Download PDF
ads:
101
5.2.3 As Questões da Parte Objetiva da Prova e a Análise das Respostas
1
Miguilim
“De repente lá vinha um homem a cavalo. Eram dois. Um senhor de fora, o claro de
roupa. Miguilim saudou, pedindo a bênção. O homem trouxe o cavalo cá bem junto. Ele era
de óculos, corado, alto, com um chapéu diferente, mesmo.
Deus te abençoe, pequenino. Como é teu nome?
Miguilim. Eu sou irmão do Dito.
E o seu irmão Dito é o dono daqui?
Não, meu senhor. O Ditinho está em glória.
O homem esbarrava o avanço do cavalo, que era zelado, manteúdo, formoso como
nenhum outro. Redizia:
Ah, não sabia, não. Deus o tenha em sua guarda... Mas que é que há, Miguilim?
Miguilim queria ver se o homem estava mesmo sorrindo para ele, por isso é que o
encarava.
Por que você aperta os olhos assim? Você não é limpo de vista? Vamos até lá. Quem
é que está em tua casa?
É Mãe, e os meninos...
Estava Mãe, estava tio Terez, estavam todos. O senhor alto e claro se apeou. O outro,
que vinha com ele, era um camarada.
O senhor perguntava à Mãe muitas coisas do Miguilim. Depois perguntava a ele mesmo:
–– Miguilim, espia daí: quantos dedos da minha mão você está enxergando? E agora?”
ROSA, João Guimarães. Manuelzão e Miguilim. 9ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984.
Esta história, com narrador observador em terceira pessoa, apresenta os acontecimentos da
perspectiva de Miguilim. O fato de o ponto de vista do narrador ter Miguilim como referência,
inclusive espacial, fica explicitado em:
(A) “O homem trouxe o cavalo cá bem junto.”
(B) “Ele era de óculos, corado, alto (...)”
(C) “O homem esbarrava o avanço do cavalo, (...)”
(D) “Miguilim queria ver se o homem estava mesmo sorrindo para ele, (...)”
(E) “Estava Mãe, estava tio Terez, estavam todos”
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
A
B C D E
22
12 8 46 12
Habilidade: 5
Essa questão apresenta para leitura e análise um trecho da novela Campo Geral, da obra
Manuelzão e Miguilim, de Guimarães Rosa, em que um narrador em terceira pessoa relata o
momento do encontro entre Miguilim e o médico, que percebe, logo ao chegar, que o garoto
tem problemas de visão. A questão propõe a análise do ponto de vista narrativo, que, no
texto literário, não necessariamente, como no texto em questão, será sempre o do narrador.
A cena narrativa presente nesse texto é contada por um narrador adulto, mas é o
sentimento de Miguilim a respeito dos acontecimentos que orienta esse contar. Esse efeito
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
102
de sentido é resultado do trabalho do autor com a linguagem. Segundo a gramática da
norma culta, “cá” e “aqui” indicam o lugar do sujeito, ou seja, daquele que fala. Algo
semelhante ocorre com o verbo “trazer”, que indica um movimento para o lugar onde se
encontra o sujeito. Tanto “cá” como “trazer” indicam proximidade espacial daquele que fala.
A narração pertence a um narrador que não participa da historia como personagem,
portanto ele fala dos outros, nunca de si mesmo. No trecho “o homem trouxe o cavalo cá
bem junto”, o narrador indica que o homem a cavalo aproxima-se de Miguilim. Esse jogo de
linguagem cria no leitor a imagem de um narrador adulto que, colando-se à criança, vê
pelos olhos desta.
Embora todas as alternativas apresentem a percepção da criança naquele contexto da
chegada de um desconhecido, apenas a alternativa A responde o que foi solicitado, pois só
ela apresenta o aspecto da localização espacial presente no advérbio de lugar “cá”. Quase
metade dos participantes assinalou a alternativa D, única que contem a palavra Miguilim,
possivelmente porque interpretaram erroneamente o encaminhamento da questão, no
trecho “... narrador ter Miguilim como referência, ...”.
2
O mercado financeiro mundial funciona 24 horas por dia. As bolsas de valores estão
articuladas, mesmo abrindo e fechando em diferentes horários, como ocorre com as bolsas
de Nova Iorque, Londres, Pequim e São Paulo. Todas as pessoas que, por exemplo, estão
envolvidas com exportações e importações de mercadorias precisam conhecer os fusos
horários para fazer o melhor uso dessas informações.
Considerando que as bolsas de valores começam a funcionar às 09:00 horas da manhã e
que um investidor mora em Porto Alegre, pode-se afirmar que os horários em que ele deve
consultar as bolsas e a seqüência em que as informações são obtidas estão corretos na
alternativa:
(A) Pequim (20:00 horas), Nova Iorque (07:00 horas) e Londres (12:00 horas).
ads:
103
(B) Nova Iorque (07:00 horas), Londres (12:00 horas) e Pequim (20:00 horas).
(C) Pequim (20:00 horas), Londres (12:00 horas) e Nova Iorque (07:00 horas).
(D) Nova Iorque (07:00 horas), Londres (12:00 horas), Pequim (20:00 horas).
(E) Nova Iorque (07:00 horas), Pequim (20:00 horas), Londres (12:00 horas).
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
A B
C
D E
12 30
20
28 9
Habilidade: 01
Essa questão requer do participante a mobilização de leitura cartográfica, noções de
coordenadas geográficas e de fusos horários, além da compreensão do fenômeno do
sentido de rotação da Terra. De posse desses conceitos, ele poderia compreender que a
seqüência natural de abertura da bolsa seria em cidades localizadas de leste para oeste e
que cada fuso horário situa-se numa hora menor que o anterior. Dentre as alternativas
oferecidas como possibilidades de resposta, a que integra os referidos conceitos é a que
apresenta a seqüência Pequim, Londres e Nova Iorque. Por uma falha de composição, as
alternativas B e D aparecem com a mesma redação, o que não inviabiliza o item, e os altos
percentuais assinalados para elas indicam que os participantes consideraram o sentido
oeste para leste. Para considerar os fusos horários o participante deveria compreender que,
de acordo com o enunciado do item, os horários entre parênteses que aparecem nas
alternativas referem-se aos horários, em Porto Alegre, quando um investidor consulta as
bolsas. A opção por A indica, possivelmente, um conhecimento da leitura no sentido
leste/oeste e um desconhecimento da localização das cidades.
3
O excesso de peso pode prejudicar o desempenho de um atleta profissional em corridas de
longa distância como a maratona (42,2 km), a meia-maratona (21,1 km) ou uma prova de 10
km. Para saber uma aproximação do intervalo de tempo a mais perdido para completar uma
corrida devido ao excesso de peso, muitos atletas utilizam os dados apresentados na tabela
e no gráfico:
104
Usando essas informações, um atleta de ossatura grande, pesando 63 kg e com altura igual
a 1,59m, que tenha corrido uma meia-maratona, pode estimar que, em condições de peso
ideal, teria melhorado seu tempo na prova em
(A) 0,32 minuto. (B) 0,67 minuto. (C) 1,60 minuto. (D) 2,68 minutos.
(E) 3,35 minutos.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
A B C D
E
10 25 20 13
32
Habilidade: 02
A resposta correta para esse item depende da leitura e da interpretação dos dados da tabela
e do gráfico. Usando a tabela, o participante deve perceber que o atleta considerado está
5kg acima do seu “peso” ideal (63kg 58kg). Analisando o gráfico, a relação linear entre o
tempo perdido e o “peso” acima do ideal permite ao participante trabalhar com a equação da
reta ou com uma regra de três simples, usando o fato de que, na meia maratona, cada quilo
acima do “peso” ideal representa 0,67 minutos perdidos. Assim, 5 X 0,67 = 3,35 minutos,
resposta assinalada corretamente por 32% dos participantes. As demais opções revelam,
possivelmente, interpretações incorretas da tabela ou do gráfico ou, ainda, de ambos. É
possível, também, que os participantes tenham apresentado dificuldades em associar a
relação linear entre as variáveis e a proporcionalidade, o que permite o uso simples de uma
regra de três.
4
A chuva em locais não poluídos é levemente ácida. Em locais onde os níveis de poluição
são altos, os valores do pH da chuva podem ficar abaixo de 5,5, recebendo, então, a
denominação de “chuva ácida”. Este tipo de chuva causa prejuízos nas mais diversas áreas:
construção civil, agricultura, monumentos históricos, entre outras.
A acidez da chuva está relacionada ao pH da seguinte forma: concentração de íons
hidrogênio = 10
-pH
, sendo que o pH pode assumir valores entre 0 e 14.
Ao realizar o monitoramento do pH da chuva em Campinas (SP) nos meses de março, abril
e maio de 1998, um centro de pesquisa coletou 21 amostras, das quais quatro têm seus
valores mostrados na tabela:
105
A análise da fórmula e da tabela permite afirmar que:
I. da 6ª para a 14ª amostra ocorreu um aumento de 50% na acidez.
II. a 18ª amostra é a menos ácida dentre as expostas.
III. a 8ª amostra é dez vezes mais ácida que a 14ª.
IV. as únicas amostras de chuvas denominadas ácidas são a 6ª e a 8ª.
São corretas apenas as afirmativas
(A) I e II
(B) II e IV.
(C) I, II e IV.
(D) I, III e IV.
(E) II, III e IV.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
A B C D
E
17 39 14 12
16
Habilidade: 01
A resolução correta desse item exige do participante a compreensão do conceito de acidez
associado ao pH, dado no enunciado por uma fórmula. Ou seja, que a acidez varia com a
potência negativa de 10 e que, quanto maior o pH, menor é a acidez. Na primeira afirmação,
a acidez passa de 10
-4
para 10
-6
, ocorrendo uma diminuição da ordem de 100. Na segunda
afirmação, a acidez é de 10
-7
, a menor para todas as
amostras. A terceira afirmação é, de
fato, verdadeira, pois a acidez passa de 10
-5
, oitava amostra, para 10
-6
, na décima quarta
amostra, mostrando uma diminuição da ordem de 10. Finalmente, utilizando a informação
dada no texto, pode-se concluir que as amostras 6ª e 8ª são as únicas com pH inferior a 5,5.
O participante que aceitou como verdadeira a afirmação I, possivelmente, não compreendeu
a escala de variação da acidez, o mesmo ocorrendo para o participante que admitiu a
afirmativa II como falsa. Os participantes que consideraram (65%) a IV como falsa,
provavelmente não fizeram uma leitura atenta. O conhecimento exigido, além da
compreensão da fórmula, é o da comparação de potências da mesma base, com expoente
negativo. Somente 16% dos participantes assinalaram a resposta correta.
106
5
O Protocolo de Kyoto uma convenção das Nações Unidas que é marco sobre mudanças
climáticas, estabelece que os países mais industrializados devem reduzir até 2012 a
emissão dos gases causadores do efeito estufa em pelo menos 5% em relação aos níveis
de 1990. Essa meta estabelece valores superiores ao exigido para países em
desenvolvimento. Até 2001, mais de 120 países, incluindo nações industrializadas da
Europa e da Ásia, já haviam ratificado o protocolo. No entanto, nos EUA, o presidente
George W. Bush anunciou que o país não ratificaria “Kyoto”, com os argumentos de que os
custos prejudicariam a economia americana e que o acordo era pouco rigoroso com os
países em desenvolvimento.
Adaptado do Jornal do Brasil, 11/04/2001
Na tabela encontram-se dados sobre a emissão de CO
2
Considerando os dados da tabela, assinale a alternativa que representa um argumento que
se contrapõe à justificativa dos EUA de que o acordo de Kyoto foi pouco rigoroso com
países em desenvolvimento.
(A) A emissão acumulada da União Européia está próxima à dos EUA.
(B) Nos países em desenvolvimento as emissões são equivalentes às dos EUA.
(C) A emissão per capita da Rússia assemelha-se à da União Européia.
(D) As emissões de CO
2
nos países em desenvolvimento citados são muito baixas.
(E) A África do Sul apresenta uma emissão anual per capita relativamente alta.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
A B C
D
E
14 13 23
34
16
Habilidade: 13
Essa questão procura avaliar a capacidade do participante em discriminar as relações mais
ou menos adequadas entre proposições enunciadas e argumentos desenvolvidos. Os
dados apresentados na tabela devem ser interpretados para a escolha correta do argumento
que se contrapõe à justificativa dos EUA. Os participantes que assinalaram as alternativas A
e C (37%) foram atraídos pela leitura direta da tabela, que confirma a veracidade das
afirmações, mas não se contrapõem ao argumento americano. Os dados destacados na
alternativa E (16%) fortalecem o argumento dos EUA, que resiste em ratificar o Protocolo de
107
Kyoto, com base em exemplos como o da África do Sul. Além da leitura compreensiva, o
item exige somente o conhecimento sobre a ordem econômica mundial que separa os
países em desenvolvimento daqueles desenvolvidos. Cerca de um terço dos participantes
assinalaram a resposta correta.
6
A tabela mostra a evolução da frota de veículos leves, e o gráfico, a emissão média do
poluente monóxido de carbono (em g/km) por veículo da frota, na região metropolitana de
São Paulo, no período de 1992 a 2000.
Comparando-se a emissão média de monóxido de carbono dos veículos a gasolina e a
álcool, pode-se afirmar que
I. no transcorrer do período 1992-2000, a frota a álcool emitiu menos monóxido de carbono.
II. em meados de 1997, o veículo a gasolina passou a poluir menos que o veículo a álcool.
III. o veículo a álcool passou por um aprimoramento tecnológico.
É correto o que se afirma apenas em
(A) I. (B) I e II. (C) II. (D) III. (E) II e III.
108
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
A
B
C D E
28
27
23 12 9
Habilidade: 03
Esse item propõe uma comparação entre a poluição ambiental provocada pelas frotas de
veículos a álcool e de veículos a gasolina. Para tanto, devem ser considerados os dados
referentes à evolução do número de veículos de cada uma dessas frotas, apresentados em
uma tabela, associando-os aos dados relativos à emissão de poluentes por veículo,
apresentados em um gráfico. Dentre as três proposições, I e II são verdadeiras, enquanto III
não pode ser deduzida dos dados apresentados. A análise de I, por referir-se ao conjunto da
frota, exige a combinação dos dados da tabela e do gráfico, enquanto II pode ser verificada
diretamente a partir da análise do gráfico. Assim, a alternativa correta é B, escolhida por
27% dos participantes, sendo que as alternativas A e C são apenas incompletas, enquanto
D e E, por incluírem III, são incorretas. Particularmente, a alternativa C, por envolver uma
análise direta do gráfico que apresenta a emissão de monóxido de carbono por veículo da
frota, pode ter atraído um número significativo (23%) de participantes.
7
Érico Veríssimo relata, em suas memórias, um episódio da adolescência que teve influência
significativa em sua carreira de escritor.
“Lembro-me de que certa noite eu teria uns quatorze anos, quando muito encarregaram-
me de segurar uma lâmpada elétrica à cabeceira da mesa de operações, enquanto um
médico fazia os primeiros curativos num pobre-diabo que soldados da Polícia Municipal
haviam “carneado”. (...) Apesar do horror e da náusea, continuei firme onde estava, talvez
pensando assim: se esse caboclo pode agüentar tudo isso sem gemer, por que não hei de
poder ficar segurando esta lâmpada para ajudar o doutor a costurar esses talhos e salvar
essa vida? (...)
Desde que, adulto, comecei a escrever romances, tem-me animado até hoje a idéia de que
o menos que o escritor pode fazer, numa época de atrocidades e injustiças como a nossa, é
acender a sua lâmpada, fazer luz sobre a realidade de seu mundo, evitando que sobre ele
caia a escuridão, propícia aos ladrões, aos assassinos e aos tiranos. Sim, segurar a
lâmpada, a despeito da náusea e do horror. Se não tivermos uma lâmpada elétrica,
acendamos o nosso toco de vela ou, em último caso, risquemos fósforos repetidamente,
como um sinal de que não desertamos nosso posto.”
VERÍSSIMO, Érico. Solo de Clarineta. Tomo I. Porto Alegre:Editora Globo, 1978.
109
Neste texto, por meio da metáfora da lâmpada que ilumina a escuridão, Érico Veríssimo
define como uma das funções do escritor e, por extensão, da literatura,
(A) criar a fantasia.
(B) permitir o sonho.
(C) denunciar o real.
(D) criar o belo.
(E) fugir da náusea.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
A B
C
D E
11 22
51
4 11
Habilidade: 05
Essa questão apresenta para leitura e análise um trecho de Solo de Clarineta, em que Érico
Veríssimo relata uma experiência de juventude e dela constrói uma metáfora para revelar o
que ele entende ser uma das funções essenciais da literatura. “Lâmpada”, “vela”, “fósforos”
devem ser lidos como a palavra comprometida em traduzir a realidade do mundo. Ou seja,
afirmar que o escritor deve “fazer luz sobre a realidade de seu mundo”, nesse contexto,
equivale a afirmar que um papel da literatura é denunciar o real. Todas as alternativas
propostas referem-se a eventuais funções da literatura. Apenas a alternativa C é pertinente
ao contexto e foi escolhida por cerca de metade dos participantes.
8
Artêmia é um camarão primitivo que vive em águas salgadas, sendo considerado um fóssil
vivo. Surpreendentemente, possui uma propriedade semelhante à dos vegetais que é a
diapausa, isto é, a capacidade de manter ovos dormentes (embriões latentes) por muito
tempo. Fatores climáticos ou alterações ambientais podem subitamente ativar a eclosão dos
ovos, assim como, nos vegetais, tais alterações induzem a germinação de sementes.
