Download PDF
ads:
190
Revista de Ciências da Administração • v. 12, n. 27, p. 190-207, maio/ago 2010
Maria João Nicolau Santos • Rogério Rodrigues da Silva
A Importância da Responsabilidade Social
Corporativa para a Potenciação do Capital Social
em Pequenas e Médias Empresas
Maria João Nicolau Santos
1
Rogério Rodrigues da Silva
2
Resumo
As transformações sociais, econômicas e tecnológicas têm transformado o papel
das empresas perante a sociedade e sob esse prisma a questão da Responsabilidade
Social Corporativa assume um papel importante. Todavia para as pequenas e
médias empresas existem limitações que impedem uma integração maior desse
tipo de prática na sua gestão. Para superar isso, tem-se buscado uma integração
maior dessas empresas aos stakeholders, a custo baixo, a fim de maximizarem as
possíveis vantagens, o que está imbricado no conceito de capital social. Assim, o
objetivo deste artigo é apresentar a teoria do capital social e relacioná-la a questões
de Responsabilidade Social Corporativa, buscando compreender as intersecções,
aplicabilidade e ganhos desses conceitos no contexto das pequenas e médias
empresas. Indicam-se ainda algumas variáveis que podem servir como base para
mensuração da Responsabilidade Social Corporativa e do capital social em
pesquisas futuras.
Palavras-chave: Responsabilidade social. Capital social. Pequenas e médias
empresas.
1 Introdução
As transformações sociais, econômicas e tecnológicas, sobretudo das
duas últimas décadas, criaram um cenário que favorece o questionamento
1
Doutora em Sociologia Económica e das Organizações. Professora Auxiliar no Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG) da Universidade
Técnica de Lisboa. Investigadora do Centro de Investigação em Sociologia Económica e das Organizações (SOCIUS). Membro do Conselho
Cientifico do Programa de Doutoramento. Coordenadora do Mestrado em Gestão de Recursos Humanos no Instituto Superior de Economia e
Gestão (ISEG- UTL). Endereço: Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG) da Universidade Técnica de Lisboa, Rua Miguel Lupi, nº 20,
CEP: 1249-078, Lisboa – Portugal. E-mail: [email protected].
2
Psicólogo. Especialista em Gestão de Pessoas. Mestre em Psicologia Social e do Trabalho pela Universidade de Brasília. Doutorando em Sociologia
Económica e das Organizações pelo Instituto Superior de Economia e Gestão da Universidade Técnica de Lisboa. Endereço: Instituto Superior
de Economia e Gestão (ISEG) da Universidade Técnica de Lisboa, Rua Miguel Lupi, nº 20, CEP: 1249-078, Lisboa – Portugal. E-mail:
Artigo recebido em: 14/07/2008. Aceito em: 30/11/2009. Membro do Corpo Editorial Científico responsável pelo processo editorial: Gilberto de
Oliveira Moritz.
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
191
Revista de Ciências da Administração • v. 12, n. 27, p. 190-207, maio/ago 2010
A Importância da Responsabilidade Social Corporativa para a Potenciação do Capital Social em Pequenas e Médias Empresas
da relação entre Estado, empresas e sociedade. Nesse novo cenário, várias
implicações podem ser elencadas como a internacionalização do mercado, o
aumento do tamanho e da influência das empresas, a intervenção estatal
para desfazer o estado de bem-estar social, a luta cada vez maior por expertise,
entre outras (CASTELLS, 1999).
Diante disso, os critérios para avaliação de eficiência e sucesso das or-
ganizações passam a considerar não apenas aspectos de natureza econômi-
ca, mas também de natureza social, cultural e ambiental. Além disso, pressi-
onadas pela própria sociedade, as empresas passam também a assumir uma
responsabilidade maior pelo bem-estar da sociedade e fornecem garantias
que antes estavam atreladas apenas ao Estado, tais garantias são chamadas
hoje de Responsabilidade Social.
Embora seja uma questão observada em um grande número de empre-
sas, poucos estudos têm sido feitos sobre esse tipo de prática em pequenas e
médias empresas – PMEs. No Brasil, o critério mais usual para definição do
porte das empresas, segundo o SEBRAE (2005), está relacionado ao núme-
ro de seus empregados: a) Pequena empresa: na indústria, de 20 a 99 pesso-
as ocupadas e no comércio e serviços, de 10 a 49 pessoas ocupadas; e b)
Média empresa: na indústria, de 100 a 499 pessoas ocupadas e no comércio
e serviços, de 50 a 99 pessoas ocupadas. As PMEs encerram uma
especificidade própria que as distingue das empresas de grande dimensão.
A afirmação da responsabilidade social decorre de uma complexa rede de
forças, de interesses e de convicções, dividida fundamentalmente entre, por
um lado, a afirmação de um “espírito empresarial responsável”, assumido
geralmente pelo empresário e, por outro lado, a existência de um não menos
influente conjunto de pressões externas. A participação no mercado interna-
cional, frequentemente pela via da subcontratação, obriga ao cumprimento
de padrões previamente definidos pelas multinacionais como condição para
operarem. A pressão das instituições reguladoras e dos competidores, bem
como os incentivos financeiros dos governos são igualmente fatores de estí-
mulo e/ou pressão para uma maior atuação a esse nível. Verifica-se também
que as dinâmicas e as práticas assumidas são menos explicitas, pois têm um
caráter informal, não estruturado, assumindo geralmente um aspecto ocasio-
nal, não estando integradas na estratégia da empresa (SANTOS et al., 2006).
