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ANAIS DO SEMINÁRIO
DISSEMINAÇÃO DE INFORMAÇÕES
EDUCACIONAIS
REGIÃO NORDESTE
Recife-PE  26 e 27 de junho de 2000
Promoção:
Comitê dos Produtores da Informação Educacional (Comped)
Coordenação:
Secretaria de Educação do Estado de Pernambuco
Brasília-DF
Inep/MEC
2000
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Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
COORDENADOR-GERAL DE DIFUSÃO DE INFORMAÇÕES EDUCACIONAIS
Antonio Danilo Morais Barbosa
EDITOR
Jair Santana Moraes
TRANSCRIÇÃO
Eduardo Ladeira Mota
REVISÃO
Marluce Moreira Salgado
Rosa dos Anjos Oliveira
ARTE-FINAL
Márcia Terezinha dos Reis
TIRAGEM: 1.000 exemplares
ENDEREÇO
INEP/MEC  Esplanada dos Ministérios, Bloco L, Anexo I, 4º Andar, Sala 416
CEP 70047-900  Brasília-DF  Brasil
Fones: (61) 224-7092, 410-8438
Fax: (61) 224-4167
http://www.inep.gov.br
DISTRIBUIÇÃO
CIBEC/INEP  Esplanada dos Ministérios, Bloco L  Térreo
CEP 700047-900  Brasília-DF  Brasil
Fones: (61) 410-9052, 323-3500
Fax: (61) 223-5137
http://www.inep.gov.br/cibec
Dados Internacionais de Catalogação na Fonte (CIP)
Seminário Disseminação de Informações Educacionais : Região Nordeste (2000 : Recife).
Anais do Seminário Disseminação de Informações Educacionais : Região Nordeste, Recife,
26 e 27 de junho de 2000 / Coordenação : Secretaria de Educação do Estado de Pernambuco.
 Brasília : Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais, 2000.
48 p.
1. Disseminação da Informação. 2. Qualidade da Educação. I. Ministério da Educação. II.
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais. III. Comitê dos Produtores de
Informação Educacional. IV. Título.
CDU 37.014.542
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Anais do Seminário Disseminação de Informações Educacionais: Região Nordeste
Comitê dos Produtores
da Informação
Educacional (Comped)
Instância colegiada, criada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais (Inep), em fevereiro de 1997. O Comped é constituído por 15 instituições
governamentais e não-governamentais que atuam no campo da produção e dissemi-
nação de informações.
Integrantes: Ação Educativa; Associação Brasileira de Editoras Universitárias
(Abeu); Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (ANPEd),
Associação Nacional de Política e Administração da Educação (Anpae); Centro de Es-
tudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec); Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq); Conselho Nacional de
Secretários de Educação (Consed); Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de
Nível Superior (Capes); Fundação Carlos Chagas (FCC); Fundação Cesgranrio; Institu-
to Brasileiro de Informações em Ciência e Tecnologia (Ibict); Instituto Nacional de Estu-
dos e Pesquisas Educacionais (Inep); Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea);
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud); União Nacional dos
Dirigentes Municipais de Educação (Undime).
Endereço:
Comped  Secretaria Executiva
Esplanada dos Ministérios, Bloco L, Térreo
CEP 70047-900  Brasília-DF  Brasil
Fones: (61) 323-5510, 410-9055
Fax: (61) 223-5137
http://www.inep.gov.br/comped
Lista de Siglas ................................................7
Apresentação..................................................9
Abertura ........................................................11
Éfrem de Aguiar Maranhão (Consed)
Solange Castro (Inep)
Conferência...................................................13
Gestão da informação para o desenvolvimento da educação
Francisco José da Silveira Lobo Neto (ABT)
Debate  Plenária ................................................................ 19
Painel 1
Produção e disseminação de informações educacionais ....... 21
Denise Maria de Oliveira (Fundescola)
Walter Garcia (ABT)
Fernando Rossetti (Instituto Ayrton Senna e Projeto Aprendiz)
Produzir informações educacionais no Nordeste: dores
e delícias ................................................................................... 25
Sofia Lerche Vieira (UECe)
Debate  Plenária ................................................................ 31
Painel 2
Experiências de acesso e emprego de informações
em processos de gestão educacional ..................................... 35
Raimundo Nonato Palhano Silva (Undime)
Antônio Cruz Vasques (Câmara de Educação Superior)
Mirtes Cordeiro Rodrigues (Unicef)
Debate  Plenária ................................................................ 43
Trabalhos em grupo
 Resultados .............................. 47
Metodologia .............................................................................. 47
Grupo 1...................................................................................... 47
Grupo 2...................................................................................... 48
Sumário
7
Anais do Seminário Disseminação de Informações Educacionais: Região Nordeste
Lista de Siglas
Abeu Associação Brasileira de Editoras Universitárias
ABT Associação Brasileira de Tecnologia Educacional
Anatel Agência Nacional de Telecomunicações
Andi Agência de Notícias dos Direitos da Criança
Anpae Associação Nacional de Política e Administração da Educação
ANPEd Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação
Capes Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
CBT Código Brasileiro de Telecomunicações
Cenpec Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação
Comunitária
CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
Comped Comitê dos Produtores da Informação Educacional
Consed Conselho Nacional de Secretários de Educação
Embratel Empresa Brasileira de Telecomunicações
Endipe Encontro Nacional de Didática e Prática de Ensino
Enem Exame Nacional do Ensino Médio
Epen Encontro de Pesquisa Educacional do Nordeste
FCC Fundação Carlos Chagas
Fundef Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e
de Valorização do Magistério
Fundescola Fundo de Fortalecimento da Escola
Fust Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
Ibict Instituto Brasileiro de Informações em Ciência e Tecnologia
ICMS Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços
Inep Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais
Inmetro Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial
Ipea Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
LDB Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
LGT Lei Geral de Telecomunicações
MEC Ministério da Educação
ONG Organização Não-Governamental
PhD Philosophy Doctor
Pnud Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
Proinfo Programa Nacional de Informática na Educação
RNP Rede Nacional de Pesquisa
Sudene Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste
UECe Universidade Estadual do Ceará
UFC Universidade Federal do Ceará
UFF Universidade Federal Fluminense
Anais do Seminário Disseminação de Informações Educacionais: Região Nordeste
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UFMG Universidade Federal de Minas Gerais
UFPe Universidade Federal de Pernambuco
Umesp Universidade Metodista de São Paulo
UnB Universidade de Brasília
Undime União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação
Unesco Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura
Unicef Fundo das Nações Unidas para a Infância
USP Universidade de São Paulo
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Anais do Seminário Disseminação de Informações Educacionais: Região Nordeste
Apresentação
Em dezembro de 1999, foi realizado em São Paulo o I Seminário Nacional do
Comitê dos Produtores da Informação Educacional (Comped), com o objetivo de dis-
cutir a produção e a disseminação de informações educacionais no Brasil. Um dos
principais resultados desse encontro foi a proposta de realização de seminários regio-
nais para a continuação do debate iniciado.
O Comped promoveu, assim, três seminários: um em Brasília, das Regiões
Norte e Centro-Oeste; outro, em Recife, da Região Nordeste; e finalmente, em Curitiba,
das Regiões Sul e Sudeste. Para os seminários, foi definido um mesmo público, formado
por representantes estaduais das Secretarias Estaduais e Municipais de Educação, uni-
versidades, organizações não-governamentais e mídia. Os participantes foram sempre
convidados pelas instituições-membro do Comped, no âmbito da atuação de cada uma.
A estrutura dos seminários regionais foi a mesma, e essa estratégia conside-
rou a necessidade de se estabelecer parâmetros de comparação entre as discussões.
Algumas alterações, entretanto, foram implementadas para os trabalhos em grupo. A
necessidade dessas modificações foi identificada a partir das constantes avaliações
dos resultados dos seminários, com vistas a garantir a qualidade das discussões e da
própria metodologia utilizada pelos grupos de trabalho.
Para a publicação dos Anais, foram gravadas todas as palestras e debates
em plenária. Contudo, problemas técnicos, ocorridos durante o processo de gravação,
comprometeram parte das transcrições. Desta forma, algumas palestras e pronuncia-
mentos não puderam ser registrados integralmente, bem como alguns participantes
dos debates não puderam ser identificados. Apesar disso, a excelência dos seminários
não ficou comprometida em sua essência e objetivos.
Com esta iniciativa, o Comped espera estar contribuindo para a implementação
de um dos seus principais objetivos, qual seja, o de viabilizar a reprodução desta arena
de discussão e articulação, no âmbito dos espaços de atuação de cada agente educa-
cional, e a utilização das idéias e propostas identificadas para o processo de consolida-
ção de uma educação com qualidade.
Secretaria Executiva do Comped
Anais do Seminário Disseminação de Informações Educacionais: Região Nordeste
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Anais do Seminário Disseminação de Informações Educacionais: Região Nordeste
Éfrem de Aguiar Maranhão
Presidente do Consed e Secretário de Educação de Pernambuco
Por razões técnicas, não foi possível fazer a gravação.
Solange Castro
Diretora de Disseminação de Informações Educacionais do Inep e Secretária
Executiva do Comped
Por razões técnicas, não foi possível fazer a gravação.
A palestrante apresentou o Comped, explicando o que é o Comitê, como
trabalha e quais as suas principais linhas de ação e produtos já disponíveis.
Abertura
Coordenação de Mesa
Divonzir Gusso
Técnico em Pesquisa e
Planejamento do Ipea
Anais do Seminário Disseminação de Informações Educacionais: Região Nordeste
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Anais do Seminário Disseminação de Informações Educacionais: Região Nordeste
Conferência
Gestão da informação para
o desenvolvimento da educação
Francisco José da Silveira Lobo Neto
Professor de História da Educação da UFF e Vice-Presidente da ABT
Desejo manifestar minha convicção de que a informação sobre fatos e feitos,
sobre idéias e ideais, sobre o que se sabe e o que se sente não pode ser vista como
manifestação de natureza, como uma brisa que sopra ou a chuva que umedece o solo.
A informação é um produto cultural, intencionalmente construído, difundido, veiculado,
transformado, utilizado, constantemente reproduzido. Intencionalmente enfatizado ou
subestimado, o produto-informação, desde a sua origem até a sua diluição por
metamorfose (quase nunca por eliminação ou desaparecimento), está a serviço dos
propósitos humanos.
E, por que estou convencido disso, o título desta conferência é expressão de
uma possibilidade, ou manifestação de um propósito possível. Outro não foi o
entendimento dos nossos Teixeiras que, da Bahia, empolgaram como causa a Educação
Brasileira (refiro-me a Mário Augusto Teixeira de Freitas e a Anísio Spínola Teixeira). Ambos
propuseram caminhos de fazer educação, depois que se louvaram das informações 
colhidas para além das apenas impressões  de uma realidade dinâmica e complexa.
Mas, depois de professar estas minhas convicções primeiras, pode-se
trabalhar um pouco sobre as dúvidas subseqüentes, deixando-se convidar à subversão
do título e à reflexão sobre o desenvolvimento educacional, que se impõe, para a gestão
da informação.
Apesar de ser verdade estar a informação a serviço dos propósitos humanos,
ela também, como tantos serviçais, se arvora em base, sustentação, causa e razão de
ser da formação da intenção, da construção do projeto, da execução da obra 
mantendo, embora, sua aparência subserviente.
De certa forma, há um tal espalhar-se de convicções no mundo
contemporâneo que  de tão consensual  deixa-me mais a impressão de presença de
convencimentos do que de qualquer convicção. Convencimentos criados menos pela
observação, pela investigação interrogante, pela discussão e argumentação instituinte,
e muito mais pela repetição contagiante ou pelo contágio repetitivo, onde o impacto da
forma sempre prevalece sobre a maturação do conteúdo. Onde a ferramenta ganha
foro de resultado.
A partir da convicção da importância tanto da informação quanto de sua
gestão para o desenvolvimento da educação, é que me proponho refletir sobre a
necessidade de desenvolvermos uma pedagogia da gestão da informação. Por isso,
peço-lhes a paciência de percorrer comigo os caminhos (nunca existe apenas um!) de
enfrentamento destas questões da informação e da educação.
A questão da informação. Basta-nos abrir um dicionário para verificar a
pluralidade e a diversidade de informações sobre os significados da informação.
Anais do Seminário Disseminação de Informações Educacionais: Região Nordeste
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esta constatação já seria suficiente para nos colocar em alerta contra o uso e abuso
de determinadas expressões. Desde a afirmação categórica da informação como causa
suficiente de acerto e sucesso, até a proclamação  não sei bem por que, mas sempre
acompanhada de um tom ameaçador  de que esta é a sociedade da informação!
Passando, evidentemente, por uma extensa lista de frases reveladoras de convicções
(ou melhor, de convencimentos) sobre o valor absoluto da informação. (Fulano acertou!
Pudera! Está sempre informado!; Preciso de todas as informações sobre a minha
mesa, antes de começar a reunião!; Não pude agir. Faltavam-me algumas
informações!) Mas o que é a informação? O que estamos querendo gerenciar quando
falamos em gestão da informação? Que informação é esta a ser gerenciada e digerida
para o desenvolvimento da educação?
Creio poder assumir  ao menos inicialmente, como conceito operacional e
ad hoc  o significado de informação como manifestação ou expressão de um conteúdo
de conhecimento qualquer, seja um fato, um dado, um acontecimento, um resultado
científico, um gesto, um sentimento que se deixa conhecer.
Pretendo, assim, distinguir a informação da comunicação e, ambas, da
educação.
Apesar de na linguagem comum usarmos informação como sinônimo de
comunicação (e vice-versa, cada vez mais), gostaria de sinalizar para a diferença: o
conceito de informação não está vinculado, em si, a uma interação subjetiva como o
está o conceito de comunicação. Isto é, o conceito de informação não inclui o comentário
e a interferência do sujeito na mensagem, fundamentais no processo comunicacional.
E, no entanto, é na comunicação que se cumpre o destino da informação, concretizando-
se como fato humano, adquirindo capacidade de desdobrar-se em conseqüências.
Afinal, de que nos serve uma informação se ela não é comunicada?
Da mesma forma, o processo educativo que, necessariamente, trabalha
informações veiculadas em situações diversas e plurais de comunicação, não pode ser
reduzido a um processo informativo e comunicacional. A educação, na verdade, é a
prática social mais global que dá significado à informação referindo-a ao conhecimento,
desenvolvendo a capacidade de compreensão plena. Isto é, aquela que se realiza na
totalidade complexa do saber, do sentir e do fazer conscientes e interativos, onde a
compreensão pessoal é resultado e contribuição ao compreender-se e fazer-se pessoal
 socialmente significativo  no compreender e fazer coletivo.
Na freqüente e reducionista proclamação da sociedade da informação, um
grande esforço vem sendo despendido para reduzir a educação à comunicação. E isto não
seria tão grave se, ao menos, a comunicação já não estivesse reduzida aos convenientes
 quase nunca verdadeiros, quase sempre flexíveis  limites da informação.
Isso porque, nesta questão, abre-se o caminho para a tirania de uma
informação que já não é mais informação, mas elaborado discurso que  tendo seguido
pelos caminhos da contextualização, da significação, da compreensão, da sintonização
 retorna, como argumento de tese ou opinião, travestido na singeleza de simples dado,
que se apresenta enganosamente como se já não tivesse percorrido toda esta trajetória.
Desculpe-me trazer, como exemplo, um texto
1
que faz parte de uma
seqüência  desafiadora da sacralidade dominical  quase semanalmente publicado,
pela mesma empresa, em página inteira de matéria paga em jornais do Rio de Janeiro.
Nele, destacamos três tópicos que podem ser, num primeiro momento, considerados
informação:
· o Ministério da Educação, ao que se saiba, é a entidade mantenedora das
universidades federais, isto é, o dono delas;
· segundo as estatísticas de desempenho, nos últimos 50 anos o MEC teve dois
excelentes titulares. O coronel Jarbas Passarinho e a professora Esther de Figueiredo
Ferraz alcançaram os melhores desempenhos e construíram os alicerces que estão
permitindo ao ministro Paulo Renato sanear, modernizar e fazer o setor crescer
para equiparar-se aos países mais avançados.
· atacam (o lobby do corporativismo da máfia do ensino universitário estatizante-
nacional-socialista, que há anos está infiltrada na maioria das universidades
públicas) a modernidade, que é representada pela universidade privada, tal qual
1
Cf. Magnatas do Atraso,
Jornal do Brasil, 25/6/2000,
Primeiro Caderno, p. 13.
