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FACULDADE SANTA RITA - FASAR
MOTIVOS QUE LEVAM O HIPERTENSO A ABANDONAR O
TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO EM UMA UNIDADE DE
SAÚDE DA FAMÍLIA DO MUNICÍPIO DE BELO VALE, MINAS
GERAIS
CONSELHEIRO LAFAIETE
2009
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Cassiana Lúcia Coelho de Morais
Everton Elias Silva
Gabriela Cordeiro Moura
MOTIVOS QUE LEVAM O HIPERTENSO A ABANDONAR O
TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO EM UMA UNIDADE DE
SAÚDE DA FAMÍLIA DO MUNICÍPIO DE BELO VALE, MINAS
GERAIS
Monografia apresentada ao Curso de
Graduação em Enfermagem da Faculdade
Santa Rita FASAR, como requisito
parcial para a conclusão do curso.
Orientadora: Profª. Juliana Aparecida
Silva Andreza.
Co-orientadora: Jacqueline de Almeida
Gonçalves
CONSELHEIRO LAFAIETE
2
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2009
3
Dedicamos o presente
trabalho aos nossos familiares,
que sempre deram estímulo e
apoio para os nossos projetos
pessoais e profissionais.
AGRADECIMENTOS
A Deus, por tudo que nos deu e irá ainda proporcionar-nos;
Aos nossos familiares, que sempre estiveram disponíveis a nos atender e a nos
ajudar, quando necessário;
Aos professores da Faculdade Santa Rita FASAR, pelos exemplos que nos
transmitiram de sua experiência profissional;
De modo particular, à Professora Jacqueline de Almeida Gonçalves, a Professora
Juliana Aparecida Silva Andreza e a Drª Solange Perez Martins, pelo profissionalismo
quanto à orientação não das técnicas metodológico-científicas, mas também pelo
apoio e colaboração para a elaboração do presente trabalho;
A todos que, direta ou indiretamente, proporcionaram ajuda para que esta
monografia pudesse ser elaborada, em tempo hábil.
4
RESUMO
A hipertensão arterial é um expressivo problema de saúde pública enquanto fator
de risco para as doenças cardiovasculares, sendo considerada uma das principais causas
de mortalidade no Brasil. Este estudo tem como objetivo verificar os motivos do
abandono do seguimento terapêutico em uma coorte de pacientes em tratamento de
hipertensão arterial de um serviço de atenção primária à saúde. Para metodologia
optamos por uma pesquisa de campo, descritiva e de abordagem quantitativa, realizada
na ESF (zona urbana) do município de Belo Vale – MG. A casuística envolve um grupo
de 170 hipertensos cadastrados, cujo instrumento na coleta de dados, foi um
questionário com perguntas previamente formuladas pelo grupo, sendo preenchido pelo
paciente após a leitura e entendimento do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
na hora da entrevista. A amostra estudada apresentou predomínio do sexo feminino
(60%), média de 59 anos de idade, maioria de cor branca (48%), aposentados ou
pensionistas (30%), com baixa escolaridade e renda familiar de um a três salários-
mínimos (70,8%). Dentre os entrevistados, 46,67% eram tabagistas, 35% eram etilistas,
39,1% sedentários, 60,86% tinham hábitos alimentares inadequados e 74% tinham
conhecimento sobre HAS. A adesão ao tratamento para hipertensão arterial foi de 46%
quando se utilizou o autorelato pelo hipertenso. A adesão às recomendações não
medicamentosas foi de 72%, sendo que a redução da ingesta de sal obteve a melhor taxa
de adesão (26%), seguido pelo controle das dislipidemias e do diabetes mellitus
juntamente com o exercício físico regular que ambos com taxa de 18%, redução de peso
(16%), abandono ao tabagismo (12%) e redução do consumo de bebida alcoólica (10%).
Quanto à adesão medicamentosa, houve predomino dos indivíduos que usam associação
de dois medicamentos (34%), onde 66% referem receber todos os medicamentos pela
ESF. Foram levantados os fatores que interferem no tratamento e dentre eles, o que
obteve maior taxa foi a ausência dos sintomas (28%), seguidos por esquecimento
(22%), efeitos indesejáveis (16%), desconhecimento da doença (12%), necessidade de
várias doses diárias (11%), alto custo (8%) e dificuldade de compreensão (3%). Quanto
à relação entre a equipe de saúde e o paciente, houve maior predomínio daqueles que
relatam ter um ótimo relacionamento representado por 65%. Os resultados do estudo
apontam para a importância das ESFs no sucesso da adesão ao tratamento e do controle
da PA. Ressalta-se que o estímulo à educação em saúde e o bom relacionamento do
paciente com a equipe de saúde garantem o acesso contínuo aos medicamentos, a
periodicidade do atendimento e a acessibilidade às ESFs.
5
Palavras-chave: hipertensão arterial; abandono; atenção primária à saúde;
serviços de saúde
ABSTRACT
The Arterial Hypertension is a relevant public health problem as it is a risk
factor for cardiovascular diseases, the major cause of mortality in Brazil. This study
coorte of patients in treatment of arterial hypertension of a service of primary attention
to the health has as objective to verify the reasons of the abandonment of the
therapeutical pursuing in one. For methodology we opt to a field research, descriptive
and of quantitative boarding, carried through in the ESF (urban zone) of the city of Belo
Vale - MG. The casuistry involves a group of 170 registered in cadastre hypertension,
whose instrument in the collection of data, was a questionnaire with questions
previously formulated by the group, being filled by the patient after the reading and
agreement of the Term of Free and Clarified Assent in the hour of the interview. The
studied sample presented predominance of the feminine sex (60%), average of 59 years
of age, majority of white color (48%), pensioners or pensioners (30%), with low scholar
level and familiar income of one the three wage-minimums (70.8%). Amongst the
interviewed ones, 46.67% were tobacco users, 35% were alcohol users, sedentary
39.1%, 60.86% had inadequate alimentary habits and 74% had knowledge on HAS. The
adhesion to the treatment for arterial hypertension was of 46% when the autostory for
hypertension was used. The adhesion to the not medicines recommendations was of
72%, being that the reduction of the ingest of salt got the best tax of adhesion (26%),
followed for the control of the dyslipidemias and diabetes mellitus together with the
regular physical exercise that both with 18% tax, reduction of weight (16%),
abandonment to the tobaccoism (12%) and reduction of the alcoholic beverage
consumption (10%). How much to the medicines adhesion, it had I predominate of the
individuals that use association of two medicines (34%), where 66% relate to receive all
the medicines for the ESF. The factors had been raised that intervene with the treatment
and amongst them, what it got greater taxes was the absence of the symptoms (28%),
followed for forgetfulness (22%), effect undesirable (16%), unfamiliarity of the illness
(12%), necessity of some daily doses (11%), high cost (8%) and difficulty of
understanding (3%). How much to the relation the health team enters and the patient, it
had greater predominance of that tell to have an excellent represented relationship for
65%. The results of the study point with respect to the importance of the ESFs in the
success of the adhesion to the treatment and the control of the arterial pressure. It is
standed out that the stimulaton to the education in health and the good relationship of
the patient with the health team guarantee the continuous access to medicines, the
regularity of the attendance and the accessibility to the ESFs.
6
Key words: arterial hypertension; dropout; primary healthcare; healthcare
service
7
8
LISTA DE SIGLAS
AVE - ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO
ECA - ENZIMA CONVERSORA DA ANGIOTENSINA
ESF - ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA
HAS - HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTEMICA
HDL - LIPOPROTEÍNA DE ALTA DENSIDADE
ICC - INSUFICIENCIA CARDIACA CONGESTIVA
IMC - INDICE DE MASSA CORPÓREA
IRC - INSUFICIENCIA RENAL CRONICA
NaCl - CLORETO DE SÓDIO
OMS - ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE
PAD - PRESSÃO ARTERIAL DIASTÓLICA
PAS - PRESSÃO ARTERIAL SISTÓLICA
RCQ - RELAÇÃO CINTURA-QUADRIL
SBH - SOCIENDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSÃO
SUS - SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE
9
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Quadro 1 – Cálculo da Frequência Cardíaca Máxima..............................................41
Gráfico 1 – Distribuição dos Entrevistados por Sexo – Belo Vale, 2009..................50
Gráfico 2 – Distribuição dos Entrevistados por Raça – Belo Vale, 2009..................51
Gráfico 3 Distribuição da Frequência de Números de Medicamentos Utilizados
pelos Entrevistados Hipertensos – Belo Vale, 2009....................................................53
Gráfico 4 Frequência de Pacientes que Seguem o Tratamento para HAS Belo
Vale, 2009.......................................................................................................................53
Gráfico 5 – Distribuição da Conduta não Medicamentosa – Belo Vale, 2009.........54
Gráfico 6 Freqüência dos Motivos Referidos pelos Entrevistados de não seguir a
Terapêutica para HAS – Belo Vale, 2009....................................................................55
Gráfico 7 Distribuição da Frenquência do Relacionamentos com a Equipe
Muiltiprofissional – Belo Vale, 2009............................................................................56
10
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO..........................................................................................13
2 OBJETIVOS............................................................................................17
2.1 OBJETIVO GERAL....................................................................................17
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS.....................................................................17
3 REVISÃO DE LITERATURA..............................................................18
3.1 HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA.............................................18
3.1.1 FATORES DE RISCO MODIFICÁVEIS..................................20
3.1.1.1 DISLIPIDEMIAS...........................................................21
3.1.1.2 USO ABUSIVO DO SAL...............................................22
3.1.1.3 TABAGISMO E ETILISMO........................................22
3.1.1.4 ESTRESSE......................................................................24
3.1.1.5 OBESIDADE..................................................................25
3.1.1.6 SEDENTARISMO.........................................................26
3.1.2 FATORES DE RISCO NÃO MODIFICÁVEIS........................27
3.1.2.1 IDADE.............................................................................27
3.1.2.2 SEXO...............................................................................27
3.1.2.3 RAÇA..............................................................................28
3.2 OS FATORES DETERMINANTES DO TRATAMENTO
HIPERTENSIVO...............................................................................................28
3.3 ADESÃO AO TRATAMENTO DE HIPERTENSÃO ARTERIAL.......30
3.4 HIPERTENSÃO ARTERIAL E TRATAMENTO
MEDICAMENTOSO........................................................................................32
3.5 TRATAMENTO NÃO FARMACOLÓGICO DA HIPERTENSÃO
ARTERIAL........................................................................................................35
3.5.1 MUDANÇA DE ESTILO DE VIDA...........................................35
11
3.5.1.1 REDUÇÃO DE PESO...................................................37
3.5.1.2 REDUÇÃO NA INGESTA DE SAL / SÓDICO.........38
3.5.1.3 AUMENTO DA INGESTA DE POTÁSSIO...............39
3.5.1.4 REDUÇÃO DO CONSUMO DE BEBIDA
ALCOOLICA.............................................................................40
3.5.1.5 EXERCÍCIO FÍSICO REGULAR...............................40
3.5.1.6 ABANDONO AO TABAGISMO.................................42
3.5.1.7 CONTROLE DAS DISLIPIDEMIAS E DOS
DIABETES MELLITUS...........................................................42
3.6 HIPERTENSÃO ARTERIAL E A SAÚDE DA FAMÍLIA.....................44
4 CAUSUÍSTICA E MÉTODO................................................................46
4.1 TIPO DE ESTUDO......................................................................................46
4.2 LOCAL.........................................................................................................46
4.3 POPULAÇÃO..............................................................................................47
4.4 COLETA DE DADOS.................................................................................48
4.5 O INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS.......................................48
4.6 ASPECTOS ÉTICOS..................................................................................48
4.7 ANÁLISE DOS DADOS.............................................................................49
5 RESULTADO E DISCUSSÃO.............................................................50
5.1 DESCRIÇÃO DO PERFIL SÓCIO-DEMOGRÁFICO DOS
HIPERTENSOS ENTREVISTADOS..............................................................50
5.2 FATORES DE GRAVIDADE ASSOCIADOS À HIPERTENSÃO.......52
5.3 ADESÃO À TERAPÊUTICA MEDICAMENTOSA...............................52
5.4 ADESÃO À TERAPÊUTICA NÃO MEDICAMENTOSA.....................54
5.5 FATORES QUE INTERFEREM NO TRATAMENTO
MEDICAMENTOSO........................................................................................55
5.6 VARIÁVEL RELACIONADA AO SERVIÇO DE SAÚDE...................56
6 CONCLUSÃO.........................................................................................58
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.....................................................60
APÊNDICES..............................................................................................64
ANEXOS.....................................................................................................67
12
INTRODUÇÃO
A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) é uma situação clínica de natureza
multifatorial, caracterizada pela elevação da pressão arterial, presente mundialmente em
milhões de indivíduos (SBISSA, 1997).
