conclusão)
Questão Habilidade Nível de dificuldade
61 16 Médio
62 11 Médio
63 13 Médio
4.1.3 Correção
As 63 questões objetivas têm valor igual numa escala de 0 a 100 pontos e foram
corrigidas por meio eletrônico. Essa parte objetiva gera uma nota geral que corresponde ao
número de questões acertadas.
A interpretação dessa nota geral é estruturada a partir do desempenho nas cinco com-
petências pelas relações estabelecidas com as respectivas habilidades e as questões a
elas associadas, especificadas no quadro a seguir, gerando, também, para cada competên-
cia uma nota de 0 a 100.
Quadro 2  Modelo de análise de desempenho na parte objetiva  Enem 2000
Competências Habilidades Questões (Prova Amarela)
I 1, 2, 5, 6, 9, 10, 13, 15, 17, 18, 19,
Dominar 1, 2, 3, 4, 5, 6, 11, 12, 13, 14, 18 20, 22, 25, 26, 29, 30, 31, 33, 36,
linguagens 41, 42, 43, 44, 45, 46, 54, 55, 57,
58, 59, 62, 63
II 2, 5, 6, 7, 8, 10, 11, 12, 13, 14, 15,
Compreender 1, 2, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 14 16, 17, 18, 19, 21, 22, 23, 25, 26,
fenômenos 15, 16, 17, 18, 20, 21 27, 28, 29, 30, 31, 33, 34, 35, 36,
37, 38, 39, 40, 41, 42, 43, 45, 47,
50, 51, 52, 53, 56, 57, 60, 61, 62,
63
III 3, 4, 5, 7, 8, 9, 10, 12, 13, 14, 15,
Enfrentar 1, 2, 3, 4, 7, 9, 10, 12, 14, 15, 16, 16, 19, 24, 25, 26, 27, 28, 30, 31,
situações-problema 17, 19, 21 32, 34, 37, 38, 39, 40, 41, 42, 43,
44, 47, 48, 49, 50, 52, 54, 55, 56,
58, 59, 60, 61
IV 1, 4, 5, 6, 8, 9, 11, 13, 18, 20, 21,
Construir 3, 4, 5, 6, 8, 13, 14, 15, 19, 20, 21 22, 23, 24, 32, 35, 39, 40, 43, 44,
argumentos 45, 46, 51, 52, 53, 54, 55, 56, 57,
58, 59, 60, 63
V 1, 2, 3, 4, 5, 7, 10, 11, 12, 13, 14,
Elaborar 3, 5, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 14, 16, 16, 17, 20, 21, 22, 23, 24, 26, 27,
propostas 17, 18, 19, 20 28, 29, 31, 32, 33, 34, 35, 36, 37,
38, 43, 45, 46, 47, 48, 49, 50, 51,
53, 54, 55, 58, 61, 62, 63
Relatório 2000 Pedagógico 35
4.2 Redação do Enem 2000
4.2.1 Proposta
A proposta para a redação do Enem tem sido sempre elaborada de forma a possibilitar
que os participantes, a partir dos subsídios oferecidos, realizem uma reflexão escrita sobre
um tema de ordem política, social e cultural, em uma tarefa identificada como uma situação-
problema. O comando da redação indica as linhas mestras para a elaboração do texto
escrito pelo participante e os referenciais a serem utilizados pelos avaliadores para a corre-
ção das cinco competências do Enem.
Em 2000, o tema proposto Direitos da criança e do adolescente: como enfrentar
esse desafio nacional? contava com os seguintes elementos: uma charge do cartunista
Angeli, publicada pela Folha de S. Paulo (14/5/2000); o artigo 227 da Constituição da
República Federativa do Brasil; um depoimento de um menino, publicado pelo jornal A
Gazeta, Vitória (ES), de 9 de junho de 2000; e um excerto do livro O cidadão de papel, de
Gilberto Dimenstein.
Esperava-se que o participante compreendesse as responsabilidades da família, da
sociedade e do Estado, em relação aos direitos das crianças e adolescentes, bem como
enunciasse propostas para viabilizar a aplicação do texto constitucional. Em outras pala-
vras, que fizesse uma reflexão sobre aquilo que deveria ser e o que acontece realmente em
relação aos direitos da criança e do adolescente no Brasil. O tema deveria ser exposto em
um tipo de texto dissertativo-argumentativo.
4.2.2 Metodologia e critérios de correção
Cada redação foi avaliada por dois corretores independentes, sendo que um desco-
nhecia os pontos atribuídos a cada competência pelo outro.
Os critérios de avaliação da redação tiveram por referência as cinco competências da
matriz do Enem, transpostas para produção de texto escrito, com base em situação-proble-
ma (proposta de redação), e desdobradas cada uma em quatro níveis (critérios de avaliação
da competência).
A redação que não atendia à proposta, recebeu o conceito D  desconsiderada. A
redação em branco ou com uma ou duas linhas recebeu o conceito B  em branco. A
redação com palavrões, desenhos ou outras formas propositais de anulação recebeu o
conceito N  anulada. Cada competência foi avaliada sob quatro critérios, correspondentes
aos conceitos insuficiente, regular, bom e excelente, respectivamente representados pelos
níveis 1, 2, 3 e 4, associados às notas 2,5, 5,0, 7,5 e 10,0.
Uma redação foi submetida à terceira correção quando pontuada por um dos correto-
res, foi desconsiderada pelo outro ou, quando ocorreu discrepância de cinco ou mais pontos
entre a soma dos pontos dados individualmente pelos corretores. Os corretores da terceira
correção desconheciam a pontuação dos anteriores e o conceito atribuído pelo terceiro
corretor foi soberano sobre os anteriores.
Foram elaboradas planilhas com as notas dos três corretores, sendo possível verificar
os critérios dos terceiros corretores. Ainda no caso de discrepância entre as três notas,
houve uma quarta correção, com o resultado soberano sobre as demais.
36 Relatório 2000 Pedagógico
O quadro, a seguir, apresenta uma síntese do modelo de correção da redação.
Quadro 3  Modelo de análise da redação
(continua)
Competências Na situação de Critérios
produção de texto
I Demonstrar domínio 1. Domínio precário da norma culta, com graves
da norma culta e freqüentes desvios gramaticais, de escolha
língua escrita. de registro e de convenções da escrita.
2. Domínio razoável da norma culta, com
desvios gramaticais, de escolha de registro e
de convenções da escrita, pouco aceitáveis
nessa etapa de escolaridade.
3. Bom domínio da norma culta, com pontuais
desvios gramaticais e de convenções da
escrita.
4. Muito bom domínio da norma culta, com
raros desvios gramaticais e de convenções
da escrita.
II Compreender a 1. Desenvolvimento tangencial do tema e
proposta de redação apresentação embrionária do tipo
e aplicar conceitos de texto dissertativo-argumentativo;
das várias áreas de ou desenvolvimento tangencial do tema e
conhecimento para domínio razoável do tipo de texto dissertativo-
desenvolver o tema, argumentativo; ou desenvolvimento razoável
dentro dos limites do tema e apresentação embrionária do
estruturais do texto tipo de texto dissertativo-argumentativo.
dissertativo- 2. Desenvolvimento razoável do tema, a partir
argumentativo. de considerações próximas do senso comum,
e domínio precário do tipo de texto
dissertativo-argumentativo.
3. Desenvolvimento razoável do tema e
domínio razoável do tipo de texto
dissertativo-argumentativo.
4. Bom desenvolvimento do tema, a partir de um
repertório cultural produtivo e de
considerações que fogem ao senso comum,
e bom domínio do texto
dissertativo-argumentativo.
III Selecionar, relacionar, 1. Apresenta informações, fatos e opiniões
organizar e interpretar precariamente relacionados com o tema.
informações, fatos, 2. Apenas apresenta informações, fatos
opiniões e argumentos e opiniões, ainda que pertinentes ao tema
em defesa de um proposto, ou limita-se a reproduzir os
ponto de vista. argumentos constantes na proposta de redação.
Relatório 2000 Pedagógico 37
Competências Na situação de Critérios
produção de texto
3. Seleciona informações, fatos, opiniões e
argumentos pertinentes ao tema proposto,
organizando-os e relacionando-os de forma
pouco consistente em relação ao seu projeto
de texto.
4. Seleciona, organiza e relaciona, de forma
consistente, informações, fatos, opiniões e
argumentos pertinentes ao tema proposto em
defesa do seu projeto de texto.
IV Demonstrar 1. Desarticulação das partes do texto.
conhecimento 2. Articulação precária das partes do texto,
dos mecanismos devido a problemas freqüentes na utilização
lingüísticos dos recursos coesivos.
necessários para 3. Articulação razoável das partes do texto,
a construção com problemas eventuais na utilização dos
da argumentação. recursos coesivos.
4. Boa articulação das partes do texto, sem
problemas graves na utilização de recursos
coesivos.
V Elaborar proposta de 1. Não elabora explicitamente uma proposta
solução para e não fere os princípios dos valores
o problema humanos e da diversidade sociocultural.
abordado, mostrando 2. Esboça algumas idéias que podem ser
respeito aos valores o núcleo de uma proposta, respeitando os
humanos e valores humanos e considerando a
considerando a diversidade sociocultural.
diversidade 3. Elabora proposta genérica de intervenção
sociocultural. sobre a problemática desenvolvida,
respeitando os valores humanos e
considerando a diversidade sociocultural.
4. Elabora proposta específica, respeitando os
valores humanos e considerando
a diversidade sociocultural.
(conclusão)
38 Relatório 2000 Pedagógico
4.3 A Prova do Enem 2000: gabarito, estatísticas e análises
REDAÇÃO
É dever da família, da sociedade
e do Estado assegurar à criança e ao
adolescente, com absoluta prioridade, o
direito à saúde, à alimentação, à cultura,
à dignidade, ao respeito, à liberdade e à
convivência familiar e comunitária, além
de colocá-los a salvo de toda forma de
negligência, discriminação, exploração,
crueldade e opressão.
Artigo 227, Constituição da República Federativa do Brasil.
(Angeli, Folha de S. Paulo, 14.05.2000)
(...) Esquina da Avenida Desembargador Santos
Neves com Rua José Teixeira, na Praia do
Canto, área nobre de Vitória. A.J., 13 anos,
morador de Cariacica, tenta ganhar algum
trocado vendendo balas para os motoristas. (...)
Venho para a rua desde os 12 anos. Não
gosto de trabalhar aqui, mas não tem outro jeito.
Quero ser mecânico.
A Gazeta, Vitória (ES), 9 de junho de 2000.
Entender a infância marginal significa entender
porque um menino vai para a rua e não à escola.
Essa é, em essência, a diferença entre o garoto
que está dentro do carro, de vidros fechados, e
aquele que se aproxima do carro para vender
chiclete ou pedir esmola. E essa é a diferença
entre um país desenvolvido e um país de Terceiro
Mundo.
Gilberto Dimenstein. O cidadão de papel. São Paulo, Ática, 2000. 19a.
edição.
Com base na leitura da charge, do artigo da Constituição, do depoimento de A.J. e do
trecho do livro O cidadão de papel, redija um texto em prosa, do tipo dissertativo-
argumentativo, sobre o tema: Direitos da criança e do adolescente: como enfrentar esse
desafio nacional?
Ao desenvolver o tema proposto, procure utilizar os conhecimentos adquiridos e as
reflexões feitas ao longo de sua formação. Selecione, organize e relacione argumentos,
fatos e opiniões para defender o seu ponto de vista, elaborando propostas para a solução
do problema discutido em seu texto.
Relatório 2000 Pedagógico 39
Observações:
u Lembre-se de que a situação de produção de seu texto requer o uso da modalidade escrita culta da língua.
u Espera-se que o seu texto tenha mais do que 15 (quinze) linhas.
u A redação deverá ser apresentada a tinta na cor preta e desenvolvida na folha própria.
u Você poderá utilizar a última folha deste Caderno de Questões para rascunho.
PARTE OBJETIVA DA PROVA
1
Ferreira Gullar, um dos grandes poetas brasileiros da atualidade, é autor de Bicho urbano, poema sobre a sua relação com as pequenas e
grandes cidades.
Bicho urbano
Se disser que prefiro morar em Pirapemas
ou em outra qualquer pequena cidade do país
estou mentindo
ainda que lá se possa de manhã
lavar o rosto no orvalho
e o pão preserve aquele branco
sabor de alvorada.
.....................................................................
A natureza me assusta.
Com seus matos sombrios suas águas
suas aves que são como aparições
me assusta quase tanto quanto
esse abismo
de gases e de estrelas
aberto sob minha cabeça.
(GULLAR, Ferreira. Toda poesia. Rio de Janeiro:
José Olympio Editora, 1991)
Embora não opte por viver numa pequena cidade, o poeta reconhece elementos de valor no cotidiano das pequenas comunidades. Para
expressar a relação do homem com alguns desses elementos, ele recorre à sinestesia, construção de linguagem em que se mesclam impressões
sensoriais diversas. Assinale a opção em que se observa esse recurso.
(A) e o pão preserve aquele branco / sabor de alvorada.
(B) ainda que lá se possa de manhã / lavar o rosto no orvalho
(C) A natureza me assusta. / Com seus matos sombrios suas águas
(D) suas aves que são como aparições / me assusta quase tanto quanto
(E) me assusta quase tanto quanto / esse abismo / de gases e de estrelas
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
A BC DE
53 19 10 6 12
Habilidade: 5
A questão procurou verificar a capacidade do participante de construir o sentido de
elementos textuais. A partir da noção de sinestesia, que lhe foi dada de maneira sucinta,
ele teve de transpor para o texto essa mesma noção, manifestando sua competência
textual. Pode-se classificar de bom o índice de acerto (53%), se considerarmos que a
questão trabalhou com a função conotativa da linguagem, o que requer uma capacidade
de leitura sempre mais desenvolvida. Os desvios, de forma mais acentuada na alternativa
B, são explicáveis: as alternativas incorretas (e, de resto, todo o poema) também se
referem às manifestações sensoriais, embora sem a necessária mescla, que é o que
distingue a sinestesia.
40 Relatório 2000 Pedagógico
2
No processo de fabricação de pão, os padeiros, após prepararem a massa utilizando fermento biológico, separam uma porção de massa em forma
de bola e a mergulham num recipiente com água, aguardando que ela suba, como pode ser observado, respectivamente, em I e II do esquema
abaixo. Quando isso acontece, a massa está pronta para ir ao forno.
Um professor de Química explicaria esse procedimento da seguinte maneira:
A bola de massa torna-se menos densa que o líquido e sobe. A alteração da densidade deve-se à fermentação, processo que pode ser resumido
pela equação
Considere as afirmações abaixo.
I A fermentação dos carboidratos da massa de pão ocorre de maneira espontânea e não depende da existência de qualquer organismo vivo.
II Durante a fermentação, ocorre produção de gás carbônico, que se vai acumulando em cavidades no interior da massa, o que faz a bola
subir.
III A fermentação transforma a glicose em álcool. Como o álcool tem maior densidade do que a água, a bola de massa sobe.
Dentre as afirmativas, apenas:
(A) I está correta.
(B) II está correta.
(C) I e II estão corretas.
(D) II e III estão corretas.
(E) III está correta.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
A B CDE
6 48 16 23 7
Habilidade: 11
Essa questão requeria do participante a capacidade de relacionar as informações
do texto com o seu conhecimento sobre fermentação, densidade e compreensão da
linguagem química, para julgar propostas de explicações para um fenômeno bem
conhecido, presente na prática popular. Quase metade dos participantes (48%)
evidenciou o conhecimento requerido e foi capaz de acolher ou refutar as idéias propostas
nas afirmações que buscavam explicar o fenômeno. Observe-se que as alternativas C e D
contêm a afirmação II, única correta, revelando possivelmente um conhecimento parcial
do fenômeno. A alternativa D provavelmente foi escolhida porque os participantes foram
atraídos pela idéia bastante disseminada de que a fermentação é produtora de álcool.
3
Ainda hoje, é muito comum as pessoas utilizarem vasilhames de barro (moringas ou potes de cerâmica não esmaltada) para conservar água a
uma temperatura menor do que a do ambiente. Isso ocorre porque:
(A) o barro isola a água do ambiente, mantendo-a sempre a uma temperatura menor que a dele, como se fosse isopor.
(B) o barro tem poder de gelar a água pela sua composição química. Na reação, a água perde calor.
(C) o barro é poroso, permitindo que a água passe através dele. Parte dessa água evapora, tomando calor da moringa e do restante da
água, que são assim resfriadas.
(D) o barro é poroso, permitindo que a água se deposite na parte de fora da moringa. A água de fora sempre está a uma temperatura maior que
a de dentro.
(E) a moringa é uma espécie de geladeira natural, liberando substâncias higroscópicas que diminuem naturalmente a temperatura da água.
Relatório 2000 Pedagógico 41
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
ABC DE
45 6 29 712
Habilidade: 9
Os poucos participantes (29%) que assinalaram a alternativa correta dessa questão
mostraram conhecer o papel da moringa de barro para a manutenção da água fresca, ou
seja, conhecer que o processo de evaporação de parte da água, que se infiltra pelas
paredes da moringa, é o responsável pelo resfriamento da água remanescente em seu
interior. Um número maior e significativo de participantes, 48%, foi atraído pela alternativa
que apresenta a idéia do barro da moringa como isolante térmico, o que seria verdade
relativamente ao ar, por exemplo, para o barro seco.
4
Somos servos da lei para podermos ser livres.
Cícero
O que apraz ao príncipe tem força de lei.
Ulpiano
As frases acima são de dois cidadãos da Roma Clássica que viveram praticamente no mesmo século, quando ocorreu a transição da República
(Cícero) para o Império (Ulpiano).
Tendo como base as sentenças acima, considere as afirmações:
I A diferença nos significados da lei é apenas aparente, uma vez que os romanos não levavam em consideração as normas jurídicas.
II Tanto na República como no Império, a lei era o resultado de discussões entre os representantes escolhidos pelo povo romano.
III A lei republicana definia que os direitos de um cidadão acabavam quando começavam os direitos de outro cidadão.
IV Existia, na época imperial, um poder acima da legislação romana.
Estão corretas, apenas:
(A) I e II.
(B) I e III.
(C) II e III.
(D) II e IV.
(E) III e IV.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
ABCDE
7 8212341
Habilidade: 19
Essa questão basicamente solicitou do participante que, tendo por base as frases
de Cícero e Ulpiano, identificasse a diferença entre o Império e a República romanos. O
texto e as frases corretamente interpretados poderiam conduzir à alternativa correta, o
que permite afirmar que apenas 41% dos participantes souberam estabelecer aquela
diferença. Os percentuais de respostas às alternativas C e D indicam que a afirmativa II
exerceu atração porque, provavelmente, os participantes trabalharam com a
generalização de que Roma é o berço da democracia ou, realizaram uma leitura literal do
significado da lei para cada um daqueles cidadãos.
42 Relatório 2000 Pedagógico
5
Em certa cidade, algumas de suas principais vias têm a designação radial ou perimetral, acrescentando-se ao nome da via uma referência ao
ponto cardeal correspondente.
As ruas 1 e 2 estão indicadas no esquema abaixo, em que não estão explicitados os pontos cardeais.
Os nomes corretos das vias 1 e 2 podem, respectivamente, ser:
(A) perimetral sul, radial leste.
(B) perimetral sul, radial oeste.
(C) perimetral norte, radial oeste.
(D) radial sul, perimetral norte.
(E) radial sul, perimetral oeste.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
A B CD E
32 34 8 4 22
Habilidade: 14
Para responder corretamente a essa questão, o participante deveria dominar os
conceitos de perimetral e radial e ser capaz de identificar localizações bidimensionais,
usando como referencial os pontos cardeais, escolhendo a alternativa que combinasse
corretamente essas variáveis. A opção pela alternativa E provavelmente revela o não
entendimento dos conceitos de perimetral e radial, e quem escolheu a alternativa A
possivelmente confundiu leste com oeste. É relativamente pequeno  34%  o número de
participantes que escolheu a alternativa correta.
6
Em uma conversa ou leitura de um texto, corre-se o risco de atribuir um significado inadequado a um termo ou expressão, e isso pode levar a
certos resultados inesperados, como se vê nos quadrinhos abaixo.
(SOUZA, Maurício de. Chico Bento. Rio de Janeiro: Ed. Globo, n
o
335, Nov./99)
Nessa historinha, o efeito humorístico origina-se de uma situação criada pela fala da Rosinha no primeiro quadrinho, que é:
(A) Faz uma pose bonita!
(B) Quer tirar um retrato?
(C) Sua barriga está aparecendo!
(D) Olha o passarinho!
(E) Cuidado com o flash!
Relatório 2000 Pedagógico 43
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
ABCD E
3 1 489 2
Habilidade: 6
Essa questão procurou avaliar se o participante conseguia inferir, a partir de uma
seqüência narrativa de imagens, a expressão lingüística adequada à situação de
interlocução, no caso a fala da personagem, no primeiro quadrinho. A expressão de uso
coloquial olha o passarinho!, dependendo do contexto, tem diferentes significados, que
nesse caso foram associados pelo cartunista para produzir o efeito de humor. A grande
maioria  89%  dos participantes realizou a inferência solicitada, analisando a função da
linguagem e identificando a variante lingüística adequada à situação de interlocução, com
base na leitura da seqüência das imagens e da fala da personagem no terceiro quadrinho.
É interessante notar a abrangência dessa expressão metafórica no Brasil, criada no
contexto informal da fala com seus significados correspondentes. Mesmo assim, 11% dos
participantes, possivelmente, desconhecem essa expressão, ou não conseguiram realizar
a transposição do significado humorístico da fala do último quadrinho.
7
O resultado da conversão direta de energia solar é uma das várias formas de energia alternativa de que se dispõe. O aquecimento solar é obtido por
uma placa escura coberta por vidro, pela qual passa um tubo contendo água. A água circula, conforme mostra o esquema abaixo.
Fonte: Adaptado de PALZ, Wolfgang. Energia solar e fontes alternativas. Hemus, 1981.
São feitas as seguintes afirmações quanto aos materiais utilizados no aquecedor solar:
I o reservatório de água quente deve ser metálico para conduzir melhor o calor.
II a cobertura de vidro tem como função reter melhor o calor, de forma semelhante ao que ocorre em uma estufa.
III a placa utilizada é escura para absorver melhor a energia radiante do Sol, aquecendo a água com maior eficiência.
Dentre as afirmações acima, pode-se dizer que, apenas está(ão) correta(s):
(A) I.
(B) I e II.
(C) II.
(D) I e III.
(E) II e III.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
ABCDE
210 43153
Habilidade: 7
44 Relatório 2000 Pedagógico
Nessa questão, esperava-se que o participante mostrasse ser capaz de analisar o
esquema apresentado, localizando alguns dos elementos específicos de um coletor solar
(reservatório, vidro e placa), reconhecendo a função de cada um deles e identificando as
suas propriedades térmicas para desempenhar de forma mais eficiente o processo de
conversão da energia solar em térmica. É majoritária (53%) a opção pela alternativa
correta, demonstrando a adequada compreensão da relação entre propriedades de
materiais e funções que desempenham. É também significativa (31%) a opção pela
alternativa D em que os participantes relacionaram corretamente metais com boa
condutividade térmica, mas provavelmente descuidaram-se do contexto, ou seja, de que
se tratava de um reservatório não-condutor, para garantir o isolamento térmico.
8
Uma companhia de seguros levantou dados sobre os carros de determinada cidade e constatou que são roubados, em média, 150 carros por ano.
O número de carros roubados da marca X é o dobro do número de carros roubados da marca Y, e as marcas X e Y juntas respondem por cerca
de 60% dos carros roubados.
O número esperado de carros roubados da marca Y é:
(A) 20. (B) 30. (C) 40. (D) 50. (E) 60.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
A B CD E
14 63 9 6 8
Habilidade: 15
Para resolver corretamente o problema proposto nessa questão, o participante
deveria mostrar ser capaz de traduzir o enunciado para a linguagem matemática
correspondente, que resulta em um sistema de duas equações lineares com duas
incógnitas cuja solução, com algoritmos básicos, é a resposta correta. A maioria dos
participantes (63%) optou pela alternativa correta e pode-se presumir que aqueles que
escolheram a alternativa A trabalharam com o percentual de carros roubados da marca Y
e não converteram o resultado para determinar o número desses carros, como era
solicitado pela questão.
9
A tabela abaixo resume alguns dados importantes sobre os satélites de Júpiter.
Distância média
Período orbital
Nome Diâmetro (km) ao centro de
(dias terrestres)
Júpiter (km)
Io 3.642 421.800 1,8
Europa 3.138 670.900 3,6
Ganimedes 5.262 1.070.000 7,2
Calisto 4.800 1.880.000 16,7
Ao observar os satélites de Júpiter pela primeira vez, Galileu Galilei fez diversas anotações e tirou importantes conclusões sobre a estrutura de
nosso universo. A figura abaixo reproduz uma anotação de Galileu referente a Júpiter e seus satélites.
De acordo com essa representação e com os dados da tabela, os pontos indicados por 1, 2, 3 e 4 correspondem, respectivamente, a:
(A) Io, Europa, Ganimedes e Calisto.
(B) Ganimedes, Io, Europa e Calisto.
(C) Europa, Calisto, Ganimedes e Io.
(D) Calisto, Ganimedes, Io e Europa(A)
(B) Calisto, Io, Europa e Ganimedes.
Relatório 2000 Pedagógico 45
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
A B CD E
15 66 6 7 7
Habilidade: 4
Para a solução correta do problema proposto, o participante deveria ser capaz de
interpretar a notação utilizada por Galileu para a representação das distâncias entre
Júpiter e seus satélites e, comparar a notação com os dados da tabela. Os participantes
que escolheram a alternativa A possivelmente não consideraram a notação de Galileu e
associaram os números 1, 2, 3 e 4 aos nomes dos satélites como se apresentam na
tabela. A maioria dos participantes (66%) optou pela resposta correta.
10
A adaptação dos integrantes da seleção brasileira de futebol à altitude de La Paz foi muito comentada em 1995, por ocasião de um torneio, como pode
ser lido no texto abaixo.
A seleção brasileira embarca hoje para La Paz, capital da Bolívia, situada a 3.700 metros de altitude, onde disputará o torneio
Interamérica. A adaptação deverá ocorrer em um prazo de 10 dias, aproximadamente. O organismo humano, em altitudes elevadas,
necessita desse tempo para se adaptar, evitando-se, assim, risco de um colapso circulatório.
(Adaptado da revista Placar, edição fev.1995)
A adaptação da equipe foi necessária principalmente porque a atmosfera de La Paz, quando comparada à das cidades brasileiras, apresenta:
(A) menor pressão e menor concentração de oxigênio.
(B) maior pressão e maior quantidade de oxigênio.
(C) maior pressão e maior concentração de gás carbônico.
(D) menor pressão e maior temperatura.
(E) maior pressão e menor temperatura.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
A BCDE
55 512424
Habilidade: 12
Para responder corretamente à questão, o participante deveria conhecer que o ar é
progressivamente mais rarefeito à medida que aumenta a altitude em relação ao nível
médio dos mares e que, nessas condições, o gás oxigênio, como integrante do ar
atmosférico, exerce menor pressão e está cada vez menos disponível. A maior parte dos
participantes (55%) demonstrou esse conhecimento. Diante do caráter básico do
conteúdo exigido, é relativamente alto o número (24%) de participantes que optaram pela
alternativa E: provavelmente, além de considerarem que a pressão aumenta com a
altitude, indicaram a temperatura do ambiente como fator preponderante à necessidade
de adaptação do organismo às grandes altitudes. Possivelmente lembraram-se de que
localidades em grandes altitudes apresentam baixas temperaturas, o que não se relaciona
com o fenômeno descrito no item.
46 Relatório 2000 Pedagógico
A energia térmica liberada em processos de fissão nuclear pode ser utilizada na geração de vapor para produzir energia mecânica que, por sua
vez, será convertida em energia elétrica. Abaixo está representado um esquema básico de uma usina de energia nuclear.
11
Com relação ao impacto ambiental causado pela poluição térmica no processo de refrigeração da usina nuclear, são feitas as seguintes
afirmações:
I o aumento na temperatura reduz, na água do rio, a quantidade de oxigênio nela dissolvido, que é essencial para a vida aquática e para a
decomposição da matéria orgânica.
II o aumento da temperatura da água modifica o metabolismo dos peixes.
III o aumento na temperatura da água diminui o crescimento de bactérias e de algas, favorecendo o desenvolvimento da vegetação.
Das afirmativas acima, somente está(ão) correta(s):
(A) I.
(B) II.
(C) III.
(D) I e II.
(E) II e III.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
ABCD E
24 21 6 39 9
Habilidade: 8
A solução correta do problema proposto nessa questão requeria a análise do
impacto ambiental que se dá em conseqüência do efeito do aquecimento das águas sobre
o ecossistema de um rio. Com temperaturas maiores, ocorre uma redução da quantidade
de oxigênio dissolvido na água, além do favorecimento para um maior desenvolvimento
de bactérias, afetando também o metabolismo dos animais aquáticos. Esperava-se,
portanto, que os participantes identificassem, dentre as afirmações apresentadas, aquelas
que apresentavam coerência entre aumento de temperatura e a conseqüência descrita. O
percentual (39%), relativamente pequeno, de respostas na alternativa correta, que
apresenta como válidas as afirmações I e II, pode ser explicado pela razoável incidência
sobre as alternativas A e B, associadas a cada uma das referidas afirmações,
separadamente. Somando-se estas escolhas, pode-se dizer que cerca de quatro em cada
cinco participantes compreendem pelo menos parte do impacto térmico da operação de
uma usina junto a um rio.
Relatório 2000 Pedagógico 47
12
A partir do esquema são feitas as seguintes afirmações:
I a energia liberada na reação é usada para ferver a água que, como vapor a alta pressão, aciona a turbina.
II a turbina, que adquire uma energia cinética de rotação, é acoplada mecanicamente ao gerador para produção de energia elétrica.
III a água depois de passar pela turbina é pré-aquecida no condensador e bombeada de volta ao reator.
Dentre as afirmações acima, somente está(ão) correta(s):
(A) I.
(B) II.
(C) III.
(D) I e II.
(E) II e III.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
ABCD E
814 462 12
Habilidade: 7
Para resolver corretamente essa questão, o participante deveria demonstrar,
escolhendo entre diferentes afirmações, a compreensão do funcionamento básico de uma
usina nuclear, em suas diferentes etapas, identificando, no esquema apresentado, a
seqüência de transformações que envolvem a produção de vapor dágua, o movimento da
turbina e o acionamento do gerador. Além disso, a análise da afirmação III supunha a
compreensão do papel da água enquanto fluido de refrigeração, que circula num sistema
fechado, em parte como líquido e em parte como vapor, sendo indispensável seu
resfriamento, no condensador, para a volta do vapor à fase líquida, dando assim
continuidade ao ciclo. A alternativa correta teve incidência significativa de respostas
(62%), revelando boa percepção das relações funcionais e causais que regem a
articulação das partes de uma usina nucleoelétrica.
13
Um marceneiro deseja construir uma escada trapezoidal com 5 degraus, de forma que o mais baixo e o mais alto tenham larguras
respectivamente iguais a 60 cm e a 30 cm, conforme a figura:
Os degraus serão obtidos cortando-se uma peça linear de madeira cujo comprimento mínimo, em cm, deve ser:
(A) 144. (B) 180. (C) 210. (D) 225. (E) 240.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
ABCD E
635 1833 9
Habilidade: 14
O participante, ao assinalar a alternativa correta para essa questão, mostrou saber
traduzir o problema proposto para a linguagem matemática, conhecer o conceito de que
duas retas paralelas cortadas por transversais geram segmentos proporcionais e utilizar
os diversos algoritmos pertinentes à solução. O problema, de natureza prática, envolve
48 Relatório 2000 Pedagógico
conhecimentos de tal ordem básicos que, pode-se afirmar ser muito pequeno o percentual
(33%) de participantes que acertou a questão. O distrator B teve um alto índice de
escolha, provavelmente porque os participantes consideraram uma escada com quatro
degraus e não cinco, como enunciava a questão.
14
O esquema abaixo mostra, em termos de potência(energia/tempo), aproximadamente, o fluxo de energia, a partir de uma certa quantidade de
combustível vinda do tanque de gasolina, em um carro viajando com velocidade constante.
