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Universidade de Brasília
Instituto de Psicologia
Curso de Pós-Graduação em Psicologia Social, do Trabalho e das
Organizações
Amor e construtos relacionados: evidências de validade de
instrumentos de medida no Brasil
Vicente Cassepp-Borges
Brasília, DF
2010
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Universidade de Brasília
Instituto de Psicologia
Curso des-Graduação em Psicologia Social, do Trabalho e das Organizações
Amor e construtos relacionados: evidências de validade de instrumentos de medida no Brasil
Vicente Cassepp-Borges
Bralia, DF
2010
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Universidade de Brasília
Instituto de Psicologia
Curso des-Graduação em Psicologia Social, do Trabalho e das Organizações
Amor e construtos relacionados: evidências de validade de instrumentos de medida no Brasil
Vicente Cassepp-Borges
Tese apresentada ao Programa de Pós-graduação
em Psicologia Social, do Trabalho e das
Organizações como requisito parcial à obtenção do
grau de Doutor em Psicologia Social, do Trabalho e
das Organizações
Orientador: Luiz Pasquali
Brasília, DF
julho de 2010
Amor e construtos relacionados: evidências de validade de instrumentos de medida no Brasil
Tese examinada e aprovada por:
Prof. Docteur Luiz Pasquali (Presidente)
Programa de Pós-graduação em Psicologia Social, do Trabalho e das Organizações,
Universidade de Brasília
Profa. Dra. Cristiane Faiad de Moura (Membro)
Programa de Pós-graduação em Psicologia,
Universidade Salgado de Oliveira
Prof. Hartmut Günther, Ph.D. (Suplente)
Programa de Pós-graduação em Psicologia Social, do Trabalho e das Organizações,
Universidade de Brasília
Prof. Jacob Arie Laros, Ph.D. (Membro)
Programa de Pós-graduação em Psicologia Social, do Trabalho e das Organizações,
Universidade de Brasília
Prof. Dr. Ronaldo Pilati Rodrigues (Membro)
Programa de Pós-graduação em Psicologia Social, do Trabalho e das Organizações,
Universidade de Brasília
Prof. Dr. Valdiney Veloso Gouveia (Membro)
Programa de Pós-graduação em Psicologia,
Universidade Federal da Paraíba
v
À cidade de Brasília, pelos seus 50 anos.
vi
Soneto Triangular do Amor
Dois cúmplices estão em linda harmonia
Quando sentem carinho e amizade
Pois não ocorre da noite para o dia
O aparecimento da intimidade
Os dois vivem um ardente romance
Quando os beijos trazem excitação
O desejo torna-se a grande nuance
que alimenta a fogueira da paixão
Os dois assumem uma decisão
Que dá sentido para esse feitiço
Para mostrar a força dessa união
Materializam o seu compromisso
Os dois sentem a emoção com ardor
São as três partes da perfeição do amor
O Autor
vii
Agradecimentos
Ao mestre Luiz Pasquali. A integridade, a ética, a humildade, a simplicidade e a dedicação
são características marcantes desse orientador. Sou grato pela paciência e pela
disponibilidade incomum. A convivência com Luiz Pasquali é extremamente tranquila. -
lo escolhido como orientador foi uma das decisões mais acertadas da minha vida. Luiz
Pasquali é um tipo de gênio que não se encontra com facilidade hoje em dia. Ser orientado
por ele é uma honra.
À chefa Silvia Helena Koller. Se o fato de eu ter me tornado um acadêmico foi influência
de alguma pessoa, essa pessoa é Silvia Helena Koller. Eu tenho pela Silvia um afeto de
filho para mãe. Muitas vezes, durante a minha estada em Brasília, a Sílvia foi o único rosto
querido de Porto Alegre que eu tive a felicidade de rever, quem esteve aqui em Brasília
para enxugar as minhas lágrimas nas derrotas e comemorar junto nas vitórias. Mesmo que
eu tenha sido um filho que fugiu de casa, sempre pude contar com o apoio da chefa.
Aos professores Maycoln Leôni Martins Teodoro e Piotr Trzesniak. Ambos despertaram
em mim o interesse pelo estudo do amor e me ajudaram a dar os primeiros passos como
investigador da área.
A minha mãe, Nazira Salete Cassepp Borges. Nazira me acompanhou durante toda minha
vida e antes dela, me incentivou a chegar aonde eu cheguei. Foram muitas as dificuldades,
e ela sempre teve fibra para lidar com elas. Embora não pudesse me ver pessoalmente,
sempre me acompanhou por telefone. Segurou muitas barras, especialmente no início da
minha trajetória em Brasília. Não são todas as mães que fazem o que ela fez por mim.
Estendo o agradecimento ao meu irmão, Otávio Cassepp Borges, que foi um grande
companheiro.
Às pessoas que leram as versões iniciais dessa tese, Amália Raquel Pérez-Nebra, Carlos
Henrique Bohn, Fábio Iglesias e Felipe Valentini. Foram pessoas que enxergaram minha
tese com um olhar que eu sou incapaz de ter. As sugestões dadas foram fundamentais.
viii
Ao CNPq pelas bolsa de mestrado e à CAPES, pela bolsa de doutorado depois da minha
mudança de nível. As bolsas foram fundamentais para a realização desse doutorado e me
proporcionaram um excelente aproveitamento dos meus estudos.
À Universidade de Brasília. É um privilégio receber ensino gratuito e de qualidade.
Agradeço à Universidade principalmente pela moradia funcional que pude utilizar dentro
do campus. Esse apoio foi imprescindível.
Às pessoas que me ajudaram na coleta de dados. Fazer uma pesquisa com amplitude
nacional somente foi possível graças à ajuda de colegas. Reconhecendo toda a ajuda
recebida, agradeço principalmente àqueles que me ajudaram em coletas fora do Distrito
Federal: Alexsandro Luiz de Andrade, Ana Beatriz Rocha Lima, Cézar Romeu de Almeida
Quaresma, Élder Cerqueira-Santos, Fabiana Queiroga, Felipe Valentini, Hilma Tereza
Tôrres Khoury, Isalena Santos Carvalho, Juliana Ribeiro Diniz Souza, Josemberg Moura
de Andrade, Ludgleydson Fernandes de Araújo e Monalisa Muniz Nascimento.
Aos(às) participantes. A pesquisa seria inviável sem os(as) participantes. Se a amostra
contou com 1549 pessoas, e a coleta de dados tem duração aproximada de 40 minutos,
devo aos(às) participantes praticamente 130 dias de trabalho, com uma jornada de 8 horas
e sem direito a fins de semana e feriados. Muitos ainda foram solícitos e participaram da
pesquisa novamente após seis meses. Assim, somando o trabalho voluntário de um
contingente tão grande de pessoas, posso dizer que esta tese foi feita pelos(as)
participantes.
A todas as pessoas que amo. Amar dá mais sentido ao meu trabalho.
ix
Sumário
Lista de Tabelas .............................................................................................................. xii
Lista de Figuras .............................................................................................................. xiv
Resumo ........................................................................................................................... xv
Abstract .......................................................................................................................... xvi
1 Introdução .................................................................................................................... 1
1.1 Medir o Amor? ......................................................................................................... 1
1.2 Definindo o Amor ..................................................................................................... 2
1.3 Situando o Amor como Objeto de Estudo ................................................................ 4
1.4 A Biologia do Amor ................................................................................................. 6
1.4.1 Neurociências ..................................................................................................... 6
1.4.2 Evolucionismo .................................................................................................... 8
1.5 A Psicologia do Amor .............................................................................................. 9
1.5.1 A Teoria Triangular do Amor de Sternberg ....................................................... 13
1.5.1.1 Mensuração do triangulo do amor ............................................................... 16
1.5.1.2 Aplicações da Teoria Triangular do Amor .................................................. 17
1.5.1.3 Estudos brasileiros sobre a Teoria Triangular do Amor ............................. 18
1.5.2 A Teoria das Cores do Amor .............................................................................. 19
1.5.2.1 Instrumentos de Mensuração da Tipologia do Amor ................................... 25
1.5.3 Satisfação no Relacionamento ........................................................................... 27
1.5.3.1 Medida da satisfação no relacionamento ..................................................... 27
1.5.3.2 Estudos sobre relacionamentos de casais .................................................... 29
1.5.3.3 Estudos transculturais .................................................................................. 30
1.5.4 O amor e construtos relacionados na teoria das atitudes .................................. 31
1.6.Instrumentos de Medida do Amor e Construtos Relacionados no Brasil ................. 34
1.7 Objetivos ................................................................................................................... 36
1.8 Hipóteses .................................................................................................................. 37
2 Método ......................................................................................................................... 41
2.1 Participantes .......................................................................................................... 41
2.2 Instrumentos .......................................................................................................... 44
2.3 Procedimento ......................................................................................................... 45
2.4 Análise dos dados .................................................................................................. 49
3 Resultados e discussão ................................................................................................ 52
x
3.1 Propriedades psicométricas dos instrumentos ...................................................... 52
3.1.1 Relationship Assessment Scale ........................................................................ 52
3.1.1.1 Análise fatorial e precisão ........................................................................ 52
3.1.1.2 Análise Fatorial Confirmatória ................................................................ 54
3.1.1.3 Teoria de Resposta ao Item ....................................................................... 57
3.1.2 Escala Triangular do Amor de Sternberg ....................................................... 60
3.1.2.1 Análise fatorial e precisão ........................................................................ 60
3.1.2.2 Teoria de Resposta ao Item ....................................................................... 63
3.1.3 Escala Triangular do Amor de Sternberg -Reduzida ...................................... 68
3.1.3.1 Análise Fatorial e precisão ....................................................................... 68
3.1.3.2 Análise Fatorial Confirmatória ................................................................ 70
3.1.3.3 Teoria de Resposta ao Item ....................................................................... 74
3.1.4 Love Attitudes Scale ........................................................................................ 78
3.1.4.1 Análise Fatorial e precisão ....................................................................... 78
3.1.4.2 Escalonamento Multidimensional ............................................................. 82
3.1.4.3 Análise Fatorial Confirmatória ................................................................ 86
3.1.4.4 Teoria de Resposta ao Item ....................................................................... 90
3.2 Relações entre instrumentos .................................................................................. 94
3.2.1 Normalidade dos escores ................................................................................ 94
3.2.2 Correlação entre fatores ................................................................................. 96
3.3 Comparação por grupos ....................................................................................... 97
3.3.1 Sexo e tipo de relacionamento ........................................................................ 97
3.3.2 Orientação sexual ........................................................................................... 102
3.3.3 Morar ou não com o(a) parceiro(a) ................................................................ 103
3.3.4 Filhos(as) ........................................................................................................ 105
3.3.5 Percepção de beleza ........................................................................................ 106
3.3.6 Religião ........................................................................................................... 108
3.4 Curso temporal do amor ....................................................................................... 111
3.5 Validade preditiva ................................................................................................. 113
3.6 Satisfação no relacionamento e suas variáveis explicativas ................................ 115
4 Considerações Finais ................................................................................................... 117
5 Referências .................................................................................................................. 121
Anexo A. Questionário ................................................................................................... 133
Anexo B. Carta de aprovação do projeto no Comitê de Ética em Pesquisa ................... 136
xi
Anexo C. Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ............................................... 137
Anexo D. Correio eletrônico com a devolução dos resultados ...................................... 138
Anexo E. Correio eletrônico com novo pedido de participação ..................................... 141
Anexo F. Teste post hoc nas escalas por tipo de relacionamento................................... 143
Anexo G. ANOVAS fatoriais referentes à Tabela 33 .................................................... 156
xii
Lista de Tabelas
Tabela 1. Resumo esquemático das teorias sobre amor apresentadas na presente tese ........ 32
Tabela 2. Instrumentos de medida do amor e do relacionamento em língua portuguesa ..... 35
Tabela 3. Descrição das amostras por região e Unidade da Federação ................................. 42
Tabela 4. Cursos, profissões e ocupações dos(as) participantes ........................................... 43
Tabela 5. Pessoa em quem os(as) participantes se basearam para responder à pesquisa ...... 48
Tabela 6. Critérios considerados na decisão do número de fatores a extrair da RelAS ......... 52
Tabela 7. Análise Paralela e total da variância explicada pelos componentes da RelAS ...... 53
Tabela 8. Coeficientes pattern e comunalidades da RelAS com o método Principal Axis
Factoring ............................................................................................................................... 54
Tabela 9. Cargas dos itens no fator único e índices ajuste do modelo da RelAS .................. 55
Tabela 10. Invariância da RelAS ........................................................................................... 56
Tabela 11. Discriminação e dificuldade dos itens da RelAS ................................................. 58
Tabela 12. Análise Paralela e total da variância explicada pelos componentes da ETAS .... 60
Tabela 13. Critérios considerados na decisão do número de fatores a extrair da ETAS ...... 61
Tabela 14. Cargas fatoriais pattern e comunalidades da ETAS com o método Principal Axis
Factoring e rotação Direct Oblimin com normalização de Kaiser ....................................... 62
Tabela 15. Frequência das respostas a todos os itens da ETAS em resposta múltipla .......... 64
Tabela 16. Discriminação, dificuldade e correlação item-total da ETAS ............................. 66
Tabela 17. Estrutura fatorial pattern da ETAS-R com rotação Direct Oblimin e extração pelo
método PAF ........................................................................................................................... 69
Tabela 18. Cargas dos itens da ETAS-R nos três fatores, correlação dos itens com o Fator
Geral (Amor) e índices ajuste do modelo .............................................................................. 72
Tabela 19. Invariância da ETAS-R ....................................................................................... 73
Tabela 20. Parâmetros de discriminação, dificuldade e correlação item-total da ETAS-R .. 75
Tabela 21. Coeficientes alfas de Cronbach em diferentes aplicações da ETAS ................... 77
Tabela 22. Análise Paralela e total da variância explicada pelos componentes da LAS........78
Tabela 23. Critérios considerados na decisão do número de fatores a extrair da LAS .......... 79
Tabela 24. Estrutura fatorial pattern da LAS reduzida com extração pelo método Alpha
Factoring e rotação Promax .................................................................................................. 80
Tabela 25. Matriz de correlação entre os fatores da LAS com método de extração Alpha
Factoring e rotação Promax .................................................................................................. 81
xiii
Tabela 26. Comparação de percentual de variância explicada e alfas de Cronbach da LAS
entre quatro diferentes estudos .............................................................................................. 82
Tabela 27. Cargas pattern dos itens nos fatores e índices ajuste do modelo da LAS ............ 88
Tabela 28. Invariância da LAS ............................................................................................... 89
Tabela 29. Parâmetros de discriminação, dificuldade e correlação com o total dos itens da LAS
............................................................................................................................................... 92
Tabela 30. Estatísticas descritivas e verificação da normalidade da RelAS, da ETAS-R e da
LAS ........................................................................................................................................ 95
Tabela 31. Correlações de Pearson entra as RelAS, a ETAS-R e a LAS ................................ 96
Tabela 32. Comparação por sexo e tipo de relacionamento nos escores das escalas ............ 98
Tabela 33. ANOVA 2 X 5 das escalas utilizadas com o sexo e o tipo de relacionamento como
fatores .................................................................................................................................... 99
Tabela 34. Escores na RelAS, ETAS-R e LAS por orientação sexual .................................... 102
Tabela 35. Escores na RelAS, ETAS-R e LAS pelo tempo que passa com o(a) parceiro(a) .. 103
Tabela 36. Média da RelAS, da ETAS-R e da LAS por sexo e por ter ou não filhos(as) ....... 105
Tabela 37. Correlações de Pearson entre a RelAS, a ETAS-R e a LAS com a percepção da
beleza da pessoa amada e a própria beleza por sexo ............................................................. 107
Tabela 38. Religiões dos(as) participantes por sexo e religião da pessoa amada .................. 108
Tabela 39. Média da RelAS, da ETAS-R e da LAS por sexo e por compartilhar ou não a
religião do(a) parceiro(a) ....................................................................................................... 110
Tabela 40. Média e desvio padrão nas escalas aplicadas dos(as) participantes que estavam
namorando durante a pesquisa e participaram seis meses após a coleta ............................... 114
Tabela 41. Modelo explicativo da satisfação no relacionamento medida pela RelAS ........... 116
xiv
Lista de Figuras
Figura 1. O amor, seu sistema e suas dimensões .................................................................. 5
Figura 2. O triângulo do amor de Sternberg (1986) .............................................................. 14
Figura 3. As cores do amor (Lee,1974) ................................................................................. 20
Figura 4: Os eixos da tipologia do amor ............................................................................... 24
Figura 5. Modelo tripartite para o amor ................................................................................ 33
Figura 6. Unidades da Federação nas quais os dados foram coletados (área preenchida) .... 41
Figura 7. Scree Plot dos autovalores empíricos e aleatórios da RelAS ................................. 53
Figura 8. Modelo de Analise Fatorial Confirmatória da RelAS ............................................ 55
Figura 9. Curvas características dos itens da RelAS .............................................................. 58
Figura 10. Faixa de informação da RelAS ............................................................................. 59
Figura 11. Distribuição dos escores da RelAS em torno da média ........................................ 59
Figura 12. Scree Plot dos autovalores empíricos e aleatórios da ETAS ............................... 61
Figura 13. Curvas de informação da ETAS completa e de suas subescalas de Intimidade,
Paixão e Decisão/compromisso ............................................................................................. 67
Figura 14. Distribuição dos escores da ETAS completa e de suas subescalas de Intimidade,
Paixão e Decisão/compromisso em torno da média .............................................................. 67
Figura 15. Modelo para a Análise Fatorial Confirmatória da ETAS-R ................................ 71
Figura 16. Curvas de informação total da ETAS-R e de suas subescalas de Intimidade, Paixão
e Decisão/compromisso ......................................................................................................... 75
Figura 17. Distribuição dos escores da ETAS-R e de suas subescalas de Intimidade, Paixão e
Decisão/compromisso em torno da média ............................................................................ 76
Figura 18. Scree Plot dos autovalores empíricos e aleatórios da LAS .................................. 78
Figura 19. Mapa perceptual dos itens da LAS ....................................................................... 83
Figura 20. Esquema da teoria das cores do amor com base no Escalonamento
Multidimensional .................................................................................................................. 85
Figura 21. Modelo para a Análise Fatorial Confirmatória da LAS........................................ 87
Figura 22. Curvas de informação das subescalas da LAS ..................................................... 93
Figura 23. Distribuição dos escores da LAS em torno da média ........................................... 94
Figura 24. Resultados nos instrumentos aplicados por sexo e tipo de relacionamento (as barras
representam o Erro Padrão da Média) ................................................................................... 100
Figura 25. Curso temporal (transversal) das dimensões do amor ......................................... 112
xv
Resumo
O objetivo foi conhecer evidências de validade no Brasil da Relationship Assessment Scale
(RelAS), da Escala Triangular do Amor de Sternberg completa (ETAS) e reduzida (ETAS-
R), e da Love Attitudes Scale (LAS). As escalas foram aplicadas em 1549 participantes de
13 Unidades da Federação Brasileira, com idade média de 25,17 anos (DP = 7,74) e
maioria feminina (n = 1048, 67,7 %). Os resultados indicaram propriedades psicométricas
adequadas, como estruturas fatoriais simples, precisão
RelAS
= 0,85; α
ETAS
= 0,92-0,97;
α
ETAS-R
= 0,88-0,92; α
LAS
= 0,56-0,82) e validade preditiva após 6 meses da coleta de dados.
Dados transversais sugerem crescentes níveis de amor (ETAS-R) nos relacionamentos. Um
modelo de regressão apontou que os três fatores da ETAS-R (Intimidade, Paixão e
Decisão/compromisso) predizem satisfação no relacionamento (RelAS). A estrutura
circular da tipologia do amor, avaliada pela LAS, não obteve suporte empírico. Os dados
encorajam o aprimoramento das escalas para uso prático.
Palavras-chave: Amor, Avaliação Psicológica, Psicometria, Satisfação no relacionamento,
Estilos de amar.
xvi
Love and related constructs: validation evidences of measurement instruments in Brazil
Vicente Cassepp-Borges
Abstract
This study aimed at evidencing the validity for Brazil of Relationship Assessment Scale
(RelAS), Sternberg’s Triangular Love Scale complete (STLS) and reduced (STLS-R), and
Love Attitudes Scale (LAS). 1549 participants from 13 Brazilian States, with a mean age
of 25.17 years (SD = 7.74) and a female majority (n = 1048, 67.7%) completed the scales.
The results showed adequate psychometric properties, simple factor structure, reliability
(α
RelAS
= 0.85; α
STLS
= 0.92 to 0.97; α
STLS-R
= 0.88 to 0.92; α
LAS
= 0.56-0.82) and predictive
validity after 6 months of data collection. Cross-sectional data suggest growing levels of
love (STLS-R) in relationships. Regression model showed that the three factors of STLS-R
(Intimacy, Passion and Decision/commitment) predict relationship satisfaction (RelAS).
The circular structure of the typology of love, as assessed by LAS, received no empirical
support. The data encourage the improvement of the scales for practical use.
Key words: Love, Psychological Assessment, Psychometrics, Relationship satisfaction,
Love Styles.
Amor 1
Amor e construtos relacionados: evidências de validade de instrumentos de medida no Brasil
Dentre as maneiras pelas quais uma pessoa pode se relacionar com a outra, talvez a
mais marcante e profunda seja o amor. O amor é causa de suicídios, crimes passionais ou
sofrimento psíquico, portanto deveria ser mais estudado a fim de melhorar a compreensão
do fenômeno e as intervenções da Psicologia. Em situações extremas, o amor pode vir a ser
tratado como uma nova doença psiquiátrica (Sophia, Tavares, & Zilberman, 2007). O
amor, por outro lado, também pode trazer bem-estar, felicidade e as melhores emoções da
vida. Como frisou o movimento da Psicologia Positiva (Seligman & Csikszentmihalyi,
2000), este é um fato que torna relevante o seu estudo.
São diversas as teorias sobre o amor. Não se tem conhecimento de uma escola ou
abordagem teórica na Psicologia que não tenha buscado explicar o sentimento. Por isso,
falar de amor seria falar sobre toda a Psicologia ou ainda falar sobre uma boa parcela do
conhecimento produzido em Ciências Humanas, Sociais e Biológicas. Por esse motivo,
esta revisão de literatura descreveu algumas das principais abordagens teóricas sobre o
amor de maneira resumida, focando nas Teoria Triangular do Amor de Sternberg (1986) e
na Teoria das Cores do Amor de Lee (1973), nas quais se baseia este estudo.
1.1 Medir o Amor?
“Se uma coisa existe, ela existe em certa quantidade. Se uma coisa existe em certa
quantidade, ela pode ser medida.” (citado por Cronbach, 1996, p. 53)
Medir o amor é algo tido como impossível. Contudo, se levarmos em consideração a
afirmação de Cronbach (1996) que introduz essa sessão, podemos pensar que o amor é
algo que existe. Por existir, o amor existe em certa quantidade. Tentar descobrir qual a
quantidade ou intensidade de amor que existe em cada pessoa é realizar medidas. Mesmo
que o amor seja um sentimento tratado como misterioso, as dificuldades inerentes à sua
mensuração são praticamente as mesmas dificuldades inerentes à mensuração da
inteligência, da personalidade, da depressão e de outros objetos tradicionalmente avaliados
pela Psicometria.
A validação e construção de instrumentos de medida é imprescindível para a
compreensão de fenômenos de qualquer tipo, incluindo os psicológicos. Trabalhos que
Amor 2
foquem na criação de instrumentos são progressos importantes para a ciência. O indiano
Amartya Sen, por exemplo, recebeu o Prêmio Nobel de Economia em 1998 tendo como
principal obra a criação do Índice de Desenvolvimento Humano (Royal Swedish Academy,
2010). Esse é um fato histórico que mostra como trabalhos focados no desenvolvimento de
medidas podem ter relevância até maior do que trabalhos que construam teorias a partir
dessas medidas. Para que teorias na área do amor sejam construídas e aperfeiçoadas, é
necessário que adequadas formas de mensuração do fenômeno sejam construídas e
aperfeiçoadas.
Apesar de ser um passo importante e viável, não existe qualquer instrumento de
mensuração do amor na lista do Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos (SATEPSI)
(Conselho Federal de Psicologia [CFP], 2009). Essa inclusão seria importante, pois os
testes existentes não podem ser utilizados pela Psicologia na área aplicada. Mas, a
utilização prática dos testes não pode estar desvinculada de pesquisas sólidas a respeito das
propriedade psicométricas dos mesmos. Apenas um estudo sobre o amor de proporções
nacionais foi realizado, com coleta via internet (De Andrade & Garcia, 2009). Dada a
relevância deste sentimento para as pessoas, esta área está pouco desenvolvida no Brasil.
Por esse motivo, se justificam trabalhos que visem adaptar de instrumentos de medida na
área do amor, pois a construção de novos testes seria um processo mais caro, lento e com
menores chances de sucesso. Adaptar escalas com boas propriedades psicométricas em
estudos estrangeiros é a maneira mais eficaz de ter-se ao menos o primeiro teste de amor
na lista do SATEPSI.
O estudo de uma área na Psicologia, no entanto, não se resume apenas à mensuração
de um fenômeno. É importante saber como o fenômeno evolui e quais são as variáveis
associadas a este fenômeno. Os instrumentos de mensuração, porém, são cruciais para esta
finalidade. É importante que eles sejam adequadamente construídos e calibrados para que
teorias sejam construídas a partir de medidas consistentes. O objetivo deste estudo foi,
portanto, conhecer evidências de validade de instrumentos de mensuração do amor para a
população brasileira.
1.2 Definindo o Amor
A tarefa de definir qualquer fenômeno psicológico é bastante complicada. Catania
(1999), em seu livro “Aprendizagem”, por exemplo, não encontrou uma definição
satisfatória para a aprendizagem. Contudo, afirmou que é possível estudar o fenômeno sem
Amor 3
que seja feita esta definição. Barker (1987), para mostrar a dificuldade de definir o seu
objeto de estudo, afirmou que definir a comunicação é tão complicado quanto definir o
amor. Apesar de estes autores desencorajarem este trabalho na busca de uma definição do
seu objeto, Kerlinger (1980) lembra que as definições são essenciais, pois o conhecimento
dos termos serve de base para a compreensão de uma ciência ou campo do saber.
Poetas, filósofos e escritores também desencorajam a ideia de definir o amor. Para
Roberto Freire (2008), “Quem começa a entender o amor, a explicá-lo, a qualificá-lo e
quantificá-lo, já não está amando”. Leo Buscaglia (1982, p. 143) também afirmou que
“definir o amor seria limitá-lo”. Ainda existe a célebre frase de Blaise Pascal (1660, p. 53),
dizendo que “o coração tem suas razões, as quais a própria razão desconhece. Todas estas
frases são bastante bonitas, embora se contraponham à ideia da ciência de descrição de
fenômenos. A beleza da ciência, no entanto, paradoxalmente está no rigor de seus métodos.
Assim, o amor também pode ser objeto de estudo de pesquisas. Apesar de ser um campo
historicamente pertencente à especulação de artistas e filósofos, o amor cada vez mais vem
sendo explorado pela ciência (Reis, 1992).
Diferente do trabalho do literato, o trabalho do cientista possui a definição do objeto
de estudo como ponto de partida. Apesar disso, a difícil tarefa de definir o amor se iniciou
pela leitura do trabalho de pessoas também vinculadas ao mundo das letras, mais
especificamente pela busca nos dicionários. Não tendo a pretensão de encontrar uma
representatividade de cada país, uma definição, vinda de Portugal, é a de que o amor é a
viva afeição que nos impele para o objecto dos nossos desejos; inclinação da alma e do
coração” (Priberam, 2008). Dentre as definições do Brasil, o Dicionário Michaelis da
Língua Portuguesa (2008) apresenta o amor como uma “grande afeição de uma a outra
pessoa de sexo contrário.” Na língua inglesa (Websters, 2009), encontra-se que o amor é
“Uma forte emoção positiva de respeito e carinho (A strong positive emotion of regard and
affection)”. Por fim, a Real Academia Espanhola (2008) define o amor como um
“sentimento intenso do ser humano que, partindo de sua própria insuficiência, necessita e
busca o encontro e união com outro ser. Sentimento por outra pessoa que naturalmente nos
atrai e que, procurando reciprocidade no desejo de união, nos completa, alegra e dá energia
para conviver, comunicar-nos e criar (Sentimiento intenso del ser humano que, partiendo
de su propia insuficiencia, necesita y busca el encuentro y unión con otro ser. Sentimiento
hacia otra persona que naturalmente nos atrae y que, procurando reciprocidad en el deseo
de unión, nos completa, alegra y da energía para convivir, comunicarnos y crear).
Amor 4
Algumas definições, como a oriunda de Portugal (Priberan, 2008), mostram que
mesmo instrumentos técnicos, como dicionários, tendem a tratar o sentimento de uma
maneira mais poética. A definição do dicionário Michaelis (2008) tem o problema de
ignorar as pessoas do mesmo sexo que se amam. A definição espanhola (Real Academia
Espanhola, 2008), parece a mais plausível, com a ressalva de que, embora teorias
psicanalíticas (Freud, 1920/1987) e filosóficas (Platão, 2003) sugiram que o amor de fato
parta de uma insuficiência, não existe um consenso na ciência com relação a isso. Assim, o
amor pode ser considerado um sentimento de busca de encontro e união com outro ser.
1.3 Situando o Amor como Objeto de Estudo
Pasquali (1999) vê a construção de teorias psicológicas como o primeiro passo para a
elaboração de melhores instrumentos de medida. A teoria na qual o teste se sustente deve
ser conhecida com profundidade. Embora isso seja pouco frequente na Psicologia, a
determinação do sistema psicológico, seus atributos e as dimensões do atributo ajuda a
sistematizar o conhecimento sobre determinado assunto. O sistema é o objeto no qual
existe interesse de estudo, que não é passível de mensuração. O atributo é uma parcela
desse sistema, que pode ser mensurada. Por fim, este atributo pode ser decomposto em
dimensões (fatores) que, unidas, formarão novamente o atributo. Portanto, definido o
sistema de estudo, deve-se conhecer seus atributos, inclusive aqueles com os quais não se
está trabalhando, com a finalidade de delimitar o atributo estudado.
Shaver, Schwartz, Kirson e O´Connor (1987) criaram um modelo para as emoções por
meio de análise cluster (mais especificamente, pela observação de um dendograma). O
modelo estabelece uma hierarquia entre as emoções, que seria o sistema em questão. As
emoções são divididas em positivas e negativas. Dentre as emoções positivas, foram
descobertas o amor e a alegria, que podem ser considerados atributos da emoção. Cada um
desses atributos tem diversas dimensões. A Figura 1 é uma adaptação do dendograma
proposto e do resumo do mesmo dendograma feito por Berscheid e Regan (2005).
Amor 5
Figura 1. O amor, seu sistema e suas dimensões.
Diversas teorias, que serão apresentadas posteriormente, questionam a
dimensionalidade tal como proposta na Figura 1 (Davis, 1985; Hatfield & Walster, 1983;
Rubin, 1970; Sternberg, 1986). No entanto, a proposta de Shaver et al. (1987) se adequa à
de Pasquali (1999) por definir os sistemas e os atributos que serão trabalhados neste
estudo. Uma evidência de que a emoção é o sistema trabalhado está no fato dela não poder
ser medida. A mensuração de alegria, raiva, tristeza e medo no máximo nos auxiliaria na
criação de um índice de emoções, mas não na medida do sistema. O acesso a esse sistema
pode ser feito somente a partir de seus atributos, sendo um deles o amor. Conforme esta
tese pretende explicitar, o amor é passível de mensuração, característica de um atributo. O
amor é um atributo inerente ao sistema das emoções. Nesse ponto, ele deve ser diferente de
outros atributos, ou seja, o que é amor não deve ser alegria, raiva, tristeza ou medo.
Embora as outras emoções estejam associadas ao amor, conceitualmente se tratam de
emoções diferentes.
Emoção
+
Amor
Excitação
Desejo
Luxúria
Paixão
Amor platônico
Adoração
Afecção
Amor
Carinho
Gosto
Atração
Cuidar
Ternura
Compaixão
Sentimentalidade
Saudade
Alegria
-
Raiva
Tristeza
Medo
Amor 6
Contudo, para Sangrador (1993), o amor é uma emoção, é uma atitude e é um
comportamento. Sentir saudades de um amor em outra cidade é uma emoção relacionada
ao amor. Ter a predisposição a sorrir quando se menciona o nome da pessoa amada é uma
atitude ligada ao amor. Dar flores a uma pessoa é um comportamento e também está
vinculado ao amor. Por esse motivo, as emoções não são o único sistema ao qual o amor é
um atributo.
Sangrador (1993) continua afirmando que existem tantos tipos de amor quanto pessoas
na face da terra. Existem tantas teorias sobre o amor quanto pessoas que se dispuseram a
escrever sobre ele. Quase tudo o que for dito sobre o amor será verdade para pelo menos
algumas pessoas. Estas afirmações mostram o quanto é difícil para a ciência sistematizar o
conhecimento sobre um sentimento tido como único em cada pessoa, um fenômeno que se
manifesta em diversos níveis, ou ainda de medir algo descrito como indescritível. De
qualquer forma, o desafio de lidar com um fenômeno que se manifesta de diversas formas
traz a recompensa de elucidar problemas em diversas categorias.
1.4 A Biologia do Amor
1.4.1 Neurociências
Diversas reações comportamentais com base no sistema nervoso estão associadas ao
amor, como euforia, perda de apetite, insônia e hiperatividade, além da redução do estresse
e da sensação de bem-estar (Ortigue, Bieanchi-Demicheli, Hamilton, & Grafton, 2007).
Fisher (2006) relata que existem três vias principais no cérebro relacionadas ao amor. E as
três estão relacionadas a hormônios e/ou neurotransmissores. A primeira delas é a da
luxúria, que se resume em um anseio por satisfação sexual. A luxúria está associada à
testosterona, tanto em homens quanto em mulheres. A segunda via é o sistema de
recompensa, associado ao amor romântico, definido pela autora como o êxtase e as
sensações boas relacionadas ao(à) parceiro(a). Este sentimento está associado
principalmente à dopamina, mas também à norepinefrina e à serotonina. A terceira via é a
da ligação, ou do sentimento que faz as pessoas permanecer unidas e fiéis por um longo
tempo. A monogamia, portanto, está relacionada à vasopressina, no caso dos homens, e à
ocitocina, no caso das mulheres.
A influência da testosterona nos casamentos foi estudada por Booth e Dabbs (1993).
Eles verificaram os níveis de testosterona em uma amostra aleatória de 4.462 homens, que
já haviam sido parte de uma pesquisa sobre a experiência na guerra do Vietnam. A amostra
Amor 7
possuía uma média de idade de 37 anos, com composição étnica e educacional semelhante
à da população estadunidense geral com a mesma idade. Os níveis de testosterona foram
analisados às 8 horas da manhã, antes do café da manhã. Os resultados indicaram uma
relação entre os níveis de testosterona e o fato de não estar casado, além da instabilidade
no casamento. A probabilidade dos homens com altos níveis de testosterona se divorciar
foi maior. Estes homens ainda apresentavam uma menor interação conjugal. A relação
negativa entre os níveis de testosterona e o sucesso conjugal se mostrou linear. Estes
dados, contudo, não explicam se os níveis elevados de testosterona causam um padrão
conjugal instável ou o contrário. De qualquer forma, existem muitas evidências de que o
nível de testosterona está relacionado ao sucesso no casamento.
Com relação ao sistema de recompensa, Aron et al. (2005) estudaram o cérebro de sete
homens e dez mulheres destros(as) que estavam intensamente apaixonados(as) entre 1 e 17
meses, utilizando um equipamento de ressonância magnética funcional (fMRI). O estudo
comparou a ativação sanguínea cerebral quando se observava por 30 segundos a foto da
pessoa amada com relação à foto de um(a) amigo (controle), separadas por uma tarefa de
distração. Dentre as áreas com maior diferença, encontraram-se justamente aquelas ricas
em dopamina, associadas ao sistema de recompensa, como a área tegmental ventral direita,
o corpo dorsal posterior direito e o núcleo caudado medial. Um dos motivos para que isso
tenha acontecido é o fato dos(as) autores(as) terem apresentado um estímulo visual, sendo
que as pessoas apaixonadas por parceiros(as) esteticamente mais atraentes (classificados
por não participantes do estudo em questão) foram as que apresentaram maior ativação da
área tegmental ventral esquerda.
Um modelo animal para o estudo do amor que vem sendo bastante utilizado é aquele
que compara o rato silvestre das pradarias com o rato silvestre das montanhas. Apesar de
ambos os animais possuírem uma organização genética semelhante, o rato das montanhas
possui um comportamento promíscuo, uma baixa sociabilidade e apenas a fêmea cuida da
prole. Por sua vez, o rato das pradarias é monogâmico, sociável e possui uma divisão do
cuidado com os filhos. Quando colocados em uma jaula grande, os ratos das pradarias
ficaram metade do tempo em contato físico uns com os outros, enquanto os ratos da
montanha fizeram isso em apenas 5% do tempo. A diferença biológica entre as duas
espécies pode sugerir estas diferenças comportamentais ocorrem devido à presença do
hormônio ocitocina nas fêmeas e da vasopressina nos machos. A administração de
ocitocina em ratas das pradarias fêmeas solteiras fez com que elas aumentassem o tempo
junto com um parceiro. Por outro lado, um antagonista de ocitocina reduziu o tempo ao
Amor 8
lado do parceiro nas ratas “casadas”. O mesmo efeito foi observado nos ratos das pradarias
machos com relação à vasopressina. Estes mesmos hormônios são responsáveis pelo
comportamento maternal e paternal. As ratas das montanhas aumentam o volume de
ocitocina no organismo quando da chegada da prole (Young, Wang, & Insel, 1998).
Esses estudos exemplificam a complexidade do processamento neurológico do amor.
Além da diversidade de vias, hormônios e neurotransmissores envolvidos, os estudos
apresentados exemplificam um pouco da diversidade de métodos utilizados pelas
Neurociências. Esta perspectiva tem apresentado avanços significativos para a
compreensão do amor e possui potencial para novas descobertas.
1.4.2 Evolucionismo
O Evolucionismo contribuiu principalmente na explicação do comportamento de
escolha do(a) parceiro(a). O pioneiro na explicação da seleção sexual foi Darwin (1871).
Segundo o autor, a seleção sexual ocorre devido ao sucesso de um indivíduo sobe outros
do mesmo sexo e pode ser de dois tipos. No primeiro, existe a luta entre os indivíduos,
geralmente machos, para expulsar os concorrentes na disputa pelo sexo oposto. No outro,
existe a integração de indivíduos do mesmo sexo com a finalidade de se unir para a
conquista. A variabilidade é a essência da seleção sexual, e as leis da hereditariedade
auxiliarão a definir quais características vitoriosas nesse processo seguirão para as
gerações futuras.
O Evolucionismo contemporâneo trata das diferenças entre tentativas para conquistar
um(a) parceiro(a) para relações de curto prazo e de longo prazo. Em algum momento da
história, homens e mulheres podem ter tentado com igual ênfase ambos os tipos de relação.
Contudo, devido a diferenças biológicas com relação à necessidade de investimento
parental para o sucesso reprodutivo, homens passaram a perceber que teriam maiores
benefícios e menores custos em relações de curto prazo, enquanto para mulheres a relação
custo/benefício tende para o lado das relações de longo prazo. O sucesso reprodutivo dos
homens está associado à quantidade de mulheres que eles conseguem inseminar, enquanto
o sucesso reprodutivo das mulheres está associado à qualidade dos homens que elas
conseguem atrair, principalmente na capacidade do fornecimento de recursos por parte
desses homens. Devido a essas diferenças, homens e mulheres desenvolveram mecanismos
psicológicos distintos (com suas respectivas manifestações comportamentais), associados à
melhor estratégia reprodutiva para cada sexo (Buss & Schmitt, 1993).
Amor 9
1.5 A Psicologia do Amor
Muitos psicólogos e pensadores clássicos também contribuíram com o seu olhar sobre
o amor. Na Grécia antiga, havia diversas palavras para descrever os diferentes tipos de
amor. De acordo com Marcondes (2008), Eros descreve o amor como impulso ou desejo.
O Philia descreve o amor como uma forma de amizade. O Ágape fala de um amor de
doação, divino. Algumas passagens bíblicas, como “Deus é amor” (João 4:8) e “O meu
mandamento é este: Que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei (João 15:12)
estão se referindo ao amor Ágape. O Storgé é um amor familiar. Esses tipos de amor são
descritos no poema “Amor em grego, a seguir. Marcondes complementa a informação
com a palavra Xenía, que se traduz em um amor por um desconhecido, sentimento
conhecido como hospitalidade.
Para descrever o amor
O grego antigo usava
Quatro palavras diferentes
Cada uma tinha seu valor
Uma qualidade destacava
Todas elas bem prementes.
Philia uma palavra linda
Realçava o carinho amigo
União e muita sinceridade
Que devemos cultivar ainda
A philia era o mote antigo
Para descrever a amizade.
Storgé descrevia um laço
Que devido ao nascimento
Uma família estava unindo
Porém hoje passo a passo
Quase caído no esquecimento
Amor 10
Storgé familiar está sumindo.
Eros era o deus do amor
Mas a palavra Eros porém,
Envolvia o inteiro ser
Os sentimentos e o calor
Envolvia o coração também
Dum homem e duma mulher.
Ágape era o mais altruísta
Tudo dar sem nada receber
Tal amor devemos cultivar
Amor ágape jamais é egoísta
Em toda relação devemos ter
Este modo tão especial de amar.(Alexandre, 2005).
Platão (s. d.) descreveu o amor (Eros) como o sentimento que faz superar as baixezas
do mundo material para elevar ao mundo das ideias. Ele usa a metáfora de que existiam
três gêneros, o masculino, o feminino e um ser andrógino. Este seres desafiaram Zeus, que
optou por não eliminá-los porque perderia as honras oferecidas a ele por humanos. A
solução foi dividir os seres em duas metades, para torná-los mais fracos e mais numerosos,
aumentando assim a bajulação que receberia. Depois que isso foi feito, ambas as metades
se procuram desesperadamente, para se completar. As pessoas oriundas dos seres
andróginos seriam os heterossexuais, enquanto as pessoas oriundas de um ser masculino ou
feminino seriam os homossexuais. O amor, para ele, é mais forte do que os deuses, pois
parte da falta.
Freud (1915/1987) complementou a ideia de Platão (s. d.), afirmando que o amor está
associado aos instintos sexuais. O amor é narcisista, pois é oriundo da capacidade do ego
de satisfazer auto-eroticamente alguns dos seus impulsos, buscando obter as outras pessoas
como fonte de prazer. Nas fases mais primitivas do desenvolvimento, busca-se somente
extinguir a separação com o objeto amado. O amor se torna oposto ao ódio somente depois
de estabelecida a organização genital. Freud (1914/1987) também descreveu o amor
transferencial, que pode ocorrer em um paciente tendo seu analista como objeto. Apesar de
motivado pela situação terapêutica, o amor transferencial é um amor genuíno. Ele possui
Amor 11
grande participação do ego e pouca sensatez ou preocupação com as consequências, se
comparado ao amor em situações não clínicas.
Em seu texto “Contribuições à Psicologia do Amor I”, Freud (1910/1987) descreve o
sentimento de amor de alguns homens, ligado a um desejo de salvar a mulher amada.
Assim, os homens podem ver uma mulher vinculada a outro homem como alguém que está
sofrendo. Por esse motivo, têm a fantasia de tomar posse dessa mulher com o intuito de
salvá-la. Em “Contribuições à Psicologia do Amor II”, Freud (1912/1987) trata do
sentimento de maneira mais genérica, abordando-o por meio de uma corrente afetiva e uma
corrente sensual. A corrente afetiva é formada na infância e é aquela que se dirige aos(às)
cuidadores(as) da criança. Está ligada à auto-preservação, às necessidades básicas e ao
erotismo. A corrente sensual surge na puberdade e influencia a corrente afetiva, fazendo
com que o objeto de desejo deixe de ser o pai ou a mãe para ser alguém do sexo oposto,
com uma supervalorização psíquica desse objeto. Em “Contribuições à Psicologia do Amor
III (Freud, 1917/1987), a sexualidade feminina é abordada, sendo descrita a constituição
psíquica ligada à perda da virgindade. Esse ato traz uma ambiguidade de sentimentos de
amor e ódio à pessoa que rompeu com o hímen, pois é uma sensação de prazer intensa,
mas também associada à dor e à perda de uma parte do corpo. Esse ato pode estar
vinculado à frigidez e inibições eróticas. Em algumas culturas primitivas, o marido não era
o responsável por tirar a virgindade de uma moça, justamente para evitar os sentimentos
hostis vinculados a esse ato.
Skinner (1991) salientou que o amor é um reforçamento mútuo de comportamentos.
Ele retoma três palavras gregas, dizendo que o Eros não seriam necessariamente os
reforços sexualizados, mas aqueles que são úteis para a seleção natural (por exemplo, o
amor de uma mãe com um filho). Philia se traduz no amor por objetos não humanos, como
o amor por música, por arte, por lugares, ou pelo saber. É um tipo de reforçamento não
diretamente vinculado à reprodução ou às necessidades básicas, mas ao processo de
condicionamento operante. Por fim, o Agape se refere à inversão da direção dos reforços,
ou seja, quando nós reforçamos o comportamento de outra pessoa.
Bowlby (1984) descreveu o comportamento de apego das crianças pela figura da mãe.
Trazendo a analogia de Bowby para os relacionamentos íntimos, o apego pelo(a)
parceiro(a) pode ser seguro, evitativo ou ambivalente. O apego seguro, presente em 56%
dos(as) participantes, refere-se às pessoas que possuem facilidade em ter intimidade com
as outras pessoas, sem medo de ser abandonado ou que alguém se aproxime demais. O
estilo de apego evitativo [25% dos(as) participantes] se refere às pessoas que sentem
Amor 12
desconforto na aproximação com outras pessoas, tendo dificuldade de confiar nelas e
estabelecer vínculo de dependência. O estilo de apego ambivalente (19% da amostra) diz
respeito às pessoas que possuem um grau elevado de ansiedade e preocupação em saber se
o(a) parceiro(a) o(a) ama (Hazan & Shaver, 1987). A premissa básica dessa teoria é a de
que os estilos de apego da infância irão se refletir nos estilos de apego pela pessoa amada
na fase adulta.