Segundo Habisch (2004), esse tipo de empresa tem sido o sustentáculo
da responsabilidade social corporativa nas comunidades onde atuam, em-
bora enfrentem uma série de barreiras para realizarem algum tipo de ação
ads:
192
Revista de Ciências da Administração • v. 12, n. 27, p. 190-207, maio/ago 2010
Maria João Nicolau Santos • Rogério Rodrigues da Silva
dessa natureza. Para Southwell (2004) e Santos et al. (2006), essas barreiras
apontam para a falta de tempo e recursos financeiros e, principalmente, a
falta de conhecimento dos instrumentos de apoio, monitoramento e valida-
ção. A inexistência de ferramentas eficazes de avaliação da performance im-
pede que se ultrapasse o obstáculo associado à dificuldade de testar se po-
dem advir perdas de competitividade perante outras organizações que não
assumem idêntica orientação.
Para superarem essas limitações, faz-se necessária uma reorganização
da empresa para estar cada vez mais atenta à demanda de seus stakeholders
e do mercado como um todo. Castells (1999) salienta a esse propósito que a
superação das dificuldades encontradas pelas PMEs passa pela sua integração
em redes de cooperação. Independente do tipo de associação (redes
interempresariais ou relacionamentos de parceria, por exemplo), o impor-
tante é referir que agir isoladamente implica grandes dificuldades. Assim,
importa ter uma melhor compreensão sobre o papel desses relacionamen-
tos, sobretudo, da confiança e das vantagens estabelecidas, o que pode ser
atribuído ao capital social (ARAÚJO, 2003). Para Werner e Spence (2004),
esse tipo de capital pode ser visto como um caminho de prosperidade eco-
nômica e de desenvolvimento sustentável para as PMEs. Segundo Ayuso et
al. (2006), a capacidade das empresas integrarem, na ótica do desenvolvi-
mento sustentável, os insights dos stakeholders no processo de inovação
organizacional, constitui um fator de relevância extrema, gerador de forte
vantagem competitiva. No entanto, as abordagens correntes não consideram
o potencial das redes de capital social no entendimento das mudanças glo-
bais e, sobretudo, no processo de inovação empresarial.
Diante disso, o que se busca neste artigo é mostrar como a questão da
responsabilidade social pode potencializar o capital social das empresas por
meio de uma articulação mais estreita com os stakeholders externos e das
dinâmicas positivas que isso gera ao nível dos stakeholders internos, sobre-
tudo, entre trabalhadores/colaboradores. Sob esse pressuposto, e com base
nas investigações efetuadas, algumas questões de partida formam o presente
artigo. Será que as empresas se beneficiam por realizarem ações socialmente
responsáveis? Até que ponto níveis maiores de confiança, compartilhamento
de normas, de valores, de crenças podem significar algum tipo de vantagem
para as empresas? Complementarmente, será que as ações socialmente res-
ponsáveis podem de alguma forma afetar os níveis de cooperação e confian-
ça estabelecidos com os stakeholders ou será que é o contrário? São essas
questões que o presente artigo propõe discutir.
193
Revista de Ciências da Administração • v. 12, n. 27, p. 190-207, maio/ago 2010
A Importância da Responsabilidade Social Corporativa para a Potenciação do Capital Social em Pequenas e Médias Empresas
2 Responsabilidade Social em Pequenas e Médias
Empresas
A Responsabilidade Social Corporativa – RSC pode ser definida como
sendo os modos formais e informais em que os negócios dão sua contribui-
ção para melhorar a governança e as condições sociais, éticas, de trabalho e
também ambientais dos países em que operam, enquanto estão sensíveis
para seus contextos religiosos, históricos e culturais (VISSER, 2008). Nessa
mesma direção, Perrini (2006) advoga que as questões econômicas, sociais e
ambientais devem estar igualmente integradas às estratégias de negócios, às
ferramentas de gerenciamento e a todas as atividades das empresas, o que se
torna um grande desafio para as empresas de pequeno ou médio porte.
Trata-se fundamentalmente de um modelo diferenciado de gestão da
atividade de negócio. Pressupõe, dessa forma, um gerenciamento contínuo
que toma em consideração e incorpora ao planejamento estratégico da em-
presa as preocupações com a sustentabilidade da sociedade, a preservação
dos recursos naturais e culturais. Como refere o antigo Secretário Geral das
Nações Unidas, Kofi Annan, não se pede às empresas para fazer algo diferen-
te da sua atividade normal, mas para fazerem a sua atividade normal de for-
ma diferente (SANTOS et al., 2006).
Essa mudança na forma de gerenciar o negócio pressupõe a assunção
de um compromisso no qual a implementação de processos produtivos e
comerciais passa a estar baseada no estabelecimento de relações éticas, trans-
parentes e solidárias da empresa com todos os seus stakeholders. Contudo,
essas relações não se mostram fáceis de serem alcançadas para as PMEs, já
que estão envolvidos expertise, planejamento de longo prazo e ainda um
grande leque de atores cujas demandas podem tornar inviável qualquer ini-
ciativa que transpasse o aspecto legal. Além disso, a falta de acesso ao crédi-
to, a incapacidade de negociar as práticas de RSC com clientes e fornecedo-
res, a falta de motivação de empregados e, principalmente, a ausência, qua-
se que completa, de ferramentas de mensuração e quantificação dos benefí-
cios solapam muitas das iniciativas das PMEs em relação à responsabilidade
social corporativa (TEIXEIRA, 1996; SPENCE; SCHMIDPETER, 2003;
PERRINI, 2006; SANTOS et al., 2006; JENKINS, 2006).
Todavia, estudos apontam algumas peculiaridades que podem se con-
figurar como facilidades para a integração de RSC à gestão dessas empresas,
são elas: a estratégia informal de relacionamento com os stakeholders, pau-
194
Revista de Ciências da Administração • v. 12, n. 27, p. 190-207, maio/ago 2010
Maria João Nicolau Santos • Rogério Rodrigues da Silva
tada principalmente no diálogo mais permanente; uma burocracia pequena;
um grande potencial de assimilação, adaptação e geração de novas
tecnologias (CASTELLS, 1999; BALESTRIN; VARGAS, 2004; GRAAFLAND;
VEN; STOFFELE, 2003; SPENCE; SCHMIDPETER, 2003; PERRINI, 2006;
JENKINS, 2006).