A HAS é a mais freqüente das doenças cardiovasculares, constituindo o
principal fator de risco para as complicações como Acidente Vascular Encefálico
(AVE) e Infarto Agudo do Miocárdio (IAM), além da doença renal crônica terminal. No
Brasil, no ano de 2003 foi verificado que a incidência de óbitos relacionados com
doenças cardiovasculares foi de 27,4%, sendo o AVE a principal causa de morte, com a
maior prevalência em mulheres (V DIRETRIZES BRASILEIRAS DE HIPERTENSÃO
ARTERIAL, 2006).
Essas complicações relacionadas à HAS descontrolada contribuem para o
elevado ônus social e econômico destinado à saúde, uma vez que o tratamento
medicamentoso é utilizado para a redução dos níveis tensionais elevados.
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006).
No Brasil existem cerca de 17 milhões de portadores de HAS, sendo 35% da
população acima de 40 anos. Seu aparecimento está cada vez mais precoce e estima-se
que cerca de 4% das crianças e adolescentes também sejam portadoras, caracterizando
esta estatística de forma crescente. A carga de complicações representada pela
13
morbimortalidade devido à doença é elevada, destacando a Hipertensão Arterial como
um problema grave de saúde pública no Brasil e no mundo (MINISTERIO DA
SAÚDE, 2006).
A Organização Mundial de Saúde (2006), classifica a adesão ao tratamento
como sendo um fenômeno multidimensional determinado pela interação sistema e
equipe de saúde, fatores socioeconômicos, fatores relacionados ao tratamento, ao
paciente e à doença.
A maior dificuldade diagnóstica da Hipertensão Arterial ocorre devido à sua
instalação se apresentar de forma lenta e gradual, causando várias adaptações que não
trazem conseqüências clínicas imediatas, ou seja, podendo ser assintomática durante
anos. Em longo prazo, porém, quando não tratada adequadamente, implica em sérios
riscos de morbidade e mortalidade. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2003).
Uma vez diagnosticada, verifica-se a importância do tratamento, além dos
fatores de risco que a envolvem, antes do comprometimento direcionado aos órgãos
alvos. De acordo com os níveis tensionais e sua causa base, a hipertensão poderá ser
tratada partindo-se de medidas farmacológicas e não farmacológicas, a fim de evitar
conseqüências graves. Distúrbios emocionais, obesidade, ingestão excessiva de álcool,
sal e condimentos, além de fatores como café e tabaco contribuem para sua elevação,
assim como, fatores de cunho familiar (FISHER et al, 2002).
Por ser na maior parte do seu curso assintomática, seu diagnóstico e tratamento
podem ser freqüentemente negligenciados, ocorrendo uma baixa adesão por parte do
paciente. Estes são os principais fatores que determinam um controle muito baixo da
HAS aos níveis considerados normais em todo o mundo, a despeito dos diversos
protocolos e recomendações existentes e acesso gratuito a alguns medicamentos
(MINISTERIO DA SAÚDE, 2006).
14
Neste sentido uma das formas que fortemente esta sendo orientada pelos
especialistas para controlar esta doença se resume nas modificações de estilo de vida,
que são de fundamental importância no processo terapêutico e preventivo da
hipertensão.
Na mudança do estilo de vida incluem-se a alimentação adequada, sobretudo
quanto ao consumo de sal; controle do peso; prática de atividade física; não ao
tabagismo e ao uso de álcool. Estes são fatores de risco que devem ser adequadamente
abordados e controlados, sem que, apenas doses progressivas de medicamentos não
resultarão em níveis recomendados de pressão arterial (MINISTERIO DA SAÚDE,
2006).
Apesar dessas evidencias, hoje, incontestáveis, os fatores relacionados a hábitos
e estilos de vida continuam a crescer na sociedade levando a um aumento contínuo da
incidência e prevalência da HAS, assim como do seu controle inadequado. A despeito
da importância da abordagem individual, cada vez mais se comprova a necessidade da
abordagem coletiva para se obter resultados mais consistentes e duradouros dos fatores
que levam a hipertensão arterial, formando uma complementaridade (MINISTERIO DA
SAÚDE, 2006).
Evidencias suficiente demonstram que estratégias que visam modificações de
estilo de vida são mais eficazes quando aplicadas a um número maior de pessoas
geneticamente predispostas e a uma comunidade. Essa exposição coletiva tem um efeito
multiplicador quando alcançada por medidas populacionais de maior amplitude
(MINISTERIO DA SAÚDE, 2006).
A atenção coletiva é respaldada pelo Programa de Controle da HAS
desenvolvido na rede básica de saúde, que possui como um dos objetivos a redução do
índice de abandono do tratamento, através da educação a saúde.
15
Mesmo em comunidades que possuem este programa, existem múltiplos motivos
que podem dificultar a adesão ao tratamento, onde destacamos o esquecimento, o não
convencimento da necessidade de tomar a medicação por parte do doente, a
complexidade do tratamento, doses diárias do medicamento, o doente sente-se melhor e
acha que não precisa da medicação. Além disso, os efeitos secundários da medicação
são intoleráveis, reduzindo o interesse no tratamento e os familiares ou amigos propõem
parar a medicação porque o doente parece estar bem. Destacamos também a falta de
assistência de medicação em postos de saúde.
Diante do exposto, preocupa-se com os hipertensos da cidade de Belo Vale por
representarem alto índice de abandono ao tratamento de hipertensão na Estratégia Saúde
da Família (ESF).
16
2 OBJETIVOS
2.1 OBJETIVO GERAL
- Identificar o perfil dos clientes com hipertensão arterial sistêmica que
abandonam o tratamento, na Estratégia de Saúde da Família do município de
Belo Vale, Minas Gerais.
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
- Verificar a incidência de pacientes com hipertensão arterial sistêmica
cadastrados em uma Unidade Básica de Saúde que abandonam o tratamento.
- Identificar e analisar quais os fatores que interferem e levam os pacientes com
hipertensão arterial a não aderirem ao tratamento para controle da pressão
arterial.
17
3 REVISÃO DE LITERATURA
3.1 HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA
O envelhecimento da população mundial vem promovendo mudanças
anatômicas e fisiológicas nos órgãos e sistemas do corpo que, em conjunto, acarretam
redução do desempenho na idade avançada. A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) é
considerada importante fator de risco para o desenvolvimento de doenças vasculares
periféricas, retinopatia e neuropatias, se destacando como grande predisponente para o
desenvolvimento de Acidente Vascular Encefálico (AVE), Insuficiência Cardíaca
Congestiva (ICC) e Insuficiência Renal Crônica (IRC) (REIS, 2001).
De acordo com o III Consenso Brasileiro de Hipertensão (1998), a HAS foi
definida como síndrome caracterizada pela presença de níveis tensionais elevados,
associados a alterações metabólicas e hormonais, além de fenômenos tróficos como
hipertrofias cardíacas e vasculares, sendo, portanto, considerada uma entidade clínica
multifatorial.
A HAS pode ser classificada conforme sua causa base (tipo) ou segundo seus
níveis tensionais. De acordo com sua causa base, pode-se classificar a HA como
Primária ou Secundária. A primeira corresponde a 95% dos casos de HA, sendo
considerado um problema de saúde pública mundial, no qual os componentes genéticos
e ambientais se misturam num processo fisiológico (PEREIRA & KRIEGER, 2000). A
Hipertensão Secundária representa cerca de 5% dos casos, tendo como base, um
processo patológico pré existente ou até mesmo medicamentos com marcada ação
18
hipertensiva. De acordo com seu tipo, pode-se destacar ainda, a Hipertensão Isolada que
surge em conseqüência à perda da elasticidade da artéria aorta por seu processo natural
de envelhecimento ou pelo aumento do débito cardíaco (MINISTÉRIO DA SAÚDE,
2006).
A classificação da HAS de acordo com seus níveis tensionais foi relatada no III
Consenso Brasileiro de Hipertensão, realizado em 1998, que inclui os valores de
Pressão Arterial Sistólica (PAS) e Pressão Arterial Diastólica (PAD). A Organização
Mundial de Saúde (OMS) define como hipertenso, o indivíduo que sendo maior de 18
anos, apresente valores de PAS igual ou maior que 140 mmHg e PAD igual ou maior
que 90mmHg. Em relação às diretrizes da Sociedade Brasileira de Hipertensão (SBH,
2002), associada à Sociedade Brasileira de Cardiologia e Nefrologia, a pressão
considerada normal é aquela abaixo de 130 mmHg por 85 mmHg e diante da
classificação, admite-se como pressão arterial ideal, a condição em que o indivíduo
apresenta o menor risco cardiovascular, com níveis de PAS<120mmHg e
PAD<80mmHg (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006).
Sua incidência pode ser analisada e comparada com a idade, às pesquisas
realizadas, ao grupo étnico e às condições socioeconômicas, além de fatores de risco
que poderão estar associados. Os riscos de HAS aumentam com a idade,
comprometendo mais o sexo masculino entre 45 a 50 anos do que o sexo feminino. Este
último torna-se vulnerável a partir da menopausa, uma vez que os hormônios deixam de
atuar como fatores de proteção cardiovascular. No entanto, os homens negros têm
menos tolerância à doença e esta diferença entre os sexos está diminuindo recentemente
devido ao fato de que as mulheres estão desenvolvendo hábitos que até então, eram
somente masculinos e também pela utilização de pílulas anticoncepcionais que contribui
para o aumento das afecções cardiovasculares (FISHER et al, 2002).
19
Segundo Reis (2001), os sintomas da hipertensão arterial são sutis, pode-se dizer
até que são assintomáticos e quando aparecem, podem manifestar em forma de discreta
cefaléia, tontura e dispnéia. As avaliações clínicas e laboratoriais têm como objetivo
confirmar os níveis de pressão e também incluir ou descartar as causas secundárias. Um
exame físico completo é de fundamental importância e o tratamento será
individualizado podendo adotar ou não medidas farmacologias de acordo com os níveis
tensionais observados.
3.1.1 FATORES DE RISCO MODIFICÁVEIS
Dentre os fatores de risco para a hipertensão arterial destacamos aqueles não
modificáveis e que contribuem para o surgimento da hipertensão, sem possibilidades de
serem reduzidos (sexo, idade e raça) e os modificáveis, os quais através de ações de
autocuidado e com emprego de mudanças de estilo de vida, seguramente reduzem os
valores pressóricos da pressão arterial.
Segundo o III Consenso Brasileiro de Hipertensão Arterial (1998), alguns fatores
de risco modificáveis aumentam consideravelmente a morbidade e mortalidade da
pessoa portadora de hipertensão . Dentre eles, destacamos:
dislipidemias;
uso abusivo do sal;
tabagismo;
alcoolismo;
estresse;
obesidade;
sedentarismo.
20
3.1.1.1 DISLIPIDEMIAS
A hipercolesterolemia é um dos maiores fatores de risco cardiovascular. O nível
de colesterol total sérico deve ser mantido abaixo de 200mg/dl, com LDL Colesterol
(colesterol de baixa densidade) abaixo de 130mg/dl. O HDL Colesterol (colesterol de
alta densidade) baixo (inferior a 35mg/dl) pode aumentar em resposta à redução do
peso, à prática de exercícios físicos e à suspensão do hábito de fumar. A
hipertrigliceridemia (triglicerídeos > 200mg/dl) deve ser tratada com dietas pobres em
gorduras saturadas e com atividades físicas, acrescidas da redução da ingestão de
carboidratos simples e de bebidas alcoólicas. Quando necessário, recomenda-se o uso de
fibratos (III CONSENSO BRASILEIRO DE HIPERTENSÃO ARTERIAL, 1998).
Conforme Borenstein et al (1999), o excesso de gorduras na corrente sangüínea
provoca o surgimento da aterosclerose, que é uma doença lenta e progressiva, com a
disposição de lipídeos nas paredes internas das artérias, provocando um espessamento
do vaso e redução da luz da mesma. À medida que estes depósitos vão aumentando de
tamanho, resulta em uma maior dificuldade de passagem de sangue pela artéria, o que
poderá causar um aumento da pressão arterial.
Estes depósitos são conhecidos como placas de ateroma, que também podem
provocar uma arteriosclerose, um grupo de doenças que tem por característica
amadurecimento e perda de elasticidade das artérias. A arteriosclerose pode ser causada
também pelo depósito de sais minerais, como o cálcio e elementos do sangue que
impedem a elasticidade das artérias. A arteriosclerose ou a aterosclerose pode aumentar
21
a pressão arterial por dificultarem a passagem de sangue, forçando o coração a aumentar
sua capacidade de contração para vencer a resistência oferecida.
3.1.1.2 USO ABUSIVO DO SAL
De acordo com o III Consenso Brasileiro de Hipertensão Arterial (1998) o sal
(Cloreto de Sódio, NaCl) muito tempo vem sendo considerado importante fator no
desenvolvimento e intensidade da hipertensão arterial. A literatura mundial é
praticamente unânime em considerar a forte correlação entre a ingestão excessiva de sal
e a elevação da pressão arterial. A hipertensão arterial é observada primeiramente em
comunidades com ingestão de sal superior a 100mEq/dia; em populações onde a
ingestão de sal é inferior a 50mEq/dia a hipertensão é rara.