15
Anais do Seminário Disseminação de Informações Educacionais: Região Nordeste
os trabalhadores ingleses no fim do século passado quebravam as máquinas, por
pensarem que elas iriam acabar com seus empregos.
Um conjunto de informações? Uma comunicação? Uma argumentação? Uma
peça de propaganda?
Tentando depor as armas do arsenal da análise de discurso, com olhos
apenas de leitor domingueiro, releio os três blocos, selecionados por mim para servir
meus propósitos de provocar, nos que me ouvem, motivos de reação reflexiva sobre o
tema que nos ocupa.
Cada um dos itens, eu os releio, construído com informações que se
compõem no interior de cada tópico e entre os tópicos. Por isso, chama-me atenção a
aplicação, ao MEC, do conceito de entidade mantenedora e de dono das
universidades federais, categorias não tão simples como parecem. Da mesma forma, a
menção a estatísticas de desempenho que apontam dois titulares do MEC como
excelentes, não as vejo cercadas de maiores cuidados delimitadores e esclarecedores.
Mas é no terceiro tópico que o encadeamento de informações (universidade privada
representante da modernidade? máfia do ensino universitário? ensino universitário
estatizante? estatizante-nacional-socialista?)  por incompletas e/ou incorretas  se
concatena em um discurso de desqualificação preventiva de críticos/críticas.
Talvez porque, mesmo com a benevolência própria do leitor domingueiro,
eu perceba que a informação central do texto seja a comunicação publicitária, a
propaganda do também quase semanal Teste de Acesso Direto (TAD), que é gratuito,
e que, na empresa publicante, substitui o vestibular, de triste memória, além de oferecer
a qualquer um, a oportunidade de ingressar diretamente no ensino universitário de
boa qualidade por preço ao alcance do bolso dos alunos. E, mais: na instituição que
não tem compromissos ideológicos com ninguém e que prepara nossos estudantes
para a vida, no mundo real.
Esta é uma mensagem escrita por quem, como é dito no início do texto,
sabe que a irresponsabilidade acusatória é uma das características menos amoráveis
da gente brasileira. E, como sabe!!!
Não se tem a intenção de afirmar a neutralidade da informação, ou retomar
 aqui  a teoria matemática da informação trabalhada por Shannon, na metade do
século, como caminhos de volta a uma pureza informativa que, muito provavelmente,
jamais existiu na história da humanidade. Mas o que se pretende apontar para todos os
que geramos e disseminamos informações, para todos os que consumimos e utilizamos
os dados informados, é uma necessidade de assumir a complexidade da informação,
desde a sua gestação na busca e descoberta, até sua formulação e veiculação nas
diversas formas de comunicá-las.
Definitivamente não é a mesma coisa informar que tínhamos 39,5% de
analfabetos em 1960 e conseguimos ter 14,7% em1996; tínhamos 15,9 milhões de
analfabetos em 1960 e 15,5 milhões em 1996.
Embora ambas sejam verdadeiras e, a rigor, apresentem o mesmo dado,
sempre fica uma forte possibilidade de diferentes leituras e de diversas linhas de decisão,
a partir de cada uma das formas de dizer. Em 36 anos, a verdade foi a ocorrência de um
resultado significativo ou de uma imperceptível redução?
O que é, mesmo, a verdade?
Na limitação de nossa materialidade espaço-temporal, temos o gosto de ter
desafiado os deuses  todos os deuses  teimando em responder à questão que ficou
sem resposta, ou cuja resposta foi o silêncio divino. A verdade tem sido o alvo de uma
busca permanente. E, toda vez que julgamos tê-la conquistado, a conquista não passou
de uma porta aberta para um novo retomar de buscas.
Chegamos mesmo a epistemologizar, com muitas polêmicas, a conquista
da verdade científica (aquela que, até poucos dias atrás, tinha um invejável status,
mas que, hoje...). O que é a verdade? Não seria o provisório resultado  apresentado
pela informação  de cada busca que gera encontro? De cada encontro que permite
relação com outros encontrados? Ou seria o conjunto das redes tecidas pelas interações
de todas estas descobertas? Descobertas e redes penosamente conseguidas,
Anais do Seminário Disseminação de Informações Educacionais: Região Nordeste
16
no esforço de encontrá-las, tecê-las? Esforço logo esquecido, na alegria de proclamá-
las, como informações que se liberam em comunicação  disseminação  constituindo
lampejos de compreensão, importantes fios e nós que sustentam este acervo de saberes,
encantado em sabedoria.
Seria, então, verdade, esta sabedoria que, por sua vez, nada mais é do que
a sempre dinâmica e incompleta, corajosa e ousada disposição de continuar a tecer 
a partir dos saberes/quereres/fazeres, das informações contextualizadas em
conhecimento e compreendidas  a tecer a complexa trama humana?
É desta informação  sempre misturada ao desejo de saciar a curiosidade
marcada de interesse  que aqui tratamos. E por isso, sinceramente, não se pode
sustentar qualquer hipótese de considerá-la utilizando os caminhos da redução
simplificadora ou da maximização complicadora. São caminhos tentadores, mas sempre
tortuosos.
A redução simplificadora pode até atender a nossa exigência de agilidade
da ação, propiciando um certo ativismo acalentado no convencimento  rapidamente
conseguido  de que os dados disponíveis apontam para a melhor solução.
A maximização complicadora pode até passar-se por prudência em
estabelecer a conveniente segurança de apreensão da realidade para fundamentar
uma ação conseqüente e efetiva, paralisando qualquer iniciativa de solução, porque
nunca há dados suficientes e confiáveis, é sempre necessário buscar outros, mais
completos, mais fidedignos, geradores de certezas.
Um caminho, certamente desafiante e exigente, é levar em conta toda a
complexidade da realidade e, portanto, assumir o caráter complexo da coleta,
processamento, formulação e veiculação da informação sobre qualquer de seus
aspectos. Este é o caminho que não fecha os olhos às incertezas, às dúvidas, às
probabilidades de soluções provisórias e sempre superáveis, por outras alternativas,
elas mesmas também provisórias e superáveis.
Sem a ficção da certeza absolutizada  tão própria dos reducionismos
simplificadores  trabalha-se com a sempre presente possibilidade de incompletude (e
até de erro!) de apreensão da realidade complexa, enfrentando-se o desafio da ação
como possível solução. Sem o pânico do desastre inevitável  tão próprio das
maximizações complicadoras  trabalha-se com a calculada ousadia de encaminhar
soluções prováveis, com a atenção de continuar a criticá-las e corrigi-las, no próprio
processo de executá-las.
Nesta atitude, geralmente a informação se caracteriza pela explicitação clara
não apenas de seu conteúdo, mas também de seu processo de construção (seu making
off, prefeririam os que sublinham, com peculiar sotaque, expressões em língua
estrangeira como prova cabal do acerto de suas afirmações) indicando o obtido e o
não-obtido, bem como as razões dos sucessos ou insucessos na obtenção.
A questão da informação, como a maioria das nossas questões, não mais é
passível de enfrentamento apenas em si mesma. As questões são, cada vez mais,
solidárias, contextualizadas, referidas a um panorama composto e complexo, que se
impõe pela evidência de uma realidade que há muito grita sua complexidade,
inviabilizando a ternura falaciosa  e já, agora, perversa  de sua simplificação.
Muito se tem escrito e falado sobre a necessidade de novos critérios, novas
formas, novos meios.
Quanto a estes dois últimos eu até concordo com sua novidade, como
expressão materializada de um conhecimento que se produz e reproduz em novidade
inventada. Não podemos negar a real revolução da informação pela disponibilização
crescente da informática e da sua conjugação com as telecomunicações. Nem por isso
 apesar de todo o entusiasmo  podemos deixar de refletir sobre o paradoxo, apontado
por Lévy, de um processo de vocação universalista e includente, e gerar exclusão.
Talvez porque organizemos a informação sobre exclusão dentro de uma chave de
entendimento da conexão como ligação física e do acesso como possibilidade. Ao
contrário do que se proclama, a exclusão passa pela maneira de usar, pela passividade
e unidirecionalidade contra a dialogicidade e interatividade real, para continuar com as
expressões do mesmo autor.
17
Anais do Seminário Disseminação de Informações Educacionais: Região Nordeste
Mas, quanto aos critérios: seriam eles novos ou estariam no bojo da realidade
a ser des-vendada, des-mitificada, libertada da linearidade causal que se assumia
como única explicação possível? Seriam eles novos ou estariam ali na complexa
realidade, esperando sua emergência à consciência humana como critérios
permanentemente des-cobertos, e sempre disponíveis a re-descobertas em diferentes
formulações, de diversas linguagens?
São os critérios emergentes ou reformulações de critérios existentes, são as
novas formas e os novos meios culturalmente disponíveis (e, obviamente no caso destes
últimos, economicamente acessíveis) que reconfiguram a origem subjetiva e objetiva
da informação, seu processamento e sua disseminação. Uma informação certamente
respeitável como produto da ousadia e esforço humano, mas não mais sacralizada e
absolutizada na inconteste e permanente autoridade religiosa ou científica. Uma
informação que se apresenta para ser considerada pelo que ela é, sem as preconcebidas
canonizações de verdade estabelecida para sempre, sem as preconceituosas
demonizações de mentira institucionalizada pelos interesses circunstanciais, do
dominante ou do dominado. Uma informação que sempre se coloca como peça de
elaboração de conhecimento e ação, a ser conferida, usada ou rejeitada, na
provisoriedade e dinâmica da realidade, física, social, cultural, humana, enfim, em seu
constante fazer-se.
Quando se afirma ser necessário gerir a informação para desenvolver a
educação e para gerir a informação, de que educação estamos falando? E... de que
gestão estamos tratando?
Também, a educação não pode deixar de se submeter aos processos
reducionistas simplificadores que têm freqüentado alguns discursos, mais ou menos
oficiais. Um intrincado e correlacionado conjunto de temas e aspectos diversos não
permite fugir de sua complexidade. Temos, também, diante de nós, uma questão
educacional a ser enfrentada.
Em primeiro lugar, o conteúdo da questão está na qualidade da educação a
ser desenvolvida, como critério da sua gestão. Em segundo lugar, está a forma da
questão educacional, como relação com a informação, que lhe facilita o desenvolvimento
e que dela depende para ser gerida (isto é gerada e disseminada) adequadamente.
Não são enfrentamentos simples estes que estamos elencando. Eles
carregam a complexidade da prática pedagógica como prática social. Eles carregam a
dificuldade de ler a realidade e traduzi-la em formulações informativas que a revelem
como fonte de querer (formação de propósitos educacionais) e de fazer (preparação e
execução do agir educacional). E em cada momento e lugar diferente, uma diversa
realidade se configura como desafio de mudança e permanência, de apreensão e
superação.
Nunca foi tão precária a posição dos que minimizam a investigação/pesquisa
diante do ensino/capacitação. Nunca foi tão frágil a alegação de objetivos limitados de
treinar, instruir, ensinar como justificativa de uso de unidirecionalidade, rigidez
organizacional, autoritarismo avaliativo. Cada vez mais tornamo-nos conscientes de
que o tornar-se capaz depende de uma conquista de entendimento e de aplicação,
constituída na vivência de interrogar a realidade. Cada vez mais a informação que me
chega é motivo e motivação de busca de mais informação que se contextualize e ofereça
elementos de melhor (que nem sempre se confunde com mais) compreensão. Isto
é,cada vez mais é impossível treinar, instruir, ensinar sem comprometer-se com a
educação.
A criação, manutenção, renovação, recriação de condições para que se
realize o processo de obtenção, formulação, disseminação e processamento da
informação, é uma das razões da educação que, antes de mais nada e da maneira
mais radical, é a própria trajetória de mudança e desenvolvimento empreendida pelo
sujeito que se educa.
Uma gestão, portanto, de processo que não se contenta em organizar,
direcionar, articular o que já é dado, mas que só se qualifica como gestão quando
descobre ou faz surgir o dado a ser gerido, para ser possuído como matéria-prima de
sempre novos descobrimentos.
Anais do Seminário Disseminação de Informações Educacionais: Região Nordeste
18
A educação é, portanto, a gestão da informação, enquanto geração, gestação
e proclamação em fecunda disseminação. Neste sentido, ela é comunicação, fator de
interação somativa e integradora de um coletivo criativo, porque criador da prática da
sociedade que continuamente se afirma e reafirma no estabelecimento das relações
entre seus membros.
Na face a face da relação educadoreducando, na articulação entre
comunidades e grupos que vivenciam a educação como prática de seu desenvolvimento,
combinam-se desejos, instauram-se estratégias, executam-se ações. É a configuração,
historicamente tecida, de uma proposta de projeto pedagógico social. Critério de gestão
da informação, resultado da informação gerida, pauta de busca de informação,
repositório dinâmico de informação produzida.
Não há como conceber esta relação fora de critérios públicos de gestão,
fora de concepções comprometidas com o bem comum (que se expressa concretamente
no bem-estar social), fora da enriquecedora e desafiadora complexidade, onde as
contradições entre público e privado, entre indivíduo e coletividade buscam conquistar
a manifestação concreta de comunidade e cidadania.
Nada pronto no campo da informação. Nada definitivo no campo da
educação. Por isso mesmo, um compromisso ético de desenvolver, na fragilidade da
incerteza e na força do empenho, uma sociedade de informação, de comunicação, de
educação. Uma sociedade de ser sociedade humana. Apenas, tudo isso!
19
Anais do Seminário Disseminação de Informações Educacionais: Região Nordeste
Debate
Plenária
Por razões técnicas, não foi possível fazer a gravação.
Anais do Seminário Disseminação de Informações Educacionais: Região Nordeste
20
21
Anais do Seminário Disseminação de Informações Educacionais: Região Nordeste
Painel 1
Produção e disseminação
de informações educacionais
Coordenação
Elba de Sá Barreto
Professora da Faculdade de
Educação da USP e
pesquisadora da FCC
Denise Maria de Oliveira
Jornalista/Representante do Programa Escola Brasil (Fundescola)
A professora Nélia Dalpian, professora do Departamento de Rádio e Televisão
da Universidade de Brasília, apresentou um relatório de avaliação qualitativa do Programa
Escola Brasil, no mês de maio. Os resultados foram muito positivos. Verificou-se que,
apesar de ser patrocinado pelo Fundescola, o Programa Escola Brasil conseguiu
achar o seu caminho e levar a notícia ao público. É dada prioridade para as cartas dos
ouvintes, que nos demandam diversos tipos de esclarecimentos. Está sendo construída
uma forte aliança com o ouvinte, que é o próprio beneficiário, tanto da educação como
do meio. Entra notícia do Fundescola? Sim, entra. Todos os dias uma nota ou uma
matéria, mas sempre a partir do resultado. São mostradas experiências positivas, por
exemplo, com matérias relacionadas com o programa de desenvolvimento do
Fundescola. A matéria é feita a partir de entrevistas com alunos, com o diretor da Escola,
sugerindo alternativas para quem queira reproduzir aquela ação de sucesso. O programa
também inclui ações de organizações não-governamentais que respondem às cartas
dos ouvintes, intermediando contatos com a autoridade municipal ou estadual ou federal.
Isto é apresentado, de uma maneira crítica, como um direito do ouvinte, que é preciso
fazer valer. Estamos à disposição de vocês para a divulgação de projetos. Na Internet,
temos mais de 630 programas, que podem ser pesquisados por assunto. Todas as
edições, desde 1997, podem ser ouvidas. Diariamente, a sinopse do programa é enviada,
por e-mail, para mais de 70 formadores de opinião e é gratificante saber que muitos
estão repartindo essa informação do Escola Brasil. Muito obrigada pela atenção.
Por razões técnicas, só foi possível gravar o final da palestra.
Anteriormente, foi apresentado o Programa Escola Brasil, do Fundescola,
que é divulgado pelo rádio.
Walter Garcia
Presidente da ABT
Este estudo sobre os periódicos brasileiros foi feito por mim e pelo professor
Osmar Fávero, da UFF, e pela Cristina Ortega, da Escola de Comunicação e Artes da
USP. Entendemos os periódicos como: revistas, boletins e cadernos, que tratam da
temática educacional, editados por instituições, sejam elas universitárias, de pesquisa
ou de caráter comunitário.
Esse estudo está disponível na página do Comped, na área de estudos,
com o texto integral e anexos. Está disponível, também, em sua versão completa, no
número 193 da Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, editada pelo Inep.