A partir do final da década de 1960, começaram a surgir teorias para o amor
operacionalizáveis psicometricamente. Para Rubin (1970), amar se refere à atração física,
predisposição para ajudar, desejar compartilhar emoções e experiências e ao sentimento de
exclusividade e absorção. Gostar está relacionado com as relações interpessoais, e inclui
sentimentos como o respeito, a confiança e a percepção de que a pessoa amada tem
objetivos semelhantes aos seus próprios. Seguindo esta divisão, o autor desenvolveu uma
escala de amar e outra de gostar, as quais aplicou em 158 casais da Universidade de
Michigan. Ambas as escalas mostraram boa consistência interna (α = 0,84 para homens e α
= 0,82 para mulheres na escala de amor e α = 0,83 para homens e α = 0,81 para mulheres
na escala de gostar). Os sentimentos de gostar e amar possuíram uma maior correlação em
homens (r = 0,60) do que em mulheres (r = 0,39), havendo significância nesta diferença (z
= 2,48, p < 0,05). Estes dados sugerem que as mulheres desta amostra possuíam uma
capacidade mais acurada de diferenciar os dois sentimentos. Os casais com escores
elevados na escala de amor tenderam a permanecer mais tempo nas trocas de olhares do
que os casais com escores mais baixos, indicando uma boa validade externa deste
instrumento.
De maneira semelhante a Rubin (1970), Hatfield e Walster (1983) mencionaram que o
amor pode aparecer na forma de amor-paixão e amor-companheiro. O companheirismo
traduz-se numa emoção calma, de afeição, amizade. A diferença entre gostar e amar está
apenas na intensidade com que estas emoções são sentidas. O que faz as pessoas terem
afeição ou aversão por outras são as leis do reforço. O amor-paixão, que foi mais estudado
por Hatfield (Hatfield & Rapson, 1987, Hatfield, Schmitz, Cornelius, & Rapson, 1988), “é
um estado desenfreado de emoção, uma confusão de sentimentos: carinho e sexualidade,
alegria e dor, ansiedade e alívio, altruísmo e ciúmes (Hatfield & Walster, 1983, p. 2). O
amor-paixão foi mensurado por meio da escala do amor apaixonado (Pasionate Love Scale
PLS), de 30 itens e um único fator (que explicou 70% da variância da escala) com
elevada confiabilidade (α = 0,94). Uma evidência de validade convergente foram as
elevadas correlações da escala do amor apaixonado com a escala de amar de Rubin (r
homens
Amor 13
= 0,86 e r
mulheres
= 0,83) e as correlações moderadas com a escala de gostar de Rubin
(r
homens
= 0,46 e r
mulheres
= 0,51). Uma versão reduzida (com 15 itens) da PLS manteve o
elevado nível da confiabilidade (α = 0,91) (Hatfield & Sprecher, 1986). A autora ainda
desenvolveu uma escala equivalente à PLS para mensurar o amor apaixonado em crianças
e adolescentes de 3 a 18 anos (Hatfield, 1988).
Davis (1985) apresentou uma teoria semelhante à de Rubin e à de Hatfield. De acordo
com a autora, existem as relações de amizade e de amor. A amizade é caracterizada pelo
prazer na companhia do(a) outro(a), aceitação do(a) outro(a) como ele(a) é, pela verdade,
respeito, ajuda mútua, entendimento, espontaneidade e confiança na relação. A inovação
dessa teoria está na descrição do sentimento de amor que, além das características da
amizade, envolve os clusters da paixão e do cuidado. A paixão envolve a fascinação, o
desejo sexual e o desejo de que o relacionamento seja exclusivo. O cuidado refere-se aos
sentimentos de sempre procurar defender o(a) parceiro(a) e de fazer sacrifícios para deixar
o(a) outro(a) feliz.
1.5.1 A Teoria Triangular do Amor de Sternberg
Sternberg (1986) trata o amor simplesmente como uma conjunção de três elementos,
que metaforicamente são vértices de um triângulo. Assim, a Teoria Triangular do Amor
decompõe o sentimento nos vértices Intimidade, Paixão, e Decisão/compromisso (Figura
2). Espera-se que os três vértices combinados expliquem todo o fenômeno do amor. A
Intimidade é caracterizada pelo sentimento de proximidade e conexão no relacionamento.
A Paixão é o componente responsável pela atração física e sexual, pelo romance e o desejo
de estar juntos e pela excitação. Por fim, a Decisão/compromisso se refere à certeza de
amar e ser amado e à vontade de manter o relacionamento em longo prazo. Martson,
Hecht, Manke, McDaniel, e Reeder (1998), por meio da análise fatorial de categorias de
um questionário aberto sobre os três componentes do amor, sugeriram que a Intimidade é
composta pela abertura, sexo, afetividade, capacidade de apoiar e a companhia silenciosa.
A experiência da Paixão é composta pelo romantismo e pela intimidade sexual. Por fim, a
experiência do compromisso se trata da capacidade de dar suporte, expressões do amor,
fidelidade, expressões do compromisso e consideração e devoção.
Amor 14
Figura 2. O triângulo do amor de Sternberg (1986).
Para caracterizar o amor de uma pessoa, deve-se observar quais dos três componentes
descritos por Sternberg (1986, 1988) estão presentes e quais estão ausentes. O arranjo entre
os vértices do triângulo caracterizam os diferentes tipos de amor. A ausência dos três
vértices, por exemplo, representa a ausência de amor. O componente Intimidade isolado
ocasiona o “gostar”, um sentimento próximo à amizade. O gostar é bastante comum entre
colegas de trabalho, por exemplo, pois em ambientes laborais existe uma relação próxima
entre as pessoas, que acaba quando acaba. O componente Paixão traz um grau elevado de
excitação, que tende a ser momentânea caso não seja acompanhada dos demais
componentes. O sentimento de atração por uma pessoa desconhecida é causado pelo
componente da Paixão. O componente Decisão/compromisso isolado faz com que um casal
fique unido pela aceitação de forças externas, como o medo da reação do parceiro em caso
de fim do relacionamento ou a concordância com casamentos arranjados, sendo este
chamado de amor vazio.
Os tipos de amor compostos por, pelo menos, dois vértices obviamente representam
formas mais intensas de amar. Pelo fato de a maioria dos casais apresentar os três vértices
no seu relacionamento, são mostrados exemplos que, apesar de parecerem estereotipados,
facilitam a compreensão dos amores apoiados em menos vértices. A Intimidade e a Paixão
juntas, por exemplo, produzem o amor romântico. Este é um tipo de amor bastante descrito
na ficção. Romeu e Julieta (Shakespeare, s. d.), por exemplo, possuíam uma cumplicidade
bastante forte (Intimidade), uma atração física e emocional na mesma proporção (Paixão)
sem, porém, terem motivos lógicos para se casar e investir no relacionamento
(Decisão/compromisso). A combinação entre as dimensões da Intimidade e
Amor 15
Decisão/compromisso forma o companheirismo, comum entre casais que permanecem
unidos (Decisão/compromisso) e amigos (Intimidade) mesmo depois que a atração física
termina (Paixão). Este sentimento é muito bem descrito na música Años, de Pablo Milanés
(1981, “O tempo passa e nós vamos envelhecendo. Eu o amor não o reflito como ontem. E
em cada conversa, cada beijo, cada abraço, impõe-se sempre um pedaço de razão - El
tiempo pasa y nos vamos poniendo viejos, yo el amor no lo reflejo como ayer. Y en cada
conversación, cada beso, cada abrazo, se impone siempre un pedazo de razón). O amor
fatual pode ser associado ao amor à primeira vista, quando se verificam as dimensões da
Paixão e da Decisão/compromisso de maneira marcada, mas sem que se tenha tido tempo
de estabelecer qualquer vínculo de Intimidade. Um exemplo clássico na literatura é o da
personagem Cinderela (ver Cassepp-Borges, 2007), que se sentiu atraída fisicamente por
um lindo príncipe (Paixão), desejava fortemente o casamento (Decisão/compromisso), mas
nem ao menos havia conversado com ele (Intimidade). Por fim, Sternberg (1986, 1988)
descreveu o amor pleno, composto pelos três vértices do triângulo.
A maioria dos casais possui as três dimensões presentes nos seus relacionamentos
(Sternberg, 1988). Apesar disso, a literatura e mesmo a ficção mostram exemplos de
situações nas quais algumas dimensões aparecem de maneira enfática e outras se apagam
simultaneamente, sugerindo que se tratam de elementos separados, apesar de dependentes
uns dos outros. Deve-se salientar que a dimensão da Intimidade possui semelhanças com o
Gostar (Rubin, 1970), e com o tipo Storge (Lee, 1974). A Paixão é semelhante ao amar
(Rubin), com amor apaixonado (Hatfield & Sprecher 1986) e com o tipo Eros (Lee). Por
fim, a Decisão/compromisso tem semelhanças com o tipo Pragma (Lee)
1
. Do ponto de
vista neurofisiológico (Fisher, 2006), pode-se associar a via do sistema de recompensa
(dopamina) com a Paixão e a Intimidade (que, juntas, formam o amor romântico), a luxúria
(testosterona) com a Paixão e as vias da ligação (vasopressina e ocitocina) com a
Decisão/compromisso. Apesar de basear-se em trabalhos anteriores para construir a sua
teoria, deve-se mencionar que este modelo com três elementos é uma potencialidade da
teoria de Sternberg (1986) que apresenta evidências empíricas de sua validade (Sternberg,
1997). Trata-se de um modelo parcimonioso que, aparentemente, não omite qualquer
aspecto do amor.
1
A tipologia de Lee (1974) será apresentada posteriormente.
Amor 16
1.5.1.1 Mensuração do triangulo do amor
A Escala Triangular do Amor de Sternberg (ETAS) possui 45 itens, sendo que 15
devem medir Intimidade, 15 Paixão e 15 Decisão/compromisso. Cada um destes itens é
avaliado em uma escala tipo Likert, na qual o ponto 1 representa “nada”, o 5
“moderadamente” e o 9 “extremamente”. Não existem rótulos para os pontos
intermediários aos indicados. A escala triangular do amor ainda possui a peculiaridade de
ter um espaço em branco em todas as 45 afirmativas. Este espaço deve ser preenchido com
o nome da pessoa amada.
O estudo da validação de construto da ETAS foi realizado nos Estados Unidos com a
participação de 84 adultos heterossexuais. Os(as) participantes responderam à primeira
versão da ETAS e às escalas de amar e gostar de Rubin (1970), utilizadas para a validação
externa da ETAS. Cada escala foi respondida seis vezes, descrevendo o amor que sente
pela mãe, pelo pai, por um irmão, por um amigo do mesmo sexo, pela pessoa que ama e
por um amante ideal. A quantificação da importância do amor foi feita por outro grupo de
participantes para os seis relacionamentos acima descritos. Os resultados mostraram que o
efeito da variável sexo não foi estatisticamente significativo. Apesar disso, as mulheres
obtiveram índices de percepção do amor mais altos para o melhor amigo e o amante ideal.
Considerando todos(as) os(as) participantes, as médias referentes à pessoa que ama e ao
amante ideal foram muito maiores do que as demais, principalmente no componente da
Paixão (Sternberg, 1997).
A escala obteve índices excelentes de consistência interna. Todos os valores de alfa
foram superiores a 0,90 (α
intimidade
= 0,91, α
paixão
= 0,94, α
decisão/compromisso
= 0,94, α
total
=
0,97). Os coeficientes de correlação entre as três subescalas variaram entre 0,71 e 0,73.
Pode-se creditar estas correlações elevadas ao fato da escala ter sido aplicada em casais,
amostra na qual se espera todos componentes do triângulo em seus relacionamentos. Isso
permite levantar a hipótese da existência de um fator geral (amor), além dos três fatores de
primeira ordem (Intimidade, Paixão e Decisão/compromisso). Nem todos os itens
saturaram de maneira mais forte no fator para o qual era esperado que isto ocorresse
(Sternberg, 1997).
Outras aplicações da escala, em diversas partes do mundo, também encontraram as
mesmas propriedades apontadas por Sternberg (1997). A análise fatorial de Hendrick e
Hendrick (1989), com a versão original da ETAS (apesar do casal ter utilizado uma escala
Likert de cinco pontos) teve vários itens saturando em mais de um fator, mas encontrou
Amor 17
alfas entre 0,93 e 0,96 para as subescalas e de 0,97 para o escala total. Chojnacki e Walsh
(1990) encontraram uma concordância elevada na reaplicação da ETAS após duas
semanas, mas citaram a correlação entre os fatores como o ponto fraco da escala. Lemieux
e Hale (2000) reduziram o número de itens da ETAS para seis em cada subescala. Desta
maneira, os itens carregaram no fator pretendido, e os valores de alfa permaneceram muito
bons (entre 0,89 e 0,94), embora menores. Os resultados de Lemieux e Hale foram
replicados com adolescentes holandeses(as) (Overbeek, Ha, Scholte, De Kemp, & Engels,
2007), e a escala reduzida mostrou-se um instrumento confiável, com validade convergente
(correlação com satisfação no relacionamento) e validade de construto, tanto na análise
fatorial exploratória quanto na confirmatória.
1.5.1.2 Aplicações da Teoria Triangular do Amor
A utilização da ETAS no contexto da pesquisa permitiu uma maior compreensão do
fenômeno do amor. Lemieux e Hale (2000) sugeriram que os três componentes do amor
são preditores da satisfação nos relacionamentos. Em homens, o modelo explicou 73% da
variância total, sendo que a dimensão da Decisão/compromisso foi o preditor mais forte,
seguido por Paixão e por Intimidade. Para as mulheres, cujo modelo explicou 87% da
variância, a ordem de força de explicação dos fatores se inverteu, ficando Intimidade,
Paixão e Decisão/compromisso. Além da forte relação dos componentes da ETAS com o
amor, estes dados sugerem uma independência entre os fatores, pois cada um explica uma
parcela própria da variável dependente.
Sternberg (1986) sugeriu que os três fatores seguem cursos diferentes na evolução dos
relacionamentos. Porém, para todos os componentes existe um padrão para
relacionamentos bem sucedidos e outro para relacionamentos que falham. A Intimidade é
um componente que surge ao longo do relacionamento, mas que pode ter uma queda
mesmo em relacionamentos bem-sucedidos. A Paixão surge rapidamente, mas também tem
uma queda rápida e pode inclusive converter-se em sentimentos opostos, como o ódio. A
Decisão/compromisso é uma dimensão que demora mais tempo no relacionamento para
surgir, porém tende a manter-se estável durante bastante tempo. Sternberg, entretanto, não
apresentou dados empíricos corroborando estas afirmações.
Yela (1997), utilizando dados transversais, sugeriu que as dimensões começam em
baixos níveis no início dos relacionamentos, ampliando-se no decorrer deles. Seguindo um
modelo de quatro fatores que divide a Paixão em romântica e erótica (Yela, 1996), o autor
Amor 18
verificou que a Intimidade e a Decisão/compromisso assumem níveis elevados em pouco
tempo de relação. A Paixão surge de maneira mais lenta, não atingindo os mesmos níveis
que as outras dimensões. Apesar do avanço de trazer dados empíricos, esse autor
reconhece limitações quanto à representatividade da amostra e ao modelo transversal. A
ETAS, todavia, tem itens que claramente representam o construto da Paixão Romântica e o
da Paixão Erótica, mas a solução com três fatores apontada por Sternberg (1997) é mais
plausível do ponto de vista psicométrico (Cassepp-Borges & Teodoro, 2007). Ainda com
dados transversais, Lemieux e Hale (2002) encontraram que a Intimidade e a Paixão
evoluem de maneira similar e têm seus níveis mais altos em participantes noivos(as). Os
níveis mais altos de Decisão/compromisso estiveram presentes em participantes
casados(as).
1.5.1.3 Estudos brasileiros sobre a Teoria Triangular do Amor
No Brasil, foram encontrados poucos relatos sobre a Teoria Triangular do Amor. Reis
(1992) realizou uma revisão de literatura que apresenta diversas teorias sobre o amor.
Apesar de não trazer dados de pesquisa empírica, é um artigo pioneiro, de grande valor
para a difusão da área no Brasil. É o primeiro artigo brasileiro que menciona essa teoria
A maioria dos estudos brasileiros sobre a teoria utilizou a Escala Triangular do Amor.
Neste sentido, o primeiro trabalho encontrado foi o de Hernandez (1999). Este trabalho,
porém, possui diversas limitações, como o pequeno tamanho da amostra. O segundo
trabalho que se utilizou da ETAS foi a dissertação de mestrado de Custódio (2002). Este
estudo não especificou os procedimentos de tradução do instrumento e, com uma amostra
de 114 questionários devolvidos de 350 entregues, também não discutiu as propriedades
métricas obtidas no Brasil. Este passo foi dado por Cavalcanti (2007), que apresenta uma
discussão da análise fatorial da escala em uma amostra maior (610 participantes),
propondo uma versão reduzida da ETAS de 15 itens. A ETAS apresentou uma boa
validade fatorial e índices de precisão adequados (Cavalcanti, 2007; Gouveia, Fonseca,
Cavalcanti, Diniz & Dória, 2009). Em um estudo temporalmente concomitante, Cassepp-
Borges e Teodoro (2007) utilizaram uma amostra de 362 participantes, mas enfatizaram a
tradução e a validação de conteúdo da ETAS (Cassepp-Borges, Balbinotti, & Teodoro,
2010). Este estudo também encontrou propriedades psicométricas adequadas para a sua
aplicação no Brasil.
Os principais dados encontrados no Brasil são os de que as dimensões do amor
Amor 19
possuem uma relação praticamente nula com o ciúme e as reações a cenários de
infidelidade (Cavalcanti, 2007). Cassepp-Borges e Teodoro (2009) encontraram que as três
dimensões do amor relacionam-se positivamente com a satisfação nos relacionamentos
(medida por uma questão direta em escala tipo Likert), embora a Paixão entre no modelo
de regressão linear múltipla de maneira negativa, devido a um efeito de supressão. Outro
dado importante do mesmo estudo é o que sugere que as dimensões do amor atingem
níveis cada vez mais altos conforme a fase temporal da relação.
Os dados brasileiros, contudo, ainda são bastante limitados. Não se descarta a
possibilidade de que existam mais pessoas investigando sobre o tema no Brasil, e que os
estudos não tenham sido localizados nesse trabalho de revisão. Com exceção do estudo de
Gouveia et al. (2009), realizado na Paraíba, os outros três apresentam dados de populações
do Sul do Brasil (Rio Grande do Sul e Paraná). Todos os estudos ainda trabalharam com
amostras universitárias. De qualquer forma, cabe notar que a maioria dos trabalhos são
recentes, o que pode representar um crescimento do interesse na Teoria Triangular do
Amor.
1.5.2 A Teoria das Cores do Amor
Diferentemente de Teoria Triangular do Amor (Sternberg, 1986), a Teoria das Cores
do Amor (Lee, 1973, 1974, 1977) não avalia a intensidade do sentimento, mas maneiras de
sentir. Ela faz a analogia do dos estilos de amar com um disco de cores, no qual existem
três cores primárias que dão origem a três cores secundárias. Os três estilos “primários” do
amor foram denominados o Eros, Storge e Ludus. Os três estilos secundários são o Agape,
o Mania e o Pragma. Cada estilo secundário é composto por elementos dos dois estilos
primários adjacentes no disco. Desta maneira, a Figura 3 apresenta um resumo desta teoria
(Lee, 1973; Lasswell & Lasswell, 1976)
2
.
2
As frases que ilustram os estilos de amar foram extraídas do sítio
http://www.pensador.info/expressoes_de_amor_em_grego/ no dia 04/04/2010.
Amor 20
Figura 3. As cores do amor (Lee, 1974).
A melhor definição de amor não vale um beijo de moça namorada.(Machado de Assis)
O Eros é um estilo de amor no qual o indivíduo preocupa-se com a imagem, sendo
marcado por uma forte e imediata atração pelo físico do(a) parceiro(a). São pessoas que
procuram um(a) parceiro(a) que corresponda ao seu ideal de beleza. Possuem prazer ao
falar da pele, cheiro, cabelo, músculos e de outras características físicas da pessoa amada.
As pessoas de Eros têm diversas reações químicas apenas ao olhar para pessoas bonitas. A
maioria delas tem relações sexuais logo após o primeiro encontro. Embora não procure
ansiosamente pelo amor, está preparado(a) para os riscos relacionados a ele.
Lutar pelo amor é bom, mas alcançá-lo sem luta é melhor.(William Shakespeare)
O Storge é baseado na amizade e no companheirismo. Trata-se de um estilo de amor
no qual as pessoas se envolvem no relacionamento sem pressa, loucura ou desatino.
Deixam com que o sentimento se desenvolva ao seu tempo, conforme compartilham
atividades com a pessoa amada. Conscientes dos riscos do amor, eles evitam sentimentos
intensos. Para eles(as), o sexo é a forma mais íntima de auto-revelação, portanto, deve-se
Amor 21
esperar para que ele ocorra. Possuem a expectativa de relacionamento em longo prazo.
Os(as) Storges acham inconcebível que duas pessoas briguem pelo simples fato de
terminar uma relação.
“O adultério é a aplicação dos princípios democráticos ao amor.(Henry Mencker)
O Ludus é o estilo daqueles(as) que buscam diversos(as) parceiros(as), vivendo o
amor como um jogo. Embora sejam tidos como promíscuos por pessoas mais moralistas,
os amantes Ludus conhecem bem as regras do jogo do amor e jogam de acordo com elas.
Uma das estratégias para isso é o controle sobre seus sentimentos, procurando com que
seus(suas) parceiros(as) também não se envolvam. Assim, nunca procuram fazer planos em
longo prazo e marcam encontros casualmente, a fim de não criar expectativas na outra
pessoa. O sexo para eles(as) é apenas diversão, não possui o objetivo de envolvimento
emocional. Assim como no Eros, os amantes Ludus devem possuir a segurança de si. Não
são possessivos nem ciumentos. Mesmo que o relacionamento esteja perto do fim, eles(as)
não tomam a iniciativa de terminá-lo, por consideração ao(à) parceiro(a), deixando que a
chama do amor se apague lentamente.
O senhor não daria banho a um leproso nem por um milhão de dólares? Eu também não.
Só por amor se pode dar banho a um leproso.(Madre Tereza de Calcutá)
O Agape (junção do Eros com o Storge) é um estilo altruísta de amar. Este estilo herda
do Eros o fascínio pelo(a) parceiro(a), e do Storge a baixa sexualização desta fascinação. É
a clássica visão do amor cristão, de dar sem receber. O(a) amante com este tipo tem uma
preocupação com o(a) parceiro(a) maior do que a que tem consigo mesmo(a), sendo
totalmente centrado(a) nele(a). É alguém disposto a amar sem a expectativa de
reciprocidade, sendo muito gentil, cuidadoso(a) e atencioso(a). É capaz de ter uma boa
tolerância a comportamentos inadequados do(a) parceiro(a) como a traição e o alcoolismo,
por exemplo, sendo mais apoiador(a) do que punitivo(a).
Ah o amor... que nasce não sei onde, vem não sei como e dói não sei porque...(Carlos
Drumond de Andrade)
O Mania (presença de Eros e Ludus) é o estilo no qual o amante é obsessivo,
Amor 22
possessivo e ciumento com o objeto amado. Assim como o(a) Eros, desenvolve a paixão
de forma rápida. Assim como o(a) Ludus, tenta ter o controle de seus sentimentos [embora
o(a) Mania tenha mais dificuldades do que o(a) Ludus]. É um estilo caracterizado pela
necessidade de reassegurar-se repetidamente que é amado(a) e pela dependência intensa.
Possui um sentimento muito forte, que tem dificuldades de controlar. Alguns sintomas
físicos relacionados à pessoa amada, como agitação, ansiedade, dificuldades para dormir
são comuns nos(as) Manias. Desenvolvem paixões rápidas e fortes por pessoas
inapropriadas. São muito sensíveis ao amor, alternando alegrias enormes, quando a pessoa
amada dá um pequeno sinal de correspondência, e tristezas profundas, na ausência desta
pessoa.
O dinheiro compra até o amor verdadeiro.(Nelson Rodrigues)
O Pragma (formado pelo Storge e pelo Ludus) retrata os amantes que buscam um(a)
parceiro(a) que seja adequado mais aos seus padrões sociais do que aos seus sentimentos.
Usa as manipulações da consciência para procurar o parceiro (característica do Ludus) e
tem calma para escolher o(a) parceiro(a) (característica do Storge). A compatibilidade é
baseada em critérios práticos. Assim, pessoas com este estilo buscam um(a) parceiro(a)
que corresponda a características demográficas como idade, religião, escolaridade,
profissão, visão política, dentre outras, deixando que o sentimento por esta pessoa apareça
após a verificação da compatibilidade destas características.
Todavia, esses tipos constituem apenas construtos idealizados. Dificilmente
encontraremos alguém que possua somente um estilo de maneira pura. O mais frequente é
ter-se pessoas com características fortes em alguns tipos e baixas em outros. Essas
características dependem do perfil cognitivo e da personalidade de cada indivíduo
(Lasswell & Lasswell, 1976). Apesar de se tratarem de objetos de estudo diferentes, pode-
se fazer uma analogia das cores do amor com a teoria dos valores humanos (Schwartz,
1994) ou com os seis estilos vocacionais (Holland, 1959, 1996), pelo fato de que os três
modelos resumem-se em um círculo no qual pontos próximos representam características
parecidas, ao mesmo tempo em que pontos opostos no círculo representam características
opostas. Neto (2002), no entanto, questiona a analogia dos seis estilos de amar com o disco
das cores. Após descrever a tipologia para sua amostra, os estilos não foram relacionados
às cores previstas por Lee (1974). Assim, a afirmação de que existem seis tipos de amor
tem maior suporte empírico do que a afirmação de que seriam três estilos primários e três
Amor 23
secundários.
Analisando-se o modelo de Lee (1973, 1974) como circumplexo, pode-se fazer uma
releitura da teoria. De acordo com ela, existem seis tipos do amor, apresentados na
introdução desta tese. O que pode ser acrescentado na teoria é que, no disco das cores, cada
cor possui uma cor complementar, ou seja, cada cor primária possui uma cor secundária no
lado oposto deste disco, chamada de complementar. Dessa maneira, o tipo Eros seria
complementar ao Pragma, o Ludus complementar ao Agape e o Storge complementar ao
Mania.
Saber que este tipo de relação funciona para o disco das cores em nada ajuda a
descobrir que a mesma relação irá funcionar para os estilos de amar. Porém, se analisarmos
a descrição de cada um dos estilos, veremos que isso é plausível. As pessoas tipificadas
como Storge vivem o amor sem pressa, deixando as coisas acontecerem ao seu tempo. Não
correm atrás do seu amor, deixam que ele apareça naturalmente, de uma maneira passiva.
Com a dimensão complementar Mania é justamente o oposto. Estas pessoas desenvolvem
amores muito fortes de maneira muito rápida. Procuram desesperadamente o objeto de sua
paixão, de modo ativo. Analisando-se ambas as descrições, é perceptível que existe esta
relação de complementaridade. Ela baseia-se principalmente na pressa com que a pessoa
desenvolve o amor.
A mesma relação de complementaridade também pode ser percebida com relação às
dimensões Ludus e Agape. O(a) Ludus é aquele(a) pessoa que controla seu envolvimento,
procura por diversos(as) parceiros(as). o(a) Agape, possui uma devoção ao(à)
parceiro(a) algumas vezes maior do que consigo mesmo. Ainda centraliza-se em uma
pessoa apenas. A relação inversa entre Ludus e Agape se dá na quantidade de parceiros(as)
e na dedicação a eles.
Por fim, o Eros e o Pragma também são complementares. Um(a) sujeito(a) Eros é
aquele(a) que escolhe seus(suas) parceiros(as) baseado na aparência física. Valorizam
aspectos como o beijo e o desempenho sexual do(a) parceiro(a). O(a) Pragma possui
critérios mais racionais para escolher seus(suas) parceiros(as), valorizando características
como inteligência, escolaridade e status social do(a) parceiro(a). Assim, podemos dizer que
o(a) Eros vive o amor de uma maneira mais instintiva, enquanto o(a) Pragma o faz de
maneira mais racional.
Amor 24
Figura 4. Os eixos da tipologia do amor.
A Figura 4 mostra como ficariam configurados os três eixos que sustentam a tipologia
do amor (Lee, 1974). No eixo Storge-Mania, pode-se perceber que, se de um lado os(as)
Storges são passivos e calmos, pois esperam que o amor ocorra, por outro lado os(as)
Manias têm pressa para viver o amor, e correm atrás dele de maneira ativa. No eixo Ludus-
Agape, o(a) Ludus é uma pessoa que controla seu sentimentos com a finalidade de ter
parceiros(as) no plural. Em oposição, o Agape entrega todos os seus sentimentos a uma
pessoa só. O eixo Eros-Pragma mostra de um lado o Eros, que segue seus instintos em
busca de relações quentes, e de outro o Pragma, que possui frieza para escolher um(a)
parceiro(a) de maneira racional.
Esta releitura do modelo de Lee (1974) não mudou o fato de que a teoria continua no
nível das atitudes, que possuem um pólo positivo e um negativo (Eagly & Chaiken, 1998).
Assim o modelo dos eixos do amor também leva em consideração esses critérios. Os
indivíduos no pólo Ludus devem apresentar uma atitude positiva com relação a ter diversos
parceiros(as), enquanto os indivíduos no pólo Agape devem apresentar uma atitude
negativa. A atitude sobre ter um relacionamento estável é positiva para o pólo Agape e
negativa para o pólo Ludus. As pessoas no pólo Eros devem ter uma atitude positiva com
relação a escolher um parceiro pela sua aparência física e uma atitude negativa com relação
a casamentos por interesses, atitude antagônica ao pólo Pragma. A atitude do pólo Storge
com relação ao amor à primeira vista deve ser negativa, pois este pólo possui uma atitude
Amor 25
positiva com relação a ampliar o tempo no qual as pessoas estão se conhecendo. A atitude
das pessoas no pólo Mania deve ser exatamente oposta a esta.
A criação de eixos não é nova, tento tido sucesso no modelo hexagonal de Holland
(1959). Prediger (1982) resumiu os seis estilos vocacionais em dois eixos, dados-ideias e
coisas-pessoas. Assim, sendo factível esta reorganização da teoria por meio de eixos, surge
a ideia de, ao invés de mensurar os seis tipos do amor, mensurar os três eixos. A grande
vantagem em se fazer isso está na questão da parcimônia, princípio norteador da ciência.
Além de se tratar de um modelo teórico mais simples, provavelmente o seu respectivo
instrumento de mensuração deve ser mais curto. Caso o modelo seja circumplexo, como
previsto por Lee (1973), devem existir eixos ligando pólos opostos no modelo.
1.5.2.1 Instrumentos de Mensuração da Tipologia do Amor
Existem diversos tipos de instrumentos para mensurar o amor de acordo com a
tipologia de Lee (1973). O autor propôs 35 questões e uma suposição da maneira como as
pessoas de cada estilo deveria responder a cada uma delas (Lee, 1974). Lasswell e
Lasswell (1976) também propuseram um instrumento de mensuração, mas, assim como
Lee, não apresentaram suas propriedades psicométricas no artigo. Este instrumento foi
investigado no Brasil por Barros e Calvano (2005), que traduziram o instrumento para o
português e o aplicaram em uma amostra de 305 sujeitos. Os autores encontraram uma
estrutura de seis fatores, compatíveis com os tipos de Lee (1973).
A versão de Hendrick e Hendrick (1986), contudo, é aquela que vem sendo mais
amplamente utilizada na literatura científica. Este teste possui sete itens para cada um dos
seis tipos. O instrumento possui consistência interna razoável, com valores de alfa de 0,69
(Storge), 0,70 (Eros), 0,72 (Mania), 0,74 (Ludus e Pragma) e 0,83 (Agape). Porém, outras
propriedades mostraram-se interessantes, como a baixa correlação entre as tipos e
adequadas cargas fatoriais (> 0,30) em todos os itens. Foram propostas duas formas
reduzidas do instrumento (Hendrick, Hendrick, & Dicke, 1989), uma com quatro itens por
tipo e a outra com três. Ambas as alterações pouco afetaram a consistência interna da
escala.
Uma tradução para língua portuguesa da versão de Hendrick e Hendrick (1986) tem
sido usada por Neto (1993, 1994, 1998, 2002), e mantém as propriedades do instrumento
original. Um estudo transcultural utilizou a versão da escala de Neto em países de língua
portuguesa (Portugal, Angola, Moçambique, Cabo Verde e Brasil), além da França, Suíça e
Amor 26
Macau, que responderam à escala em Cantonês (Macau) e Francês (Suíça e França). A
análise fatorial confirmatória da versão reduzida com quatro itens em cada subescala
indicou cargas superiores a 0,40. O Brasil foi o país de língua portuguesa com escores mais
altos nas dimensões Storge e Agape. Deve-se notar que, no referido estudo, escores baixos
representam elevados níveis de comportamento (Neto et al., 2000). Em Portugal, o
instrumento teve 39 dos 42 itens carregando fortemente no fator pretendido e coeficientes
alfas um pouco menores que os encontrados por Hendrick e Hendrick, ainda assim
toleráveis para a finalidade de pesquisa (α
eros
= 0,67, α
ludus
= 0,59, α
storge
= 0,71, α
pragma
=
0,76, α
mania
= 0,69, α
agape
= 0,80).
Outra versão traduzida para o português da escala de Hendrick e Hendrick (1986) foi
utilizada por De Andrade e Garcia (2009). A coleta de dados foi realizada por meio
eletrônico, com 509 participantes recrutados(as) em um sítio (site) de relacionamentos.
Apesar de um valor de KMO moderado (0,77), o instrumento dividiu-se nos seis fatores
previstos pela teoria. Os resultados ainda indicaram que os seis fatores não possuem
correlações maiores do que 0,3 entre si, sugerindo ortogonalidade entre eles. Com exceção
da dimensão Ludus (α = 0,55), todas as outras apresentaram valores de alfa de Cronbach
superiores a 0,74. As pessoas que se declararam apaixonadas possuíram escores
significativamente mais altos nas dimensões Eros, Agape, Ludus e Mania.
Com relação à variável sexo, a literatura tem encontrado diferenças significativas em
determinadas dimensões. Hendrick e Hendrick (1986) sugerem que os homens possuem
uma atitude significativamente mais alta na dimensão Ludus, enquanto as mulheres
possuem uma atitude mais alta na dimensão Storge, Pragma e Mania. Não há diferença
significativa em Eros e Agape. Cabe ressaltar que este estudo utilizou uma grande amostra
(446 homens e 341 mulheres). Neto (1998) encontrou diferenças significativas nas
dimensões Ludus e Agape, ambas indicando que homens possuem níveis mais altos nos
referidos estilos. Os resultados apresentados por Davies (2001) indicaram que os homens
endossam mais a dimensão Ludus e o Eros, enquanto as mulheres endossam mais o Mania
e o Agape, sempre em comparação ao sexo oposto. Os dados de uma amostra de 1351
espanhóis (Ferrer Pérez, Bosch Fiol, Navarro Guzmán, Ramis Palmer, & García Buades,
2008) sugerem que os homens possuem os estilos Ludus, Eros e Agape de modo mais forte
que as mulheres, que por sua vez possuem o estilo Pragma significativamente maior do
que os masculinos. Assim, pode-se perceber que, com exceção do Ludus, a literatura está
em desencontro sobre qual sexo possui uma atitude mais elevada em cada estilo. Não se
sabe, todavia, se isso reflete uma imprecisão do teste ou diferenças geográficas e culturais
Amor 27
entre os participantes de cada estudo.
Apesar de algumas limitações com relação à precisão, a escala de atitudes em relação
ao amor (Hendrick & Hendrick, 1986) segue sendo muito utilizada. Sua principal
potencialidade está numa boa estrutura fatorial, condizente com a teoria de Lee (1974),
apesar de se tratar de um modelo com muitos elementos (seis). Mesmo assim, é um teste
que ainda precisa de estudos e aperfeiçoamentos, principalmente no que tange à sua
consistência interna.
1.5.3 Satisfação no Relacionamento
A satisfação no relacionamento é um dos construtos que mais vem sendo trabalhados
na área de avaliação dos relacionamentos (Hendrick, 1988). Mais especificamente, a
investigação de relações entre amor e satisfação no relacionamento tem sido um tema de
pesquisa frequente no exterior (Masuda, 2003). A satisfação no relacionamento é uma
avaliação subjetiva bastante próxima ao bem-estar (Gable & Poore, 2008). Refere-se a uma
avaliação cognitiva positiva do relacionamento. Além de ser avaliada no nível individual,
trata-se de comparação de outras relações com a sua própria. Este conceito engloba
relacionamentos de casal, noivos, namorados, “ficantes”, ou mesmo relacionamentos sem
compromisso (Wachelke, De Andrade, Cruz, Faggiani, & Natividade, 2004). A satisfação
conjugal pode ser definida como uma atitude frente à interação conjugal e às características
do(a) cônjuge (Dela Coleta, 1989).
1.5.3.1 Medida da satisfação no relacionamento
Existem diversos instrumentos para a mensuração deste construto. A Escala de Ajuste
Diádico (Dyadic Adjustment Scale - DAS) foi desenvolvida por Spanier (1976) e possui 32
itens que devem ser respondidos por casais que moram juntos. A análise fatorial distinguiu
claramente os fatores Consenso da díade (α = 0,90, 13 itens), Satisfação da díade (α = 0,94,
10 itens), Coesão da díade (α = 0,86, 5 itens) e Expressão da afetividade (α = 0,73, 4 itens)
e demonstrou consistência interna geral (α = 0,92, 32 itens). Cabe salientar que a DAS
mede ajustamento da díade e a satisfação no relacionamento é apenas um dos elementos
deste ajustamento. Esta escala vem sendo bastante utilizada, e uma busca em bases de
dados encontrou pesquisas recentes em amostras dos cinco continentes, em países como
China (Shek & Cheung, 2008), África do Sul (Lesch & Engelbrecht, 2008), França
Amor 28
(Antoine, Christophe, & Nandrino, 2008), Alemanha (Dinkel & Balck, 2008), Austrália
(Hundertmark, Esterman, Ben-Tovim, Austin, & Dougherty, 2007) e Estados Unidos
(Funk & Rogge, 2007). Embora não sejam relatados dados psicométricos do instrumento, a
DAS foi utilizado no Brasil por Perlin (2001, 2006; Perlin & Diniz, 2005). Hernandez
(2008), em uma amostra porto-alegrense, encontrou itens carregando em mais de um fator,
o que o autor atribuiu à inter-relação entre as subescalas. Os coeficientes Alfas de
Cronbach variaram de 0,62 a 0,86, o que sugere que a escala também precisa ser
melhorada em alguns fatores.
Wachelke et al. (2004) desenvolveram a Escala Fatorial de Satisfação em
Relacionamento, um instrumento de nove itens (dois inversos) e dois fatores (Satisfação
com a Atração Física e Sexualidade SAFS - e Satisfação com Afinidades de Interesses e
Comportamentos - SAIC). A escala foi aplicado em 364 participantes de Porto Alegre e
Florianópolis envolvidos(as) em relacionamentos. Apesar dos itens terem apresentado
cargas fatoriais adequadas (maiores que 0,3), os valores de alfa
SAFS
= 0,76 e α
SAIC
=
0,61) indicaram problemas em relação à sua confiabilidade. Em um segundo estudo
(Wachelke, De Andrade, Souza, & Cruz, 2007), o instrumento teve um item reformulado
por uma questão semântica e foi aplicado em outros 342 universitários. As cargas fatoriais
foram maiores que 0,48, a exceção de um item retirado do instrumento. Os valores alfas
também melhoraram (α
SAFS
= 0,80 e α
SAIC
= 0,68), apesar de que não se pode afirmar que a
escala encontrou total confiabilidade. Porém, em uma aplicação via internet com 545
sujeitos, a obteve-se alfa de 0,78 para a SAFS e 0,76 para a SAIC (De Andrade &
Wachelke, 2006).
A Relationship Assessment Scale (RelAS) é uma medida simples da satisfação no
relacionamento, com apenas sete itens e estrutura unifatorial (Hendrick, 1988). Todos os
itens estão em uma escala tipo Likert, variando de 1 a 7, sendo que os itens 4 e 7 devem ter
os seus escores invertidos para fazer o somatório com os demais. Apesar de ter poucos
itens, a RelAS demonstra um bom nível de consistência interna (α = 0,86). A confiabilidade
teste-reteste em uma amostra de 65 universitários estadunidenses, com um intervalo de seis
a sete semanas, foi de 0,85 (Hendrick, Dicke, & Hendrick, 1998). Não se tem
conhecimento da uso da RelAS no Brasil.
Estudar a satisfação nos relacionamentos é tão importante quanto estudar o amor.
Mensurar o amor nos mostra o tamanho do sentimento, mas a satisfação no relacionamento
mostra se isso é bom ou se é ruim. Num casamento, por exemplo, é interessante que se
mantenha níveis elevados de amor e satisfação conjugal, pois tem-se ambos como
Amor 29
elementos de uma relação bem sucedida. No caso de um amor platônico, por outro lado,
níveis elevados de amor podem trazer insatisfação com o relacionamento, pois um amor
muito elevado por alguém que não corresponda pode levar a um elevado nível de
sofrimento psíquico. Assim, o amor e a satisfação devem ser estudados em conjunto,
verificando-se a associação de ambas as variáveis.
1.5.3.2 Estudos sobre relacionamentos de casais
O amor conduz as pessoas a relacionar-se, o que traz alguns desafios para o estudo do
fenômeno. O primeiro é que se trata de um sistema com pelo menos cinco níveis de análise
(indivíduo, casal, família, família ampliada e a sociedade em que os outros níveis estão
inseridos). O segundo desafio é o de que normalmente esta avaliação é feita por medidas
de auto-relato, o que sempre pode enviesar os resultados da pesquisa. O terceiro é o de que,
na maioria das vezes, as amostras nas pesquisas com casais são de conveniência (Kashy &
Snyder, 1995). Assim, todas as análises de dados devem ao menos considerar que os
indivíduos avaliados são parte de um casal.
Sprecher (1999; Sprecher & Felmlee, 1992) realizou um estudo longitudinal
investigando casais de namorados, recrutados em um campus universitário. O estudo
iniciou com 101 casais heterossexuais e teve cinco coletas de dados, em 1988, 1989, 1990,
1991 e 1992. Na quinta coleta de dados, 41 permaneceram juntos, dos quais 29 (71%) se
casaram. A perda de participantes foi extremamente baixa (10%), mesmo entre os casais
que romperam o relacionamento (14%). Os casais que continuaram o relacionamento,
geralmente relataram que seus sentimentos aumentaram ao longo do tempo, apesar de seus
escores de amor, compromisso e satisfação no relacionamento (medida pela Relationship
Assessment Scale - RelAS) terem permanecido semelhantes desde a primeira coleta de
dados. Por outro lado, aqueles casais que terminaram o relacionamento, relataram que
houve um decréscimo nos afetos positivos nos meses que antecederam a separação.
No Brasil, Perlin (2001; Perlin & Diniz, 2005), por meio da utilização da Dyadic
Adjustment Scale (DAS), encontrou que os homens de sua amostra apresentaram níveis
significativamente mais elevados de satisfação no relacionamento do que suas parceiras do
sexo feminino. Outro ponto que chama a atenção no mesmo trabalho é o fato de existir
uma correlação na satisfação entre homens e mulheres de um mesmo casal. Em outro
estudo, de caráter qualitativo, Perlin (2006) conclui que o consenso dos parceiros em torno
da filosofia de vida é um elemento importante para a manutenção da relação conjugal.
Amor 30
Norgren, Souza, Kaslow, Hammerschmidt e Sharlin (2004) investigaram a satisfação
de 38 casais heterossexuais da região metropolitana de São Paulo. Esta satisfação foi
medida por meio da DAS, aplicada em ambos os membros do casal. O estudo concluiu que
as relações extraconjugais são mais comuns entre membros da díade que estão insatisfeitos
com o casamento. O fato de ser praticante de uma religião (90% da amostra era católica) é
uma variável que influencia na satisfação com o casamento. Uma análise de regressão
indicou que as variáveis proximidade, capacidade para solucionar problemas, coesão,
comunicação, status econômico e praticar uma religião (em ordem de importância)
explicam 75,8% da variância da satisfação no relacionamento (os valores de beta não
foram informados).
Dela Coleta (1991) investigou as causas que as pessoas atribuem ao sucesso em uma
relação. A principal delas foi o amor (mencionado por 88,3% da amostra), seguido por
compreensão (57,8%), respeito (53,4%), lealdade, fidelidade (40,8%), companheirismo,
amizade (34,5%), diálogo, comunicação (33,0%), sexo (30,6%) e dinheiro (24,3%). Houve
poucas diferenças de sexo com relação à frequência com que cada causa foi mencionada.
Estes dados corroboram a necessidade de conhecer as variáveis associadas a relações bem-
sucedidas, pois elas podem promover o sucesso das relações e, consequentemente, prevenir
o fracasso.
Parte da complexidade do estudo dos relacionamentos está na necessidade de se
investigar ambos os membros da díade. Mesmo quando não se tem acesso a um(a) dos(as)
parceiros(as), a pesquisa deve considerar que ele(a) existe, investigando-o(a) sob o olhar
do(a) participante. Conhecer as variáveis associadas ao sucesso ou ao fracasso em uma
relação é relevante para o psicólogo que trabalha com casais, pois este é constantemente o
objetivo das psicoterapias (auxiliar a construir o sucesso e evitar o fracasso).
