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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: ESPAÇOS, MOVIMENTOS
E RELAÇÕES NO APRENDER A APRENDER
UNIDADE 1 | EaD: UM PROCESSO SISTÊMICO
Física
Educação
Curso a distância
Física
Educação
Curso a distância
Educação a
Distância:
espaços,
movimentos
e relações no
aprender a
aprender
Educação a
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: ESPAÇOS, MOVIMENTOS
E RELAÇÕES NO APRENDER A APRENDER
Física
Educação
Curso a distância
Educação a
Distância:
espaços,
movimentos
e relações no
aprender a
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República Federativa do Brasil
Presidente
Luiz Inácio Lula da Silva
Ministério da Educação
Ministro da Educação
Fernando Haddad
Secretário de Educação a Distância
Carlos Eduardo Bielschowsky
Fundação Universidade de Brasília
Reitor
Timothy Martin Mulholland
Decano de Ensino de Graduação
Murilo Silva de Camargo
Diretor de Tecnologias de Apoio à Aprendizagem
Leonardo Lazarte
Secretario de Administração Acadêmica
Arnaldo Carlos Alves
Coordenadora Pedagógica
Wilsa Ramos
Faculdade de Educação Física
Diretor
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Coordenadores de Cursos em Educação a Distância
Alcir Braga Sanches
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Universidade Federal do Amapá
Reitor
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Coordenador de Curso EaD
Demilto Yamaguchi da Pureza
Gestora de Projeto
Wanja Corrêa da Silva
Universidade Federal de Rondônia
Reitor
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Pró-Reitora de Graduação
Nair Ferreira Gurgel do Amaral
Coordenadora de Educação a Distância
Ângela Aparecida de Souto Silva
Coordenador do Curso
Daniel de Oliveira de Souza
PROFESSORA-AUTORA
Maria de Fatima Guerra de Sousa
COORDENAÇÃO DE PRODUÇÃO
DO MATERIAL PEDAGÓGICO
Saber EaD Cursos
Equipe de Produção / Saber EaD
Design Instrucional
Cassandra Amidani
Revisão
Sylvia Caldas
Ilustrações
Éder Lacerda
Diagramação
Rodrigo Augusto
Cotejamento e Controle de Qualidade
Elizabeth Dias de Vasconcellos
Projeto Gráfico do Material Impresso
Eron de Castro
Webdesign Educacional e Projeto do ambiente Moodle
Marcelo Vasconcellos
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: ESPAÇOS, MOVIMENTOS
E RELAÇÕES NO APRENDER A APRENDER
ÍCONES ORGANIZADORES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
MUITO PRAZER! . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
APRESENTAÇÃO DO CURSO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
1 Espaços iniciais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
1.1 Corpo e movimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
1.2 Corpo e cultura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
1.3 Ampliando os horizontes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
2 Os movimentos e as relações no aprender a aprender . . . . . . . . . . . . . . 25
2.1 Movimentos da aprendizagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
2.2 Lições sobre a aprendizagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
2.3 A aprendizagem significativa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
2.4 Estratégias e recursos de aprendizagem em EaD . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
Palavras finais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
Saiba + . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
Referências Bibliográficas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
Bibliografia Recomendada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
Sumário
6
Ícones Organizadores
No conteúdo, existem conceitos, idéias, lembretes que são
importantes. Por isso, sempre que você vir tais destaques,
!
Momento em que você fará uma pausa para pensar nas questões
apresentadas e aprofundar pontos relevantes.
Espaço para você fazer exercícios, atividades, pesquisas
e auto-avaliações para consolidar o que aprendeu.
Além dos assuntos essenciais apresentados, o que existe que possa
contribuir com o progresso de sua aprendizagem? O
traz endereços de
sites
, textos complementares, aprofundamentos de idéias, curiosidades sobre os
temas estudados.
Finalizando cada Unidade, apresentamos uma síntese dos assuntos
abordados para facilitar a visão geral do que foi explorado.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: ESPAÇOS, MOVIMENTOS
E RELAÇÕES NO APRENDER A APRENDER
Sobre a autora
Profa. Maria de Fatima Guerra de Sousa
Natural de Natal, Rio Grande do Norte. Ph.D em Educação Infantil pela Ohio State
University. Mestra em Psicologia Educacional pela Universidade de São Paulo
(USP). Licenciada em Pedagogia pela Universidade Federal do Rio Grande do
Norte (UFRN). Professora da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília-
UnB. Coordenadora de Educação a Distância do Centro de Excelência em Turismo
– CET-UnB. Foi Secretária de Educação do Distrito Federal e membro do Conselho
Nacional de Secretários de Educação – CONSED. Foi Conselheira do Conselho
de Educação do Distrito Federal.
Iniciei minha vida profissional em Natal, como professora do ensino primário na rede públi-
ca de ensino. Depois, fui professora do ensino médio – no “Curso Normal do Colégio Imaculada
Conceição e na, então, Escola Técnica Federal do Rio Grande do Norte (hoje o Centro Federal de
Educação Tecnológica do Rio Grande do Norte– CEFET-RN). Trabalhei no Serviço Nacional de Aprendizagem
Comercial – SENAC-RN e no Serviço de Psicologia Aplicada – SEPA, da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte – UFRN e, também, no Ministério da Educação – no Departamento de Ensino
Supletivo – DSU/MEC. Posteriormente, na Coordenação de Educação P-Escolar – COEPRE/MEC.
Na UnB, já exerci os seguintes cargos: Chefe do Departamento de Métodos e Técnicas da
Faculdade de Educação e Diretora dessa Faculdade (por eleições). Fui Diretora do CEAD-UnB e inte-
grei a equipe da UnB que avaliou o Programa Nacional de Infortica na Educação – Proinfo/MEC.
Também fui membro dos Colegiados Superiores da UnB — Conselho Universitário, Conselho
de Ensino, Pesquisa e Extensão - CEPE e Conselho de Administração - CAD e das Câmaras de Ensino
de Graduação, de Extensão e de Assuntos Comunitários. Integrei o quadro docente das seguintes
instituições paulistas: Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade Estadual Paulista –
UNESP, em Rio Claro, Faculdade de Serviço Social de Piracicaba e Instituto Educacional Piracicabano
(atual Universidade Metodista).
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: ESPAÇOS, MOVIMENTOS
E RELAÇÕES NO APRENDER A APRENDER
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: ESPAÇOS, MOVIMENTOS
E RELAÇÕES NO APRENDER A APRENDER
Apresentação do Curso
Caro(a) aluno(a),
Este texto trata do aprender a aprender em Educação a Distância. Ele foi escrito especialmen-
te para profissionais da área de educação física. Seu pressuposto básico é o de que a aprendizagem
é um movimento inerente à vida e às suas formas de expressão e organização. Em conseqüên-
cia: ninguém vive sem aprender e ninguém aprende no lugar de outro, embora seja possível apren-
der com o outro. Precisamos do próximo para a nossa humanização ou para a nossa inserção cultu-
ral, nos espaços da nossa existência.
Ao longo do texto assumi uma abordagem abrangente, holística
e estratégica situando a metodologia da Educação a Distância – EAD e
a aprendizagem em EAD – no contexto da vida. Busquei ensinar e apli-
car o afirmado por Miyamoto Musashi (ROSENBERG, 2007, p. 4):
A percepção é forte e a visão é fraca. Em estra-
tégia, é importante ver as coisas distantes co-
mo se elas estivessem perto e ter uma visão
distanciada das coisas próximas.
O texto está assim organizado:
Unidade 1 – Espaços iniciais: contextualização dos cenários, ou dos espaços metafóricos (corpo,
cultura e movimento) para guiar as estratégias de aprendizagem requeridas no estudo a distância.
Unidade 2 – Movimentos e relações no aprender a aprender: de natureza mais específica, trata
mais diretamente dos movimentos e das relações no aprender a aprender em EaD, destacando, tam-
bém, o sentido da Aprendizagem Significativa.
Palavras finais: como sugere o título, apresento algumas conclusões de toda a nossa conversa, que
considero provisórias.
Bom trabalho!
Profa. Maria de Fatima Guerra de Sousa
Miyamoto Musashi.
Famoso Samurai Japonês.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: ESPAÇOS, MOVIMENTOS
E RELAÇÕES NO APRENDER A APRENDER
Espaços Iniciais
UNIDADE 1
Qual a relação entre eles?
O que essa relação tem a ver
com o crescimento e o desenvolvimento
do ser humano?
E com a aprendizagem a distância?
A proposta que apresento é a de dialogar sobre essas e outras questões. Então, neste pri-
meiro momento, busquei contextualizar os cenários, ou os espaços metafóricos – corpo, cultura e
movimento – para nortear as estratégias de aprendizagem requeridas no estudo a distância.
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: ESPAÇOS, MOVIMENTOS
E RELAÇÕES NO APRENDER A APRENDER
Objetivos
Ao finalizar esta Unidade, esperamos que você possa:
relacionar corpo, cultura e movimento;
identificar as relações entre ação-pensamento e as situações cotidianas da vida;
elaborar estratégias educacionais que contribuam com o desenvolvimento de uma apren-
dizagem significativa.
1.1 Corpo e movimento
A relação corpo-movimento se insere na história da própria hu-
manidade, desde os embates dos nossos mais remotos ancestrais pe-
la sobrevivência: na caça, na luta ou na fuga, nos movimentos de cor-
rer, saltar, arremessar e puxar, entre outros.
Os movimentos são uma parte importante do nosso ser. Eles
, bem
como têm papel relevante para o seu relacionamento com o ambien-
te que a cerca, desde a fase intra-uterina.
Na etapa da escolarização inicial, jogos e brincadeiras, não
sem propósito, são centrais para uma educação infantil de qualidade
e, portanto, também para os programas de Educação Física voltada
para as crianças pequenas.
Desde cedo aprendemos que, de certa forma,
. O corpo se movimenta e fala. Tem uma linguagem pró-
pria: a linguagem corporal. Outro aspecto funcional do movimento é
que ele é importante para a . Isso se eviden-
cia na medida em que crescemos e nos desenvolvemos. Uma habili-
dade adquirida ajuda no desenvolvimento de outras.
Percebeu que, no geral, falamos aqui sobre o binômio
corpo/movimento? Contudo, pergunto: será que falamos das mesmas
coisas? Explico-me: parei para pensar se o nosso interesse comum
pela educação garante que tenhamos o mesmo entendimento sobre
os conceitos aqui usados.
Por exemplo, será que damos ao “corpo” os mesmos significa-
dos? Pensemos um pouco nisso agora. Suponho concordar, pois,
mais do que eu, você sabe que o entendimento do corpo e do seu fun-
cionamento é central para os profissionais da educação física, não é
mesmo?
Para começar, responda à pergunta:
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: ESPAÇOS, MOVIMENTOS
E RELAÇÕES NO APRENDER A APRENDER
UNIDADE 1 | ESPAÇOS INICIAIS
Os movimentos também são importantes para a socialização e o desenvolvi-
mento da linguagem.
Que idéias o conceito de “corpo” lhe traz?
Veja: estamos apenas no começo desse nosso estudo e, como
sabe, o “corpo” não é o foco. O destaque será mesmo no como se or-
ganizar melhor para estudar e aprender. Melhor ainda, estamos inte-
ressados em como estudar e aprender num curso que terá parte sig-
nificativa da sua estruturação e do seu conteúdo realizada a distância.
Esta especificidade demandará muito de você. Implicará movi-
mentos de estudos e de aprendizagem diferentes dos usados antes
em cursos “presenciais”. Muito provavelmente, implicará em mudan-
ças de percepções e de práticas.
Veja: se antes o processo ensino-aprendizagem esteve muito
centrado no professor, visto como o detentor das informações e dos
conhecimentos a serem “transferidos” para os alunos, hoje se enten-
de esse processo como uma ação compartilhada: uma tarefa de co-
autoria na construção do conhecimento.
O professor, como um parceiro mais experiente, realiza media-
ções específicas junto ao aluno. Esse, por sua vez, precisa ser sujei-
to da sua aprendizagem. A ele cabe aprender a construir, a seguir e,
se necessário, mudar as trilhas da sua aprendizagem. O seu ofício
maior é movimentar-se, de modo consciente e planejado, para criar
estratégias adequadas para o sucesso no seu aprender.
Quando disse para responder àquela pergunta sem maiores
preocupações, quis deixar claro que, no momento, o objetivo é ape-
nas ajudá-lo a fazer uma sondagem simples. Ou melhor, a ter um en-
contro consigo mesmo. Quis ajudá-lo a descobrir suas concepções,
seus conceitos e suas atitudes em relação ao que estuda.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: ESPAÇOS, MOVIMENTOS
E RELAÇÕES NO APRENDER A APRENDER
UNIDADE 1 | ESPAÇOS INICIAIS
Ao parar para pensar sobre as idéias associadas à noção de “corpo”, sugiro o
seguinte: se possível, comece a fazer uma
agora. Por exemplo:
abra uma pasta específica no seu computador e nela comece a registrar o
que achar mais relevante;
se preferir, anote num caderno o que achar adequado, de modo que sempre
que precisar revisar algo, possa localizá-lo facilmente.
