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Revista de Ciências da Administração • v. 12, n. 28, p. 38-57, set/dez 2010
Augusto Cesar Marins Machado • Sergio Bulgacov
Conteúdo Estratégico em Organizações do
Terceiro Setor: possibilidades e implicações de
pesquisa no campo social
Augusto Cesar Marins Machado
1
Sergio Bulgacov
2
Resumo
A reflexão sobre temática relacionada à estratégia, seja no campo teórico ou
empírico, possui forte relação com sua aplicabilidade. Entretanto, essa mesma
condição aplicada às organizações do Terceiro Setor enfatiza a sua preferência
por estudos que evitem a aplicação de técnicas e abordagens advindas dos estudos
organizacionais. Nesse sentido, este ensaio busca fomentar as possibilidades de
pesquisas e implicações do estudo do conteúdo estratégico em organizações do
Terceiro Setor como reflexão e contribuição ao paradoxo disposto anteriormente,
com as seguintes possibilidades empíricas: i. As possibilidades existentes nas
relações interorganizacionais sobre o conteúdo estratégico e os resultados
organizacionais; ii. A observação das práticas estratégicas das organizações nesse
setor em suas constituições em rede; iii. As consequências das decisões sobre o
conteúdo estratégico para a legitimação das práticas sociais de seus atores.
Palavras-chave: Conteúdo Estratégico. Terceiro Setor. Estudos Organizacionais.
1 Introdução
A atuação das organizações do Terceiro Setor no cenário das questões
sociais que envolvem o país cresceu, particularmente com a redemocratização
do Brasil, a partir da década de 1980, ocasionando o enfraquecimento do
Estado como único agente interventor de políticas públicas e ações sociais
1
Mestre em Administração pelo Programa de Mestrado em Administração da UFPR. Professor do curso de Administração da Pontifícia Universidade
Católica do Paraná. Pesquisador do Observatório de Prospecção e Difusão de Iniciativas Sociais do SESI Paraná. Endereço: Universidade Federal
do Paraná, Setor de Ciências Sociais Aplicadas, Departamento de Administração Geral e Aplicada, Rua Prefeito Lothário Meissner, 632 – Jardim
Botânico – Curitiba – PR. CEP: 80210-170. E-mail: machado[email protected].
2
Doutor em Administração pela EASP da Fundação Getúlio Vargas. Professor e Pesquisador do Programa de Mestrado e Doutorado em Administração
da UFPR. Endereço: Universidade Federal do Paraná, Setor de Ciências Sociais Aplicadas, Departamento de Administração Geral e Aplicada, Rua
Prefeito Lothário Meissner, 632 – Jardim Botânico – Curitiba – PR. CEP: 80210-170. E-mail: s.bulgacov@ufpr.br.
Artigo recebido em: 03/02/2010. Aceito em: 14/10/2010. Membro do Corpo Editorial Científico responsável pelo processo editorial: Thomas G.
Brashear.
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Conteúdo Estratégico em Organizações do Terceiro Setor: possibilidades e implicações de pesquisa no campo social
(FERNANDES, 1994; FALCONER, 1999; MELO NETO; FROES, 1999;
ALVES, 2000; BAVA, 2000; IBGE, 2004). Apresenta-se nessas circunstânci-
as, a atuação dessas organizações como elemento constituinte, agregador e
complementar às ações desenvolvidas pelo Estado.
As organizações que compõem o campo social configuraram-se de di-
versas formas (cooperativas de catadores de lixo, creches comunitárias, insti-
tutos ou fundações empresarias de responsabilidade social, centros de
capacitação), muitas até sem qualquer personalidade jurídica, na qual se fa-
zem presentes em um contexto crítico de necessidades de recursos (físicos,
materiais, humanos, financeiros); melhorias de processos de gestão (estrutu-
ras departamentais coesas e integradas; programas e projetos concisos e co-
erentes; instrumentos e técnicas adequadas); legitimidade (suporte contextual,
prestígio com o público atendido; institucionalização de práticas e ações)
(HATTEN, 1982; FALCONER, 1999).
Diante da diversidade dessas organizações, seja pela sua configuração
jurídica, terminologia, formas de atuação ou propósitos diversos, essas orga-
nizações tornam-se um campo amplo e rico de investigações (SALAMON,
1997; BRESSER-PEREIRA; GRAU, 1999; FALCONER, 1999; COELHO,
2000; MORRIS, 2000; ALVES, 2002). Embora Falconer (1999) tenha consi-
derado o Terceiro Setor no Brasil como um tema não extensivamente
pesquisado, existindo ainda poucos estudos empíricos abrangentes, e um
número insignificante, até recentemente com enfoque organizacional. Os
primeiros esforços acadêmicos para compreender a temática do Terceiro Se-
tor em território brasileiro surgiram somente a partir dos anos de 1990 e cada
vez mais pessoas e organizações se interessam e se dedicam a estudar o as-
sunto ou trabalhar nesse tipo de organização.
