menos que ele se opusesse à política dos governos capitalistas: os partidos comunistas entraram pois nos
parlamentos e nos sindicatos a fim de os transformar em órgãos de oposição.
O apelo à revolução mundial constitui o grande grito de reunião. Ele foi ouvido em todos os cantos do
mundo, na Europa, Ásia, América por todos os povos oprimidos, e os trabalhadores sublevaram-se,
guiados pelo exemplo russo conscientes de que a guerra tinha abalado o capitalismo até aos seus
fundamentos e que as crises económicas apenas o podiam enfraquecer ainda mais. Eles representavam
apenas uma minoria, mas a massa dos trabalhadores velava e prestava atenção, com simpatia, ao que se
passava na Rússia. Se ela hesitava ainda, é que os seus dirigentes falavam dos russos como um povo
atrasado, e que a imprensa capitalista denunciava as atrocidades do regime soviético, cujo o afundamento
rápido e inevitável predizia. Essas colunas indicam até que ponto o exemplo russo foi receado e detestado
nas sociedades capitalistas.
Uma revolução comunista era possível fazer? A classe operária podia tomar o poder e triunfar do
capitalismo em Inglaterra, França e América? Certamente que não, porque não era suficientemente
poderosa. Somente a Alemanha podia, na época, encarar uma tal possibilidade.
Que teria então sido possível fazer? A revolução comunista, a vitória do proletariado, não pode realizar-se
em alguns anos, mas no final de um longo período de sublevações e lutas. A crise do capitalismo durante
a guerra não foi senão o ponto de partida desse período, e é então que a tarefa do partido comunista seria
de construir, passo a passo, a força da classe operária. O caminho pode parecer longo mas não há outro.
Ora não era assim que os dirigentes bolcheviques entendiam a revolução mundial. Queriam-na
imediatamente. Porque o tinha sido conseguido na Rússia não o poderia ser nos outros países? Os
trabalhadores estrangeiros apenas tinham que seguir o exemplo dos seus camaradas russos. Ainda que a
classe operária contasse pouco mais que um milhão de trabalhadores numa produção de cem milhões de
habitantes, cerca de dez mil revolucionários, agrupados num partido poderosamente organizado, tinham
sabido tomar o poder e ganhar o apoio das massas defendendo um programa que servia os seus interesses.
Os bolcheviques calculavam que todos os partidos comunistas existentes no mundo, que eram compostos
por fracções mais conscientes, avançadas e capazes da classe operária, dirigidos por homens inteligentes,
poderiam do mesmo modo chegar ao poder, se apenas a massa dos trabalhadores os quisesse seguir. Os
governos capitalistas não se apoiavam, eles também em minorias?
Que o conjunto da classe operária decida apoiar o Partido e votar por ele, e ele meterá mãos à obra.
Porque ele representa a primeira linha. A sua tarefa é atacar e abater os governos capitalistas, substitui-los
e aplicar, uma vez no poder, os ideais comunistas como a Rússia o soube fazer.
Quanto à ditadura do proletariado, ela é representada naturalmente pela ditadura do partido comunista,
como é o caso da Rússia.
Fazei como nós! Tal foi o conselho, o apelo, a directiva do partido bolchevique a todos os partidos
comunistas do Mundo inteiro, palavra de ordem que se apoiava na teoria segundo a qual a situação dos
países capitalistas era a mesma que reinava na Rússia pré-revolucionária. Ora não existia nenhum ponto
comum. A Rússia encontrava-se nos princípios do capitalismo, apenas no primeiro estádio da
industrialização, enquanto que os países capitalistas avançados estavam no fim da era do capitalismo
industrial. A Rússia devia elevar-se do estádio de barbárie primitiva até ao nível de produção atingido
pelos países desenvolvidos. Esse objectivo não podia ser atingido senão por intermédio de um partido que
dirigisse o povo e organizasse um capitalismo de Estado. Pelo contrário, a América e a Europa deviam
converter-se a uma produção de tipo comunista, o que não pode ser obtido senão através de um esforço