Anais do Seminário Disseminação de Informações Educacionais : Regiões Norte e Centro-Oeste
16
pesquisa determinasse o curso da ação dos homens. Entretanto, somos menores do que
essa ambição da ciência ou da pesquisa para formulação de política. Esse sempre foi o
nosso mito, e se não fosse ele não teríamos avançado na produção do conhecimento.
Com a boa identificação dos objetivos, jogamos contra a incerteza. Depois enfrentamos o
problema da prioridade entre os objetivos e criamos uma hierarquia para eles. Muitas
vezes, falamos em acabar com a repetência e a evasão. A qualidade e a democratização
da educação dependem, fundamentalmente, da redução da evasão e da repetência.
Evasão e repetência são objetivos intermediários. Quer dizer, como eles são
mais efeito do que o problema em si, eles são manifestações de problemas e, daí,
podemos estar perseguindo um fantasma. Então, precisamos identificar bem o objeti-
vo e o grau de prioridade. Como é que eu aumento o meu repertório de soluções?
Em um seminário na Alemanha, um pesquisador holandês, Boudewijn van
Velzen, disse que uma das áreas em que menos se dominam os meios e, como conse-
qüência, menos se sabe exatamente o que se está fazendo, é a educação, gerando
uma grande polêmica na área. Então, a pesquisa educacional deveria tentar descrever,
explicar e, se possível, projetar o que há de reprodutível, o que há de aprendível na
prática educativa. Portanto, teríamos que dominar a prática educativa.
Há um nexo aí, muito tênue, entre os avanços da neurologia e dos estudos
relativos aos sistemas mentais ao cérebro, da teoria do conhecimento, da epistemologia
e, agora, da inteligência artificial que estão levando a uma abertura de fronteiras e pos-
sibilidades educativas, principalmente na comunicação. O citado pesquisador holan-
dês fala muito nisso e diz: que, num mundo fortemente regido pela comunicação, a
educação seria, talvez, o campo onde a comunicação serviria como paradigma de con-
duta e, no entanto, a educação está presa a uma interação do homem com o livro. Ela
ainda está na Galáxia de Gutenberg. Você aprende as coisas que já estão cristalizadas
e tem que processar esta informação cristalizada e não reprocessar a informação que,
cotidianamente, não está chegando. É um desafio para a prática educativa.
Os americanos andam muito preocupados. No país onde experimentações e
coisas avançam, com uma multiplicidade representada por quarenta e tantos mil distri-
tos educacionais, não se consegue fazer uma ação mais ou menos equipolente, quer
dizer, não há a mesma capacidade de resolução. Geralmente, um faz uma coisa aqui, o
outro ali, e as práticas melhores têm certa dificuldade de se disseminarem. O que hoje
está na moda, tanto nos Estados Unidos como no Canadá e na Europa, é a história de
montar redes que se dediquem à observação do que eles chamam best practices.
Quais são os melhores experimentos? O que podemos aprender? Quais foram os pro-
jetos, as criações que chegaram a melhores resultados?
Hoje, a avaliação está se dirigindo para as vantagens comparativas e diferen-
ciais de cada projeto educativo, em função de objetivos cada vez mais ambiciosos. E
isso se dá por que existe uma certa disciplina e persistência para utilizar essas tecnologias
que vêm surgindo. As interpretações correntes, principalmente através da imprensa,
dão uma carga extra para a informação, como se ela fosse um fator estruturante, dizen-
do que precisamos de um acervo de informação para amplificar os conhecimentos e
habilidades que são requeridos para serem bem-sucedidos. Esse pressuposto, que
temos conhecimentos e habilidades, está sendo muito discutido em educação. Quem
sabe fazer educação não é o Ministro, não é o presidente do Inep, não é o secretário
deste ou daquele nível de ensino, não é o secretário estadual ou municipal de educa-
ção, tampouco são os pesquisadores da universidade. Quem sabe fazer e está fazen-
do educação é o professor, o diretor da escola, o especialista disto ou daquilo na unida-
de escolar.
Agora, de onde é que vem o seu conhecimento, sua habilidade? O holandês
Boudewijn van Velzen desenvolve o que ele chama de teoria subjetiva, que seria a
ação subjetiva, quer dizer, eu tenho a minha própria teoria. Isso é muito característico
do professor europeu. E aqui é mais ou menos isso, também, porque se o professor