Além da redução da pressão arterial, estudos demonstraram benefícios da
restrição salina na redução da mortalidade por acidente vascular encefálica e na
regressão da hipertrofia ventricular esquerda (VI RELATÓRIO NACIONAL DO
COMITÊ SOBRE PREVENÇÃO, DETECÇÃO, AVALIAÇÃO E TRATAMENTO
DA HIPERTENSÃO ARTERIAL, 1997; III CONSENSO BRASILEIRO DE
HIPERTENSÃO ARTERIAL, 1998).
3.1.1.3 TABAGISMO E ETILISMO
Conforme Bastos (2002) a prática do tabagismo dobra a possibilidade de doença
coronariana e quando associado à hipertensão arterial quadruplica este risco. Esclarece
ainda a autora que, em mulheres jovens, fumantes, em uso de anticoncepcional oral e
com hipertensão arterial, o risco de infarto do miocárdio, tromboflebite e embolia
22
pulmonar chega a 30 vezes mais do que a de mulheres que não se enquadram nestas
condições. Afiune Neto et al. (1998) declara que entre os homens que morrem por
infarto agudo do miocárdio, 41% são tabagistas e entre as mulheres este percentual
dobra, chegando a 84%.
Os efeitos do uso do fumo no sistema cardiocirculatório são os seguintes:
aumento da pressão arterial e freqüência cardíaca, aumento do volume sanguíneo que
sai do coração, aumento da força de contração do músculo cardíaco e elevação da
velocidade de contração. Essas alterações estão intimamente relacionadas com o
aumento da pressão arterial e podem ser atribuídas principalmente ao monóxido de
carbono e nicotina.
“A nicotina estimula a absorção de hormônios, que levam à contração dos vasos
periféricos, enquanto que o monóxido de carbono reduz significativamente a capacidade
de oxigenação dos tecidos orgânicos”, (BORENSTEIN et al.1999). A combinação de
nicotina com monóxido de carbono no sistema cardiovascular resulta na demanda
aumentada de oxigênio para o coração na presença de uma oferta limitada, o que agrava
ainda mais a falta de circulação provocada pela hipertensão.
O hábito de fumar, além de provocar efeito no sistema cardiovascular, favorece
o desenvolvimento e as complicações da arterosclerose ou ateroma nas artérias
coronárias e destrói a lipoproteína de alta densidade (HDL). Todos estes eventos
predispõem à formação de placas de ateroma e dificultam a remoção do colesterol
sangüíneo, o que explicaria a maior incidência de hipertensão arterial em pessoas
fumantes do que nos não fumantes (BORENSTEIN et al, 1999). Sua interrupção reduz
o risco de acidente vascular encefálico, de doença isquêmica do coração e de doença
vascular arterial periférica, além de evitar seus outros efeitos deletérios. Segundo a
OMS, o tabagismo constitui-se como a principal causa isolada de doenças e de mortes
23
no mundo e para Afiune Neto et al, (1998) os benefícios de parar com o tabagismo são
vistos independente do tempo e da quantidade que a pessoa tenha previamente fumado.
O consumo excessivo de bebida alcoólica eleva a pressão arterial. Também é
fator de risco para acidente vascular cerebral, além de causas de resistência à terapêutica
medicamentosa (VI RELATÓRIO DA REUNIÃO NACIONAL DO COMITÊ SOBRE
PREVENÇÃO, DETECÇÃO, AVALIAÇÃO E TRATAMENTO DA HIPERTENSÃO
ARTERIAL, 1997).
Borenstein et al. (1999) esclarece que 40 a 50% dos consumidores “habituais”
de bebidas alcoólicas apresentam hipertensão arterial. No Brasil, estima-se que mais de
10% (um a cada dez dos brasileiros) é etilista. Sobre o sistema circulatório, o álcool atua
do seguinte modo:
Age diretamente sobre o músculo cardíaco, diminuindo a força contrátil;
Age diretamente sobre os vasos sangüíneos, provocando vasodilatação;
Aumenta a produção de adrenalina e noradrenalina, que junto à dilatação dos
vasos causa taquicardia;
Quando o etilista apresenta crise de abstinência, se agita e pode ocorrer a crise
hipertensiva.
O consumo de bebida alcoólica está associada também a sérios transtornos
metabólicos, como aumento de triglicerídeos e alterações do metabolismo da glicose
(intolerância à glicose e diabetes tipo II). Com base nestes dados, é importante o
abandono do uso de bebidas alcoólicas por pessoas portadoras de hipertensão arterial ou
uma redução drástica destas.
3.1.1.4 ESTRESSE
24
A redução do estresse é recomendável para diminuir a sobrecarga de influências
neuro-humorais do sistema nervoso central sobre a circulação. Todas as vezes que
vivenciamos situações de tensão, o sistema nervoso libera adrenalina e noradrenalina,
provocando a taquicardia, (III CONSENSO BRASILEIRO DE HIPERTENSÃO
ARTERIAL, 1998).
Ribeiro (1998) declara que, com base nas observações clínicas diárias, o estresse
é um fator de agravo ao estado hipertensivo. Para tal, o uso de técnicas de relaxamento
no tratamento da hipertensão arterial tem sido utilizado. O problema para a prática de
técnicas é que elas requerem grande motivação e tempo por parte dos hipertensos e
equipe profissional, o que limita sua aplicação. Contudo, essas técnicas são valiosas
pela possibilidade terapêutica que possuem.
Desta forma, pessoas que vivem constantemente em situações de estresse, com
tendência à hipertensão, poderão ter sua pressão arterial alterada. Para tanto, vale a
incorporação de medidas que possam ser utilizadas rotineiramente e/ou sempre que
alguma situação de vida o exija, como um fator de promoção da saúde, podendo
contribuir de forma efetiva para o controle da Pressão Arterial (RABELO et al, 1999).
3.1.1.5 OBESIDADE
A obesidade se caracteriza pelo excesso de gordura no corpo, medido na prática
pela relação entre o peso e a altura. A obesidade ou sobrepeso (Índice de Massa
Corpórea IMC) é calculado através da divisão entre o peso (em quilogramas) e a
altura (em metros) elevada ao quadrado. O tipo de obesidade (tendência aos tipos maçã
ou pêra)
1
pode ser identificado a partir da medida cintura quadril. Para obtê-lo, faz-se à
medida com uma fita métrica ao redor da cintura e ao redor do quadril (na altura do
trocanter maior). Uma razão maior que 1 para homens e a 0,8 para mulheres sugere
25
maior risco de morbimortalidade, independente do índice de massa corpórea. O manejo
do excesso de peso na saúde preventiva é uma tarefa cansativa e muitas vezes frustrante,
pelo fato da obesidade ter fortes raízes sócio-culturais, passando o seu controle por
________________________
1
Obesidade do tipo maçã (obesidade abdominal) preponderância de gordura no tronco, Obesidade do
tipo pêra – (obesidade inferior) preponderância de gordura nos quadris e coxa. Duncan e Schmidt (1992)
mudanças dos padrões estéticos, dietéticos e de exercícios físicos vigentes na sociedade.
Além disso, o controle do excesso de peso depende do acesso de todos a uma
alimentação saudável, conforme destacam Duncan e Schmidt (1992).
O excesso de peso corporal tem forte correlação com o aumento da pressão
arterial, no qual o aumento do peso é um fator de risco para a hipertensão. “Por vários
mecanismos: causa sobrecarga cardiovascular, em decorrência do débito cardíaco
aumentado, que contribui para elevar a pressão arterial sistólica; relaciona-se com o
aumento do nível de aldosterona nos indivíduos com obesidade central.
Observa-se ainda maior resistência à insulina e hiperinsulinemia” (RABELO et
al, p 53-54,1999).
Para Ribeiro (1998), a obesidade e hipertensão arterial são freqüentemente
associadas e independente da idade, quanto maior for o peso corporal, maior a
freqüência de hipertensão arterial. Este autor refere ainda que pessoas portadoras de
hipertensão tendem a ser mais obesas que as normotensas e que, com a diminuição do
peso corporal, muitas destas normalizam seus níveis pressóricos sem necessitar
medicação.
3.1.1.6 SEDENTARISMO
Sedentário é o indivíduo que realiza poucas atividades físicas, que está
freqüentemente inativo, sentado ou deitado. De acordo com o VI Relatório da Reunião
26
Nacional do Comitê sobre Prevenção, Detecção, Avaliação e Tratamento da
Hipertensão Arterial (1997), quando comparados a outras pessoas mais ativas e
condicionadas ao exercício físico, os indivíduos sedentários com pressão arterial normal
têm o risco aumentado em 20 a 50% de desenvolver hipertensão.
O baixo nível de capacitação física está associado ao maior risco de óbito por
doenças coronarianas e cardiovasculares em homens sadios, independentemente dos
fatores de risco convencionais. Com relação à hipertensão arterial, o sedentarismo é um
fator de risco ou facilitador da doença, juntamente com outros fatores como obesidade,
estresse e distúrbios metabólicos, contribuindo para o aumento da pressão arterial. “Já a
atividade física se constitui em um potente fator de proteção contra a hipertensão
arterial. Mesmo quando a hipertensão arterial persiste, o risco de complicações
decorrentes dela se reduz significativamente diante de uma dose adequada de atividade
física” (RABELO et al. 1999,).
3.1.2 FATORES DE RISCO NÃO MODIFICÁVEIS
3.1.2.1 IDADE
De acordo com Schneider (2002), aproximadamente 80% dos infartos agudos do
miocárdio fatais ocorrem nas pessoas com idade igual ou superior a 65 anos, e segundo
Pereira & Krieger (2000), a pressão arterial, particularmente a sistólica, tende a
aumentar com a idade, sendo esta um fator de risco para a doença coronariana.
3.1.2.2 SEXO
As mulheres apresentam uma pressão arterial mais baixa até a meia idade, mas
esta tende a aumentar com o tempo, equiparando-se com a pressão arterial dos homens
27
após a meia idade. As taxas de morbimortalidade são mais altas nos homens. Em torno
dos 75 anos de idade, as incidências se igualam em ambos os sexos (SCHNEIDER
2002; PEREIRA & KRIEGER, 2000).
3.1.2.3 RAÇA
De acordo com o VI Relatório da Reunião Nacional do Comitê sobre Prevenção,
Detecção, Avaliação e Tratamento da Hipertensão Arterial (1997), a prevalência de
hipertensão em afro - americanos está entre as mais altas do mundo. Na medida em que
as populações imigrantes vão adquirindo os costumes do país, seus riscos para doenças
cardiovasculares também se alteram.
3.2 OS FATORES DETERMINANTES DO TRATAMENTO
HIPERTENSIVO
Como havia sido relatado anteriormente, a hipertensão arterial é um mal que
atinge milhares de pessoas em todo o mundo e também no Brasil, causando danos
irreparáveis. Sabe-se também que essas pessoas, quando em tratamento e bem
informadas sobre seu problema, podem viver normalmente, com segurança, sem
maiores prejuízos.
O enfermeiro faz parte da equipe de saúde encarregada do tratamento e da
manutenção da saúde dos hipertensos. É um profissional que está habilitado a cuidar,
orientar, educar e manter o principal vínculo dessas pessoas ao tratamento e tem uma
importância fundamental no sucesso da adesão dessas pessoas no próprio processo de
cuidar-se.
O paciente deve ser continuamente estimulado a adotar hábitos saudáveis de
vida como manutenção de peso adequado, prática de atividade física, suspensão de
fatores de risco como o hábito de fumar, consumo de sal, gorduras saturadas e de
28
bebidas alcoólicas. Algumas observações devem ser seguidas ao iniciar o tratamento
como idade do paciente, presença de outras doenças, estado mental do paciente,
dependência de álcool e drogas, cooperação do paciente, restrições financeiras e uso de
outras medicações (REIS, 2001).
Um outro fator observado como determinante na escolha de estilos de vida é o
prazer, sentido individualmente, ao praticar comportamentos como fumar, consumir
bebidas alcoólicas e comer. Nesse sentido, o abandono de um desses hábitos pode
significar a perda de um prazer, em um contexto de vida no qual as oportunidades de
satisfação pessoal são muito poucas (ZAITUNE E BARROS, 2006).
São apontadas como explicações para justificar esse fato a evolução silenciosa e
a natureza crônica da hipertensão. A existência de modelos de estilos de vida feitos por
comportamentos, atitudes, crenças, hábitos comuns a todos e condições sociais que
tendem a ser estáveis através do tempo, o prazer individual por comportamentos
agradáveis como o tabagismo, comida farta, salgada e o sedentarismo são um poderoso
impedimento para a adoção de comportamentos como atividade física regular,
moderação no sal, álcool, ingestão adequada de calorias e abstinência de fumo (LIMA
et al, 2004).
Castro e Car (2000) referem que os obstáculos na adesão da pessoa ao
tratamento da hipertensão relacionam-se a vários fatores, como a dificuldade quanto à
ingestão da dieta hipossódica, os recursos financeiros para a aquisição dos
medicamentos, à distância e dificuldade no transporte que utiliza para se locomover do
local onde mora ao serviço de saúde, entre outros.