Esse trabalho partiu da ANPEd em 1992, que solicitou um estudo sobre
avaliação e perspectivas na área de pesquisa em educação no Brasil. O trabalho,
Anais do Seminário Disseminação de Informações Educacionais: Região Nordeste
22
financiado pelo CNPq, analisou a situação dos periódicos brasileiros até 1993. Por
solicitação do Inmetro, o estudo foi replicado com adaptações na metodologia utilizada
em 1993, fruto da experiência adquirida. Em 1993, nós conseguimos levantar 157
periódicos e selecionamos 92. No estudo atual, levantamos 230 títulos e selecionamos
120 para exame. Portanto, uma ampliação de 64 títulos num prazo de cinco anos, ou de
10 títulos por ano. Isso indica uma ampliação bastante expressiva da produção veiculada
de textos e de estudos na área de educação.
Isso pode significar uma vitalidade de produção ou uma tendência de
fragmentação entrópica, na medida em que você não tem condições de acompanhar
120 periódicos. Em geral, as publicações se dirigem a um público identificado com
alguns pesquisadores. Os estudantes gravitam em torno da Faculdade de Educação
ou outros programas de pós-graduação relacionados com esses pesquisadores, com
exceção de alguns periódicos a serem mencionados.
Uma das razões do prosseguimento dessa expansão é a entrada de novos
atores no cenário educativo. Outra razão seria os critérios apontados pela avaliação
dos programas de pós-graduação em educação. Ou publica, ou perece, já é uma
máxima de todos os programas de pós-graduação, sobretudo, mais recentemente,
com a criação da gratificação da docência das universidades federais.
Como os pesquisadores têm que atingir um número de pontos no currículo,
no relatório de atividades, para a continuidade em programas, isso está influenciando
significativamente a expansão dos periódicos. Isso também acontece pela própria
expansão dos programas de pós-graduação, que criam periódicos ligados aos
programas por serem canais mais fáceis de veiculação. Publicar, portanto, relaciona-se
com esse processo de disseminação e se dá não apenas por meio de revistas, mas de
cadernos ou de séries específicas, que se multiplicaram ao longo dos últimos anos.
Deve ser deixado claro que esse trabalho não compreende uma análise qualitativa.
Outro aspecto que chama a atenção é a concentração espacial dessa
produção. Mais de 90% da produção de periódicos do Brasil localizam-se nas Regiões
Sudeste e Sul do País. Precisamente, dos 120 periódicos, 68 estão no Sudeste, 24
estão no Sul, 15 se localizam no Centro-Oeste, 10 no Nordeste e apenas três na Região
Norte. Esses dados estão altamente correlacionados com os da produção editorial em
geral e também com o número de bibliotecas e centros de documentação existentes
no país. Em 1993, as Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste editavam 12 periódicos.
Em 1999, esse número passou para 28; portanto, um aumento de mais de 100%.
Com relação à qualidade da produção, o estudo propõe uma classificação
dos periódicos em três grandes categorias. A primeira seria a de Periódicos Científicos,
dividida em duas subcategorias: Periódicos Gerais e Periódicos Especializados. As outras
categorias seriam os Periódicos Genéricos, divididos em Divulgação Ampla e Divulgação
Restrita, e os Periódicos Referenciais. Cada periódico seria enquadrado numa dessas
três categorias de acordo com critérios como a vinculação a uma instituição do ensino
ou a programas de pós-graduação e pesquisa em educação.
Para o enquadramento na categoria de científicos, além dos itens
anteriormente mencionados, seria necessária a existência de um comitê editorial ou
uma última instância que respondesse pela natureza técnico-científica da publicação.
Os periódicos genéricos têm a sua ampliação diretamente vinculada ao
interesse que a sociedade vem demonstrando pelas questões educacionais. Suas
temáticas estão mais voltadas para questões que dizem respeito aos grupos
responsáveis pelas publicações, sindicatos, associações, grupos comunitários, etc.
Os periódicos referenciais, como o nome indica, representam insumos de
natureza documental, sejam de atos oficiais ou de estatísticas, ou coletâneas de qualquer
natureza, e são importantes para a tomada de decisões além de permitir a ampliação
das informações disponíveis. Eles têm aumentado, sobretudo, com as ações em curso
do Ministério da Educação ao longo dos últimos anos, através das avaliações, da
diversificação e da ampliação das estatísticas educacionais.
A partir daí, observamos um fato muito interessante: a produção educacional
veiculada pelos periódicos nos últimos anos está caminhando de um caráter científico
generalista para uma perspectiva científico especializada. Uma das explicações, que
estamos colocando em discussão, é que isso pode estar vinculado à consolidação dos
23
Anais do Seminário Disseminação de Informações Educacionais: Região Nordeste
grupos de pesquisa que naturalmente se estruturaram ao longo dos últimos anos. Isso
explicaria também o surgimento de publicações especializadas em alguns centros que
já dispõem de pelo menos um periódico de educação consolidado. Na UFMG, por
exemplo, surgiram duas ou três revistas especializadas, como um processo natural de
dar escoamento a uma produção bem direcionada a certos temas. Assim, com o
fortalecimento dos grupos de pesquisa em história da educação, já surgiu o periódico
de história da educação, específico para esse tipo de publicação. Mas, isso é algo que
deveria ser melhor acompanhado pelos pesquisadores para verificar sua confirmação
ao longo dos próximos anos.
Os periódicos de caráter generalista se ampliam na exata proporção em
que a diversificação do tipo de leitores e consumidores exige outras publicações que
atendam a essas demandas crescentes. Mas o isolamento tende a se acentuar,
dificultando a intercomunicação desse grupo produtor com outros grupos, dentro das
120 publicações identificadas. Portanto, os fenômenos da especialização e da
fragmentação são tendências que devem ser observadas ao longo dos próximos anos.
Outras questões são também importantes. A sistematização da produção
veiculada, o estímulo a que todos os periódicos tenham editores com habilitação mínima,
certamente permitiria procedimentos mais profissionalizados em nossa área. Questões
ligadas à produção e distribuição dos periódicos também merecem atenção especial. Isso,
inclusive, já tem motivado o próprio Comped a criar mecanismos de intercâmbio de editores,
das revistas de educação, ou de cursos específicos de editoração, com informações que
possam ajudar os colegas que estejam interessados em criar novos periódicos.
É importante também que os periódicos estejam nas bibliotecas de
educação. Com algumas incursões, percebemos que não existe uma sistematização
de onde ficam as revistas de educação. As revistas podem ficar no centro de educação,
na biblioteca central, ou divididas em outros locais. Desse modo, o aluno ou o professor
provavelmente tem dificuldade em localizar onde estão esses periódicos, sem contar
que não se tem um controle do uso desses materiais.
Outra coisa que foi possível identificar é que as bibliotecas, ou a maioria delas,
funcionam praticamente como um depósito de livros. Não existem bibliotecários capazes
de fazer um levantamento e dar indicações sobre determinados temas ou informações
específicas que o estudante ou o professor necessitam. Outro ponto importante: o
intercâmbio de publicações não é uma prática consagrada no meio. Essa grande
quantidade de periódicos também levanta uma suspeita a ser checada: é que dificilmente
o professor, que é a pessoa que indica as leituras para os seus alunos, consegue
acompanhá-los. Mas essas ainda são suposições a serem detalhadas no próximo estudo,
onde tentaremos qualificar quem é o consumidor dos periódicos de educação.
Estamos exatamente agora aguardando para entregar um novo projeto ao
Comped. Assim que for possível completar esse levantamento inicial, pretendemos
fazer uma análise de quem consome essa literatura publicada e veiculada através dos
periódicos de educação.
Quando é que as bibliotecas vão poder funcionar como um verdadeiro centro
de documentação? Isso permanece como uma expectativa. Até por que a grande maioria
das bibliotecas, sobretudo as públicas, recebe recursos de uma forma muito irregular,
o que dificulta manter certas coleções e até manter um acervo minimamente atualizado
diante dessa edição de periódicos dispersa pelo Brasil. Obrigado.
Fernando Rossetti
Gerente de Projetos do Instituto Ayrton Senna e Coordenador-Geral do
Projeto Aprendiz
Fui jornalista da Folha de S. Paulo durante dez anos, e tive o privilégio de
estar cobrindo a educação. Hoje, estou mais no campo da educação do que no
jornalismo. Essa relação entre jornalistas e educadores sempre foi muito polêmica.
Comecei a cobrir educação no fim da década de 80, começo da década de
90, no tempo em que a cobertura da educação e a própria gestão da educação, eram
político-populistas. Durante a década de 90, a evolução foi notável, embora ainda exista
Anais do Seminário Disseminação de Informações Educacionais: Região Nordeste
24
a política de nomear o diretor da escola. Assistiu-se à transição de uma gestão muito
politiqueira, no mau sentido na educação, para uma gestão muito mais técnica. Como
jornalista da Folha de S. Paulo, presenciei essa transição. Vi muito nitidamente que o
Ministério da Educação passou a incentivar essa gestão mais técnica da educação. De
repente, as matérias sobre educação começaram a virar manchete principal do jornal,
quando o Paulo Renato assumiu o Ministério, e a Folha de S. Paulo começou a refletir
muito mais essa questão nacional. A Andi, que é a Agência de Notícias dos Direitos da
Criança, surgiu nessa época e começou a fazer um acompanhamento de jornais,
contando o número de inserções, seja sobre violência, drogas, saúde, sexualidade, e
percebeu uma evolução muito sensível, de 1997 a 1999, do número de inserções sobre
a educação nos jornais. Desde o primeiro semestre de 1997, a Andi acompanha os 50
principais jornais do País, tendo constatado que no primeiro semestre de 1997 houve
585 inserções, no primeiro semestre de 1998, 2.390, e neste mesmo semestre, entre
outros temas sociais captados pelo jornal, a educação já tinha virado tema principal.
Decidiu-se estudar esse tratamento da educação na imprensa após uma
reunião entre o Instituto Ayrton Senna, a Andi, o Unicef, o Instituto de Pesquisas da UnB
e o Consed. Nosso trabalho procura mostrar como os jornais estão cobrindo a educação
e, para isso, também tivemos apoio da Fundação Roberto Marinho e do Banco do Brasil.
Para analisar esses jornais, foi usado um método composto. Utilizamos o material
publicado em 1997 e 1998. Analisamos 62 jornais e um total de 1.763 artigos e editoriais.
Mas a primeira constatação é que 3.565 matérias, em um semestre, em 53
jornais, são o mesmo que nada. Significa uma matéria a cada dois ou três dias. Observa-
se uma evolução enorme, mas ao mesmo tempo o número de matérias ainda é baixo,
é incipiente a cobertura de educação. Observamos ainda que 69% das matérias têm
forte envolvimento do poder público: as reportagens de educação partem da fonte
governo, os jornais vão atrás do que o governo fez.
Chama a atenção o fato também que, do total das 1.763 reportagens avaliadas,
42% estavam em cinco jornais de circulação nacional: Folha de S. Paulo, O Estado de S.
Paulo, O Globo, Jornal do Brasil e o Correio Braziliense. Assim, em 1997, estes cinco jornais
representavam 42% do total de reportagens em educação levantados pela pesquisa.
As matérias sobre a relação entre o Estado e a educação constituem 75%
do total. Do total das 1.763 matérias, 83% relacionavam educação com o Estado e só
17% relacionavam educação com a sociedade em geral. É impressionante observar
que a maioria das coberturas esteja centrada na visão dos gestores e na relação do
Estado com a educação.
O que você pode perceber muito nitidamente é que os jornais que mais
cobrem a educação têm uma porção maior de matérias de educação em sociedade.
Os que menos cobrem o tema fazem mais matérias sobre a educação relacionada com
o Estado, o que de certa forma afasta a população.
Nas Regiões Norte e Nordeste, os veículos com menos infra-estrutura são os
que mais cobrem atos oficiais, e os jornais do Sudeste, Sul e Centro-Oeste, principalmente
os de circulação nacional, estão mais com pauta própria. Isso resulta inclusive numa
posição que em geral ou é neutra, ou é favorável, por conta da cobertura do anúncio
oficial. As matérias favoráveis somam mais de dois terços das reportagens. O tema das
avaliações educacionais é o que possui maior cobertura, com 19% das reportagens em
63 jornais brasileiros, entre 1997 e 1998. A segunda maior linha de cobertura é a prestação
de serviço do jornal, a parte didática, a merenda escolar, etc. Organização e gestão escolar
têm 5,6%, questões pedagógicas, 6,7%, propostas curriculares abrangem 6%. Ou seja,
as questões que mais deveriam estar envolvendo a sociedade, para que ela participe
mais ativamente da educação, são justamente as de cobertura marginalizada.
Os níveis de ensino também são cobertos de maneira diferente. O ensino
superior é responsável por um terço das reportagens sobre educação, embora se
restrinja a um universo de 2 milhões dos 54 milhões de estudantes do Brasil. A educação
infantil está com apenas 2,5% do total das reportagens. Evidentemente, alguns fatores
devem ser considerados: 1997 e 1998 foram anos de discussão sobre o Provão, e o
público que lê jornal é um público do ensino superior. Além disso, os profissionais do
ensino superior são mais organizados, têm maior poder de lobby e conhecimento dos
jornalistas do que os professores de educação fundamental e infantil.
25
Anais do Seminário Disseminação de Informações Educacionais: Região Nordeste
Em resumo, a cobertura vem crescendo e o governo comanda a pauta de
educação. Mas há excesso nisso, uma vez que 83% do total das matérias relacionam a
educação com o Estado. Portanto, as assessorias de comunicação do Ministério da
Educação, das secretarias de educação municipais ou estaduais têm um papel
importantíssimo na disseminação de informações e precisam estar capacitadas a prestar
informação com qualidade.
Eu vejo que o Inep tem tido uma atuação muito importante nisso, mais ainda
é necessário aproximar mais o tema da sociedade, mostrando o professor, o aluno, o
pai e a família. Eu acho que a estratégia de rádio é vital para essa comunicação mais
abrangente. Na minha opinião, hoje, qualquer projeto educacional precisa ter um projeto
de comunicação e envolver a sociedade para se conseguir a continuidade das políticas
públicas. Obrigado.
Produzir informações educacionais
no Nordeste: dores e delícias
Sofia Lerche Vieira
Professora-Pesquisadora da UECe
Foi um prazer receber o convite para participar desta mesa-redonda. Falar
sobre produção e disseminação de informações com pessoas interessadas no assunto,
com certeza, é um grande privilégio. Uma alegria rara, também. Para mim, assim como
para outros companheiros nesta sala, é especialmente simbólico estar em Recife, outra
vez, depois de vinte anos, para conversar sobre tema tão entranhado quanto este na
problemática da pesquisa e da pós-graduação.
Em novembro de 1980, recém-mestre em educação pela UFC, fui chamada a
participar do Seminário sobre Pesquisa Educacional no Nordeste, realizado sob o
patrocínio do CNPq e da Sudene (Machado, 1981).
2
Se naquele momento eu 
pesquisadora iniciante  não atinava muito para os problemas que, então, discutiam os
pesquisadores experientes, hoje, tenho mais clareza de minha parte nesse ofício. Afinal,
percorri todos os ritos de passagem. Escrevi teses, livros, artigos. Orientei bolsistas...Entre
aquele Seminário e este, existe uma história. Uma, não, muitas... Assim, hoje, aqui, me
reencontro também com Jorge Luis Borges, quando diz, como quem sopra aos nossos
ouvidos: somos nossa memória. Esse quimérico museu de formas inconstantes. Esse
montão de espelhos rotos. Esta incursão não deixa de ser também um mergulho na
memória. Um instante de contemplar o montão de espelhos rotos, que fomos construindo
em tantos anos de luta para fazer pesquisa nesta região. É bom saber que caminhamos
juntos, ainda. Compartilhando dores e delícias que a vida trouxe nessa trajetória.
Sobre o que vou falar? Minha intenção é fazer um passeio por coisas que
julgo oportuno dizer em um momento como este: de como é diferente a perspectiva de
quem produz e de quem dissemina informações... do quanto é preciso associar à
compreensão desses focos distintos, um entendimento sobre como isto se articula
com o poder... Se é verdade que quando refletimos sobre aquilo que conhecemos
temos maior chance de contribuir para a originalidade, falo sobre a produção de
informações a partir de minha experiência. Digo, ainda, sobre como vejo as vicissitudes
da produção, do acesso e da disseminação de informações educacionais na questão
Nordeste. Termino por expressar minha crença na expectativa de uma caminhada
coletiva, o que me faz dar um crédito de confiança às perspectivas futuras da produção
e da disseminação da informação em educação. Algumas dessas coisas se aplicam
apenas à educação e ao Nordeste, outras, nem tanto.