Dessa experiência, avalie se não seria adequado adotá-la como
uma de suas estratégias para estudar e aprender. Isto é:
E por que isso? Por várias razões!
1°) Porque não nos envolvemos com aquilo que não acreditamos.
Ora, se bem lá “no fundo do coração” você sentiu que bom mesmo era
estar fazendo o seu curso presencialmente, isso pode estar indicando
certa desconfiança em relação à seriedade da Educação a Distância
– não especificamente em relação a esse curso, em especial, mas à
sua metodologia.
Portanto, o seu empenho tende a não ser o mesmo que teria
caso o curso fosse “presencial”, pelo menos por enquanto. Mais
adiante, com sua mudança de opinião, de atitude e de comportamen-
to, o seu entusiasmo e rendimento serão bem diferentes.
2°) Esta outra razão, derivada da anterior, diz respeito exatamente
a essas crenças e preconceitos que dificultam e até impedem a
aprendizagem. Não sei se é o seu caso, mas não raro tenho visto
pessoas preconceituosas em relação a cursos a distância, embora
depois mudem.
Ora, duvidar
a priori
da qualidade de um curso só porque ele é
a distância é sustentar uma crença contraditória e equivocada: a de
que a “presencialidade” em si garanta a qualidade. Se isso fosse ver-
dade, não existiram insucessos e evasões na escolarização regular
(ou presencial), não é mesmo?
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: ESPAÇOS, MOVIMENTOS
E RELAÇÕES NO APRENDER A APRENDER
UNIDADE 1 | ESPAÇOS INICIAIS
Uma outra recomendação que faço é a seguinte:
empenhe-se um pouco mais. Busque não só ver o que já aprendeu, mas pro-
cure identificar, também, as suas
Isto inclui aqueles
possíveis de existir em relação a Educação a Distância.
Crenças, preconceitos, descrenças e atitudes se relacionam
entre si e são aprendidas desde muito cedo na vida. Um exemplo?
Trago-o da educação infantil. Aconteceu com uma menina de cerca de
cinco anos e meio.
Veja só isso: uma criança de menos de seis anos já aprendera
sobre os seus supostos limites, já aprendera a duvidar da sua capaci-
dade de aprender. Infelizmente esse não é um caso isolado. Coisas
assim existem e “passam batidas” no cotidiano das salas de aula, até
mesmo na universidade.
Quantas vezes nós mesmos desacreditamos da própria capa-
cidade de aprender? Refiro-me, por exemplo, à aprendizagem de coi-
sas ditas “difíceis” para muita gente, tais como: matemática, idioma
estrangeiro e dirigir carro. Tal descrença é auto-reforçadora e, de cer-
ta maneira, imposta pelo grupo social do qual participamos.
Muitas vezes surgidas no ontem, seus efeitos se fazem presen-
tes no hoje e podem continuar no amanhã e no depois. Ora, devemos
ser os primeiros a acreditar em nossa capacidade e a defendê-la.
Somos seres de aprendizagem. Fomos “programados” para
aprender. Isso não ocorrendo indica que algo de anormal existe. Ade-
mais, pode não ser o seu caso, mas para muitas pessoas a vida es-
colar inicial pode ter sido assim: tentou-se ensinar a ler e, no proces-
so, o que se aprendeu foi a não gostar de ler.
Do mesmo modo, é provável que não se considerou uma das
mais importantes lições a ser dada sobre a leitura: a que precisa ser
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: ESPAÇOS, MOVIMENTOS
E RELAÇÕES NO APRENDER A APRENDER
UNIDADE 1 | ESPAÇOS INICIAIS
Tal é o seu caso agora.
Então, vamos fazer uma
reflexão: que leitura você
faz de si mesmo e de sua
capacidade, e como espera
se comportar nesse curso?
feita por nós, sobre nós mesmos. Ou seja: a leitura de quem somos,
como e onde estamos, como nos situamos nesse mundo, e como de-
vemos nos comportar nos diferentes espaços e tempos.
Quanto à aprendizagem da escrita, o mais importante a ser
aprendido é a que registramos, pessoalmente, na nossa trajetória de
vida que precisa ser delineada desde a infância. Então, aos poucos,
aprendemos a assumir sua autoria.
Depois, devemos fazer questão de assiná-la com firmeza e se-
gurança. A base dessa trajetória precisa estar longe da humilhação,
do medo, do preconceito, da insegurança, do maltrato, do abandono,
do sentimento de incapacidade e da baixa auto-estima.
Há coisas na vida que ninguém pode fazer por você, a apren-
dizagem é uma delas. Ninguém aprende no lugar de ninguém, ainda
que queira. Nesse sentido, a aprendizagem é um processo subjetivo,
pessoal, e, por isso mesmo, único.
Bom, vamos retomar a idéia de “corpo”. Como não sei se você
continuou a ler, ou se parou para responder àquela pergunta, propo-
nho fazermos uma pausa. Regule e use o tempo que precisar para is-
so. Decida, também, se quer responder agora ou depois. Se já res-
pondeu antes, pense um pouco mais sobre o assunto. Refletir nunca
é demais.
Podemos voltar? Ótimo! Então veja o que pensa em relação ao
que se segue.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: ESPAÇOS, MOVIMENTOS
E RELAÇÕES NO APRENDER A APRENDER
UNIDADE 1 | ESPAÇOS INICIAIS
Lembro que esse
, no capítulo sobre a sua formação pessoal e profissional. Vi-
da e educação não são coisas isoladas, estanques. Um curso sério como esse
não se faz em “sobras de tempo”, é preciso planejar-se para ele.
1.2 Corpo e cultura
Diga-me uma coisa: em sua reposta àquela pergunta, você
considerou as relações entre corpo e cultura? Penso que sim, já que
a idéia de corpo está interligada na de cultura.
Mas não só, falar sobre o “corpo” é, na verdade, referir-se a
uma “explosão de significados” (GIACOMINI, 2004). É difícil separar o
corpo da visão cultural e de outras visões. Talvez fosse até mais apro-
priado falarmos aqui na relação corpo-natureza-cultura e suas rela-
ções com a educação (MENDES E NÓBREGA, 2004).
Reflitamos sobre a diversidade cultural...
Como sabemos, cada
cultura
tem suas formas de lidar com o cor-
po e as suas expressões. Igualmen-
te, as culturas influem nas formas
como o corpo deve ser educado,
vestido ou revestido, Caso das “mu-
lheres invisíveis” do Afeganistão, en-
clausuradas em suas burcas.
Determinantes culturais estão presentes, também, na “imagem
corporal” que as pessoas formam de si e na avaliação que têm da sua
adequabilidade ou não.
Diversidades culturais influem no modo como se espera que
meninas e meninos se vistam, se movimentem, se expressem e se co-
muniquem, nos seus diferentes tempos, espaços e contextos.
O mesmo se aplica aos adolescentes, jovens, adultos e idosos,
nos seus respectivos espaços de vida, de comunicação e de expres-
são. Aplica-se ao homem e à mulher, de modo diferenciado.
Um pressuposto importante para a sua reflexão é considerar
que a ação ou os processos humanos são construídos em contextos:
no conjunto das condições sócio-históricas e culturais de vida da so-
ciedade onde nos inserimos.
17
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: ESPAÇOS, MOVIMENTOS
E RELAÇÕES NO APRENDER A APRENDER
UNIDADE 1 | ESPAÇOS INICIAIS
A cultura ocorre na
mediação dos indivíduos
entre si, manipulando
padrões de significados
que fazem sentido num
contexto específico.
Daolio (2004:7).
Pensando na influência da
cultura sobre as formas de
vida e de suas relações
com a educação, pergunto:
18
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: ESPAÇOS, MOVIMENTOS
E RELAÇÕES NO APRENDER A APRENDER
UNIDADE 1 | ESPAÇOS INICIAIS
Pense, também, que a espécie humana é capaz de aprender,
criar e transformar as formas de sua existência e a própria cultura.
Como você, parei para refletir sobre o significado do “corpo”.
Ao fazê-lo, me senti mais perto de você. Na hora, me veio à mente um
turbilhão de idéias! Partilho algumas a seguir.
A primeira, por exemplo, foi constatar que o “corpo” vem sendo
objeto de estudos em áreas diversas do conhecimento tais como: a
Educação (incluo aqui a Educação Física), a Saúde, a Biologia, a
Química, a Medicina, a Nutrição, a Sociologia, a Antropologia, a Arte,
a Psicologia, a História, a Filosofia entre tantas outras (CHIOUZA,
1995; DANTAS, 1994; GONÇALVES, 1994; LE BRETON, 2006;
SCHINDLER, 1994; FOUCAULT, 1987; NÓBREGA, 1999, 2000).
Em seguida, detive-me naquilo que já falamos: a relação corpo-
cultura. Dessa feita, aproximando a cultura, isto é, as formas e ex-
pressão de vida e de organização social dos povos e das pessoas,
pensei em como a força do físico foi essencial à sobrevivência do ho-
mem primitivo em suas relações diretas com a natureza. A partir daí
– viajei! Como?
Dei um salto e fui para a antiga civilização grega. Nela vi o va-
lor dado à força e beleza do corpo, símbolo também de
status
social.
Vi o reflexo disso nas famosas esculturas gregas. Depois, senti a for-
ça da influência dessa cultura ao chegar à Itália Renascentista. Apre-
ciei as belas obras de Michelangelo Buonarroti (1475-1564): das pin-
turas no teto da Capela Sistina, às belas esculturas como Pietá, Davi
e Moisés.
Como um estudioso e observador cuidadoso das formas e de-
talhes do corpo humano, o artista soube expressar, na pedra bruta,
parte da beleza humana: seus movimentos, suas expressões e até
mesmo os seus sentimentos.
Mas eu precisava “voltar” dessa viagem...
No regresso, uma triste visão: os contrastes relativos ao corpo.
Não que em momentos históricos anteriores não houvesse coisas as-
sim, mas há contrastes impactantes hoje. Um exemplo? Veja:
Capela Sistina
http://commons.wikimedia.org
domímio público
Não raro, vemos a força arrasadora do culto exagerado ao cor-
po levar ao seu oposto: à sua morte. Tem sido o caso das pobres-
meninas-moças que sonharam com uma carreira de modelo e, na
busca de uma beleza esguia, imaginada, desejada, acreditada e exi-
gida como ideal, acabaram por encontrar a morte – pela anorexia e as
suas conseqüências.
Caso esteja se perguntando: o que isso tem a ver comigo? Por
que falar nisso numa disciplina sobre aprendizagem em educação a
distância (EaD)? Por que tratar dessas coisas em nosso curso? O que
isso tem a ver? A resposta é simples: tudo! Pode até não parecer, mas
essas coisas lhe dizem respeito. E sabe por quê?
Primeiro, porque em grande parte são aprendidas. Segundo,
porque, como educadores, não podemos deixar de ter uma visão crí-
tica sobre o corpo e os seus usos (e abusos), principalmente no con-
texto da educação física. Seus profissionais precisam dessa criticida-
de. Seja pelas contribuições que ela traz para o conceito de cidada-
nia, seja pelo que pode contribuir para as relações teórico-práticas
inerentes à formação do cidadão.
Em minha “viagem”, pensei também numa outra realidade: al-
go que vem de muito longe na história da humanidade, e que tem tido
fortes repercussões para a educação em geral, e para o processo en-
sino-aprendizagem em particular: a falsa
dicotomia entre o “corpo” e
a “mente”. Uma de suas conseqüências foi bipolarizar a vida e as pes-
soas, em suas múltiplas formas de existência e de expressão.
19
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: ESPAÇOS, MOVIMENTOS
E RELAÇÕES NO APRENDER A APRENDER
UNIDADE 1 | ESPAÇOS INICIAIS
De um lado, a valorização, por mui-
tos, de uma alimentação saudável
para um corpo saudável e bonito.
Do outro, o ultraje: o corpo
transformado em mercadoria.
Não mais pela escravidão
de outrora, mas por
ditames da sociedade
atual, tais como: a
excessiva preocupação
com a estética corporal
embalada por um “padrão”
de beleza; tudo o que se
explora na mídia em
relação à imagem do corpo
– principalmente o da
mulher. Há ainda, a
exploração do corpo das
crianças pelo trabalho e
pela prostituição infantil.
Dicotomia. Separação por
oposição.
Corpo. Entendido como
finito e mortal.
Mente. Associada ao
conceito de “alma” e,
assim, infinita e imortal.
Por muito tempo, a inteligência passou a ser vista como uma
propriedade da “mente”, sem interferência qualquer dos movimentos
do corpo e das suas relações com o ambiente. Passou-se a se acredi-
tar na existência de pessoas especiais capazes de “pensar” e outras
que só eram capazes de “fazer”. Dividiu-se o indivisível – nós mesmos.
