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SISTEMAS DE LAGOAS DE ESTABILIZAÇÃO ALTERNATIVAS
SUSTENTÁVEIS PARA A PRESERVAÇÃO DOS MANANCIAIS HÍDRICOS
EM ECOSSISTEMAS INDUSTRIAIS NA AMAZÔNIA SUL-OCIDENTAL:
ESTUDO DE CASO DE AGROINDUSTRIA NO MUNICÍPIO DE ARIQUEMES-
RO.
Julio Cesar Pinho Mattos
1
João Tito Borges
2
RESUMO
Os ecossistemas urbanos e industriais, pelas peculiaridades da espécie humana, envolvem outros
fatores e diferem significativamente dos ecossistemas heterotróficos naturais, por apresentar um
metabolismo muito mais intenso por unidade de área, exigindo um influxo maior de energia, e uma
grande necessidade de entrada de materiais e de saída de efluentes domésticos e industriais e resíduos
sólidos urbanos RSU`s e industriais RSI’s. A poluição ambiental, provocada aos recursos hídricos
pela falta ou parcialidade do tratamento adequado aos efluentes industriais e resíduos sólidos
industriais RSI’s gerados nas indústrias da carne em escala global são significativos e demandam
preocupações em virtude, da alta taxa de carga orgânica
(
DBO
5,20ºC),
lançada nos mananciais hídricos
superficiais com grandes ou baixas vazões. No presente estudo, o objetivo principal foi avaliar-se a
situação atual do sistema de tratamento dos efluentes com concepção por lagoas de estabilização,
componente de uma indústria da carne (frigorífico), situada na parte Sul-Ocidental da Amazônia
Brasileira, no arco de desenvolvimento da Rodovia Federal BR-364, no município de Ariquemes-RO,
na sub-bacia hidrográfica do Rio Jamari, é sustentável quanto à remoção de sólidos sedimentáveis e
DBO
5,20
0
C
e as influências nas variáveis oxigênio dissolvido (OD) e coliformes termotolerantes, em
trechos a montante e a jusante do ponto de lançamentos de efluentes no Rio Jamari-RO quando
comparados com as disposições da Resolução do CONAMA Nº 357/05 para o lançamento de efluentes
industriais em manancias hídricos superficiais. O sistema de tratamento foi considerado eficiente,
porém necessitando de reestruturações no sistema de tratamento primário.
INDICE: Lagoas de Estabilização, Recursos Hídricos, Qualidade da Água, Ecossistemas Industriais
MSc em Ecologia e Manejo dos Recursos Naturais Eng. Sanitarista-Ambiental Rio Branco-AC e-mail:
DSc em Saneamento e Ambiente - Prof. do Programa de Pós-Graduação CEPGA da UFAM, Manaus – AM.
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ABSTRACT
The industrial and urban ecosystems, the peculiarities of the human species, and involve other factors
differ significantly from natural ecosystems heterotrophic by presenting a much more intense
metabolism per unit area, requiring an increased inflow of energy, and a great need for input materials
and output of domestic sewage and industrial and municipal solid waste - MSW `s industrial RSI's.
Environmental pollution caused to water resources by bias or lack of adequate treatment to industrial
effluents and industrial waste - CSR's generated in the meat on a global scale are significant and
demand concerns due to the high rate of organic load (BOD
5, 20 º C
) released in surface water sources
with high or low flows. In this study, the main objective was to evaluate the current status of the system
of treating sewage with a design of stabilization ponds, a component of the meat industry (refrigerator),
located in the southwestern Brazilian Amazon, the arc development of the Federal Highway BR-364, in
Ariquemes-RO, the sub-basin of the River Jamari, is sustainable as the removal of settleable solids and
BOD
5, 20ºC
and the influences on the variables dissolved oxygen (DO) and fecal coliform, in stretches
upstream and downstream from the point of release of sewage into the River Jamari when compared
with the provisions of CONAMA Resolution No. 357/05 to the disposal of industrial effluents. The
treatment system can be considered efficient but in need of restructuring the system of primary
treatment.
INDICE: Stabilization Ponds, Water Resources, Water Quality, Industrial Ecossystem
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1. INTRODUÇÃO