Pierin e Mion Jr. (2001) recomendam que algumas características dos indivíduos
como idade, sexo, raça, escolaridade, nível sócio-econômico, ocupação, estado civil,
religião, hábitos de vida, além de aspectos culturais e crenças sobre saúde devem ser
29
consideradas pelos profissionais da saúde para a adesão da pessoa portadora de
hipertensão ao tratamento. A enfermagem e os demais profissionais da área da saúde
devem levar em conta, segundo os autores, que pessoas jovens, homens em especial, e
pessoas de baixa escolaridade, tendem a ser menos aderentes ao tratamento do que os
demais, pois as mudanças nos hábitos de vida e culturais exigem muita determinação
por parte do indivíduo, assim como recursos econômicos e materiais. Como se trata de
uma doença crônica e muitas vezes com ausência de sintomatologia específica e
inaparente, cujas complicações aparecem, freqüentemente, em longo prazo, o indivíduo
tende a relaxar na freqüência ou até desistir do tratamento.
Todos os fatores acima relacionados são imprescindíveis na compreensão pela
equipe de saúde e na relação com o portador de hipertensão arterial, especialmente ao
enfermeiro, que deve ter maior clareza da problemática desse indivíduo para poder
tratá-lo efetivamente e eficazmente.
3.3 ADESÃO AO TRATAMENTO DE HIPERTENSÃO ARTERIAL
Pierin e Mion Jr. (2001) referem que a adesão do hipertenso ao tratamento pode
ser caracterizada pelo grau de coincidência entre o comportamento do indivíduo, em
termos de tomar a medicação, seguir a dieta, realizar mudanças de estilo de vida,
comparecer às consultas médicas e cumprir as recomendações por parte dos membros
da equipe de saúde. Estes autores reforçam sobre a dificuldade de quantificar o número
de portadores hipertensão arterial que não aderem ao tratamento no Brasil. Citam ainda,
que não existem estudos que quantifiquem a prevalência de hipertensos em nosso meio
e que, apesar dessa dificuldade, estima-se que dentre os portadores de hipertensão em
tratamento, a falta de adesão ocorre em torno de 40%, sendo que grande parte dos
mesmos chega a abandonar por completo tratamento.
30
Sadala e Mendes (1996) propõem que a adesão ao tratamento é fundamental
para o sucesso da terapia. Os autores descrevem que uma das metas dos programas de
assistência aos hipertensos consiste em estabelecer uma comunicação eficiente entre os
profissionais da equipe de saúde e os portadores de hipertensão arterial. Estes devem
estimular os indivíduos para participarem do tratamento e também para que se
comprometerem. Para isso, é necessário que os profissionais envolvidos na assistência
tenham conhecimento acerca das crenças e valores que os indivíduos têm sobre sua
saúde e seus modos de vida.
A adesão ao tratamento de hipertensão é primordial para a equipe de saúde,
devido ao fato desta propiciar o controle adequado da pressão arterial e também
contribuir para a redução da morbimortalidade. Esta adesão pode ser classificada como:
“aderentes” (indivíduos que seguem totalmente o tratamento) e, no lado oposto, os
“desistentes” (aqueles que abandonam o tratamento). ainda os “persistentes”, dentro
do grupo dos não-aderentes, que são aqueles indivíduos que até comparecem às
consultas, mas não seguem o tratamento de forma adequada (GUSMÃO et al, 2006).
Pierin e Mion Jr. (2001) abordam as razões ou os motivos que contribuem para o
individuo deixar de tomar a medicação ou abandonar o tratamento. Num estudo
realizado pelos autores, verificaram que 89% dos portadores de hipertensão arterial
deixaram de tomar os medicamentos pelo alto custo dos mesmos, 67% por ter que tomar
várias vezes ao dia e 54% pelos efeitos colaterais da medicação. Em relação à doença
propriamente dita, 50% abandonam pelo desconhecimento da gravidade desta, e 36%
pela ausência dos sintomas. Sobre os conhecimentos e crenças dos mesmos, 83%
referiram que tomam o medicamento somente quando a pressão es alta, 80% não
costumam cuidar de sua saúde, 75% esquecem de tomar a medicação, 70%
desconhecem a cronicidade da doença e não têm conhecimento das complicações da
31
mesma. E em relação à atuação da equipe de saúde com o portador de hipertensão
arterial, 51% referiram abandonar o tratamento por falta de convencimento para a
adesão e 20%, por relacionamento inadequado com a equipe de saúde.
Observa-se, no que se refere ao tratamento medicamentoso, que o custo, os
efeitos colaterais da ingestão dos mesmos, os esquemas terapêuticos complexos e a
necessidade de continuidade terapêutica por toda a vida são causas da baixa adesão ou
abandono ao tratamento com drogas isentas de feitos indesejáveis. Vale ressaltar que a
adesão de esquemas terapêuticos, com doses monoterápicas, com drogas isentas de
efeitos indesejáveis, com horário e freqüência dos remédios que favoreçam ao portador
de hipertensão tendem a contribuir para o sucesso do tratamento.
Na verdade, adesão é um comportamento complexo que envolve os profissionais
de saúde na assistência e cuidados prestados aos pacientes. A não-adesão é um
impedimento ao alcance dos objetivos terapêuticos (GUSMÃO et al, 2006).
Desta forma, constata-se mais uma vez a importância da atuação da equipe de
saúde, em especial do enfermeiro, na adesão de portadores de hipertensão ao
tratamento. A enfermagem vem se destacando na equipe de saúde nas mais diversas
áreas, em especial na prevenção e tratamento da hipertensão arterial.
3.4 HIPERTENSÃO ARTERIAL E TRATAMENTO
MEDICAMENTOSO
Devido ao árduo trabalho desenvolvido pelo Ministério da Saúde em parceria
com as Secretarias Municipais de Saúde, atualmente toda e qualquer pessoa,
independente da classe social ou nível de escolaridade têm informações claras e
acessíveis sobre o perigo da pressão arterial descontrolada, porém o nível de adesão ao
tratamento apresenta-se distante da meta considerada ideal a nível populacional, sendo a
32
não adesão medicamentosa o maior obstáculo encontrado para a efetividade do
tratamento (GÓES E MARCON, 2002).
O tratamento medicamentoso passa a ser considerado quando o tratamento não
medicamentoso não produziu os resultados esperados. Além disso, algumas
considerações são muito importantes, como: o grau de elevação da pressão arterial, a
presença de lesão de órgão alvo e a presença de doença cardiovascular ou ainda a
existência de outros fatores de risco. O objetivo do tratamento medicamentoso é reduzir
a morbimortalidade dos indivíduos hipertensos. Isto pode ser alcançado quando a PAS
se mantiver abaixo de 140mmHg e a PAD abaixo de 90mmHg.
O tratamento é feito através do uso de fármacos, em monoterapia ou associação,
em uma seqüência recomendada, respeitando dosagens e efeitos adversos, que poderá
ser alterado em situações especiais que se justifiquem. O tratamento farmacológico deve
sempre ser acompanhado do tratamento não medicamentoso como mudanças nos
hábitos de vida e em ambos os casos é importante buscar a aderência ao tratamento por
parte dos indivíduos.
Os avanços tecnológicos da indústria farmacêutica, associados às pesquisas mais
recentes, têm colocado no mercado medicamentos realmente eficazes, com menos
efeitos colaterais.
Oigman (2001, p.37) salienta que “o uso de qualquer medicação por pacientes é
firmemente controlado por meio de uma variedade de mecanismos”. A pesquisa básica
e a identificação de um princípio ativo para a doença é o início da descoberta de novas
drogas.
Quando a mesma é considerada eficaz para o seu objetivo, além de segura e
tolerável, passa para a fase de regulamentação e de liberação comercial através de
agentes governamentais especializados. Posteriormente, sua distribuição é realizada e
33
controlada pela prescrição médica, através de farmácias autorizadas. O propósito destas
sucessivas etapas é aumentar a probabilidade de que o paciente esteja recebendo a
medicação mais apropriada e eficaz para a sua condição específica (OIGMAN, 2001).
Esta estratificação engloba as três categorias de risco cardiovascular, mostrando
que mesmo os indivíduos com hipertensão leve, moderada ou grave, podem pertencer a
categorias de maior ou menor risco na dependência de comorbidades ou fatores de risco
associados (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2001).
De acordo com o Ministério da Saúde (2001), estão disponíveis no mercado
farmacêutico seis classes de anti-hipertensivo (ANEXO I):
a) diuréticos;
b) os inibidores adrenérgicos (os de ação central, os alfas 1 bloqueadores e os
betabloqueadores);
c) os vasodilatadores diretos;
d) os inibidores da enzima conversora da angiotensina (ECA);
e) os antagonistas dos canais de cálcio;
f) os antagonistas do receptor da angiotensina.
A evolução da indústria farmacêutica faz surgir a cada dia novas classes de anti-
hipertensivo, entretanto estudos para a redução da morbimortalidade somente foram
demonstrados com o uso de diuréticos e betabloqueadores. Recentemente também foi
constatado os mesmos resultados com o uso de nifedipina (antagonista dos canais de
cálcio) em idosos (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2001).
O Ministério da Saúde (2001), em suas ações, institui a padronização do
tratamento anti-hipertensivo, tendo como drogas de escolha as de baixo custo e maior
eficácia no âmbito populacional. O tratamento medicamentoso deve ser escalonado,
seguindo etapas pré-definidas e com drogas pré-escolhidas. Em geral, o início do
34
tratamento medicamentoso deve iniciar com a menor dose possível e ser aumentada
paulatinamente, até que se alcance os níveis pressóricos desejados, ou que se chegue à
dose máxima recomendada da droga, evitando que surjam os efeitos colaterais. Quando
estes acontecem, deve-se buscar outro tipo de medicamento que substitua o anterior.
Caso não ocorra o resultado desejado, passa-se para uma segunda etapa, com
adição de uma segunda droga padronizada em sua menor dose possível e assim
sucessivamente, podendo-se associar até quatro drogas de ações farmacológicas
distintas.
Outro fator importante para a adesão ao tratamento hipertensivo é a adoção de
um estilo de vida mais adequado que, por si só, muitas vezes não é suficiente. Fatores
como as condições sociais e econômicas das famílias de indivíduos hipertensos, custo
do medicamento, presença de erro voluntário no seguimento da prescrição e ainda o fato
de as drogas anti-hipertensivas poderem determinar o aparecimento de alguns sintomas
como sono, fadiga, tosse remitente entre outras além alguns efeitos colaterais
indesejáveis, se tornam empecilhos para continuação do tratamento (LESSA, 1998).
3.5 TRATAMENTO NÃO FARMACOLÓGICO DA HIPERTENSÃO
ARTERIAL
3.5.1 MUDANÇA DE ESTILO DE VIDA
As modificações de estilo de vida têm comprovado valor na redução da pressão
arterial e medidas como a redução do peso, a redução da ingestão de sódio, maior
ingestão de potássio, uma dieta rica em frutas e vegetais e alimentos com pouco teor de
gordura, a diminuição ou abolição do álcool e a atividade física vêm reduzindo a
morbimortalidade causada pela HAS. Alimentos ricos em cálcio atualmente são
preconizados em conjunto com toda a série de medidas dietéticas citadas, que juntas
35
são benéficas para a redução da PA. A ingestão de magnésio, de derivados do ácido
eicosanóico e aumento da ingestão de proteínas entre outros, não possuem até o
momento evidências de valor comprovado, que indiquem sua utilização. A interrupção
do fumo não interfere diretamente sobre a redução da pressão, no entanto trata-se de
importante fator de risco cardiovascular e deve ser incentivada (MANO, 2007).
Conforme Giorgi (2001, p.71), o “tratamento continuado das doenças crônicas é
um desafio para a prática médica”. No caso da hipertensão arterial, devido às
peculiaridades clínicas da doença, levar o indivíduo a seguir o tratamento proposto
exige da equipe de saúde e principalmente da enfermeira muita dedicação, paciência e
tempo para educá-lo e orientá-lo adequadamente.
Para Krasilcic (2001), a relação entre hipertensão arterial e outros fatores de
risco cardiovascular, como a obesidade, tabagismo, sedentarismo, dislipidemias e
diabetes mellitus levam à busca de mudanças de hábitos, que podem tanto controlar a
pressão arterial por si, como ser “coadjuvante e sinérgicos ao tratamento
farmacológico”. Porém, sabe-se que as dificuldades para as mudanças de hábitos e a
perpetuação dos resultados são as grandes dificuldades do tratamento não
medicamentoso e a adesão em longo prazo, assim como na terapêutica medicamentosa,
precisa de melhores resultados, conclui a autora.
“As mudanças de atitudes são difíceis, lentas, envolvem aspectos culturais do
indivíduo e exigem um grau maior de informação”, afirma Jardim (2001, p.36).