Vários estudos têm sido realizados com artêmias, pois estes animais apresentam
características que sugerem um potencial biológico: possuem alto teor de proteína e são
capazes de se alimentar de partículas orgânicas e inorgânicas em suspensão. Tais
características podem servir de parâmetro para uma avaliação do potencial econômico e
ecológico da artêmia.
Em um estudo foram consideradas as seguintes possibilidades:
I. A variação da população de artêmia pode ser usada como um indicador de poluição
aquática.
II. A artêmia pode ser utilizada como um agente de descontaminação ambiental,
particularmente em ambientes aquáticos.
III. A eclosão dos ovos é um indicador de poluição química.
IV. Os camarões podem ser utilizados como fonte alternativa de alimentos de alto teor
nutritivo.
110
É correto apenas o que se afirma em
(A) I e II.
(B) II e III.
(C) I, II e IV.
(D) II, III e IV.
(E) I, II, III e IV.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
A B
C
D E
9 11
36
26 17
Habilidade: 08
A partir da descrição de características biológicas e ecológicas da artêmia, os participantes
devem selecionar e comparar argumentos sobre potenciais econômicos e ecológicos deste
animal. A possibilidade I está correta de acordo com os dados fornecidos, já que: “fatores
climáticos ou alterações ambientais podem subitamente ativar a eclosão dos ovos” e “são
capazes de se alimentar de partículas orgânicas e inorgânicas em suspensão”. Alterações
ambientais podem estar, e não necessariamente estão, relacionadas com poluição. A
possibilidade II está correta, já que as artêmias “são capazes de se alimentar de partículas
orgânicas e inorgânicas em suspensão”. Embora alterações ambientais possam ativar a
eclosão dos ovos, não há dados na questão que confirmem que as alterações ambientais
são causadas por poluição química; portanto, a possibilidade III não pode ser confirmada. A
possibilidade IV está correta, já que as artêmias “possuem alto teor de proteína”. Os
participantes que optaram pela alternativa A (9%), provavelmente, acharam não ser possível
utilizar artêmias como fonte alternativa de alimentos só por elas possuírem alto teor protéico.
Os participantes que optaram pela alternativa E (17%), provavelmente, consideraram que
alterações ambientais citadas são devidas somente à poluição química. Os que optaram
pelas alternativas B e D (37%) consideraram a eclosão dos ovos indicador de poluição
química, mas desconsideraram que variações populacionais pudessem ser usadas como
indicadores de poluição aquática, o que é um paradoxo. Aqueles que optaram pela
alternativa C (36%), souberam fazer as ponderações necessárias para acertar a questão.
9
“Narizinho correu os olhos pela assistência. Não podia haver nada mais curioso.
Besourinhos de fraque e flores na lapela conversavam com baratinhas de mantilha e
miosótis nos cabelos. Abelhas douradas, verdes e azuis falavam mal das vespas de cintura
fina achando que era exagero usarem coletes tão apertados. Sardinhas aos centos
criticavam os cuidados excessivos que as borboletas de toucados de gaze tinham com o pó
das suas asas. Mamangavas de ferrões amarrados para não morderem. E canários
cantando, e beija-flores beijando flores, e camarões camaronando, e caranguejos
111
caranguejando, tudo que é pequenino e não morde, pequeninando e não mordendo.”
LOBATO, Monteiro. Reinações de Narizinho. São Paulo: Brasiliense, 1947.
No último período do trecho, há uma série de verbos no gerúndio que contribuem para
caracterizar o ambiente fantástico descrito. Expressões como “camaronando”,
“caranguejando” e “pequeninando e não mordendo” criam, principalmente, efeitos de
(A) esvaziamento de sentido.
(B) monotonia do ambiente.
(C) estaticidade dos animais.
(D) interrupção dos movimentos.
(E) dinamicidade do cenário.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
A B C D
E
11 26 21 6
36
Habilidade: 06
Essa questão apresenta para leitura e análise um trecho da obra Reinações de Narizinho, de
Monteiro Lobato, e, nele, a descrição reflete as fantasias do mundo infantil. A questão propõe
que seja resolvido um problema de linguagem, que é a identificação dos sentidos criados no
texto pelo emprego de vários verbos no gerúndio, alguns dos quais, neologismos criados pelo
autor. Como o texto é uma descrição, temos o relato de um ambiente que se agita com as
ações simultâneas dos muitos seres que o habitam. Cabe ao participante perceber que o efeito
dinâmico é criado pelos verbos de ação no gerúndio, que é a forma verbal da ação se fazendo.
Ou seja, é função típica do gerúndio traduzir a noção de uma ação que se desenvolve de modo
simultâneo à sua enunciação. Nesse ambiente retratado por Monteiro Lobato, os bichinhos
humanizados se agitam, lembrando um burburinho de crianças. Apenas a alternativa E,
assinalada por 36% dos participantes, responde corretamente a questão. As outras alternativas
contemplam efeitos ou significados que, apesar de eventualmente serem transmitidos pelo
emprego do gerúndio, não se verificam no texto.
Nativas do Brasil, as várias espécies das plantas conhecidas como fava-d’anta têm lugar
garantido no mercado mundial de produtos cosméticos e farmacêuticos. Elas praticamente
não têm concorrentes, pois apenas uma outra planta chinesa produz os elementos
cobiçados pela indústria mundial. As plantas acham-se dispersas no cerrado e a sua
exploração é feita pela coleta manual das favas ou, ainda, com instrumentos rústicos (garfos
e forquilhas) que retiram os frutos das pontas dos galhos. Alguns catadores quebram galhos
ou arbustos para facilitar a coleta. Depois da coleta, as vagens são vendidas aos
atacadistas locais que as revendem a atacadistas regionais, estes sim, os revendedores de
fava para as indústrias. Depois de processados, os produtos são exportados. Embora os
moradores da região tenham um vasto conhecimento sobre hábitos e usos da fauna e flora
locais, pouco ou nada sabem sobre a produção de mudas de espécies nativas e, ainda,
sobre o destino e o aproveitamento da matéria-prima extraída da fava d’anta.
Adaptado de: Extrativismo e biodiversidade: o caso da fava-d’anta. Ciência Hoje, junho, 2000.
112
10
Ainda que a extração das vagens não seja prejudicial às árvores, a estratégia usada na sua
coleta, aliada à eventual pressão de mercado, são fatores que podem prejudicar a
renovação natural da fava d’anta. Uma proposta viável para que estas plantas nativas não
corram nenhum risco de extinção é
(A) introduzir a coleta mecanizada das favas, reduzindo tanto as perdas durante a coleta
quanto os eventuais danos às plantas.
(B) conservar o solo e aumentar a produtividade dessas plantas por meio de irrigação e
reposição de sais minerais.
(C) domesticar a espécie, introduzindo viveiros que possam abastecer a região de novas
mudas, caso isto se torne necessário.
(D) proibir a coleta das favas, aplicando pesadas multas aos infratores.
(E) diversificar as atividades econômicas na região do cerrado para aumentar as fontes de
renda dos trabalhadores.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
A B
C
D E
20 31
28
6 15
Habilidade: 08
Este item aborda utilização de recursos naturais e conservação da biodiversidade. A
estratégia usada na coleta das favas aliada à pressão de mercado são fatores que podem
prejudicar o recrutamento natural da fava d’anta. A pressão do mercado compromete mais a
população das favas do que a estratégia utilizada na coleta (que em condições de uso
doméstico não seria tão prejudicial). Portanto, na escala em que a demanda se encontra,
não se pode praticar extrativismo; é necessário que haja medidas de conservação e manejo
que respeitem as culturas locais e promovam desenvolvimento comunitário. Apenas as
alternativas C e E estão relacionadas com esta visão atual sobre conservação da
biodiversidade no Brasil. Porém, a alternativa E só propõe a diversificação das atividades
econômicas, o que não garante a sustentabilidade da população de favas. As atividades
econômicas podem ser aliadas ao manejo sustentável da biodiversidade, garantindo
também nenhum risco de extinção para as espécies manejadas. A alternativa C está correta
e foi assinalada por 28% dos participantes. A alternativa A (20%) está completamente
errada no que diz respeito a medidas de conservação e manejo, ao considerar que o
problema maior é a estratégia de coleta e propor visão unilateral voltada para o mercado. A
alternativa B (31%) também desconsidera as pessoas e considera que melhorias técnicas
no solo com insumos podem sustentar a população de favas diante das pressões do
mercado. A alternativa E (15%) também desconsidera que a conservação só se materializa
com educação, e pode ser praticada com manejo sustentável da biodiversidade. Os
resultados parecem sugerir que os participantes analisaram as alternativas (que propõem
113
medidas adequadas para a solução de outros problemas), sem considerar a situação
proposta.
11
A coleta de favas é feita por famílias inteiras de trabalhadores rurais (não-proprietários).
Enquanto o jovem apanhador de favas pode ganhar até R$7,50 por dia, os demais
trabalhadores adultos ganham, em média, R$5,12 por dia, podendo dedicar-se a outras
atividades extrativistas: a coleta de pequis e panãs, frutos vendidos à beira da estrada, e de
lenha, vendida a pequenos compradores. A tabela apresenta a renda média anual dos
jovens e adolescentes de uma cidade de Minas Gerais, com essas atividades extrativistas.
Foram feitas as seguintes afirmações sobre a importância socioeconômica do extrativismo
da fava-d’anta:
I. A desinformação impede qualquer controle da situação por parte dos coletores, aos
quais cabe apenas o papel de trabalhadores braçais.
II. O retorno financeiro para a população é compatível com a importância dos produtos
derivados da fava.
III. A atividade é menos rentável porque, entre os compradores de favas, existem
atravessadores, ao contrário do que acontece na venda do pequi.
IV. A atividade eleva o salário diário do trabalhador, representando a fonte mais importante
de sua renda anual.
Está correto apenas o que se afirma em
(A) I, III e IV.
(B) II, III e IV.
(C) I e III.
(D) II e IV.
(E) I e IV.
Neste item os participantes devem utilizar dados dos enunciados e da tabela para avaliar a
importância socioeconômica do extrativismo da fava-d’anta. A afirmação I está correta e se
confirma no texto: “Embora os moradores da região tenham um vasto conhecimento sobre
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
A B
C
D E
15 8
51
9 17
Habilidade: 08
114
hábitos e usos da fauna e flora locais, pouco ou nada sabem sobre... o destino e o
aproveitamento da matéria-prima extraída da fava d’anta.” A afirmativa II está errada, já que
as favas têm lugar garantido no mercado mundial e representam apenas 6,81% da baixa
renda dos trabalhadores. A afirmativa III está correta e se confirma pela observação dos
dois enunciados: “Depois da coleta, as vagens são vendidas aos atacadistas locais que as
revendem a atacadistas regionais, estes sim, os revendedores de fava para as indústrias...”
e “a coleta de pequis e panãs, frutos vendidos à beira da estrada...”. A afirmação IV está
errada e se confirma pela baixa participação na renda total apresentada na tabela.
Participantes que optaram pelas alternativas A, B, D e E (49%) acreditam ser possível que a
atividade menos rentável para os trabalhadores possa ser a fonte mais importante de sua
renda anual. O que está completamente errado, de acordo com os dados fornecidos e com
o senso comum. A resposta correta foi assinalada por cerca de metade dos participantes.
12
Os seres humanos podem tolerar apenas certos intervalos de temperatura e umidade
relativa (UR), e, nessas condições, outras variáveis, como os efeitos do sol e do vento, são
necessárias para produzir condições confortáveis, nas quais as pessoas podem viver e
trabalhar. O gráfico mostra esses intervalos:
A tabela mostra temperaturas e umidades relativas do ar de duas cidades, registradas em
três meses do ano.
115
Com base nessas informações, pode-se afirmar que condições ideais são observadas em
(A) Curitiba com vento em março, e Campo Grande, em outubro.
(B) Campo Grande com vento em março, e Curitiba com sol em maio.
(C) Curitiba, em outubro, e Campo Grande com sol em março.
(D) Campo Grande com vento em março, Curitiba com sol em outubro.
(E) Curitiba, em maio, e Campo Grande, em outubro.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
A
B C D E
36
16 13 19 17
Habilidade: 02
Para resolver o problema proposto o participante deve “entrar” no gráfico com os dados de
temperatura e umidade relativa das cidades com valores e nos meses considerados na
tabela, obtendo como “saída”, para cada par de valores e em cada mês, uma das condições:
ideal, ideal com sol, ideal com vento e, por exclusão, não ideal. Isto é:
março maio outubro
Campo Grande não ideal ideal com sol ideal
Curitiba ideal com vento
não ideal ideal com sol
A alternativa A, assinalada por 36% dos participantes, está correta. As alternativas B, C e D
mostram uma análise incorreta em relação a Campo Grande, e a E, uma incorreção relativa
a Curitiba.
13
No gráfico estão representados os gols marcados e os gols sofridos por uma equipe de
futebol nas dez primeiras partidas de um determinado campeonato.
116
Considerando que, neste campeonato, as equipes ganham 3 pontos para cada vitória, 1
ponto por empate e 0 ponto em caso de derrota, a equipe em questão, ao final da décima
partida, terá acumulado um número de pontos igual a
(A) 15.
(B) 17.
(C) 18.
(D) 20.
(E) 24.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
A B
C
D E
17 15
47
10 11
Habilidade: 02
Essa questão apresenta o gráfico cartesiano como uma forma eficaz de se observar a
evolução de um acontecimento e de maneira diferente do habitual. Permite verificar se o
participante é capaz de, pela simples observação, extrair os dados necessários para a
resolução de um problema. Nesse caso, ele deveria observar que, como a linha dos gols
marcados (tracejada) fica acima da linha dos gols sofridos (contínua) em cinco ocasiões, o
time em questão teve 5 vitórias, marcando portanto 3 x 5 = 15 pontos. Além disso, as duas
linhas ficam juntas em outras três ocasiões, caracterizando ter havido 3 empates o que
acarreta a marcação de 3 x 1 = 3 pontos. Logo, o referido time totalizou 15 + 3 = 18 pontos.
Apenas 47% dos participantes assinalaram a alternativa correta C.
14
O Globo, 01/09/2001.
Na charge, a arrogância do gato com relação ao comportamento alimentar da minhoca, do
ponto de vista biológico,
(A) não se justifica, porque ambos, como consumidores, devem “cavar” diariamente o seu
próprio alimento.
(B) é justificável, visto que o felino possui função superior à da minhoca numa teia
alimentar.
(C) não se justifica, porque ambos são consumidores primários em uma teia alimentar.
117
(D) é justificável, porque as minhocas, por se alimentarem de detritos, não participam das
cadeias alimentares.
(E) é justificável, porque os vertebrados ocupam o topo das teias alimentares.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
A
B C D E
17
38 11 19 16
Habilidade: 13
As alternativas oferecidas como respostas possíveis a esse item trabalham conceitos
básicos da Biologia na constituição de argumentos científicos, procedentes ou não, para a
arrogância do gato. Muitos participantes (alternativa E,16%) renderam-se à idéia de que os
vertebrados são superiores aos invertebrados ou que, por serem predadores de topo de
cadeia, os felinos têm função superior à das minhocas em uma cadeia alimentar (alternativa
B, 38%), não reconhecendo que todos os organismos interagem e têm importância na
estrutura e na funcionalidade da cadeia. Os que optaram pela alternativa C (11%)
desconhecem que os consumidores primários são os herbívoros, animais que só se
alimentam de vegetais. Os que assinalaram D (19%) possivelmente não reconhecem a
importância do subsistema de decomposição. Apenas 17% dos participantes foram capazes
de perceber que, embora pertençam à níveis tróficos diferentes, os dois animais
representados gato e minhoca são consumidores, organismos heterotróficos que
precisam buscar, “cavar” diariamente seu alimento.
15
Na construção civil, é muito comum a utilização de ladrilhos ou azulejos com a forma de
polígonos para o revestimento de pisos ou paredes. Entretanto, não são todas as
combinações de polígonos que se prestam a pavimentar uma superfície plana, sem que
haja falhas ou superposições de ladrilhos, como ilustram as figuras:
Figura 1: Ladrilhos retangulares
pavimentando o plano
Figura 2: Heptágonos regulares não pavimentam
o plano (há falhas ou superposição)
118
A tabela traz uma relação de alguns polígonos regulares, com as respectivas medidas de
seus ângulos internos.
Se um arquiteto deseja utilizar uma combinação de dois tipos diferentes de ladrilhos entre os
polígonos da tabela, sendo um deles octogonal, o outro tipo escolhido deverá ter a forma de
um
(A) triângulo. (B) quadrado. (C) pentágono. (D) hexágono. (E) eneágono.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
A
B
C D E
17
20
18 17 27
Habilidade: 14
O participante, nesta questão, deve identificar a propriedade que um conjunto de polígonos
deve satisfazer para pavimentar adequadamente uma superfície plana. Isso ocorre se a
soma das medidas dos ângulos internos em cada vértice comum for igual a 360°. A
observação das figuras 1 e 2 sugere esse fato. A tabela fornecida na questão também
sugere ao participante a relação do problema com as medidas dos ângulos internos dos
polígonos considerados, não sendo necessária a memorização de nenhuma fórmula, mas
apenas a compreensão do fato geométrico em si. Como um dos ladrilhos é suposto um
octógono (soma de ângulos internos igual a 135
o
, dado na tabela) e o revestimento usará
somente dois tipos de ladrilho, é necessário colocar um outro octógono e mais um
quadrado ficando a soma das medidas dos ângulos internos dada por (135
o
x 2) + 90
o
=
360
o
. Se consideramos que, sem fazer uso explícito desse raciocínio, a solução correta
pode ser obtida com um “desenho”, apenas um quinto dos participantes assinalou a
alternativa correta.
16
Segundo uma organização mundial de estudos ambientais, em 2025, “duas de cada três
pessoas viverão situações de carência de água, caso não haja mudanças no padrão atual
de consumo do produto”.