O esquema mostra que, na queima da gasolina, no motor de combustão, uma parte considerável de sua energia é dissipada. Essa perda é da
ordem de:
(A) 80%. (B) 70%. (C) 50%. (D) 30%. (E) 20%.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
A BCDE
45 16 11 16 13
Habilidade: 7
Nem toda energia produzida por um motor a combustão é, de fato, convertida em
trabalho útil. Esse é o conceito básico exigido, sob forma do cálculo da eficiência de um
motor. A fração da energia dissipada num motor a combustão é muito grande, ou seja,
sua eficiência é baixa. Essa conclusão pode ser estabelecida a partir do esquema, em
que são apresentadas as transformações sucessivas por que passa a energia do
combustível presente no tanque de um carro, até a energia necessária ao movimento das
rodas. A resposta correta supunha uma identificação clara entre a energia produzida e a
dissipada, especificamente na queima do combustível no motor. Há uma distribuição
quase homogênea entre as alternativas incorretas, revelando tratar-se de escolhas
aleatórias. Pouco menos da metade dos participantes (45%) optou pela alternativa
correta, o que possivelmente demonstra uma leitura desatenta do esquema ou que, não é
tão comum o conhecimento dos participantes sobre o baixo rendimento dos motores a
combustão.
Relatório 2000 Pedagógico 49
15
As sociedades modernas necessitam cada vez mais de energia. Para entender melhor a relação entre desenvolvimento e consumo de energia,
procurou-se relacionar o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de vários países com o consumo de energia nesses países.
O IDH é um indicador social que considera a longevidade, o grau de escolaridade, o PIB (Produto Interno Bruto) per capita e o poder de compra
da população. Sua variação é de 0 a 1. Valores do IDH próximos de 1 indicam melhores condições de vida.
Tentando-se estabelecer uma relação entre o IDH e o consumo de energia per capita nos diversos países, no biênio 1991-1992, obteve-se o
gráfico abaixo, onde cada ponto isolado representa um país, e a linha cheia, uma curva de aproximação.
* TEP: Tonelada equivalente de petróleo.
Fonte: GOLDEMBERG, J. Energia, meio ambiente e
desenvolvimento. São Paulo: Edusp, 1998.
Com base no gráfico, é correto afirmar que:
(A) quanto maior o consumo de energia per capita, menor é o IDH.
(B) os países onde o consumo de energia per capita é menor que 1 TEP não apresentam bons índices de desenvolvimento humano.
(C) existem países com IDH entre 0,1 e 0,3 com consumo de energia per capita superior a 8 TEP.
(D) existem países com consumo de energia per capita de 1 TEP e de 5 TEP que apresentam aproximadamente o mesmo IDH, cerca
de 0,7.
(E) Os países com altos valores de IDH apresentam um grande consumo de energia per capita (acima de 7 TEP).
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
ABCD E
617 535 37
Habilidade: 2
Essa questão requeria do participante a interpretação do comportamento de uma
variável (IDH) em função de outra variável (consumo de energia per capita), representadas
em um gráfico cartesiano. Pouco mais de um terço (35%) dos participantes assinalou a
alternativa correta. A escolha dos distratores B e E que juntos atraíram 52% dos
participantes revela, possivelmente, que eles não perceberam, no gráfico, que a
representação por pontos revela a existência de países com baixos valores de IDH e de
consumo de energia. Da mesma forma o gráfico apresenta países com alto valor de IDH e
baixo consumo de energia.
50 Relatório 2000 Pedagógico
16
No mapa, é apresentada a distribuição geográfica de aves de grande porte e que não voam.
Há evidências mostrando que essas aves, que podem ser originárias de um mesmo ancestral, sejam, portanto, parentes. Considerando que, de
fato, tal parentesco ocorra, uma explicação possível para a separação geográfica dessas aves, como mostrada no mapa, poderia ser:
(A) a grande atividade vulcânica, ocorrida há milhões de anos, eliminou essas aves do Hemisfério Norte.
(B) na origem da vida, essas aves eram capazes de voar, o que permitiu que atravessassem as águas oceânicas, ocupando vários continentes.
(C) o ser humano, em seus deslocamentos, transportou essas aves, assim que elas surgiram na Terra, distribuindo-as pelos diferentes
continentes.
(D) o afastamento das massas continentais, formadas pela ruptura de um continente único, dispersou essas aves que habitavam
ambientes adjacentes.
(E) a existência de períodos glaciais muito rigorosos, no Hemisfério Norte, provocou um gradativo deslocamento dessas aves para o Sul, mais
quente.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
ABCD E
2 5 868 16
Habilidade: 10
A presença de aves com ancestrais comuns, em diferentes áreas continentais, hoje
separadas por massas oceânicas, requeria do participante a compreensão da formação
dos continentes como resultado de afastamento espacial de partes, a partir de um
conjunto unitário. Soma-se a essa compreensão, o reconhecimento da escala de tempo
geológica, da deriva continental, como compatível com a de existência de determinadas
espécies, ou seja, que já havia um ancestral comum das aves citadas na questão, por
ocasião do afastamento entre os continentes. Tal conhecimento foi revelado pela maioria
(68%) que escolheu a alternativa correta, tendo havido alguma atração, ainda que
pequena, pela alternativa E, que explicava um eventual deslocamento das espécies em
função das condições climáticas.
17
Os quatro calendários apresentados abaixo mostram a variedade na contagem do tempo em diversas sociedades.
Fonte: Adaptado de Época, n
o
55, 7 de junho de 1999.
Com base nas informações apresentadas, pode-se afirmar que:
(A) o final do milênio, 1999/2000, é um fator comum às diferentes culturas e tradições.
(B) embora o calendário cristão seja hoje adotado em âmbito internacional, cada cultura registra seus eventos marcantes em
calendário próprio.
(C) o calendário cristão foi adotado universalmente porque, sendo solar, é mais preciso que os demais.
(D) a religião não foi determinante na definição dos calendários.
(E) o calendário cristão tornou-se dominante por sua antiguidade.
Relatório 2000 Pedagógico 51
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
A B C D E
5 77 10 3 5
Habilidade: 18
Para resolver a questão, o participante deveria relacionar corretamente as informações
contidas nas figuras com os símbolos referentes às diversas tradições culturais. O conjunto
de informações apresentado deveria levar o participante a perceber que o calendário cristão,
embora adotado em âmbito internacional, não se constitui a única referência utilizada para
medir o tempo. A maioria significativa de 77% dos participantes escolheu a alternativa correta.
Aqueles que optaram pela alternativa C (10%), provavelmente, vincularam a idéia de precisão
a calendário solar.
18
Precisa-se nacionais sem nacionalismo, (...) movidos pelo presente mas estalando naquele cio racial que só as tradições maduram!
(...). Precisa-se gentes com bastante meiguice no sentimento, bastante força na peitaria, bastante paciência no entusiasmo e
sobretudo, oh! sobretudo bastante vergonha na cara!
(...) Enfim: precisa-se brasileiros! Assim está escrito no anúncio vistoso de cores desesperadas pintado sobre o corpo do nosso Brasil,
camaradas.
(Jornal A Noite, São Paulo, 18/12/1925 apud LOPES, Telê Porto Ancona. Mário de Andrade: ramais e caminhos. São Paulo: Duas Cidades, 1972)
No trecho acima, Mário de Andrade dá forma a um dos itens do ideário modernista, que é o de firmar a feição de uma língua mais autêntica,
brasileira, ao expressar-se numa variante de linguagem popular identificada pela (o):
(A) escolha de palavras como cio, peitaria, vergonha.
(B) emprego da pontuação.
(C) repetição do adjetivo bastante.
(D) concordância empregada em Assim está escrito.
(E) escolha de construção do tipo precisa-se gentes.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
ABCDE
37 6 14 4 40
Habilidade: 6
A questão procurou avaliar se o participante era capaz de, a partir da leitura de um
texto de Mário de Andrade, identificar e analisar uma variante lingüística de uso coloquial,
utilizadas estilisticamente pelo autor. O uso estilístico das variantes marcou a primeira
fase da literatura brasileira modernista. O trecho destaca, em seu todo, esse uso da
linguagem popular. A escolha da construção precisa-se gentes é marca desse uso
estilístico. O índice de 37% na alternativa A demonstra, possivelmente, que os
participantes não consideraram a escolha dos vocábulos, dentro do contexto, confundindo
as palavras que aparecem na, alternativa, com ...a feição de uma língua mais autêntica...
O percentual de acertos foi da ordem de 40%.
19
A figura abaixo mostra um eclipse solar no instante em que é fotografado em cinco diferentes pontos do planeta.
52 Relatório 2000 Pedagógico
Três dessas fotografias estão reproduzidas abaixo.
As fotos poderiam corresponder, respectivamente, aos pontos:
(A) III, V e II.
(B) II, III e V.
(C) II, IV e III.
(D) I, II e III.
(E) I, II e V.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
A BCDE
48 13 17 8 14
Habilidade: 1
Para resolver o problema proposto, o participante deveria demonstrar o domínio dos
conceitos básicos de projeção e posição relativa. Cerca de metade (48%) dos participantes
assinalou a alternativa correta. Aqueles que optaram pelos distratores D e E,
provavelmente, não perceberam que o ponto I está fora do cone de sombra do eclipse; os
que assinalaram as alternativas B e C possivelmente não consideraram a posição relativa.
20
Poética, de Manuel Bandeira, é quase um manifesto do movimento modernista brasileiro de 1922. No poema, o autor elabora críticas e propostas
que representam o pensamento estético predominante na época.
Poética
Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente protocolo e
[manifestações de apreço ao Sr. diretor.
Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário o
[cunho vernáculo de um vocábulo
Abaixo os puristas
............................................................................................
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbedos
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare
 Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.
(BANDEIRA, Manuel. Poesia Completa e Prosa.
Rio de Janeiro. Aguilar, 1974)
Com base na leitura do poema, podemos afirmar corretamente que o poeta:
(A) critica o lirismo louco do movimento modernista.
(B) critica todo e qualquer lirismo na literatura.
(C) propõe o retorno ao lirismo do movimento clássico.
(D) propõe o retorno ao lirismo do movimento romântico.
(E) propõe a criação de um novo lirismo.
Relatório 2000 Pedagógico 53
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
ABCDE
814 71555
Habilidade: 5
Um pouco mais da metade dos participantes (55%) conseguiu identificar, no texto, a
proposta estética do poeta e, em última análise, do próprio Modernismo. Os distratores
com percentuais significativos de escolha foram apenas B e D. No primeiro caso, o tom de
manifesto, incisivo e demolidor, do poema provavelmente induziu a opção. No segundo, a
explicação se deve à possível relação que o participante estabeleceu entre o Modernismo
e o Romantismo, que de fato existe, mas que não se aplica ao caso.
21
Ao longo do século XX, a taxa de variação na população do Brasil foi sempre positiva (crescimento). Essa taxa leva em consideração o número de
nascimentos (N), o número de mortes (M), o de emigrantes (E) e o de imigrantes (I) por unidade de tempo.
É correto afirmar que, no século XX:
(A) M > I + E + N.
(B) N + I > M + E.
(C) N + E > M + I.
(D) M + N < E + I.
(E) N < M - I + E.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
A B CD E
5 58 23 7 7
Habilidade: 20
Os participantes, diante da situação-problema apresentada, deveriam identificar um
determinado contexto histórico  definido pelo comportamento da taxa de variação
populacional no Brasil do século XX, em função das variáveis referidas no texto da
questão  com a sua  expressão em linguagem matemática. Mais da metade dos
participantes (58%) elaborou corretamente essa identificação. A alternativa C atraiu 23%
dos participantes, provavelmente porque eles desconheciam ou confundiram o significado
das palavras emigração e imigração.
22
O gráfico abaixo representa o fluxo (quantidade de água em movimento) de um rio, em três regiões distintas, após certo tempo de chuva.
54 Relatório 2000 Pedagógico
Comparando-se, nas três regiões, a interceptação da água da chuva pela cobertura vegetal, é correto afirmar que tal interceptação:
(A) é maior no ambiente natural preservado.
(B) independe da densidade e do tipo de vegetação.
(C) é menor nas regiões de florestas.
(D) aumenta quando aumenta o grau de intervenção humana.
(E) diminui à medida que aumenta a densidade da vegetação.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
A BCDE
36 5202614
Habilidade: 13
Essa questão apresentou um gráfico mostrando as relações entre a quantidade de
água que alimenta o fluxo fluvial e a cobertura vegetal, em três diferentes ambientes,
sendo possível observar a relação inversa entre as medidas de fluxo fluvial e a densidade
da cobertura vegetal: quanto menos densa a vegetação, mais intensamente a água da
chuva alimenta o fluxo do rio. Para resolver a situação-problema, esperava-se que o
participante soubesse ou deduzisse, pela interpretação do gráfico, que a interceptação da
água da chuva pela cobertura vegetal é maior no ambiente natural preservado. Assim, o
participante deveria considerar que a quantidade do fluxo fluvial mantém uma relação
inversa com a quantidade de água interceptada pela cobertura vegetal, revelando
conhecimento sobre o conjunto de prováveis caminhos da água da chuva em diferentes
ambientes. Pouco mais de um terço dos participantes (36%) indicou a alternativa
correta. As alternativas C e D atraíram, juntas, quase metade dos participantes. Aqueles
que escolheram C provavelmente não fizeram a transposição da informação de que o
menor fluxo fluvial nas florestas  a curva do gráfico mostra isso claramente  é
conseqüência da maior interceptação de água da chuva. Supõe-se que o termo
intervenção humana tenha se constituído num apelo significativo para aqueles que
optaram pela alternativa D.
23
No ciclo da água, usado para produzir eletricidade, a água de lagos e oceanos, irradiada pelo Sol, evapora-se dando origem a nuvens e se
precipita como chuva. É então represada, corre de alto a baixo e move turbinas de uma usina, acionando geradores. A eletricidade produzida é
transmitida através de cabos e fios e é utilizada em motores e outros aparelhos elétricos. Assim, para que o ciclo seja aproveitado na geração de
energia elétrica, constrói-se uma barragem para represar a água.
Entre os possíveis impactos ambientais causados por essa construção, devem ser destacados:
(A) aumento do nível dos oceanos e chuva ácida.
(B) chuva ácida e efeito estufa.
(C) alagamentos e intensificação do efeito estufa.
(D) alagamentos e desequilíbrio da fauna e da flora.
(E) alteração do curso natural dos rios e poluição atmosférica.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
ABCD E
4 7 761 21
Habilidade: 8
Os participantes deveriam reconhecer os efeitos ambientais decorrentes do
alagamento e formação de barragens para a construção de uma usina hidrelétrica, dentre
um conjunto apresentado como resultante dessa construção. Entre todos os aspectos
citados, apenas o alagamento de grandes áreas, a alteração do curso natural dos rios e o
conseqüente desequilíbrio da fauna e flora representam possíveis impactos ambientais de
Relatório 2000 Pedagógico 55
hidrelétricas. Uma nítida maioria (61%) soube selecionar os efeitos mais plausíveis,
escolhendo a alternativa correta. Observa-se uma atração pela alternativa E, possivelmente
porque sua redação começava por uma assertiva também plausível  alteração do curso do
rio  mas, complementada por uma afirmação incorreta sobre poluição atmosférica.
24
Casa que não entra sol, entra médico. Esse antigo ditado reforça a importância de, ao construirmos casas, darmos orientações
adequadas aos dormitórios, de forma a garantir o máximo conforto térmico e salubridade.
Assim, confrontando casas construídas em Lisboa (ao norte do Trópico de Câncer) e em Curitiba (ao sul do Trópico de Capricórnio),
para garantir a necessária luz do sol, as janelas dos quartos não devem estar voltadas, respectivamente, para os pontos cardeais:
(A) norte/sul.
(B) sul/norte.
(C) leste/oeste.
(D) oeste/leste.
(E) oeste/oeste.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
A BCDE
40 19 18 10 14
Habilidade: 19
A solução para o problema proposto nessa questão requeria a utilização de
referenciais de orientação com base na posição do Sol; em outras palavras, o
relacionamento da posição do Sol com os pontos cardeais em hemisférios diferentes.
Apenas 40% dos participantes mostraram tal compreensão. A escolha da alternativa B por
19% dos participantes demonstra possivelmente que eles não consideraram a posição
das casas em hemisférios diferentes. A escolha das alternativas C, D e E indicam,
provavelmente, a dificuldade de imaginar a trajetória aparente do Sol no firmamento.
25
João deseja comprar um carro cujo preço à vista, com todos os descontos possíveis, é de R$ 21.000,00, e esse valor não será reajustado nos
próximos meses.
Ele tem R$ 20.000,00, que podem ser aplicados a uma taxa de juros compostos de 2% ao mês, e escolhe deixar todo o seu dinheiro aplicado até que
o montante atinja o valor do carro.
Para ter o carro, João deverá esperar:
(A) dois meses, e terá a quantia exata.
(B) três meses, e terá a quantia exata.
(C) três meses, e ainda sobrarão, aproximadamente, R$ 225,00.
(D) quatro meses, e terá a quantia exata.
(E) quatro meses, e ainda sobrarão, aproximadamente, R$ 430,00.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
ABC DE
7 765 15 5
Habilidade: 1
Para resolver corretamente o problema proposto nessa questão, o participante deve-
ria converter a linguagem do texto para a linguagem matemática, aplicando o conceito de
juros compostos para identificar e utilizar os algoritmos adequados à solução do problema.
A maioria significativa de 65% dos participantes escolheu a alternativa correta. A escolha
por quaisquer dos distratores não permite inferir as causas prováveis do erro cometido.
56 Relatório 2000 Pedagógico
26
A tabela abaixo apresenta algumas das principais causas de mortes no Brasil, distribuídas por região.
Taxa por 10.000 habitantes
Brasil Região Região Região Região Região
KXWYZ
Causas maldefinidas 9 5 15 8 6 6
Causas externas 7 8 5 5 7 9
Neoplasias (cânceres) 6 5 3 3 9 9
Doenças respiratórias 6 4 3 2 8 7
Fonte: Ministério da Saúde, 1996.
São conhecidas ainda as seguintes informações sobre as causas de óbitos:
- A dificuldade na obtenção de informações, a falta de notificação e o acesso precário aos serviços de saúde são fatores relevantes na contabilização
dos óbitos por causas mal definidas.
- O aumento da esperança de vida faz com que haja cada vez mais pessoas com maiores chances de desenvolver algum tipo de câncer.
- As mortes por doenças do aparelho respiratório estão estreitamente associadas à poluição nos grandes centros urbanos.
- Os acidentes de trânsito e os assassinatos representam a quase totalidade das mortes por causas externas.
- A região Norte é a única que apresenta todas as taxas por 10.000 habitantes abaixo da taxa média brasileira.
Levando em consideração essas informações e o panorama social, econômico e ambiental do Brasil, pode-se concluir que as regiões K, X, W, Y e
Z da tabela indicam, respectivamente, as regiões:
(A) Sul, Norte, Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste.
(B) Centro-Oeste, Sudeste, Norte, Nordeste e Sul.
(C) Centro-Oeste, Nordeste, Norte, Sul e Sudeste.
(D) Norte, Nordeste, Sul, Centro-Oeste e Sudeste.
(E) Norte, Sudeste, Centro-Oeste, Nordeste e Sul.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
ABC DE
16 7 52 19 6
Habilidade: 12
Para resolver a situação-problema proposta nessa questão, o participante deveria
mostrar-se capaz de organizar os dados e as informações da tabela e, com seus
conhecimentos, associá-los corretamente para identificar as regiões brasileiras, segundo
as taxas de mortalidade atribuídas às causas maldefinidas ou relacionadas com a qualidade
de vida ou com a saúde. A resolução do problema exigiu atenção na leitura e estrita aplicação
das informações para identificar corretamente a região W como a Norte, pois é a única que
apresenta todos os indicadores com valores abaixo dos indicadores do País como um
todo. Simultaneamente, deveriam considerar que os habitantes da Região Sudeste, vivendo
em sua maior parte nas maiores metrópoles nacionais, estão mais sujeitos à poluição,
aos acidentes de trânsito e aos assassinatos do que o conjunto de habitantes das demais
regiões, ainda que seguidos de perto pelos habitantes da Região Sul. Mais da metade
(52%) dos participantes chegou a essa conclusão e optou pela alternativa correta. O distrator
D, escolhido por 19% dos participantes, posiciona corretamente a Região Sudeste mas,
por exemplo, indica K como Região Norte.
Relatório 2000 Pedagógico 57
27
O gráfico abaixo representa a evolução da quantidade de oxigênio na atmosfera no curso dos tempos geológicos. O número 100 sugere a
quantidade atual de oxigênio na atmosfera, e os demais valores indicam diferentes porcentagens dessa quantidade.
De acordo com o gráfico é correto afirmar que:
(A) as primeiras formas de vida surgiram na ausência de O
2
.
(B) a atmosfera primitiva apresentava 1% de teor de oxigênio.
(C) após o início da fotossíntese, o teor de oxigênio na atmosfera mantém-se estável.
(D) desde o Pré-cambriano, a atmosfera mantém os mesmos níveis de teor de oxigênio.
(E) na escala evolutiva da vida, quando surgiram os anfíbios, o teor de oxigênio atmosférico já se havia estabilizado.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
A BCDE
51 11 10 7 21
Habilidade: 10
Essa questão apresenta, em uma escala de tempo geológica, a evolução da
concentração de oxigênio na atmosfera terrestre. O gráfico explicita que o surgimento da
vida transformou a atmosfera: o oxigênio passa a estar presente e ter uma concentração
crescente a partir somente do surgimento da vida. Dessa forma, supõe-se que os
primeiros seres vivos, produtores de oxigênio molecular, desenvolveram-se em atmosfera
sem esse elemento, ou seja, o oxigênio atmosférico, hoje essencial à vida, é resultado de
vida, não causa primeira. A solução para o problema proposto requeria que o participante
analisasse a coerência entre as várias alternativas apresentadas e as informações
contidas no gráfico. Pouco mais da metade dos participantes (51%) escolheu a alternativa
correta, e um quinto deles foi atraído pela idéia, expressa pela alternativa E, de que o
surgimento dos anfíbios já encontrou a atmosfera estabilizada em termos de seu teor de
oxigênio.
58 Relatório 2000 Pedagógico
28
Os fluxos migratórios humanos, representados nos mapas abaixo, mais do que um deslocamento espacial podem significar uma mudança de
condição social.
Fonte: Adaptado de SANTOS, Regina Bega. Migrações no Brasil. São Paulo: Scipione, 1994.
Analisando-se os mapas, pode-se afirmar que essa mudança ocorreu com:
(A) trabalhadores rurais nordestinos, que migraram para São Paulo nas décadas de 50 e de 60, transformando-se em operários do
setor industrial.
(B) agricultores sulistas, que migraram para o centro-oeste na década de 60, transformando-se em empresários da mineração.
(C) trabalhadores rurais nordestinos, que migraram para a Amazônia na década de 60, transformando-se em grandes proprietários de terras.
(D) moradores das periferias das grandes cidades, que migraram para o interior do país na década de 70 atraídos pelas oportunidades de
emprego nas reservas extrativistas.
(E) pequenos proprietários rurais nordestinos que, na década de 70, migraram para São Paulo para trabalhar como bóias-frias na colheita de
café.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
A BCDE
49 5 52020
Habilidade: 10
Para resolver o problema proposto nessa questão, o participante deveria
demonstrar conhecimentos básicos dos principais fatores responsáveis pelas migrações
humanas no Brasil, no período de 1950 a 1980 e ser capaz de relacioná-los com as
correntes migratórias representadas nos mapas. Cerca de metade (49%) dos
participantes assinalou a alternativa que apresenta as relações corretas. A escolha dos
distratores D e E, que juntos somam 40% das opções, revela possivelmente o
desconhecimento dos fatores de migração nos períodos considerados.
29
O texto abaixo foi extraído de uma crônica de Machado de Assis e refere-se ao trabalho de um escravo.
Um dia começou a guerra do Paraguai e durou cinco anos, João repicava e dobrava, dobrava e repicava pelos mortos e pelas vitórias.
Quando se decretou o ventre livre dos escravos, João é que repicou. Quando se fez a abolição completa, quem repicou foi João. Um
dia proclamou-se a República. João repicou por ela, repicaria pelo Império, se o Império retornasse.
(ASSIS, Machado de. Crônica sobre a morte do escravo João, 1897)
A leitura do texto permite afirmar que o sineiro João:
(A) por ser escravo tocava os sinos, às escondidas, quando ocorriam fatos ligados à Abolição.
(B) não poderia tocar os sinos pelo retorno do Império, visto que era escravo.
(C) tocou os sinos pela República, proclamada pelos abolicionistas que vieram libertá-lo.
(D) tocava os sinos quando ocorriam fatos marcantes porque era costume fazê-lo.
(E) tocou os sinos pelo retorno do Império, comemorando a volta da Princesa Isabel
Relatório 2000 Pedagógico 59
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
ABCD E
9 61663 6
Habilidade: 18
A resolução da questão requeria que o participante vinculasse a idéia cíclica da
repetição de um gesto (tocar o sino) com a indiferença do personagem machadiano diante
das transformações políticas que não alteravam o cotidiano do escravo ou do homem livre
pobre. A maioria (63%) dos participantes assinalou a alternativa correta e 16% deles
optaram pela alternativa C, provavelmente porque vincularam o tocar dos sinos com a
vitória dos abolicionistas, valorizando o significado da abolição para o sineiro escravo,
fazendo uma leitura desatenta do texto.
30
Uma garrafa de vidro e uma lata de alumínio, cada uma contendo 330 mL de refrigerante, são mantidas em um refrigerador pelo mesmo longo período
de tempo. Ao retirá-las do refrigerador com as mãos desprotegidas, tem-se a sensação de que a lata está mais fria que a garrafa.
É correto afirmar que:
(A) a lata está realmente mais fria, pois a capacidade calorífica da garrafa é maior que a da lata.
(B) a lata está de fato menos fria que a garrafa, pois o vidro possui condutividade menor que o alumínio.
(C) a garrafa e a lata estão à mesma temperatura, possuem a mesma condutividade térmica, e a sensação deve-se à diferença nos calores
específicos.
(D) a garrafa e a lata estão à mesma temperatura, e a sensação é devida ao fato de a condutividade térmica do alumínio ser maior que a
do vidro.
(E) a garrafa e a lata estão à mesma temperatura, e a sensação é devida ao fato de a condutividade térmica do vidro ser maior que a do alumínio.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
ABCD E
11 5 10 66 8
Habilidade: 1
Para resolver o problema proposto nessa questão, o participante deveria mostrar
ser capaz de selecionar as variáveis relevantes que podem explicar o fenômeno descrito
pela sensação da lata parecer mais fria do que a garrafa, a saber, temperatura e
condutividade térmica de diferentes materiais. Mais da metade (66%) dos participantes
assinalou a alternativa correta e, possivelmente, a escolha dos distratores pode ser
entendida como compreensão errada da condutividade térmica do alumínio e do vidro.
31
Em 1999, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento elaborou o Relatório do Desenvolvimento Humano, do qual foi extraído o
trecho abaixo.
Nos últimos anos da década de 90, o quinto da população mundial que
vive nos países de renda mais elevada tinha:
86% do PIB mundial, enquanto o quinto de menor renda, apenas
1%;
82% das exportações mundiais, enquanto o quinto de menor
renda, apenas 1%;
74% das linhas telefônicas mundiais, enquanto o quinto de menor
renda, apenas 1,5%;
93,3% das conexões com a Internet, enquanto o quinto de menor
renda, apenas 0,2%.
A distância da renda do quinto da população mundial que vive nos
países mais pobres  que era de 30 para 1, em 1960  passou
para60para 1, em 1990, e chegou a 74 para 1, em 1997.
60 Relatório 2000 Pedagógico
De acordo com esse trecho do relatório, o cenário do desenvolvimento humano mundial, nas últimas décadas, foi caracterizado pela:
(A) diminuição da disparidade entre as nações.
(B) diminuição da marginalização de países pobres.
(C) inclusão progressiva de países no sistema produtivo.
(D) crescente concentração de renda, recursos e riqueza.
(E) distribuição eqüitativa dos resultados das inovações tecnológicas.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
ABCD E
9 31318 17
Habilidade: 18
A resolução dessa questão requeria que o participante interpretasse corretamente
um trecho de um relatório abordando a distribuição de renda, de bens e de serviços de
parcelas da população mundial, com os dados colocados de forma comparativa entre os
países mais ricos e os mais pobres. Os participantes deveriam mostrar a compreensão
das comparações estabelecidas para situá-las no quadro maior do desenvolvimento
humano mundial. A interpretação correta do último parágrafo do trecho citado, abordando
a crescente distância de renda entre ricos e pobres, era especialmente útil para responder
corretamente a questão. A questão mostrou-se de dificuldade mediana, com 58% dos
participantes assinalando a alternativa correta. O distrator B foi o menos escolhido,
revelando, possivelmente, uma percepção comum à maioria dos participantes: não há
diminuição da marginalização dos países pobres. Pode-se ainda supor que os mais de
40% que não optaram pela resposta correta, não têm familiaridade com os conceitos
envolvidos nas alternativas ou, ainda, não puderam trabalhar adequadamente a
comparação desses conceitos com os indicadores expressos no texto, em linguagem
corrente.
32
O autor do texto abaixo critica, ainda que em linguagem metafórica, a sociedade contemporânea em relação aos seus hábitos alimentares.
Vocês que têm mais de 15 anos, se lembram quando a gente comprava leite em garrafa, na leiteria da esquina? (...)
Mas vocês não se lembram de nada, pô! Vai ver nem sabem o que é vaca. Nem o que é leite. Estou falando isso porque agora mesmo
peguei um pacote de leite  leite em pacote, imagina, Tereza!  na porta dos fundos e estava escrito que é pasterizado, ou
pasteurizado, sei lá, tem vitamina, é garantido pela embromatologia, foi enriquecido e o escambau.
Será que isso é mesmo leite? No dicionário diz que leite é outra coisa: Líquido branco, contendo água, proteína, açúcar e sais
minerais. Um alimento pra ninguém botar defeito. O ser humano o usa há mais de 5.000 anos. É o único alimento só alimento. A carne
serve pro animal andar, a fruta serve pra fazer outra fruta, o ovo serve pra fazer outra galinha (...) O leite é só leite. Ou toma ou bota
fora.
Esse aqui examinando bem, é só pra botar fora. Tem chumbo, tem benzina, tem mais água do que leite, tem serragem, sou capaz de
jurar que nem vaca tem por trás desse negócio.
Depois o pessoal ainda acha estranho que os meninos não gostem de leite. Mas, como não gostam? Não gostam como? Nunca
tomaram! Múúúúúúú!
(FERNANDES, Millôr. O Estado de S. Paulo, 22 de agosto de 1999)
A crítica do autor é dirigida:
(A) ao desconhecimento, pelas novas gerações, da importância do gado leiteiro para a economia nacional.
(B) à diminuição da produção de leite após o desenvolvimento de tecnologias que têm substituído os produtos naturais por produtos artificiais.
(C) à artificialização abusiva de alimentos tradicionais, com perda de critério para julgar sua qualidade e sabor.
(D) à permanência de hábitos alimentares a partir da revolução agrícola e da domesticação de animais iniciada há 5.000 anos.
(E) à importância dada ao pacote de leite para a conservação de um produto perecível e que necessita de aperfeiçoamento tecnológico.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
ABC DE
41773 2 4
Habilidade: 12
Relatório 2000 Pedagógico 61
Para responder à questão, o participante deveria mostrar ser capaz de interpretar o
texto para inferir a intenção do autor em fazer uma crítica ao excesso de artificialização de
alimentos, usando em seu texto, o leite, um dos mais tradicionais. A significativa maioria
dos participantes (73%) conseguiu perceber a intenção do autor. As demais respostas,
possivelmente, revelam apenas uma compreensão literal do texto.
33
A palavra embromatologia usada pelo autor é:
(A) um termo científico que significa estudo dos bromatos.
(B) uma composição do termo de gíria embromação (enganação) com bromatologia, que é o estudo dos alimentos.
(C) uma junção do termo de gíria embromação (enganação) com lactologia, que é o estudo das embalagens para leite.
(D) um neologismo da química orgânica que significa a técnica de retirar bromatos dos laticínios.