De acordo com FEARNSIDE (2008), os índices de desmatamento na Amazônia vêm aumentando
desde 1991, com o processo de desmatamento num ritmo variável, mas rápido. Embora a floresta
amazônica seja desmatada por inúmeras razões, a criação de gado ainda é a causa predominante. As
fazendas de médio e grande porte são responsáveis por cerca de 70% das atividades de desmatamento.
O comércio da carne bovina é apenas uma das fontes de renda que faz com que o desmatamento seja
lucrativo. A degradação da floresta resulta do corte seletivo, dos incêndios (facilitados pelo corte
seletivo) e dos efeitos da fragmentação e da formação de borda. Os impactos do desmatamento incluem
a perda de biodiversidade, a redução da ciclagem da água (e da precipitação) e contribuições para o
aquecimento global.
O Bioma Amazônico e seus ecossistemas aquáticos nos últimos anos vêm registrando aumento
significativo dos impactos ambientais provocados através do avanço dos ecossistemas urbanos e
industriais em suas sub-bacias hidrográficas, dentre essas eco-unidades industriais a indústria da carne,
associada ao avanço da pecuária regional é considerada um dos principais vilões dos desmatamentos do
sudoeste da Amazônia brasileira e de impactos ambientais pontuais aos mananciais hídricos
superficiais e subterrâneos.
Desde os primórdios da civilização, a carne faz parte da alimentação humana, o que levou a
civilização moderna à produção em larga escala e ao abate de animais. O processo de abate vem se
aprimorando ao longo do tempo e, conseqüentemente, a geração de águas residuárias e as soluções
ecotecnológicas.
O rebanho bovino brasileiro é um dos maiores do mundo em torno de 198,5 milhões de cabeças,
em 2006 (CNPC, 2006). Considerando-se uma população de cerca de 185,2 milhões de habitantes para
este ano (CNPC, 2006), tem-se mais de um bovino por habitante, no Brasil. As maiores regiões
produtoras estão no Centro-Oeste (34,24%), seguidas pelo Sudeste (21,11 %), Sul (15,27%), Nordeste
(15,24%) e Norte, com 14,15 % do rebanho nacional (CETESB, 2006).
As pressões antrópicas, provocadas pelas altas taxas de carga orgânica lançadas diariamente aos
recursos hídricos, em função dos processos produtivos da indústria da carne merecem discussões e
incentivos as pesquisas que envolvam soluções ecotecnológicas para mitigação dos impactos
ambientais nesses ecossistemas industriais, que podem ser considerados consolidados na economia
regional de diversos estados da Amazônia legal brasileira.
O estado de Rondônia, situado no sudoeste da Amazônia Brasileira, ocupa destaque na pecuária da
região Norte do país, registrando um rebanho superior a 10 milhões de cabeças.
Propostas como a intensificação da pastagem como forma de frear o desmatamento nos arcos da
agropecuária na Amazônia Brasileira conforme mencionado por FEARNSIDE (2004), indiretamente
auxiliam a preservação e conservação dos recursos hídricos. Contudo a presença da pecuária na região
Norte do país já se consolidou em diversas regiões ocidentais e orientais da Amazônia Legal, gerando
claramente oportunidades de geração de empregos e renda através da cadeia produtiva fomentada pela
indústria da carne.
As instituições reguladoras ligadas as Políticas Públicas nesse atual estágio de desenvolvimento
econômico que atinge diretamente e significativamente o Bioma Amazônico, por intermédio do
agronegócio e o aquecimento das obras de infra-estrutura (Rodovias, Hidrelétricas, Portos, dentre
outros) promovidas pelo Governo Federal através do Programa de Aceleração do Crescimento PAC,
encontram-se convidadas pelas demandas espontâneas do desenvolvimento regional a reconstruir a
ótica das discussões de políticas de públicas que ausentavam a região amazônica em listas de
prioridades, nos debates das enchentes, escassez e do controle sanitário da poluição hídrica.
Os efluentes industriais dos frigoríficos possuem uma elevada vazão e grande carga de sólidos em
suspensão, nitrogênio orgânico e uma DBO5 de 4.200mg/L (AGUILAR, 2002), dependendo do
reaproveitamento ou tratamento do efluente. Devido à sua constituição, esses despejos são altamente
