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RESÍDUOS DE OFICINA MECÂNICA: PROPOSTA DE
GERENCIAMENTO
1
WORKSHOP RESIDUES MECHANICS: PROPOSAL OF A
SYSTEM AMBIENT MANAGEMENT
Gerson Vargas Lopes
2
e Pedro Daniel da Cunha Kemerich
3
RESUMO
Os resíduos gerados na atividade de ocina mecânica merecem atenção especial,
pois comprometem a qualidade de vida das comunidades e o meio ambiente.
Diante da importância do problema, o objetivo do trabalho foi estabelecer um
sistema de gestão ambiental para os resíduos de ocina mecânica. O estudo foi
realizado na empresa de transporte coletivo Expresso Medianeira Ltda. - Santa
Maria, RS. O método utilizado baseou-se em visitas à ocina e na aplicação de
questionários; logo, elaborou-se uma planilha para identicar e correlacionar as
classes de resíduos existentes no empreendimento e no impacto ambiental de cada
classe existente. Observaram-se procedimentos drios quanto ao manuseio,
coleta, armazenamento e destinação de resíduos sólidos. A realização do trabalho
de campo permitiu identicar reduos com alto potencial de risco quando gerencia-
dos inadequadamente. O trabalho demonstrou que o gerenciamento adequado
reduz o impacto dos resíduos gerados na ocina mecânica. A proposta de um plano
de gerenciamento apresentada nesta pesquisa constitui-se de ações simples, de
baixos custos, porém ecazes, pois contribuem para a diminuição da pressão sobre
os recursos naturais.
Palavras-chave: plano de gerenciamento, resíduos sólidos, ocina mecânica.
ISSN 1981-2841
_______________
1
Trabalho Final de Graduação – TFG.
2
Acadêmico do Curso de Engenharia Ambiental – UNIFRA.
3
Orientador – UNIFRA.
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ABSTRACT
The residue generated in garages deserve special attention, once it compromise
the life quality of communities and the environment. Upon the signicance of
this problem, the objective of the work was to establish a system of environmental
management of garage residue. The study was carried out in the transportation
company, Expresso Medianeira Ltda. - Santa Maria, RS. The research method
was based on visits to its garage and applying of questionnaires. A spreadsheet
was elaborated to identify and correlate the classes of existing residue in the
enterprise and the environmental impact of each existing class. Daily procedures
were observed, regarding handling, collecting and destination of solid residue.
The eld work allowed to identify residue with a high risk potential when
inadequately managed. The work demonstrated that the adequate management
reduces the impact of residue originated from garages. The proposal of a manage-
ment plan presented here constitutes of simple, low cost actions, nevertheless,
efcient for the reduction of pressure on natural resources.
Keywords: management plan, solid residue, garage.
INTRODUÇÃO
O crescente desenvolvimento tecnológico causou um aumento signi-
cativo na geração de resíduos, em suas mais variadas formas, que necessitam de
acondicionamento, transporte e disposição nal especícos para cada classe de
material. A falta de um gerenciamento adequado de resíduos, especialmente por
parte das empresas, é um problema ambiental extremamente grave em virtude dos
diferentes compostos químicos oriundos deste meio.
A Norma NBR 10004 Resíduos Sólidos Classicação, revisada em
2004, dene os resíduos sólidos como sendo:
resíduos nos estados sólido e semi-sólido, que resultam de
atividades de origem industrial, doméstica, hospitalar, co-
mercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos
nesta denição os lodos provenientes de sistemas de trata-
mento de água, aqueles gerados em equipamentos e instala-
ções de controle de poluição, bem como determinados líqui-
dos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento
na rede pública de esgotos ou corpos de água, ou exijam para
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isso soluções técnica e economicamente inviáveis em face à
melhor tecnologia disponível (ABNT/NBR, 2004).
