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NO BRASIL
2000-2005
ASPECTOS
ORÇAMENTÁRIOS
E FINANCEIROS DA
Vicente P. M. de Azevedo Marques
ASPECTOS ORÇAMENTÁRIOS E FINANCEIROS DA REFORMA AGRÁRIA NO BRASIL 2000-2005
Ministério do
Desenvolvimento Agrário
9 7 8 8 5 6 0 5 4 8 2 3 1
ISBN 9788560548231
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NO BRASIL
2000-2005
ASPECTOS
ORÇAMENTÁRIOS
E FINANCEIROS DA
Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA)
Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra)
Brasília, 2007
Estudo determinado pela Portaria Incra n° 368, de 27 de setembro de 2006,
alterada pela Portaria Incra n° 398, de 09 de novembro de 2006.
Vicente P. M. de Azevedo Marques
ads:
Luiz Inácio Lula da Silva
Presidente da República
Guilherme Cassel
Ministro de Estado do
Desenvolvimento Agrário
Marcelo Cardona Rocha
Secretário-Executivo do Ministério
do Desenvolvimento Agrário
Rolf Hackbart
Presidente do Instituto Nacional
de Colonização e Reforma Agrária
Adoniran Sanches Peraci
Secretário de Agricultura Familiar
Adhemar Lopes de Almeida
Secretário de Reordenamento Agrário
José Humberto Oliveira
Secretário de Desenvolvimento
Territorial
Carlos Mário Guedes de Guedes
Coordenador-Geral do Núcleo
de Estudos Agrários e
Desenvolvimento Rural
Adriana L. Lopes
Coordenadora-Executiva do Núcleo
de Estudos Agrários e
Desenvolvimento Rural
NEAD Estudos 18
Copyright 2007 by MDA
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Caco Bisol Produção Gráfi ca
Revisão e Preparação de Originais
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Ministério do Desenvolvimento
Agrário (MDA)
www.mda.gov.br
Núcleo de Estudos Agrários e
Desenvolvimento Agrário Rural
(NEAD)
SCN, Quadra 1, Bloco C -
Ed. Trade Center, 5º andar, sala 501
Brasília/DF - CEP 70711-902
Telefone: (61) 3328-8661
www.nead.org.br
PCT MDA/IICA - Apoio às Políticas e à Participação Social
no Desenvolvimento Rural Sustentável
M357a Vicente P. M. de Azevedo Marques.
Aspectos orçamentários e nanceiros da reforma agrária no Brasil 2000-
2005 / Vicente P. M. de Azevedo Marques. -- Brasília : MDA ; Incra,
2007.
104 p. ; 17 cm. -- (NEAD Estudos ; 18).
ISBN 978-85-60-548-23-1
1.Reforma agrária – custo – Brasil. 2. Macroeconomia. 3. Assentamento
rural. I. Ministério do Desenvolvimento Agrário. II. Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária. III. Título. IV. Série.
CDD 333.3181
3
SUMÁRIO
Apresentação 5
Introdução 11
Contexto macroeconômico 15
Caracterização dos gastos orçamentários da Reforma Agrária 33
Estimativa do custo médio para assentamento de uma família 55
Impactos econômicos das ações de Reforma Agrária 75
Considerações fi nais 85
Referências 89
Anexos 95
5
Nos últimos anos, houve uma infl exão na trajetória do Esta-
do brasileiro que passou a reconhecer a legitimidade e a importân-
cia da agricultura familiar e das populações rurais para o desenvol-
vimento nacional. Um novo momento inscrito em um ambiente de
renovação da própria agenda internacional, que abre possibilidades
para uma abordagem contemporânea do desenvolvimento na pauta
das nações e dos fóruns multilaterais.
Este reconhecimento traduz-se na criação e implementação
de um conjunto original de políticas agrícolas, de promoção da igual-
dade e de garantia do direito à terra, construídas e implementadas
por meio da participação social.
O impacto destas políticas associadas à estabilidade econô-
mica, a elevação do salário mínimo, a ampliação do acesso à previ-
dência rural e a outros direitos sociais já se revelam na continuada
redução das desigualdades sociais no meio rural brasileiro e na am-
pliação do protoganismo econômico e social das classes trabalha-
doras rurais.
Avanços importantes que devem ser celebrados, mas que
também devem ser considerados criticamente para orientar uma
nova etapa da ação do Estado na promoção do desenvolvimento
rural sustentável, em que tais políticas ajustadas e orientadas por
um sentido estratégico comum possam impulsionar uma transição
do modelo agrícola.
Nesta agenda recuperada do desenvolvimento nacional a
reforma agrária deve ocupar um lugar central e para isso sua con-
tribuição precisa ser percebida e reconhecida por amplos setores
da sociedade. Encarar este desafi o implica em atualizar a própria
abordagem da reforma agrária. Por muito tempo e para muitos a re-
forma agrária se imporia aos governos e à sociedade brasileira pela
sua condição de reforma necessária e incontornável para o cresci-
mento econômico e o desenvolvimento do país. Mas o país cresceu
APRESENTAÇÃO
ASPECTOS ORÇAMENTÁRIOS E FINANCEIROS
DA REFORMA AGRÁRIA NO BRASIL (2000-2005)
6
e a agricultura se transformou sem que fosse democratizada a estru-
tura fundiária altamente concentrada. Um país desigual, mas mais
desigual no acesso à terra do que no acesso à renda.
A reforma agrária não é, portanto, condição incontornável,
mas pode e queremos que seja uma escolha social, uma escolha
democrática que expressa a opção por um determinado tipo de de-
senvolvimento. Para isso é preciso amalgamar alianças em uma co-
alizão para além do mundo agrário, integrando a reforma agrária à
própria agenda em construção do desenvolvimento nacional. Impli-
ca compartilhar novas referências capazes de “modernizar” a ques-
tão agrária com os temas da conservação da biodiversidade e do
uso sustentável dos recursos naturais, do feminismo, da valorização
das comunidades tradicionais, da cidadania e das iniciativas eman-
cipatórias ilustradas pela economia solidária, confi gurando uma re-
novada imagem de futuro. E esta utopia realizável deve se expressar,
inclusive no plano produtivo da reforma agrária.
E é no marco deste esforço de construção de uma refl exão
crítica que valoriza a centralidade da reforma agrária no desenvol-
vimento nacional que se insere o presente estudo “Aspectos orça-
mentários e fi nanceiros da reforma agrária no Brasil, 2000-2005”,
fruto de uma iniciativa do Instituto Nacional de Colonização e Re-
forma Agrária - Incra que assumiu desafi o de iluminar a discussão
de um tema tão importante como o dos gastos e dos custos da re-
forma agrária.
Mas, esta não é a única virtude do trabalho realizado por Vi-
cente Marques. Construído com rigor e competência, explorando no
limite os dados disponíveis e as limitações das fontes públicas de
informação, o estudo representa uma importante contribuição me-
todológica para a estimativa do custo médio para assentamento de
uma família e para a análise dos gastos orçamentários com a refor-
ma agrária.
Apresentado em um evento do Escritório Regional para
América Latina e Caribe da Organização das Nações Unidas para a
Alimentação – FAO foi reconhecido por especialistas como uma re-
ferência obrigatória e um dos mais detalhados estudos sobre o tema.
Reconhecimento, que, entretanto, vem relativizado pelo próprio au-
tor que, de forma correta, ressalva que tal metodologia “deverá ser
validada e aperfeiçoada no diálogo com os diversos setores interes-
sados” e que importantes lacunas de informação institucional deve-
rão ser supridas para que os cálculos possam ser aperfeiçoados.
7
rão ser supridas para que os cálculos possam ser aperfeiçoados.
O estudo, também, repercutirá sobre a própria qualidade do
debate público sobre a reforma agrária. Opiniões e avaliações im-
pressionistas que antes pautavam o debate agora terão que dialogar
com a objetividade dos fatos para sustentar suas posições políticas
e ideológicas. Contribuirá, ainda, para que as análises de execução
orçamentária envolvendo diferentes Planos Plurianuais, antes restri-
tas ao uso da agregação por Funções ou Programas, possam, a partir
das tabelas de equivalências entre projetos/atividades geradas, ser
feitas ao nível das atividades, projetos e operações especiais aproxi-
mando-se mais das fi nalidades específi cas de cada Programa Orça-
mentário.
Estou certo de que a leitura deste estudo contribuirá para
uma compreensão mais abrangente sobre um tema tão citado –
nem sempre com o rigor necessário – e tão importante no debate
sobre a reforma agrária.
Boa leitura!
Guilherme Cassel
Ministro de Estado do Desenvolvimento Agrário
9
ASPECTOS ORÇAMENTÁRIOS E
FINANCEIROS DA REFORMA AGRÁRIA
NO BRASIL (2000-2005)*
Vicente P. M. de Azevedo Marques**
Resumo
A inserção de uma visão ampliada de Reforma Agrária na
agenda das políticas públicas tem requerido o aperfeiçoamento dos
instrumentos de análise e de gestão. Este texto caracteriza os gastos
públicos com as ações de Reforma Agrária no Brasil desenvolvidas
entre 2000 e 2005, contextualizando-as entre as políticas macro-
econômicas realizadas. Além disto, desenvolve e aplica uma nova
metodologia para estimar as transferências diretas específi cas da
União para assentamento de uma família. Esta estimativa é defi ni-
da a partir da execução orçamentária e de informações gerenciais
e cotejada com indicadores de geração de empregos em diversos
setores da economia. Os resultados obtidos revelam que as ações
recentes de Reforma Agrária mostraram um elevado potencial para
gerar ocupações a um custo reduzido.
* Estudo determinado pela Portaria Incra n° 368, de 27 de setembro de 2006, publicada no Diário Ofi -
cial da União (DOU), de 28 de setembro de 2006, Seção 2, p. 28-29, alterada pela Portaria Incra n° 398,
de 09 de novembro de 2006, publicada no DOU de 10 de novembro, Seção 2, p. 33.
** Engenheiro Agrônomo, Mestre em Integração da América Latina, do Instituto Nacional de Coloni-
zação e Reforma Agrária, do Ministério do Desenvolvimento Agrário. Correio eletrônico: vicente.mar-
[email protected].br. Agradeço a colaboração e as contribuições de Caio Galvão de França, Eva Sardi-
nha, Fábio Pereira, João Luiz Guadagnin, José Carlos Zukowski, Luciene Oliveira, Luiz Felipe Nelsis, Marcelo
Cardona Rocha, Márcia Quadrado e Walmerson Pucci.
11
Entre os temas presentes no recente debate sobre a questão
agrária brasileira, dois deles podem ser destacados: a emergência
de novos sujeitos em escala nacional após a mudança de regime
político e os condicionantes econômicos existentes após o esgota-
mento do mecanismo de fi nanciamento instituído para a “moderni-
zação” agrícola.
A crescente infl uência exercida pelos movimentos sociais
pela reforma agrária na sociedade e nas decisões governamentais
tem contribuído para colocar na agenda política a necessidade de
superação de uma visão restrita dessa reforma, fundada apenas na
distribuição de terras e em medidas sociais compensatórias. Esta ou-
tra visão compreende um conjunto articulado de políticas públicas,
capaz de integrar as políticas de reforma agrária às de desenvolvi-
mento rural. Em alguns casos, as propostas para o desenvolvimento
rural aparecem associadas à construção de um novo modelo agrário
em um projeto nacional de desenvolvimento.
Esta nova abordagem sobre a reforma agrária está refl etida
em documentos de organismos governamentais e não-governamen-
tais, internacionais e nacionais, como as Declarações Finais da Con-
ferência Internacional sobre Reforma Agrária e Desenvolvimento Ru-
ral da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação
(CIRADR/FAO)
1
, do Fórum Mundial pela Reforma Agrária (FMRA) e
INTRODUÇÃO
1 A CIRADR, por exemplo, propõe que “as políticas de desenvolvimento rural, inclusive as relativas à
reforma agrária, sejam mais focadas em populações pobres e suas organizações, que sejam dirigidas
para o social, participativas, que respeitem a igualdade de gênero, no contexto do desenvolvimento
econômico, social e ambiental estável e sustentável. Elas devem contribuir para a segurança alimentar
e erradicação da pobreza, baseadas em direitos individuais, comunais e coletivos assegurados, igual-
dade, incluindo, inter alia, empregos - especialmente para os sem-terra, reforçando os mercados locais
e nacionais; geração de renda, particularmente, através de empresas de pequeno e médio porte; inclu-
são social e conservação de bens culturais e ambientais das áreas rurais, através de uma perspectiva
sustentável com relação aos meios de subsistência, e o empoderamento de grupos de atores rurais
vulneráveis, em um contexto que respeite plenamente os direitos e as aspirações das populações
rurais e dos grupos marginalizados e vulneráveis dentro dos marcos legais nacionais e do diálogo
efetivo (FAO, 2006).
ASPECTOS ORÇAMENTÁRIOS E FINANCEIROS
DA REFORMA AGRÁRIA NO BRASIL (2000-2005)
12
do Fórum “Terra, Território e Dignidade”, o II Plano Nacional de Re-
forma Agrária (PNRA) e outros (FAO, 2006; FMRA, 2006; FTTD, 2006;
BRASIL. MDA, 2003).
De uma forma geral, as análises que utilizam este enfoque
ampliado sobre a questão agrária fazem referência aos condicionan-
tes para o meio rural que decorrem das políticas macroeconômicas.
No caso brasileiro, estes condicionantes – independentemente da rea-
lização ou não de políticas setoriais explícitas – têm moldado decisi-
vamente as estratégias de produção agropecuária e de ocupação do
trabalho e dos territórios rurais. Além disto, eles têm sido considera-
dos defi nidores de ao menos três aspectos essenciais ao desenvolvi-
mento econômico: a) a demanda interna de bens e serviços do con-
junto da economia; b) a oportunidade de empregos; e c) a existência
de áreas de terra que não cumprem a sua função social.
No debate agrário atual as abordagens destes condicionan-
tes têm enfatizado com maior freqüência os aspectos relativos às
relações econômico-fi nanceiras com o Exterior (balanço de paga-
mentos, comércio exterior e dívida externa) e à política monetária,
especialmente quanto aos juros básicos, ao câmbio e à oferta de
crédito (DELGADO, 2001; LEITE, 2001; DELGADO, 2005; GASQUES;
SPOLADOR, 2003).
Uma questão nem sempre destacada nestes debates é como
concretizar a colocação da reforma agrária na agenda das políticas
públicas (MEDEIROS, 2006). Para isto, um aspecto presente nos po-
sicionamentos alinhados a uma compreensão ampliada desta ação é
a necessidade de fortalecimento do papel do Estado para desenvol-
ver e implementar políticas de desenvolvimento que reconheçam di-
reitos e promovam o acesso democrático aos recursos naturais e aos
recursos fi nanceiros associados à reforma agrária (FTTD, 2006; FAO,
2006; BRASIL.MDA, 2003).
A preocupação que surge diante destas afi rmações é que a
ação estatal com tais fi nalidades também está condicionada por polí-
ticas macroeconômicas, mais especifi camente pelas políticas orça-
mentária e tributária e pela dívida interna do setor público. Tais polí-
ticas estão, evidentemente, imbricadas às demais políticas já citadas,
mas nem sempre são merecedoras de análises próprias.
O II PNRA, apresentado em novembro de 2003, propõe com-
binar “massividade, qualidade e efi ciência na aplicação dos recursos
públicos” e em atenção a estes condicionamentos inclui a garantia de
recursos orçamentários e fi nanceiros entre as exigências para a con-
13
secução dos seus objetivos, juntamente com a combinação de políti-
cas, planejamento e integração interinstitucional e composição de
uma rede de proteção social e de acesso a direitos, como saúde, edu-
cação, infraestrutura e outros (BRASIL. MDA, 2003: 8, 10, 16).
É oportuno, portanto, caracterizar e analisar os gastos públi-
cos com as ações de Reforma Agrária no Brasil desenvolvidas entre
2000 e 2005, contextualizando-as entre as políticas macroeconô-
micas realizadas. O período escolhido corresponde à existência do
Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA)
2
, que unifi cou insti-
tucionalmente a política de promoção do desenvolvimento sustentá-
vel da agricultura familiar com a política de reforma agrária. Foram
excluídas desta análise as ações relativas aos programas Cédula da
Terra, Banco da Terra e Crédito Fundiário, que são instrumentos de
acesso à terra por meio do fi nanciamento da aquisição privada de
imóveis rurais.
A análise dos gastos públicos é considerada uma importante
ferramenta para avaliar, de forma democrática, o desenvolvimento
econômico e social. Para isto é necessário estabelecer parâmetros e
indicadores que permitam caracterizar os gastos orçamentários e fi -
nanceiros para execução das políticas fundiária e de desenvolvimen-
to rural, tanto nos seus aspectos quantitativos quanto nos qualitati-
vos. Estes parâmetros devem, na medida do possível, ser de fácil
acesso e adotar princípios e métodos aceitos internacionalmente
como forma de permitir a comparação e o diálogo com experiên-
cias e estudos em outros países (GORDILLO et. al. 2005; LEGLISE;
REY, 2005).
A estimativa de transferências governamentais para ativi-
dades específi cas, como por exemplo, o assentamento de uma fa-
mília, é certamente um dos desdobramentos da análise geral dos
gastos públicos de maior relevância. Ela pode ser considerada um
instrumento de avaliação da gestão das políticas envolvidas, além
de contribuir com informações objetivas para estudos comparati-
vos. A importância deste cálculo não signifi ca que ele sintetiza os
diversos elementos que devam compor o debate contemporâneo
INTRODUÇÃO
2 O MDA foi criado pela Medida Provisória (MP) 1.999-14, de 13 de janeiro de 2000, a partir da trans-
formação do Gabinete do Ministro de Estado Extraordinário de Política Fundiária, instituído em abril de
1996. Antes, a MP 1.911-12, de 25 de novembro de 1999, e a MP 1.999-13, de 14 de dezembro de 1999,
haviam transformado esse mesmo Gabinete em Ministério da Política Fundiária e Agricultura Familiar
e em Ministério da Política Fundiária e do Desenvolvimento Agrário, respectivamente. A MP nº 2.216-
37, de 31 de agosto de 2001 transferiu do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento para o
MDA as atribuições relacionadas com a promoção do desenvolvimento sustentável do segmento rural
constituído pelos agricultores familiares.
ASPECTOS ORÇAMENTÁRIOS E FINANCEIROS
DA REFORMA AGRÁRIA NO BRASIL (2000-2005)
14
sobre a reforma agrária, especialmente quando ela está associada a
uma visão ampliada que comporta aspectos não mensuráveis eco-
nomicamente.
Este texto está organizado em cinco partes, além desta. Na
primeira descreve-se o contexto macroeconômico do período e na
segunda, os indicadores, fontes e procedimentos para análise dos
gastos orçamentários, bem como os resultados obtidos. A terceira
parte apresenta as fontes e os procedimentos adotados para a esti-
mativa do custo médio de assentamento de uma família e os resulta-
dos obtidos. Na quarta parte são feitos comentários sobre os impac-
tos econômicos das ações descritas e na última parte constam consi-
derações fi nais sobre aspectos mencionados anteriormente.
15
Os dois primeiros anos analisados neste estudo correspon-
dem à implementação do Programa de Estabilidade Macroeconômi-
ca do governo Fernando Henrique Cardoso. Ele foi anunciado em
outubro de 1998, de forma associada ao programa de assistência fi -
nanceira coordenado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). Con-
sistiu em um conjunto de medidas emergenciais e estruturais para
enfrentar restrições de fi nanciamento externo que foram agravadas
pela crise de liquidez internacional, especialmente pela situação dos
países asiáticos e da Rússia. Estas medidas alteraram a orientação
política de combate à infl ação por meio do endividamento externo,
da sobrevalorização da moeda nacional e de promoção da abertura
comercial. Acompanharam esta política o aumento dos saldos nega-
tivos das transações correntes, a abertura fi nanceira e, sobretudo, a
elevação dos juros no País. Isto levou à maior fragilização fi nanceira
do setor público.
Os objetivos principais do Plano foram a obtenção da estabili-
dade fi scal por meio da geração de superávits primários e a adoção
de uma política monetária baseada nos regimes de metas infl acioná-
rias e de taxas de câmbio fl utuantes.
No âmbito fi scal, as ações iniciais visavam a redução das des-
pesas à conta do orçamento da União, o ajuste das contas de Previ-
dência Social e a elevação de receitas. Foram tomadas iniciativas para
a ampliação do programa de privatização (especialmente de bancos
estaduais), para a renegociação das dívidas estaduais e municipais
com a União e para a consolidação da legislação relacionada à im-
plantação das reformas administrativa, tributária e da previdência e
dos fundos privados de pensão
3
.
CONTEXTO
MACROECONÔMICO
3 Em 2001 foram promulgadas duas leis que regulamentaram tópicos da reforma previdenciária ini-
ciada com a Emenda Constitucional n° 20, de dezembro de 1998: a Lei Complementar (LC) n° 108, que
disciplina a relação entre a União, Estados, Municípios e Distrito Federal e suas respectivas entidades
fechadas de previdência complementar e a LC n° 109, que dispõe sobre o Regime de Previdência Com-
plementar.
ASPECTOS ORÇAMENTÁRIOS E FINANCEIROS
DA REFORMA AGRÁRIA NO BRASIL (2000-2005)
16
Para dar maior autonomia ao Poder Executivo na realização
de gastos e na redução das despesas foi criada pela Emenda Consti-
tucional (EC) n° 27, de março de 2000, a Desvinculação de Recursos
da União (DRU) em substituição ao Fundo de Estabilidade Fiscal
(FEF). Isto foi acompanhado da redução das despesas correntes e de
capital à conta do orçamento da União, em valor equivalente a 20%
das despesas passíveis de corte no Orçamento Geral da União, da
redução de gastos com pessoal mediante a suspensão de concursos
públicos, de nomeações e da correção de curvas e de progressões,
entre outras medidas.
A elevação das receitas foi obtida inicialmente mediante o au-
mento da alíquota e da base da Contribuição para Financiamento da
Seguridade Social (Cofi ns), o aumento de alíquota do Imposto sobre
Operações de Crédito, Câmbio e Seguros (IOF), a reintrodução da
Contribuição Provisória sobre Movimentação ou Transmissão de Va-
lores e de Créditos e Direitos de Natureza Financeira (CPMF), com
elevação da alíquota e a incorporação dos depósitos judiciais e extra-
judiciais administrados pela Receita Federal e pelo Instituto Nacional
do Seguro Social (INSS) à receita tributária da União. Em 2001 foi
criada pela EC n° 33, a Contribuição de Intervenção no Domínio Eco-
nômico (Cide), incidente sobre a importação e a comercialização de
petróleo e derivados, gás natural e derivados e de álcool etílico com-
bustível e destinada ao fi nanciamento de programas de infraestrutura
de transportes e ao pagamento de subsídios a preços ou transporte de
álcool combustível, de gás natural e seus derivados e de derivados de
petróleo, entre outras fi nalidades.
Para os programas sociais considerados prioritários, o Con-
gresso Nacional aprovou duas emendas constitucionais vinculando
recursos para ações e serviços públicos de saúde (EC n° 29, de se-
tembro de 2000) e criando o Fundo de Combate e Erradicação da
Pobreza (EC n° 31, de dezembro de 2000)
4
. Esse Fundo vigorará até
2010 e tem por objetivo canalizar recursos para ações suplementares
de nutrição, habitação, educação, saúde, reforço de renda familiar e
outros programas de relevante interesse social voltados para a me-
lhoria da qualidade de vida. Ele é constituído por recursos viabiliza-
dos por meio de percentual da CPMF e do adicional do Imposto sobre
Produtos Industrializados (IPI) incidente sobre produtos considerados
supérfl uos, além de outras receitas.
4 Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Emendas/Emc/emc31.htm
17
A principal alteração legislativa no âmbito fi scal foi a aprova-
ção da Lei Complementar n° 101, de 04 de maio de 2000, conheci-
da como Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF)
5
, com o objetivo de
estabelecer metas e ações para prevenir riscos e corrigir os desvios
capazes de afetar o equilíbrio das contas públicas. Suas premissas
básicas são o planejamento, o controle, a transparência e a respon-
sabilização.
A Lei constituiu-se em mecanismo determinante do processo
de ajuste fi scal, com maior controle do endividamento e das despe-
sas públicas nos três níveis do governo. Além disto, foi implementada
a reestruturação da área da Secretaria do Tesouro Nacional responsá-
vel pela administração da dívida pública.
A LRF defi niu as atribuições relativas à emissão de títulos da
dívida federal e o Decreto nº 3.859, de 04 de julho de 2001
6
consoli-
dou as características gerais e as formas de emissão desses títulos.
Seu objetivo foi segregar as políticas monetária e fi scal, centralizando
no Tesouro Nacional todas as etapas da administração do fi nancia-
mento público (diretrizes, estratégias, gestão de risco e controles or-
çamentários). Isto incluiu a transferência das atividades do Banco
Central relacionadas à emissão de títulos no mercado externo, que
foi fi nalizada em 2005.
Para o gerenciamento da dívida pública interna brasileira, o
objetivo do Acordo inicial com o FMI – e também das políticas que
o sucederam – foi a minimização de custos no longo prazo, com
redução das necessidades de refi nanciamento bruto e com manu-
tenção de níveis prudentes de risco. Foi dada prioridade ao alonga-
mento progressivo da maturação da dívida, à limitação da parcela
da dívida pública indexada ao dólar na dívida total e à substituição
gradual dos títulos remunerados à taxa Selic/Over
7
por títulos com
rentabilidade prefi xada ou indexada a índices de preços. As fi nalida-
des destas alterações eram: (i) reduzir o grau de exposição da dívida
CONTEXTO MACROECONÔMICO
5 Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LCP/Lcp101.htm.
6 Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2001/D3859.htm.
7 A taxa Selic representa a média ajustada dos fi nanciamentos diários apurados no Sistema Espe-
cial de Liquidação e Custódia (Selic), praticada nas operações compromissadas por um dia, tendo
como lastro títulos públicos federais, estaduais e municipais negociados no mercado secundário. Ela
é determinada pelas condições de oferta e de demanda no mercado de reservas bancárias, sobre as
quais o Banco Central possui pleno controle, decorrente de sua capacidade de emissões monetárias,
geralmente efetuadas através de operações compromissadas com títulos federais registrados nesse
Sistema. O Selic foi criado em 1979, pela Associação Nacional das Instituições do Mercado Financeiro
(Andima) e é administrado pelo Banco Central. Destina-se ao registro, custódia, movimentação e li-
quidação fi nanceira das operações realizadas com títulos públicos emitidos pelo Tesouro Nacional ou
Banco Central, títulos estaduais e/ou municipais e depósitos interfi nanceiros.
ASPECTOS ORÇAMENTÁRIOS E FINANCEIROS
DA REFORMA AGRÁRIA NO BRASIL (2000-2005)
18
mobiliária a fl utuações nas taxas de câmbio e juros, tornando mais
previsível a administração da dívida pública; e (ii) aumentar a efi ci-
ência da política monetária.