putrescíveis, começam a se decompor em poucas horas, formando gases mal-odorantes que tornam
difícil a respiração nos arredores dos estabelecimentos, causando incômodos à população local. Assim,
este tipo de efluente é responsável por uma imagem ruim que o público tem desses estabelecimentos.
Tratar os efluentes das indústrias de carne tem sido uma das maiores preocupações do setor, tendo
em vista que o mercado consumidor interno e, principalmente o externo, vem aumentando suas
exigências quanto à qualidade ambiental do processo produtivo. O investimento em processos que
visam à redução da geração dos efluentes e melhor eficiência de tratamento aumentam cada vez mais,
mesmo assim, ainda é muito elevada a quantidade de resíduos gerados, tendo a água como principal
efluente, com alta concentração de poluentes (BRAILE & CAVALCANTI,1993).
Assim, neste estudo, o objetivo principal foi avaliar-se a situação atual do sistema de tratamento dos
efluentes com concepção por lagoas de estabilização, componente de uma indústria da carne
(frigorífico), situada na parte Sul-Ocidental da Amazônia Brasileira, no arco de desenvolvimento da
Rodovia Federal BR-364, no município de Ariquemes-RO, na sub-bacia hidrográfica do Rio Jamari,
visando a sua otimização quanto à remoção de sólidos sedimentáveis e DBO
5,20
0
C
particulada e solúvel e
as influências nas variáveis oxigênio dissolvido (OD), em trechos a montante e a jusante do ponto de
lançamentos de efluentes no Rio Jamari-RO.
O empreendimento possui capacidade mensal máxima de abate de 32.240 bovinos, com uma área
útil total de aproximadamente 12,5 hectares. Toda a água utilizada no processo produtivo é aduzida do
rio Jamari-RO, sendo que a vazão máxima permitida para o lançamento do efluente é 1488,84 m³/dia.
A empresa está incluída no Sistema de Licenciamento Ambiental da Secretaria Estadual de
Desenvolvimento e Meio Ambiente SEDAM e deve realizar medições e análises de seus efluentes
para encaminhar, trimestralmente, um relatório de Controle Ambiental de acompanhamento dos
efluentes líquidos à instituição com base nas parametrizações propostas na Resolução do CONAMA N
o
357/05.
O monitoramento físico-químico e microbiológico dos mananciais hídricos em áreas de influências
do lançamento dos efluentes das indústrias da carne (Matadouro, Curtume, Frigoríficos, Charqueados,
Graxarias) é de grande importância para a garantia da preservação e conservação dos recursos hídricos,
principalmente, porque tais mananciais em trechos urbanos geralmente também se constituem, em
alguns casos, como única fonte de abastecimento de água das cidades que estão localizadas a jusante
destas unidades produtivas.
2. REVISÃO BLIOGRÁFICA
2.1 Lançamento de Efluentes das Indústrias da Carne no Brasil
Os Frigoríficos de Matadouros e Charqueados de modo geral, lançam seus efluentes, devidamente
tratados ou não, em corpos hídricos. A resolução nº. 357 do Conselho Nacional do Meio Ambiente
(CONAMA), de 17 de março de 2005, dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes
ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de
efluentes. O artigo n°34 desta resolução cita as condições e padrões de lançamento de efluente, sendo
pH entre 5 e 9, materiais sedimentáveis: até 1 mL/L, em teste de 1 hora, em cone Imhoff, óleos
minerais: até 20mg/L, óleos vegetais e gorduras animais: até 50mg/L (BRASIL, 2005).
Tratar os efluentes das indústrias de carne tem sido uma das maiores preocupações do setor, tendo
em vista o cumprimento da legislação ambiental e o mercado consumidor interno e, principalmente o
externo, que a cada ano aumenta suas exigências quanto à qualidade ambiental do processo produtivo
incluindo certificações para exportação e gestão ambiental dos processos produtivos.
2.1 Lagoas de Estabilização
As lagoas de estabilização são grandes tanques escavados no solo, nos quais os esgotos afluem
continuamente e são tratados por processos naturais. Bactérias e algas são os seres vivos que habitam
as lagoas, coexistindo em um processo de simbiose e, dessa forma, tratando os esgotos por meio da
decomposição da matéria orgânica pelas bactérias.