Organizou-se uma sociedade dos “mais” e dos “menos” capazes.
Bem, chegou a hora de sintetizarmos o dialogado até aqui. Ve-
ja se é coerente afirmar: em relação ao corpo, há todo um imaginário,
um simbolismo e um conjunto de representações sociais que foram e
são construídos pelos diferentes povos e nações, conforme suas com-
plexas e diferenciadas culturas.
Podemos dizer que, de certo modo, uma síntese alternativa
nos é apresentada por Deconto (2007, p. 14), ao dizer:
O corpo está no nascedouro da construção cultural
do ser humano. Cada cultura vem ao longo dos tem-
pos desenvolvendo sua própria forma de lidar com
o corpo, compondo uma complexa relação imaginá-
rio-simbólica que, em última análise, representa um
poderoso mecanismo de linguagem.
A , bem como so-
bre “corporeidade” dá-se, assim, sempre, em
. Essas, ao mesmo tempo em que influem na configura-
ção da construção cultural do ser, deixam as suas marcas, também,
na vida social.
Além disso, refletem as concepções e formas de se viver em
determinadas épocas e lugares. Isto é: mostram visões, concepções,
comportamentos e espaços considerados como adequados ou não,
para as crianças, para as mulheres ou para os homens.
Ao aprofundar-se no campo da educação física, você entende-
rá melhor a relevância do conceito de “cultura”.
Daolio (2004) nos es-
clarece que o movimento renovador da área da educação física – sur-
gido após os anos de 1980 – trouxe a questão cultural para o seu de-
vido lugar.
20
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: ESPAÇOS, MOVIMENTOS
E RELAÇÕES NO APRENDER A APRENDER
UNIDADE 1 | ESPAÇOS INICIAIS
Daolio (id.) explica que o
profissional da área “não
atua sobre o corpo ou com
o movimento em si, não
trabalha com o esporte em
si, não lida com a ginástica
em si”, mas com “o ser
humano nas suas
manifestações culturais
relacionadas ao corpo e ao
movimento humanos,
historicamente definidas
como jogo, esporte, dança,
luta e ginástica”, e conclui:
... o que irá definir se
uma ação corporal é
digna de trato pedagó-
gico pela educação físi-
ca é a própria conside-
ração e análise desta
expressão na dinâmica
cultural específica do
contexto onde se realiza.
O autor entende-o como o principal conceito da área, uma
vez que as manifestações corporais humanas surgem na dinâmica
cultural, desde os primórdios da evolução – “expressando-se diver-
sificadamente e com significados próprios no contexto de grupos cul-
turais específicos”.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: ESPAÇOS, MOVIMENTOS
E RELAÇÕES NO APRENDER A APRENDER
UNIDADE 1 | ESPAÇOS INICIAIS
No Brasil, também temos a arte que fala
sobre o corpo. Expressões artísticas que reve-
lam o nosso povo – as pessoas e os seus con-
textos de vida. Um nome a ser aqui lembrado é
o de Candido Portinari (1903-1962), que se
considerava um “pintor social”. Suas obras fa-
lam por si mesmo.
Uma delas, por ter sido roubada do
Museu de Arte de São Paulo em dezembro
passado (2007) e, há pouco, recuperada feliz-
mente sem danos, ficou bem mais conhecida
no país:
O Lavrador de café
.
Outras de suas obras nesse gênero são:
Carnaúba
, pintura mural a afresco;
Café
, tinta a
óleo sobre tela de tecido (1935);
Mestiço
, pintura
a óleo/tela, (1934);
Criança Morta
, Série Reti-
rantes, painel a óleo/tela (1944);
Negra
, pintura a
óleo/tela (1950);
Estivador
;
O operário
- pintura a
óleo/madeira (1934);
Carregador de Café
óleo/tela (1935);
Baiana
, pintura a óleo/tela
(1940) e
Morro
– pintura a óleo/tela (1933).
José Ferraz de Almeida Jr. (1850-1899),
nascido em Itu, São Paulo, é um outro nome ex-
pressivo na retratação do brasileiro e que não
pode ser esquecido. De fato, ao lado da sua ha-
bilidade artística, foi o primeiro pintor brasileiro
a introduzir nas suas telas o homem comum no
seu cotidiano.
Diz, por exemplo, a saudosa estudiosa
Gilda de Mello e Souza a este respeito, partin-
do o seu comentário na análise de
O Derrubador
Brasileiro
:
É nosso, sobretudo, o jeito de o homem
se apoiar no instrumento, sentar-se, se-
gurar o cigarro entre os dedos, manifestar
no corpo largado a impressão de força
cansada, a que Cândido Portinari parece
não ter sido insensível.
Outros comentadores da obra de Almeida
Jr. como Aluísio Azevedo e Júlio Ribeiro refe-
riram-se à força muscular e ao erotismo da
tela que estamos comentando (Ver a obra
Almeida Jr., da coleção Grandes Artistas Bra-
sileiros, da Art Editora Ltda., de 1985, sem au-
tor definido. Sobre
Caipira Picando Fumo
ler
Naves, 2005).
1.3 Ampliando os horizontes
Ampliemos o horizonte do nosso movimento em relação à per-
cepção do corpo, e nos aproximemos mais do nosso foco, atentando
para um movimento relacional bem específico: o da en-
tre e . Na verdade, da infância à vida adulta, eles
são faces de uma mesma moeda.
Piaget (1970; 1982) e Vygotsky (1988; 1998), ainda que sob di-
ferentes perspectivas, mostraram bem essa dinâmica. Uma observa-
ção cuidadosa do comportamento das pessoas, em situações varia-
das, evidenciaria como isso se dá no cotidiano da vida.
Trazendo o tema mais para perto, pensemos sobre os despor-
tos. Quem é da área sabe o quanto a disposição mental, a consciên-
cia de si e a autoconfiança influem nos resultados dos atletas – dos
treinos às competições nacionais e internacionais.
Identificar as relações entre ação-pensamento e os fenôme-
nos do cotidiano, nos faz ver algo até mais amplo:
Temos aqui um “fio da meada” para compreender algo simples
e, também, complexo: somos, ao mesmo tempo, plurais e singulares.
Ambos nos trazem responsabilidades.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: ESPAÇOS, MOVIMENTOS
E RELAÇÕES NO APRENDER A APRENDER
UNIDADE 1 | ESPAÇOS INICIAIS
Seria um reducionismo equivocado atribuir-se o sucesso de um atleta ou time ex-
clusivamente ao seu preparo físico ou às orientações técnicas recebidas, por me-
lhor que tenham sido.
No momento, uma delas é você cuidar da sua formação – por você e por quem
precisa de você – agora e no futuro. Essa responsabilidade diz respeito, também,
ao crescimento da sua área de estudos. Há algo mais: é bom pensar que o apren-
dido aqui pode fazer toda a diferença para você em termos pessoais e profissio-
nais. Portanto, ponha isto em perspectiva e priorize, desde agora, esse momen-
to do seu projeto de formação.
Aprendemos a cada momento da vida. Ao aprender, não deixa-
mos de ser quem somos. As aprendizagens integram os nossos mo-
vimentos múltiplos de ação e de pensamento e não se dão em espa-
ços neutros. A motivação para aprender é algo muito importante que
merece ser considerado tanto por quem tenta ensinar, como eu ago-
ra, como para quem tenta ou precisa aprender, como você.
Sentimentos e emoções (positivos ou negativos) estão sempre
presentes em situações de aprendizagem. Esses, por sua vez, são
também aprendidos.
Cada pessoa tem ritmo e modo próprio de aprender, que
dependem de coisas como: as experiências anteriores, a nature-
za do que está sendo aprendido, o tipo de comunicações ou de re-
lações com o outro e com o objeto do conhecimento, e de elemen-
tos culturais.
Entender o ensinar e o aprender em termos de
, ou melhor, em termos de signifi-
cados para quem ensina e, principalmente, para quem aprende – se é
que podemos ter uma linha demarcadora dos atores ou co-autores do
processo ensino-aprendizagem (professor-aluno) – faz toda a diferen-
ça em termos teórico-práticos.
No ensino fundamental, por exemplo, antes se falava na alfa-
betização, na aprendizagem da leitura e da escrita vistas como “habi-
lidades” que precisavam ser ensinadas e aprendidas.
Desse modo, uma das agendas comuns da pesquisa que mui-
to influiu na prática pedagógica era a chamada “prontidão” para a lei-
tura. Na época, testes para identificar essa prontidão foram ampla-
mente desenvolvidos (BIMA, 1982; PELANDRÉ e DERNER,1985).
Hoje o entendimento dessas questões é outro. Tem-se valori-
zado mais a interdisciplinaridade, como as contribuições da sociolin-
güística para o trabalho pedagógico desenvolvido nas escolas
(BORTONI-RICARDO, 2004, 2005). Intensificaram-se as pesquisas
sobre a “psicogênese da língua escrita”, a partir da influência do tra-
balho de Ferreiro e Teberosky (1986). Passou-se a valorizar as intera-
ções e as formas de comunicação dos alunos.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: ESPAÇOS, MOVIMENTOS
E RELAÇÕES NO APRENDER A APRENDER
UNIDADE 1 | ESPAÇOS INICIAIS
Na educação, interessa não só entender como o aluno apren-
de, mas, também, como fazer com que a sua experiência de aprendi-
zagem seja significativa. Algo, portanto, que o considere conforme o
que deve ser: um sujeito co-construtor do seu conhecimento, históri-
co, social e culturalmente situado. Isso é, também, o que queremos e
esperamos de você aqui:
Agora, continuaremos o nosso diálogo, discutindo sobre o
aprender a aprender no contexto da vida em geral, e no da EaD em
especial. Vamos lá?
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: ESPAÇOS, MOVIMENTOS
E RELAÇÕES NO APRENDER A APRENDER
UNIDADE 1 | ESPAÇOS INICIAIS
que saiba se organizar e se planejar para aprender;
que organize e integre os seus conhecimentos;
que seja uma pessoa proativa, sensível e solidária, capaz de interagir com os colegas e demais pessoas
do curso, de modo cooperativo e integrado, buscando soluções para problemas, quando for o caso;
que seja uma pessoa participativa, capaz de ajudar a criar e a dar vida a uma rede virtual de aprendi-
zagem colaborativa;
que seja criativo e capaz de identificar, desenvolver e utilizar conceitos e linguagens específicas da sua
área de estudos;
que saiba ser uma pessoa ética e socialmente comprometida.
Concluímos a nossa Unidade 1,
em que dialogamos sobre a rela-
ção existente entre o corpo, a cul-
tura e o movimento.
Vimos que essas relações chegam mesmo a reve-
lar que o sucesso de um atleta não se deve, única
e exclusivamente, às orientações técnicas ou ao
seu preparo físico, pois existem outras relações
muito importantes: pensamento-ações-percepção-
emoções-afetividade-sentimento. Tudo isso faz
parte do “nosso todo”.
Além disso, identificamos que na diversidade de vi-
sões culturais sobre o corpo ocorrem contextos es-
pecíficos e diferenciados, e deixa as suas marcas
na vida social.
Tais entendimentos nos levam a compreender
que o processo do aprender está voltado para
se conceber o aluno como um ser aprendente,
que também é um sujeito culturalmente situado
e co-construtor da sua história social.
Finalizando, tivemos a oportunidade de verificar
que as relações entre corpo, cultura e movimento
guiam esses pontos, bem como as estratégias de
aprendizagem necessárias ao estudo a distância.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: ESPAÇOS, MOVIMENTOS
E RELAÇÕES NO APRENDER A APRENDER
Os movimentos e as relações
no aprender a aprender
UNIDADE 2
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: ESPAÇOS, MOVIMENTOS
E RELAÇÕES NO APRENDER A APRENDER
Até aqui, conversamos sobre as relações que existem entre cultura,
corpo e movimento e como tais articulações orientam as ações de aprendi-
zagem a distância, não é mesmo? A partir disso, ao iniciarmos a Unidade 2,
proponho uma reflexão inicial:
É o que buscaremos ajudá-lo a descobrir, a partir de agora, ao estu-
darmos os movimentos e as relações no aprender a aprender. É um assun-
to de natureza mais específica: trata dos movimentos e das relações no
aprender a aprender em EaD, destacando, também, o sentido da “Aprendi-
zagem Significativa”.
Quais a relações no
aprender a aprender, em EaD?
E qual o vínculo entre essas
relações e a aprendizagem
significativa?
Objetivos
Ao finalizar esta Unidade, esperamos que você possa:
compreender o processo ensino-aprendizagem;
identificar porque a aprendizagem é essencial à vida e ao desenvolvimento da pessoa;
entender sobre a metacognição e sobre a aprendizagem significativa;
identificar conexões entre o que aprende e as coisas do mundo;
elaborar estratégias de aprendizagem adequadas à sua realidade de vida;
planejar cronogramas de estudo para as disciplinas do curso;
elaborar estratégias de estudo facilitadoras de aprendizagens.