(E) uma corruptela de termo da agropecuária que significa a ordenha mecânica.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
A B CD E
11 51 20 12 5
Habilidade: 18
A resolução da questão requeria que o participante, ao ler o texto, vinculasse o
significado de um termo de gíria  embromação  com o da palavra bromatologia. A
resposta correta exigia que o participante não abrisse mão do sabor picante contido na
linguagem metafórica, sabor vinculado ao conhecimento específico contido na palavra
bromatologia. Cerca de metade dos participantes (51%) optou pela alternativa correta e
os 20% que escolheram a alternativa C provavelmente associaram a referência feita no
texto ao leite em pacote.
34
O gráfico abaixo refere-se às variações das concentrações de poluentes na atmosfera, no decorrer de um dia útil, em um grande centro urbano.
(Adaptado de NOVAIS, Vera. Ozônio: aliado ou inimigo. São Paulo: Scipione,1998)
As seguintes explicações foram dadas para essas variações:
I A concentração de NO diminui, e a de NO
2
aumenta em razão da conversão de NO em NO
2
.
II A concentração de monóxido de carbono no ar está ligada à maior ou à menor intensidade de tráfego.
III Os veículos emitem óxidos de nitrogênio apenas nos horários de pico de tráfego do período da manhã.
IV Nos horários de maior insolação, parte do ozônio da estratosfera difunde-se para camadas mais baixas da atmosfera.
Dessas explicações, são plausíveis somente:
(A) I e II.
(B) I e III.
(C) II e III.
(D) II e IV.
(E) III e IV.
62 Relatório 2000 Pedagógico
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
A BCDE
27 41746 6
Habilidade: 16
A resposta correta a essa questão requeria do participante o conhecimento do
fenômeno da poluição atmosférica e a interpretação das variáveis que afetam esse
fenômeno cujo comportamento está descrito por um gráfico. Somente 27% do
participantes demonstraram possuir tais habilidades. No entanto, 46% deles
demonstraram apenas parcialmente esses conhecimentos, ainda que não tenham
conseguido interpretar a presença de ozônio na baixa camada atmosférica.
35
Os textos abaixo relacionam-se a momentos distintos da nossa história.
A integração regional é um instrumento fundamental para que um número cada vez maior de países possa melhorar a sua
inserção num mundo globalizado, já que eleva o seu nível de competitividade, aumenta as trocas comerciais, permite o
aumento da produtividade, cria condições para um maior crescimento econômico e favorece o aprofundamento dos processos
democráticos.
A integração regional e a globalização surgem assim como processos complementares e vantajosos.
(Declaração de Porto, VIII Cimeira Ibero-Americana, Porto, Portugal, 17 e 18 de outubro de 1998)
Um considerável número de mercadorias passou a ser produzido no Brasil, substituindo o que não era possível ou era muito
caro importar. Foi assim que a crise econômica mundial e o encarecimento das importações levaram o governo Vargas a criar
as bases para o crescimento industrial brasileiro.
(POMAR, Wladimir. Era Vargas  a modernização conservadora)
É correto afirmar que as políticas econômicas mencionadas nos textos são:
(A) opostas, pois, no primeiro texto, o centro das preocupações são as exportações e, no segundo, as importações.
(B) semelhantes, uma vez que ambos demonstram uma tendência protecionista.
(C) diferentes, porque, para o primeiro texto, a questão central é a integração regional e, para o segundo, a política de substituição de
importações.
(D) semelhantes, porque consideram a integração regional necessária ao desenvolvimento econômico.
(E) opostas, pois, para o primeiro texto, a globalização impede o aprofundamento democrático e, para o segundo, a globalização é geradora da
crise econômica.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
ABC DE
8 956 17 9
Habilidade: 20
Para resolver a questão, o participante deveria mostrar ser capaz de identificar os
pressupostos de dois textos cujos fundamentos são diferentes. Mais da metade dos
participantes (56%) conseguiu compreender corretamente a diferença das posições
contidas nas citações. Os conhecimentos específicos sobre o período histórico,
especialmente da era Vargas poderiam auxiliar a compreensão de um dos textos, mas
não eram indispensáveis. Os 17% que optaram pela alternativa D provavelmente não
leram com atenção os enunciados, prendendo-se a uma idéia muito discutida atualmente,
que é a da integração regional.
Relatório 2000 Pedagógico 63
36
O esquema abaixo representa os diversos meios em que se alimentam aves, de diferentes espécies, que fazem ninho na mesma região.
Com base no esquema, uma classe de alunos procurou identificar a possível existência de competição alimentar entre essas aves e concluiu que:
(A) não há competição entre os quatro tipos de aves porque nem todas elas se alimentam nos mesmos locais.
(B) não há competição apenas entre as aves dos tipos 1, 2 e 4 porque retiram alimentos de locais exclusivos.
(C) há competição porque a ave do tipo 3 se alimenta em todos os lugares e, portanto, compete com todas as demais.
(D) há competição apenas entre as aves 2 e 4 porque retiram grande quantidade de alimentos de um mesmo local.
(E) não se pode afirmar se há competição entre as aves que se alimentam em uma mesma região sem conhecer os tipos de alimentos
que consomem.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
ABCDE
5 3461037
Habilidade: 11
O enunciado e as alternativas dessa questão contrastaram os conceitos de habitat
e de nicho ecológico, expressos em linguagem gráfica e científica. O esquema mostra que
diferentes espécies de aves valem-se de áreas mais ou menos comuns para obtenção de
alimento, abrigo e reprodução; as alternativas são opções para uma interpretação do
esquema que responda à pergunta: há competição entre as aves? Para responder
corretamente, o participante deveria avaliar os argumentos em relação à possibilidade de
competição alimentar entre as aves. Somente 37% dos participantes argumentaram que
não há, necessariamente, competição entre as aves, aceitando o pressuposto de que os
hábitos alimentares das aves e tipos de alimentos disponíveis nas regiões podem ser
diferentes. A alternativa C atraiu 46% dos participantes. O esquema efetivamente permite
visualizar a abrangência da ave tipo 3, que não só ocupa locais comuns a outras aves
como locais que estas não alcançam. Mas o enunciado dessa alternativa afirma que há,
obrigatoriamente, competição alimentar. Na verdade, poderia haver competição desde
que as aves dependessem do mesmo tipo de alimento, o que não é explicitado.
64 Relatório 2000 Pedagógico
O ferro pode ser obtido a partir da hematita, minério rico em óxido de ferro, pela reação com carvão e oxigênio. A tabela a seguir apresenta dados
da análise de minério de ferro (hematita) obtido de várias regiões da Serra de Carajás.
Minério da
Teor de enxofre Teor de ferro Teor de sílica
região
(S) / % em (Fe) / % em (SiO
2
)
/ % em
massa massa massa
1 0,019 63,5 0,97
2 0,020 68,1 0,47
3 0,003 67,6 0,61
Fonte: ABREU, S. F. Recursos minerais do Brasil, vol. 2.
São Paulo: Edusp, 1973
37
No processo de produção do ferro, dependendo do minério utilizado, forma-se mais ou menos SO
2
, um gás que contribui para o aumento da
acidez da chuva. Considerando esse impacto ambiental e a quantidade de ferro produzida, pode-se afirmar que seria mais conveniente o
processamento do minério da(s) região(ões):
(A) 1, apenas.
(B) 2, apenas.
(C) 3, apenas.
(D) 1 e 3, apenas.
(E) 2 e 3, apenas.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
ABC DE
91649 12 15
Habilidade: 17
O problema proposto requeria que o participante compreendesse as informações
dadas sobre aspectos ligados à produção do ferro e suas implicações ambientais e
tomasse decisões em face das informações e dos dados contidos na tabela. Praticamente
metade (49%) dos participantes demonstrou possuir as habilidades solicitadas. As
respostas às alternativas incorretas não evidenciam aspectos passíveis de análise.
38
No processo de produção do ferro, a sílica é removida do minério por reação com calcário (CaCO
3
). Sabe-se, teoricamente (cálculo
estequiométrico), que são necessários 100 g de calcário para reagir com 60 g de sílica.
Dessa forma, pode-se prever que, para a remoção de toda a sílica presente em 200 toneladas do minério na região 1, a massa de calcário
necessária é, aproximadamente, em toneladas, igual a:
(A) 1,9.
(B) 3,2.
(C) 5,1.
(D) 6,4.
(E) 8,0.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
A B CD E
18 49 10 14 9
Habilidade: 17
Para responder corretamente a essa questão, o participante deveria utilizar as
informações e dados contidos no enunciado e, com algoritmos simples, efetuar os
cálculos necessários para estimar a massa de calcário. Cerca de metade (49%) dos
participantes assinalou a resposta correta e as opções pelos outros distratores não evidenciam
análises plausíveis.
Relatório 2000 Pedagógico 65
Um apostador tem três opções para participar de certa modalidade de jogo, que consiste no sorteio aleatório de um número dentre dez.
1
a
opção: comprar três números para um único sorteio.
2
a
opção: comprar dois números para um sorteio e um número para um segundo sorteio.
3
a
opção: comprar um número para cada sorteio, num total de três sorteios.
39
Se X, Y, Z representam as probabilidades de o apostador ganhar algum prêmio, escolhendo, respectivamente, a 1
a
, a 2
a
ou a 3
a
opções, é correto
afirmar que:
(A) X < Y < Z.
(B) X = Y = Z.
(C) X >Y = Z.
(D) X = Y > Z.
(E) X > Y > Z.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
ABCDE
14 24 8 6 48
Habilidade: 15
O problema proposto requeria do candidato a compreensão do caráter aleatório da
situação descrita e o conhecimento básico de uma estimativa de probabilidade como o
quociente entre o número de situações favoráveis e o número total de possibilidades de
ocorrência do evento ganhar algum prêmio aplicado a cada uma das opções apresentadas.
Quarenta e oito por cento dos participantes mostraram ter essa compreensão; o mesmo,
possivelmente, não ocorreu para aqueles que optaram pelo distrator B, que afirma serem
iguais as probabilidades, quaisquer que sejam as opções.
40
Escolhendo a 2
a
opção, a probabilidade de o apostador não ganhar em qualquer dos sorteios é igual a:
(A) 90%.
(B) 81%.
(C) 72%.
(D) 70%.
(E) 65%.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
ABC DE
16 16 16 36 15
Habilidade: 15
O problema proposto requeria do candidato que, além de ter o conhecimento básico
de estimativa de uma probabilidade, deveria compreender o conceito de ocorrências
simultâneas e independência de eventos e os algoritmos para o cálculo de suas
probabilidades. Somente 16% dos participantes assinalaram a resposta correta e,
provavelmente, quem optou pelo distrator D calculou a probabilidade de ganhar o prêmio
em um sorteio, somou com a probabilidade de ganhar o prêmio em um segundo sorteio,
subtraindo esse valor de 1, supondo estar trabalhando corretamente com o complementar
do evento considerado.
66 Relatório 2000 Pedagógico
Um boato tem um público-alvo e alastra-se com determinada rapidez. Em geral, essa rapidez é diretamente proporcional ao número de pessoas
desse público que conhecem o boato e diretamente proporcional também ao número de pessoas que não o conhecem. Em outras palavras, sendo
R a rapidez de propagação, P o público-alvo e x o número de pessoas que conhecem o boato, tem-se:
R(x) = k.x.(P-x), onde k é uma constante positiva característica do boato.
41
O gráfico cartesiano que melhor representa a função R(x), para x real, é:
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
ABCDE
20 23 14 11 32
Habilidade: 2
Essa questão requeria do candidato o conhecimento básico da representação de
uma função em um gráfico cartesiano, e da identificação da função dada no enunciado
como uma função quadrática. Apenas 32% dos participantes assinalaram a alternativa
correta. Provavelmente, quem optou pelo distrator A considerou a variável x discreta
como explicitada no texto, e não real, como solicitado na representação. Quem optou por
B, revelou, possivelmente, a não compreensão do comportamento da rapidez de
propagação de um boato como foi descrito no enunciado.
42
Considerando o modelo acima descrito, se o público-alvo é de 44.000 pessoas, então a máxima rapidez de propagação ocorrerá quando o boato for
conhecido por um número de pessoas igual a:
(A) 11.000.
(B) 22.000.
(C) 33.000.
(D) 38.000.
(E) 44.000.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
A B CD E
10 36 6 8 41
Habilidade: 2
Relatório 2000 Pedagógico 67
Para resolver essa questão, o candidato deveria aplicar corretamente o conceito de
velocidade ou o de valor máximo de uma função. Somente 36% dos participantes
assinalaram a resposta correta. O distrator E foi escolhido, provavelmente, por quem
associou erroneamente a máxima rapidez de propagação do boato com número máximo de
pessoas que conhecem o boato.
43
Uma empresa de transporte armazena seu combustível em um reservatório cilíndrico enterrado horizontalmente. Seu conteúdo é medido com uma
vara graduada em vinte intervalos, de modo que a distância entre duas graduações consecutivas representa sempre o mesmo volume.
A ilustração que melhor representa a distribuição das graduações na vara é:
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
A BCDE
21 961 4 5
Habilidade: 14
Essa questão requeria do participante o conhecimento do conceito básico de volume
de um sólido regular e do comportamento da variação de volume de seções
horizontais de um cilindro. Apenas 21% dos participantes optaram pela alternativa correta.
A grande atração (61%) pelo distrator C, provavelmente, deu-se pela identificação errônea
da frase do texto  a distância entre duas graduações consecutivas representa sempre o
mesmo volume  e sua representação, com o comportamento da variação do volume.
44
Em uma empresa, existe um galpão que precisa ser dividido em três depósitos e um hall de entrada de 20 m
2
, conforme a figura abaixo. Os
depósitos I, II e III serão construídos para o armazenamento de, respectivamente, 90, 60 e 120 fardos de igual volume, e suas áreas devem ser
proporcionais a essas capacidades.
68 Relatório 2000 Pedagógico
A largura do depósito III dever ser, em metros, igual a:
(A) 1. (B) 2. (C) 3. (D) 4. (E) 5.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
ABCD E
3 71351 26
Habilidade: 4
Para resolver o problema proposto, o participante deveria utilizar os conceitos
básicos de proporcionalidade e de área, converter a linguagem do texto em linguagem
matemática e aplicar os algoritmos pertinentes. Cerca de metade (51%) dos participantes
assinalou a resposta correta. Os que optaram pelo distrator E, provavelmente, tentaram
obter a medida solicitada diretamente da figura.
45
O continente africano há muito tempo desafia os geólogos porque toda a sua metade meridional, a que fica ao sul, ergue-se a mais de
1.000 metros sobre o nível do mar. (...) Uma equipe de pesquisadores apresentou uma solução desse desafio sugerindo a existência
de um esguicho de lava subterrânea empurrando o planalto africano de baixo para cima.
(Adaptado de Revista Superinteressante. São Paulo: Abril,
novembro de 1998, p. 12)
Considerando a formação do relevo terrestre, é correto afirmar, com base no texto, que a solução proposta é:
(A) improvável, porque as formas do relevo terrestre não se modificam há milhões de anos.
(B) pouco fundamentada, pois as forças externas, como as chuvas e o vento, são as principais responsáveis pelas formas de relevo.
(C) plausível, pois as formas do relevo resultam da ação de forças internas e externas, sendo importante avaliar os movimentos mais
profundos no interior da Terra.
(D) plausível, pois a mesma justificativa foi comprovada nas demais regiões da África.
(E) injustificável, porque os movimentos mais profundos no interior da Terra não interferem nos acidentes geográficos que aparecem na sua
superfície.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
ABC DE
31772 3 5
Habilidade: 13
Ao assinalar a alternativa correta, a maioria significativa dos participantes (72%)
reconheceu a plausibilidade da hipótese apresentada no texto raiz e agregou um
argumento cientificamente aceitável. Deste modo, também demonstraram conhecer a
importância de fenômenos internos e externos à crosta terrestre para a formação dos
relevos. Pelo fato de B ter sido a alternativa incorreta mais escolhida, pode-se supor que
uma parcela significativa dos participantes desconhece que os processos terrestres
internos são fatores importantes na constituição do relevo.
Relatório 2000 Pedagógico 69
46
Em muitos jornais, encontramos charges, quadrinhos, ilustrações, inspirados nos fatos noticiados. Veja um exemplo:
Jornal do Commercio, 22/8/93
O texto que se refere a uma situação semelhante à que inspirou a charge é:
(A) Descansem o meu leito solitário
Na floresta dos homens esquecida,
À sombra de uma cruz, e escrevam nela
 Foi poeta  sonhou  e amou na vida.
(AZEVEDO, Álvares de. Poesias escolhidas. Rio de Janeiro/Brasília: José Aguilar/INL,1971)
(B) Essa cova em que estás
Com palmos medida,
é a conta menor
que tiraste em vida.
É de bom tamanho,
Nem largo nem fundo,
É a parte que te cabe
deste latifúndio.
(MELO NETO, João Cabral de. Morte e Vida Severina e outros poemas em voz alta. Rio de Janeiro: Sabiá, 1967)
(C) Medir é a medida
mede
A terra, medo do homem, a lavra;
lavra
duro campo, muito cerco, vária várzea.
(CHAMIE, Mário. Sábado na hora da escutas. São Paulo: Summums, 1978)
(D) Vou contar para vocês
um caso que sucedeu
na Paraíba do Norte
com um homem que se chamava
Pedro João Boa-Morte,
lavrador de Chapadinha:
talvez tenha morte boa
porque vida ele não tinha.
(GULLAR, Ferreira. Toda poesia. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1983)
(E) Trago-te flores,  restos arrancados
Da terra que nos viu passar
E ora mortos nos deixa e separados.
(ASSIS, Machado de. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguillar, 1986)
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
A B CD E
10 72 5 5 9
Habilidade: 5
O alto índice de acerto (72%) revelou a capacidade dos participantes de não só
contextualizar o problema em foco, mas também de estabelecer relações de sentido entre
diferentes linguagens, ou seja, de lidar com a intertextualidade. As relações incorretas que
foram estabelecidas, possivelmente, são devidas mais à falta de capacidade de
contextualização do que de estabelecimento de relações temáticas.
70 Relatório 2000 Pedagógico
47
Um dos grandes problemas das regiões urbanas é o acúmulo de lixo sólido e sua disposição. Há vários processos para a disposição do lixo, dentre
eles o aterro sanitário, o depósito a céu aberto e a incineração. Cada um deles apresenta vantagens e desvantagens.
Considere as seguintes vantagens de métodos de disposição do lixo:
I diminuição do contato humano direto com o lixo;
II produção de adubo para agricultura;
III baixo custo operacional do processo;
IV redução do volume de lixo.
A relação correta entre cada um dos processos para a disposição do lixo e as vantagens apontadas é:
Aterro sanitário Depósito a céu Incineração
aberto
(A) I II I
(B) I III IV
(C) II IV I
(D) II I IV
(E) III II I
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
A B CD E
7 70 7 8 8
Habilidade: 16
A situação-problema proposta nessa questão requeria do participante o conhecimento
das perturbações ambientais decorrentes do lixo e a tomada de decisões sobre possíveis
soluções. A significativa maioria de 70% dos participantes assinalou a resposta correta. A
opção pelos distratores não permite análises plausíveis dos erros.
48
No Brasil, mais de 66 milhões de pessoas beneficiam-se hoje do abastecimento de água fluoretada, medida que vem reduzindo,
em cerca de 50%, a incidência de cáries. Ocorre, entretanto, que profissionais da saúde muitas vezes prescrevem flúor oral ou
complexos vitamínicos com flúor para crianças ou gestantes, levando à ingestão exagerada da substância. O mesmo ocorre com o uso
abusivo de algumas marcas de água mineral que contêm flúor. O excesso de flúor - fluorose - nos dentes pode ocasionar desde efeitos
estéticos até defeitos estruturais graves.
Foram registrados casos de fluorose tanto em cidades com água fluoretada pelos poderes públicos como em outras, abastecidas
por lençóis freáticos que naturalmente contêm flúor.
(Adaptado da Revista da Associação Paulista de Cirurgiões Dentistas - APCD, vol. 53, nº.1, jan./fev. 1999)
Com base nesse texto, são feitas as afirmações abaixo.
I A fluoretação da água é importante para a manutenção do esmalte dentário, porém não pode ser excessiva.
II Os lençóis freáticos citados contêm compostos de flúor, em concentrações superiores às existentes na água tratada.
III As pessoas que adquiriram fluorose podem ter utilizado outras fontes de flúor além da água de abastecimento público, como, por exemplo,
cremes dentais e vitaminas com flúor.
Pode-se afirmar que, apenas:
(A) I é correta.
(B) II é correta.
(C) III é correta.
(D) I e III são corretas.
(E) II e III são corretas.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
ABCD E
11 3 8 68 10
Habilidade: 9
Relatório 2000 Pedagógico 71
Nessa questão, a leitura do texto informava sobre o papel do flúor na prevenção de
cáries dentárias, assim como dos possíveis efeitos danosos de seu uso em excesso. O
participante deveria, portanto, analisar as afirmações apresentadas do ponto de vista de
sua coerência com o texto. Assim, esperava-se que ele identificasse a fluorose como o
excesso de flúor, além de não confundir lençóis freáticos com água mineral. Um
percentual expressivo (68%) de participantes identificou corretamente a função do flúor e
as razões do excesso, e não houve atração significativa pelas alternativas incorretas.
49
Determinada Estação trata cerca de 30.000 litros de água por segundo. Para evitar riscos de fluorose, a concentração máxima de fluoretos nessa
água não deve exceder a cerca de 1,5 miligrama por litro de água.
A quantidade máxima dessa espécie química que pode ser utilizada com segurança, no volume de água tratada em uma hora, nessa Estação, é:
(A) 1,5 kg. (B) 4,5 kg. (C) 96 kg. (D) 124 kg. (E) 162 kg.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
ABCDE
16 29 15 9 31
Habilidade: 9
Essa questão trata da análise do uso de flúor na água, nesse caso, diferente da
questão 48, do ponto de vista quantitativo. A partir da concentração máxima de flúor
recomendável para a água tratada, o participante deveria obter, por proporcionalidade direta,
a quantidade de flúor a ser utilizada em uma estação de tratamento de água. Mesmo em se
tratando de operação direta de proporcionalidade, (regra de três), menos de um terço dos
participantes (31%) fez a opção correta. Possivelmente a causa de alguma dificuldade poderia
ser explicada pela necessidade de efetuar uma conversão de segundo em hora, ao se
considerar o intervalo de tempo solicitado, o que pode não ter sido percebido até por possível
superficialidade na leitura do enunciado. Uma indicação de que isto pode ter ocorrido é a
incidência relativamente alta (29%) na alternativa B que corresponde a uma simples e
equivocada multiplicação entre os números presentes no enunciado da questão.
50
O esquema ilustra o processo de obtenção do álcool etílico a partir da cana-de-açúcar.
Em 1996, foram produzidos no Brasil 12 bilhões de litros de álcool. A quantidade de cana-de-açúcar, em toneladas, que teve de ser colhida para esse
fim, foi aproximadamente:
(A) 1,7 x 10
8
. (B) 1,2 x 10
9
. (C) 1,7 x 10
9
. (D) 1,2 x 10
10
. (E) 7,0 x 10
10
.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
A BCDE
37 14 19 20 10
Habilidade: 17
72 Relatório 2000 Pedagógico
A resolução do problema proposto requeria do participante a utilização de
raciocínio envolvendo proporcionalidade e a realização de cálculos ligados à produção de
álcool no Brasil, com dados fornecidos pelo esquema e pelo texto. Tal como na questão
49, esses cálculos envolviam a conversão de unidades (nesse caso, quilograma para tonelada).
Apenas 37% dos participantes assinalaram a alternativa correta para a solução de um problema
que envolve somente conceitos básicos para o nível de escolaridade dos participantes.
51
Para compreender o processo de exploração e o consumo dos recursos petrolíferos, é fundamental conhecer a gênese e o processo de formação
do petróleo descritos no texto abaixo.
O petróleo é um combustível fóssil, originado provavelmente de restos de vida aquática acumulados no fundo dos oceanos primitivos
e cobertos por sedimentos. O tempo e a pressão do sedimento sobre o material depositado no fundo do mar transformaram esses
restos em massas viscosas de coloração negra denominadas jazidas de petróleo.
(Adaptado de TUNDISI. Usos de energia. São Paulo: Atual Editora, 1991)
As informações do texto permitem afirmar que:
(A) o petróleo é um recurso energético renovável a curto prazo, em razão de sua constante formação geológica.
(B) a exploração de petróleo é realizada apenas em áreas marinhas.
(C) a extração e o aproveitamento do petróleo são atividades não poluentes dada sua origem natural.
(D) o petróleo é um recurso energético distribuído homogeneamente, em todas as regiões, independentemente da sua origem.
(E) o petróleo é um recurso não renovável a curto prazo, explorado em áreas continentais de origem marinha ou em áreas
submarinas.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
ABCDE
6 8 4 577
Habilidade: 8
Para resolver o problema proposto nessa questão, o participante deveria
identificar, no texto apresentado, os aspectos correspondentes ao processo de formação
do petróleo e reconhecê-lo como uma fonte de energia não renovável a curto prazo, uma
vez que sua formação requer um longo intervalo de tempo, além de identificar sua origem
em restos de vida aquática acumulados em oceanos primitivos. Da mesma forma, a
análise das várias alternativas deveria levar o participante a desconsiderar outros
aspectos relativos ao petróleo não mencionados no texto. Mais de três quartos dos
participantes (77%) assinalaram a alternativa correta. Nenhuma outra alternativa
ofereceu qualquer atração significativa.
O texto abaixo, de John Locke (1632-1704), revela algumas características de uma determinada corrente de pensamento.
Se o homem no estado de natureza é tão livre, conforme dissemos, se é senhor absoluto da sua própria pessoa e posses, igual ao
maior e a ninguém sujeito, por que abrirá ele mão dessa liberdade, por que abandonará o seu império e sujeitar-se-á ao domínio e
controle de qualquer outro poder?
Ao que é óbvio responder que, embora no estado de natureza tenha tal direito, a utilização do mesmo é muito incerta e está
constantemente exposto à invasão de terceiros porque, sendo todos senhores tanto quanto ele, todo homem igual a ele e, na maior
parte, pouco observadores da eqüidade e da justiça, o proveito da propriedade que possui nesse estado é muito inseguro e muito
arriscado. Estas circunstâncias obrigam-no a abandonar uma condição que, embora livre, está cheia de temores e perigos constantes;
e não é sem razão que procura de boa vontade juntar-se em sociedade com outros que estão já unidos, ou pretendem unir-se, para a
mútua conservação da vida, da liberdade e dos bens a que chamo de propriedade.
(Os Pensadores. São Paulo: Nova Cultural, 1991)
52
Do ponto de vista político, podemos considerar o texto como uma tentativa de justificar:
(A) a existência do governo como um poder oriundo da natureza.
(B) a origem do governo como uma propriedade do rei.
(C) o absolutismo monárquico como uma imposição da natureza humana.
(D) a origem do governo como uma proteção à vida, aos bens e aos direitos.
(E) o poder dos governantes, colocando a liberdade individual acima da propriedade.
Relatório 2000 Pedagógico 73
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
ABCD E
8 61945 21
Habilidade: 21
Essa questão requeria do participante o estabelecimento da relação entre as teses
de John Locke, autor do texto raiz, e os argumentos oferecidos nas alternativas para
sustentá-las. Apenas 45% dos participantes estabeleceram a relação correta. As
alternativas C e E, restritas às idéias questionadas por Locke, atraíram, respectivamente,
19% e 21% dos participantes, o que, possivelmente, indica alguma dificuldade de
trabalhar com a leitura do texto argumentativo e de perceber o encaminhamento da crítica
do autor às liberdades individuais e ao absolutismo monárquico.
53
Analisando o texto, podemos concluir que se trata de um pensamento:
(A) do liberalismo.
(B) do socialismo utópico.
(C) do absolutismo monárquico.
(D) do socialismo científico.
(E) do anarquismo.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
A BCDE
39 19 25 11 6
Habilidade: 20
A resposta correta para o problema proposto requeria do participante uma leitura
atenta do texto e seu conhecimento, básico, das características do liberalismo. Apenas
39% dos participantes assinalaram a alternativa correta. A dificuldade de inúmeros
participantes, expressa pelos percentuais de opção pelos distratores, provavelmente
encontra sua justificativa na forma aparentemente ambígua com que se apresenta a
reflexão do autor do texto.
54
O suco extraído do repolho roxo pode ser utilizado como indicador do caráter ácido (pH entre 0 e 7) ou básico (pH entre 7 e 14) de diferentes
soluções. Misturando-se um pouco de suco de repolho e da solução, a mistura passa a apresentar diferentes cores, segundo sua natureza ácida
ou básica, de acordo com a escala abaixo.
Algumas soluções foram testadas com esse indicador, produzindo os seguintes resultados:
Material Cor
I Amoníaco Verde
II Leite de magnésia Azul
III Vinagre Vermelho
IV Leite de vaca Rosa
74 Relatório 2000 Pedagógico
De acordo com esses resultados, as soluções I, II, III e IV têm, respectivamente, caráter:
(A) ácido/básico/básico/ácido.
(B) ácido/básico/ácido/básico.
(C) básico/ácido/básico/ácido.
(D) ácido/ácido/básico/básico.
(E) básico/básico/ácido/ácido.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
ABCDE
316 3 870
Habilidade: 3
A solução do problema proposto solicitava do participante a interpretação de dados
experimentais associados a uma escala de cores correspondentes às naturezas ácida ou
básica de misturas. A maioria significativa (70%) dos participantes optou pela alternativa
correta. O fato de o texto apresentar os valores do pH de soluções ácidas e básicas
dificulta a análise da escolha da alternativa B por parte de 16% dos participantes.
55
Utilizando-se o indicador citado em sucos de abacaxi e de limão, pode-se esperar como resultado as cores:
(A) rosa ou amarelo.
(B) vermelho ou roxo.
(C) verde ou vermelho.
(D) rosa ou vermelho.
(E) roxo ou azul.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
ABCD E
10 6 12 63 9
Habilidade: 3
Nessa questão, tal como na de número 54, o participante deveria aplicar os
indicadores do enunciado para as misturas propostas. A maioria dos participantes
(63%) respondeu corretamente, valendo para os distratores as mesmas observações
feitas na análise da questão anterior.
56
O quadrinho publicado na revista Newsweek (23/9/1991) ilustra o desespero dos cartógrafos para desenhar o novo mapa-múndi diante das
constantes mudanças de fronteiras.
Relatório 2000 Pedagógico 75
Levando em consideração o contexto da época em que a charge foi publicada, dentre as frases abaixo, a que melhor completa o texto da fala,
propondo outra correção no mapa, é:
(A) A Albânia já não faz parte da Europa.
(B) O número de países só está diminuindo.
(C) Cuba já não faz parte do Terceiro Mundo.
(D) O Kasaquistão acabou de declarar independência.
(E) Vamos ter de dividir a Alemanha novamente.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
ABCD E
19 7 10 37 27
Habilidade: 21
A solução para o problema proposto nessa questão requeria do participante a
inferência de informações, a partir do enunciado, dos elementos da charge e de seus
conhecimentos básicos sobre a geopolítica atual. Apenas 37% dos participantes
mostraram tal compreensão. O fato de 27% dos participantes terem escolhido a
alternativa E pode ser explicado porque no enunciado da questão encontrava-se a
informação da data de publicação da charge, cerca de dois anos após a reunificação
alemã o que, possivelmente, atraiu esses participantes.
57
O uso do pronome átono no início das frases é destacado por um poeta e por um gramático nos textos abaixo.
Pronominais
Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco
da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro
(ANDRADE, Oswald de. Seleção de textos. São Paulo:
Nova Cultural, 1988)
Iniciar a frase com pronome átono só é lícito na conversação familiar, despreocupada, ou na língua escrita quando se deseja
reproduzir a fala dos personagens (...).
(CEGALLA, Domingos Paschoal. Novíssima gramática da língua portuguesa. São Paulo: Nacional, 1980)
Comparando a explicação dada pelos autores sobre essa regra, pode-se afirmar que ambos:
(A) condenam essa regra gramatical.
(B) acreditam que apenas os esclarecidos sabem essa regra.
(C) criticam a presença de regras na gramática.
(D) afirmam que não há regras para uso de pronomes.