2.2. Lagoas de Contenção
Lagoas de contenção são formas alternativas de tratamento de Efluentes industriais, na qual se
necessita da existência de condições estritamente anaeróbias e com possibilidades em tempo de
detenção hidráulica de possibilitar as estratificações de sólidos sedimentáveis e em suspensão.
2.2 Lagoas Anaeróbias
As lagoas anaeróbias são uma forma alternativa de tratamento de efluentes, na qual se necessita da
existência de condições estritamente anaeróbias. A condição de anaerobiose é alcançada quando ocorre
o lançamento de uma grande carga de DBO
5,20ºC
por unidade de volume da lagoa, fazendo com que a
velocidade de consumo de oxigênio seja várias vezes superiores à velocidade de produção (VON
SPERLING, 1996).
A profundidade da lagoa anaeróbia é da ordem de 3 m a 5 m, esta condição reduz a penetração de
oxigênio produzido na superfície para as demais camadas, a área necessária para construção deste tipo
de lagoa é menor. A remoção de DBO
5,20ºC
neste sistema é da ordem de 40% a 70%, sendo que o
efluente ainda possui uma elevada concentração de DBO
5,20ºC
, então há necessidade de um tratamento
subsequente.
O tratamento mais utilizado em indústrias da carne são as lagoas facultativas, compondo o sistema
de lagoas anaeróbias, seguidas de lagoas facultativas, formando o denominado sistema australiano.
O sistema de lagoa anaeróbia, seguida de lagoa facultativa, representa uma economia de cerca de
1/3 da área ocupada por uma lagoa facultativa que trabalha como unidade única para tratar a mesma
quantidade de efluente. Devido à presença da lagoa anaeróbia, maus odores, provenientes da liberação
de gás sulfídrico, podem ocorrer como conseqüência de problemas operacionais. Por esse motivo, este
sistema deve ser localizado em áreas afastadas, longe de bairros residenciais (VON SPERLING,1996).
2.3 Lagoas Facultativas
As lagoas facultativas são utilizadas no tratamento secundário dos efluentes de origens industriais e
domésticas sendo, dessa forma, a remoção da matéria orgânica dos efluentes, um dos principais dos
objetivos dessas unidades de tratamento de efluentes. São denominadas facultativas por apresentarem
uma camada aeróbia superficial, uma zona facultativa intermediária e uma camada anaeróbia no fundo
da lagoa. Normalmente essas lagoas apresentam grande espelho d’água para o desenvolvimento de
algas nas camadas mais superficiais e iluminadas, e para propiciar maior área de transferência de
oxigênio com a atmosfera. O suprimento de oxigênio na camada aeróbia das lagoas facultativas é
controlado pelo metabolismo foto-autotrófico das algas e a re-aeração através da interface ar/água.
O bom desempenho das lagoas facultativas tem sido evidenciado em várias eco-unidades urbanas e
industriais, no tema tratamento ecológico de efluentes. A maioria dessas unidades integra sistemas
contendo três ou mais lagoas, normalmente na sequência: lagoa anaeróbia para o tratamento primário,
seguida de facultativa para o tratamento secundário e de maturação para o tratamento terciário. As
reduções de DBO nessas unidades variam de 70% a 90% (MENDONÇA et al., 1990; VON
SPERLING, 1996).
3. METODOLOGIA
3.1 Localização
Figura 1 – Localização da área de estudo nas áreas de influência do rio Jamari.
A área de estudo está localizada na parte Sul-Ocidental da Amazônia Brasileira, no município de
Ariquemes-RO, nas áreas de influências da rodovia federal BR-364, na sub-bacia hidrográfica do rio
Jamari, um tributário significativo em massa líquida na bacia do rio Madeira.
3.2 Sistema de Tratamento de Efluentes
O sistema de tratamento de efluentes é composto por fase primária (02 Flotadores, Peneira Estática,
Válvula de Cozimento de Sangue, 02 Lagoas de Contenção e 01 Lagoa anaeróbia) e secundária (02
Lagoas Facultativas e Caixa de Areia).
3.3 Amostragem
Os pontos de amostragens são descritos na (Tab. 1). As Campanhas foram realizadas
trimestralmente, com frequência condicionada nos termos de compromisso do licenciamento ambiental.
No mês de Setembro de 2009, foi iniciado o automonitoramento pelo Setor de Controle de Qualidade