O pressuposto adotado era que a desvalorização cambial au-
menta, em moeda nacional, o valor da dívida externa e da dívida
interna indexada ao dólar, para um mesmo nível de dívida em dó-
lar. A taxa básica de juros (Selic/Over), por sua vez, incide sobre a
maior parte do estoque de dívida mobiliária, de modo que, o seu
elevado patamar, afeta o custo fi nanceiro dessa parcela da dívida,
gerando elevados dispêndios com juros nominais. Nesse cenário, a
obtenção de elevados saldos primários tornava-se imperativo para
estabilizar a razão Dívida Líquida do Setor Público (DLSP)
8
/Produto
Interno Bruto (PIB).
Esta política de ajuste fi scal visava a entrada do País no se-
guinte círculo virtuoso: sustentabilidade da dívida pública a longo pra-
zo, queda das taxas de juros, redução das despesas com juros nomi-
nais do setor público, aumento do crescimento econômico, menor
proporção da dívida pública no PIB, menor necessidade de fi nancia-
mento do setor público por meio de superávits primários, maior esta-
bilidade fi scal. Neste cenário, o aumento da poupança pública abriria
espaço para volume maior de investimentos privados e para a atua-
ção do governo em áreas consideradas prioritárias e não atendidas
adequadamente. Além disto, buscou-se incentivar a ampliação do pa-
pel do setor privado no desenvolvimento econômico através da dina-
mização do mercado de crédito, redução de riscos e de custos indi-
retos na intermediação fi nanceira.
As tabelas a seguir mostram que os objetivos do Programa de
Estabilidade em relação ao ajuste fi scal não foram alcançados. Ape-
sar da obtenção de crescentes e expressivos superávits primários nas
três esferas de Governo, os valores nominais e relativos da DLSP vol-
taram a crescer após o ano 2000. Isto foi devido principalmente à
desvalorização do Real e às elevadas taxas de juros. Observou-se
também pequeno crescimento do PIB, com crescente aumento da
variação da infl ação até 2002.
8 A Dívida Líquida do Setor Público corresponde ao saldo líquido do endividamento do setor públi-
co não-fi nanceiro e do Banco Central com o sistema fi nanceiro (público e privado), o setor privado
não-fi nanceiro e o resto do mundo. Considera-se como setor público não-fi nanceiro as administrações
diretas federal, estaduais e municipais, as administrações indiretas, o sistema público de previdência
social e as empresas estatais não-fi nanceiras federais, estaduais e municipais e binacionais e os fundos
públicos cuja fonte de recursos é constituída de contribuições fi scais ou parafi scais. O conceito de
governo geral abrange as administrações diretas federal, estaduais e municipais, bem como o sistema
público de previdência social e o de governo central, o governo Federal, o Banco Central e o INSS.
19
CONTEXTO MACROECONÔMICO
1998 68.638 68.764 - 126 -2.988
1999 60.936 95.182 -34.246 -36.023
2000 41.390 81.758 -40.368 -32.753
2001 43.871 90.315 -46.444 -37.696
2002 68.026 130.997 -62.971 -59.367
2003 80.932 148.831 -67.899 -67.035
2004 48.839 134.437 -85.598 -88.710
2005 63.765 157.307 -93.541 -93.657
Obs. défi cit (+), superávit (-)
Fonte: Banco Central
Tabela 1
Brasil. Dívida Líquida do Setor Público em dezembro
(acumulado no ano, valorizado em R$ milhões)
Nominal Total
Juros Nominais Primário
Primário
Governo Central
1998 41,7 35,6 6,2 20,8
1999 49,4 39,0 10,4 22,3
2000 49,4 39,7 9,8 23,5
2001 52,6 42,2 10,4 24,5
2002 55,5 41,2 14,3 22,9
2003 57,2 45,5 11,7 26,2
2004 51,7 44,2 7,5 25,7
2005 51,5 48,9 2,6 31,7
Fonte: Banco Central
Tabela 2
Brasil. Dívida Líquida do Setor Público em dezembro (em % PIB)
Dívida Líquida
Total
Dívida Líquida
Interna
Dívida Líquida
Externa
Dívida Líquida
Interna
Governo Federal
1998 7,46 7,48 -0,01 -0,32
1999 5,77 9,02 -3,24 -3,41
2000 3,59 7,10 -3,50 -2,84
2001 3,50 7,20 -3,70 -3,00
2002 4,33 8,34 -4,01 -3,78
2003 5,09 9,36 -4,27 -4,21
2004 2,64 7,27 -4,63 -4,80
2005 3,29 8,11 -4,82 -4,83
Obs. défi cit (+), superávit (-)
Fonte: Banco Central
Tabela 3
Brasil. Necessidade de Financiamento do Setor Público
(acumulado no ano, valorizado em % PIB)
Nominal
Juros Nominais Primário
Primário
Governo Federal
ASPECTOS ORÇAMENTÁRIOS E FINANCEIROS
DA REFORMA AGRÁRIA NO BRASIL (2000-2005)
20
Entre os condicionantes para a gestão das políticas monetária
e fi scal entre 2000 e 2002 estiveram as incertezas no cenário exter-
no, como a redução do crescimento global, especialmente na área do
euro, Japão e Estados Unidos, a elevação persistente dos preços inter-
nacionais do petróleo e a intensifi cação da crise econômica na Argen-
tina. Esta situação pressionou as taxas de câmbio e da infl ação e le-
vou à alta dos juros. No âmbito fi scal foi inviabilizada a alteração da
composição da dívida pública, limitando-se o governo a tentar alon-
gar o seu prazo e reduzir o risco de refi nanciamento. Além disto, a
emissão de títulos públicos para capitalização de bancos ofi ciais fede-
rais e para a quitação de obrigações do governo Federal implicou
substantiva ampliação da dívida pública, não compensada pelo in-
gresso de recursos de privatizações.
Em 2002, os problemas decorrentes da crise argentina fo-
ram agravados pela restrição generalizada de crédito e investimen-
tos aos países não desenvolvidos e pelo enfraquecimento das res-
pectivas moedas desses países, além das incertezas relativas ao pro-
cesso eleitoral.
A partir de 2003, diante da elevada vulnerabilidade do setor
público às variações cambiais e de um cenário de expectativa de
melhoria da liquidez internacional as principais diretrizes estabele-
cidas pelo governo Luiz Inácio Lula da Silva para a gestão da Dívida
Pública Mobiliária Federal interna foram: (i) alongar gradualmente
os prazos de emissão dos títulos; (ii) emitir liquidamente títulos pre-
xados e remunerados a índices de preços, em especial o IPCA,
1998 1,7 1,7 28,79 0,2 1,16
1999 8,9 20,0 25,59 0,8 1,81
2000 6,0 9,8 17,43 4,4 1,83
2001 7,7 10,4 17,32 1,3 2,35
2002 12,5 26,4 19,17 1,9 2,93
2003 9,3 7,7 23,34 0,5 3,07
2004 7,6 12,1 16,25 4,9 2,93
2005 5,7 1,2 19,05 2,3 2,43
IPCA: Índice de Preços ao Consumidor Ampliado (IBGE), IGP-DI: Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (FGV)
Fonte: Banco Central
Tabela 4
Brasil. Indicadores conjunturais
Câmbio
(R$ por US$,
médios)
Taxa Selic/Over
(efetiva,
anualizada,
em %)
Infl ação
(IGP-DI, var.
anual, em %)
Infl ação
(IPCA, var.
anual, em %)
PIB
(var. anual,
em %)
21
com programas de trocas e resgates antecipados; (iii) resgatar liqui-
damente títulos indexados à taxa de juros e (iv) não emitir e refi nan-
ciar os títulos indexados ao câmbio.
Para reduzir o custo e alongar o prazo médio da dívida públi-
ca interna o Governo buscou fortalecer os mercados primário e se-
cundário de títulos públicos, reformulando os instrumentos fi nan-
ceiros utilizados pelo Tesouro Nacional na administração da dívida
para obter maior transparência, controle, e liquidez nas operações.
Entre as medidas adotadas para aumentar a liquidez dos títulos pú-
blicos e fomentar o desenvolvimento do mercado de capitais estive-
ram a instituição de dois tipos de incentivos tributários: (i) institui-
ção da Conta Investimento, que isenta o investidor do pagamento
da CPMF no giro de suas aplicações; e (ii) implementação da tribu-
tação decrescente dos retornos das aplicações fi nanceiras em fun-
ção do prazo em que elas forem mantidas pelo investidor nas ope-
rações em renda fi xa e em previdência complementar.
Os resultados que podem ser observados na tabela a seguir
mostram que o governo alterou signifi cativamente o perfi l da DLSP
quanto ao seu indexador, praticamente eliminando a parcela atrela-
da ao câmbio. Os títulos prefi xados ou indexados a índices de pre-
ços tiveram sua participação elevada de forma signifi cativa.
CONTEXTO MACROECONÔMICO
Índice preços
Prefi xado
Outros
2000 22,3 52,2 14,8 5,9 4,8
2001 28,6 52,8 7,8 7,0 3,8
2002 22,4 60,8 2,2 12,5 2,1
2003 10,8 61,4 12,5 13,5 1,8
2004 5,2 57,1 20,1 14,9 2,7
2005 2,7 51,8 27,9 15,5 2,1
Fontes: Banco Central e Secretaria do Tesouro Nacional (STN)
Tabela 5
Brasil. Títulos Públicos Federais. Participação por Indexador,
em dezembro (em %)
Selic/OverCâmbio
Indexador
A Tabela 6 mostra uma contínua redução dos prazos para o
conjunto dos títulos da dívida pública federal (interna e total). Apesar
disto, houve diminuição do percentual da dívida de curto prazo (um
ano), com redução do risco de refi nanciamento do Tesouro Nacional.
Mesmo sem mudança signifi cativa na política econômica
desde o Plano de Estabilização Macroeconômica, os resultados ge-
ASPECTOS ORÇAMENTÁRIOS E FINANCEIROS
DA REFORMA AGRÁRIA NO BRASIL (2000-2005)
22
rais mais favoráveis obtidos no período recente podem ser atribu-
ídos à mudança da política cambial e à redução da vulnerabilidade
externa do País. Isto é decorrente, em grande parte, de uma série
de fatores internacionais favoráveis, como participação e o cresci-
mento expressivo da China, a volta do crescimento dos EUA, a
recuperação da Argentina e o aumento dos preços de importantes
commodities.
A tabela a seguir revela a evolução de alguns indicadores do
Balanço de Pagamentos. Devem ser destacados o saldo positivo das
transações correntes a partir de 2003 e o desempenho da Balança
Comercial, com expressiva contribuição das exportações agropecu-
árias. Além disto houve uma recuperação signifi cativa das reservas
cambiais internacionais.
2000 30,6 41,1
2001 38,6 48,5
2002 37,3 46,0
2003 32,7 41,2
2004 30,0 37,9
2005 27,8 33,9
Média 2000-2005 32,9 41,5
Média 2000-2002 35,7 45,3
Média 2003-2005 30,2 37,8
Fonte: Gerência de Informações e Estatísticas da Dívida Pública/CODIV/STN
Tabela 6
Prazo Médio da Dívida Pública Federal em mercado.
Títulos sob responsabilidade da Secretaria do Tesouro Nacional (em
meses)
Dívida Pública Federal
Dívida Pública Federal Interna
Ano
1998 -7.970 -33.416 -6.575 8.782 51.140 15.507 44.556
1999 -7.822 -25.335 -1.199 9.384 48.011 14.151 36.342
2000 -2.262 -24.225 -698 8.529 55.086 13.173 33.011
2001 3.307 -23.215 2.650 12.734 58.223 16.591 35.866
2002 302 -7.637 13.121 13.685 60.362 17.430 37.823
2003 8.496 4.177 24.794 17.673 73.084 21.718 49.296
2004 2.244 11.679 33.641 24.565 96.475 28.363 52.935
2005 4.319 14.193 44.748 28.396 118.308 32.201 53.799
* Corresponde aos itens abrangidos pelo Acordo Agrícola da Organização Mundial do Comércio; ** Conceito liquidez internacional
Fontes: Banco Central e OCDE (2005)
Tabela 7
Brasil. Balanço de Pagamentos (em US$ milhões)
Balanço de
Pagamentos
Transações
Correntes
Tota l
Agropecuária*
Exportações
Reservas
Internacionais
**
Balança Comercial
Tota l
Agropecuária*
23
As exportações também impulsionaram o crescimento do
PIB do setor agropecuário, que apresentou taxas acumuladas supe-
riores às dos demais setores, conforme pode ser observado na ta-
bela a seguir.
PIB 0,2 0,8 4,4 1,3 1,9 0,5 4,9 2,3
Setor agropecuário 1,9 8,0 3,0 5,8 5,5 4,5 5,3 0,8
Setor industrial -1,4 -2,5 4,9 -0,5 2,6 0,1 6,2 2,5
Setor serviços 1,1 2,2 3,7 1,8 1,6 0,6 3,3 2,0
Dummy nanceiro 0,1 0,8 4,4 1,3 2,3 0,6 4,4 2,1
Fonte: IBGE – Sistema de Contas Nacionais, citado por BCB (vários anos)
Tabela 8
Brasil. Produto Interno Bruto: taxas reais de variação
(ótica do produto, em %)
1998
1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005
O indicador da Confederação Nacional da Agricultura e da
Universidade de São Paulo (CNA/Cepea-USP) para o PIB do agronegó-
cio brasileiro
9
, que inclui os setores primário, de insumos, da indús-
tria e de distribuição, mostra que a participação desse agregado no
PIB nacional cresceu entre 2000 e 2003, especialmente no segmento
que tem como base a produção vegetal (agricultura), conforme os
dados da tabela a seguir.
1998 27,78 19,89 7,89
1999 28,07 19,76 8,31
2000 26,92 18,55 8,37
2001 27,04 18,66 8,38
2002 28,86 20,25 8,61
2003 30,58 21,69 8,90
2004 29,90 21,27 8,63
2005 27,87 19,59 8,27
Fonte: CNA/Cepea-USP
Tabela 9
Participação do PIB do Agronegócio no PIB Brasileiro (em %)
Agronegócio Pecuária
Agronegócio Agricultura
Agronegócio
9 As defi nições e metodologia do indicador podem ser acessadas em http://www.cepea.esalq.usp.br/
pib/other/relatorio_metodologico.pdf
A tabela a seguir, que inclui dados do nível de atividade das
cadeias produtivas da agricultura familiar (GUILHOTO et. al, 2005),
mostra que a renda gerada pela produção primária das lavouras cres-
CONTEXTO MACROECONÔMICO
ASPECTOS ORÇAMENTÁRIOS E FINANCEIROS
DA REFORMA AGRÁRIA NO BRASIL (2000-2005)
24
ceu expressivamente entre 2001 e 2003, especialmente entre os agri-
cultores patronais. Isto também pode ser associado à evolução das
exportações agropecuárias.
Agronegócio Agregado 0,58 1,84 0,10 1,75 8,37 6,54 2,55 -4,66
Insumos Não-Agropecuários 5,68 16,86 6,35 3,52 16,52 12,85 3,04 -10,27
Primário Total 6,23 -0,11 -0,90 4,62 11,94 11,85 -0,87 -9,79
Primário Lavouras 5,25 -5,14 -7,13 8,53 17,46 15,96 -1,74 -15,46
Primário Pecuária 7,72 7,25 7,19 0,23 4,24 6,23 0,43 -1,49
Indústria -5,27 2,71 1,02 -0,76 5,82 2,87 5,05 0,13
Distribuição 1,31 0,61 -0,96 1,51 7,65 4,04 3,42 -3,33
Agronegócio Familiar Agregado 0,88 4,89 -0,74 -0,47 6,88 9,42 0,08 -4,63
Familiar Primário 4,04 1,25 -2,88 1,83 10,67 14,36 -3,89 -8,63
Agronegócio Patronal Agregado 0,43 0,37 0,52 2,86 9,74 5,17 3,77 -4,60
Patronal Primário 7,42 -2,06 -0,83 7,14 13,89 11,12 0,89 -11,51
Fontes: CNA/Cepea-USP e NEAD/MDA/Fipe-USP. (GUILHOTO et. al, 2005)
Tabela 10
Brasil. PIB do Agronegócio. Taxa de variação anual, por componente
(1998 a 2005, em %)
1998
1999 2000 2001 2002 2003 2004
2005
Além de ter contribuído para o crescimento do PIB setorial,
este cenário externo mais favorável também contribuiu para mu-
danças estruturais na Dívida Pública Federal Externa. O Governo
promoveu a redução gradual do estoque de títulos da dívida reestru-
turada no mercado e ampliou a base de investidores. Foram retira-
dos do mercado os Bônus de Capitalização (ou C-Bonds), emitidos
como parte da renegociação da dívida externa brasileira em 1994
(Plano Brady), com vencimento em 2014 e que tiveram taxas cres-
centes até 2001. Eles foram trocados por Bônus de Amortização (ou
A-Bonds) com maior prazo, o que permitiu a eliminação da cláusula
de recompra e redução signifi cativa do desembolso para os próximos
quatro anos. Além disto, o crescimento das reservas internacionais
permitiu o pagamento antecipado dos empréstimos junto ao FMI e
ao Clube de Paris e a emissão pioneira de títulos externos em Reais,
com vencimento em 2016.
A mudança da estrutura da Dívida Pública Federal Externa
esteve associada a um crescimento signifi cativo da Dívida Líquida
Interna do Setor Público entre 2000 e 2005, como mostram as tabe-
las 1 a 4. A relação da DLSP Total sobre o PIB apresentou queda ex-
pressiva nos dois últimos anos analisados, mas é superior ao ano
inicial desse período.
25
Não sendo oportuna a análise de todos os componentes da
dívida pública, optou-se pela caracterização do principal deles vin-
culado diretamente à questão agrária, que é o Título da Dívida Agrá-
ria (TDA). Ele foi criado para viabilizar o pagamento prévio e justo de
indenizações devidas àqueles que sofrerem ação desapropriatória
da União Federal, por interesse social e para fi ns de reforma agrária,
no caso de imóveis rurais que não estejam cumprindo a sua função
social nos termos dos arts. 184 a 186 da Constituição Federal de
1988 e da Lei nº 4.504, de 1964 (Estatuto da Terra)
10
.
O lançamento e a gestão dos TDA’s estão regulamentados
pelo Decreto nº 578, de 24 de junho de 1992
11
. Estes títulos, que
eram emitidos pelo Incra sob a forma cartular (impressa), passaram
a ser geridos pelo então Ministério da Economia, Fazenda e Planeja-
mento, hoje Ministério da Fazenda (Secretaria do Tesouro Nacional,
STN), inclusive nas atividades de controle, lançamento, resgate e pa-
gamento de juros. A partir desta norma, os TDAs são lançados me-
diante solicitação expressa do Incra e exclusivamente sob a forma
escritural, feita através de registro eletrônico no Sistema Securitizar
da Câmara de Custódia e de Liquidação Financeira (Cetip)
12
.
A legislação em vigor prevê a utilização de TDA para obten-
ção de terras para a reforma agrária com as fi nalidades e condições
descritas nos Quadro 1.
Em 17 de junho de 2004, o Governo editou a MP nº 192, des-
tinada a alterar dispositivos da Lei nº 8.629/93 para regular de modo
mais ágil e efi caz a forma de pagamento de imóveis insuscetíveis de
desapropriação para fi ns de reforma agrária. Para isto, delegava aos
ministros de Estado do Desenvolvimento Agrário e da Fazenda a regu-
lamentação através de portaria dos aspectos relativos aos prazos, con-
dições de pagamento e escalonamentos dos TDAs. Em 03 de setem-
bro, a Portaria Interministerial MF/MDA nº 3, autorizou a redução de
cinco ou dez anos para três anos os prazos de resgate dos TDA’s utili-
zados para compra de imóveis com área até 10.000 ha, desde que os
primeiros 3.000 ha tenham sido pagos com TDA de três anos. Em 19
de outubro seguinte a Medida foi rejeitada na Câmara dos Deputados.
CONTEXTO MACROECONÔMICO
10 Para o texto compilado do Estatuto da Terra ver http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/
L4504compilada.htm.
11 Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/D0578.htm
12 A Cetip é uma empresa sem fi ns lucrativos criada pelo Banco Central e pela Andima. Além dos TDAs,
a Cetip possui a custódia da quase totalidade de títulos e valores mobiliários privados, inclusive produ-
tos de fi nanciamento à agropecuária e títulos emitidos por Estados, Municípios ou pela União, como os
Títulos de Alongamento da Dívida Agrícola e outros.
ASPECTOS ORÇAMENTÁRIOS E FINANCEIROS
DA REFORMA AGRÁRIA NO BRASIL (2000-2005)
26
Os TDAs são sempre lançados no primeiro dia útil de cada
mês, em séries autônomas relacionadas aos seus prazos de venci-
mento e são resgatáveis a partir do segundo ano, quando se inicia o
processo de amortização do principal e das parcelas sucessivas dos
juros. Entre os bancos públicos são depositários dos TDAs, a Caixa
Econômica Federal e o Banco do Brasil.
Atualmente existem quatro grupos de TDA em circulação:
a) TDAs Incra, emitidos até 24 de junho de 1992 na forma
cartular e sob responsabilidade do Incra
16
. Apresentam diferentes ti-
pos, relativos às diferentes concessões de correção monetária recebi-
das em função de ganho de ações judiciais (TDA1, TDA2, TDA3, TDA4,
TDA5, TDA6, TDA7, TDAG, TDAL, TDAM, TDAN). Além disto, existem
os TDAC’s, que são cupons de TDA escriturados separadamente dos
títulos, cuja escrituração foi suspensa a partir da edição da Portaria
MF/STN nº 294, de 5 de junho de 1993.
b) TDAE, emitidos a partir de 24 de junho de 1992 na forma
escritural e sob responsabilidade do MF. Inclui as séries emitidas até
04 de maio de 2000 e aquelas emitidas após essa data para aquisição
por compra e venda de imóveis rurais, com prazos de cinco a 20 anos
e juros de 6% a.a.
Quadro 1
Títulos da Dívida Agrária. Condições Gerais
Aquisição de imóvel rural
Área do imóvel
Até 70 módulos fi scais
13
Entre 70 e 150 módulos
scais
Acima 150 módulos
scais
Até 3.000 ha
Acima de 3.000 até
10.000 ha
Acima 10.000 até
15.000 ha
Acima 15.000 ha
Finalidade Prazo
(anos)
15
18
20
5
10*
15*
20*
Base Legal
Lei n
o
8.177, de 01.03.91, e
Lei nº 8.629
14
, de 25.02.93,
alteradas pela MP n
o
2.027-
38, de 04.05.00 e MP n
o
2.027-45, de 23.11.00
(ambas depois MP n
o
2.183-56, de 24.08.01)
Aquisição: Decreto n
o
433
15
,
de 24.01.92
Desapropriação
Juros
(a.a.)
3%
2%
1%
6%
* Nos casos de aquisição, quando os prazos de vencimento forem iguais ou superiores a dez anos, poderão ser reduzidos a cinco
anos, desde que o proprietário concorde em receber o pagamento das benfeitorias úteis e necessárias, em TDA
13 O módulo fi scal é a unidade de medida em hectares defi nida pelo Incra para cada município, para
cobrança do Imposto Territorial Rural (ITR). As variações do módulo levam em conta o tipo de explora-
ção, a renda obtida e o conceito de propriedade familiar (art. 50 do Estatuto da Terra).
14 Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8629.htm
15 Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/D0433.htm
16 O Decreto 578/92 prevê a necessidade de autenticação e escrituração dos TDAs Incra, com cance-
lamento da cártula e substituição pelo título escritural.
27
c) TDAD, emitidos sob a forma escritural pelo MF a partir da
edição da MP 2.027-38, de 04 de maio de 2000, que fi xou prazos de
15 a 20 anos e juros de 1% a 3% a.a. para o pagamento de indeniza-
ções de desapropriações.
d) TDAH, emitido com base em decisão do Tribunal Regional
Federal em maio de 2003, que solicitou a emissão retroativa a 1º de
julho de 1996 de títulos com valor nominal do TDA1, prazo de cinco
anos e juros de 6% a.a.
A Constituição prevê cláusula de preservação do valor real dos
TDAs. O valor nominal do TDA é atualizado no primeiro dia útil de
cada mês
17
. Desde a vigência da Lei nº 8.177, de 1º de março de
1991, a rentabilidade dos TDA’s é pós-fi xada, conforme a variação
Taxa Referencial de juros (TR) e a incidência de juros fi xos. A TR foi
criada por esta mesma lei, que estabeleceu regras para a desindexa-
ção da economia no âmbito do Plano Collor II. A TR também é utili-
zada no cálculo do rendimento de vários investimentos, tais como
outros títulos públicos, caderneta de poupança e em outras opera-
ções, como empréstimos do Sistema Financeiro de Habitação (SFH),
pagamentos a prazo e seguros em geral. A TR é calculada em cada
dia para o período de um mês e divulgada no dia útil seguinte.
A metodologia de cálculo de TR é defi nida pelo Conselho Mo-
netário Nacional (CMN), integrado pelos ministros da Fazenda e do
Planejamento e pelo presidente do BC. A Resolução 3.354, de 31 de
março de 2006, estabelece que ela tem como base a Taxa Básica Fi-
nanceira (TBF), que corresponde à taxa média mensal ponderada
ajustada dos certifi cados e recibos de depósito bancário (CDB/RDB)
emitidos a taxas de mercado prefi xadas, com prazo de 30 a 35 dias,
por bancos múltiplos, bancos comerciais, bancos de investimento e
caixas econômicas. A amostra para este levantamento é constituída
pelas trinta instituições fi nanceiras do País que efetuam o maior volu-
me de captação deste tipo de títulos. A TR é calculada aplicando-se à
TBF um redutor que varia a cada mês, de acordo com a TBF obtida.
Anteriormente, a Resolução 2.809, de 21 de dezembro de 2000, fi xa-
va o redutor em relação à meta para a taxa Selic/Over
18
.
17 Os valores unitários atualizados dos TDA são divulgados mensalmente pela STN no endereço http://www.
tesouro.fazenda.gov.br/estatistica/est_divida.asp. Em 1° de dezembro de 2006, por exemplo, o TDAE valia R$
88,41. A diferença entre o preço unitário do TDA1 e do TDA2 publicados corresponde ao percentual de 70,28%
em favor do TDA2 defi nido pela Portaria nº 91, de 24.04.92, do Ministério da Agricultura e Reforma Agrária, a
título de reconhecimento de perdas econômicas para os títulos emitidos antes de janeiro de 1989.
18 Este redutor tem como fi nalidade suprimir estimativas ao longo do ano das taxas de juros reais e dos efei-
tos da tributação sobre os ativos fi nanceiros. A meta para a taxa Selic é um instrumento de política monetá-
ria, xada pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do BC visando o cumprimento da meta para infl ação.