(E) relativizam essa regra gramatical.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
ABCDE
924 9 552
Habilidade: 6
Essa questão pretendia verificar como o participante analisa um fato lingüístico,
mediante a comparação da descrição desse fato em dois textos. Sabe-se que,
normalmente em situação escolar, o uso do pronome átono no início da frase é julgado
como grave desvio gramatical, e pouco se analisa esse uso na fala ou escrita informal. Os
dois autores dos textos, com intenções diferentes, relativizam essa regra gramatical,
destacando e descrevendo o seu uso coloquial. A maioria dos participantes (52%)
76 Relatório 2000 Pedagógico
analisou e comparou corretamente as posições dos autores sobre o uso do pronome
átono, e 24% deles reafirmaram a posição discriminatória da regra, deslocando-a de seu
uso.
58
O Brasil, em 1997, com cerca de 160 X 10
6
habitantes, apresentou um consumo de energia da ordem de 250.000 TEP (tonelada equivalente de
petróleo), proveniente de diversas fontes primárias.
O grupo com renda familiar de mais de vinte salários mínimos representa 5% da população brasileira e utiliza cerca de 10% da energia total
consumida no país.
O grupo com renda familiar de até três salários mínimos representa 50% da população e consome 30% do total de energia.
Com base nessas informações, pode-se concluir que o consumo médio de energia para um indivíduo do grupo de renda superior é
x vezes maior
do que para um indivíduo do grupo de renda inferior. O valor aproximado de x é:
(A) 2,1.
(B) 3,3.
(C) 6,3.
(D) 10,5.
(E) 12,7.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
A B CD E
12 40 21 20 7
Habilidade: 3
Para resolver o problema proposto, o participante deveria converter o texto em
linguagem matemática, utilizar os conceitos de percentagem e consumo médio e
selecionar corretamente as variáveis a serem comparadas. Apenas 40% dos participantes
assinalaram a resposta correta. Os altos índices de escolha dos distratores revelam,
possivelmente, desatenção na leitura ou emprego incorreto dos conceitos (básicos)
envolvidos.
59
As histórias em quadrinhos, por vezes, utilizam animais como personagens e a eles
atribuem comportamento humano. O gato Garfield é exemplo desse fato.
Fonte: Caderno Vida e Arte, Jornal do Povo, Fortaleza.
Van Gogh, pintor holandês nascido em 1853, é um dos principais nomes da pintura mundial. É dele o quadro abaixo.
Auto-retrato de orelha cortada
O 3º quadrinho sugere que Garfield:
(A) desconhece tudo sobre arte, por isso faz a sugestão.
(B) acredita que todo pintor deve fazer algo diferente.
(C) defende que para ser pintor a pessoa tem de sofrer.
(D) conhece a história de um pintor famoso e faz uso da ironia.
(E) acredita que seu dono tenha tendência artística e, por isso, faz a sugestão.
Relatório 2000 Pedagógico 77
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
ABCD E
8 6 281 3
Habilidade: 4
A significativa maioria (81%) dos participantes soube perceber o caráter irônico da
fala do Garfield, expressa no terceiro quadrinho porque, ou conheciam a história de Van
Gogh, ou apropriaram-se corretamente da informação sobre esse pintor, fornecida no
enunciado.
60
Um determinado município, representado na planta abaixo, dividido em regiões de A a I, com altitudes de terrenos indicadas por curvas de nível,
precisa decidir pela localização das seguintes obras:
1. instalação de um parque industrial.
2. instalação de uma torre de transmissão e recepção.
Considerando impacto ambiental e adequação, as regiões onde deveriam ser, de preferência, instaladas indústrias e torre, são, respectivamente:
(A) E e G.
(B) H e A.
(C) I e E.
(D) B e I.
(E) E e F.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
ABC DE
81354 916
Habilidade: 21
Para responder a essa questão, o participante deveria fazer uso dos conhecimentos
cartográficos para extrair as informações necessárias e ordenar os fatos em uma
representação gráfica. A maioria dos participantes (54%) conseguiu comparar o
tratamento da informação cartográfica com o conteúdo do enunciado, identificando a
alternativa correta. Os participantes que assinalaram os distratores B e E possivelmente
não levaram em consideração o impacto ambiental como um dos parâmetros exigidos
para a instalação do parque industrial.
78 Relatório 2000 Pedagógico
61
Encontram-se descritas a seguir algumas das características das águas que servem três diferentes regiões.
Região I - Qualidade da água pouco comprometida por cargas poluidoras, casos isolados de mananciais comprometidos por lançamento de esgotos;
assoreamento de alguns mananciais.
Região II - Qualidade comprometida por cargas poluidoras urbanas e industriais; área sujeita a inundações; exportação de carga poluidora para
outras unidades hidrográficas.
Região III - Qualidade comprometida por cargas poluidoras domésticas e industriais e por lançamento de esgotos; problemas isolados de inundação;
uso da água para irrigação.
De acordo com essas características, pode-se concluir que:
(A) a região I é de alta densidade populacional, com pouca ou nenhuma estação de tratamento de esgoto.
(B) na região I ocorrem tanto atividades agrícolas como industriais, com práticas agrícolas que estão evitando a erosão do solo.
(C) a região II tem predominância de atividade agrícola, muitas pastagens e parque industrial inexpressivo.
(D) na região III ocorrem tanto atividades agrícolas como industriais, com pouca ou nenhuma estação de tratamento de esgotos.
(E) a região III é de intensa concentração industrial e urbana, com solo impermeabilizado e com amplo tratamento de esgotos.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
ABCD E
7 9 463 17
Habilidade: 16
O problema proposto nessa questão requeria do participante conhecimentos sobre a
importância da água para as atividades humanas e sobre perturbações ambientais
relacionadas com o seu uso. A partir da descrição da qualidade da água em três regiões, o
participante deveria inferir características dessas regiões, apontadas nas alternativas. A
maioria (63%) dos participantes assinalou a alternativa correta. A opção pelo distrator E
possivelmente pode ser explicada pela compreensão parcial das características da região III.
62
O metabolismo dos carboidratos é fundamental para o ser humano, pois a partir desses compostos orgânicos obtém-se grande parte da
energia para as funções vitais. Por outro lado, desequilíbrios nesse processo podem provocar hiperglicemia ou diabetes.
O caminho do açúcar no organismo inicia-se com a ingestão de carboidratos que, chegando ao intestino, sofrem a ação de enzimas,
quebrando-se em moléculas menores (glicose, por exemplo) que serão absorvidas.
A insulina, hormônio produzido no pâncreas, é responsável por facilitar a entrada da glicose nas células. Se uma pessoa produz pouca
insulina, ou se sua ação está diminuída, dificilmente a glicose pode entrar na célula e ser consumida.
Com base nessas informações, pode-se concluir que:
(A) o papel realizado pelas enzimas pode ser diretamente substituído pelo hormônio insulina.
(B) a insulina produzida pelo pâncreas tem um papel enzimático sobre as moléculas de açúcar.
(C) o acúmulo de glicose no sangue é provocado pelo aumento da ação da insulina, levando o indivíduo a um quadro clínico de hiperglicemia.
(D) a diminuição da insulina circulante provoca um acúmulo de glicose no sangue.
(E) o principal papel da insulina é manter o nível de glicose suficientemente alto, evitando, assim, um quadro clínico de diabetes.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
ABCD E
3161651 14
Habilidade: 11
Essa questão apresentou uma descrição sucinta do papel biológico da glicose e do
hormônio insulina, correlacionando desequilíbrios no metabolismo de um e disponibilidade
do outro diante da manifestação do diabetes. Era requerido do participante que
interpretasse a descrição para indicar a correta explicação do mecanismo da doença.
Para tanto, deveriam saber decodificar os textos da introdução e das alternativas
utilizando linguagem científica e conceitos básicos de fisiologia humana. Um pouco mais
da metade (51%) dos participantes assinalou a alternativa correta. As opções pelos
distratores devem-se, provavelmente a não-compreensão do texto ou ao conhecimento
insuficiente da fisiologia humana.
Relatório 2000 Pedagógico 79
63
Os esgotos domésticos constituem grande ameaça aos ecossistemas de lagos ou represas, pois deles decorrem graves desequilíbrios ambientais.
Considere o gráfico abaixo, no qual no intervalo de tempo entre t
1
e t
3
, observou-se a estabilidade em ecossistema de lago, modificado a partir de t
3
pelo maior despejo de esgoto.
Assinale a interpretação que está de acordo com o gráfico.
(A) Entre t
3
e t
6
, a competição pelo oxigênio leva à multiplicação de peixes, bactérias e outros produtores.
(B) A partir de t
3
, a decomposição do esgoto é impossibilitada pela diminuição do oxigênio disponível.
(C) A partir de t
6
, a mortandade de peixes decorre da diminuição da população de produtores.
(D) A mortandade de peixes, a partir de t
6
, é devida à insuficiência de oxigênio na água.
(E) A partir de t
3
, a produção primária aumenta devido à diminuição dos consumidores.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
ABCD E
810 768 6
Habilidade: 13
Nessa questão, o enunciado, o gráfico e as alternativas tratam das relações, em
função do tempo, entre as populações de um lago, a disponibilidade de nutrientes e de
oxigênio, modificadas, em um dado tempo, pela intervenção humana  maior despejo de
esgoto doméstico.
A questão requeria do participante a capacidade de interpretar os dados, selecionar
hipóteses plausíveis e correlacionar as variáveis disponíveis, utilizando conhecimentos
da ecologia. A significativa maioria (68%) dos participantes assinalou a alternativa correta.
80 Relatório 2000 Pedagógico
4.4 A prova do Enem 99, gabarito, estatísticas e análise
REDAÇÃO
O encontro Vem ser cidadão reuniu 380 jovens de 13 Estados, em Faxinal do Céu (PR). Eles
foram trocar experiências sobre o chamado protagonismo juvenil.
O termo pode até parecer feio, mas essas duas palavras significam que o jovem não precisa de
adulto para encontrar o seu lugar e a sua forma de intervir na sociedade. Ele pode ser protagonista.
([Adaptado de] Para quem se revolta e quer agir, Folha de S. Paulo, 16/11/1998)
Depoimentos de jovens participantes do encontro:
Eu não sinto vergonha de ser brasileiro. Eu sinto muito orgulho. Mas eu sinto vergonha por existirem
muitas pessoas acomodadas. A realidade está nua e crua. (...) Tem de parar com o comodismo.
Não dá para passar e ver uma criança na rua e achar que não é problema seu. (E.M.O.S., 18 anos,
Minas Gerais)
A maior dica é querer fazer. Se você é acomodado, fica esperando cair no colo, não vai acontecer
nada. Existe muita coisa para fazer. Mas primeiro você precisa se interessar. (C.S.Jr., 16
anos, Paraná)
Ser cidadão não é só conhecer os seus direitos. É participar, ser dinâmico na sua escola, no seu
bairro. (H.A., 19 anos, Amazonas)
(Depoimentos extraídos de Para quem se revolta e quer agir, Folha de S. Paulo, 16/11/1998)
Com base na leitura dos quadrinhos e depoimentos, redija um texto em prosa, do tipo dissertativo-
argumentativo, sobre o tema:
Cidadania e participação social.
Relatório 2000 Pedagógico 81
Ao desenvolver o tema proposto, procure utilizar os conhecimentos adquiridos ao longo de sua formação.
Depois de selecionar, organizar e relacionar os argumentos, fatos e opiniões apresentados em defesa de seu
ponto de vista, elabore uma proposta de ação social.
A redação deverá ser apresentada a tinta na cor azul ou preta e desenvolvida na folha grampeada ao Cartão-
Resposta. Você poderá utilizar a última página deste Caderno de Questões para rascunho.
PARTE OBJETIVA DA PROVA
01
SONETO DE FIDELIDADE
De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama.
Eu possa dizer do meu amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
(MORAES, Vinícius de. Antologia poética. São Paulo: Cia das Letras, 1992).
A palavra mesmo pode assumir diferentes significados, de acordo com a sua função na frase. Assinale a
alternativa em que o sentido de mesmo equivale ao que se verifica no 3º verso da 1ª estrofe do poema de
Vinícius de Moraes.
(A) Pai, para onde fores, / irei também trilhando as mesmas ruas... (Augusto dos Anjos)
(B)Agora, como outrora, há aqui o mesmo contraste da vida interior, que é modesta, com a exterior, que é
ruidosa. (Machado de Assis)
(C)Havia o mal, profundo e persistente, para o qual o remédio não surtiu efeito, mesmo em doses
variáveis. (Raimundo Faoro)
(D)Mas, olhe cá, Mana Glória, há mesmo necessidade de fazê-lo padre? (Machado de Assis)
(E)Vamos de qualquer maneira, mas vamos mesmo. (Aurélio)
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
ABC DE
61862 7 7
Habilidade: 6
Este problema buscou colocar o participante diante de uma situação que exigia a
mobilização de seus mecanismos de reflexão sobre os processos lingüísticos em que um
significante (uma palavra) assume diferentes significados, no enunciado, de acordo com a
intenção do enunciador. Neste caso, além da compreensão da transformação de significado,
é necessária a alteração de função morfossintática.
Verifica-se que 62% dos participantes conseguiram identificar e analisar esse processo
lingüístico, comparando a função do significante em diferentes enunciados. Isso demonstrou
um domínio parcial da reflexão sobre a Língua Portuguesa, em diferentes contextos e textos.
82 Relatório 2000 Pedagógico
Os 18% dos participantes que assinalaram a alternativa B identifica-
ram a diferença de significados mas, provavelmente, têm dificuldades em analisar
estas mudanças em nível morfossintático (alternativa B).
02 Vinte anos depois da formatura, cinco colegas de turma decidem organizar uma confraternização. Para
marcar o dia e o local da confraternização, precisam comunicar-se por telefone. Cada um conhece o telefone
de alguns colegas e desconhece o de outros. No Quadro abaixo, o número 1 indica que o colega da linha
correspondente conhece o telefone do colega da coluna correspondente; o número 0 indica que o colega da
linha não conhece o telefone do colega da coluna. Exemplo: Beto sabe o telefone do Dino que não conhece
o telefone do Aldo.
Aldo Beto Carlos Dino Ênio
Aldo 11010
Beto 01010
Carlos 10110
Dino 00011
Ênio 11111
O número mínimo de telefonemas que Aldo deve fazer para se comunicar com Carlos é:
(A) 1 (B) 2 (C) 3 (D) 4 (E) 5
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
ABC DE
14 26 49 10 2
Habilidade: 3
Para enfrentar esta situação-problema, o participante deveria demonstrar
conhecimento da estrutura de tabela, de linhas e colunas e interpretar corretamente a
definição, dada no enunciado, do significado das notações 0 e 1 que aparecem na tabela.
Possivelmente os percentuais relativamente altos nas alternativas B e A devem-se
a uma compreensão errada dos significados daquelas notações.
03 Se compararmos a idade do planeta Terra, avaliada em quatro e meio bilhões de anos (4,5 X 10
9
anos), com
a de uma pessoa de 45 anos, então, quando começaram a florescer os primeiros vegetais, a Terra já teria 42
anos. Ela só conviveu com o homem moderno nas últimas quatro horas e, há cerca de uma hora, viu-o
começar a plantar e a colher. Há menos de um minuto percebeu o ruído de máquinas e de indústrias e,
como denuncia a uma ONG de defesa so meio ambiente foi nesses últimos sessenta segundos que se
produziu todo o lixo do planeta!
O texto acima, ao estabelecer um paralelo entre a idade da Terra e a de uma pessoa, pretende mostrar que
(A) a agricultura surgiu logo em seguida aos vegetais, perturbando desde então seu desenvolvimento.
(B) o ser humano só se tornou moderno ao dominar a agricultura e a indústria, em suma, ao poluir.
(C) desde o surgimento da Terra, são devidas ao ser humano todas as transformações e perturbações.
(D) o surgimento do ser humano e da poluição é cerca de dez vezes mais recente que o do nosso planeta.
(E) a industrialização tem sido um processo vertiginoso, sem precedentes em termos de dano
ambiental.
Relatório 2000 Pedagógico 83
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
ABCDE
324331624
Habilidade: 10
Nesta situação-problema, o participante deveria demonstrar o domínio da habilidade
em estabelecer a proporcionalidade entre duas escalas propostas e reconhecer o caráter
comparativamente recente da industrialização. Cerca de um quarto dos participantes
assinalou a resposta correta, demonstrando, portanto, o domínio desta competência.
A escolha da alternativa C, marcadamente antropocêntrica, evidenciou, possivelmente,
a não-superação de uma visão de senso comum em que apenas a história do ser humano
marca as transformações do planeta.
04 Se compararmos a idade do planeta Terra, avaliada em quatro e meio bilhões de anos (4,5 X 10
9
anos), com
a de uma pessoa de 45 anos, então, quando começaram a florescer os primeiros vegetais, a Terra já teria 42
anos. Ela só conviveu com o homem moderno nas últimas quatro horas e, há cerca de uma hora, viu-o
começar a plantar e a colher. Há menos de um minuto percebeu o ruído de máquinas e de indústrias e,
como denuncia a uma ONG de defesa so meio ambiente foi nesses últimos sessenta segundos que se
produziu todo o lixo do planeta!
O texto permite concluir que a agricultura começou a ser praticada há cerca de
(A) 365 anos. (D) 10.000 anos.
(B) 460 anos. (E) 460.000 anos.
(C) 900 anos.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
ABCD E
8111342 25
Habilidade: 10
Este problema buscou colocar o participante diante de uma situação de
comparação das escalas de tempo, para que o mesmo demonstrasse conhecer as
relações fundamentais de proporcionalidade e dominar as operações envolvendo números
decimais e potências de 10.
Mais de 40% dos participantes acertaram o item. O restante demonstrou também
o desconhecimento do período em que a presença humana passa a transformar o
ambiente da Terra: 32% situaram a agricultura em épocas mais recentes que mil anos
(alternativas A, B e C) e 25% estimaram o início da agricultura em um tempo superior
ao surgimento do homem.
Se compararmos a idade do planeta Terra, avaliada em quatro e meio bilhões de anos (4,5 X 10
9
anos), com
a de uma pessoa de 45 anos, então, quando começaram a florescer os primeiros vegetais, a Terra já teria 42
anos. Ela só conviveu com o homem moderno nas últimas quatro horas e, há cerca de uma hora, viu-o
começar a plantar e a colher. Há menos de um minuto percebeu o ruído de máquinas e de indústrias e,
como denuncia a uma ONG de defesa so meio ambiente foi nesses últimos sessenta segundos que se
produziu todo o lixo do planeta!
05 Na teoria do Big Bang, o Universo surgiu há cerca de 15 bilhões de anos, a partir da explosão e expansão
de uma densíssima gota. De acordo com a escala proposta no texto, essa teoria situaria o início do
Universo há cerca de
(A) 100 anos. (D) 1.500 anos.
(B) 150 anos. (E) 2.000 anos.
(C) 1.000 anos.
84 Relatório 2000 Pedagógico
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
A B CD E
5 33 92726
Habilidade: 10
Para responder a esta situação-problema, o participante deveria compreender a
analogia apresentada entre a vida do planeta e a vida de uma pessoa e, basicamente,
conhecer as relações fundamentais de proporcionalidade e dominar as operações envolvendo
números decimais e potências de 10.
Mais de 30% dos participantes realizaram adequadamente a correspondência das
escalas de tempo solicitada. As opções pelas respostas D e E devem-se, provavelmente, a
erros cometidos nos cálculos envolvendo números decimais e potências de 10. Soma-se a
essa hipótese o fato de as alternativas D e E apresentarem o maior número de anos dentre
todas as alternativas, compatível com a idéia sobre a idade do Universo.
06 Para convencer a população local da ineficiência da Companhia Telefônica Vilatel na expansão da oferta de
linhas, um político publicou no jornal local o Gráfico I, abaixo representado. A Companhia Vilatel respondeu
publicando dias depois o Gráfico II, onde pretende justificar um grande aumento na oferta de linhas. O fato é
que, no período considerado, foram instaladas, efetivamente, 200 novas linhas telefônicas.
Analisando os gráficos, pode-se concluir que
(A) o Gráfico II representa um crescimento real maior do que o do Gráfico I.
(B) o Gráfico I apresenta o crescimento real, sendo o Gráfico II incorreto.
(C) o Gráfico II apresenta o crescimento real, sendo o Gráfico I incorreto.
(D) a aparente diferença de crescimento nos dois gráficos decorre da escolha das diferentes escalas.
(E) os dois Gráficos são incomparáveis, pois usam escalas diferentes.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
ABCD E
7 7 869 9
Habilidade: 2
Para enfrentar esta situação-problema, o participante deveria demonstrar o
conhecimento de gráficos e escalas.
Verificou-se que cerca de 70% dos participantes foram capazes de fazer a leitura
adequada dos dados, demonstrando reconhecer que as duas representações expressam a
mesma informação, apesar de utilizarem escalas diferentes.
Relatório 2000 Pedagógico 85
07 Leia o texto abaixo.
Cabelos longos, brinco na orelha esquerda, físico de skatista. Na aparência, o estudante brasiliense Rui
Lopes Viana Filho, de 16 anos, não lembra em nada o estereótipo dos gênios. Ele não usa pesados óculos de
grau e está longe de ter um ar introspectivo. No final do mês passado, Rui retornou de Taiwan, onde
enfrentou 419 competidores de todo o mundo na 39ª Olimpíada Internacional de Matemática. A reluzente
medalha de ouro que ele trouxe na bagagem está dependurada sobre a cama de seu quarto, atulhado de
rascunhos dos problemas matemáticos que aprendeu a decifrar nos últimos cinco anos.
Veja  Vencer uma olimpíada serve de passaporte para uma carreira profissional meteórica?
Rui  Nada disso. Decidi me dedicar à Olimpíada porque sei que a concorrência por um emprego é cada vez mais
selvagem e cruel. Agora tenho algo a mais para oferecer. O problema é que as coisas estão mudando muito rápido
e não sei qual será minha profissão. Além de ser muito novo para decidir sobre o meu futuro profissional, sei que
esse conceito de carreira mudou muito.
(Entrevista de Rui Lopes Viana Filho à Veja, 05/08/1998, n.31, p. 9-10)
Na pergunta, o repórter estabelece uma relação entre a entrada do estudante no mercado de trabalho e a
vitória na Olimpíada. O estudante
(A) concorda com a relação e afirma que o desempenho na Olimpíada é fundamental para sua entrada no mercado.
(B) discorda da relação e complementa que é fácil se fazer previsões sobre o mercado de trabalho.
(C) discorda da relação e afirma que seu futuro profissional independe de dedicação aos estudos.
(D) discorda da relação e afirma que seu desempenho só é relevante se escolher uma profissão relacionada à
matemática.
(E) concorda em parte com a relação e complementa que é complexo fazer previsões sobre o mercado
de trabalho.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
ABCDE
6 6152251
Habilidade: 18
Nesta situação-problema, o participante deveria demonstrar que compreendeu as
premissas de um discurso, distinguindo a diferença de significado de palavras isoladas ou
no contexto em que estão inseridas.
Verificou-se que mais da metade dos participantes demonstrou possuir essa com-
preensão. Aqueles que optaram pelas alternativas C e D podem ter sido atraídos pelo significado
negativo da expressão inicial Nada disso.
08
(QUINO. Mafalda inédita. São Paulo: Martins Fontes, 1993)
Observando as falas das personagens, analise o emprego do pronome SE e o sentido que adquire no
contexto. No contexto da narrativa, é correto afirmar que o pronome SE,
86 Relatório 2000 Pedagógico
(A) em I, indica reflexividade e equivale a a si mesmas.
(B) em II, indica reciprocidade e equivale a a si mesma.
(C) em III, indica reciprocidade e equivale a umas às outras.
(D) em I e III, indica reciprocidade e equivale a umas às outras.
(E) em II e III, indica reflexividade e equivale a a si mesma  e a si mesmas, respectivamente.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
ABCDE
412 73047
Habilidade: 6
Este problema requeria que o participante mobilizasse conhecimentos sobre os sig-
nificados de reciprocidade e reflexividade e os associasse à compreensão de linguagem
iconográfica. Cerca de metade dos participantes demonstrou essa capacidade. A opção de
30% dos participantes pela alternativa D pode indicar que eles utilizaram as imagens apenas
como ilustração do texto e não como linguagem capaz de instituir novos significados.
09 Suponha que um agricultor esteja interessado em fazer uma plantação de girassóis. Procurando informação,
leu a seguinte reportagem:
Solo ácido não favorece plantio
Alguns cuidados devem ser tomados por quem decide iniciar o cultivo do girassol. A oleaginosa deve ser
plantada em solos descompactados, com pH acima de 5,2 (que indica menor acidez da terra). Conforme as
recomendações da Embrapa, o agricultor deve colocar, por hectare, 40 kg a 60 kg de nitrogênio, 40 kg a 80
kg de potássio e 40 kg a 80 kg de fósforo.
O pH do solo, na região do agricultor, é de 4,8. Dessa forma, o agricultor deverá fazer a calagem.
(Folha de S. Paulo, 25/09/1996)
Suponha que o agricultor vá fazer calagem (aumento do pH do solo por adição de cal virgem  CaO). De
maneira simplificada, a diminuição da acidez se dá pela interação da cal (CaO) com a água presente no
solo, gerando hidróxido de cálcio (Ca(OH)
2
), que reage com os ions H
+
(dos ácidos), ocorrendo, então, a
formação de água e deixando ions Ca
2+
no solo.
Considere as seguintes equações:
I. CaO + 2H
2
O Ca(OH)
3
II. CaO + H
2
O Ca(OH)
2
III. Ca(OH)
2
+ 2H
+
Ca
2+
+
2H
2
O
IV. Ca(OH)
2
+ H
+
CaO + H
2
O
O processo de calagem descrito acima pode ser representado pelas equações:
(A) I e II (B) I e IV (C) II e III (D) II e IV (E) III e IV
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
ABC DE
7 652 21 14
Habilidade: 17
Este problema buscou colocar o participante diante de uma situação em que ele
deveria demonstrar a compreensão do processo descrito para tratamento do solo, a partir
das informações dadas pelo texto, e identificar as etapas de calagem do solo pela lingua-
gem química apresentada.
Relatório 2000 Pedagógico 87
Mais da metade dos participantes demonstrou tal capacidade, evidenciando as habi-
lidades requeridas. A opção de cerca de 20% dos participantes pela alternativa D pode ser
indicativo de que, pelo menos, houve a compreensão das etapas do processo de calagem.
10 Considere os textos abaixo.
(...) de modo particular, quero encorajar os crentes empenhados no campo da filosofia para que iluminem
os diversos âmbitos da atividade humana, graças ao exercício de uma razão que se torna mais segura e
perspicaz com o apoio que recebe da fé.
(Papa João Paulo II. Carta Encíclica Fides et Ratio aos bispos da igreja católica
sobre as relações entre fé e razão, 1998)
As verdades da razão natural não contradizem as verdades da fé cristã.
(São Tomás de Aquinopensador medieval)
Refletindo sobre os textos, pode-se concluir que
(A) a encíclica papal está em contradição com o pensamento de São Tomás de Aquino, refletindo a diferença
de épocas.
(B) a encíclica papal procura complementar São Tomás de Aquino, pois este colocava a razão natural acima
da fé.
(C) a Igreja medieval valorizava a razão mais do que a encíclica de João Paulo II.
(D) o pensamento teológico teve sua importância na Idade Média, mas, em nossos dias, não tem relação com
o pensamento filosófico.
(E) tanto a encíclica papal como a frase de São Tomás de Aquino procuram conciliar os pensamen-
tos sobre fé e razão.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
ABCDE
7 9 5 672
Habilidade: 18
Para resolver esta situação-problema, o participante deveria mostrar que, além de
interpretar textos, sabe relacioná-los sendo que, nesse item, essas operações referem-se a
um texto escrito na época medieval e a outro escrito recentemente.
Mais de 70% dos participantes demonstraram facilidade em estabelecer esta relação.
11 A gasolina é vendida por litro, mas em sua utilização como combustível, a massa é o que importa. Um
aumento da temperatura do ambiente leva a um aumento no volume da gasolina. Para diminuir os efeitos
práticos dessa variação, os tanques dos postos de gasolina são subterrâneos. Se os tanques não fossem
subterrâneos:
I. Você levaria vantagem ao abastecer o carro na hora mais quente do dia pois estaria comprando mais
massa por litro de combustível.
II. Abastecendo com a temperatura mais baixa, você estaria comprando mais massa de combustível para
cada litro.
III. Se a gasolina fosse vendida por kg em vez de por litro, o problema comercial decorrente da dilatação da
gasolina estaria resolvido.
Destas considerações, somente
(A) I é correta.
(B) II é correta.
(C) III é correta.
(D) I e II são corretas.
(E) II e III são corretas.
88 Relatório 2000 Pedagógico
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
ABCDE
30 22 12 8 27
Habilidade: 1
Este problema exigia do participante o conhecimento dos conceitos e das relações
entre peso, massa e volume, em diferentes temperaturas.
Cerca de trinta por cento dos participantes demonstraram não ser capazes de
estabelecer corretamente estas relações em uma situação concreta, optando por uma
associação direta, em que o aumento de volume levaria ao aumento de massa.
É possível que os participantes que optaram pela alternativa B (22%) tenham
estabelecido corretamente a relação entre temperatura e massa, não tendo sido capazes
de aplicá-la na situação proposta.
12 O alumínio se funde a 666
o
C e é obtido à custa de energia elétrica, por eletrólise  transformação realizada
a partir do óxido de alumínio a cerca de 1 000
o
C.
A produção brasileira de alumínio, no ano de 1985, foi da ordem de 550.000 toneladas, tendo sido
consumidos cerca de 20kWh de energia elétrica por Quilograma do metal. Nesse mesmo ano, estimou-se a
produção de resíduos sólidos urbanos brasileiros formados por metais ferrosos e não-ferrosos em 3.700
t/dia, das quais 1,5% estima-se corresponder ao alumínio.
([Dados adaptados de] FIGUEIREDO, P. J. M. A sociedade do lixo: resíduos, a questão energética e a crise
ambiental. Piracicaba: UNIMEP, 1994)
Suponha que uma residência tenha objetos de alumínio em uso cuja massa total seja de 10kg (panelas,
janelas, latas etc.). O consumo de energia elétrica mensal dessa residência é de 100kWh. Sendo assim, na
produção desses objetos utilizou-se uma quantidade de energia elétrica que poderia abastecer essa
residência por um período de
(A) 1 mês.
(B) 2 meses.
(C) 3 meses.
(D) 4 meses.
(E) 5 meses.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
A B CD E
16 50 15 8 11
Habilidade: 8
O problema proposto solicita ao participante estabelecer a correspondência numérica
entre o consumo direto de energia elétrica numa residência e o consumo indireto, associado
à produção por eletrólise de objetos de alumínio. Metade dos participantes revelou tal
capacidade, ou seja, dimensionou corretamente a relação entre a produção de objetos e o
consumo de energia.
13 Em dezembro de 1998, um dos assuntos mais veiculados nos jornais era o que tratava da moeda única
européia. Leia a notícia destacada abaixo.
O nascimento do Euro, a moeda única a ser adotada por onze países europeus a partir de 1
o
de janeiro, é
possivelmente a mais importante realização deste continente nos últimos dez anos que assistiu à derrubada
do Muro de Berlim, à reunificação das Alemanhas, à libertação dos países da Cortina de Ferro e ao fim da
União Soviética. Enquanto todos esses eventos têm a ver com a desmontagem de estruturas do passado, o
Relatório 2000 Pedagógico 89
Euro é uma ousada aposta no futuro e uma prova da vitalidade da sociedade européia. A Euroland, região
abrangida por Alemanha, Áustria, Bélgica, Espanha, Finlândia, França, Holanda, Irlanda, Itália, Luxemburgo
e Portugal, tem um PIB (Produto Interno Bruto) equivalente a quase 80% do americano, 289 milhões de
consumidores e responde por cerca de 20% do comércio internacional. Com este cacife, o Euro vai disputar
com o dólar a condição de moeda hegemônica.
(Gazeta Mercantil, 30/12/1998)
A matéria refere-se à desmontagem das estruturas do passado que pode ser entendida como
(A) o fim da Guerra Fria, período de inquietação mundial que dividiu o mundo em dois blocos
ideológicos opostos.
(B) a inserção de alguns países do Leste Europeu em organismos supranacionais, com o intuito de
exercer o controle ideológico no mundo.
(C) a crise do capitalismo, do liberalismo e da democracia levando à polarização ideológica da antiga
URSS.
(D) a confrontação dos modelos socialista e capitalista para deter o processo de unificação das duas
Alemanhas.