No contexto brasileiro, a motivação maior das ações de RSC das PMEs
volta-se para a filantropia e o assistencialismo, o que não reflete uma preocu-
pação com a minimização ou a transformação dos problemas sociais
(PELIANO, 2002). No Brasil, as ações socialmente responsáveis das PMEs
são orientadas para a melhoria da imagem institucional, para a manutenção
de uma política de boa vizinhança e para o aumento da produtividade
(TEIXEIRA, 1996; PELIANO, 2002). Uma das razões que podem explicar
essa ênfase é que no Brasil a falta de integração interempresarial, a
burocratização e a ausência de redes (sociais ou empresariais) efetivas impe-
dem uma maior cooperação entre as empresas (FUKUYAMA, 1995; MELO
NETO; FROES, 2001). Caso fossem superadas tais razões, as atividades soci-
ais das empresas teriam um alcance muito maior e, principalmente, os níveis
de confiança entre empresas e seus stakeholders seriam aumentados
(PELIANO, 2002).
Já no contexto europeu, as pesquisas apontam que, para além do
envolvimento com a comunidade, predomina um forte envolvimento das
PMEs com os empregados (desenvolvimento de pessoal, responsabilidade
pelo bem-estar e saúde dos funcionários) e as atividades de caráter ambiental
(redução de impacto ambiental, reciclagem e redução de lixo) (GRAAFLAND
et al., 2003; SOUTHWELL, 2004; SANTOS et al., 2006). Estudos em países
europeus apontam ainda que o aumento de RSC entre as PMEs europeias
deve-se, sobretudo, à busca de melhoria da reputação, de maiores níveis de
satisfação dos colaboradores, mas também por conta da oportunidade de
fazer novas parcerias, sobretudo, com empresas de grande porte. Isso se deve
especialmente ao fato de que nos contratos com empresas grandes há exi-
gências pelo cumprimento de determinados padrões sociais e ambientais, o
que impulsiona a RSC entre as PMEs (SOUTHWELL, 2004; FULLER; TIAN,
2006; SANTOS et al., 2006). Além disso, essas práticas estão ainda associa-
das à redução de custos, à melhoria do serviço prestado ao cliente, aos incre-
mentos na qualidade do produto ofertado e à tentativa de aumento na eficá-
cia da gestão ambiental (UNIDO, 2002; SANTOS et al., 2006).
Embora pareçam bastante distintas, as motivações europeias e brasilei-
ras encontram uma intersecção no que tange às motivações. De modo geral,
195
Revista de Ciências da Administração • v. 12, n. 27, p. 190-207, maio/ago 2010
A Importância da Responsabilidade Social Corporativa para a Potenciação do Capital Social em Pequenas e Médias Empresas
as pesquisas indicam que para além dessas questões decorrentes das pres-
sões do mercado, as motivações giram, tanto no contexto brasileiro quanto no
europeu, em torno de questões de ordem moral, ética e até religiosa, tal como
“fazer a coisa certa”, “sentir-se bem” ou “devolver algo para a comunidade”
(TEIXEIRA, 1996; JENKINS, 2006; WORTHINGTON; RAM; JONES, 2006).
No que se refere às vantagens de uma gestão socialmente responsável,
em estudo com empresas inglesas, Jenkins (2006) aponta que não houve
indícios de uma relação significativa entre benefícios sociais e benefícios eco-
nômicos, contudo, a autora ratifica evidências no que se refere à motivação
do empregado e à melhoria da imagem da empresa. Estudos portugueses
reiteram, além disso, que a RSC em PMEs está diretamente associada ao au-
mento da satisfação dos trabalhadores, à fidelização de clientes, mas princi-
palmente à redução de custos (REGO, 2003; SANTOS et al., 2006). Ade-
mais, estudos apontam ainda que a RSC para as PMEs pode servir como
uma estratégia que potencializa o acesso a novos mercados consumidores e
ainda reforça as relações comerciais já estabelecidas com outras empresas,
clientes e fornecedores (UNIDO, 2002; HABISCH, 2004).
Diante do exposto, pode-se inferir que o desenvolvimento de uma ges-
tão socialmente responsável em PMEs é desafiante. Além de representarem
mais de 95% das empresas existentes no Brasil (PELIANO, 2002), algumas
de suas características beiram a dicotomia entre limitação e potencialidade.
As ferramentas para o desenvolvimento dessa gestão não passam, portanto,
simplesmente por uma adaptação do conhecimento gerado em grandes em-
presas, mas pela caracterização da diversidade das pequenas e médias e pelo
desenvolvimento de instrumentos de ação especialmente orientados para essa
realidade. Uma das saídas apontadas volta-se principalmente para a troca
constante com outros atores sociais e econômicos, como é o caso da inserção
dessas empresas em redes de cooperação (SPENCE; SCHMIDPETER, 2003;
VERSCHOORE, 2004). Nessa perspectiva, o conceito de redes em respon-
sabilidade social (ZADEK, 2001) ganha atualmente maior visibilidade, sur-
gindo como um instrumento de atuação para alavancar a responsabilidade
corporativa a níveis meso e macro, ultrapassando a visão restritiva de impac-
tos limitados e permitindo, por essa via, atingir até mesmo benefícios compe-
titivos de caráter nacional.
A criação dessas redes de parceria social ganha, no atual contexto de
crise econômica, uma importância maior. A complexidade das situações e a
escassez de recursos financeiros não possibilitam que isoladamente uma or-
196
Revista de Ciências da Administração • v. 12, n. 27, p. 190-207, maio/ago 2010
Maria João Nicolau Santos • Rogério Rodrigues da Silva
ganização, sobretudo uma pequena empresa, possa intervir de forma ade-
quada na resolução de problemas sociais, econômicos, ou mesmo, ambientais.