De acordo com Fischer e Mendonça (2002), informações e conheci-
mentos estão sendo produzidos a esse respeito, no entanto, essa produção se
dá por meio de iniciativas isoladas e divergentes. Essas iniciativas geram uma
falta de convergência de atividades, assim como de integração entre pesqui-
sadores, estudiosos e militantes, além disso, há pouca divulgação dos traba-
lhos acadêmicos e de sua aplicação na prática das organizações.
Entre a ideologia e a politização dos discursos emblemáticos encontra-
dos nos estudos organizacionais sobre a realidade do campo social, seja na
construção de um quadro teórico próprio ou na desconstrução de propostas
pautadas na lógica de mercado, aumentam as divergências e os conflitos
conceituais, distanciando o foco no contexto crítico desse campo. Esse en-
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saio respeita e admite as particularidades e embates ideológicos, políticos e
teóricos das distintas correntes do campo de organizações sociais, mas res-
salta a importância em discutir e apresentar possibilidades e implicações de
pesquisa no campo social, à luz do conteúdo estratégico em organizações do
Terceiros Setor.
Além da inquietação com a necessidade de recursos, melhorias dos
processos de gestão e legitimação de práticas organizacionais, de acordo com
a percepção dos dirigentes dessas organizações do Terceiro Setor em relação
ao contexto crítico supracitado, alguns autores (CKAGNAZAROFF, 2001;
HATTEN, 1982; HUDSON, 1999; TENÓRIO, 1997; WRIGHT et al.; 2000)
abordam a existência da intenção de adaptar técnicas oriundas do setor pri-
vado para o contexto das organizações do Terceiro Setor, pelo princípio de
que as técnicas, em si, seriam neutras e o que importa seria o propósito pelo
qual elas seriam utilizadas.
A partir dessas considerações iniciais a respeito da formação,
contextualização e importância das organizações que compõem o cenário
das ações sociais do Brasil, verifica-se a necessidade de resgatar o que se
vem discutindo sobre esse setor emergente, como aspectos referentes à estra-
tégia, especialmente questões envolvendo conteúdo estratégico, com o in-
tuito de auxiliar essas organizações a terem um posicionamento mais coeren-
te em face dos seus principais problemas.
Dessa forma, o presente ensaio busca fomentar a possibilidades de pes-
quisas e implicações do estudo do conteúdo estratégico em organizações do
Terceiro Setor. Portanto, busca-se identificar de que forma as questões e os
elementos constituintes do conteúdo estratégico podem servir de base para
estudos dessas organizações.
Este estudo compactua com a premissa proposta por Anheier (2000)
de que o gerenciamento das organizações não lucrativas é frequentemente
mal compreendido por conta da falta de conhecimento ou suposições erra-
das por parte das pessoas, além de ser frequentemente mal concebido por
causa das falsas suposições de como essas organizações funcionam. Logo,
esse ensaio teórico torna-se fruto de diversas discussões e debates com pes-
soas-chave da área, bem como por meio do levantamento de fontes biblio-
gráficas, com intuito de torná-lo mais factível e viável.
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Conteúdo Estratégico em Organizações do Terceiro Setor: possibilidades e implicações de pesquisa no campo social
2 Fundamentação Teórica
De acordo com Saunders, Lewis e Thornhill (2000), a teoria diz respei-
to às conexões entre fenômenos, uma história sobre por que atos, eventos,
estrutura e pensamentos ocorrem. Enfatiza, ainda, a natureza das relações
causais, identificando o que vem primeiro e o ritmo desses eventos. Prosse-
gue mencionando que a teoria mergulha nos processos subjacentes, a fim de
compreender as razões sistemáticas de uma ocorrência ou não ocorrência
particular.
Considerando que o objeto de investigação deste ensaio – organiza-
ções do Terceiro Setor – possui campo rico e vasto de fenômenos, com rela-
ções configuradas de diversas formas, porém com literatura abrangente, que
não permite plena compreensão acerca de determinados processos, verifica-
se a necessidade em se adaptar, durante alguns momentos, conceitos
advindos da literatura e trabalhos originalmente do mundo corporativo
(CKAGNAZAROFF, 2001; HATTEN, 1982; HUDSON, 1999; TENÓRIO,
1997; WRIGHT et al.; 2000). Para que ideias específicas possam tornar-se
mais esclarecedoras, busca-se, durante boa parte do referencial teórico, ajus-
tar o termo empresa ou firma, trabalhadas por alguns autores, para o termo
organização.