(E) a prosperidade das economias capitalista e socialista, com o conseqüente fim da Guerra Fria entre EUA e a
URSS.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
A BCDE
43 22 8 10 18
Habilidade: 21
A competência em saber interpretar corretamente um texto deveria ser utilizada para
a resolução desta situação-problema. A partir da leitura deste texto, o participante teria que
identificar um conhecimento histórico específico, inferindo que os acontecimentos citados
referiam-se ao período conhecido como Guerra Fria.
Os participantes, que assinalaram as alternativas B e E (40%), possivelmente não
dominavam o conhecimento das conseqüências do final de Guerra Fria para os países de
economia socialista, mas souberam identificar o período da Guerra Fria como cerne da
questão.
As informações abaixo foram extraídas do rótulo da água mineral de determinada fonte.
Indicadores ácido base são substâncias que em solução aquosa apresentam cores diferentes conforme o pH da
solução.
O quadro abaixo fornece as cores que alguns indicadores apresentam à temperatura de 25
°C
90 Relatório 2000 Pedagógico
Indicador Cores conforme o pH
Azul de bromotimol amarelo em pH 6,0; azul em pH 7,6
Vermelho de metila vermelho em pH 4,8; amarelo em pH 6,0
Fenolftaleína incolor em pH 8,2; vermelho em pH 10,0
Alaranjado de metila vermelho em pH 3,2; amarelo em pH 4,4
14 Suponha que uma pessoa inescrupulosa guardou garrafas vazias dessa água mineral, enchendo-as com
água de torneira (pH entre 6,5 e 7,5) para serem vendidas como água mineral. Tal fraude pode ser facilmente
comprovada pingando-se na água mineral fraudada, à temperatura de 25
°C, gotas de
(A) azul de bromotimol ou fenolftaleína.
(B) alaranjado de metila ou fenolftaleína.
(C) alaranjado de metila ou azul de bromotimol.
(D) vermelho de metila ou azul de bromotimol.
(E) vermelho de metila ou alaranjado de metila
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
A BCDE
44 11 8 16 21
Habilidade: 4
A resposta a essa questão exigia do participante que soubesse relacionar informa-
ções dadas em tabelas para resolver uma situação específica (possibilidade de fraude na
água mineral). Cerca de 45% dos participantes demonstraram possuir tal habilidade.
As informações abaixo foram extraídas do rótulo da água mineral de determinada fonte.
Indicadores ácido base são substâncias que em solução aquosa apresentam cores diferentes conforme o pH da
solução.
O quadro abaixo fornece as cores que alguns indicadores apresentam à temperatura de 25
°C
Indicador Cores conforme o pH
Azul de bromotimol amarelo em pH 6,0; azul em pH 7,6
Vermelho de metila vermelho em pH 4,8; amarelo em pH 6,0
Fenolftaleína incolor em pH 8,2; vermelho em pH 10,0
Alaranjado de metila vermelho em pH 3,2; amarelo em pH 4,4
Relatório 2000 Pedagógico 91
15 As seguintes explicações foram dadas para a presença do elemento vanádio na água mineral em questão
I. No seu percurso até chegar à fonte, a água passa por rochas contendo minerais de vanádio, dissolvendo-os.
II. Na perfuração dos poços que levam aos depósitos subterrâneos da água, utilizaram-se brocas
constituídas de ligas cromo-vanádio.
III. Foram adicionados compostos de vanádio à água mineral.
Considerando todas as informações do rótulo, pode-se concluir que apenas
(A) a explicação I é plausível.
(B) a explicação II é plausível.
(C) a explicação III é plausível.
(D) as explicações I e II são plausíveis.
(E) as explicações II e III são plausíveis.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
A BCDE
35 7252310
Habilidade: 4
Para resolver esta questão, o participante deveria justificar a presença do elemento
Vanádio na composição de determinada água mineral, identificando, também, as modifica-
ções pelas quais ela passa durante o trajeto da nascente até a fonte. Cerca de um terço dos
participantes demonstrou possuir esta habilidade.
16 A água do mar pode ser fonte de materiais utilizados pelo ser humano, como os exemplificados no esquema
abaixo.
Os materiais I, II, III e IV existem como principal constituinte ativo de produtos de uso rotineiro. A alternativa
que associa corretamente água sanitária, fermento em pó e solução fisiológica com os materiais obtidos da
água do mar é:
água sanitária fermento em pó solução fisiológica
(A) II III IV
(B) III I IV
(C) III IV I
(D) II III I
(E) I IV III
92 Relatório 2000 Pedagógico
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
ABC DE
12 9 46 12 20
Habilidade: 17
A resolução dessa questão requeria que os participantes soubessem estabelecer
relações entre as matérias-primas e os produtos industrializados propostos. Quase metade
dos participantes demonstrou saber estabelecer as relações solicitadas. Vinte por cento,
contudo, optaram pela alternativa E, demonstrando provavelmente alguma confusão entre
os princípios ativos do soro fisiológico e da água sanitária. A relação entre o fermento em pó
e o bicarbonato de sódio demonstrou ser familiar a um número menor de participantes.
17 Leia um texto publicado no jornal Gazeta Mercantil. Esse texto é parte de um artigo que analisa algumas
situações de crise no mundo, entre elas, a quebra da Bolsa de Nova Iorque em 1929, e foi publicado na
época de uma iminente crise financeira no Brasil.
Deu no que deu. No dia 29 de outubro de 1929, uma terça-feira, praticamente não havia compradores no
pregão de Nova Iorque, só vendedores. Seguiu-se uma crise incomparável: o Produto Interno Bruto dos
Estados Unidos caiu de 104 bilhões de dólares em 1929, para 56 bilhões em 1933, coisa inimaginável em
nossos dias. O valor do dólar caiu a quase metade. O desemprego elevou-se de 1,5 milhão para 12,5
milhões de trabalhadores  cerca de 25% da população ativa  entre 1929 e 1933. A construção civil caiu
90%. Nove milhões de aplicações, tipo caderneta de poupança, perderam-se com o fechamento dos
bancos. Oitenta e cinco mil firmas faliram. Houve saques e norte-americanos que passaram fome.
(Gazeta Mercantil, 05/01/1999)
Ao citar dados referentes à crise ocorrida em 1929, em um artigo jornalístico atual, pode-se atribuir ao jornalista a
seguinte intenção:
(A) questionar a interpretação da crise.
(B) comunicar sobre o desemprego.
(C) instruir o leitor sobre aplicações em bolsa de valores.
(D) relacionar os fatos passados e presentes.
(E) analisar dados financeiros americanos.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
ABCD E
15 7 6 62 10
Habilidade: 18
A resolução da questão demandava a capacidade dos participantes de
relacionar eventos históricos envolvendo crises econômicas ocorridas em épocas e lugares
distintos. Aproximadamente dois terços deles demonstraram essa capacidade. Os demais,
provavelmente, não compreenderam a exigência expressa no enunciado do problema 
apontar as razões pelas quais um jornalista traz à tona eventos ocorridos 70 anos antes ,
e apenas interpretaram o sentido do texto citado, que descreve a crise mundial de 1929.
18 A tabela abaixo apresenta dados referentes à mortalidade infantil, à porcentagem de famílias de baixa renda
com crianças menores de 6 anos e às taxas de analfabetismo das diferentes regiões brasileiras e do Brasil
como um todo.
Relatório 2000 Pedagógico 93
Regiões do Brasil Mortalidade infantil* Famílias de baixa renda com crianças Taxa de analfabetismo em
menores de 6 anos (em %) maiores de 15 anos (em %)
Norte 35,6 34,5 12,7
Nordeste 59,0 54,9 29,4
Sul 22,5 22,4 8,3
Sudeste 25,2 18,9 8,6
Centro-Oeste 25,4 25,5 12,4
Brasil 36,7 31,8 14,7
Fonte: Folha de S. Paulo, 11/03/99
* A mortalidade infantil indica o número de crianças que morrem antes de completar um ano de idade para cada grupo de
1.000 crianças que nasceram vivas.
Suponha que um grupo de alunos recebeu a tarefa de pesquisar fatores que interferem na manutenção da
saúde ou no desenvolvimento de doenças. O primeiro grupo deveria colher dados que apoiassem a idéia de
que combatendo-se agentes biológicos e químicos garante-se a saúde. Já o segundo grupo deveria coletar
informações que reforçassem a idéia de que a saúde de um indivíduo está diretamente relacionada com a sua
condição socioeconômica.
Os dados da tabela podem ser utilizados apropriadamente para:
(A) apoiar apenas a argumentação do primeiro grupo.
(B) apoiar apenas a argumentação do segundo grupo.
(C) refutar apenas a posição a ser defendida pelo segundo grupo.
(D) apoiar a argumentação dos dois grupos.
(E) refutar as posições a serem defendidas pelos dois grupos.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
A B CD E
4 50 92611
Habilidade: 12
Este problema buscou colocar o participante diante de uma situação em que deveria
evidenciar a compreensão dos fatores relevantes que sustentam a tese da saúde como
condição do organismo livre de doenças e a tese da saúde de um indivíduo, diretamente
relacionada com a sua condição socioeconômica.
Metade dos participantes estabelece corretamente as relações entre a tese proposta
no enunciado e os dados da tabela. No entanto, 26%, provavelmente, tenham associado a
sua resposta à idéia, bastante difundida, que vincula saneamento com a diminuição da
mortalidade infantil, mas tal associação não consta da tabela.
19 Imagine uma eleição envolvendo 3 candidatos A, B, C e
33 eleitores (votantes). Cada eleitor vota fazendo uma
ordenação dos três candidatos. Os resultados são os
seguintes:
A primeira linha do quadro descreve que 10 eleitores
escolheram A em 1º lugar, B em 2º lugar, C em 3º lugar
e assim por diante.
Considere o sistema de eleição no qual cada candidato
ganha 3 pontos quando é escolhido em 1º lugar, 2 pontos
quando é escolhido em 2º lugar e 1 ponto se é escolhido
em 3º lugar. O candidato que acumular mais pontos é
eleito. Nesse caso,
Ordenação Nº de votantes
A B C 10
A C B 04
B A C 02
B C A 07
C A B 03
C B A 07
Total de Votantes 33
94 Relatório 2000 Pedagógico
(A) A é eleito com 66 pontos.
(B) A é eleito com 68 pontos.
(C) B é eleito com 68 pontos.
(D) B é eleito com 70 pontos.
(E) C é eleito com 68 pontos.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
ABC DE
24 14 52 6 3
Habilidade: 3
Este item procura evidenciar se o participante é capaz de resolver o problema proposto
usando o modelo matemático que traduz o texto e utiliza os dados da tabela. Mais da metade
dos participantes acertou a questão. O percentual de 24% para a alternativa A pode ser
explicado, porque de fato o candidato A obteve 66 pontos, mas não foi eleito.
Uma garrafa cilíndrica está fechada, contendo um líquido que ocupa quase completamente
seu corpo, conforme mostra a figura. Suponha que, para fazer medições, você disponha
apenas de uma régua milimetrada.
20 Para calcular o volume do líquido contido na garrafa, o número mínimo de medições a
serem realizadas é:
(A) 1 (B) 2 (C) 3 (D) 4 (E) 5
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
A B CD E
14 51 23 7 5
Habilidade: 14
O problema proposto teve como finalidade verificar se o participante domina o conceito
de volume de um sólido geométrico e é capaz de estabelecer uma estratégia de medida do
volume proposto, utilizando um número mínimo de medições.
Mais da metade dos participantes assinalou corretamente serem necessárias duas
medidas  diâmetro da garrafa e altura do líquido  para calcular o volume da parte ocupada
pelo líquido.
Houve uma forte atração pela resposta C (três medidas) talvez justificável pelo fato
de volumes serem quantificados por unidades lineares ao cubo (metro cúbico, por exemplo).
Uma garrafa cilíndrica está fechada, contendo um líquido que ocupa quase completamente
seu corpo, conforme mostra a figura. Suponha que, para fazer medições, você disponha
apenas de uma régua milimetrada.
21 Para calcular a capacidade total da garrafa, lembrando que você pode virá-la, o número
mínimo de medições a serem realizadas é:
(A) 1 (B) 2 (C) 3 (D) 4 (E) 5
Relatório 2000 Pedagógico 95
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
ABC DE
11 21 24 27 17
Habilidade: 14
Da mesma forma que no item 20, essa questão objetiva verificar se o participante
domina o conceito de volume de um sólido geométrico e é capaz de determinar o número
mínimo de medições necessárias para o cálculo da capacidade da garrafa.
A resposta correta (três medidas) teve apenas 24% de acertos, sendo que 27% dos
participantes indicaram a necessidade de quatro medidas para determinar a capacidade da
garrafa.
É possível que o raciocínio desses 27% dos participantes tenha sido essencialmente
correto, tendo o erro resultado em considerar duas vezes a medida do diâmetro. A hipótese
que pode explicar esse alto índice é a seguinte:
para calcular o volume da parte ocupada pelo líquido, são necessárias duas
medidas (diâmetro da garrafa e altura do líquido);
para determinar o volume da parte vazia, após virar-se a garrafa, são necessári-
as também duas medidas (diâmetro e altura da parte vazia);
entretanto, como o diâmetro já havia sido medido, seria necessário, no total,
fazer apenas três medidas.
Em material para análise de determinado marketing político, lê-se a seguinte conclusão:
A explosão demográfica que ocorreu a partir dos anos 50, especialmente no Terceiro Mundo, suscitou teorias
ou políticas demográficas divergentes. Uma primeira teoria, dos neomalthusianos, defende que o
crescimento demográfico dificulta o desenvolvimento econômico, já que provoca uma diminuição na renda
nacional per capita e desvia os investimentos do Estado para setores menos produtivos. Diante disso, o país
deveria desenvolver uma rígida política de controle de natalidade. Uma segunda, a teoria reformista,
argumenta que o problema não está na renda per capita e sim na distribuição irregular da renda, que não
permite o acesso à educação e saúde. Diante disso o país deve promover a igualdade econômica e a justiça
social.
22 Qual dos slogans abaixo poderia ser utilizado para defender o ponto de vista neomalthusiano?
(A) Controle populacional  nosso passaporte para o desenvolvimento.
(B) Sem reformas sociais o país se reproduz e não produz.
(C) População abundante, país forte!
(D) O crescimento gera fraternidade e riqueza para todos.
(E) Justiça social, sinônimo de desenvolvimento.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
A BCDE
76 12 1 2 9
Habilidade: 19
Para responder corretamente a essas questões, o participante deveria demonstrar
sua capacidade de compreensão do texto proposto que fornece os elementos principais de
duas teorias populacionais. A escolha do slogan correto, em cada caso, demonstra a
compreensão dos pressupostos dos dois diferentes pontos de vista apresentados
simbolicamente nos diferentes slogans.
96 Relatório 2000 Pedagógico
Em material para análise de determinado marketing político, lê-se a seguinte conclusão:
A explosão demográfica que ocorreu a partir dos anos 50, especialmente no Terceiro Mundo, suscitou
teorias ou políticas demográficas divergentes. Uma primeira teoria, dos neomalthusianos, defende que o
crescimento demográfico dificulta o desenvolvimento econômico, já que provoca uma diminuição na renda
nacional per capita e desvia os investimentos do Estado para setores menos produtivos. Diante disso, o
país deveria desenvolver uma rígida política de controle de natalidade. Uma segunda, a teoria reformista,
argumenta que o problema não está na renda per capita e sim na distribuição irregular da renda, que não
permite o acesso à educação e saúde. Diante disso o país deve promover a igualdade econômica e a
justiça social.
23 Qual dos slogans abaixo poderia ser utilizado para defender o ponto de vista dos reformistas?
(A) Controle populacional já, ou o país não resistirá.
(B) Com saúde e educação, o planejamento familiar virá por opção!
(C) População controlada, país rico!
(D) Basta mais gente, que o país vai para frente!
(E) População menor, educação melhor!
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
A B CD E
6 78 7 2 6
Habilidade: 19
Para responder corretamente a essas questões, o participante deveria demonstrar
sua capacidade de compreensão do texto proposto que fornece os elementos principais de
duas teorias populacionais. A escolha do slogan correto, em cada caso, demonstra a
compreensão dos pressupostos dos dois diferentes pontos de vista apresentados
simbolicamente nos diferentes slogans.
José e Antônio viajarão em seus carros com as
respectivas famílias para a cidade de Serra Branca. Com
a intenção de seguir viagem juntos, combinam um
encontro no marco inicial da rodovia, onde chegarão, de
modo independente, entre meio-dia e 1 hora da tarde.
Entretanto, como não querem ficar muito tempo
esperando um pelo outro, combinam que o primeiro que
chegar ao marco inicial esperará pelo outro, no máximo,
meia hora; após esse tempo, seguirá viagem sozinho.
Chamando de x o horário de chegada de José e de y o
horário de chegada de Antônio, e representando os
pares (x;y) em um sistema de eixos cartesianos, a região
OPQR ao lado indicada corresponde ao conjunto de
todas as possibilidades para o par (x;y):
24 Na região indicada, o conjunto de pontos que representa o evento José e Antônio chegam ao marco inicial
exatamente no mesmo horário corresponde
(A) à diagonal OQ.
(B) à diagonal PR.
(C) ao lado PQ.
(D) ao lado QR.
(E) ao lado OR.
Relatório 2000 Pedagógico 97
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
A BCDE
59 27 5 5 3
Habilidade: 15
A região OPQR, indicada no gráfico, representa o espaço amostral dos possíveis
horários de chegada de José e de Antônio. Além de avaliar se o participante foi capaz de
compreender esse conceito, a questão pretendeu medir se ele também conseguiu identificar
a representação geométrica do evento proposto. Cerca de 60% dos participantes respondeu
corretamente. O alto índice (27%) de escolha da alternativa B demonstra, possivelmente,
que a representação do espaço amostral não foi compreendida.
José e Antônio viajarão em seus carros com as
respectivas famílias para a cidade de Serra Branca.
Com a intenção de seguir viagem juntos, combinam
um encontro no marco inicial da rodovia, onde
chegarão, de modo independente, entre meio-dia e 1
hora da tarde. Entretanto, como não querem ficar
muito tempo esperando um pelo outro, combinam que
o primeiro que chegar ao marco inicial esperará pelo
outro, no máximo, meia hora; após esse tempo,
seguirá viagem sozinho.
Chamando de x o horário de chegada de José e de y o
horário de chegada de Antônio, e representando os
pares (x;y) em um sistema de eixos cartesianos, a
região OPQR ao lado indicada corresponde ao
conjunto de todas as possibilidades para o par (x;y):
25
Segundo o combinado, para que José e Antônio viajem
juntos, é necessário que
y - x < 1/2 ou que x - y < 1/2
De acordo com o gráfico e nas condições combinadas, as
chances de José e Antônio viajarem juntos são de:
(A) 0%
(B) 25%
(C) 50%
(D) 75%
(E) 100%
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
ABCD E
7164017 19
Habilidade: 15
O objetivo deste problema era verificar se, além de compreender a representação
gráfica (espacial) de espaços amostrais e eventos, o participante possuía a capacidade de
relacionar áreas de um gráfico com probabilidades de eventos, o que só foi demonstrado
por menos de um quinto dos participantes. Como a região do gráfico, correspondente ao
98 Relatório 2000 Pedagógico
conjunto de todas as possibilidades, foi dividida em quatro regiões distintas, possivelmente
o grande percentual de participantes que optaram pela alternativa C consideraram o número
de regiões (2 em 4) e não a soma das áreas como proporcional à probabilidade do evento.
No primeiro dia do inverno no
Hemisfério Sul, uma atividade de
observação de sombras é realizada por
alunos de Macapá, Porto Alegre e
Recife. Para isso, utiliza-se uma vareta
de 30 cm fincada no chão na posição
vertical. Para marcar o tamanho e a
posição da sombra, o chão é forrado
com uma folha de cartolina, como
mostra a figura:
Nas figuras abaixo, estão representadas as sombras projetadas pelas varetas nas três cidades, no mesmo
instante, ao meio-dia. A linha pontilhada indica a direção NorteSul.
26 Levando-se em conta a localização destas três cidades no mapa, podemos afirmar que os comprimentos
das sombras serão tanto maiores quanto maior for o afastamento da cidade em relação ao
(A) litoral.
(B) Equador.
(C) nível do mar.
(D) Trópico de Capricórnio.
(E) Meridiano de Greenwich.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
A B CD E
5 69 611 9
Habilidade: 1
A resposta correta para essa questão exigiu do participante a capacidade de
estabelecer as relações entre o comprimento da projeção de sombras em diferentes
localidades do Brasil e seu distanciamento em relação a um ponto de referência, a partir dos
dados apresentados.
A freqüência de respostas corretas foi de 69%, indicando que a maioria estabeleceu
adequadamente a relação entre as variáveis: direção NorteSul, distanciamento em relação
ao Equador, projeção de sombras e posição do Sol.
Relatório 2000 Pedagógico 99
No primeiro dia do inverno no
Hemisfério Sul, uma atividade de
observação de sombras é realizada por
alunos de Macapá, Porto Alegre e
Recife. Para isso, utiliza-se uma vareta
de 30 cm fincada no chão na posição
vertical. Para marcar o tamanho e a
posição da sombra, o chão é forrado
com uma folha de cartolina, como
mostra a figura:
Nas figuras abaixo, estão representadas as sombras projetadas pelas varetas nas três cidades, no mesmo
instante, ao meio-dia. A linha pontilhada indica a direção NorteSul.
27 Pelos resultados da experiência, num mesmo instante, em Recife a sombra se projeta à direita e nas outras
duas cidades à esquerda da linha pontilhada na cartolina. É razoável, então, afirmar que existe uma
localidade em que a sombra deverá estar bem mais próxima da linha pontilhada, em vias de passar de um
lado para o outro. Em que localidade, dentre as listadas abaixo, seria mais provável que isso ocorresse?
(A) Natal.
(B) Manaus.
(C) Cuiabá.
(D) Brasília.
(E) Boa Vista.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
ABCD E
11 16 10 47 15
Habilidade: 1
O participante, na resolução dessa questão, deveria mostrar a capacidade de deduzir,
a partir do texto e das ilustrações, em qual das cidades apontadas nas alternativas a sombra
deverá se aproximar da linha de referência NorteSul.
Aproximadamente 50% dos participantes conseguiram examinar os ângulos das
projeções das sombras e de ordená-los, estabelecendo sentido de movimentação da sombra
(LesteOeste), nos limites compreendidos entre Recife e Porto Alegre
100 Relatório 2000 Pedagógico
A seqüência abaixo indica de maneira simplificada os passos seguidos por um grupo de cientistas para a
clonagem de uma vaca:
I. Retirou-se um óvulo da vaca Z. O núcleo foi desprezado, obtendo-se um óvulo anucleado.
II. Retirou-se uma célula da glândula mamária da vaca W. O núcleo foi isolado e conservado,
desprezando-se o resto da célula.
III. O núcleo da célula da glândula mamária foi introduzido no óvulo anucleado. A célula reconstituída
foi estimulada para entrar em divisão.
IV. Após algumas divisões, o embrião foi implantado no útero de uma terceira vaca Y, mãe de aluguel.
O embrião se desenvolveu e deu origem ao clone.
28 Considerando-se que os animais Z, W e Y não têm parentesco, pode-se afirmar que o animal resultante da
clonagem tem as características genéticas da vaca
(A) Z, apenas.
(B) W, apenas.
(C) Y, apenas.
(D) Z e da W, apenas.
(E) Z, W e Y.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
A B CD E
8 49 629 8
Habilidade: 11
Este problema buscou colocar o participante diante de uma situação que exigia
conhecimentos básicos sobre hereditariedade e sobre o princípio de clonagem. Cerca da
metade dos participantes respondeu acertadamente, observando que o material genético é
herdado da doadora do núcleo (célula W).
Provavelmente, os participantes que responderam à alternativa D tenham
atribuído ao óvulo, ainda que anucleado, uma função fundamental na transmissão de
características hereditárias que define o clone. Outros participantes podem ter relacionado
com a existência de material genético na mitocôndria. Contudo, para a determinação do
conjunto das características genéticas do clone, o material citoplasmático não definiria uma
porção significativa dessas características.
A seqüência abaixo indica de maneira simplificada os passos seguidos por um grupo de cientistas para a
clonagem de uma vaca:
I. Retirou-se um óvulo da vaca Z. O núcleo foi desprezado, obtendo-se um óvulo anucleado.
II. Retirou-se uma célula da glândula mamária da vaca W. O núcleo foi isolado e conservado,
desprezando-se o resto da célula.
III. O núcleo da célula da glândula mamária foi introduzido no óvulo anucleado. A célula reconstituída
foi estimulada para entrar em divisão.
IV. Após algumas divisões, o embrião foi implantado no útero de uma terceira vaca Y, mãe de aluguel.
O embrião se desenvolveu e deu origem ao clone.
29 Se a vaca Y, utilizada como mãe de aluguel, for a mãe biológica da vaca W, a porcentagem de genes da mãe
de aluguel, presente no clone será
(A) 0%
(B) 25%
(C) 50%
(D) 75%
(E) 100%
Relatório 2000 Pedagógico 101
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
ABC DE
16 28 38 9 9
Habilidade: 11
A situação-problema, apresentada, exigia conhecimentos básicos de hereditariedade
e de compreensão de uma situação hipotética  a mãe de aluguel ter parentesco com o
clone  que difere daquela mais conhecida dos participantes  não ter parentesco. Cerca de
40% responderam corretamente ao problema, demonstrando o domínio das habilidades
requeridas.
Os participantes que assinalaram a alternativa B (28%) provavelmente tenham
trabalhado com a seqüência estabelecida (avó, mãe e filha), ignorando que a proposta
desordenava essa seqüência e, assim, apesar de a mãe de aluguel ter parentesco com o
clone, não transmite seus genes diretamente.
30 Assim como na relação entre o perfil de um corte de um torno e a peça torneada, sólidos de revolução
resultam da rotação de figuras planas em torno de um eixo. Girando-se as figuras abaixo em torno da haste
indicada obtêm-se os sólidos de revolução que estão na coluna da direita.
A correspondência correta entre as figuras planas e os sólidos de revolução obtidos é:
(A) 1A, 2B, 3C, 4D, 5E.
(B) 1B, 2C, 3D, 4E, 5A.
(C) 1B, 2D, 3E, 4A, 5C.
(D) 1D, 2E, 3A, 4B, 5C.
(E) 1D, 2E, 3B, 4C, 5A.
102 Relatório 2000 Pedagógico
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
ABCD E
6 4 678 6
Habilidade: 14
A compreensão do conceito de sólido de revolução e a capacidade de visualizar o
resultado tridimensional da rotação de uma figura plana foram requeridas na resolução
dessa questão. A grande maioria, cerca de quatro em cada cinco participantes, assinalou a
alternativa correta.
31 (...) Depois de longas investigações, convenci-me por fim de que o Sol é uma estrela fixa rodeada de
planetas que giram em volta dela e de que ela é o centro e a chama. Que, além dos planetas principais, há
outros de segunda ordem que circulam primeiro como satélites em redor dos planetas principais e com
estes em redor do Sol. (...) Não duvido de que os matemáticos sejam da minha opinião, se quiserem dar-
se ao trabalho de tomar conhecimento, não superficialmente mas duma maneira aprofundada, das
demonstrações que darei nesta obra. Se alguns homens ligeiros e ignorantes quiserem cometer contra
mim o abuso de invocar alguns passos da Escritura (sagrada), a que torçam o sentido, desprezarei os
seus ataques: as verdades matemáticas não devem ser julgadas senão por matemáticos.
(COPÉRNICO, N. De Revolutionibus orbium caelestium.)
Aqueles que se entregam à prática sem ciência são como o navegador que embarca em um navio sem
leme nem bússola. Sempre a prática deve fundamentar-se em boa teoria. Antes de fazer de um caso uma
regra geral, experimente-o duas ou três vezes e verifique se as experiências produzem os mesmos
efeitos. Nenhuma investigação humana pode se considerar verdadeira ciência se não passa por
demonstrações matemáticas.
(VINCI, Leonardo da. Carnets.)
O aspecto a ser ressaltado em ambos os textos para exemplificar o racionalismo moderno é
(A) a fé como guia das descobertas.
(B) o senso crítico para se chegar a Deus.
(C) a limitação da ciência pelos princípios bíblicos.
(D) a importância da experiência e da observação.
(E) o princípio da autoridade e da tradição.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
ABCD E
3 31280 2
Habilidade: 19
A alta incidência de participantes, que escolheram a resposta correta (80%), evidenciou
que eles foram capazes de relacionar percepções históricas ancoradas no mesmo universo
conceitual.
Os participantes que optaram pela alternativa C, provavelmente responderam de
acordo com o senso comum, sem levar em consideração os textos apresentados.
A panela de pressão permite que os alimentos sejam cozidos em água muito mais rapidamente do que em
panelas convencionais. Sua tampa possui uma borracha de vedação que não deixa o vapor escapar, a não
ser através de um orifício central sobre o qual assenta um peso que controla a pressão. Quando em uso,
desenvolve-se uma pressão elevada no seu interior. Para a sua operação segura, é necessário observar a
limpeza do orifício central e a existência de uma válvula de segurança, normalmente situada na tampa.
Relatório 2000 Pedagógico 103
O esquema da panela de pressão e um diagrama de fase da água são apresentados abaixo.
32 A vantagem do uso de panela de pressão é a rapidez para o cozimento de alimentos e isto se deve
(A) à pressão no seu interior, que é igual à pressão externa.
(B) à temperatura de seu interior, que está acima da temperatura de ebulição da água no local.
(C) à quantidade de calor adicional que é transferida à panela.
(D) à quantidade de vapor que está sendo liberada pela válvula.
(E) à espessura da sua parede, que é maior que a das panelas comuns.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
A B CD E
5 63 10 20 1
Habilidade: 8
A resposta a este problema exigia do participante a capacidade de estabelecer a
relação entre pressão, temperatura e cozimento de alimento em panela de pressão, descrita
no texto.
Vinte por cento dos participantes atribuíram ao escape do vapor (o mais evidente na
panela de pressão) a maior rapidez do cozimento, demonstrando que os mesmos não
relacionaram o que aprenderam (ou não) sobre as leis dos gases e rapidez de transformações
químicas ao problema.
A panela de pressão permite que os alimentos sejam cozidos em água muito mais rapidamente do que em
panelas convencionais. Sua tampa possui uma borracha de vedação que não deixa o vapor escapar, a não
ser através de um orifício central sobre o qual assenta um peso que controla a pressão. Quando em uso,
desenvolve-se uma pressão elevada no seu interior. Para a sua operação segura, é necessário observar a
limpeza do orifício central e a existência de uma válvula de segurança, normalmente situada na tampa.
O esquema da panela de pressão e um diagrama de fase da água são apresentados abaixo.
104 Relatório 2000 Pedagógico
33 Se, por economia, abaixarmos o fogo sob uma panela de pressão logo que se inicia a saída de vapor pela
válvula, de forma simplesmente a manter a fervura, o tempo de cozimento
(A) será maior porque a panela esfria.
(B) será menor, pois diminui a perda de água.
(C) será maior, pois a pressão diminui.
(D) será maior, pois a evaporação diminui.
(E) Não será alterado, pois a temperatura não varia.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
ABCDE
312401728
Habilidade: 8
A resposta a esta situação-problema exigia que os alunos demonstrassem o
conhecimento da manutenção da temperatura numa mudança de estado à pressão constante,
ou seja, que percebessem que a temperatura do líquido mantém-se a mesma, não se
alterando pelo tempo de cozimento.
34 A construção de grandes projetos hidroelétricos também deve ser analisada do ponto de vista do regime das
águas e de seu ciclo na região. Em relação ao ciclo da água, pode-se argumentar que a construção de
grandes represas
(A) não causa impactos na região, uma vez que a quantidade total de água da Terra permanece constante.
(B) não causa impactos na região, uma vez que a água que alimenta a represa prossegue depois rio abaixo
com a mesma vazão e velocidade.
(C) aumenta a velocidade dos rios, acelerando o ciclo da água na região.
(D) aumenta a evaporação na região da represa, acompanhada também por um aumento local da
umidade relativa do ar.
(E) diminui a quantidade de água disponível para a realização do ciclo da água.