CONTEXTO MACROECONÔMICO
ASPECTOS ORÇAMENTÁRIOS E FINANCEIROS
DA REFORMA AGRÁRIA NO BRASIL (2000-2005)
28
Segundo o Banco Central, as taxas médias mensais anualiza-
das da TR entre 2000 e 2005 oscilaram em um pequeno intervalo
(1,8% a 2,8%), exceto em 2003, quando alcançaram 4,6%. A evolu-
ção da taxa Selic/Over pode ser observada na Tabela 4, com oscilação
de 17,4% em 2000 a 23,3% em 2003, recuou para 16,2% em 2004
e voltou a crescer no ano seguinte (19,1%). Em todas estas situações
o rendimento máximo dos TDAs (TR mais 6% a.a.) fi cou abaixo da
taxa Selic, conforme pode ser verifi cado no gráfi co a seguir.
Gráfi co 1
Variação das Taxas de Juros TR e Selic/Over (em % ao mês anualizado)
Fonte: Banco Central. Elaboração do autor
Selic - Acumulada no mês anualizada TR - Primeiro dia do mês anualizada TR + 6%
140
120
100
80
60
40
20
0
O Gráfi co 2 mostra que entre o primeiro semestre de 1995 e
o fi nal de 2001 os TDAs apresentaram ganhos reais sobre a infl ação
e que entre aquela data e o fi nal de 2002 esses títulos variaram acima
dos preços de venda das terras de lavouras. A partir destas datas, o
valor dos TDA’s apresenta perdas reais em relação a estes ativos e em
relação à infl ação medida pelo Índice Geral de Preços – Disponibilida-
de Interna (IGP-DI) da Fundação Getúlio Vargas (FGV)
19
.
Entre os títulos públicos indexados à TR incluem-se aqueles
emitidos em decorrência de assunção e renegociação de dívidas
da União ou por ela assumidas por força de lei, entre eles os da
19 Embora se possa considerar que o preço da terra no Brasil é um problema eminentemente fi nan-
ceiro, sensível à taxa de lucros e juros reais, não é possível estabelecer uma relação linear entre estas
variações. O comportamento destes valores no último período mostra que uma eventual indexação
dos TDAs à variação dos preços de venda, assim como proposta por alguns autores, tenderia a aumen-
tar o valor relativo destes ativos.
29
Dívida Agrícola (Lei 9.138/95) e os Certifi cados da Dívida Pública
Mobiliária Federal - Instituto Nacional do Seguro Social (CDP/INSS)
destinados à quitação de dívidas junto à Previdência Social. Além
deles, também possuem esta forma de atualização algumas séries
das Notas do Tesouro Nacional (NTN-P e NTN-H), utilizadas para
nanciar o défi cit orçamentário, especialmente nas áreas da ciên-
cia e tecnologia, da saúde, da defesa nacional, da segurança públi-
ca e do meio ambiente e para pagamento de dívidas próprias ven-
cidas ou vincendas para com a União ou com entidades integran-
tes da Administração Pública Federal. A TR também corrige os
Certifi cados Financeiros do Tesouro série B (CFT-B), utilizado em
operações fi nanceiras.
O TDA e os demais títulos indexados à TR correspondem a
uma pequena parcela (inferior a 3%, em média) do total da Dívida
Pública, como pode ser verifi cado na Tabela 11.
As Tabelas 12, 13 e 14 revelam que os TDAs também repre-
sentam uma parcela mínima (inferior a 0,4%, em média) do estoque,
das emissões e dos pagamentos de títulos da Dívida Pública Federal
em mercado.
CONTEXTO MACROECONÔMICO
Gráfi co 2
Evolução dos preços de vendas de terras de lavoura, dos TDAs e da
infl ação acumulada (julho de 2004=100)
Fontes: FGV e STN. Elaboração do autor
IGP-DIPreço TDA Preços de vendas de terras - Lavouras - Brasil
400
350
300
250
200
150
100
50
0
400
350
300
250
200
150
100
50
0
ASPECTOS ORÇAMENTÁRIOS E FINANCEIROS
DA REFORMA AGRÁRIA NO BRASIL (2000-2005)
30
2000 10.860 2.076 10 11.090 24.037 4,7 45,2
2001 10.119 1.289 11 12.103 23.522 3,8 43,0
2002 10.176 164 13 2.431 12.784 2,1 79,6
2003 10.395 171 14 2.627 13.208 1,8 78,7
2004 19.188 - 18 2.836 22.042 2,7 87,1
2005 17.888 - 22 3.096 21.005 2,1 85,2
Fontes: STN e Banco Central
Fim de
Período
TDA/ Dív. Sec./
Dív. Agrícola/CDP
(A)
NTN-H CFT-B NTN-P
Total
(B)
A/B
(%)
Participação
Total Dívida
Pública
(%)
Título
Tabela 11
Dívida Pública indexada à Taxa Referencial (TR), posição em carteira
em fi m de período (em R$ milhões)
2000 2.551 427.090 569.884 0,60 0,45
2001 2.276 505.989 675.373 0,45 0,34
2002 2.005 557.205 826.957 0,36 0,24
2003 1.933 703.320 929.373 0,27 0,21
2004 2.411 799.179 1.003.122 0,30 0,24
2005 3.448 980.208 1.157.682 0,35 0,30
Fonte: Gerência de Informações e Estatísticas da Dívida Pública/CODIV/STN
Ano
Tabela 12
Estoque da Dívida Pública Federal em mercado.
Títulos sob responsabilidade da Secretaria do Tesouro Nacional
(em R$ milhões correntes de dezembro)
Dívida Pública Federal
Interna (B)
Dívida Pública Federal
(C)
TDA
(A)
A/B (%)
A/C (%)
2000 146 258.742 258.742 0,06 0,06
2001 205 253.795 253.795 0,08 0,08
2002 569 243.653 243.650 0,23 0,23
2003 279 347.801 347.801 0,08 0,08
2004 879 293.452 310.269 0,30 0,28
2005 1.073 460.639 490.917 0,23 0,22
Obs. Dados da emissão de títulos da Dívida Pública Federal Externa não disponíveis para os anos 2000 a 2002.
Fonte: Gerência de Informações e Estatísticas da Dívida Pública/CODIV/STN
Ano
Tabela 13
Emissões da Dívida Pública Federal em mercado. Títulos sob
responsabilidade da Secretaria do Tesouro Nacional
(R$ milhões correntes)
Dívida Pública Federal
Interna (B)
Dívida Pública Federal
(C)
TDA
(A)
A/B (%) A/C (%)
31
O gráfi co a seguir mostra que desde o segundo semestre de
2002 houve um progressivo aumento dos prazos médios dos TDAs
em mercado, enquanto os prazos dos demais títulos permaneceram
estáveis. Este aumento deve-se, provavelmente, à forma de obtenção
das terras e às características dos imóveis obtidos.
2000 648 269.308 288.898 0,24 0,22
2001 721 222.432 248.935 0,32 0,29
2002 585 223.897 256.490 0,26 0,23
2003 463 282.713 321.775 0,16 0,14
2004 466 292.196 337.950 0,16 0,14
2005 400 376.218 410.813 0,11 0,10
Fonte: Gerência de Informações e Estatísticas da Dívida Pública/CODIV/STN
Ano
Tabela 14
Pagamentos da Dívida Pública Federal em mercado.
Títulos sob responsabilidade da Secretaria do Tesouro Nacional
(R$ milhões correntes)
Dívida Pública Federal
Interna (B)
Dívida Pública Federal
(C)
TDA
(A)
A/B (%) A/C (%)
Gráfi co 3
Evolução do prazo médio do TDA e demais títulos da Dívida Pública
Federal em mercado (em meses).
70
60
50
40
30
20
10
0
Fontes: FGV e STN. Elaboração do autor
TDA Dívida Pública Federal Interna
Dívida Pública Federal Interna
Em resumo, o período analisado pode ser caracterizado pela
continuidade das principais políticas de ajuste macroeconômico ini-
ciadas no fi nal de 1998, mas com resultados diferenciados devido a
alterações do cenário externo, especialmente quanto às transações
CONTEXTO MACROECONÔMICO
ASPECTOS ORÇAMENTÁRIOS E FINANCEIROS
DA REFORMA AGRÁRIA NO BRASIL (2000-2005)
32
correntes e à balança comercial. O modesto crescimento da econo-
mia nacional contrastou com o fortalecimento econômico do seg-
mento exportador agropecuário, notadamente aquele vinculado às
lavouras, tanto em termos da renda gerada como da valorização do
preço da terra para venda. Entre estas políticas macroeconômicas
destacaram-se as voltadas ao controle da infl ação e à administração
da dívida pública, que estabeleceram restrições cada vez maiores ao
gasto público não fi nanceiro. É o que pode ser observado na próxi-
ma parte.
33
INTRODUÇÃO
A construção de parâmetros e indicadores para caracteriza-
ção e avaliação dos gastos públicos nas atividades agrícolas tem
sido um objetivo constante da FAO e de outros órgãos multilaterais,
como a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econô-
mico (OCDE)
20
.
Para ambos, esta construção está relacionada diretamente à
necessidade de monitoramento da capacidade dos governos para
melhorar o planejamento e a implementação das políticas.
O principal objetivo da FAO é analisar o nível e a composição
do gasto dirigido ao desenvolvimento agrícola e rural pelos diferen-
tes governos, além de identifi car os principais instrumentos através
dos quais se destinam recursos e criar o marco de normas, condi-
ções e incentivos para o desenvolvimento setorial e complementar-
mente dotar de infraestrutura e prover de bens públicos as áreas
rurais.
O enfoque da FAO sobre este tema tem destacado a impor-
tância dos processos de reforma do Estado e das mudanças institu-
cionais orientadas ao fortalecimento da gestão pública setorial em
diversos níveis (central, intermediário e local), bem como dos im-
pactos do gasto público sobre o crescimento e a redução da pobreza
(GORDILLO, 2005; LEGLISE; REY, 2005)
21
.
O principal objetivo da OCDE é analisar o impacto que uma
liberalização dos apoios dados aos agricultores teria sobre a econo-
mia agrícola, os consumidores e os contribuintes. Seu esforço está
dirigido especialmente aos temas pertinentes às reformas das políti-
CARACTERIZAÇÃO DOS
GASTOS ORÇAMENTÁRIOS
DA REFORMA AGRÁRIA
20 A OCDE é uma organização internacional composta por 30 países, entre eles os da América do Norte,
Europa e Oceania, além de Japão e Coréia, especializada na geração de dados comparativos e na elabo-
ração de análises para as políticas comerciais e de desenvolvimento, entre outras. Sobre as decisões e
recomendações da OCDE ver http://webdomino1.oecd.org/horizontal/oecdacts.nsf.
21 Ver a este respeito textos disponíveis em http://www.fao.org/Regional/LAmerica/prior/desrural/gasto/
ASPECTOS ORÇAMENTÁRIOS E FINANCEIROS
DA REFORMA AGRÁRIA NO BRASIL (2000-2005)
34
cas agrícolas e às negociações internacionais, especialmente no âm-
bito da Organização Mundial do Comércio (OMC). Em alguns estudos,
inclusive sobre o Brasil, a OCDE analisa os impactos das reformas
comerciais e agrícolas sobre a pobreza e o bem-estar (OCDE, 2005).
A Ofi cina Regional da FAO para a América Latina e Caribe
dispõe da base de dados Gasto Público Rural
22
que contém estatísti-
cas e indicadores de gasto público agrícola e rural para 19 países da
sua área de abrangência, entre eles o Brasil e os demais países do
Mercosul, no período de 1985 a 2001. Esta base apresenta uma des-
crição da magnitude e proporção dos gastos públicos de acordo com
seus objetivos socioeconômicos. Entre os indicadores estão os que
relacionam estes gastos públicos com as estatísticas macroeconômi-
cas dos países, como o PIB e a população. Os dados foram obtidos
a partir das defi nições de ruralidade estabelecidas por cada país e de
uma classifi cação funcional comum do gasto.
Para a FAO, o Gasto Rural é a somatória dos gastos dos subse-
tores agrícola, pecuário, silvícola e pesqueiro mais os gastos sociais e
de infraestrutura de diferentes fontes realizados nas áreas rurais.
Os principais indicadores calculados pela FAO, são o Índice
de Orientação Agrícola (IOA) e o Índice de Orientação Rural (IOR).
Eles são calculados pelas seguintes fórmulas:
IOA = (Gasto Público em Incentivos Diretos à Agricultura/Gasto
Público Total)/ (PIB Agrícola/PIB Total).
IOR = % do Gasto Público em Áreas Rurais/
% Rural do PIB
O Gasto Público Agrícola utilizado no cálculo do IOA é obtido
pela soma de todos aqueles gastos em programas orientados na for-
ma direta a melhorar a produtividade, a organização e a gestão para a
atividade econômica dos setores agrossilvopastoril e pesqueiro, excluí-
dos os gastos sociais.
Os indicadores da FAO têm a qualidade de revelar de forma
direta, o grau de prioridade que as políticas agrícolas e para o meio
rural detêm no conjunto das políticas nacionais. No entanto, eles não
evidenciam adequadamente os custos implícitos nas ações e não per-
mitem o dimensionamento das transferências diretas aos agricultores.
22 Disponível em http://www.fao.org/Regional/LAmerica/prior/desrural/gasto/presentacion.asp
35
O principal indicador utilizado pela OCDE para monitora-
mento das políticas dos seus países-membros e alguns países não-
membros, entre os quais se inclui o Brasil
23
, é a Estimativa de Apoio
ao Produtor (Producer Support Estimate, PSE). Ele mede o valor mo-
netário bruto anual transferido por consumidores e contribuintes
como apoio aos produtores agrícolas, ao nível do estabelecimento
agrícola, independente da sua natureza, objetivos e impactos sobre
a produção e a renda. Ele estima a quantia de renda, a preços cor-
rentes, que o produtor deveria receber para ser compensado pela
remoção do apoio governamental. Ou em outros termos, ele mede
o apoio resultante das políticas direcionadas à agricultura em rela-
ção a uma outra situação em que os produtores estão sujeitos ape-
nas às políticas gerais (não setoriais) do país (OECD, 2002; OCDE,
2005). Uma das formas de apresentação do PSE é a relativa (%), que
corresponde à razão entre o PSE e a receita bruta total do produtor.
O PSE tem dois componentes: gastos orçamentários e sus-
tentação de preço de mercado. O segundo componente é calculado
como a diferença entre o preço doméstico do produtor e o preço de
referência mundial para cada produto. O primeiro componente re-
fere-se às transferências de renda para o agricultor via orçamento e
envolve diversos tipos de pagamentos, explícitos e implícitos
24
. O
PSE é parte da Estimativa Total de Suporte (Total Support Estimate,
TSE), que mede o valor monetário bruto anual de todas as transfe-
rências dos contribuintes e consumidores que resultam de medidas
de suporte à agricultura, inclusive transferências implícitas.
As principais difi culdades para a interpretação dos resultados
do PSE dos países não-membros da OCDE são a ausência de classi-
cações específi cas para as ações agrárias e o não dimensionamen-
to do impacto das variáveis macroeconômicas sobre as atividades
agrícolas (MELYUKHINA, 2006).
Embora as bases de dados da FAO e da OCDE contenham
informações sobre as ações para a Reforma Agrária, a sua apresen-
tação não permite identifi cá-las separadamente das demais. Neste
estudo, esta identifi cação será feita por meio de procedimentos es-
pecífi cos que visam extrair ou estimar valores a partir dos dados da
Execução Orçamentária da União.
CARACTERIZAÇÃO DOS GASTOS ORÇAMENTÁRIOS
DA REFORMA AGRÁRIA
23 Entre os países não-membros que têm suas políticas agrícolas monitoradas pela OCDE estão outros
líderes do G20 (China, África do Sul, Índia), a Rússia, a Bulgária, a Romênia e a Ucrânia. Em 2007 será
iniciado o monitoramento do Chile e do Cazaquistão.
24 Sobre a classifi cação e a metodologia da OCDE ver OECD (2002). Sobre as mudanças na classifi cação
dos gastos do PSE a partir de 2007 ver LEGG (2006).
ASPECTOS ORÇAMENTÁRIOS E FINANCEIROS
DA REFORMA AGRÁRIA NO BRASIL (2000-2005)
36
FONTES DE DADOS
Para caracterização dos gastos orçamentários da Reforma
Agrária foram utilizadas as informações do banco de dados da Execu-
ção Orçamentária da União disponibilizadas pela Consultoria de Orça-
mento e Fiscalização Financeira da Câmara dos Deputados e pela Se-
cretaria Especial de Informática do Senado Federal (Prodasen) no ende-
reço http://www2.camara.gov.br/orcamentobrasil/orcamentouniao/loa.
Esta fonte refl ete o processo orçamentário brasileiro, que
está regido basicamente pela LRF, já mencionada. Ela estabelece
parâmetros gerais para outras leis como as do Plano Plurianual
(PPA), de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e do Orçamento Anual
(LOA). O PPA é uma lei de periodicidade quadrienal, instituída pela
Constituição de 1988, como instrumento normatizador do planeja-
mento de médio prazo e de defi nição das macro-orientações do
governo Federal para a ação nacional em cada período. A LDO es-
tabelece as metas e prioridades para o exercício fi nanceiro subse-
qüente e orienta a elaboração do Orçamento, inclusive quanto aos
resultados fi scais pretendidos.
A LOA é a norma que prevê as receitas, autoriza as despesas
públicas, explicita a política econômica fi nanceira e o programa de
trabalho do Governo e defi ne os mecanismos de fl exibilidade que a
Administração fi ca autorizada a utilizar. A LOA compreende os orça-
mentos Fiscal e da Seguridade Social dos órgãos e entidades da ad-
ministração direta ou indireta, além do orçamento dos investimen-
tos das empresas em que a União, direta ou indiretamente, detenha
a maioria do capital social com direito a voto. Após a publicação da
LOA o Poder Executivo estabelece por meio de decreto o cronogra-
ma anual de desembolso mensal por órgão, com vistas ao cumpri-
mento das metas de gastos e arrecadação, inclusive de resultado
primário previsto na LDO.
O principal instrumento utilizado para registro, acompanha-
mento e controle da execução orçamentária, fi nanceira e contábil
do governo Federal é o Sistema Integrado de Administração Finan-
ceira (Siafi ). Ele foi implantado em janeiro de 1987 e está sob a
gestão da STN, com diferentes níveis de acesso ao público e aos ór-
gãos governamentais.
Os dados do Siafi , quando consolidados, produzem o Balanço
Geral da União (BGU), encaminhado anualmente ao Congresso para
apreciação e outros relatórios parciais, como os de acompanhamento
37
dos dispositivos da LRF e da execução dos orçamentos Fiscal e da
Seguridade Social.
Pode-se defi nir execução orçamentária como sendo a utili-
zação dos créditos consignados na LOA. A execução fi nanceira cor-
responde ao uso de recursos fi nanceiros, visando atender à realiza-
ção dos projetos e/ou atividades atribuídas às Unidades Orçamen-
tárias pela Lei. A execução orçamentária e fi nanceira do Orçamen-
to ocorre concomitantemente. Havendo o crédito e não existindo o
recurso, não poderá ocorrer a despesa. Da mesma forma, havendo
o recurso, não se poderá gastá-lo se não houver a disponibilidade
orçamentária.
A execução orçamentária compreende três estágios: empe-
nho, liquidação e pagamento. A execução orçamentária inicia-se com
a emissão da Nota de Dotação a partir da publicação da LOA e do
lançamento das suas informações orçamentárias no Sistema ofi cial.
O empenho é o primeiro estágio da despesa pública e cor-
responde ao ato que cria para o Estado a obrigação de pagamen-
to. A Nota de Empenho registra o comprometimento de despesa
orçamentária
.
O segundo estágio é a liquidação, que consiste na verifi cação
e na comprovação de que o credor cumpriu todas as obrigações
constantes do empenho. A Nota de Lançamento registra a importân-
cia exata a pagar e a quem se deve pagar.
O último estágio é o pagamento, que consiste na entrega de
numerário ao credor do Estado, extinguindo dessa forma o débito
ou obrigação. Esse procedimento é efetuado através de Ordem Ban-
cária por tesouraria, mediante registro no Sistema ofi cial. As parce-
las liquidadas e não pagas ao fi nal do exercício são inscritas em
restos a pagar do exercício seguinte. Em séries históricas considera-
se que as despesas liquidadas correspondem efetivamente ao que
foi pago
25
.
A organização e a classifi cação dos componentes das leis rela-
cionadas ao Orçamento da União vigentes decorrem das modifi ca-
ções introduzidas pelo Decreto nº 2.829, de 29 de outubro de 1998
26
.
Elas foram aplicadas inicialmente ao PPA 2000/2003 e à LOA para o
exercício fi nanceiro de 2000 e tiveram como objetivo ofi cial propor-
CARACTERIZAÇÃO DOS GASTOS ORÇAMENTÁRIOS
DA REFORMA AGRÁRIA
25 Os dados utilizados neste estudo incluem restos a pagar do exercício 2000 até 28.01.2002, do exercí-
cio 2001 até 18.01.2003, do exercício 2002 até 21.01.2004, do exercício 2003 até 21.03.2004, do exercí-
cio 2004 até 14.01.2006 e do exercício 2005 até 23.09.2006. Até esta última data, cerca de 93% do total
das despesas liquidadas referentes ao ano anterior estavam pagas.
26 Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/D2829.htm.
ASPECTOS ORÇAMENTÁRIOS E FINANCEIROS
DA REFORMA AGRÁRIA NO BRASIL (2000-2005)
38
cionar maior racionalidade e efi ciência na administração pública
por meio da integração e compatibilização dos instrumentos bási-
cos de planejamento e orçamento; ampliar a visibilidade dos resul-
tados e benefícios gerados para a sociedade e elevar a transparência
contábil na aplicação dos recursos públicos.
A atual forma de organização do Orçamento tem como obje-
tivos principais o controle dos gastos, a efi ciência da gestão dos re-
cursos, o planejamento para implementar os programas de governo
e a administração macroeconômica (BRASIL. MPOG, 2004).
O Programa é a unidade básica do PPA e faz a ligação entre
o PPA e a LOA, procurando estabelecer conceitos comuns e lingua-
gens compatíveis. Ele visa atender diretamente a uma determinada
necessidade ou demanda da sociedade mediante a articulação de
um conjunto de projetos, atividades e de outras ações, identifi cando
objetivos, indicadores de resultados, metas e custos. Cada Programa
é gerenciado por uma unidade responsável, mesmo quando for in-
tegrado por projetos ou atividades desenvolvidas por mais de um
órgão ou unidade administrativa.
A partir do Programa são identifi cadas as ações sob a forma
de atividades, projetos ou operações especiais para alcançar o seu
objetivo. A cada projeto ou atividade só poderá estar associado um
produto, que, quantifi cado por sua unidade de medida, dará origem
à meta. As despesas que não resultam em produtos ou para as quais
não se possa associar um bem ou serviço são classifi cadas como
Operação Especial. É o caso, por exemplo, dos gastos com fi nancia-
mentos, dívidas e transferências.
O Banco Mundial, através de uma Avaliação de Responsabi-
lidade Financeira, considerou que após as mudanças realizadas em
2000 o sistema público de gestão fi nanceira do Brasil possui uma
estrutura legal adequada e um alto grau de transparência. Obser-
vou que, embora o sistema orçamentário seja fragmentado e com-
plexo, o país tem como rastrear, de modo confi ável, as despesas
orçamentárias (BANCO MUNDIAL, 2002). O avanço relativo à maior
transparência da execução orçamentária não signifi ca, porém, que
o atual sistema seja apropriado para um planejamento pleno (GAR-
CIA, 2000).
Além das informações do banco de dados da Execução Orça-
mentária da União, foram utilizados da Secretaria Nacional de Agricul-
tura Familiar (SAF/MDA) sobre o Programa Nacional de Fortalecimen-
to da Agricultura Familiar (Pronaf) e tabulações especiais do Incra.
39
PROCEDIMENTOS
A ausência de informações precisas sobre a renda gerada nos
assentamentos inviabiliza o cálculo de indicadores específi cos para as
ações de reforma agrária e análogos ou complementares ao IOA e ao
IOR propostos pela FAO. Esta lacuna poderá ser suprida após a con-
clusão do Censo Agropecuário 2007, do IBGE, que identifi cará os as-
sentamentos como unidades especiais de coleta de dados.
Neste estudo os gastos orçamentários foram analisados ao
nível das atividades, projetos e operações especiais de forma a rea-
lizar uma razoável aproximação com as fi nalidades específi cas de
cada Programa. Esta opção mostrou-se mais adequada que o uso da
agregação por Programas ou níveis de agregação maiores (Funções,
Subfunções) assim como realizado por José Garcia Gasques e outros
autores (GASQUES; VILLAVERDE, 1999; GASQUES; VILLAVERDE,
2003; GASQUES, VILLAVERDE; BASTOS, 2006).
Para obter esta maior aproximação em uma série histórica é
necessário comparar as fi nalidades de projetos/atividades e estabe-
lecer uma equivalência entre eles/as, pois eles são freqüentemente
alterados a cada PPA. Neste estudo isto foi feito com base na descri-
ção do Cadastro de Ações disponibilizado pelo Ministério do Plane-
jamento
27
e nas informações prestadas por gestores dos respectivos
programas. Em alguns casos a equivalência foi dada pela incorpora-
ção ou desmembramento de projetos/atividade, conforme pode ser
veri cado no Anexo I.
Após o estabelecimento desta equivalência foi possível rea-
grupar os projetos/atividades e caracterizá-los quanto aos dispên-
dios totais, Grupo de Natureza de Despesa (GND) e Fonte. Os gastos
considerados e os seus respectivos agrupamentos utilizados estão
descritos em detalhe no Anexo II.
As despesas foram trazidas a valores médios de 2005 confor-
me a evolução do IGP-DI da Fundação Getúlio Vargas, que é usual-
mente utilizado pela STN para atualizar séries de ativos e passivos
do governo Federal. A escolha de um índice mais amplo de preços,
como o IGP, considera que ele pode dar uma idéia mais precisa do
custo que a Reforma Agrária possui para a sociedade e a economia
na medida em que os tributos que fi nanciam estas atividades incidem
sobre todos os setores e não apenas sobre os produtores de bens de
CARACTERIZAÇÃO DOS GASTOS ORÇAMENTÁRIOS
DA REFORMA AGRÁRIA
27 Disponível em http://sidornet.planejamento.gov.br.
ASPECTOS ORÇAMENTÁRIOS E FINANCEIROS
DA REFORMA AGRÁRIA NO BRASIL (2000-2005)
40
consumo fi nal, cujos preços são preferencialmente captados por ou-
tros índices (SCHWARZER, 2001)
28
.
Os valores em dólares estadunidenses correspondem à mé-
dia da cotação anual para compra apurada pelo Banco Central do
Brasil. Os preços em dólar foram corrigidos pelo defl ator implícito
do PIB dos Estados Unidos divulgado pelo U.S. Bureau of Economic
Analysis
29
, conforme critério utilizado pela base de dados da FAO
para o gasto rural na América Latina.