Acresce que constitui também um importante fator de inovação, pois o diálo-
go e a integração do conhecimento dos stakeholders, em uma ótica de de-
senvolvimento sustentável, permitem gerar mudanças na forma de operar,
bem como nos produtos e serviços providenciados. Destarte, as parcerias
interempresariais surgem como instrumento de ação fundamental que per-
mitem agregar sinergias e potencializar ações que ultrapassam o âmbito de
cada organização tomada individualmente. Essa saída parte da premissa de
que RSC não se opera em um vácuo desconectado do mundo, antes, inteira-
mente ligada e conectada à demanda de seus stakeholders.
3 Capital Social e Redes de Cooperação
No que tange às pequenas e médias empresas, as trocas estabelecidas
com outros atores sociais e econômicos têm se tornado cada vez mais neces-
sárias para sua sobrevivência no mercado e estão imbricadas no desenvolvi-
mento do que se chama capital social. Esse conceito refere-se ao acesso a
recursos disponíveis como uma consequência da participação em redes de
suporte e obrigações mútuas que tornam possível as ações coletivas entre
seus participantes (ARAÚJO, 2003).
Para Pierre Bourdieu (1986), capital social é o conjunto de relações e
redes de ajuda mútua que podem ser mobilizadas efetivamente para benefi-
ciar o indivíduo ou sua classe social. Assim, a ideia de capital social remete
aos recursos resultantes da participação em redes de relações de conheci-
mento e reconhecimento institucionalizadas ou não, a fim de satisfazer às
necessidades dos grupos.
Esse conceito de capital social tem sido objeto de estudo de sociólo-
gos, economistas, administradores e até de psicólogos. James Coleman
(1988), por exemplo, referiu-se ao papel do capital social no desenvolvi-
mento do capital humano. Robert Putnam (2000), com seus estudos sobre a
terceira Itália, aponta para a importância do engajamento social no desen-
volvimento regional ou nacional. Mark Granovetter (1973) afirma que as re-
lações flexíveis podem ajudar muito os indivíduos e estão ligadas ao tempo, à
intensidade emocional e à intimidade das trocas entre os atores. Já Ronald
Burt (2000) advoga que as pessoas podem se beneficiar como intermediárias
em termos de informação e controle das vantagens obtidas nas redes pessoais.
197
Revista de Ciências da Administração • v. 12, n. 27, p. 190-207, maio/ago 2010
A Importância da Responsabilidade Social Corporativa para a Potenciação do Capital Social em Pequenas e Médias Empresas
A aplicação desse conceito de capital social à realidade das PMEs ba-
seia-se em dois pontos. A primeira se refere ao fato de que essas empresas já
estão fortemente imbricadas em redes locais, em comunidades e em outras
relações pessoais, permitindo o desenvolvimento de relacionamentos muito
próximos (fornecedores, clientes e empregados). Outro ponto é que as rela-
ções individuais e organizacionais desenvolvidas pelas PMEs podem ser mu-
tuamente reforçadoras (SPENCE; SCHMIDPETER, 2003; WORTHINGTON;
RAM; JONES, 2006), ou seja, quanto mais uma empresa se envolve com ou-
tros atores, mais esses atores se envolvem com essa empresa.
O caráter eminentemente social desse conceito traz alguns complicadores
para sua mensuração e experimentação, visto que está baseado em relações
humanas e, por isso, não é facilmente transferível. Diante desse impasse, é
necessário compreender os principais constituintes desse conceito, sobretu-
do para identificar os diferentes tipos de envolvimento, diálogo com
stakeholders ou integração do conhecimento dos stakeholders e ainda
mensurar esse envolvimento de pessoas ou de empresas em relações sociais
ou redes sociais.
Para Adler e Kwon (2000), capital social é constituído necessariamente
por: a) redes sociais; b) normas compartilhadas e; c) crenças compartilhadas
entre pessoas, grupos ou organizações. Para esses autores, as redes (de pes-
soas, grupos ou organizações) maximizam a possibilidade de acesso ao su-
porte entre os atores e ainda aos recursos mobilizados pela rede. As normas
compartilhadas trazem significado ao contexto do relacionamento, o que fa-
cilita a ação coletiva ou individual, e as crenças permitem aos participantes
comunicarem suas ideias e fazer com que as experiências comuns tenham
sentido, acarretando visões e expectativas comuns.
Merece destaque também, sob essa orientação, o papel que a confian-
ça tem nas redes estabelecidas. Confiança pode ser definida como uma ex-
pectativa de que o parceiro de negócio se comportará de maneira aceitável
(SAKO, 1998). É essa confiança que permite o cumprimento das obrigações
e das normas estabelecidas nos relacionamentos interorganizacionais
(COLEMAN, 1988; WERNER; SPENCE, 2004). Adler e Kwon (2000) advo-
gam que quanto mais as pessoas participam de comunidades, de grupos ou
de redes, mais elas aprendem a confiar e quanto maior é essa confiança,
mais abertas estão para participarem.
Aplicados às redes de cooperação firmadas entre as PMEs, os estudos
apontam para três benefícios no desenvolvimento do capital social (BURT,
2000; ADLER; KWON, 2000; FUKUYAMA, 2001; VERSCHOORE, 2004):
198
Revista de Ciências da Administração • v. 12, n. 27, p. 190-207, maio/ago 2010
Maria João Nicolau Santos • Rogério Rodrigues da Silva
a) Facilidade de acesso a maiores fontes de informações com custo
menor. No caso das pequenas e médias empresas, essas fontes
podem significar oportunidades maiores de negócios, redução de
custos com fornecedores, aquisição de novas habilidades e conhe-
cimentos, formação de parcerias com outras empresas, entre outros.
b) Poder e influência. Os detentores de informações privilegiados têm
poder de controle. Adler e Kwon (2000) apontam que ter poder e
influência possibilita que as pessoas liderem outras por meio de
objetivos comuns, o que facilita a ação coletiva. Além disso,
Verschoore (2004) aponta que empresas em redes, por exemplo, têm
maior confiança no mercado e, por isso, poder de acesso ao crédito.
c) Unidade. Diante do contato constante entre os atores, das normas
e crenças compartilhadas, há uma maior facilidade de resolução
de problemas, de queixas, de engajamento cívico. Além disso, se-
gundo Adler e Kwon (2000), normas e crenças fortes, associadas a
alto grau de unidade, encorajam submissão às regras e costumes e
ainda reduzem a necessidade de controles formais. Aliás, o exces-
so desses controles formais diminui consideravelmente a possibili-
dade de sucesso no estabelecimento de boas relações de confian-
ça ou pessoais (RING; VAN DE VEN, 1994; SAKO, 1998).