Ambiental da Indústria, observando diariamente as seguintes variáveis: ph, condutividade elétrica,
Sólidos Sedimentáveis, Oxígênio Dissolvido, Turbidez, Temperatura do Ar e da Água.
Tabela 01 – Pontos de Coleta e Frequências das Coletas
PONTOS
DE
COLETA
LOCALIZAÇÃO
FREQUÊNCIA DO
AUTOMONITORAMENTO
PONTO 1 Rio Jamari à montante do ponto
de lançamento de efluentes
03 vezes por semana
PONTO 2 Rio Jamari à jusante do ponto de
lançamento de efluentes
03 vezes por semana
PONTO 3 Saída da 1ª Lagoa de Contenção 02 vezes por dia
PONTO 4 Saída da 2ª Lagoa de Contenção 02 vezes por dia
PONTO 5 Saída da Lagoa Anaeróbica 02 vezes por dia
PONTO 6 Saída da 1ª Lagoa Facultativa 02 vezes por dia
PONTO 7 Saída da 2ª Lagoa Facultativa 02 vezes por dia
As coletas foram realizadas em pontos significativos nos meses de abril/09, julho/09, agosto/09 e
janeiro/10, considerando que o sistema de tratamento de efluentes industriais reiniciou o seu
lançamento de efluentes tratados no rio Jamari, mês de agosto de 2009. O automonitoramento foi
realizado diariamente nos meses de setembro/09, outubro/09, novembro/09 e janeiro/10, os sete pontos
apresentados na (Tab.1).
As amostras foram coletadas e transportadas conforme recomendações do Guia de coleta e
preservação de amostras de água da CETESB (1998). Foram processadas no laboratório da Secretaria
de Desenvolvimento Ambiental SEDAM. Neste estudo optou-se pela ênfase das seguintes variáveis:
pH, Turbidez, Oxigênio Dissolvido, DBO
5,20Cº
, Nitrato,Nitrito, Sulfeto, Sulfato, Coliformes Totais,
Coliformes Termotolerantes e conforme boletins de análises seguiram a metodologia do Standard
Methods for the Examination of Water and Wastewater (APHA, 1998).
As variáveis analisadas no automonitoramento da indústria, estão descritas na Tabela 2.
Tabela 2– Variáveis analisadas diariamente no automonitoramento praticado pela indústria.
Variáveis Equipamentos medição in situ
pH PC Tester Multiparâmetro - AKSO
Cond. Elétrica PC Tester Multiparâmetro - AKSO
TDS PC Tester Multiparâmetro - AKSO
Sólidos Sedimentáveis Cone Imhoff
Oxigênio Dissolvido AK-84 Medidor de Oxigênio Dissolvido
AKSO
Temperatura do Ar AK-08 Termômetro digital resistente a água
AKSO
Temperatura da Água AK-08 Termômetro digital resistente a água
AKSO
As análises da variável Sólidos Sedimentáveis, observaram as disposições da resolução
CONAMA 357/05. Essa portaria prevê que os efluentes tratados devem sempre observar os padrões
nela contidos, como: sólidos sedimentáveis menores ou iguais a 1,0 ml/L em teste de 1 (uma) hora em
cone Imhoff (BRASIL, 2005).
4.0 RESULTADOS E DISCUSSÕES
4.1 Caracterização Físico-Química
As variáveis físico-químicas analisadas foram interpretadas de acordo com os parâmetros dispostos
nos limites de classes propostos pela resolução CONAMA 357/05, a seguir nas Figuras 02, 03, 04,
05, 06, 07, 08, 09 e 10 apresentamos o comportamento das variáveis OD, DBO
5,20Cº
e Coliformes
Termotolerantes, nos pontos 1, 2 e 7.
4.1.1 DBO
5,20ºC
Os valores encontrados para os pontos P1, P2 e P7 estão acima dos limites da classe 3 estabelecidos
pela Resolução CONAMA 375/05 (BRASIL, 2005), o manancial sofre pressões a montante da
indústria e o sistema de tratamento apresenta eficiência na remoção da carga orgânica.
As concentrações da variável no ponto P1 evidenciam possibilidades de contribuições de despejos
de origem antrópica (domésticos ou industriais) em trecho a montante da indústria.
O Ponto P7 ao longo do período estudo registrou eficiência significativa do sistema de tratamento
adotado as variações da variável foram de 130 mg/L a 26 mg/L, a redução dos valores quantitativos da
variável pode ser atribuído as melhorias no sistema de tratamento primário com a implantação das
válvulas de cozimento de sangue e novas peneiras estáticas.
0
5
10
15
20
25
30
35
abr/09 jun/09 ago/09 out/09 dez/09
Rio Jamari - Montante - DBO
DBO
33,3
abr/09
jul/09
ago/09
jan/10
Figura 2 – Variável DBO
5,20Cº
ponto P1.
0
5
10
15
20
abr/09 jun/09 ago/09 out/09 dez/09
Rio Jamari - Jusante - Variável DBO
DBO
20
16
abr/09
jul/09
ago/09
jan/10
Figura 3 – Variável DBO
5,20Cº
ponto P2.