Em algumas ações, a base de dados utilizada não permite a
identifi cação de gastos específi cos e da sua fonte. É o caso, por
exemplo, das Ações “Cobertura de Garantia concedida pela União
no Âmbito do Pronaf” (código 0475), da Unidade Orçamentária
(UO) Encargos Financeiros da União – Ministério da Fazenda e “Re-
muneração das Instituições Financeiras pela Operação do Pronaf”
(4791), da UO, MDA. Isto requereu tabulações e estimativas espe-
ciais, que foram feitas com base nas informações da SAF/MDA e os
parâmetros utilizados pela OCDE para o estudo das políticas agríco-
las brasileiras, ou seja, a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP)
30
para
investimentos e a taxa Selic/Over para custeios (OCDE, 2005).
A estimativa dos gastos para remuneração das instituições
nanceiras foi feita considerando os percentuais de 4% (Pronaf A) e
3,5% (Pronaf A/C, médio) sobre o montante contratado. A estimati-
va dos gastos gerais com equalização de juros foi feita considerando
o montante contratado anualmente, o risco integral assumido pelo
Tesouro Nacional e os Fundos Constitucionais e as diferenças entre
as taxas de juros pagas pelos agricultores (1,15% para o Pronaf A e
2% para o Pronaf A/C) e as taxas médias anuais da TJLP (Pronaf A)
e da taxa Selic/Over (Pronaf A/C). Este cálculo não considera os dis-
pêndios decorrentes de outras linhas de crédito acessíveis aos as-
sentados que também podem ser acessados por outros tipos de
28 O uso atual do IGP como medida da infl ação é criticado por alguns autores por apresentar acen-
tuada divergência em relação aos demais índices de preços calculados no país, como o IPCA, do IBGE,
como pode ser observado na tabela 4. Esta defasagem refl ete o efeito da fl utuação do real sobre
aquele índice a partir da introdução do regime de câmbio fl utuante em 1999, pois o impacto da des-
valorização real do câmbio sobre o IGP tem sido acentuadamente mais forte do que em relação ao
IPCA, por exemplo. Desta forma, os valores mais antigos corrigidos por este indicador podem estar
superestimados.
29 Disponível em http://bea.gov/bea/dn/nipaweb
30 A TJLP é defi nida como o custo básico dos fi nanciamentos concedidos pelo BNDES. Está regulamen-
tada pela Lei 9.365, de 1996 e suas alterações. É fi xada pelo CMN a partir dos seguintes parâmetros: (i)
meta de infl ação calculada pro rata para os 12 meses seguintes, baseada nas metas anuais fi xadas pelo
CMN; e (ii) prêmio de risco. A metodologia de cálculo da TJLP está disponível em http://www.bndes.
gov.br/produtos/download/tjlp.pdf.
41
agricultores, como os Pronaf Mulher, Jovem e Semi-Árido
31
. O cálcu-
lo não abrange, por falta de informações disponíveis junto aos ór-
gãos governamentais e agentes fi nanceiros, os custos decorrentes
da inadimplência
32
, da renegociação de dívidas e de outras remune-
rações das instituições fi nanceiras.
No caso dos gastos com “Amortização e Encargos de Finan-
ciamento da Dívida Contratual Externa” (código 0284) foram ajusta-
dos com base nas informações obtidas junto à Diretoria de Gestão
Administrativa do Incra para incluir apenas aqueles relativos aos
contratos com o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola
(Fida)
33
e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID)
34
. O
primeiro fi nancia o Projeto D. Helder Câmara, que integra a ação
“Desenvolvimento Sustentável para os Assentamentos da Reforma
Agrária no Semi-Árido do Nordeste” (5160) e o segundo fi nancia o
Programa de Consolidação e Emancipação (Auto-sufi ciência) de As-
sentamentos (PAC), da ação de mesmo nome (5158).
RESULTADOS OBTIDOS
A Tabela 15 mostra a evolução dos gastos reais com a Refor-
ma Agrária em relação aos gastos totais da União com o Orçamento
Fiscal e da Seguridade Social. A partir dela é possível constatar que
apesar da pequena participação dos gastos da reforma agrária no
total dos gastos da União, esta proporção é crescente nos dois últi-
mos anos. O valor obtido em 2005 é mais que o dobro daquele en-
contrado em 2003.
Na média dos seis anos analisados, a proporção dos gastos
com a reforma agrária é semelhante à da Função “Essencial à Justiça”
(0,1663%), que abrange programas como defesa da ordem jurídica,
defesa jurídica da União, assistência jurídica gratuita e outros. Em
CARACTERIZAÇÃO DOS GASTOS ORÇAMENTÁRIOS
DA REFORMA AGRÁRIA
31 Um resumo das condições de crédito do Pronaf pode ser acessado em http://www.mda.gov.br/saf/
arquivos/0807812854.pdf.
32 As informações parciais disponíveis indicam que é provável que a inadimplência entre os benefi -
ciários do Pronaf alcance, em média, aproximadamente 25% dos contratos do Grupo A e 15% dos do
Grupo “A/C”. Sobre algumas das condições associadas a isto, ver CGFP/DFPP/SAF/MDA (2006).
33 O Fida é uma agência especializada das Nações Unidas criada em 1977 e dedicada à erradicação da
pobreza rural em países não-desenvolvidos. É mantido com fundos dos 165 estados-membros, entre
eles o Brasil e os demais países do Mercosul. Sobre a estratégia e as operações do Fundo ver http://
www.ifad.org/sf/strategy.htm e http://www.ifad.org/operations/index.htm.
34 O BID é uma instituição criada em 1959 a partir da iniciativa da Organização dos Estados Americanos
(OEA) para dar suporte a programas sociais, no desenvolvimento de instituições dedicadas a questões
econômicas, sociais, de educação e saúde, promovendo a integração regional e fornecendo apoio direto
ao setor privado, inclusive a microempresas. É mantido por 46 estados-membros, entre eles o Brasil e os
demais países do Mercosul. Sobre a missão e as operações do Banco ver http://www.iadb.org.
ASPECTOS ORÇAMENTÁRIOS E FINANCEIROS
DA REFORMA AGRÁRIA NO BRASIL (2000-2005)
42
2000 1.730.023 1.068.322.683 0,1619
2001 1.602.689 936.636.330 0,1711
2002 1.621.322 934.844.759 0,1734
2003 1.376.836 1.204.569.521 0,1143
2004 2.068.857 941.250.965 0,2198
2005 2.673.962 1.072.136.199 0,2494
Total 2000-2005 11.073.689 6.157.760.456 0,1798
Fonte: COFF/Prodasen. Elaboração do autor
Tabela 15
Brasil. Gastos orçamentários (em R$ 1.000 de 2005, corrigidos pelo IGP-DI)
Reforma Agrária (A)
Total - Fiscal e
Seguridade Social (B)
A/B (%)
2005, os gastos com a Reforma Agrária equipararam-se aos gastos
realizados individualmente na Função “Segurança Pública”
(0,2433%)
,
que compreende programas de combate à criminalidade, moderniza-
ção da Polícia Federal, segurança nas rodovias, resposta a desastres
e outros; na Função “Ciência e Tecnologia” (0,2501%), que abrange
programas para promoção da pesquisa, formação e capacitação de
recursos humanos para pesquisa, biotecnologia e outros.
Gráfi co 4
Participação dos gastos com Reforma Agrária no total de gastos do
Orçamento Fiscal e da Seguridade Social da União (em %)
0,30
0,25
0,20
0,10
0,05
0,00
Fonte: COFF/Prodasen. Elaboração do autor
Reforma Agrária Brasil
2000
2001 2002
2003
0,15
Participação (%)
43
As tabelas a seguir identifi cam os gastos com ações de refor-
ma agrária conforme o grupo de fi nalidade utilizando diferentes mo-
edas. Eles revelam um forte crescimento dos valores totais e da maio-
ria dos grupos (inclusive o da Administração) nos dois últimos anos.
CARACTERIZAÇÃO DOS GASTOS ORÇAMENTÁRIOS
DA REFORMA AGRÁRIA
I. Confl itos Sociais/ Assist. Acamp. 2.270 2.441 2.359 2.186 1.979 2.531
II. Cadastro e Georreferenciamento 22.112 19.958 17.779 16.172 16.734 35.010
III. Ações Preparatórias 14.984 18.224 21.595 14.351 38.006 39.943
IV. Regularização 4.023 5.482 3.693 2.267 5.801 7.921
V. Obtenção Terras 434.053 346.847 398.683 364.938 951.572 1.316.469
VI. Titulação 4.772 4.384 8.169 5.010 5.235 6.518
VII. Implantação Assentamentos 341.515 345.732 293.208 110.797 202.041 304.228
VIII. Consolidação Assentamentos 95.357 137.341 157.522 71.490 160.727 241.109
IX. Capacitação de Profi ssionais 0 0 0 0 0 14.904
X. Educação Jovens e Adultos 0 5.834 13.242 11.234 22.467 13.374
XI. Administração 660.720 639.524 611.205 509.029 505.258 541.810
XII. Dívidas 53.147 19.259 23.087 177.658 99.061 87.762
XIII. Equalização/ Rem. Pronaf 97.070 57.662 70.779 91.703 59.974 62.384
Total 1.730.023 1.602.689 1.621.322 1.376.836 2.068.857 2.673.962
Total menos XIII (Equalização) 1.632.953 1.545.026 1.550.543 1.285.133 2.008.883 2.611.579
Fonte: COFF/Prodasen. Elaboração do autor
Tabela 16
Pagamentos com ações de Reforma Agrária, segundo grupo de
nalidade (em R$ 1.000 de 2005, corrigidos pelo IGP-DI)
Grupo Finalidade
2001 2002 2003 2004 2005
2000
I. Confl itos Sociais/ Assist. Acamp. 788 711 617 652 658 1.040
II. Cadastro e Georreferenciamento 7.678 5.809 4.649 4.822 5.566 14.381
III. Ações Preparatórias 5.203 5.305 5.646 4.279 12.642 16.408
IV. Regularização 1.397 1.596 966 676 1.930 3.254
V. Obtenção Terras 150.723 100.959 104.241 108.821 316.528 540.778
VI. Titulação 1.657 1.276 2.136 1.494 1.741 2.678
VII. Implantação Assentamentos 118.589 100.634 76.663 33.038 67.206 124.970
VIII. Consolidação Assentamentos 33.112 39.977 41.186 21.318 53.464 99.042
IX. Capacitação de Profi ssionais 0 0 0 0 0 6.122
X. Educação Jovens e Adultos 0 1.698 3.462 3.350 7.473 5.494
XI. Administração 229.431 186.150 159.807 151.787 168.067 222.564
XII. Dívidas 18.455 5.606 6.036 52.976 32.951 36.051
XIII. Equalização/ Rem. Pronaf 33.707 16.784 18.506 27.345 19.950 25.626
Total 600.742 466.503 423.915 410.558 688.178 1.098.407
Total menos XIII (Equalização) 567.034 449.719 405.409 383.213 668.228 1.072.781
Fonte: COFF/Prodasen. Elaboração do autor
Tabela 17
Pagamentos com ações de Reforma Agrária, segundo grupo de
nalidade (em US$ 1.000 médios de 2005, corrigidos pelo defl ator
implícito do PIB dos EUA)
Grupo Finalidade
2001 2002 2003 2004 20052000
ASPECTOS ORÇAMENTÁRIOS E FINANCEIROS
DA REFORMA AGRÁRIA NO BRASIL (2000-2005)
44
O Gráfi co 5 evidencia a forte associação entre o crescimento
dos gastos totais e o dos gastos com o grupo obtenção de terras.
O Gráfi co 6 mostra a retomada crescente dos gastos com insta-
lação e consolidação de assentamentos nos dois últimos anos. No caso
das despesas com consolidação de assentamentos, os valores supe-
Gráfi co 5
Pagamentos de ações de reforma agrária, total e com obtenção de terras
(em R$ 1.000 médios de 2005, corrigidos pelo IGP-DI)
Fonte: COFF/Prodasen. Elaboração do autor
Total Obtenção
3.000.000
2.500.000
2.000.000
1.000.000
500.000
0
2000
2001
2002
2003
1.500.000
Em R$ mil médios de 2005
2004
2005
Gráfi co 6
Pagamentos de ações de reforma agrária, por grupos de fi nalidade
selecionados (em R$ 1.000 médios de 2005, corrigidos pelo IGP-DI)
Fonte: COFF/Prodasen. Elaboração do autor
Instalação Consolidação Equalização
350.000
300.000
250.000
100.000
50.000
0
2000
2001
2002 2003
150.000
Em R$ mil médios de 2005
2004
2005
200.000
400.000
45
ram, em termos reais, aqueles obtidos no início do período analisado,
mesmo considerando o efeito do defl ator escolhido (ver Nota 28).
A tabela a seguir descreve a composição dos gastos com
reforma agrária conforme o grupo de fi nalidade, evidenciando mu-
danças signifi cativas nos anos analisados.
O Gráfi co 7 abaixo revela uma participação relativa crescen-
te das atividades fi nalísticas, especialmente a de obtenção de ter-
CARACTERIZAÇÃO DOS GASTOS ORÇAMENTÁRIOS
DA REFORMA AGRÁRIA
V. Obtenção Terras 25,09 21,64 24,59 26,51 46,00 49,23
XI. Administração 38,19 39,90 37,70 36,97 24,42 20,26
VII. Implantação Assentamentos 19,74 21,57 18,08 8,05 9,77 11,38
VIII. Consolidação Assentamentos 5,51 8,57 9,72 5,19 7,77 9,02
XII. Dívidas 3,07 1,20 1,42 12,90 4,79 3,28
XIII. Equalização/ Rem. Pronaf 5,61 3,60 4,37 6,66 2,90 2,33
III. Ações Preparatórias 0,87 1,14 1,33 1,04 1,84 1,49
II. Cadastro e Georreferenciamento 1,28 1,25 1,10 1,17 0,81 1,31
IX. Capacitação de Profi ssionais 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,56
X. Educação Jovens e Adultos 0,00 0,36 0,82 0,82 1,09 0,50
IV. Regularização 0,23 0,34 0,23 0,16 0,28 0,30
VI. Titulação 0,28 0,27 0,50 0,36 0,25 0,24
I. Confl itos Sociais/ Assist. Acamp. 0,13 0,15 0,15 0,16 0,10 0,09
Total 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00
Fonte: COFF/Prodasen. Elaboração do autor
Tabela 18
Composição dos gastos com ações de Reforma Agrária segundo o grupo
de fi nalidade (em % do total)
Grupo Finalidade
2001 2002 2003 2004 20052000
Participação (%)
100
Gráfi co 7
Composição dos gastos com ações de reforma agrária segundo o grupo
de fi nalidade (em %)
Fonte: COFF/Prodasen. Elaboração do autor
Obtenção Administração Implantação Consolidação Dívidas Equalização Pronaf Outros
2000
2001
2002 2003
2004
2005
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
ASPECTOS ORÇAMENTÁRIOS E FINANCEIROS
DA REFORMA AGRÁRIA NO BRASIL (2000-2005)
46
ras, em detrimento das atividades voltadas à administração (ma-
nutenção) dos órgãos responsáveis.
Em relação à classifi cação dos gastos, a legislação que vigora
desde o exercício de 2003 faz a seguinte conceituação dos Grupos
de Natureza da Despesa (GND):
1. Pessoal e Encargos Sociais: despesas de natureza remune-
ratória decorrentes do efetivo exercício de cargo, emprego ou fun-
ção de confi ança no setor público, do pagamento dos proventos de
aposentadorias e pensões, das obrigações trabalhistas de responsa-
bilidade do empregador, contribuição a entidades fechadas de pre-
vidência, outros benefícios assistenciais, despesas com contratos de
terceirização de mão-de-obra e outras;
2. Juros e Encargos da Dívida: despesas com o pagamento de
juros, comissões e outros encargos de operações de crédito internas
e externas contratadas, bem como da dívida pública mobiliária;
3. Outras Despesas Correntes: despesas com aquisição de
material de consumo, pagamento de diárias, contribuições, subven-
ções, auxílio-alimentação, auxílio-transporte e outras;
4. Investimentos: despesas com o planejamento e a execu-
ção de obras, inclusive com a aquisição de imóveis considerados
necessários à realização destas últimas, e com a aquisição de insta-
lações, equipamentos e material permanente;
5. Inversões Financeiras: despesas com a aquisição de imó-
veis ou bens de capital já em utilização; aquisição de títulos repre-
sentativos do capital de empresas ou entidades de qualquer espécie,
já constituídas, quando a operação não importe aumento do capital;
e com a constituição ou aumento do capital de empresas;
6. Amortização da Dívida: despesas com o pagamento e/ou
refi nanciamento do principal e da atualização monetária ou cambial
da dívida pública interna e externa, contratual ou mobiliária.
A Tabela 19 caracteriza os pagamentos das ações de reforma
agrária segundo o GND. A partir dela é possível observar um expres-
sivo aumento das inversões e dos investimentos nos dois últimos
anos. As inversões correspondem basicamente às ações para obten-
ção de terras e crédito de implantação de assentamentos e os inves-
timentos, às ações para infraestrutura social e produtiva de assenta-
mentos e para modernização dos serviços públicos.
O Gráfi co 8 mostra uma expressiva evolução dos valores em
dólares das inversões fi nanceiras e dos investimentos na reforma
agrária, bem como dos gastos com pessoal e encargos sociais. Os
47
CARACTERIZAÇÃO DOS GASTOS ORÇAMENTÁRIOS
DA REFORMA AGRÁRIA
investimentos são essenciais para o pleno desenvolvimento e sus-
tentabilidade das ações de Reforma Agrária.
Pessoal e Encargos Sociais 597.438 551.890 513.332 461.276 443.630 487.339
Juros e Encargos da Dívida 0 0 218 671 318 257
Outras Despesas Correntes 273.370 231.904 249.314 203.107 277.487 340.779
Investimentos 67.416 60.176 69.398 34.194 74.721 128.948
Inversões Financeiras 694.730 701.057 695.412 555.303 1.190.959 1.636.440
Amortização da Dívida 0 0 22.869 30.581 21.767 17.816
Total 1.632.953 1.545.026 1.550.543 1.285.133 2.008.883 2.611.579
* Exceto gastos com equalização e remuneração agentes fi nanceiros do Pronaf
Fonte: COFF/Prodasen. Elaboração do autor
Tabela 19
Pagamentos das ações de reforma agrária segundo o Grupo Nacional de
Despesa* (em R$ 1.000 médios de 2005)
2001 2002
2003 2004 2005
2000
Gráfi co 8
Pagamentos das ações de Reforma Agrária segundo grupos de despesa
selecionados (em US$ 1.000 médios de 2005, corrigidos pelo defl ator
implícito do PIB dos EUA)
Fonte: COFF/Prodasen. Elaboração do autor
Inversões Pessoal e Encargos Sociais Investimentos
700.000
600.000
500.000
200.000
100.000
0
2000
2001
2002 2003
300.000
Valor (US$ mil 2005)
2004
2005
400.000
800.000
241.241
23.410
204.060
17.516
181.824
18.145
10.196
165.586
396.157
24.855
52.969
672.215
A tabela a seguir revela que as inversões fi nanceiras aumen-
taram signifi cativamente a sua participação relativa no total dos
gastos com a reforma agrária. Isto se deu especialmente em detri-
mento da maior participação dos gastos com pessoal e encargos
sociais.
ASPECTOS ORÇAMENTÁRIOS E FINANCEIROS
DA REFORMA AGRÁRIA NO BRASIL (2000-2005)
48
A tabela a seguir compara os valores de inversões fi nanceiras
e investimentos realizados nas ações de reforma agrária e no con-
junto do governo. Mostra que houve um aumento signifi cativo da
participação das inversões e investimentos da reforma agrária no
total destes grupos de despesa em nível nacional.
Inversões Financeiras 42,54 45,38 44,85 43,21 59,28 62,66
Pessoal e Encargos Sociais 36,59 35,72 33,11 35,89 22,08 18,66
Outras Despesas Correntes 16,74 15,01 16,08 15,80 13,81 13,05
Investimentos 4,13 3,89 4,48 2,66 3,72 4,94
Amortização da Dívida 0,00 0,00 1,47 2,38 1,08 0,68
Juros e Encargos da Dívida 0,00 0,00 0,01 0,05 0,02 0,01
Total 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00
* Exceto gastos com equalização e remuneração agentes fi nanceiros do Pronaf
Fonte: COFF/Prodasen. Elaboração do autor
Tabela 20
Participação do grupo de despesa no total dos pagamentos com ações da
reforma agrária* (em R$ 1.000 médios de 2005, corrigidos pelo IGP-DI)
2001 2002
2003 2004 2005
2000
Tabela 21
Participação das inversões fi nanceiras e investimentos da reforma agrária
no total dos respectivos grupos de despesa do Orçamento Fiscal e da
Seguridade Social da União (em R$ 1.000 médios de 2005, corrigidos pelo
IGP-DI)
694.730 701.057 695.412 555.303 1.190.959 1.636.440
16.059.615 23.303.132 26.736.586 17.724.199 19.698.753 18.576.829
4,33 3,01 2,60 3,13 6,05 8,81
67.416 60.176 69.398 34.194 74.721 128.948
9.268.623 9.414.651 6.476.019 2.662.735 5.406.340 5.881.286
0,73 0,64 1,07 1,28 1,38 2,19
Fonte: COFF/Prodasen. Elaboração do autor
2001 2002
2003 2004 2005
2000
Inversões
Reforma Agrária(A)
Total União (B)
A/B (%)
Investimentos
Reforma Agrária (A)
Total União (B)
A/B (%)
Segundo a defi nição legal, entende-se por fonte de recurso a
origem ou a procedência dos recursos que devem ser gastos com uma
determinada fi nalidade. Elas constituem-se de “determinados agrupa-
mentos de naturezas de receitas, atendendo a uma determinada regra
de destinação legal, e servem para indicar como são fi nanciadas as des-
pesas orçamentárias”. É necessário, portanto, individualizar esses recur-
sos de modo a evidenciar sua aplicação segundo a determinação legal.
49
CARACTERIZAÇÃO DOS GASTOS ORÇAMENTÁRIOS
DA REFORMA AGRÁRIA
O quadro a seguir exemplifi ca algumas das principais fontes
de recursos de interesse direto para as ações de reforma agrária nos
últimos anos. Além delas, existe o TDA, já descrito na primeira parte.
Quadro 2
Classifi cação da receita por fonte de recursos
35
35 Para a classifi cação completa consultar BRASIL.MPOG (2006).
Receita
Receitas do Tesouro Nacional, de natureza tributária (Imposto de Renda,
ITR, IPI, Imposto sobre Importações etc.) de contribuições, patrimonial,
de transferências correntes e outras, sem destinação específi ca, isto
é, que não estão vinculadas a nenhum órgão ou programação e nem
são passíveis de transferências para os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios. Constituem recursos disponíveis para livre programação.
Contribuições sociais diversas, instituídas com o objetivo de desenvol-
ver programas sociais específi cos, vinculadas ao órgão do Poder Público
competente para esse fi m. Inclui Cota-parte da Contribuição Sindical,
contribuição sobre jogos de bingo e outras.
Receita proveniente do adicional de oito centésimos por cento da
CPMF, da venda de estoques adquiridos para Combate à Fome e Segu-
rança Alimentar e outras.
Recursos não-fi nanceiros que têm origem no esforço próprio de arre-
cadação de entidades da Administração Pública. Esses recursos têm
trânsito obrigatório pela conta do Tesouro Nacional e retornam às uni-
dades de origem ou aos fundos por elas geridos. Inclui receitas de
arrendamentos, aluguéis concessões, venda de estoques da Política de
Garantia de Preços Mínimos (PGPM) e outras.
Recursos da Cofi ns, instituída pela Lei Complementar n° 70/91, cobra-
da a uma alíquota sobre o faturamento de pessoas jurídicas, conforme
disposto na Lei nº 10.833/03. Os recursos oriundos dessa contribuição
destinam-se a programas, projetos e atividades na área da Seguridade
Social, de acordo com o art. 195 da Constituição Federal.
Fonte
Fonte: MPOG.SOF (2006)
Recursos
Ordinários
Outras
Contribuições
Sociais
Fundo de
Combate
Pobreza
Recursos
Próprios
Não-Financeiros
Cofi ns
A tabela a seguir mostra a evolução dos pagamentos com
ações de reforma agrária segundo a fonte de recurso. A escolha das
fontes de recursos é defi nida pelo Ministério da Fazenda e está vincu-
lada estreitamente à realização das metas da política fi scal. Algumas
fontes dependem mais diretamente do nível de atividade econômica
do que outras, que variam mais de acordo com a capacidade admi-
nistrativa de arrecadação. Deve-se observar que a fonte “Outras Con-
tribuições Sociais” (código 76) foi criada pela Portaria SOF 10, de
ASPECTOS ORÇAMENTÁRIOS E FINANCEIROS
DA REFORMA AGRÁRIA NO BRASIL (2000-2005)
50
agosto de 2002
36
como um desdobramento das fontes “Recursos
Próprios Não-Financeiros”. Desta forma, os dados dessa última fon-
te anteriores a 2003 incluem os da classifi cação mais recente.
36
Disponível em http://www.planejamento.gov.br/arquivos_down/sof/portarias/port10_22082002.pdf
Tabela 22
Pagamentos das ações de reforma agrária segundo a fonte de recurso*
(em R$ 1.000 médios de 2005, corrigidos pelo IGP-DI)
Fonte
Ordinários 687.399 715.931 568.184 650.555 733.217 1.030.181
Rec. Próprios Não-Financ. 334.623 317.000 287.768 13.365 9.395 11.870
PIN/ Proterra 15.684 0 0 0 0 0
Tít. Tes.Nac. Div.Mob.Fed. 0 0 14.539 0 0 0
Tít.Resp.Tes.Nac - Out. Aplic. 7.606 8.530 14.501 6.874 0 0
Fundo de Combate Pobreza 0 0 140.073 55.627 64.827 106.874
Oper.Créd.Ext. (em moeda) 0 3.396 2.934 3.276 11.513 13.326
Cofi ns 239.340 153.721 162.755 0 82.487 0
Cont Plano Seg Soc Serv 0 56.884 40.393 39.364 34.892 70.806
TDA 348.301 289.072 296.586 320.053 820.628 1.113.145
Taxas por Serv Públicos 0 0 0 2.035 2.001 3.155
Outras Contribuições Sociais 0 0 0 192.683 244.457 261.221
Outras 1 493 22.811 1.301 6.465 1.000
Total 1.632.953 1.545.026 1.550.543 1.285.133 2.008.883 2.611.579
* Exceto gastos com equalização e remuneração agentes fi nanceiros do Pronaf
Fonte: COFF/Prodasen. Elaboração do autor
2001 2002
2003 2004 2005
2000
Gráfi co 9
Pagamentos das ações de reforma agrária segundo fontes de recursos
selecionadas (em R$ 1.000 médios de 2005, corrigidos pelo IGP-DI)
Fonte: COFF/Prodasen. Elaboração do autor
TDA Ordinários Recursos Próprios Não-Financeiros Outras Contribuições Sociais
1.200.000
1.000.000
200.000
0
2000
2001
2002 2003
400.000
R$ mil médios 2005
2004
2005
600.000
800.000
51
O Gráfi co 9 mostra o crescimento signifi cativo dos recursos
das fontes TDA e Ordinários, especialmente nos dois últimos anos.