De acordo com a NBR 10004, os resíduos são divididos em duas classes:
Os reduos classe I perigosos: o aqueles cujas propriedades -
sicas, qmicas ou infectocontagiosas podem acarretar em riscos à saúde -
blica e/ou riscos ao meio ambiente, quando o resíduo for gerenciado de forma
inadequada. Para que um resíduo seja apontado como classe I, ele deve estar
contido nos anexos A ou B da NBR 10004 ou apresentar uma ou mais das se-
guintes características: inamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade
e patogenicidade.
Os métodos de avaliação dos resíduos, quanto às características acima
listadas, eso descritos em detalhes na NBR 10004 ou em normas técnicas
complementares e são amplamente aceitos e conhecidos no Brasil.
De acordo com a NBR 10004, os resíduos classe II Não perigosos
dividem-se em:
Reduos Classe II A
o inertes: aqueles que o se enquadram nas classicões de resí-
duos classe I - Perigosos ou de resíduos classe II B - Inertes. Os resíduos classe
II A o inertes podem apresentar propriedades como biodegradabilidade,
combustibilidade ou solubilidade em água.
Reduos Classe II B
Inertes: quaisquer resíduos que, quando amostrados de uma forma repre-
sentativa, segundo a ABNT NBR 10007 (1990) e submetidos a um contato dinâmico
e estático com água destilada ou desionizada, à temperatura ambiente, conforme
ABNT NBR 10006, não tiverem nenhum de seus constituintes solubilizados a
concentrações superiores aos padrões de potabilidade de água, excetuando-se
aspecto, cor, turbidez, dureza e sabor, conforme anexo G, da NBR 10004.
Em relação ao armazenamento de resíduos perigosos, de acordo com a
NBR 12235/1992, trata-se de uma “contenção temporária, em área autorizada pelo
órgão de controle ambiental, à espera de reciclagem, recuperação ou disposição
nal adequada, desde que atenda às condições básicas de segurança”.
Esse armazenamento deve ser feito de modo a o alterar a quantidade/quali-
dade do reduo, como forma temporária de espera para reciclagem, recuperão, tra-
tamento e/ou disposão nal. O acondicionamento pode ser realizado em conineres,
tambores, tanques ou a granel.
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Uma instalação de armazenamento de resíduos deve ser operada e manti-
da de forma a minimizar a possibilidade de fogo, explosão, derramamento ou va-
zamento de resíduos perigosos para o ar, água supercial ou solo, os quais possam
ameaçar a saúde humana ou o meio ambiente (NBR 12235, 1992). De acordo
com a NBR – 11174/1990, o armazenamento dos resíduos classe II A e o arma-
zenamento dos resíduos classe II B, devem ser feitos da seguinte maneira: “os
resíduos devem ser armazenados de maneira a não possibilitar a alteração de sua
classicação e de forma que sejam minimizados os riscos de danos ambientais.”
Os resíduos das classes II – A e II – B não devem ser armazenados jun-
tamente com reduos classe I, em face de a possibilidade da mistura resultante
ser caracterizada como resíduo perigoso. O armazenamento de reduos classe
IIA e IIB pode ser realizado em contêineres e/ou tambores, em tanques e a
granel (NBR 11174, 1990).
O Plano de Gerenciamento de Resíduos (PGR) mostra o tipo de resíduo,
a quantidade em quilos, metros cúbicos, litros ou unidades por mês, a classe em
que o resíduo enquadra-se, o modo de acondicionamento, a estocagem e o des-
tino nal. A elaboração do plano de gerenciamento facilitou a visualização dos
resíduos gerados na empresa, sendo possível a modicação do mesmo, quando
necessário, com o intuito de melhorar o nível de qualidade ambiental. O plano de
gerenciamento é uma ferramenta que auxiliará a empresa a alcançar um melhora-
mento na parte ambiental, facilitando seu enquadramento nos requisitos legais.