119
Uma alternativa adequada e viável para prevenir a escassez, considerando-se a
disponibilidade global, seria
(A) desenvolver processos de reutilização da água.
(B) explorar leitos de água subterrânea.
(C) ampliar a oferta de água, captando-a em outros rios.
(D) captar águas pluviais.
(E) importar água doce de outros estados.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
A
B C D E
69
17 5 7 2
Habilidade: 09
A solução do problema proposto exigia do participante a escolha da melhor alternativa,
dentre as apresentadas, que definem ações para a mudança no padrão atual de consumo
de água, em escala global, dada a perspectiva de escassez desse produto num futuro
próximo. A alternativa A, escolhida por cerca de 70% dos participantes, é a mais adequada
para promover alterações no consumo, uma vez que a água poderia ser utilizada
intensamente e sem desperdício, envolvendo aspectos quantitativos e também qualitativos
do consumo. Porém, vale ressaltar que políticas de utilização sustentável dos recursos
hídricos devem ser implementadas e que a captação de águas pluviais é uma das
alternativas viáveis para armazenamento em alguns lugares do planeta, tornando a
alternativa D viável, porém em escala local. As demais alternativas não são adequadas nem
viáveis para contribuir com a solução do problema da escassez de água pela mudança do
padrão de consumo. Vale dizer que cerca de 30% dos participantes, possivelmente,
preocuparam-se apenas com aspectos quantitativos do problema.
17
O milho verde recém-colhido tem um sabor adocicado. Já o milho verde comprado na feira,
um ou dois dias depois de colhido, não é mais tão doce, pois cerca de 50% dos carboidratos
responsáveis pelo sabor adocicado são convertidos em amido nas primeiras 24 horas.
Para preservar o sabor do milho verde pode-se usar o seguinte procedimento em três
etapas:
1º descascar e mergulhar as espigas em água fervente por alguns minutos;
2º resfriá-las em água corrente;
3º conservá-las na geladeira.
A preservação do sabor original do milho verde pelo procedimento descrito pode ser
explicada pelo seguinte argumento:
120
(A) O choque térmico converte as proteínas do milho em amido até a saturação; este ocupa
o lugar do amido que seria formado espontaneamente.
(B) A água fervente e o resfriamento impermeabilizam a casca dos grãos de milho,
impedindo a difusão de oxigênio e a oxidação da glicose.
(C) As enzimas responsáveis pela conversão desses carboidratos em amido são
desnaturadas pelo tratamento com água quente.
(D) Microrganismos que, ao retirarem nutrientes dos grãos, convertem esses carboidratos
em amido são destruídos pelo aquecimento.
(E) O aquecimento desidrata os grãos de milho, alterando o meio de dissolução onde
ocorreria espontaneamente a transformação desses carboidratos em amido.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
A B
C
D E
16 33
19
12 19
Habilidade: 11
O texto apresenta a descrição de um procedimento para conservar o sabor adocicado do
milho verde e faz clara alusão a um processo de aquecimento para a obtenção do resultado
desejado. Apenas 19% dos participantes utilizaram corretamente o conceito de
desnaturação de proteínas constituintes das enzimas que, no milho, transformam os
carboidratos de sabor adocicado em amido. As demais alternativas, possivelmente por
mesclar nos seus textos termos científicos e de senso comum, foram atrativas para os
participantes que não dominam muito bem os fundamentos da linguagem científica
necessária para a compreensão do fenômeno apresentado. Ou seja, as alternativas A, B e
D sugerem, respectivamente, conversão de proteínas, oxidação da glicose pelo oxigênio,
conversão de carboidratos em amido por ação de microorganismos e desidratação dos
grãos de milho, ocorrências improváveis no procedimento descrito. Apenas 19% dos
participantes assinalaram a resposta correta.
18
Os níveis de irradiância ultravioleta efetiva (IUV) indicam o risco de exposição ao Sol para
pessoas de pele do tipo II pele de pigmentação clara. O tempo de exposição segura (TES)
corresponde ao tempo de exposição aos raios solares sem que ocorram queimaduras de
pele. A tabela mostra a correlação entre riscos de exposição, IUV e TES.
121
Uma das maneiras de se proteger contra queimaduras provocadas pela radiação ultravioleta
é o uso dos cremes protetores solares, cujo Fator de Proteção Solar (FPS) é calculado da
seguinte maneira:
TPP = tempo de exposição mínima para produção de vermelhidão na pele protegida (em
minutos).
TPD = tempo de exposição mínima para produção de vermelhidão na pele desprotegida (em
minutos).
O FPS mínimo que uma pessoa de pele tipo II necessita para evitar queimaduras ao se
expor ao Sol, considerando TPP o intervalo das 12:00 às 14:00 h, num dia em que a
irradiância efetiva é maior que 8, de acordo com os dados fornecidos, é
(A) 5. (B) 6. (C) 8. (D) 10. (E) 20.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
A
B
C D E
11
31
10 19 28
Habilidade: 12
A solução correta para o problema proposto exige que o participante faça uma leitura atenta
do enunciado e aplique uma fórmula contida no texto. É necessário que compreenda que “o
tempo máximo de exposição aos raios solares sem que ocorra queimadura” é equivalente
ao “tempo de exposição mínima para produção de vermelhidão na pele desprotegida”. Com
essa percepção pode usar os dados da tabela e aplicar a fórmula.
IUV > 8 TES 20 min = 1/3 h
para produzir vermelhidão sem a devida proteção, TPD 20 min = 1/3 h
para TPP = 2h, temos: FPS = h6
3/1
2
=
Cerca de um terço dos participantes assinalou corretamente a alternativa B. Os erros podem
ser atribuídos a uma leitura não atenta e compreensiva da questão.
19
Um estudo realizado com 100 indivíduos que abastecem seu carro uma vez por semana em
um dos postos X, Y ou Z mostrou que:
45 preferem X a Y, e Y a Z.
25 preferem Y a Z e Z a X.
30 preferem Z a Y, e Y a X.
122
Se um dos postos encerrar suas atividades, e os 100 consumidores continuarem se
orientando pelas preferências descritas, é possível afirmar que a liderança de preferência
nunca pertencerá a
(A) X.
(B) Y.
(C) Z.
(D) X ou Y.
(E) Y ou Z.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
A
B C D E
57
10 12 10 11
Habilidade: 15
Simulando-se o fechamento de cada um dos postos, pode-se, a partir das informações do
enunciado, deduzir a nova preferência dos consumidores. O fechamento de X ou Z leva o
posto Y à liderança e o fechamento de Y leva Z à liderança.
se X encerrar suas atividades, então 70 preferirão Y a Z;
se Y encerrar suas atividades, então 55 preferirão Z a Y;
se Z encerrar suas atividades, então 55 preferirão Y a X
Assim, a liderança de preferência nunca pertencerá a X.
Cerca de 60% dos participantes responderam corretamente à questão proposta.
Como a liderança de preferência atual pertence ao posto X, alguns participantes podem ter
concluído que os postos Y ou Z não poderiam atingir essa liderança na nova situação,
assinalando as alternativas B, C ou E.
20
O autor da tira utilizou os princípios de composição de um conhecido movimento artístico
para representar a necessidade de um mesmo observador aprender a considerar,
simultaneamente, diferentes pontos de vista.
123
Das obras reproduzidas, todas de autoria do pintor espanhol Pablo Picasso, aquela em cuja
composição foi adotado um procedimento semelhante é:
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
A B C D
E
11 8 18 17
46
Habilidade: 18
O objetivo desta questão é levar o participante a refletir sobre características fundamentais
de um movimento artístico o cubismo a partir de dados visuais: quadrinhos e pinturas. A
reprodução de dois quadrinhos da personagem Calvin forneceu para o participante
informações básicas para a análise que deveria fazer das alternativas apresentadas.
Segundo os quadrinhos, o movimento artístico abordado pela questão tinha como
procedimento de composição representar, para um mesmo observador, diferentes pontos de
vista, fazendo com que “o tradicional único ponto de vista” fosse abandonado e com que a
perspectiva fosse fraturada. A análise das obras de Picasso reproduzidas nas alternativas
permite que o participante reconheça a adoção desse procedimento no quadro “Marie-
Thérèse apoiada no cotovelo” (alternativa E, com 46% de registros), no qual se pode
reconhecer a representação de diferentes pontos de vista a partir dos quais é apresentado o
rosto da mulher retratada.
21
Em 1958, a seleção brasileira foi campeã mundial pela primeira vez. O texto foi extraído da
crônica “A alegria de ser brasileiro”, do dramaturgo Nelson Rodrigues, publicada naquele
ano pelo jornal Última Hora.
“Agora, com a chegada da equipe imortal, as lágrimas rolam. Convenhamos que a seleção
as merece. Merece por tudo: não só pelo futebol, que foi o mais belo que os olhos mortais já
contemplaram, como também pelo seu maravilhoso índice disciplinar. Até este Campeonato,
o brasileiro julgava-se um cafajeste nato e hereditário. Olhava o inglês e tinha-lhe inveja.
124
Achava o inglês o sujeito mais fino, mais sóbrio, de uma polidez e de uma cerimônia
inenarráveis. E, súbito, há o Mundial. Todo mundo baixou o sarrafo no Brasil. Suecos,
britânicos, alemães, franceses, checos, russos, davam botinadas em penca. Só o brasileiro
se mantinha ferozmente dentro dos limites rígidos da esportividade. Então, se verificou o
seguinte: o inglês, tal como o concebíamos, não existe. O único inglês que apareceu no
Mundial foi o brasileiro. Por tantos motivos, vamos perder a vergonha (...), vamos sentar no
meio-fio e chorar. Porque é uma alegria ser brasileiro, amigos.”
Além de destacar a beleza do futebol brasileiro, Nelson Rodrigues quis dizer que o
comportamento dos jogadores dentro do campo
(A) foi prejudicial para a equipe e quase pôs a perder a conquista da copa do mundo.
(B) mostrou que os brasileiros tinham as mesmas qualidades que admiravam nos
europeus, principalmente nos ingleses.
(C) ressaltou o sentimento de inferioridade dos jogadores brasileiros em relação aos
europeus, o que os impediu de revidar as agressões sofridas.
(D) mostrou que o choro poderia aliviar o sentimento de que os europeus eram superiores
aos brasileiros.
(E) mostrou que os brasileiros eram iguais aos europeus, podendo comportar-se como eles,
que não respeitavam os limites da esportividade.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
A
B
C D E
3
53
15 11 18
Habilidade: 20
O dramaturgo Nelson Rodrigues é conhecido por ter criticado valores e convenções
tradicionalmente aceitos pelos diversos estratos da sociedade brasileira. Assim, apesar de
suas posições políticas bastante conservadoras, a escrita de Nelson Rodrigues possuía um
potencial extremamente subversivo sempre que abordava aqueles temas. Mesmo que o
participante não conhecesse esses aspectos ambíguos, e às vezes contraditórios, da obra
do dramaturgo, a questão proposta permitia a ele aprender algo sobre isso, através da
crônica futebolística de Nelson Rodrigues, na qual ele foi igualmente prolífico. Esse aspecto
característico de seu pensamento, a subversão de valores e convenções tradicionalmente
aceitos, evidencia-se aqui na inversão que ele propõe entre a imagem que o brasileiro faz
de si mesmo (“um cafajeste nato e hereditário”) e aquela atribuída aos ingleses (“o sujeito
mais fino, mais sóbrio, de uma polidez e de uma cerimônia inenarráveis”). Segundo Nelson
Rodrigues, a Copa do Mundo de 1958 foi a ocasião para o brasileiro conscientizar-se, na
prática, do seu complexo de inferioridade, ato liberador explicitado no trecho transcrito da
crônica. Esta consciência crítica era a mesma que o participante deveria mobilizar para
responder corretamente a questão. A forma com que o tema é abordado permite ao
participante refletir criticamente sobre a percepção que ele tem de si mesmo e dos outros.
Esta reflexão é pedagógica, porque permite ao leitor, na contrapartida do estereótipo, criticar
modelos. As alternativas, ao contraporem imagens dos europeus à dos brasileiros,
125
desmontam a cristalização e difusão de arquétipos que, na prática, não se confirmam. Mais
da metade dos participantes (53%) assinalaram corretamente a alternativa correta B. Outras
escolhas são devidas, possivelmente, a uma leitura não compreensiva do texto.
22
Um terreno com o formato mostrado na
figura foi herdado por quatro irmãos e
deverá ser dividido em quatro lotes de
mesma área.
Um dos irmãos fez algumas propostas de
divisão para que fo
ssem analisadas pelos
demais herdeiros.
Dos esquemas abaixo, onde lados de
mesma medida têm símbolos iguais, o
único em que os quatro lotes não
possuem,
necessariamente, a mesma área é:
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
A B C D
E
5 18 30 10
37
Habilidade: 14
A resolução desta questão requer do participante identificação de figuras equivalentes, ou
seja, de mesma área. Quando as figuras envolvidas são congruentes (alternativas A e D),
essa identificação é mais intuitiva, explicando a relativa pouca atração dessas alternativas:
em A, o terreno, em forma de um paralelogramo, foi dividido em quatro paralelogramos
iguais, pois têm as mesmas dimensões e os mesmos ângulos internos; em D, o terreno foi
dividido em quatro outros terrenos iguais, semelhantes ao original, por linhas que ligam os
pontos médios de seus lados opostos. Já as propriedades que justificam a equivalência dos
triângulos das alternativas B e C não são tão intuitivas, explicando sua maior atração: em B,
o terreno foi dividido em quatro partes triangulares de mesma área, dado que as diagonais
de um paralelogramo o dividem em quatro partes iguais; em C, houve a divisão em quatro
partes triangulares de mesma área, por terem as bases e alturas de mesmo comprimento.
Na alternativa E, o terreno foi dividido em quatro partes não necessariamente iguais, posto
126
que sua maior dimensão foi dividida em três partes, sendo as duas extremas iguais sem
relação com a central. Cabe ressaltar que os lotes da alternativa E podem até ser
equivalentes, mas com os dados da questão não possuem necessariamente a mesma
área. Cerca de 37% dos participantes assinalaram corretamente a alternativa E.
23
“A palavra tatuagem é relativamente recente. Toda a gente sabe que foi o navegador Cook
que a introduziu no Ocidente, e esse escrevia tattou, termo da Polinésia de tatou ou tu
tahou, ‘desenho´.
(...) Desde os mais remotos tempos, vemo-la a transformar-se: distintivo honorífico entre uns
homens, ferrete de ignomínia entre outros, meio de assustar o adversário para os bretões,
marca de uma classe de selvagens das ilhas marquesas (...) sinal de amor, de desprezo, de
ódio (...). Há três casos de tatuagem no Rio, completamente diversos na sua significação
moral: os negros, os turcos com o fundo religioso e o bando de meretrizes, dos rufiões e dos
humildes, que se marcam por crime ou por ociosidade.”
RIO, João do. Os Tatuadores. Revista Kosmos. 1904, apud: A alma encantadora das ruas, SP: Cia das Letras, 1999.
Com base no texto são feitas as seguintes afirmações:
I. João do Rio revela como a tatuagem já estava presente na cidade do Rio de Janeiro,
pelo menos desde o início do século XX, e era mais utilizada por alguns setores da
população.
II. A tatuagem, de origem polinésia, difundiu-se no ocidente com a característica que
permanece até hoje: utilização entre os jovens com função estritamente estética.
III. O texto mostra como a tatuagem é uma prática que se transforma no tempo e que alcança
inúmeros sentidos nos diversos setores das sociedades e para as diferentes culturas.
Está correto o que se afirma apenas em
(A) I.
(B) II.
(C) III.
(D) I e II.
(E) I e III.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
A B C D
E
4 11 36 12
37
Habilidade: 18
O texto estabelece uma relação entre a atualidade da palavra “tatuagem” e a antiguidade do uso
de desenhos como pintura corporal. Focaliza uma prática social bastante difundida que adquiriu
aspectos e conotações diversos nos diferentes contextos históricos e geográficos em que ela
pode ser descrita. Fazendo a descrição da prática da tatuagem, como uma manifestação comum
127
a diferentes culturas, e que adquire, inclusive, significados diferentes dentro de uma mesma
cultura, induz o participante a refletir sobre a “diversidade dos patrimônios etnoculturais e
artísticos”, contextualizando ao mesmo tempo seus significados “em diferentes sociedades,
épocas e lugares”. Ao retomar as várias origens e usos da tatuagem, o participante é levado a
compreender e respeitar uma gramática histórica dos costumes marcada sempre por
semelhanças e diferenças. A questão não exigia, portanto, nenhum conhecimento prévio sobre as
diferentes formas de manifestação dessa prática, mas simplesmente constatar, com o autor do
texto citado, a historicidade e a diversidade das práticas sociais. Os participantes que assinalaram
a alternativa C (36%), possivelmente, não levaram em consideração informações do texto. A
questão foi corretamente respondida por 37% dos participantes.
24
Quando definem moléculas, os livros geralmente apresentam conceitos como: “a menor
parte da substância capaz de guardar suas propriedades”. A partir de definições desse tipo,
a idéia transmitida ao estudante é a de que o constituinte isolado (moléculas) contém os
atributos do todo.
É como dizer que uma molécula de água possui densidade, pressão de vapor, tensão
superficial, ponto de fusão, ponto de ebulição, etc. Tais propriedades pertencem ao
conjunto, isto é, manifestam-se nas relações que as moléculas mantêm entre si.
Adaptado de OLIVEIRA, R. J. O Mito da Substância. Química Nova na Escola, n. º 1, 1995.