Produção, disseminação e poder
O binômio produção-disseminação suscita questões instigantes. Talvez seja
fecundo tentar levantar algumas, que nos oferecem a possibilidade de ensaiar respostas
2
Machado, Antônio Carlos
de Almeida et al. Pesquisa
em educação no Nordeste.
Brasília : CNPq, 1981.
Anais do Seminário Disseminação de Informações Educacionais: Região Nordeste
26
e compartilhar dúvidas. Numa primeira aproximação, diríamos que o exame do tema
comporta dois olhares: o de quem produz informações e o de quem as dissemina.
Aqui, neste evento, estaríamos em busca de um terceiro olhar  aquele que permite
entrecruzar os dois primeiros. Aproximá-los. Se formos capazes de construir esse novo
olhar, muita coisa pode mudar. Se não, quem sabe quantos de nós seremos
sobreviventes para daqui a outros vinte anos contar mais esta história? Entre 2000 e
2020, há um novo caminho por construir. Facilitado por condições com as quais
estávamos longe de sonhar em 1980. Dificultado por outras, também. E tudo isso torna
maior o nosso desafio. Que olhares são esses?
O olhar de quem produz  Como talvez todo e qualquer olhar, é marcado
pelo lugar de onde produzimos; assim, se tenho como espaço de produção a
universidade, é a partir dela que vejo as coisas. Também faz diferença estar numa
universidade pública  federal ou estadual  ou particular. Numa secretaria de educação,
num instituto de pesquisa ou num jornal. Ou ainda, se produzo fora do circuito por
onde circula a informação. São diferenças marcantes, que geram impacto sobre coisas
tão diferentes como tempo e autonomia para produzir, para mencionar apenas duas
das condições mais importantes para a pesquisa.
Temos falado muito sobre o professor-pesquisador e há investigações
oportunas sendo produzidas a esse respeito (Lüdke, 2000).
3
A experiência de trabalho
dentro e fora da universidade e o contato com outras instituições  inclusive
internacionais, para as quais fiz estudos e pesquisas nos últimos anos  me ensinaram
que, por mais adversas que sejam as condições (e elas não têm sido fáceis nos últimos
anos), não há melhor ambiente para fazer pesquisa que a universidade. Talvez um
instituto de pesquisa possa ser melhor, pela ausência das tiranias de tantas reuniões...
mas não me arvoro a falar sobre aquilo que não conheço.
Os temas sobre os quais produzimos são também determinados pelas
circunstâncias que nos cercam. O que leva alguém a escolher entre a educação superior
e a educação especial? Entre a política e a psicologia educacional? São razões diversas,
que falam de fatos e histórias que contribuem para definir os percursos de cada um.
Algo na linha do que diz Guimarães Rosa, sobre como não é o narrador quem cria as
histórias, mas estas a ele. Todas essas coisas, juntas, e em medidas diferentes,
conformam os temas e problemas sobre os quais produzimos. Estes, por sua vez, são
concebidos num tempo e num espaço.
O olhar de quem dissemina  Do mesmo modo como ocorre com quem
produz informações, o apoio e a disseminação são determinados a partir do foco do
qual se observa. Assim, as instituições governamentais vão contribuir para fazer circular
determinadas produções; as comerciais, outras. Por vezes, os circuitos de disseminação
se entrecruzam, haja vista as iniciativas que resultam de parcerias, como obras
publicadas em regime de co-edição. Do mesmo modo, ocorre com as editoras. Estas
vão estimular uma produção em sintonia com determinadas linhas de pensamento, as
quais, por sua vez, se expressam nos perfis dos comitês editoriais. Há autores e temas
que vendem. Outros, não. A lógica do mercado, também aqui, está presente. E se as
organizações governamentais são muitas vezes a única saída para quem não escreve
sobre o que está na moda, também aqui, as formas de circulação não são simples.
Tudo isso faz movimentar uma grande máquina sobre a qual muito já se escreveu  a
indústria cultural  e que representa um poder imponderável, capaz de forjar tanto o
sucesso, quanto o fracasso de uma obra. O que o poder tem a ver com a produção e a
difusão de informações?
Informação e poder  Há muitos anos, escrevi uma tese em que fui buscar, em
Foucault, meu referencial teórico básico (Vieira, 1990).
4
Naquele tempo, esse autor, hoje
tão popular entre nós, era um intelectual mal-absorvido pelos acadêmicos da educação.
Meus colegas de doutorado torceram o nariz, verbalizando seu desdém: Um funcionalista...
Esses tempos  que bom!  já se foram. A superação do preconceito permitiu que víssemos
o quanto Foucault tinha a nos ensinar sobre os meandros do poder. Suas reflexões revelam-
no como um movimento que circula e se exerce no todo social. O poder, em sua
perspectiva, é esta coisa tão enigmática, ao mesmo tempo visível e invisível, presente e
oculta, investida em toda parte é algo que não se dá, não se troca nem se retoma, mas
se exerce, só existe em ação (Foucault, 1985, p. 75 e 175).
5
De tal maneira,
3
Lüdke, Menga. A pesquisa
e o professor da escola
básica : que pesquisa, que
professor? In: ENCONTRO
NACIONAL DE DIDÁTICA E
PRÁTICA DE ENSINO.
Ensinar e aprender : sujei-
tos, saberes e pesquisa.
Rio de Janeiro : DP&A,
2000. p. 101-114.
4
Vieira, Sofia Lerche. Univer-
sidade federal nos anos 80 :
o jogo da política educa-
cional. São Paulo, 1990.
Tese (Doutorado)  Ponti-
fícia Universidade Católica
de São Paulo.
5
Foucault, Michel. Microfí-
sica do poder. 5. ed. Rio de
Janeiro : Graal, 1985.
27
Anais do Seminário Disseminação de Informações Educacionais: Região Nordeste
o poder  desde que não seja considerado de muito longe  não é algo que se possa
dividir entre aqueles que o possuem e detêm exclusivamente e aqueles que não o
possuem e são submetidos. O poder deve ser analisado como algo que circula, ou
melhor, como algo que só funciona em cadeia. Nunca está localizado aqui ou ali,
nunca está nas mãos de alguns, nunca é apropriado como uma riqueza ou um bem.
O poder funciona e se exerce em rede (Foucault, 1985, p. 183).
A informação, bem sabemos, é elemento-chave do exercício do poder. E este,
como disse Antônio Cândido (s.d., p. 3),
6
se expressa também por formas de convivência.
Se o poder se exerce em rede, e o que faz esta rede se movimentar é a informação, uma
dimensão importante a observar no circuito entre a produção e a difusão das mesmas,
são as formas de convivência que as fazem circular. Aqui, os olhares nem sempre se
encontram. E, quando isto sucede, os circuitos podem não ser óbvios.
Para fazer circular informação, não raro, é preciso ser amigo do(s) rei(s) de
plantão. Este nem sempre é um movimento simples e é uma habilidade não muito
freqüente entre pesquisadores. Requer jogo de cintura, habilidade para massagear
egos que podem até não produzir, mas... sabem exercer com maestria seus pequenos
e grandes poderes sobre a disseminação da informação que pode ou não circular.
Por aqui são engendrados mecanismos de inclusão e exclusão nem sempre visíveis ao
observador menos atento. Neste contexto, quem diz que o rei está nu corre o risco de
ser banido do circuito oficial por onde transitam produtores e difusores de informação:
congressos, seminários e outros eventos congêneres, de um lado, publicações, de
outro. Isto para não falar de consultorias e viagens de estudos ao exterior. Tudo faz
parte desta grande rede por onde circula a informação. Por vezes, basta uma palavra,
um artigo para que o produtor seja excluído das luzes do palco. O ostracismo, contudo,
assim como as ondas, também tem seus fluxos de marés.
No contexto das relações entre produção/difusão de informações e poder,
importa lembrar também um outro lado do problema. Aquele sobre o qual adverte
Bourdieu (2000),
7
ao denunciar que a redução da cultura ao estado de produto
comercial, no fundo, pode representar o anúncio da sua morte. O autor nos fala das
condições ecológicas da produção de uma obra. As grandes criações são produtos
de universos sociais que se constituíram aos poucos. Em sentido amplo, num mundo
dominado pela velocidade e pelo lucro, a vitória da lógica de uma cultura marcada pela
uniformização, pela homogeneidade e pelaextraordinária concentração dos grupos
de comunicação não deixa de ser ameaçadora. Tudo isso envolve muito mais do que
meros riscos de homogeneização da produção e da difusão cultural. É jogo alto e de
cartas marcadas, em que produtores nem sempre estão cientes de como pode ser
curto o caminho que transforma o autor em produto mercadológico.
A esse respeito, lembremos também as observações de Boaventura Santos
acerca da gestão cultural, a qual dá-se por via de assimilação prosseguida por uma
ampla política orientada para a homogeneização e homogeneidade, onde a escola é a
peça central. Aqui, é importante estar-se atento ao discurso homogeneizante, o
qual oculta as diferenças, legitimando-as e naturalizando-as (Santos apud Matos, 2000,
p. 31).
8
Também isto é danoso à produção da cultura que se alimenta daquilo que é
singular.
Produção de informações
Os últimos vinte anos registram significativo progresso em termos da produção
de informações no País, fenômeno estreitamente ligado à consolidação do sistema
nacional de pós-graduação. O Brasil é, hoje, o país da América Latina com melhores
indicadores de produção científica, como se pode constatar em recente reportagem
publicada em jornal de grande circulação nacional (Folha de S. Paulo, 20 jun. 2000. Caderno
especial). Se é verdade que se avançou bastante, ainda há muito por caminhar. Em meio
a tantas rotas por percorrer, escolho falar de uma  a formação para a produção de
informações em educação. Por que discutir a formação para a produção?
A formação para a produção de informações no âmbito educacional é algo
que costumamos associar à pós-graduação stricto sensu, de modo específico, ao
6
Cândido, Antônio. Refle-
xões sobre o poder na
universidade. Dois Pontos,
Revista dos Docentes do
Campus de São Carlos/
USP, p. 3-5, [s.d.]
7
Bourdieu, Pierre. Bourdieu
desafia a mídia interna-
cional. Revista para o Ter-
ceiro Setor, v. 2, n. 87, maio/
jun. 2000. Disponível na
internet www.rits.orgs.br/
rets/edicoes_a/ed300500_2/
re_editorial.cfm
8
Santos, Boaventura de S. A
construção multicultural da
igualdade e da diferença.
Conferência proferida no
VII Congresso Brasileiro de
Sociologia, na UFRJ, Rio
de Janeiro, 4 a 6 de setem-
bro de 1995, apud, Matos,
Kelma. Juventude e escola :
a necessidade da escuta e
do olhar. Fortaleza, 2000.
Doutorado em Educação 
Programa de Pós-Gra-
duação em Educação
Brasileira, Universidade
Federal do Ceará. Exame
de Qualificação. Mimeogr.
Anais do Seminário Disseminação de Informações Educacionais: Região Nordeste
28
doutorado. É esta etapa da formação que confere status acadêmico de fato ao
pesquisador. Sem este título, são reduzidas as chances de receber bolsas de pesquisa,
seja sob a forma de auxílios individuais, seja sob a forma de bolsas de iniciação científica.
A despeito do muito me foi investido em formação, somos ainda poucos doutores no
Brasil e, particularmente, no Nordeste. Embora este seja um tema fecundo e motivador
à reflexão, não pretendo aqui aprofundá-lo. A referência ao significado de existirem ou
não, doutores em número suficiente constitui tão-somente uma passagem.
É do senso comum a informação de que formar doutores é empreendimento
dispendioso e de longo alcance. Por isso mesmo, tem sido fruto de forte indução do
poder público em nosso país. Meu argumento é o seguinte: não será em curto prazo
que teremos um porcentual de doutores compatível com as demandas de uma
sociedade complexa, onde crescem as exigências de especialização. A questão que
se impõe é: o que fazer enquanto este quadro não se completa? A resposta parece
simples, mas talvez o seja apenas até certo ponto. De um lado, continuar o caminho
atual procurando ampliar o contingente de mestres e doutores. De outro, encontrar
alternativas inovadoras de formação, que se expressam tanto nos novos formatos da
pós-graduação, a exemplo dos mestrados profissionais, mas também em um
redimensionamento da pós-graduação lato sensu e da graduação. Tarefa ambiciosa,
por certo, mas nem por isso, impossível.
Cultura de pesquisa  Os cursos de Licenciatura e de Pedagogia, como
aliás grande parte dos cursos de graduação, nem sempre são afetos a uma cultura de
pesquisa. Cultiva-se pouco a escrita. Evita-se a pesquisa. Este processo, é óbvio, não
é um processo intencional. Na verdade, resulta de toda uma cultura centrada no ensino
e na figura do professor. A despeito da penetração das teorias construtivistas entre nós,
ainda vivemos no reino da exposição e do seminário enquanto mera repetição. As
disciplinas de iniciação em pesquisa, por sua vez, não raro, representam uma mera
caricatura do processo investigativo. Pesquisar que é bom, nada (Vieira, 2000).
9
O
mesmo poderia ser dito da pós-graduação lato sensu, onde a tarefa de produzir uma
monografia muitas vezes é um martírio, tanto para estudantes como para professores.
Mudar esse quadro implicaria realizar algumas alterações radicais no próprio
ethos universitário, onde a graduação e a pós-graduação tendem a representar dois
mundos à parte. Pesquisadores experientes necessitariam estar à frente das disciplinas
de Metodologia de Pesquisa na graduação. Estou convencida de que a lógica do trabalho
em núcleos e grupos de pesquisa é passível de ser reproduzida e recriada, de forma a
adaptar a prática da pesquisa à clientela desses cursos. Com a colaboração de colegas
e de bolsistas de iniciação científica, venho desenvolvendo iniciativas bem-sucedidas
de pesquisa na graduação, inclusive junto a alunos de cursos noturnos. Nesse processo,
estamos buscando não apenas criar uma cultura de investigação, assim como produzir
informações para uso coletivo, o que estamos fazendo a partir de um conjunto de
bancos de dados. A esse trabalho tenho denominado Pesquisa em Sala de Aula. A
sistematização da experiência está registrada, devendo resultar em publicação, ainda
neste ano (idem).
Comunicação escrita  Outro aspecto a destacar na formação para a
produção de informação refere-se à competência para a comunicação escrita. Se boa
parte desse problema tem suas origens na educação básica dos alunos de graduação
e pós-graduação, a universidade não pode omitir-se em desenvolver esta habilidade
central ao trabalho de produção de informações. Não são meros cursinhos introdutórios
de Português que resolvem problemas dessa ordem, mas iniciativas que criem um
ambiente propício a que o estudante aprenda a lidar com a palavra como uma ferramenta
de comunicação na linguagem científica. Os países desenvolvidos, muitas vezes, exigem
que seus doutorandos matriculem-se em cursos de Redação. Nós, não. Fechamos os
olhos à importância desta habilidade e, depois, penamos no processo de orientação
de monografias, dissertações e teses.
As duas pequenas mudanças sugeridas  criar uma cultura de pesquisa na
graduação e na pós-graduação lato sensu, assim como instrumentalizar para a produção
de informações escritas  podem parecer simples. De fato, são. Um trabalho desta
natureza, porém, estimularia o ensino de forma inovadora, com os recursos humanos
já existentes. Se 10% dos pesquisadores investissem no desenvolvimento dessas
9
Op. Cit.
29
Anais do Seminário Disseminação de Informações Educacionais: Região Nordeste
habilidades, seríamos testemunhas de uma revolução na formação para a produção
de informações educacionais. O único risco é que nós, pesquisadores sonhadores,
iríamos acrescentar mais um item à nossa sobrecarregada agenda.
Produção, acesso e disseminação no Nordeste
A reflexão sobre o tema proposto não se completa, se não nos referirmos à
especificidade do contexto em que produzimos informações educacionais  o que
significa ser pesquisador no Nordeste? Já discutimos muito sobre isto, também. Não
pretendo aqui repetir o que todos reiteram  somos poucos, nosso acesso à
disseminação é precário, etc. Pretendo mostrar uma outra face, aquela que nos faz
formular a pergunta: Orgulho de ser nordestino?