2.1 Movimentos da aprendizagem
Tenho tentado mostrar aqui a importância da aprendizagem para
a vida e que ambas não são coisas distintas. Portanto, não há um tem-
po para se viver e outro para se aprender. Vive-se e aprende-se e vice-
versa. Ou como já consagrado popularmente: “vivendo e aprendendo”.
Do mesmo modo, não há um tempo distinto para a educação e
um outro para o desenvolvimento da pessoa. Tudo se movimenta e se
integra, a partir da pessoa e das suas relações no contexto onde vive.
Integram-se a vida, a educação, a aprendizagem, o desenvolvimento,
as pessoas, os seus sentimentos, os objetos e as idéias.
As pessoas mudam. Os conhecimentos mudam. Os contextos
também mudam. E isso tudo precisa ser compreendido quando fala-
mos do processo ensino-aprendizagem.
A aprendizagem é complexa, multifacetada e fruto de múltiplas
determinações. É também próprio da aprendizagem ser “cumulativa”.
Isso, contudo, não significa uma relação de “adição”, mas, antes, um
processo de integração de informações e de conhecimentos.
Como vimos, conhecimentos anteriormente adquiridos são re-
levantes para a aquisição de “novos”. Isso tem influído, por exemplo,
quando da organização do currículo escolar, que é ordenado a partir
do que se considera como “pré-requisitos”.
Aprender é mesmo algo complexo, porém não impossível! A
sua experiência agora mostra isso: você lê, reflete e aprende. Não
menos complexo é o estudo sobre o aprender. Este supõe uma visão
de contexto. Daí ter me esforçado para ampliar o nosso diálogo, ten-
tando ajudá-lo a situar-se e movimentar-se melhor, no espaço da
aprendizagem.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: ESPAÇOS, MOVIMENTOS
E RELAÇÕES NO APRENDER A APRENDER
UNIDADE 2 | OS MOVIMENTOS E AS RELAÇÕES NO APRENDER A APRENDER
Tenho também buscado ajudá-lo a entender que, enquanto movimento, a apren-
dizagem não é algo que deva ou possa ser pensado linearmente. É certo que os
“novos” conhecimentos se relacionam como os anteriores, mas essa não é nem
uma relação direta nem uma linear. Há sempre modificações. Seja no conheci-
mento prévio, seja na “estrutura cognitiva” que a sustenta, seja na forma de inte-
gração do “velho” com o “novo” (conhecimento).
Neste momento, peço que você pense na seguinte questão:
pode-se ou não avaliar a aprendizagem? Ainda que se fale, normal-
mente, na “avaliação da aprendizagem”, isso não ocorre. Quero dizer:
deduzimos a sua ocorrência ou não, por meio de
desempenhos.
As bases de nossas aprendizagens estão na infância e dois
dos fortes impulsionadores da aprendizagem são as necessidades e
as motivações. A construção de uma atitude observadora, questiona-
dora, crítica e criativa, tem um papel relevante para a aprendizagem e
o desenvolvimento da pessoa.
Isso precisa ser entendido pelas famílias, uma vez que, em ge-
ral, os pais são os primeiros e os mais permanentes professores dos
seus filhos. Sua influência tende a ser forte, na vida dos filhos.
A propósito, descrevo uma história que sinto não a ter por com-
pleto. Ainda assim, vale contá-la. Anos atrás, li que um dos laureados
do Prêmio Nobel disse, em entrevista, tudo dever à sua mãe, desta-
cando que, ao chegar da escola, a sua mãe sempre perguntava:
Em geral, essa não é a pergunta que se faz às crianças em si-
tuação idêntica. O mais comum é se perguntar: “o que você aprendeu
hoje na escola?”, não é?
Perguntar! Perguntar! Perguntar! Eis um movimento importan-
te para o aprendizado. Perguntar – aos outros, a nós mesmos, ao
mundo. Você já parou para pensar sobre isto? No como as perguntas
são importantes para o avanço do conhecimento?
Outra coisa: já lhe ocorreu que durante boa parte do nosso pro-
cesso de escolarização estivemos mais ocupados em
responder
a
perguntas – do professor, dos exercícios, dos testes, das provas, dos
simulados, do vestibular – do que envolvidos na aprendizagem da for-
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: ESPAÇOS, MOVIMENTOS
E RELAÇÕES NO APRENDER A APRENDER
UNIDADE 2 | OS MOVIMENTOS E AS RELAÇÕES NO APRENDER A APRENDER
Medimos os
dos alunos em
determinadas atividades e,
a partir daí, deduzimos se
ele aprendeu ou não. Daí
ser relevante se “medir” a
aprendizagem em
diferentes momentos do
processo, bem como usar
instrumentos diversificados,
representativos e
coerentes, para isso.
mulação de uma “boa” pergunta? Pergunta dessas que, de tão boa,
acaba por gerar tantas outras?
A nossa capacidade de aprender em si, já implica outra: a de
mudar. Já pensou se não pudéssemos aprender e memorizar o que
aprendemos a cada dia? Já pensou se não pudéssemos modificar a
nós mesmos, e ao mundo que nos cerca?
Por ser a aprendizagem essencial para a nossa vida, somos,
entre a espécie animal, a de maior período de infância. Portanto, te-
mos ampliado o tempo para aprender coisas básicas da vida como:
alimentar, pensar, ouvir, falar e se movimentar.
A despeito da sua importância, pouco paramos para refletir so-
bre a aprendizagem, salvo em situações onde algo nos parece difícil
de aprender, como dirigir um carro ou aprender um novo idioma, ou
em demandas específicas como agora – a do curso para você.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: ESPAÇOS, MOVIMENTOS
E RELAÇÕES NO APRENDER A APRENDER
UNIDADE 2 | OS MOVIMENTOS E AS RELAÇÕES NO APRENDER A APRENDER
Gosto de lembrar aos meus alunos que,
como epistemologista genético, Jean Piaget dedi-
cou toda uma vida de estudos e pesquisas bus-
cando responder (e, claro, explicar) a uma per-
gunta principal: “como conhecemos o que conhe-
cemos”? Ou: como se dá o processo do conheci-
mento? Ou, ainda: como se dá a gênese do pen-
samento e como ele se desenvolve, na interação
do sujeito cognoscente, com o meio onde vive?
Uma pergunta que gerou muitas outras!
Para ele, o conhecimento não está nem na
pessoa, nem no objeto, mas na interação da pes-
soa com o objeto do conhecimento.
Piaget argumentava a favor de uma educa-
ção que capacite o homem para inovar, descobrir
e criar. Longe, portanto, de uma simples ação
transmissora ou reprodutora de informações e
conhecimentos.
E então, o que achou dessas perguntas? Coincidem com as
suas? Que outra(s) criou a partir delas? Vamos comentá-las um pouco?
Os objetivos e o espaço dessa disciplina não permitem que entre-
mos em detalhes. Portanto, a abordagem aqui será geral. Ao invés de
uma discussão teórica sobre a aprendizagem, dialoguemos a partir de al-
gumas “lições aprendidas”. Isto facilitará o seu entendimento do que é
aprender. Ademais, não me surpreenderia saber que depois disso, você
sentiu-se motivado para pesquisar mais sobre o tema. Vamos lá?
2.2 Lições sobre a aprendizagem
Não somos seres unicelulares, mas seres bem complexos. Nin-
guém vive sem aprender. Sem essa capacidade não existiríamos, pois
a nossa essência biológica não é capaz de responder por tudo aquilo
que precisamos para sobreviver.
O que herdamos não nos fornece o que precisamos para existir.
A aprendizagem torna-se indispensável para a nossa sobrevivência e
adaptação, bem como para o nosso crescimento e desenvolvimento.
Ao nascer, cada um de nós tem um projeto individual biológico
a ser desenvolvido ao longo da existência. Do mesmo modo, começa-
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: ESPAÇOS, MOVIMENTOS
E RELAÇÕES NO APRENDER A APRENDER
UNIDADE 2 | OS MOVIMENTOS E AS RELAÇÕES NO APRENDER A APRENDER
Mas o que é
“aprendizagem”?
Por que precisamos aprender?
Como se aprende?
O que faz com que
uma pessoa aprenda algo
ou deixe de aprender? Por que
algumas coisas parecem mais
fáceis de aprendermos
do que outras?
Como a aprendizagem tem
sido definida nas diferentes
teorias? Como o ensino e a
aprendizagem se associam?
Como se aprende a distância?
O que é preciso para
facilitar a aprendizagem de
quem estuda a distância?
A aprendizagem é essencial à vida
mos a construir o nosso projeto pessoal-social, já que somos todos
“biologicamente sociais”, ou como diz Vygotski (1998): “a consciência
humana tem uma gênese social”.
Temos uma necessidade real – objetiva e subjetiva do outro.
Necessitamos de pessoas para nos tornar uma delas, para nos huma-
nizarmos. Para isso, precisamos interagir com o outro, numa teia co-
mum de inserção na cultura do contexto onde nos situamos.
Na psicologia, há toda uma discussão teórica sobre as rela-
ções entre o desenvolvimento e a aprendizagem, bem como do papel
das nossas relações/interações com o meio. Para Piaget, a aprendi-
zagem é uma função do desenvolvimento psicológico.
Nesse sentido, quando uma pessoa está aprendendo (ou cons-
truindo conhecimentos), ela vivencia um processo de equilibração. Isto é,
está “assimilando” os “novos” elementos aos seus esquemas mentais, ou
“acomodando” as suas estruturas mentais, transformando-as por causa
dos elementos que precisam ser assimilados. (PIAGET, 1970; 1976;
1982; 1986). O desenvolvimento, portanto, implica em “equilibração”.
Já Vygotski explica o processo de desenvolvimento a partir de
dois níveis básicos: o que considera o “real” – aquilo que a pessoa já
conquistou ou desenvolveu; e aquele denominado de “potencial” –
aquilo que a pessoa pode chegar, com a ajuda do outro.
Em outras palavras: temos o
e o
, e a ,
que é a distância entre ambos. Há, pois, em Vygotski, uma importân-
cia fundamental do “outro”, além dos elementos culturais, para o pro-
cesso de desenvolvimento. Para ele, a aprendizagem possibilita o de-
senvolvimento (VYGOTSKI, 1988; 1998).
Apesar de não termos espaço aqui para uma discussão teóri-
ca sobre a aprendizagem e o desenvolvimento, é bom entender que
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: ESPAÇOS, MOVIMENTOS
E RELAÇÕES NO APRENDER A APRENDER
UNIDADE 2 | OS MOVIMENTOS E AS RELAÇÕES NO APRENDER A APRENDER
A aprendizagem é essencial ao desenvolvimento
eles se relacionam. Se fizermos algo que antes não sabíamos como
fazer, sabemos que aprendemos e, ao mesmo tempo, temos um maior
nível de desenvolvimento.
Com isso, ampliamos as nossas possibilidades de adquirir no-
vas aprendizagens e de nos desenvolver ainda mais, não é verdade?
É difícil separar essas coisas, não é mesmo? Não poderia ser diferen-
te. É bem difícil pensar na vida como algo fragmentado ou seccionado.
Vimos que aprendizagens ocorrem desde o ambiente uterino,
e continuam ao longo da vida. A rigor, não faz sentido pensar numa
pessoa como “incapaz de aprender”. Veja: mesmo uma criança bem
pequena, ao chegar numa creche ou pré-escola, já tem um conjunto
de experiências e aprendizagens e já desenvolveu capacidades para
aprender coisas novas.
Logo se tornará capaz de desenvolver o pensamento simbóli-
co e, portanto, criará símbolos para representar e entender as coisas
do mundo, a partir dos elementos da cultura do seu meio.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: ESPAÇOS, MOVIMENTOS
E RELAÇÕES NO APRENDER A APRENDER
UNIDADE 2 | OS MOVIMENTOS E AS RELAÇÕES NO APRENDER A APRENDER
Ambos – o desenvolvimento e a aprendizagem – referem-se às dimensões sub-
jetivas e objetivas do real. Para cada um, o sentido da realidade depende de coi-
sas como percepções, sentimentos e experiências pessoais. Cada pessoa per-
cebe e sente as coisas e o mundo do seu jeito. Do mesmo modo,
desenvolve/aprende determinados sentimentos e atitudes em relação a elas. Ca-
da um tem estilos e ritmos diferenciados para aprender, bem como para valorizar
o que vê, sente e faz. Ou, em outras palavras, o que vivencia.
Assumir que somos todos aprendizes não é o mesmo que afirmar que temos as
mesmas capacidades ou possibilidades para aprender. Seria incoerente afirmar
isso, já que temos ambientes e histórias sócio-culturais diversificados.
Somos todos aprendizes
Há, assim, um desafio grande para pais e professores: des-
cobrir o que (e como) fazer para ampliar e valorizar as formas e a di-
versidade do aprendizado, entre as diferentes pessoas, com perso-
nalidades, níveis de desenvolvimento, estilos e ritmos de aprendiza-
gem variados e vivendo em contextos histórico-culturais diversos.