Desenvolver e implantar um plano de gerenciamento de resíduos é fun-
damental para qualquer empresário que deseja maximizar as oportunidades e re-
duzir custos e riscos associados à gestão de resíduos sólidos (MAROUN, 2006).
O PGR deve assegurar que todos os resíduos serão gerenciados de forma
apropriada e segura, desde a geração até a destinação nal, e deve envolver as
seguintes etapas, se necessário: Gerão (fontes); Caracterizações (Classicação,
quanticação); Manuseio; Acondicionamento; Armazenamento; Coleta; Transporte;
Reuso/Reciclagem; Tratamento e Disposição nal.
Para que o PGR funcione de forma ecaz deve-se: identicar as fontes
de geração de resíduos por meio de visitas a determinados pontos geradores de
resíduos que o: lavagem de peças, manuteão, sala de pintura e rampas de
troca de óleo; classicar os reduos de acordo com a NBR 10004, para deter-
minação de sua periculosidade; quanticar os resíduos por meio de pesquisa
em documentos e do controle de estoque, sendo que a quanticão auxilia na
determinação de como serão efetuados o transporte e o armazenamento.
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As razões para se preocupar com os processos de acondicionamento e
coleta de um PGR são as seguintes: o manuseio e o acondicionamento corretos
dos resíduos possibilitarão a maximização das oportunidades com a reutilização e
a reciclagem, já que determinados resíduos podem car irrecuperáveis no caso de
serem acondicionados de forma incorreta; redução de riscos de contaminação do
meio ambiente, do trabalhador e da comunidade, pois é menos oneroso manusear
e acondicionar resíduos de forma adequada do que recuperar recursos naturais
contaminados, bem como tratar a saúde das pessoas envolvidas com os resíduos.
Caso haja mistura de resíduos de classes diferentes, um reduo o
perigoso pode ser contaminado e tornar-se perigoso, dicultando seu gerencia-
mento e aumentando os custos a ele associados.
A separação correta e criteriosa permite o tratamento diferenciado, a
racionalização de recursos despendidos e facilita a reciclagem (MAROUN,
2006). A primeira etapa do processo de remoção dos resíduos sólidos corresponde
à atividade de acondicionamento do lixo. Podem ser utilizados diversos tipos
de vasilhames, como: vasilhas domiciliares, tambores, sacos psticos, sacos
de papel, contêineres comuns, contêineres basculantes, entre outros. No Brasil,
percebe-se grande utilização de sacos plásticos. O lixo mal acondicionado
signica poluição ambiental e risco à seguraa da população, pois pode levar
ao aparecimento de doenças. O lixo bem acondicionado facilita o processo
de coleta (CUNHA; FILHO, 2002). Para facilitar o processo de separação
dos resíduos a Resolução CONAMA 275/01 (1999) estabelece o código
de cores para os diferentes tipos de resíduos, a ser adotado na identificação
de coletores e transportadores, bem como nas campanhas informativas para
a coleta seletiva:
Padrão de cores: AZUL: papel/papelão; VERMELHO: plástico; VERDE:
vidro; AMARELO: metal; PRETO: madeira; LARANJA: resíduos perigosos;
BRANCO: reduos ambulatoriais e de serviços de saúde; ROXO: resíduos ra-
dioativos; MARROM: resíduos orgânicos; CINZA: resíduo geral não recicvel
ou misturado, ou contaminado o passível de separão.
A operão de coleta engloba desde a partida do veículo de sua gara-
gem, compreendendo todo o percurso gasto na viagem para remoção dos resí-
duos dos locais onde foram acondicionados aos locais de descarga até o retorno
ao ponto de partida.
A coleta normalmente pode ser classicada em dois tipos de sistemas:
sistema especial de coleta (resíduos contaminados) e sistema de coleta de resí-
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duos não contaminados. Neste último, a coleta pode ser realizada de maneira
convencional (resíduos são encaminhados para o destino nal) ou seletiva (resí-
duos recicláveis são encaminhados para locais de tratamento e/ou recuperação)
(CUNHA; FILHO, 2002).