Diante da falta de dados sistematizados e da visão multifacetada – seja
da estratégia ou do Terceiro Setor – verifica-se a premência de uma conexão
condizente e coerente das noções teóricas, conforme mencionado por
Saunders, Lewis e Thornhill (2000), a fim de que se possam verificar e vali-
dar essas noções. Nesta fundamentação teórica discorre-se sobre as princi-
pais correntes conceituais referentes ao construto conteúdo estratégico, bem
como sobre o Terceiro Setor.
Sendo assim, essa fundamentação está organizada em duas seções prin-
cipais. Na primeira seção, são apresentadas as discussões teóricas referentes
ao conteúdo estratégico. A segunda seção apresenta e discute conceitos e
terminologias do Terceiro Setor, sua origem e formação, além do conteúdo
estratégico neste setor.
2.1 Conteúdo Estratégico
O termo estratégia vem sendo utilizado de forma indiscriminada e retra-
tado como aspecto multifacetado ou multidimensional, o que gera interpre-
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tações e visões, de certa forma imprecisa e descuidada, por parte de alguns
pesquisadores e praticantes. Essa assertiva pode ser verificada no trabalho
de diversos autores (HAMBRICK, 1983; CHAFFEE, 1985; BUZZELL; GALE,
1991; MEIRELLES et al., 2000; CLEGG et al., 2004; WIPP, 2004).
Ao longo da evolução do campo da estratégia, os dois focos de interes-
se – acadêmico e gerencial profissional – têm sofrido interferências mútuas.
Essas interferências decorrem por meio de diversas formas de análise, pers-
pectivas e modelos teóricos sobre estratégia. Dentre esses modelos, o pre-
sente estudo busca discutir e apresentar possibilidades e implicações de pes-
quisa no campo social baseadas no conteúdo estratégico.
A realização de estudos nessa área é importante não somente para as
organizações com fins lucrativos, mas também para organizações governa-
mentais e não governamentais que têm um papel a ser cumprido junto à
sociedade e que também devem atender com eficácia e eficiência aos propó-
sitos para os quais foram criadas (BULGACOV et al., 2007).
Nesse sentido, o conteúdo estratégico refere-se ao posicionamento da
organização em termos de produtos e mercados, dentro de contexto variável,
no qual visa ao melhor desempenho organizacional. Portanto, trata-se do
estudo de produtos e mercados de cada organização e os resultados dessa
relação. Esses produtos visariam atender ao mercado apropriado, sob situa-
ções ambientais incertas.
Por sua vez, Ansoff (1991, p. 96) aborda o conteúdo estratégico por
meio de alguns questionamentos “[...] quais produtos e tecnologias a organi-
zação irá desenvolver, onde e para quem os produtos serão vendidos e como
a organização obterá vantagem sobre os concorrentes”. Bulgacov (1997)
prossegue também com alguns questionamentos relacionados a esse tema,
como quais fatores levam à obtenção de diferentes resultados em organiza-
ções que atuam no mesmo ramo.
Em organizações baseadas em serviços, as principais características que
as diferenciam dos produtos seriam a intangibilidade, a heterogeneidade ou
dificuldade de padronização e a efemeridade. A literatura em estratégia tem
sido ausente nesta diferenciação (HORN-SEGAL, 2003).
Outra grande contribuição dos estudos de conteúdo estratégico é apre-
sentada por Chakravarthy e Doz (1992). Esse autores apresentam a diferen-
ciação entre conteúdo e processo estratégico e referem-se ao conteúdo como
o posicionamento da organização em face do contexto ambiental variável.
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Prosseguem mencionando que a pesquisa do conteúdo estratégico pode ser
distinguida da investigação do processo estratégico em pelo menos três as-
pectos: enfoque, base disciplinar e metodologias. Busca-se demonstrar de
forma pontual os principais aspectos que envolvem o conteúdo estratégico.
De acordo com Chakravarthy e Doz (1992), a pesquisa sobre conteúdo
estratégico envolve o escopo da organização (a combinação de mercados ao
qual a organização compete) e as direções de competição dentro de merca-
dos particulares. Isso significa que esse tipo de pesquisa possui enfoque na
posição efetiva da organização em face do ambiente. Mais recentemente,
buscando ampliar esse enfoque, pesquisas de conteúdo estratégico têm
centrado atenção na influência do acesso a recursos da organização visando
o seu desempenho.