A tabela e o gráfi co a seguir caracterizam a participação rela-
tiva das fontes de recursos nos pagamentos das ações com reforma
agrária e mostram a crescente importância dos TDAs em detrimen-
to da Cofi ns e dos Recursos Próprios Não-Financeiros/Outras Contri-
buições Sociais.
Participação (%)
100
Gráfi co 10
Participação de fontes de recursos selecionadas nos pagamentos das
ações de reforma agrária* (em %)
* Exceto gastos com equalização e remuneração agentes fi nanceiros do Pronaf
Fonte: COFF/Prodasen. Elaboração do autor
TDA Ordinários Outras Contribuições Sociais Recursos Próprios Não-Financeiros Cofi ns Fundo de Combate Pobreza
2000
2001
2002 2003
2004
2005
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
Tabela 23
Participação das fontes de recursos nos pagamentos das ações de
reforma agrária* (em %)
Fonte
TDA 21,33 18,71 19,13 24,90 40,85 42,62
Ordinários 42,10 46,34 36,64 50,62 36,50 39,45
Outras Contribuições Sociais 0,00 0,00 0,00 14,99 12,17 10,00
Fundo Combate Pobreza 0,00 0,00 9,03 4,33 3,23 4,09
Conts. Plano Seg. Soc. Serv. 0,00 3,68 2,61 3,06 1,74 2,71
Oper.Créd. Ext. (em moeda) 0,00 0,22 0,19 0,25 0,57 0,51
Rec. Próprios Não-Financ. 20,49 20,52 18,56 1,04 0,47 0,45
Taxas por Serv. Públicos 0,00 0,00 0,00 0,16 0,10 0,12
PIN/ Proterra 0,96 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Tít. Tes.Nac. Div.Mob.Fed. 0,00 0,00 0,94 0,00 0,00 0,00
Tít. Tes.Nac - Out. Aplic. 0,47 0,55 0,94 0,53 0,00 0,00
Cofi ns 14,66 9,95 10,50 0,00 4,11 0,00
Outras 0,00 0,03 1,47 0,10 0,32 0,04
Total 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00
* Exceto gastos com equalização e remuneração agentes fi nanceiros do Pronaf
Fonte: COFF/Prodasen. Elaboração do autor
2001 2002
2003 2004 2005
2000
CARACTERIZAÇÃO DOS GASTOS ORÇAMENTÁRIOS
DA REFORMA AGRÁRIA
ASPECTOS ORÇAMENTÁRIOS E FINANCEIROS
DA REFORMA AGRÁRIA NO BRASIL (2000-2005)
52
A tabela e o gráfi co a seguir mostram a evolução e a partici-
pação das fontes de recursos utilizados para as despesas com inver-
sões fi nanceiras das ações de reforma agrária, com crescente im-
portância dos TDAs. Nos dois últimos anos esses títulos e os recur-
sos ordinários responderam pela quase totalidade das fontes utiliza-
das com este tipo de despesa.
Tabela 24
Pagamentos de inversões fi nanceiras das ações de reforma agrária
segundo as fontes de recursos (em R$ 1.000 médios de 2005, corrigidos
pelo IGP-DI)
Ordinários 118.758 254.716 277.720 183.536 267.704 379.265
Fundo Combate Pobreza 0 0 102.098 44.885 35.908 106.874
TDA 348.301 289.072 296.586 320.053 820.628 1.113.145
Outras Contr. Sociais 0 0 0 6.829 57.912 25.285
Rec. Prop. N.Financ. 227.671 157.156 19.008 0 8.806 11.870
Rec. Fin. Dir. Arrecad. 0 113 0 0 0 0
Total 694.730 701.057 695.412 555.303 1.190.959 1.636.440
Fonte: COFF/Prodasen. Elaboração do autor
2001 2002
2003 2004 2005
2000
Gráfi co 11
Participação das fontes de recursos nos pagamentos de inversões
nanceiras das ações de reforma agrária (em %)
Fonte: COFF/Prodasen. Elaboração do autor
TDA Ordinários Recursos Próprios Não-Financeiros Fundo de Combate Pobreza Outras Contribuições Sociais
80
50
10
0
2000
2001
2002 2003
20
Participação (%)
2004
2005
30
40
70
60
90
100
53
CARACTERIZAÇÃO DOS GASTOS ORÇAMENTÁRIOS
DA REFORMA AGRÁRIA
Embora a participação dos Recursos Próprios Não-Financei-
ros/Outras Contribuições Sociais no conjunto dos gastos da reforma
agrária tenha mostrado trajetória descendente, a tabela e o gráfi co a
seguir mostram a crescente participação destas fontes nos investi-
mentos da reforma agrária em detrimento da utilização dos recur-
sos Ordinários. A contribuição do Fundo de Combate à Pobreza nes-
ta modalidade de despesa mostrou-se inconstante, mas signifi cativa
em um dos anos.
Tabela 25
Pagamentos de investimentos das ações de reforma agrária segundo as
fontes de recursos (em R$ 1.000 médios de 2005, corrigidos pelo IGP-DI)
Ordinários 44.467 41.954 4.358 1.941 23.018 28.788
PIN/Proterra 15.684 0 0 0 0 0
Fundo Combate Pobreza 0 0 27.956 0 2.959 0
Op. Crédito Externa 0 1.307 2.576 582 6.698 5.611
Outras Contribuições Sociais 0 0 0 31.671 42.046 94.499
Recursos Próprios N. Financ. 7.265 16.916 34.509 0 0 0
A Classifi car 0 0 0 0 0 50
Total 67.416 60.176 69.398 34.194 74.721 128.948
Fonte: COFF/Prodasen. Elaboração do autor
2001 2002
2003 2004 2005
2000
Gráfi co 12
Participação das fontes de recursos nos pagamentos de investimentos
das ações de reforma agrária (em %)
Fonte: COFF/Prodasen. Elaboração do autor
Ordinários Outras Contribuições Sociais Recursos Próprios Não-Financeiros PIN/Proterra
Operação Crédito Externa Fundo de Combate Pobreza
2000
2001
2002 2003
2004
2005
80
50
10
0
20
Participação (%)
30
40
70
60
90
100
ASPECTOS ORÇAMENTÁRIOS E FINANCEIROS
DA REFORMA AGRÁRIA NO BRASIL (2000-2005)
54
Em resumo, a caracterização dos gastos orçamentários com
as ações de reforma agrária mostra que, mesmo diante da orienta-
ção de controle de infl ação e obtenção de superávits primários cres-
centes, foi possível aumentar signifi cativamente os valores dirigidos
a esta fi nalidade, especialmente quanto à obtenção de terras. O
crescimento dos gastos com implantação e consolidação de assen-
tamentos também contribuiu para a maior participação dos gastos
com atividades fi nalísticas. Os TDA’s ganharam crescente importân-
cia no total das despesas realizadas. A proporção dos investimentos
nos gastos totais manteve-se estável, atingindo 4% em média.
55
INTRODUÇÃO
A questão do custo dos assentamentos é comum nos debates
sobre a Reforma Agrária e na análise da sua efi ciência. No entanto,
a bibliografi a nacional sobre o tema é reduzida. O seu cálculo é con-
siderado controvertido, especialmente porque ele traz implícita uma
visão sobre o papel da Reforma Agrária como uma política para o
desenvolvimento (SHIKI, NEDER; TEIXEIRA, 1998; GUANZIROLI
et. al, 2001:221).
O único estudo no Brasil de abrangência nacional sobre os
gastos efetivamente incorridos para assentar uma família foi realiza-
do no fi nal da década de 1990, quando existia um número menor de
assentamentos e uma situação muito diferenciada da atual. Este estu-
do analisou os gastos relativos a 78 projetos de assentamento de um
total de 836 projetos criados pelo Incra entre 1986 e 1994. O período
abrangido foi de 1986 a 1997 (SHIKI, NEDER; TEIXEIRA, 1998).
Esta iniciativa ocorreu no âmbito do Projeto de Cooperação
Técnica FAO/Incra, que também buscou caracterizar a situação socio-
econômica dos benefi ciários do processo de reforma agrária e os re-
cursos públicos alocados para esta fi nalidade, entre outros aspectos.
O objetivo desta parte é fazer uma estimativa dos custos mé-
dios para assentamento de uma família a partir do desenvolvimento
de uma metodologia capaz de caracterizar os gastos com a reforma
agrária no Brasil de forma compatível com os objetivos do II PNRA,
os dados disponíveis e os procedimentos utilizados para a elaboração
de indicadores dos organismos multilaterais.
Neste estudo, a delimitação das atividades abrangidas corres-
ponde ao critério de obtenção de terras através dos instrumentos de
desapropriação por interesse social, aquisição, arrecadação de terras
ESTIMATIVA DO CUSTO MÉDIO PARA
ASSENTAMENTO DE UMA FAMÍLIA
37
37 A versão preliminar desta parte foi apresentada na reunião Consulta de Expertos en la Ejecución de
Programas de Reformas Agrarias em America del Sur, realizada pela Ofi cina Regional da FAO para Améri-
ca Latina e Caribe, em Santiago (Chile), nos dias 11 e 12 de dezembro de 2006.
ASPECTOS ORÇAMENTÁRIOS E FINANCEIROS
DA REFORMA AGRÁRIA NO BRASIL (2000-2005)
56
públicas e regularização fundiária e suas respectivas atividades
afi ns, inclusive aquelas relacionadas à assistência às famílias acam-
padas e ao crédito rural. Embora confi gurem ações ofi ciais da polí-
tica fundiá ria – algumas delas constam inclusive do II PNRA – não
foram computados os gastos com o Programa Crédito Fundiário,
assim como os relativos à assistência técnica e extensão rural em
áreas indígenas e apoio ao desenvolvimento sustentável de comu-
nidades quilombolas.
FONTES DE DADOS
Os estudos de Leite (1994) e Shiki, Neder e Teixeira (1998)
identifi cam difi culdades de obtenção junto aos órgãos responsáveis
de dados padronizados e individualizados necessários à estimativa
de custos efetivos de assentamento que incluam as suas diversas eta-
pas. Isto difi culta o acompanhamento regular da evolução destes va-
lores, especialmente ao público externo a estas instituições e exige
outras opções metodológicas.
Para tentar superar este problema, foram utilizadas neste estu-
do, as informações do banco de dados da Execução Orçamentária da
União disponibilizadas pela Consultoria de Orçamento e Fiscalização
Financeira da Câmara dos Deputados e pela Secretaria Especial de
Informática do Senado Federal (Prodasen) no endereço http://www2.
camara.gov.br/orcamentobrasil/orcamentouniao/loa.
Os dados sobre o Pronaf foram obtidos da base de dados da
Secretaria Nacional de Agricultura Familiar (SAF/MDA), disponível em
http://www.mda.gov.br/saf/index.php?sccid=812, que tem como fon-
te o Registro Comum de Operações Rurais (Recor) do Banco Central
(BC) e os agentes fi nanceiros que operam o programa (Banco do Bra-
sil, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES
- e outros).
Para o estudo da emissão de TDA foram utilizados os dados
de relatórios da Diretoria de Gestão Administrativa do Incra. No caso
das negociações desses títulos no mercado secundário foram utiliza-
das as informações disponibilizadas pela Cetip no endereço http://
www.cetip.com.br, inclusive para as regras de formação dos códigos
de cada título (CETIP, 2004).
Para obtenção dos dados referentes às famílias assentadas e
benefi ciárias efetivos das políticas foram utilizadas tabulações espe-
ciais do Sistema de Informações de Projetos de Reforma Agrária
57
(Sipra) do Incra, além dos Relatórios de Gestão do órgão e do Balanço
Geral da União (BGU) (BRASIL.CGU; INCRA, 2004 e 2005).
Informações complementares foram obtidas no BGU, no Re-
latório de Gestão do Incra e em tabulações especiais dos órgãos en-
volvidos. Foram utilizados também indicadores econômico-fi nancei-
ros do BC, da Secretaria do Tesouro Nacional (STN) do Ministério da
Fazenda e outros disponibilizados pelo Instituto de Pesquisas Econô-
micas Aplicadas (Ipea).
PROCEDIMENTOS
Para efeito desta estimativa de custo médio de assentamento
de uma família, são considerados os gastos previstos no II PNRA para
a viabilidade econômica dos novos assentamentos (BRASIL.MDA,
2003: 21). Eles expressam a visão de Reforma Agrária que afi rma a
complementariedade entre os processos de democratização da distri-
buição da terra e de fortalecimento da agricultura familiar.
Para que isto seja refl etido no cálculo, optou-se pela incorpo-
ração dos dispêndios que compõem o cronograma de desembolso do
Estado desde as ações preparatórias para obtenção da área até o es-
tabelecimento das condições de infraestrutura, serviços e diversas
modalidades de crédito dos assentados.
Para uma aproximação do custo médio para assentamento
de uma família foi utilizado o mesmo procedimento descrito por
Leite (1994), que idealiza um projeto “padrão” para homogeneizar
algumas condições que podem servir de base às futuras ações go-
vernamentais. Este padrão não corresponde necessariamente a uma
medida de tendência central como, por exemplo, a média, a media-
na ou a moda.
A opção por este procedimento não desconsidera, evidente-
mente, a grande heterogeneidade que marca os assentamentos,
seja pela sua história, pelo processo de constituição e consolidação,
as condições infraestruturais e econômicas e sistemas de produção
adotados (LEITE, 1994; LEITE et. al, 2004; SPAROVEK, 2003). O
critério escolhido também não desconsidera que os gastos públicos
não ocorrem de maneira proporcional e homogênea nos diversos
assentamentos, nem tampouco ao longo do tempo. Corresponde a
uma opção metodológica defi nida a partir das limitações dos dados
disponíveis que não permitem a aferição dos custos individualiza-
dos dos projetos de assentamento ou uma amostragem razoável
ESTIMATIVA DO CUSTO MÉDIO
PARA ASSENTAMENTO DE UMA FAMÍLIA
ASPECTOS ORÇAMENTÁRIOS E FINANCEIROS
DA REFORMA AGRÁRIA NO BRASIL (2000-2005)
58
com esta fi nalidade. Este problema deverá ser amenizado, em par-
te, após a conclusão do Censo Agropecuário 2007, do IBGE, que
identifi cará os assentamentos como unidades especiais de coleta
de dados.
Foram defi nidos os seguintes padrões, conforme a forma de
obtenção da terra:
a) oneroso, por meio de TDAD (desapropriação);
b) oneroso, por meio de TDAE (aquisição);
c) não-oneroso (arrecadação, discriminação, reconhecimento
e outras formas).
Neste estudo os gastos orçamentários foram analisados ao
nível das atividades, projetos e operações especiais de forma a reali-
zar uma razoável aproximação com as fi nalidades específi cas de cada
Programa, como já citado. Para permitir a comparação entre as ações
é necessário fazer uma equivalência entre projetos, atividades e ope-
rações especiais, com base na descrição do Cadastro de Ações dispo-
nibilizado pelo Ministério do Planejamento
38
e nas informações pres-
tadas por gestores dos respectivos programas. Em alguns casos a
equivalência foi dada pela incorporação ou desmembramento de
projetos/atividade.
O cálculo tem como base o período compreendido entre 2004
e 2005, por serem os mais representativos das políticas desenvolvi-
das no último período. Para aferição da média destes dois anos, os
valores nominais de 2004 foram trazidos a valores médios de 2005
conforme a evolução do IGP-DI da Fundação Getúlio Vargas. Os valo-
res expressos em dólares estadunidenses correspondem à média da
cotação anual para compra apurada pelo Banco Central. Os preços
em dólar foram corrigidos pelo defl ator implícito do PIB dos Estados
Unidos, divulgado pelo U.S. Bureau of Economic Analysis
39
, conforme
critério utilizado pela base de dados da FAO para o gasto rural na
América Latina.
Os valores obtidos são aqueles liquidados e que constam dos
Relatórios de Gestão e do Balanço Geral da União (INCRA, 2004 e
2005; BRASIL. CGU, 2004 e 2005). Quando possível os dados foram
identifi cados quanto às cinco grandes regiões do País.
O custo médio para o Brasil de cada padrão corresponde à
média ponderada pelo número total de famílias assentadas e cada
38 Disponível em http://sidornet.planejamento.gov.br.
39 Disponível em http://www.bea.gov/bea/dn/nipaweb/index.asp.
59
ESTIMATIVA DO CUSTO MÉDIO
PARA ASSENTAMENTO DE UMA FAMÍLIA
região, conforme relatório do Sipra/Incra. Para o dado geral do Brasil
a ponderação foi feita pela forma de obtenção da terra, conforme ta-
bela a seguir:
Tabela 26
Número de famílias assentadas em 2004 e 2005 no Brasil, por região e
forma de obtenção da terra
Norte 23.460 1.567 61.584 86.611
Nordeste 36.237 2.706 24.865 63.808
Centro-Oeste 20.631 6.358 5.987 32.976
Sudeste 5.804 641 2.429 8.874
Sul 3.430 1.355 1.537 6.322
Brasil 89.562 12.627 96.402 198.591
Fonte: Sipra/Incra
Não-onerosa
Total
Desapropriação
Aquisição
A defi nição dos componentes do custo médio inclui o con-
junto das transferências diretas aos assentados, à semelhança do
que propõe a metodologia da OCDE, já mencionada. Ela exclui os
gastos com educação, alimentação (cesta básica), assistência aos
acampados, recuperação e qualifi cação dos assentamentos já im-
plantados, bem como as despesas com atividades de manutenção
da administração não específi cas, como salários, pensões, auxílios
aos servidores e outros. Estão incluídas as despesas administrativas
consideradas específi cas, como diárias, passagens e material de
consumo.
No caso do primeiro grupo de despesas excluídas do cálculo
a opção justifi ca-se por não considerá-las gastos públicos da Refor-
ma Agrária stricto sensu. São “custos públicos ou sociais da cidada-
nia”, ou seja, são gastos que a sociedade deveria prover para todas
as pessoas, sejam elas assentadas ou não, conforme Shiki, Neder e
Teixeira (1998).
No caso das despesas administrativas não fi nalísticas consi-
dera-se que elas não incidem sobre as transferências diretas aos
agricultores. Além disto, são de difícil aferição, especialmente para
as regiões, devido aos diversos serviços prestados pela instituição
responsável. Em estudo com pequeno universo amostral (19 assen-
tamentos) elas foram estimadas em 18% do custo fi nal nacional,
com variação de 10% a 25% entre as regiões (GUANZIROLI, 1995
citado por Shiki, Neder e Teixeira,1998). Outro estudo do Departa-
mento de Assuntos Fundiários, de 1991, citado por Leite (1994) limi-
ASPECTOS ORÇAMENTÁRIOS E FINANCEIROS
DA REFORMA AGRÁRIA NO BRASIL (2000-2005)
60
tou-se ao caso paulista e alcançou 20% dos gastos totais, que não
incluíram as ações preparatórias para obtenção de terras, obtenção
de terras e créditos.
Também não foram incluídos nesta estimativa os gastos de-
correntes da adesão dos assentados ao Seguro da Agricultura Fami-
liar, ao Programa Garantia Safra, à Bolsa Estiagem e ao Programa de
Aquisição de Alimentos
40
. Isto se deve basicamente ao fato de não ser
ações destinadas exclusivamente aos assentados e à difi culdade de
identifi cação deles entre os seus benefi ciários.
Os componentes adotados são os seguintes:
a) Ações preparatórias para obtenção de terras;
b) obtenção onerosa de terras;
c) pagamento de benfeitorias nas terras obtidas;
d) desenvolvimento de infraestrutura básica para implantação;
e) concessão de Crédito Implantação;
f) contratação de Assistência Técnica;
g) concessão de crédito investimento (Pronaf Grupo “A”);
h) concessão de crédito custeio (Pronaf Grupo “A/C”).
O primeiro componente corresponde às ações preparatórias
para obtenção de terras, que compreendem atividades de identifi ca-
ção, vistoria, avaliação e perícia de imóveis passíveis de desapropria-
ção, aquisição direta ou outra forma de obtenção. Incluem também
as atividades relacionadas aos licenciamentos ambientais, em confor-
midade com a Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente n°
289/01
41
.
O cálculo dos gastos com estas atividades foi obtido pela
soma dos gastos nos projetos/atividades Ações Preparatórias para
Obtenção de Imóveis Rurais (código orçamentário 4274) e Gestão e
Administração do Programa (2272). Estas atividades são realizadas
para os diversos tipos de obtenção, inclusive em projetos de assenta-
mento já existentes, e seus custos variam conforme a localização/
acesso e dimensão dos imóveis analisados, entre outros aspectos.
Desta forma, optou-se pela ponderação dos gastos segundo a área de
cada uma das formas de obtenção (oneroso e não oneroso) na amos-
tra correspondente aos novos projetos de assentamento. Em seguida,
obteve-se o valor médio de cada hectare para cada região e procedeu-
se à sua multiplicação pela área média de cada família.
40 Para uma apresentação do PAA e de suas normas acessar http://www.conab.gov.br/conabweb/
index.php?PAG=14 e http://www.conab.gov.br/conabweb/moc.php. Para os demais programas ver:
http://www.mda.gov.br/saf
41 Disponível em http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res01/res28901.doc
61
ESTIMATIVA DO CUSTO MÉDIO
PARA ASSENTAMENTO DE UMA FAMÍLIA
Tabela 27
Área média por família nos Projetos de Assentamento criados em 2004 e
2005, por forma de obtenção da terra (em hectares)
Norte 96 399
Nordeste 34 72
Centro-Oeste 26 76
Sudeste 33 61
Sul 28 21
Fonte: Sipra/Incra
Não-onerosaOnerosa
O segundo componente do custo corresponde à obtenção
onerosa por meio de TDA, estabelecendo-se hipoteticamente um
único tipo de título para cada modalidade (TDAD de 15 anos para
desapropriação e TDAE de cinco anos para aquisição). Esta opção
superestima o valor real, uma vez que as condições (prazos e juros)
são as mais favoráveis aos antigos proprietários. O cálculo foi feito
considerando a amortização do principal da dívida em parcelas
iguais a partir do segundo ano.
O estudo abrange uma estimativa dos custos adicionais de
obtenção de terras decorrente de decisões judiciais transitadas em
julgado que pleiteiam a revisão dos valores originais. A opção por
uma estimativa se deve basicamente ao longo prazo para que isto
ocorra (superior a cinco anos, em média) e à ausência de registros
internos que permitam aferir em termos relativos esta elevação. A
incorporação destes valores foi feita pelos valores médios dos TDAs
emitidos por acordo ou decisão judicial para complemento dos valo-
res da terra e/ou benfeitorias. A distribuição foi feita proporcional-
mente às famílias benefi ciadas declaradas nestes instrumentos. A
consideração é que no período recente estes gastos tendem à esta-
bilidade, sem grande variação anual.
A diferença entre os valores originais para obtenção e os
valores totais após as decisões judiciais impactou signifi cativamen-
te os custos levantados anteriormente por Shiki e outros (1998).
Isto se deve, em grande parte, à decisão liminar do Supremo Tribu-
nal Federal que suspendeu a partir de agosto de 2001 os efeitos da
MP nº 2.027-43, de 27.09.00 e suas sucessivas reedições, que alte-
raram o Decreto-Lei nº 3.365, de 21 de junho de 1941. Esta MP
fazia incidir juros compensatórios de até 6% ao ano quando hou-
vesse divergência entre o preço ofertado em juízo e o valor do imó-
vel desapropriado por necessidade ou utilidade pública e interesse
ASPECTOS ORÇAMENTÁRIOS E FINANCEIROS
DA REFORMA AGRÁRIA NO BRASIL (2000-2005)
62
social, inclusive para fi ns de reforma agrária. Estes juros seriam
destinados a compensar a perda de renda comprovadamente sofri-
da pelo proprietário. A interpretação que prevalece até o julgamen-
to do resultado fi nal da Ação Direta de Inconstitucionalidade nº
2.332-2, do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, é
que a base de cálculo dos juros compensatórios será a diferença
eventualmente apurada entre 80% do preço ofertado em juízo e o
valor do bem fi xado na sentença.
Os TDAs não podem ser trocados ou convertidos em títulos
do Tesouro (NTN, LFT e outros), mas podem ser utilizados junto ao
setor público nas seguintes situações: (art. 105 do Estatuto da Terra e
art. 11 do Decreto 578/02)
a) pagamento de até 50% do Imposto sobre a Propriedade
Territorial Rural (ITR)
42
;
b) pagamento de preço de terras públicas;
c) prestação de garantia;
d) depósito, para assegurar a execução em ações judiciais ou
administrativas;
e) caução, para garantia de: quaisquer contratos de obras ou
serviços celebrados com a União; ou empréstimos ou fi nanciamentos
em estabelecimentos da União, autarquias federais e sociedades de
economia mista, entidades ou fundos de aplicação às atividades ru-
rais criadas para este fi m; e
f) a partir do seu vencimento, em aquisição de ações de em-
presas estatais incluídas no Programa Nacional de Desestatização
(PND) (art. 5º, § 3º Lei nº 8.177/91)
43
.
Estas possibilidades contribuem para que os TDAs sejam in-
tensamente negociados no mercado secundário, sobre o qual o Te-
souro não exerce qualquer interferência. Os preços fl utuam de acor-
do com as condições de mercado e geralmente são transferidos com
amplo espectro de deságios.
42 A possibilidade de pagamento de metade do ITR com TDA não apresenta grande impacto potencial
sobre a arrecadação tributária. Segundo da Secretaria da Receita Federal, entre 2001 e 2005 o valor
arrecadado com o ITR oscilou entre 0,01% e 0,02% do PIB nacional e entre 0,05% e 0,04% da arrecada-
ção bruta do País. Os valores arrecadados foram os seguintes: R$ 197 milhões em 2001, R$ 191 milhões
em 2002, R$ 234 milhões em 2003, R$ 245 milhões e R$ 276 milhões em 2005. (BRASIL. MF, 2006). No
entanto, este valor potencial é signifi cativo se comparado ao orçamento anual para obtenção de terras,
conforme analisado anteriormente.
43 Não houve a utilização de TDA em leilões de privatização de estatais federais a partir de 2000. Eles
foram utilizados com esta fi nalidade entre os anos de 1991 e 1997, quando ocorreram as principais
vendas, como as da Companhia Vale do Rio Doce, Light, Usiminas, Companhia Siderúrgica Nacional,
entre outras. No cômputo geral, foram utilizados TDAs no valor de US$ 812 milhões, o que representou
aproximadamente 9% do total de títulos e 3% do valor total arrecadado. Os TDAs foram a principal
moeda para aquisição da Goiasfértil, do ramo de fertilizantes, pela Fosfértil, em 1992.
63
No entanto, os TDAs são registrados na contabilidade do Te-
souro Nacional pelo valor de emissão com a atualização monetária.
Esta prática contraria disposições internacionais de contabilidade,
como o Manual de Estatística e Finanças Públicas (BANCO MUNDIAL,
2002; ZUKOWSKI, 2004).
