Revista de Ciências da Administração
idéia-guia. Fiel a seu rótulo, a visão freqüentemente tende a ser mais uma espécie de imagem do que
um plano intensamente articulado, em palavras e números; isto a deixa flexível, permitindo que o líder
possa adaptá-la às suas experiências. Desse modo, a estratégia empreendedora é ao mesmo tempo
deliberada e emergente: deliberada em suas linhas gerais e senso de direção, e emergente em seus
detalhes, que podem ser adaptados ao longo da caminhada.
Para a escola cognitiva, a formação da estratégia é um processo cognitivo que se desenvolve
na mente do estrategista; as estratégias emergem como perspectivas, na forma de conceitos, mapas e
esquemas, que formatam o modo pelo qual as pessoas interagem com os inputs originários do
ambiente. Esses inputs fluem através de toda a sorte de filtros destorcedores, antes de serem
decodificados pelos mapas cognitivos, ou são meramente interpretações de um mundo que existe
somente em termos de como ele é percebido.
Ainda segundo MINTZBERG, AHLSTRAND e LAMPEL (1998), cada uma das quatro
escolas seguintes (da aprendizagem, do poder, cultural e ambiental) tentou conduzir o processo de
formação da estratégia para além do indivíduo, em direção a outras forças e outros atores.
Para a escola da aprendizagem, o mundo é muito complexo para permitir que estratégias
sejam todas desenvolvidas de uma vez, como planos ou visões claras. Assim, as estratégias emergem
de pequenos passos, à medida em que a organização se adapta, ou aprende. Já a escola do poder
considera a formação da estratégia como um processo de negociação, do qual participam grupos em
conflito dentro da organização, ou a própria organização, quando se confronta com os ambientes
externos. A escola cultural considera que a formação da estratégia se enraíza na cultura da
organização, vendo esse processo como fundamentalmente coletivo e cooperativo. Para os autores da
escola ambiental, a formação da estratégia é um processo reativo no qual a iniciativa não parte de
dentro da organização, mas sim do contexto externo.
A última escola (da configuração) tem como premissa considerar que, por períodos
longos, uma organização pode ser descrita em termos de algum aspecto de configuração estável de
suas características. Nesta fase, adota uma forma particular de estrutura, ligada a um particular tipo
de contexto, ocasionando comportamentos que dão origem a um determinado conjunto de
estratégias. Esses períodos de estabilidade são interrompidos às vezes por surtos de transformação;
os estados sucessivos de configuração e períodos de transformação configuram-se, no tempo, corno
seqüências padronizadas, caracterizando os denominados ciclos de vida das organizações. Desse
modo, o desafio dos administradores é, de um lado, sustentar a estabilidade ou a mudança estratégica
adaptativa na maior parte do tempo, mas, de outro, reconhecer periodicamente a necessidade de
transformação mais radical, estando aptos para gerir esse processo eruptivo, sem que a organização
seja destruída. As estratégias resultantes tomam a forma de planos ou padrões, posições ou
perspectivas, ou mesmo de estratagemas.
Analisando-se as classificações de IDEMBURG e as de MINTZBERG, AHLSTRAND e
LAMPEL, anteriormente descritas, verifica-se que, na primeira (IDEMBURG), a abordagem da
aprendizagem orientada e a da estratégia emergente estão separadas, em função das categorias
utilizadas na matriz (orientação para processos e orientação para objetivos). Na segunda, os autores
(entre os quais se destaca o próprio criador do conceito de estratégia emergente, MINTZBERG)
incluem a abordagem da estratégia emergente no âmbito da escola da configuração. O conceito de
estratégia emergente, entretanto, é adotado, também, pela perspectiva da aprendizagem.
AS RAÍZES DA APRENDIZAGEM ORGANIZACIONAL
Nos tempos atuais, há sinais evidentes de mudanças no paradigma que alicerça a vida
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