Gilberto de Oliveira Moritz, Maurício Fernandes Pereira
Marcial & Grumbach (2002) escrevem que no Brasil a prática de elaboração de
cenários é recente. As primeiras empresas a utilizarem tal prática foram o BNDES, a
Eletrobrás, a Petrobrás e a Eletronorte, em meados da década de 1980, em função de
operarem com projetos de longo período de maturação, o que exigia uma visão de longo
prazo. Uma nova utilização da técnica prospectiva no Brasil foi coordenada pela antiga
Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) da Presidência da República, que iniciou em 1996
os estudos que geraram, em 1997, “Cenários Extrapolatórios do Brasil em 2020” e, em 1998,
“Os Cenários desejados para o Brasil”.
No ambiente acadêmico, segundo Buarque (2003), os primeiros trabalhos foram os
do Instituto Universitário de Pesquisa do Rio de Janeiro (Iuperj), intitulado Manual de
Técnicas de Previsão, de 1976, o livro do pesquisador e professor da FGV, Henrique Rattner,
Estudos do Futuro – introdução à antecipação tecnológica e social, de 1979, e o trabalho de
Hélio Jaguaribe, intitulado Brasil 2000, de 1989.
No Brasil poderíamos, conforme contribuições expostas neste trabalho, ressaltar
como nossos pioneiros e divulgadores sobre a técnica de cenários prospectivos os acadêmicos
e pesquisadores: Rattner, Grumbach, Marcial, Araújo, Bethlem, Porto, Nascimento e Buarque,
entre outros.
Nas organizações contemporâneas vivemos, de um lado, um novo mundo, com novas
regras e novos cenários. O presente é um tempo de transição do velho regime pós-Segunda
Guerra Mundial até os dias de hoje. De outro lado o futuro, onde a mudança/ incerteza é a
única constante e que para continuarmos a enfrentar este ambiente de turbulência que
começou agora, no presente, faz-se mais do que nunca necessário o emprego das técnicas de
cenários prospectivos.
Os estudos de cenários nos permitem analisar a longo prazo, um mundo onde reina a
incerteza. Suas histórias sobre futuros possíveis ajudam as organizações, a reconhecer e
adaptar-se às mudanças que ocorrem no meio em que vivemos, definindo os caminhos
alternativos da evolução e permitindo escolher as manobras apropriadas para cada um deles.
Essa técnica se aplica à organização, conforme Peter Schwartz (2000, p. 41) escreve:
O planejamento de cenários, baseado na sua peculiar característica, implica escolher,
hoje, dentre várias opções, com total compreensão dos possíveis resultados. Poderia
ser definido como uma ferramenta para ordenar as diferentes percepções do futuro
no qual essas opções produzirão efeitos, embora esteja mais próximo de uma forma
disciplinada de pensar do que de uma metodologia técnica ou fórmula quantitativa
específica. E, acima de tudo, trata-se de uma desculpa para aprender.
Revista de Ciências da Administração – v.7, n.13, jan/jul 2005 17