Esse desafio é também seu, pelo menos naquilo que lhe diz respei-
to mais diretamente agora: estudar e aprender. É preciso aprender a se or-
ganizar. É necessário rever a sua agenda de vida de modo a otimizar a sua
aprendizagem nesse curso. É importante que você tenha claro o seguinte:
que tipo de aprendiz você imagina que será ou está sendo nesse curso?
como vem se comportando?
o que você constrói, no momento, seja em termos pessoais, seja no
âmbito da formação profissional?
Digo isso porque a imagem que temos de nós mesmos e das
nossas capacidades influi no modo como realizamos as coisas – ima-
gens positivas, desempenhos positivos e vice-versa. Então, saber so-
bre o que pensa e espera de você mesmo no curso é parte importan-
te de suas estratégias nele.
Portanto, organize já as suas prioridades e o seu cronograma
de estudos que precisa ser cumprido. Considere-o como uma “ques-
tão de honra”! Se não fosse por isso, para aprender e progredir no cur-
so, por que estar nele?
Já vai longe o tempo em que você podia se envolver em algo
apenas para “ver no que vai dar”. Agora há que se responsabilizar pe-
las conseqüências de seus atos. Fazer acontecer, no tempo previsto,
aquilo que estabeleceu como objetivos e metas.
A rigor, em cada uma das “lições” anteriores, há subentendido,
na aprendizagem, a dimensão da experiência pessoal e social de
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: ESPAÇOS, MOVIMENTOS
E RELAÇÕES NO APRENDER A APRENDER
UNIDADE 2 | OS MOVIMENTOS E AS RELAÇÕES NO APRENDER A APRENDER
Inspire-se em Geraldo
Vandré e assuma que:
1. Parte da letra da canção
“Pra Não Dizer que Não
Falei de Flores”.
A aprendizagem tem uma dimensão singular
quem aprende. Destaco agora algo, até já referido, mas que nunca é
demais lembrar: . Aprendemos
por experiência e da experiência.
Ainda que haja uma base histórico-social e cultural nos proces-
sos de aprendizagem e de desenvolvimento de uma pessoa, do pon-
to de vista mais subjetivo, cada aprendizagem é única e intransferível.
Podemos, sim, relatá-las ou mesmo tentar que o outro apreen-
da o seu significado, para nós ou mesmo para ele. Podemos, ainda,
apresentar uma ou outra experiência nossa como um modelo a ser
imitado. Contudo, permanece o que já sabemos: a impossibilidade de
alguém aprender no lugar do outro.
Ninguém está sob a sua pele. Se optar por omissões ou des-
casos, o fruto disso será colhido por você mesmo. Não se omita. E,
sobretudo, seja o primeiro a confiar em si e em suas capacidades e
possibilidades de crescimento e de aprendizagem. Busque sempre ra-
zões para orgulhar-se do que é e do que faz!
Agora é a sua vez: transforme o seu tempo de estudo em mo-
mentos de glória, tantos quanto necessários. Não perca essa oportu-
nidade. Portanto, “não espere acontecer”. Nada realmente importante
haverá sem a sua participação consciente e decidida. Se empenhe!
Inove e se inove! Ou tire isso “de letra”.
2.3 A aprendizagem significativa
A preocupação com o entendimento do sentido da aprendiza-
gem – ou a aprendizagem significativa – não é nova. Essa é uma dis-
cussão que, de certa forma, se insere na da construção da autonomia
do aprendiz, indispensável para quem estuda a distância. Essa cons-
trução tem sido referida como uma ação auto-reguladora do aluno em
relação à sua aprendizagem. Para Perrenoud (1999), essa auto-
regulação existe em termos de capacidades aprendidas.
Na prática, precisamos ter ferramentas e visão estratégica pa-
ra exercer essa auto-regulação. Uma primeira ação estratégica é fa-
zer um “
”: situar-se no contexto e identificar a
natureza do que precisa ser aprendido. Em seguida, é preciso traçar
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: ESPAÇOS, MOVIMENTOS
E RELAÇÕES NO APRENDER A APRENDER
UNIDADE 2 | OS MOVIMENTOS E AS RELAÇÕES NO APRENDER A APRENDER
Capacidades aprendidas.
Significa que a pessoa
aprende a ser capaz de
gerir seus próprios
“projetos, progressos e
estratégias”, seja em
relação a tarefas, seja
frente a obstáculos.
o destino e definir as rotas que levem ao sucesso da aprendizagem.
Depois, é necessário identificar os recursos disponíveis e outros que
poderão ser construídos ao longo do caminho.
Em outras palavras: essa auto-regulação supõe que o aluno
deseje, de fato, aprender. Precisa da sua determinação pessoal e
planejamento de ações de curto, médio e longo prazos.
Talvez devêssemos pensar nisso tudo em termos de metacog-
nição. Ou melhor: entender a função das estratégias
no processo da aprendizagem (DOLY, 1999; RIBEIRO,2003).
E o que é “metacognição”? Bem, numa primeira aproximação,
a metacognição pode ser considerada como a ação consciente da
pessoa no uso de suas funções cognitivas ou funções mentais, para
fins de aprendizagem.
Na perspectiva da aprendizagem como movimento, é requeri-
do aqui, pelo menos, dois movimentos: um ambiente organizado de
modo intencional e caracterizado pela “cultura do pensar”, e um em-
penho mais pessoal e consciente por parte de quem aprende.
Segundo Paris e Winograd (1990), referidos por Ribeiro (2003),
no que se refere à aprendizagem, a metacognição tem dois significados:
Inclui:
... a avaliação de recursos ou refere-se a reflexões
pessoais sobre o estado dos conhecimentos e
competências cognitivas, sobre as características
da tarefa que influenciam a dificuldade cognitiva e
sobre as estratégias disponíveis para a realização
da tarefa (p.114).
Refere-
se tanto às
“reflexões pessoais sobre a organização e planificação da
ação – antes do início da tarefa”
quanto aos possíveis ajustamentos
que podem surgir quando da realização da tarefa em si, bem como às
“revisões necessárias à verificação dos resultados obtidos”
(p. 114).
Como você acha que está em termos da metacognição? Para
responder à pergunta, vão aqui algumas dicas:
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: ESPAÇOS, MOVIMENTOS
E RELAÇÕES NO APRENDER A APRENDER
UNIDADE 2 | OS MOVIMENTOS E AS RELAÇÕES NO APRENDER A APRENDER
Planejamento de ações.
Envolve coisas como a
auto-avaliação, o
planejamento do tempo, a
integração e a organização
de funções mentais, como
a memória, a atenção e a
concentração. Então, é
necessário selecionar,
comparar, simbolizar,
desenvolver o pensamento
crítico-reflexivo,
entre outros.
Ao longo do curso você vai precisar se comunicar muito bem
por escrito. Não precisa se “apavorar” ou temer essa situação, caso is-
so não seja ainda algo tranqüilo para você. Porém, se conscientize de
que só há um jeito de aprender a escrever: escrevendo! O mesmo se
aplica à reflexão e à leitura.
A leitura também é muito importante. Leia muito, faça questão
de ler o requerido no curso, mas não se limite a isso. Quanto mais vo-
cê for capaz de ler e refletir, maiores as possibilidades de as suas
idéias fluírem quando de sua escrita. Acredite!
Em termos de leitura e escrita, não há como repor o tempo per-
dido. Não dá para deixar tudo para a “ultima hora”. Mantenha-se aten-
to e motivado. Siga o cronograma das disciplinas. Seja participativo.
Talvez, no momento, lhe veio à cabeça coisas como: “vou pen-
sar muito se fico mesmo nesse curso” ou “acho que vai ser difícil pa-
ra eu estudar a distância. Além de já ser pouco disciplinado, não con-
sigo organizar bem o meu tempo hoje, quanto mais para as exigências
que virão depois com esse curso...”.
Isso soa como algo normal para mim! Estranharia o contrário.
Saiba que não é o primeiro nem será o último a sentir e pensar assim.
Já vi muitas pessoas passarem por isso e depois se superarem. Mui-
tas delas se surpreenderam consigo mesmas e conseguiram concluir
bem seus cursos.
35
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: ESPAÇOS, MOVIMENTOS
E RELAÇÕES NO APRENDER A APRENDER
UNIDADE 2 | OS MOVIMENTOS E AS RELAÇÕES NO APRENDER A APRENDER
E por que isso seria diferente com você? Por que não pensar
de forma positiva em relação ao seu desempenho aqui? Veja: mais
sério e comprometedor seria ignorar essa realidade, ou fazer de con-
ta que ela não existe, ou ainda o pior: sequer ter consciência dela.
Pense bem: quantos desafios que, antes, no começo, lhe pare-
ceram bem difíceis, mas depois superou? Quantas coisas assim já fi-
caram no seu passado e são agora vistas como “missão cumprida”?
Essa será apenas mais uma. Com uma diferença: vai estar
mais preparado e, também, não estará sozinho. Somos uma equipe
de profissionais trabalhando de modo integrado, para que esse curso
ocorra com a qualidade que todos merecemos. Um curso a distância
começa bem antes de o aluno ter acesso, pela primeira vez, ao seu
material didático.
A propósito, deixe-me comentar algumas das idéias discutidas
por Davis, Nunes e Nunes (2005) em trabalho sobre “Metacognição e
sucesso escolar”.
No final do artigo, por exemplo, as autoras referem-se ao que
a própria Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico
– OCDE (2001) – reconhece: inúmeros alunos se empenham, mas
não vêem isso se refletir na aprendizagem esperada. Tal fracasso não
se deveu a problemas cognitivos, mas a “dificuldades metacogntivas”.
Em suas palavras:
A raiz do problema parece residir, portanto, menos
na falta de saberes e habilidades do que no fato de
não conseguirem nem utilizá-los, nem transferi-los
para outras situações (p.227).
A partir do pensamento de Flavell (1985), de que “a consciên-
cia do que se sabe – e do que não se sabe – pertence ao reino dos
conhecimentos metacognitivos”, as autoras dizem o seguinte:
36
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: ESPAÇOS, MOVIMENTOS
E RELAÇÕES NO APRENDER A APRENDER
UNIDADE 2 | OS MOVIMENTOS E AS RELAÇÕES NO APRENDER A APRENDER
Duas coisas merecem a sua atenção agora: 1) a experiência é uma grande mes-
tra; 2) toda grande caminhada começa, sempre, com um passo inicial. Esse tor-
na qualquer jornada mais significativa se dado de modo consciente e planejado.
Crianças e adolescentes em situação de fracasso
enfrentam dificuldades até mesmo para acionar os
processos de controle capazes de guiar sua ativida-
de, com autonomia, na direção do fim almejado. Fal-
tam-lhes métodos de trabalho, motivação e, conse-
qüentemente, persistência nas tarefas.
É certo que você não é criança ou adolescente. Contudo, isso
não significa que não possa sentir-se como eles em situação de fra-
casso ou de fracasso iminente.
Portanto, esteja atento! Saiba quais são os seus controles ou a
auto-regulação da sua aprendizagem. Descubra o que melhor funcio-
na para você, crie as suas estratégias. Quer sugestões para isso? En-
tão aqui vão algumas. Veja o que pode lhe ajudar:
37
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: ESPAÇOS, MOVIMENTOS
E RELAÇÕES NO APRENDER A APRENDER
UNIDADE 2 | OS MOVIMENTOS E AS RELAÇÕES NO APRENDER A APRENDER
10 dicas para aprender mais e melhor
1 Mantenha-se
distante de uma
atitude passiva.
Aquela de tudo
“esperar do
professor”, no
caso, da
organização do
curso, do autor
e do material
didático.
Nem sempre será
fácil agir assim.
Ainda temos traços
de “passividade”,
quando em situa-
ção de aprendiza-
gem mais formal,
como agora.
2
Cultive o desejo
de aprender.
Leia o que lhe é
pedido. Busque
leituras adicionais.
8
Não se perca pelo
caminho – esteja
sempre atualizado
com o cronograma
proposto para
o seu curso.
9
Seja uma pessoa
interativa e participativa
e faça uso de todos os
recursos tecnológicos
disponíveis no
seu curso.
10
4
Tenha a consciência de
que nesse curso você
nunca estará sozinho.
Como já disse, há toda
uma equipe de
profissionais junto de você.
Quanto mais autônomo
você for, melhor estará
em condições para
pensar estratégias criativas
para o seu aprender.
5
Evite armadilhas, agora ou depois.
Por exemplo, em hipótese alguma admita
atrasos no envio das suas atividades.
3
Seja cada vez
mais proativo.
Não tenha medo
se isso
implicar coisas
a serem superadas
e obstáculos a
serem vencidos.
Tudo valerá a
pena. Acredite!
Não acumule
dúvidas – se não
entender algo,
pergunte! Recorra
ao seu tutor sem-
pre que necessitar.
Ele está no curso
para ajudar, apoiar
e orientar os
alunos em relação
às disciplinas e
estarão trabalhando
junto com um
professor supervisor.