De acordo com Maroun (2006), o resíduo é reaproveitado sem que sua
estrutura modique-se, como, por exemplo, a utilização dos dois lados de uma fo-
lha de papel; durante sua reciclagem, há um beneciamento do resíduo para que o
mesmo seja utilizado em outro ou no mesmo processo. Em alguns casos existem re-
síduos que necessitam de algum tipo de pré-tratamento antes de sua destinação nal.
O p-tratamento pode ser efetuado dentro ou fora das depenncias
da empresa, porém, se for efetuado dentro da empresa, deve ser licenciado
pelo órgão ambiental responsável, e, também, estar presente no plano de ge-
renciamento de reduos sólidos.
A destinação nal escolhida dependerá de cada tipo de resíduo. Deverá
ser realizada uma análise de custo/benefício dentro de todas as possibilidades viá-
veis (MAROUN, 2006). As variáveis comumente avaliadas na denição da desti-
nação nal de resíduos são as seguintes: Tipo de resíduo; Classicação do resíduo;
Quantidade do resíduo;todos técnica e ambientalmente viáveis de tratamento ou
disposição; Disponibilidade dos métodos de tratamento ou disposição; Resultados
a longo prazo dos métodos de tratamento ou disposição; Custos dos métodos de
tratamento ou disposição.
Até o nal da década de 80 e inicio da década de 90, a gestão era, em
grande parte, tratada caso a caso e as melhorias ambientais resultavam da regula-
mentação com base no desempenho, após uma série de questões mais ou menos
distintas. Por exemplo, com a identicação de substâncias perigosas, aprovou-se
uma legislação que limita o uso e o descarte ou determina como tais substâncias
devem ser manipuladas ou controladas. Na maioria dos casos, as organizações
observaram essa legislação, administrando-a como item de custo nos negócios.
O ambiente foi tratado caso a caso, geralmente por equipe técnica e jurídica res-
ponsável pelas questões reguladoras (HARRINGTON; KNIGHT, 2001).
Em 1996, foram criadas as ISO 14000, uma série de normas que promo-
vem uma abordagem comum internacional no que se refere à gestão ambiental dos
produtos. A ISO 14001 confere certicado de qualidade ambiental às empresas; a
14004 é um guia de princípios, sistemas e técnicas de suporte para que as organi-
zações possam se enquadrar e conseguir o documento; as ISO 14010 até 14012 são
diretrizes para a auditoria dos métodos produtivos das empresas; as ISO 14020 até
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14024 normatizam objetos, princípios, termos e denições para a rotulagem am-
biental; as ISO 14040 até 14043 denem a avaliação do ciclo de vida dos produtos
e, por m, a ISO 14050 estabelece termos e denições (MARQUES, 2000).
Por meio da utilização dos certificados de qualidade ambiental e
com o auxílio de planejamento ambiental, o gerenciamento dos resíduos é
efetuado de forma mais eficiente e correta. Segundo Floriano (2004), plane-
jamento é um processo de organização de tarefas para se chegar a um fim,
com fases características e sequenciais que, em geral, estão na seguinte or-
dem: identificar o objeto do planejamento, criar uma visão sobre o assunto,
definir o objetivo do planejamento, determinar uma missão ou compromisso
para se atingir o objetivo do planejamento, definir políticas e critérios de
trabalho, estabelecer metas, desenvolver um plano de ações necessárias para
atingir as metas e cumprir a missão e os objetivos, estabelecer um sistema de
monitoramento, controle e análise das ações planejadas, definir um sistema
de avaliação sobre os dados controlados e, finalmente, prever a tomada de
medidas para preveão e correção quanto aos desvios que poderão ocorrer
em relão ao plano.
