Empreendedorismo e educação empreendedora: confrontação entre a teoria e prática
cria algo novo, algo diferente, é aquele que muda ou transforma “valores” e, ainda, pratica a
inovação sistematicamente, buscando fontes de inovação e criando oportunidades.
Kaufmann (1990) enfatiza que a capacidade empreendedora está na habilidade de
inovar, de se expor a riscos de maneira inteligente, e de se ajustar às rápidas e contínuas
mudanças do ambiente de forma rápida e eficiente.
Para Filion (1999) um empreendedor é uma pessoa que imagina, desenvolve e realiza
visões, além de ser uma pessoa criativa, marcada pela capacidade de estabelecer e atingir
objetivos, mantendo um nível de consciência do ambiente em que vive e utilizando-o para
detectar oportunidades de negócios.
Da análise dessas definições, constata-se que algumas palavras se repetem no mundo
conceitual do empreendedorismo, tais como destruição criativa, criação, construção e tomada
de iniciativa.
Degen (1989), responsável pela introdução do estudo do empreendedorismo no Brasil,
destaca que são raros os traços de personalidade e comportamento que se traduzem na
vontade de criar coisas novas e de concretizar, na prática, idéias próprias. O autor
complementa tal constatação afirmando que as pessoas que têm vontade de realizar acabam
por se destacar, na medida em que, independente da atividade que exercem, fazem com que as
coisas efetivamente aconteçam.
É importante, em termos pedagógicos, que se resgatem na literatura algumas
características identificadoras do empreendedor, do administrador e do técnico, com o intuito
de possibilitar uma maior compreensão do tema. .
Gerber (2004) apresenta algumas diferenças dos três personagens que correspondem a
papéis organizacionais, quais sejam:
a) o Empreendedor, que transforma a situação mais trivial em uma oportunidade
excepcional, é visionário, sonhador; o fogo que alimenta o futuro; vive no futuro,
nunca no passado e raramente no presente; nos negócios é o inovador, o grande
estrategista, o criador de novos métodos para penetrar nos novos mercados;
b) o Administrador, que é pragmático, vive no passado, almeja ordem, cria esquemas
extremamente organizados para tudo;
c) o Técnico, que é o executor, adora consertar coisas, vive no presente, fica satisfeito
no controle do fluxo de trabalho e é um individualista determinado.
É importante destacar no pensamento de Gerber (2004) o fato dos três personagens
estarem em eterno conflito, sendo que ao menor descuido o técnico toma conta, matando o
visionário, o sonhador, o personagem criativo que está sempre lidando com o desconhecido.
Revista de Ciências da Administração – v.8, n.15, jan/jun 2006