O texto evidencia a chamada visão substancialista que ainda se encontra presente no
ensino da Química. Abaixo estão relacionadas algumas afirmativas pertinentes ao assunto.
I. O ouro é dourado, pois seus átomos são dourados.
II. Uma substância “macia” não pode ser feita de moléculas “rígidas”.
III. Uma substância pura possui pontos de ebulição e fusão constantes, em virtude das
interações entre suas moléculas.
IV. A expansão dos objetos com a temperatura ocorre porque os átomos se expandem.
Dessas afirmativas, estão apoiadas na visão substancialista criticada pelo autor apenas
(A) I e II.
(B) III e IV.
(C) I, II e III.
(D) I, II e IV.
(E) II, III e IV.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
A B C
D
E
13 40 10
17
19
Habilidade: 19
128
Muitas vezes a linguagem relacionada à visão substancialista, constante em vários livros
didáticos, leva a inferir conceituações incorretas. A questão proposta tem como objetivo
levar os participantes a confrontarem essa visão com a atualmente aceita, que apresenta
explicações baseadas em interações moleculares, bem como verificar até que ponto os
alunos do ensino médio compreendem a conceituação mais correta e atual. Apenas 17%
dos participantes assinalaram a alternativa correta. O baixo desempenho nessa questão
pode referendar o exposto no início dessa análise ou ser decorrência de leitura desatenta e
não compreensiva, visto que o item solicita que o participante registre o que é considerado
equivocado, atualmente, do ponto de vista da química.
25
Em reportagem sobre crescimento
da população b
rasileira, uma
revista de divulgação científica
publicou tabela com a participação
relativa de grupos etários na
população brasileira, no período de
1970 a 2050 (projeção), em três
faixas de idade: abaixo de 15 anos;
entre 15 e 65 anos; e acima de 65
anos.
Admitindo-se que o título da reportagem se refira ao grupo etário cuja população cresceu
sempre, ao longo do período registrado, um título adequado poderia ser:
(A) “O Brasil de fraldas”
(B) “Brasil: ainda um país de adolescentes”
(C) “O Brasil chega à idade adulta”
(D) “O Brasil troca a escola pela fábrica”
(E) “O Brasil de cabelos brancos”
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
A B C D
E
3 16 41 10
31
Habilidade: 04
Para solucionar o problema proposto, o participante deve analisar o gráfico de barras, onde
pode identificar, sem grande dificuldade, que o grupo etário cuja participação relativa na
população brasileira cresceu sempre, no período considerado, foi o correspondente à
população acima de 65 anos. Os demais grupos etários não apresentam sempre
129
crescimento no período. Com essa identificação, escolhe a alternativa E, como fez cerca de
um terço dos participantes. A grande incidência de opção pela alternativa C possivelmente
ocorreu dada a associação que usualmente se faz entre idade adulta e cabelos brancos.
26
Na comparação entre diferentes processos de geração de energia, devem ser considerados
aspectos econômicos, sociais e ambientais. Um fator economicamente relevante nessa
comparação é a eficiência do processo. Eis um exemplo: a utilização do gás natural como
fonte de aquecimento pode ser feita pela simples queima num fogão (uso direto) ou pela
produção de eletricidade em uma termoelétrica e uso de aquecimento elétrico (uso indireto).
Os rendimentos correspondentes a cada etapa de dois desses processos estão indicados
entre parênteses no esquema.
Na comparação das eficiências, em termos globais, entre esses dois processos (direto e
indireto), verifica-se que
(A) a menor eficiência de P2 deve-se, sobretudo, ao baixo rendimento da termoelétrica.
(B) a menor eficiência de P2 deve-se, sobretudo, ao baixo rendimento na distribuição.
(C) a maior eficiência de P2 deve-se ao alto rendimento do aquecedor elétrico.
(D) a menor eficiência de P1 deve-se, sobretudo, ao baixo rendimento da fornalha.
(E) a menor eficiência de P1 deve-se, sobretudo, ao alto rendimento de sua distribuição.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
A
B C D E
19
11 38 18 14
Habilidade: 17
Como escolher, dentre duas opções de aquecimento, aquela mais eficiente? O gás natural
pode ser utilizado diretamente, e sua queima produz aquecimento, ou pode ser utilizado
como combustível, em uma termoelétrica. Nesse último caso, para também obter
aquecimento, é necessário um aquecedor elétrico. Para comparar a eficiência entre esses
dois processos, devem ser considerados os rendimentos de cada etapa de transformação
de energia, tal como apresentados no esquema. Essa comparação exige utilizar o conceito
de rendimento, associando valores mais próximos de 1,0 à maior eficiência. Além disso, é
preciso reconhecer o aspecto cumulativo dos valores indicados em cada etapa, de tal forma
130
que o rendimento do processo global corresponde ao produto dos rendimentos de cada uma
de suas etapas. Assim, o processo mais eficiente é P1 e o de menor eficiência P2
,
o que
poderia conduzir, em princípio, a qualquer uma das três primeiras alternativas, escolhidas
por 68% dos participantes. Entre essas, a alternativa correta é A (apenas 19%), pois
reconhece as transformações que ocorrem em uma termelétrica como sendo a etapa de
menor eficiência. Os participantes que optaram por B ou C podem ter considerado cada
etapa do processo de forma separada e não cumulativamente.
27
O código de barras, contido na maior parte dos
produtos industrializados, consiste num conjunto
de várias barras que podem estar preenchidas
com cor escura ou não. Quando um leitor óptico
passa sobre essas barras, a leitura de uma barra
clara é convertida no número 0 e a de uma barra
escura, no número 1. Observe abaixo um
exemplo simplificado de um código em um
sistema de código com 20 barras.
Se o leitor óptico for passado da esquerda para a direita irá ler: 01011010111010110001
Se o leitor óptico for passado da direita para a esquerda irá ler: 10001101011101011010
No sistema de código de barras, para se organizar o processo de leitura óptica de cada
código, deve-se levar em consideração que alguns códigos podem ter leitura da esquerda
para a direita igual à da direita para a esquerda,como o código 00000000111100000000, no
sistema descrito acima.
Em um sistema de códigos que utilize apenas cinco barras, a quantidade de códigos com
leitura da esquerda para a direita igual à da direita para a esquerda, desconsiderando-se
todas as barras claras ou todas as escuras, é
(A) 14. (B) 12. (C) 8. (D) 6. (E) 4.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
A B C
D
E
6 15 19
25
34
Habilidade: 15
O problema proposto pode ser resolvido usando o princípio fundamental da contagem, ou
pela contagem direta de todos os casos possíveis, já que a situação foi reduzida para um
sistema com apenas cinco barras, permitindo que participantes com pouco conhecimento
teórico do assunto tenham tido chance de resolver a questão. Muitos participantes que
optaram pela alternativa C devem ter esquecido de desconsiderar as situações em que
131
todas as barras são claras ou todas são escuras, o que não significa incompreensão do
fenômeno envolvido. Para aplicar o princípio da contagem, o participante deve observar que,
para o código apresentar a mesma leitura nos dois sentidos, como pede o enunciado da
questão, as barras simétricas em relação às extremidades do código devem ter a mesma
cor. Como são 5 barras, temos duas possibilidades (cores) para três situações definidas
pelas barras, nas posições primeira da mesma cor da quinta, segunda da mesma cor da
quarta e a cor da terceira. Ou seja, 2 x 3 = 6 códigos diferentes, resposta correta contida na
alternativa D, assinalada por um quarto dos participantes.
28
1 - “(...) O recurso ao terror por parte de quem já detém o poder dentro do Estado não
pode ser arrolado entre as formas de terrorismo político, porque este se qualifica, ao
contrário, como o instrumento ao qual recorrem determinados grupos para derrubar um
governo acusado de manter-se por meio do terror”.
2 - Em outros casos “os terroristas combatem contra um Estado de que não fazem
parte e não contra um governo (o que faz com que sua ação seja conotada como uma forma
de guerra), mesmo quando por sua vez não representam um outro Estado. Sua ação
aparece então como irregular, no sentido de que não podem organizar um exército e não
conhecem limites territoriais, já que não provêm de um Estado.”
Dicionário de Política (org.) BOBBIO, N., MATTEUCCI, N. e PASQUINO, G., Brasília: Edunb,1986.
De acordo com as duas afirmações, é possível comparar e distinguir os seguintes eventos
históricos:
I. Os movimentos guerrilheiros e de libertação nacional realizados em alguns países da África
e do sudeste asiático entre as décadas de 1950 e 70 são exemplos do primeiro caso.
II. Os ataques ocorridos na década de 1990, como às embaixadas de Israel, em Buenos
Aires, dos EUA, no Quênia e Tanzânia, e ao World Trade Center em 2001, são
exemplos do segundo caso.
III. Os movimentos de libertação nacional dos anos 50 a 70 na África e sudeste asiático, e
o terrorismo dos anos 90 e 2001 foram ações contra um inimigo invasor e opressor, e
são exemplos do primeiro caso.
É correto o que se afirma apenas em
(A) I.
(B) II.
(C) I e II.
(D) I e III.
(E) II e III.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
A B
C
D E
5 22
34
16 23
Habilidade: 20
132
A questão trata de um tema de extrema atualidade, o terrorismo. Para que o participante possa
discutir adequadamente o problema, é necessário que ele domine o significado, ou os
significados, do conceito. Neste sentido, a primeira parte da questão foi construída para que o
participante tivesse acesso a uma definição bem elaborada sobre as diversas formas de terror.
Após a compreensão do enunciado, o participante deveria relacionar o conceito com situações
historicamente determinadas. O texto citado, extraído do Dicionário de Política de Norberto
Bobbio, e os exemplos evocados permitem ao participante não apenas estabelecer relações entre
terrorismo e Estado de Direito, mas também entre as diferentes formas de expressão do
terrorismo, nos últimos cinqüenta anos, dando-lhe a ocasião de refletir sobre os diversos
contextos históricos dessa forma de luta e sobre os seus diferentes objetivos. Para responder
corretamente a esta questão, o participante deveria reconhecer nas afirmações essas duas
dimensões do terrorismo, refletindo a partir de alguns casos concretos: o luta contra o Estado de
Direito e a luta contra um governo. Cerca de um terço dos participantes assinalou corretamente a
alternativa C. Possivelmente, os participantes que registraram as demais alternativas não
mostraram o domínio de uma leitura compreensiva.
29
Os números e cifras envolvidos, quando lidamos com dados sobre produção e consumo de
energia em nosso país, são sempre muito grandes. Apenas no setor residencial, em um
único dia, o consumo de energia elétrica é da ordem de 200 mil MWh. Para avaliar esse
consumo, imagine uma situação em que o Brasil não dispusesse de hidrelétricas e tivesse
de depender somente de termoelétricas, onde cada kg de carvão, ao ser queimado, permite
obter uma quantidade de energia da ordem de 10 kWh.
Considerando que um caminhão transporta, em média, 10 toneladas de carvão, a
quantidade de caminhões de carvão necessária para abastecer as termoelétricas, a cada
dia, seria da ordem de
(A) 20. (B) 200. (C) 1.000. (D) 2.000. (E) 10.000.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
A B C
D
E
18 16 14
33
18
Habilidade: 17
Para avaliar diferentes opções energéticas, esse item propõe estimar a quantidade de carvão que
seria necessária, em uma termoelétrica, para produzir toda a energia consumida em residências
brasileiras, em um dia. Para isso, deve ser inicialmente estimado quanta energia todo o carvão
contido em um caminhão pode produzir. Isso equivale a 10.000 kg x 10 kWh/kg, ou seja, 100.000
kWh ou 100 MWh. Uma vez que o consumo residencial é de 200.000MWh, seriam necessários
133
(200.000 ÷ 100), ou seja, 2.000 caminhões de carvão por dia, resposta contida na alternativa D,
assinalada por cerca de um terço dos participantes. O item requer, além da habilidade para
identificar a relação proposta, um certo domínio nas conversões de unidades envolvidas. Talvez
as alternativas A e B tenham sido escolhidas devido a erros nessas conversões. Já as
alternativas C e E são menos plausíveis.
30
Só falta o Senado aprovar o projeto de lei [sobre o uso de termos estrangeiros no Brasil]
para que palavras como shopping center, delivery e drive-through sejam proibidas em
nomes de estabelecimentos e marcas. Engajado nessa valorosa luta contra o inimigo
ianque, que quer fazer área de livre comércio com nosso inculto e belo idioma, venho
sugerir algumas outras medidas que serão de extrema importância para a preservação da
soberania nacional, a saber:
........
Ÿ Nenhum cidadão carioca ou gaúcho poderá dizer “Tu vai” em espaços públicos do
território nacional;
Ÿ Nenhum cidadão paulista poderá dizer “Eu lhe amo” e retirar ou acrescentar o plural em
sentenças como “Me vê um chopps e dois pastel”;
..........
Ÿ Nenhum dono de borracharia poderá escrever cartaz com a palavra “borraxaria” e
nenhum dono de banca de jornal anunciará “Vende-se cigarros”;
..........
Ÿ Nenhum livro de gramática obrigará os alunos a utilizar colocações pronominais como
“casar-me-ei” ou “ver-se-ão”.
PIZA, Daniel. Uma proposta imodesta. O Estado de S. Paulo, São Paulo, 8/04/2001.
No texto acima, o autor
(A) mostra-se favorável ao teor da proposta por entender que a língua portuguesa deve ser
protegida contra deturpações de uso.
(B) ironiza o projeto de lei ao sugerir medidas que inibam determinados usos regionais e
socioculturais da língua.
(C) denuncia o desconhecimento de regras elementares de concordância verbal e nominal
pelo falante brasileiro.
(D) revela-se preconceituoso em relação a certos registros lingüísticos ao propor medidas
que os controlem.
(E) defende o ensino rigoroso da gramática para que todos aprendam a empregar
corretamente os pronomes.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
A
B
C D E
11
48
18 7 15
Habilidade: 06
Esta questão reproduz trechos de um texto que aborda o polêmico projeto de proibição de
uso de termos estrangeiros no Brasil. A partir da leitura atenta do texto de Daniel Piza, o
134
participante é levado a refletir sobre a postura adotada pelo autor em relação ao referido
projeto. Para compreender esse texto, o participante precisa reconhecer o tom irônico que
marca as observações e sugestões feitas por seu autor. Assim, Daniel Piza, “engajado
nessa valorosa luta contra o inimigo ianque”, sugere a proibição de algumas formas
lingüísticas de uso corrente que contrariam recomendações da gramática normativa. O
participante deve reconhecer que, com sugestões como essas, Daniel Piza deixa implícita
uma crítica à utilidade do projeto de proibição dos estrangeirismos como forma de proteger a
Língua Portuguesa. Nesse contexto, a ironia torna-se mais clara, bem como o mecanismo
textual que a constrói. Feito tal reconhecimento, o aluno encontra a resposta correta na
alternativa B, assinalada por cerca da metade dos participantes. Nenhuma outra alternativa
contempla o aspecto irônico, essencial para a compreensão do texto.
A corvina é um peixe carnívoro que se alimenta de crustáceos, moluscos e pequenos peixes
que vivem no fundo do mar. É bastante utilizada na alimentação humana, sendo encontrada
em toda a costa brasileira, embora seja mais abundante no sul do País. A tabela registra a
concentração média anual de mercúrio no tecido muscular de corvinas capturadas em
quatro áreas.
KEHRIG, H. A. & MALM, O. Mercúrio: uma avaliação na costa brasileira. Ciência Hoje, outubro, 1997.
31
Comparando as características das quatro áreas de coleta às respectivas concentrações
médias anuais de mercúrio nas corvinas capturadas, pode-se considerar que, à primeira
vista, os resultados
(A) correspondem ao esperado, uma vez que o nível de contaminação é proporcional ao
aumento da atividade industrial e do volume de esgotos domésticos.
(B) não correspondem ao esperado, especialmente no caso da Lagoa da Conceição, que
não apresenta contaminação industrial por mercúrio.
(C) não correspondem ao esperado no caso da Baía da Ilha Grande e da Lagoa da
Conceição, áreas nas quais não há fontes industriais de contaminação por mercúrio.
(D) correspondem ao esperado, ou seja, corvinas de regiões menos poluídas apresentam
as maiores concentrações de mercúrio.
135
(E) correspondem ao esperado, exceção aos resultados da Baía de Sepetiba, o que exige
novas investigações sobre o papel das marés no transporte de mercúrio.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
A B C D
E
30 16 15 12
27
Habilidade: 16
Os itens 31 e 32 abordam tema relacionado à poluição e bioacumulação de metais pesados.
Nestas questões, os participantes devem comparar características das quatro áreas com suas
respectivas concentrações médias anuais de mercúrio nos peixes e avaliar os resultados da
pesquisa. Embora a bacia da Baía de Sepetiba apresente atualmente intensa urbanização
desordenada e atividade industrial em expansão, os dados fornecidos sugerem que nessa área
as fontes industriais não são poluidoras por mercúrio, o que nos permite, de acordo com os
dados fornecidos, inferir que são necessárias novas investigações sobre o papel das marés no
transporte de mercúrio nessa baía. Como os resultados das demais áreas de coleta
correspondem ao esperado, ou seja, quanto maior a atividade industrial sem controle de
poluição maior a concentração de mercúrio nos tecidos musculares das corvinas, a resposta
correta é a alternativa E, assinalada por 27% dos participantes. Aqueles que optaram pelas
alternativas B, C e D (43%) possivelmente não souberam confrontar os dados das duas últimas
colunas da tabela com as quatro áreas de coleta. Os que optaram pela alternativa A (30%)
apresentaram um raciocínio correto e esperado de maneira geral, mas, provavelmente,
negligenciaram que outras variáveis podem estar relacionadas com as concentrações de
mercúrio nos peixes coletados nas quatro áreas, como o efeito das marés na Baía de Sepetiba.