 








 


jul/ ago/ set/ out/ nov/ dez/ jan/
Saída da ETE - DBO
DBO
111
11
11
jul/00
ago/00
jan/11
Figura 4 – Variável DBO
5,20Cº
ponto P7.
Os valores encontrados para os pontos P1, P2 e P7 estão acima dos limites da classe 3 estabelecidos
pela Resolução CONAMA 375/05 (BRASIL, 2005), o manancial sofre pressões a montante da
indústria e o sistema de tratamento apresenta eficiência na remoção da carga orgânica.
Os valores acima dos limites do CONAMA para o ponto P7 poderão ser aceitáveis após
comprovação em um estudo de capacidade autodepuração do corpo receptor ao longo de um período
sazonal.
4.1.2 Oxigênio Dissolvido (OD)
A caracterização da variável Oxigênio Dissolvido no automonitoramento nos pontos de amostragem
P1, P2 e P7 é apresentada a seguir na (Tab.3).
Tabela 03 – Automonitoramento Variável OD no período set/09 a dez/09.
Valores Médios Variável Oxigênio Dissolvido em mg/L
Pontos de
Amostragem
Set/09 Out/09 Nov/09 Dez/09
P1
   
P2
   
P7
   
0
1
2
3
4
5
6
7
8
abr/09 jun/09 ago/09 out/09 dez/09
Rio Jamari - Montante - OD
OD
7,8
6
5,2
5,8
abr/09
jul/09
ago/09
jan/10