Em relação à base disciplinar que envolve a pesquisa sobre conteúdo
estratégico, a pesquisa do conteúdo estratégico lida apenas, como unidade
de análise, a interface da organização com o seu ambiente. Outra considera-
ção referente a esse aspecto envolve uma quantidade reduzida de discipli-
nas que abarcam o conteúdo estratégico, voltadas de forma peculiar para
questões ligadas à economia. Contudo, apesar de voltar-se para um funda-
mento disciplinar ligado à economia, não invalida a análise de questões so-
ciais.
Por fim, ao referirem-se às metodologias que envolvem a pesquisa de
conteúdo e processo estratégico, Chakravarthy e Doz (1992) enfatizam os
aspectos metodológicos relacionados ao processo estratégico, citando, de
forma breve, apenas a utilização de dados secundários para a realização de
pesquisas do conteúdo estratégico. Porém, a utilização de procedimentos
metodológicos, como questionários, surveys e observações podem ser utili-
zados em pesquisas de conteúdo estratégico.
Em consonância com a forma de diferenciação entre conteúdo e pro-
cesso estratégico apresentado por Chakravarthy e Doz (1992), Meirelles,
Gonçalves e Almeida (2000) utilizam-se desse mesmo recurso didático de
análise para expandir conceito de estratégia. Vale ressaltar, conforme demons-
trado na Figura 1, que esses autores relacionam o conteúdo estratégico ao
mundo das ideias e abstrações, concepção diferente de como é discutida e
apresentada na literatura, porém torna-se pertinente sua explanação.
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Figura 1: Os dois aspectos da estratégia
Fonte: Meirelles, Gonçalves e Almeida (apud ENANPAD, 2000)
Com o propósito de apresentar um modelo integrado de investigação
envolvendo conteúdo, processo e resultados estratégicos, conforme Figura
2, Bulgacov e Bulgacov (2009) mencionam que os estudos que separam
conteúdo e processo estratégico não explicam suficientemente a relação es-
trategicamente compreensível em termos de produto, mercado, ambiente e
resultado.
Ambiente
Geral e
Operacional
Produtos e
Serviços
Mercados
locais e
internacionais
Relações
Interorga-
nizacionais
Fontes e
formas de
conhecimento
Implementa-
ção e usos do
conhecimento
Resultados
Econômicos e
Sociais
Conteúdo
e processo
Conteúdo
estratégico
Processo
estratégico
Formas de
Gestão e
Estruturas
Cultura e
Práticas de
Gestão
Pessoas e
Políticas
Institucionais
Recursos e
Habilidades
Dinâmicas
Processo
estratégico
Figura 2. Conteúdo, Processo e Resultados Estratégicos
Fonte: Bulgacov e Bulgacov (2009)
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O modelo proposto delineia a organização pela constituição de con-
teúdo e processo, e suas relações se instituem no tempo e, sobretudo, nos
resultados organizacionais (BULGACOV; BULGACOV, 2009).
Outros preceitos teóricos são apresentados por Montgomery, Wernerfelt
e Balakrishnan (1989) que trazem um panorama das principais pesquisas e
contribuições acerca do conteúdo estratégico, bem como demonstram algu-
mas lacunas, que ao longo do tempo, foram incorporando-se à literatura de
estratégia. Eles pontuam, por meio de argumentos factíveis, alguns caminhos
e direções para pesquisas futuras.
Tais autores apresentam algumas proposições científicas que servem
de base para seus diagnósticos e sugestões específicas acerca da produção
acadêmica sobre conteúdo estratégico: i. toda geração da teoria deve depen-
der de algumas observações passadas; ii. todas observações devem ser guia-
das e por meio de interpretação de alguma teoria; iii. uma teoria é boa se for
refutável ou se for consistente com um corpo de teorias existentes.
Montgomery, Wernerfelt e Balakrishnan (1989) apontam, com base na
ligação intrínseca a tais proposições apresentadas, assertivas que servem de
pano de fundo para as pesquisas sobre conteúdo estratégico. A primeira
assertiva indica que a teoria bem argumentada é instrumental do progresso
das pesquisas de conteúdo estratégico, ou seja, pode trazer uma contribui-
ção direta para a acumulação de conhecimento no campo. A segunda assertiva
considera que a pesquisa de conteúdo estratégico progride, quando os da-
dos são analisados de forma apurada e com suporte da teoria. Por fim, a
terceira assertiva indica que, em longo prazo, a pesquisa sobre conteúdo es-
tratégico poderá gerar recomendações proveitosas, se não for requerida em
todos os artigos aplicabilidade gerencial direta, ou seja, as pesquisas referen-
tes a essa temática poderão tornar-se mais úteis, quando possuírem caráter
menos prescritivo.