32
Segundo a legislação brasileira, o limite máximo permitido para as concentrações de
mercúrio total é de 500 nanogramas por grama de peso úmido. Ainda levando em conta os
dados da tabela e o tipo de circulação do mercúrio ao longo da cadeia alimentar, pode-se
considerar que a ingestão, pelo ser humano, de corvinas capturadas nessas regiões,
(A) não compromete a sua saúde, uma vez que a concentração de mercúrio é sempre
menor que o limite máximo permitido pela legislação brasileira.
(B) não compromete a sua saúde, uma vez que a concentração de poluentes diminui a
cada novo consumidor que se acrescenta à cadeia alimentar.
(C) não compromete a sua saúde, pois a concentração de poluentes aumenta a cada novo
consumidor que se acrescenta à cadeia alimentar.
(D) deve ser evitada, apenas quando entre as corvinas e eles se interponham outros
consumidores, como, por exemplo, peixes de maior porte.
(E) deve ser evitada sempre, pois a concentração de mercúrio das corvinas ingeridas se
soma à já armazenada no organismo humano.
136
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
A B C D
E
27 11 8 15
39
Habilidade: 16
Para responder corretamente esta questão, os participantes deveriam ter conhecimento
prévio sobre o fenômeno da bioacumulação de metais pesados na cadeia trófica. Os metais
pesados não se perdem ao longo da cadeia como energia e matéria; ocorre um acúmulo
progressivo de metais pesados à medida que são transferidos para o nível trófico seguinte.
Neste sentido, a ingestão de alimentos contaminados por mercúrio deve sempre ser evitada,
já que têm efeito cumulativo no organismo humano. Está correta a alternativa E, assinalada
por 39% dos participantes. Aqueles que optaram pelas alternativas A e B (38%),
possivelmente não registraram o fenômeno da bioacumulação. Os que marcaram a
alternativa C (8%) conhecem o fenômeno, mas, provavelmente, desconhecem seus efeitos
danosos à saúde dos organismos e não fizeram a associação desses malefícios com a
existência de legislação reguladora do limite máximo de mercúrio, presente no enunciado da
questão. Os participantes que optaram pela alternativa D (15%) conhecem em parte o
fenômeno, pois reconhecem o aumento da concentração de metais pesados em níveis
tróficos superiores, mas negligenciam a acumulação ao longo do tempo de vida de um
organismo individual.
33
Segundo matéria publicada em um jornal brasileiro, “Todo o lixo (orgânico) produzido pelo
Brasil hoje cerca de 20 milhões de toneladas por ano seria capaz de aumentar em 15%
a oferta de energia elétrica. Isso representa a metade da energia produzida pela hidrelétrica
de Itaipu. O segredo está na celulignina, combustível sólido gerado a partir de um processo
químico a que são submetidos os resíduos orgânicos”.
O Estado de São Paulo, 01/01/2001.
Independentemente da viabilidade econômica desse processo, ainda em fase de pesquisa,
na produção de energia pela técnica citada nessa matéria, a celulignina faria o mesmo papel
(A) do gás natural em uma usina termoelétrica.
(B) do vapor d’água em uma usina termoelétrica.
(C) da queda d’água em uma usina hidrelétrica.
(D) das pás das turbinas em uma usina eólica.
(E) do reator nuclear em uma usina termonuclear.
137
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
A
B C D E
35
12 31 8 14
Habilidade: 17
Esse item requer que se identifique o papel do combustível na geração de energia para
fins de sua utilização social. Para isso, os participantes devem associar corretamente os
combustíveis utilizados em diferentes processos, sendo o gás natural o combustível de
usinas termoelétricas, resposta contida na alternativa assinalada por 35% dos
participantes. A alternativa B foi escolhida por aqueles que, provavelmente, não
compreenderam o papel do vapor d’água como veículo de transporte da energia térmica
nas termelétricas, e o confundem com o combustível. Nas demais alternativas, estão
presentes equipamentos ou elementos que não são, eles mesmos, fontes de energia,
como seria o caso dos combustíveis.
34
Numa área de praia, a brisa marítima é uma conseqüência da diferença no tempo de
aquecimento do solo e da água, apesar de ambos estarem submetidos às mesmas
condições de irradiação solar. No local (solo) que se aquece mais rapidamente, o ar fica
mais quente e sobe, deixando uma área de baixa pressão, provocando o deslocamento do
ar da superfície que está mais fria (mar).
À noite, ocorre um processo inverso ao que se verifica durante o dia
138
Como a água leva mais tempo para esquentar (de dia), mas também leva mais tempo para
esfriar (à noite), o fenômeno noturno (brisa terrestre) pode ser explicado da seguinte
maneira:
(A) O ar que está sobre a água se aquece mais; ao subir, deixa uma área de baixa pressão,
causando um deslocamento de ar do continente para o mar.
(B) O ar mais quente desce e se desloca do continente para a água, a qual não conseguiu
reter calor durante o dia.
(C) O ar que está sobre o mar se esfria e dissolve-se na água; forma-se, assim, um centro
de baixa pressão, que atrai o ar quente do continente.
(D) O ar que está sobre a água se esfria, criando um centro de alta pressão que atrai
massas de ar continental.
(E) O ar sobre o solo, mais quente, é deslocado para o mar, equilibrando a baixa
temperatura do ar que está sobre o mar.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
A
B C D E
32
16 15 11 26
Habilidade: 09
A importância da água na dinâmica da circulação da atmosfera é analisada, nesse item, a
partir da descrição do processo de formação da brisa marítima que, durante o dia, sopra do
mar para o continente. A previsão do movimento de circulação noturno, quando a brisa
terrestre sopra da terra para o mar, requer a compreensão de que o aquecimento do ar
sobre o oceano faz com que ele se expanda e suba. Da mesma forma que no processo
descrito, a diferença de pressão horizontal assim gerada provoca o movimento do ar da
terra para o mar, como indicado no esquema. Ou seja, o ar que está sobre a água está mais
quente do que o ar sobre o solo; ao subir deixa uma zona de baixa pressão, causando um
deslocamento de ar do continente (alta pressão) para o mar (baixa pressão). Está é a
resposta correta para a situação-problema e corresponde à letra A, assinalada por cerca de
um terço dos participantes. As demais alternativas consideram que o ar sobre o mar não
esquenta ao longo do dia, estando todas, desde as premissas, erradas. O processo é
explicado e a resposta, praticamente contida no enunciado: “À noite, ocorre um processo
inverso ao que se verifica durante o dia”.
35
Entre as inúmeras recomendações dadas para a economia de energia elétrica em uma
residência, destacamos as seguintes:
? Substitua lâmpadas incandescentes por fluorescentes compactas.
? Evite usar o chuveiro elétrico com a chave na posição “inverno” ou “quente”.
? Acumule uma quantidade de roupa para ser passada a ferro elétrico de uma só vez.
139
? Evite o uso de tomadas múltiplas para ligar vários aparelhos simultaneamente.
? ?Utilize, na instalação elétrica, fios de diâmetros recomendados às suas finalidades.
A característica comum a todas essas recomendações é a proposta de economizar energia
através da tentativa de, no dia-a-dia, reduzir
(A) a potência dos aparelhos e dispositivos elétricos.
(B) o tempo de utilização dos aparelhos e dispositivos.
(C) o consumo de energia elétrica convertida em energia térmica.
(D) o consumo de energia térmica convertida em energia elétrica.
(E) o consumo de energia elétrica através de correntes de fuga.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
A B
C
D E
16 27
24
11 20
Habilidade: 07
A energia elétrica utilizada no consumo residencial sofre contínuas transformações. O item
requer que se identifique a relação entre essas transformações e as recomendações para
economia constantemente veiculadas na imprensa. Assim, requer-se do participante a
compreensão de que todo dispositivo elétrico resistivo, em última análise, transforma
eletricidade em calor, ou seja, em energia térmica, como indicado corretamente na
alternativa C (assinalada por cerca de um quarto dos participantes), mesmo nos casos em
que o objetivo central não seja gerar calor. Uma vez que nem a potência nem o tempo de
utilização dos equipamentos são mencionados, as alternativas A e B não são opções
adequadas e foram juntas escolhidas por 43% dos participantes, embora a redução de
qualquer um desses fatores possa também resultar em economia. A transformação de
energia térmica em elétrica (alternativa D) é um processo que não ocorre no consumo
residencial, enquanto a alternativa E refere-se a um processo que corresponde a apenas
algumas das recomendações apresentadas, mas não a todas, como exigido pela proposição
do item.
36
A chuva é determinada, em grande parte, pela topografia e pelo padrão dos grandes
movimentos atmosféricos ou metereológicos. O gráfico mostra a precipitação anual média
(linhas verticais) em relação à altitude (curvas) em uma região em estudo.
140
De uma análise ambiental desta região concluiu-se que:
I. Ventos oceânicos carregados de umidade depositam a maior parte desta umidade, sob a
forma de chuva, nas encostas da serra voltadas para o oceano.
II. Como resultado da maior precipitação nas encostas da serra, surge uma região de
possível desertificação do outro lado dessa serra.
III. Os animais e as plantas encontram melhores condições de vida, sem períodos
prolongados de seca, nas áreas distantes 25km e 100km, aproximadamente, do oceano.
É correto o que se afirma em:
(A) I, apenas.
(B) I e II, apenas.
(C) I e III, apenas.
(D) II e III, apenas.
(E) I, II e III.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
A B C D
E
18 23 29 11
19
Habilidade: 09
Este item relaciona ventos oceânicos, topografia e precipitação média anual. Embora
envolva conhecimentos sobre precipitação atmosférica, a interpretação correta do gráfico
possibilita que o participante, mesmo não conhecendo previamente a relação mostrada,
acerte a resposta correta. Ressalte-se que o gráfico, com três variáveis que devem ser lidas
duas a duas, apresenta uma complexidade adicional para o participante. A afirmação I é a
mais plausível das três: massas de ar quente oceânicas carregadas de umidade se resfriam
ao subir as encostas, condensando e precipitando água, e, conseqüentemente, a maior
parte da umidade é depositada nas encostas voltadas para o oceano como chuvas
orográficas. A afirmação II poderia confundir o participante porque o gráfico não define o
limite de precipitação para uma área desertificada, embora 300mm e 200mm sejam médias
anuais baixas. No entanto, o princípio está representado, e uma região de possível
desertificação pode ocorrer de fato no reverso das encostas voltadas para o oceano. A
141
afirmação III também não é tão óbvia quanto a primeira, isto porque 400mm a 500mm de
precipitação anual, mesmo sem períodos prolongados de seca, não representam condições
ótimas para o estabelecimento de espécies de animais ou plantas. No entanto,
considerando o contexto regional apresentado, pode-se assumir que, nas áreas citadas
(distantes 25km e 100km do aceano), as condições de umidade são suficientemente
melhores que nas outras áreas representadas; é de se esperar que, em áreas mais úmidas,
a diversidade, a biomassa e a abundância de organismos sejam maiores do que em áreas
mais secas na mesma região. Portanto, participantes que optaram pelas respostas A, B e C
(70%) podem ter tido estes questionamentos . Os que marcaram a resposta D (11%)
desconsideraram o fator principal que torna as outras conclusões possíveis. Apenas 19%
assinalaram a resposta correta.
37
“O continente africano em seu conjunto apresenta 44% de suas fronteiras apoiadas em
meridianos e paralelos; 30% por linhas retas e arqueadas, e apenas 26% se referem a
limites naturais que geralmente coincidem com os de locais de habitação dos grupos
étnicos.”
MARTIN, A. R. Fronteiras e Nações. Contexto, São Paulo, 1998.
Diferente do continente americano, onde quase que a totalidade das fronteiras obedecem a
limites naturais, a África apresenta as características citadas em virtude, principalmente,
(A) da sua recente demarcação, que contou com técnicas cartográficas antes desconhecidas.
(B) dos interesses de países europeus preocupados com a partilha dos seus recursos
naturais.
(C) das extensas áreas desérticas que dificultam a demarcação dos “limites naturais”.
(D) da natureza nômade das populações africanas, especialmente aquelas oriundas da
África Subsaariana.
(E) da grande extensão longitudinal, o que demandaria enormes gastos para demarcação.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
A
B
C D E
9
32
34 13 11
Habilidade: 21
Para resolver esta questão o aluno deveria relacionar os seus conhecimentos
de geografia aos seus conhecimentos de história. Nesse sentido, trata-se de
compreender qual foi o momento histórico de definição das fronteiras no continente
africano e porque as potências imperiais, que realizaram a partilha da África, não
consideraram os limites naturais e as afinidades étnicas das populações africanas que
habitavam determinadas regiões daquele continente. Os conflitos que atualmente
142
afligem aquele continente são tributários da forma com que se deu a definição das
fronteiras nacionais, o que justifica a importância e a atualidade do tema tratado na
questão. O participante foi levado, nesta questão, a interpretar dados que caracterizam
processos histórico-geográficos determinados. Cerca de um terço dos participantes
assinalou a alternativa correta B. Os que optaram pelas outras alternativas
consideraram mais os aspectos técnicos da demarcação de fronteiras, que, mesmo
sendo relevantes, não foram determinantes no caso da África.
38
A capa de uma revista de grande circulação trazia a seguinte informação, relativa a uma
reportagem daquela edição:
“O brasileiro diz que é feliz na cama, mas debaixo dos lençóis 47% não sentem vontade de
fazer sexo”.
O texto abaixo, no entanto, adaptado da mesma reportagem, mostra que o dado acima está
errado:
“Outro problema predominantemente feminino é a falta de desejo 35% das mulheres não
sentem nenhuma vontade de ter relações. Já entre os homens, apenas 12% se queixam de
falta de desejo”.
Considerando que o número de homens na população seja igual ao de mulheres, a
porcentagem aproximada de brasileiros que não sentem vontade de fazer sexo, de acordo
com a reportagem, é
(A) 12%. (B) 24%. © 29%. (D) 35%. (E) 50%.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
A
B
C D E
14
31
12 24 19
Habilidade: 15
Nesta questão é dado destaque para um tipo de erro que por vezes é cometido em órgãos
de comunicação, como jornais e revistas, ao lidarem com taxas percentuais referidas a
universos diferentes. Para resolver a questão proposta, o participante deve observar que o
primeiro texto, que se refere a todos os brasileiros (incluindo homens e mulheres), está
considerado errado pela proposta do item, e que o segundo texto, considerado correto, trata
de cada sexo separadamente. Além disso, o enunciado considera que o número de homens
é igual ao de mulheres. Assim, o número de brasileiros que não sentem vontade de fazer
sexo é 35% de 50% + 12% de 50% = 23,5% pessoas, ou seja, aproximadamente 24% das
pessoas, resposta contida na alternativa B, assinalada por cerca de um terço dos
participantes. Os participantes que optaram pelas alternativas D e E provavelmente não
143
fizeram uma leitura atenta da questão: no primeiro caso assinalaram o percentual de
mulheres citado que “não sentem nenhuma vontade de ter relações” e, no segundo,
registraram o percentual de homens (ou de mulheres) citado na hipótese do enunciado.
39
Considere o papel da técnica no desenvolvimento da constituição de sociedades e três invenções
tecnológicas que marcaram esse processo: invenção do arco e flecha nas civilizações primitivas,
locomotiva nas civilizações do século XIX e televisão nas civilizações modernas.
A respeito dessas invenções são feitas as seguintes afirmações:
I. A primeira ampliou a capacidade de ação dos braços, provocando mudanças na forma
de organização social e na utilização de fontes de alimentação.
II. A segunda tornou mais eficiente o sistema de transporte, ampliando possibilidades de
locomoção e provocando mudanças na visão de espaço e de tempo.
III. A terceira possibilitou um novo tipo de lazer que, envolvendo apenas participação
passiva do ser humano, não provocou mudanças na sua forma de conceber o mundo.
Está correto o que se afirma em:
(A) I, apenas.
(B) I e II, apenas.
(C) I e III, apenas.
(D) II e III, apenas.
(E) I, II e III.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
A
B
C D E
5
58
9 13 15
Habilidade: 21
A questão propõe ao participante uma reflexão sobre um dos temas mais complexos dos
estudos históricos: as conseqüências das inovações tecnológicas não apenas no domínio da
natureza, mas também sobre a própria visão de mundo dos homens que as criaram. A
formulação da questão leva o participante a tornar consciente e explicitar que a práxis é
motivada pelas necessidades humanas, mas que ela desencadeia igualmente processos
nem sempre controlados ou previstos no seu início. Nesse sentido, há mesmo uma sutil
ironia na afirmação III, pois a referida imprevisibilidade não implica forçosamente a
“passividade” do ser humano diante do fenômeno desencadeado, nem tampouco
“constância” em sua forma de conceber o mundo. Para responder corretamente a questão, o
participante deveria representar mentalmente um princípio dialético segundo o qual, na
História, todo movimento gera movimento. Cerca de 60% dos participantes assinalaram
corretamente a alternativa B. As escolhas em C, D e E (37%) revelam, possivelmente, a
144
crença de que as invenções, em particular a televisão, não provocaram mudanças na forma
do ser humano conceber o mundo.
40
Para testar o uso do algicida sulfato de cobre em tanques para criação de camarões,
estudou-se, em aquário, a resistência desses organismos a diferentes concentrações de
íons cobre (representados por Cu
2+
). Os gráficos relacionam a mortandade de camarões
com a concentração de Cu
2+
e com o tempo de exposição a esses íons.
