A distância entre a ocupação de um sítio arqueológico por algum povo, a
dificuldade mesma de se encontrar vestígios de uma ocupação, a
consistência (‘dureza da terra’) de um determinado estrato arqueológico, o
tamanho dos artefatos encontrados, seu peso, espessura, textura,
capacidade, facilidade no transporte (pela presença de alças e pés, por
exemplo) são todos dados importantes a serem registrados (op. cit., p. 55).
Neste raciocínio, Prous (2007, p. 13-14) detalha que:
Ossos humanos informam sobre idade, sexo, características físicas tanto
individuais quanto diagnósticas de um tipo de população (evita-se o termo
raça), posturas fequentes e tipos de esforços mecânicos, doenças e
alimentação. Os restos de animais pequenos fornecem dados sobre o
ambiente local (umidade, temperatura,); os de animais caçados, sobre as
escolhas e os hábitos de preparo alimentar. Os vegetais (raramente
preservados) evidenciam as técnicas de coleta e/ou de cultivo, e as
modificações genéticas sob domesticação. Os instrumentos de pedra (mais
facilmente preservados, mas nem por isso os mais comuns na época pré-
histórica), de osso, de cerâmica ou artefatos vegetais informam sobre as
tecnologias conhecidas pelo grupo que os fabricou, mas também as marcas
especificas que diferenciam a produção de um grupo com referência aos
vizinhos [...] os vestígios de uso nos artefatos (estudados no microscópio ou
a partir de análises químicas) podem indicar os produtos fabricados ou
preparados. Os grafismos (pinturas, gravuras) deixados em paredões (a
chamada arte rupestre) ou pequenos objetos, assim como as esculturas e
modelagens, permitem abordar a esfera do pensamento simbólico por meio
de temas, formas e ritmos privilegiados pelas populações [...] vestígios
‘naturais’ informam sobre o paleoambiente: clima, vegetação, fauna e
topografia, que mudam ao longo do tempo, influenciando as coletividades
humanas.
Os sítios arqueológicos e os vestígios ali contidos constituem-se em um
patrimônio coletivo, que pela lei federal pertence a todo o povo brasileiro, pois
ajudam a descobrir como viviam nossos antepassados, contando a
história dos primeiros habitantes das terras que se tornaram nosso
país.
Vestígios arqueológicos são frágeis e sobreviveram
centenas ou milhares de anos depositados no solo ou inseridos na
paisagem. Sofrem naturalmente o desgaste do tempo, das chuvas,
do sol, do vento, às vezes das águas dos rios. Além disso, há a ação humana, que a
cada dia demanda por casas, estradas, abastecimento de água e outras estruturas,
podendo ser predatória sobre vestígios arqueológicos.
No Marajó viveram povos no passado que conseguiram se desenvolver ao
longo de muitos anos de experiência e observação da natureza. O vestígio
arqueológico do Marajó que mais se conhece é a cerâmica, que tem uma decoração
com texturas diferentes, com formas semelhantes às humanas, pinturas e linhas em