Segundo o Relatório Norte-Americano Sobre Hipertensão Arterial (1999), o
tratamento não medicamentoso tem como principal objetivo diminuir a morbidade e
mortalidade cardiovasculares, por meio de modificações do estilo de vida que
favoreçam a redução da pressão arterial. Es indicado a todos os hipertensos e aos
indivíduos mesmo que normotensos, mas de alto risco cardiovascular. Dentre essas
36
modificações, as que comprovadamente reduzem a pressão arterial são: redução do peso
corporal, modificações da ingestão do sal e do consumo de bebidas alcoólicas, prática
de exercícios físicos com regularidade e a não utilização de drogas que elevam a pressão
arterial. As razões que tornam as modificações do estilo de vida úteis são:
1. baixo custo e risco mínimo;
2. redução da pressão arterial, favorecendo o controle de outros fatores de risco;
3. aumento da eficácia do tratamento medicamentoso.
3.5.1.1 REDUÇÃO DE PESO
Todos os hipertensos com excesso de peso devem ser incluídos em programas de
redução de peso, de modo a alcançar Índice de Massa Corpórea (IMC)
2
inferior a
25Kg/m², e Relação Cintura-Quadril (RCQ) inferior a 0,8 para as mulheres e a 1,0 para
os homens (ASSIS, 1997), em razão de sua associação com risco cardiovascular
aumentado. De acordo com as recomendações genéricas para a redução do peso
corporal, Assis (1997), sugere:
princípios dietéticos e
programas de atividade física.
Para a manutenção do peso desejável em longo prazo é necessária a adequação
dietética individualizada, com particular atenção aos aspectos socioeconômicos e
culturais e à motivação dos indivíduos.
Conforme o III Consenso Brasileiro de Hipertensão Arterial (1998), os
princípios da terapia dietética compreendem respeitar dieta hipocalórica, evitando o
________________________
2
IMC – Segundo os critérios adotados pela Associação Brasileira para Estudos da Obesidade, o Índice de
Massa Corporal (IMC) ou índice de Quetelet é calculado pelo peso corporal em quilos dividido pela
altura ao quadrado (BARROS & ELVINO, 1999). Valores de IMC sobre peso: IMC > 25 kg/m²
37
obesidade: IMC > 27,8 kg/m² (homens) e > 27,3 kg/m³ (mulheres) obesidade mórbida: IMC > 31,1 kg/m³
(homens) > 32,3 kg/m³ (mulheres).
jejum ou as dietas “milagrosas”; manter o consumo diário de colesterol inferior a 300
mg (o consumo de gorduras saturadas não deve ultrapassar 10 % do total de gorduras
ingeridas); substituir gorduras animais por óleos vegetais (mono e poliinsaturados);
reduzir o consumo de sal a menos de 6 g/dia (1 colher de chá); evitar açúcar e doces;
preferir ervas, especiarias e limão ou refogados; utilizar alimentos ricos em fibras
(grãos, frutas), cereais, hortaliças e legumes preferencialmente crus.
3.5.1.2 REDUÇÃO NA INGESTÃO DE SAL / SÓDIO
De acordo com o III Consenso Brasileiro de Hipertensão Arterial (1998), a
restrição de sal na dieta é uma medida recomendada não apenas para hipertensos, mas
para a população de modo geral. Tal orientação deve objetivar ingestão em torno de 100
mEq/dia (6g de sal = 1 colher de chá). Do ponto de vista prático, deve-se evitar a
ingestão de alimentos processados industrialmente, tais como enlatados, conservas,
embutidos e defumados. Deve-se ainda orientar o indivíduo a utilizar o mínimo de sal
no preparo dos alimentos, além de evitar o uso de saleiro à mesa, durante as refeições.
O uso de substitutos de sal contendo cloreto de potássio em substituição ao NaCl
pode ser recomendado aos clientes, embora alguns tenham a palatabilidade como fator
limitante. Para que o efeito hipotensor máximo da restrição salina se manifeste, é
necessário intervalo de pelo menos oito semanas. É importante salientar que a pessoa
portadora de hipertensão arterial deverá ser orientada para a leitura dos rótulos dos
alimentos industrializados, a fim de que observem a presença e a quantidade de sódio
contidas nos mesmos.
38
As fontes de maior teor de sódio constituem sal de cozinha (NaCl) e temperos
industrializados, tais como; Ketchup, mostarda, shoyu e caldos concentrados;
embutidos: salsicha, mortadela, lingüiça, presunto, salame e paio; conservas: picles,
azeitona, aspargos e palmito; enlatados: extrato de tomate, milho e ervilha; bacalhau,
charque, carne seca e defumados; aditivos, como: glutamate monossódico utilizados em
alguns condimentos e sopas de pacote; queijos em geral.
Conforme Batista, Tales apud Borenstein (1999), nas restrições modernas e
severas de sódio é recomendado o uso de condimentos caseiros para dar mais sabor ao
alimento com substituição ao sal, e entre eles os mais utilizados são: salsa, cebola,
cebolinha, alho, vinagre, limão, hortelã, coentro, manjericão, folhas de mostarda, louro,
páprica, orégano e alecrim.
3.5.1.3 AUMENTO DA INGESTÃO DE POTÁSSIO
A ingestão de potássio pode ser aumentada pela escolha de alimentos pobres em
sódio e ricos em potássio (feijões, ervilha, vegetais de cor verde-escuros, banana, melão,
cenoura, beterraba, frutas secas, tomate, batata inglesa e laranja) (III CONSENSO
BRASILEIRO DE HIPERTENSÃO ARTERIAL, 1998).
Essa indicação se justifica pela possibilidade do potássio exercer efeito
antihipertensivo, ter ação protetora contra danos cardiovasculares e servir como medida
auxiliar em indivíduos submetidos à terapia com diuréticos, desde que não existam
contra-indicações.
Deve-se ter cautela no uso de suplemento medicamentoso à base de potássio em
indivíduos suscetíveis à hiperpotassemia, incluindo aqueles com insuficiência renal, ou
em uso de inibidores da enzima conversora da angiotensina (ECA), ou bloqueadores de
receptores da angiotensina II.
39
O uso de substitutos do sal contendo cloreto de potássio em substituição ao NaCl
pode ser recomendado aos clientes como uma forma de suplementação de potássio,
embora alguns deles tenham o paladar como fator limitante. O emprego desses
substitutos de sal em pessoas hipertensas com diminuição da função renal,
especialmente se diabéticos e em uso de inibidores da ECA, deve ser cauteloso devido
ao risco de hiperpotassemia (III CONSENSO BRASILEIRO DE HIPERTENSÃO
ARTERIAL , 1998).
3.5.1.4 REDUÇÃO DO CONSUMO DE BEBIDA ALCOÓLICA
Para os hipertensos do sexo masculino que fazem uso de bebidas alcoólicas é
aconselhável que o consumo não ultrapasse 30ml de etanol/dia, contidos em 60ml de
bebidas destiladas (uísque, vodka, aguardente, etc.), 240ml de vinho, ou 720ml de
cerveja. Em relação às mulheres e indivíduos de baixo peso, a ingestão alcoólica não
deve ultrapassar 15ml de etanol/dia. Aos indivíduos que não conseguem se enquadrar
nesses limites de consumo, sugere-se o abandono do consumo de bebidas alcoólicas (III
CONSENSO BRASILEIRO DE HIPERTENSÃO ARTERIAL, 1998).
3.5.1.5 EXERCÍCIO FÍSICO REGULAR
O exercício físico regular reduz de modo expressivo a pressão arterial, além de
produzir benefícios adicionais, tais como diminuição do peso corporal e ação
coadjuvante no tratamento da dislipidemias, da resistência à insulina, do abandono do
tabagismo e do controle do estresse. Contribui, ainda, para a redução do risco de
indivíduos normotensos desenvolverem hipertensão (ALVES & FERREIRA, 2004).
40
Conforme o III Consenso Brasileiro de Hipertensão Arterial (1998), os
exercícios físicos, tais como caminhada, ciclismo, natação e corrida realizados numa
intensidade entre 50% e 70% da freqüência cardíaca de reserva, ou entre 50% e 70% do
consumo máximo de oxigênio, com duração de 30 a 45 minutos, três a cinco vezes por
semana, reduzem sensivelmente a pressão arterial de indivíduos hipertensos. Em
contrapartida, exercícios físicos muito intensos, realizados acima de 80% da freqüência
cardíaca de reserva ou 80% acima do consumo máximo de oxigênio, têm pouco efeito
sobre a pressão arterial de hipertensos. O quadro 1, abaixo, apresenta o cálculo da
fração ideal para obter a freqüência cardíaca máxima.
Quadro 1: Cálculo da freqüência cardíaca máxima
CÁLCULO DA FREQÜÊNCIA CARDÍACA DE EXERCÍCIO
Freqüência cardíaca de exercício = (FC máxima – FC basal) x (% intensidade) + FC
basal,onde FC máxima = 220 – idade em anos
Fonte: III Consenso Brasileiro de Hipertensão Arterial, 1998.
Exercícios isométricos como levantamento de peso não são recomendáveis para
indivíduos hipertensos. Pessoas em uso de medicamentos anti-hipertensivo que
interferem na freqüência cardíaca (como por exemplo, betabloqueadores) devem ser
previamente submetidos à avaliação médica.
A prática da atividade física se constitui em uma das principais exigências para a
manutenção de uma vida saudável e poderá ser realizada de uma forma informal ou
formal.
A maneira informal busca estimular o aumento do exercício físico nas diversas
atividades físicas diárias, tais como: caminhadas ou o uso da bicicleta nas idas e vindas
do trabalho e colégio, uso de escadas ao invés de elevadores, prática de dança. Esta é
41
uma maneira de incrementar a atividade física inserida naturalmente no cotidiano de
cada um.
A maneira formal consiste no condicionamento físico com freqüência, duração
das sessões, intensidade de exercício e progressividade. Quanto à freqüência,
recomendam-se sessões diárias, se não houver contra-indicação. Na fase de adaptação,
pode-se iniciar com duas a três sessões semanais, aumentando progressivamente.
Quanto à duração das sessões da atividade física, é recomendada uma sessão de
40 minutos de atividade aeróbica precedida geralmente 5 a 10 minutos de aquecimento
e alongamento, e finalizada com 10 minutos de desaquecimento e relaxamento. E com
intensidade em torno de 50 a 85% da freqüência cardíaca máxima (BATISTA,
CARVALHO apud BORENSTEIN, 1999).
3.5.1.6 ABANDONO DO TABAGISMO
Dentre outras medidas, o tabagismo deve ser combatido por colaborar com o
risco do câncer e de doenças pulmonares, e por constituir risco para doença coronariana,
acidente vascular encefálico e morte súbita (BRASIL, 2002). Para tanto, é essencial o
aconselhamento da equipe multiprofissional, orientando o fumante sobre outras opções,
ao invés do uso do cigarro, tais como: ingestão de líquidos, sucos, diversos chicletes,
entre outros.
3.5.1.7 CONTROLE DAS DISLIPIDEMIAS E DOS DIABETES
MELLITUS
A associação de dislipidemias e diabetes mellitus com hipertensão são
sabidamente deletérias, mesmo que essa associação não afete, necessariamente, os
níveis da pressão arterial. A restrição de alimentos ricos em colesterol e gorduras, além
42
dos açúcares simples, atuam sobre os fatores de risco convencionais e auxilia no
controle do peso corporal.
Algumas das medidas utilizadas para o combate da dislipidemias compreendem
aumentar o conteúdo de fibras na dieta, substituir os carboidratos simples (açúcares, mel
e doces) pelos complexos (massa, cereais, frutas, grãos, raízes e legumes), restringir
bebidas alcoólicas, aumentar a atividade física e reduzir a ingestão de gorduras
saturadas, utilizando preferencialmente gorduras mono e poliinsaturados na dieta
(ASSIS, 1997).
Os alimentos que podem ocasionar um aumento dos triglicerídeos constituem
todos os grupos alimentares e bebidas preparadas com açúcar, mel e derivados, cana de
açúcar, garapa, melado, rapadura e bebidas alcoólicas, todos os medicamentos ricos em
gorduras (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006).
Os alimentos ricos em colesterol e/ou gorduras saturadas normalmente
compreendem carne suína e derivadas (banha, bacon, torresmo), leite integral, creme de
leite, nata e manteiga; lingüiça, salame, mortadela, presunto, salsicha e sardinha; frituras
com qualquer tipo de gordura; frutos do mar (camarão, mexilhão e ostras); miúdos
(coração, moela, fígado, miolos e rim); pele de frango, couro e peixe; dobradinha, caldo
de mocotó; gema de ovo e suas preparações; carne de gado com gordura vegetal; óleo,
leite e polpa de coco; azeite de dendê; castanhas, amendoim, chocolate e derivados e
sorvetes (ASSIS, 1997).
Torna-se evidente que mudanças no estilo de vida, embora de difícil
implementação, devem sempre ser incentivadas. Os profissionais da saúde devem
fortalecer o processo de mudança de forma a intervir no comportamento da doença da
pessoa portadora de hipertensão arterial.
