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No Brasil, a estimação da demanda por moeda representou um grande desafio nos anos
90, devido aos longos períodos hiperinflacionários, que geravam volatilidade, não
estacionariedade e quebra estrutural nos dados de inflação nas décadas de 80 e 90. Este
problema também esteve presente em outros países em desenvolvimento, tais como
Turquia e Israel. Kogar (1995), do Banco Central da Turquia, verifica a co-integração
entre as variáveis da equação de demanda por moeda para períodos de alta inflação,
tanto na Turquia como em Israel. O autor, seguindo sugestão de Abel (1979), inclui a
taxa de câmbio na equação de demanda por moeda, em substituição a taxa de juros,
considerando-a como custo de oportunidade do indivíduo em manter estoques em
moeda nacional, visto que em períodos hiperinflacionários o Dólar torna-se alternativa
de defesa contra a deterioração do valor do dinheiro. Como todo trabalho empírico
sobre demanda por moeda, Kogar (1995) parte da suposição de equilíbrio entre oferta e
demanda por moeda, e utiliza os conceitos de M1 e M2 como proxy para demanda por
moeda. Adicionalmente, o autor divide o estoque de moeda pelo índice de preços para
obter o estoque real de moedas, que passa a ser a variável dependente. Utilizando dados
trimestrais de 1978 a 1990 para a Turquia e de 1977 a 1988 para Israel, o autor verifica
a co-integração pelo método de Johansen para as variáveis do modelo e testa a
significância dos coeficientes da equação linear de demanda por moeda.
A demanda real por moeda, tanto quando se considera M1 ou M2, para Israel como para
a Turquia, apresentou-se sensível para variações na renda real. Porém, também tanto
como para M1 ou M2 no numerador da variável dependente, a taxa de câmbio e a
inflação, apesar de apresentarem os sinais esperados, mostraram-se pouco significativas
no longo prazo para a economia Turca. Para Israel, confirmou-se a importância da
inflação e da substituição de moedas sobre a demanda por moeda de longo prazo
(KOGAR, 1995).
Como foi enfatizado anteriormente, devido aos períodos de inflação elevada, a
associação de longo prazo entre demanda por moeda e suas variáveis explicativas ficou
comprometida. Os choques inflacionários observados, principalmente nos anos 80,
apareceram como desafio para modelagens que buscassem explicar a função de
demanda por moeda no Brasil. Rossi (1994) e Tourinho (1996) basearam-se no método
de Cagan (1956), para estimação em economias hiperinflacionárias, como alternativa