A partir da concepção acerca do conteúdo estratégico apresentado por
publicações seminais desse campo (CHAKRAVARTHY; DOZ, 1992; ANSOFF,
1991; BULGACOV, 1997), verificam-se como principais elementos constitu-
intes dessa definição, os seguintes:
a) Produtos – envolve qualquer coisa que possa ser oferecida a um
mercado para a devida atenção, aquisição ou consumo: objetos
físicos, serviços, pessoas, lugares, organizações ou ideias (KOTLER,
1978).
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b) Mercados – grupo distinto de pessoas e/ou organizações que têm
recursos que querem trocar ou que poderão concebivelmente tro-
car por benefícios distintos (KOTLER, 1978).
c) Contexto variável (Ambiente) – conjunto de fenômenos ou atribu-
tos externos à organização que, em constante processo de mudan-
ça, influencia, de modo potencial ou real, esta organização (HALL,
2004). Hatch (1997) apresenta outra contribuição conceitual sig-
nificativa, em que considera o ambiente como o arcabouço de va-
riáveis externas à organização, que perfazem seu contexto em nível
interorganizacional, como fornecedores, interesses especiais, par-
ceiros, competidores, clientes e agências regulatórias; e em nível
de ambiente geral: legal, físico, econômico, tecnológico, social,
político e cultural.
d) Desempenho organizacional ou resultado – quando o valor criado
pelos bens de uma organização é, pelo menos, o mesmo valor que
os proprietários esperam obter (BARNEY, 1997).
No que concerne aos estudos empíricos mais recentes sobre conteúdo
estratégico, voltados ao contexto brasileiro, pode-se identificar o trabalho de
Carlomagno e Almeida (2003) sobre a emergência de padrões de conteúdo
e processo estratégico em três empresas gaúchas. Esses autores, a partir dos
resultados analisados, perceberam que a visão do protagonista, pessoa física
com participação acionária relevante em todas as empresas analisadas, influ-
encia a geração de padrões de conteúdo e processo estratégico de forma
significativa na organização.
Ainda referindo-se aos estudos empíricos, pode-se relatar a pesquisa
de Hayashi Junior, Baraniuk e Bulgacov (2006), que procuraram identificar
e caracterizar os principais recursos utilizados para a execução de mudanças
de conteúdo estratégico em empresas de massas alimentícias. Com os dados
analisados foi possível verificar a presença de um padrão consistente dos
principais recursos utilizados para mudanças, dentro de cada quadrante da
matriz de Ansoff (1991).
Pode-se constatar, não com o intuito de esgotar a discussão, a partir de
tais concepções teóricas e estudos empíricos, a precisão da perspectiva teóri-
ca do conteúdo estratégico referente às questões que envolvem o
posicionamento de uma organização em face de um contexto de imprecisão
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Conteúdo Estratégico em Organizações do Terceiro Setor: possibilidades e implicações de pesquisa no campo social
e incertezas ambientais. As discussões e aspectos peculiares sobre conteúdo
estratégico, voltados às organizações do Terceiro Setor, serão apresentados
em seção específica.
2.2 Terceiro Setor
2.2.1 Breve P2.2.1 Breve P
2.2.1 Breve P2.2.1 Breve P
2.2.1 Breve P
anoramaanorama
anoramaanorama
anorama
Várias denominações são dadas – e usadas indiscriminadamente – para
certo grupo de organizações que surgem por intermédio da sociedade civil:
organizações sem fins lucrativos; voluntárias; não governamentais; público
não estatal; economia social; setor de caridade; setor filantrópico; Terceiro
Setor – termo mais usado no Brasil (ALVES, 2002; COELHO, 2000; MORRIS,
2000; BRESSER-PEREIRA, GRAU, 1999; FALCONER, 1999; SALAMON,
1997). Essas denominações variam conforme o propósito ou interesse de
quem as utiliza.
Coelho (2000) afirma que ao procurar certa precisão terminológica para
essas organizações, apesar de serem frequentemente utilizadas para um mes-
mo objeto, elas podem ter significados diferentes. No entanto, merece aten-
ção a discussão de alguns autores sobre o termo mais usado no Brasil ou
pelo menos com maior coerência aos preceitos da lógica capitalista – Tercei-
ro Setor. Essa expressão começou a ser usada nos anos de 19 70 nos EUA
para identificar um setor da sociedade em que atuam organizações sem fins
lucrativos, voltadas para a produção ou a distribuição de bens e serviços
públicos (FERNANDES, 1994; SMITH, 1991; WEISBROD, 1988).