Relatório 2000 Pedagógico 105
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
ABCD E
7141943 17
Habilidade: 9
Este problema exigia que o participante dominasse conhecimentos sobre o ciclo da
água e demonstrasse capacidades cognitivas para trabalhar a idéia de que a retenção de
água na ampla área da barragem de uma represa aumenta a evaporação na região e altera
o clima. A resposta foi corretamente percebida por 43% dos participantes. Cerca de 20%
dos participantes não relacionaram a existência das represas com o impacto ambiental
(alternativas A e B). Outros 36% não demonstraram compreender o ciclo da água, acreditando
equivocadamente que as represas aceleram (alternativa C) ou reduzem (alternativa E)
este ciclo.
O diagrama abaixo representa a energia solar que atinge a Terra e sua utilização na geração de eletricidade.
A energia solar é responsável pela manutenção do ciclo da água, pela movimentação do ar, e
pelo ciclo do carbono que ocorre através da fotossíntese dos vegetais, da decomposição e da respiração
dos seres vivos, além da formação de combustíveis fósseis.
35 De acordo com o diagrama, a humanidade aproveita, na forma de energia elétrica, uma fração da energia
recebida como radiação solar, correspondente a:
(A) 4 X 10
-9
(B) 2,5 X 10
-6
(C) 4 X 10
-4
(D) 2,5 X 10
-3
(E) 4 X 10
-2
106 Relatório 2000 Pedagógico
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
A B CD E
15 38 21 16 9
Habilidade: 7
A questão apresentada exigia a realização de uma operação matemática de divisão.
A atração pelas alternativas A, C e E pode estar associada à inversão dessa operação,
resultando em um número que contém o algarismo 4 (200 bilhões/500 mil). A atração pelas
alternativas B (correta) e D (errada) pode indicar a operação na ordem correta (500 mil/200
bilhões), ocorrendo, no caso da última, um erro de cálculo com decimais.
Os erros de inversão, provavelmente, podem ter ocorrido em função de um raciocínio
seqüencial, que envolve seqüência cronológica e inversão desta seqüência, mas nunca a
interrupção do fluxo.
O diagrama abaixo representa a energia solar que atinge a Terra e sua utilização na geração de eletricidade.
A energia solar é responsável pela manutenção do ciclo da água, pela movimentação do ar, e
pelo ciclo do carbono que ocorre através da fotossíntese dos vegetais, da decomposição e da respiração
dos seres vivos, além da formação de combustíveis fósseis.
36 De acordo com este diagrama, uma das modalidades de produção de energia elétrica envolve combustíveis
fósseis. A modalidade de produção, o combustível e a escala de tempo típica associada à formação desse
combustível são, respectivamente,
(A) hidroelétricas - chuvas - um dia
(B) hidroelétricas - aquecimento do solo - um mês
(C) termoelétricas - petróleo - 200 anos
(D) termoelétricas - aquecimento do solo - 1 milhão de anos
(E) termoelétricas - petróleo - 500 milhões de anos
Relatório 2000 Pedagógico 107
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
ABCDE
9 617 759
Habilidade: 7
A capacidade de estabelecer a relação correta entre termoeletricidade e petróleo,
assim como a de determinar o período necessário à formação de uma jazida, foram
demonstradas por cerca de 60% dos participantes (alternativa E). Outros 17% escolheram a
alternativa (C) que, pelo menos, envolve combustível fóssil. É pois amplamente majoritária
a compreensão qualitativa das relações entre combustível fóssil (petróleo) e termoeletricidade,
ainda que menos ampla a noção da escala de tempo envolvida na formação geológica do
petróleo.
O diagrama abaixo representa a energia solar que atinge a Terra e sua utilização na geração de eletricidade.
A energia solar é responsável pela manutenção do ciclo da água, pela movimentação do ar, e
pelo ciclo do carbono que ocorre através da fotossíntese dos vegetais, da decomposição e da respiração
dos seres vivos, além da formação de combustíveis fósseis.
37 No diagrama estão representadas as duas modalidades mais comuns de usinas elétricas, as hidroelétricas e
as termoelétricas. No Brasil, a construção de usinas hidroelétricas deve ser incentivada porque essas
I. utilizam fontes renováveis, o que não ocorre com as termoelétricas que utilizam fontes que necessitam
de bilhões de anos para serem reabastecidas.
II. Apresentam impacto ambiental nulo, pelo represamento das águas no curso normal dos rios.
III. Aumentam o índice pluviométrico da região de seca do Nordeste, pelo represamento de águas.
Das três afirmações acima, somente
(A) I está correta.
(B) II está correta.
(C) III está correta.
(D) I e II estão corretas.
(E) II e III estão corretas.
108 Relatório 2000 Pedagógico
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
A BCDE
52 9 823 8
Habilidade: 16
Este problema buscou colocar o participante diante de uma situação que exigia a
percepção de características de renovabilidade e impacto ambiental das hidrelétricas, além
da não-renovabilidade das termoelétricas, em relação à produção de energia em hidrelétricas
e termoelétricas. Os 23% que assinalaram a alternativa D demostraram o domínio apenas
do conhecimento dessa última característica das termoelétricas, ignorando o impacto das
hidrelétricas.
38 Uma estação distribuidora de energia elétrica foi atingida por um raio. Este fato provocou escuridão em uma
extensa área. Segundo estatísticas, ocorre em média a cada 10 anos um fato desse tipo. Com base nessa
informação, pode-se afirmar que
(A) a estação está em funcionamento há no máximo 10 anos.
(B) daqui a 10 anos deverá cair outro raio na mesma estação.
(C) se a estação já existe há mais de 10 anos, brevemente deverá cair outro raio na mesma.
(D) a probabilidade de ocorrência de um raio na estação independe do seu tempo de existência.
(E) é impossível a estação existir há mais de 30 anos sem que um raio já a tenha atingido anteriormente
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
ABCD E
3 9 571 12
Habilidade: 15
A resolução desta questão exigia que o participante demonstrasse entender o caráter
aleatório da ocorrência de um evento. O índice de acerto relativamente alto, com quase três
em cada quatro participantes, parece indicar que a maioria teve a compreensão da
aleatoriedade do fenômeno em questão, a incidência de raios em determinado local, e do
significado das médias resultantes de levantamentos estatísticos.
Diante da visão de um prédio com uma placa
indicando SAPATARIA PAPALIA, um jovem
deparou com a dúvida: como pronunciar a palavra
PAPALIA?
Levado o problema à sala de aula, a discussão
girou em torno da utilidade de conhecer as regras
de acentuação e, especialmente, do auxílio que
elas podem dar à correta pronúncia de palavras.
Após discutirem pronúncia, regras de acentuação
e escrita, três alunos apresentaram as seguintes
conclusões a respeito da palavra PAPALIA:
I. Se a sílaba tônica for o segundo PA, a escrita
deveria ser PAPÁLIA, pois a palavra seria
paroxítona terminada em ditongo crescente.
II. Se a sílaba tônica for LI, a escrita deveria ser
PAPALÍA, pois i e a estariam formando
hiato.
Relatório 2000 Pedagógico 109
III. Se a sílaba tônica for LI, a escrita deveria ser
PAPALIA, pois não haveria razão para o uso
de acento gráfico
39 A conclusão está correta apenas em:
(A) I (B) II (C) III (D) I e II (E) I e III
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
ABCDE
15 9 19 23 35
Habilidade: 6
Dentre os participantes, somente pouco mais de um terço (35%) demonstrou possuir
a habilidade para identificar as regras de acentuação corretas, enunciadas na questão.
Chama a atenção o fato de que 73% dos participantes (alternativas A, D e E) reco-
nheceram corretamente, pelo menos, a regra contida no item I, sendo que cerca de 40%,
contudo, tiveram dificuldades em analisar as regras II e III.
Em se tratando de palavra não-usual, é, sobretudo, o domínio do conhecimento das
regras e não a possível pronúncia correta, pelo uso, o que parece ter sido revelado.
40 Uma pesquisadora francesa produziu o seguinte texto para caracterizar nosso país:
O Brasil, quinto país do mundo em extensão territorial, é o mais vasto do Hemisfério Sul. Ele faz parte
essencialmente do mundo tropical, à exceção de seus estados mais meridionais, ao sul de São Paulo. O
Brasil dispõe de vastos territórios subpovoados, como o da Amazônia, conhece também um crescimento
urbano extremamente rápido, índices de pobreza que não diminuem e uma das sociedades mais desiguais
do mundo. Qualificado de terra de contrastes, o Brasil é um país moderno do Terceiro Mundo, com todas as
contradições que isso tem por conseqüência.
([Adaptado de] DROULERS, Martine. Dictionnaire geopolitique des états. Organizado por Yves Lacoste.
Paris: Éditions Flamarion, 1995)
O Brasil é qualificado como uma terra de contrastes por
(A) fazer parte do mundo tropical, mas ter um crescimento urbano semelhante ao dos países temperados.
(B) não conseguir evitar seu rápido crescimento urbano, por ser um país com grande extensão de fronteiras
terrestres e de costa.
(C) possuir grandes diferenças sociais e regionais e ser considerado um país moderno do Terceiro
Mundo.
(D) possuir vastos territórios subpovoados, apesar de não ter recursos econômicos e tecnológicos para
explorá-los.
(E) ter elevados índices de pobreza, por ser um país com grande extensão territorial e predomínio de
atividades rurais.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
ABC DE
3 474 911
Habilidade: 21
O alto índice de acerto (74%) demonstra que os participantes não tiveram dificuldade
na interpretação de um texto cujos elementos principais integram seu universo de percepção
cotidiana.
Os que assinalaram a alternativa D (9%) e E (11%) provavelmente devem ter realizado
uma leitura parcial do texto, no qual foram estabelecidas relações entre a natureza e o
homem brasileiro.
110 Relatório 2000 Pedagógico
41 Muitas usinas hidroelétricas estão situadas em barragens. As características de algumas das grandes represas
e usinas brasileiras estão apresentadas no quadro abaixo.
Usina Área alagada Potência Sistema Hidrográfico
(km
2
) (MW)
Tucuruí 2 430 4 240 Rio Tocantins
Sobradinho 4 214 1 050 Rio São Francisco
Itaipu 1 350 12 600 Rio Paraná
Ilha Solteira 1 077 3 230 Rio Paraná
Furnas 1 450 1 312 Rio Grande
A razão entre a área da região alagada por uma represa e a potência produzida pela usina nela instalada é
uma das formas de estimar a relação entre o dano e o benefício trazidos por um projeto hidroelétrico. A
partir dos dados apresentados no quadro, o projeto que mais onerou o ambiente em termos de área
alagada por potência foi
(A) Tucuruí.
(B) Furnas.
(C) Itaipu.
(D) Ilha Solteira.
(E) Sobradinho.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
ABCDE
6 438 349
Habilidade: 16
Para resolver essa questão, o participante deveria demonstrar a compreensão de um
determinado critério de quantificação da relação entre dano ambiental e benefício energético,
explicitado no problema, pelo resultado da relação entre área alagada e potência elétrica
gerada. Quase metade dos participantes (49%) resolveu adequadamente o problema.
42 Leia o que disse João Cabral de Melo Neto, poeta pernambucano, sobre a função de seus textos:
Falo somente com o que falo: a linguagem enxuta, contato denso; falo somente do que falo: a vida seca,
áspera e clara do sertão; falo somente por quem falo: o homem sertanejo sobrevivendo na adversidade e na
míngua. Falo somente para quem falo: para os que precisam ser alertados para a situação da miséria no
Nordeste.
Para João Cabral de Melo Neto, no texto literário,
(A) a linguagem do texto deve refletir o tema, e a fala do autor deve denunciar o fato social para
determinados leitores.
(B) a linguagem do texto não deve ter relação com o tema, e o autor deve ser imparcial para que seu texto
seja lido.
(C) o escritor deve saber separar a linguagem do tema e a perspectiva pessoal da perspectiva do leitor.
(D) a linguagem pode ser separada do tema, e o escritor deve ser o delator do fato social para todos os
leitores.
(E) a linguagem está além do tema, e o fato social deve ser a proposta do escritor para convencer o leitor.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
A BCDE
54 4 81321
Habilidade: 5
Relatório 2000 Pedagógico 111
Para resolver essa questão, o participante deveria ser capaz de estabelecer a rela-
ção entre a linguagem, o tema e o interlocutor da escrita do autor, a partir das razões
explicitadas no seu texto. Essas razões foram corretamente identificadas por mais da meta-
de dos participantes.
43 A variação da quantidade de anticorpos específicos foi medida por meio de uma experiência controlada, em
duas crianças durante um certo período de tempo. Para a imunização de cada uma das crianças foram
utilizados dois procedimentos diferentes:
Criança I: aplicação de soro imune.
Criança II: vacinação.
O gráfico que melhor representa as taxas de variação da quantidade de anticorpos nas crianças I e II é:
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
A B CD E
18 43 23 9 7
Habilidade: 11
Para resolver adequadamente esta questão, o participante deveria demonstrar o
conhecimento básico das diferenças entre soro e vacina para relacioná-las com os gráficos.
Associado a esse conhecimento, a questão exigia também o domínio dos conceitos de
função e sua representação gráfica.
Quarenta e três por cento dos participantes analisaram corretamente os gráficos.
112 Relatório 2000 Pedagógico
44 Um agricultor adquiriu alguns alqueires de terra para cultivar e residir no local. O desenho abaixo representa
parte de suas terras.
Pensando em construir sua moradia no lado I do rio e plantar no lado II, o agricultor consultou seus vizinhos
e escutou as frases abaixo. Assinale a frase do vizinho que deu a sugestão mais correta.
(A) O terreno só se presta ao plantio, revolvendo o solo com arado.
(B) Não plante neste local, porque é impossível evitar a erosão.
(C) Pode ser utilizado, desde que se plante em curvas de nível.
(D) Você perderá sua plantação, quando as chuvas provocarem inundação.
(E) Plante forragem para pasto.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
ABC DE
61760 11 6
Habilidade: 12
Nessa questão, o participante deveria ter demonstrado a capacidade de iden-tificar
uma solução adequada para um problema que relaciona condições geomorfológicas com
tecnologia agrícola.
A maior parte dos participantes (60%) demonstrou essa capacidade. A maior incidência
de erro (17%) ocorreu possivelmente devido ao desconhecimento da técnica de curva de
nível.
45 A tabela a seguir apresenta alguns exemplos de processos, fenômenos ou objetos em que ocorrem
transformações de energia. Nessa tabela, aparecem as direções de transformação de energia. Por exemplo,
o termopar é um dispositivo onde energia térmica se transforma em energia elétrica.
Relatório 2000 Pedagógico 113
Dentre os processos indicados na tabela, ocorre conservação de energia
(A) em todos os processos.
(B) somente nos processos que envolvem transformações de energia sem dissipação de calor.
(C) somente nos processos que envolvem transformações de energia mecânica.
(D) somente nos processos que não envolvem energia química.
(E) somente nos processos que não envolvem nem energia química nem energia térmica.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
A BCDE
17 36 14 14 19
Habilidade: 7
Este problema procurou verificar se o participante compreende o sentido universal do
princípio da conservação da energia, ou seja, de que não há situações em que essa
conservação não ocorra. Em cada cinco participantes, menos de um demonstrou tal
entendimento.
Os demais, especialmente os que assinalaram a alternativa B, parecem identificar
energia, que deveria significar energia total, com energia mecânica.
46 Um dos maiores problemas da atualidade é o aumento desenfreado do desemprego. O texto abaixo destaca
esta situação.
O desemprego é hoje um fenômeno que atinge e preocupa o mundo todo. (...) A onda de desemprego recente
não é conjuntural, ou seja, provocada por crises localizadas e temporárias. Está associada a mudanças
estruturais na economia, daí o nome de desemprego estrutural.
O desemprego manifesta-se hoje na maioria das economias, incluindo a dos países ricos. A OIT estima em 1
bilhão  um terço da força de trabalho mundial  o número de desempregados em todo o mundo em 1998.
Desse total, 150 milhões encontram-se abertamente desempregados e entre 750 e 900 milhões estão
subempregados.
([CD-ROM] Almanaque Abril 1999. São Paulo: Abril.)
Pode-se compreender o desemprego estrutural em termos da internacionalização da economia associada
(A) a uma economia desaquecida que provoca ondas gigantescas de desemprego, gerando revoltas e crises
institucionais.
(B) ao setor de serviços que se expande provocando ondas de desemprego no setor industrial, atraindo essa
mão-de-obra para este novo setor.
(C) ao setor industrial que passa a produzir menos, buscando enxugar custos provocando, com isso,
demissões em larga escala.
(D) a novas formas de gerenciamento de produção e novas tecnologias que são inseridas no processo
produtivo, eliminando empregos que não voltam.
(E) ao emprego informal que cresce, já que uma parcela da população não tem condições de regularizar o seu
comércio.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
ABCD E
17 4 14 58 6
Habilidade: 21
Para resolver adequadamente essa questão, o participante deveria demonstrar
compreensão das razões globais e estruturais do desemprego contemporâneo.
114 Relatório 2000 Pedagógico
A maioria (58%) parece revelar tal compreensão. É possível que os 31% dos
participantes que escolheram as alternativas A e C estivessem considerando apenas a
conjuntura brasileira contemporânea.
47 A obsidiana é uma pedra de origem
vulcânica que, em contato com a umidade
do ar, fixa água em sua superfície
formando uma camada hidratada. A
espessura da camada hidratada aumenta
de acordo com o tempo de permanência
no ar, propriedade que pode ser utilizada
para medir sua idade. O gráfico ao lado
mostra como varia a espessura da
camada hidratada, em mícrons (1 mícron
= 1 milésimo de milímetro) em função da
idade da obsidiana.
Com base no gráfico, pode-se concluir que a espessura da camada hidratada de uma obsidiana
(A) é diretamente proporcional à sua idade.
(B) dobra a cada 10 000 anos.
(C) aumenta mais rapidamente quando a pedra é mais jovem.
(D) aumenta mais rapidamente quando a pedra é mais velha.
(E) a partir de 100 000 anos não aumenta mais.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
ABC DE
18 6 62 10 5
Habilidade: 2
Para a solução deste problema, era requerido do participante o domínio da capacidade
de leitura e compreensão de gráficos.
O índice de acerto (62%) revelou o domínio da compreensão das características da
variação apresentada. Houve, ainda, certa atração pela alternativa A, que propunha uma
proporcionalidade direta entre a espessura da camada hidratada e a idade da pedra. Tal
fato parece compreensível, uma vez que constitui um engano comum a associação da idéia
de proporcionalidade apenas ao crescimento (ou decrescimento) concomitante de duas
grandezas, independentemente das razões de variação correspondentes.
48 Quem não passou pela experiência de estar lendo um texto e defrontar-se com passagens já lidas em outros?
Os textos conversam entre si em um diálogo constante. Esse fenômeno tem a denominação de
intertextualidade. Leia os seguintes textos:
I. Quando nasci, um anjo torto
Desses que vivem na sombra
Disse: Vai Carlos! Ser gauche na vida
(ANDRADE, Carlos Drummond de. Alguma poesia. Rio de Janeiro: Aguilar, 1964)
Relatório 2000 Pedagógico 115
II. Quando nasci veio um anjo safado
O chato dum querubim
E decretou que eu tava predestinado
A ser errado assim
Já de saída a minha estrada entortou
Mas vou até o fim.
(BUARQUE, Chico. Letra e Música. São Paulo: Cia. das Letras, 1989)
III. Quando nasci um anjo esbelto
Desses que tocam trombeta, anunciou:
Vai carregar bandeira.
Carga muito pesada pra mulher
Esta espécie ainda envergonhada.
(PRADO, Adélia. Bagagem. Rio de Janeiro: Guanabara, 1986)
Adélia Prado e Chico Buarque estabelecem intertextualidade, em relação a Carlos Drummond de Andrade, por
(A) reiteração de imagens.
(B) oposição de idéias.
(C) falta de criatividade.
(D) negação dos versos.
(E) ausência de recursos.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
A BCDE
56 32 4 4 4
Habilidade: 5
Para a resolução desse problema, era requerido que o participante soubesse identificar
os elementos de intertextualidade entre três trechos de textos de diferentes autores.
As duas primeiras alternativas, amplamente majoritárias, revelam possivelmente duas
distintas percepções da questão. A alternativa correta foi escolhida pelos que perceberam a
ostensiva reiteração de imagens (repetição da imagem do anjo que vaticina). A alternativa
B, pode ter atraído muitos participantes à medida que tenham, talvez, identificado uma
oposição de idéias, não entre os textos, mas entre a imagem usualmente positiva de anjo e
uma certa adjetivação pejorativa utilizada em relação aos mesmos.
49 A Revolução Industrial ocorrida no final do século XVIII transformou as relações do homem com o trabalho. As
máquinas mudaram as formas de trabalhar, e as fábricas concentraram-se em regiões próximas às matérias-
primas e grandes portos, originando vastas concentrações humanas. Muitos dos operários vinham da área
rural e cumpriam jornadas de trabalho de 12 a 14 horas, na maioria das vezes em condições adversas. A
legislação trabalhista surgiu muito lentamente ao longo do século XIX e a diminuição da jornada de trabalho
para oito horas diárias concretizou-se no início do século XX.
Pode-se afirmar que as conquistas no início deste século, decorrentes da legislação trabalhista, estão
relacionadas com
(A) A expansão do capitalismo e a consolidação dos regimes monárquicos constitucionais.
(B) A expressiva diminuição da oferta de mão-de-obra, devido à demanda por trabalhadores especializados.
(C) A capacidade de mobilização dos trabalhadores em defesa dos seus interesses.
(D) O crescimento do Estado ao mesmo tempo que diminuía a representação operária nos parlamentos.
(E) A vitória dos partidos comunistas nas eleições das principais capitais européias.
116 Relatório 2000 Pedagógico
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
ABC DE
15 15 61 6 4
Habilidade: 20
Para resolver essa questão, os participantes deveriam demonstrar a capacidade de
compreender um texto sobre estruturas socioeconômicas em formação, situando estas
estruturas no tempo histórico correspondente.
A alternativa B atraiu um número considerável de participantes, provavelmente devido
ao fato de apresentar uma situação real nos dias atuais, mas que não ocorria no período
referido no texto. Isto pode indicar a tendência de alguns participantes de, ao fazerem análises
de sociedades enquadradas em períodos históricos ou bases culturais diferentes, utilizarem
os parâmetros culturais e materiais de seu próprio tempo.
A alternativa A também foi escolhida por um número significativo de participantes.
Neste caso, a atração ocorreu, possivelmente, pelo fato de a alternativa apresentar uma
primeira parte verdadeira e um complemento parcialmente falso, uma vez que nem sempre
foram as monarquias constitucionais que se consolidaram no processo de expansão do
capitalismo, e a forma republicana igualmente alcançou uma grande ascensão. A melhoria
das condições de trabalho e a legislação trabalhista não estão necessariamente ligadas às
monarquias constitucionais.
50 Um agricultor, que possui uma plantação de milho e uma criação de galinhas, passou a ter sérios problemas
com os cachorros-do-mato que atacavam sua criação. O agricultor, ajudado pelos vizinhos, exterminou os
cachorros-do-mato da região. Passado pouco tempo, houve um grande aumento no número de pássaros e
roedores que passaram a atacar as lavouras. Nova campanha de extermínio e, logo depois da destruição dos
pássaros e roedores, uma grande praga de gafanhotos, destruiu totalmente a plantação de milho e as galinhas
ficaram sem alimento.
Analisando o caso acima, podemos perceber que houve desequilíbrio na teia alimentar representada por:
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
A B CD E
5 44 11 27 13
Habilidade: 13
Relatório 2000 Pedagógico 117
A resolução dessa questão exigia que o participante compreendesse a representação
em diagrama do problema proposto e soubesse analisar uma situação de desequilíbrio
ambiental, descrita em um texto que caracteriza a variação da população de diferentes
espécies.
Pouco mais de 40% dos participantes foram capazes de demonstrar o domínio da
habilidade necessária à resolução do problema. Cerca de um terço optou pelas alternativas
A ou C (16%), parecendo pelo menos ter compreendido a proposta, pois escolheram
representações em que as associações entre os seres vivos estavam corretamente colocadas.
Entretanto, esse grupo demonstrou não compreender, talvez, o sentido da transferência de
matéria e energia na teia, neste caso, indicada por eles em sentido contrário (da predação
à produção).
51 Lâmpadas incandescentes são normalmente projetadas para trabalhar com a tensão da rede elétrica em que
serão ligadas. Em 1997, contudo, lâmpadas projetadas para funcionar com 127V foram retiradas do mercado
e, em seu lugar, colocaram-se lâmpadas concebidas para uma tensão de 120V. Segundo dados recentes,
essa substituição representou uma mudança significativa no consumo de energia elétrica para cerca de 80
milhões de brasileiros que residem nas regiões em que a tensão da rede é de 127V.
A tabela abaixo apresenta algumas características de duas lâmpadas de 60W, projetadas respectivamente
para 127V (antiga) e 120V (nova), quando ambas se encontram ligadas numa rede de 127V.
Acender uma lâmpada de 60W e 120V em um local onde a tensão na tomada é de 127V, comparativamente
a uma lâmpada de 60W e 127V no mesmo local tem como resultado:
(A) mesma potência, maior intensidade de luz e maior durabilidade.
(B) mesma potência, maior intensidade de luz e menor durabilidade.
(C) maior potência, maior intensidade de luz e maior durabilidade.
(D) maior potência, maior intensidade de luz e menor durabilidade.
(E) menor potência, menor intensidade de luz e menor durabilidade.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
ABCD E
610 868 8
Habilidade: 4
Diante do problema  lâmpadas projetadas para tensão de operação inferior à da
rede de fornecimento de energia elétrica , foi requerido aos participantes que demonstrassem
o domínio da capacidade de identificar, na tabela apresentada, as variáveis (potência,
intensidade e durabilidade) e que compreendessem sua variação.
Cerca de 70% dos participantes mostraram possuir as capacidades requeridas.
118 Relatório 2000 Pedagógico
52 O número de indivíduos de certa população é representado pelo gráfico abaixo.
Em 1975, a população tinha um tamanho aproximadamente igual ao de:
(A) 1960
(B) 1963
(C) 1967
(D) 1970
(E) 1980
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
A B CD E
7 69 11 7 6
Habilidade: 2
A resolução da questão requeria que o participante demonstrasse ser capaz de ler
corretamente o gráfico para identificar e projetar as variáveis tamanho da população nos
anos de 1975 e 1963.
53 Viam-se de cima as casas acavaladas umas pelas outras, formando ruas, contornando praças. As chaminés
principiavam a fumar; deslizavam as carrocinhas multicores dos padeiros; as vacas de leite caminhavam com
o seu passo vagaroso, parando à porta dos fregueses, tilintando o chocalho; os quiosques vendiam café a
homens de jaqueta e chapéu desabado; cruzavam-se na rua os libertinos retardios com os operários que se
levantavam para a obrigação; ouvia-se o ruído estalado dos carros de água, o rodar monótono dos bondes.
(AZEVEDO, Aluísio de. Casa de Pensão. São Paulo: Martins, 1973)
O trecho, retirado de romance escrito em 1884, descreve o cotidiano de uma cidade, no seguinte contexto:
(A) a convivência entre elementos de uma economia agrária e os de uma economia industrial
indicam o início da industrialização no Brasil, no século XIX.
(B) desde o século XVIII, a principal atividade da economia brasileira era industrial, como se observa no
cotidiano descrito.
(C) apesar de a industrialização ter-se iniciado no século XIX, ela continuou a ser uma atividade pouco
desenvolvida no Brasil.
Relatório 2000 Pedagógico 119
(D) apesar da industrialização, muitos operários levantavam cedo, porque iam diariamente para o campo
desenvolver atividades rurais.
(E) a vida urbana, caracterizada pelo cotidiano apresentado no texto, ignora a industrialização existente na
época.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
A BCDE
53 5111120
Habilidade: 20
A resolução dessa questão requeria que, a partir de um pequeno trecho de texto
literário, o participante demonstrasse ser capaz de extrair os elementos significativos para a
contextualização econômica, social e histórica do que está narrado no trecho.
Cerca de metade dos participantes analisou corretamente o texto de Aluísio de
Azevedo, identificando as transformações ocorridas no século XIX e que alteraram o cotidiano
das cidades. Os que optaram pela alternativa incorreta E (20%) talvez tenham sido motivados
pelo contraste dos elementos presentes no texto, com a persistência de traços rurais na
vida urbana, apesar da industrialização emergente.
54 Apesar da riqueza das florestas tropicais, elas estão geralmente baseadas em solos inférteis e
improdutivos. Grande parte dos nutrientes é armazenada nas folhas que caem sobre o solo, não no solo
propriamente dito. Quando esse ambiente é intensamente modificado pelo ser humano, a vegetação
desaparece, o ciclo dos nutrientes é alterado e a terra se torna rapidamente infértil.
(CORSON, Walter H. Manual Global de Ecologia,1993)
No texto acima, pode parecer uma contradição a existência de florestas tropicais exuberantes sobre solos
pobres. No entanto, este fato é explicado pela
(A) profundidade do solo, pois, embora pobre, sua espessura garante a disponibilidade de nutrientes para a
sustentação dos vegetais da região.
(B) boa iluminação das regiões tropicais, uma vez que a duração regular do dia e da noite garante os ciclos
dos nutrientes nas folhas dos vegetais da região.
(C) existência de grande diversidade animal, com número expressivo de populações que, com seus dejetos,
fertilizam o solo.
(D) capacidade de produção abundante de oxigênio pelas plantas das florestas tropicais, consideradas os
pulmões do mundo.
(E) rápida reciclagem dos nutrientes, potencializada pelo calor e umidade das florestas tropicais, o
que favorece a vida dos decompositores.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
ABCDE
16 12 11 14 46
Habilidade: 13
Esta questão exigia dos participantes a capacidade de identificar a dinâmica
responsável pela existência de florestas tropicais em solos pobres, estabelecendo a relação
entre a velocidade de decomposição e altas médias de umidade e temperatura.
Quase metade das respostas recaiu sobre a alternativa correta E. As escolhas por
alternativas erradas foram distribuídas pelas demais opções, revelando, possivelmente, o
reconhecimento de variáveis isoladas pertinentes ou de senso comum, embora desvinculadas
da questão central colocada.
120 Relatório 2000 Pedagógico
55 Com o uso intensivo do computador como ferramenta de escritório, previu-se o declínio acentuado do uso
de papel para escrita. No entanto, essa previsão não se confirmou, e o consumo de papel ainda é muito
grande. O papel é produzido a partir de material vegetal e, por conta disso, enormes extensões de florestas
já foram extintas, uma parte sendo substituída por reflorestamentos homogêneos de uma só espécie (no
Brasil, principalmente eucalipto).
Para evitar que novas áreas de florestas nativas, principalmente as tropicais, sejam destruídas para suprir a
produção crescente de papel, foram propostas as seguintes ações:
I. Aumentar a reciclagem de papel, através da coleta seletiva e processamento em usinas.
II. Reduzir as tarifas de importação de papel.
III. Diminuir os impostos para produtos que usem papel reciclado.
Para um meio ambiente global mais saudável, apenas
(A) a proposta I é adequada.
(B) a proposta II é adequada.
(C) a proposta III é adequada.
(D) as propostas I e II são adequadas.
(E) as propostas I e III são adequadas.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
ABCDE
22 2 4 8 63
Habilidade: 16
Diante de três propostas de ações visando à proteção ambiental, o participante deveria
evidenciar a capacidade de analisar aquelas que correspondessem às intervenções
adequadas.
Houve uma compreensão correta das informações contidas no texto, bem como das
propostas de ação sugeridas por quase dois terços dos participantes. A grande nitidez na
plausibilidade da primeira das ações sugeridas (proposição I) pode explicar, em parte, a
atração exercida pela alternativa que a indicava como a única correta, escolhida por 22%
dos participantes.
56 O crescimento da população de uma praga
agrícola está representado em função do
tempo, no gráfico ao lado, onde a
densidade populacional superior a P causa
prejuízo à lavoura.
No momento apontado pela seta ¬, um
agricultor introduziu uma espécie de inseto
que é inimigo natural da praga, na tentativa
de controlá-la biologicamente.
No momento indicado pela seta , o
agricultor aplicou grande quantidade de
inseticida, na tentativa de eliminar
totalmente a praga.
A análise do gráfico permite concluir que
(A) se o inseticida tivesse sido usado no momento marcado pela seta ¬, a praga teria sido controlada
definitivamente, sem necessidade de um tratamento posterior.