Embora o valor de mercado do TDA não possa ser obtido no
momento da emissão – como ocorre com outros títulos da dívida
pública ofertados em leilões – existem informações disponíveis que
permitem estimar este valor, seja na forma de deságios médios, seja
na forma de Valor Presente.
Para o cálculo dos deságios médios dos TDAD e TDAE nego-
ciados entre 2000 e 2005 foram utilizados os procedimentos propos-
tos por Zukowski (2004), que consistem na defi nição de uma matriz
com prazos médios para cada faixa de deságio praticada. O deságio
médio estimado (D) é calculado pela equação
D = (1-m
P
) x 100, onde
P = prazo em meses
m = constante ajustada pelo método de minimização dos
quadrados dos desvios
A Cetip disponibiliza o deságio praticado em cada negociação
defi nitiva de títulos conforme a sua projeção de avaliação pelo preço
de curva de rentabilidade intrínseca dos títulos, o que no caso corres-
ponde à curva de valores futuros da TR
44
. Estes valores são pondera-
dos pelo valor fi nanceiro de cada transação e ajustados pelo método
de minimização do quadrado dos desvios. As tabelas com os dados
intermediários para obtenção dos deságios médios encontram-se no
Anexo II. Foram excluídas do cálculo as operações com data posterior
ao vencimento, por se tratarem de operações atípicas, provavelmente
vinculadas a decisões judiciais ou administrativas que determinaram
o bloqueio temporário dos títulos. Estas operações correspondem a
valores inferiores a 1% do total negociado em 2004 e 2005.
Existem diferentes critérios utilizados pelos agentes fi nancei-
ros para marcação a mercado dos TDA’s. Em alguns casos, ela inclui
o spread bancário ou então outra remuneração, como a dos Depósi-
tos Interbancários (DI).
ESTIMATIVA DO CUSTO MÉDIO
PARA ASSENTAMENTO DE UMA FAMÍLIA
44 A Cetip disponibiliza aos agentes credenciados a curva do instrumento fi nanceiro (comportamento
de atualização) até dois meses anteriores à data da operação.
ASPECTOS ORÇAMENTÁRIOS E FINANCEIROS
DA REFORMA AGRÁRIA NO BRASIL (2000-2005)
64
Neste estudo, a taxa de desconto para estimativa Valor Pre-
sente (VP) dos TDAs foi calculada a partir da curva projetada pela
STN, cujo principal componente é a TR. Este valor considera a exis-
tência de resgates do principal a partir do segundo ano em parcelas
anuais iguais e a incidência de juros compostos. O VP foi calculado
segundo a equação:
VP = VF/ (1+i)
P
, onde:
VF = Valor Futuro
i = taxa de desconto (curva)
p = período (ano)
O cálculo do valor da terra pela aplicação do cálculo do desá-
gio médio e do Valor Presente mostrou-se preferível à estimativa de
custos obtida por meio de indicadores do preço da terra em mercado,
como feito por SHIKI e outros (1998).
O terceiro componente do custo médio, o pagamento de ben-
feitorias das áreas obtidas, foi estimado a partir dos relatórios da
emissão de TDA nas diversas situações (desapropriação, aquisição,
acordo e judicial), que indicam os valores e o número de famílias be-
nefi ciadas por estado da Federação.
O quarto, quinto e sexto componentes foram calculados a par-
tir do gasto médio efetuado nos projetos/atividades Projetos de As-
sentamento Rural em Implantação (código orçamentário 4296), Con-
cessão de Crédito-Instalação às Famílias Assentadas - Implantação
(0062) e Assistência Técnica e Capacitação de Assentados - Implan-
tação (4464). A opção pela média nacional uniforme deve-se à ausên-
cia da informação em tempo hábil, do número de benefi ciários em
cada unidade regional do Incra, o que permitiria a aferição das mé-
dias regionais.
Estes projetos/atividades têm como objetivo prover os assen-
tamentos de plano de desenvolvimento, de serviços topográfi cos e
infraestrutura básica; dar condições de subsistência às famílias na
etapa inicial do assentamento rural implantado, proporcionando a
aquisição de animais, ferramentas e insumos, de forma a permitir o
início de atividades produtivas na parcela de terra, bem como propi-
ciando condições dignas de moradia ao assentado. Visam também
assessorar as famílias benefi ciada na implantação dos projetos, de
forma integral e continuada, no melhoramento da organização pro-
dutiva, comercial, social, ambiental e de gestão.
65
Os dados médios obtidos subestimam os valores recebidos
pelos agricultores do Semi-Árido, que têm direito a um valor adicio-
nal de até R$ 1,5 mil por família.
O sétimo componente do custo são os gastos públicos com as
operações de crédito ao amparo do Pronaf Grupos “A” (investimento)
e “A/C” (custeio)
45
. Elas compreendem dotações parciais das ações
Cobertura de Garantia concedida pela União no Âmbito do Pronaf
(código 0457) e Remuneração das Instituições Financeiras pela Ope-
ração do Pronaf (4791). Isto requer que se façam tabulações e estima-
tivas especiais. No caso do Grupo “A/C” foi considerada apenas uma
das três operações permitidas.
Diante da falta de dados solicitados à STN e aos agentes fi nan-
ceiros que operam o Programa, o cálculo do apoio implícito aos fi -
nanciamentos do Pronaf considerou a total adimplência dos benefi ci-
ários, a incidência de juros compostos e o prazo de pagamento de
dez anos (Grupo A) e um ano (A/C) conforme normas do Manual de
Crédito Rural (MCR). Para o Pronaf A foi considerado o pagamento da
primeira parcela no quarto ano após a contratação. Sobre ela foi cal-
culado o rebate de 45%, que corresponde aos fi nanciamentos que
foram acompanhados de assistência técnica. O bônus adimplência
para o Grupo A/C foi de R$ 200,00 (MCR itens 10-4-2, 10-4-6, 10-5-4
e 10-5-5) (BCB, 2006).
Para o cálculo da equalização foram considerados os parâ-
metros utilizados pela OCDE para o estudo das políticas agrícolas
brasileiras, ou seja, a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) para inves-
timentos e a taxa Selic/Over para custeios (OCDE, 2005).
A estimativa dos gastos para remuneração das instituições
nanceiras foi feita considerando os percentuais de 4% (Pronaf A)
e 3,5% (Pronaf A/C, médio) sobre o montante contratado. A esti-
mativa dos gastos gerais com equalização de juros foi feita consi-
derando o montante contratado anualmente e as diferenças entre
as taxas de juros pagas pelos agricultores (1,15% para o Pronaf A
e 2% para o Pronaf A/C) e as taxas médias da TJLP (Pronaf A) e da
taxa Selic/Over (Pronaf A/C). Este cálculo não considera os dispên-
dios decorrentes de outras linhas de crédito acessíveis aos assenta-
dos e a outros agricultores, como os Pronaf Mulher, Jovem e Semi-
Árido. Além disto, não estão considerados, por falta de informa-
ESTIMATIVA DO CUSTO MÉDIO
PARA ASSENTAMENTO DE UMA FAMÍLIA
45 Os dados disponíveis não permitem identifi car entre os benefi ciários do Grupo “A do Pronaf os
agricultores familiares assentados pelo PNRA, os atendidos pelo Programa Crédito Fundiário e outros
conforme defi nição do MCR 10-2-1 (BCB, 2006).
ASPECTOS ORÇAMENTÁRIOS E FINANCEIROS
DA REFORMA AGRÁRIA NO BRASIL (2000-2005)
66
ções disponíveis, os custos decorrentes da inadimplência, da rene-
gociação de dívidas e de outras remunerações das instituições fi -
nanceiras.
O cálculo do Valor Presente das operações do Pronaf A consi-
derou a taxa de desconto fi xa de 6,85% ao ano, correspondente ao
mais recente valor fi xado para a TJLP (quarto trimestre de 2006). No
caso do Pronaf A/C foi utilizada a taxa Selic/Over média do segundo
semestre de 2005. A utilização destes valores considera a tendência
descendente da trajetória destas taxas.
RESULTADOS OBTIDOS
Os resultados obtidos no cálculo dos deságios médios dos
TDAs negociados em mercado mostram elevados graus de ajuste
(r
2
) das funções de projeção e elevados deságios para os TDAD’s,
com pequena variação em relação aos prazos em um mesmo ano
(ver Anexo III). Em relação ao TDAE, os deságios indicam um com-
portamento cíclico, com semelhanças entre os anos de 2000 e 2005.
É o que revelam as tabelas a seguir.
Tabela 28
Deságios médios (%) dos TDAD’s negociados sob custódia da Cetip
(2001-2005)
Prazo fi nal (anos)
2001 41,22 44,29 45,93
2002 41,74 44,78 46,39
2003 55,69 60,81 63,71
2004 42,20 45,20 46,78
2005 59,45 60,13 60,38
Fonte: Elaboração do autor, exceto 2003 conforme Zukowski (2004)
18
20
15
Tabela 29
Deságios médios (%) dos TDAE’s negociados sob custódia da Cetip
(2001-2005)
Prazo fi nal (anos)
2001 12,07 19,77 26,10 31,19
2002 37,70 49,79 54,74 56,77
2003 23,72 37,91 48,59 56,72
2004 22,13 33,62 41,00 45,73
2005 12,08 20,03 26,40 31,51
Fonte: Elaboração do autor, exceto 2003 conforme Zukowski (2004)
15
20
10
5
67
Os deságios médios para os anos 2004 e 2005 aproximam-se
bastante das taxas de desconto utilizadas pela STN para cálculo do
Valor Presente dos TDA’s (50,69% e 78,75%).
Os resultados considerando o Valor Presente dos TDA’s e das
operações de crédito são os seguintes:
ESTIMATIVA DO CUSTO MÉDIO
PARA ASSENTAMENTO DE UMA FAMÍLIA
Tabela 30
Custo médio para assentamento de uma família no Brasil, por
modalidade de obtenção da terra (2004-2005)
Em R$
Brasil
Ações Preparatórias 116 89 671
Obtenção TDAD 15 anos 3% 15.660 - -
Obtenção TDAE cinco anos 6% - 36.846 -
Benfeitorias 5.322 10.961 -
Implantação 1.510 1.510 1.510
Crédito Implantação 4.792 4.792 4.792
Assistência Técnica Implantação 268 268 268
Pronaf A Remuneração Agentes 562 542 578
Pronaf A Equalização 10.287 9.928 10.585
Pronaf A/C Remuneração Agentes 89 91 92
Pronaf A/C Equalização 335 340 347
Pronaf A/C Rebate 200 200 200
Total 39.141 65.567 19.043
Em US$
Ações Preparatórias 48 37 275
Obtenção TDAD 15 anos 3% 6.434 - -
Obtenção TDAE cinco anos 6% - 15.138 -
Benfeitorias 2.186 4.503 -
Implantação 621 621 621
Crédito Implantação 1.969 1.969 1.969
Assistência Técnica Implantação 110 110 110
Pronaf A Remuneração Agentes 231 223 237
Pronaf A Equalização 4.226 4.079 4.349
Pronaf A/C Remuneração Agentes 37 37 38
Pronaf A/C Equalização 138 140 142
Pronaf A/C Rebate 82 82 82
Total 16.081 26.938 7.824
Fonte: Elaboração do autor
Desapropriação Aquisição Não-onerosa
A tabela anterior evidencia uma signifi cativa diferença entre
os valores segundo a forma de obtenção da terra, tanto no que diz
respeito ao custo da terra quanto ao das benfeitorias. O uso do Valor
Presente para a obtenção de terras, que considera uma expectativa de
ASPECTOS ORÇAMENTÁRIOS E FINANCEIROS
DA REFORMA AGRÁRIA NO BRASIL (2000-2005)
68
remuneração fi nanceira futura, não permite caracterizar as diferenças
existentes entre os valores unitários das avaliações da terra nua utili-
zadas nas desapropriações ou aquisições. Da mesma forma, eles não
permitem caracterizar uma preferência defi nida por qualquer uma
dessas modalidades de obtenção, mas é possível observar que os
maiores valores de aquisição concentram-se na região Centro-Sul.
A opção por aquisições pode ser atribuída, na maioria das vezes,
à impossibilidade da desapropriação pela desatualização dos índices mí-
nimos de produtividade que informam o cumprimento da função social
da propriedade. Além disto, existem difi culdades devido à inadequação
da legislação que trata do rito sumário para desapropriação, o que torna
estes processos morosos e mais suscetíveis de impugnações legais.
As tabelas a seguir revelam o custo médio para assentamento
de uma família para cada uma das cinco grandes regiões do País se-
gundo a modalidade de obtenção de terra. Elas mostram uma grande
heterogeneidade em termos do universo de famílias que serviu de
base para aferição dos valores. Além disto, tornam-se evidentes as
diferenças entre os valores totais e de alguns de seus componentes. O
valor mínimo encontrado foi de R$ 16,4 mil, correspondente a obten-
ção não-onerosa para um pequeno número de famílias na região Sul.
O valor máximo foi de R$ 81,1 mil, correspondente a aquisições na
região Sudeste. Para as desapropriações, os valores oscilam entre R$
25,8 mil (Nordeste) e R$ 58,2 mil (Sul).
Tabela 31
Custo médio para assentamento de uma família na região Norte do
Brasil, por modalidade de obtenção da terra (2004-2005) (Em R$ de 2005)
Universo (famílias
Norte
Ações Preparatórias 6.184 6.184 37.131
Obtenção TDAD 15 anos 3% 5.596 - -
Obtenção TDAE cinco anos 6% - 288 -
Benfeitorias 5.596 288 -
Implantação 138.285 138.285 138.285
Crédito Implantação 125.169 125.169 125.169
Assistência Técnica Implantação 255.881 255.881 255.881
Pronaf A Remuneração Agentes 21.389 21.389 21.389
Pronaf A Equalização 21.389 21.389 21.389
Pronaf A/C Remuneração Agentes 7.245 7.245 7.245
Pronaf A/C Equalização 7.245 7.245 7.245
Pronaf A/C Rebate 7.245 7.245 7.245
Desapropriação Aquisição Não-onerosa
(continua)
69
ESTIMATIVA DO CUSTO MÉDIO
PARA ASSENTAMENTO DE UMA FAMÍLIA
Tabela 31 (conclusão)
Em R$
Norte
Ações Preparatórias 230 230 955
Obtenção TDAD 15 anos 3% 16.257 -
Obtenção TDAE cinco anos 6% - 13.778 -
Benfeitorias 3.491 17.352 -
Implantação 1.510 1.510 1.510
Crédito Implantação 4.792 4.792 4.792
Assistência Técnica Implantação 268 268 268
Pronaf A Remuneração Agentes 590 590 590
Pronaf A Equalização 10.814 10.814 10.814
Pronaf A/C Remuneração Agentes 97 97 97
Pronaf A/C Equalização 365 365 365
Pronaf A/C Rebate 200 200 200
Total 38.615 49.997 19.592
Fonte: Elaboração do autor
Desapropriação Aquisição Não-onerosa
Tabela 32
Custo médio para assentamento de uma família na região Nordeste do
Brasil, por modalidade de obtenção da terra (2004-2005) (Em R$ de 2005)
Universo (famílias)
Nordeste
Ações Preparatórias 19.536 19.536 15.186
Obtenção TDAD 15 anos 3% 19.953 - -
Obtenção TDAE cinco anos 6% - 834 -
Benfeitorias 19.953 834 -
Implantação 138.285 138.285 138.285
Crédito Implantação 125.169 125.169 125.169
Assistência Técnica Implantação 255.881 255.881 255.881
Pronaf A Remuneração Agentes 32.061 32.061 32.061
Pronaf A Equalização 32.061 32.061 32.061
Pronaf A/C Remuneração Agentes 7.123 7.123 7.123
Pronaf A/C Equalização 7.123 7.123 7.123
Pronaf A/C Rebate 7.123 7.123 7.123
Em R$
Ações Preparatórias 48 37 275
Ações Preparatórias 82 82 172
Obtenção TDAD 15 anos 3% 4.251 - -
Obtenção TDAE cinco anos 6% - 17.673 -
Benfeitorias 3.520 4.562 -
Implantação 1.510 1.510 1.510
Crédito Implantação 4.792 4.792 4.792
Assistência Técnica Implantação 268 268 268
Pronaf A Remuneração Agentes 562 562 562
Pronaf A Equalização 10.288 10.288 10.288
Desapropriação Aquisição Não-onerosa
(continua)
ASPECTOS ORÇAMENTÁRIOS E FINANCEIROS
DA REFORMA AGRÁRIA NO BRASIL (2000-2005)
70
Tabela 32 (conclusão)
Em R$
Nordeste
Pronaf A/C Remuneração Agentes 80 80 80
Pronaf A/C Equalização 300 300 300
Pronaf A/C Rebate 200 200 200
Total 25.853 40.317 18.171
Fonte: Elaboração do autor
Desapropriação Aquisição Não-onerosa
Tabela 33
Custo médio para assentamento de uma família na região Centro-Oeste
do Brasil, por modalidade de obtenção da terra. (2004-2005)
(Em R$ de 2005)
Universo (famílias)
Centro-Oeste
Ações Preparatórias 10.960 10.960 1.375
Obtenção TDAD 15 anos 3% 7.106 - -
Obtenção TDAE cinco anos 6% - 6.182 -
Benfeitorias 7.106 6.182 -
Implantação 138.285 138.285 138.285
Crédito Implantação 125.169 125.169 125.169
Assistência Técnica Implantação 255.881 255.881 255.881
Pronaf A Remuneração Agentes 9.062 9.062 9.062
Pronaf A Equalização 9.062 9.062 9.062
Pronaf A/C Remuneração Agentes 10.920 10.920 10.920
Pronaf A/C Equalização 10.920 10.920 10.920
Pronaf A/C Rebate 10.920 10.920 10.920
Em R$
Ações Preparatórias 63 63 183
Obtenção TDAD 15 anos 3% 27.197 - -
Obtenção TDAE cinco anos 6% - 43.670 -
Benfeitorias 9.883 14.608 -
Implantação 1.510 1.510 1.510
Crédito Implantação 4.792 4.792 4.792
Assistência Técnica Implantação 268 268 268
Pronaf A Remuneração Agentes 528 528 528
Pronaf A Equalização 9.676 9.676 9.676
Pronaf A/C Remuneração Agentes 94 94 94
Pronaf A/C Equalização 354 354 354
Pronaf A/C Rebate 200 200 200
Total 54.567 75.764 17.606
Fonte: Elaboração do autor
Desapropriação Aquisição Não-onerosa
71
Tabela 34
Custo médio para assentamento de uma família na região Sudeste do
Brasil, por modalidade de obtenção da terra. (2004-2005) (Em R$ de 2005)
Universo (famílias)
Sudeste
Ações Preparatórias 4.127 4.127 1.124
Obtenção TDAD 15 anos 3% 5.324 - -
Obtenção TDAE cinco anos 6% - 225 -
Benfeitorias 5.324 225 -
Implantação 138.285 138.285 138.285
Crédito Implantação 125.169 125.169 125.169
Assistência Técnica Implantação 255.881 255.881 255.881
Pronaf A Remuneração Agentes 3.900 3.900 3.900
Pronaf A Equalização 3.900 3.900 3.900
Pronaf A/C Remuneração Agentes 4.181 4.181 4.181
Pronaf A/C Equalização 4.181 4.181 4.181
Pronaf A/C Rebate 4.181 4.181 4.181
Em R$
Ações Preparatórias 79 79 145
Obtenção TDAD 15 anos 3% 30.575 - -
Obtenção TDAE cinco anos 6% - 54.975 -
Benfeitorias 8.355 6.963 -
Implantação 1.510 1.510 1.510
Crédito Implantação 4.792 4.792 4.792
Assistência Técnica Implantação 268 268 268
Pronaf A Remuneração Agentes 614 614 614
Pronaf A Equalização 11.241 11.241 11.241
Pronaf A/C Remuneração Agentes 101 101 101
Pronaf A/C Equalização 379 379 379
Pronaf A/C Rebate 200 200 200
Total 58.114 81.122 19.250
Fonte: Elaboração do autor
Desapropriação Aquisição Não-onerosa
Tabela 35
Custo médio para assentamento de uma família na região Sul do Brasil,
por modalidade de obtenção da terra. (2004-2005) (Em R$ de 2005)
Universo (famílias)
Sul
Ações Preparatórias 1.578 1.578 1.613
Obtenção TDAD 15 anos 3% 319 - -
Obtenção TDAE cinco anos 6% - 1.743 -
Benfeitorias 319 1.743 -
Implantação 138.285 138.285 138.285
Crédito Implantação 125.169 125.169 125.169
Assistência Técnica Implantação 255.881 255.881 255.881
Desapropriação Aquisição Não-onerosa
(continua)
ESTIMATIVA DO CUSTO MÉDIO
PARA ASSENTAMENTO DE UMA FAMÍLIA
ASPECTOS ORÇAMENTÁRIOS E FINANCEIROS
DA REFORMA AGRÁRIA NO BRASIL (2000-2005)
72
O Gráfi co a seguir mostra os custos médios estimados para
assentamento de uma família em dólares estadunidenses, por região
do Brasil e modalidade de obtenção da terra.
Tabela 35 (conclusão)
Universo (famílias)
Sul
Pronaf A Remuneração Agentes 3.854 3.854 3.854
Pronaf A Equalização 3.854 3.854 3.854
Pronaf A/C Remuneração Agentes 4.856 4.856 4.856
Pronaf A/C Equalização 4.856 4.856 4.856
Pronaf A/C Rebate 4.856 4.856 4.856
Em R$
Ações Preparatórias 66 66 51
Obtenção TDAD 15 anos 3% 37.470 - -
Obtenção TDAE cinco anos 6% - 61.219 -
Benfeitorias 4.301 1.128 -
Implantação 1.510 1.510 1.510
Crédito Implantação 4.792 4.792 4.792
Assistência Técnica Implantação 268 268 268
Pronaf A Remuneração Agentes 477 477 477
Pronaf A Equalização 8.740 8.740 8.740
Pronaf A/C Remuneração Agentes 83 83 83
Pronaf A/C Equalização 311 311 311
Pronaf A/C Rebate 200 200 200
Total 58.219 78.794 16.432
Fonte: Elaboração do autor
Desapropriação Aquisição Não-onerosa
Gráfi co 13
Custos médios estimados para assentamento de uma família, por região
do Brasil e modalidade de obtenção da terra. (Em US$ de 2005)
Fonte: Elaboração do autor
Desapropriação Aquisição Não-onerosa
Valor (US$ 2005)
35.000
30.000
25.000
10.000
5.000
0
15.000
20.000
Norte
Nordeste
Centro-Oeste Sudeste
Sul
Brasil
15.865
20.541
8.049
7.466
10.622
16.564
22.419
7.233
31.127
7.909
23.876
33.329
32.372
23.919
6.751
16.081
26.938
7.824
73
O custo médio para o Brasil, ponderado pelo número de fa-
mílias assentadas em cada região e pela forma de obtenção, é de R$
30.977,00 ou US$ 12.272, ambos em valores de 2005.
A tabela a seguir mostra a participação dos componentes no
total do custo médio de assentamento de uma família no Brasil, por
modalidade de obtenção da terra. A partir dele é possível observar a
expressiva participação no custo total dos custos implícitos na obten-
ção e nos créditos, que são diretamente dependentes das variáveis
nanceiras.
Tabela 36
Participação dos componentes no total do custo médio de assentamento
de uma família, por modalidade de obtenção da terra (em %)
Ações Preparatórias 0,30 0,14 3,52
Obtenção TDA-D 15 anos 3% 40,01 - -
Obtenção TDA-E cinco anos 6% - 56,20 -
Benfeitorias 13,60 16,72 -
Implantação 3,86 2,30 7,93
Crédito Implantação 12,24 7,31 25,16
Assistência Técnica Implantação 0,69 0,41 1,41
Pronaf A Remuneração Agentes 1,43 0,83 3,03
Pronaf A Equalização 26,28 15,14 55,59
Pronaf A/C Remuneração Agentes 0,23 0,14 0,48
Pronaf A/C Equalização 0,86 0,52 1,82
Pronaf A/C Rebate 0,51 0,31 1,05
Total 100,00 100,00 100,00
Fonte: Elaboração do autor
Desapropriação Aquisição Não-onerosa
Embora não sejam comparáveis aos dados obtidos neste estu-
do, as informações da pesquisa de Shiki e outros autores mostram
que a participação do custo da obtenção, incluindo os complementos
judiciais, no custo total do assentamento foi de 60%, com variação de
58% a 77%, conforme a região. O custo apurado por estes autores
não inclui assistência técnica, nem o Valor Presente da obtenção e
dos créditos (SHIKI; NEDER; TEIXEIRA, 1998).
Em resumo, as informações disponíveis que permitem esti-
mar o custo médio de assentamento de uma família considerando os
principais elementos previstos no II PNRA revelam uma grande hete-
rogeneidade entre os valores obtidos, especialmente quanto à forma
de obtenção da terra e a região do país. Eles indicam também signifi -
cativas diferenças na composição destes custos.
ESTIMATIVA DO CUSTO MÉDIO
PARA ASSENTAMENTO DE UMA FAMÍLIA
75
Assim como o cálculo dos custos dos assentamentos, a inter-
pretação dos seus resultados também costuma ser controversa, espe-
cialmente quanto aos seus impactos.
Embora ainda não existam dados censitários atualizados so-
bre os assentamentos, diversos estudos feitos a partir de amostras
desse universo comprovam que os assentados estão em situação me-
lhor do que antes de receberem a terra, tanto em termos econômicos
quanto de bem-estar. Isto ocorre mesmo em locais onde em termos
absolutos as condições de vida podem parecer precárias (FAO/PNUD/
MAARA, 1992; SPAROVEK, 2003; LEITE et. al, 2004).
No entanto, muitas vezes a afi rmação destes resultados não é
sufi ciente para legitimar automaticamente os gastos públicos realiza-
dos nestas localidades. A principal questão colocada é o balanço da
relação entre os custos dos assentamentos e seus benefícios para os
assentados e para a sociedade Esta questão traz implícita, necessaria-
mente, diferentes noções de “efi ciência” que precisam ser esclareci-
das (ABRAMOVAY; CARVALHO F°, 1994; ABRAMOVAY, 2005).
Estas noções de efi ciência dizem respeito às diferentes visões
que existem sobre o papel da Reforma Agrária no desenvolvimento
nacional. Ou seja, sem a explicitação do que se entende por Reforma
Agrária a estimação dos custos não tem maior signifi cado (SHIKI;
NEDER; TEIXEIRA, 1998).
Um critério possível de análise é avaliar o gasto público com
assentamentos pelo custo de oportunidade do capital aí aplicado. A
noção de efi ciência neste caso é relativa à possibilidade de alocação
dos mesmos recursos em outros setores econômicos com “retornos”
mais elevados.