Se os camarões utilizados na experiência fossem introduzidos num tanque de criação
contendo 20.000 l de água tratada com sulfato de cobre, em quantidade suficiente para
fornecer 50 g de íons cobre, estariam vivos, após 24 horas, cerca de
(A) 1/5. (B) 1/4. (C) 1/2. (D) 2/3. (E) 3/4.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
A B
C
D E
13 20
29
26 12
Habilidade: 16
Para resolver o problema proposto, o participante deve analisar os resultados que pode
obter da leitura correta dos gráficos e concluir sobre a proposta do teste do uso de algicida
sulfato de cobre em tanques pára criação de camarões. O enunciado da questão fornece as
informações que permitem calcular a concentração de Cu
2+
, dada por 50.000 mg/20.000
litros = 2,5 mg/litro. O gráfico II mostra que a concentração de 2,5 mg/litro de Cu
2+
, depois de
24 horas, causa a mortandade de metade dos camarões. Assim, estariam vivos, depois de
24 horas, a metade deles, o que está contido na alternativa C, assinalada por 29% dos
participantes. Os altos percentuais de escolha nas demais alternativas deve-se, provavelmente,
a uma leitura não compreensiva dos gráficos.
145
Existem muitas diferenças entre as culturas cristã e islâmica. Uma das principais diz respeito
ao Calendário. Enquanto o Calendário Cristão (Gregoriano) considera um ano como o
período correspondente ao movimento de translação da Terra em torno do Sol
aproximadamente 365 dias, o Calendário Muçulmano se baseia nos movimentos de
translação da Lua em torno da Terra aproximadamente 12 por ano, o que corresponde a
anos intercalados de 254 e 255 dias.
41
Considerando que o Calendário Muçulmano teve início em 622 da era cristã e que cada 33
anos muçulmanos correspondem a 32 anos cristãos, é possível estabelecer uma
correspondência aproximada de anos entre os dois calendários, dada por:
(C = Anos Cristãos e M = Anos Muçulmanos)
(A) C = M + 622 (M/33).
(B) C = M 622 + (C 622/32).
(C) C = M 622 (M/33).
(D) C = M 622 + (C 622/33).
(E) C = M + 622 (M/32).
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
A
B C D E
18
21 20 23 18
Habilidade: 04
Esta é uma questão em que caberia ao participante identificar a existência de uma relação
de proporcionalidade direta entre as grandezas envolvidas. Como esta proporcionalidade
não está muito explícita, provavelmente boa parte dos alunos sentiu dificuldade na solução,
ou não soube transformar a relação obtida na forma apresentada na alternativa A, correta,
assinalada por apenas 18% dos participantes:
CRISTÃO MULÇUMANO
32 33
C 622 M
33
M
622MC +=
.
146
42
O ano muçulmano é composto de 12 meses, dentre eles o Ramadã, mês sagrado para os
muçulmanos que, em 2001, teve início no mês de novembro do Calendário Cristão,
conforme a figura que segue.
Considerando as características do Calendário Muçulmano, é possível afirmar que, em
2001, o mês Ramadã teve início, para o Ocidente, em
(A) 01 de novembro.
(B) 08 de novembro.
(C) 16 de novembro.
(D) 20 de novembro.
(E) 28 de novembro.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
A B
C
D E
34 29
18
11 8
Habilidade: 10
Essa questão lembra ao candidato que o Calendário Muçulmano é lunar. Considerando que um
calendário lunar tem início com a lua nova e que a figura mostra que no mês de novembro de
2001 a lua nova teve início em 15 de novembro, o primeiro dia do mês Ramadã, em 2001, foi 16
de novembro, resposta contida na alternativa C, assinalada por 18% dos participantes. A opção
pela alternativa A revela, possivelmente, que os participantes não consideraram as diferenças
entre os calendários tratadas no texto comum e que antecede o enunciado das questões 41 e
42. As outras escolhas devem-se, possivelmente, ao fato de os participantes desconhecerem
que um calendário lunar tem início com a lua nova.
147
43
Em usinas hidrelétricas, a queda d’água move turbinas que acionam geradores. Em usinas
eólicas, os geradores são acionados por hélices movidas pelo vento. Na conversão direta
solar-elétrica são células fotovoltaicas que produzem tensão elétrica. Além de todos
produzirem eletricidade, esses processos têm em comum o fato de
(A) não provocarem impacto ambiental.
(B) independerem de condições climáticas.
(C) a energia gerada poder ser armazenada.
(D) utilizarem fontes de energia renováveis.
(E) dependerem das reservas de combustíveis fósseis.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
A B C
D
E
30 9 24
31
5
Habilidade: 07
São descritos três processos de geração de energia elétrica para uso social. O item requer
que o participante identifique o fato de que, nos três casos, trata-se de fontes renováveis de
energia, como aparece na alternativa correta D, escolhida por 31% dos participantes. A
alternativa A (30%), embora incorreta, provavelmente atraiu aqueles participantes que
associam o caráter renovável à ausência de impacto ambiental, enquanto a alternativa C
(24%) faz referência à possibilidade de armazenamento, não mencionada na descrição dos
processos. As demais alternativas podem ser identificadas como incorretas mais facilmente,
tendo como referência o conhecimento de senso comum.
44
Uma nova preocupação atinge os profissionais que trabalham na prevenção da AIDS no
Brasil. Tem-se observado um aumento crescente, principalmente entre os jovens, de novos
casos de AIDS, questionando-se, inclusive, se a prevenção vem sendo ou não relaxada.
Essa temática vem sendo abordada pela mídia:
“Medicamentos já não fazem efeito em 20% dos infectados pelo vírus HIV.
Análises revelam que um quinto das pessoas recém-infectadas não haviam sido submetidas
a nenhum tratamento e, mesmo assim, não responderam às duas principais drogas anti-
AIDS. Dos pacientes estudados, 50% apresentavam o vírus FB, uma combinação dos dois
subtipos mais prevalentes no país, F e B”.
Adaptado do Jornal do Brasil, 02/10/2001.
Dadas as afirmações acima, considerando o enfoque da prevenção, e devido ao aumento
de casos da doença em adolescentes, afirma-se que
I. O sucesso inicial dos coquetéis anti-HIV talvez tenha levado a população a se descuidar
e não utilizar medidas de proteção, pois se criou a idéia de que estes remédios sempre
funcionam.
148
II. Os vários tipos de vírus estão tão resistentes que não há nenhum tipo de tratamento
eficaz e nem mesmo qualquer medida de prevenção adequada.
III. Os vírus estão cada vez mais resistentes e, para evitar sua disseminação, os infectados
também devem usar camisinhas e não apenas administrar coquetéis.
Está correto o que se afirma em
(A) I, apenas.
(B) II, apenas.
(C) I e III, apenas.
(D) II e III, apenas.
(E) I, II e III.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
A B
C
D E
6 5
54
21 13
Habilidade: 12
A questão trata do aumento crescente, principalmente entre os jovens, de novos casos de
AIDS. O problema apresentado exige do participante que combine informações dadas que
permitam aceitar ou rejeitar hipóteses que podem explicar o aumento da doença entre os
jovens, apesar dos avanços no seu tratamento. Medidas como o uso de preservativos e o
não-compartilhamento ou a não-reutilização de seringas continuam sendo importantíssimas
para prevenir a disseminação, especialmente entre os infectados sob tratamento
medicamentoso, que têm a falsa sensação de estarem curados ou imunes. Embora a
afirmativa I esteja correta, é preciso considerar que esse aumento está relacionado também
com o relaxamento com a educação sexual nas escolas e com as campanhas educativas de
prevenção. A afirmativa II está errada, já que considera que não há nenhum tipo de
tratamento eficaz e nem mesmo qualquer medida de prevenção adequada. A afirmativa III
está correta e de acordo com a manchete da notícia reproduzida no enunciado; além disso,
chama a atenção para medidas de prevenção. Os participantes que consideraram somente
a afirmativa II correta (apenas 5%) desconhecem medidas de prevenção ou negligenciam o
sucesso do tratamento em 80% dos casos. Os que consideraram as afirmativas II e III
corretas se confundiram, pois elas são excludentes (alternativas D e E, juntas com 34% de
escolhas). Os participantes que consideraram somente a afirmativa I correta (6%)
provavelmente não acreditam que os vírus possam se tornar mais resistentes. Mais da
metade dos participantes assinalou a resposta correta.
149
45
Um jornalista publicou um texto do qual estão transcritos trechos do primeiro e do último
parágrafos:
“ ‘Mamãezinha, minhas mãozinhas vão crescer de novo?’ Jamais esquecerei a cena que vi,
na TV francesa, de uma menina da Costa do Marfim falando com a enfermeira que trocava
os curativos de seus dois cotos de braços. (...) ”
.......................................................................................................................................................
“Como manter a paz num planeta onde boa parte da humanidade não tem acesso às
necessidade básicas mais elementares? (...) Como reduzir o abismo entre o camponês
afegão, a criança faminta do Sudão, o Severino da cesta básica e o corretor de Wall Street?
Como explicar ao menino de Bagdá que morre por falta de remédios, bloqueados pelo
Ocidente, que o mal se abateu sobre Manhattan? Como dizer aos chechenos que o que
aconteceu nos Estados Unidos é um absurdo? Vejam Grozny, a capital da Chechênia,
arrasada pelos russos. Alguém se incomodou com os sofrimentos e as milhares de vítimas
civis, inocentes, desse massacre? Ou como explicar à menina da Costa do Marfim o sentido
da palavra ‘civilização’ quando ela descobrir que suas mãos não crescerão jamais? ”
UTZERI, Fritz. Jornal do Brasil, 17/09/2001.
Apresentam-se, abaixo, algumas afirmações também retiradas do mesmo texto. Aquela que
explicita uma resposta do autor para as perguntas feitas no trecho citado é:
(A) “tristeza e indignação são grandes porque os atentados ocorreram em Nova Iorque”.
(B) “ao longo da história, o homem civilizado globalizou todas as suas mazelas”.
(C) “a Europa nos explorou vergonhosamente”.
(D) “o neoliberalismo institui o deus mercado que tudo resolve”.
(E) “os negócios das indústrias de armas continuam de vento em popa”.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
A
B
C D
E
23
38
8 12
18
Habilidade: 01
Esta questão apresentou para o participante uma situação-problema referente a um fenômeno de
natureza social, caracterizado pela reprodução de dois trechos de um artigo de jornal. No texto,
parte-se de um episódio trágico (uma criança africana que não compreende o que aconteceu com
suas mãos amputadas, pelo que o texto dá a entender), apresentado no primeiro parágrafo,
para ilustrar o que parece ser uma marca do mundo contemporâneo: a grande disparidade
socioeconômica que provoca situações de grande violência aparentemente incompreensíveis e
certamente incompatíveis com um mundo “civilizado”. O participante recebeu, como dados para
reflexão, o primeiro e último parágrafos de um texto do jornalista Fritz Utzeri. Sua tarefa seria, a
partir desses dados, analisar as alternativas (também retiradas do mesmo texto) e escolher aquela
que apresentasse uma resposta do autor para as perguntas que faz a respeito da situação
paradoxal referida pelo texto. Os que optaram pela alternativa A (23%), possivelmente, não
perceberam que ela traz uma informação particularizada, o que não explica o quadro mais geral
150
delineado pelo texto. O mesmo problema deveria ser identificado nas alternativas C e E,
assinaladas por 26% dos participantes. A inadequação do trecho apresentado na alternativa D,
com 12% de registros, ocorre porque nele fala-se de “resolução” de algo pelo “deus mercado” e,
na verdade, o cenário apresentado pelo texto é o de constatação de um problema para o qual não
há resolução. A alternativa B, assinalada por 38% dos participantes, mostra-se correta, nesse
contexto, porque apresenta uma interpretação aplicável ao cenário delineado pelo texto:
constatamos violência e disparidades socioeconômicas em lugares diferentes porque o homem,
em lugar de resolver suas mazelas, acabou por globalizá-las.
46
A leitura do poema Descrição da guerra em Guernica traz à lembrança o famoso quadro de
Picasso.
Entra pela janela
o anjo camponês;
com a terceira luz na mão;
minucioso, habituado
aos interiores de cereal,
aos utensílios que dormem na fuligem;
os seus olhos rurais
não compreendem bem os símbolos
desta colheita: hélices,
motores furiosos;
e estende mais o braço; planta
no ar, como uma árvore
a chama do candeeiro.
(...)
Carlos de Oliveira in ANDRADE, Eugénio. Antologia Pessoal da Poesia Portuguesa. Porto: Campo das
Letras, 1999.
Uma análise cuidadosa do quadro permite que se identifiquem as cenas referidas nos
trechos do poema.
151
Podem ser relacionadas ao texto lido as partes:
(A) a1, a2, a3. (B) f1, e1, d1. (C) e1, d1, c1. (D) c1, c2, c3. (E) e1, e2, e3.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
A B
C
D
E
8 18
49
18
6
Habilidade: 5
O trecho do poema “Descrição da guerra em Guernica”, transcrito na prova, cria para o
participante uma interessante relação intertextual: o poeta Carlos de Oliveira propõe uma leitura
interpretativa do conhecido quadro de Pablo Picasso. Além do poema, o quadro de Picasso foi
também reproduzido na questão, de modo a permitir que o aluno tivesse condições de “ler” essa
obra de arte e nela reconhecer as referências criadas pelo texto de Carlos de Oliveira. Os
primeiros versos do poema fazem referência à entrada de um “anjo camponês” pela janela. No
quadro, essa imagem pode ser identificada no quadro e1. Mais adiante, os versos aludem a um
braço estendido que “planta/ no ar.../ a chama do candeeiro”. Para compreender a metáfora
criada, o participante deveria perceber, em primeiro lugar, que o braço estendido seria do anjo
camponês, identificado no quadro e1. Esse reconhecimento daria a chave de resposta da
questão, porque permitiria que a imagem da entrada do anjo com o braço estendido portando
um candeeiro fosse associada aos quadros e1, d1, c1 , contidos na alternativa C, assinalada
por cerca de metade dos participantes.
47
O diagrama mostra
a utilização das diferentes
fontes de energia no cenário mundial. Embora
aproximadamente um terço de toda energia
primária seja orientada à produção de
eletricidade, apenas 10% do total são obtidos
em forma de energia elétrica útil.
A pouca eficiência do
processo de produção de
eletricidade deve-
se, sobretudo, ao fato de as
usinas
(A) nucleares utilizarem processos de aquecimento, nos quais as temperaturas atingem
milhões de graus Celsius, favorecendo perdas por fissão nuclear.
152
B) termelétricas utilizarem processos de aquecimento a baixas temperaturas, apenas da
ordem de centenas de graus Celsius, o que impede a queima total dos combustíveis
fósseis.
(C) hidrelétricas terem o aproveitamento energético baixo, uma vez que parte da água em
queda não atinge as pás das turbinas que acionam os geradores elétricos.
(D) nucleares e termelétricas utilizarem processos de transformação de calor em trabalho
útil, no qual as perdas de calor são sempre bastante elevadas.
(E) termelétricas e hidrelétricas serem capazes de utilizar diretamente o calor obtido do
combustível para aquecer a água, sem perda para o meio.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
A B C
D
E
13 13 29
31
13
Habilidade: 07
O diagrama apresentado corresponde à afirmativa de que, no cenário mundial, a produção
de eletricidade ocorre com pouca eficiência. Esse item requer que o participante identifique
razões plausíveis para esse fato, a partir de considerações sobre diferentes tipos de usinas
geradoras de eletricidade. Nas alternativas B, C e E (assinaladas por mais da metade dos
participantes), o processo de geração está descrito de forma incorreta: termelétricas
envolvem altas temperaturas, hidrelétricas apresentam alta eficiência, além de não
utilizarem combustível. O processo descrito na alternativa A (13%) está correto, embora as
usinas nucleares tenham participação restrita e não possam ser responsabilizadas pela
baixa eficiência para o conjunto da utilização mundial. Assim, a alternativa correta é D, em
que se enfatiza a produção de calor mencionada no diagrama e foi assinalada por cerca de
um terço dos participantes.
48
Em março de 2001, o presidente dos Estados
Unidos da América, George W. Bush, causou
polêmica ao contestar o pacto de Kyoto,
dizendo que o acordo é prejudicial à economia
norte-americana em um momento em que o
país passa por uma crise de energia (...) O
protocolo de Kyoto prevê que os países
industrializados reduzam suas emissões de
CO
2
até 2012 em 5,2%, em relação aos níveis
de 1990.
Adaptado da Folha de São Paulo, 11/04/2001.
153
O gráfico mostra o total de CO
2
emitido nos últimos 50 anos por alguns países, juntamente
com os valores de emissão máxima de CO
2
por habitante no ano de 1999.
Dados populacionais aproximados (nº de habitantes):
- EUA: 240 milhões
- BRASIL: 160 milhões
Se o Brasil mantivesse constante a sua população e o seu índice anual máximo de emissão
de CO
2
, o tempo necessário para o Brasil atingir o acumulado atual dos EUA seria,
aproximadamente, igual a
(A) 60 anos. (B) 230 anos. (C) 460 anos. (D) 850 anos. (E) 1340 anos.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
A B
C
D E
24 27
24
17 8
Habilidade: 03
Essa questão envolve a leitura correta de um gráfico de barras. Nele o participante, após
selecionar as informações que necessita para resolver o problema proposto, deveria
observar:
que a diferença de emissão de gás carbônico entre os EUA e o Brasil é de
aproximadamente 185 bilhões de toneladas;
que com uma emissão de 2,5 toneladas por habitante para um total de 160 milhões de
habitantes tem-se um total de 0,4 bilhão de toneladas.
Portanto, o tempo necessário em anos é cerca de 185/0,4 460 anos, resposta na
alternativa C, assinalada por cerca de um quarto dos participantes. É possível que o
desempenho dos participantes nesse item tenha sido causado por erros na conversão de
unidade, ou pela não compreensão do problema.