Epen  Lembrando que a cultura é produto de condições históricas edificadas
lentamente, quero dizer uma palavra sobre uma cultura que nós, pesquisadores
nordestinos, fomos capazes de construir e, da qual, temos muito orgulho  o Epen.
Estas reuniões, realizadas a cada dois anos, integram o calendário da nossa pós-
graduação. Embora outros encontros regionais de educação subsistam, creio que o
Epen é o único que mantém uma periodicidade, sem medo de enfrentar o crescimento
da produção. Enquanto eventos nacionais pouco a pouco vieram a criar fortes
mecanismos de seleção, nossos encontros revelam tudo o que está sendo produzido
e, assim, representam uma forma de resistência ímpar da cultura de pesquisa
desenvolvida na região. Se as condições históricas e geográficas tramam contra a difusão
da nossa produção, o Epen é uma forma de dizer: nós existimos e muito produzimos.
Seria imprudente comparar o Epen com eventos que utilizam critérios
diferenciados de seleção e organização e que se propõem a atingir objetivos distintos
de difusão. Tomadas as devidas precauções, porém, nada impede que se examinem
dados minimamente comparáveis como, por exemplo, o número de trabalhos
submetidos à Reunião Anual da ANPEd e aqueles apresentados no Epen, como se
pode ver no quadro produzido a partir dos livros de resumos de 1999:
XIX Epen e XXII ANPEd
Trabalhos inscritos e apresentados  1999
Grupo de Trabalho (GT) Epen ANPEd
e
Trabalhos Trabalhos Trabalhos
Grupos de Estudo (GE) apresentados inscritos apresentados*
GT História da Educação 37 36 10
GT Movimentos Sociais e Educação 22 20 10
GT Didática 14 30 12
GT Estado e Política Educacional 42 33 10
GT Educação Popular 15 15 8
GT Educação da Criança de 0 a 6 anos 10 18 8
GT Formação de Professores 67 65 17
GT Trabalho e Educação 34 24 10
GT Alfabetização, Leitura e Escrita 19 29 16
GT Política de Educação Superior 14 19 10
GT Currículo 32 25 12
GT Ensino Fundamental 19 28 12
GT Sociologia da Educação 7 16 12
GT Educação Especial 7 28 11
GT Educação e Comunicação 20 24 12
GT Filosofia da Educação 22 28 10
GE Educ. de Pessoas Jovens e Adultas 9 25 10
GE Educação Matemática 27 27 12
GE Psicologia da Educação 14 44 11
Total 431 534 213
Fonte: XXII Reunião Anual ANPEd e XIV Epen
* Excluídos trabalhos encomendados
Anais do Seminário Disseminação de Informações Educacionais: Região Nordeste
30
Os dados falam por si. O mínimo que se pode dizer é que surpreendem. É
espantoso que a maior reunião científica em educação no País tenha um número de
inscrições de trabalhos relativamente próxima à quantidade de trabalhos apresentados
numa reunião regional. Para aprofundar questões como estas, por certo, precisaríamos
fazer aquilo que mais nos agrada  mais pesquisa... Ficam, contudo, algumas perguntas
sobre: Como conceber reuniões que permitam dar vazão à produção existente no País?
Como fazê-la circular, sem perder a qualidade? Como separar o joio do trigo? Para
onde dirigir nossas prioridades?... A essas indagações, se somam outros problemas.
Sem querer repetir o lamento nordestino  e mesmo assim, repetindo  registro a
existência de alguns percalços geográficos.
Geografia, entre aspas  Um de nossos problemas é que a geografia está
sempre em nosso caminho. É a geografia da pós-graduação, concentrada no Sudeste.
É a geografia dos eventos. Para citar apenas os encontros mais difundidos deste ano:
o I Encontro Ibero-Americano de Formação de Professores, em Santa Maria; o X Endipe,
no Rio de Janeiro; e a XXIII Reunião Anual da ANPEd, como sempre, em Caxambu.
Também a geografia das editoras tende a se concentrar, por razões comerciais óbvias,
fora do Nordeste. Nesse quadro, a existência das editoras universitárias e das instituições
como a Fundação Demócrito Rocha, do Ceará, constituem um alento e um sinal de que
nem tudo está perdido.
Todos esses fatores geográficos que ainda hoje constituem obstáculo à
difusão da pesquisa produzida no Nordeste, no passado tinham impacto muito maior
sob as circunstâncias de criação em nossa região. Nesse sentido, os ventos da ciência
e tecnologia das comunicações, hoje, sopram a nosso favor. As facilidades de editoração,
advindas do uso do computador, amenizam o problema. Em certos termos, o acesso à
palavra se democratizou. Esses recursos não apenas facilitam a escrita e a circulação
do conhecimento em rede, como libertam de amarras, antes muito mais poderosas.
Por outro lado, nos enredam em outras.
O desafio para os produtores de informações educacionais no Nordeste
está de forma eficaz, neste poder de comunicação, hoje, existente. Ao mesmo tempo,
neste fazer valer a força de um trabalho coletivo que fomos capazes de manter, sob
condições nem sempre favoráveis. E se isto for feito, teremos contribuído com o esforço
de fazer a nossa parte ultrapassar os problemas de disseminação.
Para concluir
As palavras que ficam são aquelas escritas. Se não fosse tudo o que
escrevemos nesses anos, talvez fosse possível fazer jus à imagem enganosa de que
nós, pesquisadores nordestinos, somos poucos. E porque somos poucos, produzimos
pouco. Não. Nós não somos poucos. Somos muitos e produzimos muito nesses anos.
O que queremos, agora, é entrar no clube... Não porque somos do Nordeste, mas
porque temos o que dizer ao resto do País. Porque em nossa produção aparece um
Brasil singular onde, se de um lado, podemos ver retratos de uma educação que mostra
a face mais perversa do desenvolvimento desigual combinado de que há tantos anos
falava Gramsci em seu precioso Ensaio sobre a questão meridional, por outro, temos
também o registro do melhor da solidariedade brasileira, do espírito comunitário e de
suas ricas possibilidades de criar e recriar a realidade. Daquilo que ajuda a, apesar das
dores, encontrar as delícias de produzir informação sob condições tantas vezes adversas.
31
Anais do Seminário Disseminação de Informações Educacionais: Região Nordeste
Debate
Plenária
Nilda Alves (ANPEd)  A fala oficial dentro da imprensa pode ser entendida
historicamente, mas eu gostaria de saber como isso pode ser efetivamente invertido?
Denise Oliveira (Fundescola)  A experiência do Escola Brasil é muito
interessante porque, com a globalização, ela recebe o informativo da rede médica, da
Secretaria Estadual de Educação do Ceará, que é muito ativa, e assim várias informações
chegam a órgãos oficiais que lidam com a educação. O contraponto são as cartas e é
aí que a gente se prende mais.Isso não quer dizer que não se divulguem matérias de
serviço, como o censo escolar, trabalhos em capacitação, etc. Com relação à questão
do patrocínio, do próprio Fundescola, não há interferência, o programa é livre para
colocar as notícias no ar. Ele é produzido pela AM Produções, que é uma produtora
independente. O que é noticiado é discutido, mas o roteiro do programa não é submetido
a uma assessoria de comunicação, para cortar ou colocar notícia. Existem dificuldades
e são procuradas alternativas para mostrar o outro lado da questão, o lado não-oficial.
Procuramos focalizar sempre o professor, o aluno e a escola. Um programa
de rádio exige uma linguagem diferenciada para chegar até a esse ouvinte.
Fernando Rossetti (Instituto Ayrton Senna e Projeto Aprendiz)  O
conceito mais importante é o de valorizar, tanto o que tem valor na produção de
conhecimento quanto no jornalismo. O que define um bom pesquisador é a publicação.
Mas a obra do jornalista, a visão que a sociedade cria do jornalista, não é daquele livro,
daquela peça, àquele doutorado que ele fez, é da freqüência. O jornalista publica todos
os dias, e o que faz um jornalista conhecido é a freqüência, não é a obra. Esse ponto de
partida é muito importante, e em cima disso você tem todas as conclusões. A questão
do conceito, por exemplo. O jornalista tende a falar com muita gente, um público não
determinado, então ele procura mais trabalhar o imaginário do que aprofundar conceitos.
O jornalista, muitas vezes, não está preocupado com a precisão da palavra, enquanto
a cultura acadêmica parte da precisão das palavras, da precisão da definição dos
conceitos. O jornalista parte de um outro princípio: qual a palavra com a qual você vai
conseguir se comunicar com o maior número de pessoas, e fazer isso com pouquíssimo
tempo? Ele não tem muito tempo para escrever. E o jornalista não tem tempo sequer de
ler seu texto, ele escreve e foi o texto, tchau, amanhã eu escrevo de novo. A Folha de
S. Paulo, por exemplo, estabelece um parágrafo por coluna com, no máximo, sete
linhas, porque facilita. Quanto mais entradas, mais visibilidade, mais manchete. Então,
é muito diferente o mundo acadêmico do mundo jornalístico, o que dificulta esse diálogo.
Mas acho necessário que o jornalista para a área de educação tenha mais
qualificação e especialização. Os meios de comunicação têm que abrir mais espaços,
fazer cadernos especiais, colunas especializadas para cobrir a educação. Ou, todas as
vezes, os conceitos básicos terão de ser repetidos para o jornalista, que também vai
refletir esse primarismo na matéria. Por outro lado, quem está produzindo informação e
conhecimento sobre educação não pode assumir uma postura prepotente, do tipo esse
Anais do Seminário Disseminação de Informações Educacionais: Região Nordeste
32
jornalista está escrevendo errado o que eu estou falando. As limitações técnicas de
tempo, da própria linguagem jornalística, levam muitas vezes a erros. Eu realmente
acredito que há uma enorme possibilidade de os profissionais dos dois lados,
educadores e jornalistas, que lidam com educação, se qualificarem melhor.
Neroaldo Pontes de Azevedo (Secretário de Educação de João Pessoa-
PB)  Nós fizemos uma discussão parecida em São Paulo, no ano passado, e sempre
que educadores e jornalistas se encontram parece haver um certo pacto na discussão.
E eu queria trazer justamente o pacto daquele encontro, para colocar a questão mais
uma vez. Naquela ocasião, dois diretores de escola, um da rede municipal, outro da
rede estadual em São Paulo, puxaram a discussão para outro lado, falando da
desinformação. Num seminário sobre a informação, o que eles diziam é que eram
profundamente desinformados de tudo aquilo que estava sendo conversado naquele
dia. Nós, educadores, muitas vezes não sabemos falar para a população, não sabemos
traduzir, levar aos jornais aquilo que interessa do ponto de vista do jornal, até do ponto
de vista de empresa.E o jornal também, que tem toda uma propaganda oficial,
desinforma muito. O quadro que vimos aqui é muito claro: a presença da informação
oficial e o quanto ela desinforma. Então, é preciso sempre voltar a falar de desinformação
num seminário sobre informação.
Ítalo Gurgel (UFC)  Estão aqui presentes vários colegas editores, de
editoras universitárias do Nordeste. Fomos convidados pelo Comped e isso foi muito
prazeroso, até porque nos sentimos peças importantes nessa questão do sistema de
disseminação de informações dentro e fora das nossas universidades.
Estamos no Nordeste e somos editores nordestinos. Formamos um grupo
muito bem articulado. Somos hoje dez editores que se reúnem com muita freqüência e
estamos sempre procurando unir forças. Sabendo que os recursos são parcos, temos
buscado formas para otimizar a nossa força de trabalho. E de que forma? Estamos
lançando uma livraria virtual. Em breve, esse será mais um canal para veicular nossa
posição. Participamos de forma conjunta de todas as principais feiras do livro do Brasil,
estamos sempre no mesmo stand, na Rede Nordeste. Nas principais feiras, lançamos
um jornal com a produção de livros das nossas universidades. Eu diria que o ponto
máximo, até agora, dessa união de forças foi o lançamento da Coleção Nordestina.
Cada um de nós tem lançado, a cada ano, um volume em sistema de coleção. Ou seja,
o livro que eu lanço no Ceará eu repasso às editoras que integram a coleção, e da
mesma forma recebo deles uma quantidade idêntica de livros que são editados. São
livros cuidadosamente escolhidos por nossos conselhos editoriais, dentro da produção
daquele estado em literatura, ciências ou artes. São obras essenciais, mas que estavam
esquecidas. Então é um resgate dessa produção sob o selo de Coleção Nordestina.
Podemos dizer que tivemos um bom espaço na mídia, inclusive nacional, com esse
lançamento. Essa é uma amostra do que se pode fazer unindo forças, mesmo quando
as forças são pequenas de cada lado.
No período da manhã, falou-se muito sobre comunicação e informação e
sobre a falta de competência de alguns meios para sair da comunicação oficial do
governo. Mas eu acredito que em muitos jornais, de qualquer região, isso não é uma
questão de competência, é uma questão de estrutura. Mas as redações têm procurado
furar esse cerco. Eu acredito também que a comunicação tem que ser muito mais
global do que a gente imagina. Eu vi pessoas comentando aqui, no intervalo, que não
sabiam exatamente o que estavam fazendo neste seminário. Pessoas da área de
comunicação e da área de educação também.Por isso resolvi fazer essa intervenção:
para deixar bem claro que o produtor da informação e o responsável pela disseminação
têm de conversar para que os objetivos de ambos sejam percebidos e bem ordenados,
em busca de um só objetivo.
Sofia Lerche Vieira (UECe)  Eu li o estudo sobre educação e mídia com
muito interesse, porque estou produzindo um banco de dados. Nossa intenção é montar
um site para pessoas que pesquisam sobre a educação no nosso país, particularmente
33
Anais do Seminário Disseminação de Informações Educacionais: Região Nordeste
sobre política educacional, para que possam ter acesso a uma visão da educação que
não é aquela que aparece nos documentos oficiais. Eu acho que é um outro lado daquela
dinâmica, informação-desinformação. Por quê?
Eu tive a ambição de trabalhar com dados de 1985 a 1998. Com todas as
suas características, 1995 foi um ano muito diferente. Acho que nenhum governo investiu
tanto como esse em mídia, então, não é por acaso que ele é protagonista da mídia. Não
tenho muitos elementos, mas há estudos que afirmam que esse governo tem muita
clareza de que o público precisa estar sendo informado do que está sendo feito. A
minha pesquisa vem mostrando o outro lado, porque também o jornal registra todos os
problemas. Por exemplo, o tema violência, aquilo que não aparece em nenhum
documento oficial de política educacional do Ministério da Educação, está lá, cada
estudante que é assassinado dentro do pátio de uma escola.
A gente podia fazer uma outra estatística e isso é muito importante, também,
para o pesquisador. Penso que, por mais diferentes que sejam os nossos olhares, essa
informação que está sendo produzida todos os dias sobre educação, dá-me um retrato
que eu não consigo ver em outros lugares. E por isso mesmo, eu me preocupo com o
circuito por onde circulam as informações. Quando o pesquisador de educação quer
estudar política educacional nesse período, por exemplo, é difícil acessar os sites, as
matérias não são sempre tão organizadas, e ele paga para tirar cada xerox de notícia
que vai pesquisar.
Fernando Rossetti  O fato de o problema do jornalismo ser tão fundamental
não é, necessariamente, porque o governo tenha ação. O jornalista das redações não
tem competência para produzir pautas próprias sobre educação, e o governo, mais
competente, produz a pauta da matéria para o jornalista. O governo consegue catalisar,
então, o aumento na cobertura da educação que se mostra nesse período de 1997 a
1998 e, de modo geral, isso explica um aumento efetivo que aconteceu de 1995 em
diante. Se olharmos bem, a proporção do que é governamental e o que não é
governamental, eu acho que aumentou o número de matérias por causa de uma
movimentação muito mais intensa do governo.
Participante  Eu queria tomar as palavras da Sofia Lerche, com relação a
poder. Também as palavras do Neroaldo Pontes em relação à liberdade de empresa e
não de imprensa e, especialmente, não aceitar a sua posição, Fernando Rossetti. Não
concordo que quando um educador ou alguém que produz informação, que produz
conhecimento, vai falar com os jornalistas, ele tenha também que interpretar aquilo
que o jornalista quer dizer. Eu acho que nós podemos decodificar um pouco essa
linguagem hermética da academia, mas cada um deveria ser profissional de verdade,
porque senão estaríamos fazendo os dois papéis.