Para se ter uma ideia do que isso significa na prática, Verschoore (2004)
relata que a Secretaria de Desenvolvimento e Assuntos Internacionais –
SEDAI, do Rio Grande do Sul, desenvolve um projeto para redes de coope-
ração desde o ano 2000. Esse projeto tem conseguido resultados expressi-
vos para o desenvolvimento e o fortalecimento de pequenas e médias em-
presas naquele estado, contando hoje com mais de 160 redes de coopera-
ção, e com mais de 4.000 empresas associadas. Segundo o autor, o sucesso
dessas redes se deve principalmente às vantagens econômicas relacionadas
à diminuição de custo que gira em torno dos 36%, depois da associação à
rede. Outra vantagem apontada pelo autor é o aumento do faturamento que,
no exemplo da Associação dos Fabricantes de Estofados e Móveis Comple-
mentares, uma das redes associadas, pulou de R$ 37 milhões para R$ 76
milhões depois de cinco anos de associação em rede.
Esses resultados obtidos no Rio Grande do Sul não passam apenas pelo
estabelecimento de redes em si, mas principalmente pelo tipo de relaciona-
199
Revista de Ciências da Administração • v. 12, n. 27, p. 190-207, maio/ago 2010
A Importância da Responsabilidade Social Corporativa para a Potenciação do Capital Social em Pequenas e Médias Empresas
mento aí desenvolvido. Contratos de associação com regras, obrigações e
direitos bastante claros facilitam essa integração cada vez maior para os par-
ticipantes das redes. Contudo, há de se dizer que, tal como ressaltam Ring e
Van de Ven (1994), é necessário um balanceamento entre a formalização
contratual e os contatos pessoais, já que se a relação na rede for muito formal
haverá engessamento da rede. Bem como se a rede se pautar exclusivamen-
te em relações informais entre os participantes, haverá o declínio rápido des-
sa rede.
Montana e Nenide (2008), por exemplo, mostraram, em estudo na re-
gião de San Joaquin Valley – Califórnia, Estados Unidos, que as redes inte-
graram mais empregos à região que a média regional e nacional. Além disso,
as empresas que compõem os dez clusters da região cresceram em média
mais de 10% no período de cinco anos, enquanto a média regional foi de
8%. Além disso, o cluster ligado ao setor de energia daquela região cresceu
mais do que o dobro dos setores industriais entre 1997 e 2002 e ofertava um
salário 80% maior do que as empresas daquele mesmo setor.
Dessa forma, há fortes indícios de que esse tipo de associação em redes
é singular para o desenvolvimento socioeconômico das PMEs, ajudando a
minimizar as limitações técnicas e, em especial, financeiras colocadas como
empecilhos para uma maior integração de RSC à gestão das empresas
(NAHAPIET; GHOSHAL, 1998; SYDOW, 1998; BURT, 2000; MARTELETO;
SILVA, 2004).
Diante da polissemia e dificuldade de avaliação, outros aspectos de-
vem ser investigados a fim de mensurar o capital social das empresas. Sydow
(1998) descreve alguns pontos importantes que podem servir como
balizadores dessa variável nas relações interoganizacionais. São eles: a)
frequência e abertura à comunicação interorganizacional; b) multiplicidade
das trocas nas relações da rede, como por exemplo, troca de produtos, de
informações, de emoções; c) expectativa de continuidade da relação; e d)
balanceamento entre autonomia e dependência. Isso significa que em uma
relação há uma maior propensão de confiança em redes menores e em redes
de empresas com maiores similaridades. Por exemplo, pertença aos mesmos
subsistemas sociais.
Ante o exposto, a teoria do capital social parece mais próxima à reali-
dade das PMEs, sobretudo pela facilidade de acesso às vantagens e aos mei-
os para a obtenção delas, o que exige baixo investimento financeiro, por
exemplo.
200
Revista de Ciências da Administração • v. 12, n. 27, p. 190-207, maio/ago 2010
Maria João Nicolau Santos • Rogério Rodrigues da Silva
4 A Responsabilidade Social como Potencializadora do
Capital Social
O momento de transformação por que o mundo passa exige que as
organizações se engajem cada vez mais no desenvolvimento da sociedade
na qual fazem negócios. Tal exigência parte do princípio de que as organiza-
ções influenciam e são influenciadas pela sociedade em que operam e pelos
problemas sociais que as rodeiam (SPENCE; SCHMIDPETER, 2003). Dessa
forma, a discussão sobre o papel da empresa como facilitadora de desenvol-
vimento de uma sociedade ganha cada vez maior importância, sobretudo
quando inserida em redes de cooperação com seus diversos stakeholders
(CASTELLS, 1999).
No que tange à relação entre capital social e RSC em PMEs, Perrini
(2006) aponta que essa ligação pode ser relevante visto a forte influência
nas comunidades e a grande flexibilidade e adaptabilidade dessas empresas.
Nesse contexto, a primeira pergunta a que se presta é: o capital social é o
responsável pelo desenvolvimento de RSC ou essa relação é a inversa? Estu-
dos apontam que não há um consenso entre os pesquisadores sobre essa
relação, embora haja uma tendência maior pela segunda premissa (RSC cri-
ando capital social) (SANTOS et al., 2006). Nesse caso, verificando essa pre-
missa, uma segunda pergunta ocorre: de que forma maiores práticas de RSC
contribuem para o aumento do capital social da empresa e, em última instân-
cia, para o reforço da sua capacidade competitiva?