 



 


Figura 5 – Variável OD ponto P1.
0
1
2
3
4
5
6
7
8
abr/09 jun/09 ago/09 out/09 dez/09
Rio Jamari - Jusante - Variável OD
OD
7,8
6,3
4,4
5,8
abr/09
jul/09
ago/09
jan/10
Figura 6 – Variável OD ponto P2.
0
0,5
1
1,5
2
2,5
jul/09 ago/09 set/09 out/09 nov/09 dez/09 jan/10
Saída da ETE - OD
OD
2,3
1,95
1,6
jul/09
ago/09
jan/10
Figura 7 – Variável OD ponto P7.
Os valores médios apresentados nos pontos P1 e P2, ao longo do período do estudo demonstram
significativa capacidade de assimilação do manancial com relação ao lançamento de efluentes nos
períodos de estiagem e alta intensidade pluviométrica na bacia hidrográfica.
Os resultados registrados para a variável no ponto P7 ao longo do auto-monitoramento variaram
entre 3,09 mg/L a 3,97 mg/L, estes valores quando comparados aos estudos realizados em ecossistemas
de cerrado em lagoas facultativas com variações entre 1,2 mg/L e 5,5 mg/L (NETO & SANTOS,
2007) podem ser considerados satisfatórios e demonstram eficiência das lagoas facultativas no
tratamento secundário.
4.1.3 Sólidos Sedimentáveis
A caracterização da variável Sólidos Sedimentáveis no automonitoramento nos pontos de
amostragem P3, P4, P5, P6 e P7 é apresentada a seguir na (Tab.4).





 





Tabela 04 – Estatística Descritiva Automonitoramento variável Sólidos Sedimentáveis
Variável Unidade
Ponto Mínimo Média Máxima
Limite
Resolução
CONAMA
Nº 357/05
Sólidos
Sedimentáveis
mg/l
P3
13,3 24 0,1
P4
0,14 5,6 0,1
P5

0,55 1,3 0,1
P6
0,01 <0,1 0,1
P7
0,01 <0,1 0,1
O sistema de lagoas de estabilização adotado comprovou eficiência na remoção dos sólidos
sedimentáveis, os valores máximos encontrados nos pontos P6 e P7 foram inferiores aos limites da
classe 3, estabelecidos na Resolução do CONAMA Nº 357/05.
4.2 Caracterização Microbiológica
Os resultados da variável Coliformes Termotolerantes para os pontos P1, P2, P7 foram interpretadas
de acordo com os parâmetros dispostos nos limites de classes propostos pela resolução CONAMA
357/05.
Conforme ilustrado nas figuras 8, 9, 10, os resultados obtidos para os pontos P1, P2, P7 estão acima
dos valores da classe 3, propostos na resolução do CONAMA.
Os resultados encontrados para os pontos P1 e P2, evidenciam existências de fontes poluidoras
pontuais ou difusas em trecho à montante da indústria.
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
9000
abr/09 jun/09 ago/09 out/09 dez/09
Rio Jamari - Montante - Coli Termotolerantes
Coli Termotolerantes
3500
700
400
8200
abr/09
jul/09
ago/09
jan/10
Figura 8 – Resultados da variável microbiológica no ponto P1.
A realização de um levantamento das cargas poluidoras à montante do empreendimento nos limites
do município de Ariquemes-RO auxiliarão tomadas de decisões em políticas públicas para mitigação
dos impactos ambientais ocasionados pelo lançamento de efluentes (domésticos e/ou industriais).