As empresas devem, antes de tudo, atender às necessidades de seus consu-
midores, ou seja, devem disponibilizar os bens e os serviços que todos necessitam,
porém com o objetivo de obter equilíbrio ambiental, fazendo com que ferramentas
sejam utilizadas com o intuito da redução do consumo e do descarte dos recursos
utilizados para o funcionamento da empresa. O trabalho teve por objetivo estabe-
lecer uma proposta de gerenciamento para os resíduos de ocina mecânica, por
meio da qualicação e da quanticação dos resíduos gerados na empresa e propor
maneiras adequadas de disposição, armazenamento e reaproveitamento, evitando
maiores prejuízos aos recursos naturais.
MATERIAL E MÉTODO
O estudo foi realizado, no período de abril a julho de 2007, na empresa de
transporte coletivo Expresso Medianeira Ltda. - Santa Maria/RS, a qual possui uma
frota de 125 ônibus com sistema de lavagem para os veículos e ocina mecânica,
gerando, assim, uma grande quantidade de resíduos. Com a visita foram identi-
cados os tipos de resíduos gerados, determinadas a maneira de armazenamento,
estocagem e descarte, conforme as normas e as legislações pertinentes. Posterior-
mente, foi elaborado um plano de gerenciamento de resíduos.
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RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resíduos determinados e quanticados, segundo as visitas efetuadas
na empresa foram: papel e papeo, plásticos, vidros, mpadas uorescentes, pilhas e
baterias, pneus, ferro, estopas, resíduos oleosos, baterias (ônibus) e ltro de óleo.
No quadro abaixo são apresentados os seguintes parâmetros: classe, tipo de
acondicionamento, estocagem e destino dos resíduos sólidos da ocina mecânica
da empresa Expresso Medianeira, no ano de 2007.
Tipo de Resíduo Quant.
Classe do
Resíduo
Acondicio-
namento
Estoca-
gem
Destino
Lâmpadas uores-
centes (unidades/
mês)
07 I
Caixa de
papelão
Depósito
coberto
Coleta Pública
de Resíduos
Sólidos
Pilhas e baterias
(unidades/mês)
23,4 I Outras formas
Depósito
coberto
Outras formas
Estopas (Kg/mês) 75 I
Tonel de 200
Litros
Pátio co-
berto
Incineração
Resíduos oleosos
(litros/mês)
333,33 I
Tambor de
250 Litros
Pátio co-
berto
Coleta por
empresa espe-
cializada
Filtros de óleo
(unidades/mês)
80 I
Tonel de 200
Litros
Pátio co-
berto
Coleta Pública
de Resíduos
Sólidos
Papel e papelão
(Kg/mês)
46 II – A Fardos
Depósito
coberto
Doação
Vidros (unidades/
mês)
18 II – B A granel
Pátio des-
coberto
Coleta Pública
de Resíduos
Sólidos
Pneus (unidades/
mês)
33 II – B A granel
Depósito
coberto
Coleta por
empresa espe-
cializada
Ferro (Kg/mês) 973,33 II – B
Caixas de
madeira
Depósito
coberto
Venda
Plástico (Kg/mês) 11 II – B Fardos
Depósito
coberto
Doação
Em relação ao Acondicionamento, Estocagem e Destino Final na empresa,
a classicação apresentou os seguintes resultados:
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PAPEL E PAPELÃO
Os papéis e papelões encontrados na empresa são levados para um local
de armazenamento que ca na dependência do almoxarifado junto aos demais
resíduos gerados na ocina, acondicionados em grandes fardos.
De acordo com a NBR 10004, que classica os resíduos sólidos, o papel
e o papelão se enquadram na classe II A não inertes. O modo correto de estocar
esses resíduos é em local coberto, a m de que não entrem em contato com os
demais resíduos para que não haja contaminação. Na empresa, a estocagem é feita
em um depósito coberto, porém algumas vezes entra em contato com os demais
resíduos, conforme pode ser visualizado na gura 1.