43
A parceria das sociedades científicas com órgãos governamentais tem sido
indispensável para assegurar a operacionalidade dessas ações, tanto no âmbito nacional,
como estadual e municipal. Vale ressaltar, também, que é de fundamental importância o
envolvimento de uma equipe multiprofissional na busca das metas a serem atingidas
pelas pessoas com modificações do estilo de vida.
3.6 HIPERTENSÃO ARTERIAL E A SAÚDE DA FAMÍLIA
O controle da HA pode ser feito pela equipe da ESF que é constituída por um
médico, um enfermeiro, um a dois auxiliares de enfermagem e quatro a seis agentes de
saúde, devendo atuar, de forma integrada e com níveis de competência bem
estabelecidos, na abordagem da avaliação de risco cardiovascular, medidas preventivas
primárias e atendimento a Hipertensão Arterial e Diabetes Mellitus (MINISTÉRIO DA
SAÚDE, 2006).
Saúde da família é entendida como uma estratégia de reorientação do modelo
assistencial, operacionalizada mediante a implantação de equipes multiprofissionais em
unidades básicas de saúde. Estas equipes são responsáveis pelo acompanhamento de um
número definido de famílias, localizadas em uma área geográfica delimitada. As
equipes atuam com ações de promoção da saúde, prevenção, recuperação, reabilitação
de doenças e agravos mais freqüentes, e na manutenção da saúde desta comunidade. A
responsabilidade pelo acompanhamento das famílias coloca para as equipes de saúde da
família a necessidade de ultrapassar os limites classicamente definidos para a atenção
básica no Brasil, especialmente no contexto do Sistema Único de Saúde (SUS)
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006).
Iniciado em 1994, essa estratégia apresentou um crescimento expressivo nos
últimos anos. A consolidação dessa estratégia precisa, entretanto, ser sustentada por um
processo que permita a real substituição da rede básica de serviços tradicionais no
44
âmbito dos municípios e pela capacidade de produção de resultados positivos nos
indicadores de saúde e de qualidade de vida da população assistida (MINISTÉRIO DA
SAÚDE, 2002).
A Saúde da Família como estratégia estruturante dos sistemas municipais de
saúde tem provocado um importante movimento com o intuito de reordenar o modelo
de atenção no SUS. Busca maior racionalidade na utilização dos demais níveis
assistenciais e tem produzido resultados positivos nos principais indicadores de saúde
das populações assistidas às equipes saúde da família (MINISTÉRIO DA SAÚDE,
2002).
O Ministério da Saúde com o propósito de minimizar a incidência de
morbidades e mortalidades ocasionadas pelas doenças cardiovasculares, trouxe para si o
compromisso de elaborar ações juntamente com os estados, municípios, Sociedade
Brasileira de cardiologia e outros órgãos com a finalidade de melhorar a tratamento
prestado aos portadores dessas patologias através do Plano de Reorganização da
Atenção à Hipertensão Arterial e ao Diabetes Mellitus (MINISTÉRIO DA SAÚDE,
2004).
Os pacientes captados através desse plano são cadastrados em um sistema
informatizado o que permite o acompanhamento dos portadores de Hipertensão Arterial
e/ou Diabetes Mellitus em todas as unidades ambulatoriais do Sistema Único de Saúde
fornecendo informações aos gerentes locais, gestores das secretarias municipais,
estaduais e o ministério da Saúde (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2006).
45
4 CASUÍSTICA E MÉTODO
4.1 TIPO DE ESTUDO
Tratou-se de uma pesquisa de campo, descritiva e abordagem quantitativa,
referente ao rastreamento da doença HAS em pacientes, através da atuação da equipe de
atenção da ESF de um município do interior de Minas Gerais. Além de realizar o
rastreamento para este fim, identificou-se quais os fatores interferem na continuidade do
tratamento da hipertensão arterial.
4.2 LOCAL
O estudo foi desenvolvido na equipe de ESF (zona urbana) da Cidade de Belo
Vale, localizada no interior de Minas Gerais, que ao todo atende 2.600 pessoas
cadastradas.
A equipe da ESF é composta por um médico da família, um enfermeiro, um
auxiliar de enfermagem e seis agentes comunitários de saúde (ACS), que em conjunto
são responsáveis em atender a todas as pessoas cadastradas e que necessitam de uma
maior atenção primária pela equipe.
Sua atuação é de forma contínua e coordenada, desenvolvendo ações preventivas
e curativas, buscando a integralidade no atendimento, visando acompanhar as pessoas
sadias para que não adoeçam e ajudando os enfermos a recuperar a saúde.
46
Sua meta, dentre outros objetivos é acompanhar e gerenciar a saúde de pacientes
hipertensos através da realização de ações de atenção básica em saúde. Os pacientes são
cadastrados e supervisionados por equipes de saúde, preferencialmente
multidisciplinares, que incentivam o paciente a melhorar sua adesão terapêutica,
inserido em seu contexto e realidade de vida. A relação entre o paciente e a equipe de
saúde promovidas por esse tipo de estratégia permite uma maior possibilidade de adesão
ao tratamento.
A Unidade oferece serviços especializados como: Estratégia de Saúde da
Família e Serviço de Atenção ao Pré-natal, Parto e Nascimento com horário de
atendimento nos turnos da manhã e a tarde de segunda à sexta-feira de 07:00 às 17:00
horas.
Outras atividades desenvolvidas na ESF – Belo Vale:
Consulta médica;
Consulta de enfermagem;
Visita domiciliar;
Atendimento de enfermagem (curativos, administração de medicamentos, etc.);
Distribuição de medicamentos para o controle da hipertensão arterial e do
diabetes;
Planejamento familiar;
Preventivo ginecológico;
Palestras; grupos operativos, oficina de educação em saúde; dentre outras;
Acompanhamento dos pacientes hipertensos, diabéticos e portadores de feridas
crônicas;
4.3 POPULAÇÃO
47
A população foi constituída por 170 pacientes registrados na ESF do município
que fazem tratamento de hipertensão arterial. Segundo Santos (2007), o cálculo do
tamanho amostral se refere a 170 hipertensos cadastrados na unidade, numa população
de 302 hipertensos.
4.4 COLETA DE DADOS
A coleta de dados ocorreu mediante agendamento prévio com os pacientes da
ESF. Os questionários foram aplicados pelos próprios pesquisadores após apresentação
do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (APÊNDICE I) e autorização do
participante da ESF.
4.5 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS
Foi utilizado um questionário semi-estruturado na coleta de dados para os
hipertensos da ESF (APÊNDICE II), com questões relacionadas à Hipertensão Arterial
Sistêmica, motivos que interferem na continuidade do tratamento e estilo de vida.
4.6 ASPECTOS ÉTICOS
A pesquisa foi realizada após a aprovação do Comitê de Ética da FaSaR,
protocolo nº. 0041/2009 e das referidas Instituições (APÊNDICE III). Os participantes
foram convidados a responder ao instrumento de coleta de dados após serem
informados sobre a finalidade e os objetivos da pesquisa. Foi ainda destacado que as
informações obtidas seriam de caráter confidencial, garantindo o sigilo e o anonimato
do participante respeitando a Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde e os
resultados foram utilizados exclusivamente para fins acadêmicos. Além disso, foi
48
esclarecido que os participantes poderiam retirar seu consentimento a qualquer
momento, sem nenhum tipo de constrangimento ou coerção.
4.7 ANÁLISE DOS DADOS
Após a coleta dos dados, esses foram codificados e digitados, utilizando o
programa Microsoft Office Excel 7.0. posteriormente foram apresentados
estatisticamente em gráficos e tabelas por porcentagem.
49
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Resultados obtidos de uma pesquisa de campo, descritiva e abordagem
quantitativa, realizada na ESF (zona urbana) do município de Belo Vale, Minas Gerias.
A unidade é composta por 302 hipertensos cadastrados no programa,
segundo cálculo da amostra, foram entrevistados 170 hipertensos.
5.1 DESCRIÇÃO DO PERFIL SÓCIO-DEMOGRÁFICO DOS
HIPERTENSOS ENTREVISTADOS
Conforme se pode observar no Gráfico 1, houve predomínio do sexo feminino,
representado por 60,0% da amostra estudada. Silva et al. (2004) afirma que estudos
demonstraram que a pressão arterial é mais elevada em homens que em mulheres até a
faixa etária de 60 anos. Sugere-se que os hormônios ovarianos são responsáveis pela
pressão mais baixa nas mulheres durante o climatério e com a chegada do climatério a
prevalência da pressão alta entre homens e mulheres tendem a se aproximar.
50
Masculino
Feminino
Gráfico 1 - Distribuição da Frequência dos Entrevistados por Sexo
– Belo Vale, 2009
Quanto à idade, os indivíduos apresentavam-se na faixa dos 44 a 65 anos.
É sabido que a prevalência da hipertensão arterial na população negra é mais
elevada, bem como é maior sua gravidade, particularmente quanto à incidência de
hipertensão arterial maligna, acidente vascular encefálico e insuficiência renal crônica.
Esse comportamento pode estar relacionado a fatores étnicos e/ou socioeconômicos.
Predominam, em nosso país, os miscigenados, uma população que pode diferir dos
negros quanto às características da hipertensão (III Consenso Brasileiro de Hipertensão
Arterial, 1998).
Conforme observa-se no Gráfico 2, os entrevistados de nossa pesquisa
prevalecem 48% da população branca contra 26% da população parda e negra.
%48
%26
%26
Branco
Pardo
Negro
Gráfico 2 - Distribuição da Frequência dos Entrevistados
por Raça – Belo Vale, 2009
51
A análise da ocupação dos entrevistados revelou uma maioria composta por
inativos, aposentados e pensionistas, que juntos representaram 30% da amostra
estudada, 19% são comerciantes, 15% são autônomos, 15% são do lar, 12% são
educadores e 9% são motoristas.
De acordo com os dados obtidos referente à escolaridade, houve predomínio
daqueles com ensino fundamental incompleto, representados por 51,7% dos
entrevistados.
A análise da renda familiar revelou que 70,8% tinham renda entre 1 e 3 salários
mínimos.
5.2 FATORES DE GRAVIDADE ASSOCIADOS À HIPERTENSÃO
Conforme definição abordada Rouquayrol & Filho (1999), o estilo de vida está
relacionado a “hábitos e comportamentos auto-determinados, adquiridos social ou
culturalmente, de modo individual ou em grupos”. Compreende-se aqui que, no
decorrer da análise foram colocados em evidencia os fatores de risco, pois estes são
integrantes do estilo de vida e identificáveis neste mesmo estilo.
Tabagismo: Observa-se nesse estudo que a população estudada é composta por 53,33%
de pacientes que não fumam e 46,67% que já fumaram ou fumam.
Bebida alcoólica: Segundo Oparil (1997), o consumo de álcool eleva a PA tanto agudo
quanto cronicamente. Neste estudo verificou-se que 65% declaram-se não consumidor
de bebida alcoólica, enquanto 35% consomem socialmente.
Sedentarismo: Os dados mostram que 39,1% não praticam atividade física
regularmente contra 71,9% que praticam alguma atividade física regularmente.
52
Hábitos alimentares: De acordo com os dados coletados, 60,86% afirmam hábitos
alimentares inadequados indicando uma dieta hiperssódica e hipercalórica o que
contribuem para a elevação da pressão contra 39,14% que mostram preocupação em
manter uma dieta hipossódica e pobre em calorias.
5.3 ADESÃO À TERAPÊUTICA MEDICAMENTOSA
O tratamento medicamentoso pode ser iniciado quando as medidas não-
medicamentosas não obtêm êxito. A monoterapia deverá ser iniciada e se necessário, a
associação de uma ou mais drogas podem ser incluídas, podendo haver alteração na
dosagem destas até que se consiga atingir o nível pressórico satisfatório para cada
paciente, que geralmente é inferior a 140/90 mmHg (SBHA; SBC; SBN, 2002).
Na análise do Gráfico 3, sobre número de medicamentos utilizados no
tratamento da hipertensão, houve predomínio daqueles em uso de associação de duas
drogas anti-hipertensivo, representados por 34% dos entrevistados.
%27
%34
%24
%15
Medicamento1
Medicamentos2
Medicamentos 3
Medicamentos4
Gráfico 3 - Distribuição da Frequência de Números de Medicamentos
Utilizados pelos Entrevistados Hipertensos – Belo Vale, 2009
53
Quanto ao fornecimento de medicamentos anti-hipertensivos pela ESF, 66% dos
entrevistados referem receber todos os medicamentos e 34% dos mesmos relatam não
receber.
Quanto ao questionamento sobre a informação do que venha ser HAS, 74%
relatam saber o que é HAS e 26% desconhecem a HAS.
Observando-se o Gráfico 4, nota-se o predomínio de 54% de indivíduos que
abandonam o tratamento contra 46% que seguem o tratamento para HAS.