 


 


  
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
9000
abr/09 jun/09 ago/09 out/09 dez/09
Rio Jamari - Jusante - Coli Termotolerantes
Coli Termotolerantes
8500
800
300
6200
abr/09
jul/09
ago/09
jan/10
Figura 9 – Resultados da Variável microbiológica no ponto P2.
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
jul/09 ago/09 set/09 out/09 nov/09 dez/09 jan/10
Saída da ETE - Coli Termotolerantes
Coli Termotolerantes
11500
jul/09
ago/09
jan/10
Figura 10 – Resultados da Variável microbiológica no ponto P7.
Com base nos resultados encontrados para o ponto P7, torna-se necessário a aplicação do processo
de desinfecção na saída do sistema de tratamento.
5. CONCLUSÕES
A continuidade do estudo, com inserções de outras variáveis físico-químicas, permitirão a obtenção
de dados operacionais e de qualidade ambiental do rio Jamari, no trecho estudado, ao longo de um
período sazonal.
O sistema de tratamento adotado demonstra-se eficiente na remoção da carga orgânica, no entanto,
ainda não atende aos limites exigidos para a variável DBO
5,20ºC
, na classe 3, da Resolução CONAMA
357/05, melhorias no tratamento primário (flotação por ar difuso, aumento das fases de
peneiramento) poderão reduzir os valores quantitativos da variável.


 

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Os dados encontrados nos pontos P1 e P2 para a variável OD apontam para possibilidades de boa
capacidade de autodepuração do corpo receptor, no entanto, não conclusivas em virtude do reduzido
número de campanhas de coletas.
As principais recomendações feitas neste trabalho são:
Realização de estudo de capacidade de autodepuração do corpo receptor ao longo de um
período sazonal;
Melhorar sistema de tratamento primário, com a adoção da flotação por ar difuso e implantação
de peneira estática para remoção de sólidos grosseiros oriundos das etapas produtivas com
diâmetro de 01 (hum) polegada;
Intensificar a rede pública de monitoramento ambiental no trecho estudado.
6. AGRADECIMENTOS
Ao grupo Agropastoril pelo incentivo e permissão para realização dos estudos.
A todos que, direta ou indiretamente, contribuíram para a realização deste trabalho.
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
APHA/AWWH/WEF – American Public Health Association, American Water Works Association,
American Environment Federation. Standard Methods for Examination of a Water and
Wastewater. 20ª Edição; Washington: APHA, 1998.
AGUILAR, M. I. Nutrient Removal And Sludge Production In The Coagulation-Flocculation Process.
Water Research, v. 36, p. 2910-2919. 2002.
BRAILE, P. M; CAVALCANTI, J. E. W. A. Manual de tratamento de águas residuárias, São
Paulo: CETESB, 1993.
BRASIL. Conselho Nacional Do Meio Ambiente - CONAMA. 2005. Resolução 357, de 17 de
Março de 2005. Diário Oficial da República Federativa do Brasil. Brasília. Disponível em:
http://www.mma.gov.br/port/conama/legiano.cfm?codlegitipo=3. Acessado em 20/01/2010.
CETESB COMPANHIA DE TECNOLOGIA DE SANEAMENTO AMBIENTAL. Manual de
abate de bovinos e suínos. São Paulo: CETESB, 2006.90p.
CNPC - CONSELHO NACIONAL DA PECUÁRIA DE CORTE. Balanço da pecuária bovídea de
corte. Site corporativo. Disponível em http://www.cnpc.org.br. Acessado em 10 de outubro de 2009.
FEARNSIDE, P. M. Uso da terra na Amazônia e as mudanças climáticas globais. Brazilian Journal of
Ecology (Disquete), v. 10, p. 83-100, 2007.
FEARNSIDE, P. M. Deforestation in Brazilian Amazonia and Global Warming. Annals of Arid Zone,
v. 47, p. 1-20, 2008.
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MENDONÇA, S. R. Lagoas de estabilização e aeradas mecanicamente: novos conceitos. CIPBrasil.
Catalogação na fonte. Sindicado nacional dos editores de livros, Rio de Janeiro/RJ, 1990. 388p.
VON SPERLING, M.. Lagoas de Estabilização. Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental;
Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 1996.34 p.
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