Alexandre Costa Quintana, Annelise da Cruz Serafin, Valter Saurin
Conforme já descrito, as demonstrações em questão possuem objetivos distintos, porém
convergentes em seus fins. Mesmo assim, ainda existem divergências quanto ao uso de uma em
detrimento da outra como fonte de informações para a tomada de decisão. Lustrosa (1997, p. 15)
defende a manutenção de ambas as demonstrações, pois juntas “têm um efeito sinérgico, isto é,
cada um passa a ter uma importância maior do que seria se analisado individualmente.”
Apresenta-se, no quadro 2, algumas das principais vantagens e desvantagens da DOAR e da
DFC:
Vantagens
DOAR DFC
Fornece informações que não constam em outras
demonstrações (SILVA; SANTOS; OGAWA, 1993)
Oferece maior facilidade de entendimento por
visualizar melhor o fluxo dos recursos financeiros
(MARTINS, 1990)
Possibilita melhor conhecimento da política de
investimento e de financiamento da empresa (SILVA;
SANTOS; OGAWA, 1993)
Existe tendência mundial de adotar o fluxo de caixa
em detrimento da DOAR, pela utilização de uma
linguagem comum. (SILVA; SANTOS; OGAWA,
1993)
Destinada a mostrar a compatibilidade entre a posição
financeira e a distribuição de lucros (IUDÍCIBUS,
MARTINS, GELBCKE, 2000)
Utiliza um conceito mais concreto, crítico em
qualquer empresa, necessário nos curtos/curtíssimos
prazos (SILVA; SANTOS; OGAWA, 1993)
Ë uma demonstração mais abrangente, por representar
as mutações em toda a posição financeira (SILVA;
SANTOS; OGAWA, 1993)
Ë necessário para prever problemas de insolvência e,
portanto, avaliar o risco, o caixa e os dividendos
futuros (SILVA; SANTOS; OGAWA, 1993)
Algumas obras enfatizam o seu poder preditivo
Desvantagens
DOAR DFC
Não é fundamentalmente financeiro, pois aceita ativos
não monetários, como os estoques e as despesas
antecipadas
Não existe consenso sobre que conceito de caixa
utilizar. Uns aconselham caixa e bancos; outros
consideram também títulos de curto prazo (SILVA;
SANTOS; OGAWA, 1993)
O resultado é afetado pelo método de avaliação de
ativos não monetários (SILVA; SANTOS; OGAWA,
1993)
Apresenta volume de informação menor que a DOAR
(SILVA; SANTOS; OGAWA, 1993)
Seu uso não tem sido pesquisado de forma científica,
inclusive nos países de pesquisa contábil
desenvolvida
Pode ser tão manipulável como qualquer outra
informação contábil (SILVA; SANTOS; OGAWA,
1993)
Apresenta modificações internas do Capital
Circulante Líquido de forma residual
Existe tendência de utilização do fluxo de caixa pelo
método indireto, apesar desta metodologia não ser a
mais recomendada (SILVA; SANTOS; OGAWA,
1993)
Trabalha com o conceito abstrato de capital circulante
líquido
ou de folga financeira de curto prazo, cuja utilidade
está sendo duramente questionada (HOPP; PAULA
LEITE, 1989)
A maquiagem (window dressing) também ocorre na
DFC, a partir do momento em que a empresa atrasa
conscientemente seus recebimentos e pagamentos, na
tentativa de melhorar o fluxo de caixa num período
específico (BRAGA; MARQUES, 1996)
Quadro 2 - Comparativo das vantagens e desvantagens da DOAR e da DFC.
Revista de Ciências da Administração – v.5, n.10, jul/dez 2003 7