No Brasil, com a redemocratização do país, a partir dos anos de 1980,
ocasionando o enfraquecimento do Estado como único interventor, cresce a
participação e atuação das organizações que atuam no campo social.
(FERNANDES, 1994; FALCONER, 1999; MELO NETO; FROES, 1999;
ALVES, 2000; BAVA, 2000; IBGE, 2004). A partir dos anos de 1990 cresce
a discussão e debate sobre o Terceiro Setor nas universidades brasileiras,
particularmente nas escolas de Administração, com o surgimento de alguns
centros de estudo como na Fundação Getúlio Vargas (Centro de Estudos do
Terceiro Setor – CETS, criado em 1994) e na Universidade de São Paulo
(Centro de Estudos em Administração do Terceiro Setor – CEATS, fundado
em 1998).
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Diante dessas considerações acerca do surgimento do termo e do
envolvimento acadêmico na discussão dessa temática, verifica-se, ainda, que
a transferência crescente das políticas sociais para o poder local (qualquer
comunidade ou grupos sociais organizados de forma associativa), ou seja, a
articulação da sociedade civil em torno de organizações que representam os
seus anseios e interesses; a institucionalização de alguns movimentos soci-
ais; o investimento dos organismos internacionais, órgãos multilaterais, bila-
terais, entre outros, em projetos e iniciativas promovidas no âmbito da socie-
dade civil, configuram-se em um cenário no qual o Terceiro Setor emergiu
como alternativa viável para os problemas sociais.
De acordo com esse cenário, é possível constatar que a emergência das
organizações que compõem o campo social representam, em tese, uma mu-
dança de orientação no Brasil no que diz respeito ao papel do Estado e do
Mercado e, em particular, à forma de participação do cidadão na esfera pú-
blica. Isso tem levado à aceitação crescente da ampliação do conceito de
público como não exclusivamente sinônimo de estatal: “público não estatal”
(FALCONER, 1999).
Não obstante, a relevância das organizações no campo social, a lacuna
de bases de dados representativas à realidade dessa área dificultam a atua-
ção de pesquisadores e gestores em definirem ações condizentes aos princi-
pais problemas ou necessidades da sociedade. A convergência, o
monitoramento e a manutenção de informações sobre o campo social possi-
bilitam a formação de redes sociais e alianças interorganizações ou a identi-
ficação das estratégias construídas por meio das interações entre funcionári-
os, público atendido e colaboradores.
As variações terminológicas, a falta de dados sistematizados, assim como
a grande gama de papéis que desempenham, tornam as organizações do
Terceiro Setor difíceis de serem identificadas em cada lugar. De acordo com
Salamon (1998), os sérios problemas de definição conceitual se juntam com
o variado tratamento jurídico que essas organizações recebem nas estruturas
legais brasileiras, além de barreiras ideológicas que também obscurecem a
identificação do papel e da escala real dessas organizações.
2.2.2 Conteúdo Estratégico no T2.2.2 Conteúdo Estratégico no T
2.2.2 Conteúdo Estratégico no T2.2.2 Conteúdo Estratégico no T
2.2.2 Conteúdo Estratégico no T
erceiro Setorerceiro Setor
erceiro Setorerceiro Setor
erceiro Setor
Conforme exposto em seção sobre conteúdo estratégico, demonstrado
de forma abrangente, o principal foco das investigações que envolvem essa
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temática está no efetivo posicionamento da organização em relação ao seu
ambiente, além da questão do acesso aos recursos da organização e do seu
desempenho ou resultado. Nesta seção busca-se apresentar alguns aspectos e
discussões tratados na literatura de forma subjacente, pelo fato de se esbarrar
em uma produção acadêmica ainda incipiente sobre os principais elementos
que compõem o conteúdo estratégico das organizações do Terceiro Setor.
Para Hatten (1982), a identificação, avaliação e reformulação da estra-
tégia para a organização não lucrativa decorre da adaptação desenvolvida
dos preceitos concernentes à administração estratégica corporativa. Essa au-
tora considera a administração estratégica como o processo que determina e
mantém um conjunto viável de relações entre a organização e o ambiente.
Por sua vez, esse conjunto de relações pode ser considerado como indicativo
ligado a um dos elementos constitutivos do conteúdo estratégico: contexto
variável.