Figura 1 - Estocagem do papel e papelão.
O papel e o papelão podem ser comercializados e/ou encaminhados à
reciclagem. No caso da empresa em estudo, é realizada a doação para associações
de catadores.
VIDROS
Os vidros, que representam os para-brisas e as janelas laterais dos ônibus,
são armazenados de forma individual, de acordo com a NBR 10004 que classi-
ca os resíduos sólidos quanto a sua periculosidade. Os vidros determinados na
empresa se enquadram na classe II – B Inertes e devem ser dispostos em um local
onde não sofram danos nem ofereçam risco aos funcionários e aos responsáveis
pela coleta. Ainda assim, o destino adequado para os vidros é a reciclagem ou a
reutilização e não a coleta pública de resíduos sólidos como ocorre na empresa.
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LÂMPADAS FLUORESCENTES
As mpadas uorescentes, que o uma alternativa para a redução no
consumo de energia, mas que necessitam de cuidados especiais quanto ao seu
manuseio e a sua disposição nal, o acondicionadas em caixas de papelão,
enquanto deveriam estar dispostas em contêiner com cada unidade separada de
acordo com o material, evitando choques e atritos entre as peças.
De acordo com a NBR 10004, as lâmpadas uorescentes enquadram-se
na classe I Perigoso e apresentam uma ou mais das seguintes caractesticas:
inamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade e patogenicidade. É re-
comendável que sejam estocadas em local ventilado e protegidas contra sua
eventual ruptura por agentes menicos e não como é efetuado na empresa
onde são estocadas, com resíduos classe II e em um depósito coberto, podendo
contaminá-los.
O destino adequado para esse resíduo é a reciclagem, porém a empresa
não o destino correto, pois não um local próprio para sua disposição nal.
Ao atingir um número elevado de lâmpadas uorescentes, a empresa as disponibi-
liza para coleta pública de resíduos sólidos.
PILHAS E BATERIAS
As pilhas e baterias de telefones são armazenadas em um tambor de plás-
tico de 20 litros, já as baterias dos ônibus são acondicionadas de forma individual.
Segundo a NBR 10004, as pilhas e baterias se enquadram na classe I Perigoso,
pois apresentam uma ou mais das seguintes características: inamabilidade, cor-
rosividade, reatividade, toxicidade e patogenicidade.
As pilhas e baterias são estocadas em um depósito coberto dentro das de-
pendências do almoxarifado. A coleta das pilhas e baterias de telefones não ocorre
desde o início do ano e seu destino nal é efetuado por uma empresa qualicada,
que faz a separação de cada constituinte da bateria e se responzabiliza por seus
destinos adequados.
PNEUS
Os pneus, grandes responsáveis por contaminações e proliferações de do-
enças, são acondicionados de forma individual. Segundo a NBR 10004, os pneus
utilizados e dispostos na empresa se enquadram como resíduos classe II B Inertes.
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São estocados em um depósito coberto, de maneira correta, mas junto aos demais
resíduos existentes na empresa, conforme a gura 2, podendo entrar em contato
com substâncias oleosas. A empresa que fornece os pneus é responsável por sua
coleta e destinação nal.
Figura 2 - Pneus.
METAIS
Os metais são basicamente molas, peças e ferro fundido provenientes
da reposição das peças dos veículos. A NBR 10004 enquadra esses materiais na
classe II – B Inertes. Sua estocagem é feita em um depósito coberto, porém junto
com os demais resíduos. Nesse caso, deveriam ser estocados individualmente.
Essas peças metálicas podem ser encaminhadas para a empresa de reciclagem na
qual é efetuada a venda do resíduo para um “ferro velho”.
ESTOPAS
As estopas são utilizadas na limpeza de peças dos funcionários que mani-
pulam resíduos como óleos e são acondicionadas em tonéis de plástico de 200 litros.
