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A ludoterapia dentro do Contexto Hospitalar
Cristiane Fernandes
Resumo:
O processo de hospitalização para a criança e o adolescente, em muitos
casos representa a perda de sua vida social, de seus brinquedos e de suas
fantasias. A utilização da técnica de ludoterapia dentro do contexto hospitalar
tem a finalidade de resgatar a sociabilidade e a fantasia perdida durante este
processo.
O objetivo deste estudo é, descrever uma experiência de estágio em
Psicologia e Saúde no Contexto Hospitalar referente a graduação em
Psicologia, a partir de uma intervenção com um adolescente portador de
Neuropatia, que se encontrava internado no Hospital Infantil da cidade de
Cachoeiro de Itapemirim/ES a aproximadamente oito dias, no ano de 2011.
O presente trabalho foi balizado por revisões bibliográficas de vários autores
que descreverão o uso da técnica em ludoterapia, a implantação de
brinquedotecas e o uso de espaços específicos no contexto hospitalar, como
forma de amenização de sofrimentos psíquicos em crianças e adolescentes
durante o processo de hospitalização.
Palavras Chave: Ludoterapia; Brincar ; Hospitalização; Brinquedoteca
Abstract:
The process of hospitalization for children and adolescents, in many cases is
the loss of their social life, their toys and their fantasies. Using the technique of
play therapy within the hospital context is intended to recover lost sociability and
imagination during this process.
The aim of this study is to describe the experience of the stage from a specific
intervention with a teenager neuropathy, who was hospitalized at Children's
Hospital of the city of Cachoeiro of Itapemirim / ES approximately eight days in
2011.
This work was buoyed by literature reviews of several authors who describe the
use of the technique in play therapy, the implementation of toy libraries and the
use of specific spaces in the hospital, as a way of alleviating psychological
distress in children and adolescents during the hospitalization.
Key words: Play Therapy; Play; Hospitalization; Toy
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INTRODUÇÃO
O processo de hospitalização para a criança e o adolescente, em muitos casos
representa a perda de sua vida social, de seus brinquedos e de suas fantasias.
A utilização da técnica de ludoterapia dentro do contexto hospitalar tem a
finalidade de resgatar a sociabilidade a fantasia perdida durante o processo de
hospitalização e fomentar a elaboração de conteúdos e provocam sofrimento
psíquicos em pacientes internados .
De acordo com Fortuna (2007) as brincadeiras e os brinquedos, funcionam,
como mediadores da relação do homem com o mundo, modifica a percepção e
a compreensão que dele se tem, constituindo-se em genuínas ferramentas
para aprender a viver , viver inclusive em sociedade, que brincar também é
uma atividade social que tem especial característica de permitir a reconstrução
das relações sociais sem fim utilitário direto, enquanto ensina a viver em um
mundo culturalmente simbólico.
A Ludoterapia é uma alternativa terapêutica que possibilita na criança e no
adolescente um momento de regaste a sociabilidade que ficou em segundo
plano devido ao processo de hospitalização que as enfermidades demandam.
Esta técnica faz uso da brincadeira do lúdico - da utilização de espaços e de
comportamentos diferenciados por parte de todo corpo de funcionários
psicólogos; médicos; enfermeiros; gestores; assistentes sociais etc. para
resgatarem a fantasia no paciente, e a partir da fantasia, a promoção a
elaboração e a amenização de sofrimentos psíquicos e angústias que as
enfermidades acarretam.
O objetivo deste artigo é descrever o emprego da técnica de Ludoterapia em
um paciente Neuropata, que se encontrava em processo de internação no
Hospital Infantil, na cidade de Cachoeiro de Itapmeirim/ES no ano de 2011,
durante o período de estágio específico em Psicologia e Saúde no Contexto
Hospitalar, focando a intervenção utilizada.
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Para fazê-lo, foi realizada uma revisão literária com material bibliográfico sobre
Ludoterapia, Brinquedoteca Hospitalar, Crianças Deficientes, e várias
referencias de textos e artigos especializados.
TÉCNICA DE LUDOTERAPIA UMA BREVE INTRODUÇÃO
Segundo Axline (1972), a Ludoterapia se baseia na premissa que o
jogo/brincadeira é um meio natural da criança se expressar. O método pode ser
de forma diretiva, onde o terapeuta assume a responsabilidade de orientação e
interpretação do processo terapêutico, ou o método não diretivo onde é a
criança quem assume a responsabilidade sobre seus comportamentos. Esta
técnica, se estrutura no alicerce de a vida ser um processo dinâmico e relativo,
e que o sujeito esta em constante mudança, ou seja, o que aconteceu ontem,
amanhã pode não ter mais o mesmo significado hoje.
Axline (1972) esclarece que, a ludoterapia não diretiva, se baliza pela
premissa de que o sujeito possui dentro de si capacidade para resolver seus
próprios problemas. Nesta forma de terapia o indivíduo pode ser ele mesmo,
expressando o que ele é sem nenhum tipo de imposição.
A sala de Ludoterapia é o local onde a criança é a pessoa mais importante é
ela quem se auto gerencia, ela é aceita do jeito que ela é. O terapeuta participa
reforçando sentimentos de segurança e neste local a criança ganha autonomia
sobre seus atos:
“[...] Sendo o brinquedo seu meio natural de auto-expressão lhe
é dada a oportunidade de, brincando, expandir seus
sentimentos acumulados de tensão, frustração, insegurança,
agressividade, medo, espanto e confusão. “[...] Descobrir seu
caminho, testar a si próprio, deixar revelar sua personalidade,
tomar a responsabilidade por seus próprios atosisso é o que
acontece durante a terapia. (AXLINE, p.15 e 18).
Na ludoterapia de grupo não diretiva, a função é a avaliação simultânea dos
comportamentos e da personalidade de uma criança e relação às outras
crianças do grupo, pois o grupo terapêutico representa para criança um grupo
realmente verdadeiro, ou seja, desencadeia na criança reações naturais que
ela expressa em seu dia a dia, tornando possível para o terapeuta, desenvolver
nela um sentimento de respeito uma para com as outras.
Axline (1972) destaca ainda que, em casos de problemas de ajustamento
social a terapia em grupo pode ser benéfica, mas em casos de dificuldades
emocionais graves, a terapia individual parece ser melhor indicada.
ESTABELECENDO RAPPORT
De acordo com Axline (1972), ao primeiro contato da criança com o terapeuta,
este, deve expressar um sorriso sincero indicando calor, amizade e
acolhimento. A criança deve se sentir protegida e acolhida como ela é sem
nenhuma forma de pré julgamento ou discriminação.
Segundo Scheeffer (1985), o acolhimento se caracteriza pela aceitação,
compreensão e a capacidade de comunicação. A aceitação é demonstrada
através da hospitalidade, do interesse, do apreço, da expressão do corpo, na
emissão de sentimentos sinceros para com a condição do paciente/criança
durante o processo. Para que haja compreensão é necessário que o terapeuta
(tente) se coloque no lugar da criança, e compreenda ao máximo como o
sofrimento a afeta. a comunicação deve ser feita através da reflexão do
conteúdo emocional em vez do conteúdo fatual. A reflexão fomenta clareza do
conteúdo emocional, que promove na criança uma percepção objetiva de suas
emoções, que consequentemente a ajuda a compreender melhor seu
sofrimento.
A IMPORTANCIA DO BRINCAR
Barreto (2007) em seu trabalho frisa a importância da atividade lúdica o
brincar para o processo terapêutico e para a socialização e aprendizado da
criança. Ela destaca que tais atividades possibilitam às crianças revivenciar de
forma elaborativa as angústias que em seu cotidiano as oprimem e causam
sofrimento.
Ainda de acordo com a autora, as brincadeiras promovem encontros com seus
iguais, possibilitam interação social, promovem autonomia, reciprocidade,
capacidade de raciocínio e de argumentação, ou seja, o brincar promove
benefícios terapêuticos e desenvolvimento físico, mental e social na criança
que brinca.
Fortuna (2007) em seu texto “Brincar Viver e Aprender”, também defende que
o brincar é uma atividade real para aquele que brinca, para ela é através da
brincadeira que se liberta um trauma, ou seja, brincar é uma linguagem, uma
forma de expressar os sentimentos e libertar comportamentos. Brincar possui
um caráter elaborativo, que produz e resulta em transformações. As
brincadeiras e os brinquedos, funcionam, como mediadores da relação do
homem com o mundo, modifica a percepção e a compreensão que dele se
tem, constituindo-se em genuínas ferramentas para aprender a viver , viver
inclusive em sociedade, já que brincar também uma atividade social que tem
especial característica de permitir a reconstrução das relações sociais sem fim
utilitário direto, enquanto ensina a viver em um mundo culturalmente simbólico.
Fortuna (2007) em seu texto “Brincar Viver e Aprender”, aborda vários
questionamentos sobre a importância do brincar no hospital. Segundo o autor,
brincar é uma atividade real para aquele que brinca, é através da brincadeira
que se liberta um trauma, ou seja, brincar é uma linguagem, uma forma de
expressar os sentimentos e libertar comportamentos. Brincar possui um caráter
elaborativo, que produz e resulta em transformações. As brincadeiras e os
brinquedos, funcionam como mediadores da relação do homem com o mundo,
modifica a percepção e a compreensão que dele se tem, constituindo-se em
genuínas ferramentas para aprender a viver , viver inclusive em sociedade,
que brincar também uma atividade social que tem s especial característica de
permitir a reconstrução das relações sociais sem fim utilitário direto, enquanto
ensina a viver em um mundo culturalmente simbólico.
Uma hospitalização para a criança significa a separação da família dos
brinquedos, da escola, dos professores, dos colegas, limitação, desconfiança e
ter que confiar em quem não se conhece. Tais limitações provocam uma
desordem subjetiva que desencadeiam distúrbios de comportamentos, fobias,
agitação psicomotora, suscetibilidade às infecções, anorexia, vômitos, insônia,
depressão e regressões, que são diagnosticadas e tratadas erroneamente
como problemas orgânicos.
Ao brincar a criança mostra o que sente, libera tensões provocadas pela
internação e favorece a adesão ao tratamento.
As atividades lúdicas/brincar para crianças, são extremamente importante
para a elas dentro do seu convívio social (para a promoção da
socialização/viver em sociedade), escolar (no processo de aprendizado) e na
elaboração de seus sofrimentos em decorrência de algum trauma, doença,
hospitalização, e é uma ferramenta extremamente valiosa para o psicólogo
fazer uso - balizado por técnicas científicas – durante o processo terapêutico.
A BRINQUEDOTECA NO CONTEXTO HOSPITALAR
Segundo Cunha (2007), a hospitalização gera na criança uma quebra em sua
rotina, e este fator fomenta na criança insegurança, tristeza e pânico, pois ela
não sabe como lidar em um ambiente estranho que não lembra em nada a
sua casa, seus brinquedos.
“[...] A preocupação com o bem estar da criança hospitalizada e
a vontade de diminuir seu sofrimento têm provocado algumas
iniciativas importantes. Por se o brincar essencial `saúde e ao
desenvolvimento infantil, ele não pode ser interrompido pela
hospitalização, sob pena de agravar as condições que levaram
a criança a ser hospitalizada. O brincar traz satisfação
emocional e autoconfiança, portanto deve ser encarado como
uma atividade terapêutica por excelência. (p.71)
Ainda segundo Cunha (2007), a idéia do uso de brinquedos em hospitais surgi
em 1956 na Suécia por Yvonny Linduist, e logo após a idéia foi implantada no
hospital Karolinska de Estocolmo, com o apóio do Dr. Jonh Lind. Os resultados
foram tão positivos que o médico afirmou que ele não podia mais imaginar
tratamentos eficazes em pediatria que não contassem com a terapia pelo
brinquedo. Em 1984, em pesquisa realizada no Hospital da Cruz Vermelha em
Bruxelas, chegaram à conclusão que o trabalho desenvolvido por voluntários
( brincando com crianças) uma vez por semana, provou ser de extrema
utilidade, sendo necessário a ampliação dos atendimentos (brincadeiras) todos
os dias da semana. A partir destes acontecimentos, as briquedotecas foram
surgindo dentro dos hospitais.
Os objetivos de uma brinquedoteca, e preparar a criança para enfrentar a
situação da hospitalização, reduzindo danos que este processo possa gerar e
preservar a saúde emocional da criança.
ENFERMARIA DE PEDIATRIA E A ATUAÇÃO DO PSICOLOGO
Segundo Lindquist (1993), a cooperação/interação entre todos os profissionais
que estão em contato com a criança, promove um ganho tanto para os
profissionais quanto para a instituição, pois ela fomenta na criança confiança,
bem estar e segurança.
Lindquist (1993), destaca a importância de ao serem hospitalizadas as
crianças ficarem no setor de pediatria, pois nestes setores a criança será
tratada de um forma completa, ou seja, tratada como criança e suas
necessidades peculiares serão supridas.
De acordo com Batista (2010) , as crianças hospitalizadas que apresentam
quadro de doenças crônicas, neurológicas, infecciosas e acidentadas com
tempo de internação superior a cinco dias, tendem a desenvolver transtornos
psicológicos e /ou comportamentais. O papel do psicólogo, no ambiente
hospitalar, deve ser de observador e de interprete flexível no que diz respeito
aos anseios do paciente. No que diz respeito às crianças hospitalizadas, faz se
importante considerar questões como as reações da criança no processo
familiar, ambiental e do processo evolutivo em que ela se encontra.
Ainda de acordo com Batista (2010), as reações psicológicas nos processos
de doença e hospitalização são: regressão e passividade. A não
adaptabilidade à hospitalização pode corresponder à relação da criança com a
equipe de saúde, resultante do estresse profissional da equipe.
A avaliação psicológica se faz importante por que se bem feita, pode reduzir o
tempo de internação, o número de reinternação e redução de custo de
tratamentos médicos. A avaliação psicológica tem como objetivo promover bem
estar biopsicossocial dos pacientes e de seus familiares, atuando de forma
integrada
com os demais profissionais de saúde, objetivando uma visão global do
paciente dentro do enfoque interdisciplinar.
Quanto ao comportamento dos pais Lindquist (1993), salienta a importância de
explicarem para criança a sua real situação, e evitarem dramas
desnecessários.
Quanto ao fato de isolarem a criança para descansar, Lindquist (1993)
esclarece que para a criança e extremante desconfortante o fato de ficarem
paradas por muito tempo, elas precisam sair dos leitos, das cadeiras de rodas
e se possível entrarem em contato com a natureza, como por exemplo irem ao
jardim do hospital receberem algum tipo de presente e interagirem com as
pessoas do ambiente para que possam se sentir iguais a seus companheiros
de internação.
De acordo com Lindquist (1993), os recursos humanos são de extrema
importância para promoção do bem estar de vítimas de problemas psíquicos,
um ambiente agradável, pessoas bem treinadas e um bom equipamento para
brincar são tão importantes para sua qualidade de vida das crianças e
adolescentes em processo de hospitalização quanto o asseio ou uma faxina
bem feita.
CRIANÇAS DEFICIENTES HOSPITALIZADAS
Lindquist (1993), fala sobre os desalentos dos pais em relação à seus filhos
portadores de deficiências físicas. Enfatiza que os exercícios físicos não devem
ser colocados em segundo plano e que os pais devem insistir nos exercícios
físicos e nas atividades lúdicas (brincadeiras), mas não esquecendo que estes
devem ser adaptados ao desenvolvimento mental da criança. Caso a criança
seja muito comprometida, pode-se estimular a pintura com dedos da mão ou
braço, participação em peças de teatro, bandinhas de música, jogo de loto,
audição de estórias ou contos.
Ainda Lindquist (1993), de acordo com crianças deficientes motoras não
devem passar mais tempo no leito do que outra criança da mesma idade.
“[...] as crianças devem ser colocadas no chão sem coberta ou
almofada, de preferência com os pés descalços, de modo que
possam agarrar com mos pés se quiserem mover-se. Colocara
ao redor delas brinquedos atraentes e coloridos para incitá-las
a pegarem-nos. Chamá-las pelo nome com freqüência para
que tentem levantar a cabeça procurar quem chama ou voltar-
se ou rolar para se aproximar” (p. 68)
Lindquist (1993), salienta ainda que, a criança portadora de deficiência deve
se sentir segura e descontraída, sentido-se capaz de completar suas atividades
sozinha, ou seja é necessário que o terapeuta e pais promovam autonomia na
criança dentro de suas possibilidades.
A participação ativa dos pais e a fomentação da autonomia da criança, e
extremamente benéfico para a promoção de sua qualidade de vida em
processo de hospitalização.
A CRIANÇA, A MORTE E A HOSPITALIZAÇÃO
kovacs (2007), fala sobre a perda de pessoas próximas e o sofrimento que
acontecimento acarreta para a criança. O não falar com a criança sobre o
ocorrido morte para protegê-la, pode ter efeito contrário e provocar mais
sofrimento, pelo fato da criança ainda não saber o que está acontecendo e nem
possuir experiências de como lidar com os sentimentos que surgem diante da
perda.
Ainda de acordo com kovacs (2007), o trabalho psicoterápico, nas mais
diversas abordagens, aponta que a criança percebe toda movimentação a
cerca da morte e expressa seus sentimentos e angústias nas brincadeiras ou
atividades gráficas.
A perda da mãe para uma criança durante o período sensório motor e sentida
como aniquilação e abandono. Durante o adoecimento em um hospital a
criança necessita dos seguintes cuidados:
“[...] - pessoas familiares próximos principalmente mãe ou
pessoa que seja do convívio da criança, que possa estar
presente o maior tempo possível;
- muito contato físico, mesmo que a criança esteja no leito com
sondas e tubos;
- oferecer estímulos que favoreçam o exercício e a exploração,
fazendo adaptação para que possam ser instalados no leito; (p.
22).
Durante o período pré operacional de acordo com kovacs (2007) , ocorrem as
principais descobertas sobre o fenômeno morte. Durante este período, a
representação do pensamento mágico onipotente e a morte é percebida como
reversível.
kovacs (2007) ressalta ser importante dar espaço para expressões de
sentimentos da criança e ao conversar a ela, faz se necessário o uso de
clareza nas informações, a respeito da morte.
Durante o período maturacional em caso de hospitalização é importante que
se espaço a fantasia e ao faz de conta da criança, reservando espaço para
brinquedotecas com bonecos (as), fantasias e atividades de dramatização.
Caso não seja possível a locomoção da criança até a brinquedoteca e
necessário que a criança brinque em seu próprio leito.
O período operacional concreto, e a fase onde ocorre à busca das explicações
lógicas. Durante uma hospitalização, faz se necessário explicar o que está
acontecendo, nomear as doenças, suas possíveis causas e tratamentos,
proporcionar conhecimentos á criança através de livros, filmes e manipulação
de instrumentos hospitalares.
Durante as operações formais, o adolescente possui uma compreensão
ampla sobre a morte e pode falar sobre o tema, mas apesar de possuir certa
experiência/ciência do que venha a ser a morte, acredita ser imortal como um
super herói. as conseqüências das doenças nesta fase, pode levar o
adolescente/jovem à revolta, ao isolamento e a tristeza.
kovacs (2007), considera ser fundamental um espaço onde este jovem possa
dar expressão a estes sentimentos, e sugere a criação de uma ala específica
para adolescente, onde seriam permitidas algumas diferenças tais como,
dormir até mais tarde, usar roupas especiais, espaços para encontros especais
e cuidados com a aparência. a comunicação neste período maturacional e
extremamente importante durante uma hospitalização, pois ela alivia o
sofrimento e expressa desejos que a medida do possível serão atendidos.
INTERVENÇÃO COM PACIENTE PORTADOR NEUROPATATIA
P. um adolescente que se encontrava internado no hospital infantil da cidade
de Cachoeiro de Itapemirim/ES, à aproximadamente oito dias, portador de
Neuropatia ( doença que acomete o sistema neurológico, que resulta
freqüentemente em entorpecimento, sensações anormais de dor
enfraquecimento ou alteração na sensibilidade dos sentidos, sobretudo do tato)
e seu quadro no momento da internação era febre, gripe leve, palidez,
imunodeficiência por desnutrição, e após exames mais detalhados foi
diagnosticado com pneumonia e com derrame pleural. Este jovem encontrava-
se deitado na cama da enfermaria do hospital, onde havia várias crianças de
diversas idades ( recém nascidos, crianças com 03; a 10 anos de idade
aproximadamente), sem expressar nenhum tipo de movimento e extremamente
apático.
Seu quadro de apatia nos chamou a atenção, e a partir do referencial teórico
de Lindquist (1993) e Fortuna (2007) que salientam sobre a importância dos
movimentos físicos não serem deixados em segundo plano devido ao fato de a
criança apresentar alguma deficiência motora, e estes autores destacarem que
brincar é uma atividade real para aquele que brinca, e é através da brincadeira
que se liberta um trauma, ou seja, brincar é uma linguagem, uma forma de
expressar os sentimentos e libertar comportamentos, foi elaborado uma
intervenção com luvas hospitalares desenhadas com personagens do sexo
feminino e masculino ( com características jovens) e bolas de soprar coloridas,
com o propósito de promover no paciente uma comunicação/interação com
seus “iguais”.
Ao nos aproximarmos de seu leito, P interagiu a nossa interação com
movimentos de pernas, braços, cabeça e expressões faciais (sorrisos), no
sentindo de informar que a boneca do sexo feminino era sua namorada, dando-
lhes vários beijos e a acolhendo em seu corpo, para que esta ficasse perto
dele. Pediu que, fizéssemos um “amigo” (boneco de luva), para seu colega de
quarto, e nos informou que o boneco do sexo masculino era seu amigo, mas
pediu que este ficasse junto com sua mãe.
Durante toda a intervenção P interagiu com a estagiária, com sua mãe que se
encontrava a seu lado da cama e em alguns momentos com a outra criança
que estava na cama ao lado, movimentando-se (dentro de suas
possibilidades) durante todo o tempo. Ao final da intervenção, P possuía uma
expressão ativa em seu rosto, muito diferente da apatia que apresentava antes
de nossa intervenção.
CONCLUSÃO
Durante a intervenção realizada com P, observamos o quanto os movimentos
e a comunicação por ele executados durante o processo de intervenção
psicoterapêutica Ludoterapia produziram alterações
comportamentais/psicológicas, pois ele sorriu, produziu movimentos corporais,
interagiu com um de seus colegas (uma criança de aproximadamente 10 anos
de idade) de quarto e com a estagiária.
A partir de todo referencial teórico que pudemos ter acesso até o presente
momento, acreditamos que, para P teria sido bem mais benéfico e fomentador
de qualidade de vida, se ele estivesse acomodado (durante seu processo de
internação hospitalar) em uma ala onde fossem hospitalizados apenas
adolescentes de sua mesma faixa etária. Um espaço diferenciado onde este
jovem pudesse dar vazão a seus sentimentos, onde seriam permitidas
algumas diferenças tais como, dormir a mais tarde, assistir a um programa
diferenciado na TV, usar roupas especiais, espaços para encontros e cuidados
com a aparência. Acreditamos que esta diferenciação no tratamento poderia
aliviar em parte o sofrimento (apatia) de P, possibilitando a ele (P) uma
socialização, (mesmo que temporária) uma possibilidade de expressão
desejos, que a medida do possível seriam atendidos pela equipe hospitalar.
Entendemos, que a inserção do psicólogo nos espaços hospitalares fazendo
uso da técnica de Ludoterapia, promove benefícios tanto para os pacientes que
serão compreendidos em suas necessidades subjetivas, quanto para todo
corpo técnico e administrativo, que terá um suporte no sentido de agregar uma
ferramenta a mais na promoção saúde dos pacientes em processo de
hospitalização.
Em conclusão, a Ludoterapia é uma modalidade eficaz no que diz respeito ao
benefício terapêutico para pacientes em processo de hospitalização, pois
propicia ao sujeito hospitalizado, uma possibilidade de se comunicar,
expressar seus sentimentos e desejos que a enfermidade os negou.
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http://fleury.com.br/Medicos/SaudeEmDia/Artigos/Pages/NeuropatiasPerif
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A obra A ludoterapia dentro do Contexto Hospitalar de Cristiane Fernandes foi licenciada com
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