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O delicado momento de falta de energia que a Argentina vem atra-
vessando quanto à oferta de energia é semelhante ao que atravessou o
Brasil no período 2001-2002. Embora esse país disponha de reservas de
gás natural, acima de 700 bilhões de metros cúbicos, as restrições no for-
necimento podem comprometer o crescimento do PIB argentino para os
próximos anos, o qual registrou 8% em 2007. Além disso, a Argentina de-
tém no gás natural um dos pilares da oferta de energia. Aproximadamente
43% das necessidades energéticas são supridas pelo gás natural, uma das
participações mais altas do mundo.
A causa do atual impasse no setor energético se deve a uma junção
de fatores, porém os mais importantes são: a não aprovação, por parte do
Poder Judiciário, de um aumento nas tarifas de gás natural no varejo e,
sobretudo, o não cumprimento das empresas produtoras e transportadoras
das metas de investimento fixadas nos contratos de concessão. Peran-
te a crítica situação, o governo argentino definiu, em meados de 2004,
algumas medidas para enfrentar a crise, entre as mais importantes se des-
taca um plano para investir US$ 3,7 bilhões nos próximos cinco anos
nas redes de transporte e distribuição, a criação de uma mega-empresa
estatal – ENARSA – com participação do Estado em 53% das ações. Esta
nova empresa teria a tarefa de recompor os níveis de reserva, produção
e suprimento de gás natural, além de acompanhar as necessidades de in-
fra-estrutura no transporte de gás natural e eletricidade. Paralelamente,
para amenizar a falta de gás natural, eletricidade e petróleo no período
de maior consumo (inverno), o governo argentino já está importando 4,0
MM de m
3
/dia da Bolívia e, eventualmente, deve importar energia elétrica
do Brasil através do Rio Grande do Sul.
A crítica situação energética da Argentina reflete-se também no
Chile, pois, este país importa cerca de 17,0 MM m
3
/dia de gás natural
destinados à geração de energia elétrica e a planta gás-química localizada
no extremo sul do país. A falta de gás natural para esses consumidores
finais compromete o fornecimento de eletricidade em várias cidades e
também as exportações de butano e etano da planta industrial no extremo
austral do país. Além do mais, a Argentina exige revisão das tarifas nos
contratos de gás com o Chile, argumentando que eles são negativos aos
interesses da nação.
Em relação à Bolívia, este país produz cerca de 38,0 MM m
3
/dia,
exporta para o Brasil através do Gasbol a maior parte dessa produção e,
segundo informes da TBG, o volume importado em média foi de 30 MM
m
3
/dia (2007). O mercado doméstico boliviano consome algo 2,0 MM m
3
/
dia, considerando esse nível de produção, a relação Reservas/Produção –
R/P – é de 250 anos. Em outras palavras, a quantidade de reservas de gás