A utilização deste critério geralmente não está acompanhada
da explicitação dos “retornos” esperados. Quando associado a uma
visão restrita de reforma agrária (distribuição de terras e medidas
compensatórias) ou à consideração da suposta menor competitivida-
IMPACTOS ECONÔMICOS
DAS AÇÕES DE REFORMA AGRÁRIA
ASPECTOS ORÇAMENTÁRIOS E FINANCEIROS
DA REFORMA AGRÁRIA NO BRASIL (2000-2005)
76
de – ou mesmo da suposta inviabilidade – da agricultura familiar, o
“retorno” esperado costuma ser comparado a uma eventual transfe-
rência direta de renda. Nestes casos, a conclusão, via de regra, é que
seria melhor oferecer o recurso para implantar um assentamento na
forma de um pagamento direto ao benefi ciário, como por exemplo, a
destinação de um salário-mínimo mensal, em moeda, durante algum
período. Ou então, que seria melhor destinar estes recursos das áreas
rurais para a infraestrutura de centros urbanos para que eles pudes-
sem atender as necessidades básicas destas pessoas.
Quando associado à defesa do fortalecimento da agricultura
familiar, uma sugestão presente na bibliografi a é que qualquer ca-
racterização comparativa da intervenção pública na Reforma Agrá-
ria devesse considerar a atuação do Estado em outros setores da
economia como, por exemplo, na constituição das cadeias agroin-
dustriais (LEITE, 1994). Infelizmente, são poucos os dados disponí-
veis para esta fi nalidade.
Há também a possibilidade de análise sugerida por Carlos
Guanziroli e outros, que é a avaliação econômica dos custos dos as-
sentamentos que considere o tempo de amortização dos investimen-
tos. Isto se dá basicamente através do dimensionamento da renda lí-
quida que é gerada diretamente por eles e pelo efeito multiplicador
que esta renda tem no local e na região (GUANZIROLI et. al, 2001).
Nestes termos, para um dado custo de assentamento poderia-se esti-
mar a renda monetária líquida necessária para suprir o consumo do-
méstico e gerar excedente, que hipoteticamente poderia ser utilizada
para amortizar os gastos públicos efetuados em um período determi-
nado de anos.
A ênfase aqui recai sobre o potencial de geração de renda dos
assentamentos, que eventualmente poderia servir de parâmetro para
avaliar a efi cácia das políticas desenvolvidas. Esta variável é reconhe-
cida como importante nas análises de Sérgio Leite e colegas, porém,
de forma não exclusiva. Afi rmam que, além de gerar renda, os assen-
tamentos permitem novas condições de vida, acesso a serviços e
bens e novas oportunidades sociais, políticas e econômicas, além de
contribuir com a dinamização das economias locais (LEITE, 2004;
LEITE et. al, 2004).
Existem ainda outros argumentos, não menos relevantes,
que procuram destacar os impactos da Reforma Agrária sobre a
reorganização da população e do território, inclusive sobre os gas-
tos nos centros urbanos que são necessários para a absorção de
77
novas demandas decorrentes da migração originada nas áreas ru-
rais (SAMPAIO, 2003).
Uma outra possibilidade é a utilização da noção de efi ciência
não somente pelo custo de oportunidade do capital, mas pelo custo
de oportunidade do trabalho, como sugerem Ricardo Abramovay e
José Juliano Carvalho Fº (ABRAMOVAY; CARVALHO F°, 1994). Trata-
se, neste caso, de saber se a renda gerada nos assentamentos seria
produzida caso estes agricultores estivessem alocados em qualquer
outro setor da economia. Ou então, se haveria o aumento da ocupa-
ção nestes mesmos termos. Esta análise remete à abordagem da ca-
pacidade de geração de emprego e renda das diversas atividades eco-
nômicas em bases sustentáveis.
Entre as principais instituições brasileiras que procuram proje-
tar a geração de ocupações em função das atividades econômicas
estão o BNDES e a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, da
Universidade de São Paulo (Fipe/USP), entre outras. Elas estimam a
quantidade de pessoas ocupadas, do mercado formal e informal, ne-
cessária para atender um aumento da produção, a preços correntes,
nos diferentes setores da economia.
Estes estudos trabalham com três tipos de ocupação: a) ocu-
pação direta, correspondente à mão-de-obra adicional requerida pelo
setor em que se observa o aumento de produção; b) ocupação indire-
ta, correspondente aos postos de trabalho que surgem nos setores
que compõem a cadeia produtiva; e c) ocupação induzida (ou por
efeito-renda), decorrente da transformação do aumento da renda da
população em maior consumo privado, que realimenta a demanda.
No caso do subsetor em estudo, a ocupação direta correspon-
de ao número de pessoas ocupadas a mais quando a produção agro-
pecuária dos assentamentos cresce devido à maior demanda, por
exemplo, por alimentos e fi bras vegetais. A ocupação indireta identi-
ca os postos de trabalho criados na agroindústria, na comercializa-
ção e nos serviços que estão associados à produção agropecuária. A
ocupação induzida é aquela que corresponde a um aumento da de-
manda de produtos agropecuários e que gera empregos diretos no
próprio setor e indiretos nos demais setores, como na indústria de
alimentos ou na indústria de máquinas agrícolas, por exemplo, que
fornece insumos para a agropecuária. Estes trabalhadores adicionais,
ao receberem seus salários, gastam uma parte de sua renda em con-
sumo, comprando alimentos, roupas e em serviços diversos, o que
aumenta ainda mais a demanda e os empregos no setor.
IMPACTOS ECONÔMICOS
DAS AÇÕES DE REFORMA AGRÁRIA
ASPECTOS ORÇAMENTÁRIOS E FINANCEIROS
DA REFORMA AGRÁRIA NO BRASIL (2000-2005)
78
O Modelo de Geração de Empregos (MGE) do BNDES utiliza ba-
sicamente a metodologia de Wassily Leontief, tendo como fontes os
dados do IBGE para as Contas Nacionais (2002), a Matriz de Insumo-
Produto (1996), a Pesquisa de Orçamentos Familiares (1995/96) e a
Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (2001) (NAJBERG; IKEDA,
1999; NAJBERG; PEREIRA, 2004).
A Fipe também recorre aos dados do IBGE para as Contas Nacio-
nais (2002) para a aferição do valor da produção e das pessoas ocupa-
das. No entanto, utiliza a metodologia de Leontief adaptada por Kenichi
Miyazawa
46
e informações mais recentes da Pesquisa de Orçamentos
Familiares (2002-2003) e da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicí-
lios (2002). Os dados da Matriz Insumo-Produto do IBGE de 1996 foram
estimados para o ano de 2002 segundo a metodologia apresentada por
Joaquim Guilhoto e Umberto Sesso Filho
47
(GUILHOTO et. al, 2007).
O MGE utiliza uma classifi cação setorial que não permite a
identifi cação da agricultura familiar como um subsetor da Agropecu-
ária. O estudo da Fipe permite que isto seja feito observando os mes-
mos parâmetros utilizados no âmbito do Convênio FAO/Incra, que foi
feito com base no Censo Agropecuário do IBGE de 1995/96
48
. Este
subsetor, que inclui os assentados rurais, é considerado um campo
especial para uma política consistente de manutenção e geração de
novos empregos (LEITE, 2004).
A mais recente estimativa realizada segundo o MGE, de feverei-
ro de 2004, apontou a criação de 828 postos de trabalho a cada R$ 10
milhões médios de 2003 gerados pelo aumento da produção no setor
agropecuário. Destes, 393 postos referem-se ao efeito direto, 131 ao
efeito indireto e 303 ao efeito-renda. É o terceiro setor com maior capa-
cidade de gerar empregos, fi cando atrás dos setores de Prestação de
Serviços à Família
49
(1.080 postos) e de artigos de Vestuário (1.000).
Na
46 Para uma análise comparativa dos modelos citados ver: GUILHOTO et. al (2007).
47 Ver a este respeito: GUILHOTO, J.J.M.; SESSO FILHO, U.A. “Estimação da Matriz Insumo-Produto a
partir de dados preliminares das Contas Nacionais”. Economia Aplicada, São Paulo, vol. 9, n° 2, p. 277-
299, abril-junho 2005.
48 O subsetor familiar da Agropecuária é caracterizado pela FAO/Incra pelos estabelecimentos que
atendiam, simultaneamente às seguintes condições: (i) direção dos trabalhos do estabelecimento era
exercida pelo produtor, conforme declaração ao Censo; e (ii) o trabalho familiar era superior ao traba-
lho contratado. Apesar de a agricultura familiar não ser defi nida conceitualmente a partir do tamanho
do estabelecimento, foi estabelecida uma área máxima regional como limite superior para a área total
dos estabelecimentos familiares. A área máxima regional corresponde a 15 vezes o módulo fi scal mé-
dio regional, calculado a partir do módulo estadual (GUANZIROLI et. al, 2001).
49 O setor de Prestação de Serviços à Família compreende atividades de hotéis, restaurantes, lavan-
derias, cabeleireiros, salas de espetáculos, escolas, ofi cinas de reparação de eletrodomésticos, atenção
à saúde e outras. Para a compatibilização entre as atividades do Sistema de Contas Nacionais e a
Classifi cação Nacional das Atividades (CNAE) acessar http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/eco-
nomia/contasnacionais/2003/srmsicona.pdf.
79
mesma faixa estão os setores de Comércio (810) e Madeira e Mobili-
ário (805) e em faixas inferiores estão a Construção Civil (530) e as
indústrias de Máquinas e Equipamentos (420) e Carros, Caminhões e
Ônibus (326) (NAJBERG; PEREIRA, 2004). Em moeda constante de
2005, utilizando o IGP-DI como defl ator, isto corresponde, por exem-
plo, à média de um emprego a cada R$ 13,703 mil gerados na Agro-
pecuária, R$ 21,408 mil na Construção Civil e R$ 34,805 mil na in-
dústria automobilística.
A mais recente estimativa realizada pela Fipe, de janeiro de
2007, apontou a criação de 124 postos de trabalho para cada R$ 1
milhão de 2002 (ou 1.240 postos para cada R$ 10 milhões) gerados
pelo aumento da produção no setor Agropecuário. Destes, 136 pos-
tos referem-se ao efeito direto, 31 ao efeito indireto e 46 ao efeito-
renda. Neste cálculo, é também o terceiro setor com maior capacida-
de de gerar empregos, fi cando atrás dos setores de Vestuário (169
postos) e de Prestação de Serviços à Família (160). Na mesma faixa,
mantêm-se os setores do Comércio (124) e de Madeira e Mobiliário
(115) e em faixas inferiores, a Construção Civil (81), as indústrias de
Máquinas e Equipamentos (67) e de Carros, Caminhões e Ônibus (55)
(GUILHOTO et. al, 2007).
A desagregação do setor Agropecuário revela uma diferença
signifi cativa entre os dois segmentos que o compõem: o subsetor
Familiar gera 213 postos de trabalho e o Patronal, 84. Ou seja, o pri-
meiro é capaz de gerar 2,5 vezes mais ocupações que o segundo
para um mesmo aumento da demanda. O principal elemento que os
diferencia é o emprego direto de cada um deles (136 postos frente a
22). Segundo o mais recente Censo Agropecuário, a agropecuária
familiar é responsável por cerca de 78% do pessoal ocupado na agri-
cultura brasileira.
A Tabela 37 e o Gráfi co 14 ordenam a geração de emprego
total por setor, evidenciando a Agropecuária Familiar como a ativida-
de que mais gera emprego quando do aumento da demanda
50
.
Em moeda constante de 2005, utilizando o IGP-DI como defl a-
tor, isto corresponde, por exemplo, à média de uma ocupação a cada
R$ 5,697 mil gerado na Agropecuária Familiar, R$ 9,786 mil na Agro-
50 A análise do setor Serviços Públicos Não Mercantis costuma requerer cuidado especial. Ela é com-
posta pelos serviços domésticos remunerados e pelas instituições privadas sem fi ns lucrativos como
sindicatos, associações de classe, entidades científi cas, culturais, religiosas, desportivas, recreativas,
políticas, comunitárias e outras. O valor da sua produção é proporcionalmente baixo em relação ao
elevado número de empregos diretos, o que distorce a comparação com outros setores. Apesar da
sua capacidade de gerar empregos, o setor não é considerado importante nas políticas estratégicas
de crescimento econômico.
IMPACTOS ECONÔMICOS
DAS AÇÕES DE REFORMA AGRÁRIA
ASPECTOS ORÇAMENTÁRIOS E FINANCEIROS
DA REFORMA AGRÁRIA NO BRASIL (2000-2005)
80
Tabela 37
Empregos gerados pelo aumento de R$ 1 milhão (preços constantes de
2002) na demanda fi nal de um dado setor, 2002
Agropecuária Familiar 136 31 46 213
Artigos do Vestuário 82 39 48 169
Serviços Prest. à Família 86 16 57 160
Agropecuária Total 64 21 38 124
Comércio 59 10 56 124
Abate de Animais 6 66 46 117
Madeira e Mobiliário 44 22 50 115
Administração Pública 22 14 74 109
Serviços Prest. À Empresa 38 8 62 108
Benef. Prod. Vegetais 9 52 44 105
Indústria de Laticínios 4 60 41 105
Fabricação Calçados 36 20 45 101
Outros Prod. Aliment. 13 38 45 96
Indústria do Café 6 42 46 94
Transportes 32 13 50 94
Fab. Óleos Vegetais 1 47 43 91
Agropecuária Patronal 22 14 48 84
Construção Civil 23 12 45 81
Indústrias Diversas 20 16 45 80
Outros Metalúrgicos 17 14 44 75
Instituições Financeiras 6 9 60 75
Celulose, Papel e Gráf. 9 16 47 73
Fabricação de Açúcar 5 23 45 73
Extrativa Mineral 14 12 46 72
Mineral não Metálico 15 13 43 71
Ind. Têxtil 9 22 39 70
Farmac. e Veterinária 6 18 44 68
Máquinas e Equipamentos 9 9 48 67
Comunicações 4 12 50 66
Elementos Químicos 2 17 44 63
Artigos Plásticos 14 9 41 63
Peças e outros Veículos 6 16 40 62
Material Elétrico 5 16 39 60
Serv. Ind. Utilidade Pública 3 7 49 58
Equipamentos Eletrônicos 6 11 40 56
Ind. da Borracha 4 14 38 56
Automóveis/Caminhões/Ônibus 2 17 36 55
Químicos Diversos 4 12 39 55
Siderurgia 1 14 39 54
Petróleo e Gás 1 5 47 53
Metalurg. Não ferrosos 3 14 37 53
Aluguel de Imóveis 2 2 49 52
Refi no do Petróleo 0 6 35 42
Serviços Privados Não Mercantis 402 3 71 475
Fonte: GUILHOTO et. al, (2007)
Emprego
direto
Setores
Emprego
indireto
Emprego
induzido
Emprego
total
81
51 Os autores consideram que é muito provável que haja uma subdeclaração dos dados de trabalho
fora do lote, uma vez que esse procedimento é condenado pelo Incra e pelos agentes de represen-
tação e mediação, como os sindicatos, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e as
igrejas (LEITE et. al, 2004).
Gráfi co 14
Empregos diretos, indiretos e induzidos gerados pelo aumento de R$ 1
milhão (preços constantes de 2002) na demanda fi nal de setores e
subsetores selecionados, 2002
Número
Agropecuária
Familiar
Artigos do
Vestuário
Serviços
Prestados
à Família
Agropecuária
Tota l
Comércio Madeira e
Mobiliário
Administração
Pública
Agropecuária
Patronal
Construção
Civil
Máquinas e
Equipamentos
Automóveis,
Caminhões e
Ônibus
Fonte: GUILHOTO et. al, (2007)
Emprego direto Emprego indireto Emprego induzido
50
100
0
150
200
46
31
136
82
39
48
86
16
57
64
21
38
59
10
56
44
22
50
22
14
74
22
14
48
45
12
23
48
9
9
36
17
2
Setores
pecuária (Total), R$ 14,446 mil na Agropecuária Patronal, R$ 14,481
na Construção Civil e R$ 22,063 na Indústria Automobilística.
As estimativas atuais disponíveis, obtidas sem as mesmas me-
todologias dos estudos do BNDES e da Fipe, indicam que um assenta-
mento da reforma agrária é capaz de gerar, em média, três ocupa-
ções, sendo duas de forma direta e uma de forma indireta (BRASIL.
MDA, 2003: 9; SAMPAIO, 2003: 53).
Sobre as ocupações diretas, a extrapolação dos dados da amos-
tra da pesquisa realizada por Sérgio Leite e colegas, de amplitude na-
cional, permite quantifi car a importância dos assentamentos para
geração de empregos diretos (LEITE et. al, 2004). No conjunto das seis
regiões (“manchas”) analisadas e das 1.568 famílias entrevistadas no
ano 2000, os assentamentos geram ao menos três ocupações diretas
por família (lote)
51
. Este número varia pouco entre as regiões, oscilan-
do em intervalos de 2,4 a 3,0 ocupações somente no lote e de 0,2 a
0,6 ocupações no lote e fora dele, conforme mostra a tabela a seguir.
As ocupações exclusivamente fora do lote são residuais. Estas estima-
tivas não consideram adequadamente o conjunto das ocupações in-
diretas e por efeito-renda.
IMPACTOS ECONÔMICOS
DAS AÇÕES DE REFORMA AGRÁRIA
ASPECTOS ORÇAMENTÁRIOS E FINANCEIROS
DA REFORMA AGRÁRIA NO BRASIL (2000-2005)
82
Existem diferenças conceituais entre o custo médio apurado
com base nas transferências governamentais diretas específi cas e o
potencial de geração de emprego por aumento da demanda fi nal, o
que impede a sua comparação direta.
No entanto, o Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao
Trabalhador (Codefat), do Ministério do Trabalho, utiliza como indi-
cador da sua gestão estratégica a quantidade de “emprego gerado”,
que é apurada com a utilização do MGE. Isto ocorre especialmente
na avaliação da Ação Financiamento de Programas de Desenvolvi-
mento Econômico a cargo do BNDES, que corresponde à concessão
de fi nanciamentos com retorno (BRASIL. MTE, 2005).
Um dos argumentos que pode ser utilizado para não reco-
mendar a comparação direta entre o custo médio apurado com base
nas transferências governamentais diretas específi cas e o potencial
de geração de emprego por aumento da demanda fi nal é o fato que
os cálculos do MGE e da Fipe consideram os recursos mobilizados
em um período de um ano, o que não ocorre com os gastos da re-
forma agrária, que estão distribuídos desigualmente no tempo. Caso
esta recomendação não seja observada, é possível estimar a geração
de 4,7 ocupações por família assentada, considerando-se os levan-
tamentos feitos a campo e o cálculo dos efeitos direto, indireto e
induzido para geração de empregos na Agricultura Familiar. Segun-
do a Fipe, os efeitos indireto e induzido respondem por mais de um
terço (36%) das ocupações totais neste subsetor.
Mesmo que isto não seja feito, é possível afi rmar que as
ações de Reforma Agrária possuem um elevado potencial de gera-
ção de ocupações em relação a outros setores da economia.
Tabela 38
Trabalho da população maior de 14 anos que vive nos assentamentos,
segundo o local de trabalho (em número médio de pessoas
que trabalham por família)
Mancha
Sul Bahia 3,0 0,4 0,0 3,4
Sertão Ceará 2,8 0,2 0,0 3,0
Entorno Distrito Federal 2,6 0,3 0,0 2,9
Sudeste Pará 2,4 0,6 0,1 3,0
Oeste Sta.Catarina 2,4 0,3 0,0 2,7
Zona Cana Nordeste 2,7 0,3 0,1 3,1
Total 2,6 0,4 0,0 3,0
Fonte: LEITE et. al, (2004)
Trabalho só
no lote
Trabalho no lote
e fora dele
Trabalho só
fora do lote
Total
83
Observe-se ainda que a estimativa de ocupações indiretas da
agropecuária familiar refl etem o menor grau de relação deste seg-
mento com os setores industriais e de serviços se comparada à agro-
pecuária patronal. Isto é, existe um espaço considerável para agre-
gação de valor nos cultivos e criações dos agricultores familiares, o
que poderá signifi car uma participação ainda mais expressiva das
cadeias produtivas articuladas à agricultura familiar no PIB e na ge-
ração de empregos (GUILHOTO et. al, 2005).
IMPACTOS ECONÔMICOS
DAS AÇÕES DE REFORMA AGRÁRIA
85
A partir do II PNRA estão em curso mudanças políticas e ins-
titucionais nos processos de reforma agrária que ampliaram a abran-
gência e a competência dos órgãos públicos. Para avaliar adequada-
mente o objetivo desse Plano de combinar “massividade, qualidade
e efi ciência na aplicação dos recursos públicos” é necessário que as
considerações sobre o contexto macroeconômico, os gastos orça-
mentários e a estimativa do gasto público médio para assentamento
de uma família sejam feitas de forma organizada e com maior pre-
cisão possível.
Os dados obtidos recomendam que a preocupação de “con-
cretizar” a inserção da Reforma Agrária na agenda política do País e
em uma proposta de desenvolvimento nacional para o futuro deva
considerar explicitamente os temas orçamentários e fi nanceiros.
Isto diz respeito a diversos elementos da política fi scal (tributos, in-
vestimentos públicos, gastos correntes) e da política monetária (ju-
ros básicos, câmbio, oferta de crédito), entre eles os impactos das
variáveis macroeconômicas que defi nem o custo médio de assenta-
mento de uma família até a administração dos ativos fi nanceiros
envolvidos, como os TDAs e outras fontes de fi nanciamento do or-
çamento da União.
Os resultados apresentados revelam que mesmo diante da
orientação de controle da infl ação e da obtenção de superávits pri-
mários crescentes foi possível aumentar signifi cativamente os gas-
tos com as ações de reforma agrária nos últimos anos, especialmen-
te no que diz respeito à obtenção de terras. No entanto, verifi ca-se
uma estabilidade da proporção dos gastos com investimentos em
níveis médios próximos a 4%.
Diante do controle da infl ação, da menor vulnerabilidade ex-
terna do país e da falta de necessidade de medidas drásticas para
controlar as contas públicas internas, abre-se a perspectiva de alcan-
çar três aspectos essenciais ao desenvolvimento econômico: a am-
CONSIDERAÇÕES FINAIS
ASPECTOS ORÇAMENTÁRIOS E FINANCEIROS
DA REFORMA AGRÁRIA NO BRASIL (2000-2005)
86
pliação da demanda interna de bens e serviços (incluindo os produ-
tos da cesta básica) e da oportunidade de empregos, inclusive nas
áreas rurais e a diminuição do estoque de áreas de terra que não
cumprem a sua função social.
Este último aspecto depende, entre outros fatores, do aumen-
to da disponibilidade de recursos para a ampliação das ações de re-
forma agrária em suas diferentes modalidades (ações preparatórias,
obtenção, implantação e consolidação de assentamentos e outras).
Isto está diretamente relacionado à possibilidade de redução das me-
tas de superávits fi scais primários, o que implicaria uma maior ênfase
na opção de administração da dívida pública para desconcentrar os
seus credores e utilizar outros instrumentos, como a mudança nos
indexadores, prazos e remuneração dos títulos públicos.
Uma redução mais acentuada das taxas de juros básicas e
daquelas cobradas pelos bancos, além da ampliação da oferta de
crédito, aumentaria a margem de manobra da política fi scal, com
efeitos benéfi cos sobre as ações de reforma agrária. Diretamente,
porque os juros menores diminuiriam os custos da dívida interna e
os custos de assentamento, especialmente nos casos de obtenção
de terras com utilização de TDA e de equalização dos fi nanciamen-
tos aos produtores. Indiretamente, porque a aceleração do cresci-
mento econômico que seria induzida pela queda dos juros aumen-
taria a demanda interna de bens e serviços e a oportunidade de
empregos. Esta diminuição seria feita sem grande risco de infl ação,
uma vez que há capacidade ociosa e potencial produtivo não apro-
veitado na economia.
Além disto, a redução dos juros ampliaria a base de incidên-
cia dos tributos que aportam recursos para a reforma agrária e ou-
tras ações e reduziria alguns gastos públicos, como o seguro-desem-
prego. A aceleração do crescimento econômico ampliaria a deman-
da por importações e, portanto, por moeda estrangeira, com prová-
vel tendência à depreciação cambial e a diminuição do diferencial
entre os juros internos e os externos desestimularia a entrada e es-
timularia a saída de capitais voláteis ou de curto prazo. Estes fatores
demandariam novas orientações políticas para a intervenção do Go-
verno com o objetivo de regular o câmbio e os demais ativos fi nan-
ceiros ou infl uenciados por eles, como o preço da terra.
A margem de manobra da política fi scal para as ações espe-
cífi cas de reforma agrária poderia ser aumentada pela adequada
avaliação dos ativos e passivos públicos, o que seria feito a partir do
87
CONSIDERAÇÕES FINAIS
cálculo dos deságios médios e das informações sobre os tipos e pra-
zos dos TDA’s. Isto atenuaria restrições à execução orçamentária,
especialmente quanto às metas do gasto primário e permitiria am-
pliar a capacidade do Estado implementar suas propostas em acor-
do com uma visão ampliada de Reforma Agrária.
A inexistência de dados comparáveis sobre os custos médios
de assentamento de uma família não permite maiores conclusões
sobre a evolução ou a tendência dos resultados obtidos. De qualquer
forma, eles não devem ser considerados isoladamente das caracte-
rísticas quantitativas e qualitativas do conjunto dos gastos realizados
nestas atividades, nem do contexto macroeconômico de ajuste fi s-
cal em que ocorrem.
Os dados disponíveis mostram que a estimativa de custo
médio para assentamento de uma pessoa ocupada no Brasil é infe-
rior ao valor do aumento de produção correspondente à geração
de uma ocupação em setores urbanos como a construção civil e as
indústrias de máquinas, equipamentos, carros, caminhões e ôni-
bus, entre outras.
Se considerarmos o critério utilizado pelo Codefat para ava-
liar os resultados dos seus recursos aplicados e a ocupação total de
4,7 pessoas por família (lote) assentada, este valor médio de assen-
tamento de uma família para o Brasil será de aproximadamente R$
6.591 por ocupação direta. Este valor considera três ocupações ge-
radas diretamente e outras decorrentes do efeito indireto na cadeia
produtiva e do efeito-renda, conforme estimativa realizada para o
conjunto do subsetor Agropecuária Familiar.
É importante que a análise sobre os aspectos orçamentários
e fi nanceiros da reforma agrária seja permanente, obedeça uma sis-
temática objetiva e que possa ser divulgada e apreciada pela socie-
dade como parte de um processo democrático. Isto também se apli-
ca à metodologia proposta para a estimativa de custo médio para
assentamento de uma família, que deverá ser validada e aperfeiço-
ada no diálogo com os diversos setores interessados.
Para que isto possa ser desenvolvido plenamente é necessário
o estabelecimento de procedimentos específi cos para produção e ob-
tenção, de forma periódica, de um conjunto de informações adicio-
nais às que são disponibilizadas atualmente. A obtenção desses da-
dos deverá permitir, inclusive, o alargamento do período que serviu
para a base de cálculo (dois anos) e captar com maior precisão o fl uxo
dos gastos realizados em cada assentamento ao longo do tempo.
