44 SOBRE O AMOR, PENSANDO SÉRIO...
Francisco Adua Esposito
É muito difícil definir como e quando ocorre a escolha e também é complicado
apontar exatamente o que a envolve.
Acreditamos que ela é exercida por um “bloco de dados de memória”, de
domínio setorial e territorial, predominantemente, de maneira inconsciente, com
padrões e formas pré-concebidas, numa determinada idade, levando em conta exemplos
vistos de perto, vivenciados como terceira pessoa, e/ou transmitidos através de
conversas, comentários, críticas, leituras, filmes ou situações imaginadas. “É a mulher
dos meus sonhos”, “minha alma gêmea”, “meu príncipe encantado”. Simplificando,
acreditamos que cada pessoa, durante a infância e a adolescência, variável para cada
ser, cultura, época, etc., constrói um “molde”, em sua mente, circunstancial e
involuntário, de acordo com o CISCAS (Componentes Inatos do Ser - Componentes
Adquiridos do Ser) como uma figura pré-desenhada, principalmente para o amor HM
(homem-mulher), que será aplicado a cada relacionamento.
Esse “bloco de dados de memória” e o CISCAS envolve, entre outras tantas
coisas, tipo físico, preferências, habilidades, modelos de temperamentos, diferentes
personalidades, hábitos, charmes, manhas e até desafios. Por exemplo: um determinado
gênero masculino deseja a mulher irreverente, a mulher fatal pelo desafio da conquista,
ou uma mulher tem tendência para se aproximar de um homem tímido e retraído que,
por experiência anterior, lhe agradou pela facilidade de domínio, etc.
Creio que tudo se passa como se fosse um número de sapato, por exemplo:
ele calça sapatos de número 40, jamais se dará bem com um modelo 39 (para baixo),
ou 41 (para cima); um irá machucar e o outro ficará solto no pé. Mas, entre os modelos
40, vários poderão satisfazer-lhe. Um determinado modelo com o salto mais baixo,
com o bico de tal modo, de tal cor e com tal forro, etc., poderá lhe ser melhor, lhe
causar conforto maior, etc. Nenhum modelo será absolutamente completo (chance
mínima em face das combinações e variáveis possíveis), mas um será melhor nisto e
pior naquilo, sempre. Eis porque acreditamos que esta frase: “ele é o amor de minha
vida, se não for ele, não serei feliz”, é falsa.
Entre cinco namoradas que “João” teve e amou, verdadeiramente, cada uma
era um “modelo de sapato” e, juntando as qualidades das cinco, ele ainda não estaria
satisfeito; se bem que ele, também, não é perfeito... Cada uma era especial em alguma
coisa: uma mais carinhosa, outra mais dedicada, outra mais inteligente, outra mais
divertida, etc.