7
6
Antes de prosseguir, gostaria de retomar um pouco às discus-
sões de Davis, Nunes e Nunes (2005), em especial, o impacto negativo
do fato de os alunos não conseguirem ser sujeitos da própria aprendi-
zagem. Ou seja, a impossibilidade de serem, também, sujeitos “em fa-
ce da cultura a ser conquistada por intermédio de tais aprendizagens”.
As autoras propõem que a escola se empenhe a mudar isso,
para “propiciar, desde sempre, o esforço cognitivo e o desenvolvimen-
to das habilidades metacogntivas, de forma a alcançar a independên-
cia intelectual imprescindível ao exercício da cidadania”.
Para tanto, é preciso desenvolver uma “cultura do pensar”,
que:
(...) aliando conteúdos, raciocínios e valores, permi-
tirá a formação de pessoas aptas a tomarem deci-
sões acertadas. E isso será conseqüência por te-
rem aprendido que não é suficiente apenas saber
e/ou fazer: a chave está em saber como se faz pa-
ra saber e como se sabe para fazer.
Qual é a sua opinião em relação a essas coisas? Para mapear
melhor esse contexto sugiro que busque responder o seguinte:
A partir dessas reflexões o que acha que precisa fazer agora?
Quando vai começar? Antes que diga que há muitas perguntas, prometo
que agora farei um fecho desse bloco reflexivo apenas com três questões:
1. O que tudo isso tem a ver com a pessoa que você é hoje?
2. Mudadas essas situações do passado, refletidas por você agora,
você seria quem é hoje? No que você seria igual? No que você po-
deria/gostaria de ser diferente?
3. Por quê?
38
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: ESPAÇOS, MOVIMENTOS
E RELAÇÕES NO APRENDER A APRENDER
UNIDADE 2 | OS MOVIMENTOS E AS RELAÇÕES NO APRENDER A APRENDER
Você se considera mesmo
apto a tomar decisões
acertadas? Por quê?
Como você avalia
as suas experiências no
tempo de escola? Acredita
que vivenciou um espaço onde se
respirava uma “cultura do pensar”?
O que dizer da relação
desse empenho com a
construção da cidadania?
Empenhos metacognitivos
são mesmo necessários à
formação da autonomia?
Penso que agora podemos focar a atenção no sentido do ter-
mo “aprendizagem significativa”. Ele tem sido usado por diferentes au-
tores, tais como David Ausubel; Joseph Novak; Carl Rogers e Fink,
sob diferentes perspectivas.
A teoria de Ausubel (1968, 1978, 1982, 2003; AUSUBEL et
al.,1986) sobre o aprendizado significativo tem base construtivista. Ela
busca explicar como os conceitos são construídos ou aprendidos pelo
estudante. Trata-se da natureza e lógica da organização da estrutura
cognitiva referente à aprendizagem, a partir dos conhecimentos prévios.
Para o autor, “...o fator único mais importante influenciador da
aprendizagem é o que o aprendiz já sabe. Certifique-se disso e ensi-
ne de acordo” (AUSUBEL, 1978, p. iv). Assim, ao aprender algo “no-
vo” o aluno, deliberadamente, conecta a nova informação a outras já
existentes.
Ausubel, Pelizzari e colegas (2002), ao discutirem o que favo-
rece uma aprendizagem significativa, argumentam que é preciso con-
siderar:
um processo de modificação do conhecimento, em vez do compor-
tamento em um sentido externo e observável;
reconhecer a importância que os processos mentais têm nesse de-
senvolvimento;
disposição para aprender (se o indivíduo quiser memorizar o conteú-
do arbitrária e literalmente, então a aprendizagem será mecânica);
o conteúdo a ser aprendido precisa ser potencialmente significativo
– do ponto de vista
lógico e psicológico.
Ausubel não referiu-se à idéia de mapas conceituais; já Joseph
Novak desenvolveu, a partir do seu referencial teórico, o que chamou
de “Mapas Conceituais” (NOVAK,1998; NOVAK e GOWING, 1999).
Num trabalho sobre “Mapas Conceituais e Aprendizagem
Significativa”, Moreira
1
esclarece que esses “mapas conceituais” ou
“mapas de conceitos” são diagramas indicadores de relações entre
conceitos ou entre palavras que usamos para representar conceitos.
Ou ainda, “diagramas de significados, de relações significativas; de
hierarquias conceituais, se for o caso”.
39
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: ESPAÇOS, MOVIMENTOS
E RELAÇÕES NO APRENDER A APRENDER
UNIDADE 2 | OS MOVIMENTOS E AS RELAÇÕES NO APRENDER A APRENDER
A parte do ógico
relaciona-se à natureza
do conteúdo em si.
Já o
psicológico se
refere à experiência de
cada aprendiz – ele que
define o que tem ou não
significado para ele.
1
http://www.if.ufrgs.br/~moreira/mapasport.pdf (acesso:04.02.2008)
Esses, diz o autor, não devem ser confundidos com diagramas
de fluxo ou organogramas, por não implicarem em coisas como: “se-
qüência, temporalidade ou direcionalidade, nem hierarquias organiza-
cionais ou de poder”.
Ao falarmos da aprendizagem significativa no contexto da edu-
cação, penso que uma das perguntas importantes que precisamos
responder é a seguinte:
Pergunto então a vo-
cê – qual a resposta para essa pergunta? Caso tenha respondido “pa-
ra os alunos”, respondeu bem. Contudo, isto é ter apenas uma visão
parcial da situação.
O
é, em sua essência, .
Embora nem sempre se consiga que a intencionalidade do ensino resul-
te na aprendizagem esperada, em grande parte, o ensinar e o aprender,
no contexto da escola, tendem a ser (ou deveriam ser) processos corre-
lativos. Nesse sentido, tanto as ações mediadoras do professor, como as
do aluno, precisam ter significado para ambos.
Portanto, há aspectos de
natureza comunal nessa relação,
bem como elementos singulares. Percebeu o porquê de eu ter dito an-
tes que se referir à aprendizagem significativa, apenas do ponto de
vista do aluno, é uma visão parcial da situação toda?
Não há dúvidas de que entender o significado da aprendiza-
gem na perspectiva do aluno é muito importante. Quando o professor
consegue estabelecer uma ponte entre o que tenta ensinar e aquilo
que faz sentido para o aluno, seu ensino tem mais chance de transfor-
mar-se em aprendizagem. Já do ponto de vista do aluno, quando ele
descobre significados no que o professor tenta ensinar, ele se motiva
e se envolve. Desenvolve a sua autonomia.
Agora, por exemplo, é preciso haver conexões entre o que
você aprende e as necessidades da sua vida. Nessa perspectiva,
aprender é uma busca, ou negociação de significa-
dos e de coerências, que envolve tanto dimensões
congnitivo-intelectuais como de âmbito mais subjeti-
vo e social.
40
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: ESPAÇOS, MOVIMENTOS
E RELAÇÕES NO APRENDER A APRENDER
UNIDADE 2 | OS MOVIMENTOS E AS RELAÇÕES NO APRENDER A APRENDER
Natureza comunal.
Significados comuns e
particulares se fazem
presentes no ensinar
e no aprender.
Quando pensamos no caráter singular do sujeito que aprende,
algumas perguntas importantes precisam estar contempladas no tra-
balho pedagógico do professor, tais como:
1. Quem é esta pessoa que está aprendendo? Que interesse e neces-
sidades tem?
2. Que expectativas tem de si, em relação às suas capacidades para
aprender?
3. O que já conhece? O que precisa conhecer?
4. Que pontes precisam ser construídas para que eu (e meu conteú-
do) chegue nessa pessoa, de modo a despertar nela o desejo e a
paixão pelo aprender?
5. Como envolvê-la para permanecer motivada, ao longo da disciplina
ou do curso?
É preciso entender a aprendizagem em termos de criação, dis-
cussão e reflexão (sobre o que se estuda) e não de “reprodução” e, fi-
nalmente, entendê-la como inseparável do processo de desenvolvi-
mento, como um todo (GONZÁLEZ REY, 2006).
Essa perspectiva nos leva a uma dedução lógica: o aluno pre-
cisa ser visto e estimulado para ser, cada vez mais, sujeito de sua
aprendizagem. Pergunto, então:
Se seguirmos González Rey, a resposta é: quando ele é capaz
de desenvolver um roteiro diferenciado em relação ao que aprende,
bem como consegue se posicionar crítica e reflexivamente em relação
à aprendizagem (GONZÁLEZ REY, 2006, p. 40).
41
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: ESPAÇOS, MOVIMENTOS
E RELAÇÕES NO APRENDER A APRENDER
UNIDADE 2 | OS MOVIMENTOS E AS RELAÇÕES NO APRENDER A APRENDER
Quando um aluno pode
ser considerado sujeito da
sua aprendizagem?
Na minha prática profissional, tenho trabalhado com o concei-
to de segundo as concepções de Fink
(2003). Para o autor:
Se a aprendizagem é vista não como a aquisição de
informação, mas como uma
,
os pesquisadores ganhariam novos e valorosos
insights
tanto para o que diz respeito aos mecanis-
mos da aprendizagem, quanto para as vantagens
relativas dos modos de aprendizagem, o controlado
pelo professor e o controlado pelo aluno. (p. 27) –
grifos meus.
Nesse texto, tenho procurado criar situações que possam aju-
dá-lo a refletir, a descobrir e a criar significados. Finalmente, cada um
terá de empregar muito do seu tempo lendo, estudando, refletindo e
escrevendo. Será necessário muito empenho: individual e coletivo (no
caso dos fóruns, por exemplo), para o movimento do aprender.
Estudar, talvez, não seja uma tarefa fácil, mas isso não signifi-
ca que não possa ser prazerosa. Nas mediações textuais que faço
agora, busco criar caminhos para que a vivência da sua aprendiza-
gem aqui seja plena de significados.
É preciso um tempo reflexivo para que cada um tenha condi-
ção de integrar objetos e idéias. Isso explica, em parte, o porquê de
tantos questionamentos ao longo do texto. Tudo tem sido pensado
não só para que aprenda, mas para que se mantenha motivado.
Para mim, a aprendizagem significativa não pode ser vista ape-
nas como um presente, mas sim como significação ou ressignificação
para a vida, no seu todo. Por isso, valorizo a formação continuada das
pessoas como um direito, não uma concessão ou um favor.
Aposto, pois, na argumentação de Fink (2003, p. 9) de que
quando a aprendizagem é significativa, espera-se que o aluno conti-
nue, até bem depois do curso, sendo capaz de:
42
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: ESPAÇOS, MOVIMENTOS
E RELAÇÕES NO APRENDER A APRENDER
UNIDADE 2 | OS MOVIMENTOS E AS RELAÇÕES NO APRENDER A APRENDER
Antes de continuar, pare e pense sobre cada um desses itens.
Busque identificar o motivo pelo qual dizemos que em situação de
aprendizagem significativa, sentimos maior motivação, envolvimento,
entusiasmo, comprometimento e prazer.
Temos, assim, um ambiente favorável para darmos asas à nos-
sa imaginação e criatividade. Ao refletir sobre cada item, assuma uma
dupla perspectiva: considere o presente e, também, o futuro. Deixe
suas reflexões em aberto. Retome-as quando preciso. Quando neces-
sário, elucidar e avaliar o sentido das suas aprendizagens.
A seguir, me proponho a estar junto nesse começo do seu exer-
cício reflexivo. Depois, você escolhe alguém ou segue sozinho – o que
achar melhor, está certo?
Começo perguntando: no seu caso, o que significa
Será que tudo o que
leu e refletiu até agora, está tendo sentido para você? Será que é pos-
sível, de fato, aplicar o que está aprendendo, na sua vida?
Quanto ao
entendo como um desafio permanente, se quiser-
mos viver num mundo sem tantas injustiças e desigualdades. Fazer a
diferença é tanto instigante quanto exigente. Isso porque, muitas ve-
43
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: ESPAÇOS, MOVIMENTOS
E RELAÇÕES NO APRENDER A APRENDER
UNIDADE 2 | OS MOVIMENTOS E AS RELAÇÕES NO APRENDER A APRENDER
Aplicar e usar o que aprendeu em situações
reais da vida.
Descobrir modos de tornar o mundo melhor e,
nele, fazer a diferença.
Desenvolver um senso profundo de curiosidade.
Envolver-se com a aprendizagem continuada.
Vivenciar o “Prazer de Aprender”.
Orgulhar-se do que tem feito e ter sucesso
em qualquer disciplina ou linha de trabalho
que escolher.
Sentir a importância da participação (constru-
ção) comunitária, no trabalho e na vida pessoal.
Ver as conexões entre suas crenças, valores e
ações e aqueles dos outros.
Pensar sobre os problemas de uma forma inte-
grada (não separada ou compartimentalizada).
Perceber a necessidade de mudança no mun-
do e ser um agente dela.
Ser um solucionador criativo de problemas.
