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Relação entre satisfação, retenção e rentabilidade de clientes no setor de planos de saúde
Revista de Ciências da Administração
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v. 9, n. 19, p. 54-80, set./dez. 2007
freqüentemente, poucas bases para tomada de decisão além da própria experiência e
intuição (RUST; ZEITHAML; LEMON, 2004). O interesse pela relação entre Satis-
fação-Retenção é relativamente recente, e começaram a surgir artigos e publicações
específicas sobre o assunto quando ficou evidenciada a necessidade de mudança da
estratégia baseada no produto para uma estratégia baseada no cliente e no melhor
atendimento de suas necessidades. Em ambientes cada vez mais competitivos e di-
nâmicos, as empresas são obrigadas a tomar fortemente em consideração um terceiro
elemento que está intimamente ligado à Satisfação-Retenção: a Rentabilidade. Afi-
nal, não há sentido em satisfazer ou mesmo reter clientes que não gerem resultados,
especialmente em relações de longo prazo.
Poucos estudos conseguem tratar e evidenciar de maneira consistente as
relações da tríade Satisfação-Retenção-Rentabilidade especialmente no setor de
Serviços, cuja tendência é dominar as economias dos países mais desenvolvidos.
Aparentemente, maior satisfação conduz à maior lealdade e, uma vez aumentada a
percepção do valor agregado ao produto ou serviço, gerar-se-ia melhores resultados
para a empresa. Valor é definido, neste estudo, como sendo o resultado em saúde
que o paciente obtém por real gasto no sistema. Aumentar o valor gerado para o
paciente significa conseguir melhores resultados de saúde para o paciente, por um
custo menor (PORTER, 2006).
A satisfação do paciente refere-se à mensuração de uma ou mais de uma va-
riedade de opiniões de pacientes que incluem avaliações da qualidade dos serviços,
intenções comportamentais futuras, a percepção do paciente sobre os próprios re-
sultados clínicos e a satisfação geral com a organização de Saúde (OLIVER et al.,
1994). A Satisfação é um indicador muito importante da qualidade em Serviços de
Saúde, e está associada com o resultado financeiro em hospitais, sendo este último
medido por indicadores financeiros tradicionais amplos como o Retorno Sobre In-
vestimentos (ROI), participação de mercado ou margem de lucro. Estes indicadores
são lentos porque, na melhor das hipóteses, é apenas um sinal do que já aconteceu
na organização (CHATTERJEE, 2006). Em alguns casos a qualidade percebida pelos
pacientes, pode explicar entre 17% e 27% da variação dos resultados financeiros em
hospitais (NELSON et al., 1992).
Para Prestadoras de Serviços de Saúde Privada, a Rentabilidade é medida através
do índice de Sinistralidade do seguro, o qual deverá ser o menor possível, ou seja,
quanto menor for a Utilização dos Serviços da Prestadora de Saúde, maior será a
Rentabilidade do contrato. Integrando a performance financeira com a qualidade
percebida dos serviços e os resultados clínicos, gera-se o conhecimento necessário
para tornar-se um provedor de Serviços de Saúde de alta qualidade com baixo custo.
Contudo, não é possível reduzir custos se não houver contribuição para a saúde do
paciente (PORTER, 2006).