(B) se não tivesse sido usado o inseticida no momento marcado pela seta , a população de praga
continuaria aumentando rapidamente e causaria grandes danos à lavoura.
(C) o uso do inseticida tornou-se necessário, uma vez que o controle biológico aplicado no momento ¬ não
resultou na diminuição da densidade da população da praga.
Relatório 2000 Pedagógico 121
(D) o inseticida atacou tanto as pragas quanto os seus predadores; entretanto, a população de pragas
recuperou-se mais rápido voltando a causar dano à lavoura.
(E) o controle de pragas por meio do uso de inseticidas é muito mais eficaz que o controle biológico, pois os
seus efeitos são muito mais rápidos e têm maior durabilidade.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
ABCD E
8 71067 8
Habilidade: 13
A resolução dessa questão requeria que o participante demonstrasse ser capaz de
interpretar corretamente o significado do controle biológico de pragas e dos efeitos de
inseticidas na dinâmica de uma população vegetal, expressa através de linguagem gráfica.
Cerca de dois terços dos participantes escolheram a alternativa que relaciona
corretamente as variáveis envolvidas.
57 Em nosso planeta a quantidade de água está estimada em 1,36 X 10
6
trilhões de toneladas. Desse total,
calcula-se que cerca de 95% são de água salgada e dos 5% restantes, quase a metade está retida nos
pólos e geleiras.
O uso de água do mar para obtenção de água potável ainda não é realidade em larga escala. Isso porque,
entre outras razões,
(A) o custo dos processos tecnológicos de dessalinização é muito alto.
(B) não se sabe como separar adequadamente os sais nela dissolvidos.
(C) comprometeria muito a vida aquática dos oceanos.
(D) a água do mar possui materiais irremovíveis.
(E) a água salgada do mar tem temperatura de ebulição alta.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
A BCDE
57 716 812
Habilidade: 9
Para a resolução dessa questão, foi solicitado ao participante que selecionasse, di-
ante de diversos fatores que eventualmente poderiam significar uma restrição ao processo
de transformação da água do mar em água potável, a razão mais plausível.
Nesse caso, a questão da dessalinização da água do mar foi corretamente identificada
por 57% dos participantes como um problema referente aos custos tecnológicos e não a
limitações de outra ordem. A opção pela alternativa C, por 16% dos participantes, pode ter
sido talvez motivada por um posicionamento ecológico mal fundamentado.
58 Segundo o poeta Carlos Drummond de Andrade, a água é um projeto de viver. Nada mais correto, se
levarmos em conta que toda água com que convivemos carrega, além do puro e simples H
2
O, muitas outras
substâncias nela dissolvidas ou em suspensão. Assim, o ciclo da água, além da própria água, também
promove o transporte e a redistribuição de um grande conjunto de substâncias relacionadas à dinâmica da
vida.
No ciclo da água, a evaporação é um processo muito especial, já que apenas moléculas de H
2
O passam para
o estado gasoso. Desse ponto de vista, uma das conseqüências da evaporação pode ser
122 Relatório 2000 Pedagógico
(A) a formação da chuva ácida, em regiões poluídas, a partir de quantidades muito pequenas de substâncias
ácidas evaporadas juntamente com a água.
(B) a perda de sais minerais, no solo, que são evaporados juntamente com a água.
(C) o aumento, nos campos irrigados, da concentração de sais minerais na água presente no solo.
(D) a perda, nas plantas, de substâncias indispensáveis à manutenção da vida vegetal, por meio da
respiração.
(E) a diminuição, nos oceanos, da salinidade das camadas de água mais próximas da superfície.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
ABC DE
33 12 37 10 7
Habilidade: 9
A resolução da questão requeria que os participantes, a partir da descrição genérica
do processo de evaporação, demonstrassem a capacidade de analisar diferentes situações
específicas, identificando aquelas que apresentassem coerência com o processo em questão.
A resposta correta, que identifica o aumento da salinização do solo como decorrência
da evaporação, foi escolhida por apenas 37% dos participantes.
Um número expressivo de participantes, cerca de um terço, optou pela alternativa A,
que menciona a chuva ácida em uma explicação antagônica à descrição apresentada no
item, possivelmente pela mera associação entre chuva, evaporação e ciclo da água. É
também provável que a simples menção à chuva ácida tenha atraído muitos participantes,
por tratar-se de aspecto relacionado com o tema ambiental, independentemente da explicação
e do contexto dado.
59 A deterioração de um alimento é resultado de transformações químicas que decorrem, na maioria dos
casos, da interação do alimento com microorganismos ou, ainda, da interação com o oxigênio do ar, como é
o caso da rancificação de gorduras. Para conservar por mais tempo um alimento deve-se, portanto, procurar
impedir ou retardar ao máximo a ocorrência dessas transformações.
Os processos comumente utilizados para conservar alimentos levam em conta os seguintes fatores:
I. Microorganismos dependem da água líquida para sua sobrevivência.
II. Microorganismos necessitam de temperaturas adequadas para crescerem e se multiplicarem. A
multiplicação de microorganismos, em geral, é mais rápida entre 25
o
C e 45
o
C, aproximadamente.
III. Transformações químicas têm maior rapidez quanto maior for a temperatura e a superfície de contato
das substâncias que interagem.
IV. Há substâncias que acrescentadas ao alimento dificultam a sobrevivência ou a multiplicação de
microorganismos.
V. No ar há microorganismos que encontrando alimento, água líquida e temperaturas adequadas crescem
e se multiplicam.
Em uma embalagem de leite longa-vida, lê-se :
Após aberto é preciso guardá-lo em geladeira
Caso uma pessoa não siga tal instrução, principalmente no verão tropical, o leite se deteriorará
rapidamente, devido a razões relacionadas com
(A) o fator I, apenas.
(B) o fator II, apenas.
(C) os fatores II ,III e V , apenas.
(D) os fatores I,II e III, apenas.
(E) os fatores I, II ,III , IV e V.
Relatório 2000 Pedagógico 123
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
ABC DE
21564 811
Habilidade: 17
Este problema buscou colocar o participante diante de uma situação em que deveria
relacionar corretamente a hipótese de deterioração do alimento, representada pelas
informações contidas na embalagem do leite longa-vida, com as características gerais de
processos utilizados para sua conservação.
A maioria (64%) soube relacionar, de forma adequada, a informação dada com as
condições necessárias ao desenvolvimento de microorganismos. Os 15% dos participantes
que indicaram a alternativa B parecem ter considerado, apenas, a temperatura como fator
determinante, sem relacioná-la com a rapidez das transformações. Estavam, portanto, apenas
parcialmente corretos. Por outro lado, aqueles que indicaram a alternativa E podem, talvez,
ter desconsiderado a presença de água no leite.
60 Os 45 anos que vão do lançamento das bombas atômicas até o fim da União Soviética não foram um período
homogêneo único na história do mundo. (...) dividem-se em duas metades, tendo como divisor de águas o
início da década de 70. Apesar disso, a história deste período foi reunida sob um padrão único pela situação
internacional peculiar que o dominou até a queda da URSS.
(HOBSBAWM, Eric J. Era dos Extremos. São Paulo: Cia das Letras,1996).
O período citado no texto e conhecido por Guerra Fria pode ser definido como aquele momento histórico em
que houve
(A) corrida armamentista entre as potências imperialistas européias ocasionando a Primeira Guerra Mundial.
(B) domínio dos países socialistas do Sul do globo pelos países capitalistas do Norte.
(C) choque ideológico entre a Alemanha Nazista / União Soviética Stalinista, durante os anos 30.
(D) disputa pela supremacia da economia mundial entre o Ocidente e as potências orientais, como a China
e o Japão.
(E) constante confronto das duas superpotências que emergiram da Segunda Guerra Mundial.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
ABCDE
10 8 11 10 61
Habilidade: 20
Esta questão, ao mesmo tempo em que requeria dos participantes o conhecimento
dos acontecimentos mundiais recentes, demandava que compreendessem as relações que
caracterizaram o período da Guerra Fria, localizando-o em relação aos outros eventos
históricos e à natureza do conflito envolvido.
Foi expressivo o índice de acerto observado (61%), indicando uma certa sintonia dos
participantes com os acontecimentos descritos, em comparação com a dispersão das demais
respostas erradas, distribuídas quase que uniformemente por todas as outras alternativas.
124 Relatório 2000 Pedagógico
Um sistema de radar é programado para registrar
automaticamente a velocidade de todos os veículos
trafegando por uma avenida, onde passam em
média 300 veículos por hora, sendo 55 km/h a
máxima velocidade permitida. Um levantamento
estatístico dos registros do radar permitiu a
elaboração da distribuição percentual de veículos de
acordo com sua velocidade aproximada.
61 A velocidade média dos veículos que trafegam nessa avenida é de:
(A) 35 km/h
(B) 44 km/h
(C) 55 km/h
(D) 76 km/h
(E) 85 km/h
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
A B CD E
22 46 24 6 3
Habilidade: 3
Para a resolução desta questão, esperava-se que o participante demonstrasse a
compreensão do significado de uma distribuição estatística de velocidades, fornecida sob
forma de histograma, interpretando-a corretamente.
A média das velocidades registradas pelo radar foi corretamente identificada por cerca
de metade dos participantes, seja pela efetiva realização do cálculo a partir dos dados do
gráfico, seja pela avaliação visual sugerida por uma maior representatividade dos percentuais
das velocidades abaixo do pico de 50 km/h. A concentração das demais opções entre as
alternativas A e C demonstrou, possivelmente, que, de alguma forma, quase todos os
participantes tiveram uma certa compreensão do conceito de média, impedindo a escolha
de valores altos, claramente incompatíveis com o histograma. No caso da alternativa A, é
possível que tenha sido feita a média dos percentuais mais elevados (e não das velocidades).
Já a alternativa C aponta possíveis equívocos de leitura do histograma, com a provável
atribuição do valor médio ao valor central da distribuição.
62 Casos de leptospirose crescem na região
M.P.S. tem 12 anos e está desde janeiro em tratamento de leptospirose. Ela perdeu a tranqüilidade e
encontrou nos ratos, (...), os vilões de sua infância. Se eu não os matar, eles me matam, diz. Seu medo
reflete um dos maiores problemas do bairro: a falta de saneamento básico e o acúmulo de lixo...
(O Estado de S. Paulo, 31/07/1997)
Oito suspeitos de leptospirose
A cidade ficou sob as águas na madrugada de anteontem e, além de 120 desabrigados, as inundações
estão fazendo outro tipo de vítimas: já há oito suspeitas de casos de leptospirose (...) transmitida pela
urina de ratos contaminados.
(Folha de S. Paulo, 12/02/1999)
As notícias dos jornais sobre casos de leptospirose estão associadas aos fatos:
I. Quando ocorre uma enchente, as águas espalham, além do lixo acumulado, todos os dejetos dos
animais que ali vivem.
II. O acúmulo de lixo cria ambiente propício para a proliferação dos ratos.
Relatório 2000 Pedagógico 125
III. O lixo acumulado nos terrenos baldios e nas margens de rios entope os bueiros e compromete o
escoamento das águas em dias de chuva.
IV. As pessoas que vivem na região assolada pela enchente, entrando em contato com a água
contaminada, têm grande chance de contrair a leptospirose.
A seqüência de fatos que relaciona corretamente a leptospirose, o lixo, as enchentes e os roedores é:
(A) I, II, III e IV
(B) I, III, IV e II
(C) IV, III, II e I
(D) II, IV, I e III
(E) II, III, I e IV
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
ABCDE
15 16 11 4 52
Habilidade: 12
A questão apresentada exigia que o participante soubesse, a partir de dois textos,
identificar e realizar o encadeamento temporal de uma série de eventos que levam à
leptospirose.
Observa-se que cerca de metade dos participantes (52%) estabeleceu adequadamente
a seqüência solicitada, demonstrando ter uma compreensão correta dos fatores relacionados
com a doença. As opções pelas alternativas A, B e C podem estar indicando a preocupação
de um conjunto significativo de participantes (42%) em seqüenciar os fatos a partir do fator
agravante (enchente), em vez de identificar fatores relativos à causa da doença: acúmulo
de lixo que propicia proliferação dos ratos contaminados.
63 E considerei a glória de um pavão ostentando o esplendor de suas cores; é um luxo imperial. Mas andei lendo
livros, e descobri que aquelas cores todas não existem na pena do pavão. Não há pigmentos. O que há são
minúsculas bolhas dágua em que a luz se fragmenta, como em um prisma. O pavão é um arco-íris de plumas.
Eu considerei que este é o luxo do grande artista, atingir o máximo de matizes com o mínimo de elementos.
De água e luz ele faz seu esplendor; seu grande mistério é a simplicidade.
Considerei, por fim, que assim é o amor, oh! Minha amada; de tudo que ele suscita e esplende e estremece
e delira em mim existem apenas meus olhos recebendo a luz de teu olhar. Ele me cobre de glórias e me faz
magnífico.
(BRAGA, Rubem. Ai de ti, Copacabana. 20.ed.)
O poeta Carlos Drummond de Andrade escreveu assim sobre a obra de Rubem Braga:
O que ele nos conta é o seu dia, o seu expediente de homem, apanhado no essencial, narrativa direta e
econômica. (...) É o poeta do real, do palpável, que se vai diluindo em cisma. Dá o sentimento da realidade
e o remédio para ela.
Em seu texto, Rubem Braga afirma que este é o luxo do grande artista, atingir o máximo de matizes com o
mínimo de elementos. Afirmação semelhante pode ser encontrada no texto de Carlos Drummond de
Andrade, quando, ao analisar a obra de Braga, diz que ela é
(A) uma narrativa direta e econômica.
(B) real, palpável.
(C) sentimento de realidade.
(D) seu expediente de homem.
(E) seu remédio.
126 Relatório 2000 Pedagógico
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
A BCDE
44 14 28 10 5
Habilidade: 5
Além da compreensão de dois textos, de autores diferentes, o problema examinou a
capacidade dos participantes de estabelecer um diálogo entre os mesmos.
A identificação do significado e a relação correta da afirmação de Drummond, com
o trecho correspondente de Rubem Braga destacado no enunciado, foi feita por 44% dos
participantes. As alternativas B, C e D correspondem à identificação de aspectos de certa
forma comuns aos dois textos, embora os elementos neles apontados não se refiram ao
trecho destacado.
Relatório 2000 Pedagógico 127
5
Os participantes do Enem 2000
5.1 Participação por unidade da Federação
O total de participantes foi de 352.487 (Tabela 3), distribuídos em todas as unidades
da Federação. A maior participação ocorreu na Região Sudeste, com 72% dos participantes,
seguida pela Região Sul, com 14%, e pelas Regiões Nordeste, Centro-Oeste e Norte com,
respectivamente, 6%, 6% e 2%.
Tabela 3  Comparações entre o quantitativo de participantes do Enem 2000 e o
número de concluintes do ensino médio, por unidade da Federação
(continua)
Unidade da Federação Concluintes do Número de participantes
ensino médio
(Censo Escolar  1999) %
Brasil 1.535.943 352.487 23
Norte 89.936 9.280 10
Rondônia 7.825 1.157 15
Acre 3.638 265 7
Amazonas 21.639 809 4
Roraima 2.997 279 9
Pará 38.465 5.724 15
Amapá 4.688 374 8
Tocantins 10.684 672 6
Nordeste 324.469 21.876 7
Maranhão 35.333 869 2
Piauí 14.358 608 4
Ceará 45.883 5.283 12
Rio Grande do Norte 21.600 1.616 7
Paraíba 20.330 550 3
Pernambuco 67.139 5.930 9
Alagoas 13.848 865 6
Sergipe 10.969 884 8
Bahia 95.009 5.271 6
Sudeste 804.273 252.921 31
Minas Gerais 169.203 35.564 21
Espírito Santo 29.680 19.517 66
Rio de Janeiro 125.470 32.434 26
São Paulo 479.920 165.406 34
128 Relatório 2000 Pedagógico
Unidade da Federação Concluintes do Número de participantes
ensino médio
(Censo Escolar  1999) %
Sul 220.871 47.907 22
Paraná 95.666 35.679 37
Santa Catarina 47.895 6.485 14
Rio Grande do Sul 77.310 5.743 7
Centro-Oeste 96.394 20.503 21
Mato Grosso do Sul 17.170 10.797 63
Mato Grosso 16.259 2.596 16
Goiás 40.559 4.188 10
Distrito Federal 22.406 2.922 13
Fonte: MEC/Inep/Enem
5.2 Caracterização socioeconômica dos participantes
O perfil do participante do Enem 2000 foi traçado a partir da análise dos dados obtidos
na aplicação de um questionário composto de 127 questões, respondido antes da realização
do exame por 96,7% dos participantes.
A análise dos dados permite afirmar que a maioria dos participantes é de jovens solteiros,
na faixa etária dos 18 aos 19 anos, que se consideram brancos. Constata-se a predominância
do sexo feminino entre os participantes.
Fonte: MEC/Inep/Enem
Gráfico 1  Distribuição dos participantes por idade (%)
Fonte: MEC/Inep/Enem
Gráfico 2  Distribuição dos participantes por sexo (%)
(conclusão)
Relatório 2000 Pedagógico 129
Fonte: MEC/Inep/Enem
Gráfico 3  Distribuição dos participantes segundo a cor (%)
Fonte: MEC/Inep/Enem
Gráfico 4  Distribuição dos participantes segundo o estado civil (%)
No que se refere à distribuição dos participantes por faixa de renda familiar (Gráfico 5),
os maiores percentuais de respostas concentram-se nas faixas médias de renda onde o
número de salários varia de 5 a 10 e de 10 a 30 salários mínimos, ou seja, de R$ 755,01 a
R$ 1.510,00 e de R$ 1.510,00 a R$ 4.530,00. É significativo o número de participantes
(59.991) que informaram viver em famílias com renda de R$ 302,01 a R$ 755,00.
130 Relatório 2000 Pedagógico
Fonte: MEC/Inep/Enem
Gráfico 5  Distribuição dos participantes segundo a renda total
domiciliar em salários mínimos (%)
Quando se compara o grau de instrução da mãe e do pai do participante, identificam-se
perfis muito semelhantes (Gráfico 6) que se agrupam nitidamente em quatro categorias
bem diferenciadas: 33% dos participantes são originários de famílias com nível superior de
escolaridade; 20% dos pais têm, no máximo, quatro anos de estudo; não concluíram um
curso superior 25,4% dos pais e 29,5% das mães, e possuem 2º grau incompleto, 17,1%
dos pais e 19,1% das mães.
Fonte: MEC/Inep/Enem
Gráfico 6  Distribuição dos participantes segundo o grau
de escolaridade do pai e da mãe (%)
Relatório 2000 Pedagógico 131
Na classificação dos setores de atividades do pai e da mãe, as respostas apresenta-
ram um perfil semelhante nos setores de profissionais liberais e de funcionários públicos
(Gráfico 7). Nas respostas relativas à ocupação do pai, a opção que aponta atividades no
comércio apresentou o maior percentual, seguida das ocupações na indústria, no funciona-
lismo público e nas profissões liberais. Para as ocupações das mães, as concentrações
apresentam-se na ordem de trabalho no lar, comércio e funcionalismo público.
Fonte: MEC/Inep/Enem
Gráfico 7  Distribuição dos participantes segundo o setor
do trabalho de pais e mães (%)
Quanto às condições de moradia e de posse de bens de consumo (Gráficos 8 e 9),
cerca de 94% dos participantes vivem em casa ou apartamento com sua família. A maioria
mora em casa própria, em rua urbanizada e a quase totalidade dos domicílios possui eletri-
cidade e água corrente.
Uma percentagem significativa dos participantes tem acesso à maioria dos bens
investigados e cerca de metade informa ter um microcomputador em casa.
Fonte: MEC/Inep/Enem
Gráfico 8  Distribuição dos participantes segundo as condições
e moradia do total dos domicílios (%)
132 Relatório 2000 Pedagógico
Fonte: MEC/Inep/Enem
Gráfico 9  Distribuição dos participantes segundo os bens de consumo (%)
No que se refere às condições de trabalho (Gráficos 10, 11, 12, 13 e 14), declararam
trabalhar ou que já haviam trabalhado 38% dos participantes, dos quais a maioria não
depende do salário para o seu sustento. Dentre os que nunca trabalharam, 12% declararam
que buscavam por um trabalho.
São praticamente iguais os percentuais dos que, trabalhando durante o ensino médio,
fazem-no em tempo parcial ou cumprindo uma jornada semanal superior a 31 horas.
A maioria (45%) dos que exerceram atividades remuneradas começaram a trabalhar
com idade superior a 14 e inferior a 16 anos.
Importante ressaltar, em que pese a existência de legislação proibindo o trabalho
infantil, que cerca de 14.700 participantes declaram que começaram a trabalhar antes dos
14 anos.
Fonte: MEC/Inep/Enem
Gráfico 10  Distribuição do total dos participantes segundo
o envolvimento com trabalho remunerado (%)
Relatório 2000 Pedagógico 133
Fonte: MEC/Inep/Enem
Gráfico 11  Distribuição dos participantes que trabalham
segundo a sua remuneração (%)
Fonte: MEC/Inep/Enem
Gráfico 12  Distribuição dos participantes que trabalharam durante o ensino médio,
segundo a idade em que começaram a ter atividade remunerada (%)
134 Relatório 2000 Pedagógico
Fonte: MEC/Inep/Enem
Gráfico 13  Distribuição dos participantes que trabalharam durante o ensino médio,
segundo o setor de trabalho (%)
Fonte: MEC/Inep/Enem
Gráfico 14  Distribuição dos participantes que trabalharam durante o ensino médio
segundo os motivos (%)
Quanto à trajetória escolar do participante, cerca de 70% concluíram as séries do
ensino fundamental em oito anos e como 14% terminaram essa etapa em menos tempo,
pode-se concluir que cerca de 16% foram reprovados pelo menos uma vez nessa fase de
escolarização (Gráfico 15).
Na etapa do ensino médio, 86,6% dos participantes completaram essa fase em três
anos e a grande maioria (97%) freqüentou um curso regular. Entre os participantes do Enem
2000, predominam os que freqüentam a escola em período diurno (Gráficos 16, 17 e 18).
Relatório 2000 Pedagógico 135
Fonte: MEC/Inep/Enem
Gráfico 15  Distribuição dos participantes segundo o tempo utilizado para cursar
o ensino fundamental (%)
Fonte: MEC/Inep/Enem
Gráfico 16  Distribuição dos participantes segundo o tempo utilizado
para cursar o ensino médio (%)
Fonte: MEC/Inep/Enem
Gráfico 17  Distribuição dos Gráfico 18  Distribuição dos
participantes segundo os tipos de participantes segundo os turnos em que
ensino médio concluído o ensino médio foi realizado
136 Relatório 2000 Pedagógico
Do total de participantes, 66,5% concluíram o ensino médio em 2000; 18,2% em 1999
e 15,4% em 1998 ou antes. Assim, cerca de um terço dos participantes era egresso do
ensino médio.
Verificou-se, também, que 80% dos egressos ou concluintes do ensino médio em 1999
ou anos anteriores não pararam seus estudos e continuam desenvolvendo atualmente
alguma outra atividade, seja ela pré-vestibular, cursos de informática, curso pós-médio ou
superior, etc. (Gráficos 19, 20 e 21).
O curso pré-vestibular teve um papel importante na vida dos egressos do ensino
médio e participantes do Enem: 87% dos que estão estudando atualmente afirmam estar
fazendo cursinho preparatório para ingressar no ensino superior e, aproximadamente 51%
dos que não estão estudando, já fizeram cursinho. Cursos de língua estrangeira,
profissionalizante e de informática também fazem ou fizeram parte da vida dos egressos
como fazem parte da vida desses jovens concluintes (Gráfico 22).
Fonte: MEC/Inep/Enem
Gráfico 19  Distribuição dos participantes que realizaram outros cursos
durante o ensino médio (%)
Fonte: MEC/Inep/Enem
Gráfico 20  Distribuição dos egressos do ensino médio segundo
a continuidade dos estudos
Relatório 2000 Pedagógico 137
Fonte: MEC/Inep/Enem
Gráfico 21  Distribuição dos egressos do ensino médio segundo
os cursos que estão realizando (%)
Fonte: MEC/Inep/Enem
Gráfico 22  Distribuição dos egressos do ensino médio que não estão estudando
segundo os outros cursos que realizaram (%)
Os participantes, quando solicitados a opinar sobre as escolas onde cursaram o ensino
médio, avaliaram (85,1%) de maneira favorável o conhecimento dos professores sobre as
matérias. A dedicação dos professores  expressa por pontualidade, preparação das aulas,
etc.  e as condições físicas das escolas foram consideradas excelentes ou boas por cerca
de 70% dos participantes.
Os recursos pedagógicos disponíveis nas escolas  laboratórios, bibliotecas, TV, vídeos,
etc.  foram avaliados como bons ou excelentes por aproximadamente metade dos alunos.
A capacidade da escola em motivar os estudantes com atividades fora da rotina foi apontada
138 Relatório 2000 Pedagógico
como excelente ou boa por cerca de 42% dos jovens. Os itens menos favoráveis, avaliados
por 40% e 38% respectivamente, foram o ensino de línguas estrangeiras e o acesso a
computadores e outros recursos de informática (Gráficos 23, 24, 25, 26, 27 e 28).
Fonte: MEC/Inep/Enem Fonte: MEC/Inep/Enem
Gráfico 23  Opinião dos participantes Gráfico 24  Opinião dos participantes
sobre o conhecimento que os professores sobre a dedicação dos professores
têm da matéria
Fonte: MEC/Inep/Enem Fonte: MEC/Inep/Enem
Gráfico 25  Opinião dos participantes Gráfico 26  Opinião dos participantes
sobre os recursos pedagógicos da escola sobre as condições físicas da escola
Fonte: MEC/Inep/Enem Fonte: MEC/Inep/Enem
Gráfico 27  Opinião dos participantes Gráfico 28  Opinião dos participantes
sobre o acesso a computadores e outros sobre o ensino de língua estrangeira
recursos de informática
Relatório 2000 Pedagógico 139
Quanto aos hábitos de leitura, a maioria dos participantes declarou que eventualmente
lê alguma publicação além dos textos escolares. Destaca-se a coincidência no fato de ser
igual o número de cerca de 79 mil participantes que declararam nunca ter lido um romance
ou um livro de ficção, além daqueles que a escola exige e que declararam que freqüentemente
o fazem (Gráfico 29).
Fonte: MEC/Inep/Enem
Gráfico 29  Distribuição de hábitos de leitura dos participantes (%)
As expectativas para a imensa maioria (98%) dos participantes para os próximos três
anos são de continuar estudando e 75% deles esperam conseguir um emprego.
É significativo o percentual de 47,8% que pretendem realizar um concurso público.
Um terço dos jovens espera melhorar a posição que ocupa nos empregos atuais e
mudar para outra cidade ou estado do Brasil.
Trabalhar por conta própria, constituir família e mudar para o exterior foram as op-
ções menos freqüentes (Gráfico 30).
Fonte: MEC/Inep/Enem
Gráfico 30  Distribuição dos participantes segundo o que pretendem
fazer nos próximos três anos (%)
140 Relatório 2000 Pedagógico
Quanto ao grau de interesse diante de um elenco de assuntos propostos, apenas
quatro temas mobilizam significativamente o interesse da maioria dos participantes: questões
sociais (violência, desemprego, pobreza), comportamento sexual (Aids, gravidez indesejada),
meio ambiente e direitos das minorias, com percentuais de respostas afirmativas dados por
81%, 74%, 61% e 53%, respectivamente. Despertam menos interesse relativamente aos
temas acima, política nacional e internacional, economia, moda e atividades culturais (Grá-
fico 31).
Fonte: MEC/Inep/Enem
Gráfico 31  Distribuição dos participantes segundo o interesse em assuntos (%)
Exceção feita às atividades que implicam freqüentar uma igreja ou comparecer a
reuniões de cunho religioso, é muito pequeno o grau de envolvimento dos participantes em
outras das atividades propostas no questionário, conforme Gráfico 32, com altos percentuais
de não-participação naquelas atividades.
Fonte: MEC/Inep/Enem
Gráfico 32  Distribuição dos participantes segundo a sua
participação em organizações (%)
Relatório 2000 Pedagógico 141
Quando solicitados a opinar sobre fatores ou condições consideradas importantes para
conseguir uma boa vida no futuro, a absoluta maioria identificou a honestidade, o senso de
justiça, a generosidade, a solidariedade, como os valores subjacentes àquelas condições.
Igual importância foi atribuída aos fatores: ser bom aluno, cursar uma boa escola ou facul-
dade, ter bons conhecimentos profissionais, ter cultura geral e ser trabalhador. Seguem-se
em ordem decrescente: ser esperto, ter fé e seguir ensinamentos religiosos, ter sorte, ter
amigos influentes e vir de uma família rica (este último fator foi assinalado por apenas 14%
dos participantes). Gráficos 33 e 34.
Fonte: MEC/Inep/Enem
Gráfico 33  Distribuição das opiniões dos participantes sobre comportamento
e qualidades pessoais necessários a um bom futuro
Fonte: MEC/Inep/Enem
Gráfico 34  Distribuição dos participantes segundo os aspectos que consideram
importantes e muito importantes para o futuro (%)
142 Relatório 2000 Pedagógico
5.3 Perfil dos participantes das escolas públicas e das escolas particulares
Os participantes do Enem 2000 distribuem-se segundo o tipo de escola freqüentada
(Tabela 4) de forma a sugerir uma análise do comportamento das variáveis socioeconômicas
em relação à natureza pública e privada dessas escolas.
Tabela 4  Distribuição dos participantes segundo o tipo de escola freqüentada
Ensino Fundamental Ensino Médio
participantes (%) participantes (%)
Somente em escola pública 44 43
Somente em escola particular 38 49
Parte em escola pública, parte em escola particular 18 8
Fonte: MEC/Inep/Enem
De acordo com o Censo Escolar 1999, os percentuais de alunos matriculados no ensino
médio, nas escolas públicas e particulares são da ordem de 84% e 16% respectivamente, o
que revela ser expressivo o número relativo de participantes do Enem 2000, vindos de
escolas particulares.
No que se refere aos perfis socioeconômicos, os participantes de cada um dos dois
grupos comportam-se de maneira semelhante em relação às variáveis analisadas no perfil
geral dos participantes.
Os gráficos a seguir representam a seleção de variáveis do perfil dos participantes que
apresentam semelhanças e diferenças significativas entre os grupos.
Com alto grau de semelhanças, tanto os participantes vindos de escolas públicas como
os oriundos de escolas particulares, declararam que o trabalho, a honestidade e a prática
da justiça são valores subjacentes aos fatores que podem garantir um bom futuro. Pratica-
mente os mesmos percentuais revelam muito interesse pelo direito das minorias, pouco
interesse pela política nacional e cerca de um terço deles não tem o hábito de ler revistas de
divulgação científica (Gráfico 35).
Fonte: MEC/Inep/Enem
Gráfico 35  Semelhanças do perfil socioeconômico dos participantes de escolas públicas
e particulares  aspectos valorativos vinculados aos interesses e expectativas pessoais
Relatório 2000 Pedagógico 143
As distribuições são também muito semelhantes quanto às características de sexo
(feminino), de faixa etária (de 18 a 19 anos), de cor (branca), de estado civil (solteiro), de
trabalho do pai (em comércio, banco ou transporte), de ensino (regular), de tempo (três
anos) para conclusão do ensino médio, de avaliação das condições (boas) físicas da esco-
la, de continuidade (sim) dos estudos após conclusão do ensino médio e do hábito (não
possuem) de leitura de revistas de divulgação científica (Gráfico 36).
Fonte: MEC/Inep/Enem
Gráfico 36  Semelhanças do perfil socioeconômico dos participantes de escolas
públicas e particulares  aspectos relacionados com a identificação pessoal, caracterização
do trabalho do pai com a trajetória escolar
As variáveis que expressam as diferenças significativas entre as características dos
participantes vindos de escolas públicas e de escolas privadas, bem como os percentuais
dessas características estão descritas no Gráfico 37.
Fonte: MEC/Inep/Enem
Gráfico 37  Diferenças do perfil socioeconômico dos participantes de
escolas públicas e particulares
144 Relatório 2000 Pedagógico
Relatório 2000 Pedagógico 145
6
Desempenho dos
participantes
6.1 Caracterização da análise do desempenho
A avaliação de cada participante compõe-se de dois resultados correspondentes ao
seu desempenho nas duas partes da prova: objetiva e redação, valendo 100 pontos cada
uma delas.