O conteúdo estratégico em organizações do Terceiro Setor, apesar de
poder apresentar diferentes costumes e práticas, ou formas estruturais e
conjunturais distintas, geralmente aborda os seguintes elementos.
a) De acordo com a definição de Kotler (1978), demonstrado em se-
ção precedente sobre conteúdo estratégico, os produtos considera-
dos em organizações do Terceiro Setor se constituem por meio de
serviços. Esses serviços, por sua vez, podem ser verificados particu-
larmente nos programas e projetos que esse tipo de organização
desenvolve.
z
Programas e Projetos: Consistem em intervenções sistemáti-
cas, planejadas com o objetivo de atingir uma mudança na
realidade social (CANO, 2002).
b) O contexto variável ou o ambiente das organizações sociais po-
dem ser considerados todos os relacionamentos que elas desen-
volvem e que influenciam os outros elementos constituintes do seu
conteúdo estratégico.
c) Os mercados de uma organização social referem-se, particularmen-
te neste estudo, ao público atendido, bem como a organizações
congêneres, organização com as quais se relacionam: enfim, seus
stakeholders.
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d) Os resultados podem ser definidos de forma mais apurada para as
organizações sociais, como sendo os resultados alcançados, o va-
lor obtido para o público-alvo da organização, bem como para seus
stakeholders de forma geral. Esses resultados serão objeto de in-
vestigação se forem provenientes da relação entre serviços e públi-
cos atendidos ou stakeholders. Tais elementos podem ser
visualizados conforme Figura 3:
Figura 3: Elementos do Conteúdo Estratégico em Organizações do Terceiro Setor
Fonte: Machado (2008)
Além da transposição de Hatten (1982) sobre estratégia para o mundo
das organizações sociais, Hudson (1999) considera que a estratégia é particu-
larmente importante nas organizações orientadas por valores, organizações do
Terceiro Setor, porque existem sempre coalizões de pessoas com aspirações
diferentes, que precisam ser integradas para que a organização progrida.
A formalização ou concepção clara do conteúdo estratégico com todos
os procedimentos internos registrados, organizados e documentados, de for-
ma digital ou não, auxiliam os indivíduos, que compõem as organizações
neste campo, a terem noção mais precisa das necessidades dessas entidades
e, por conseguinte, a minimização das coalizões das pessoas com aspirações
diferentes.
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Conteúdo Estratégico em Organizações do Terceiro Setor: possibilidades e implicações de pesquisa no campo social
Segundo Hudson (1999), para o Terceiro Setor, a necessidade de
explicitar a missão da organização torna-se uma prioridade, já que cabe à
organização esclarecer ao financiador e aos demais participantes o que está
sendo realizado com os recursos por eles disponibilizados. Pode-se constatar
que o conjunto de elementos que constituem o conteúdo estratégico de uma
organização do Terceiro Setor se faz presente na sua missão: propósito
organizacional.
Diante dessas questões, Hudson (1999) aponta alguns dilemas estraté-
gicos em que as organizações se encontram. Dentre eles se deparam: uma
pequena ajuda para muitos ou uma grande ajuda para poucos; tratar os sin-
tomas ou a causa; fornecer serviços ou realizar campanhas por mudanças;
concentrar ou diversificar os serviços; manter-se fiel às crenças ou ser atraído
por novos recursos. Tanto as reflexões como os dilemas geram alguns desafios.
Seguindo outra linha de pensamento, Salamon (1997) menciona que
alguns desafios são defrontados para que o Terceiro Setor possa passar de
um estágio emergente ou de emergência e se transforme em realidade efeti-
va e consistente. Os principais desafios seriam de legitimidade, eficiência,
sustentabilidade e colaboração.
Em face da escassez de informações precisas acerca de estudos teóricos
ou empíricos sobre conteúdo estratégico em organizações do Terceiro Setor,
ressalta-se a importância deste ensaio para gerar caminhos concretos e fontes
fidedignas que possam conhecer melhor este assunto nessas organizações.
3 Conclusões
Ao fomentar a discussão, a reflexão e a busca de informações pormeno-
rizadas acerca da realidade das organizações do Terceiro Setor, a construção
teórico-epistemológica do objeto fundamental de investigação deste ensaio
teórico procurou manter-se consistente e em uma sequência lógica aos dita-
mes delineados pelos principais autores da área de organizações e estratégia.
No contexto da ausência de trabalhos seminais no campo dos estudos
organizacionais e de estratégia, em destaque o seu início a partir dos anos de
1980, verifica-se também quantidade significativa de opiniões e posições
divergentes e conflitantes, além de posições epistemológicas radicais e con-
trárias à inclusão dos estudos organizações na perspectiva do Terceiro Setor.
A excessiva ideologização e politização imersa nos estudos sobre organiza-
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Augusto Cesar Marins Machado • Sergio Bulgacov
ções sociais escamoteiam os preceitos dos estudos de estratégia em mesmo
nível dos aspectos políticos e ideológicos, principalmente diante da realida-
de de necessidade de recursos e a imersão dessas organizações na esfera da
economia, da política e da sociedade real e contemporânea.