1.5.3.3 Estudos transculturais
As diferenças e semelhanças entre culturas são um problema de pesquisa antigo, mas
de difícil acesso. Buss (1989b) investigou 10.047 sujeitos distribuídos em 37 amostras
espalhadas pelo mundo, sendo quatro na África, oito na Ásia, quatro no Leste Europeu,
doze na Europa Ocidental, quatro na América do Norte, três na América do Sul e duas na
Oceania. Os resultados indicaram que as mulheres valorizam uma boa perspectiva
financeira em um potencial pretendente de modo significativamente maior do que os
homens em 36 amostras (na Espanha, esta diferença existiu, mas não foi significativa). Em
Amor 31
todas as culturas, foi constatado que os homens preferem parceiras mais jovens e as
mulheres preferem parceiros mais velhos. As diferenças culturais mais marcantes na
escolha de um(a) potencial parceiro(a) estão na questão da castidade. Amostras da China,
Indonésia, Irã, Taiwan e Israel (palestinos) endossaram bastante esta qualidade, enquanto
as amostras da Suécia, Noruega, Finlândia, Holanda, Alemanha Ocidental e França foram
as que mais consideraram esta característica irrelevante.
Mais recentemente, o International Sexuality Description Project investigou 16.954
participantes de 53 países (28 idiomas). Apesar das diferenças culturais, os resultados
indicaram que 56,9% dos homens e 34,9% das mulheres tentaram conquistar um(a)
parceiro(a) para uma relação de curto prazo, enquanto 57,1% dos homens e 43,6% das
mulheres tentaram conquistar um(a) parceiro(a) para uma relação de longo prazo (a mesma
pessoa poderia ao mesmo tempo tentar relações de curto e de longo prazo). As mulheres
que tentaram, no entanto, tiveram um sucesso significativamente maior do que os homens
na conquista de um parceiro a curto prazo. Não houve diferença significativa de sexo na
conquista de longo prazo (Schmitt, Alcalay, Allik, et al., 2004). Outros artigos referentes a
este projeto foram publicados, tendo uma pequena variação no número de países, sujeitos e
idiomas envolvidos. Os resultados indicaram que os homens desejam ter um número maior
de parceiras do que as mulheres em todas as regiões do mundo (Schmitt, Alcalay, Allik, et
al., 2003).
O International Sexuality Description Project também investigou o apego
(attachment). O apego romântico seguro (secure) foi predominante em 79% das culturas.
Foi encontrada uma correlação do índice de fertilidade das culturas com o apego romântico
amedrontado (fearful) (r = 0,38) e afastado (dismissing) (r = 0,32) (Schmitt, Alcalay,
Allensworth, et al., 2004). Além do índice de fertilidade, o apego romântico afastado
(dismissing) também foi correlacionado com o índice de HIV/AIDS entre adultos (r =
0,43), expectativa de vida (r = - 0,47), Índice de Desenvolvimento Humano (r = - 0,48) e
Índice de Desenvolvimento de Gênero (r = - 0,49) (Schmitt, Alcalay, Allensworth, et al.,
2003). Estes dados mostram que existe uma ligação entre os sentimentos e a cultura.
Mesmo índices sociais e econômicos podem encontrar relação com a maneira como as
pessoas por trás dos números se relacionam.
1.5.4 O amor e construtos relacionados na teoria das atitudes
Conforme mencionado diversas vezes nesta tese, existe uma abundância de teorias
Amor 32
sobre o amor, e grande parte delas tem sustentação empírica para suas afirmações.
Praticamente todas as teorias sobre amor possuem pelo menos um elemento da atração
física e outro de afeto entre amigos(as), independente do nome com o qual estes elementos
são chamados. Embora parecidas, seria precipitado afirmar que algumas teorias são
desnecessárias. Primeiramente, porque a ciência do amor vive um momento em que a
efervescência de teorias é necessária, pois o campo está surgindo e novas teorias podem
discutir as velhas teorias. Ou, ainda, as velhas teorias podem afirmar suas potencialidades
diante das teorias que surgem. Em segundo lugar, as teorias podem ser vistas como
complementares, pois abordam o fenômeno em ângulos distintos. A Tabela 1 mostra as
teorias sobre amor apresentadas na introdução desta tese de maneira sintética.
Tabela 1 - Resumo esquemático das teorias sobre amor apresentadas na presente tese
Teoria
Autor(a)
Elemento
Significado
Bases biológicas
Fisher (2006)
Testosterona
Luxúria
Sistema de recompensa
Amor romântico
Vasopressina e ocitocina
Fidelidade
Psicanálise
Freud
(1912/1987)
Corrente afetiva
Amor aos cuidadores
Corrente sensual
Amor a alguém do sexo oposto
Behaviorismo
Skinner
(1991)
Eros
Reforços sexualizados e
vinculados à seleção natural
Philia
Amor por objetos não humanos
por condicionamento operante
Agape
Reforços por reforçar o
comportamento de outra pessoa
Teoria do apego
Bowlby
(1984)
Apego seguro
Facilidade para estabelecer
vínculos afetivos
Apego evitativo
Desconforto para estabelecer
vínculos afetivos
Apego ambivalente
Desconfiança para estabelecer
vínculos afetivos
Amar e gostar
Rubin (1970)
Amar
Atração física
Gostar
Relações de intimidade
Amor-paixão e amor-
companheiro
Hatfield &
Walster
(1983)
Companheirismo
Emoção calma
Paixão
Confusão de sentimentos
Clusters
Davis (1985)
Amizade
Intimidade
Amor Paixão
Sexualidade
Amor Cuidado
Defesa do(a) parceiro(a)
Teoria triangular do
amor
Sternberg
(1986)
Intimidade
Proximidade
Paixão
Sexualidade e romantismo
Decisão/
compromisso
Racionalidade do amor
Cores do amor
Lee (1973)
Eros
Atração física
Storge
Companheirismo
Ludus
Promiscuidade
Agape
Altruísmo
Mania
Amor intenso
Pragma
Busca por parceiro(a) com
características desejáveis
Amor 33
Como pode ser observado, existem elementos semelhantes nas diferentes teorias. Para
tentar elucidar a questão sobre qual o nível de análise cada teoria sobre o amor está
abordando, é interessante fazer uma analogia com o modelo tripartite das atitudes (Eagly &
Chaiken, 1998). De acordo com o referido modelo, as atitudes são uma tendência
psicológica expressa na avaliação de algo favoravelmente ou desfavoravelmente. Elas são
formadas pelo componente cognitivo (pensamentos e crenças), afetivo (emoções e
sentimentos) e comportamental (ações e intenções de agir). O comportamento humano é
influenciado pelas atitudes.
Dessa maneira, torna-se importante determinar em qual parte do modelo tripartite das
atitudes (Eagly & Chaiken, 1998) se encontram os construtos abordados neste trabalho. A
teoria de Sternberg (1986) descreve componentes afetivos ou emocionais nas dimensões da
Intimidade e da Paixão, por exemplo. dentro da dimensão Decisão/Compromisso se refere
aos elementos cognitivos (decisão) e comportamentais (compromisso) do amor. A teoria de
Lee (1974) é uma tipologia do amor, que aborda suas atitudes. A satisfação no
relacionamento também está no nível das atitudes, não em relação ao amor, mas em
relação ao relacionamento. A Figura 5 apresenta um esquema integrativo do modelo
tripartite das atitudes com as teorias trabalhadas nesta tese.
Figura 5. Modelo tripartite para o amor.
Assim, percebe-se que a Teoria Triangular do Amor está avaliando os elementos que
formam as atitudes, enquanto a Teoria das Cores do Amor trabalha com a atitude já
Amor 34
consolidada. Dessa maneira, as dimensões do amor de Sternberg (1986) atuam em
componentes diferentes das atitudes. Cada um dos estilos do amor (Lee, 1974) é uma
atitude e, como tal, possui componentes afetivos, cognitivos e comportamentais. As
atitudes, ou os estilos do amor, são antecedentes do comportamento.
De uma maneira sintética, uma atitude Agape é uma predisposição ao comportamento
de agradar o(a) parceiro(a); uma atitude Storge leva a tratar o parceiro como amigo; uma
atitude Pragma leva ao comportamento de procurar um(a) parceiro(a) com status social;
uma atitude Eros ocasiona o comportamento de procurar parceiros(as) bonitos(as); a
atitude Ludus leva a comportamentos de promiscuidade; e a atitude Mania pode levar à
expressão do ciúme. Apesar das atitudes possuírem os componentes cognitivos,
comportamentais e afetivos, pode-se afirmar que o tipo Pragma está mais embasado em
componentes cognitivos, a Ludus em comportamentais, enquanto os demais se sustentam
de maneira mais balizada nos componentes afetivos. As atitudes nem sempre são
compostas pelos seus três elementos (Eagly & Chaiken, 1998), sendo possível que estilos
de amar existam sustentados em apenas um elemento do modelo tripartite.
Os comportamentos retroalimentam os componentes das atitudes, de acordo com as
teorias do reforço (Skinner, 1967). Logo, as experiências de amor do passado irão gerar
novas cognições a respeito do amor, novos afetos, novas intenções comportamentais e,
consequentemente, novas atitudes. Um comportamento gerado por uma atitude Ludus, por
exemplo, pode ter consequências reforçadoras [como o prazer sexual de múltiplos(as)
parceiros(as)] e gerar a manutenção deste comportamento, mas pode gerar uma
consequência punitiva (como o término de um relacionamento estável) e tender a se
extinguir. Não se pode esquecer que, de acordo com a teoria da auto-percepção (Bem,
1972), as pessoas podem formar atitudes condizentes com a observação do seu próprio
comportamento. Dessa maneira, alguém com um comportamento de fugir do ato sexual,
por exemplo, poderá formar uma atitude Storge.
1.6 Instrumentos de Medida do Amor e Construtos Relacionados no Brasil
A área de estudos com medidas do relacionamento tem crescido bastante em nível
internacional. Diversos instrumentos de medida do amor e de construtos vinculados aos
relacionamentos existem no mundo. Alguns deles foram traduzidos para língua portuguesa,
e houve algumas pesquisas brasileiras que inclusive criaram seus próprios instrumentos de
medida. A Tabela 2 sintetiza as pesquisas com os instrumentos de medida da área no
Amor 35
Brasil. Apesar do fato de que alguns instrumentos podem não ter sido encontrados por esta
revisão, estima-se que o número de testes seja escasso. Deve-se levar em consideração que
algumas das referências são de teses e dissertações não publicadas e trabalhos apresentados
em congressos, que são trabalhos de difícil localização.
Tabela 2 - Instrumentos de medida do amor e do relacionamento em língua portuguesa
Escala
Autor(a)
Língua Portuguesa
Escala do Ajustamento Diádico
(DAS)
Spanier (1976)
Hernandez (2008), Karwowski-Marques
(2008), Perlin (2001, 2006), Perlin e Diniz
(2005), Scorsolini-Comin (2009)
Escala Fatorial de Satisfação em
Relacionamento
Wachelke, et al.
(2004)
De Andrade e Wachelke (2006), Wachelke,
et al. (2004), Wachelke, et al. (2007)
Relationship Assessment Scale
(RelAS)
Hendrick (1988)
Presente estudo
Escala Triangular do Amor de
Sternberg (ETAS)
Sternberg (1997)
Cassepp-Borges e Teodoro (2007, 2009),
Cavalcanti (2007), Custódio (2002), Gouveia
et al. (2009), Hernandez (1999), Karwowski-
Marques (2008)
Teste de Avaliação da Tipologia do
Amor (SAMPLE Scale)
Lasswell e Lasswell
(1976)
Barros e Calvano (2005)
Love Attitudes Scale (LAS) (Teoria
das Cores do Amor)
Hendrick e Hendrick
(1986)
De Andrade e Garcia (2009), Neto (1993,
1994, 1998, 2002), Neto, et al. (2000)
Escala de Satisfação Conjugal
Pick de Weiss e
Andrade Palos (1988)
Dela Coleta (1989), Scorsolini-Comin (2009)
Escala ERA - Atitudes frente a
relações afetivas estáveis
Reis (1995)
Milfont, Gouveia, Jesus, Gusmão, Chaves e
Coelho (2008), Reis (1995)
Escala do Ciúme Romântico
Ramos, Yazawa e
Salazar (1994)
Ramos, Yazawa e Salazar (1994), Ramos
(1998)
Inventário de Ciúme Romântico
Carvalho, Bueno e
Kleberis (2008)
Carvalho, Bueno e Kleberis (2008)
Escala de Atração Intersexual e
Autoconceito (EAA)
Ramos, Santos e
Costa (1994)
Ramos, Santos e Costa (1994), Ramos (1998)
Inventário de Habilidades Sociais
Conjugais
Villa (2005)
Villa (2005)
Também não se pode esquecer que nenhum desses instrumentos pode ser utilizado por
psicólogos, excetuando-se uma situação de pesquisa, pois eles não se encontram na lista do
SATEPSI (CFP, 2003, 2009). Dessa maneira, tratam-se de estudos que contribuem para a
ciência, mas que não contribuem para a prática do(a) psicólogo(a). A elaboração de
manuais e submissão ao CFP é um passo importante que deveria ter sido dado por pelo
menos alguns desse estudos. A aplicação do conhecimento produzido pelas pesquisas em
Avaliação Psicológica depende do trabalho dos cientistas, se adequando às exigências do
órgão que rege classe dos(as) psicólogos(as).
Amor 36
1.7 Objetivos
O principal objetivo deste estudo foi verificar evidências de validade no Brasil de
algumas das principais escalas que avaliam amor e construtos associados existentes no
exterior, a RelAS, a ETAS e a LAS. Não existe nenhum teste para medir o amor ou a
satisfação no relacionamento à disposição do(a) psicólogo(a) brasileiro(a) (CFP, 2009), o
que faz com que estudos sobre as escalas sejam necessários. Embora já possua estudos
sobre suas propriedades (Cassepp-Borges & Teodoro, 2007; Gouveia, Fonseca, Cavalcanti,
Diniz & Dória, 2009; Hernandez, 1999), a versão brasileira da ETAS possui algumas
traduções diferentes e ainda não foi aplicada a nível nacional. Apesar de que encontrar as
mesmas propriedades psicométricas com diferentes traduções possa ser uma evidência de
validade, para a elaboração de tabelas normativas seria mais interessante que todas as
pesquisas trabalhem com a mesma versão. A Love Attitudes Scale possui dados com uma
amostra de várias Unidades da Federação do Brasil, mas teve sua coleta de dados feita de
maneira eletrônica (De Andrade & Garcia, 2009). As coletas em lápis e papel são
importantes pelo fato de que ainda são a maneira como os psicólogos usam os testes para
psicodiagnóstico, sendo útil a consonância da padronização dos procedimentos da pesquisa
e da utilização prática. A presente revisão de literatura não encontrou qualquer utilização
da RelAS no Brasil. Nesse sentido, o objetivo foi conhecer a precisão e a validade das
escalas, principalmente a validade de construto (fatorial, convergente-discriminante) e de
critério (concorrente e preditiva). Também se teve o objetivo de verificar a discriminação e
a dificuldade dos itens das escalas e a estabilidade das estruturas fatoriais.
Outros objetivos foram reconhecer variáveis preditoras da permanência na relação,
conhecer as variáveis relacionadas à satisfação no relacionamento, descrever o curso
temporal (transversal) do amor e comparar grupos com relação aos níveis de amor,
satisfação no relacionamento e estilos de amar. Cabe mencionar, no entanto, que esses são
objetivos específicos de trabalho. Por se tratar primariamente de um trabalho na área da
Psicometria, conhecer as propriedades psicométricas dos instrumentos e suas evidências de
validade e precisão foram o principal objetivo. Os objetivos específicos se vinculam ao
principal por que eles permitem analisar evidências adicionais de validade das escalas
utilizadas, especialmente a validade de critério.
Amor 37
1.8 Hipóteses
A partir dos objetivos e da revisão de literatura exposta, são levantadas as seguintes
hipóteses:
H1. A RelAS deve ser unifatorial, com valor de alfa de Cronbach próximo de 0,85.
Hipótese embasada nos dados do estudo original de Hendrick (1988) e Hendrick,
Dicke e Hendrick (1998).
H2. A estrutura fatorial da RelAS deve ser confirmada em subamostras.
Essa confirmação deve sugerir validade de construto para a escala, mostrando que ela
possui uma estrutura fatorial estável.
H3. Os itens da RelAS devem se distribuir nas faixas de dificuldade e ser
discriminativos.
Essa evidência de validade é esperada para quaisquer escalas.
H4. A ETAS deve se possuir três fatores, Intimidade, Paixão e Decisão/compromisso,
todos com alfas superiores a 0,90.
Os estudos com a ETAS no Brasil e no exterior que utilizaram a ETAS com 45 itens
encontraram valores de alfa superiores a 0,90 (Cassepp-Borges & Teodoro, 2007;
Hernandez, 1999; Sternberg, 1997).
H5. A estrutura fatorial da ETAS deve ser confirmada em subamostras.
Essa confirmação deve sugerir validade de construto para a escala, mostrando que ela
possui uma estrutura fatorial estável.
H6. Os itens da ETAS devem se distribuir nas faixas de dificuldade e ser
discriminativos.
Essa evidência de validade é esperada para quaisquer escalas.
H7. A LAS deve possuir seis fatores, Eros, Agape, Storge, Pragma, Ludus e Mania.
São esperados valores de alfa superiores a 0,70 para todas as escalas.
Os estudos com a LAS (De Andrade & Garcia, 2009; Hendrick & Hendrick, 1986;
Neto, 1998) encontraram esses valores de alfa. O tipo Storge teve valor um pouco inferior
a esse no estudo original (α = 0,69, Hendrick & Hendrick), enquanto o tipo Ludus
encontrou problemas nos estudos em língua portuguesa (α = 0,55, De Andrade & Garcia; α
= 0,60, Neto).
H8. A estrutura fatorial da LAS deve ser confirmada em subamostras.
Essa confirmação deve sugerir validade de construto para a escala, mostrando que ela
possui uma estrutura fatorial estável.
Amor 38
H9. Os itens da LAS devem se distribuir nas faixas de dificuldade e ser
discriminativos.
Essa evidência de validade é esperada para quaisquer escalas.
H10. Em uma análise de escalonamento multidimensional, os itens da LAS devem
estar agrupados por fatores e estar dispostos na ordem Eros, Agape, Storge, Pragma, Ludus
e Mania.
Essa hipótese se baseia na teoria de Lee (1973), que prevê que a estrutura das cores do
amor seja circular. Não foram encontrados estudos que analisassem a estrutura circular do
referido modelo.
H11. Correlações entre os fatores.
As correlações entre os fatores permitem avaliar a validade convergente-
discriminante. Caso haja correlações entre fatores, são esperadas correlações lineares.
Diversos estudos apóiam hipótese de que os fatores da ETAS serão todos correlacionados
entre si e com a satisfação no relacionamento (Cassepp-Borges & Teodoro, 2007, 2009;
Hendrick & Hendrick, 1989; Lemieux & Hale, 2000; Masuda, 2003). Tendo em vista a
semelhança conceitual, pode-se levantar a hipótese de que os tipos Eros e Mania
encontrem correlações positivas com a dimensão da Paixão. Os tipos Storge e Agape
devem se relacionar com a Intimidade. Por fim, o Pragma deve se relacionar com a
Decisão/compromisso. Hendrick e Hendrick encontraram correlações positivas e elevadas
entre Eros e Agape com as três dimensões do amor. Mania e Ludus tiveram correlações
pequenas com a ETAS, mas a correlação do tipo Ludus foi negativa.
H12. O sexo deve ter pouca influência nos resultados da RelAS, da ETAS, mas deve
influenciar os escores na LAS.
Cassepp-Borges e Teodoro (2009) e Sternberg (1997) encontraram poucas diferenças
de gênero em seus estudos. Gouveia, et al. (2009), no entanto, encontraram médias de
Decisão/compromisso maiores para mulheres. Contudo, os traços tipológicos apresentam
influência de gênero. Diversos estudos (Davies, 2001; Hendrick & Hendrick, 1986; Neto,
1998; Ferrer Pérez, Bosch Fiol, Navarro Guzmán, Ramis Palmer, & García Buades, 2008)
mostraram que homens possuem níveis maiores na dimensão Ludus. Os demais tipos não
tem encontrado resultados estáveis na literatura.
H13. O tipo de relacionamento deve influenciar os resultados da RelAS, da ETAS.
Cassepp-Borges e Teodoro (2009) e Gupta e Singh (1982) encontraram influências do
tipo de relacionamento no amor. É esperado, para este estudo, que relacionamentos
românticos (Namoro, noivado e casamento) tenham níveis de amor e satisfação no
Amor 39
relacionamento mais elevados que outros relacionamentos (amizade e parentesco). A LAS,
por se referir a traços mais estáveis, deve sofrer pouca influência do tipo de relacionamento
vivenciado.
H14. A orientação sexual deve ter pouca influência nos resultados da RelAS, da ETAS
e da LAS.
Embora os dados encontrados por Cassepp-Borges e Teodoro (2009) mostrem que
homo e bissexuais possuíram níveis de Paixão e Decisão/compromisso maiores do que
heterossexuais, é mais prudente hipotetisar semelhanças entre as médias, pois o número de
homo e bissexuais do referido estudo foi reduzido e as diferenças não foram
estatisticamente significativas. Além disso, não há razão teórica para supor que a
orientação sexual aumente ou diminua os níveis de amor.
H15. As pessoas que moram com o(a) parceiro(a) devem apresentar maiores níveis de
satisfação no relacionamento (RelAS) e amor (ETAS) do que as que não moram com
eles(as).
Ambos níveis devem ser maiores do que os dos(as) participantes sem parceiros(as). A
Decisão/compromisso deve ser maior em relacionamentos de participantes que moram
juntos em relação àqueles(as) que moram separados(as). Os níveis na LAS devem ser
semelhantes em todos os grupos. Caso essa hipótese seja confirmada, ter-se-á uma
evidência de validade de critério concorrente.
H16. Ter filhos(as) deve aumentar os níveis de Agape e Decisão/compromisso.
Ter filhos(as) é a consolidação do compromisso em uma relação. Espera-se que o
comprometimento aumente com a com a chegada dos(as) filhos(as), ou que a decisão de
ter filhos somente ocorra quando o compromisso estiver sólido. O Agape é a dimensão do
cuidado com o parceiro(a), que se torna mais importante quando se tem filhos(as). Caso
essa hipótese seja confirmada, ter-se-á uma evidência de validade de critério concorrente.
H17. A percepção da beleza da pessoa amada deve se correlacionar positivamente
com os níveis de satisfação no relacionamento, amor e de Eros.
Espera-se que participantes que possuam parceiro(as) que considerem bonitos(as)
estejam mais satisfeito com o seu relacionamento. Espera-se que a Paixão seja a dimensão
mais correlacionada com a beleza do(a) parceiro(a), por tratar da do componente mais
sexualizado do amor. Pela mesma razão, o tipo Eros também deve se correlacionar coma
beleza da pessoa amada. Caso essa hipótese seja confirmada, ter-se-á uma evidência de
validade de critério concorrente.
H18. São esperadas influências da variável religião nos níveis de amor , satisfação no
Amor 40
relacionamento e Agape.
A influência da variável religião sobre o amor foi demonstrada por Norgren et al.
(2004). Sprecher e Fehr (2005) encontraram correlações positivas e moderadas do amor
com uma escala de espiritualidade, uma auto-pontuação da espiritualidade, uma auto-
pontuação da religiosidade e freqüência à igreja. Com relação ao tipo Agape, por se tratar
de um estilo de amor descrito como cristão, altruísta e centrado no(a) próximo(a), também
são esperadas relações com a variável religião.
H19. É esperado um crescimento do amor conforme evolua a relação.
Sternberg (1986), sem dados empíricos, sugeriu um aumento da Intimidade e da
Decisão/compromisso ao longo do tempo. A Paixão surgiria mais rápido, mas começaria a
diminuir mais rápido. Os dados de Yela (1997), que consideram o tempo de relação,
mostram esse crescimento para a Intimidade e para a Decisão/compromisso. Para as
Paixões Romântica e Erótica, existe um decréscimo por volta do segundo ano de
relacionamento. Os dados de Cassepp-Borges e Teodoro (2009) mostram que as três
dimensões do amor vão evoluindo conforme muda o tipo de relação, sendo que os(as)
participantes casados(as) sem filhos(as) apresentavam maiores níveis de amor nas 3
dimensões. Assim como no estudo de Cassepp-Borges e Teodoro, é esperada uma redução
drástica nos níveis de amor para uma relação que evolua para a separação. Lemieux e Hale
(2002) também apóiam empiricamente a hipótese de crescimento do amor ao logo do
tempo.
H20. É esperado que participantes que estivessem namorando durante a coleta de
dados com maiores níveis de amor e satisfação no relacionamento tenham maior
probabilidade de ter se casado, noivado ou decido morar juntos. Participantes com menores
níveis nessas dimensões devem ter apresentado maior probabilidade de ter terminado a
relação. Os escores na LAS não devem ter influenciado o rumo do relacionamento.
H21. As três dimensões do amor (Intimidade, Paixão e Decisão/compromisso) devem
explicar a variável satisfação no relacionamento.
Diversos trabalhos apontam para a relação entre satisfação no relacionamento e o
amor (Cassepp-Borges & Teodoro, 2009; Hendrick & Hendrick, 1989; Lemieux & Hale,
2000; Masuda, 2003). Mesmo em um trabalho qualitativo (Dela Coleta, 1991), percebe-se
a relação entre Intimidade, Paixão e Decisão/compromisso com a satisfação no
relacionamento. Prevê-se, ainda, que os níveis mais elevados de amor também estejam
relacionados com níveis maiores de satisfação no relacionamento para aqueles(as)
participantes que efetivamente estiverem se relacionando.
Amor 41
2 Método
2.1 Participantes
Este estudo teve a participação de 1.549 pessoas. A média de idade foi de 25,17 anos
(DP = 7,74). Os(as) participantes eram oriundos(as) de doze estados brasileiros e do
Distrito Federal. As coletas de dados foram realizadas em pelo menos um terço das
Unidades da Federação de cada uma das cinco regiões geográficas do Brasil (Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística [IBGE], 2009), como mostra a Figura 6. Embora não
tenha sido possível fazer um levantamento preciso dessa variável, pelo menos 90% da
amostra foi composta por estudantes universitários(as), mas houve participantes de outros
segmentos da sociedade, conforme pode ser observado na Tabela 3. A amostra total incluiu
1.048 (67,7%) mulheres, 500 (32,3%) homens e um(a) participante que não informou o
sexo.
Figura 6. Unidades da Federação nas quais os dados foram coletados (área preenchida).
Amor 42
Tabela 3 - Descrição das amostras por região e Unidade da Federação
Local
Características principais*
n (%)
n (%) -
mulheres
Idade em
anos (DP)
Centro-Oeste
612
(39,5%)
362
(59,2%)
25,7 (7,3)
Distrito Federal
Policiais militares e estudantes diversos
cursos de cinco universidades públicas
e particulares de Brasília e Taguatinga
583
(37,6%)
347
(59,6%)
25,7 (7,3)
Goiás
Estudantes de Hotelaria e
Administração de universidade
particular da cidade de Formosa, no
entorno do Distrito Federal
29 (1,9%)
15 (51,7%)
25,9 (6,9)
Norte
206
(13,3%)
154
(74,8%)
23,8 (6,8)
Rondônia
Estudantes de Psicologia e Educação
Física de universidade particular de
Porto Velho
73 (4,7%)
53 (72,6%)
26,2 (8,7)
Acre
Estudantes de Ciências Biológicas de
universidade pública de Rio Branco
66 (4,3%)
49 (74,2%)
21,4 (3,3)
Pará
Estudantes Odontologia e Psicologia de
universidade pública de Belém
67 (4,3%)
52 (77,6%)
23,4 (6,2)
Nordeste
482
(31,1%)
335
(69,5%)
25,1 (8,3)
Maranhão
Dados coletados no círculo de amizade
de 11 estudantes de Psicologia de São
Luís
217
(14,0%)
146
(67,3%)
28,1 (10,2)
Piauí
Estudantes de Psicologia de
universidade pública de Parnaíba,
segunda cidade do estado em população
98 (6,3%)
68 (69,4%)
21,8 (4,2)
Rio Grande do
Norte
Estudantes de Psicologia e Ciências
Contábeis de três universidades
públicas e particulares de Natal
113 (7,3%)
88 (77,9%)
23,1 (5,4)
Sergipe
Estudantes de Matemática e Psicologia
de universidade pública de São
Cristóvão, periferia de Aracaju
54 (3,5%)
33 (61,1%)
23,4 (5,9)
Sudeste
184
(11,9%)
144
(78,3%)
23,4 (5,9)
Espírito Santo
Estudantes de Ciências Biológicas e
Psicologia de universidade pública de
Vitória
19 (1,2%)
13 (68,4%)
22,0 (1,5)
Rio de Janeiro
Estudantes de Ciências Contábeis e
Psicologia de universidade pública de
Niterói, periferia da capital Rio de
Janeiro
95 (6,1%)
72 (75,8%)
22,1 (2,8)
São Paulo
Estudantes de Psicologia de
universidade particular de Limeira e
Jundiaí, no interior do estado
70 (4,5%)
59 (84,3%)
25,7 (8,6)
Sul
65 (4,2%)
53 (81,5%)
29,3 (11,7)
Santa Catarina
Moradores de Balneário Camboriú e
estudantes de Psicologia e de Mestrado
em Educação de universidade particular
de Itajaí, cidades vizinhas no norte do
estado
65 (4,2%)
53 (81,5%)
29,3 (11,7)
Total
1549
(100%)
1048
(67,7%)
25,17
(7,74)
* Nota: Algumas exceções, com poucos casos, não foram contempladas nas descrições. As descrições se referem à
composição majoritária da amostra.
Ainda com relação à ocupação, a amostra chama a atenção pelo fato de ter um terço de
estudantes de Psicologia (n = 553, 35,7%). Contudo, há um elevado número de estudantes
Amor 43
de áreas correlatas da Administração e Gestão (n = 360, 23,2%). Apesar de mais da metade
da amostra se concentrar nessas duas áreas, houve diversidade, pois foram incluídos 85
diferentes cursos superiores, de pós-graduação, profissões ou (Tabela 4).
Tabela 4 - Cursos, profissões e ocupações dos(as) participantes
n
%
% Cumulativo
Psicologia
553
35,7
35,7
Administração
241
15,6
51,3
Ciências Contábeis
86
5,6
56,8
Ciências Biológicas
76
4,9
61,7
Letras
57
3,7
65,4
Gestão de RH
55
3,6
68,9
Gestão Empresarial
38
2,5
71,4
Matemática
32
2,1
73,5
Educação Física
28
1,8
75,3
Gestão em Marketing
27
1,7
77,0
Direito
25
1,6
78,6
Odontologia
25
1,6
80,2
Militar
17
1,1
81,3
Ciências da Computação
15
1,0
82,3
Hotelaria
14
0,9
83,2
Arquivologia
13
0,8
84,1
Enfermagem
13
0,8
84,9
História
13
0,8
85,7
Comunicação Social
11
0,7
86,4
Medicina Veterinária
11
0,7
87,2
Outros (62, com n < ou = 8)
133
8,6
95,7
Não informado
66
4,3
100,0
Total
1549
100
A amostra foi composta basicamente por participantes heterossexuais (n = 1452,
93,7%), porém com um número razoável de bissexuais (n = 27, 1,7%) e homossexuais (n =
23, 1,5%). Três (0,2%) participantes afirmaram possuir outra orientação sexual. Sabe-se
que, muitas vezes, por se tratar de uma informação obtida por auto-relato, este dado pode
não corresponder à realidade, o que também pode ser percebido pelo número de casos
omissos (n = 44, 2,8%). A maioria da amostra (n = 1165, 75,2%) estava solteira quando os
dados foram coletados, seguidos por casados(as) (n =246, 15,9%), noivos(as) (n = 60,
3,9%), divorciados(as) (n = 34, 2,2%) e viúvos(as) (n = 4, 0,3%). Trinta e duas (2,1%)
pessoas encontravam-se em outra situação, enquanto oito (0,5%) não responderam à
questão. Assim, diferentemente de grande parte dos estudos da área, este teve a
participação de pessoas não envolvidas em relacionamentos. De qualquer forma,
praticamente metade dos(as) solteiros(as) (n = 596, 51,2%) e dos(as) divorciados(as) (n =
16, 47,1%) afirmaram estar namorando. A maioria dos(as) participantes não possuía
filhos(as) (n = 1242, 80,2%) na ocasião da coleta de dados. Esse número elevado se deve
Amor 44
ao fato de que a amostra tenha diversas pessoas solteiras sem filhos (n = 1083, 93,0%). O
percentual de pessoas que não tiveram filhos é muito menor entre os casados (n = 80,
32,5%) e entre os divorciados (n = 6, 17,6%).
2.2 Instrumentos
Foram aplicados um questionário inicial, a RelAS, a ETAS e a LAS, que serão
descritos a seguir. Cabe salientar que os quatro instrumentos se tratam de questionários de
auto-relato. Assim, quando esta tese estiver se referindo a níveis de amor, por exemplo, na
verdade está se referindo a níveis de amor de acordo com a percepção do(a) próprio(a)
participante.
O questionário inicial foi composto por perguntas demográficas, como sexo, data de
nascimento, curso [caso fosse universitário(a)] e orientação sexual. Nesse questionário, foi
solicitado que a pessoa escrevesse o nome de alguma pessoa que ama. A partir daí, foram
feitas perguntas sobre o tipo e o tempo de relacionamento, além de perguntas sobre a
beleza, as condições sócio-econômicas, a religião e a escolaridade de si próprio e da pessoa
amada. Havia perguntas abertas, nas quais os(as) participantes eram solicitados(as) a
indicar três adjetivos que caracterizem a si próprios e a pessoa que amam, além de uma
descrição do sentimento do(a) participante pela pessoa amada e da pessoa amada pelo(a)
participante, ambos de acordo com a percepção do(a) respondente. Este questionário
encontra-se no Anexo A.
A Relationship Assessment Scale (RelAS), conforme já mencionado, é composta por 7
itens que medem o construto da satisfação no relacionamento. Trata-se de um instrumento
unidimensional (Hendrick, 1988). Por ser uma escala curta, ela foi traduzida diretamente
para o português, sem a realização de tradução reversa. A tradução, no entanto, foi revisada
por duas pessoas bilíngues.
Foi também utilizada a versão brasileira da Escala Triangular do Amor de Sternberg
(ETAS - Cassepp-Borges & Teodoro, 2007). Esta versão foi adaptada do original em
inglês (Sternberg, 1997) e possui 45 itens, sendo previstos 15 para Intimidade, 15 para
Paixão e 15 para Decisão/compromisso. Ela foi traduzida para o português por meio do
procedimento de dupla tradução reversa. Posteriormente, todos os itens passaram por
análise semântica e de juízes. Os procedimentos de adaptação da ETAS anteriores à coleta
de dados são detalhados por Cassepp-Borges, Balbinotti e Teodoro (2010).
A versão em Português da Love Attitudes Scale (LAS - Hendrick & Hendrick, 1986)
Amor 45
foi adaptada por Neto (1993). Esta adaptação foi feita para português de Portugal antes de
existir a reforma ortográfica que unificou a escrita do português do Brasil e de Portugal
(Brasil, 2008). Portanto, foram necessárias pequenas mudanças no instrumento. Este
instrumento já tem tradição de pesquisa em Portugal (Neto, 1994, 1998, 2002; Neto et al.,
2000), mas foi pouco usado no Brasil.
2.3 Procedimento
Apesar de não haver um controle sobre o número exato, as aplicações dos
questionários, de maneira geral, foram coletivas. Em alguns casos, houve aplicações
individuais. Os instrumentos foram apresentados aos(às) participantes na ordem em que
foram descritos na seção “instrumentos”. O tempo de aplicação de todos os questionários
girou em torno de 40 minutos. Apesar de se tratar de uma coleta de dados longa,
alguns(mas) participantes relataram que foi agradável, em função do tema do estudo.
Sempre que possível, a coleta de dados foi feita pelo próprio pesquisador, o que ocorreu
em 40,8% dos casos (n = 632). Contudo, a coleta teve auxílio de outros(as) aplicadores(as),
principalmente em locais do Brasil que não o Centro-Oeste. Nesses casos, os questionários
foram entregues e devolvidos por correio, quando não houve a oportunidade de um
encontro pessoal. Em todas as ocasiões nas quais o pesquisador não pode fazer a aplicação
dos questionários pessoalmente, foram entregues instruções impressas para a aplicação dos
mesmos. Dentre as coletas de dados das quais se tem o registro do turno de aplicação (n =
1022, 66,0%), houve uma distribuição relativamente equitativa entre os turnos da manhã (n
= 250, 24,5%), tarde (n = 288, 28,2%) e noite (n = 484, 47,4%).
Alguns(mas) participantes não responderam às escalas, somente ao questionário
inicial. Ainda assim, foram mantidos na amostra, uma vez que os dados deste questionário
puderam ser aproveitados. Os questionários não possuíam recurso de leitura ótica, o que
fez com que eles tivessem que ser digitados manualmente. A maioria dos questionários (n
= 953, 61,5%) foi digitada pelo próprio pesquisador, e o restante feito por sete outras
pessoas, remuneradas para isso. O trabalho foi supervisionado e, sempre que eram
encontrados erros de digitação por meio de análises de frequência, retornava-se ao
questionário para verificar a resposta dada pelo(a) participante. Mesmo com estes
cuidados, não se descarta a hipótese de terem remanescido erros resultantes do processo de
digitação.
O projeto desta pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto
Amor 46
de Ciências Humanas da Universidade de Brasília (Anexo B) no dia 02 de outubro de
2009, atendendo às recomendações da resolução 196/1996 do Conselho Nacional de
Saúde. Todos(as) os(as) participantes foram solicitados(as) a assinar um termo de
consentimento livre e esclarecido em duas vias, sendo que uma via permaneceu com o(a)
participante e a outra foi entregue ao pesquisador (Anexo C). A via do pesquisador possui
a diferença de ter um espaço na qual o(a) participante pode preencher com o seu endereço
de correio eletrônico, caso desejasse receber uma devolução dos resultados.
Aproximadamente seis meses depois da coleta de dados, foi enviada uma mensagem
com os escores individuais do(a) participante, solicitando a resposta de três perguntas
breves (Anexo D). Àqueles que não retornaram a mensagem, foi enviado um novo correio
eletrônico solicitando esta resposta (Anexo E). Cada participante que forneceu um
endereço de correio eletrônico legível e correto recebeu pelo menos três mensagens, num
total de 4060 correios eletrônicos enviados. Houve uma pequena variação no tempo do
envio das mensagens, inferior a um mês, pois esse procedimento não foi automatizado.
Dezenove participantes não receberam a devolução dos dados pelo fato de ainda não terem
se passado seis meses da coleta. Foi obtido retorno de aproximadamente 20% (n = 303)
dos(as) participantes. Este procedimento de devolução dos resultados da pesquisa já foi
utilizado em outra oportunidade, embora sem a finalidade de coleta de dados (Cassepp-
Borges, 2009).
Uma tarefa dos(as) participantes foi escolher uma pessoa que amassem, para
responder à pesquisa baseando-se nessa pessoa. Pediu-se que, de preferência fosse
escolhido alguém com quem eles compunham um par amoroso. Por esta razão, a maioria
dos(as) participantes baseou-se em um relacionamento romântico estável (n = 831, 53,6%),
nome dado ao agrupamento das categorias namorado(a), noivo(a), casado(a) e morando
juntos(as). Talvez pela idade, a maioria dos(as) participantes em um relacionamento
romântico estável (n = 473, 56,9%) estava namorando. Praticamente um quinto dos(as)
respondentes preencheram os instrumentos pensando em um objeto amado que não
possuíam (n = 301, 19,4%), sendo um amor platônico (n = 118, 39,2%) ou um(a) ex (n =
183, 60,8%). Um número considerável de participantes se baseou em um relacionamento
romântico não estável (n = 166, 10,7%), e também houve pessoas que responderam
baseando-se em alguém com quem possuíam parentesco (n = 69, 4,5%). A descrição da
pessoa escolhida para responder aos questionários encontra-se na Tabela 5.
A maneira como foi feita a separação dos tipos de relacionamento trouxe diversos
problemas. O primeiro deles é que existem diversas maneiras como as pessoas podem se
Amor 47
relacionar, e é difícil enumerar todas elas. Essas categorias surgiram a partir de uma
questão aberta utilizada por Cassepp-Borges e Teodoro (2009). As questões abertas trazem
a vantagem de conhecer as especificidades do relacionamento de cada participante.
Contudo, em pesquisas com grandes amostras, a categorização é um processo que deve ser
feito para a análise de dados qualitativos. Uma vez que já haviam categorias criadas a
partir de um número razoável de participantes (n = 362), para esta pesquisa, as pessoas por
quem os(as) participantes responderiam os questionários foram categorizadas à priori.
Contudo, muitas vezes a questão foi incompreendida e, embora solicitados(as) a marcarem
somente a alternativa que mais se encaixava com seu relacionamento, os(as) participantes
marcavam mais do que uma. Torna-se compreensível, pois um(a) namorado(a) ou cônjuge
também pode ser um(a) amigo(a). Nos casos em que foram marcadas mais do que uma
alternativa, a análise foi qualitativa, e observação de outras questões abertas e fechadas fez
com que o digitador escolhesse apenas uma alternativa para categorizar o relacionamento.
Quando não foi possível determinar, o sujeito foi tratado como caso omisso (n = 58).
Outro problema gerado foi com a criação de cinco grandes categorias e com seus
respectivos subníveis. Por exemplo, amigos(as) que gostariam de ir além da amizade
poderiam ser enquadrados dentro da categoria daqueles(as) que desejam e não possuem o
objeto amado. Ou, pessoas que moram juntas e não estão em uma relação amorosa,
poderiam ser tratadas como amigo(as) (embora seja possível inferir uma relação nas duas
participantes que afirmaram somente morar juntos). Optou-se por manter todos os
relacionamentos de uma mesma categoria em um mesmo nível. Esta questão se assemelha
com a decisão de um(a) bibliotecário(a): Deve-se colocar um livro de Psicologia na estante
das Ciências Humanas ou da Saúde? A decisão de dividir os livros Psicologia de acordo
com a área mais próxima não é interessante, pois os usuários psicólogos teriam que
procurar os livros em toda a biblioteca. Esse exemplo mostra como é difícil lidar com
categorias que não sejam excludentes.
Amor 48
Tabela 5 - Pessoa em quem os(as) participantes se basearam para responder à pesquisa
Tipo de relação
N
% no
grupo
% total
%
válidos
Amigo(a)
108
7,0
7,0
7,3
Amigo(a)
108
100,0
7,0
7,3
Gostaria que sempre fosse amigo(a)
49
49,5
3,2
3,3
Gostaria de ter mais do que a amizade
50
50,5
3,2
3,4
Desejam e não possuem o objeto amado
301
19,4
19,4
20,5
Amor platônico
118
39,2
7,6
7,9
A pessoa sabe do meu sentimento
49
43,4
3,2
3,3
Suspeito que saiba do meu sentimento
43
38,1
2,8
2,9
Não sabe do meu sentimento
21
18,6
1,4
1,4
Ex
183
60,8
11,8
12,3
Ex - Namorado(a)
150
84,3
9,7
10,1
Ex - Noivo(a)
10
5,6
0,6
0,7
Ex - Marido/esposa
14
7,9
0,9
0,9
Ex - ______________
4
2,2
0,3
0,3
Relacionamento romântico não estável
166
10,7
10,7
11,3
Relacionamento eventual (“Ficante”)
73
44,0
4,7
4,9
Ainda não sei se já estou namorando
26
15,7
1,7
1,7
Relacionamento sem compromisso
56
33,7
3,6
3,8
Combinado entre o casal
29
60,4
1,9
1,9
Não combinado entre o casal
19
39,6
1,2
1,3
Amante
11
6,6
0,7
0,7
Relacionamento romântico estável
831
53,6
53,6
56,3
Namorado(a)
473
56,9
30,5
31,7
Moramos juntos
88
10,6
5,7
5,9
Temos uma relação amorosa
82
97,6
5,3
5,5
Somente moramos juntos
2
2,4
0,1
0,1
Noivo(a)
55
6,6
3,6
3,7
Casado(a)
215
25,9
13,9
14,4
Civil
88
43,1
5,7
5,9
Religioso
5
2,5
0,3
0,3
Ambos
111
54,4
7,2
7,4
Parente
69
4,5
4,5
4,7
Mãe/madrasta
52
75,4
3,4
3,5
Pai/padrasto
11
15,9
0,7
0,7
Filho(a), neto(a), sobrinho(a), afilhado(a), etc.
6
8,7
0,4
0,4
Outros e casos omissos
74
4,8
4,8
1,1
Outros
16
21,6
1,0
1,1
Casos omissos
58
78,4
3,7
-
Nota: Nem todas as pessoas que especificaram o segundo nível especificaram o terceiro nível, razão
pela qual a soma de níveis inferiores é inferior à de níveis superiores.
Amor 49
2.4 Análise dos dados
Embora descritas nessa seção, nem todas as análises foram realizadas para todos os
testes. Os parágrafos seguintes apresentam uma descrição do roteiro básico de análise.
Algumas decisões tiveram de ser tomadas no durante esse procedimento e, apresentando
desvios nas análises previstas. Nesses casos, a seção de resultados e discussão apresenta a
alternativa adotada e a justificativa para isso.
Com o objetivo de verificar se a estrutura fatorial das escalas corrobora a estrutura
prevista pela teoria, foi realizada uma análise fatorial exploratória para cada escala. O
método utilizado para determinar o número de fatores foi a Análise dos Componentes
Principais, seguindo-se os critérios de Kaiser (o número máximo de fatores extraídos deve
possuir autovalores maiores do que um), de Harman (todo fator deve explicar pelo menos
3% da variância total da escala), da inspeção visual do Scree plot (entendendo-se o gráfico
dos autovalores como uma montanha e um chão, aquilo que faz parte da montanha é
considerado como fator, e aquilo que faz parte do chão não é), da análise paralela
(comparando-se os autovalores encontrados empiricamente com autovalores aleatórios) e
pelo critério teórico previsto para cada instrumento. Todos os critérios foram considerados,
embora a análise paralela tenha sido mais considerada na decisão do número de fatores. A
fatorabilidade da matriz foi analisada pelo valor do índice Kaiser-Meyer-Olkin (KMO).
