pertencem à categoria mito, em qualquer dos vários sentidos, e.g., como
uma história sobre seres sobrenaturais, ou como uma expressão simbólica
de intuições básicas, ou como uma narrativa com propósito de percepções
questionadoras. Não obstante, o mito é uma categoria muito mais ampla do
que o apocalipse; assim, o gênero desses textos pode ser definido mais
proveitosamente em um nível menor de abstração.
Mcginn (1997, p. 508): “os apocalipses pertencem a uma forma literária que,
categoricamente, requer uma leitura que contenha mais do que o sentido aparente”.
Soares (2008) afirma que somente no século XX a literatura chamada de
“Apocalíptica” passou a ter sua importância intensificada, e essa importância
começou a crescer quando se constatou sua grande influência sob o pensamento e
a fé cristã.
Tal como Kümmel (1982) observa que este gênero literário apocalíptico é, em
sua essência, um fenômeno literário que aconteceu no judaísmo e que cresce em
tempos de crise e perturbações, tal como aconteceu no século passado na primeira
guerra mundial, no primeiro século da Era cristã, sob a perseguição aos cristãos no
período do Império Romano e também na época macabaica da história de Israel
(século II a.C). A partir da revelação profética e da História que vivenciam, este
gênero literário usa vários símbolos para retratar sua realidade.
Soares apud Collins (2008) mostram a importância de levarmos em
consideração que a literatura apocalíptica compreende não somente o livro
Apocalipse do Novo Testamento (NT), mas também o Livro dos Jubileus, Enoque,
Esdras, o Livro dos sonhos, Baruque, Apocalipse das semanas, o Testamento de
Abraão, o Apocalipse de Abraão, o Apocalipse de Sofonias, o Testamento de Levi, o
Livro das sentinelas e o Livro de astronomia e Similitudes. Soares apud Russel
(2008, p. 89 ) afirmam que:
A palavra “apocalíptico” é derivada do substantivo grego apokalypsis, que
significa “revelação”. Entretanto, seu uso, com referência a esse gênero de
literatura, é devido com toda probabilidade não ao caráter revelatório dos
livros em questão, mas preferivelmente ao fato de que eles têm muito em
comum com o Apocalipse do Novo Testamento, com seu linguajar esotérico,
sua imaginação bizarra e seus pronunciamentos relativos à consumação de
todas as coisas em cumprimento das promessas de Deus.
Soares apud Russel (2008) mostra que há muito mistério em torno da palavra
apocalipse, pois a literatura moderna fez com que tal palavra ganhasse a conotação
de “cataclismo”, e isso dificultaria o bom entendimento desse gênero. Contudo, a