A outra questão que eu queria trazer como exemplo é o poder da empresa
e não da imprensa. Nós tivemos há cerca de um mês a propaganda do Enem circulando
nas grandes revistas do País. Em compensação, as universidades federais em greve
não puderam ter isto, então essa é uma questão de liberdade de empresa ou de
imprensa? Eu gostaria de discutir isso.
Fernando Rossetti  Eu peço desculpas se o que falei não pôde ser
interpretado corretamente. Quanto à última questão, discordo radicalmente. Acho difícil
se falar em profissional de verdade. Eu esperaria que a educação tivesse professores,
mas não tem. Eu estou constatando uma realidade e para contornar essa realidade a
gente pode ter uma posição pró-ativa ou uma posição de falar, olha, eu não estou
entendendo. O que eu estou afirmando é que o jornalista é uma pessoa malformada,
generalista e que não tem um repertório grande sobre nada. Ele fala pouco sobre muita
coisa, e muito sobre quase nada. Se você quiser se comunicar com essa pessoa, precisa
ter estratégias de comunicação. O jornalista é extremamente bem-intencionado. Ele
acredita que com o seu fazer vai poder melhorar o mundo. Mas, a falta de condições de
trabalho ou a formação ruim, o reduzido espaço de tempo para escrever, não permitem
ser apenas bem-intencionado. O trabalho dele não vai salvar o mundo. Então, eu acho
Anais do Seminário Disseminação de Informações Educacionais: Região Nordeste
34
que é papel dos nossos educadores se instrumentalizarem para isso, terem posição
mais ativa. Eu estava desejando duas coisas: que os educadores se capacitem para
falar com esse profissional, e que os meios de comunicação invistam mais na formação
desse profissional.
Denise Oliveira  Eu tenho que deixar bem claro que estou falando de
rádio, que é um meio de comunicação diferente daquele que o Fernando Rossetti
comentou, que é o jornal. As relações no rádio são ainda menos qualificadas e mais
generalistas. Infelizmente, no radialismo, muitos tomam atitudes populistas ou partem
para a autopromoção. Também já vivi na redação de jornal a dificuldade de não poder
aprofundar uma matéria por falta de tempo. Continuo presenciando esse tipo de
problema na redação de um programa de rádio, porque existem problemas estruturais
que dificultam o aprofundamento das discussões dos problemas levantados. Mesmo
que se queira aprofundar a discussão, é preciso levar a notícia de uma maneira
diferenciada, e cumprir o cronograma da edição. E é difícil preparar 30 minutos de um
programa de rádio, de segunda a sexta-feira no ar. São quatro repórteres que trabalham
muito para não furarem os tempos e para o programa entrar de dois em dois dias. O
programa é pré-gravado, então, hoje se grava o que vai entrar no ar daqui a dois dias.
E é isso que prejudica o aprofundamento da pesquisa e o tratamento daquela notícia.
35
Anais do Seminário Disseminação de Informações Educacionais: Região Nordeste
Painel 2
Experiências de acesso e emprego
de informações em processos
de gestão educacional
Coordenação
Rinalva C. Silva
Vice-Reitora da Umesp e
Presidente da Anpae
Raimundo Nonato Palhano Silva
Assessor da Undime/Maranhão e Coordenador da pesquisa Perfil do
Dirigente Municipal de Educação
Eu gostaria de deixar bem clara a importância do trabalho que vem sendo
feito no campo da educação pelo Inep. Nós, realmente, avançamos muito. E temos agora
o desafio de criar novos paradigmas de gestão. Todos que analisam essa questão sabem
que, para o nosso país, sem que a tradição da administração pública brasileira siga padrões
consagrados da gestão privada, esses modelos não darão conta de uma gestão realmente
inovadora e eficiente para a área da educação. Nessa condição de representante da
Undime, vou falar de uma área que continua bastante obscura no Brasil em termos de
informação e tecnologia, que é o cenário atual da maioria dos municípios.
O quadro da educação municipal é esse aí: isolados e sem comunicação.
Os municípios não administram, não controlam, não conhecem os dados que produzem,
não sabem decodificar os dados recebidos e não empregam a informação como
ferramenta de decisão. E com relação ao Nordeste, não estou dizendo nenhuma heresia.
Uma das maiores experiências da minha vida foi ter sido secretário de Educação no
terceiro município do Maranhão, chamado Caxias.
Eu cheguei lá em 1997, quase no final do século e encontrei uma secretaria
sem as mínimas condições de funcionamento. Um quadro completamente desaparelhado
para se pensar em gerir qualquer coisa. Hoje mesmo, no Maranhão, quando é preciso
mandar uma correspondência para o interior, ela demora, às vezes, de sete ou quinze
dias para chegar, quando chega, e, muitas vezes a pessoa que pega essa correspondência,
deixa-a engavetada, não chegando assim à secretaria. Eu acho que a iniciativa do Comped,
de partir para essa área da informação, é fantástica por isso. Em última análise, tudo o
que vier a se fazer só terá efetividade se chegar aos municípios.
Por exemplo, em termos de educação básica, todos nós aqui sabemos o
índice de municipalização que há no Brasil. No nosso Estado, por exemplo, em torno
de 70% da educação fundamental são municipalizadas. Incluindo a educação em ensino
médio, temos 23% de matrículas municipais no ensino médio. O sistema estadual,
como um todo, cobre apenas 27% do total de matrículas. O restante está com o município
e uma pequena fatia com o setor privado. Esse quadro, não é fruto de conjunturas
recentes. A municipalização da educação brasileira é uma questão histórica e a primeira
lei de descentralização no Brasil foi no início do Império, em 1827. Mas ainda hoje se
vive esse drama, essa dificuldade enorme entre uma municipalização virtual e uma
coisa real.
Anais do Seminário Disseminação de Informações Educacionais: Região Nordeste
36
No nosso país, apenas 12% dos recursos para educação são gerenciados
diretamente pelos municípios. O restante não é gerenciado pelo município, mas por
uma grande central de municipalização, o que não deixa de ser contraditório. Um cenário
desejável para os próximos quatro anos, seria a remodelação das estruturas
organizacionais e dos sistemas municipais de ensino, tanto no modelo organizacional
quanto na infra-estrutura de recursos humanos. A nossa realidade é trágica e comparar
o que acontece no município com os relatos do primeiro dia do Comped é como entrar
num túnel do tempo, recuar anos e anos. É preciso assegurar a efetividade social da
gestão municipal aos sistemas públicos de ensino, porque se os sistemas municipais
não forem efetivos, não vai adiantar sistema de informação. Até por que este só é
necessário quando os sistemas sabem para que querem a informação.
É importante definir democraticamente as bases da política educacional e
desenvolver o plano de organização institucional. As secretarias, os órgãos municipais
de educação, têm que ter uma estrutura mínima, para evitar que um prefeito ou secretário
mais poderoso sobre os cofres defina a vida institucional. É necessário estabelecer os
padrões mínimos de qualidade e produtividade, definir um modelo de gestão de recursos
humanos e, só então, implantar e organizar os sistemas de informações e de
monitoramento gerencial. Se levarmos essas coisas prontas para os municípios, vamos
correr o risco de continuar adiando uma verdadeira modificação do nosso
desenvolvimento gerencial.
Pré-requisito para o desenvolvimento da área de informação: existência de
competências técnicas. Sem o desenvolvimento da capacidade gerencial do sistema,
a capacidade informacional não se desenvolverá. Os municípios brasileiros nordestinos
nunca precisarão da informação, se essa capacidade de gerenciamento não estiver
clara e não existirem quadros para isso. A competência política na arena do governo é
fundamental. Ainda hoje, nos nossos municípios, há um confronto com o sistema político
e isso é decisivo. São poucos os secretários com condições de autonomia. Eles vivem
uma guerra eterna, subordinados a essa questão política.
A existência de condições mínimas de autonomia municipal também é outra
condição básica. A educação municipal não vai se desenvolver realmente sem uma
autonomia municipal num sentido mais amplo.
Houve um avanço acelerado e desordenado dos veículos de informação.
Falta ligação entre as redes de informação e a escola, há a desarticulação entre
produtores, disseminadores e usuários, há desequilíbrios entre informações quantitativas
e qualitativas. Esse é um dado que não é peculiar aos municípios. Temos muito pouca
gente fazendo análise, interpretando esses dados. Quando chega um relatório do Inep,
muitos não sabem nem o que significa aquilo, às vezes não sabem nem preencher o
formulário. Então existe uma ausência de decodificações das informações disponíveis,
que não é privilégio dos municípios. Isso também tem relação com os sistemas de
poder dos estados, a questão política, as forças que controlam e não têm interesse em
divulgar certas análises. Esse é um dado que temos que enfrentar, somado ao
desconhecimento e desrespeito às necessidades de informações dos municípios. O
avanço em rede não será consistente se não houver um canal para captar as reais
necessidades informacionais dos municípios.
Uma pergunta importante: a escola pode assimilar uma grande massa de
informações sem antes se transformar numa fonte de conhecimento ou de produção
de informações?
Foi produzido recentemente, com apoio da Unesco e da Fundação Ford,
por iniciativa da Undime, o perfil do dirigente municipal de educação. Participei da análise
desses dados. Esse perfil tem a ver com a gestão. Nessa pesquisa, foram detalhados
o perfil socioeducacional e o socioprofissional. A categoria não tem ainda uma identidade
profissional específica, possui enorme variabilidade de remuneração, existe uma grande
flutuação dos cargos, e essas mudanças são conjunturais. A relevância do cargo
depende do peso do município. Geralmente, os secretários municipais de educação se
destacam quando são secretários de capitais ou de municípios grandes, e isso supera
até a influência dos níveis familiares como requisito para o cargo. Quando chegou o
Fundef, houve um enorme corte de secretários, substituição em função do vínculo de
parentesco, da influência familiar. A coisa é totalmente improvisada. Peguei também
37
Anais do Seminário Disseminação de Informações Educacionais: Região Nordeste
eixos da gestão, e quero destacar um aspecto que particularmente considero
fundamental, que eu chamaria de organização administrativa eficiente. A pesquisa,
quando levantou a opinião dos gestores com relação ao modelo de gestão, mostrou
que a qualidade do ensino é a preocupação principal.A autonomia pedagógica da escola,
a evasão e a repetência, a capacitação docente, tudo isso obviamente é importante,
mas o principal é a organização administrativa mais eficiente.
Hoje o município é federativamente autônomo, mas se o órgão central de
educação não for minimamente preparado para isso, a coisa fica complicada, perde-se
o gerenciamento. Outro dado que me chamou a atenção nessa pesquisa: apenas 4,2%
colocam a gestão democrática como um eixo fundamental da sua gestão. Mas como
melhorar a autonomia da escola e a qualidade do ensino, se os mecanismos de gestão
democrática não são adotados como opção central? Prevalece o estilo de gestão
tradicional, sem que sejam observados os modelos mais democráticos e inovadores.
A pesquisa também levanta o que os dirigentes sugerem para a Undime,
em termos do seu relacionamento, do seu papel. Esperam que a Undime seja uma
instância de apoio administrativo e gerencial, com capacidade potencial de
instrumentalização. Isso está faltando e ficou muito mais acentuado ainda quando as
delegacias do MEC foram extintas. Pelo menos no nosso Estado, eles ficaram
praticamente sozinhos. Hoje, a Undime tenta ocupar esse espaço, mas ainda é uma
instituição que precisa de apoio para chegar a ser realmente eficaz nesse sentido.
Uma experiência importantíssima que estamos fazendo lá em São Luís, com
a Undime, com o apoio total do Unicef, que é o nosso parceiro fundamental, é o projeto
de estruturação e funcionamento de redes municipais de educação básica. É um projeto
interessante porque envolveu uma rede de articulação social em favor da qualidade da
educação pública maranhense. Em síntese, temos o Ministério Público, o Conselho
Estadual de Educação, a Federação de Prefeitos, a Undime, o Unicef. Partimos para os
municípios e lá discutimos questões de sistemas municipais de ensino e dos conceitos
municipais de educação. O dado importante é a participação do Ministério Público, que
busca construir consensos com dirigentes. O resultado foi o estabelecimento de prazos,
uma vez que o secretário reúne-se com o promotor público e estabelece que em tal
tempo será implantado o sistema municipal, será criado o conselho municipal de
educação. Nós estamos entendendo que tem que haver um sistema integrado de política
social de consumo coletivo.Não adianta só o município jogar toda a coisa na educação
se o próprio governo municipal, e principalmente as áreas ligadas ao serviço de consumo
coletivo, não estiverem vinculadas a uma política pública ligada a ela. Então, nossa
pretensão agora é chegar, avançar mais nessa área. Aí vem o regime de colaboração,
nessa terceira camada.
Algumas propostas para melhorar a área informacional: levantar
permanentemente a necessidade de informação nos sistemas municipais de ensino;
organizar e implantar núcleos de acompanhamento conjuntural de indicadores
educacionais, como embriões de uma infra-estrutura informacional; priorizar a produção
e o consumo de indicadores e os resultados de desempenho dos alunos; instituir um
programa nacional voltado ao fomento e à organização dos sistemas municipais de
informações gerenciais.
Acho que o Comped está inaugurando uma coisa nova, colocando em pauta
a questão da informação gerencial para uma efetivação do trabalho educacional. Na
última reunião da Undime, em João Pessoa, discutimos a idéia de se criar um portal na
Internet, interligando as redes nacionais e internacionais, levando a produção do
conhecimento para a comunidade escolar, a e-Undime. E outra coisa importante é a
idéia de se criar um instituto da educação corporativa, voltado ao desenvolvimento do
capital intelectual dos dirigentes da educação no País. Não temos condições de pensar
em habilitação, treinamento, qualificação de nossos dirigentes municipais e nem em
programas convencionais. Isso tem que ser feito em serviço, através do acesso ao
conhecimento de ponta, em termos do que está acontecendo em gestão: é o
desenvolvimento humano na educação, com qualidade social, para que a gente possa
realmente mudar o panorama brasileiro.
Anais do Seminário Disseminação de Informações Educacionais: Região Nordeste
38
Antônio Cruz Vasques
Presidente da Câmara de Educação Superior e Profissional do Conselho de
Educação do Ceará e Subsecretário de Ciência e Tecnologia do Estado do Ceará
Antes de tudo, queria ler três depoimentos que colhi dos anais do I Seminário
do Comped realizado em São Paulo. Primeiro, o depoimento do professor Max Ordonez,
diretor da Escola Municipal Silvia Prado, em São Paulo: Sou diretor de escola pública,
no município de São Paulo, e acho que estou em outro mundo. Acho que minha escola
não está aqui, porque eu ouvi falar em Internet e comunicação de projetos, enfim, estou
ouvindo coisas pela primeira vez. Quando aceitei o convite para falar sobre como a
escola vê a questão da informação, eu coloquei o seguinte: sobre esse tema não dá
para falar, porque a informação não chega à escola. Eu posso falar sobre a dificuldade
que a escola tem de obter informação. Aqui se falou que uma coisa é estar como
estamos, outra coisa é estar online, mas nem Internet a escola tem para acessar isso.
Então me senti meio estranho nesse mundo.
Outro depoimento, da professora Cecília Freire, de São Paulo: Conversando
com o Max, comentei, o que eu vou falar? Não tem nem condições, com tanto PhD,
doutor, e nós somos diretores de escola. O que eu tenho a dizer é que essas informações
todas que vocês têm, e que são de uma importância fenomenal, não chegam até nós.
E, finalmente, o depoimento de Nelson Pretto: Então, com o meu trabalho
acadêmico na área das tecnologias, eu digo que nós não precisamos de Internet nas
escolas, nós precisamos é das escolas na Internet. É uma pequena diferença, mas é
fundamental. O que o MEC tem feito, com o Inep, tornando as informações disponíveis,
é fundamental. Mas estamos precisando transformar essas escolas em espaços livres
de produção de conhecimento e de cultura.
Essas três observações do I Seminário foram aqui apresentadas porque eu
tenho uma preocupação sobre o acesso à informação. O Proinfo, o programa do MEC
para gerar informações nas escolas, já colocou computadores em 2.462 escolas. Foram
gastos R$ 110 milhões nessa primeira fase do programa e apenas 10% dessas escolas
estão conectadas à Internet. O que significa isso? Estamos falando nesses encontros
em informação, mas a informação tem que chegar à escola. Na universidade, a
informação já chega, porque nós temos a RNP, que liga todas as universidades, mas as
escolas públicas não têm a ligação entre os seus computadores. Não existe uma política
na área educacional para sistematizar as escolas dentro de uma grande rede, onde
nessa rede trafeguem as informações e, democraticamente, cheguem às escolas.