A qualificação do desempenho em cada parte do exame é expressa em faixas que
correspondem a intervalos de notas (pontos obtidos), conforme descrito abaixo.
Quadro 4  Faixas de desempenho e os intervalos de nota correspondentes
Faixas de desempenho Intervalos de nota
Insuficiente a regular [0,40]
Regular a bom (40,70]
Bom a excelente (70,100]
A nota da redação é a média aritmética das notas atribuídas a cada uma das cinco
competências situada na faixa de desempenho correspondente.
Na parte objetiva, o acerto nas 63 questões equivale à nota 100 (cem). Nas faixas de
desempenho, o número de acertos é obtido conforme quadro a seguir.
Quadro 5  Faixas de desempenho e os intervalos de número de acertos correspondentes
Faixas de desempenho Número de acertos
Insuficiente a regular 0 e 25 questões
Regular a bom 26 e 44 questões
Bom a excelente 45 e 63 questões
A prova do Enem, desde sua concepção e em todas as suas edições anteriores, esta-
belece um padrão relativamente alto de desempenho desejável do participante ao término
da escolaridade básica.
146 Relatório 2000 Pedagógico
Do ponto de vista cognitivo, a prova resulta de um exame cuidadoso das competênci-
as e habilidades que mapeiam os conteúdos traduzidos em itens avaliadores. São valoriza-
dos os conhecimentos  em termos de extensão e profundidade  que são significativos
para o exercício pleno da cidadania, para o mundo do trabalho e para o prosseguimento de
estudos em qualquer nível, a partir do término do ensino médio. Todas as questões da prova
expressam qualidades e formas de relação com o conhecimento, organizadas a partir do
conjunto das competências e habilidades.
Do ponto de vista empírico, intencionalmente, a prova é organizada com questões de
diferentes níveis de dificuldades, para que os resultados individuais possam ser situados
nessa distribuição. A escolha desse critério deu-se em função da possibilidade que ela
representa para cada participante em particular, de situar-se no quadro de conhecimentos
avaliados.
Esses pressupostos concretizam-se no padrão estabelecido pela estrutura da prova
composta de 13 questões (20%) de nível baixo de dificuldade, 25 questões (40%) de nível
médio e 25 questões (40%) de nível alto de dificuldade.
6.2 Desempenho geral dos participantes na parte objetiva da prova
A Tabela 5 e os Gráficos 38 e 39 apresentam estatísticas do desempenho de todos os
participantes.
Tabela 5  Média e desvio-padrão do desempenho geral e por competências
Parte objetiva  Enem 2000
Desempenho Média Desvio-padrão
Geral 51,85 18,39
Competência I
Dominar linguagens 53,60 19,51
Competência II
Compreender fenômenos 50,23 18,19
Competência III
Enfrentar situações-problema 49,32 19,96
Competência IV
Construir argumentações 52,81 18,33
Competência V
Elaborar propostas 52,08 19,04
Fonte: MEC/Inep/Enem
Relatório 2000 Pedagógico 147
Fonte: MEC/Inep/Enem
Gráfico 38  Distribuição das notas gerais
Parte objetiva  Enem 2000
Os dados permitem afirmar que 109.271 participantes situam-se na faixa de desempenho
de insuficiente a regular, isto é, acertaram, no máximo, 25 questões.
Situandos na faixa de desempenho de regular a bom, estão 178.711 participantes, que
acertaram um número de questões entre 26 e 44.
Estão qualificados de bons a excelentes 64.505 participantes, que acertaram mais de
45 das 63 questões.
É expressivo, para esta população, o alto índice de participantes (31%) que, no máximo,
tiveram desempenho regular.
Os percentuais de distribuição nas faixas de desempenho ganham, no entanto, sig-
nificados adicionais se considerarmos que a prova foi calibrada a partir dos resultados do
pré-teste, com apenas 13 questões de nível baixo de dificuldade, sendo as demais 50 questões
divididas igualmente entre questões de média e alta dificuldade.
Finalmente, os dados registram que 243.216 participantes (69%) acertaram mais de
25 questões.
O desempenho geral dos participantes pode ser observado também pelo comportamento
do desempenho em cada uma das cinco competências (Gráfico 39).
Competências
I. Dominar linguagens II. Compreender fenômenos III. Enfrentar situações-problema
IV. Construir argumentações V. Elaborar propostas
Fonte: MEC/Inep/Enem
Gráfico 39  Percentual de participantes por faixas de desempenho
Parte objetiva  Enem 2000
148 Relatório 2000 Pedagógico
Os Gráficos 38 e 39 permitem constatar que o comportamento do desempenho nas
competências reproduz o do desempenho global no sentido em que se mantém nas compe-
tências, percentuais relativamente altos de participantes na primeira faixa e percentuais
menores na faixa mais alta.
As análises do percentual de acertos por habilidade (Tabela 6) e a posição hierárquica
das habilidades (Gráfico 40) permitem identificar as diferentes naturezas de erros e acertos.
Observa-se que a Habilidade 14  diante da diversidade de formas geométricas planas
e espaciais, presentes na natureza ou imaginadas, caracterizá-las por meio de propriedades,
relacionar seus elementos, calcular comprimentos, áreas ou volumes, e utilizar o conheci-
mento geométrico para leitura, compreensão e ação sobre a realidade  pode ser considerada
a mais difícil da prova, visto que 141.700 participantes erraram as três questões que medem
essa habilidade, presentes na prova (questões 5, 13 e 43 da prova amarela). Ressalte-se
que esta habilidade integra a interpretação do desempenho das cinco competências.
Cerca de 125.838 participantes não conseguiram resolver os problemas propostos
nas questões 15, 41 e 42 que representam na prova a Habilidade 2  em um gráfico cartesiano
de variável socioeconômica ou técnico-científica, identificar e analisar valores das variáveis,
intervalos de crescimento ou decréscimo e taxas de variação.
Cerca de 95% dos participantes acertaram pelo menos uma das questões 6, 18 e 57
da prova amarela, associadas à Habilidade 6  com base em um texto, analisar as funções
da linguagem, identificar marcas de variantes lingüísticas de natureza sociocultural, regional,
de registro ou de estilo, e explorar as relações entre as linguagens coloquial e formal
classificando-a como a mais fácil da prova.
Tabela 6  Percentual de acertos por habilidade
Parte objetiva  Enem 2000
Fonte: MEC/Inep/Enem
Relatório 2000 Pedagógico 149
Fonte: MEC/Inep/Enem
Gráfico 40  Posição hierárquica das habilidades em relação ao percentual
de participantes que erraram os três itens a ela associados
6.3 Desempenho geral dos participantes na redação
Para uma melhor compreensão da análise do desempenho na redação, fazem-se
necessárias algumas considerações sobre os ajustes dos critérios da correção da redação
do Enem 2000.
Os critérios de correção da redação do Enem sofreram ajustes técnicos no ano de
2000 para que o desempenho do participante pudesse ser melhor qualificado em relação
mais estreita com a Matriz de Competências que estrutura o exame.
Até 1999, as competências aferidas na redação tinham pesos diferenciados: o peso
das Competências I, III e IV era dois e às Competências II e V eram atribuídos respectiva-
mente pesos três e um. Esses critérios correspondiam aos tradicionais esquemas de avaliação
de redação, fortemente presentes em processos de seleção e, com destaque, em exames
vestibulares.
Fruto de um criterioso estudo elaborado pela equipe técnica do Enem e especialistas
em Língua Portuguesa, os pesos foram abolidos e as competências consideradas igual-
mente importantes, cada uma delas na produção do texto.
A segunda alteração diz respeito ao significado da atribuição de zero à Competência II
 atendimento ao tema e à estrutura (texto dissertativo-argumentativo) solicitados.
Até 1999 os participantes, cujas redações não atendiam à Competência II, recebiam
em seu boletim a nota zero. No Enem 2000, nesse caso, o aluno recebeu a informação que
sua redação foi desconsiderada ainda que no conjunto das notas, para efeito da análise do
desempenho geral, esse zero seja computado.
Em outras palavras, no boletim só é registrada uma nota diferente de zero ou, as
categorias B, N e D significando redação em branco, anulada e desconsiderada, respectiva
mente.
Ressalte-se que na análise do desempenho geral foram computados zeros às redações
anuladas ou desconsideradas.
Em 2000, ocorreram 17.691 redações em branco, 5.079 desconsideradas e 25 anuladas.
150 Relatório 2000 Pedagógico
Assim foram consideradas válidas para análise o número de redações dado por 334.796
= 352.487  17.691.
É importante relatar os resultados das reflexões que conduziram à adoção da classi-
ficação desconsiderada à redação que não atende à Competência II: primeiramente, a
exigência de atender à estrutura do texto prende-se à necessidade de uniformização do
processo de correção de um exame como o Enem, em larga escala com, no mínimo, dois
corretores para cada redação. Depois, e não menos importante, a exigência de atendimento
ao tema que, subjacente à proposta, coloca o participante diante de uma tarefa a ser
cumprida com contornos e limites explícitos como serão inúmeras as tarefas que ele deverá
ser solicitado a cumprir em sua vida.
Por último, exceção feita aos registros em branco, anulado e desconsiderados, todas
as redações recebem uma nota diferente de zero para a necessária valorização do partici-
pante que comparece ao exame, apresenta-se como autor de um texto e redige um mínimo
de 15 linhas sobre o tema e com a estrutura solicitados.
A Tabela 7 e os Gráficos 41 e 42 apresentam estatísticas do desempenho dos partici-
pantes na redação.
Tabela 7  Média e desvio-padrão do desempenho geral e por competências
Redação  Enem 2000
Desempenho Média Desvio-padrão
Geral 60,87 14,33
Competência I
Dominar linguagens 67,09 16,35
Competência II
Compreender fenômenos 60,02 16,56
Competência III
Enfrentar situações-problema 58,29 16,16
Competência IV
Construir argumentações 61,42 16,14
Competência V
Elaborar propostas 57,51 18,71
Fonte: MEC/Inep/Enem
Relatório 2000 Pedagógico 151
Fonte: MEC/Inep/Enem
Gráfico 41  Distribuição das notas gerais
Redação  Enem 2000
Competências
I. Dominar linguagens
II. Compreender fenômenos
III. Enfrentar situações-problema
IV. Construir argumentações
V. Elaborar propostas
Fonte: MEC/Inep/Enem
Gráfico 42  Percentual de participantes por faixas de desempenho
Redação  Enem 2000
A análise dos dados permite afirmar que houve por parte dos participantes uma boa
compreensão da proposta de redação. O tema Direitos da criança e do adolescente: como
enfrentar esse desafio nacional havia sido bastante destacado pelos meios de comunicação e
pela escola em 2000, e fazia parte do acervo de reflexão pessoal dos participantes. Vale
lembrar que o tipo de texto indicado na proposta (dissertativo-argumentativo) recebeu, ao
longo da correção, uma visão mais complexa, devido aos textos dialogados produzidos. O
comando da proposta pareceu interferir nessa escolha, já que incluiu o termo prosa e foi
compreendido, por alguns participantes, diferente do previsto: em oposição ao texto em
versos.
152 Relatório 2000 Pedagógico
Os textos desconsiderados, pelo não entendimento da proposta, tinham algumas
características temáticas: abordagem sobre os direitos individuais dos adolescentes (de
sair à noite, de dirigir, etc.), preconceitos (em relação às classes menos favorecidas, crianças
de rua, aos adolescentes internos nas instituições, etc.) e/ou tipológicas: cartas-protesto,
plágios, narrações, produções com menos de dez linhas.
O número de redações em branco foi significativo, em torno de 5%, e provavelmente
ocorreu devido à observação incluída na proposta (espera-se que seu texto tenha mais do
que 15 linhas) e à decisão da coordenação em considerar o conceito em branco para textos
com até três linhas escritas.
É importante destacar a homogeneidade na aplicação e no entendimento por parte
dos corretores dos critérios. A discrepância por pontos entre o primeiro e o segundo corretores
foi insignificante.
Os textos desconsiderados pelo corretor eram homologados pelo supervisor e lidos,
no mínimo, por três pessoas diferentes. O terceiro corretor, desconhecendo os pontos dos
demais, reavaliava os textos discrepantes.
Os minitextos (com menos de dez linhas), os textos de cunho religioso, os plágios, as
narrativas, os textos adaptados para o tema, os textos baseados em argumentos polêmicos
(aborto, controle da natalidade, etc.) e os preconceituosos foram geralmente os discrepantes,
revistos cautelosamente na terceira correção.
De acordo com o Gráfico 41, pode-se verificar que 72,8% dos textos produzidos estão
situados na faixa regular a bom, em relação ao conceito global da redação, demonstrando
que houve um bom desempenho nessa parte da prova. Essa variação positiva pode ser
hipoteticamente atribuída à escolha do tema, ao conhecimento do formato da proposta de
redação, que passou a ser destacado pelas escolas e era conhecido pelos participantes, ao
investimento pessoal em produzir um texto de acordo com a proposta de redação e segura-
mente ao critério de considerar todas as competências de igual valor.
É possível afirmar que os participantes do Enem compreenderam a proposta de redação
e procuraram representá-la, de acordo com a situação de interlocução formal da escrita
solicitada, mesmo que apresentando algumas dificuldades nesse sentido. Isto é reafirmado
quando se analisa que apenas 6,2% dos textos estão na faixa de desempenho insuficiente
a regular, significando que relativamente poucos participantes não conseguiram demonstrar
de forma razoável as competências requeridas. É importante notar que 21% dos textos
estão situados na faixa de bom a excelente, demonstrando, por parte de cerca de 71 mil
participantes, um bom domínio das cinco competências, de acordo com o esperado, na
redação, para essa etapa de escolarização.
Em relação à análise do desempenho da Competência I  demonstrar o domínio da
norma culta da língua escrita , verifica-se que 42,3% dos textos estão situados na faixa
regular a bom e 51,9%, na faixa de bom a excelente, o que indica que a grande maioria dos
participantes mostrou uma razoável ou boa adequação do registro à norma culta, com
pontuais (ou raros) desvios gramaticais e de convenções da escrita (adequação de registro,
norma gramatical e convenções da escrita). Apenas 5,6% dos textos estão situados na faixa
insuficiente a regular, significando que apenas esses participantes apresentaram um domínio
precário da norma culta, com desvios gramaticais, de escolha de registro e de convenções
da escrita, pouco aceitáveis para essa etapa de escolaridade.
Analisando-se o desempenho na Competência II  compreender a proposta de redação
e aplicar conceitos das várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema, dentro dos
limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo , verifica-se que 55,6% dos textos
estão situados na faixa regular a bom, indicando que os participantes apresentaram um
desenvolvimento razoável do tema, a partir de considerações próximas do senso comum, e
Relatório 2000 Pedagógico 153
um domínio precário do tipo de texto dissertativo-argumentativo. Na faixa de bom a excelente
estão 31,4% dos textos com desenvolvimento razoável ou bom do tema, a partir de um
repertório cultural produtivo e de considerações que fogem ao senso comum e um razoável
ou bom domínio do tipo de texto dissertativo-argumentativo. O indicador de 13% na faixa
insuficiente a regular mostra que houve um grupo de textos com desenvolvimento tangencial
do tema e apresentação embrionária do tipo de texto dissertativo-argumentativo; ou desen-
volvimento tangencial do tema e domínio razoável/bom do tipo de texto dissertativo-
argumentativo (textos adaptados para o tema); ou desenvolvimento razoável do tema e
apresentação embrionária do texto dissertativo-argumentativo (por exemplo, os textos
organizados em diálogos).
Em relação à Competência III  selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações,
fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista , os resultados situam 62,9%
na faixa regular a bom, indicando que os participantes apenas apresentaram informações,
fatos e opiniões, ainda que pertinentes ao tema proposto; ou limitaram-se a reproduzir os
argumentos constantes da proposta de redação; ou selecionaram informações, fatos, opiniões
e argumentos pertinentes ao tema proposto, organizando-os e relacionando-os de forma
pouco consistente em relação ao seu projeto de texto. Na faixa bom a excelente, estão
24,4% dos textos onde os participantes selecionaram, organizaram e relacionaram, de
forma consistente, informações, fatos, opiniões e argumentos pertinentes ao tema proposto
em defesa do ponto de vista apresentado em seu projeto de texto. Os textos situados na
faixa insuficiente a regular (13%) indicam que os participantes apenas apresentaram
informações, fatos e opiniões precariamente relacionados ao tema proposto.
Essa competência procura avaliar a coerência da autoria para a defesa de um ponto
de vista, em relação ao tema, ou seja, o projeto de texto e seu desenvolvimento (o repertório
de reflexões do participante e a forma como escolhe, encadeia e desenvolve esse repertório).
Em relação à Competência IV  demonstrar conhecimento dos mecanismos lingüísticos
necessários para construção da argumentação , verifica-se que 58,2% estão situados na
faixa regular a bom, e os participantes apresentaram uma articulação razoável das partes
do texto, com problemas eventuais na utilização dos recursos coesivos; 32,7% estão situa-
dos na faixa bom a excelente e apresentaram uma boa articulação das partes do texto, sem
problemas graves na utilização de recursos coesivos. Apenas 9,1% alocados na faixa insufi-
ciente a regular apresentaram uma articulação precária das partes do texto, devido a
problemas freqüentes na utilização dos recursos coesivos.
Em relação à Competência V  elaborar proposta de solução para o problema aborda-
do, mostrando respeito aos valores humanos e considerando a diversidade sociocultural ,
verifica-se que 49,2% dos textos produzidos estão situados na faixa regular a bom. Indicando
que os participantes elaboraram uma proposta genérica de intervenção sobre a problemática
desenvolvida, demonstrando respeito aos valores humanos e à diversidade sociocultural.
Na faixa bom a excelente, estão 29,2% dos participantes que elaboraram proposta especí-
fica de intervenção sobre a problemática desenvolvida, demonstrando respeito aos valores
humanos e à diversidade sociocultural; 21,5% estão situados na faixa insuficiente a regular,
significando que apenas esses participantes não tiveram uma intenção explícita de elaborar
uma proposta ou apenas esboçaram algumas idéias que poderiam ser o núcleo de uma
proposta, sem, contudo, desrespeitar os valores humanos e a diversidade sociocultural. Os
textos que desrespeitaram os valores humanos e a diversidade sociocultural foram
desconsiderados, segundo os critérios do Enem.
A concentração em todas as competências, nos conceitos regular/bom/excelente
demonstrou que a maioria dos participantes apresentou um texto minimamente adequado
ao seu estágio de escolarização.
154 Relatório 2000 Pedagógico
Relatório 2000 Pedagógico 155
Qualquer que seja o tipo de análise que se queira fazer sobre os resultados do Enem
2000, é fundamental que se tenha sempre presente o caráter voluntário do Exame e a
referência do desempenho dos participantes ao seu perfil socioeconômico.
A Região Sudeste liderou novamente a concentração de participantes do Exame (66%
em 1999 e 72% em 2000) possivelmente porque, entre outras variáveis, é a região que
apresenta, até hoje, o maior número de Instituições de Ensino Superior (116) que utilizam os
resultados do Enem em seus processos seletivos e, entre elas, as universidades públicas
que mais concentram candidatos: USP (144.476); Unicamp (45.315) e Unesp (78.971). Dos
participantes do Enem 2000, cerca de 98% pretendem continuar estudando e 75,2%
pretendem arrumar um emprego nos próximos três anos.
Quanto à caracterização pessoal, destaca-se que 81,3% têm idade em torno de 18 e
19 anos, o que demonstra quase não existir distorção idade/série, um dos fatores mais
destacados na literatura nacional e internacional como indicador de sucesso escolar. Isso é
corroborado pelo fato de quase 70% desses jovens terem cursado o ensino fundamental
em oito anos e mais de 80% deles terem concluído o ensino médio em três anos.
A maioria dos participantes é do sexo feminino (59%) à semelhança dos dados
censitários do ensino médio (55% de mulheres). Há, também, predominância dos que se
consideram brancos (75,5%).
Praticamente a metade dos participantes (47,9%) nunca trabalhou. Dos que trabalharam
durante o ensino médio, 45,2% ingressaram no mercado de trabalho com idade entre 14 e
16 anos e 38,2% perceberam até dois salários mínimos.
Em relação às características familiares, pode-se observar maior concentração de
participantes cujos pais apresentaram escolaridade equivalente ao término do ensino superior
(cerca de 25%), sendo que aproximadamente 20% dos pais tinham escolaridade equivalente
ao término do ensino médio (antigo 2º grau) e apenas cerca de 2% declararam ter pais com
nenhuma escolarização formal.
Ainda em relação à condição econômica familiar, é oportuno destacar que a maioria
dispõe dos seguintes bens de consumo: telefone 89%, geladeira 98,3%, máquina de lavar
87,1%, no mínimo, duas televisões 71,4% e 51% declararam possuir computador.
A renda total domiciliar dos participantes é relativamente alta: 30,9% das famílias
possuem renda na faixa de 10 a 30 salários mínimos. Ressalte-se, também, que se 26,9%
dos participantes têm renda domiciliar na faixa de 5 a 10 salários mínimos, existe, também,
um contingente de 15,4% com renda situada num patamar mais elevado do que 30 salários
mínimos.
7
Considerações finais
156 Relatório 2000 Pedagógico
Quanto à trajetória escolar, praticamente todos os participantes (97%) cursaram o
ensino médio regular e 74% o fizeram no turno diurno. Uma parcela expressiva desses
jovens declarou ter participado de atividades extracurriculares durante o ensino médio: 51,6%
em atividades esportivas; 34,6% em cursinhos preparatórios para o vestibular; 48,4% em
cursos de informática ou computação e 50,9% em cursos de língua estrangeira.
Com relação à opinião dos participantes sobre os professores e a escola, a maioria
considerou como bom ou excelente o conhecimento que os professores têm da matéria
(85%), assim como os recursos pedagógicos da escola (50%).
A grande maioria desses jovens declarou ter muito interesse em questões sociais
(80,0%), pelos direitos das minorias (52,1%), pelas questões relacionadas ao meio ambiente
(60,8%) e pelo comportamento sexual (73,1%). Além disso, a grande maioria considera
importante, para ter um bom futuro, ser trabalhador (96,5%), ser honesto e justo (95,5%),
ser generoso e solidário (91,4%). Da mesma forma, a maioria considerou importante para o
futuro ter cultura geral (96,5%), conhecimentos profissionais práticos, ter cursado uma boa
escola (92,5%) e ter sido bom aluno (93,4%).
São as características deste perfil que nos permitem afirmar que a média geral dos
participantes, seja na parte objetiva (51,85), seja na redação (60,87), ainda está muito aquém
do padrão de desempenho que se deseja dos alunos brasileiros ao término da escolaridade
básica.
A distribuição dos participantes nas faixas de desempenho ainda apresenta um índice
bastante alto na faixa insuficiente a regular (31%) e embora existam participantes na faixa
bom a excelente, essa percentagem ainda é a menor (18,3%).
A retomada dos dados gerais do perfil socioeconômico dos participantes de 1999, em
comparação com os de 2000, resultou na constatação de semelhanças significativas na
quase totalidade das variáveis observadas. Este fato permite que se façam, também,
comparações sobre os seus respectivos desempenhos gerais, observando-se essa
comparação, que só pode ser feita com as médias globais de desempenho da população con-
siderada como um todo, pois a representatividade dos Estados, no exame, é diferente
nos dois anos.
Quadro 6  Médias das notas gerais dos participantes do Enem 1999 e 2000
Parte Parte Redação Redação
Médias Objetiva Objetiva 1999 2000
Enem 1999 Enem 2000
Geral 51,93 51,85 50,37 60,87
Competência I 51,22 53,60 60,17 67,09
Competência II 50,42 50,23 50,98 60,02
Competência III 54,29 49,32 48,06 58,29
Competência IV 55,07 52,81 47,50 61,42
Competência V 53,92 52,08 39,29 57,21
No Espírito Santo, por exemplo, o número de participantes em 2000 apresenta um
acréscimo de 100% em relação a 1999 e no Mato Grosso do Sul, o número de participantes
cresceu cerca de 355% em 2000. Por outro lado, São Paulo mantém a mesma participação
(30% do total de concluintes do estado) nos dois anos.
Relatório 2000 Pedagógico 157
Fonte: MEC/Inep/Enem
Gráfico 43  Percentual de participantes por faixas de desempenho
Parte objetiva  Enem 1999
Fonte: MEC/Inep/Enem
Gráfico 44  Percentual de participantes por faixas de desempenho
Parte objetiva  Enem 2000
Fonte: MEC/Inep/Enem
Gráfico 45  Distribuição das notas gerais
Parte objetiva  Enem 1999 e 2000
158 Relatório 2000 Pedagógico
Na parte objetiva da prova, a distribuição dos participantes nas faixas de desempenho
mantém-se muito parecida em 1999 e 2000 e, mesmo considerando que as provas foram
calibradas com apenas 13 questões fáceis (25 médias e 25 difíceis), a percentagem de
participantes na faixa insuficiente a regular mantém-se alta, se considerarmos o perfil
socioeconômico destas populações.
Quando é observado o desempenho geral por competências, entretanto, alguns
resultados merecem consideração especial.
A Competência III apresenta uma queda significativa de pontos em relação aos resultados
de 1999, que pode ser analisada, em primeiro lugar, em função de ser a competência de
escolher e decidir para solucionar problemas a que mais se opõe às práticas de aprendizagem
e avaliação nas escolas brasileiras, em que pesem as características positivas das escolas
que estes participantes freqüentam.
As práticas docentes no Brasil são, ainda, marcadamente tradicionais, centradas na
figura do professor como transmissor de conteúdos, e a avaliação escolar privilegia a
demonstração da retenção de um repertório de respostas padrão, certas, em detrimento
de verificar o desenvolvimento da estrutura de competências e habilidades que permitem
enfrentar e resolver problemas inéditos.
Este conceito de avaliação, a partir de situações-problema, está diretamente articulado
com os eixos estruturadores da reforma do ensino médio que propõe, para a escola brasileira,
uma nova concepção de conhecimento.
Esta concepção, embora aceita pela maioria dos educadores pela sua pertinência e
adequação às exigências do mundo em que vivemos, ainda está muito longe de transformar
o dia-a-dia da escola.
Em 2000, à semelhança de 1999, apenas cinco participantes obtiveram a nota máxima
nesta parte da prova.
Fonte: MEC/Inep/Enem
Gráfico 46  Percentual de participantes por faixas de desempenho
Redação  Enem 1999
Relatório 2000 Pedagógico 159
Fonte: MEC/Inep/Enem
Gráfico 47  Percentual de participantes por faixas de desempenho
Redação  Enem 2000
Fonte: MEC/Inep/Enem
Gráfico 48  Distribuição das notas gerais
Redação  Enem 1999 e 2000
Obs.: Os dados do Enem 1999, referentes ao gráfico acima, foram colocados na mesma escala dos dados do Enem 2000, para
efeito de comparação.
Baseados, também, na comparação das notas gerais nos dois anos, podemos observar
que na redação a média geral das notas teve um aumento significativo em 2000, o mesmo
acontecendo com as médias gerais das cinco competências, notadamente a Competência V.
Não se pode atribuir esta diferença ao refinamento dos critérios de correção da redação,
que sendo os mesmos de 1999, permitiram agora uma captação mais minuciosa da quali-
dade dos textos produzidos. A aplicação dos critérios ajustados em 2000 reduziu pela metade
o número de participantes que obtiveram a nota máxima (100) na redação. Foram 830 em
1999 e 443 em 2000. No mínimo, estes dados sugerem que os critérios ajustados tornaram
a correção mais exigente.
Entretanto, a interpretação mais plausível para o aumento da média geral e nas
competências de redação precisa mais uma vez referenciar-se ao perfil socioeconômico
dos participantes em 2000, pois é uma população diferenciada do universo de concluintes
160 Relatório 2000 Pedagógico
do ensino médio do Brasil, não só pela melhor qualidade de condições gerais de vida mas,
também, por serem jovens que, marcadamente, pretendem continuar os estudos (98%).
Como a maioria deles está concentrada na Região Sudeste (72%), torna-se necessário
destacar que esta região congrega o maior número de Instituições de Ensino Superior (116)
que utilizam os resultados do Enem em seus processos seletivos.
Com o apoio da mídia, do interesse das escolas e das famílias, aliados à decisiva
parceria com as universidades, notadamente as públicas, a Redação do Enem e seus critérios
inovadores de correção foram compreendidos e aceitos pelas escolas freqüentadas por
esta população, com o efetivo apoio dos professores de Língua Portuguesa.
Isto se deu, também, porque o Inep mobilizou, desde a primeira edição do Enem em
1998, um cadastro de corretores de redação com cerca de mil profissionais de Língua
Portuguesa, que são bons professores e atuam concentradamente na Região Sudeste. A
constituição deste cadastro deu-se por qualificação curricular dos professores e por indicação
de seus pares a partir de dois critérios fundamentais: são professores altamente qualificados
e cujos alunos, além de gostarem de aprender com eles, apresentam altos índices de
desempenho em Língua Portuguesa.
Com estes profissionais, a equipe técnica do Enem mantém, desde 1998, intensa e
permanente comunicação, e a comissão coordenadora da correção, constituída por consul-
tores de renomada experiência, trabalha com eles durante os 30 dias de correção. Esse
contato direto, com relações contínuas em torno de práticas reais de trabalho, constitui-se,
no dizer de muitos deles, numa experiência rica de educação continuada.
Os critérios de correção da redação do Enem e a metodologia que estruturou o trabalho
dos corretores permitiram que a proposta de redação do Enem fosse muito bem compreendida
e entusiasticamente aceita por esses profissionais, que são responsáveis não só pela sua
divulgação entre seus colegas (muitos são professores de professores) mas, principalmente,
pela aplicação da proposta em suas práticas docentes.
O aumento da média na Competência V serve, também, para reforçar o papel
sinalizador do Enem. Quando foram estruturados os critérios de correção a partir das
cinco competências pela primeira vez, a atribuição do peso 1 à Competência V prendeu-se
à análise de especialistas segundo a qual ela seria difícil de ser verificada nos textos usual-
mente valorizados pela escola. Nos textos da redação de 2000, em sua grande maioria,
com qualidades e intensidades diferentes, os jovens participantes demonstraram que são
capazes de apresentar propostas de encaminhamento do problema contido no tema da
redação.
Do ponto de vista da estrutura da prova, pretende-se manter para 2001 o mesmo
constructo teórico metodológico que vem orientando o Enem desde sua primeira edição.
Com o aprimoramento dos critérios de correção da redação em 2000, será possível
definir treinamentos de corretores e supervisores e metodologia para proceder à correção
de um grande número de redações que certamente ocorrerão na próxima edição do exame,
em função principalmente da isenção de taxas concedidas pelo MEC aos concluintes do
ensino médio das escolas públicas.
A perspectiva de aumentar a abrangência do Enem em 2001 trouxe para o Inep um
novo desafio, que se traduz pela necessidade de parceria definida com a empresa a ser
contratada para operacionalizar o Exame. Mais do que o relacionamento jurídico entre
contratante e contratada é preciso haver um estreito entrosamento entre as equipes técnicas
para a execução otimizada do planejamento, sem comprometer a agilidade e qualidade dos
serviços prestados aos participantes e às instituições parceiras.
Relatório 2000 Pedagógico 161
Será necessário, também, intensificar a articulação com as Secretarias Estaduais de
Educação, pois o apoio das escolas públicas à divulgação do Exame junto aos alunos, será
estratégica para o sucesso do Enem. Para este fim, foi planejada uma ação direta com
todas as escolas de ensino médio do País às quais será disponibilizado um kit Enem, com
informações e orientações para os alunos, esclarecimentos para os professores e modelo
padrão de atestado de matrícula para ser emitido pelas escolas, que deverão acompanhar
a isenção dos concluintes da rede pública para a dispensa do pagamento da taxa.
Projeta-se, também, para o mês de abril de 2001, a realização das inscrições, para
aumentar o período de análise do cadastro e planejar o acerto cadastral para o dia da prova,
intensificando as interações com a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) e as
Secretarias Estaduais de Educação.
Com a apresentação pública deste Relatório e com o seu envio às escolas, aos
educadores e aos especialistas em avaliação, o Inep, por meio da equipe técnica do Enem,
voltará todas as suas atenções para o sucesso do Enem 2001.
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