deveu, em 1891, a primeira capitulação do governo e o parlamento: o começo da revisão da
constituição. A ela se deveu, em 1893, a segunda capitulação do partido dirigente: o
sufrágio universal com voto plural.
É evidente que, inclusive desta vez, somente a pressão das massas operárias sobre o
parlamento e sobre o governo permitiu arrancar um resultado palpável. Se a defesa dos
clericais foi desesperada já no último decênio do século passado, quando não se tratava
mais do que o começo das concessões, a toda vista devia converter-se em uma luta de
morte agora que se trata de entregar o resto: a dominação parlamentar. Era evidente que os
ruidosos discursos na câmara não podiam conseguir nada. Fazia falta a pressão máxima das
massas para vencer a resistência máxima do governo.
Frente a isto, as vacilações dos socialistas em proclamar a greve geral, a esperança secreta
porém - evidente, ou pelo menos o desejo de triunfar no possível, SEM recorrer à greve
geral, aparecem desde o começo como o primeiro sintoma do reflexo da política liberal
sobre nossos camaradas, desta política que em todas as épocas, sabe-se, crê poder quebrar
as muralhas da reação com o som das trombetas da grandiloqüência parlamentar.
Não, obstante, a aplicação da greve geral na Bélgica é um problema claramente
determinado pela sua repercussão ECONÔMICA direta, a greve atua antes de tudo em
desfavor da burguesia industrial e comercial, e em uma medida muito reduzida somente em
detrimento de seu inimigo verdadeiro, o partido clerical. Na luta atual, a repercussão
POLÍTICA da greve de massas sobre os clericais no poder não pode ser, portanto, mais que
um efeito INDIRETO exercido pela pressão que a burguesia liberal, molestava pela greve
geral transmite ao governo clerical e a maioria parlamentar. Além disso a greve geral
também exerce uma pressão política DIRETA sobre os clericais, aparecendo-lhes como o
precursor, como a primeira etapa de uma verdadeira revolução andarilha em gestação, para
a Bélgica, a importância política das massas operárias em greve residiu sempre, e ainda
hoje, no fato de que em caso de rechaço obstinado da maioria parlamentar, estão dispostas e
são capazes de vencer o partido no poder por meio de distúrbios, por meio de sublevações
andarilhas.
A aliança e o compromisso de nossos camaradas belgas com os liberais privaram a greve
geral de seu efeito político em dois pontos.
Impondo de ANTEMÃO limites e formas legais à luta, submisso à pressão dos liberais,
proibindo toda manifestação, todo espírito da massa, dissipavam a força política latente da
greve geral. Os clericais não tinham porque temer uma greve geral que DE TODAS AS
MANEIRAS não queria ser outra coisa que uma greve pacífica. Uma greve geral,
acorrentada de ANTEMÃO aos grilhões da legalidade, se assemelha a uma demonstração
de guerra com canhões cuja carga haveria sido previamente arremessada à água, a vista do
inimigo. Nem sequer um menino se assusta de uma ameaça "com os punhos no bolso",
assim como o aconselha seriamente LE PEUPLE aos grevistas, e uma classe no poder,
lutando até a morte por sua dominação política, se assusta menos ainda. Precisamente por
isso em 1891 e 1893 lhe bastou ao proletariado belga com abandonar tranqüilamente o
trabalho para romper a resistência dos clericais que podiam temer que a paz se
transformaria em distúrbio e a greve em revolução. Por isso, inclusive desta vez, a classe