Por meio das ações de RSC, as empresas podem acumular capital soci-
al quando, por exemplo, promovem o sucesso na carreira de seus emprega-
dos, compartilham informações entre as empresas (PERRINI, 2006). Para
Perrini (2006), as PMEs europeias que estão mais envolvidas com RSC estão
em redes de bons relacionamentos e, por isso, estão mais habilitadas a retira-
rem proveitos (não necessariamente econômicos) dessas relações. O autor
aponta ainda que, com as ações de RSC, há uma melhora na imagem e na
reputação da empresa e a partir disso ocorre um aumento nos níveis de con-
fiança e de crenças compartilhadas entre esses dois atores (empresa e comu-
nidade e/ou clientes).
Moon (2001) advoga nessa mesma direção e afirma que programas de
RSC, como por exemplo, os de voluntariado empresarial são importantes
geradores de cooperação social, reciprocidade, de aumento de confiança
social, de troca de recursos e, portanto, de reforço do capital social.
201
Revista de Ciências da Administração • v. 12, n. 27, p. 190-207, maio/ago 2010
A Importância da Responsabilidade Social Corporativa para a Potenciação do Capital Social em Pequenas e Médias Empresas
No âmbito de uma responsabilidade corporativa mais alargada e de
intensificação das relações com os stakeholders, as redes sociais criadas fun-
cionam frequentemente como um recurso importante para consolidar as re-
lações de confiança no contexto da atividade do negócio e, não menos fre-
quente, como uma oportunidade para criar parcerias, aceder a competências
complementares ou como fonte de informação relevante para a melhoria do
processo de negócio. Spence e Schmidpeter (2003) advogam que o
engajamento com a comunidade local, por meio, por exemplo, da doação de
dinheiro, de serviço comunitário, ou outras atividades voluntárias constitui-
se como uma forma de manter e desenvolver o capital social das empresas.
As vantagens desses programas, como refere Moon (2001), não são
apenas visíveis internamente. A sinergia por elas desencadeadas extravasa o
espaço da empresa e das pessoas neles envolvidas, refletindo-se na comuni-
dade de intervenção e nos seus destinatários finais. Nesse domínio é visível
o aumento da importância das redes de cooperação, em especial para ci-
mentar as normas sociais e condutas de atuação partilhadas, bem como dar
uma sustentabilidade técnica e financeira para esse escope de atividades.
Em contrapartida, outros autores como Fuller e Tian (2006) advogam
pela premissa inversa, qual seja: as relações utilizadas para que o capital
social desenvolva a responsabilidade social corporativa. Segundo esses au-
tores, ações como ajudar clientes, trabalhar com outros empresários para aju-
dar a encontrar suas necessidades (nas redes), motivar um equilíbrio entre
vida e trabalho dos empregados criam valor para os clientes e atende suas
expectativas, ou seja, uma aproximação com os stakeholders facilita a satis-
fação de suas expectativas, premissa básica de RSC. Putnam (2000) ressalta
ainda que as pessoas que geralmente mais confiam em seus parceiros, e,
portanto, teriam maior capital social, contribuem mais para unidade e parti-
cipam mais de ações comunitárias e coletivas. Para Balestro (2002), níveis
maiores de interdependência, confiança e colaboração estabelecidos podem
ser oportunidades de expansão de contatos horizontais e de negócios para
as empresas, o que facilitaria a transmissão e a incorporação de valores soci-
almente responsáveis.
Diante do exposto, as pesquisas indicam que RSC e o capital social são
conceitos que mantêm uma relação e, de certa forma, os complementam.
Importa com isso compreender quais são os ganhos da aproximação das PMEs
para seus stakeholders, em especial, para a comunidade, os fornecedores e
os empregados que são fundamentais para a sobrevivência e a manutenção
202
Revista de Ciências da Administração • v. 12, n. 27, p. 190-207, maio/ago 2010
Maria João Nicolau Santos • Rogério Rodrigues da Silva
no mercado de qualquer empresa. Além disso, o fato de ter baixos custos, já
que em um primeiro momento não se exige uma formalização técnica
(mensuração, instrumentos específicos, consultoria, etc.), nem mesmo gran-
des investimentos financeiros, favorece e muito o desenvolvimento de rela-
cionamentos de PMEs em redes sociais e a partir disso uma participação maior
em ações socialmente responsáveis.
5 Considerações Finais
As empresas não agem num vácuo, nem mesmo podem agir sozinhas
no mercado. Necessitam de clientes, parceiros, fornecedores, empregados e
outros atores que permitam seu progresso financeiro. Assim, a proposta des-
te texto foi mostrar como a gestão socialmente responsável e a teoria do capi-
tal social possibilitam essa aproximação e ainda os benefícios da aplicação
desses conceitos para as pequenas e médias empresas.
Esses conceitos não representam uma solução mágica e pronta para o
desenvolvimento das PMEs e nem a integração de práticas de RSC à gestão
dessas empresas seja elementar e de rápida implementação. Muito há de se
caminhar e encorajar esse empresariado de que existem evidências de suces-
so e ainda certas garantias de que a integração em redes de empresas e a
integração de RSC à gestão empresarial é possível. Verschoore (2004) afir-
ma que há várias barreiras a superar como a mentalidade individualista dos
empresários, a heterogeneidade de expectativas dos participantes das redes
e, em especial, o baixo acúmulo de capital social, sobretudo o que se refere
ao compartilhamento de normas e valores entre os empresários. Para o au-
tor, esses obstáculos distanciam os agentes participantes, dificultam o empre-
endimento de ações conjuntas e entravam a disseminação de ideias de coo-
peração em toda a sociedade.