De acordo com a NBR 10004, as estopas se enquadram na classe I – Perigosos, pois
apresentam uma ou mais das seguintes características: inflamabilidade, corrosi-
vidade, reatividade, toxicidade e patogenicidade. A estocagem das estopas na
empresa é realizada em setor coberto anexo à oficina mecânica. A disposição
desses resíduos deve ser em Aterro para Resíduos Perigosos (ARIP) ou incinera-
ção, outra alternativa é encaminhá-los ao reaproveitamento, devido ao seu poder
caloríco em substituição aos combustíveis fósseis, após licenciamento pelo órgão
ambiental (alternativa adotada pela empresa).
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RESÍDIUOS OLEOSOS
Os ônibus são submetidos a uma troca de óleo a cada três meses. Esse óleo
é armazenado em tanques de 250 litros, conforme a NBR 10004, pois se enquadra
na classe I Perigosos por apresentar uma ou mais das seguintes características:
inamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade e patogenicidade. O local
de estocagem na empresa é coberto e contém uma área de contenção. Caso ocorra
algum tipo de vazamento, a alternativa realizada e adequada para a destinação
nal é a regeneração ou re-renação por uma empresa terceirizada.
FILTRO DE OLÉO
Os ltros são levados para uma peça onde cam dispostos a m de escor-
rer o excesso de óleo para depois serem acondicionados em tonéis de 200 litros.
De acordo com a NBR 10004, os ltros de óleos se enquadram na classe I – Perigoso,
pois apresentam uma ou mais das seguintes características: inamabilidade, cor-
rosividade, reatividade, toxicidade e patogenicidade. A estocagem desse resíduo
é feita no pátio coberto da ocina. O destino nal acontece por meio da coleta
pública de resíduos sólidos, junto com o lixo comum, porém a maneira adequada
consiste na separação das partes constituintes do ltro para posterior destinação de
cada resíduo de acordo com sua especicação.
PLÁSTICOS
De acordo com a NBR 10004 que classica os resíduos sólidos quanto a
sua periculosidade, os plásticos determinados na empresa enquadram-se na classe
II B Inertes. Na empresa, os plásticos são armazenados em local coberto e seu
destino nal é a doação para as associações de catadores.
Grande parte da matéria prima utilizada na ocina mecânica vem embalada
em plásticos, é feita, ainda, grande utilização de copos descartáveis, utilizados para
o consumo de cafezinhos e de água. Esses resíduos são acondicionados em fardos.
CONCLUSÃO
O trabalho permitiu concluir que as empresas, em especial as de ocina
mecânica, necessitam de uma forma mais adequada de gerenciamento de seus
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resíduos, prncipalmente dos resíduos perigosos classe I, como os das lâmpadas
uorescentes que, são acondicionados e estocados de forma incorreta e dos ltros
de óleo que têm como destino nal a coleta pública de resíduos sólidos, ao invés
de serem armazenados e dispostos adequadamente. As pilhas e baterias, estopas e
resíduos oleosos estão de acordo com as normas estabelecidas: são armazenados,
estocados e sua destinação nal é efetuada de forma correta. Os resíduos classe II
não apresentaram problemas quanto ao acondicionamento e destino nal, mas o
local de estocagem desses resíduos é inapropriado, uma vez que eles estão estoca-
dos com resíduos classe I, podendo haver contaminação.
Esses resíduos, devido ao seu potencial poluidor, causam danos ao meio
ambiente quando acondicionados, estocados ou descartados de forma inadequa-
da. O encaminhamento dos resíduos, de acordo com as alternativas propostas,
não agregará grandes custos à empresa, mas proporcionará uma maior segurança
quanto ao cumprimento da legislação e melhoria da sua imagem perante a socie-
dade e os órgãos de controle ambiental.
REFERÊNCIAS
CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE. Resolução n° 257, de 30 de
junho de 1999. Estabelece que pilhas e baterias que contenham em suas compo-
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