%54
%46
Sim
o
Gráfico 4 – Distribuição da Frequência de Pacientes que
Seguem o Tratamento para HAS – Belo Vale, 2009
5.4 ADESÃO À TERAPÊUTICA NÃO MEDICAMENTOSA
De acordo com Cintra (2003), a adesão terapêutica não medicamentosa, inclui
mudanças nos hábitos alimentares, no perfil de atividade física, exclusão de vícios como
o tabagismo e etilismo, dentre outros. Os hábitos alimentares, por exemplo, são
influenciados por “fatores multifatoriais e complexos, que apresentam raízes profundas
desde a infância, sendo, portanto, difíceis de modificar”. Quanto à mudança no estilo de
vida logo após saber que é portador de HAS, 72% dos entrevistados relatam ter mudado
o estilo de vida contra 28% que referem que o tratamento da doença não interferiu no
seu estilo de vida.
Observando-se o Gráfico 5, nota-se que 26% dos indivíduos optam por redução
da ingestão de sal, 18% faz o controle das dislipidemias e do diabetes mellitus, outros
54
18% exercício físico regular, 16% redução de peso, 12% abandono ao tabagismo e 10%
redução do consumo de bebida alcoólica.
%26
%10
%18
%16
%18
%12
Redução da Ingesta de
Sal
Redução do Consumo de
Bebida Alcoolica
Controle das
Dislipidemias e do DM
Redução de Peso
Exercicio Físico Regular
Abandono ao Tabagismo
Gráfico 5 – Distribuição da Frenquência da Conduta não Medicamentosa
5.5 FATORES QUE INTERFEREM NO TRATAMENTO
MEDICAMENTOSO
Vários são os fatores que interferem na adesão ao tratamento, sejam
relacionados ao paciente, à doença, crenças, hábitos e aspectos culturais, fatores
associados ao tratamento, à instituição de saúde e ao relacionamento com a equipe de
saúde.
De acordo com o Gráfico 6, dentre os 92 entrevistados considerados não
aderentes ou parcialmente aderentes, 28% referem à não adesão devido a ausência dos
sintomas; 22% dos entrevistados não aderiam por não achar necessário, esquecimento
ou desinteresse; 16% devido aos efeitos indesejáveis; 12% por desconhecimento da
cronicidade, gravidade e as complicações da doença; 11% por ter de tomar várias vezes
55
ao dia; 8% dos indivíduos referiram baixa adesão devido ao alto custo e 3% por
dificuldade de compreensão.
%22
%8
%11
%16
%12
%28
%3
Esquecimento
Alto Custo
Várias Tomadas Diarias
Efeitos Colaterais
Desconhecimento
Ausência dos Sintomas
Dificuldade de
Compreensão
Gráfico 6 – Distribuição da Freqüência dos Motivos Referidos pelos Entrevistados de
não Seguir a Terapêutica para HAS – Belo Vale, 2009
Através deste estudo verificamos que o perfil dos pacientes que abandonam o
tratamento de hipertensão arterial na ESF (zona urbana) do município de Belo Vale
MG consiste em pacientes do sexo masculino (64%), raça branca (61%), com faixa
etária entre 45 a 59 anos (66%), podendo ser inativos, aposentados ou pensionistas
(49%), com escolaridade até o ensino fundamental (69%) e atingindo renda familiar de
1 a 3 salários mínimos (82%). Observa-se que o tabagismo (73%) está presente ao
consumo de bebida alcoólica de forma social (56%), além de hábitos alimentares
inadequados (78%), porém a atividade física é citada como prática regular (79%).
5.6 VARIÁVEL RELACIONADA AO SERVIÇO DE SAÚDE
Segundo Giorgi (2001), a relação médico-paciente de confiança, orientação,
respeito e decisão conjunta, associada à abordagem multidisciplinar são imprescindíveis
para obtenção da adesão satisfatória.
56
Quanto à relação da equipe de saúde com o paciente, 65% referem ótimo
relacionamento com a equipe multiprofissional; 26% relatam ter um relacionamento
bom e 9% relacionamento regular com a equipe.
%65
%26
%9
Ótimo
Bom
Regular
Gráfico 7 – Distribuição da Frenquência do Relacionamentos com a Equipe
Muiltiprofissional – Belo Vale, 2009
Alguns resultados deste estudo reforçam a importância da divulgação de
informações e orientações relacionadas com saúde para toda a população, de forma
indiscriminada.
A educação em saúde constitui importante estratégia de promoção do
autocuidado, na medida em que introduz ou reforça conceitos e hábitos de proteção à
saúde e permite o controle de agravos crônicos. Ela pode, ainda, manter as práticas
saudáveis ou modificar aquelas que são indesejáveis para a manutenção e controle da
saúde dos indivíduos, além de valorizar as pessoas quando as estimula em relação à
proteção e recuperação de estados mórbidos.
Assim, se o indivíduo constitui parte fundamental do tratamento, todo e qualquer
esforço deve ser efetuado para que o mesmo se encontre em condições favoráveis para
colaborar, o que inclui apresentar melhores perspectivas de vida. Nesse sentido, a
atuação de equipe multidisciplinar tem maior probabilidade de se mostrar mais eficaz,
57
no sentido de proporcionar maior suporte tanto ao indivíduo hipertenso como a seus
familiares.
Considera-se que o controle e tratamento da hipertensão arterial é um problema
que exige esforço e dedicação do paciente, participação de sua família e,
principalmente, preocupação por parte do serviço de saúde em procurar maneiras para
melhor atender e dar suporte ao paciente durante o curso da doença, pois essa estará
presente por toda a existência do indivíduo.
6 CONCLUSÃO
A educação de um indivíduo com HAS acontece de forma lenta uma vez que
necessidade de oferecer um conhecimento básico da doença por parte dos profissionais
da saúde, tendo como objetivo, permitir o reconhecimento entre o que é certo e errado
por parte do hipertenso, visando seu autocuidado relacionado às mudanças no estilo de
vida.
Vários são os fatores que interferem na adesão ao tratamento, sejam
relacionados ao paciente, à doença, crenças, hábitos e aspectos culturais, fatores
associados ao tratamento, à instituição de saúde e ao relacionamento com a equipe de
saúde.
Detectou-se um grande número de indivíduos hipertensos que abandonaram o
tratamento (54%) no período estudo. Para tal acontecimento verificou-se fatores que
58
contribuiram para este como: ausência dos sintomas (28%); por não achar necessário,
esquecimento ou desinteresse (22%); efeitos indesejáveis (16%); desconhecimento da
cronicidade, gravidade e as complicações da doença (12%); pó ter de tomar várias vezes
ao dia (11%); alto custo (8%) e por dificuldade de compreensão (3%).
O perfil do paciente que abandonou o tratamento anti-hipertensivo encontrado
neste estudo ficou definido como: sexo masculino (64%), raça branca (61%), com faixa
etária entre 45 a 59 anos (66%), podendo ser inativos, aposentados ou pensionistas
(49%), com escolaridade até o ensino fundamental (69%) e atingindo renda familiar de
1 a 3 salários mínimos (82%). Observa-se que o tabagismo (73%) está presente ao
consumo de bebida alcoólica de forma social (56%), além de hábitos alimentares
inadequados (78%), porém a atividade física é citada como prática regular (79%).
Entende-se que necessidade de organizar o atendimento individualizado a
esses pacientes, no sentido de fortalecer a importância de mudanças de comportamento,
que foram levantados aspectos falhos quanto à atividade física e de lazer, uso de
tabaco, assim como dados questionáveis em relação à alimentação.
Através deste estudo ficou evidente a importância do profissional de
enfermagem na possibilidade de mudanças no comportamento de pacientes hipertensos,
tendo como objetivo a manutenção dos níveis tensionais de pressão arterial e também
uma assistência de enfermagem mais humanizada. Desde então, sua contribuição
consiste em educar e garantir o engajamento dos portadores de hipertensão arterial na
superação dos déficits de autocuidado, sendo visível o seu comprometimento com o ser
humano.
Acredita-se que a educação nos indivíduos portadores de hipertensão arterial
seja o melhor caminho para o alcance de tais objetivos, não sendo apenas uma
transmissão de conteúdos referentes à patologia e ao tratamento, mas sim que se
59
promova a adaptação dos pacientes ao tratamento de hipertensão arterial. Para se chegar
a essa adaptação é preciso que os indivíduos estejam sensibilizados para que tais
mudanças ocorram e também para que assimilem os conhecimentos que poderão
melhorar a qualidade de vida dos mesmos.
.
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Jul./Ago. 2004. p.68-78.
MANO, Reinaldo. Hipertensão Arterial Sistêmica - Tratamento não
Farmacológico. Manuais de Cardiologia. MS, nov 2007. Disponível em:
<<http://www.manuaisdecardiologia.med.br/has/has_Page357.htm>>. Acesso em 17
nov. 2008.
OIGMAN, Wille. Métodos de avaliação da adesão ao tratamento anti-hipertensivo.
In:NOBRE, Fernando; PIERIN, Angela M.G.; MION JR. Décio. Adesão ao
tratamento: o grande desafio da hipertensão. São Paulo: Lemos Editorial, p.36-46,
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OPARIL S. Hipertensão arterial. In: BENNETT, J. C.; PLUM, F. et al. Cecil - Tratado
de medicina interna. 20ªed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1997. v.1, p. 285-301.
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TEMERMAN, A.; CEZAR, L.A.M Manual de Cardiologia da Sociedade de
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310-314. 2000
PIERIN, Angela M.G.; MION JR. Décio. Adesão ao tratamento: o grande desafio da
hipertensão. São Paulo: Lemos Editorial, p.22-33, 2001.
62
SADALA A. L. Maria; MENDES, M. Iranildes. Vivenciando a hipertensão. Revista
Sociedade de Cardiologia. São Paulo, v.6, n.3, p.1-6, mai/jun. 1996.
SANTOS. Glauber Eduardo de Oliveira. Cálculo Amostral On-line.
<<http://www.economiadoturismo.com.br/glauber/pmex5/calculoamostral.html>>
acesso dia set/2009 às 22:00.
SBHA-Sociedade Brasileira de Hipertensão Arterial. SBC-Sociedade Brasileira de
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SBISSA, Antonio Silveira. Hipertensão arterial. In: CORRÊA, Ylmar Neto; SANTOS,
André Sobierajski dos; VALIM, Regina Célia Santos. Manual de terapêutica – clínica
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SCHNEIDER, Dulcinéia Ghizone. Refletindo sobre a condição/situação de saúde do
cliente com doença arterial coronariana e seus fatores de risco a partir da consulta
de enfermagem. Florianópolis. 2002. (Mestrado em Filosofia, Saúde e
Sociedade),Universidade Federal de Santa Catarina.
SILVA, Jorge Luis Lima; SOUZA, Solange Lourdes de - Fatores de risco para
hipertensão arterial sistêmica versus estilo de vida docente. Revista Eletrônica de
Enfermagem, v. 06, n. 03, 2004. Dispomivel em << www.fen.ufg.br >>. Acesso dia
12/nov/2009 às 09:45
RABELO, S. S. A ludoterapia como incentivo às competências para o autocuidado
do cliente diabético. Florianópolis. 1999. Dissertação (Mestrado em Assistência de
Enfermagem). Universidade Federal de Santa Catarina.
REIS, M.G.; GLASHAN, R.H.: Adultos Hipertensos Hospitalizados: percepção de
Gravidade da Doença e de Qualidade de Vida. Revista Latino Americana de
Enfermagem. São Paulo, v. 9. n° 3, p. 51-70, Abr./Mai. 2001.
RELATÓRIO NORTE-AMERICANO SOBRE HIPERTENSÃO ARTERIAL.
Inibição- ECA- Avaliação, nº16, 1999.
RELATÓRIO INTERNACIONAL DO COMITÊ NACIONAL SOBRE
PREVENÇÃO, DETECÇÃO, AVALIAÇÃO E TRATAMENTO DA
HIPERTENSÃO ARTERIAL, VI. Bethesda: NHLBI (Institutos Nacionais de Saúde
Norte-Americanos) 98-4080, 1997.
RIBEIRO, Artur Beltrame, Hipertensão Arterial, Rio de Janeiro: Marques Saraiva,
1998.
ROUQUAYROL, M.Z; ALMEIDA FILHO, N. Epidemiologia, história natural e
prevenção de doenças. In: ROUQUAYROL, M.Z; ALMEIDA FILHO, N.
63
Epidemiologia e saúde. 5ªed. Rio de Janeiro: Médica e Científica, 1999. Capítulo. I, p.
15-31.
ZAITUNE, M. P. A; BARROS, M. B. A; CÉSAR, C. L. G; CARANDINA, L;
GOLDBAUM, M. Hipertensão Arterial em Idosos: Prevalência, fatores associados e
práticas de controle no Município de Campinas, São Paulo, Brasil. Caderno de Saúde
Pública. Rio de Janeiro. v. 22, n. 2, p. 285-294, Fev. 2006.