49
Nos peixamentos designação dada à introdução de peixes em sistemas aquáticos, nos
quais a qualidade da água reduziu as populações nativas de peixes podem ser utilizados
peixes importados de outros países, peixes produzidos em unidades de piscicultura ou,
como é o caso da grande maioria dos peixamentos no Brasil, de peixes capturados em
algum ambiente natural e liberados em outro. Recentemente começaram a ser utilizados
peixes híbridos, como os “paquis”, obtidos por cruzamentos entre pacu e tambaqui; também
é híbrida a espécie conhecida como surubim ou pintado, piscívoro de grande porte.
Em alguns julgamentos de crimes ambientais, as sentenças, de modo geral, condenam
empresas culpadas pela redução da qualidade de cursos d’água a realizarem peixamentos.
Em geral, os peixamentos tendem a ser repetidos muitas vezes numa mesma área.
154
A respeito da realização de peixamentos pelas empresas infratoras, pode-se considerar que
essa penalidade
(A) não leva mais em conta os efeitos da poluição industrial, mas sim as suas causas.
(B) faz a devida diferenciação entre quantidade de peixes e qualidade ambiental.
(C) é indutora de ação que reverte uma das causas básicas da poluição.
(D) confunde quantidade de peixes com boa qualidade ambiental dos cursos d’água.
(E) obriga o poluidor a pagar pelos prejuízos ambientais que causa e a deixar de poluir.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
A
B C
D
E
15
18 11
26
29
Habilidade: 13
A partir da descrição de “peixamentos” e de como esta prática tem sido realizada no Brasil,
a questão convida o participante a cruzar as informações e criticar a legislação que condena
empresas culpadas pela redução da qualidade de cursos d’água a realizarem tais
peixamentos. Como a lei permite que sejam usadas espécies exóticas, ela negligencia o
caráter sistêmico do planeta e a importância da biodiversidade local para a manutenção dos
ecossistemas. Caso fosse condição para os peixamentos o monitoramento, a avaliação e o
manejo, os efeitos danosos ao ambiente por introdução de espécies exóticas poderiam ser
minimizados. Além disso, a lei é paliativa, pois não combate as causas da poluição. Neste
sentido, pode-se considerar que essa penalidade confunde quantidade de peixes com boa
qualidade ambiental dos cursos d’água (resposta correta: alternativa D, com 26% de
registros). A alternativa A, assinalada por 15% dos participantes, apresenta um argumento
equivocado, ou seja, ao considerarem que a penalidade leva em conta as causas da
poluição, os participantes que optaram por esta alternativa, possivelmente, não souberam
identificar a origem (indústrias poluentes) e os efeitos (degradação ambiental). Os
participantes que optaram pela alternativa B (18%), provavelmente, desconhecem que um
ecossistema em equilíbrio dinâmico é composto por espécies que estão adaptadas a
existirem ali, porque evoluíram neste sentido na escala biogeográfica. Consideram que a
quantidade de indivíduos e espécies está dissociada da qualidade ecossistêmica. A
alternativa C considera que os peixamentos revertem as causas da poluição. Os que
optaram por esta alternativa (11%) também parecem desconhecer as causas da poluição,
que passa não só por aspectos biológicos e químicos, como também por aspectos políticos,
sociais e econômicos. A alternativa E, assinalada por 29% dos participantes, aponta outras
falhas da lei, já que o poluidor paga pelos prejuízos mas não resolve o problema, primeiro
porque aplica uma técnica ineficaz e, segundo, porque não é obrigado a deixar de poluir (o
que talvez seja muito mais caro do que realizar inúmeros peixamentos).
155
50
Comer com as mãos era um hábito comum na Europa, no século XVI. A técnica empregada
pelo índio no Brasil e por um português de Portugal era, aliás, a mesma: apanhavam o
alimento com três dedos da mão direita (polegar, indicador e médio) e atiravam-no para
dentro da boca.
Um viajante europeu de nome Freireyss, de passagem pelo Rio de Janeiro, já no século
XIX, conta como “nas casas das roças despejam-se simplesmente alguns pratos de farinha
sobre a mesa ou num balainho, donde cada um se serve com os dedos, arremessando, com
um movimento rápido, a farinha na boca, sem que a mínima parcela caia para fora”. Outros
viajantes oitocentistas, como John Luccock, Carl Seidler, Tollenare e Maria Graham
descrevem esse hábito em todo o Brasil e entre todas as classes sociais. Mas para Saint-
Hilaire, os brasileiros“lançam [a farinha de mandioca] à boca com uma destreza adquirida,
na origem, dos indígenas, e que ao europeu muito custa imitar”.
Aluísio de Azevedo, em seu romance Girândola de amores (1882), descreve com realismo os
hábitos de uma senhora abastada que só saboreava a moqueca de peixe “sem talher, à mão”.
Dentre as palavras listadas abaixo, assinale a que traduz o elemento comum às descrições das
práticas alimentares dos brasileiros feitas pelos diferentes autores do século XIX citados no texto.
(A) Regionalismo (caráter da literatura que se baseia em costumes e tradições regionais).
(B) Intolerância (não-admissão de opiniões diversas das suas em questões sociais,
políticas ou religiosas).
(C) Exotismo (caráter ou qualidade daquilo que não é indígena; estrangeiro; excêntrico,
extravagante).
(D) Racismo (doutrina que sustenta a superioridade de certas raças sobre outras).
(E) Sincretismo (fusão de elementos culturais diversos, ou de culturas distintas ou de
diferentes sistemas sociais).
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
A B C D
E
45 7 9 11
28
Habilidade: 19
Nesta questão, a partir de informações sobre práticas alimentares na Europa e no Brasil, o
participante deverá identificar e selecionar a alternativa que traduz melhor um elemento
comum às práticas alimentares dos brasileiros. A leitura do enunciado desta questão leva o
aluno a constituir uma visão de época, a partir de informações retiradas de diversos
documentos históricos. Apesar da afirmação de Saint-Hilaire, segundo a qual “ao europeu
muito custa imitar” a destreza dos indígenas para lançar a farinha de mandioca à boca com
as mãos, o conjunto dos textos revela que o hábito de comer com as mãos era comum aos
europeus e ameríndios, e que, já no século XIX, este hábito perpassava diversas categorias
sociais, desde o habitante da roça até uma senhora abastada. O que está pressuposto,
portanto, no conjunto dos textos, é que um fato cultural comum a duas culturas diferentes
(comer com as mãos) permitiu o sincretismo de técnica e a adoção de uma prática cotidiana
156
por diferentes classes e grupos sociais no Brasil. Este recorte documental é muito
apropriado, porque, se por um lado aproxima os costumes europeus dos costumes
existentes em outras partes do mundo, por outro, permite que o participante localize, com
exatidão, o lugar da diferença (lançam a farinha à boca) que permitirá, posteriormente, o
sincretismo. Os distratores também informam, uma vez que o aluno é levado a identificar o
significado de cada uma das palavras (regionalismo, intolerância, exotismo, racismo e
sincretismo) antes de selecionar a alternativa mais adequada. Apenas 28% dos
participantes interpretaram corretamente o texto e as definições apresentadas nas
alternativas. Os que assinalaram A não perceberam que as práticas alimentares relatadas
não eram regionais.
51
Um grupo de pescadores pretende passar um final de
semana do mês de setembro, embarcado, pescando
em um rio. Uma
das exigências do grupo é que, no
final de semana a ser escolhido, as noites estejam
iluminadas pela lua o maior tempo possível.
A figura representa as fases da lua no período
proposto.
Considerando-se as características de cada uma das fases da lua e o comportamento desta no
período delimitado, pode-se afirmar que, dentre os fins de semana, o que melhor atenderia às
exigências dos pescadores corresponde aos dias
(A) 08 e 09 de setembro.
(B) 15 e 16 de setembro.
(C) 22 e 23 de setembro.
(D) 29 e 30 de setembro.
(E) 06 e 07 de outubro.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
A
B
C
D
E
13
33
21
18
14
Habilidade: 04
Diante da situação-problema descrita, referente à escolha das condições ideais para a
pesca, o item requer que os participantes interpretem corretamente o esquema apresentado,
em que estão identificadas as fases da Lua. Em se tratando de pesca noturna, devem
imaginar os pescadores na face escura da Terra. Nessas condições, o esquema indica que
157
ocorreria Lua Cheia no dia 2 de Outubro pois, nesse caso, a face iluminada da Lua estaria
voltada para os pescadores. Assim, o item requer que os participantes, a partir da
identificação correta das fases da Lua, escolham as datas mais próximas da Lua Cheia,
levando à alternativa D, assinalada por apenas 18% dos participantes. É possível que
muitos participantes tenham sido atraídos pela alternativa E (14%), já que nela são
mencionados dias também próximos à data desejada, um pouco mais distantes mas no
mesmo mês. Os que escolheram B (33%) e as demais alternativas raciocinaram de forma
contrária aos argumentos apresentados no início dessa análise.
52
Na solução aquosa das substâncias orgânicas prebióticas (antes da vida), a catálise
produziu a síntese de moléculas complexas de toda classe, inclusive proteínas e ácidos
nucléicos. A natureza dos catalisadores primitivos que agiam antes não é conhecida. É
quase certo que as argilas desempenharam papel importante: cadeias de aminoácidos
podem ser produzidas no tubo de ensaio mediante a presença de certos tipos de argila. (...)
Mas o avanço verdadeiramente criativo que pode, na realidade, ter ocorrido apenas uma
vez ocorreu quando uma molécula de ácido nucléico “aprendeu” a orientar a reunião de
uma proteína, que, por sua vez, ajudou a copiar o próprio ácido nucléico. Em outros termos,
um ácido nucléico serviu como modelo para a reunião de uma enzima que poderia então
auxiliar na produção de mais ácido nucléico. Com este desenvolvimento apareceu o primeiro
mecanismo potente de realização. A vida tinha começado.
Adaptado de: LURIA, S.E. Vida: experiência inacabada. Belo Horizonte: Editora Itatiaia; São Paulo: EDUSP, 1979.
Considere o esquema ao lado:
O “avanço verdadeiramente criativo”
citado no texto deve ter ocorrido no
período (em bilhões de anos)
compreendido aproximadamente entre
(A) 5,0 e 4,5.
(B) 4,5 e 3,5.
(C) 3,5 e 2,0.
(D) 2,0 e 1,5.
(E) 1,0 e 0,5.
Adaptado de GEPEQ Grupo de Pesquisa em Educação Química. USP
Interações e Transformações III
atmosfera: fonte de materiais extrativos e sintéticos. São Paulo: EDUSP,
1998.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
A
B
C D
E
20
32
21 14
11
Habilidade: 10
158
O “avanço verdadeiramente” criativo citado no texto refere-se à produção de uma enzima
por uma molécula de ácido nucléico. Espera-se que o participante seja capaz de identificar
esse evento a tradução do RNA mensageiro, que permitiu a síntese de proteínas/enzimas
e situá-lo em uma escala de 5 bilhões de anos. Como as células são compostas de
proteínas, só poderiam surgir depois deste “avanço” na escala indicada, há 3,5 bilhões de
anos. E como o “avanço” só se deu a partir de uma molécula de ácido nucléico, só pode ter
iniciado depois do surgimento dos primeiros ácidos nucléicos na escala, há
aproximadamente 4,5 bilhões de anos (resposta correta: alternativa B, com 32% de
registros). Neste item o participante deveria conseguir fazer a associação dos eventos
citados no texto com a escala de tempo e eventos apresentada. Qualquer erro está,
possivelmente, relacionado ao desconhecimento da organização hierárquica da vida,
evolução, ou interpretação de texto e leitura de gráficos.
53
Good-bye
“Não é mais boa noite, nem bom dia
Só se fala good morning, good night
Já se desprezou o lampião de querosene
Lá no morro só se usa a luz da Light
Oh yes!”
A marchinha Good-bye, composta por Assis Valente há cerca de 50 anos, refere-se ao
ambiente das favelas dos morros cariocas. A estrofe citada mostra
(A) como a questão do racionamento da energia elétrica, bem como a da penetração dos
anglicismos no vocabulário brasileiro, iniciaram-se em meados do século passado.
(B) como a modernidade, associada simbolicamente à eletrificação e ao uso de
anglicismos, atingia toda a população brasileira, mas também como, a despeito disso,
persistia a desigualdade social.
(C) como as populações excluídas se apropriavam aos poucos de elementos de
modernidade, saindo de uma situação de exclusão social, o que é sugerido pelo título
da música.
(D) os resultados benéficos da política de boa vizinhança norte-americana, que permitia aos
poucos que o Brasil se inserisse numa cultura e economia globalizadas.
(E) o desprezo do compositor pela cultura e pelas condições de vida atrasadas
características do “morro”, isto é, dos bairros pobres da cidade do Rio de Janeiro.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
A
B
C D E
9
36
23 13 17
Habilidade: 20
159
Nesta questão, a comparação entre formações socioeconômicas diferentes é imediatamente
sugerida pelas palavras da marchinha de Assis Valente: há cinqüenta anos, como hoje,
eletrificação denotava modernização no morro, assim como o uso de anglicismos. Da
mesma maneira, a presença persistente das favelas na paisagem urbana brasileira indica
outro elemento de continuidade. A questão coloca portanto o problema da contextualização
histórica e geográfica do cenário evocado pela música cujo trecho foi citado, o que permite
ao participante interpretar corretamente o texto de Assis Valente e responder a questão. O
anglicismo e a “luz da Light” são inovações presentes no “morro”, que nem por isso deixou
de ser “morro”, o que inviabiliza a escolha da alternativa C, feita por 23% dos participantes.
Mas a questão sugere também que a situação do morro carioca, há cinqüenta anos, é
bastante semelhante à de hoje: essa associação é induzida previamente ao esforço de
contextualização que permite ao participante responder a questão. Além disso, o
participante, ao identificar a contraposição do moderno (eletricidade) ao arcaico (lampião de
querosene), do português ao inglês, capta, através da forma com que o texto é estruturado,
os elementos centrais de uma opção estética. Assim, a modernidade brota no texto através
de uma crítica social, expressa de forma aparentemente paradoxal, pelo uso do inglês na
favela. Dentre os participantes, 36% optaram pela alternativa correta B.
54
A tabela refere-se a um estudo realizado entre 1994 e 1999 sobre violência sexual com
pessoas do sexo feminino no Brasil.
A partir dos dados da tabela e para o grupo feminino estudado, são feitas as seguintes
afirmações:
I. A mulher não é poupada da violência sexual doméstica em nenhuma das faixas etárias
indicadas.
160
II. A maior parte das mulheres adultas é agredida por parentes consangüíneos.
III. As adolescentes são vítimas de quase todos os tipos de agressores.
IV. Os pais, biológicos, adotivos e padrastos, são autores de mais de 1/3 dos casos de
violência sexual envolvendo crianças.
É verdadeiro apenas o que se afirma em
(A) I e III. (B) I e IV. (C) II e IV. (D) I, III e IV. (E) II, III e IV.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
A B C
D
E
15 9 8
49
18
Habilidade: 12
Essa questão apresenta uma tabela com dados sobre violência sexual cometida contra
pessoas do sexo feminino de diferentes faixas etárias e pretende que o participante seja
capaz de analisar aspectos dessa pesquisa para uma melhor compreensão do fato. Cerca
de metade dos participantes fizeram uma leitura correta da tabela e assinalaram a
alternativa D. As demais opções foram feitas por aqueles que provavelmente não
associaram as afirmações aos dados da tabela.
55
As cidades de Quito e Cingapura encontram-se próximas à linha do equador e em pontos
diametralmente opostos no globo terrestre. Considerando o raio da Terra igual a 6.370 km,
pode-se afirmar que um avião saindo de Quito, voando em média 800 km/h, descontando as
paradas de escala, chega a Cingapura em aproximadamente
(A) 16 horas.
(B) 20 horas.
(C) 25 horas.
(D) 32 horas.
(E) 36 horas.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
A B
C
D E
34 19
19
17 11
Habilidade: 14
Para resolver esta questão, o participante deve compreender os aspectos geométricos
relacionados ao fato de habitarmos a superfície de uma esfera, reconhecendo que, para se
atingir um ponto diametralmente oposto a outro na superfície da Terra, deve-se percorrer
uma semicircunferência. A alternativa A, assinalada por 34% dos participantes, corresponde
161
ao tempo aproximado que o avião gastaria para percorrer 12.740 km, que representa o
diâmetro da Terra, indicando que o participante não compreende bem o fato citado acima. A
questão em si é simples e exigia conhecimentos elementares, como o comprimento da
circunferência (que aparece quando se calcula o espaço percorrido entre dois pontos
diametralmente opostos sobre o Equador) e o de velocidade média. Assim,
h25t
t
6370
.
800 =
π
= , resposta correta contida na alternativa C, assinalada por
apenas 19% dos participantes.
56
A crônica muitas vezes constitui um espaço para reflexão sobre aspectos da sociedade em
que vivemos.
“Eu, na rua, com pressa, e o menino segurou no meu braço, falou qualquer coisa que não
entendi. Fui logo dizendo que não tinha, certa de que ele estava pedindo dinheiro. Não
estava. Queria saber a hora.
Talvez não fosse um Menino De Família, mas também não era um Menino De Rua. É assim
que a gente divide. Menino De Família é aquele bem-vestido com tênis da moda e camiseta de
marca, que usa relógio e a mãe dá outro se o dele for roubado por um Menino De Rua. Menino
De Rua é aquele que quando a gente passa perto segura a bolsa com força porque pensa que
ele é pivete, trombadinha, ladrão. (...)
Na verdade não existem meninos De rua. Existem meninos NA rua. E toda vez que um menino
está NA rua é porque alguém o botou lá. Os meninos não vão sozinhos aos lugares. Assim
como são postos no mundo, durante muitos anos também são postos onde quer que estejam.