ASPECTOS ORÇAMENTÁRIOS E FINANCEIROS
DA REFORMA AGRÁRIA NO BRASIL (2000-2005)
88
Entre eles, destaco a necessidade de adequação dos procedi-
mentos dos órgãos governamentais para suprir as lacunas de gera-
ção de informação institucional para aperfeiçoar os cálculos, espe-
cialmente quanto aos seguintes dados:
a) Estimativa, por instituição fi nanceira e por Unidade da Fe-
deração (UF), da evolução dos custos efetivos de remuneração dos
agentes que operam as linhas do Pronaf e outras destinadas aos
assentados;
b) estimativa, por instituição fi nanceira e por UF, dos prazos
e carências efetivos das operações do Pronaf feitas por assentados;
c) estimativa, por instituição fi nanceira e UF, da evolução dos
pagamentos efetivos das operações das linhas do Pronaf e outras vol-
tadas aos assentados, bem como da parcela em situação de inadim-
plência;
d) estimativa, por instituição fi nanceira e por UF, dos custos
efetivos decorrentes da renegociação de pagamento de fi nancia-
mentos de assentados, inclusive quanto à remuneração dos agentes
nanceiros;
e) estimativa, por instituição fi nanceira e por UF, dos custos
efetivos para cobertura e equalização das operações ao amparo do
Pronaf e outras voltadas aos assentados;
f) acompanhamento da evolução dos preços de aquisição e
do arrendamento de terras frente aos demais indicadores econômi-
cos e fi nanceiros de interesse da reforma agrária;
g) estimativa dos custos para infraestrutura básica dos assen-
tamentos, segundo as UF;
h) acompanhamento das taxas de desconto (“curva”) que atu-
alizam o Valor Presente dos TDAs;
i) acompanhamento dos deságios praticados no mercado se-
cundário de TDA;
j) estimativa, por área obtida, dos custos adicionais devidos
a decisões judiciais.
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Agência Carta Maior. O Fórum Mundial sobre a Reforma Agrária. Valência,
2004. S/l: 2006, p. 119-120.
MELYUKHINA, O. Measurement of agricultural support in Non-OECD
economies: some old and new issues. Paris, França: Global Forum on
Agriculture. Policy Developments in Non-Member Economies, OCDE, 20 e
21 de novembro de 2006.
NAJBERG, S.; IKEDA, M. Modelo de Geração de Emprego: Metodologia e
Resultados. Rio de Janeiro: BNDES, outubro de 1999 (Texto para Discussão
n° 72).
NAJBERG, S.; PEREIRA, R.O. “Novas estimativas do Modelo de Geração de
Empregos do BNDES”. Sinopse Econômica, Rio de Janeiro, n° 133, março
de 2004.
93
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MAPA, outubro de 2005 (publicado originalmente pela OCDE com o título
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sileira. São Paulo: Páginas & Letras Ed., 2003 (Projeto de Cooperação Téc-
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ZUKOWSKI, J.C. Contabilização de TDA a preços de mercado. Brasília,
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REFERÊNCIAS
95
Quadro 3 - Equivalência entre Projetos/Atividades
PPA 2004/2007 PPA 2000/2003
CÓD.
CÓD.
0181 Pagamento de Aposentadorias e Pensões
- Servidores Civis
2000 Administração da Unidade
2272 Gestão e Administração do Programa
2017 Comunicação de Governo
2109 Assistência Social, Técnica e Jurídica às
Famílias Acampadas
2110 Regularização Fundiária de Imóveis
Rurais
2112 Acompanhamento de Confl itos e Tensões
Sociais no Campo
2114 Sistema de Cadastro Rural
4274 Ações Preparatórias para Obtenção de
Imóveis Rurais
4296 Projetos de Assentamento Rural em
Implantação
4312 Recuperação, Qualifi cação e Emancipação
de Projetos de Assentamento Rural
4358 Titulação, Concessão e Destinação de
Imóveis Rurais
4426 Georreferenciamento de Imóveis
Rurais
4460 Obtenção de Imóveis Rurais para
Reforma Agrária
86AK Obtenção de Imóveis Rurais para
Reforma Agrária (Crédito Extraordinário)
4464 Assistência Técnica e Capacitação de
Assentados - Implantação
4470 Assistência Técnica e Capacitação de
Assentados - Recuperação
4474 Educação de Jovens e Adultos no
Campo
181 Pagamento de aposentadorias a
servidores civis
182 Pagamento de pensões a servidores civis
2000 Administração da Unidade
2001 Manutenção de Serviços de Transportes
2002 Manutenção e Conservação de Bens Imóveis
2003 Ações de Informática
2025 Remuneração de Pessoal Ativo da União e
Encargos Sociais
4641 Publicidade de Utilidade Pública
2108 Assistência Jurídica às Famílias
Acampadas
2107 Discriminação de Áreas Devolutas e Terras
Irregularmente Ocupadas
4284 Prevenção de Tensão Social
no Campo
2106 Sistema de Informações de Projetos de
Reforma Agrária - SIPRA
2116 Identifi cação de Imóveis Passíveis de
Desapropriação e Aquisição
2908 Perícia Judicial em Ações de Desapropriação
de Imóveis
3667 Investimento em Infraestrutura Básica para
Assentamentos Rurais
4576 Acompanhamento da Instalação de Projetos
de Assentamentos Rurais
5608 Plano de Desenvolvimento do Assentamento
Rural
3668 Infraestrutura Complementar para
Emancipação de Assentamentos Rurais
Criados até 1998
5609 Plano de Desenvolvimento dos
Assentamentos Rurais Criados até 1998
5530 Topografi a em Áreas de Assentamentos
Rurais Criados até 1998
2111 Titulação de Terras
1066 Georreferenciamento e Levantamento do
Uso da Terra
5611 Obtenção de Terras
5613 Assistência Técnica e Capacitação de
Assentados
5533 Assistência Técnica e Capacitação de Famílias
Assentadas em Projetos Criados até 1998
7857 Alfabetização de Jovens e Adultos nas Áreas
de Reforma Agrária
As Ações 0062 e 0427 Concessão de Crédito de Crédito-Instalação às Famílias Assentadas (Implantação e Recupera-
ção) permaneceram com a mesma identifi cação, mas em outra UO. (Operações Ofi ciais de Crédito)
ANEXO 1
ASPECTOS ORÇAMENTÁRIOS E FINANCEIROS
DA REFORMA AGRÁRIA NO BRASIL (2000-2005)
96
Quadro 4 - Descrição dos Grupos de Finalidade por Projetos/Atividades
orçamentários
Grupo Finalidade Projetos/Atividades
Código
Nome
2112 Acompanhamento de Confl itos e Tensões Sociais no Campo
4284 Prevenção de Tensão Social no Campo
4288 Capacitação de Mediadores de Confl itos Sociais
4300 Atendimento de Denúncias - Ouvidoria Agrária Nacional
4304 Mediação de Confl itos Agrários
5146 Implantação de Ouvidorias Agrárias
2108 Assistência Jurídica às Famílias Acampadas
2109 Assistência Social, Técnica e Jurídica às Famílias Acampadas
2105 Gerenciamento e Fiscalização do Cadastro Rural
2114 Sistema de Cadastro Rural
2106 Sistema de Informações de Projetos de Reforma Agrária - SIPRA
5148 Implantação do Cadastro Nacional de Imóveis Rurais - CNIR
4426 Georreferenciamento de Imóveis Rurais
1066 Georreferenciamento e Levantamento do Uso da Terra
4274 Ações Preparatórias para Obtenção de Imóveis Rurais
2116 Identifi cação de Imóveis Passíveis de Desapropriação e Aquisição
2908 Perícia Judicial em Ações de Desapropriação de Imóveis
2272 Gestão e Administração do Programa
2110 Regularização Fundiária de Imóveis Rurais
2107 Discriminação de Áreas Devolutas e Terras Irregularmente Ocupadas
4460 Obtenção de Imóveis Rurais para Reforma Agrária
5611 Obtenção de Terras
86AK Obtenção de Imóveis Rurais para Reforma Agrária (Créd. Extraord.)
4358 Titulação, Concessão e Destinação de Imóveis Rurais
2111 Titulação de Terras
1642 Reconhecimento, Demarcação e Titulação de Áreas Remanescentes
de Quilombos
859 Pagamento de Indenização aos Ocupantes das Terras Demarcadas e
Tituladas aos Remanescentes de Quilombos
4296 Projetos de Assentamento Rural em Implantação
3667 Investimento em Infraestrutura Básica para Assentamentos Rurais
4576
Acompanhamento da Instalação de Projetos de Assentamentos Rurais
5608 Plano de Desenvolvimento do Assentamento Rural
5527 Topografi a em Áreas de Assentamento Rural
1062 Promoção da Qualidade e da Produtividade na Reforma Agrária
0062 Concessão de Crédito-Instalação às Fam. Assentadas – Implantação
4464 Assistência Técnica e Capacitação de Assentados - Implantação
4312 Recuperação, Qualifi cação e Emancipação de Projetos de
Assentamento Rural
3668 Infraestrutura Complementar para Emancipação de
Assentamentos Rurais Criados até 1998
5609
Plano de Desenvolvimento dos Assentamentos Rurais Criados até 1998
I – Confl itos Sociais
e Assistência aos
Acampados
II – Cadastro e
Georreferenciamento
III – Ações Preparatórias
IV – Regularização
Fundiária
V – Obtenção de Terras
VI – Titulação
VII – Implantação de
Assentamentos
VIII – Consolidação de
Assentamentos
(continua)
ANEXO II
97
(continuação)
Grupo Finalidade Projetos/Atividades
Código
Nome
5530 Topografi a em Áreas de Assentamentos Rurais Criados até 1998
427 Concessão de Crédito-Instalação aos Assentados - Recuperação
5158 Consolidação e Emancipação de Assentamentos da Reforma Agrária
4470 Assistência Técnica e Capacitação de Assentados - Recuperação
5533 Assistência Técnica e Capacitação de Famílias Assentadas em
Projetos Criados até 1998
2104 Cooperação Técnica para melhoria da gestão e das ações produtivas
em áreas de assentamentos
4320 Fomento à Agroindustrialização, à Comercialização e a Atividades
Pluriativas Solidárias
2102 Administração e Operação do Complexo Industrial Pacal
5696 Desenvolvimento do Cooperativismo e do Associativismo Rural
5160 Desenvolvimento Sustentável para os Assentamentos da Reforma
Agrária no Semi-Árido do Nordeste
6952 Concessão de Bolsas de Capacitação Profi ssional em Assistência
Técnica
8633 Formação de Profi ssionais de Nível Superior Adaptados à Reforma
Agrária e Agricultura Familiar
8643 Capacitação e Formação de Profi ssionais de Nível Médio Adaptados
à Reforma Agrária e Agricultura Familiar
4474 Educação de Jovens e Adultos no Campo
7857 Alfabetização de Jovens e Adultos nas Áreas de Reforma Agrária
4572 Capacitação de Servidores Públicos Federais em Processo de
Qualifi cação e Requalifi cação
0563 Revisão Geral da Remuneração dos Servidores Públicos Federais
Ativos
0620 Apoio a Projetos de Infraestrutura e Serviços em Territórios Rurais
0711 Revisão Geral da Remuneração dos Servidores Públicos Federais
Inativos e dos Pensionistas
09HB Contribuição da União, de suas Autarquias e Fundações para o
Custeio do Regime de Previdência dos Servidores Públicos Federais
12CZ Reparos e Adaptações no Edifício Sede do INCRA
2000 Administração da Unidade
2001 Manutenção de Serviços de Transportes
2002 Manutenção e Conservação de Bens Imóveis
2003 Ações de Informática
2004 Assistência Médica e Odontológica aos Servidores, Empregados e
seus Dependentes
2010 Assistência Pré-Escolar aos Dependentes dos Servidores e
Empregados
2011 Auxílio-Transporte aos Servidores e Empregados
2012 Auxílio-Alimentação aos Servidores e Empregados
0181 Pagamento de Aposentadorias e Pensões - Servidores Civis
0182 Pagamento de Pensões a Servidores Civis
2025 Remuneração de Pessoal Ativo da União e Encargos Sociais
2017 Comunicação de Governo
4641 Publicidade de Utilidade Pública
VIII – Consolidação de
Assentamentos
IX – Capacitação de
Profi ssionais
X – Educação Jovens e
Adultos
XI - Administração
(continua)
ANEXO II
ASPECTOS ORÇAMENTÁRIOS E FINANCEIROS
DA REFORMA AGRÁRIA NO BRASIL (2000-2005)
98
(conclusão)
Grupo Finalidade Projetos/Atividades
Código
Nome
0005 Cumprimento de Sentença Judicial Transitada em Julgado
(Precatórios) devida pela União, Autarquias e Fundações Públicas
0284 Amortização e Encargos de Financiamento da Dívida Contratual
Externa
0457 Cobertura de Garantia concedida pela União no Âmbito do Pronaf
4791 Remuneração das Instituições Financeiras pela Operação do Pronaf
XII – Dívidas
XIII – Equalização e
Remuneração do Pronaf
ANEXO II
99
A
NEXO III
TDAE 2005
Faixas de Deságio (%) 0-5 5-10 10-15 15-20 20-25 25-30 30-35 35-40 40-45 45-50 50-55 55-60 60-65 65-70 70-100 0-100
Prazo Médio (meses)* 13 23 27 31 38 47 57 86 107 111 150 209 230 - - 45
Deságio Médio (%)* 3,5719 8,1191 12,764 17,7 22,6 27,3 32,2 37,3 42,4 47,6 51,3 56,9 63,6 - - 22,9
Freqüência (Qtde) 79 159 249 263 241 203 150 93 104 69 37 5 3 0 0 1655
Freqüência (%) 4,8 9,6 15,0 15,9 14,6 12,3 9,1 5,6 6,3 4,2 2,2 0,3 0,2 0,0 0,0 100,0
Faixas de Deságio (%) 13 23 27 31 38 47 57 86 107 111 150 209 230 - - 45
Prazo (anos) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
Deságio (%) 4,33 8,46 12,42 16,21 19,84 23,30 26,62 29,79 32,83 35,74 38,52 41,18 43,72 46,15 48,48 50,71 52,84 54,88 56,83 58,70
Prazo máximo: 243 meses, Deságio máximo: 64,6%, Deságio estimado = (1-0,996322
p
) x 100, r
2
= 0,9408
TDAE 2004
Faixas de Deságio (%) 0-5 5-10 10-15 15-20 20-25 25-30 30-35 35-40 40-45 45-50 50-55 55-60 60-65 65-70 70-100 0-100
Prazo Médio (meses)* 10,77 13,49 17,32 27,02 38,62 52,37 56,17 73,16 103,65 179,23 112,46 161,10 129,30 - 3,47 54,55
Deságio Médio (%)* 2,97 7,96 12,33 17,77 22,57 27,36 32,13 37,39 42,37 47,64 50,84 56,66 60,90 - 85,35 25,23
Freqüência (Qtde) 125,00 161,00 196,00 287,00 333,00 279,00 203,00 228,00 142,00 123,00 13,00 6,00 1,00 0,00 1,00 2098
Freqüência (%) 5,96 7,67 9,34 13,68 15,87 13,30 9,68 10,87 6,77 5,86 0,62 0,29 0,05 0,00 0,05 100,00
Prazo (anos) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
Deságio (%) 8,48 16,23 23,33 29,83 35,78 41,22 46,21 50,77 54,94 58,76 62,25 65,45 68,38 71,06 73,52 75,76 77,82 79,70 81,42 82,99
Prazo máximo: 262 meses, Deságio máximo: 85,35%, Deságio estimado = (1-0,9926
p
) x 100, r
2
= 0,9237
ASPECTOS ORÇAMENTÁRIOS E FINANCEIROS
DA REFORMA AGRÁRIA NO BRASIL (2000-2005)
100
TDAE 2003
Faixas de Deságio (%) 0-5 5-10 10-15 15-20 20-25 25-30 30-35 35-40 40-45 45-50 50-55 55-60 60-65 65-70 70-100 0-100
Prazo Médio (meses)* 4,97 11,29 10,22 17,71 30,48 38,97 42,41 55,93 65,41 87,88 113,54 115,60 125,41 149,15 165,60 56,25
Deságio Médio (%)* 3,47 8,37 12,13 17,39 23,48 27,88 32,66 37,92 42,16 47,25 52,48 56,51 62,92 65,97 73,35 34,68
Freqüência (Qtde) 50 56 102 117 152 181 209 284 273 230 225 159 93 23 3 2157
Freqüência (%) 2,32 2,60 4,73 5,42 7,05 8,39 9,69 13,17 12,66 10,66 10,43 7,37 4,31 1,07 0,14 100
Faixas de Deságio (%) 4,97 11,29 10,22 17,71 30,48 38,97 42,41 55,93 65,41 87,88 113,54 115,60 125,41 149,15 165,60 56,25
Prazo (anos) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
Deságio (%) 8,89 16,99 24,37 31,10 37,22 42,81 47,89 52,52 56,75 60,59 64,10 67,29 70,20 72,85 75,26 77,46 79,47 81,29 82,95 84,47
Prazo máximo: 219 meses, Deságio máximo: 73,61%, Deságio estimado = (1-0,99227
p
) x 100, r
2
= 0,9865
TDAE 2002
Faixas de Deságio (%) 0-5 5-10 10-15 15-20 20-25 25-30 30-35 35-40 40-45 45-50 50-55 55-60 60-65 65-70 70-100 0-100
Prazo Médio (meses)* 8,22 14,04 15,19 19,46 25,27 41,04 44,33 54,21 83,34 124,38 175,56 146,19 136,61 135,08 107,80 68,41
Deságio Médio (%)* 2,61 7,67 12,57 17,53 22,87 27,57 33,19 37,01 42,29 47,61 52,41 57,23 61,81 67,31 75,56 33,34
Freqüência (Qtde) 58,00 111,00 231,00 225,00 301,00 290,00 276,00 284,00 268,00 208,00 224,00 203,00 126,00 20,00 6,00 2831
Freqüência (%) 2,05 3,92 8,16 7,95 10,63 10,24 9,75 10,03 9,47 7,35 7,91 7,17 4,45 0,71 0,21 100,00
Prazo (anos) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
Deságio (%) 16,35 30,03 41,47 51,04 59,05 65,75 71,35 76,03 79,95 83,23 85,97 88,27 90,19 91,79 93,13 94,26 95,20 95,98 96,64 97,19
Prazo máximo: 286 meses, Deságio máximo: 82,97%, Deságio estimado = (1-0,98523
p
) x 100, r
2
= 0,88369
101
A
NEXO III
TDAE 2001
Faixas de Deságio (%) 0-5 5-10 10-15 15-20 20-25 25-30 30-35 35-40 40-45 45-50 50-55 55-60 60-65 65-70 70-100 0-100
Prazo Médio (meses)* 9,25 13,74 24,57 34,27 40,55 52,09 76,74 104,48 116,72 132,13 178,63 195,93 168,61 179,86 178,65 52,78
Deságio Médio (%)* 3,00 7,80 12,44 17,38 22,60 27,36 32,60 37,38 42,17 47,71 51,92 57,84 62,53 66,51 71,13 22,14
Freqüência (Qtde) 144,00 533,00 644,00 658,00 710,00 618,00 612,00 541,00 437,00 256,00 152,00 129,00 54,00 31,00 5,00 5524
Freqüência (%) 2,61 9,65 11,66 11,91 12,85 11,19 11,08 9,79 7,91 4,63 2,75 2,34 0,98 0,56 0,09 100,00
Prazo (anos) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
Deságio (%) 4,26 8,34 12,24 15,98 19,55 22,98 26,26 29,40 32,41 35,29 38,04 40,68 43,21 45,62 47,94 50,16 52,28 54,31 56,26 58,12
Prazo máximo: 296 meses, Deságio máximo: 72,5%, Deságio estimado = (1-0,99638
p
) x 100, r
2
= 0,9500
TDAD 2005
Faixas de Deságio (%) 0-5 5-10 10-15 15-20 20-25 25-30 30-35 35-40 40-45 45-50 50-55 55-60 60-65 65-70 70-100 0-100
Prazo Médio (meses)* 5,16 5,44 8,84 14,86 17,81 35,69 37,42 45,68 67,71 67,36 86,42 97,38 119,18 138,06 153,38 76,24
Deságio Médio (%)* 2,76 8,65 12,19 18,22 23,28 27,76 33,18 37,25 42,38 47,52 52,39 57,83 62,36 66,67 78,57 46,38
Freqüência (Qtde) 17,00 26,00 48,00 65,00 67,00 97,00 93,00 105,00 193,00 216,00 212,00 253,00 364,00 152,00 144,00 2052
Freqüência (%) 0,83 1,27 2,34 3,17 3,27 4,73 4,53 5,12 9,41 10,53 10,33 12,33 17,74 7,41 7,02 100,00
Prazo (anos) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
Deságio (%) 21,54 38,44 51,70 62,10 70,26 76,67 81,69 85,64 88,73 91,16 93,06 94,56 95,73 96,65 97,37 97,94 98,38 98,73 99,00 99,22
Prazo máximo: 189 meses, Deságio máximo: 85,5%, Deságio estimado = (1-0,9489
p
) x 100, r
2
= 0,9799
ASPECTOS ORÇAMENTÁRIOS E FINANCEIROS
DA REFORMA AGRÁRIA NO BRASIL (2000-2005)
102
TDAD 2004
Faixas de Deságio (%) 0-5 5-10 10-15 15-20 20-25 25-30 30-35 35-40 40-45 45-50 50-55 55-60 60-65 65-70 70-100 0-100
Prazo Médio (meses)* 4,61 9,47 10,22 9,93 19,46 39,86 27,19 41,78 50,02 72,17 92,25 114,64 132,81 140,07 154,96 88,98
Deságio Médio (%)* 3,28 8,44 12,28 18,33 22,74 27,45 31,81 37,53 42,79 47,67 52,51 57,35 62,40 68,24 75,92 50,63
Freqüência (Qtde) 14,00 20,00 35,00 53,00 69,00 86,00 95,00 154,00 336,00 525,00 382,00 315,00 293,00 151,00 158,00 2686
Freqüência (%) 0,52 0,74 1,30 1,97 2,57 3,20 3,54 5,73 12,51 19,55 14,22 11,73 10,91 5,62 5,88 100,00
Prazo (anos) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
Deságio (%) 8,94 17,08 24,49 31,24 37,39 42,98 48,08 52,72 56,95 60,80 64,30 67,49 70,40 73,04 75,45 77,65 79,65 81,47 83,12 84,63
Prazo máximo: 232 meses, Deságio máximo: 95,17%, Deságio estimado = (1-0,992227
p
) x 100, r
2
= 0,959429
TDAD 2003
Faixas de Deságio (%) 0-5 5-10 10-15 15-20 20-25 25-30 30-35 35-40 40-45 45-50 50-55 55-60 60-65 65-70 70-100 0-100
Prazo Médio (meses)* 2,31 6,64 11,25 37,31 20,14 24,49 32,08 40,30 46,15 64,44 85,90 102,77 103,72 126,10 125,13 83,02
Deságio Médio (%)* 1,96 7,32 12,34 18,06 22,74 27,92 32,28 37,50 43,05 47,51 52,70 57,44 62,17 67,17 75,57 51,04
Freqüência (Qtde) 33 36 46 60 82 72 94 99 122 267 402 440 387 409 212 2761
Freqüência (%) 1,20 1,30 1,67 2,17 2,97 2,61 3,40 3,59 4,42 9,67 14,56 15,94 14,02 14,81 7,68 100,00
Prazo (anos) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
Deságio (%) 11,08 20,94 29,70 37,49 44,42 50,58 56,05 60,92 65,25 69,10 72,53 75,57 78,28 80,69 82,83 84,73 86,42 87,93 89,26 90,45
Prazo máximo: 209 meses, Deságio máximo: 89,1%, Deságio estimado = (1-0,9902
p
) x 100, r
2
= 0,892137
103
A
NEXO III
TDAD 2002
Faixas de Deságio (%) 0-5 5-10 10-15 15-20 20-25 25-30 30-35 35-40 40-45 45-50 50-55 55-60 60-65 65-70 70-100 0-100
Prazo Médio (meses)* 3,70 8,76 10,83 14,00 16,55 38,17 32,19 38,25 58,63 63,67 83,08 107,30 110,80 128,32 121,76 79,21
Deságio Médio (%)* 2,34 8,69 13,04 18,52 22,45 27,79 32,71 37,54 43,06 48,14 52,70 57,16 62,27 68,03 76,74 50,79
Freqüência (Qtde) 1,00 2,00 12,00 21,00 33,00 69,00 100,00 147,00 225,00 506,00 497,00 497,00 374,00 119,00 67,00 2670
Freqüência (%) 0,04 0,07 0,45 0,79 1,24 2,58 3,75 5,51 8,43 18,95 18,61 18,61 14,01 4,46 2,51 100,00
Prazo (anos) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
Deságio (%) 8,76 16,75 24,04 30,70 36,77 42,31 47,36 51,97 56,18 60,02 63,52 66,71 69,63 72,29 74,72 76,93 78,95 80,80 82,48 84,01
Prazo máximo: 212 meses, Deságio máximo: 98,73%, Deságio estimado = (1-0,99239
p
) x 100, r
2
= 0,961294
TDAD 2001
Faixas de Deságio (%) 0-5 5-10 10-15 15-20 20-25 25-30 30-35 35-40 40-45 45-50 50-55 55-60 60-65 65-70 70-100
Prazo Médio (meses)* 8,59 16,02 15,08 21,26 22,87 34,30 37,11 75,39 82,28 83,59 118,39 139,83 116,30 137,94 82,91
Deságio Médio (%)* 8,46 11,03 17,15 23,15 28,29 32,58 37,59 42,74 47,49 52,18 57,30 62,60 66,05 71,20 47,87
Freqüência (Qtde) 7,00 12,00 10,00 19,00 27,00 47,00 72,00 106,00 235,00 312,00 194,00 106,00 36,00 8,00 1191
Freqüência (%) 0,59 1,01 0,84 1,60 2,27 3,95 6,05 8,90 19,73 26,20 16,29 8,90 3,02 0,67 100,00
Prazo (anos) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
Deságio (%) 8,56 16,39 23,55 30,09 36,08 41,55 46,55 51,13 55,31 59,14 62,63 65,83 68,76 71,43 73,88 76,11 78,16 80,03 81,74 83,30
Prazo máximo: 218 meses, Deságio máximo: 73,11%, Deságio estimado = (1-0,99257
p
) x 100, r
2
= 0,94464
NO BRASIL
2000-2005
ASPECTOS
ORÇAMENTÁRIOS
E FINANCEIROS DA
Vicente P. M. de Azevedo Marques
ASPECTOS ORÇAMENTÁRIOS E FINANCEIROS DA REFORMA AGRÁRIA NO BRASIL 2000-2005
Ministério do
Desenvolvimento Agrário
9 7 8 8 5 6 0 5 4 8 2 3 1
ISBN 9788560548231
Livros Grátis
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