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Revista de Ciências da Administração • v. 12, n. 26, p. 244-269, jan/abril 2010
Giovanni de Araujo Gomes • Carlos Alberto Gonçalves • Daniel Jardim Pardini • Reynaldo Maia Muniz
2 Proposições Teóricas e Práticas Organizacionais
A Responsabilidade Social Corporativa desenvolveu-se, segundo os autores
Bernardo et al. (2005), Xavier e Souza (200?), Ashley (2002) e Ackerman (1985),
a partir do início do Século XX, sendo primeiramente abordados temas de cunho
social e agregando, posteriormente, o fator meio ambiente. Esse processo ocorreu
gradativamente, dadas as pressões advindas de sindicatos, sociedade e governo,
que, aos poucos, obrigaram as organizações a se adequarem, para garantirem
um mínimo de sustentabilidade empresarial.
O relatório da Comissão das Comunidades Europeias (2001) ressalta
que a responsabilidade social das empresas é, essencialmente, um conceito,
segundo o qual elas decidem, numa base voluntária, contribuir para uma
sociedade mais justa e um ambiente mais limpo. Essa responsabilidade
manifesta-se em relação aos trabalhadores e, mais genericamente, em relação
a todas as partes interessadas afetadas pela empresa e que, por seu turno,
podem influenciar os seus resultados.
Alguns autores, como Ashley (2002) e Carrol (1991), comentam que a
filantropia está mais presente, no mundo empresarial, em razão do aumento
da conscientização do consumidor. Maia (2005) acredita que a ênfase em
responsabilidade social, além de oferecer bons resultados operacionais, traz
fôlego financeiro, melhores produtos e serviços, preços competitivos e contribui
para a melhoria da qualidade de vida, desta e das próximas gerações.
Entretanto, Melo Neto e Froes (2001) e Grajew (2002) alegam que filantropia
não é responsabilidade social. Trata-se apenas de uma ação voluntária,
puramente assistencialista, de eficácia limitada, que coloca seus beneficiários
em posição de meros receptores de recursos e doações. Os autores propõem
que sejam realizados projetos de controle, para avaliar os recursos que estão
sendo disponibilizados, por quais motivos e os resultados obtidos.
Quanto às ações ambientais, no início do período industrial, a
concepção dominante era a de que todos os recursos naturais fossem
renováveis e abundantes, os níveis de poluição e seus impactos sobre a
qualidade do ar, da água e do solo permaneciam desconhecidos e a única
preocupação consistia em maximizar os processos produtivos, base das teorias
primárias da administração. Em 1992, Goldenberg relatou que, a partir do
final dos anos 40, esses impactos ambientais começam a ser percebidos no
meio científico e, no início dos anos 60, adquirem dimensão social e política.