Resta ver quem os põe na rua. E por quê.”
COLASSANTI, Marina. In: Eu sei, mas não devia. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.
No terceiro parágrafo em “... não existem meninos De rua. Existem meninos NA rua.”, a
troca de De pelo Na determina que a relação de sentido entre “menino” e “rua” seja
(A) de localização e não de qualidade.
(B) de origem e não de posse.
(C) de origem e não de localização.
(D) de qualidade e não de origem.
(E) de posse e não de localização.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
A
B
C D
E
48
10
21 14
7
Habilidade: 06
A reprodução de um trecho de uma crônica de Marina Colassanti tematiza uma importante
questão social brasileira: a presença de milhões de crianças nas ruas do País. A autora, ao
tratar desse problema, vale-se de recursos lingüísticos específicos. O objetivo desta questão
162
é justamente chamar a atenção do participante leitor para esses recursos e os efeitos de
sentido que eles desencadeiam no texto. Na raiz da questão destaca-se a troca de “De” por
“NA” e pede-se que se determine qual relação de sentido essa substituição estabelece entre
os termos “menino” e “rua”. Analisar a relação, nesse caso, significa perguntar-se sobre o
sentido de dois sintagmas criados no texto: “meninos NA rua” por oposição a “meninos De
rua”. O que a autora pretende negar, com a troca do termo de relação, é a possibilidade de
que existam meninos de rua diferentes de outros meninos, que não têm na rua a sua
origem. O destaque para a preposição na nos leva a refletir que a relação dos meninos com
a rua é de localização: eles estão ali por alguma razão, não porque essa seja a sua
qualificação. Essa reflexão levaria o aluno a escolher, como correta, a resposta
apresentada na alternativa A, assinalada por cerca de metade dos participantes.
57
O Puma concolor (suçuarana, puma, leão da
montanha) é o maior felino das Américas, com
uma distribuição biogeográfica que se estende da
Patagônia ao Canadá.
O padrão de distribuição mostrado na figura está
associado a possíveis características desse
felino:
I. É muito resistente a doenças.
II. É facilmente domesticável e criado em
cativeiro.
III. É tolerante a condições climáticas diversas.
IV. Ocupa diversos tipos de formações vegetais.
Características desse felino compatíveis com sua distribuição biogeográfica estão
evidenciadas apenas em
(A) I e II.
(B) I e IV.
(C) III e IV.
(D) I, II e IV.
(E) II, III e IV.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
A B
C
D E
7 19
53
10 11
Habilidade: 11
163
Este item apresenta a distribuição biogeográfica do maior felino das Américas e pretende
que o participante faça associações entre possíveis características da natureza ecológica
deste animal com o seu padrão de distribuição. Com os dados fornecidos pela figura, é
possível fazer apenas associações que tenham representação espacial. Não há dados que
permitam concluir que o Puma concolor é muito resistente a doenças (embora possa ser, e
isso possa ter relação com sua distribuição geográfica) ou facilmente domesticado. A
facilidade para domesticação e a criação em cativeiros de animais selvagens não garantem
a distribuição biogeográfica dos mesmos. O mapa, entretanto, mostra que o felino está
distribuído em áreas de domínios climáticos distintos e de formações vegetais diferentes.
Reconhecer a heterogeneidade climática no planeta, suas associações com diferentes
formações vegetais e a capacidade de tolerância do felino em questão é fundamental para a
análise deste item. Os participantes que optaram pela alternativa A (7%), possivelmente,
ignoram completamente as relações espaciais entre clima, biomas e espécies; os que
optaram pelas alternativas B e D (29%) parecem ignorar parcialmente essas relações. Na
alternativa B (19%), negligenciam a diversidade climática e consideram o animal muito
resistente a doenças, o que não está representado no mapa; na alternativa D (10%) tiveram
raciocínio semelhante, sendo que ainda consideraram que a suçuarana é um animal
facilmente domesticável, o que não garante esta ampla distribuição no continente
americano. Os que marcaram a alternativa E (11%) parecem reconhecer a diversidade
climática, a diversidade de biomas e suas relações, no entanto consideram que a criação
em cativeiro está relacionada com a ampla distribuição biogeográfica do Puma concolor. A
alternativa C, assinalada por mais da metade dos participantes, 53%, está correta, pois a
partir do mapa é possível inferir apenas que: o puma “é tolerante a condições climáticas
diversas” (já que aparecem desde os desertos da Patagônia até o clima temperado do
Canadá, passando pelo tropical equatorial e outros domínios climáticos); está adaptado a
“diversos tipos de formações vegetais” (pantanal, cerrado, mata atlântica, floresta
amazônica, florestas temperadas, etc.).
58
Michel Eyquem de Montaigne (1533-1592) compara, nos trechos, as guerras das
sociedades Tupinambá com as chamadas “guerras de religião” dos franceses que, na
segunda metade do século XVI, opunham católicos e protestantes.
“(…) não vejo nada de bárbaro ou selvagem no que dizem daqueles povos; e, na verdade,
cada qual considera bárbaro o que não se pratica em sua terra. (…) Não me parece
excessivo julgar bárbaros tais atos de crueldade [o canibalismo], mas que o fato de
condenar tais defeitos não nos leve à cegueira acerca dos nossos. Estimo que é mais
bárbaro comer um homem vivo do que o comer depois de morto; e é pior esquartejar um
164
homem entre suplícios e tormentos e o queimar aos poucos, ou entregá-lo a cães e porcos,
a pretexto de devoção e fé, como não somente o lemos mas vimos ocorrer entre vizinhos
nossos conterrâneos; e isso em verdade é bem mais grave do que assar e comer um
homem previamente executado. (…) Podemos portanto qualificar esses povos como
bárbaros em dando apenas ouvidos à inteligência, mas nunca se compararmos a nós
mesmos, que os excedemos em toda sorte de barbaridades.”
MONTAIGNE, Michel Eyquem de, Ensaios, São Paulo: Nova Cultural, 1984.
De acordo com o texto, pode-se afirmar que, para Montaigne,
(A) a idéia de relativismo cultural baseia-se na hipótese da origem única do gênero humano
e da sua religião.
(B) a diferença de costumes não constitui um critério válido para julgar as diferentes
sociedades.
(C) os indígenas são mais bárbaros do que os europeus, pois não conhecem a virtude
cristã da piedade.
(D) a barbárie é um comportamento social que pressupõe a ausência de uma cultura
civilizada e racional.
(E) a ingenuidade dos indígenas equivale à racionalidade dos europeus, o que explica que
os seus costumes são similares.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
A
B
C D E
11
41
11 21 15
Habilidade: 19
A essência do método histórico consiste em interpretar textos e estabelecer conceitos que
descrevam adequadamente o argumento do seu autor. No caso da análise do texto de Michel
de Montaigne, as interpretações matizadas que ele fornece das práticas culturais dos índios
Tupinambá e dos franceses no século 16 induzem o participante a buscar no conceito de
relativismo cultural a inversão de valores proposta pelo discurso crítico de Montaigne. O esforço
requerido do participante é duplo, nesse sentido, pois, além de identificar os pressupostos e os
argumentos utilizados por Montaigne, ele deve considerar, também, previamente, o contexto
histórico-cultural das duas sociedades, ameríndia e européia. Assim, o participante, ao
relacionar e comparar situações históricas específicas, é levado a compreender quem, em
cada sociedade, pode ser considerado como bárbaro ou selvagem. A partir de um narrador
europeu, o texto leva o leitor a compreender o pensamento europeu no período. Nesta época,
as dissonâncias, mais que as consonâncias, eram responsáveis por críticas profundas não
apenas a alguns costumes das sociedades indígenas, mas, principalmente, à própria sociedade
européia envolvida com as chamadas “guerras de religião” que opunham católicos e
protestantes. Cerca de 41% dos participantes assinalaram corretamente a alternativa B. As
demais opções devem-se, provavelmente, a análise das alternativas fora do contexto
apresentado no texto ou a uma leitura não compreensiva.
165
59
Nas discussões sobre a existência de vida fora da Terra, Marte tem sido um forte candidato
a hospedar vida. No entanto, há ainda uma enorme variação de critérios e considerações
sobre a habitabilidade de Marte, especialmente no que diz respeito à existência ou não de
água líquida. Alguns dados comparativos entre a Terra e Marte estão apresentados na
tabela.
Com base nesses dados, é possível afirmar que, dentre os fatores abaixo, aquele mais
adverso à existência de água líquida em Marte é sua
(A) grande distância ao Sol.
(B) massa pequena.
(C) aceleração da gravidade pequena.
(D) atmosfera rica em CO
2
.
(E) temperatura média muito baixa.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
A B C D
E
17 8 9 25
40
Habilidade: 11
Este item propõe uma reflexão sobre condições físicas e químicas para existência de vida.
Entre aqueles fatores listados na tabela de comparação dos planetas Terra e Marte, a baixa
temperatura média de Marte se destaca como maior adversidade para existência de água
no estado líquido, fator indicado no texto como principal condição para a vida, em todas as
suas diferentes formas. Ou seja, para que exista vida em Marte, será necessária a presença
de água líquida, o que somente ocorre para temperaturas entre 0° e 100°C. Marte, segundo
a tabela, apresenta uma temperatura média de 55°C, levando à alternativa E como
resposta correta, assinalada por 40% dos participantes. Nenhuma das outras alternativas
poderia impedir a existência de água líquida. Muitos participantes (25%) podem ter sido
atraídos pela alternativa D, que se refere a um fator desfavorável à vida humana, embora
não a outras formas de vida. Participantes que optaram pela alternativa A (17%) fizeram,
possivelmente, uma associação direta entre a distância do Sol e a baixa temperatura, sem
considerar outras variáveis físicas e químicas que podem influir na temperatura média do
planeta, podendo existir água líquida em planetas mais distantes do Sol do que Marte.
166
As áreas numeradas no gráfico
mostram a composição em volume,
aproximada, dos gases na atmosfera
terrestre, desde a sua formação até os
dias atuais.
60
Considerando apenas a composição
atmosférica, isolando outros fatores,
pode-se afirmar que:
I. não podem ser detectados fósseis de seres aeróbicos anteriores a 2,9 bilhões de anos.
II. as grandes florestas poderiam ter existido há aproximadamente 3,5 bilhões de anos.
III. o ser humano poderia existir há aproximadamente 2,5 bilhões de anos.
É correto o que se afirma em
(A) I, apenas.
(B) II, apenas.
(C) I e II, apenas.
(D) II e III, apenas.
(E) I, II e III.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
A
B C D
E
18
14 18 32
18
Habilidade: 10
As questões 60 e 61 apresentam para análise do participante um gráfico de áreas
representativo da composição da atmosfera terrestre em função do tempo geológico, a partir
do qual ele pode decidir sobre aspectos temporais relacionados à origem, existência e
diversidade da vida aeróbica terrestre. Além da utilização e interpretação de diferentes
escalas de tempo para situar e descrever transformações na atmosfera e biosfera, esses
itens requerem habilidade de interpretar corretamente um gráfico representado por áreas
neste caso, porcentagem na composição atmosférica de determinados gases ao longo do
tempo. A afirmativa I está correta porque seres aeróbicos utilizam oxigênio para respiração,
e antes de 2,9 bilhões de anos não existia este gás na atmosfera. A afirmativa II está errada
porque as grandes florestas são produtoras de oxigênio, e este gás não estava presente na
atmosfera há aproximadamente 3,5 bilhões de anos. A afirmativa III está errada porque, em
relação aos dias atuais, a porcentagem de oxigênio na atmosfera era baixa e a de gás
carbônico, alta, há aproximadamente 2,5 bilhões de anos, para abrigar a espécie humana.
167
Participantes que erraram a questão possivelmente não souberam interpretar o gráfico. Os
que consideraram a afirmativa I errada (B e D, com 46% de registros) provavelmente
desconhecem o significado de seres aeróbicos. Os que consideraram a afirmativa II correta
(B, C, D e E, com 82% de registros) provavelmente negligenciaram a fotossíntese das
grandes florestas. Os que consideraram a afirmativa III correta (50%) provavelmente não
perceberam a elevada concentração de gás carbônico e a baixa concentração de oxigênio
na atmosfera há 2,5 bilhões de anos.
61
No que se refere à composição em volume da atmosfera terrestre há 2,5 bilhões de anos,
pode-se afirmar que o volume de oxigênio, em valores percentuais, era de,
aproximadamente,
(A) 95%. (B) 77%. (C) 45%. (D) 21%. (E) 5%.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
A B C D
E
16 15 16 21
33
Habilidade: 02
Essa questão, valendo-se das mesmas informações da questão 60, solicita que o
participante realize uma interpolação no gráfico para estimar o volume de oxigênio na
atmosfera há 2,5 bilhões de anos. Um fator responsável pela distribuição percentual dos
registros pode ser a presença de um gráfico com o sentido de orientação do eixo horizontal,
da direita para a esquerda, diferente da maioria dos gráficos trabalhados pelos participantes.
O ponto procurado está entre as marcações 3 e 2. Identificado esse ponto, basta relacioná-
lo com a região correspondente ao oxigênio (VI) e fazer a leitura da sua participação
percentual, aproximadamente igual a 5%, valor apresentado na alternativa E, assinalada por
um terço dos participantes.
62
“A idade da pedra chegou ao fim, não porque faltassem pedras; a era do petróleo chegará
igualmente ao fim, mas não por falta de petróleo”.
Xeque Yamani, Ex-ministro do Petróleo da Arábia Saudita. O Estado de S. Paulo, 20/08/2001.
168
Considerando as características que envolvem a utilização das matérias-primas citadas no texto
em diferentes contextos histórico-geográficos, é correto afirmar que, de acordo com o autor, a
exemplo do que aconteceu na Idade da Pedra, o fim da era do Petróleo estaria relacionado
(A) à redução e esgotamento das reservas de petróleo.
(B) ao desenvolvimento tecnológico e à utilização de novas fontes de energia.
(C) ao desenvolvimento dos transportes e conseqüente aumento do consumo de energia.
(D) ao excesso de produção e conseqüente desvalorização do barril de petróleo.
(E) à diminuição das ações humanas sobre o meio ambiente.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
A
B
C D E
15
57
10 8 9
Habilidade: 21
A analogia proposta pela citação do ex-ministro do petróleo da Arábia Saudita, Xeque Yamani,
entre a Idade da pedra e a era do petróleo, conduz o participante a definir um elemento
constante no processo histórico. No caso, trata-se de identificar um dos problemas
fundamentais da humanidade, ainda não solucionado de maneira satisfatória as fontes de
energia. A identificação da perenidade dessa questão permite então, ao participante, identificar
uma outra constante histórica móvel, essa , o esforço dos homens para criar tecnologias
suscetíveis de suprir a sua demanda sempre crescente de energia. Por outro lado, muitas vezes
o aluno é levado a compreender os processos históricos em função de um raciocínio de índole
progressiva. Contudo, existem rupturas, revoluções que são capazes de interromper um ciclo
dando inicio a um outro. A quebra de um paradigma cria novos desafios a serem enfrentados
pelo homem que poderão demandar a utilização, por exemplo, de novas fontes de energia. Ao
compreender a gênese da mudança e ao enunciar corretamente o lugar da ruptura, como o fez
o ex-ministro do Petróleo da Arábia Saudita, o homem torna-se agente da intervenção social.
Cerca de 60% dos participantes assinalaram a alternativa correta B.
63
169
De acordo com a história em quadrinhos protagonizada por Hagar e seu filho Hamlet, pode-
se afirmar que a postura de Hagar
(A) valoriza a existência da diversidade social e de culturas, e as várias representações e
explicações desse universo.
(B) desvaloriza a existência da diversidade social e as várias culturas, e determina uma
única explicação para esse universo.
(C) valoriza a possibilidade de explicar as sociedades e as culturas a partir de várias visões
de mundo.
(D) valoriza a pluralidade cultural e social ao aproximar a visão de mundo de navegantes e
não-navegantes.
(E) desvaloriza a pluralidade cultural e social, ao considerar o mundo habitado apenas
pelos navegantes.
PERCENTUAIS DE RESPOSTA
A
B
C D E
8
33
13 19 27
Habilidade: 18
Dentre as habilidades básicas para a compreensão de um texto destaca-se a capacidade do
leitor de identificar os pressupostos de cada afirmação que lhe é apresentada. Nesta
questão o participante deve identificar a posição tanto de Hagar como de seu filho Hamlet e,
em seguida, avaliar quais os argumentos que justificam a opinião de Hagar ao definir que no
mundo só existem dois tipos de pessoas. A pergunta de Hamlet a seu pai explicita a
importância do ato de narrar através do diálogo e do efeito humorístico contido no episódio
representado na tira. O resultado da compreensão acertada do diálogo é que o narrador
torna inteligível, para si e para os outros, a lógica do seu pensamento através do diálogo
entre os dois personagens. É importante observar que o humor do personagem Hagar é
identificado na postura simetricamente oposta à de Michel de Montaigne, por exemplo (ver
questão 58): a sua visão de mundo apresenta-se autocentrada, isto é, centrada nos seus
próprios valores (vikings). A habilidade requerida do participante nessa questão, qual seja,
“valorizar a diversidade dos patrimônios etnoculturais”, é mobilizada aqui na sua dimensão
negativa: é criticando a postura chauvinista de Hagar que o participante é capaz de
responder corretamente a questão. A última alternativa (E) funciona como um distrator, pois
neste caso não está suposta a crítica do discurso do personagem. Cerca de um terço dos
participantes assinalou a alternativa correta B. As demais opções são devidas,
possivelmente, a uma leitura pouco compreensiva das alternativas associadas a história em
quadrinhos.
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo