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simultaneamente fez uma “arte”. Como aponta Feist (2003), tanto a arte quanto a
travessura requerem imaginação, criatividade e despertam diversificados
sentimentos. A arte pode exprimir ainda o uso de habilidade para conseguir um fim,
atividade criadora voltada para o belo, profissão.
Mas, ao se perguntar hoje a alguma pessoa o que compreende por arte, “é
provável que na sua resposta apareçam imagens de grandes clássicos” (BOSI,
2004, p.7), transmitindo assim uma visão na qual se associa a arte ao belo. Logo, a
relação que se estabelece habitualmente entre o homem e a arte, no mundo
contemporâneo, está intimamente ligada à percepção de arte como objeto de
consumo, ao passo que deseja ter ou tem um livro ilustrado, um CD, uma escultura,
um quadro, um DVD, caracterizando uma relação consumista e elitista.
A arte também é comumente concebida como produto da criatividade humana
que corresponde a identidades culturais. Nessa perspectiva, a abordagem
sociológica de Bourdieu (1998) traz a contribuição de que essas identidades
culturais constituem o capital cultural, o qual se pode identificar como responsável
pela diferença de aproveitamento nas escolas. Sendo assim, a arte passa a ser um
conhecimento pouco difundido e pouco compartilhado tanto no meio social quanto
nas escolas, tornando-se mais uma forma de exclusão social e cultural, ao passo
que os menos favorecidos economicamente mantêm-se distanciados da Arte. Por
ser, então, considerada um produto estético, tende a ficar restrita àqueles que dizem
ter um gosto apurado para a arte, embora este conceito esteja sendo aos poucos
questionado.
Segundo Tolstói (1995 apud FREITAS 2005), a arte é contágio, emoção e,
portanto, contagia com determinados sentimentos. Entretanto, cabe refletir e
perceber que a arte não é um simples contágio, ela é uma prática que tem uma
intenção, um objetivo e, por isso, é capaz de transmitir uma visão de mundo e/ou
uma experiência de vida, além de despertar emoções. Seria possível dizer ainda que
a arte é uso de técnicas, conhecimentos e estilo pessoal de criar. Entretanto, vale
ressaltar que as definições aqui apresentadas constituem apenas um ponto de
partida para reflexões sobre o tema, afinal, elas são passíveis de novos
questionamentos e, consequentemente, de reformulações. No contexto escolar, por
exemplo, diferentes concepções surgiram ao longo dos anos.