Eu participo, na Anatel, do Comitê de Universalização das Telecomunicações,
como representante do governo do Ceará. E não há nenhum compromisso das teles
com a educação. O que adianta colocar computadores na escola sem conectá-los à
Internet? Computador sem Internet é máquina de escrever sofisticada. Nada mais do
que isso. Estamos num ambiente de produtores de informação. Todos eles produzem
a informação para um consumidor, e o grande consumidor dessa informação é o
segmento educacional, basicamente, a escola. Esta é produtora e é consumidora. Mas,
estamos numa fase em que a escola apenas produz, não consome, e quando consome,
consome muito mal. Temos que aproveitar esse espaço para conscientizar os
educadores que a mais moderna maneira da informação chegar à escola é através da
Internet. Estamos com dificuldades tremendas.
No Brasil, temos uma Lei Geral de Telecomunicações, aprovada em 1997, e
o seu artigo 81 cria um fundo chamado Fust. Esse Fundo foi encaminhado ao Congresso
Nacional em novembro de 1997 e até hoje, a passos de tartaruga, está tramitando entre
o Senado e a Câmara. Esse fundo significa R$ 800 milhões para conectar, para garantir
o acesso a todos os segmentos da sociedade, principalmente escolas, hospitais e
bibliotecas, ao mundo do conhecimento, à sociedade digital, à Internet. E nesse processo
lento não se vê nenhuma manifestação dos interessados maiores, ou seja, o próprio
segmento educacional.
Nesse interregno da aprovação, pelo artigo 81 da LGT, as teles
privatizadas têm obrigação de oferecer acesso prioritário aos meios de comunicação
digital, ou seja, Internet, para as escolas. Poucas pessoas sabem que, desde 31 de
39
Anais do Seminário Disseminação de Informações Educacionais: Região Nordeste
dezembro de 1999, as companhias telefônicas têm obrigação de colocar telefones
nas escolas, sem nenhum custo, no prazo máximo de uma semana. Mas muitas
escolas não têm sequer telefone, que é indispensável para fazer o acesso discado à
Internet. Pelo Decreto nº 2.592, de maio de 1998, em 31 de dezembro de 1999 o prazo
é de uma semana, e até 31 de dezembro de 2000 o prazo será reduzido
sistematicamente. Mas pouquíssimas autoridades municipais ou gestores
educacionais sabem desse Decreto ou dessa obrigatoriedade legal da escola ter Internet
em uma semana. Ter Internet não, ter telefone em uma semana.
Pelo artigo 81, volto a repetir, da LGT, é obrigação das telefônicas fazer a
conexão com a Internet para as escolas. Outra coisa que pouca gente fala: enquanto a
universidade paga uma tarifa com desconto de 50%, uma escola pública que está
conectada paga tarifa cheia. São esses os questionamentos. Como poderíamos nos
mobilizar para exigir coerência da Anatel, do Ministério das Comunicações, e promover
essa conexão da Internet nas escolas? O MEC está fazendo a sua parte, com o Proinfo
e 2.462 escolas com computadores? De 30 mil computadores, o primeiro quarto do
programa, apenas 10% estão conectados e precariamente.
A Telefônica de São Paulo está com um projeto de conexão de 2.006 escolas
em São Paulo. Ela aparentemente pretende conectar todas as escolas de São Paulo à
Internet, como se fosse um ato de magnanimidade. Nada disso. Ela vai aumentar o
tráfego e pedir ao governo uma isenção de ICMS. Então, na realidade,não há gratuidade,
a não ser das primeiras mil escolas. Do restante serão cobradas taxas, indiretamente,
através do subsídio ao ICMS. Temos, como educadores, a consciência que nada vai
acontecer de diferente se a informação pela Internet não agregar conhecimento à escola.
As disposições legais não estão sendo cumpridas e o segmento educacional realmente
está alheio a toda essa parafernália legislativa e por isso as providências nunca são
tomadas. A Internet é realmente um grande diferencial em relação à escola tradicional.
A escola pode melhorar cada vez mais se acoplar à sua metodologia de ensino, de
aprendizagem, novas tecnologias. Para acessar à Internet, o professor é fundamental e
temos todos os instrumentos. Basta apenas que nos conscientizemos do nosso poder
de pressão e que haja realmente uma movimentação geral para que os espaços sejam
ocupados. Eu acredito que com a chegada da informação em tempo real às escolas, a
educação dará um salto de qualidade em todos os níveis, principalmente no nível da
escola do ensino fundamental. Eu queria agradecer e pedir a todos que tomassem
uma posição em cada Estado perante os políticos, para que pressionassem pela
aprovação do Fust. É preciso garantir que realmente haja recursos para a conexão de
nossas escolas à Internet. Obrigado.
Mirtes Cordeiro Rodrigues
Oficial de Educação da Unicef no Recife-PE
A Unicef é um organismo de operação internacional e tem um mandato de
proteção e garantia dos direitos da criança em cada país em que atua. Até há cinco
anos, a Unicef atuava, principalmente, em projetos de atendimento direto às crianças
em condição de risco. Desde então, tem passado a apoiar implementações de políticas
públicas para garantia do direito da criança nas áreas de saúde, educação, comunicação,
meio ambiente e promoção dos direitos da criança. Tentamos trabalhar, também, com
um molde de redirecionamento, através de uma integração entre a Unicef e os municípios
ou Estados. É extremamente difícil.
Trabalhamos com pequenos projetos de apoio, com o repasse de recursos
financeiros e assistência técnica, ou apenas assistência técnica, feita através do nosso
corpo de oficiais. Quando não temos suficiência técnica dentro da Unicef, contratamos
consultores que apóiam os trabalhos em várias estâncias. A Unicef também tem a
produção de informação propriamente dita em nível nacional e internacional como o
Relatório Universal das Experiências Desenvolvidas, publicado anualmente. Aqui,
também, produzimos um documento com os indicadores das principais fontes do
Brasil. É um documento sobre a situação de saúde dos professores brasileiros. Mas
nos subescritórios Unicef, não nos preocupamos com a informação propriamente
Anais do Seminário Disseminação de Informações Educacionais: Região Nordeste
40
dita. A nossa preocupação é com a implementação das políticas e com o apoio que
podemos dar, principalmente, se for de forma agregada entre os esforços do Governo
e da sociedade civil.
Assim, a nossa preocupação, na área de educação, é com o processo de
inclusão de crianças na política educacional. As crianças que estão fora da escola, a
inclusão de crianças portadoras de deficiência e também as crianças que estão na
escola, mas que estão sendo reprovadas todo ano. Consideramos crianças que estão
excluídas do processo de ensino. Consideramos também as crianças que estão nas
áreas rurais, principalmente nas Regiões Norte e Nordeste. Estas crianças, mesmo as
que freqüentam à escola, via de regra, estão de fato em processo de exclusão escolar
e social, porque se a escola não for útil para a sua vida, não adianta nada passar por
ela. Nesse sentido, quando apoiamos um projeto, nos aproximamos dos municípios.
Temos uma parceria nacional, mas no Nordeste e Norte temos uma parceria com
Pernambuco, Paraíba, Alagoas e Maranhão. Não produzimos a informação pela
informação. Atuamos nesta área à medida que a implementação de determinada política
necessite de informação.
Então, desenvolvemos algumas experiências com censos escolares nos
municípios de Camarajipe, aqui em Pernambuco, Curaçá, na Bahia, João Pessoa, na
Paraíba, e Petrolina, em Pernambuco e aqui no Recife, exclusivamente com o Bairro do
Cobre, a maior favela da cidade. Só apoiamos aqueles que querem ter a capacidade de
construir um conhecimento que possa ser levado a outros municípios.
O município de Camarajipe tem 105 mil habitantes e queriam todas as
crianças na escola. Desenvolveram, então, um censo e identificaram o nível de
escolaridade da população inteira. Camarajipe, hoje, quatro anos depois, não tem
nenhuma criança fora da escola e possui, ainda, um amplo trabalho de prevenção ao
risco. Em 1999, eles identificaram onze crianças que são acompanhadas por uma equipe.
É um amplo programa de prevenção ao risco com várias atividades complementares
às escolas. Esse censo foi feito com pesquisadores do IBGE e com alunos do segundo
grau, sendo pagos pelo mesmo valor que o IBGE pagava na época.
A busca da informação a serviço da política não custa caro. Esse censo, em
1996, custou 22 mil reais. Desse censo surgiu a primeira conferência municipal de
educação, aliando os trabalhos da informação e da implementação da política para os
quatro anos de governo. Agora, eles fizeram a segunda conferência, ao final do governo.
O município de Curaçá fez também um censo de forma diferente, com
voluntários, com os aposentados, os desocupados e os professores. Esse município
tem 25 mil habitantes e fica ao norte da Bahia, numa área de 6 mil quilômetros quadrados.
São quatro mil moradores na cidade, e o restante na área rural. É uma população
inteiramente desassistida. Eles tinham, na época, um número muito reduzido de
professores  eram escolas unidocentes. Eles fizeram um censo, muito bonito, com
uma mobilização muito grande. Os artistas populares fizeram toda a arte, com cartazes,
panfletos e carros de som. Com esse censo eles conseguiram definir a ação social e
econômica para as famílias na caatinga. Hoje, Curaçá é um município que também não
tem nenhuma criança fora da escola e possui um grande programa de prevenção.
O censo de João Pessoa foi feito por bairro e ainda está em conclusão. As
crianças iam sendo localizadas pela escola e pela Secretaria de Educação, e o censo
criou condições para, de fato, levar as crianças para a escola. E o município do Recife
desenvolveu sua política educacional com um programa de bolsa-escola. Havia 300
crianças de 7 a 14 anos que não freqüentavam à escola. Fizeram um censo, e hoje a
prefeitura e essa ONG estão construindo escolas e colocando as crianças na escola.
Temos uma experiência de avaliação de rede. A Undime de Pernambuco e 28
municípios nordestinos participaram dessa experiência com recursos, inclusive, do salário-
educação. Esse trabalho foi feito entre 1997 e 1999. Avaliação de rede é a aplicação das
provas de avaliação para o corpo inteiro da escola e isso permite, de fato, o
redimensionamento da escola. A experiência foi muito boa. Vários municípios continuam
realizando as provas anualmente, revendo a orientação das escolas, através da avaliação
de rede. A secretaria de Pernambuco vai iniciar um processo de avaliação de rede,
pegando a escola como um todo. Mas por que não se recupera a experiência dos
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Anais do Seminário Disseminação de Informações Educacionais: Região Nordeste
municípios? Por que não se faz com municípios e Estado juntos? O regime de colaboração
precisa sair do ovo, para os Estados entenderem mais como isso pode se dar.
Tivemos uma experiência de avaliação interessantíssima dentro do programa
de erradicação do trabalho infantil, com a UFPe. Pernambuco tem o maior programa de
bolsa-escola do governo federal, mas esse programa surgiu sem o número de bolsas
disponíveis, não se sabia sequer quantos meninos poderiam receber. Então, com a
universidade federal, apoiamos um trabalho de produção de informação com as
secretarias de educação e a Secretaria de Assuntos Sociais para poder, de fato, começar
a desenvolver esse programa. É o trabalho que mais poderia contribuir para os
municípios e que já foi aplicado em Juazeiro, na Bahia. A prefeitura de Juazeiro assinou
com a Unicef um pacto para garantir os direitos das crianças. A prefeitura desenvolveu,
com o nosso apoio, um software, um programa de computador de controle do
desempenho do processo de aprendizagem e desempenho da secretaria. Esse trabalho
foi concebido a partir das necessidades da equipe da Secretaria de Educação. Mas
educador, pedagogo, professor, ninguém entendia de informática. Sabiam e discutiam
o que queriam ter de informações da Secretaria. Aí, foi discutido com o pessoal da
informática e construído um programa que começa com a ficha do aluno, a ficha de
matrícula, que vem com informações sobre a família, sobre a situação dos pais, se a
criança trabalha, se o aluno trabalha, de onde vem, se é portador de deficiência, etc. O
programa tem toda a informação acadêmica do aluno, todas a avaliação sobre ele,
toda a informação do professor. Então, temos vários cadastros que podem ser cruzados:
o cadastro do aluno, o da escola, o do professor e o cadastro das questões
administrativas, tipo merenda escolar. Aliás, o programa de merenda escolar é controlado
através desse programa.
Estamos também com um trabalho de produção de material didático na
caatinga, no sertão. Os professores da Universidade Federal da Bahia estão recuperando
toda a história oral do sertão, do semi-árido brasileiro, que é bem diferente do que se
conta na história oficial. Esse é o início de um trabalho com as ONGs, com o Projeto
Caatinga e com as Undimes, para uma proposta de elaboração do material didático
a partir da necessidade básica do aluno do semi-árido brasileiro. É preciso prover os
meios para que o município aprenda o que fazer com os seus próprios meios. Obrigada.
Anais do Seminário Disseminação de Informações Educacionais: Região Nordeste
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Anais do Seminário Disseminação de Informações Educacionais: Região Nordeste
Debate
Plenária
Participante  A minha preocupação é a seguinte: tecnologia é coisa séria
e cara. A informação também. Até a informação chegar ao professor, ela percorreu um
circuito muito caro, de distância, de tempo e de recursos. Não é que a Internet não deva
chegar à escola, ela vai chegar um dia, ela tem que chegar à escola, mas antes disso
eu acho que o professor, principalmente o professor, deve passar por um programa de
capacitação seriíssimo, de como manejar essa tecnologia, de definir o conteúdo da
informação e, precisa também, saber gerir os conteúdos da informação. A Internet é
uma rede predominantemente de língua inglesa; então, imagine o que é um semi-
analfabeto num contexto dessa natureza! É preciso capacitar professores e alunos
para administrar e gerir esse tipo de informação e para dominar a tecnologia, saber o
que é um Word, saber o que é uma planilha, saber o que é a rede Internet, como é que
se navega. Primeiramente, tem que se melhorar o quadro de referências do professor,
e ele é o protagonista dessa história, porque o aluno vai saber buscar informação a
partir da orientação do professor, que é um agente ativo da história.
Em relação a essa questão da disseminação da informação, acho que é um
processo seletivo, que leva a informação para grupos especializados, e a difusão não.
A difusão é espalhar informação de modo generalizado. Esse termo disseminação é
elitista, é seletivo. Eu fico mais com difusão de informação.
Nilda Alves (ANPEd) Quero acrescentar alguns questionamentos,
especialmente sobre a necessidade de o professor ter acesso à Internet e o seu direito
de ser reconhecido.
Com relação à Internet, a minha preocupação, talvez porque eu estude a
questão da televisão, é que devemos trabalhar com esses dois veículos: a Internet e a
televisão, num sentido da compreensão de que a televisão está lá na maior parte das
vezes e, sobretudo, porque a televisão vai se transformar em veículo da Internet. É
preciso perceber o significado da televisão, ainda hoje importantíssima, como um lugar
de disseminação de informações e, portanto, de formação de conhecimento, um lugar
importante como lugar de educação.
A segunda questão é sobre a importância de perceber a escola não só como
lugar de consumo, mas como um lugar de uso, o que significa, na verdade, um lugar
de produção de conhecimento, e há alguns conhecimentos que só ela produz. O
conhecimento pedagógico escolar só pode ser produzido na escola, na relação
professor-aluno. Portanto, quem deseja intervir na escola tem que entender que esse é
um lugar de produção de conhecimento.
Walter Garcia (ABT)  Como podemos conviver com essa realidade político-
familiar no contexto municipal brasileiro? Porque enquanto ele é uma possibilidade de
execução, a mulher, a filha do prefeito ou do dirigente político da região que têm uma
influência muito grande, essa relação pode travar, dentro de uma visão corporativa,
Anais do Seminário Disseminação de Informações Educacionais: Região Nordeste
44
doméstica, o desenvolvimento da educação municipal. O Cenpec realizou uma pesquisa
há alguns anos sobre educação municipal e registrou em suas conclusões aquela
ambigüidade do caráter voluntarista da educação municipal, sendo que os dirigentes
até hoje determinam o ritmo ou a desativação.