Outros obstáculos que surgem ao pleno êxito de estudo dessas organi-
zações é a falta de credibilidade de algumas instituições representativas que
podem, de alguma forma, disponibilizar dados que possam ser utilizados e
analisados por pesquisadores interessados neste campo. A dispersão ou es-
cassez dos dados caracterizam-se também como mais uma barreira aos estu-
dos na área.
Além disso, por se tratar de tema eminentemente exploratório, algumas
obstruções de natureza metodológica também poderão ser constatadas, como
a dificuldade de coleta dos dados e a própria interpretação de pesquisado-
res, que conduzem cuidados e prudência em face de certas conclusões dos
estudos que são desenvolvidos. No entanto, além desses obstáculos mencio-
nados e diante do contexto crítico de necessidades de recursos, melhorias de
processos de gestão e estabelecimento de legitimidade (HATTEN, 1982;
FALCONER, 1999), tornou-se relevante este estudo pelo fato primordial de
trazer a ótica organizacional para uma área do Terceiro Setor de forte predo-
minância ideológica.
Assim, podem ser identificadas como principais contribuições práticas
para as organizações do Terceiro Setor: i. melhoria da compreensão das ações
de conteúdo estratégico, através da identificação dos atores que mantêm rela-
ções interorganizacionais significativas com as entidades sociais; ii. reconheci-
mento dos principais aspectos condicionantes para a manutenção das ações
de conteúdo estratégico; iii. otimização de resultados oriundos da dinâmica
dos processos relacionados ao conteúdo estratégico das entidades sociais.
A melhoria da compreensão das ações de conteúdo estratégico, através
da identificação dos atores que mantêm relações interorganizacionais signifi-
cativas com as entidades sociais, pode ser útil para que essas entidades desen-
volvam ações centradas nas competências centrais de cada um dos parceiros.
O reconhecimento dos principais aspectos condicionantes para a ma-
nutenção das ações de conteúdo estratégico pode ser útil para que as organi-
zações do Terceiro Setor possam direcionar suas prioridades em relação ao
desenvolvimento e manutenção das parcerias e mensurá-los, para que os
dirigentes dessas entidades tenham maior controle das variáveis que
permeiam o conteúdo estratégico e os resultados.
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Conteúdo Estratégico em Organizações do Terceiro Setor: possibilidades e implicações de pesquisa no campo social
A otimização de resultados obtidos, oriundos de processos de mudan-
ça de conteúdo estratégico das entidades sociais pode ser vantajoso para
essas entidades, a partir da caracterização desses resultados que podem ser-
vir como instrumento de minimização das falhas e maximização de oportuni-
dades para o desenvolvimento do conteúdo estratégico.
A realização deste ensaio teórico não possui caráter conclusivo, no sen-
tido de esgotar o tema; apenas proporciona alguns questionamentos e refle-
xões que podem gerar estudos futuros. Então, seguem como sugestões os
seguintes trabalhos:
a) Realização de estudo comparativo com organizações do Terceiro
Setor.
b) Estudo longitudinal dos aspectos condicionantes de conteúdo es-
tratégico das organizações do Terceiro Setor.
c) Análise da percepção dos atores envolvidos no estabelecimento
de relações interorganizacionais com organizações do Terceiro Se-
tor sobre o conteúdo estratégico e sobre os resultados dessas enti-
dades.
d) Verificação da influência da formação de redes na prática estraté-
gica das organizações do Terceiro Setor.
e) Análise da percepção do impacto do conteúdo estratégico pelos
participantes envolvidos nas relações interorganizacionais das or-
ganizações do Terceiro Setor.
Strategic Content in Third Sector
Organizations: possibilities and implications of
social research in the field
Abstract
The reflection on themes related to strategy, either in theoretical or empirical, has
strong relationship with its applicability. However, this condition applied to Third
Sector organizations emphasizes his preference for studies that avoid the application
techniques and approaches developed on organizational studies. Thus, this paper
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Augusto Cesar Marins Machado • Sergio Bulgacov
seeks to promote the research possibilities and study of strategic content implications
on third sector organizations such as reflection and contribution to the paradox
presented above, with the following empirical possibilities: i. The possibilities present
on interorganizational relations at strategic content framework and organizational
outcomes; ii. The observation of strategic practices of organizations in this sector
and their social network constitutions; and iii. The consequences of decisions at
the strategic content to legitimize the actors social practices.
Key words: Strategic Content. Third Sector. Organizational Studies.
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