APÊNDICES
APÊNDICE I
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Você está sendo convidado a participar da pesquisa: “Motivos que levam o cliente
hipertenso a abandonar o tratamento anti-hipertensivo em uma Unidade de Saúde do
Município da Cidade de Belo Vale, Minas Gerais,” através do preenchimento do
questionário em anexo.
O projeto destina-se a identificar o perfil dos clientes com hipertensão arterial
sistêmica que abandonam o tratamento, na Estratégia de Saúde da Família do município
de Belo Vale, Minas Gerais.
Esta pesquisa permitirá ainda a verificação da incidência de pacientes com
hipertensão arterial sistêmica em uma Unidade Básica de Saúde (U.B.S.) que
abandonam o tratamento identificando quais os fatores interferem na continuidade do
tratamento da hipertensão arterial.
Destaca-se, ainda, que a pesquisa em questão está fundamentada na Resolução
196/96, conforme preconizado pelo Conselho Nacional de Saúde para pesquisa em seres
humanos. As informações obtidas através do questionário serão de caráter confidencial,
garantindo o completo anonimato do participante.
Declaro, portanto, que autorizo minha participação voluntária, livre de vícios
como simulação, fraude ou erro, dependência, subordinação ou intimidação, pois fui
informado (a) de forma clara e detalhada, compreendendo os objetivos, métodos,
benefícios, riscos e importância dessa pesquisa. Estou ciente que poderei retirar meu
consentimento a qualquer momento, sem constrangimento ou coerção.
64
Conselheiro Lafaiete ___/___/2009
______________________________________Identidade: ________________
Participante da pesquisa
____________________________________Identidade: MG-10.387.673
Cassiana Lúcia Coelho de Morais
______________________________________Identidade: MG- 11.756.840
Everton Elias Silva
______________________________________Identidade: MG-11.245.165
Gabriela Cordeiro Moura
Contatos dos pesquisadores:
Pesquisadores: Cassiana Lúcia Coelho de Morais (37639203); Everton Elias Silva
(9124-7865); Gabriela Cordeiro Moura (37313744).
Pesquisadora (responsável): Juliana Aparecida Silva Andreza (88730818)
APÊNDICE II
Questionário
Profissão:_________________________
Etnia:_________ Idade:_________ Sexo: ( )M ( )F
Renda Familiar:_______ N° de dependentes da Renda: _____
Etilista: ( ) Sim ( )Não Tabagista: ( ) Sim ( )Não
Sedentário: ( ) Sim ( )Não Hábitos Alimentares Saudáveis: ( ) Sim ( )Não
N° de Medicamentos usados:_______ Todos são fornecidos pelo PSF: ( ) Sim ( )Não
Possui outra doença: ( ) Sim ( )Não
Se sim, quais?___________________________________________________________
1- Você sabe o que é pressão alta?
2- Você segue o tratamento medicamentoso exatamente como o médico orientou?
( ) Sim ( )Não Por que? ________________________________________________
3- Depois que descobriu que tinha hipertensão arterial teve que mudar seu dia-a-dia?
65
Escolaridade: ( ) analfabeto
( ) lê e escreve
( ) 1 a 4 anos de estudo
( ) 5 a 8 anos de estudo
( ) 9 a 11 anos de estudo
( ) 11 anos ou mais
( ) Sim ( )Não
De que maneira?_________________________________________________________
4- Quais motivos interferem na continuidade do seu tratamento?
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
5- O que você acha do tratamento do P.S.F. em relação à sua doença?
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
APÊNDICE III
AUTORIZAÇÃO PARA PESQUISA
CONSELHEIRO LAFAIETE, 02 DE OUTUBRO DE 2009
AUTORIZAÇÃO PARA PESQUISA CIENTÍFICA
À
Secretaria Municipal de Saúde Belo Vale
Sr.: Diretor
Viemos através deste, como pesquisadores do Projeto de Pesquisa intitulado
"MOTIVOS QUE LEVAM O HIPERTENSO A ABANDONAR O TRATAMENTO
ANTI-HIPERTENSIVO EM UMA UNIDADE DE SAÚDE DA FAMÍLIA DO
MUNICÍPIO DE BELO VALE, MINAS GERAIS,", solicitar autorização para realizar
pesquisa com hipertensos cadastrados nas estratégias Saúde da Família.
Trata-se de um projeto de Trabalho de Conclusão de Curso, o qual pertence ao
curso de Graduação em Enfermagem, da FASAR-Faculdade Santa Rita, localizada no
Município de Conselheiro Lafaiete.
Esta pesquisa tem como intuito identificar o perfil dos clientes com hipertensão
arterial sistêmica que abandonam o tratamento, na Estratégia de Saúde da Família do
município de Belo Vale, Minas Gerais. Esta pesquisa permitirá ainda a verificação da
incidência de pacientes com hipertensão arterial sistêmica em uma Unidade Básica de
Saúde (U.B.S.) que abandonam o tratamento identificando quais os fatores interferem
66
na continuidade do tratamento da hipertensão arterial.
Para tal solicitamos autorização desta instituição para realização desta pesquisa.
Quaisquer dúvidas que existirem agora ou a qualquer momento, poderão ser
esclarecidas, bastando entrar em contato pelo telefone abaixo mencionado.
De acordo com estes termos, favor assinar abaixo. Uma cópia deste documento
ficará com a instituição e outra com os pesquisadores. Desde já agradecemos.
Contatos dos pesquisadores:
Pesquisadores: Cassiana Lúcia Coelho de Morais (37639203); Everton Elias Silva
(9124-7865); Gabriela Cordeiro Moura (37313744).
Pesquisadora (responsável): Juliana Aparecida Silva Andreza (88730818)
Ciente e de acordo.
ANEXO I
CLASSES DE ANTI-HIPERTENSIVOS
Diuréticos
São as drogas mais usadas no tratamento da HAS em todo o mundo, mais de
trinta anos. Têm papel vital no controle dessa condição, seja isolado ou em associação
com outras drogas.
Essas drogas são, ainda, as mais extensivamente estudadas e têm demonstrado
redução de morte e complicações cardiovasculares.
Mecanismo de ação o local de ação dessas drogas é o néfron (unidade
morfofuncional do rim). O mecanismo exato pelo qual os diuréticos baixam a pressão
ainda não está devidamente esclarecido. Inicialmente, produzem leve depleção do sódio.
Com a continuação da terapia ocorre, diminuição da resistência vascular periférica.
Efeitos adversos podem depletar potássio com doses moderadas ou elevadas.
Cuidados especiais devem ser tomados com os idosos, em vista da hipotensão postural.
67
Tipo de diurético
Hidroclorotiazida (HCT) é um diurético padronizado para uso rotineiro.
Deve ser usado na maioria das vezes como droga inicial, permitindo uma ação
antihipertensiva lenta, com reações compensatórias reflexas menos intensas.
A prevenção e os efeitos colaterais da HCT como dislipidemia, intolerância à
glicose, hipopotassemia, impotência sexual, hiperuricemia é alcançada com doses cada
vez menores, e vigilância dessas alterações. Não deve ultrapassar a dose de 50mg/dia.
Estudos recentes têm mostrado diminuição da excreção urinária de cálcio. Este
efeito tem sido associado à baixa incidência de fraturas em idosos.
Pacientes com insuficiência cardíaca e insuficiência renal crônica (creatinina >-
que 1,5mg/dl) deverão usar a furosemida ao invés da hidroclorotiazida.
Em diabéticos utilizar doses baixas (12,5 a 25 mg/dia), o que minimiza os efeitos
adversos. Deve-se, ainda, monitorar o potássio e a glicose sangüínea.
Inibidores simpáticos
O cérebro exerce grande controle sobre a circulação. Portanto, atuar
farmacologicamente nesta área é imprescindível para diminuir a pressão arterial nos
hipertensos - clonidina e alfametildopa são as drogas preferenciais.
Mecanismo de ação essas drogas deprimem o tônus simpático do sistema
nervoso central.
Tipo de inibidor simpático
Alfametildopa é a droga ideal para tratamento da grávida hipertensa pois se
mostrou mais efetiva na redução da pressão arterial dessas pacientes, além de não
provocar mal-formação fetal.
68
Os efeitos colaterais, como hipotensão postural e disfunção sexual, sintomas
freqüentes no indivíduo com neuropatia autonômica, diabética limitam o seu uso nesta
população.
Betabloqueadores
São drogas que antagonizam as respostas às catecolaminas, mediadas pelos
receptores beta. São úteis em uma série de condições, tais como: arritmias cardíacas,
prolapso da válvula mitral, infarto do miocárdio, angina do peito e hipertensão portal
esquistosomática.
Mecanismo de ação - ainda não está bem esclarecido como estas drogas
produzem redução da pressão arterial, diminuição da freqüência do débito cardíaco são
os resultados encontrados após a administração das mesmas. No seu uso constante, a
diminuição da pressão arterial se correlaciona melhor com alterações na resistência
vascular periférica que com variações na freqüência cardíaca ou alterações no débito
cardíaco induzidas por estas drogas.
Tipo de betabloqueador
Propranolol (PP) foi o primeiro betabloqueador sintetizado e ainda é o mais
usado.
Efeitos adversos contra-indicado em atópicos ou asmáticos pelo
desencadeamento ou agravamento do broncoespasmo, podendo levar a insuficiência
respiratória aguda. Também contra-indicado em bloqueio cardíaco e insuficiência
vascular periférica.
Apesar da possível deteorização do controle glicêmico e do perfil lipídico, o
UKPDS demonstrou que o atenolol reduziu o risco de doenças macro e microvascular
no paciente diabético. Importante lembrar que no paciente diabético, além das suas
69
clássicas contra-indicações, como a insuficiência arterial periférica os betabloqueadores
podem mascarar a prolongar os sintomas da hipoglicemia.
Vasodilatadores diretos
São drogas que têm efeito relaxador direto no músculo liso, sem intermediação
de receptores celulares.
Mecanismo de ação – leva a vasodilatação da arteríola pré-capilar e
conseqüente queda da resistência vascular periférica. Isto pode, por mecanismo de
compensação, levar ao auto da retenção de sódio e água. Esta é uma das razões porque
essas drogas devem ser usadas em associação prévia com betabloqueadores e
diuréticos em hipertensão grave e resistente.
Tipo de vasodilatador direto
Minoxidil – deve ser usada como quarta droga em HAS grave.
Inibidores da enzima conversora da angiotensina (IECA)
Essas drogas representam grande avanço no tratamento da HAS.
Mecanismo de ação esses compostos inibem a formação de angiotensina I,
bloqueando o sistema renina angiotensina – aldosterona.
A angiotensina II é um dos maiores vasoconsttrictores conhecidos e se origina a
partir do angiotensinogênio vindo da renina. As angiotensinas são produtos de uma série
de reações proteolíticas iniciadas com a clivagem do angiotensinogênio.
Para a formação da angiotensina II, vindo da angiotensinaI, faz-se necessária à
presença da enzima conversora (ECA). Essas drogas bloqueiam essa enzima, que
transforma a AI em AII (convertase). Possuem perfil hemodinâmico e metabólico
favorável e podem ser usadas em associação a outras drogas.
70
Do ponto de vista terapêutico, os inibidores da enzima de conversão da
angiotensina (ECA), além da redução da pressão arterial sistêmica, reduzem a pressão
intraglomerular, que tem como conseqüência proteção renal específica.
Vale ressaltar que são drogas contra-indicadas na gestação ou em mulheres com
risco de engravidar, pela possibilidade de malformação fetal.
Tipo de IECA
Captopril foi o primeiro inibidor da conversão da angiotensina. Tem
indicação formal para os hipertensos portadores de diabetes, haja vista provocar queda
da hipertensão glomerular, tão danosa para a função renal, e evitar perda de albumina
pela urina (albuminúria).
Apresenta a vantagem de não prejudicar a sensibilidade à insulina e o perfil
lipídico do plasma, e associa-se à redução da HVE. Na neuropatia autonômica do
diabetes, a possibilidade de hipoaldosterismo hiporreninêmico com elevação de potássio
pode limitar o uso de IECA.
Cuidados devem ser tomados em relação aos indivíduos com estenose de artéria
renal, pela possibilidade de hipoperfusão e, conseqüentemente, queda da função de
filtração renal. Dosagem de potássio e de creatinina auxiliam na avaliação da função
renal.
Fonte: MINISTÉRIO DA SAÚDE, (2002)
71
Licença:
<a rel="license" href="http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/br/"><img
alt="Licença Creative Commons" style="border-width:0"
src="http://i.creativecommons.org/l/by-nc- nd/3.0/88x31.png" /></a><br /><span
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property="dct:title" rel="dct:type">Motivos que levam o cliente hipertenso a abandonar o tratamento
anti-hipertensivo em uma unidade básia de saúde do município de Belo Vale - MG</span> by <span
xmlns:cc="http://creativecommons.org/ns#" property="cc:attributionName">Everton Elias
Silva</span> is licensed under a <a rel="license"
href="http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/br/">Creative Commons
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72
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