Desse modo, pesquisas futuras devem buscar a compreensão de como
o capital social pode ser desenvolvido nas PMEs, mais especificamente, como
os níveis de confiança entre empresa/empresa, empresa/empregado e em-
presa/sociedade podem ser potencializados, reativados (parte-se da premis-
sa de que toda sociedade já tem seu capital social) e a partir disso incorpora-
dos à gestão socialmente responsável dessas empresas. Para tal, a investiga-
ção das variáveis indicadas por Sydow (1998) podem significar bons indica-
dores: posições e papéis dos atores no relacionamento com a empresa,
203
Revista de Ciências da Administração • v. 12, n. 27, p. 190-207, maio/ago 2010
A Importância da Responsabilidade Social Corporativa para a Potenciação do Capital Social em Pequenas e Médias Empresas
frequência e abertura à comunicação entre os parceiros da empresa e densi-
dade das ligações da empresa a outras empresas, clientes, comunidades e
fornecedores. Ademais, aspectos intraorganizacionais, como a existência de
estruturas flexíveis, pouco hierárquicas, e com abertura perante a mudança
podem ser elementos facilitadores para a integração do conhecimento dos
stakeholders nas PMEs.
Isso feito, as pesquisas que envolvam redes, PMEs e RSC podem con-
tribuir para dois aspectos. O primeiro se refere ao fato de que diante da es-
cassez, apontada na literatura, poderão ser desenvolvidos instrumentos es-
pecíficos de e para avaliação das redes de pequenas e médias empresas e
seu potencial para a integração de RSC à sua gestão. Esses instrumentos po-
derão ser bem mais simples e adaptáveis do que os que são propostos como
decorrência da teoria dos stakeholders, o que poderá contribuir ainda para
um avanço no caráter essencialmente filantrópico e assistencialista hoje ob-
servado entre as PMEs. Outra contribuição aponta para o desenvolvimento
de conhecimento que subsidie parcerias mais eficientes e efetivas entre as
empresas (COLEMAN, 1988; CASTELLS, 1999; PERRINI, 2006). Acresce
que estudos (ZADEK, 2001; AYUSO et al., 2006) têm demonstrado que o
estabelecimento de um diálogo interativo e a integração do conhecimento
dos stakeholders em uma ótica da responsabilidade social que incorpore os
desafios ambientais e sociais às necessidades da comunidade, potencia o
processo de inovação através da integração de novas ideias na gestão do
negócio, reforçando a capacidade competitiva das empresas. Além disso, a
compreensão dos efeitos das redes de cooperação pode favorecer o desen-
volvimento regional, a formulação de políticas públicas para o desenvolvi-
mento de micro, pequenas e médias empresas e ainda para o fortalecimento
da gestão de RSC em PMEs e, sobretudo, contribuir para o desenvolvimento
de agrupamentos de responsabilidade corporativa, com benefícios competi-
tivos ao nível macro, ultrapassando de uma visão restritiva da responsabili-
dade social centrada no “business case”. Há ainda muito que se caminhar
para tornar a ideia de RSC na PMEs uma realidade, sobretudo quando em
redes de cooperação, estruturalmente organizadas em agrupamentos de res-
ponsabilidade corporativa.
204
Revista de Ciências da Administração • v. 12, n. 27, p. 190-207, maio/ago 2010
Maria João Nicolau Santos • Rogério Rodrigues da Silva
The Importance of Corporate Social
Responsibility for Advertising of Social Capital in
Small and Medium Enterprises
Abstract
Social, economic and technological changes within the modern world have
transformed the role of companies before society and, through this prism, the issue
of Corporative Social Responsibility stands out. However, for small and medium-
sized companies, there are several limitations which prevent their management to
benefit from a bigger integration in such matter. As a means of overcoming
obstacles, a broader application of social capital concept is been attemptively set
through stronger trust bonds, belief and norm sharing, and social network
interaction. Therefore, the present study aims to present the theory of social capital
and link it to Corporative Social Responsibility and comprehend their interactions,
applicability and gains applied to small and medium enterprises. It is also pointed
out some variables which may serve to measure Corporative Social Responsibility
and Social Capital in future researches.
Key words: Social responsibility. Social capital. Small and medium enterprises.
Referências
ADLER, Paul; KWON, Seok-Woo. Social capital: the good, the bad, and the
ugly. In: Lesser, Eric L. Knowledge and social capital: foundations and
applications. Woburn: Butterworth-Heinemann, 2000, p. 89-115.
ARAÚJO, Maria. Capital social. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2003.
AYUSO, Silvia; RODRÍGUEZ, Miguel; RICART, Joan. Responsible
competitiveness at the “micro” level of the firm. Using stakeholder dialogue as a
source for new ideas: a dynamic capability underlying sustainable innovation,
Corporate Governance, v. 6, n. 4, p. 475-490, 2006.
BALESTRIN, Alsones; VARGAS, Lilia. A dimensão estratégica das redes hori-
zontais de PMEs: teorizações e evidências. RAC, edição especial, p. 203-
227, 2004.
205
Revista de Ciências da Administração • v. 12, n. 27, p. 190-207, maio/ago 2010
A Importância da Responsabilidade Social Corporativa para a Potenciação do Capital Social em Pequenas e Médias Empresas
BALESTRO, Moisés. Confiança em rede: a experiência da Rede de Estofado-
res do Pólo Moveleiro. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal do Rio
Grande do Sul, Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2002.
BOURDIEU, Pierre. The forms of capital. In: Richardson, J. G. Handbook of
theory and research for the sociology of education. New York:
Greenwood, 1986, p. 241-258.
BURT, Ronald. The network structure of social capital. In: Sutton, R. I.; Staw, B.
M. Research in Organizational Behavior. Greenwich: JAI Press, 2000, p.
345-423.
CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 1999.
COLEMAN, James. Social Capital in the creation of human capital. American
Journal of Sociology, v. 95, p. 95-120, 1988.
FUKUYAMA, Francis. Trust: the social virtues and the creation of prosperity.
New York: Free Press. 1995.
