SESMARIA
Cruzeiro, o Quilombo das Luzes
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política escravocrata, este culto e festa se
propagou por todo o Brasil. Após o 13
de maio de 1888, a igreja e o Estado, ante
o poderio adquirido pelas confrarias de
negros e pardos, cuidaram de extingui-
los, mudando os oragos de suas igrejas
e arremetendo o ímpeto da devoção e da
dança para outras festas e datas, a
exemplo da Festa do Divino, Santos Reis,
13 de Maio e para o ENTRUDO
(carnaval) que é uma festa européia
(DIONÍSIO, BACO E REI MOMO) Não se
sabe a razão (ou se sabe?), porém, no
Centro-oeste Mineiro, o Reinado continua
sendo a maior festa popular, não
obstante as investidas que, ainda hoje, o
poder constituído, por ignorância ou
má-fé, ainda faz com o fito de
extinguí-la ou desvirtuá-la. O Prof.
Waldemar de Almeida Barbosa
testemunha que os próprios brancos
são grandes devotos e têm se rebelado
todas as vezes que alguém ameaça a
acabar com a festa. Digo eu que esses
“brancos”, em sua maioria, têm sangue
negro a correr nas veias, mesmo os de
olhos azuis ou verdes e, é por isto, talvez
que a devoção seja tão arraigada. Minas
Gerais, a meu ver, tem o povo mais
miscigenado do Brasil; sofreu um
“branqueamento” natural e já antigo, e
não recebeu volumes de novos
imigrantes tão consideráveis como os
estados do sul e os litorâneos a partir
dos movimentos imigratórios do século
XIX.
REINAR MAL - Desconfiar; suspeitar.
REINOL - Português do reino, ou de
qualquer possessão, quando branco, e
não nascido no Brasil.
REIÚNA - Espingarda curta, de cano
largo e com sistema de pederneira.
REQUERIMENTO À CÂMARA DE VILA
RICA; “Responda o Procurador atual
deste Senado. Vila Rica, em Câmara de
19 de junho de 1748; Senhores do
Senado; Diz José Fernandes Preto que
ele está exercendo a ocupação de juiz
de vintena da Freguesia de Santo Antônio
do Ouro branco atualmente, com todo o
bom procedimento de que a dita
ocupação se faz credor; e porque se acha
findando a Provisão porque exerce a dita
ocupação, e para continuar nela carece
de nova provisão para esse efeito, pede a
V. Mercês lhe façam mercê de conceder-
lhe nova Provisão do dito ofício, na
forma do Estilo, por tempo de um ano. E
roga mercê”. (Cadernos de Arquivo-
1/APM - 1988).
RESPOSTA INJURIOSA: Parecer do
procurador do Senado sobre a petição
acima; Senhores do Senado; A qualidade
do sangue do suplicante, segundo ao que
parece, quase condiz com o nome,
porque se não é preto, é pardo, e como tal
não deve ser provido no requerimento,
porque devem ser homens brancos
capazes, que tenham respeito para bem
cumprirem as obrigações dos seus
ofícios, POR QUE DIZ A ORDENAÇÃO
que a mais votos se façam para este
ofício OS HOMENS BONS, E NÃO DA
QUALIDADE DO SUPLICANTE, pois não
é justo que os homens brancos sejam
presos por mulatos, SÓ SIM SENDO
CAPITÃES-DO-MATO; estes os motivos
por onde de nenhum modo convenho
neste requerimento, e do contrário
protesto não prejudicar os bens do
Conselho e menos ao bem público, e de
haver todo o prejuízo que causar por
quem de direito for: Vila Rica, 19 de
junho de 1748. O procurador do Senado:
Manoel de Abreu Guimarães”.
Cadernos de Arquivo-1/APM - 1988.
RIBEIRINHO - Negro fugido que não ia
para o mato longínquo e sim ficava nas
proximidades das casas, cafuas ou
senzalas, onde, geralmente à noite,
recebia comida e ajuda dos cativos ali
recolhidos.
RIO-RIO (1) - Psiu; silêncio!
RIRÁ (1) - Terra; cascalho.
RISCAR UNS CAMINHOS - Fazer mapa.
RISCO (S) - Mapa, planta, projeto.
RONCOIO - Roncolho; castrado.
ROSSEQUÊ (1) - Secar.
RUBUDO (1) - Moinho.
SÁ - Senhora. Em Minas Gerais, os
homens recebem o tratamento de “sô” e
as mulheres, de “sá”.
SAGRADOS INSTRUMENTOS DA PAIXÃO -
Os cruzeiros, no século XVIII, traziam
fixados em seu corpo e braços, os
pregos, a lança, martelo, escada entre
outros instrumentos utilizados no
suplício de Jesus Cristo; na época eram
chamados de martírios.
SAMBA (1) - Focinheira de bezerro;
Saquitel de pano ou cestilho de taquara
que se coloca à boca do bezerro ou
cabrito, para desmamá-los.
SANJUÊ (1) - Briga; barulho.