Desenvolver habilidades básicas à vida, como
as comunicativas.
Entender e ser capaz de usar princípios do
curso que fez.
Permanecer uma pessoa positiva, a despeito
dos obstáculos e desafios da vida e trabalho.
Ser “Mentor” de outros.
Continuar a crescer como um pensador
crítico.
Como envolvê-la de modo que ela permaneça motivada, ao longo da disciplina ou curso?
zes, a luta por um mundo melhor pode nos colocar numa situação de
ter que “bater de frente” com interesses escusos, que ferem princípios
e valores sociais dignos e democráticos.
Situação assim vê-se na imprensa todos os dias –
os descasos, as omissões, a corrupção. Isso para ficar
apenas nessas três categorias.
Nesse país, ser um profissional reflexivo e crítico na
área da educação é ter que permanecer em estado de aler-
ta, para identificar e combater coisas que não condizem
com a construção da sociedade democrática que sonhamos
e participamos da sua construção. Por exemplo, em deter-
minadas horas, o embate pela defesa da educação pública
torna-se muito forte.
Senti e sinto isso na pele. Não sou a única lutadora.
Outros se juntaram e se juntam a nós – “Bem-vindo ao clube”!
Já ouviu falar que
“a criança é o pai do homem”
? O que isto lhe
diz? Para mim é algo forte: diz-nos sobre o quanto as crianças podem
nos ensinar se estivermos dispostos a ouví-las. E, também, o quanto,
de fato, elas nos ensinam.
Lembra-se do tópico que se referia ao
Esse senso está muito presente nas crian-
ças – independentemente da cultura a que pertença. Por vezes, isso
irrita o adulto, em especial quando estão na fase dos “porquês”. Isso
não deveria ser reprimido. Deveríamos, isso sim, estimular e sempre
que possível perguntar a elas: “que nova pergunta você fez hoje”?
No idioma inglês, no campo da ciência, há uma expressão re-
ferente à ação de perguntar que se aplica bem ao que quero falar ago-
ra:
Scientific Inquiry
. Na educação, isso significa pelo menos duas coi-
sas: 1) um objetivo da aprendizagem – principalmente no ensino que
é feito na área de ciências, e 2) a formação de uma atitude questiona-
dora nos alunos. Veja uma definição desse
scientific inquiry
2
:
44
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: ESPAÇOS, MOVIMENTOS
E RELAÇÕES NO APRENDER A APRENDER
UNIDADE 2 | OS MOVIMENTOS E AS RELAÇÕES NO APRENDER A APRENDER
2
SCIENTIFIC INQUIRY - http://www.pwcs.edu/curriculum/sol/scientific.htm (acesso em:
05.02.2008). Tradução livre.
Ensinar ciência como investigação (ou um questio-
namento –
inquiry
) dá ao professor a oportunidade
para desenvolver as habilidades dos estudantes,
bem como enriquecer o seu entendimento de ciên-
cias. Na medida em que eles se envolvem como o
processo de pesquisa, eles desenvolvem a habilida-
de de fazer perguntas, investigar aspectos do mun-
do ao seu redor e a usar as suas observações para
construir explanações razoáveis para a questão
posta (tradução livre).
As habilidades básicas envolvidas nesse questionamento cientí-
fico são: observar, classificar e seqüenciar, comunicar, medir, predizer,
hipotetizar, inferir, definir, controlar e manipular variáveis em experimen-
tação, desenhar, construir e interpretar modelos, e interpretar, analisar e
avaliar dados. Quanto à aplicação prática do
scientific inquiry
, é dito que
ele pode ajudar o aluno a:
Tome isso para você. Faça questão de, como aprendiz, ter
sempre uma postura questionadora. Pergunte mesmo. Busque enten-
der como uma área de conhecimento relaciona-se com as demais.
Aja! Seja proativo e busque identificar conexões entre o que aprende
e as coisas do mundo, em geral. Explore a abordagem ativa de solu-
ções de problemas. Faça conjecturas. Levante hipótese! Em síntese:
movimente-se!
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: ESPAÇOS, MOVIMENTOS
E RELAÇÕES NO APRENDER A APRENDER
UNIDADE 2 | OS MOVIMENTOS E AS RELAÇÕES NO APRENDER A APRENDER
Fazer conexões com situações do mundo.
Aplicar habilidades matemáticas.
Usar ferramentas para obter,
analisar e avaliar dados.
Sentir-se encorajado para
utilizar uma abordagem
mais ativa de solução de
problemas na aprendizagem
e no pensamento.
Propor respostas, explanações
e predições.
Rever o que já sabe à luz de evidências experimentais.
Use muito o “por quê”?! Mas não se esqueça de também perguntar: e por que não?
E também: como poderia ser diferente? Que caminhos alternativos são possíveis?
O que posso fazer para chegar lá? Uma atitude questionadora faz parte da cons-
trução da autonomia da pessoa dentro e fora do contexto escolar, não é mesmo?
Devo uma explicação. Certamente percebeu que explorei mais
esse terceiro tópico, do que os anteriores. Sabe por quê? Para que te-
nha uma visão mais completa de como as coisas que temos estuda-
do relacionam-se entre si. Deu para ver isso? Bom, agora é a sua vez
- continue esse exercício reflexivo.
Na seqüência, pense sobre o que se faz presente no
, e não abra mão disso! É um direito seu
– querer crescer e se desenvolver como pessoa e como profissional.
O próximo tópico é muito coerente com tudo o que temos fala-
do: vivenciar o
. Espero que seja o que sente ao
ler esse texto. Pelo menos, essa era a intenção.
Portanto: descubra o prazer de aprender. Explore esse infinito
caminho. Dê a ele a sua cara. Crie as suas cores e formas. Finalmen-
te, como gerenciador – ou “maestro” da sua aprendizagem, defina o
que precisa ser os seus passos e compassos. Dê o seu tom, e use to-
do o seu potencial expressivo na interpretação dessa etapa da sua
formação pessoal e profissional.
A seqüência para continuar refletindo você já sabe: orgulhar-se
do que tem feito e ter sucesso em qualquer disciplina ou linha de tra-
balho que escolher; sentir a importância da participação (construção)
comunitária, no trabalho e na vida pessoal; ver as conexões entre
suas crenças, valores e ações e aqueles dos outros; pensar sobre os
problemas de uma forma integrada; perceber a necessidade de mu-
dança no mundo e ser um agente dela e assim por diante.
Pensando bem, nem precisa “respeitar” essa seqüência. Preci-
sa? Crie a sua, do seu jeito! Integre-as à sua maneira.
2.4 Estratégias e recursos de aprendizagem
em EaD
Se a sua aprendizagem – nessa disciplina e no curso em ge-
ral – precisa ser significativa, isto requer de você, no momento, pelo
menos duas importantes coisas que se complementam. São elas:
.
46
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: ESPAÇOS, MOVIMENTOS
E RELAÇÕES NO APRENDER A APRENDER
UNIDADE 2 | OS MOVIMENTOS E AS RELAÇÕES NO APRENDER A APRENDER
No primeiro caso refiro-me à necessidade de você mesmo des-
cobrir como o curso, no geral, e esta disciplina em particular, podem con-
tribuir para que você cuide do seu principal ofício agora: o de
Para você, que já ensina, essa é uma aprendizagem que pode-
rá ser muito útil, também, para os seus alunos. Quando nos planeja-
mos para a aprendizagem, e temos uma visão do todo, temos maior
condição para chegar a melhores resultados.
Portanto procure, desde já, ter uma visão geral do seu curso e
de cada disciplina. A seguir, defina seu esquema de estudos e traba-
lho e construa o seu cronograma de cada uma das disciplinas do cur-
so. A seguir, proponho um modelo de cronograma. Veja se ajuda a vo-
cê na montagem do seu.
Período de Oferta: (data de início e fim)
Veja que trabalhei do fim para o começo – do enceramento da
disciplina, para o seu início. Penso que assim você terá uma visão mais
real do que precisa ser feito e de como distribuir melhor o seu tempo.
Não deixe isso para trás! A definição de um cronograma como
esse – disciplina por disciplina – pode ajudá-lo a não correr o risco de
se perder ao longo do caminho, ou “morrer na praia”. Finalmente, es-
se curso não é a única atividade da sua vida. Cuidado: não se enga-
ne – um cronograma desse só funciona mesmo, se respeitado.
Uma outra estratégia que pode ajudá-lo a planejar os seus es-
tudos é fazer um levantamento real do seu tempo hoje. Analise isso
na base de uma semana – o que você normalmente faz nesse espa-
ço de tempo.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: ESPAÇOS, MOVIMENTOS
E RELAÇÕES NO APRENDER A APRENDER
UNIDADE 2 | OS MOVIMENTOS E AS RELAÇÕES NO APRENDER A APRENDER
Atividades Semana 1 Semana 2 Semana 3
1. Encerramento
da Disciplina X
2. Envio da
atividade avaliativa X
3. Revisão da
atividade avaliativa X
Uma ex-aluna, por
exemplo, ao levantar o seu
tempo semanal regular,
descobriu que não teria
disponibilidade para
estudar. Então criou um
tempo extra: passou a
acordar uma hora mais
cedo, para fazer isso antes
do trabalho. Saiu-se muito
bem no curso.
Criei um modelo de “Horário” para você. Veja se a sugestão in-
dicada lhe é útil.
Feito esse seu levantamento, não se esqueça de considerar,
no seu planejamento semanal de estudos, a necessidade de reser-
var espaços para: o lazer, a atenção à família, o namoro, os amigos.
Atente, também, para os imprevistos – trabalhe com uma margem
de segurança. Eles sempre ocorrem. Acredite! Quando não se está
prevenido para essa possibilidade, isso traz muita tensão no desen-
rolar do curso.
Falávamos da importância da “clareza” e “atitude”. Aplicando-
os, agora, devo insistir no cumprimento do seu planejamento de estu-
dos. Já no que se refere à atitude, falo numa movimentação sua que
precisa contemplar coisas que permitam a você:
descobrir modos de se organizar e construir a sua autonomia, co-
mo alguém que estuda e precisa aprender, a distância;
se estruturar e se organizar para estudar, de modo sistemático;
não abrir mão desse planejamento semanal;
fazer questão de ser uma pessoa proativa e participativa e, também,
estimular seus colegas de curso para fazerem o mesmo.
Se perceber a ocorrência de “falhas” no cumprimento do tem-
po que reservou para estudar, só tem uma saída: mude para um ou-
tro mais plausível. Assegure-se de que respeitará esse novo horário.
Muitas coisas vão competir pela sua atenção. Seja firme na sua deter-
minação! Se precisar, peça apoio aos colegas, aos seus familiares e
a outras pessoas próximas, mas não desista!
Essa é uma oportunidade privilegiada e já está em suas mãos.
Outras poderão não vir. Esse curso não é um “favor”. Ele é uma con-
quista e um direito seu. Não abra mão disso. Crie os seus “momentos
de glórias”. Ajude os seus colegas a construírem os deles. Vença ca-
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: ESPAÇOS, MOVIMENTOS
E RELAÇÕES NO APRENDER A APRENDER
UNIDADE 2 | OS MOVIMENTOS E AS RELAÇÕES NO APRENDER A APRENDER
Horário Semanal de Atividades
Horas Atividades
Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo
08
09
da obstáculo. Orgulhe-se de você. Acostume-se a se parabenizar. No
final, verá que tudo terá valido a pena.
Uma atitude sempre necessária em educação a distância é estar
disposto à
interação e à participação. Esses são movimentos muito sig-
nificativos para quem estuda e precisa aprender a distância. Interaja com
o seu tutor tanto quanto com os seus colegas. Interaja com aquilo que lê.
Interaja com a tecnologia disponível. Mas isso não é tudo...
Revendo algumas coisas já ditas, e acrescentado novas, sugi-
ro que a sua interação nesse curso implique coisas como:
fazer perguntas, sempre, e pesquisar;
buscar informações adicionais;
partilhar informações, experiências e conhecimentos nos fóruns;
evitar assumir uma postura passiva ou acrítica;
evitar acumular dúvidas;
evitar atrasos no seu cronograma – quanto ao ritmo de suas leitu-
ras, à elaboração e ao envio das atividades avaliativas solicitadas.
49
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: ESPAÇOS, MOVIMENTOS
E RELAÇÕES NO APRENDER A APRENDER
UNIDADE 2 | OS MOVIMENTOS E AS RELAÇÕES NO APRENDER A APRENDER
Quer uma sugestão de
leitura para entender
melhor a
interação participação
Então, veja o trabalho de
Verônica Thurmond e
Karen Wambach:
Towards
an Understanding of
Interactions in Distance
Education
. Apesar de estar
em inglês, recomendo-o por
se tratar de uma breve
revisão da literatura sobre
o significado do termo
interação, no contexto
da EaD.
http://www
.eaa-
knowledge.com/ojni/ni/8_2/
interactions.htm (acesso
em: 12.01.08).