Embora relatado, o teste de esfericidade de Bartlett não foi levado em consideração, por ser
um indicador muito sensível ao tamanho da amostra. Para essas análises, usou-se o método
pairwise para lidar com os casos omissos, pois ele aproveita aquilo que o sujeito respondeu
para calcular a matriz de correlações. Assim, escolheu-se aquele item com menor número
de respondentes para determinar o tamanho da amostra para efeitos de realização da
análise paralela.
Posteriormente foi realizada a extração Principal Axis Factoring (PAF - exceto para a
LAS) para determinar as cargas fatoriais dos itens. Utilizou-se a covariância residual não
explicada com a finalidade de revisar a decisão sobre o número de fatores. Esse é um
critério a posteriori, pois é feito depois da extração dos fatores com a PAF. Os itens com
cargas razoáveis em um mesmo fator (> 0,32) na matriz pattern foram agrupados em uma
mesma subescala, da qual sua consistência interna foi calculada por meio dos coeficientes
alfa de Cronbach e lambda 2 de Guttman.
Feitas as análises fatoriais exploratórias, os modelos encontrados foram analisados
mediante Análises Fatoriais Confirmatórias, por Modelagem por Equações Estruturais
Amor 50
(Byrne, 2001; Hair, Anderson, Tatham, & Black, 2005; Pilati & Laros, 2007). Para esse
passo, inicialmente foi verificada a quantidade de casos extremos (outliers) multivariados,
por meio da distância Mahalanobis, e a normalidade multivariada, por meio da do
coeficiente de curtose multivariada (Mardia, 1970). O software utilizado foi o AMOS 18
for Windows®. Essa análise teve por objetivo verificar se a estrutura fatorial encontrada
nas análises exploratórias se mantinha em diferentes grupos. Como critérios de ajuste do
modelo, foram utilizados o Comparative Fit Index (CFI), o Normed Fit Index (NFI) e o
Tucker-Lewis Index (TLI) no qual valores superiores a 0,90 indicam ajuste (0,95 para um
bom ajuste). O Root Mean Square Error of Approximation (RMSEA) também foi
utilizado, com ajuste para valores inferiores a 0,08 (Pilati & Laros).
Os procedimento para verificar a invariância das escalas entre grupos foi feito por
meio de 4 modelos. No Modelo 1, restringe-se o número de fatores entre os grupos
(configural invariance). No Modelo 2, além das restrições do Modelo 1, restringe-se as
cargas fatoriais entre os grupos (weak invariance). O Modelo 3 apresenta os resultados
após a restrição dos interceptos (strong invariance). Por fim, No Modelo 4, avalia-se o
ajuste após a restrição dos resíduos (strict invariance).Cada passo analisa também as
hipóteses anteriores. Assim, o modelo 3 analisa a invariância da estrutura da escala, das
cargas fatoriais, dos interceptos e dos resíduos nos grupos analisados (Thompson, 2004).
As mudanças nos índices de ajuste devem ser pequenas de um modelo para o outro para
afirmar que existe invariância. O critério utilizado foi de que a variação no CFI, no TLI, no
NFI e no RMSEA deveria ser menor do que 0,01. A invariância foi testada entre os
diferentes sexos, tipos de relacionamento e regiões do país onde os questionários foram
aplicados.
A dificuldade e a discriminação dos itens foram analisadas à luz da Teoria de Resposta
ao Item (TRI) (Pasquali, 2007), com o software PARSCALE 4.1 for Windows®. Essa teoria
foi utilizada com a finalidade de determinar esses dois parâmetros. De acordo com
Vendramini e Dias (2005), itens com parâmetro a (discriminação) menor do que 0,30, ou
com o parâmetro b (dificuldade) fora da faixa na qual se espera que ele se situe (entre
2,95 e +2,95) seriam considerados problemáticos. Baker (2001), no entanto, sugere
categorias de discriminação, tratando uma discriminação inferior a 0,64 como baixa e até
1,34 como moderada. Os índices de discriminação altos seriam superiores a 1,35. Os itens
ainda deveriam estar distribuídos em diferentes faixas de dificuldade (Pasquali, 2004).
Chama-se a atenção que, em análise de instrumentos com escala tipo Likert pela TRI,
quando um item é classificado como fácil ou difícil, está-se referindo à facilidade ou à
Amor 51
dificuldade que os(as) participantes tem de concordar ou discordar das afirmativas.
Para avaliar a validade convergente-discriminante, todos os fatores das diferentes
escalas foram correlacionados (Pearson) uns com os outros. Foram realizadas análises
descritivas de toda a base de dados. Nesta etapa, foram verificados os pressupostos
estatísticos para as análises posteriores. Um segundo passo foi a comparação de médias
entre sexos com relação aos tipos do amor, à satisfação nos relacionamentos e às
dimensões do amor. Estas análises levaram em consideração se o(a) participante estava ou
não envolvido(a) em um relacionamento, e qual tipo de relacionamento. Outros testes de
comparação de grupos como a ANOVA foram ser utilizados para comparar os resultados
das escalas entre participantes que moram com o(a) parceiro(a), que moram parte do
tempo, que não moram e que não têm parceiro(a). As comparações também foram
realizadas entre grupos de orientação sexual, religião e pessoas com e sem filhos(as). A
associação da percepção de beleza com as escalas foi avaliada por meio de correlação de
Pearson. Esse estudo também criou um modelo explicativo da satisfação nos
relacionamentos com análises de regressão linear múltipla. As dimensões do amor foram
utilizadas como variáveis independentes.
O amor foi avaliado em uma perspectiva temporal. Para isso, os tipos de
relacionamentos foram distribuídos pela ordem em que normalmente ocorrem (amizade,
“ficar”, namoro, noivado, casamento e separação). Foram analisados os níveis do amor em
cada um destes estágios. Este estudo não teve um desenho longitudinal (coleta do mesmo
instrumento duas ou mais vezes), mas dados transversais são uma alternativa rápida,
simples e barata para responder a questões que envolvam temporalidade (Hirakata, 2009).
A mensagem de correio eletrônico enviada após seis meses foi analisada apenas para
os(as) participantes que estavam namorando durante a primeira coleta de dados, pois esse
foi o grupo cujos dados melhor respondem à questão sobre a validade preditiva. Foram
comparados(as) participantes que, na mensagem de correio eletrônico, responderam ter
terminado o namoro, permanecido na relação e tomado a decisão de morar juntos, noivar
ou casar-se. Por meio de comparação de médias, foi verificado se níveis mais fortes de
amor favorecem de fato uma evolução, ou se existem tipos de amor relacionados a uma
evolução ou término da relação.
Amor 52
3 Resultados e discussão
Optou-se por escrever uma seção de resultados e discussão, ao invés de separá-las.
Essa junção permite aproximar a discussão dos resultados à analise dos dados. Algumas
vezes, as discussões originaram novas análises de dados, razão pela qual julgou-se ser essa
a melhor maneira de apresentar a tese. Contudo, essa configuração exige do(a) leitor(a)
uma capacidade de discriminar o que é resultado e o que é discussão.A discussão é a parte
do texto científico na qual se têm a liberdade para opinar sobre a literatura com base nos
dados obtidos no estudo e, por esse motivo, as seções de resultados e discussão podem ser
apresentadas juntas (Sabadini, Sampaio, & Koller, 2009).
3.1 Propriedades psicométricas dos instrumentos
3.1.1 Relationship Assessment Scale (RelAS)
3.1.1.1 Análise fatorial e precisão
O primeiro instrumento analisado foi a RelAS. Primeiramente, foi realizada uma
análise dos componentes principais, com a finalidade de determinar a fatorabilidade da
matriz de intercorrelações e o número de fatores. Os resultados indicaram um valor de
KMO de 0,883, com o teste de esfericidade de Bartlett significativo (χ
2
= 5202,785, gl =
21, p < 0,001), indicando que a matriz de correlações é fatorável. Ademais, procurou-se
estabelecer o número de componentes da RelAS por diversos critérios (Tabela 6).
Concluiu-se por aceitar o critério teórico de um único fator, que é a solução mais
parcimoniosa e coerente com a maioria dos outros critérios.
Tabela 6 - Critérios considerados na decisão do número de fatores a extrair da RelAS
Critério
Número de
fatores
Comentários
Kaiser (K-1)
Pelo menos
2
O segundo autovalor é bastante próximo de um, o que sugere
que o segundo fator tem pouca força (Tabela 7).
Harman
6
Critério fraco, devido à baixa quantidade de itens (Tabela 7).
Inspeção visual do Scree
plot
1
A partir do segundo autovalor, o desenho vira uma reta
(Figura 7).
Análise Paralela
1
O segundo autovalor empírico é inferior ao segundo autovalor
aleatório (Figura 7).
Critério teórico
1
Satisfação no relacionamento
Amor 53
Tabela 7 -Análise Paralela e total da variância explicada pelos componentes da RelAS
Componente
Autovalores
Empíricos
Autovalores
aleatórios
% de
variância
% acumulado
1
3,87
1,10
55,3
55,3
2
1,03
1,06
14,7
70,0
3
0,73
1,03
10,5
80,5
4
0,56
1,00
8,0
88,5
5
0,30
0,97
4,3
92,9
6
0,30
0,94
4,3
97,1
7
0,20
0,91
2,9
100,0
Figura 7. Scree Plot dos autovalores empíricos e aleatórios da RelAS.
Depois de decidir por um fator único, consonante com a análise paralela, com a
inspeção visual do scree plot e com a teoria, procedeu-se pela extração dele. Chama-se a
atenção para o fato de que não existe rotação quando se realiza a análise de um fator único.
Foi utilizado o método de extração PAF, que permite realizar a inferência de que o traço
latente é o causador do comportamento descrito pelos itens. De acordo com a Tabela 8,
pode-se notar que as cargas fatoriais mais baixas referem-se aos dois itens que devem ser
invertidos na escala (4 e 7). Apesar disso, quatro itens possuem cargas fatoriais superiores
a 0,8, o que pode ser considerado excelente. Além disso, mesmo com poucos itens, a escala
mostrou um bom nível de consistência interna (α = 0,85).
Amor 54
Tabela 8 - Coeficientes pattern e comunalidades da
RelAS com o método Principal Axis Factoring
Carga (método
PAF)
h
2
RelAS_2
0,91
0,82
RelAS_3
0,85
0,72
RelAS_5
0,85
0,71
RelAS_1
0,81
0,66
RelAS_6
0,53
0,28
RelAS_4
-0,44
0,20
RelAS_7
-0,34
0,12
Carga média
0,68
Autovalor
3,87
% variância
explicada
55,3%
Alfa de
Cronbach
0,847
Lambda 2 de
Guttman
0,860
Itens
7
Nota: Variância explicada: 1 fator = 50,05%; 2
fatores = 58,63%.
Covariância Residual: 1 fator = 14%; 2 fatores = 0%.
A estrutura fatorial com um fator único pode ser corroborada pelo nível de apenas
14% de covariância residual não explicada. Não vale a pena inserir outro fator para
explicar somente 3 (14%) covariâncias residuais, pois isso dobraria a complexidade da
solução fatorial, ferindo o corolário da parcimônia. Conforme já demonstrado em outros
estudos (Hendrick, 1988; Hendrick, Dicke, & Hendrick, 1998), a RelAS possui adequados
indicadores psicométricos. É um instrumento capaz de medir de maneira breve e precisa a
satisfação no relacionamento. A estrutura unifatorial também é uma propriedade
interessante, pois a parcimônia é um corolário importante da análise fatorial.
3.1.1.2 Análise Fatorial Confirmatória
Com a finalidade de verificar invariância entre os fatores, foi realizada uma Análise
Fatorial Confirmatória da RelAS. Inicialmente, buscou-se verificar o ajuste do modelo
encontrado na Analise Fatorial Exploratória. Para isso, replicou-se o modelo com uma
variável latente e sete observadas (cada um dos sete itens da RelAS), conforme pode ser
observado na Figura 8. Com relação a pressupostos, inicialmente cabe salientar que houve
51 participantes com distância Mahalanobis superior a 24,32, valor que os(as) classificaria
como outliers multivariados. Chama a atenção que 22 (43,1%) outliers responderam à
escala baseando-se em sua relação com um amor platônico ou um(a) ex, o que sugere que
Amor 55
se referem a grupos diferentes. Um teste qui-quadrado com a variável binária ser ou não
outlier na RelAS e o tipo de relacionamento foi significativo (χ
2
= 32,61; gl = 3; p < 0,001),
indicando que os(as) participantes em relacionamento estável tinham menores chances de
ser outliers, enquanto os(as) que se basearam em um amor platônico ou relacionamento
terminado possuíam maiores probabilidades de pertencer ao grupo dos outliers na RelAS.
Não houve diferenças significativas com relação ao sexo (χ
2
= 0,88; gl = 1; p < n. s.) e a
região de coleta de dados (χ
2
= 4,10; gl = 3; p < n. s.). A RelAS apresentou problemas de
normalidade multivariada, (curtose = 33,62; razão crítica = 57,18). Hair et al. (2005), no
entanto, afirmam que esse problema pode ser compensado quando a amostra possui um
elevado número de participantes, o que ocorre nessa análise.
Figura 8. Modelo de Analise Fatorial Confirmatória da RelAS.
Tabela 9 - Cargas dos itens no fator único e índices ajuste do modelo da RelAS
Item
Carga (Satisfação no relacionamento)
RelAS 1
0,819
RelAS 2
0,910
RelAS 3
0,854
RelAS 4
-0,426
RelAS 5
0,830
RelAS 6
0,537
RelAS 7
-0,344
Índices de ajuste
χ
2
(gl)
161,117 (14)
χ
2
/gl
11,51
CFI
0,972
NFI
0,969
TLI
0,944
RMSEA (IC 90%)
0,082 (0,071 0,094)
Nota: Índices de ajuste do modelo - χ
2
= Qui-quadrado; gl= graus de liberdade;
CFI = Comparative Fit Index; NFI = Normed Fit Index; TLI = Tucker-Lewis
Index; RMSEA = Root Mean Square Error of Approximation, IC = intervalo de
confiança.
Amor 56
Os resultados mostraram que as variáveis apresentaram boas cargas fatoriais. A Tabela
9 mostra que os ajustes foram muito bons nos índices NFI e CFI. O TLI, embora com um
valor um pouco menor que 0,95, também pode ser considerado bom. Apesar do RMSEA
estar um pouco acima do desejável, pode-se dizer que o modelo encontrou um bom ajuste.
Ressalta-se ainda que as cargas dos itens no fator único são elevadas e que, a exemplo da
análise exploratória, os dois itens invertidos possuem as menores cargas.Assim, a Análise
Fatorial Confirmatória corrobora o modelo encontrado na Análise Fatorial Exploratória.
Dessa maneira, buscou-se verificar se houve invariância da estrutura entre os
subgrupos da amostra. Foi analisada a invariância da RelAS entre sexos, regiões do país e
tipo de relacionamento. Os sexos foram o masculino (n = 500) e o feminino (n = 1048), as
regiões foram Norte (n = 206), Nordeste (n = 482), Centro-oeste (n = 612) e Sul/Sudeste (n
= 249) e os tipos de relacionamento foram amigo/parente (n = 177), Amor platônico/ex (n
= 301), relacionamento romântico não estável (n = 166) e relacionamento romântico
estável (n = 831). A Tabela 10 mostra os resultados dessas análises.
Tabela 10 - Invariância da RelAS
NFI
TLI
CFI
RMSEA
χ
2
(gl)
Razão
Crítica
Nº de
Parâmetros
Sexo
Modelo 1
0,968
0,945
0,973
0,058 (0,049-0,066)
171,58 (28)
42
Modelo 2
0,964
0,950
0,970
0,055 (0,048-0,063)
194,10 (34)
3,75
36
Modelo 3
0,958
0,953
0,966
0,054 (0,047-0,061)
222,60 (41)
4,07
29
Modelo 4
0,954
0,956
0,963
0,052 (0,045-0,058)
244,92 (48)
3,19
22
Região
Modelo 1
0,944
0,956
0,962
0,036 (0,032-0,041)
299,65 (98)
42
Modelo 2
0,943
0,959
0,961
0,035 (0,031-0,040)
305,89 (104)
1,04
36
Modelo 3
0,941
0,961
0,961
0,034 (0,030-0,039)
314,53 (111)
1,24
29
Modelo 4
0,938
0,962
0,960
0,034 (0,030-0,038)
330,16 (118)
2,23
22
Tipo de relacionamento
Modelo 1
0,757
0,742
0,775
0,079 (0,075-0,084)
1008,58 (98)
42
Modelo 2
0,747
0,747
0,765
0,079 (0,074-0,083)
1052,49 (104)
7,32
36
Modelo 3
0,693
0,710
0,712
0,084 (0,080-0,089)
1273,87 (111)
31,63
29
Modelo 4
0,592
0,630
0,610
0,095 (0,091-0,099)
1694,22 (118)
60,05
22
Nota: Indicadores de ajuste do modelo - χ
2
= Qui-quadrado; gl= graus de liberdade; CFI = Comparative Fit
Index; NFI = Normed Fit Index; TLI = Tucker-Lewis Index; RMSEA = Root Mean Square error of
approximation, IC = intervalo de confiança. Modelo 1 Restrição do número de fatores; Modelo 2
Restrição das cargas; Modelo 3 Restrição dos Interceptos; Modelo 4 Restrição dos resíduos.
Os resultados mostram que a escala tem a propriedade da invariância estrita (strict
invariance) com relação aos grupos de sexo e região, apresentando valores de NFI, TLI e
CFI próximos de 0,95 para os 4 modelos em todos os passos. O RMSEA também se
mantém em valores adequados nos 4 modelos para os grupos de sexo e região, indicando
Amor 57
que os modelos são semelhantes independente do sexo ou região avaliada. O qui-quadrado
apresenta níveis de razão crítica baixos de um modelo para o outro, podendo ser relevados
os casos um pouco acima de 1,96, devido à elevada possibilidade de erros do tipo I com
esse critério. Porém, com relação ao tipo de relação, o modelo mostrou tem fraca
invariância (weak invariance). Embora o RMSEA não sugira uma instabilidade tão grande
para o modelo, os índices de ajuste NFI, TLI e CFI em geral apresentam valores muito
abaixo de 0,90, indicando que os modelos por tipo de relação são inadequados. Nota-se, no
entanto, que as diferenças nos índices de ajuste NFI, TLI e GFI são inferiores a 0,01, do
modelo 1 para o modelo 2, o que sugere essa fraca invariância. Aparentemente, de acordo
com a Tabela 10, existe uma relativa invariância e relacionamento quando restringe-se o
número de fatores, bem como as cargas fatoriais (weak invariance), o que não ocorre com
a restrição dos resíduos e dos interceptos.
O fato de haver invariância entre sexo e região é uma propriedade interessante da
RelAS. Contudo, o tipo de relação é um aspecto crucial da escala. Os(as) outliers, de
acordo com a distância Mahalanobis, estiveram basicamente no grupo de participantes que
respondeu baseando-se em um amor platônico ou um(a) ex. Assim, supõe-se que a
estrutura fatorial tenha variado nesse dois grupos. O amor platônico é uma relação
imaginária e idealizada, enquanto o(a) ex é uma relação passada, que não estava
acontecendo no momento da participação na pesquisa. Assim, sugere-se cautela ao utilizar
a RelAS para avaliar uma relacionamentos que não os contemplados na categoria
relacionamentos estáveis. A análise para os tipos de relacionamentos foi replicada com a
exclusão dos outliers multivariados. Contudo, essa exclusão diminuiu a invariância da
escala, motivo pelo qual foi optou-se por apresentar o modelo com toda a amostra.
3.1.1.3 Teoria de Resposta ao Item
Por ser um instrumento curto, a análise de TRI da RelAS foi feita utilizando-se o
tratamento listwise para casos omissos, restando 1462 participantes que responderam aos
sete itens da escala. Contudo, a matriz das intercorrelações se mostrou singular, ou seja,
seu determinante foi igual a zero, impossibilitando o cálculo da inversa da matriz. Dessa
maneira, a solução encontrada para resolver essa situação foi alterar o parâmetro “Scale
(constante D) para a realização das análises, de 1,7 para 1,0. A constante D tem seu valor
fixado em 1,7 para que sua métrica logística se equipare à da métrica normal. Uma vez que
os dados não seguem essa métrica, o modelo logístico fez-se necessário. Ao fixar a
Amor 58
constante D em 1,0, elimina-se a correção para a métrica normal para utilizar-se o modelo
logístico (Pasquali, 2007).
Os resultados (vide Tabela 11) indicaram que os itens são discriminativos, pois o valor
mais baixo no parâmetro a foi 1,09 e a média foi de 2,55. Os itens ainda são relativamente
“fáceis”. Apenas o item 7 apresentou uma dificuldade (parâmetro b) próxima de zero.
Mesmo sendo o item com carga fatorial mais baixa, sua presença no instrumento se
justifica pelo fato de ser o item mais difícil, que avalia uma parcela da amostra com maior
satisfação no relacionamento. Em média, a dificuldade dos itens foi de -0,86. Contudo,
pode-se dizer que a escala é composta por itens médios e fáceis. A Figura 9 mostra os
gráficos com as curvas características dos itens, ou seja, a representação gráfica dos seus
parâmetros. Aqueles itens com as curvas menos inclinadas são os mais discriminativos. A
dificuldade pode ser observada pelo posicionamento dos itens (enquanto mais à direita,
mas difícil é o item).
Tabela 11 - Discriminação e dificuldade dos itens da RelAS
Item
Discriminação
Erro
Padrão
Dificuldade
Erro
Padrão
1
3,445
0,103
-0,828
0,037
2
3,768
0,124
-0,686
0,033
3
2,906
0,094
-0,988
0,036
4
1,094
0,037
-1,216
0,055
5
3,224
0,093
-0,699
0,034
6
1,815
0,054
-1,512
0,047
7
1,644
0,039
-0,058
0,053
Média
2,556
-0,855
Figura 9. Curvas características dos itens da RelAS
1 - 3
4 - 6
7 - 7
Curvas Características dos Itens
Amor 59
A Figura 10 apresenta a curva de informação da RelAS. A escala é informativa para
aqueles(as) participantes com θ abaixo de 0,85, sugerindo que a informação é baixa para
participantes com elevada satisfação no relacionamento. De qualquer forma, a escala é útil
para os sujeitos localizados aproximadamente entre o percentil 0 e o percentil 80. Isso
significa que a RelAS é tem dificuldade de discriminar a quantidade de satisfação no
relacionamento dos sujeitos mais satisfeitos. O fato de ser composta em sua maioria por
itens fáceis não altera somente a informação da escala, mas pode alterar também a
normalidade. Porém, como indica a Figura 11, a distribuição foi praticamente normal em
torno da média.
Figura 10. Faixa de informação da RelAS.
Figura 11. Distribuição dos escores da RelAS em torno da média.
A RelAS é uma escala útil por ser breve, precisa e informativa. O fato de ter apenas
sete itens facilita sua aplicação e correção. Os níveis de precisão se mantiveram, pois o
valor de alfa de 0,85, é muito parecido com o do estudo original (α = 0,86, Hendrick,
1989). É um instrumento que, embora menor do que a DAS (Spanier, 1976), avalia o
-3 -2 -1 0 1 2 3
0
10
20
30
40
50
Escor e na Escala
Informação
Curva total de informação da RelAS
0
3.91
7.81
11.72
15.63
19.53
Standard Error
-3 -2 -1 0 1 2 3
0
50
100
150
200
Habilidade (Satisfação no relacionamento)
Frequência
Ajuste Gaussiano para o escore de hablidade
Amor 60
mesmo construto. A DAS possui quatro dimensões (Consenso, satisfação, coesão e
expressão afetiva) e é o instrumento mais utilizado para avaliar satisfação no
relacionamento. Suas dimensões, no entanto, são bastante correlacionadas, sendo plausível
inferir um fator geral (g). Apesar de não ser possível fazer essa afirmação sustentada nos
dados empíricos dessa pesquisa, uma comparação dos itens da RelAS com as dimensões da
DAS sugere que a RelAS provavelmente esteja medindo o fator g da satisfação no
relacionamento. Faz-se necessária a comparação com uma escala que avalie o mesmo
construto, como é o caso da DAS, para melhor avaliar a validade convergente da RelAS.
Contudo, pelo fato da RelAS ser informativa para sujeitos aproximadamente entre o
percentil zero e 80, torna-se um teste útil para uso clínico, pois avalia a faixa com
problemas de satisfação no relacionamento, na qual é útil realizar intervenções.
3.1.2 Escala Triangular do Amor de Sternberg
3.1.2.1 Análise Fatorial e precisão
A análise fatorial da ETAS seguiu os mesmos passos da análise da RelAS.
Inicialmente, foi feita uma análise dos componentes principais para determinar o número
de fatores do instrumento. Os níveis de fatorabilidade da matriz foram excelentes (KMO =
0,980, χ
2
Bartlett
= 54223,748, gl = 990, p < 0,001). A partir daí, tomou-se como critério para
a decisão do número de componentes os autovalores empíricos e aleatórios e a variância
explicada pelos componentes da ETAS (Tabela 12). Para facilitar a visualização, a análise
paralela foi plotada em um gráfico (Figura 12).
Tabela 12 - Análise Paralela e total da variância explicada pelos componentes
da ETAS
Componente
Autovalores
empíricos
Autovalores
aleatórios
% de
variância
%
acumulado
1
22,58
1,35
50,2
50,2
2
3,14
1,31
7,0
57,2
3
1,82
1,29
4,0
61,2
4
1,22
1,27
2,7
63,9
5
1,04
1,24
2,3
66,2
6
0,98
1,23
2,2
68,4
...
45
0,12
0,70
0,3
100,0
Amor 61
Figura 12. Scree Plot dos autovalores empíricos e aleatórios da ETAS.
A Tabela 12 mostra que apenas três fatores são suficientes para explicar um elevado
percentual da variância da ETAS (61,2%). Com base na Tabela 12 e na Figura 12, foi
construída a Tabela 13, que permitiu a conclusão de que de fato a ETAS possui três
fatores. Esta decisão se apóia no critério de Harman, mas principalmente na análise
paralela. A escolha por três fatores ainda é corroborada pela análise de covariância residual
não explicada.
Tabela 13 - Critérios considerados na decisão do número de fatores a extrair da ETAS
Critério
Número de
fatores
Comentários
Kaiser (K-1)
Pelo menos
5
O quinto e o sexto autovalor estão bastante próximos de um
(Tabela 12)
Harman
3
O quarto fator explica 2,7% da variância (Tabela 12)
Inspeção visual do Scree
plot
1, 2 ou 3
O Scree plot indica três componentes, embora as soluções
com um ou dois também seja plausível (Figura 12).
Análise Paralela
3
Os três fatores são bastante claros pela análise paralela (Figura
12).
Critério teórico
3
Intimidade, Paixão e Decisão/compromisso
Utilizou-se o método de extração PAF com uma rotação oblíqua (Direct Oblimin).
Chama-se a atenção para o fato de que provavelmente existe um fator geral, sugerido pelos
valores das correlações entre os fatores (r
Intimidade e Paixão
= 0,68, p < 0,001; r
Paixão e
Decisão/compromisso
= 0,75, p < 0,001; e r
Intimidade e Decisão/compromisso
= 0,89, p < 0,001). Por este
motivo, a Tabela 14 apresenta as cargas fatoriais nos três fatores extraídos e em um único
fator geral. As comunalidades (h
2
) indicam a relação do item com o construto geral da
escala (amor). A fim de facilitar a compreensão da Tabela 14, os itens são identificados de
acordo com o fator previsto para eles por Sternberg (1997).
Amor 62
Tabela 14 - Cargas fatoriais pattern e comunalidades da ETAS com o método Principal Axis Factoring e
rotação Direct Oblimin com normalização de Kaiser
Intimidade
Paixão
Decisão/
compromisso*
h
2
Fator único
(Amor)
ETAS_34_Intimidade
0,85
0,69
0,75
ETAS_17_Intimidade
0,84
0,59
0,68
ETAS_41_Intimidade
0,78
0,66
0,73
ETAS_14_Intimidade
0,78
0,64
0,73
ETAS_21_Intimidade
0,74
0,65
0,76
ETAS_11_Intimidade
0,72
0,57
0,70
ETAS_39_Intimidade
0,70
0,59
0,73
ETAS_36_Intimidade
0,66
0,54
0,70
ETAS_10_Intimidade
0,65
0,55
0,71
ETAS_35_Decisão
0,61
0,55
0,71
ETAS_06_Intimidade
0,60
0,53
0,70
ETAS_03_Intimidade
0,59
0,55
0,67
ETAS_24_Intimidade
0,57
0,38
0,58
ETAS_44_Intimidade
0,56
0,37
0,72
0,82
ETAS_20_Paixão
0,45
0,37
0,58
0,72
ETAS_04_Intimidade
0,41
0,38
0,59
0,76
ETAS_37_Decisão
0,40
0,37
0,56
0,75
ETAS_09_Paixão
0,42
0,64
ETAS_25_Paixão
0,74
0,58
0,47
ETAS_27_Paixão
0,74
0,58
0,49
ETAS_15_Paixão
0,73
0,55
0,45
ETAS_13_Paixão
0,66
0,50
0,48
ETAS_30_Paixão
0,66
0,62
0,59
ETAS_12_Paixão
0,63
0,59
0,62
ETAS_40_Paixão
0,43
0,38
0,38
0,49
ETAS_08_Paixão
0,39
0,59
0,74
ETAS_22_Decisão
0,83
0,75
0,81
ETAS_45_Decisão
0,82
0,77
0,81
ETAS_23_Decisão
0,77
0,52
0,65
ETAS_31_Decisão
0,76
0,75
0,84
ETAS_16_Paixão
0,74
0,57
0,70
ETAS_32_Decisão
0,73
0,63
0,76
ETAS_43_Decisão
0,73
0,77
0,82
ETAS_26_Decisão
0,70
0,68
0,80
ETAS_29_Intimidade
0,64
0,62
0,75
ETAS_02_Decisão
0,62
0,57
0,74
ETAS_18_Paixão
0,61
0,60
0,74
ETAS_01_Paixão
0,60
0,33
0,53
ETAS_42_Decisão
0,55
0,54
0,72
ETAS_07_Decisão
0,46
0,52
0,72
0,79
ETAS_28_Decisão
0,49
0,62
0,79
ETAS_05_Paixão
0,33
0,46
0,52
0,68
ETAS_33_Decisão
0,34
0,46
0,58
0,76
ETAS_19_Decisão
0,46
0,48
0,68
ETAS_38_Paixão
0,36
0,38
0,55
0,71
Carga/Comunalidade
média
0,617
0,548
0,581
0,585
0,694
Autovalor (depois da
rotação)
18,84
9,87
19,52
22,6
% de Variância
41,87
21,93
43,38
40,1
α
0,959
0,915
0,966
0,976
Lambda 2 de Guttman
0,961
0,917
0,968
0,978
Itens
19
11
23
45
Nota: * Todas as cargas do fator Decisão/compromisso foram multiplicadas por 1, de modo a facilitar a sua
compreensão.
Omitidas cargas fatoriais inferiores a 0,30.
Amor 63
Variância explicada: 1 fator = 49,1%; 2 fatores = 55,2% 3 fatores = 58,5%
Covariância Residual: 1 fator = 43,0%; 2 fatores = 24,0% 3 fatores = 11,0%.
Comunalidades (h
2
) referentes ao modelo com três fatores e estimadas antes da rotação.
Conforme pode ser observado, os três fatores encontrados de fato são os previstos pela
Teoria Triangular do Amor (Sternberg, 1986). O primeiro fator possui itens de Intimidade,
o segundo de Paixão e o terceiro de Decisão/compromisso. Para o cálculo da consistência
interna de cada fator (medida tanto pelo alfa de Cronbach quanto pelo Lambda 2 de
Guttmann), foram considerados aqueles itens com carga superior a 0,32 no fator,
independentemente do valor da carga nos outros fatores. Os itens complexos foram
incluídos em ambos os fatores por que eles representam os dois fatores. A consistência
interna das escalas de Intimidade (α = 0,96; 19 itens), Paixão (α = 0,92; 11 itens) e de
Decisão/compromisso (α = 0,97; 23 itens) é excelente. Todos os itens foram considerados
para o cálculo da precisão da ETAS, uma vez que a comunalidade mais baixa foi de 0,452
(item 15). Desta maneira, a escala obteve valor de alfa igual a 0,98 (45 itens),
corroborando que a ETAS é um teste com excelente consistência interna.
3.1.2.2 Teoria de Resposta ao Item
A ETAS apresenta itens complexos, o que dificulta sua utilização em algumas análises
de dados posteriores. Por esse motivo, a escala não teve sua estrutura fatorial analisada a
nível confirmatório.A ETAS, no entanto, também foi analisada de acordo com a Teoria de
Resposta ao Item, para verificar as propriedades dos itens e tomar decisões sobre formas de
melhorar a escala com melhor embasamento. Para esta análise, os pressupostos da
unidimensionalidade e da independência local devem ser atendidos. Conforme
demonstraram as análises fatoriais, o pressuposto da unidimensionalidade foi atendido,
tanto para subescalas quanto para a ETAS completa. O pressuposto da independência local
afirma que as correlações entre os itens se devem ao fato se serem influenciados por uma
mesma variável latente, não por que a resposta a um item influenciou a resposta a outro.
Este segundo pressuposto é mais difícil de ser verificado empiricamente (Pasquali, 2007).
Para as análises com a TRI, a escala foi avaliada completa e nas dimensões
Intimidade, Paixão e Decisão/compromisso. As primeiras análises indicaram que a matriz
de correlações era singular, ou seja, com determinante igual a zero, impossibilitando o
prosseguimento das análises. Para resolver esse problema, o parâmetro “Scale” foi fixado
Amor 64
em 1,0, eliminado a correção do modelo logístico para o modelo normal.
Além disso, reduziu-se o número de alternativas possíveis para a resposta aos itens.
Provavelmente com a finalidade de ampliar a variabilidade das respostas, Sternberg (1997)
optou por utilizar escalas tipo Likert com maior número de alternativas. Todavia, o
aumento nas alternativas faz com que se tenha maior número de estimações a se fazer. E,
muitas vezes itens com três ou quatro alternativas de resposta fornecem a mesma
informação que itens com sete ou nove (Nunes, Primi, Nunes, Muniz, Cunha, & Couto,
2008). Por este motivo, a fim de tentar obter-se uma matriz não singular, procedeu-se ao
agrupamento de alternativas a fim de reduzir o número das mesmas. A transformação foi
reduzir a escala do tipo Likert que varia de 1 a 9 em uma escala que varia de 1 a 5. Assim,
agruparam-se as alternativas 1, 2 e 3; 4 e 5; 6 e 7; 8; e 9. Embora inicialmente aparente ser
um agrupamento desigual, existe um padrão assimétrico das respostas, conforme pode ser
observado na análise da frequência de todas as respostas aos itens (Tabela 15). Pode-se
perceber que as alternativas 7, 8 e 9 concentram 63,6% das repostas (n = 42.904). Por esse
motivo, mais alternativas foram agrupadas no início da escala. Conforme previsto, a perda
da informação é muito pequena, pois a correlação entre a ETAS original e a ETAS
transformada é elevada (r = 0,98; p < 0,001).
Tabela 15 - Frequência das respostas a todos os itens da
ETAS em resposta múltipla
Alternativa
Respostas
Nova
codifi-
cação
n
%
1
5045
7,5%
1
2
1993
3,0%
1
3
2451
3,6%
1
4
2494
3,7%
2
5
8279
12,3%
2
6
4302
6,4%
3
7
8117
12,0%
3
8
10800
16,0%
4
9
24027
35,6%
5
Total
67508
100,0%
Todos os itens têm distribuição assimétrica negativa, variando de -0,215 (item 16) até
- 2,974 (item 45), sendo que todos os erros padrões da assimetria foram 0,63. Essa
ocorrência, porém, não se traduz em uma quebra de pressuposto da TRI (Pasquali, 2007).
As escalas devem mesclar itens fáceis, médios e difíceis (Pasquali, 2003), e uma
Amor 65
distribuição assimétrica pode ser resultado da dificuldade ou facilidade dos itens. Assim, a
Tabela 16 apresenta a análise dos itens da ETAS de acordo com TRI. Os itens mostraram-
se bastante discriminativos, com valores semelhantes no fator geral e nos fatores
específicos do amor. De maneira geral, os itens são fáceis, ou seja, as pessoas tendem a
concordar com eles. Apenas três itens (1, 16 e 23) possuem valores positivos na
dificuldade e, mesmo assim, próximos de zero. As correlações item-total (r
it
), contudo, são
elevadas, sugerindo que todos os itens estão medindo o mesmo construto. Não existem
itens “difíceis” na ETAS, o que atrapalha a distribuição por faixa de dificuldade e a
informação da escala. Isso pode ser explicado em parte pelo fenômeno da desejabilidade
social. É desejável que as pessoas sintam amor pelo(a) seu(sua) parceiro(a),e alguns(as)
participantes da pesquisa podem ter tido dificuldades em afirmar que seu sentimento de
amor não tinha tanta força.
A Figura 13 mostra as curvas de informação da ETAS total e das subescalas de
Intimidade, Paixão e Decisão/compromisso. As faixas de informação das quatro escalas
são muito parecidas. De maneira geral, as escalas são úteis para avaliar sujeitos cujo escore
θ é inferior a + 1,1 desvio padrão, ou seja, algo em torno do percentil 85. Isso significa que
a escala tem dificuldades para discriminar o grupo dos 15% com maiores níveis de amor.
Apesar dessa limitação, causada principalmente pela falta de itens difíceis no instrumento,
a parcela da população que ETAS avalia é elevada. A Figura 14 mostra que, em torno de
média, a ETAS geral e as suas subescalas se aproximaram do modelo normal. Em função
da elevada correlação entre os fatores e de itens compondo duas subescalas, as curvas de
informação e as distribuições dos níveis θ em torno da média foram semelhantes para a
ETAS completa e para os fatores Intimidade, Paixão e Decisão/compromisso.
Amor 66
Tabela 16 - Discriminação, dificuldade e correlação item-total da ETAS
Item
Amor
Intimidade
Paixão
Decisão/Compr.
r
it
r polis-
serial
Parâmetros
Parâmetros
Parâmetros
Parâmetros
a
b
a
b
a
b
a
b
1
1,52
0,20
1,78
0,21
0,54
0,58
2
2,03
-0,58
2,33
-0,48
0,72
0,79
3
1,55
-0,62
1,74
-0,58
0,63
0,69
4
2,36
-0,79
2,39
-0,71
2,53
-0,69
0,74
0,81
5
1,86
-0,42
1,88
-0,34
2,02
-0,33
0,65
0,70
6
1,58
-0,27
1,76
-0,20
0,66
0,71
7
1,94
-0,10
2,06
-0,10
2,34
-0,11
0,75
0,81
8
1,99
-0,34
2,01
-0,31
0,74
0,80
9
1,81
-0,88
0,66
0,74
10
2,15
-0,39
2,45
-0,33
0,66
0,70
11
2,09
-0,16
2,54
-0,05
0,65
0,68
12
1,65
-0,42
2,77
-0,44
0,61
0,65
13
1,66
-1,05
2,28
-0,69
0,51
0,55
14
1,83
-0,39
2,25
-0,38
0,71
0,77
15
1,19
-0,52
1,74
-0,34
0,50
0,53
16
1,93
0,41
2,37
0,40
0,66
0,70
17
1,86
-0,45
2,33
-0,38
0,65
0,69
18
2,00
-0,06
2,30
-0,03
0,74
0,79
19
1,46
-0,13
1,72
-0,14
0,68
0,74
20
1,97
-0,01
2,03
0,06
1,94
0,07
0,71
0,76
21
2,38
-0,71
2,70
-0,63
0,74
0,81
22
1,87
-0,55
2,66
-0,46
0,79
0,89
23
1,46
0,04
1,87
0,02
0,66
0,72
24
1,64
-1,83
1,72
-1,65
0,57
0,73
25
1,20
-0,69
1,72
-0,52
0,52
0,57
26
2,01
-0,90
2,65
-0,72
0,79
0,90
27
1,19
-1,30
1,99
-1,10
0,53
0,62
28
2,28
-0,82
2,62
-0,70
0,77
0,86
29
1,80
-0,48
2,21
-0,42
0,74
0,81
30
1,46
-0,54
2,17
-0,42
0,60
0,65
31
2,25
-0,64
3,25
-0,55
0,82
0,91
32
2,20
-0,39
2,67
-0,31
0,75
0,81
33
2,22
-0,63
2,21
-0,56
2,49
-0,54
0,74
0,80
34
2,29
-0,86
2,86
-0,76
0,73
0,81
35
2,13
-1,28
2,36
-1,14
0,70
0,82
36
2,05
-0,29
2,49
-0,26
0,65
0,69
37
2,10
-0,56
2,13
-0,49
2,30
-0,48
0,72
0,78
38
1,79
-0,18
1,90
-0,15
1,94
-0,13
0,69
0,74
39
2,02
-0,64
2,40
-0,56
0,71
0,76
40
1,48
-0,14
1,70
-0,11
1,60
-0,14
0,49
0,52
41
1,88
-0,89
2,29
-0,76
0,69
0,78
42
1,889
-0,210
2,194
-0,171
0,69
0,74
43
2,120
-0,360
2,872
-0,211
0,80
0,87
44
2,510
-0,578
2,696
-0,504
2,749
-0,497
0,80
0,87
45
1,978
-0,137
2,745
-0,200
0,79
0,87
Média
(DP)
1,880
(0,32)
-0,501
(0,41)
2,283
(0,32)
-0,525
(0,40)
2,008
(0,31)
-0,396
(0,31)
2,357
(0,41)
-0,290
(0,29)
0,68
0,74
Nota: parâmetro a = discriminação; parâmetro b = dificuldade.
Amor 67
Figura 13. Curvas de informação da ETAS completa e de suas subescalas de Intimidade, Paixão e
Decisão/compromisso.
Figura 14. Distribuição dos escores da ETAS completa e de suas subescalas de Intimidade, Paixão e
Decisão/compromisso em torno da média.
A ETAS é o instrumento com melhores propriedades psicométricas neste estudo. Ela
possui uma matriz bastante fatorável, cargas elevadas, excelentes níveis de precisão e itens
discriminativos. A estrutura fatorial da ETAS ainda é um suporte empírico à Teoria
-3 -2 -1 0 1 2 3
0
50
100
150
200
250
Escore
Frequência
Ajuste Gaussiano para os escores de Intimidade
-3 -2 -1 0 1 2 3
0
50
100
150
200
250
Escores
Frequência
Ajuste Gaussiano para os escores de Paixão
-3 -2 -1 0 1 2 3
0
50
100
150
200
Escore
Frequência
Ajuste Gaussiano para o escores de Decisão/compromisso
-3 -2 -1 0 1 2 3
0
50
100
150
200
Escore
Frequência
Ajuste Gaussiano para os Escores de Amor
Amor 68
Triangular do Amor. A ETAS, contudo, apresenta itens complexos (com carga em mais de
um fator), o que matematicamente não representa um problema, embora dificulte a
interpretação dos resultados.
3.1.3 Escala Triangular do Amor de Sternberg -Reduzida
Conforme mencionado, a ETAS apresenta uma boa propriedade psicométrica nas suas
cargas fatoriais elevadas. Porém, existe o problema de diversos itens com cargas em mais
de um fator. O fato dos fatores serem correlacionados explica este fenômeno. Comumente,
a solução adotada é a exclusão dos itens complexos. Este tipo de decisão, contudo, pode
ser questionado. Um item com carga elevada nos três fatores, por exemplo, seria um
excelente indicador de amor, apesar de não discriminar qual tipo de amor. Por este motivo,
é interessante manter uma versão da ETAS completa, sem a retirada de itens, para
permanecer com uma medida do amor precisa. Mas, para facilitar a separação dos fatores
entre si, sugere-se uma escala mais compacta, que ainda teria a vantagem de reduzir o
tempo de aplicação. A decisão de construir uma versão reduzida da ETAS foi tomada tanto
em estudos no exterior (Lemieux & Hale, 2000, 2002) como no Brasil (Cassepp-Borges &
Teodoro, 2007; Gouveia, Fonseca, Cavalcanti, Diniz & Dória, 2009).
3.1.3.1 Análise Fatorial e precisão
Dessa maneira, optou-se pela confecção de uma escala menor, chamada de ETAS-R,
com 20 itens no total. Esta opção permitiu selecionar apenas aqueles itens que possuíssem
uma carga forte no seu fator e cargas inferiores a 0,32 nos demais. Procurou-se manter
itens de diferentes faixas de dificuldade nos seus fatores. Ainda foi observado o poder
discriminativo dos itens para compor a versão reduzida da ETAS. A matriz de correlações
manteve seus bons indicadores de fatorabilidade (KMO = 0,948; χ
2
Bartlett
= 19536,762, gl =
190, p < 0,001). As dimensões da Intimidade e da Decisão/compromisso ficaram com sete
itens cada, enquanto a dimensão da Paixão ficou com seis. A Paixão foi escolhida para ter
um item a menos por já possuir um número bastante inferior de itens na versão completa.
A matriz fatorial da ETAS-R é apresentada na Tabela 17.
Amor 69
Tabela 17 - Estrutura fatorial pattern da ETAS-R com rotação Direct Oblimin e extração pelo método PAF
Intimidade
Paixão
Decisão/
compro-
misso*
h
2
Carga no fator
único (Amor)
ETAS_17_Intimidade
0,83
0,61
0,69
ETAS_14_Intimidade
0,81
0,68
0,74
ETAS_34_Intimidade
0,79
0,66
0,74
ETAS_11_Intimidade
0,78
0,63
0,71
ETAS_41_Intimidade
0,77
0,65
0,72
ETAS_36_Intimidade
0,65
0,54
0,69
ETAS_39_Intimidade
0,65
0,56
0,71
ETAS_27_Paixão
0,79
0,61
0,51
ETAS_15_Paixão
0,77
0,57
0,48
ETAS_25_Paixão
0,76
0,56
0,48
ETAS_13_Paixão
0,70
0,52
0,51
ETAS_30_Paixão
0,67
0,60
0,60
ETAS_12_Paixão
0,63
0,57
0,63
ETAS_23_Decisão
0,81
0,57
0,66
ETAS_22_Decisão
0,78
0,74
0,80
ETAS_45_Decisão
0,75
0,75
0,79
ETAS_32_Decisão
0,70
0,64
0,76
ETAS_31_Decisão
0,69
0,73
0,83
ETAS_16_Paixão
0,68
0,55
0,70
ETAS_01_Paixão
0,62
0,36
0,52
Carga média
0,75
0,72
0,72
0,66
Autovalor
7,67
5,38
7,64
9,00
% de Variância
38,36
26,89
38,18
45,0
α
0,918
0,881
0,913
0,939
Lambda 2 de Guttman
0,919
0,883
0,916
0,943
Itens
7
6
7
20
Nota: *As cargas fatoriais do itens do fator Decisão/compromisso foram multiplicadas por -1 para
facilitar a compreensão.
Omitidas cargas fatoriais inferiores a 0,30.
Variância explicada: 1 fator = 45,0%; 2 fatores = 55,5% 3 fatores = 60,5%.
Covariância Residual: 1 fator = 66,0%; 2 fatores = 33,0% 3 fatores = 7,0%.
Comunalidades (h
2
) referentes ao modelo com três fatores e estimadas antes da rotação.
A Análise Fatorial Exploratória mostra que os fatores permanecem os mesmos, sendo
Intimidade, Paixão e Decisão/compromisso. A redução de itens da escala fez com que
todos os itens tivessem carga superior a 0,6 dentro de seu fator e carga inferior a 0,3 nos
demais. Este dado mostra que a escala reduzida é um instrumento que discrimina seus
fatores. Conforme esperado, a escala diminui a precisão nas dimensões da Intimidade (α =
0,92) e Decisão/compromisso (α = 0,91), as quais sofreram as reduções mais drásticas no
número de itens. De qualquer forma, tanto estas duas dimensões quanto a paixão (α = 0,88)
permaneceram com níveis de consistência interna muito bons. A consistência interna geral
da ETAS-R foi de 0,94, sugerindo que também se manteve a precisão na medida do fator
Amor 70
geral (amor). Todas as comunalidades são elevadas (superiores a 0,5), mostrando que todos
os itens se referem ao fator geral Amor, apesar da eliminação de itens complexos. Foi
mantida uma propriedade marcante das dimensões, que é a correlação entre elas (r
Intimidade e
Paixão
= 0,44, p < 0,001; r
Paixão e Decisão/compromisso
= 0,49, p < 0,001; e r
Intimidade e Decisão/compromisso
= 0,73, p < 0,001). Nota-se, no entanto, que as reduções nos valores das correlações foram
drásticas. A viabilidade da versão reduzida também é sugerida pelos índices elevados de
correlação com a versão completa das escalas de Intimidade (r = 0,96, p < 0,001), Paixão
(r = 0,94, p < 0,001), Decisão/compromisso (r = 0,96, p < 0,001) e Amor (r = 0,98, p <
0,001).
3.1.3.2 Análise Fatorial Confirmatória
A ETAS-R teve sua estrutura corroborada por meio de Modelagem por Equações
Estruturais. Primeiramente, foram verificados os pressupostos para a análise. Com relação
aos outliers multivariados, foram verificados 102 participantes com distância Mahalanobis
superior a 45, valor crítico para 20 varáveis. A exemplo do que ocorreu com a RelAS, não
houve relação significativa entre os outliers de acordo com o sexo (χ
2
= 2,41; gl = 1; p = n.
s.) e a região da coleta de dados (χ
2
= 2,66; gl = 1; p = n. s.), sendo a única diferença
significativa vinculada ao tipo de relação (χ
2
= 80,58; gl = 3; p < 0,001). E a diferença
esteve no fato de que o grupo em relacionamento estável possui menores chances de
pertencer ao grupo dos casos extremos, enquanto aqueles(as) que responderam à ETAS-R
baseando-se em um amor platônico ou ex tem maiores probabilidades de ser outliers.
Assim, pode-se concluir que os casos extremos não ocorrem ao acaso, tratando-se de uma
amostra diferente. A ETAS-R teve problemas de normalidade multivariada (curtose
=225,07; razão crítica = 129,20). Contudo, não foi tomada nenhuma medida para a
correção do problema pelo fato de que o número de participantes permite a realização das
equações estruturais (Hair et al., 2005).
Foram testados dois modelos: um com a Intimidade, a Paixão, e a
Decisão/compromisso intercorrelacionadas e outro com um fator geral explicando os três
fatores. Apesar dos índices de ajuste terem sido os mesmos, optou-se por utilizar o segundo
modelo (Figura 15) pelo fato dele trazer estimativas sobre a relação dos três fatores
previstos por Sternberg (1986) com o fator geral, dado não verificado nas análises
exploratórias. A Análise Fatorial Confirmatória foi realizada utilizando-se a máxima
verossimilhança. Os resultados mostraram que os três fatores específicos possuem elevada
Amor 71
carga no fator geral, sendo que a Decisão/compromisso teve essa relação de modo mais
forte.
Figura 15. Modelo para a Análise Fatorial Confirmatória da ETAS-R.
Amor 72
Tabela 18 - Cargas dos itens da ETAS-R nos três fatores, correlações dos itens com o Fator Geral (Amor) e índices
ajuste do modelo
Pattern
Structure
Amor*
Decisão
/Compr.
Paixão
Intimi-
dade
Decisão/
Compr.
Paixão
Intimi-
dade
ETAS_01
0,562
0,562
0,315
0,449
0,528
ETAS_16
0,720
0,720
0,403
0,575
0,678
ETAS_31
0,879
0,879
0,492
0,702
0,827
ETAS_32
0,795
0,795
0,445
0,635
0,748
ETAS_45
0,867
0,867
0,486
0,693
0,816
ETAS_22
0,865
0,865
0,484
0,691
0,814
ETAS_23
0,721
0,721
0,404
0,576
0,678
ETAS_12
0,757
0,424
0,757
0,383
0,451
ETAS_30
0,765
0,428
0,765
0,387
0,455
ETAS_13
0,725
0,406
0,725
0,366
0,431
ETAS_25
0,738
0,413
0,738
0,373
0,439
ETAS_15
0,737
0,413
0,737
0,373
0,439
ETAS_27
0,763
0,427
0,763
0,386
0,454
ETAS_39
0,750
0,599
0,379
0,750
0,637
ETAS_36
0,731
0,584
0,369
0,731
0,621
ETAS_41
0,802
0,641
0,405
0,802
0,681
ETAS_11
0,792
0,633
0,401
0,792
0,673
ETAS_34
0,805
0,643
0,407
0,805
0,684
ETAS_14
0,829
0,663
0,419
0,829
0,704
ETAS_17
0,769
0,615
0,389
0,769
0,653
Decisão/Compr.
0,941
Paixão
0,595
Intimidade
0,849
χ
2
(gl)
1659,91 (167)
χ
2
/gl
9,94
CFI
0,926
NFI
0,918
TLI
0,906
RMSEA (IC 90%)
0,076 (0,073 - 0,079)
Nota: Índices de ajuste do modelo - χ
2
= Qui-quadrado; gl= graus de liberdade; CFI = Comparative Fit Index;
NFI = Normed Fit Index; TLI = Tucker-Lewis Index; RMSEA = Root Mean Square Error of Approximation,
IC = intervalo de confiança.
A Tabela 18 mostra que os itens mantiveram as elevadas cargas nos fatores , conforme
já havia sido verificado na Análise Fatorial Exploratória (Tabela 17). As cargas de
Intimidade (0,85), Paixão (0,60) e Decisão/compromisso (0,94) no Fator Geral foram
elevadas. O modelo encontrou um ajuste adequado nos quatro índices de ajuste utilizados
nesse estudo (CFI, TLI, NFI e RMSEA). Assim, pode-se dizer que a ETAS-R evidências
de que sua boa estrutura fatorial é corroborada a nível confirmatório.
Para analisar a invariância da ETAS-R, foram verificados os mesmos subgrupos de
sexo, região e tipo de relação que haviam sido utilizados na verificação da invariância da
RelAS. Conforme pode ser observado na Tabela 19, A ETAS-R apresenta invariância
estrita para as variáveis sexo e região de aplicação. Contudo, a invariância da ETAS-R é
fraca para a variável tipo de relação. Outra vez, pode-se levantar a hipótese de que
Amor 73
participantes que responderam à escala baseando-se em um amor platônico ou
relacionamento terminado influenciaram na invariância da escala. Essa hipótese se sustenta
principalmente no fato de que esse grupo contém o maior número de outliers
multivariados.
Tabela 19 - Invariância da ETAS-R
Nota: Indicadores de ajuste do modelo - χ
2
= Qui-quadrado; gl= graus de liberdade; CFI = Comparative Fit Index;
NFI = Normed Fit Index; TLI = Tucker-Lewis Index; RMSEA = Root Mean Square Error of Approximation, IC =
intervalo de confiança. Modelo 1 Restrição do número de fatores; Modelo 2 Restrição das cargas; Modelo 3
Restrição dos Interceptos; Modelo 4 Restrição dos resíduos.
Para o modelo com a variável sexo, os índices NFI, TLI e CFI são iguais ou superiores
a 0,90 nos quatro modelos (o modelo 4 atinge esse critério no NFI devido ao
arredondamento). O RMSEA para sexo tem um nível adequado (0,05) e também se
mantém estável. Os níveis de razão crítica do modelo por sexo são superiores a 1,96, mas
esse critério pode ser relevado por ser bastante liberal e pelo fato dos outros indicadores
sugerirem invariância da ETAS-R com relação a sexo.
Também pode-se perceber a invariância do modelo confirmatório com relação à região
geográfica na qual foram aplicados os questionários. Apesar do NFI e do TLI serem um
pouco menores do que 0,90, o que indicaria problemas de ajuste, o modelo apresentou
invariância estrita, pois as diferenças de um modelo para o outro foram inferiores a 0,01
nesses dois indicadores, no CFI e no RMSEA. Esse último índice, em contraste com os
demais, apresentou um ajuste muito bom. O baixo valor nas razões críticas é mais um
indicador da estabilidade da estrutura fatorial com relação à região do Brasil.
Os dados sobre o tipo de relacionamento, contudo, mostram apenas uma fraca
invariância. A estrutura resiste à restrição do número de fatores e cargas, mas não
NFI
TLI
CFI
RMSEA (IC 90%)
χ
2
(gl)
Razão
crítica
Nº de
Parâmetros
Sexo
Modelo 1
0,909
0,904
0,924
0,055 (0,052 - 0,057)
1876,63 (334)
126
Modelo 2
0,906
0,907
0,922
0,054 (0,052 - 0,056)
1930,08 (351)
3,14
109
Modelo 3
0,901
0,906
0,917
0,054 (0,052 - 0,056)
2053,07 (371)
6,15
89
Modelo 4
0,898
0,908
0,915
0,053 (0,051 - 0,056)
2115,24 (391)
3,11
69
Região
Modelo 1
0,881
0,886
0,909
0,042 (0,041 - 0,044)
2520,74 (668)
2,32
252
Modelo 2
0,876
0,890
0,906
0,042 (0,040 - 0,043)
2639,15 (719)
1,46
201
Modelo 3
0,872
0,897
0,905
0,040 (0,039 - 0,042)
2726,89 (779)
2,42
141
Modelo 4
0,865
0,900
0,900
0,040 (0,038 - 0,041)
2871,99 (839)
2,32
81
Tipo de relacionamento
Modelo 1
0,870
0,878
0,903
0,041 (0,039 - 0,042)
2287,86 (668)
252
Modelo 2
0,863
0,882
0,899
0,040 (0,038 - 0,042)
2417,22 (719)
2,54
201
Modelo 3
0,809
0,834
0,846
0,047 (0,046 - 0,049)
3356,53 (779)
15,66
141
Modelo 4
0,682
0,716
0,716
0,062 (0,061 - 0,064)
5600,15 (839)
37,39
81
Amor 74
apresenta invariância quando se restringem os interceptos e os resíduos. As diferenças no
NFI, TLI e CFI são superiores a 0,05, do modelo 2 para o modelo 3 e do modelo 3 para o
modelo 4, sendo que o critério para considerar variação é de 0,01. Esse problema pode
estar sendo causado pelas pessoas que responderam baseando-se em relacionamento
terminado ou idealizado, pois esse grupo constituiu a maior parte dos outliers
multivariados. A exemplo da RelAS, esses dados sugerem que deve-se ter cautela ao
aplicar a ETAS-R em pessoas que amam um objeto que não possuem, ou seja, pessoas que
amam sem receber amor em troca. Apesar dos problemas na invariância com relação ao
tipo de relacionamento, ressalta-se que essa propriedade foi mantida nos sexos e nas
regiões, o que sugere a validade da escala nesses grupos. Uma replicação da análise com a
exclusão dos casos extremos na ETAS-R mantém a variação da escala pelos tipos de
relacionamento.
3.1.3.3 Teoria de Resposta ao Item
Outra questão importante é se a versão reduzida mantém as propriedades com relação
à discriminação e dificuldade dos itens. Como pode ser observado na Tabela 20, todos os
itens mantiveram bons valores de discriminação. Os três fatores tiveram uma melhora na
média de discriminação dos itens, mas a discriminação da ETAS-R é ligeiramente menor
que a da ETAS completa. Um indicador positivo é que a média de dificuldade dos itens
está mais próxima do zero para a ETAS-R, e suas dimensões Intimidade e
Decisão/compromisso, indicando que a versão reduzida é menos fácil do que a completa.
Amor 75
Tabela 20 - Parâmetros de discriminação, dificuldade e correlação item-total da ETAS-R
Item
Amor
Intimidade
Paixão
Decisão/Compr.
r
it
r polis-
serial
Parâmetros
Parâmetros
Parâmetros
Parâmetros
a
b
a
b
a
b
a
b
01
1,52
0,25
1,99
0,24
0,55
0,60
11
2,28
-0,09
2,85
-0,04
0,66
0,70
12
1,90
-0,44
2,77
-0,45
0,64
0,68
13
1,68
-0,83
2,67
-0,67
0,55
0,60
14
1,95
-0,42
2,35
-0,38
0,72
0,78
15
1,28
-0,42
1,96
-0,34
0,55
0,59
16
1,95
0,43
2,52
0,40
0,65
0,70
17
2,04
-0,43
2,56
-0,38
0,66
0,71
22
1,68
-0,54
3,06
-0,39
0,77
0,87
23
1,45
0,04
2,27
0,04
0,67
0,73
25
1,22
-0,65
1,79
-0,52
0,55
0,61
27
1,31
-1,28
2,26
-1,05
0,57
0,67
30
1,52
-0,49
2,14
-0,42
0,62
0,67
31
2,12
-0,66
3,44
-0,50
0,80
0,90
32
2,15
-0,34
2,90
-0,26
0,76
0,82
34
2,32
-0,83
2,69
-0,77
0,72
0,80
36
2,21
-0,28
2,53
-0,26
0,66
0,69
39
2,04
-0,61
2,25
-0,56
0,70
0,76
41
1,85
-0,84
2,19
-0,77
0,68
0,76
45
1,68
-0,27
2,97
-0,17
0,77
0,85
Média
(DP)
1,807
(0,34)
-0,435
(0,39)
2,487
(0,24)
-0,488
(2,27)
2,264
(0,39)
-0,575
(0,26)
2,735
(0,50)
-0,091
(0,33)
0,66
0,72
ETAS
(DP)
1,880
(0,32)
-0,501
(0,41)
2,283
(0,32)
-0,525
(0,40)
2,008
(0,31)
-0,396
(0,31)
2,357
(0,41)
-0,290
(0,29)
0,68
0,74
Nota: parâmetro a = discriminação; parâmetro b = dificuldade.
Figura 16. Curvas de informação total da ETAS-R e de suas subescalas de Intimidade, Paixão e
Decisão/compromisso.
-3 -2 -1 0 1 2 3
0
10
20
30
40
Escore
Informação
ETAS-R Intimidade
0
22.75
45.50
68.25
91.00
113.75
Standard Err or
-3 -2 -1 0 1 2 3
0
10
20
30
40
Escore
Informação
ETAS-R Decisão/compromisso
0
7.12
14.23
21.35
28.47
35.59
Standard Err or
-3 -2 -1 0 1 2 3
0
10
20
30
40
50
Escore
Informação
ETAS-R
0
1.49
2.99
4.48
5.97
7.46
Standard Err or
-3 -2 -1 0 1 2 3
0
5
10
15
20
25
Escore
Informação
ETAS-R Paixão
0
10.13
20.27
30.40
40.53
50.67
Standard Err or
Amor 76
Figura 17. Distribuição dos escores da ETAS-R e de suas subescalas de Intimidade, Paixão e
Decisão/compromisso em torno da média.
A redução do número de itens pode ser considerada bem sucedida, pois diminuiu
muito pouco a informação total fornecida (Figura 16). A ETAS-R fornece informação para
aqueles(as) participantes cujo nível θ de amor se situa aproximadamente entre -2,2 e mais
+1,2 desvio padrões, nível semelhante ao da ETAS completa. As subescalas de Intimidade
(aproximadamente entre -2 e +1desvios padrões), Paixão (aproximadamente entre -2,3 e
+0,9 desvios padrões) e Decisão/compromisso (aproximadamente entre -1,5 e +1,3 desvios
padrões) também fornecem informação muito semelhante à da escala completa, que é
muito boa. Esta diminuição de itens, contudo, fez com que a distribuição dos dados
perdesse um pouco do padrão da normalidade em torno da média (Figura 17).
A ETAS-R apresenta somente itens simples, representando uma solução para elevado
número de itens complexos da ETAS. A ETAS-R ainda mantém as propriedades de
discriminação e dificuldade dos itens e, ainda, a informação total da escala. A versão
reduzida para a ETAS foi a alternativa de diversos autores (Gouveia, Fonseca, Cavalcanti,
Diniz, & Dória, 2009; Lemieux & Hale, 2000, 2002). Contudo, a única versão reduzida da
ETAS que possui a mesma tradução utilizada nesta tese é a de Cassepp-Borges e Teodoro
(2007), aplicada em 362 universitários do Rio Grande do Sul. Em relação a esse estudo,
ocorreram mudanças na redução da escala. A primeira delas é a de que o presente estudo
concluiu por 20 itens ao invés dos 18 propostos anteriormente, acrescentando um item na
dimensão Intimidade e outro na Decisão/compromisso. Com relação à Intimidade, a
dimensão perdeu os itens 10 e 21 e foram acrescentados os itens 17, 34 e 41. A Paixão teve
-3 -2 -1 0 1 2 3
0
50
100
150
200
250
Ability
Frequency
Ajuste gaussiano para os escores de Intimidade (ETAS-R)
-3 -2 -1 0 1 2 3
0
50
100
150
200
Escore
Frequência
Ajuste gaussiano para os escores de Decisão/compr. (ETAS-R)
-3 -2 -1 0 1 2 3
0
50
100
150
200
250
Escore
Frequência
Ajuste gaussiano para os escores de Amor (ETAS-R)
-3 -2 -1 0 1 2 3
0
50
100
150
200
250
Escore
Frequência
Ajuste gaussiano para os escores de Paixão (ETAS-R)
Amor 77
apenas a substituição do item 20 pelo 12, os itens com carga fatorial mais baixa no estudo
de Cassepp-Borges e Teodoro e nesse estudo, respectivamente. A dimensão
Decisão/compromisso teve excluídos seus itens 02 e 19, sendo acrescidos os itens 45, 16 e
01. Os dois últimos itens eram previstos por Sternberg (1997) para compor a dimensão da
Paixão, contudo os dados empíricos os mostram como itens exclusivos de
Decisão/compromisso.
Como pode ser notado, houve mudanças notáveis de uma versão para a outra.
Contudo, este estudo possui uma amostra nacional e maior do que a de Cassepp-Borges e
Teodoro (2007), oferecendo maior suporte empírico à estrutura fatorial da ETAS-R. A
redução da escala de Gouveia et al. (2009) contou com cinco itens em cada fator. Acredita-
se que a redução para seis ou sete itens em cada fator é interessante, pois mantém alfas
superiores a 0,90, o que não ocorreu com a redução para cinco itens. Apesar disso, os
níveis de alfa de Gouveia et al. são muito bons (de 0,86 a 0,88), com um instrumento mais
breve. Ter menos itens é interessante, mas diminuir a precisão é uma consequência
indesejada disso. Os critérios para estabelecer o quanto a redução de itens afeta a precisão
são subjetivos, portanto as decisões de Cassepp-Borges e Teodoro, Gouveia et al. e da
presente tese são válidas. A Tabela 21 apresenta os alfas de Cronbach de alguns estudos
que utilizaram a ETAS no Brasil e no mundo, mostrando que a escala mantém uma boa
precisão em diversos contextos, com alfas superiores a 0,85 (exceto na Paixão de Overbeck
et al., 2007, α = 0,80). Os níveis de precisão elevados foram mantidos nesse estudo.
Tabela 21 - Coeficientes alfas de Cronbach em diferentes aplicações da ETAS
Escala
Alfa
Sternberg
(1997)
Hernandez
(1999)
Cassepp-
Borges &
Teodoro
(2007)
Gouveia
et al.
(2009)
Overbeck et al.
(2007).
Lemieux
& Hale
(2000)
Presente
estudo
n
101
98
362
307/610
2425
213
1549
Local
New
Haven
(EUA)
Rio Grande
do Sul
(Brasil)
Rio
Grande do
Sul
(Brasil)
Paraíba
(Brasil)
Nijmegen e
proximidades
(Holanda)
Geórgia
(EUA)
13 UFs
(Brasil)
Versão completa
Intimidade
0,91
0,90
0,95
0,96
Paixão
0,94
0,91
0,93
0,92
Dec./compr.
0,94
0,91
0,96
0,97
Amor
0,97
0,95
0,98
0,98
Versão reduzida
Intimidade
0,90
0,86
0,87
0,89
0,92
Paixão
0,90
0,87
0,89
0,94
0,88
Dec./compr.
0,91
0,88
0,80
0,89
0,91
Amor
0,94
0,93
0,94
Amor 78
3.1.4 Love Attitudes Scale
3.1.4.1 Análise Fatorial e precisão
Por fim, foi analisada a validade e a precisão da LAS. Trata-se de um instrumento mais
complexo, uma vez que a teoria das cores do amor prevê a existência de seis estilos de
amar. Embora não trazendo resultados excelentes, tanto o KMO (0,838) quanto o teste de
esfericidade de Bartlett (χ
2
=14116,7 gl = 861, p < 0,001) apontaram para a fatorabilidade
da matriz de correlações. Desta maneira, a Figura 18 apresenta o gráfico Scree plot com os
autovalores empíricos e aleatórios obtidos para a análise paralela, como forma de
determinar o número de fatores da escala. A Tabela 22 mostra os autovalores obtidos na
extração inicial, com o método de extração dos componentes principais.
Tabela 22 - Análise Paralela e total da variância explicada pelos componentes da LAS
Componente
Autovalores
Autovalores
Aleatórios
% de
Variância
% de variância acumulado
1
4,912
1,34
11,695
11,695
2
4,002
1,31
9,528
21,223
3
3,050
1,28
7,263
28,486
4
2,285
1,26
5,441
33,926
5
1,878
1,24
4,472
38,399
6
1,729
1,22
4,117
42,516
7
1,183
1,20
2,818
45,334
8
1,129
1,18
2,688
48,022
9
1,011
1,16
2,407
50,430
10
0,966
1,15
2,301
52,731
...
42
,295
,703
100,000
Figura 18. Scree Plot dos autovalores empíricos e aleatórios da LAS.
Amor 79
Tabela 23 - Critérios considerados na decisão do número de fatores a extrair da LAS
Critério
Número de
fatores
Comentários
Kaiser
Pelo menos
9
O nono autovalor é pouco superior a um (Tabela 22).
Harman
6
O sétimo fator explica 2,8% da variância (Tabela 22).
Inspeção visual do Scree
plot
6
A maior quebra está entre o sexto e sétimo fatores (Figura 18).
Análise Paralela
6
O sétimo autovalor aleatório é superior ao sétimo autovalor
empírico (Figura 18).
Critério teórico
6
Storge, Agape, Mania, Pragma, Ludus e Eros.
Assim, os critérios teóricos e estatísticos apontaram para a solução com seis fatores, o
que permitiu um bom embasamento para a tomada desta decisão (Tabela 23). Dessa
maneira, foi realizada a análise com seis fatores com o método de extração Alpha
Factoring e rotação Promax. O referido método de extração foi escolhido pelo fato de
estudo anteriores já terem demonstrado que a escala possui problemas nos níveis de
consistência interna (De Andrade & Garcia, 2009). A extração Alpha Factoring maximiza
a confiabilidade dos fatores (SPSS, 2006), focando a atenção naquelas variáveis
necessárias para elevar o coeficiente alfa, embora tragam como desvantagem a pouca
familiaridade dos pesquisadores com este procedimento (Tabachnick & Fidel, 1989).
Existem pequenas correlações (ver Tabela 25) entre os fatores, o que levou este estudo à
optar pela rotação oblíqua Promax (kappa = 4). As rotações oblíquas podem ser utilizadas
com dados ortogonais, embora o contrário seja inadequado (Pasquali, 2008). A Tabela 24
apresenta a estrutura fatorial da LAS.
A partir da Tabela 24, pode-se observar que, de maneira geral, os itens se alocaram no
fator previsto. O item sAmple_36 (“tento sempre ajudar o(a) meu(minha) namorado(a) em
situações de dificuldade”), contudo, estava previsto para o fator Agape e carregou no fator
Eros. Os itens sampLe_12 e sampLe_09 carregaram no fator previsto (Ludus), mas com
carga fatorial insuficiente (<0,32). As cargas fatoriais foram de razoáveis a boas. A Tabela
25 mostra as correlações entre os fatores. Existe uma relativa ortogonalidade entre os
fatores. Contudo, as dimensões Agape e Eros, Agape e Mania, e Storge e Pragma
apresentam correlações fracas, mas existentes. Assim, a rotação oblíqua utilizada mostra-se
adequada, pois considera a pequena correlação entre esses fatores e respeita a
ortogonalidade existente entre as demais correlações.
Amor 80
Tabela 24 - Estrutura fatorial pattern da LAS reduzida com extração pelo método Alpha Factoring e rotação
Promax
Item*
Eros
Agape
Mania
Pragma
Storge
Ludus
h
2
samplE_2
0,77
0,53
samplE_3
0,71
0,45
samplE_4
0,62
0,52
samplE_6
0,52
0,39
samplE_5
0,51
0,29
samplE_1
0,50
0,28
samplE_7
0,47
0,25
sAmple_36
0,37
0,27
sAmple_38
0,80
0,58
sAmple_39
0,72
0,53
sAmple_42
0,68
0,45
sAmple_37
0,59
0,44
sAmple_40
0,48
0,36
sAmple_41
0,43
0,35
saMple_33
0,64
0,42
saMple_34
0,59
0,32
saMple_32
0,57
0,42
saMple_31
0,55
0,31
saMple_35
0,49
0,34
saMple_30
0,42
0,23
saMple_29
0,42
0,18
samPle_25
0,67
0,41
samPle_26
0,67
0,43
samPle_27
0,62
0,36
samPle_22
0,50
0,34
samPle_23
0,47
0,32
samPle_24
0,44
0,23
samPle_28
0,43
0,27
Sample_18
0,77
0,58
Sample_19
0,65
0,42
Sample_21
0,60
0,39
Sample_20
0,39
0,23
Sample_16
0,39
0,21
Sample_17
0,36
0,22
Sample_15
0,33
0,17
sampLe_14
0,59
0,37
sampLe_8
0,56
0,34
sampLe_10
0,54
0,29
sampLe_11
0,41
0,20
sampLe_13
0,32
0,14
sampLe_12
0,13
sampLe_9
0,04
Autovalor
3,30
3,35
2,71
2,74
2,65
2,16
% de Variância
7,87
7,97
6,46
6,51
6,31
5,14
% de Variância
acumulada
11,69
21,22
28,49
33,93
38,40
42,52
Alfa
0,786
0,818
0,749
0,755
0,718
0,564
Lambda 2 de
Guttman
0,794
0,821
0,752
0,758
0,736
0,572
Itens
8
6
7
7
7
5
42
Nota: *A letra maiúscula no nome de cada item indica a inicial do fator para o qual era prevista a maior carga
fatorial do item.
Omitidas cargas fatoriais inferiores a 0,30.
Variância explicada: 2 fatores = 13%, 3 fatores = 22%, 4 fatores = 27%, 5 fatores = 30%, 6 fatores = 33 %.
Covariância Residual: 2 fatores = 39% 3 fatores = 30% 4 fatores = 21%; 5 fatores = 13%, 6 fatores = 6 %.
Comunalidades (h
2
) estimadas antes da rotação.
Amor 81
Tabela 25 - Matriz de correlação entre os fatores da LAS com método
de extração Alpha Factoring e rotação Promax
Fator
Eros
Agape
Mania
Pragma
Storge
Agape
0,300
-
Mania
0,046
0,324
-
Pragma
0,075
0,106
0,115
-
Storge
0,025
0,192
0,015
0,373
-
Ludus
-0,275
-0,092
0,222
0,199
0,087
Essas correlações, no entanto, não sugerem uma circularidade do modelo, pelo menos
da maneira como Lee (1973) hipotetizou. Para que o modelo apresentasse características
de circularidade, cada tipo deveria ser correlacionado com as dimensões que estivessem ao
lado no modelo e não correlacionadas com as demais. Agape e Eros são tipos de amor
próximos e que, portanto deveriam estar correlacionados, o que ocorreu. Storge e Pragma
também estão próximas no modelo desenvolvido por Lee e aparecem correlacionadas.
Agape e Mania, contudo, possuem a dimensão Eros entre elas no disco das cores, e não
tem sua correlação explicada pela teoria dos cores do amor. Os dados das correlações,
contudo, não sugerem a ausência de circularidade, apenas que a posição de cada tipo no
disco das cores pode ser revista.
Assim, a LAS possui uma boa validade fatorial, bem como fatores simples (os itens
carregam em apenas um fator). Sua precisão, no entanto, não tem índices tão elevados. O
valor de 0,56 para o alfa da escala Ludus torna o uso da mesma uso precário. Os demais
fatores obtiveram alfas superiores a 0,70, mostrando que são relativamente precisos.
Assim, a consistência interna da LAS pode ser tratada como aceitável, embora exista
espaço para melhorar.
A LAS possui a propriedade interessante da independência entre seus fatores. Murthy,
Rotzien e Vacha-Haase (1996) afirmam ter encontrado um fator de segunda ordem na LAS,
contudo sua análise considerou 11 fatores de primeira ordem com autovalores maiores do
que 1, critério tido como fraco para a extração dos fatores. É bastante clara a corroboração
da teoria por meio da divisão entre seus seis fatores. Contudo, o fator Ludus possui um
baixo nível de precisão, em virtude principalmente da perda de itens com carga fatorial
insuficiente. Com relação ao instrumento original (Hendrick & Hendrick, 1986), chama a
atenção que o item sAmple_36 havia apresentado carga mais elevada no fator Eros que no
Agape, o que os autores atribuíram ao fato do item não falar de auto-abnegação. De
Andrade e Garcia (2009) excluíram esse item e dois previstos para o fator Storge, mas o
Amor 82
restante dos itens carregou nos mesmos fatores que o presente estudo, apesar das traduções
diferentes dos testes e procedimentos on line de aplicação.
Tabela 26 - Comparação de percentual de variância explicada e alfas de Cronbach da LAS entre quatro
diferentes estudos
Dado
Hendrick &
Hendrick (1986)
Neto (1998)
De Andrade &
Garcia (2009)
Presente estudo
n
567
177
509
1549
País
EUA
Portugal
Brasil (internet)
Brasil (lápis e
papel)
% de variância
43%
Não relatado*
42%
43%
α Eros
0,70, 7 itens
0,75, 7 itens
0,75, 7 itens
0,79, 8 itens
α Agape
0,83, 7 itens
0,78, 7 itens
0,81, 6 itens
0,82, 6 itens
α Mania
0,72, 7 itens
0,76, 7 itens
0,76, 7 itens
0,75, 7 itens
α Pragma
0,74, 7 itens
0,77, 7 itens
0,75, 7 itens
0,76, 7 itens
α Storge
0,69, 7 itens
0,75, 7 itens
0,74, 5 itens
0,72, 7 itens
α Ludus
0,74, 7 itens
0,60, 7 itens
0,55, 5 itens
0,56, 5 itens
* Neto (1998) usou Análise Fatorial Confirmatória para validar seu instrumento.
A Tabela 26 apresenta os valores de alfa e de variância explicada de outros estudos.
Foram escolhidos o trabalho de De Andrade e Garcia (2009), como comparativo de um
estudo no Brasil; o de Neto (1998), como comparativo de um estudo com a mesma versão
da escala utilizada; e o de Hendrick e Hendrick (1986), por ser o estudo original. Como
pode ser observado, o percentual de variância explicado pelos três estudos que relataram
esse dado é semelhante. Os valores de alfa são bastante semelhantes nos quatro estudos,
exceto pelo Ludus, dimensão na qual a precisão das aplicações em língua portuguesa é
menor. Dessa maneira, pode-se dizer que este estudo com a LAS manteve propriedades
psicométricas que vinham sendo mostradas na literatura, inclusive a estrutura fatorial.
3.1.4.2 Escalonamento Multidimensional
A análise fatorial é um instrumento interessante para agrupar as variáveis explicadas
por um mesmo construto latente dentro dos seus fatores. Todavia, a análise fatorial não
testa a hipótese da circularidade de um modelo. E, a teoria das cores do amor prevê que o
modelo seja circumplexo, ou seja, estilos de amor próximos no esquema do disco das cores
devem ter uma relação mais próxima com estilos ao lado e mais distante com estilos no
lado oposto no disco das cores. No entanto, não foi encontrado na literatura nenhum
trabalho que analisasse a circularidade das cores do amor. Para verificar como os itens se
comportam em um modelo que verificasse as distâncias, foi feita uma análise de
Amor 83
escalonamento multidimensional (Multidimensional Scaling), colocando os itens num
mapa perceptual (Figura 19). Porém, deve-se observar que, enquanto a análise fatorial
trabalha com correlações entre os itens, o escalonamento multidimensional trabalha com
distâncias e proximidades entre eles.
Figura 19. Mapa perceptual dos itens da LAS.
A análise de Escalonamento Multidimensional usada foi do tipo PROXSCAL. Foi
solicitado um modelo bidimensional, com intervalos construídos a partir da distância
euclidiana (raiz quadrada da soma das diferenças entre os valores dos itens ao quadrado).
O modelo foi construído a partir de 72% dos casos (n = 1116) devido à adoção do método
listwise para casos omissos. O coeficientes de saturação e ajuste obtidos foram os que
seguem: Normalized Raw Stress = 0,095, Stress-I = 0,309 (Optimal scaling factor =
1,105), Stress-II = 0,754 (Optimal scaling factor = 1,105), S-Stress = 0,185 (Optimal
scaling factor = 0,904), Dispersion Accounted For (D.A.F.) = 0,904 e Tucker's Coefficient
Amor 84
of Congruence = 0,951. Embora adequados, esses coeficientes, não necessariamente são
bons indicadores, pois o modelo pode ter excelentes índices de ajuste e não possuir uma
estrutura circular e vice-versa (Fabrigar, Visser & Browne, 1997).
A Figura 19 mostra que o modelo é circular e se aproxima de um disco das cores. O
verde (Pragma), de maneira geral, está entre o amarelo (Storge) e o Azul (Ludus). A
próxima cor no modelo é o roxo (Mania), também de acordo com o disco das cores.
Porém, ocorre uma inversão, entre o laranja (Agape) e o vermelho (Eros) no mapa
perceptual pois, de acordo com o disco das cores e o modelo das cores do amor, o
vermelho (Eros) deve estar próximo do roxo (mistura entre vermelho e azul Mania), e
não o laranja (Agape). O laranja (Agape) é a mistura de vermelho (Eros) e amarelo
(Storge), e deveria estar entre estas duas cores.
Para uma compreensão geral deste modelo, faz-se necessária a explicação do papel de
alguns itens individualmente. Com relação à dimensão Ludus, apenas o item sampLe_09
ficou localizado em um local muito distante aos demais da sua dimensão. Este mesmo item
havia sido aquele com carga mais baixa no seu fator, de acordo com a Tabela 24, sendo
provável que ele tenha problemas na sua construção ou na adaptação para o português. O
item sampLe_12, que também havia demonstrado problemas na análise fatorial, agrupou-
se com os demais da dimensão Ludus. De qualquer forma, este é um item que pertence ao
fator Ludus, apesar da baixa carga fatorial. A dimensão Pragma também teve alguns itens
espalhados no mapa perceptual, como o samPle_28 (antes de me envolver muito com uma
pessoa, tento saber se existe compatibilidade hereditária para o caso de virmos a ter
filhos). O fato de este item ter se aproximado do Ludus pode ser atribuído ao fato dele
abordar um autocontrole de sentimento característico desta dimensão. A dimensão
Pragma, contudo, encontra-se acima do Storge, o que leva à suposição de que o Pragma
possa ser um Storge menos intenso.
O item sAmple_36 (“tento sempre ajudar o(a) meu(minha) namorado(a) em situações
de dificuldade”) foi o único item previsto para a dimensão Agape (laranja) que se
posicionou entre as dimensões Eros (vermelho dimensão à qual o item pertence de
acordo com a análise fatorial) e Storge (amarelo). Esse item aborda um aspecto diferente
da dimensão Agape, pois é o único que trata da ajuda sem colocar o(a) parceiro(a) à frente
de si próprio(a) (por exemplo, sAmple_38 “Só posso ser feliz colocando a felicidade
do(a) meu(minha) namorado(a) antes da minha”). Por esse motivo, surge a hipótese de que
os itens do fator Agape tenham se encontrado num nível inferior ao Mania no mapa
perceptual. Sacrificar as próprias vontades em prol do(a) parceiro(a) (Agape) seria o
Amor 85
primeiro passo para que a vida da pessoa girasse em torno deste(a) parceiro(a), ou um
sofrimento por amor (Mania). Em outras palavras, pode-se inferir pela Figura 19 que o
Agape seja um Mania mais fraco. Contudo, o fato do item sAmple_36 estar no lugar
previsto pela teoria leva a crer que a construção de itens que aborde um aspecto do
altruísmo sem auto-sacrifício poderiam criar uma nova dimensão na teoria das cores do
amor (Lee, 1973). A Figura 20 apresenta o esboço de uma nova proposta para a teoria das
cores do amor, com base no mapa perceptual da Figura 19.
Figura 20. Esquema da teoria das cores do amor com base no Escalonamento Multidimensional.
Ao analisar a estrutura da Figura 20, percebe-se que o modelo com eixos mais
adequado seria dividir as atitudes em relação ao amor em Eros X Ludus e Mania-Agape X
Pragma/Storge. Estar-se-ia considerando o Agape como um nível menor de Mania e o
Pragma como um nível menor de Storge. Apesar desse rearranjo da teoria ter feito sentido
do ponto de vista empírico, deve-se ter em mente que facetas como ajudar o parceiro sem
colocá-lo a frente de si próprio podem estar originando um novo fator, o que geraria um
rearranjo de todo esse esquema teórico. Retomando o estudo de Neto (2002), não foram
encontradas analogias entre os estilos de amar e as cores. Cabe salientar ainda que este
estudo analisou a circularidade em apenas duas dimensões. Embora não apresente um
Amor 86
modelo final, o presente estudo problematiza a teoria, havendo uma necessidade de
reformulação da mesma.
3.1.4.3 Análise Fatorial Confirmatória
Conforme a Figura 21, a LAS foi analisada sem considerar correlações entre os fatores,
exceto aquelas que as análises exploratórias mostraram como superiores a 0,30. O modelo
inicial encontrou um adequado ajuste no índice RMSEA (0,052), mas um ajuste fraco no
CFI (0,80), NFI (0,78) e no TLI (0,76). A Tabela 27 também mostra que as cargas da LAS
são mais baixas do que as dos demais instrumentos desse estudo mas, ainda assim,
aceitáveis. As correlações entre Agape-Eros (0,315), Agape-Mania (0,369) e Storge-
Pragma (0,403) permaneceram em níveis semelhantes aos apontados pela Análise Fatorial
Exploratória.
Com relação aos pressupostos para a análise, a distância Mahalanobis apontou para 43
outliers multivariados, sendo essa a escala do estudo com menor número de casos
extremos. Contudo, diferentemente da RelAS e da ETAS, não houve uma associação
significativa do tipo de relacionamento com o fato de ser ou não outlier
2
= 5,83; gl = 3;
p = n. s.). Tampouco houve relação entre ser ou não outlier com o a região (χ
2
= 1,64; gl =
3; p = n. s.). Mas, houve uma tendência maior do sexo masculino em pertencer ao grupo
dos outliers que, no entanto, não foi significativa (χ
2
= 3,636; gl = 1; p = 0,057). A
exemplo das demais escalas utilizadas nesta tese, a LAS também encontrou problemas com
a normalidade multivariada (curtose = 157,00; razão crítica = 45,24), o que pode ser
relevado devido ao tamanho da amostra (Hair et al., 2005).
Amor 87
Figura 21. Modelo para a Análise Fatorial Confirmatória da LAS.
Amor 88
Tabela 27 - Cargas pattern dos itens nos fatores e índices ajuste do modelo da LAS
Eros
Ludus
Storge
Pragma
Mania
Agape
LAS_01
0,396
LAS_02
0,749
LAS_03
0,691
LAS_04
0,722
LAS_05
0,474
LAS_06
0,569
LAS_07
0,494
LAS_08
0,479
LAS_10
0,564
LAS_11
0,310
LAS_13
0,269
LAS_14
0,672
LAS_15
0,300
LAS_16
0,426
LAS_17
0,265
LAS_18
0,771
LAS_19
0,677
LAS_20
0,466
LAS_21
0,679
LAS_22
0,570
LAS_23
0,535
LAS_24
0,478
LAS_25
0,613
LAS_26
0,598
LAS_27
0,595
LAS_28
0,481
LAS_29
0,389
LAS_30
0,439
LAS_31
0,554
LAS_32
0,660
LAS_33
0,643
LAS_34
0,524
LAS_35
0,582
LAS_36
0,375
LAS_37
0,648
LAS_38
0,741
LAS_39
0,760
LAS_40
0,579
LAS_41
0,524
LAS_42
0,662
χ
2
(gl)
3483,50 (737)
χ
2
/gl
4,73
CFI
0,80
NFI
0,78
TLI
0,76
RMSEA (IC
90%)
0,049 (0,047 - 0,051)
Nota: Índices de ajuste do modelo - χ
2
= Qui-quadrado; gl= graus de liberdade; CFI =
Comparative Fit Index; NFI = Normed Fit Index; TLI = Tucker-Lewis Index; RMSEA = Root
Mean Square Error of Approximation, IC = intervalo de confiança.
Amor 89
A partir do modelo inicial, foi testada a invariância da estrutura a partir dos grupos de
sexo, Região e tipo de relação. Com relação à última variável, cabe mencionar que a LAS
foi o único teste do estudo que não exigia a tarefa de basear-se em uma pessoa para
responder às questões. Pelo fato de partir de um modelo com problemas nos índices de
ajuste, os modelos apresentados também tem problemas com o CFI, o NFI e o TLI. O
RMSEA, que mostrou-se adequado no modelo inicial, encontrou índices muito bons nos
testes de invariância. A Tabela 28 mostra os resultados dessa análise.
Tabela 28 - Invariância da LAS
Nota: Indicadores de ajuste do modelo - χ
2
= Qui-quadrado; gl= graus de liberdade; CFI = Comparative Fit Index; NFI =
Normed Fit Index; TLI = Tucker-Lewis Index; RMSEA = Root Mean Square Error of Approximation, IC = intervalo de
confiança. Modelo 1 Restrição do número de fatores; Modelo 2 Restrição das cargas; Modelo 3 Restrição dos Interceptos;
Modelo 4 Restrição dos resíduos.
Com relação ao sexo, pode-se notar que a variação do modelo 1 para o modelo 2 é
praticamente nula. Porém, o TLI, o CFI e o NFI perdem aproximadamente 0,03 pontos
cada um, sugerindo que a restrição dos interceptos provoca variância nos sexos. O modelo
4 apresenta indicadores semelhantes ao modelo 3. Mesmo assim, a invariância por sexo da
LAS é fraca. O tipo de relacionamento também foi a outra variável que apresentou
invariância fraca. Ao restringir-se os interceptos, a escala perde aproximadamente 0,05
pontos nos índices de ajuste TLI, CFI e NFI, apresentando uma fraca invariância. Os dados
por região, no entanto, mostraram uma invariância estrita. Apenas a razão crítica do
modelo 2 para o modelo 3 é significativa e, ainda assim, baixa (2,35). O TLI, o CFI, o NFI
e o RMSEA se mantém estáveis nos quatro modelos.
Assim, o modelo confirmatório da LAS tem invariância fraca para os sexos e tipos de
relacionamento. Essas variáveis influenciam na estabilidade da estrutura da escala. As
NFI
TLI
CFI
RMSEA (IC 90%)
χ
2
(gl)
Razão
crítica
Nº de
Parâmetros
Sexo
Modelo 1
0,718
0,769
0,793
0,035 (0,034 - 0,036)
4297,83 (1474)
246
Modelo 2
0,715
0,773
0,791
0,035 (0,034 - 0,036)
4353,75 (1508)
1,64
212
Modelo 3
0,685
0,746
0,760
0,037 (0,036 - 0,038)
4813,87 (1548)
11,50
172
Modelo 4
0,676
0,745
0,753
0,037 (0,036 - 0,038)
4951,16 (1588)
3,43
132
Região
Modelo 1
0,648
0,753
0,778
0,026 (0,025 - 0,027)
6029,05 (2948)
492
Modelo 2
0,641
0,759
0,776
0,026 (0,025 - 0,027)
6159,29 (3050)
1,28
390
Modelo 3
0,624
0,756
0,764
0,026 (0,025 - 0,027)
6441,02 (3170)
2,35
270
Modelo 4
0,616
0,763
0,762
0,025 (0,025 - 0,026)
6589,91 (3290)
1,24
150
Tipo de relacionamento
Modelo 1
0,616
0,718
0,746
0,028 (0,027 - 0,028)
6232,91 (2948)
492
Modelo 2
0,605
0,721
0,741
0,027 (0,026 - 0,028)
6406,00 (3050)
1,71
390
Modelo 3
0,549
0,669
0,680
0,030 (0,029 - 0,031)
7312,58 (3170)
7,55
270
Modelo 4
0,519
0,652
0,651
0,031 (0,030 - 0,031)
7810,02 (3290)
4,15
150
Amor 90
variáveis que tiveram influência na questão do(a) participante ser outlier multivariado
foram as que provocaram maior instabilidade do modelo. Contudo, uma replicação da
análise com a exclusão dos outliers multivariados não resolve o problema de variância da
escala por sexo e tipo de relacionamento. O modelo encontrado ainda tem a característica
de não reproduzir o modelo circular previsto por Lee (1973), pois as correlações entre os
fatores são diferentes das que o autor hipotetizou. As correlações encontradas entre os
fatores na análise fatorial exploratória, confirmadas por modelagem por equações
estruturais, dão algum suporte ao modelo apresentado na Figura 20.
3.1.4.4 Teoria de Resposta ao Item
A escala também teve suas propriedades verificadas de acordo com a TRI. Por ter
fatores pouco correlacionados, cada dimensão foi analisada separadamente. A Tabela 29
mostra que, diferente da ETAS, algumas dimensões, como o Ludus e o Mania, apresentam
dificuldade positiva. Essas são dimensões nas quais a desejabilidade social funciona de
maneira inversa, ou seja, as pessoas têm problemas em admitir que sofrem por amor de
maneira quase patológica ou que são promíscuas. Da mesma maneira, é desejável afirmar
romantismo, motivo pelo qual o Eros é a escala mais fácil, com dificuldade negativa. Por
se tratar de uma medida de auto-relato, a LAS pode estar sendo influenciada pela
desejabilidade social. Com relação ao caso específico do fator Ludus, os dois itens mais
difíceis (sampLe_10 e sampLe_14) são justamente aqueles que tratam de mais de um(a)
parceiro(a) nas suas afirmativas. Os fatores Agape e Pragma m dificuldade mais próxima
da neutra, e é difícil afirmar se é desejável ou não admitir ter características como centrar-
se no(a) parceiro(a) ou escolher racionalmente. O fator Agape, contudo, tem igual número
de itens com dificuldade negativa e positiva, enquanto o fator Pragma tem a média de
dificuldade afetada por um item extremamente difícil (samPle_28). Os fatores Eros e
Storge talvez sejam os mais desejáveis, não sendo necessário um nível de θ muito elevado
para concordar com as afirmativas. Apesar disso, a dificuldade do fator Storge é afetada
pelo item Sample_17 (“espero ser sempre amigo de quem amo”), com o qual os(as)
participantes tiveram muita facilidade em concordar.
Os fatores são bastante informativos. Com exceção do fator Ludus, com menor
número de itens, os demais tiveram média de discriminação dos itens superiores a 1,3.
Contudo, conforme pode ser observado na Figura 22, a subescala Ludus se mostrou capaz
de fornecer informações sobre os(as) participantes com θ superior a -1,7, ou seja, mais de
Amor 91
95% da população. A subescala Agape, com os melhores índices de discriminação e
melhor distribuição das respostas em faixas de dificuldade, fornece informação para
participante com θ entre aproximadamente -1,9 e + 1,75 (cerca de 93% da população). As
subescalas Eros e Storge, por possuírem itens fáceis, são úteis para avaliar o extrato com
menor nível de θ nessas características. Pragma (informação para participantes com θ entre
-2 a +1,4) e Mania (informação para participantes com θ entre -1,6 a +1,9) também são
escalas informativas. E, conforme se observa na Figura 23, as seis dimensões têm
distribuição de seus níveis de θ se aproximando de uma curva normal em torno da média.
Amor 92
Tabela 29 - Parâmetros de discriminação, dificuldade e correlação com o total dos itens da LAS
Item
a
b
Correlação
Polisserial
Correlação
Item/Total
Carga
Eros
1
1,014
-0,425
0,57
0,53
0,504
2
1,882
-1,022
0,80
0,73
0,771
3
1,510
-1,081
0,75
0,68
0,714
4
1,716
-0,611
0,78
0,72
0,623
5
1,091
-0,825
0,66
0,61
0,510
6
1,657
-0,605
0,66
0,62
0,516
7
1,433
-0,716
0,62
0,58
0,470
36
1,257
-2,174
0,52
0,42
0,371
Ludus
8
0,920
1,200
0,70
0,63
0,560
10
0,611
2,654
0,80
0,65
0,537
11
0,935
0,691
0,60
0,55
0,413
13
1,250
0,005
0,55
0,52
0,322
14
0,964
2,390
0,82
0,65
0,590
Storge
15
1,082
-0,317
0,52
0,48
0,331
16
1,292
-0,858
0,59
0,55
0,393
17
0,889
-2,717
0,52
0,39
0,362
18
1,946
-0,297
0,79
0,74
0,765
19
1,187
0,006
0,77
0,71
0,654
20
1,232
-0,311
0,62
0,58
0,394
21
1,507
0,005
0,73
0,69
0,596
Pragma
22
1,425
-0,241
0,68
0,64
0,500
23
1,171
-0,172
0,66
0,62
0,469
24
1,217
-0,517
0,62
0,58
0,437
25
1,430
0,136
0,72
0,68
0,671
26
1,373
-0,661
0,71
0,65
0,671
27
1,505
-0,288
0,70
0,66
0,615
28
1,148
1,409
0,65
0,57
0,427
Mania
29
0,991
0,056
0,59
0,54
0,424
30
0,919
2,201
0,68
0,53
0,424
31
1,383
0,260
0,67
0,63
0,545
32
1,710
0,578
0,74
0,69
0,568
33
1,691
0,132
0,73
0,68
0,643
34
1,239
-0,430
0,67
0,62
0,594
35
1,425
0,792
0,70
0,64
0,485
Agape
37
1,787
-0,205
0,75
0,71
0,590
38
1,978
0,658
0,82
0,76
0,796
39
2,221
0,480
0,82
0,77
0,721
40
1,472
-0,207
0,73
0,69
0,479
41
1,522
-0,594
0,69
0,65
0,433
42
1,742
0,483
0,79
0,74
0,683
Médias
Eros
1,445
-0,932
0,670
0,611
0,560
Ludus
0,936
1,388
0,694
0,600
0,484
Storge
1,305
-0,641
0,649
0,591
0,499
Pragma
1,324
-0,048
0,677
0,629
0,541
Mania
1,337
0,513
0,683
0,619
0,526
Agape
1,787
0,103
0,767
0,720
0,617
Nota: parâmetro a = discriminação; parâmetro b = dificuldade.
Amor 93
Figura 22. Curvas de informação das subescalas da LAS.
-3 -2 -1 0 1 2 3
0
2
4
6
8
10
12
14
Escore
Informação
EROS
0
1.88
3.77
5.65
7.54
9.42
Standard Err or
-3 -2 -1 0 1 2 3
0
2
4
6
8
10
12
14
16
Escore
Informação
AGAPE
0
1.80
3.59
5.39
7.19
8.99
Standard Err or
-3 -2 -1 0 1 2 3
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
Escore
Informação
MANIA
0
0.62
1.23
1.85
2.47
3.09
Standard Err or
-3 -2 -1 0 1 2 3
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
Escore
Informação
PRAGMA
0
0.46
0.93
1.39
1.86
2.32
Standard Err or
-3 -2 -1 0 1 2 3
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
Escore
Informação
STORGE
0
1.30
2.60
3.90
5.20
6.49
Standard Err or
-3 -2 -1 0 1 2 3
0
0.5
1.0
1.5
2.0
2.5
3.0
Escore
Informação
LUDUS
0
0.76
1.53
2.29
3.06
3.82
Standard Err or
Amor 94
Figura 23. Distribuição dos escores da LAS em torno da média.
3.2 Relações entre instrumentos
3.2.1 Normalidade dos escores
Foram criados escores para cada um dos fatores das três escalas e para as escalas
gerais. Para isso, foi calculada a média nos itens que compunham cada fator para cada
participante (escore fatorial). A RelAS, unifatorial, teve apenas um escore geral para a
escala, calculado a partir da média dos itens, tendo-se invertido os itens 4 e 7. Para a
ETAS-R, além dos escores para os três fatores, foi criado um escore geral de amor. Foi
escolhida a versão reduzida pelo fato de separar melhor os fatores. Apesar do escore total
de amor da ETAS completa ser um indicador mais preciso, optou-se por trabalhar com o
escore da versão reduzida devido à correlação quase perfeita entre ambos. A LAS não teve
um escore geral, pois seus seis fatores são pouco correlacionados.
O próximo passo foi a verificação da normalidade desses escores (Tabela 30). Todos
os escores apresentam problemas de assimetria e a maioria de curtose, tendo como critério
que tanto a assimetria quanto a curtose devem ser menores do que o dobro do erro padrão.
O teste Kolmogorov-Smirnov é significativo para todos os casos, indicando que esses
-3 -2 -1 0 1 2 3
0
50
100
150
200
Eros
Frequência
Ajuste gaussiano para os escores de Eros
-3 -2 -1 0 1 2 3
0
50
100
150
200
Agape
Frequência
Ajuste gaussiano para os escores de Agape
-3 -2 -1 0 1 2 3
0
50
100
150
200
250
Pragma
Frequência
Ajuste gaussiano para os escores de Pragma
-3 -2 -1 0 1 2 3
0
50
100
150
200
Mania
Frequência
Ajuste gaussiano para os escores de Mania
-3 -2 -1 0 1 2 3
0
50
100
150
200
Storge
Frequência
Ajuste gaussiano para os escores de Storge
-3 -2 -1 0 1 2 3
0
50
100
150
200
Ludus
Frequência
Ajuste gaussiano para os escores de Ludus
Amor 95
escores são estatisticamente diferentes de uma distribuição normal.
Tabela 30 - Estatísticas descritivas e verificação da normalidade da RelAS, da ETAS-R e da LAS
N
Média
Desvio
Padrão
Assimetria
Erro
Padrão
Curtose
Erro
Padrão
Kolmogorov-
Smirnov Z
RelAS
1527
5,07
1,25
-0,657
0,063
-0,151
0,125
3,640***
ETAS-R_Intimidade
1526
6,87
1,87
-1,067
0,063
0,491
0,125
5,294***
ETAS-R_Paixão
1523
7,01
1,83
-1,168
0,063
0,808
0,125
5,423***
ETAS-R_Dec./Compr.
1526
6,10
2,23
-0,617
0,063
-0,673
0,125
4,002***
ETAS-R_Amor
1526
6,65
1,68
-0,781
0,063
-0,019
0,125
3,597***
LAS_Eros
1493
3,73
0,77
-1,074
0,063
0,522
0,125
5,373***
LAS_Agape
1467
2,91
0,95
-1,123
0,063
0,778
0,125
4,747***
LAS_Mania
1472
2,66
0,86
-0,751
0,063
-0,406
0,125
4,503***
LAS_Pragma
1476
3,08
0,85
-0,864
0,063
0,078
0,125
4,039***
LAS_Storge
1493
3,43
0,83
-0,667
0,063
0,374
0,127
3,034***
LAS_Ludus
1487
2,26
0,80
0,042
0,064
-0,655
0,128
1,946***
*** p < 0,001.
Decidiu-se por não se proceder a transformações nas variáveis para a correção do
problema de normalidade. Uma solução seria a multiplicação dos escores por alguma
constante de correção, cujo resultado se aproximaria da distribuição normal. Todavia,
muitas vezes esta solução não melhora os resultados das análises, além de complicar a
interpretabilidade da variável. A exclusão de casos extremos também foi descartada. Pelo
fato dos dados serem assimétricos, com muitos participantes com escores altos, os outliers
estariam na ponta da curva com escores baixos. Se já existem poucos participantes com
escores baixos na amostra, não é interessante excluir os poucos que existem, pois os
modelos devem explicar tanto escores altos quanto baixos dos(as) participantes.
A ausência de normalidade das escalas é algo que pode ser relevado. Como, de
maneira geral, essa média está próxima do extremo, os testes acabam mostrando problemas
na assimetria e na curtose. Mas, de acordo com o que foi mostrado pela TRI, os
instrumentos são aproximadamente normais em torno da média. Hays (1963) demonstrou
matematicamente que, se o número de observações é grande, a curva normal é uma
aproximação adequada para os dados. Portanto, os problemas de assimetria e curtose pouco
afetam as análises dos dados.
Amor 96
3.2.2 Correlação entre fatores
Para a análise da validade convergente e discriminante das escalas foi verificada a
correlação entre os fatores dos três instrumentos aplicados. A Tabela 31 apresenta essas
correlações. A RelAS possui elevada correlação com as dimensões da ETAS-R, que
também são correlacionadas entre si. Também chama a atenção que as tipos Eros e Agape
estão relacionados com a satisfação no relacionamento, enquanto Ludus e Mania se
correlacionam negativamente, ou seja, estariam associadas com a insatisfação. A Paixão,
todavia, foi a dimensão que encontrou valores de correlação mais baixo com as demais que
compõem a ETAS-R. Os fatores da LAS são pouco correlacionados entre si. Porém, o fator
Eros possui bons índices correlação com a ETAS-R e a RelAS. O fator Agape também
apresentou estas correlações, embora mais fracas. As correlações do fator Ludus com e
ETAS-R e a RelAS também foram fracas, porém negativas. As análises dos Scatter plots
mostraram que o padrão das correlações é linear, exceto quando não há correlação.
Tabela 31 - Correlações de Pearson entra as RelAS, a ETAS-R e a LAS
RelAS
ETAS-
R_Inti-
midade
ETAS-
R_
Paixão
ETAS-
R_ Dec./
compr.
ETAS-
R_Amor
LAS_
Eros
LAS_
Agape
LAS_
Mania
LAS_
Pragma
LAS_
Storge
ETAS-R_Intimidade
0,74
**
-
ETAS-R_Paixão
0,36
**
0,45
**
-
ETAS-R_
Dec./compromisso
0,71
**
0,73
**
0,49
**
-
ETAS-R_Amor
0,73
**
0,87
**
0,73
**
0,91
**
-
LAS_Eros
0,46
**
0,48
**
0,57
**
0,50
**
0,61
**
-
LAS_Agape
0,25
**
0,25
**
0,28
**
0,39
**
0,37
**
0,32
**
-
LAS_Mania
-0,16
**
-0,13
**
0,12
**
0,02
-0,00
0,06
*
0,29
**
-
LAS_Pragma
-0,06
*
-0,03
-0,06
*
-0,03
-0,04
0,04
0,09
**
0,11
**
-
LAS_Storge
-0,00
0,08
**
-0,03
0,02
0,03
0,01
0,13
**
0,07
**
0,34
**
-
LAS_Ludus
-0,23
**
-0,19
**
-0,21
**
-0,24
**
-0,25
**
-0,10
**
-0,08
**
0,10
**
0,20
**
0,18
**
* p < 0,05 (bi-caudal). ** p < 0,01 (bi-caudal).
As correlações entre a RelAS e a ETAS-R ocorreram dentro do previsto. Era esperado
que as três dimensões do amor se relacionassem com a satisfação no relacionamento. A
LAS também teve suas dimensões correlacionadas com as demais escalas, embora em
níveis menores. Agape e Eros foram as dimensões que mais se correlacionaram com o
amor e a satisfação no relacionamento. O Ludus, que no escalonamento multidimensional
estava em um lado oposto ao Agape e Eros, encontrou correlações negativas com a ETAS-
R e a RelAS, outra evidência empírica do modelo descrito na Figura 20.
Diferentemente do que era esperado, a correlação entre o fator Storge e o fator
Amor 97
Intimidade foi bastante fraca (r = 0,08, p < 0,01). Ambas as dimensões centram-se na
amizade, por isso esse dado não condiz suficientemente com a teoria. A Intimidade, no
entanto, foi a dimensão do amor com correlação mais forte com o Storge. Da mesma
maneira, era presumida uma correlação entre a Decisão/compromisso e o Pragma,
aspectos racionais do amor, que não foi encontrada (r = - 0,03, p = n. s.). Por outro lado, a
correlação entre o Ágape e a Decisão/compromisso (r = 0,39, p < 0,01) encontra sentido
teórico, pois ambas tratam de devoção ao(à) parceiro(a). O tipo Eros possui a peculiaridade
de apresentar itens nos quais é evocado(a) um(a) parceiro(a), o que pode ter elevado sua
correlação com as outras escalas, que solicitavam pela mesma tarefa. Não se descarta a
hipótese de que o fato das dimensões estarem em diferentes níveis de análise (vide Figura
5) esteja diminuindo as correlações. As baixas correlações inviabilizaram o teste do
modelo da figura 5 por meio de path analysis. Cabe salientar que as Intimidade, Paixão e
Decisão/compromisso são bastante intercorrelacionadas, enquanto os tipos de amor
apresentam baixas correlações entre si. Assim, mesmo que os fatores sejam
conceitualmente semelhantes, é difícil corroborar todas as hipóteses de correlações entre a
ETAS-R e a RelAS.
3.3 Comparação por grupos
3.3.1 Sexo e tipo de relacionamento
De maneira geral, houve poucas diferenças entre os sexos nos escores das escalas
aplicadas. A Tabela 32 mostra que as médias masculinas e femininas na RelAS e na ETAS-
R foram inferiores a um décimo de ponto nas três subescalas da ETAS-R. Contudo, as
médias masculinas foram significativamente mais elevadas nas dimensões Ludus (t
(831,5)
=
7,301, p < 0,001), Agape (t
(1464)
= 9,434, p < 0,001) e Storge (t
(1490)
= 2,153, p < 0,05). Para
a compreensão da Tabela 32, deve-se observar que duas variáveis foram consideradas para
a comparação dos escores das escalas aplicadas, o sexo e o tipo de relacionamento. Dessa
maneira, nas linhas dentro do espaço referente a cada escala encontram-se as informações
referentes a cada sexo no total e dentro dos tipos de relacionamento. Um ou mais asteriscos
representam diferenças significativas na comparação entre sexos por meio de teste t, tanto
no total dos sexos quanto dentro do tipo de relacionamento específico. A última coluna da
Tabela 32 mostra o valor da ANOVA comparativa dos tipos de relacionamento dentro de
cada sexo, tendo o resultado das escalas aplicadas como variáveis dependentes.
Amor 98
Tabela 32 - Comparação por sexo e tipo de relacionamento nos escores das escalas
Fator
Sexo
Total
Tipo de relacionamento M (DP)
comparação entre sexos por teste t
Comparação
entre os
tipos de
relaciona-
mento (F)
Amigo(a)
Deseja e
não possui
o objeto
Relacio-
namento
não
estável
Relacio-
namento
estável
Parente
RelAS_Total
Masculino
5,11
(1,17)
4,58
(1,21)
4,39
(1,17)**
4,57
(0,91)*
5,62
(0,94)
5,76
(0,77)
37,464**
Feminino
5,05
(1,29)
4,61
(1,48)
3,95
(1,25)
4,19
(1,16)
5,57
(0,93)
5,88
(0,99)
112,513**
ETAS-R_
Intimidade
Masculino
6,81
(1,83)
5,88
(1,98)
5,93
(2,09)*
6,14
(1,88)
7,52
(1,33)
7,28
(1,52)
24,081**
Feminino
6,90
(1,90)
6,39
(1,99)
5,39
(2,08)
5,98
(2,05)
7,58
(1,35)
7,82
(1,11)
80,070**
ETAS-R_
Paixão
Masculino
7,01
(1,74)
6,17
(1,94)
6,99
(1,56)**
6,68
(1,72)
7,54
(1,37)
4,29
(2,08)
27,501**
Feminino
7,02
(1,87)
5,53
(2,29)
6,38
(2,03)
7,15
(1,65)
7,57
(1,46)
4,93
(1,99)
50,947**
ETAS-R_
Dec./Compr.
Masculino
6,10
(2,13)
4,98
(2,04)
4,94
(2,12)**
4,62
(2,02)
7,04
(1,56)
7,71
(1,57)
45,402**
Feminino
6,10
(2,28)
5,15
(2,30)
4,06
(2,10)
4,53
(2,00)
7,00
(1,69)
8,05
(1,11)
131,183**
ETAS-R_Amor
Masculino
6,62
(1,63)
5,65
(1,59)
5,90
(1,69)**
5,77
(1,69)
7,36
(1,25)
6,55
(1,15)
31,746**
Feminino
6,66
(1,71)
5,69
(1,76)
5,24
(1,64)
5,82
(1,56)
7,37
(1,31)
7,12
(1,14)
101,707**
LAS_Eros
Masculino
3,70
(0,80)
3,24
(0,82)
3,46
(0,87)
3,40
(0,73)
4,02
(0,63)
3,11
(1,06)
23,313**
Feminino
3,75
(0,76)
3,36
(0,88)
3,47
(0,80)
3,57
(0,69)
3,96
(0,63)
3,02
(1,03)
36,788**
LAS_Agape
Masculino
3,25
(0,94)**
2,95
(0,99)
3,11
(0,95)**
2,83
(0,96)**
3,50
(0,84)**
2,89
(0,92)
9,975**
Feminino
2,76
(0,92)
2,67
(1,01)
2,53
(0,86)
2,39
(0,84)
2,90
(0,88)
2,76
(1,12)
11,322**
LAS_Mania
Masculino
2,62
(0,86)
2,69
(1,05)
2,76
(0,84)
2,52
(0,75)
2,55
(0,86)
2,68
(0,90)
1,305
Feminino
2,67
(0,86)
2,54
(0,87)
2,78
(0,85)
2,71
(0,89)
2,67
(0,86)
2,34
(0,71)
2,585*
LAS_Pragma
Masculino
3,06
(0,88)
3,07
(0,86)
3,13
(0,84)
3,02
(0,73)
3,01
(0,91)
3,18
(1,03)
0,479
Feminino
3,09
(0,84)
3,11
(0,93)
3,23
(0,84)
3,16
(0,88)
3,01
(0,81)
3,27
(0,84)
3,116*
LAS_Storge
Masculino
3,50
(0,85)*
3,62
(0,80)
3,52
(0,87)
3,55
(0,82)
3,46
(0,85)*
3,56
(0,95)
0,419
Feminino
3,40
(0,82)
3,76
(0,86)
3,44
(0,81)
3,54
(0,73)
3,31 (0,8)
3,71
(0,86)
7,061**
LAS_Ludus
Masculino
2,49
(0,85)**
2,76
(0,80)**
2,49
(0,80)
3,00
(0,78)**
2,27
(0,84)**
2,67
(0,85)
11,438**
Feminino
2,16
(0,75)
2,19
(0,79)
2,33
(0,73)
2,54
(0,90)
2,00
(0,64)
2,36
(0,91)
18,640**
*Teste t de Student ou ANOVA significativa com p < 0,05
** Teste t de Student ou ANOVA significativa com p < 0,01.
Amor 99
Percebeu-se que existem diferenças no tipo de pessoa escolhida para responder aos
questionários com relação aos níveis de amor e satisfação no relacionamento. A satisfação
com o relacionamento, a Intimidade e a Decisão/compromisso são maiores no caso de um
parente ou um relacionamento estável. A Paixão é maior quando se relaciona a uma
relação estável e menor quando se trata de parentes. Chegou-se a essas conclusões
observando-se não apenas as médias, mas as comparações por pares do teste post hoc
Tukey (Anexo F).
A tipologia do amor, medidas pela LAS, conforme esperado, foi mais estável,
dependendo menos do tipo de relacionamento em questão. Contudo, os níveis dos tipos
Eros e Agape foram significativamente maiores para os(as) participantes que se
encontravam em um relacionamento estável. Com o tipo Ludus, ocorreu o oposto. Esse
estilo teve maiores escores para participantes envolvidos(as) em relacionamentos não
estáveis e menor para aqueles(as) que estavam em relacionamentos estáveis. Ambos os
dados sugerem validade concorrente.
Foi realizada uma ANOVA 2 X 5, observando-se os resultados da Tabela 32. A
Tabela 33 e a Figura 24 mostram os resultados dessa análise. Conforme pode ser
observado, há um efeito de interação entre o tipo de relação e o sexo que tem influência
sobre a satisfação no relacionamento e sobre as três dimensões do amor medidas pela
ETAS-R. Voltando à Tabela 32, pode-se notar que os níveis de satisfação no
relacionamento e de amor de homens que desejam mas não possuem o seu objeto (amor
platônico ou ex) são maiores do que os de mulheres na mesma condição. Embora não
existam diferenças significativas, os níveis de amor das mulheres são maiores quando se
trata de relação com parente (pai, mãe, filho(a), dentre outros). O Anexo G mostra as
tabelas completas das ANOVAS Fatoriais.
Tabela 33 - ANOVA 2 X 5 das escalas utilizadas com o sexo e o tipo de relacionamento como fatores
F
R
2
Modelo
Tipo de Relação
Sexo
Interação
Tipo de relação X Sexo
RelAS
0,294
67,23***
120,57***
3,05
2,53*
ETAS-R_Intimidade
0,223
46,23***
81,86***
0,40
2,89*
ETAS-R_Paixão
0,178
34,70***
64,65***
0,04
4,38**
ETAS-R_Dec./compr.
0,328
78,62***
143,22***
0,51
3,17*
ETAS-R_Amor
0,269
59,22***
105,36***
0,00
3,76**
LAS_Eros
0,147
27,05***
55,80***
0,27
1,02
LAS_Agape
0,112
19,55***
19,45***
30,15***
1,41
LAS_Mania
0,012
1,90*
2,03
0,22
1,49
LAS_Pragma
0,010
1,63
2,35
1,21
0,26
LAS_Storge
0,023
3,75***
4,34*
0,02
1,07
LAS_Ludus
0,115
20,40***
27,13***
33,55***
1,97
* p < 0,05. ** p < 0,01. *** p < 0,001.
Amor 100
Figura 24. Resultados nos instrumentos aplicados por sexo e tipo de relacionamento (as barras
representam o Erro Padrão da Média).
Amor 101
O fato de não haver diferenças entre sexos nos resultados da ETAS-R corrobora os
achados de Cassepp-Borges e Teodoro (2009). Também de acordo com esse trabalho, a
influência da variável sexo se deu por meio da interação com o tipo de relacionamento.
Homens apresentaram níveis de amor maiores que os de mulheres quando respondem aos
questionários baseados em um amor platônico ou um relacionamento passado. Esse dado
pode ser interpretado como os homens apresentando menor necessidade de contato com o
objeto amado para sentir amor. Uma vez que cabe ao homem realizar o comportamento de
cortejar a mulher, o amor pode ser a força propulsora para isso. Por outro lado, mulheres
tem a função de cuidar da prole, o que explicaria maiores níveis de amor por figuras
familiares.
Um estudo indiano (Gupta & Singh, 1982) encontrou uma interação entre tipo e
duração do casamento com relação aos níveis de amar e gostar (escala de Rubin, 1970). No
início da relação, os níveis de amar e de gostar são maiores nos casamentos por amor. A
longo prazo (pelo menos 5 anos de casamento), os(as) participantes em casamentos
arranjados obtiveram maiores níveis nas escalas. Contudo, diferentemente do presente
trabalho, o estudo da Índia não encontrou uma interação entre sexo e tipo de
relacionamento, provavelmente por avaliar tipos de relacionamento diferentes desta tese.
Com relação à LAS, os resultados desse estudo corroboram a diferença entre sexos
significativa encontrada na dimensão Ludus. Esse achado foi encontrado em todos os
estudos consultados que fizeram a referida comparação (Davies, 2001, Ferrer Pérez et al.,
2008; Hendrick & Hendrick, 1986; Neto, 1998). A diferença significativa no tipo Agape
em favor dos homens foi encontrada em dois estudos com amostras ibéricas (Ferrer Pérez
et al., 2008; Neto, 1998),mas os achados de Davies (2001) foram opostos, ou seja, o Agape
foi significativamente maior em mulheres. Talvez as culturas de língua latina tenham
algum componente que favoreça o Agape no sexo masculino. De qualquer forma, os dados
encontram explicação na Psicologia Evolutiva (Buss & Schmitt, 1993). Os homens se
enfocam em relações de curto prazo por não ter seu sucesso reprodutivo tão vinculado ao
cuidado da prole quanto as mulheres, o que favoreceria uma atitude Ludus. As mulheres
tem seu sucesso reprodutivo, dentre outras coisas, vinculado não ao número de homens que
tem acesso, mas à quantidade de recursos que esses homens possam oferecer. Assim, as
mulheres podem exigir que os homens centrem-se nelas, fazendo com que eles tenham
atitudes Agape.
Amor 102
3.3.2 Orientação sexual
Houve poucas diferenças com relação à orientação sexual. A Tabela 34 mostra que
apenas a dimensão Pragma teve diferença significativa, sendo a diferença entre hétero e
homossexuais a única encontrada pelo post hoc Tukey. Os maiores índices de Pragma por
parte de heterossexuais, contudo, devem ser observado com cautela, pois esta foi a única
análise da Tabela 34 que teve o pressuposto da homogeneidade de variância quebrado
(teste de Levene = 3,328, p < 0,05). Outra limitação para esta ANOVA é que o número de
participantes homo e bissexuais é reduzido, o que pode aumentar a chance de cometer
erros do tipo II.
Tabela 34 - Escores na RelAS, ETAS-R e LAS por orientação sexual
Fator
Média (DP)
F
Heterossexual
Bissexual
Homossexual
n
1406
27
23
RelAS_total
5,07 (1,25)
4,68 (1,40)
5,09 (1,25)
1,277
ETAS-R_Intimidade
6,87 (1,86)
6,76 (2,01)
6,70 (2,32)
0,133
ETAS-R_Paixão
6,99 (1,84)
7,26 (2,01)
7,51 (1,32)
1,137
ETAS-R_Dec./compr.
6,10 (2,22)
5,58 (2,26)
5,77 (2,39)
0,941
ETAS-R_Amor
6,64 (1,67)
6,49 (1,84)
6,62 (1,85)
0,108
LAS_Eros
3,73 (0,77)
3,63 (0,78)
3,76 (0,86)
0,218
LAS_Agape
2,90 (0,95)
2,97 (0,78)
2,93 (0,91)
0,084
LAS_Mania
2,64 (0,86)
2,78 (0,77)
2,93 (0,88)
1,587
LAS_Pragma
3,08 (0,84)
2,81 (0,83)
2,45 (1,11)
7,501***
LAS_Storge
3,42 (0,82)
3,35 (0,79)
3,16 (0,86)
1,225
LAS_Ludus
2,24 (0,79)
2,52 (0,82)
2,48 (0,85)
2,561
Nota: O número de heterossexuais respondentes tem variações, para cada escala, devido a
participantes que responderam apenas parte dos instrumentos. A RelAS foi respondida por 1431
heterossexuais, e a subescala de Mania por 1377. O n para heterossexuais representa a média de
respondentes. Os homo e bissexuais responderam a todas as escalas. *** p < 0,001.
As diferenças nos níveis de amor por orientação sexual já haviam sido estudadas por
Cassepp-Borges & Teodoro (2009). Contudo, o estudo anterior havia juntado homo e
bissexuais em um mesmo grupo, pelo fato de que o número de participantes era
insuficiente (n = 9). Esta tese teve uma amostra maior (27 pessoas que afirmaram ser
bissexuais e 23 homossexuais) do que o trabalho de Cassepp-Borges e Teodoro, o que
permitiu a realização de análises inferenciais. As diferenças apontadas nos níveis de amor
pelo citado estudo não foram confirmadas. Apesar de algumas diferenças serem
numericamente elevadas, os desvios padrões também são elevados dentro dos grupos, o
que faz com que a análise de variância não tenha menor probabilidade de ser significativa.
Os dados, contudo, mostram que também é possível sentir amor por alguém do mesmo
Amor 103
sexo e que o amor da população de homo e bissexuais também pode ser medido. A
diferença significativa no Pragma pode encontrar explicação no fato de que esse tipo está
associado a obter um(a) parceiro(a) com o objetivo de mostrá-lo(a) à sociedade. Não é
esperado que as pessoas queiram apresentar à outras pessoas alguém do mesmo sexo para
obter status social, o que pode estar se refletindo em médias maiores para Pragma em
heterossexuais.
3.3.3 Morar ou não com o(a) parceiro(a)
Os(as) participantes também foram comparados(as) com relação ao fato de morar ou
não com o(a) parceiro(a). A Tabela 35 mostra que, de maneira geral, as diferenças entre
grupos são significativas. Porém, esta significância é influenciada pelo fato do grupo que
não possui parceiro(a) apresentar níveis de satisfação no relacionamento e amor (nas três
dimensões) menores, o que era previsto. Espera-se que o nível de amor seja maior quando
se tem para quem direcionar este amor e a satisfação no relacionamento seja maior quando
se tem um relacionamento. Por esse motivo, o teste ANOVA foi refeito, excluindo os(as)
participantes que não estavam envolvidos(as) em um relacionamento amoroso. Isso
permitiu comparar se morar junto com o(a) parceiro(a) influencia os escores nas escalas
aplicadas. Dessa maneira, a diferença significativa permaneceu para a satisfação no
relacionamento e para a Decisão/compromisso. Em ambos os casos, os níveis foram
maiores para aqueles que moravam com o(a) parceiro(a) em detrimento daqueles(as) que
moram separados(as).
Tabela 35 - Escores na RelAS, ETAS-R e LAS pelo tempo que passa com o(a) parceiro(a)
Fator
Situação de moradia com o parceiro(a) - Média (DP)
F
F (excluindo
quem não
possui
parceiro(a))
Moram
juntos
Moram parte
do tempo
juntos
Moram
separados
Não possuem
parceiro(a)
RelAS_total
5,47 (1,06)
5,31 (0,94)
5,24 (1,16)
4,37 (1,30)
64,95***
4,44*
ETAS-R_Intimidade
7,28 (1,64)
7,33 (1,45)
7,14 (1,73)
5,97 (2,02)
46,28***
0,99
ETAS-R_Paixão
7,14 (1,66)
7,15 (1,84)
7,38 (1,59)
6,19 (2,08)
40,24***
2,64
ETAS-R_Dec./compr.
7,12 (1,72)
6,60 (1,76)
6,31 (2,08)
4,81 (2,28)
80,64***
17,90***
ETAS-R_Amor
7,18 (1,52)
7,02 (1,49)
6,92 (1,57)
5,64 (1,57)
75,65***
2,95
LAS_Eros
3,93 (0,69)
3,92 (0,72)
3,82 (0,72)
3,36 (0,80)
45,78***
2,95
LAS_Agape
3,11 (0,95)
3,20 (0,88)
2,93 (0,92)
2,66 (0,96)
15,80***
5,30**
LAS_Mania
2,58 (0,86)
2,91 (0,92)
2,66 (0,85)
2,66 (0,85)
2,59
3,86*
LAS_Pragma
3,09 (0,86)
2,97 (0,86)
3,03 (0,83)
3,16 (0,86)
2,20
0,70
LAS_Storge
3,37 (0,80)
3,32 (0,86)
3,38 (0,84)
3,57 (0,79)
5,50***
0,15
LAS_Ludus
2,18 (0,73)
2,21 (0,78)
2,22 (0,81)
2,41 (0,79)
6,03***
0,27
n
298
63
735
392
Amor 104
Nota: Devido aos casos omissos em algumas medidas, existem pequenas oscilações no número de participantes de cada
grupo (inferiores a 1%). O n representa uma aproximação média do número de participantes.
* p < 0,05. ** p < 0,01. *** p < 0,001.
De maneira oposta à satisfação no relacionamento e ao amor, seria esperado que
houvesse pouca influência em ter ou não um parceiro(a), ou morar ou não com ele(a), nos
níveis dos tipos do amor. A teoria (Lee, 1973) prevê que estes sejam traços associados à
personalidade e, consequentemente, mais estáveis. Assim, a presença ou ausência de uma
relação amorosa na vida da pessoa deveria ter pouca influência sobre os tipos de amor.
Contudo, os níveis de Storge e Ludus dos(as) participantes sem parceiro(a) são maiores que
do restante da amostra, enquanto os níveis de Eros e Agape são menores. A Tabela 35
ainda mostra que, dentre os(as) participantes envolvidos(as) em relacionamentos,
aqueles(as) que moram parte do tempo juntos apresentam maiores níveis de Mania e
Agape.
O estilo Storge descreve pessoas passivas que esperam o relacionamento acontecer,
enquanto o Ludus trata de pessoas que procuram ter pouco envolvimento afetivo nas suas
relações. Pessoas que endossam esses estilos podem ser favorecidas a não ter parceiros(as),
ou o fato de não ter parceiro(a) pode fazer com que o(a) participante tenha maiores níveis
nesses dois estilos de amar. O Eros e o Agape tratam respectivamente do romantismo e do
cuidado com o(a) parceiro(a), fazendo sentido o fato de serem mais comum em pessoas
que possuem parceiro(a). Os níveis superiores de Mania e Agape para participantes que
moram parte do tempo juntos com seu(sua) amado(a) podem ser explicados por uma
insegurança quando o(a) parceiro(a) sai de casa, típica do Mania. Isso deve aumentar o
foco no(a) parceiro(a), característica do Agape. Estes resultados podem ser analisados em
conjunto com o escalonamento multidimensional (Figura 19), pois Agape e Mania são
estilos próximos, bem como Storge e Ludus, além de Eros e Agape. A situação de moradia
parece ter algum efeito sobre o modelo das cores do amor.
Esta tese apoiou os dados de Cassepp-Borges e Teodoro (2009) com relação às
diferenças significativas entre quem mora junto ou separado. Mas, em ambos estudos, as
diferenças existiram porque o grupo que não possuía parceiro(a) apresentou menores níveis
de amor, o que é esperado. A análise dos(as) participantes envolvidos(as) em relação
mostra as diferenças entre morar junto ou separado. Assim, chama a atenção que as
pessoas que moram com o(a) parceiro(a) tiveram maiores níveis de satisfação no
relacionamento e Decisão/compromisso. Essas diferenças são compreensíveis, pois morar
Amor 105
juntos é uma decisão, que só é tomada quanto se está satisfeito(a) com o relacionamento.
Contudo, dados correlacionais como os apresentados nesta tese não permitem verificar se é
a Decisão/compromisso e a satisfação no relacionamento que levam as pessoas a morar
juntas ou se morar junto eleva os níveis de decisão/compromisso e satisfação no
relacionamento.
3.3.4 Filhos(as)
Os(as) participantes também foram analisado(as) com relação a ter ou não ter
filhos(as). A Tabela 36 mostra que, em geral, os(as) filhos não interferem no resultado das
escalas aplicadas. Contudo, a dimensão da Decisão/compromisso é maior para os(as)
participantes com filhos(as). O mesmo acontece com os tipos Eros e Agape, embora com
um efeito menor sobre o segundo. Dentro dos sexos, chama a atenção o efeito que a
variável ter filhos(as) exerce sobre as mulheres na dimensão Mania. Os escores femininos
de Mania são praticamente idênticos aos masculinos para participantes sem filhos(as),
contudo são significativamente maiores quando se compara mulheres e homens com
filhos(as).
Tabela 36 - Média da RelAS, da ETAS-R e da LAS por sexo e por ter ou não filhos(as)
Fator
Não possuem filhos(as)
Possuem filhos(as)
t (tem ou
não
filhos(as))
Homens
Mulheres
t (sexo)
Homens
Mulheres
t (sexo)
RelAS
5,06 (1,15)
5,07 (1,28)
-0,058
5,30 (1,22)
4,99 (1,32)
1,936
0,251
ETAS-R_Intimidade
6,82 (1,77)
6,91 (1,87)
- 0,829
6,80 (2,03)
6,84 (1,94)
-0,167
-0,441
ETAS-R_Paixão
7,02 (1,73)
7,06 (1,83)
-0,304
6,95 (1,80)
6,85 (2,01)
0,375
-1,356
ETAS-R_
Dec./Compromisso
6,01 (2,10)
6,01 (2,27)
0,010
6,46 (2,19)
6,48 (2,25)
-0,100
3,233**
ETAS-R_Amor
6,60 (1,57)
6,65 (1,66)
-0,498
6,72 (1,83)
6,72 (1,86)
0,012
0,758
LAS_Eros
3,65 (0,81)
3,72 (0,75)
-1,613
3,91 (0,70)
3,83 (0,78)
0,830
3,145**
LAS_Agape
3,19 (0,94)
2,73 (0,89)
8,022***
3,43 (0,87)
2,83 (0,98)
5,005***
2,405*
LAS_Mania
2,66 (0,84)
2,65 (0,85)
0,188
2,43 (0,91)
2,73 (0,92)
-2,511*
-0,396
LAS_Pragma
3,04 (0,87)
3,06 (0,83)
-0,361
3,10 (0,93)
3,18 (0,82)
-0,723
1,798
LAS_Storge
3,48 (0,84)
3,39 (0,80)
1,693
3,56 (0,82)
3,43 (0,83)
1,216
0,986
LAS_Ludus
2,47 (0,85)
2,15 (0,74)
6,255***
2,55 (0,88)
2,15 (0,77)
3,773***
0,501
n
401
841
96
201
Nota: O n representa o número total de participantes na condição, que pode ser um pouco menor devido aos casos
omissos.
* p < 0,05. ** p < 0,01. *** p < 0,001.
As diferenças encontradas entre quem possui filhos(as) e quem não possui são
condizentes com a Psicologia Evolucionista. Foram encontrados maiores níveis de
Decisão/compromisso, Eros e Agape nas pessoas com filhos(as). O Agape refere-se a abrir
Amor 106
mão das próprias necessidades para ajudar o(a) outro(a), algo importante para o cuidado
dos(as) filhos(as). O Eros se refere ao romantismo e está próximo ao Agape, e a diferença
significativa deveu-se ao aumento dos escores no sexo masculino. É importante para os
homens cortejar a sua mulher depois do nascimento da prole. Por fim, a
Decisão/compromisso torna-se também uma dimensão importante nesse momento do
nascimento dos filhos. Uma vez que a espécie humana possui uma gravidez longa, manter
um parceiro comprometido na gravidez e depois dela significa uma grande vantagem
evolutiva para a mulher (Buss, 1995). Deve-se observar, no entanto, que a
Decisão/compromisso também é elevada entre participantes que moram junto com o(a)
parceiro(a). Provavelmente, os(as) participantes que possuem filhos(as) moram juntos(as)
com seu(sua) parceiro(a).
3.3.5 Percepção de beleza
A percepção da beleza da pessoa amada é mais um elemento a ser considerado na
explicação dos escores das escalas aplicadas, conforme mostra a Tabela 37. Existem
correlações pequenas, mas significativas, entre a beleza que os(as) participantes percebem
no(a) parceiro(a) com os escores de satisfação no relacionamento, Intimidade, Paixão,
Decisão/Compromisso, Eros e Agape. Outro aspecto relevante é o de que a beleza do
parceiro encontra correlações mais fortes com os aspectos citados nas mulheres. Conforme
esperado, a correlação mais forte é com a Paixão, que é a dimensão do amor que envolve
aspectos da sexualidade. Eros é o estilo de amar que envolve sexualidade e o gosto pelo
físico, também sendo o mais correlacionado com a percepção da beleza do(a) parceiro(a).
Outro dado importante é que os níveis de percepção de beleza são maiores quando se trata
do sexo feminino. Mulheres (M = 3,81, DP = 0,66) percebem-se significativamente mais
bonitas (t
(887,09)
= 3,66, p < 0,001) do que homens (M = 3,67, DP = 0,73). Ao mesmo
tempo, os objetos amados do sexo feminino (M = 4,36, DP = 0,65) têm sua beleza
significativamente melhor avaliada (t
(1095,05)
= 9,995, p < 0,001) que os objetos amados do
sexo masculino (M = 4,00, DP = 0,69).
Amor 107
Tabela 37 - Correlações de Pearson entre a RelAS, a ETAS-R e a LAS com a percepção da beleza da pessoa amada e a
própria beleza por sexo
Fator
Percepção da beleza
Homens
Mulheres
Total
Própria
Pessoa
Amada
Própria
Pessoa
Amada
Própria
Pessoa
Amada
RelAS
0,108*
0,145**
0,127***
0,293***
0,118***
0,248***
ETAS-R_Intimidade
0,073
0,119**
0,100**
0,271***
0,093***
0,215***
ETAS-R_Paixão
0,079
0,294***
0,106**
0,342***
0,097***
0,318***
ETAS-R_Dec./Compr.
0,032
0,147**
0,060
0,321***
0,051*
0,263***
ETAS-R_Amor
0,069
0,210***
0,100**
0,368***
0,091***
0,310***
LAS_Eros
0,163***
0,236***
0,131***
0,303***
0,145***
0,266***
LAS_Agape
-0,063
0,163***
-0,004
0,212***
-0,048
0,241***
LAS_Mania
-0,038
0,054
-0,068*
-0,020
-0,054*
-0,004
LAS_Pragma
0,124**
0,008
0,076*
-0,055
0,094***
-0,037
LAS_Storge
0,033
0,014
0,001
-0,022
0,006
0,004
LAS_Ludus
0,087
0,034
0,043
-0,176***
0,038
-0,053*
Beleza própria
0,241***
0,248***
0,213***
* p < 0,05. ** p < 0,01. *** p < 0,001.
Sobre a beleza dos(as) participantes, primeiramente cabe salientar que o que foi
avaliado é a percepção da beleza própria e da pessoa amada, não a beleza em si. A
avaliação da beleza ainda sofre o viés de que gostar de outra pessoa influencia as
percepções de atratividade física e que o construto da beleza é formado culturalmente
(Smith & Mackie, 1995). O método utilizado para avaliar a beleza, contudo, tem relativa
validade, uma vez que Weeden e Sabini (2007) encontraram correlações de 0,40 para
homens e 0,47 para mulheres entre a auto-percepção de beleza e a avaliação da foto por
outra pessoas. A dimensão do amor e o tipo que mais se correlacionaram com a percepção
de beleza da pessoa amada foram a Paixão e o Eros, respectivamente. Ambas as dimensões
são as mais sexualizadas, sendo um indicador de validade concorrente das escalas.
A importância da beleza para as relações interpessoais já vem sendo demonstrada em
experimentos antigos. Walster, Aronson, Abrahams e Rottmann (1966) juntaram
calouros(as) de uma universidade em um baile de boas-vindas, sendo que eles(as)
deveriam dançar cerca de duas horas com pares sorteados(as) aleatoriamente. Medidas de
personalidade, auto-estima e de aptidão intelectual foram aplicadas nos(as) participantes,
mas não foram bons preditores de compatibilidade do casal. A variável que mais associada
à compatibilidade e à vontade de dançar novamente com a mesma pessoa foi a atratividade
física de ambos, medida por meio de nota atribuída por estudantes do segundo ano da
mesma universidade.
Embora estudos como o de Walster et al. (1966) mostrem os efeitos da beleza para a
escolha de um(a) parceiro(a), esta tese trabalhou com relações já consolidadas. De
Amor 108
qualquer forma, existe um consenso na literatura de que existe uma concordância entre
avaliadores na avaliação da beleza física da pessoas. Pessoas atrativas são julgadas mais
positivamente e melhor tratadas do que pessoas não atrativas, mesmo se o julgador
conhecer a pessoa. As pessoas atrativas ainda exibem mais traços e comportamentos
positivos do que pessoas não atrativas (Langlois, Kalakanis, Rubenstein, Larson, Hallam &
Smoot, 2000). Dessa maneira, existe suporte para o dado de que a beleza amplie a
capacidade de dar e receber amor.
3.3.6 Religião
Os(as) participantes foram divididos(as) em oito grupos de religiões ou crenças, todos
com mais de 50 participantes. Conforme pode ser observado na Tabela 38, o
ateísmo/agnosticismo é a crença mais masculina e com menor concordância entre os
casais. O espiritismo também é pouco frequente nos dois membros de um mesmo casal, e é
a crença mais feminina na amostra estudada. Talvez por ser a religião mais popular na
amostra (n = 804, 51,9%), o catolicismo possui elevada concordância entre parceiros(as).
Contudo, chama a atenção o percentual de evangélicos(as) e protestantes que amam
pessoas da mesma religião, tendo em vista que, do ponto de vista estritamente estatístico, é
menos provável para pessoas de religiões menores encontrarem alguém da mesma religião
na sociedade. Para todas as religiões, o percentual de participantes que compartilha a
crença com a pessoa amada é maior do que o percentual de seguidores dessa religião na
sociedade. Esse dado mostra o efeito da religião para a escolha do(a) parceiro(a) pois, caso
ela não tivesse relevância, o percentual de pessoas que compartilham a religião do(a)
amado(a) deveria ser semelhante ao percentual de seguidores da religião na sociedade.
Tabela 38 - Religiões dos(as) participantes por sexo e religião da pessoa amada
Religião
Sexo
Religião do casal
Total
Masculino
Feminino
%
Mulheres
Religiões
diferentes
Mesma
religião
%
Mesma
%
Católico
230
574
71,4
162
621
79,3
804
53,7
Espírita
17
73
81,1
59
28
32,2
90
6,0
Evangélico
57
121
68,0
59
114
65,9
178
11,9
Protestante
29
55
65,5
34
48
58,5
84
5,6
Ateu/Agnóstico
31
23
42,6
40
13
24,5
54
3,6
Não Sabe/Não tem
62
103
62,4
91
73
44,5
165
11,0
Espiritualista/Cristão/
Acredita em Deus
27
42
60,9
39
28
41,8
69
4,6
Outras
25
28
52,8
29
24
45,3
53
3,5
Total
478
1019
68,1
513
949
64,9
1497
100
Amor 109
A religião exerceu pouca influência sobre as escalas avaliadas. A análise das
diferenças entre os grupos nas escalas (ANOVA) encontrou diferença significativa apenas
para as dimensões Agape (F
(7,1418)
= 3,646, p < 0,001) e Pragma (F
(7,1427)
= 15,156, p <
0,001). No caso do Agape, o teste post hoc Tukey apontou diferença significativa entre
evangélicos(as) (M = 3,19, DP = 1,01) comparados(as) a católicos(as) (M = 2,88, DP =
0,94), espíritas (M = 2,65, DP = 0,88) e participantes que não possuem ou não sabem a
própria religião (M = 2,84, DP = 0,94). Não se acredita que a crença evangélica tenha uma
maior ênfase no cuidado ao próximo, mas que as pessoas evangélicas sejam mais
praticantes da religião, ampliando seus níveis de Agape. Com relação ao Pragma, apesar
da quebra do pressuposto da homogeneidade das variâncias (Levene = 3,85
(7,1427)
, p <
0,001), houve um maior nível da dimensão entre os(as) participantes evangélicos(as) (M =
3,40, DP = 0,79), seguidos(as) por outras religiões (católicos(as), M = 3,15, DP = 0,80;
protestantes, M = 3,12, DP = 0,82; e outras, M =3,24, DP = 0,90) em detrimento dos
ateus(ateias)/agnósticos(as) (M = 2,66, DP = 0,65), que não sabem/não têm (M = 2,66, DP
= 0,94) e espíritas (M = 2,77, DP = 0,89). As diferenças significativas nas três escalas,
contudo, limitam-se a esses dois tipos.
Embora nenhuma religião específica tenha tendência de influenciar a satisfação no
relacionamento e os níveis de amor, o fato de compartilhar a religião com o(a) parceiro(a)
parece favorecer o amor e a satisfação com o relacionamento. A Tabela 39 mostra que
principalmente a satisfação no relacionamento, a Intimidade e a Decisão/compromisso são
maiores para participantes que compartilham a religião da pessoa amada. A Paixão
também é significativamente maior. Com relação à tipologia do amor, os(as) participantes
que compartilham a religião de quem amam apresentaram maiores escores em Eros, Agape
e Pragma, e menores em Mania. Chama a atenção o fato de que, aparentemente, esse
efeito existe em ambos os sexos, pois as diferenças significativas entre homens e mulheres
que existem nos casais com religião diferente também ocorrem nos casais com a mesma
religião (a exceção foi a dimensão Storge, mas o valor de p foi semelhante nos dois casos).
Provavelmente pelo fato de aumentar os níveis de amor e satisfação no relacionamento, as
pessoas procuram relacionamentos com parceiros(as) da mesma religião.
Amor 110
Tabela 39 - Média da RelAS, da ETAS-R e da LAS por sexo e por compartilhar ou não a religião do(a) parceiro(a)
Mesma religião
Religiões diferentes
t (Religião
igual ou
diferente)
Fator
Homens
Mulheres
t (sexo)
Homens
Mulheres
t (sexo)
RelAS
5,23 (1,11)
5,18 (1,24)
0,565
4,98 (1,18)
4,83 (1,32)
1,292
4,562***
ETAS-R_Intimidade
7,02 (1,72)
7,10 (1,75)
-0,675
6,57 (1,82)
6,52 (2,04)
0,282
5,181***
ETAS-R_Paixão
7,05 (1,71)
7,11 (1,83)
-0,507
6,98 (1,76)
6,84 (1,96)
0,838
2,033*
ETAS-R_
Dec./Compromisso
6,26 (2,10)
6,38 (2,20)
-0,748
5,97 (2,07)
5,65 (2,30)
1,556
4,820***
ETAS-R_Amor
6,76 (1,56)
6,85 (1,63)
-0,795
6,48 (1,62)
6,31 (1,77)
1,066
4,890***
LAS_Eros
3,73 (0,80)
3,79 (0,75)
-1,101
3,67 (0,78)
3,67 (0,76)
0,041
2,459*
LAS_Agape
3,28 (0,95)
2,84 (0,88)
6,826***
3,18 (0,91)
2,63 (0,95)
6,089***
2,949**
LAS_Mania
2,54 (0,87)
2,64 (0,82)
-1,667
2,72 (0,83)
2,72 (0,93)
-0,024
-2,096*
LAS_Pragma
3,19 (0,90)
3,12 (0,83)
1,069
2,84 (0,83)
2,98 (0,83)
-1,809
4,459***
LAS_Storge
3,52 (0,79)
3,40 (0,80)
2,027*
3,44 (0,92)
3,36 (0,82)
0,967
1,121
LAS_Ludus
2,51 (0,86)
2,12 (0,74)
6,587***
2,41 (0,82)
2,18 (0,73)
3,088**
-0,321
n
292
657
175
338
Nota: O n representa o número total de participantes na condição, que pode ser um pouco menor devido aos casos
omissos.
* p < 0,05. ** p < 0,01. *** p < 0,001.
Assim, é forte o papel da religião no amor, principalmente o fato do casal compartilhar
uma crença em comum. Sternberg e Whitney (1991) citam o exemplo de um casal que
tinha diferenças, mas que sabia lidar com elas. Durante o namoro, foi fácil, mas as
diferenças se transformaram em discussões na hora de educar os filhos. Por mais que um
casal de namorados saiba lidar com as diferenças de religiões e crenças, talvez exista um
problema em relação a qual igreja frequentar em família. Conforme salientado por
Almeida e Montero (2001), as trocas de religião no Brasil são um fenômeno crescente, e
devem ser atribuídos ao nível individual, não apenas analisando a lógica mercadológica
sobre qual igreja consegue atrair mais fieis. Apesar disso, este estudo sugere que níveis de
amor e satisfação no relacionamento são maiores para participantes que compartilham a
religião com a pessoa que amam, principalmente no que se refere à Intimidade e à
Decisão/compromisso. A literatura nacional já indicava a influência de ser praticante de
uma religião na satisfação no relacionamento (Norgren, Souza, Kaslow, Hammerschmidt
& Sharlin, 2004).
As comparações entre grupos são um suporte à validade de critério das escalas. Os
instrumentos demonstraram validade concorrente, ou seja, seus resultados estão associados
a um critério medido no mesmo tempo da coleta de dados. Foi evidenciado que os escores
dos testes são capazes de discriminar a qual grupo o(a) participante pertence. Por exemplo,
se teoricamente a Paixão é uma dimensão sexualizada (Sternberg, 1986), espera-se que ela
seja que mais tem correlações com a beleza do(a) parceiro(a) para evidenciar-se a validade
de critério concorrente, o que de fato aconteceu. O mesmo pode ser dito com relação à
Amor 111
associação entre o tipo Agape (descrito como amor cristão, Lee, 1973) e a religião. Essas
associações sugerem que de fato a escalas estão medindo aquilo que se propõe medir.
3.4 Curso temporal do amor
As análises também foram realizadas seguindo uma perspectiva temporal. Trata-se de
uma análise transversal do amor. Contudo, a variável tempo de relacionamento não se
mostrou a mais adequada para a análise do curso temporal do amor. O tipo de
relacionamento é a variável que permite analisar essa evolução, pois mais importante que o
tempo no qual as pessoas estão juntas é como as pessoas vivenciam a relação. Os
relacionamentos foram ordenados de acordo com uma sequencia aparentemente lógica para
o relacionamento evoluir. Pode-se imaginar alguém que tenha um amigo(a), no qual surge
um desejo (amor platônico). A partir daí, começam os relacionamentos eventuais, que vão
aumentando a frequencia até não se saber se iniciou um namoro. Então, a relação se
oficializa em namoro, evoluindo para noivado e, posteriormente, casamento. Em qualquer
uma dessas etapas a relação pode terminar, e o objeto amado se tornar ex. Essa linearidade
com que os relacionamentos advêm pode ser contestada, pois esse estudo não responde à
questão sobre em qual ordem os tipos de relacionamento acontecem. Contudo, trata-se de
uma ordenação que faz sentido quando se observa a maioria dos casais e já utilizada
anteriormente (Cassepp-Borges & Teodoro, 2009).
A Figura 25 apresenta a evolução das três dimensões do amor. Como pode ser
observado, a partir da fase do relacionamento eventual, existe um crescimento que atinge
seu pico na relação de noivado. Após o casamento, a curva mostra um pequeno decréscimo
que, como esperado, é maior quando ocorre a separação do casal. A Decisão/compromisso
é a dimensão com níveis mais baixos, apresentando valores equivalentes às demais apenas
na relação de casamento. Contudo, deve-se observar esse dado com cuidado, pois essa
subescala da ETAS-R se mostrou a menos facilmente aceita de acordo com o parâmetro de
dificuldade da TRI (vide Tabela 20). A Paixão é a dimensão mais estável, sendo a mais
elevada nas fases iniciais e no término do relacionamento.
Amor 112
Figura 25. Curso temporal (transversal) das dimensões do amor.
Os dados transversais mostram que de fato a Paixão é uma dimensão importante no
início da relação. A sexualidade é importante para a atração interpessoal. Contudo, esses
dados não corroboram a expectativa de que a chama da Paixão se apaga ao longo do
tempo. A evolução da Intimidade é perfeitamente explicável, pois é esperado um aumento
dessa dimensão conforme o casal se conhece. Por esse motivo, e curioso o achado de que
noivos(as) apresentem níveis maiores de Intimidade do que casados(as). Esse dado pode
ter explicação nos esquemas de relacionamento, com o qual as pessoas podem automatizar
o comportamentos de relacionar-se com a outra pessoa (Baldwin, 1992), diminuindo assim
a vivência da Intimidade. A Decisão/compromisso é a dimensão com maior diferença da
fase do “ficar” para o noivado e o casamento. Cada mudança no tipo de relacionamento é
uma decisão conjunta de um casal, portanto essa dimensão deve acompanhar essa
evolução. Baumeister e Bratslavisky (1999) sugerem que a Paixão é uma função da
Intimidade ao longo do tempo. Segundo os autores, a percepção de que a Intimidade está
aumentando . Porém, a percepção de estabilidade dos níveis de Intimidade diminuiriam
drasticamente os níveis de Paixão.
A evolução temporal do amor encontrou uma figura em “U” invertido, semelhante à
de Cassepp-Borges e Teodoro (2009). Cabe salientar que, anteriormente a esses estudos,
Yela (1998) também traçou a evolução temporal do amor, porém utilizando seu modelo
3,50
4,00
4,50
5,00
5,50
6,00
6,50
7,00
7,50
8,00
8,50
Intimidade
Paixão
Decisão/Compromisso
Amor 113
tetrangular. Diferentemente desta tese, foram encontradas curvas ascendentes para a
Intimidade e a Decisão/compromisso. Essa diferença pode ser explicada pela fato de Yela
não ter apresentado dados sobre relacionamentos terminados. Contudo, os dados de Yela
corroboram as especulações de Sternberg (1986) de que haveria uma queda na Paixão ao
logo do tempo. O presente estudo não compartilha esse resultado, talvez pelo fato da
maioria da amostra se encontrar nas fases mais iniciais da relação. Os dados apresentados
na Figura 25 são semelhantes aos encontrados por Lemieux e Hale (2002), que analisaram
quatro tipos de relacionamento (namoro casual, namoro exclusivo, noivado e casamento).
Os dados dos autores mostraram que os níveis de amor nas três dimensões crescem durante
as fases da relação, mas com uma pequena diminuição da Intimidade e da Paixão do
noivado para o casamento (retornado aos níveis de sentimento do namoro).
Modelos transversais, todavia, trazem o viés de que casais insatisfeitos têm maior
tendência de terminar o relacionamento, não fazendo parte da amostra no grupo posterior.
O grupo de participantes que noivos(as), por exemplo, é composto somente por
participantes que tiveram uma fase de namoro bem sucedida, mas alguns participantes que
estão namorando evoluirão para o noivado e outros não. Assim, estudos transversais não
fornecem informações diretas sobre a evolução temporal dos relacionamentos, embora
sejam sugestivos (Berscheid & Regan, 2005). Isso pode explicar em parte o crescimento
das dimensões do amor ao longo do tempo. O estudo longitudinal de Sprecher (1999), por
exemplo, sugere escores semelhantes de amor ao longo dos anos para os casais que
permaneceram no relacionamento.
São necessários modelos que expliquem o amor de maneira temporal (Berscheid,
2010) e, embora esses dados não sejam suficientes para isso, pode ser um primeiro passo.
Esse dado reforça a importância da análise dos tipos de relacionamento ao invés do tempo
de relacionamento para avaliar a perspectiva temporal. Acredita-se que esse crescimento
nos níveis de amor possa ser encontrado mesmo em estudos longitudinais, se a variável
utilizada para avaliar a evolução for o tipo de relacionamento.
3.5 Validade preditiva
A validade preditiva das escalas foi analisada a partir das mensagens de correio
enviada aos(às) participantes seis meses após a coleta. Dos 303 correios eletrônicos
respondidos, foram escolhidos para a análise os(as) participantes que estavam namorando
durante a coleta de dados (n = 129, 42,6%). Dentre esses(as) participantes, 93 (72,1%)
Amor 114
permaneceram no namoro, 22 (17,1%) terminaram o relacionamento e 4 (3,1%) afirmaram
terem tornado- se amigos(as) dessa pessoa. Houve ainda 4 (3,1%) participantes que
noivaram, 2 (1,6%) que foram morar juntos e 1 (0,8%) que se casou.
A Tabela 40 apresenta uma comparação dos resultados das escalas aplicadas do grupo
de participantes que estava namorando durante a coleta de dados (tempo 1) pela maneira
como suas relações evoluíram. Apesar de termos um dos grupos com apenas 7
participantes, optou-se por fazer um teste paramétrico (ANOVA), pois nenhum dos testes
de Levene foi significativo, um indício de que as variâncias não são heterogêneas. Pode-se
observar que o grupo que se casou, foi morar junto ou noivou apresenta níveis mais altos
no amor e nas suas três dimensões (Sternberg, 1986). O grupo que se separou
[considerando-se ex-namorado(a) ou amigo(a) no tempo 2] apresentava os escores mais
baixos nas escalas no tempo 1. A diferença, no entanto, é significativa apenas para o amor
geral e a Decisão/compromisso. Para a Intimidade, houve uma tendência à significância,
sendo que o teste é significativo quando se utiliza o teste não paramétrico Kruskal Wallis
2
= 6,116; gl = 2; p = 0,047).
Tabela 40 - Média e desvio padrão nas escalas aplicadas dos(as) participantes que estavam namorando durante
a pesquisa e participaram seis meses após a coleta
Escala
M (DP)
F
p
Ex ou amigo(a)
Namorado(a)
Moram juntos,
Noivo(a) ou
Casado(a)
RelAS
5,33 (0,69 )
5,87 (0,70 )
5,65 (0,51 )
6,856
0,001
ETAS-R_Intimidade
7,31 (1,03 )
7,78 (1,06 )
7,98 (0,65 )
2,589
0,079
ETAS-R_Paixão
7,72 (1,21 )
7,91 (1,00 )
8,26 (0,77 )
0,851
0,429
ETAS-R_ Dec./Compromisso
6,32 (1,61 )
7,14 (1,39 )
7,50 (1,05 )
4,171
0,018
ETAS-R_Amor
7,09 (1,06 )
7,59 (0,95 )
7,90 (0,49 )
3,709
0,027
LAS_Eros
3,89 (0,62 )
4,01 (0,60 )
3,90 (0,45 )
0,423
0,656
LAS_Agape
2,70 (1,05 )
2,85 (0,86 )
3,07 (0,66 )
0,548
0,580
LAS_Mania
2,56 (0,78 )
2,60 (0,90 )
3,04 (0,71 )
0,926
0,399
LAS_Pragma
2,83 (0,61 )
2,72 (0,76 )
3,38 (0,61 )
2,818
0,064
LAS_Storge
3,09 (0,73 )
3,29 (0,84 )
3,06 (1,08 )
0,754
0,473
LAS_Ludus
2,19 (0,64 )
1,89 (0,50 )
2,00 (0,63 )
3,24
0,043
n
29
93
7
A RelAS também apresentou diferenças significativas. Mas, diferente do esperado, o
grupo que permaneceu no namoro teve escores de satisfação no relacionamento menores
do que os do grupo que noivou. A LAS apresentou esse mesmo efeito no tipo Eros.
Contudo, a única diferença significativa foi no tipo Ludus. Os(as) participantes que
terminaram o namoro possuíam escores mais altos nessa dimensão durante a coleta de
dados (tempo 1). O tipo Pragma teve uma tendência à significância, sendo mais elevada no
Amor 115
grupo dos(as) participantes que noivaram, casaram ou foram morar juntos(as).
Sobre a satisfação no relacionamento, os casais de namorados com maiores escores
foram aqueles que permaneceram no namoro após seis meses. Assim, pode-se levantar a
hipótese de que é necessário algum grau de insatisfação para que namorados(as) decidam
morar juntos(as), noivar ou casar. Um grau de satisfação muito elevado pode fazer as
pessoas continuarem com a relação da maneira como está. O amor se mostrou um preditor
da continuidade da relação. Aparentemente, a Decisão/compromisso é a dimensão que
mais deve ser observada no intuito de avaliar o futuro de um casal. Por outro lado, é
consonante com a teoria que pessoas que endossam a dimensão Ludus tenham maior
tendência de terminar o relacionamento, pessoas que endossam o Pragma e o Agape
tenham maior tendência de buscar o noivado, o casamento ou compartilhar a moradia.
Estas são evidências de validade preditiva das escalas aplicadas. Poucos instrumentos
apresentam estudos sobre essa propriedade psicométrica, portanto esse é um dado
importante. Embora não tenham havido diferenças significativas, devido também ao
tamanho da amostra para essas análises, os dados também apresentam suporte à validade
preditiva da LAS. A verificação da validade preditiva da ETAS também corroborou a
hipótese de que os dados transversais podem estar enviesados pela limitação de que
participantes com menores níveis de amor são aqueles(as) que terminam o relacionamento
e não fazem parte da amostra no momento seguinte (Berscheid & Regan, 2005).
3.6 Satisfação no relacionamento e suas variáveis explicativas
Este estudo também buscou um modelo explicativo para a satisfação no
relacionamento. Estar satisfeito é objetivo final de um relacionamento, e o amor pode estar
relacionado com essa satisfação. Assim, procedeu-se a criação de um modelo de regressão
linear múltipla no qual a satisfação no relacionamento fosse a variável dependente e as três
dimensões do amor medidas pela ETAS-R as variáveis independentes. Foi utilizado o
método Enter para a inserção das variáveis no modelo. Conforme demonstrado na Tabela
31, as três dimensões do amor são correlacionadas com a satisfação no relacionamento. O
modelo foi significativo (F = 792,2, p < 0,001) e as três dimensões do amor explicaram
mais da metade da satisfação no relacionamento (R
2
= 0,612).
A Tabela 41 mostra que as três variáveis são significativas na explicação da satisfação
no relacionamento, sendo que a Intimidade (β = 0,496) e a Decisão/Compromisso (β =
0,373) têm uma relação bastante forte com a variável dependente. A Paixão possui uma
Amor 116
relação pequena e negativa (β = - 0,054), mas significativa. A correlação linear da Paixão
com a satisfação no relacionamento, no entanto, é positiva (r = 0,36). O fato de uma
variável com correlação positiva apresentar um valor de β negativo é um efeito de
supressão, que pode ser explicado pelo fenômeno da multicolinearidade. Como a Paixão
também é correlacionada com as demais variáveis independentes do modelo, essas
acabaram assumindo uma parte da explicação que conjunta com a Paixão.
Tabela 41 - Modelo explicativo da satisfação no relacionamento medida pela RelAS
Qualquer tipo de
relacionamento
Relacionamento estável
β padronizado
t
β padronizado
t
Homens
ETAS-R_Intimidade
0,455
10,277***
0,430
7,120***
ETAS-R_Paixão
-0,036
-1,040*
0,222
3,441***
ETAS-R_Decisão/Compr.
0,389
8,932***
0,210
3,500***
R
2
/ANOVA
0,589
230,6***
0,585
109,5***
Mulheres
ETAS-R_Intimidade
0,513
18,353***
0,499
14,183***
ETAS-R_Paixão
-0,058
-2,615**
0,147
3,901***
ETAS-R_Decisão/Compr.
0,364
12,504***
0,220
5,632***
R
2
/ANOVA
0,623
563,3***
0,584
275,8***
Total
ETAS-R_Intimidade
0,496
21,023***
0,483
15,960***
ETAS-R_Paixão
-0,054
-2,869**
0,164
5,052***
ETAS-R_Decisão/Compr.
0,373
15,397***
0,218
6,670***
R
2
/ANOVA
0,612
792,2***
0,583
384,2***
* p < 0,05. ** p < 0,01. *** p < 0,001
A análise foi replicada apenas para os(as) participantes em relação estável. A
explicação que as três dimensões do amor (Sternberg, 1986) possuem sobre a satisfação no
relacionamento continuou elevada (R
2
= 0,583). Para participantes envolvidos(as) em
relacionamento, a Paixão ocupa um papel de maior explicação da variável dependente (β =
0,164), mas continua sendo a variável com menor contribuição no modelo. Tanto para
homens quanto para mulheres, os modelos são relativamente estáveis, sendo significativos
com as variáveis independentes mantendo os elevados índices de explicação da dependente
(R
2
). Porém, o modelo para homens se relacionando endossa a Paixão e a
Decisão/compromisso com importância praticamente igual para a satisfação no
relacionamento. Para as mulheres, a Decisão/compromisso mostrou-se mais importante do
Amor 117
que a Paixão, embora para ambos os sexos a Intimidade seja a principal variável associada
à satisfação no relacionamento.
Conforme previsto, as três dimensões do amor propostas por Sternberg (1986) se
adequam em um modelo de regressão como preditoras da satisfação no relacionamento. E,
de maneira semelhante ao que foi encontrado por Cassepp-Borges e Teodoro (2009), a
Paixão entrou no modelo com uma relação negativa com a satisfação no relacionamento
quando se considera toda a amostra (efeito de supressão), mas é positiva quando se
considera as pessoas envolvidas em relacionamento. A Intimidade é a dimensão com maior
ligação com a satisfação no relacionamento.
Esse dado pode ser associado com o estudo de Dela Coleta (1991), que perguntou de
maneira aberta as causas que as pessoas atribuem ao sucesso nas relações. Depois do amor
(três variáveis independentes no modelo de regressão), as duas principais causas foram a
compreensão e o respeito, ambas as características relacionadas à Intimidade. As causas
para o sucesso na relação da amostra, no entanto, podem ser relacionadas às três dimensões
do amor de Sternberg (1986). Lemieux & Hale (2000) também buscaram a explicação da
satisfação no relacionamento (medida pela RelAS) com as três dimensões do amor, porém
com uma amostra com participantes com uma média de 15,1 anos de casados. As
dimensões apareceram na ordem Decisão/compromisso (β = 0,57), Paixão (β = 0,24) e
Intimidade (β = 0,16) para homens e Intimidade (β = 0,48), Paixão (β = 0,29) e
Decisão/compromisso (β = 0,25) para mulheres. O referido estudo ainda encontrou maiores
níveis de variância explicada para o modelo (73% para homens e 87% para mulheres) em
comparação com a presente tese (58% para ambos).
4 Considerações Finais
O número elevado de sujeitos permite fazer diversos tipos de análise. O fato de ter as
cinco regiões do Brasil representadas por 13 Unidades da Federação é inédito para estudos
da Psicologia sobre o amor em lápis e papel, dentro do que foi levantado na literatura
científica. Apesar disso, trata-se de uma amostra por conveniência, composta basicamente
por universitários e que possui desequilíbrio no número de participantes por sexo, região
do país, idade, dentre outros. O elevado número de participantes, contudo, permite a
realização de análises inferenciais mesmo para grupos de difícil acesso.
Este estudo apresentou três instrumentos de construtos relacionados ao amor com boas
propriedades psicométricas. Considerando a escassez de instrumentos sobre amor no
Amor 118
Brasil, a presente tese é uma contribuição para a área. O fato de ter-se um número razoável
de participantes de praticamente metade das Unidades da Federação do Brasil traz a
possibilidade de uma normatização nacional para as três escalas. Contudo, deve-se
observar que essa normatização será possível apenas para as populações representadas na
amostra estudada. Nesse ponto, a aplicação simultânea dos testes foi um procedimento que
permitiu conhecer as propriedades de cada escala em comparação com as demais.
Esse estudo possui a limitação de incluir apenas instrumentos de auto-relato. Nem
sempre os auto-relatos trazem informações totalmente confiáveis. Assim, estudos que
comparassem esse tipo de medida com dados coletados a respeito da percepção do amor
pelo(a) parceiro(a), observações e levantamentos de dados qualitativos auxiliariam na
compreensão do fenômeno. Diferentes abordagens metodológicas podem trazer
contribuições significativas e importantes. Apesar dos problemas com auto-relatos, eles
seguem sendo utilizados por ser a maneira mais rápida e fácil de fazer levantamentos sobre
os fenômenos psicológicos. E, por se tratar de fenômenos que nem sempre se manifestam
em comportamentos observáveis, os auto-relatos podem ser uma abordagem útil para
investigar o amor.
Para a agenda de pesquisa, existe a necessidade de avaliar o novo modelo proposto
para a teoria das cores do amor. Isso deve ser feito a partir da criação de um instrumento de
medida. Embora não apresentado nesta tese, uma escala que avalia três eixos a partir dos
seis estilos de amar foi aplicada em 207 sujeitos. No entanto, seus resultados não foram
satisfatórios. Isso pode ser atribuído em parte a problemas na construção do instrumento,
mas também ao fato de se pressupor um modelo teórico tal qual o formulado por Lee
(1973). De qualquer forma, a verificação dos erros na criação desse instrumento, bem
como os resultados de escalonamento multidimensional, devem embasar um novo teste.
Deve-se observar alguns itens, como o sAmple_36, que podem originar novos fatores.
A construção de tabelas normativas para os testes é outro passo importante a ser dado.
Uma das justificativas para esse estudo é a carência de instrumentos para a avaliação do
amor disponíveis ao(à) psicólogo(a) brasileiro(a). Assim, faz-se necessária a validação de
testes junto ao CFP, o que deve ser feito a partir de manuais com base nas tabelas
normativas. Uma das maneiras de levar benefícios para a sociedade a partir desse estudo é
disponibilizar os testes com sua devida sustentação científica.
A principal área da Psicologia que pode beneficiar-se deste estudo é a Clínica. Nesse
contexto, as escalas utilizadas neste estudo poderão identificar tipos de amor e auxiliar na
compreensão do funcionamento psíquico de um(a) paciente, por exemplo. Uma vez que as
Amor 119
escalas podem ser aplicadas mais de uma vez na mesma pessoa, elas podem servir para
acompanhar a evolução do sentimento em indivíduos e casais. Outra finalidade é a de
identificar patologias relacionadas ao amor, pois instrumentos de medida proporcionam
diagnósticos rápidos, eficazes e confiáveis dessas patologias. Escalas de amor e construtos
relacionados podem ser usadas simplesmente para autoconhecimento, outro motivo que
leva as pessoas aos consultórios de psicólogos(as).
As escalas poderão ser utilizadas em agências matrimoniais, como meio de conhecer o
perfil de clientes e propor relacionamentos com melhores preditores de sucesso, além de
acompanhá-los. Assim como hoje os instrumentos psicológicos são amplamente utilizados
por empresas para a finalidade de seleção e acompanhamento dos seus funcionários, os
testes de amor e construtos correlatos poderão ser utilizados para a seleção e
acompanhamento matrimonial. Embora choque a ideia da tomada de decisões conjugais
sustentadas na Avaliação Psicológica, espera-se que isso possa trazer benefícios às
pessoas, como maximizar as chances de escolha de um(a) parceiro(a) mais compatível. A
interferência dos testes na vida pessoal somente será feita para pessoas que entendam que
os testes podem trazer benefícios para a sua vida, assim como a seleção de pessoal é feita
somente por empresas que entendem os benefícios da avaliação psicológica para as
organizações. Apesar deste estudo ter apresentado boas propriedades psicométricas para as
escalas, são necessários estudos que avaliem o quão eficaz elas podem ser no uso prático.
Os instrumentos aferidos nesta tese atendem à tríade da validade (construto, critério e
conteúdo). Eles apresentam evidências de validade de construto, verificada por meio da
estrutura fatorial e convergente/discriminante; de critério, na forma de validade preditiva e
concorrente; e de conteúdo, verificada por juízes em estudos anteriores a esta tese. Os
instrumentos de medida ainda mostraram-se fidedignos. Este trabalho ampliou o número
de testes de amor no Brasil com sustentação empírica. Conclui-se que a RelAS, a ETAS e a
LAS são bons testes e que seu uso em pesquisa pode ser incentivado. Espera-se que a classe
dos(as) psicólogos(as) reconheça os adequados parâmetros científicos dos testes e encontre
a utilidade deles para a atuação profissional.
Espera-se, finalmente, que esta tese amplie a visibilidade da área do amor no Brasil.
Muitos países estão descobrindo as contribuições de uma visão científica sobre esse
sentimento. Este estudo tem também um papel de divulgação da área, tanto nos meios
acadêmicos quanto nos meios aplicados da Psicologia. A adaptação de instrumentos, com
seus respectivos reconhecimentos junto ao CFP, pode criar uma base para o
desenvolvimento nacional da área da Psicologia do Amor. Ao mesmo tempo, representa
Amor 120
uma evolução para a Psicometria, mostrando que, com ferramentas adequadas, a área tem
capacidade para medir as mais profundas emoções humanas.
Amor 121
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Amor 133
Anexo A
Questionário
Solicitamos que você responda as seguintes perguntas sobre você da maneira mais sincera
possível:
1) Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino
2) Curso:________________________________ Semestre _______________
3) Data de nascimento:_____/_____/19_____
4) Quantos filhos(as) você possui?______filhos(as) ( ) Não tenho filhos(as)
5) Orientação sexual: ( ) Heterossexual ( ) Bissexual ( ) Homossexual ( )
_____________
6) Estado civil (responda baseando-se em sua situação legal): ( ) Solteiro(a) ( ) Noivo(a) (
) Casado(a)
( ) Divorciado(a) ( ) Viúvo(a) ( )Outros______________
7) Caso tenhas respondido que és solteiro(a), divorciado(a) ou viúvo(a), você possui
namorado (a) ou relacionamento fixo? ( ) Sim ( ) Não
8) Você possui mais de um relacionamento fixo? ( ) Sim ( ) Não
9) Você possui relacionamento(s) eventuais? ( ) Sim ( ) Não
10) Você mora com seu parceiro(a)? ( ) Sim ( ) Parte do tempo ( ) Não ( ) Não possuo
parceiro(a)
11) Preencha o espaço em branco com o nome de alguém que você ama.
Preferencialmente, coloque o nome da pessoa com quem você compõe um par amoroso.
Caso você não esteja envolvido(a) em um relacionamento, poderá escolher outra pessoa
que você ame ou tenha amado. Você deverá pensar nesta pessoa para responder todas as
perguntas desta pesquisa:
_________________________________________________
12) Sexo da pessoa citada: ( ) Masculino ( ) Feminino
13) Data de nascimento da pessoa citada: _____/_____/________ (Caso você não saiba,
mencione a idade desta pessoa): ________anos
14.1) Cite 3 adjetivos que caracterizam
você:
1)__________________________
2)__________________________
3)__________________________
14.2) Cite 3 adjetivos que caracterizam a
pessoa que você ama:
1)__________________________
2)__________________________
3)__________________________
15.1) Como é a relação com a pessoa pela qual você responderá o questionário? Marque
um “X” na letra referente a esta relação e, se for o caso, também dentro do parênteses em
branco correspondente.
a) Amigo(a) ( )Gostaria que sempre fosse amigo(a) ( ) Gostaria de ter mais do que a
amizade
Amor 134
b) Amor platônico ( ) A pessoa sabe do meu sentimento ( ) Suspeito que saiba do meu
sentimento ( ) Não sabe do meu sentimento
c) Relacionamento eventual (“Ficante”)
d) Ainda não sei se já estou namorando
e) Relacionamento sem compromisso ( )Combinado entre o casal ( ) Não combinado
f) Namorado(a)
g) Moramos juntos ( ) Temos uma relação amorosa ( ) Somente moramos juntos
h) Noivo(a)
i) Casado(a) ( ) Civil ( ) Religioso ( ) Ambos
j) Ex ( ) namorado(a) ( ) noivo(a), ( ) marido/esposa, ( ) _______________
l) Amante
m) Mãe/madrasta
n) Pai/padrasto
o) Filho(a), neto(a), sobrinho(a), afilhado(a), etc...
p) Outros _______________________________
15.2) Existe alguma especificidade da relação de você não contemplada na pergunta 15.1?
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
______________________________
16) Tempo que vocês se conhecem: _____________
Tempo de relacionamento: _________________
17) Descreva como é o seu sentimento por esta pessoa:
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
______________________________
18) Descreva como é o sentimento desta pessoa por você:
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
______________________________
19.1) Eu me considero:
a) Muito Feio(a) b) Feio(a) c) Nem feio(a) nem bonito(a) d) Bonito(a) e) Muito
Bonito(a)
19.2) Eu considero que a pessoa que amo é:
a) Muito Feio(a) b) Feio(a) c) Nem feio(a) nem bonito(a) d) Bonito(a) e) Muito
Bonito(a)
Amor 135
20.1) Minhas condições sócio-econômicas são:
a) Péssimas b) Ruins c) Médias d) Boas
e) Excelentes
20.2) As condições sócio-econômicas da pessoa que amo
são:
a) Péssimas b) Ruins c) Médias d) Boas e) Excelentes
21.1) Você exerce alguma atividade remunerada?
a) Sim b)Não
21.2) A pessoa que você ama exerce alguma atividade
remunerada?
a) Sim b)Não
22.1) Qual a sua religião?
_______________________________
22.2)Qual a religião de quem você ama?
_______________________________
23.1) Sua Escolaridade
23.2) Escolaridade da pessoa que ama
a) Analfabeto(a)
a) Analfabeto(a)
b) Primeiro grau incompleto
b) Primeiro grau incompleto
c) Primeiro grau completo
c) Primeiro grau completo
d) Segundo grau incompleto
d) Segundo grau incompleto
e) Segundo grau completo
e) Segundo grau completo
f) Superior incompleto
f) Superior incompleto
g) Superior completo
g) Superior completo
h) Pós-graduação incompleta
h) Pós-graduação incompleta
i) Pós-graduação completa
i) Pós-graduação completa
Amor 136
Anexo B. Carta de aprovação do projeto no Comitê de Ética em Pesquisa
Amor 137
Anexo C
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
INSTITUTO DE PSICOLOGIA
DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA SOCIAL E DO TRABALHO
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Prezado(a) participante:
Por motivo da realização da tese de doutorado em Psicologia Social, do Trabalho e
das Organizações, o aluno Vicente Cassepp-Borges ([email protected]), regularmente
matriculado, está realizando uma pesquisa com o objetivo de investigar o relacionamento
amoroso dos(as) brasileiros(as). No presente estudo, as informações serão obtidas através
de questionário aplicado de forma coletiva. Tal trabalho, como objetivos acadêmicos, tem
por finalidade possibilitar ao aluno e à Universidade um maior conhecimento sobre o tema
proposto.
Desde já, informamos que sua participação é voluntária e pode ser interrompida
em qualquer etapa, sem nenhum prejuízo ou punição. A qualquer momento, você poderá
solicitar informações sobre os procedimentos ou outros assuntos relacionados a este
estudo. Todos os cuidados serão tomados para garantir o sigilo e a confidencialidade de
suas informações individuais, preservando sua identidade e das instituições envolvidas na
pesquisa. Após 6 meses, haverá uma devolução dos resultados para os(as) participantes que
desejarem informar seu endereço de e-mail. Este Termo deverá ser preenchido e assinado
em duas vias, sendo que uma permanecerá com você e a outra deverá ser devolvida ao(à)
pesquisador(a).
Desde já, agradecemos sua contribuição para o desenvolvimento desta atividade
acadêmica e colocamo-nos à disposição para esclarecimentos adicionais.
____________________________
Vicente Cassepp-Borges
Estudante de Doutorado
(CRP 01/14098)
____________________________
Prof. Dr. Luiz Pasquali
Orientador da pesquisa
(CRP 01/322)
Frente ao que foi acima exposto, eu,
___________________________________________________________ expresso meu
consentimento em relação à minha participação na pesquisa.
______________________________, ______ de ________________ de 20___.
_____________________________________________________
Assinatura do(a) participante
E-mail (se desejar receber devolução):____________________________________
Amor 138
Anexo D. Correio eletrônico com a devolução dos resultados
Assunto: XXXX - Resultados da pesquisa sobre amor
Prezado(a) participante:
Agradeço pela sua imprescindível participação no estudo do meu mestrado,
respondendo a três instrumentos psicológicos sobre o amor no dia XX/XX/XXXX. Tenho
muito prazer em entrar em contato para apresentar alguns resultados parciais. Apesar de
ainda não ter concluído a pesquisa, creio ser interessante já fazer este contato, uma vez que
se passaram aproximadamente 6 meses da sua participação.
Para uma melhor compreensão da pesquisa, é importante ter uma pequena
compreensão da Teoria Triangular do Amor de Sternberg, que embasou este estudo. Esta
teoria decompôs o sentimento em três partes (vértices de um triângulo): a Intimidade, a
Paixão, e a Decisão/compromisso. A Intimidade é caracterizada pelo sentimento de
proximidade e conexão no relacionamento. A Paixão é o componente responsável pela
atração física e sexual, pelo romance e o desejo de estar juntos e pela excitação. Por fim, a
Decisão/compromisso se refere à certeza de amar e ser amado e à vontade de manter o
relacionamento a longo prazo. Assim, a escala que você respondeu se propõe a avaliar as
três dimensões do amor.
Esta pesquisa continua sendo realizada, o que significa que poucas análises dos
dados foram realizadas. Desta maneira, estamos estabelecendo uma comparação com
dados parciais. Com relação aos seus dados individuais, foram obtidos os seguintes
escores:
Sub-escala de Intimidade: XXX/9 (maior que XX % dos participantes)
Sub-escala de Paixão: XXX/9 (maior que XX % dos participantes)
Sub-escala de Decisão/compromisso: XXX/9 (maior que XX % dos participantes)
Total da Escala: XXX/9 (maior que XX % dos participantes).
Chamo a atenção para o fato de que estes números refletem apenas seus escores
individuais, a fim de satisfazer a sua curiosidade. Não é possível fazer nenhum
entendimento clínico apenas com estes escores, sendo necessário conhecer a história de
vida em questão.
Por fim, gostaria de fazer algumas pequenas perguntas sobre como evoluiu sua
relação desde a sua participação na pesquisa. Apesar de tomar pouco tempo, as respostas
destas perguntas são fundamentais para ampliarmos a compreensão do fenômeno do amor.
Você pode copiar e colar as perguntas em um correio eletrônico (e-mail) de resposta.
1) Se você estava envolvido(a) em um relacionamento no momento de sua
participação no estudo, você permanece neste relacionamento? Caso você não estivesse em
um relacionamento amoroso, você conheceu alguma pessoa? Gostaria que você fizesse
uma breve descrição sobre o que aconteceu na sua vida amorosa desde sua participação na
pesquisa até agora.
Amor 139
2) Quando realizada a coleta de dados, você respondeu os questionários pensando
em uma pessoa que amava. Gostaríamos de repetir a mesma pergunta, sobre como é
AGORA a relação com a pessoa pela qual você respondeu o questionário? Marque um “X”
dentro do parêntese em branco correspondente a esta relação. Marque somente uma
alternativa.
a) Amigo(a):
( )Gostaria que sempre fosse amigo(a) ( ) Gostaria de ter mais do que a amizade
b) Amor platônico:
( ) A pessoa sabe do meu sentimento ( ) Suspeito que saiba do meu sentimento ( )
Não sabe do meu sentimento
c) Relacionamento eventual (“Ficante”):
( ) Relacionamento eventual (“Ficante”)
d) Ainda não sei se já estou namorando:
( ) Ainda não sei se já estou namorando
e) Relacionamento sem compromisso:
( )Combinado entre o casal ( ) Não combinado
f) Namorado(a):
( ) Namorado(a)
g) Moramos juntos:
( ) Temos uma relação amorosa ( ) Somente moramos juntos
h) Noivo(a):
( ) Noivo(a)
i) Casado(a):
( ) Civil ( ) Religioso ( ) Ambos
j) Ex:
( ) Ex-namorado(a) ( ) Ex-noivo(a), ( ) Ex-marido/esposa, ( ) ______________
l) Amante:
( ) Amante
m) Mãe/madrasta:
( ) Mãe/madrasta
Amor 140
n) Pai/padrasto:
( ) Pai/padrasto
o) Filho(a), neto(a), sobrinho(a), afilhado(a), etc...:
( ) Filho(a), neto(a), sobrinho(a), afilhado(a), etc...
p) Outros:
( ) _______________________________
3) Se possível, faça uma breve descrição do que aconteceu na sua relação com
esta pessoa nos últimos 6 meses.
Reitero meus mais sinceros agradecimentos pela sua participação e me coloco à
disposição para o esclarecimento de quaisquer dúvidas. Agradeço entusiasticamente pela
sua contribuição. Ela de fato está sendo muito importante e valorizada. Assim que concluir
este estudo, entrarei em contato para apresentar os resultados finais. Saudações cordiais:
Amor 141
Anexo E. Correio eletrônico com novo pedido de participação
Assunto: XXXX Muito obrigado pela sua participação
Prezado(a) participante:
Espero que você tenha recebido seus resultados individuais com relação a uns
questionários que você respondeu sobre amor. Senão, por favor, não hesite em solicitar.
Agradeço muito pela sua participação até aqui!
Peço desculpas pela insistência, mas estou escrevendo para pedir novamente a
sua resposta às pequenas perguntas colocadas ao final desta mensagem. Caso você não
deseje participar, por favor, deixe-me saber. Mas, reafirmo que sua participação é bastante
importante. Compreendo suas preocupações e afazeres diários, mas o tempo para
responder esta mensagem é inferior a 5 minutos, vitais para este estudo e o entendimento
do fenômeno. Compreendo também que os questionários aplicados foram longos, o que me
faz valorizar ainda mais a sua ajuda. Mas, estas três pequenas perguntas curtas são
essenciais para concluir a sua participação. Por fim, reafirmo meu compromisso ético em
manter o sigilo com relação às suas respostas.
Assim, gostaria de fazer algumas pequenas perguntas sobre como evoluiu sua
relação desde a sua participação na pesquisa. Você pode copiar e colar as perguntas em um
correio eletrônico (e-mail) de resposta.
1) Se você estava envolvido(a) em um relacionamento no momento de sua
participação no estudo, você permanece neste relacionamento? Caso você não estivesse em
um relacionamento amoroso, você conheceu alguma pessoa? Gostaria que você fizesse
uma breve descrição sobre o que aconteceu na sua vida amorosa desde sua participação na
pesquisa até agora.
2) Quando realizada a coleta de dados, você respondeu os questionários pensando
em uma pessoa que amava. Gostaríamos de repetir a mesma pergunta, sobre como é
AGORA a relação com a pessoa pela qual você respondeu o questionário? Marque um “X”
dentro do parêntese em branco correspondente a esta relação. Marque somente uma
alternativa.
a) Amigo(a):
( )Gostaria que sempre fosse amigo(a) ( ) Gostaria de ter mais do que a amizade
b) Amor platônico:
( ) A pessoa sabe do meu sentimento ( ) Suspeito que saiba do meu sentimento ( )
Não sabe do meu sentimento
c) Relacionamento eventual (“Ficante”):
( ) Relacionamento eventual (“Ficante”)
Amor 142
d) Ainda não sei se já estou namorando:
( ) Ainda não sei se já estou namorando
e) Relacionamento sem compromisso:
( )Combinado entre o casal ( ) Não combinado
f) Namorado(a):
( ) Namorado(a)
g) Moramos juntos:
( ) Temos uma relação amorosa ( ) Somente moramos juntos
h) Noivo(a):
( ) Noivo(a)
i) Casado(a):
( ) Civil ( ) Religioso ( ) Ambos
j) Ex:
( ) Ex-namorado(a) ( ) Ex-noivo(a), ( ) Ex-marido/esposa, ( ) ______________
l) Amante:
( ) Amante
m) Mãe/madrasta:
( ) Mãe/madrasta
n) Pai/padrasto:
( ) Pai/padrasto
o) Filho(a), neto(a), sobrinho(a), afilhado(a), etc...:
( ) Filho(a), neto(a), sobrinho(a), afilhado(a), etc...
p) Outros:
( ) _______________________________
3) Se possível, faça uma breve descrição do que aconteceu na sua relação com
esta pessoa nos últimos 6 meses.
Reitero meus mais sinceros agradecimentos pela sua participação e me coloco à
disposição para o esclarecimento de quaisquer dúvidas. Agradeço entusiasticamente pela
sua contribuição. Ela de fato está sendo muito importante e valorizada. Assim que concluir
este estudo, entrarei em contato para apresentar os resultados finais. Saudações cordiais:
Amor 143
ANEXO F.
Tabela F1
Teste post hoc nas escalas por tipo de relacionamento (sexo masculino)
(I)
(J)
Diferença
de médias
(I-J)
Erro
padrão
p
Intervalo de
confiança (95%)
Limite
inferior
Limite
superior
RelAS_total
Amigo
Amor Platônico ou ex
,191
,184
,839
-,31
,70
Relacionamento
romântico não estável
,010
,201
1,00
-,54
,56
Relacionamento
romântico estável
-1,040(*)
,168
,000
-1,50
-,58
Parente
-1,175(*)
,265
,000
-1,90
-,45
Amor Platônico ou ex
Amigo
-,191
,184
,839
-,70
,31
Relacionamento
romântico não estável
-,180
,164
,807
-,63
,27
Relacionamento
romântico estável
-1,231(*)
,120
,000
-1,56
-,90
Parente
-1,366(*)
,238
,000
-2,02
-,71
Relacionamento
romântico não estável
Amigo
-,010
,201
1,00
-,56
,54
Amor Platônico ou ex
,180
,164
,807
-,27
,63
Relacionamento
romântico estável
-1,051(*)
,145
,000
-1,45
-,65
Parente
-1,185(*)
,252
,000
-1,87
-,50
Relacionamento
romântico estável
Amigo
1,040(*)
,168
,000
,58
1,50
Amor Platônico ou ex
1,231(*)
,120
,000
,90
1,56
Relacionamento
romântico não estável
1,051(*)
,145
,000
,65
1,45
Parente
-,135
,225
,975
-,75
,48
Parente
Amigo
1,175(*)
,265
,000
,45
1,90
Amor Platônico ou ex
1,366(*)
,238
,000
,71
2,02
Relacionamento
romântico não estável
1,185(*)
,252
,000
,50
1,87
Relacionamento
romântico estável
,135
,225
,975
-,48
,75
ETAS-R_Intimidade
Amigo
Amor Platônico ou ex
-,055
,304
1,00
-,89
,78
Relacionamento
romântico não estável
-,265
,332
,931
-1,18
,64
Relacionamento
romântico estável
-1,648(*)
,277
,000
-2,41
-,89
Parente
-1,399(*)
,437
,013
-2,60
-,20
Amor Platônico ou ex
Amigo
,055
,304
1,00
-,78
,89
Relacionamento
romântico não estável
-,210
,271
,937
-,95
,53
Relacionamento
romântico estável
-1,593(*)
,198
,000
-2,14
-1,05
Parente
-1,345(*)
,393
,006
-2,42
-,27
Relacionamento
romântico não estável
Amigo
,265
,332
,931
-,64
1,18
Amor Platônico ou ex
,210
,271
,937
-,53
,95
Amor 144
(I)
(J)
Diferença
de médias
(I-J)
Erro
padrão
p
Intervalo de
confiança (95%)
Limite
inferior
Limite
superior
Relacionamento
romântico estável
-1,382(*)
,240
,000
-2,04
-,73
Parente
-1,134
,415
,051
-2,27
,00
Relacionamento
romântico estável
Amigo
1,648(*)
,277
,000
,89
2,41
Amor Platônico ou ex
1,593(*)
,198
,000
1,05
2,14
Relacionamento
romântico não estável
1,382(*)
,240
,000
,73
2,04
Parente
,248
,372
,963
-,77
1,27
Parente
Amigo
1,399(*)
,437
,013
,20
2,60
Amor Platônico ou ex
1,345(*)
,393
,006
,27
2,42
Relacionamento
romântico não estável
1,134
,415
,051
,00
2,27
Relacionamento
romântico estável
-,248
,372
,963
-1,27
,77
ETAS-R_Paixão
Amigo
Amor Platônico ou ex
-,824(*)
,284
,032
-1,60
-,05
Relacionamento
romântico não estável
-,509
,311
,474
-1,36
,34
Relacionamento
romântico estável
-1,378(*)
,259
,000
-2,09
-,67
Parente
1,876(*)
,409
,000
,76
3,00
Amor Platônico ou ex
Amigo
,824(*)
,284
,032
,05
1,60
Relacionamento
romântico não estável
,315
,253
,724
-,38
1,01
Relacionamento
romântico estável
-,554(*)
,185
,024
-1,06
-,05
Parente
2,700(*)
,367
,000
1,69
3,70
Relacionamento
romântico não estável
Amigo
,509
,311
,474
-,34
1,36
Amor Platônico ou ex
-,315
,253
,724
-1,01
,38
Relacionamento
romântico estável
-,869(*)
,224
,001
-1,48
-,26
Parente
2,385(*)
,388
,000
1,32
3,45
Relacionamento
romântico estável
Amigo
1,378(*)
,259
,000
,67
2,09
Amor Platônico ou ex
,554(*)
,185
,024
,05
1,06
Relacionamento
romântico não estável
,869(*)
,224
,001
,26
1,48
Parente
3,254(*)
,348
,000
2,30
4,21
Parente
Amigo
-1,876(*)
,409
,000
-3,00
-,76
Amor Platônico ou ex
-2,700(*)
,367
,000
-3,70
-1,69
Relacionamento
romântico não estável
-2,385(*)
,388
,000
-3,45
-1,32
Relacionamento
romântico estável
-3,254(*)
,348
,000
-4,21
-2,30
ETAS-R_Dec./Compr.
Amigo
Amor Platônico ou ex
,048
,329
1,00
-,85
,95
Relacionamento
romântico não estável
,365
,360
,849
-,62
1,35
Relacionamento
romântico estável
-2,059(*)
,299
,000
-2,88
-1,24
Parente
-2,730(*)
,473
,000
-4,03
-1,43
Amor Platônico ou ex
Amigo
-,048
,329
1,00
-,95
,85
Relacionamento
romântico não estável
,317
,293
,816
-,49
1,12
Amor 145
(I)
(J)
Diferença
de médias
(I-J)
Erro
padrão
p
Intervalo de
confiança (95%)
Limite
inferior
Limite
superior
Relacionamento
romântico estável
-2,107(*)
,215
,000
-2,69
-1,52
Parente
-2,778(*)
,425
,000
-3,94
-1,61
Relacionamento
romântico não estável
Amigo
-,365
,360
,849
-1,35
,62
Amor Platônico ou ex
-,317
,293
,816
-1,12
,49
Relacionamento
romântico estável
-2,423(*)
,259
,000
-3,13
-1,71
Parente
-3,094(*)
,449
,000
-4,32
-1,86
Relacionamento
romântico estável
Amigo
2,059(*)
,299
,000
1,24
2,88
Amor Platônico ou ex
2,107(*)
,215
,000
1,52
2,69
Relacionamento
romântico não estável
2,423(*)
,259
,000
1,71
3,13
Parente
-,671
,402
,455
-1,77
,43
Parente
Amigo
2,730(*)
,473
,000
1,43
4,03
Amor Platônico ou ex
2,778(*)
,425
,000
1,61
3,94
Relacionamento
romântico não estável
3,094(*)
,449
,000
1,86
4,32
Relacionamento
romântico estável
,671
,402
,455
-,43
1,77
ETAS-R_Amor
Amigo
Amor Platônico ou ex
-,244
,264
,887
-,97
,48
Relacionamento
romântico não estável
-,119
,288
,994
-,91
,67
Relacionamento
romântico estável
-1,706(*)
,240
,000
-2,36
-1,05
Parente
-,892
,380
,131
-1,93
,15
Amor Platônico ou ex
Amigo
,244
,264
,887
-,48
,97
Relacionamento
romântico não estável
,125
,235
,984
-,52
,77
Relacionamento
romântico estável
-1,462(*)
,172
,000
-1,93
-,99
Parente
-,648
,341
,318
-1,58
,29
Relacionamento
romântico não estável
Amigo
,119
,288
,994
-,67
,91
Amor Platônico ou ex
-,125
,235
,984
-,77
,52
Relacionamento
romântico estável
-1,587(*)
,208
,000
-2,16
-1,02
Parente
-,773
,360
,202
-1,76
,21
Relacionamento
romântico estável
Amigo
1,706(*)
,240
,000
1,05
2,36
Amor Platônico ou ex
1,462(*)
,172
,000
,99
1,93
Relacionamento
romântico não estável
1,587(*)
,208
,000
1,02
2,16
Parente
,814
,323
,088
-,07
1,70
Parente
Amigo
,892
,380
,131
-,15
1,93
Amor Platônico ou ex
,648
,341
,318
-,29
1,58
Relacionamento
romântico não estável
,773
,360
,202
-,21
1,76
Relacionamento
romântico estável
-,814
,323
,088
-1,70
,07
LAS_Eros
Amigo
Amor Platônico ou ex
-,214
,137
,527
-,59
,16
Relacionamento
romântico não estável
-,159
,151
,830
-,57
,25
Amor 146
(I)
(J)
Diferença
de médias
(I-J)
Erro
padrão
p
Intervalo de
confiança (95%)
Limite
inferior
Limite
superior
Relacionamento
romântico estável
-,779(*)
,125
,000
-1,12
-,44
Parente
,130
,199
,966
-,41
,67
Amor Platônico ou ex
Amigo
,214
,137
,527
-,16
,59
Relacionamento
romântico não estável
,055
,122
,991
-,28
,39
Relacionamento
romântico estável
-,565(*)
,089
,000
-,81
-,32
Parente
,344
,178
,301
-,14
,83
Relacionamento
romântico não estável
Amigo
,159
,151
,830
-,25
,57
Amor Platônico ou ex
-,055
,122
,991
-,39
,28
Relacionamento
romântico estável
-,620(*)
,108
,000
-,92
-,32
Parente
,289
,188
,541
-,23
,80
Relacionamento
romântico estável
Amigo
,779(*)
,125
,000
,44
1,12
Amor Platônico ou ex
,565(*)
,089
,000
,32
,81
Relacionamento
romântico não estável
,620(*)
,108
,000
,32
,92
Parente
,909(*)
,169
,000
,45
1,37
Parente
Amigo
-,130
,199
,966
-,67
,41
Amor Platônico ou ex
-,344
,178
,301
-,83
,14
Relacionamento
romântico não estável
-,289
,188
,541
-,80
,23
Relacionamento
romântico estável
-,909(*)
,169
,000
-1,37
-,45
LAS_Agape
Amigo
Amor Platônico ou ex
-,152
,166
,892
-,61
,30
Relacionamento
romântico não estável
,124
,183
,961
-,38
,62
Relacionamento
romântico estável
-,544(*)
,151
,003
-,96
-,13
Parente
,067
,249
,999
-,62
,75
Amor Platônico ou ex
Amigo
,152
,166
,892
-,30
,61
Relacionamento
romântico não estável
,276
,149
,348
-,13
,68
Relacionamento
romântico estável
-,392(*)
,109
,003
-,69
-,09
Parente
,218
,226
,870
-,40
,84
Relacionamento
romântico não estável
Amigo
-,124
,183
,961
-,62
,38
Amor Platônico ou ex
-,276
,149
,348
-,68
,13
Relacionamento
romântico estável
-,668(*)
,133
,000
-1,03
-,30
Parente
-,057
,238
,999
-,71
,60
Relacionamento
romântico estável
Amigo
,544(*)
,151
,003
,13
,96
Amor Platônico ou ex
,392(*)
,109
,003
,09
,69
Relacionamento
romântico não estável
,668(*)
,133
,000
,30
1,03
Parente
,611(*)
,215
,038
,02
1,20
Parente
Amigo
-,067
,249
,999
-,75
,62
Amor Platônico ou ex
-,218
,226
,870
-,84
,40
Relacionamento
romântico não estável
,057
,238
,999
-,60
,71
Amor 147
(I)
(J)
Diferença
de médias
(I-J)
Erro
padrão
p
Intervalo de
confiança (95%)
Limite
inferior
Limite
superior
Relacionamento
romântico estável
-,611(*)
,215
,038
-1,20
-,02
LAS_Mania
Amigo
Amor Platônico ou ex
-,074
,158
,990
-,51
,36
Relacionamento
romântico não estável
,169
,174
,868
-,31
,64
Relacionamento
romântico estável
,137
,144
,874
-,26
,53
Parente
,008
,238
1,00
-,64
,66
Amor Platônico ou ex
Amigo
,074
,158
,990
-,36
,51
Relacionamento
romântico não estável
,243
,143
,437
-,15
,63
Relacionamento
romântico estável
,211
,104
,256
-,07
,50
Parente
,082
,217
,996
-,51
,68
Relacionamento
romântico não estável
Amigo
-,169
,174
,868
-,64
,31
Amor Platônico ou ex
-,243
,143
,437
-,63
,15
Relacionamento
romântico estável
-,031
,127
,999
-,38
,32
Parente
-,160
,228
,956
-,79
,47
Relacionamento
romântico estável
Amigo
-,137
,144
,874
-,53
,26
Amor Platônico ou ex
-,211
,104
,256
-,50
,07
Relacionamento
romântico não estável
,031
,127
,999
-,32
,38
Parente
-,129
,206
,971
-,69
,44
Parente
Amigo
-,008
,238
1,00
-,66
,64
Amor Platônico ou ex
-,082
,217
,996
-,68
,51
Relacionamento
romântico não estável
,160
,228
,956
-,47
,79
Relacionamento
romântico estável
,129
,206
,971
-,44
,69
LAS_Pragma
Amigo
Amor Platônico ou ex
-,066
,160
,994
-,51
,37
Relacionamento
romântico não estável
,049
,176
,999
-,43
,53
Relacionamento
romântico estável
,058
,146
,995
-,34
,46
Parente
-,115
,241
,990
-,78
,55
Amor Platônico ou ex
Amigo
,066
,160
,994
-,37
,51
Relacionamento
romântico não estável
,115
,145
,933
-,28
,51
Relacionamento
romântico estável
,125
,106
,764
-,17
,41
Parente
-,048
,220
,999
-,65
,55
Relacionamento
romântico não estável
Amigo
-,049
,176
,999
-,53
,43
Amor Platônico ou ex
-,115
,145
,933
-,51
,28
Relacionamento
romântico estável
,010
,129
1,00
-,34
,36
Parente
-,163
,232
,955
-,80
,47
Relacionamento
romântico estável
Amigo
-,058
,146
,995
-,46
,34
Amor Platônico ou ex
-,125
,106
,764
-,41
,17
Amor 148
(I)
(J)
Diferença
de médias
(I-J)
Erro
padrão
p
Intervalo de
confiança (95%)
Limite
inferior
Limite
superior
Relacionamento
romântico não estável
-,010
,129
1,00
-,36
,34
Parente
-,173
,209
,922
-,75
,40
Parente
Amigo
,115
,241
,990
-,55
,78
Amor Platônico ou ex
,048
,220
,999
-,55
,65
Relacionamento
romântico não estável
,163
,232
,955
-,47
,80
Relacionamento
romântico estável
,173
,209
,922
-,40
,75
LAS_Storge
Amigo
Amor Platônico ou ex
,107
,155
,959
-,32
,53
Relacionamento
romântico não estável
,073
,170
,993
-,39
,54
Relacionamento
romântico estável
,160
,141
,787
-,23
,55
Parente
,063
,230
,999
-,57
,69
Amor Platônico ou ex
Amigo
-,107
,155
,959
-,53
,32
Relacionamento
romântico não estável
-,033
,140
,999
-,42
,35
Relacionamento
romântico estável
,053
,102
,985
-,23
,33
Parente
-,044
,208
1,00
-,61
,53
Relacionamento
romântico não estável
Amigo
-,073
,170
,993
-,54
,39
Amor Platônico ou ex
,033
,140
,999
-,35
,42
Relacionamento
romântico estável
,087
,124
,956
-,25
,43
Parente
-,011
,219
1,00
-,61
,59
Relacionamento
romântico estável
Amigo
-,160
,141
,787
-,55
,23
Amor Platônico ou ex
-,053
,102
,985
-,33
,23
Relacionamento
romântico não estável
-,087
,124
,956
-,43
,25
Parente
-,097
,198
,988
-,64
,44
Parente
Amigo
-,063
,230
,999
-,69
,57
Amor Platônico ou ex
,044
,208
1,00
-,53
,61
Relacionamento
romântico não estável
,011
,219
1,00
-,59
,61
Relacionamento
romântico estável
,097
,198
,988
-,44
,64
LAS_Ludus
Amigo
Amor Platônico ou
ex
,275
,149
,351
-,13
,68
Relacionamento
romântico não
estável
-,242
,164
,579
-,69
,21
Relacionamento
romântico estável
,492(*)
,136
,003
,12
,86
Parente
,088
,225
,995
-,53
,70
Amor Platônico ou ex
Amigo
-,275
,149
,351
-,68
,13
Relacionamento
romântico não
estável
-,517(*)
,135
,001
-,89
-,15
Relacionamento
romântico estável
,217
,098
,179
-,05
,49
Parente
-,188
,205
,891
-,75
,37
Amor 149
(I)
(J)
Diferença
de médias
(I-J)
Erro
padrão
p
Intervalo de
confiança (95%)
Limite
inferior
Limite
superior
Relacionamento romântico
não estável
Amigo
,242
,164
,579
-,21
,69
Amor Platônico ou
ex
,517(*)
,135
,001
,15
,89
Relacionamento
romântico estável
,734(*)
,119
,000
,41
1,06
Parente
,330
,216
,545
-,26
,92
Relacionamento romântico
estável
Amigo
-,492(*)
,136
,003
-,86
-,12
Amor Platônico ou
ex
-,217
,098
,179
-,49
,05
Relacionamento
romântico não
estável
-,734(*)
,119
,000
-1,06
-,41
Parente
-,404
,195
,235
-,94
,13
Parente
Amigo
-,088
,225
,995
-,70
,53
Amor Platônico ou
ex
,188
,205
,891
-,37
,75
Relacionamento
romântico não
estável
-,330
,216
,545
-,92
,26
Relacionamento
romântico estável
,404
,195
,235
-,13
,94
Teste post hoc Tukey HSD
* diferença entre medias significativa (p < 0,05).
Tabela F2.
Teste post hoc nas escalas por tipo de relacionamento (sexo feminino)
(I)
(J)
Diferença
de médias
(I-J)
Erro
padrão
p
Intervalo de
confiança (95%)
Limite
inferior
Limite
superior
RelAS_total
Amigo
Amor Platônico ou ex
,656(*)
,156
,000
,23
1,08
Relacionamento
romântico não estável
,415
,171
,109
-,05
,88
Relacionamento
romântico estável
-,964(*)
,142
,000
-1,35
-,58
Parente
-1,275(*)
,210
,000
-1,85
-,70
Amor Platônico ou ex
Amigo
-,656(*)
,156
,000
-1,08
-,23
Relacionamento
romântico não estável
-,241
,130
,343
-,60
,11
Relacionamento
romântico estável
-1,620(*)
,089
,000
-1,86
-1,38
Parente
-1,931(*)
,178
,000
-2,42
-1,44
Relacionamento
romântico não estável
Amigo
-,415
,171
,109
-,88
,05
Amor Platônico ou ex
,241
,130
,343
-,11
,60
Relacionamento
romântico estável
-1,379(*)
,113
,000
-1,69
-1,07
Parente
-1,690(*)
,192
,000
-2,21
-1,17
Amor 150
(I)
(J)
Diferença
de médias
(I-J)
Erro
padrão
p
Intervalo de
confiança (95%)
Limite
inferior
Limite
superior
Relacionamento
romântico estável
Amigo
,964(*)
,142
,000
,58
1,35
Amor Platônico ou ex
1,620(*)
,089
,000
1,38
1,86
Relacionamento
romântico não estável
1,379(*)
,113
,000
1,07
1,69
Parente
-,310
,167
,338
-,77
,14
Parente
Amigo
1,275(*)
,210
,000
,70
1,85
Amor Platônico ou ex
1,931(*)
,178
,000
1,44
2,42
Relacionamento
romântico não estável
1,690(*)
,192
,000
1,17
2,21
Relacionamento
romântico estável
,310
,167
,338
-,14
,77
ETAS-R_Intimidade
Amigo
Amor Platônico ou ex
,994(*)
,238
,000
,34
1,64
Relacionamento
romântico não estável
,407
,262
,527
-,31
1,12
Relacionamento
romântico estável
-1,191(*)
,218
,000
-1,79
-,60
Parente
-1,428(*)
,319
,000
-2,30
-,56
Amor Platônico ou ex
Amigo
-,994(*)
,238
,000
-1,64
-,34
Relacionamento
romântico não estável
-,586(*)
,199
,027
-1,13
-,04
Relacionamento
romântico estável
-2,185(*)
,135
,000
-2,55
-1,82
Parente
-2,422(*)
,270
,000
-3,16
-1,68
Relacionamento
romântico não estável
Amigo
-,407
,262
,527
-1,12
,31
Amor Platônico ou ex
,586(*)
,199
,027
,04
1,13
Relacionamento
romântico estável
-1,599(*)
,174
,000
-2,07
-1,12
Parente
-1,836(*)
,291
,000
-2,63
-1,04
Relacionamento
romântico estável
Amigo
1,191(*)
,218
,000
,60
1,79
Amor Platônico ou ex
2,185(*)
,135
,000
1,82
2,55
Relacionamento
romântico não estável
1,599(*)
,174
,000
1,12
2,07
Parente
-,237
,252
,881
-,93
,45
Parente
Amigo
1,428(*)
,319
,000
,56
2,30
Amor Platônico ou ex
2,422(*)
,270
,000
1,68
3,16
Relacionamento
romântico não estável
1,836(*)
,291
,000
1,04
2,63
Relacionamento
romântico estável
,237
,252
,881
-,45
,93
ETAS-R_Paixão
Amigo
Amor Platônico ou ex
-,849(*)
,246
,005
-1,52
-,18
Relacionamento
romântico não estável
-1,620(*)
,271
,000
-2,36
-,88
Relacionamento
romântico estável
-2,037(*)
,225
,000
-2,65
-1,42
Parente
,602
,337
,381
-,32
1,52
Amor Platônico ou ex
Amigo
,849(*)
,246
,005
,18
1,52
Relacionamento
romântico não estável
-,770(*)
,206
,002
-1,33
-,21
Relacionamento
romântico estável
-1,188(*)
,140
,000
-1,57
-,81
Parente
1,452(*)
,287
,000
,67
2,24
Amor 151
(I)
(J)
Diferença
de médias
(I-J)
Erro
padrão
p
Intervalo de
confiança (95%)
Limite
inferior
Limite
superior
Relacionamento
romântico não estável
Amigo
1,620(*)
,271
,000
,88
2,36
Amor Platônico ou ex
,770(*)
,206
,002
,21
1,33
Relacionamento
romântico estável
-,417
,180
,139
-,91
,07
Parente
2,222(*)
,309
,000
1,38
3,07
Relacionamento
romântico estável
Amigo
2,037(*)
,225
,000
1,42
2,65
Amor Platônico ou ex
1,188(*)
,140
,000
,81
1,57
Relacionamento
romântico não estável
,417
,180
,139
-,07
,91
Parente
2,639(*)
,269
,000
1,90
3,37
Parente
Amigo
-,602
,337
,381
-1,52
,32
Amor Platônico ou ex
-1,452(*)
,287
,000
-2,24
-,67
Relacionamento
romântico não estável
-2,222(*)
,309
,000
-3,07
-1,38
Relacionamento
romântico estável
-2,639(*)
,269
,000
-3,37
-1,90
ETAS-R_Dec./Compr.
Amigo
Amor Platônico ou ex
1,081(*)
,268
,001
,35
1,81
Relacionamento
romântico não estável
,616
,295
,226
-,19
1,42
Relacionamento
romântico estável
-1,857(*)
,245
,000
-2,53
-1,19
Parente
-2,901(*)
,359
,000
-3,88
-1,92
Amor Platônico ou ex
Amigo
-1,081(*)
,268
,001
-1,81
-,35
Relacionamento
romântico não estável
-,466
,224
,229
-1,08
,15
Relacionamento
romântico estável
-2,938(*)
,152
,000
-3,35
-2,52
Parente
-3,982(*)
,303
,000
-4,81
-3,15
Relacionamento
romântico não estável
Amigo
-,616
,295
,226
-1,42
,19
Amor Platônico ou ex
,466
,224
,229
-,15
1,08
Relacionamento
romântico estável
-2,473(*)
,196
,000
-3,01
-1,94
Parente
-3,516(*)
,328
,000
-4,41
-2,62
Relacionamento
romântico estável
Amigo
1,857(*)
,245
,000
1,19
2,53
Amor Platônico ou ex
2,938(*)
,152
,000
2,52
3,35
Relacionamento
romântico não estável
2,473(*)
,196
,000
1,94
3,01
Parente
-1,044(*)
,283
,002
-1,82
-,27
Parente
Amigo
2,901(*)
,359
,000
1,92
3,88
Amor Platônico ou ex
3,982(*)
,303
,000
3,15
4,81
Relacionamento
romântico não estável
3,516(*)
,328
,000
2,62
4,41
Relacionamento
romântico estável
1,044(*)
,283
,002
,27
1,82
ETAS-R_Amor
Amigo
Amor Platônico ou ex
,455
,209
,187
-,11
1,03
Relacionamento
romântico não estável
-,126
,230
,982
-,75
,50
Relacionamento
romântico estável
-1,679(*)
,191
,000
-2,20
-1,16
Parente
-1,429(*)
,280
,000
-2,19
-,66
Amor 152
(I)
(J)
Diferença
de médias
(I-J)
Erro
padrão
p
Intervalo de
confiança (95%)
Limite
inferior
Limite
superior
Amor Platônico ou ex
Amigo
-,455
,209
,187
-1,03
,11
Relacionamento
romântico não estável
-,582(*)
,174
,008
-1,06
-,11
Relacionamento
romântico estável
-2,134(*)
,118
,000
-2,46
-1,81
Parente
-1,884(*)
,237
,000
-2,53
-1,24
Relacionamento
romântico não estável
Amigo
,126
,230
,982
-,50
,75
Amor Platônico ou ex
,582(*)
,174
,008
,11
1,06
Relacionamento
romântico estável
-1,552(*)
,153
,000
-1,97
-1,14
Parente
-1,302(*)
,255
,000
-2,00
-,60
Relacionamento
romântico estável
Amigo
1,679(*)
,191
,000
1,16
2,20
Amor Platônico ou ex
2,134(*)
,118
,000
1,81
2,46
Relacionamento
romântico não estável
1,552(*)
,153
,000
1,14
1,97
Parente
,250
,221
,790
-,35
,85
Parente
Amigo
1,429(*)
,280
,000
,66
2,19
Amor Platônico ou ex
1,884(*)
,237
,000
1,24
2,53
Relacionamento
romântico não estável
1,302(*)
,255
,000
,60
2,00
Relacionamento
romântico estável
-,250
,221
,790
-,85
,35
LAS_Eros
Amigo
Amor Platônico ou ex
-,112
,105
,823
-,40
,17
Relacionamento
romântico não estável
-,211
,115
,353
-,53
,10
Relacionamento
romântico estável
-,603(*)
,096
,000
-,86
-,34
Parente
,339
,148
,146
-,06
,74
Amor Platônico ou ex
Amigo
,112
,105
,823
-,17
,40
Relacionamento
romântico não estável
-,100
,087
,781
-,34
,14
Relacionamento
romântico estável
-,492(*)
,059
,000
-,65
-,33
Parente
,451(*)
,127
,004
,10
,80
Relacionamento
romântico não estável
Amigo
,211
,115
,353
-,10
,53
Amor Platônico ou ex
,100
,087
,781
-,14
,34
Relacionamento
romântico estável
-,392(*)
,076
,000
-,60
-,18
Parente
,551(*)
,136
,001
,18
,92
Relacionamento
romântico estável
Amigo
,603(*)
,096
,000
,34
,86
Amor Platônico ou ex
,492(*)
,059
,000
,33
,65
Relacionamento
romântico não estável
,392(*)
,076
,000
,18
,60
Parente
,943(*)
,120
,000
,62
1,27
Parente
Amigo
-,339
,148
,146
-,74
,06
Amor Platônico ou ex
-,451(*)
,127
,004
-,80
-,10
Relacionamento
romântico não estável
-,551(*)
,136
,001
-,92
-,18
Relacionamento
romântico estável
-,943(*)
,120
,000
-1,27
-,62
LAS_Agape
Amor 153
(I)
(J)
Diferença
de médias
(I-J)
Erro
padrão
p
Intervalo de
confiança (95%)
Limite
inferior
Limite
superior
Amigo
Amor Platônico ou ex
,135
,133
,849
-,23
,50
Relacionamento
romântico não estável
,278
,146
,318
-,12
,68
Relacionamento
romântico estável
-,237
,122
,294
-,57
,10
Parente
-,091
,189
,989
-,61
,42
Amor Platônico ou ex
Amigo
-,135
,133
,849
-,50
,23
Relacionamento
romântico não estável
,143
,111
,695
-,16
,45
Relacionamento
romântico estável
-,372(*)
,075
,000
-,58
-,17
Parente
-,226
,162
,632
-,67
,22
Relacionamento
romântico não estável
Amigo
-,278
,146
,318
-,68
,12
Amor Platônico ou ex
-,143
,111
,695
-,45
,16
Relacionamento
romântico estável
-,515(*)
,097
,000
-,78
-,25
Parente
-,369
,173
,208
-,84
,10
Relacionamento
romântico estável
Amigo
,237
,122
,294
-,10
,57
Amor Platônico ou ex
,372(*)
,075
,000
,17
,58
Relacionamento
romântico não estável
,515(*)
,097
,000
,25
,78
Parente
,146
,153
,876
-,27
,56
Parente
Amigo
,091
,189
,989
-,42
,61
Amor Platônico ou ex
,226
,162
,632
-,22
,67
Relacionamento
romântico não estável
,369
,173
,208
-,10
,84
Relacionamento
romântico estável
-,146
,153
,876
-,56
,27
LAS_Mania
Amigo
Amor Platônico ou ex
-,243
,129
,322
-,59
,11
Relacionamento
romântico não estável
-,170
,141
,748
-,56
,22
Relacionamento
romântico estável
-,133
,118
,788
-,45
,19
Parente
,196
,178
,805
-,29
,68
Amor Platônico ou ex
Amigo
,243
,129
,322
-,11
,59
Relacionamento
romântico não estável
,073
,107
,960
-,22
,36
Relacionamento
romântico estável
,110
,072
,552
-,09
,31
Parente
,439(*)
,151
,031
,03
,85
Relacionamento
romântico não estável
Amigo
,170
,141
,748
-,22
,56
Amor Platônico ou ex
-,073
,107
,960
-,36
,22
Relacionamento
romântico estável
,037
,093
,995
-,22
,29
Parente
,366
,162
,161
-,08
,81
Relacionamento
romântico estável
Amigo
,133
,118
,788
-,19
,45
Amor Platônico ou ex
-,110
,072
,552
-,31
,09
Relacionamento
romântico não estável
-,037
,093
,995
-,29
,22
Parente
,329
,142
,141
-,06
,72
Parente
Amigo
-,196
,178
,805
-,68
,29
Amor 154
(I)
(J)
Diferença
de médias
(I-J)
Erro
padrão
p
Intervalo de
confiança (95%)
Limite
inferior
Limite
superior
Amor Platônico ou ex
-,439(*)
,151
,031
-,85
-,03
Relacionamento
romântico não estável
-,366
,162
,161
-,81
,08
Relacionamento
romântico estável
-,329
,142
,141
-,72
,06
LAS_Pragma
Amigo
Amor Platônico ou ex
-,117
,124
,878
-,46
,22
Relacionamento
romântico não estável
-,049
,136
,997
-,42
,32
Relacionamento
romântico estável
,095
,113
,920
-,22
,40
Parente
-,165
,171
,873
-,63
,30
Amor Platônico ou ex
Amigo
,117
,124
,878
-,22
,46
Relacionamento
romântico não estável
,069
,103
,963
-,21
,35
Relacionamento
romântico estável
,212(*)
,070
,021
,02
,40
Parente
-,047
,146
,998
-,45
,35
Relacionamento
romântico não estável
Amigo
,049
,136
,997
-,32
,42
Amor Platônico ou ex
-,069
,103
,963
-,35
,21
Relacionamento
romântico estável
,143
,090
,502
-,10
,39
Parente
-,116
,157
,947
-,54
,31
Relacionamento
romântico estável
Amigo
-,095
,113
,920
-,40
,22
Amor Platônico ou ex
-,212(*)
,070
,021
-,40
-,02
Relacionamento
romântico não estável
-,143
,090
,502
-,39
,10
Parente
-,259
,137
,325
-,63
,12
Parente
Amigo
,165
,171
,873
-,30
,63
Amor Platônico ou ex
,047
,146
,998
-,35
,45
Relacionamento
romântico não estável
,116
,157
,947
-,31
,54
Relacionamento
romântico estável
,259
,137
,325
-,12
,63
LAS_Storge
Amigo
Amor Platônico ou ex
,314
,119
,064
-,01
,64
Relacionamento
romântico não estável
,222
,131
,436
-,14
,58
Relacionamento
romântico estável
,447(*)
,109
,000
,15
,74
Parente
,051
,165
,998
-,40
,50
Amor Platônico ou ex
Amigo
-,314
,119
,064
-,64
,01
Relacionamento
romântico não estável
-,092
,099
,888
-,36
,18
Relacionamento
romântico estável
,133
,067
,275
-,05
,32
Parente
-,263
,141
,336
-,65
,12
Relacionamento
romântico não estável
Amigo
-,222
,131
,436
-,58
,14
Amor Platônico ou ex
,092
,099
,888
-,18
,36
Relacionamento
romântico estável
,224
,087
,074
-,01
,46
Parente
-,172
,151
,789
-,59
,24
Amor 155
(I)
(J)
Diferença
de médias
(I-J)
Erro
padrão
p
Intervalo de
confiança (95%)
Limite
inferior
Limite
superior
Relacionamento
romântico estável
Amigo
-,447(*)
,109
,000
-,74
-,15
Amor Platônico ou ex
-,133
,067
,275
-,32
,05
Relacionamento
romântico não estável
-,224
,087
,074
-,46
,01
Parente
-,396(*)
,133
,024
-,76
-,03
Parente
Amigo
-,051
,165
,998
-,50
,40
Amor Platônico ou ex
,263
,141
,336
-,12
,65
Relacionamento
romântico não estável
,172
,151
,789
-,24
,59
Relacionamento
romântico estável
,396(*)
,133
,024
,03
,76
LAS_Ludus
Amigo
Amor Platônico ou
ex
-,149
,106
,625
-,44
,14
Relacionamento
romântico não
estável
-,359(*)
,117
,018
-,68
-,04
Relacionamento
romântico estável
,188
,098
,301
-,08
,46
Parente
-,173
,150
,778
-,58
,24
Amor Platônico ou ex
Amigo
,149
,106
,625
-,14
,44
Relacionamento
romântico não
estável
-,209
,087
,117
-,45
,03
Relacionamento
romântico estável
,338(*)
,059
,000
,18
,50
Parente
-,024
,129
1,00
-,38
,33
Relacionamento romântico
não estável
Amigo
,359(*)
,117
,018
,04
,68
Amor Platônico ou
ex
,209
,087
,117
-,03
,45
Relacionamento
romântico estável
,547(*)
,076
,000
,34
,76
Parente
,186
,138
,661
-,19
,56
Relacionamento romântico
estável
Amigo
-,188
,098
,301
-,46
,08
Amor Platônico ou
ex
-,338(*)
,059
,000
-,50
-,18
Relacionamento
romântico não
estável
-,547(*)
,076
,000
-,76
-,34
Parente
-,362(*)
,122
,025
-,69
-,03
Parente
Amigo
,173
,150
,778
-,24
,58
Amor Platônico ou
ex
,024
,129
1,00
-,33
,38
Relacionamento
romântico não
estável
-,186
,138
,661
-,56
,19
Relacionamento
romântico estável
,362(*)
,122
,025
,03
,69
Teste post hoc Tukey HSD.
* diferença entre medias significativa (p < 0,05).
Amor 156
ANEXO G. ANOVAS fatoriais referentes à Tabela 33
Variável Dependente: RelAS
Fonte de Variação
Soma quadrática tipo III
gl
Média Quadrática
F
p
Modelo corrigido
666,252(a)
9
74,028
67,232
0,000
Intercepto
15625,291
1
15625,291
14190,833
0,000
Tipo de relacionamento
531,010
4
132,753
120,565
0,000
Sexo
3,357
1
3,357
3,049
0,081
Interação
11,127
4
2,782
2,526
0,039
Resíduo
1596,571
1450
1,101
Total
40069,988
1460
Total corrigido
2262,823
1459
a R
2
= 0,294 (R
2
ajustado = 0,290)
Variável Dependente: ETAS-R_Intimidade
Soma quadrática tipo III
gl
Média Quadrática
F
p
Modelo corrigido
1122,573(a)
9
124,730
46,225
0,000
Intercepto
28177,410
1
28177,410
10442,579
0,000
Tipo de relacionamento
883,583
4
220,896
81,864
0,000
Sexo
1,071
1
1,071
0,397
0,529
Interação
31,168
4
7,792
2,888
0,021
Resíduo
3912,563
1450
2,698
Total
74472,418
1460
Total corrigido
5035,136
1459
a R
2
= 0,223 (R
2
ajustado = 0,218)
Variável Dependente: ETAS-R_Paixão
Fonte de Variação
Soma quadrática tipo III
gl
Média Quadrática
F
p
Modelo corrigido
846,649(a)
9
94,072
34,700
0,000
Intercepto
25658,750
1
25658,750
9464,525
0,000
Tipo de relacionamento
701,082
4
175,270
64,651
0,000
Sexo
,096
1
0,096
0,035
0,851
Interação
47,527
4
11,882
4,383
0,002
Resíduo
3922,882
1447
2,711
Total
77077,074
1457
Total corrigido
4769,530
1456
a R
2
= 0,178 (R
2
ajustado = 0,172)
Variável Dependente: ETAS-R_Decisão/Compromisso
Fonte de Variação
Soma quadrática tipo III
gl
Média Quadrática
F
p
Modelo corrigido
2355,747(a)
9
261,750
78,625
0,000
Intercepto
21887,075
1
21887,075
6574,452
0,000
Tipo de relacionamento
1907,196
4
476,799
143,221
0,000
Sexo
1,698
1
1,698
0,510
0,475
Interação
42,186
4
10,546
3,168
0,013
Resíduo
4827,209
1450
3,329
Total
61656,579
1460
Total corrigido
7182,956
1459
a R
2
= 0,328 (R
2
ajustado = 0,324)
Amor 157
Variável Dependente: ETAS-R_Amor
Fonte de Variação
Soma quadrática tipo III
gl
Média Quadrática
F
p
Modelo corrigido
1097,632(a)
9
121,959
59,220
0,000
Intercepto
25324,963
1
25324,963
12297,143
0,000
Tipo de relacionamento
867,929
4
216,982
105,361
0,000
Sexo
,001
1
0,001
0,001
0,981
Interação
30,957
4
7,739
3,758
0,005
Resíduo
2986,157
1450
2,059
Total
69001,028
1460
Total corrigido
4083,788
1459
a R
2
= 0,269 (R
2
ajustado = 0,264)
Variável Dependente: LAS_Eros
Fonte de Variação
Soma quadrática tipo III
gl
Média Quadrática
F
p
Modelo corrigido
125,279(a)
9
13,920
27,053
0,000
Intercepto
7322,334
1
7322,334
14230,880
0,000
Tipo de relacionamento
114,842
4
28,710
55,798
0,000
Sexo
,139
1
0,139
0,270
0,604
Interação
2,103
4
0,526
1,022
0,395
Resíduo
729,615
1418
0,515
Total
20818,816
1428
Total corrigido
854,894
1427
a R
2
= 0,147 (R
2
ajustado = 0,141)
Variável Dependente: LAS_Agape
Fonte de Variação
Soma quadrática tipo III
gl
Média Quadrática
F
p
Modelo corrigido
140,838(a)
9
15,649
19,551
0,000
Intercepto
4784,013
1
4784,013
5976,855
0,000
Tipo de relacionamento
62,287
4
15,572
19,454
0,000
Sexo
24,135
1
24,135
30,152
0,000
Interação
4,526
4
1,132
1,414
0,227
Resíduo
1117,391
1396
0,800
Total
13187,902
1406
Total corrigido
1258,229
1405
a R
2
= 0,112 (R
2
ajustado = 0,106)
Variável Dependente: LAS_Mania
Fonte de Variação
Soma quadrática tipo III
gl
Média Quadrática
F
p
Modelo corrigido
12,706(a)
9
1,412
1,903
0,048
Intercepto
4113,021
1
4113,021
5543,724
0,000
Tipo de relacionamento
6,024
4
1,506
2,030
0,088
Sexo
,164
1
0,164
0,221
0,638
Interação
4,429
4
1,107
1,492
0,202
Resíduo
1039,435
1401
0,742
Total
10997,391
1411
Total corrigido
1052,141
1410
a R
2
= 0,012 (R
2
ajustado = 0,006)
Amor 158
Variável Dependente: LAS_Pragma
Fonte de Variação
Soma quadrática tipo III
gl
Média Quadrática
F
p
Modelo corrigido
10,500(a)
9
1,167
1,634
0,101
Intercepto
5811,725
1
5811,725
8138,554
0,000
Tipo de relacionamento
6,699
4
1,675
2,345
0,053
Sexo
,865
1
0,865
1,211
0,271
Interação
,755
4
0,189
0,264
0,901
Resíduo
1002,594
1404
0,714
Total
14383,303
1414
Total corrigido
1013,093
1413
a R
2
= 0,010 (R
2
ajustado = 0,004)
Variável Dependente: LAS_Storge
Fonte de Variação
Soma quadrática tipo III
gl
Média Quadrática
F
p
Modelo corrigido
22,534(a)
9
2,504
3,751
0,000
Intercepto
7669,368
1
7669,368
11490,726
0,000
Tipo de relacionamento
11,593
4
2,898
4,342
0,002
Sexo
,014
1
0,014
0,020
0,886
Interação
2,861
4
0,715
1,072
0,369
Resíduo
946,430
1418
0,667
Total
17820,783
1428
Total corrigido
968,964
1427
a R
2
= 0,023 (R
2
ajustado = 0,017)
Variável Dependente: LAS_Ludus
Fonte de Variação
Soma quadrática tipo III
gl
Média Quadrática
F
p
Modelo corrigido
101,988(a)
9
11,332
20,399
0,000
Intercepto
3581,529
1
3581,529
6447,009
0,000
Tipo de relacionamento
60,293
4
15,073
27,133
0,000
Sexo
18,639
1
18,639
33,551
0,000
Interação
4,383
4
1,096
1,973
0,096
Resíduo
784,413
1412
0,556
Total
8086,177
1422
Total corrigido
886,402
1421
a R
2
= 0,115 (R
2
ajustado = 0,109)
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