FULLER, Ted.; TIAN, Yumiao. Social and symbolic Capital and responsible
entrepreneurship: an empirical investigation of SME narratives. Journal of
Business Ethics, v. 67, p. 287-304, 2006.
GRAAFLAND, Johan; VAN DE VEN, Bert; STOFFELE, Nelleke. Strategies and
instruments for organising CSR by small and large business in the Netherlands.
Journal of Business Ethics, v. 47, n. 1, p. 45-60, 2003.
GRANOVETTER, Mark. The strength of weak ties. American Journal of
Sociology, v. 78, n. 6, p. 1360-1380, 1973.
HABISCH, André. Social responsibility, social capital and SMEs. In: Spence,
Laura.; Habisch, André.; Schmidpeter, R. Responsibility and social capi-
tal: the world of small and medium sized enterprises. Hampshire: Palgrave
Macmillan, 2004, p. 25-34.
JENKINS, Helled. Small business champions for corporate social responsability.
Journal of Business Ethics, v. 67, p. 241-256, 2006.
MARTELETO, Regina; SILVA, Antônio. Redes e capital social: o enfoque da
informação para o desenvolvimento local. Ciência e informação Brasília,
v. 33, n. 3, p. 41-49, 2004.
206
Revista de Ciências da Administração • v. 12, n. 27, p. 190-207, maio/ago 2010
Maria João Nicolau Santos • Rogério Rodrigues da Silva
MELO NETO, Francisco; FROES, César. Gestão da responsabilidade
Social Corporativa: o caso brasileiro. Da filantropia tradicional à filantropia
de alto rendimento ao empreendedorismo social. Rio de Janeiro: Qualitymark,
2001.
MONTANA, Jennifer; NENIDE, Boris. The evolution of Regional Industry
clusters and their implications for sustainable economic development. Two cases
illustrations. Economic Development Quaterly, v. 22, n.4, p. 290-302,
2008.
MOON, Jeremy. Business Social Responsibility: a source of social capital?
Reason in Practice, v. 1, n. 3, p. 35-45, 2001.
NAHAPIET, Janine; GHOSHAL, Sumantra. Social capital, intellectual capital
and the organizational advantage. The academy of management review,
v. 23, n. 2, p. 242-266, 1998.
PELIANO, Ana M. A iniciativa privada e o espírito público. um retrato da
ação social das empresas no Brasil. Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicada,
Brasília, 2002.
PERRINI, Francesco. SMEs and CSR theory: evidence and implications from an
italian perspective. Journal of Business Ethics, v. 67, p. 305-316, 2006.
PUTNAM, Robert. Bowling alone: the collapse and revival of american
community. Simon and Shuster: New York, 2000.
REGO, Arménio. Gestão Ética e Responsabilidade social das empresas.
Principia: Cascais. Portugal, 2003.
RING, Peter S.; VAN DE VEN, Andrew. Developmental processes of cooperative
interorganizational relationatioships. Academy of management review, v.
19, n. 1, 90-118, 1994.
SAKO, Mari. Does trust improve business performance? In: Lane, Christel e
Bachmann, Reinhard. Trust within and between organizations.
Conceptual issues and empirical applications. p. 88-117. Oxford: Oxford
Universtity Press. 1998.
SANTOS, Maria João; SANTOS, Ana M.; PEREIRA, Elisabete N.; ALMEIDA,
José L. Responsabilidade Social nas PME. Lisboa: RH, 2006.
207
Revista de Ciências da Administração • v. 12, n. 27, p. 190-207, maio/ago 2010
A Importância da Responsabilidade Social Corporativa para a Potenciação do Capital Social em Pequenas e Médias Empresas
SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS –
SEBRAE. Boletim estatístico de micro e pequenas empresas, 2005.
SOUTHWELL, Clare. Engaging SMEs in community and social issues. In:
SPENCE L. J.; Habisch, A.; Schmidpeter, R. Responsibility and social
capital: the world of small and medium sized enterprises. Hampshire: Palgrave
Macmillan, 2004, p. 96-111.
SYDOW, Jorg. Understanding the constitution of interorganizational trust. In:
LANE, C.; BACHMAN, R. Trust within and between organizations. New
York: Oxford University Press, 1998, p. 31-63.
SPENCE, Laura. J.; SCHMIDPETER, René. SMEs, social capital and commom
good. Journal of Business Ethics, v. 45, p. 93-108, 2003.
TEIXEIRA, Rivanda M. Small business and social responsibility in
Brazil. Cranfield. 341 f. Tese de doutorado da Cranfield University. Cranfield:
Cranfield University, 1996.
UNITED NATIONS INDUSTRIAL DEVELOPMENT ORGANIZATION (UNI-
DO). Corporate Social Responsibility: Implications for Small and Medium
Enterprises in Developing Countries. Vienna: UNIDO, 2002.
VERSCHOORE, Jorge R. Redes de cooperação: uma nova organização de
pequenas e médias empresas no Rio Grande do Sul. Porto Alegre: FEE, 2004.
VISSER, Wayne. Corporate Social Responsibility in developing countries. In:
GRANE, A.; MCWILLIAMS, D.; MATTEN, J.; MOON, D.; SIEGEL. The
oxford handbook of corporate social responsibility. Oxford: Oxford
University Press, 2008, p. 473-499.
WERNER, Andrea.; SPENCE, Laura. J. Literature review: social capital and
SMEs. In: SPENCE, L. J.; HABISCH, A.; SCHMIDPETER, R. Responsibility
and social capital: the world of small and medium sized enterprises.
Hampshire: Palgrave Macmillan, 2004, p. 7-24.
WORTHINGTON, Ian; RAM, Monder; JONES, Trevor. Exploring corporate
social responsibility in the UK asian small business. Journal of Business
Ethics, v. 67, p. 201-217, 2006.
ZADEK, Simon. The civil corporation. The economy of corporate
citizenship. London: Erthscan Publications, 2001.
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo