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partir de nova leitura dos modelos de urbanização existentes, deve incluir o controle social e a
valorização do capital humano local nos seus procedimentos de gestão, permitindo desta forma
recriar as cidades como centros de criatividade econômica, social e, sobretudo, de reinterpretação
de suas características culturais.
O Brasil, após um período de falta de vontade política do governo sobre o assunto, retomou o
processo de articulação com a sociedade e apresentou sua Agenda 21 em julho de 2002, incluindo
entre seus temas as Cidades Sustentáveis. A discussão sobre qualidade devida nas cidades vem
de longo tempo mas só tomou vulto nos últimos dez anos, graças aos impulsos dados pela Rio-92
e pela Conferência Habitat II, assim como pela necessidade de dar transversalidade às questões
ambientais, inclusive no contexto das políticas urbanas que representam o grande desafio.
Os pressupostos atuais de "reconstruir" as cidades com estratégias ecológicas e visão do entorno,
tem sido colocada tanto pelos ambientalistas -- com as idéias de capacidade de suporte, pegada
ecológica, equilíbrio energético, conforto ambiental, entre outras -- quanto pelos urbanistas que
entre as conferências Habitat I e II mudaram seu enfoque sobre as cidades e sua contribuição para
o fortalecimento das organizações sociais.
Segundo a Agenda 21 Brasileira, a principal tarefa que se coloca aos gestores do território e
especificamente do espaço urbano, é a de reorganizar o sistema de gestão, horizontalizando as
instâncias de decisão. Resumidamente sugere-se, entre outras coisas, o incentivo ao surgimento e
reforço de cidades médias, ou de assentamentos menores devidamente articulados em rede no
contexto da dinâmica funcional de pólos maiores, representados pela grande cidade. A preferência
a projetos integrados, de menor custo e impacto sócio ambiental. A dimensão ambiental deve ser
incorporada às políticas setoriais urbanas (habitação, abastecimento, saneamento, ordenação do
espaço urbano, entre outras.), utilizando critérios e indicadores sócio ambientais de melhoria da
qualidade de vida, necessariamente atrelados a processos de validação social local.
Neste contexto, a Agenda 21 Brasileira propõe entre outras coisas a retomada do planejamento
estratégico participativo e multisetorial, a partir de uma construção coletiva. Desta forma, a gestão
urbana se operacionaliza por intermédio dos planos diretores e similares com uma visão
integradora entre o meio rural e urbano, permitindo validar o município como espaço dinâmico e
interdependente, tendo como referência analítica outros arranjos espaciais e sócio funcionais como
comitês de bacia, consórcios municipais, etc. nos seus pressupostos de sustentabilidade. Outros
fatores relevantes a esta construção são as necessárias inclusões dos custos ambientais e sociais
dos projetos de infra-estrutura, a promoção de mudança de comportamento do individual para o
coletivo e a internalização de novos hábitos de consumo mais saudáveis, o uso do espaço urbano
evitando o desperdício, entre outras formas de consumo urbano.