50
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: ESPAÇOS, MOVIMENTOS
E RELAÇÕES NO APRENDER A APRENDER
UNIDADE 2 | OS MOVIMENTOS E AS RELAÇÕES NO APRENDER A APRENDER
Finalizamos a Unidade 2. Aqui, es-
tudamos temas importantes sobre
as manifestações do aprender a
aprender em EaD.
Buscamos mostrar a relação existente entre cultu-
ra – corpo – movimento – educação.
Constatamos que a aprendizagem é essencial à vi-
da, ao desenvolvimento e faz parte das nossas ex-
periências. Somos, sempre, aprendizes e ninguém
aprende pelo outro.
Nessa relação do aprender, vimos algo sobre a
metacognição, e que a aprendizagem significativa
implica na atribuição de significados pela pessoa,
sobre o quê aprender. Vimos a importância que se
deve dar à disposição para aprender. Falamos, as-
sim da necessidade de haver sentido entre o que
se aprende e a vida.
Além disso, é fundamental que você questione,
pergunte. A partir das dúvidas, as fronteiras do co-
nhecimento podem se expandir.
Envolva-se com a sua aprendizagem, tenha prazer
de aprender. Diante de qualquer dificuldade, envie vá-
rios S.O.S. Estudar a distância não é estar sozinho.
Fundamentalmente, comprometa-se com um de-
sempenho pessoal de qualidade e com a conclusão
do seu curso. E nem pense em desistir, porque es-
te curso não é um favor que lhe prestam e sim uma
oportunidade de “agarrar” o que é seu, por direito!
51
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: ESPAÇOS, MOVIMENTOS
E RELAÇÕES NO APRENDER A APRENDER
Palavras finais
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: ESPAÇOS, MOVIMENTOS
E RELAÇÕES NO APRENDER A APRENDER
Neste momento, procuro realizar um fe-
chamento, uma conclusão sobre tudo o que
conversamos. Espero que as reflexões extrapo-
lem o ambiente da disciplina e do curso, e
preencham outros espaços da sua vida, inspi-
rando seus pensamentos e a organização das
suas ações, no desenrolar dos múltiplos papéis
da sua existência.
Ao concluir nosso diálogo, quero que sai-
ba que embora não tenha explicitado, orientei-
me pelo conceito de “pertencimento”.
Desse modo, espero ter despertado em
você um sentimento positivo em relação à EaD
e, também, ajudado a sentir-se um participante
efetivo do curso, como alguém realmente in-
substituível – ninguém pode ter o seu olhar ou
oferecer as contribuições advindas das suas re-
flexões e experiências de vida.
Precisamos de você entre nós. Nossa
filosofia é: “nenhum a menos”.
Portanto, você é uma pessoa indispensá-
vel aqui. Sinta-se, assim, parte da equipe que
constrói esse curso, e perceba-se uma pessoa
desejada e querida. Na educação infantil apren-
demos sobre a importância de integrar o “cui-
dar” e o “educar”.
Partilho isso com você agora. Cuide bem
de você e da sua educação. Cuide bem do
seu
,
e do
nosso
curso. Essa não é uma oportunida-
de qualquer.
É preciso, pois, escolher bem os cami-
nhos da aprendizagem – individual e socialmen-
te. Portanto, se organize para aprender. Sempre
que puder, ajude aos seus colegas a fazerem o
mesmo. Escolha ser uma pessoa autônoma e
feliz. Finalmente, fazemos as nossas escolhas
na vida e, ao mesmo tempo, elas nos fazem.
Espero que para você, o nosso diálogo
tenha sido uma experiência de aprendizagem
significativa, como foi para mim.
52
Saiba +
http://www.culturabrasil.org/portinari.htm
http://www.presidencia.gov.br/criancas/personalidades/
Artes/integra_portinari/
http://www.portinari.org.br/
http://pt.wikipedia.org/wiki/Almeida_J%C3%BAnior
http://www.pitoresco.com/laudelino/almeida_junior/
almeida_juor.htm
http://www.ibmcomunidade.com/lv/portinari/ip/
ltlesson.nsf/forPrinting/FF4C0F0E3E031FFC03256CD
900642543?OpenDocument
http://www.cecac.org.br/Artes_Almeida_Jr.htm
http://www.unicamp.br/unicamp/unicamp_hoje/ju/
outubro2006/ju340pag8c.html
MOREIRA, Marcos Antonio. Mapas Conceituais e Aprendizagem Significativa. http://www.if.ufrgs.br/~moreira/
mapasport.pdf
DUTRA, Ítalo Modesto. Novas formas de aprender, novas formas de avaliar.
http://www.tvebrasil.com.br/salto/boletins2005/nfa/tetxt5.htm
NOVAK, J.D.; MINTZES, J.J. e WANDERSEE, J.H. (Ed.) (2000). Ensinando ciência para a compreensão:
Uma visão construtivista. Lisboa: Plátano Edições Técnicas.
MASINI, Elcie F. Salzano. Psicopedagogia na escola: Buscando condições para aprendizagem significativa.
São Paulo: Loyola, 1993.
MARTINS, Renata Lacerda Caldas. A utilização de mapas conceituais no estudo de física no ensino médio:
uma proposta de implementação. Dissertação (mestrado) Universidade de Brasília, Instituto de Física/
Química, Programa de Pós-graduação em Ensino de Ciências, 2006.
MOREIRA, Marco A. Ensino e aprendizagem: Enfoques teóricos. São Paulo: Morais, 1985.
NOVAK, J. D; GOWIN, D. Bob; KAHLE, Jane Butler. Learning How to Learn. Cambridge University Press, 1984;
_________________. Learning, Creating, and Using Knowledge: Concept Maps(tm) As Facilitative Tools in
Schools and Corporations. New Jersey, Lawrence Erlbaum Associates, 1998.
FARIA, Wilson de. Mapas Conceituais: aplicações ao ensino, currículo e avaliação. São Paulo: EPU, 1995 –
(Temas básicos da educação e ensino).
MOREIRA, Marco Antonio. Aprendizagem significativa. Brasília: Ed. da UnB, 1998.
______________________. A teoria da aprendizagem significativa e sua implementação em sala de aula.
Brasília: Universidade de Brasília, 2006.
______________________. MASINI, Elcie F. Salzano. Aprendizagem significativa: a teoria de David Ausubel.
2. ed. São Paulo: Centauro, 2006.
Em seu “mapeamento geral” para o curso, seria útil compreender um pouco mais Biblioteca Virtual de
EAD – CNPq – Prossiga: http://www.prossiga.br/edistancia/
A Biblioteca da Associação Brasileira de Educação a Distância – ABED
http://www.abed.org.br/publique/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?sid=15&UserActiveTemplate=4abed
Portal do MEC/ Secretaria de educação a distância: http://portal.mec.gov.br/seed/
Acesso ao Documento (em PDF) dos referenciais:
http://portal.mec.gov.br/seed/index.php?option=com_content&task=view&id=62
Referências gerais sobre EAD no endereço: http://bve.cibec.inep.gov.br/Biblioteca.htm
Entrando no Catálogo de Referências – Dedalus (USP-SP), você encontrará quase 500 referências a tra-
balhos sobre EAD. Os endereços abaixo são importantes para a sua pesquisa:
http://dedalus.usp.br:4500/ALEPH/por/USP/USP/DEDALUS/FIND-A?FIND=Todos&BASE=Todas+as+
Bases&VALUE=educa%E7%E3o+a+dist%E2ncia
http://dedalus.usp.br:4500/ALEPH/por/USP/USP/DEDALUS/find-a?
A Biblioteca de teses e dissertações da UNICAMP tem muitos trabalhos na íntegra que podem ser trazi-
dos para o seu computador. Não é complicado fazer isso, mas você precisa se registrar informando uma
senha e um e-mail válido. Uma listagem dos trabalhos gerais na área da educação você encontra em:
http://libdigi.unicamp.br/document/list.php?tid=27.
A parte mais específica sobre EAD está no endereço:
http://libdigi.unicamp.br/document/results.php?words=educa%E7%E3o+a+dist%E2ncia
53
Um outro endereço mais especifico da UNICAMP, em relação à educação a distância é o seguinte:
http://woodstock.unicamp.br/nou-rau/ead/
Será útil ler um trabalho bem introdutório e abrangente sobre EAD, de autoria de Ivônio Barros Nunes,
com acesso no endereço:
http://woodstock.unicamp.br/nou-rau/ead/document/?code=3
Há alguns trabalhos sobre EAD – na íntegra, no Scielo. O endereço é:
http://www.scielo.br/cgi-bin/wxis.exe/iah/
Se quiser ver a coleção dos temas que se tem na área de educação, comece a sua navegação pelo
endereço: http://www.scielo.br/cgi-bin/wxis.exe/iah/
Uma relação grande de referências de trabalhos sobre EAD você encontra no Portal da CAPES – Banco
de Teses: http://servicos.capes.gov.br/capesdw/
No espaço de “Assunto”, digite educação a distancia, ou melhor – “educação a distancia”. Ao fazer isso,
obtive um total de 1.211 trabalhos (acesso em 05.02.2008).
Veja trabalho de Verônica Thurmond e Karen Wambach: Towards an Understanding of Interactions in
Distance Education. Apesar de estar em inglês, recomendo-o por se tratar de uma breve revisão da lite-
ratura sobre o significado do termo interação, no contexto da EaD.
http://www.eaa-knowledge.com/ojni/ni/8_2/ interactions.htm (acesso em: 12.01.08).
54
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A Cognitive View, 2ª ed. (1978).
New York: Holt, Rinehart & Winston. Reprinted (1986). New York: Warbel & Peck.
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Educational psychology:
A cognitive view. Nova Iorque: Holt, Rinehart and Winston. 1978.
____________.
Psychology of meaningful verbal learning:
An introduction to school learning (the). New York:
Grune & Stratton, 1968.
____________.
A aprendizagem significativa:
a teoria de David Ausubel. São Paulo: Moraes, 1982.
____________.
Aquisição e retenção de conhecimentos:
uma perspectiva cognitiva. Portugal: Editora Plátano, 2003.
BORTONI-RICARDO, Stella Maris.
Educação em língua materna:
a sociolingüística na sala de aula. São
Paulo: Parábola, 2004.
____________.
Nós cheguemu na escola, e agora?
Sociolingüística e educação. São Paulo: Parábola, 2005.
CHIOUZA L.A.;
Corpo, afeto e linguagem
. Buenos Aires: Alianza, 1995.
DANTAS, E. H.M. (org.);
Pensando o corpo e o movimento
. Rio de Janeiro: Shape, 1994.
DAOLIO, J.
Educação Física e o Conceito de Cultura.
Campinas, SP: Autores Associados, 2004.
DAVIS, Claudia; NUNES, Marina M. R.; NUNES, Cesara. A.
Metacognição e sucesso escolar:
articulando
teoria e prática
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Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/cp/v35n125/a1135125.pdf (acesso:12.01.2008)
DECONTO, Neuza Maria.
Educação, arte e movimento.
Brasília: Universidade de Brasília, 2007.
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A Metacognição:
um apoio ao
trabalho dos alunos. Porto: Porto Editora, 1999.
FLAVELL, J. H.
Cogntive Development
. New Jersey: prentice Hall; Englewood Cliffs, 1985.
GRANGEAT, M. (coord.)
A Metacognição:
um apoio ao trabalho dos alunos. Porto: Porto Editora, 1999.
FINK, L. Dee.
Creating Significant Learning Experiences:
An Integrated Approach to Designing College
Courses. John Willey & Sons, Inc. San Francisco, CA. 2003.
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Vigiar e punir:
nascimento da prisão. Tradução de Raquel Ramalhete. Petrópolis: Vozes, 1987.
GIACOMINI, Sonia Maria
O corpo como cultura e a cultura do corpo
: uma explosão de significados. Physis:
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. Campinas, C. P: Papirus, 1994.
55
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http://www.anped.org.br/rbe27/anped-n27-art08.pdf
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. 4. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1982.
____________.
Gênese das Estruturas Lógicas Elementares
. Trad. Álvaro Cabral. Rio de Janeiro: Zahar, 1970.
____________.
A Equilibração das Estruturas Cognitivas. Problema central do desenvolvimento.
Trad.
Álvaro Cabral. Rio de Janeiro: Zahar, 1976.
____________.
A Linguagem e o Pensamento da Criança.
Trad. Manuel Campos. São Paulo: Martins
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The e-Learning Guild's Handbook of
e-Learning Strategy
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A imagem do corpo:
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E RELAÇÕES NO APRENDER A APRENDER
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ARMENGOL, M.C.
Universidad sin classes:
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PELIZZARI, Adriana; KRIEGL, Maria de Lurdes; BARON, Márcia Pirih; FINCK, Nelcy Teresinha Lubi; e
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Rev. PEC
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Towards an Understanding of Interactions in Distance Education
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http://www.eaa-knowledge.com/ojni/ni/8_2/interactions.htm (acesso em: 12.01.08)
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