Mirtes Cordeiro Rodrigues (Unicef)  Inicialmente, queria pedir permissão
ao Vasques para discordar um pouco dele quando coloca que o computador sem
Internet é uma mera máquina de escrever sofisticada. Claro que ele deve ter exagerado,
eu tenho certeza de que ele não pensa exatamente assim, mas eu não poderia deixar
de colocar e afirmar que o computador tem vários tipos de softwares, tem várias
ferramentas com papel no processo de aprendizagem, o que o torna um pouquinho
mais sofisticado do que uma mera máquina de escrever. Mas eu entendo a defesa da
necessidade da Internet e concordo plenamente com isso. Até gostaria de aproveitar
para uma informação adicional: nesse momento o Proinfo e a Embratel estão negociando
a instalação de Internet em todas as escolas, em todos os núcleos educacionais
pertencentes ao Proinfo. Então, eu acho que nossa posição deve ser mostrar o nosso
interesse e exigir que isso de fato aconteça. Quanto ao uso da informática na educação,
contrariamente ao que já foi colocado, não concordo muito com essa coisa seqüencial.
Acho que tem que ser em paralelo. Não se pode esperar ter lápis para todo mundo,
merenda para todo mundo, para depois pensar em Internet.
Participante  Minha colocação não foi essa. É que quando o Proinfo lançou
esse programa de computadores, deveria ter lançado paralelamente a capacitação de
professores.
Mirtes Cordeiro Rodrigues  É uma questão de evitar a exclusão mais
uma vez. Prover o acesso de todos à tecnologia, à Internet, à informação, isso é
fundamental. Claro, eu concordo plenamente que é preciso garantir que todos os
professores se apropriem desse conhecimento para que possam trabalhar e que os
alunos também possam aprender e produzir.Isso é fundamental. E o Proinfo teve essa
preocupação, esse foi um dos grandes pontos desse programa. A primeira impressão
que se teve quando o Proinfo foi lançado, é que seria mais um programa de se colocar
máquinas em todo lugar, mais um desperdício. E, na verdade, a demonstração hoje
está difundida, os estados são parceiros nisso e o que se tem visto é que existe um
programa de capacitação. Para se trabalhar com os diferentes núcleos de tecnologia
educacional, a formação exigida é de especialização em informática, e o Proinfo bancou,
numa primeira etapa, 19 cursos; numa segunda etapa, mais 12 cursos de especialização
em tecnologia de educação, associado com universidades em todo o País. E esses
professores são os multiplicadores, estão atuando hoje em programas difundidos em
todo o País. É pouco? É. Precisamos de mais máquinas em todas as escolas, precisamos
de mais professores capacitados e a capacitação não é trivial: exige uma mudança de
cultura. Então, não é só fazer um cursinho, isso exige tempo, exige mudança cultural.
Mas estamos nesse caminho e fazer com que isso continue, se amplie, é nosso papel.
Participante  Professor Raimundo, o senhor apresentou uma alternativa
para a disseminação e produção do conhecimento, que é um instituto de educação
corporativa. Preocupou-me demais essa alternativa. Talvez por falta de informação, e
também pela falta de tempo, eu consegui interpretar que o fechamento foi
antidemocrático com esse instituto, inclusive com o termo, que foi destacado em função
do desenvolvimento do capital intelectual dos dirigentes de educação. Eu gostaria que
o senhor explicasse um pouco mais essa sua solução.
Neroaldo Pontes de Azevedo (Undime)  Tenho uma questão para o
professor Raimundo sobre o treinamento do dirigente e que talvez possa ajudar a explicar
melhor como é que vai ser o instituto. Eu entendi que o instituto irá treinar os dirigentes
de educação, e se você consegue treinar os dirigentes de educação, vai conseguir,
como você diz, administrar melhor, vai conseguir também treinar o diretor da escola.
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Anais do Seminário Disseminação de Informações Educacionais: Região Nordeste
Raimundo Nonato Palhano Silva (Undime) Eu fiquei muito satisfeito com
as colocações da professora Nilda Alves, quando ela destaca o papel da escola básica
como produtora de conhecimento. A incorporação dessa percepção nos nossos debates
do Comped e nesse campo das redes é muito importante. Há dificuldades, inclusive,
na própria academia em perceber isso. Mas vivendo essa prática concreta, gerenciando
o sistema público de educação, pude sentir realmente a dificuldade que tem a academia,
em geral, de compreender isso. Eu, pessoalmente, aprendi muito dentro dessa
perspectiva que a senhora coloca, da gestão municipal da educação, não só como
produção da informação, mas do conhecimento.
A pergunta do professor Walter Garcia é uma questão muito difícil. Digo a
vocês que a convicção que tenho é que uma das formas de atrair a adesão da população
é mobilizar. Claro que existem problemas, o profissionalismo, a questão corporativa
muito fisiológica, a educação bem empobrecida pelos parcos salários e pela falta de
oportunidades nas pequenas e médias cidades do nosso país. Mas eu acho que é isso,
mobilizar a sociedade.
Sobre o instituto, eu fiz realmente uma provocação. Essa é uma idéia em
construção na Undime, como meio para melhorar a formação do dirigente municipal
para atuar como um agente de mudança. Quem idealizou essa história fui eu, e a própria
Undime ainda está elaborando isso. O termo educação corporativa está na moda, na
Internet. Só nos Estados Unidos há mais de duas mil universidades corporativas, hoje,
e a idéia é mais ou menos esta. Será que nós, com esses modelos tradicionais que
temos ainda nas universidades de capacitação, somos capazes de formar dirigentes
municipais para operar esta mudança que estamos falando? Temos condições no Brasil
de chegar e mudar todo esse quadro? Não temos. Então, temos que ter estratégias, e
uma delas seria o dirigente municipal de educação, porque ele tem sob sua
responsabilidade a condução da política educacional e tem a retaguarda da LDB, da
Constituição, que coloca o município como um ente federativo autônomo.
Antônio Cruz Vasques (Câmara de Educação Superior)  Quando
tínhamos o CBT, que era o Código Brasileiro de Telecomunicações, lá existia um artigo
específico para tarifa reduzida diferenciada, mas com a LGT, acabou. O Proinfo é uma
experiência fantástica. A equipe fez um projeto com responsabilidade. Também houve
preocupação com o treinamento de professores e multiplicadores e, infelizmente, a
conexão da Internet não foi colocada porque o programa começou em 1997, ano que
começou também a LGT. Esta deveria ser a contrapartida dos Estados que, em sua
grande maioria, não deram essa contrapartida. Então, é por isso que temos hoje
2.472 escolas com computadores, e apenas 300 conectadas. Eu acho que o Proinfo
deverá ser apoiado nesse ponto crítico da história. Você tem 30 mil computadores
instalados, grande parte sem conexão, e nós, como educadores, deveríamos nos
posicionar.
Mirtes Cordeiro Rodrigues  Que tipo de informação temos e, de fato,
precisamos? Nesse trabalho do seriado, precisamos de dados sobre 1.300 tipos de
seriados. Recorremos ao Inep, mas não temos esses dados. Costuma-se pensar o
Brasil com um único modelo, mas não temos dados sobre esses próprios seriados
para poder fazer um recorte sobre o modo de vida e sobrevivência. Não temos dados
sobre a região do babaçu, no Piauí, se quisermos fazer o recorte e trabalhar sobre o
modo de vida. Não temos os dados do censo escolar. O curso escolar tem; mas ele não
serve como referência para a distribuição de recursos para a merenda escolar no próximo
ano. Isso é questão seriíssima para a rede de ensino, porque geralmente no outro ano
há mais meninos e menos recursos para a merenda.
O Brasil não tem os dados sobre as crianças que trabalham, e as escolas
estão cheias delas. Como fica a questão do trabalho infantil? Sem falar nas áreas da
infância. Nós, da Unicef, trabalhamos muito os dados da mortalidade infantil, que são
muito fluidos. São os dados do programa de agentes de saúde, cuja cobertura não é
total e é até pequena em várias regiões. Além disso, a maior parte da população nasce,
mas não é gente, pois não existe registro de nascimento e nem de morte no País. Estas
são questões que afetam muito o trabalho com a área educacional. Muito obrigada.
Anais do Seminário Disseminação de Informações Educacionais: Região Nordeste
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Solange Castro (Inep)  Primeiro há uma diferença entre o censo, enquanto
instrumento de estatística e fotográfico de um momento específico, e os subsídios às
políticas. O censo é usado na merenda e no livro didático também. Você trabalha o
dado do censo, que é um retrato de março de um ano, para comprar os livros do outro;
então, você faz mecanismos estatísticos de progressão de uma série de coisas. A
questão da municipalização e do Fundef é outra. Veja bem: se em março foi feito o
censo e a municipalização ocorre em setembro, na verdade, não é o censo que está
errado. A política de descentralização que prevê a municipalização teria que ser
compensatória. Não se pode querer que se faça um censo a cada mês, porque é
impossível nas condições nacionais. Então, o que temos que pensar é: o indicador é
uma coisa, o censo é outra; e esses são instrumentos de medição. O Brasil é o único
país do mundo que tem um censo educacional por ano. Não é contagem de material, é
censo, que é uma coisa cara, difícil e complexa. Aí, quem usa essa informação tem que
saber que ao fazer a gestão, esse mecanismo tem que ser acoplado a políticas corretivas
ou a pequenas coletas locais que vão dar a ela indicadores para somar um grande
indicador no final. É um esforço inacreditável, e os Estados têm que trabalhar de uma
maneira impressionante. Em todos os lugares aonde o Inep tem ido pelo mundo, o
censo tem sido colocado como uma ação de ponta. O trabalho que os Estados
desenvolvem com o censo é uma coisa muito impressionante, talvez eles precisassem
ensinar um pouquinho mais a respeito disso.
Participante  Quando falei que não deveríamos correr o risco de dar uma
ênfase excessiva à tecnologia, eu me referi ao aspecto cultural. Precisamos ter muito
cuidado para não criar um hiato cada vez maior entre os ricos e os pobres. Quando
vamos desenvolver iniciativas voltadas para a informação, precisamos pensar não só
em tecnologias, precisamos não dar ênfase aos suportes físicos da informação, mas
muita atenção à ecologia da informação. Se estivermos desenvolvendo um ambiente
propício de informação nas escolas, deveríamos pensar nas bibliotecas, na televisão,
nos rádios e nas próprias escolas. O aluno que temos hoje no interior não tem um lápis
para escrever, mas não estou querendo dizer que a Internet ou que o computador não
chegue lá. Tem mais é que chegar, junto com uma série de outras coisas no que toca à
informação. É preciso enriquecer o ambiente informacional da escola, capacitar o
professor, editar publicações, jornais, implementar rádios, TVs, programas educativos.
Temos que prestar atenção aos suportes, aos canais, aos veículos, mas, sobretudo, ao
homem, ao ser humano. Temos que desenvolver programas paralelos para capacitar e
aperfeiçoar o nosso professor e os nossos alunos.
Mirtes Cordeiro Rodrigues  Não estou criticando a eficiência do censo,
mas os recursos federais que vão para a merenda escolar nos municípios não podem
ser feitos com base nos dados do ano anterior. Esse impasse tem que ser resolvido.
Como se resolve, eu não sei, mas não pode ser feito desta forma. E isso até no caso da
mortalidade infantil. Os dados abordados sobre a mortalidade infantil não atendem às
políticas.
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Anais do Seminário Disseminação de Informações Educacionais: Região Nordeste
Trabalhos em grupo
Resultados
Metodologia
No segundo dia do evento, os participantes foram divididos em dois grupos.
O trabalho teve por objetivos: (i) ampliar o quadro de questões/considerações sobre a
situação da produção, disseminação e uso da informação educacional e; (ii) esboçar
estratégias/ações para a melhoria da disseminação de informações educacionais no Brasil.
Durante a primeira fase do trabalho, discutiram-se as diferentes necessidades
informacionais existentes na área educacional. Em duplas, as pessoas debateram o
seguinte tema:
· Quais as necessidades de informações educacionais do sistema, da escola,
da comunidade/ONGs e em geral?
Cada dupla escreveu em tarjetas os principais pontos da discussão, que
foram afixadas no quadro, para visualização coletiva.
A segunda fase do trabalho em grupo visou ao aprofundamento da discussão
e ao levantamento de ações estratégicas. O grupo escolheu um relator e foi debatida,
com todos, a seguinte questão:
· Que estratégias/ações podemos propor para melhorar a disseminação de
informações educacionais no Brasil?
Na plenária final, os(as) relatores(as) apresentaram a síntese das discussões
realizadas em cada grupo.
Grupo 1
Nos grupos foram discutidos dois grandes eixos. O primeiro tomou a questão
da disseminação da informação, atentando para o desvio das informações, a quem
atinge e como atinge. Estratégias:
· criar espaços institucionais para divulgação de informações educacionais,
até mesmo com a discussão com colegas;
· mobilizar instituições e membros para agilizar a produção de informações
educacionais;
· melhorar a maior articulação entre as fontes da área de educação e a
imprensa, com a criação de uma agência de notícias de educação, no âmbito do Comped;
· criar um guia de fontes estaduais. Este guia de fontes existe no Ceará, na
UFC, onde foram catalogadas pessoas com 1.800 temas de pesquisas que se dispõem,
voluntariamente, a ser uma fonte de informação e a subsidiar matérias jornalísticas.
Tem sido uma boa fonte entre produtores de informação, pesquisadores, pessoas de
dentro da universidade e redações de Fortaleza;
· constituir fóruns de debate entre jornalistas e educadores no âmbito
das Anpaes. A Anpae/Ceará já está participando dessa ação junto com os jornalistas
aqui presentes.
Anais do Seminário Disseminação de Informações Educacionais: Região Nordeste
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Quanto à questão da Internet, queremos lápis, rádio, televisão, videocassete
e Internet. Queremos tudo e não desperdiçar nada.
· maximizar os recursos do rádio, da TV e do processo educacional.
Grupo 2
O grupo 2 foi dividido em quatro subgrupos, com média de três a quatro
pessoas. Cada subgrupo deveria apresentar três estratégias para atender a essa
pergunta: Como disseminar ou conseguir fazer com que um maior número de
informações na área educacional consiga atender ao objetivo?
Antes de tudo, é preciso conhecer os usuários, o produtor, o difusor e os
captores da informação. Sem conhecer cada um desses segmentos, ficaria muito difícil
saber que tipo de informação produzir e, ainda mais, mostrar como é que essa
informação seria recebida. Uma outra estratégia é conhecer a demanda e a produção
de informações por setores da educação. Cada setor da educação tem uma demanda:
a escola, a secretaria municipal e a estadual e as entidades. Sem a visão global da
informação, não seria possível especificar a necessidade de informação e comunicação
de cada um. Outra estratégia é produzir, recolher e distribuir informações educacionais,
mas desde que se conheça quem é o produtor, o difusor e o detentor. Como produzir e
distribuir essas informações direcionadas a cada um desses grupos?
· construir alianças com veículos clássicos de divulgação da informação:
jornal, rádio e TV;
· montar um planejamento com ações e responsabilidades entre os parceiros
do Comped. Já existe um site completo com as atividades de cada um deles, mas
essas ações devem ser divulgadas para que um maior número de pessoas possa usufruir
de toda essa rede de informações do Comped;
· procurar financiamento para as idéias sugeridas;
· formar uma comissão das instituições para pressionar o Congresso a
agilizar a regulamentação do Fust;
· realizar eventos semelhantes a este, em âmbito estadual, envolvendo desde
dirigentes estaduais, tanto da área pública quanto da área privada, até professores e
alunos, incluindo os sindicatos;
· ampliar e diversificar o público presente aos seminários do Comped,
incluindo professores e Secretários Municipais, e garantir a participação contínua de
jornalistas;
· disponibilizar recursos para a produção de um volume mais variado de
linguagens e mídias onde se possa divulgar a informação educacional.
· criar um programa semanal de rádio, voltado para o professor e para a
escola, feito pelas secretarias estaduais de educação, com meia hora de duração e
obrigatório na Voz do Brasil.
· aproveitar melhor as TVs estatais para a produção de programas semanais
voltados para o professor e para a escola;
· conscientizar secretários municipais de educação e também prefeitos sobre
o processo de comunicação;
· a Undime poderá articular ações que viabilizem o uso da Internet em todas
as secretarias municipais;
· criar comitês interestaduais e interinstitucionais, que estimulem e agilizem
a obtenção, sistematização e difusão de informação em diversos setores;
· diversificar a qualificação de recursos humanos para a constituição de um
banco de dados;
· qualificar o profissional de comunicação, que trabalha na imprensa,
principalmente nas áreas de atuação das secretarias municipais de Educação, bem
como aqueles que prestam assessoria às entidades na área, para uma visão mais
específica da educação.
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