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DESENVOLVIMENTO RURAL SUSTENTÁVEL: UMA PROPOSTA DE
INTERVENÇÃO SOCIAL NA ÁREA RURAL DE SARANDI (RS)
Deuvanes F. Consalter
1
Astor Antonio Diehl
2
Resumo: O presente artigo é resultado de reflexão teórica acerca do Desenvolvimento Rural Sustentável,
associado à pesquisa e acompanhamento do trabalho efetuado pela Cooperativa de Habitação dos Agricultores
Familiares (COOPERHAF), sub-sede do Rio Grande do Sul, em Sarandi-RS. Inicialmente, apresenta-se a
origem e alguns conceitos teóricos de Desenvolvimento Rural Sustentável. A seguir, faz-se análise do processo
de transição pelo qual passaram os agricultores familiares beneficiários do Programa Habitacional Operações
Coletivas FGTS modalidade Caução Reformas, executado pela COOPERHAF, através da Caixa Econômica
Federal. Programa que viabilizou a reforma de diversas residências localizadas no interior do município de
Sarandi, assim como, organização e mudança nas propriedades rurais, por meio do projeto social que trabalhou
os princípios do Desenvolvimento Rural Sustentável e Agroecologia. Por fim, são apresentadas as experiências
desenvolvidas pela cooperativa, em diversas propriedades no interior do município, diversificando o setor e
beneficiando inúmeras famílias que, através das novas práticas, conseguem subsistir e manter sua propriedade,
obtendo resultados positivos por meio destas ações.
Palavras-chave: Desenvolvimento rural sustentável. COOPERHAF. Intervenção social. Agricultores familiares.
Introdução
O conceito “desenvolvimento sustentável”, principalmente relacionado à área rural,
surge a partir da detecção dos impactos negativos causados pelo modelo de desenvolvimento
agrário convencional.
Conforme Guzmán (1997, p.21), os primeiros estudos teóricos datam da década de
1970, quando ocorre o fortalecimento da pressão dos ambientalistas sobre a sociedade
capitalista. Em 1972, a Organização das Nações Unidas (ONU) realizou a Conferência das
Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano e publicou os “vinte e seis princípios de
1
1 Graduada em Serviço Social pela Universidade Luterana do Brasil (ULBRA), Campus Carazinho-RS,
assistente social da Cooperativa de Habitação dos Agricultores Familiares (COOPERHAF), sub-sede do Rio
Grande do Sul, em Sarandi-RS e acadêmica do Curso de Especialização em Intervenções Psicossociais, na
Universidade de Passo Fundo (UPF). E-mail: [email protected]
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Professor orientador deste artigo, e professor do curso de graduação em História e do mestrado em Educação
(Linha de Pesquisa Fundamentos da Educação) da Universidade de Passo Fundo-RS
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orientação das relações do homem com a natureza”
3
, iniciando assim ampla discussão sobre o
assunto.
Posteriormente, o conceito passou a ser analisado de forma científica pelo Clube de
Roma, que ainda não possuía conotação ecológica, mas chamou a atenção para a gravidade do
problema ambiental, em virtude dos vários acontecimentos prejudiciais à natureza, tais como:
poluição, queimadas, desmatamento, entre outros
4
.
No mesmo período, segundo o autor, são aplicados os planos de desenvolvimento rural
nos países do Terceiro Mundo, financiados pelo Banco Mundial, logo fracassados,
disseminando os estragos da chamada “Revolução Verde”, baseada na aplicação de
agrotóxicos nas lavouras, liberação de resíduos industriais, lixo e gases, contaminando o solo
e o meio ambiente.
Guzmán afirma ainda que neste contexto surgem os primeiros conceitos de
Desenvolvimento Rural Sustentável, tido por ele como a “...satisfação das necessidades da
geração presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras para satisfazer suas
próprias necessidades”. Contesta a associação do conceito ao
crescimento econômico indiscriminado de uma determinada área: rural, industrial, etc.,
justificando que o mesmo não propicia a “igualdade de oportunidades para todos”.
Apresentando como alternativa, o estabelecimento de esquemas que “impliquem na
regeneração dos processos naturais”, ou seja, que o desenvolvimento econômico deve ser
realizado em locais onde não existe, associado aos valores “...que alimentem níveis de
consumo que permaneçam dentro dos limites do ecologicamente possível e ao que todos
podem desejar de maneira razoável” (GUZMÁN, 1997, p. 21).
O conceito abriga uma série de discussões e visões de mundo. Caporal (1999, p.27)
amplia sua dimensão, associando-o aos “...processos de mudança sociopolítica,
socioeconômica e institucional que visam assegurar as necessidades básicas da população e a
eqüidade social...”. Atribui à sustentabilidade, o processo de desenvolvimento social,
3
Conferência realizada em Estocolmo, na Suécia, de 5 a 16 de junho de 1972, a qual atentou para a necessidade
de um critério e de princípios comuns que oferecessem aos povos do mundo inspiração e guia para preservar e
melhorar o meio ambiente humano. As proclamações e os princípios podem ser vistos no site:
http://www.dhnet.org.br/direitos/sip/onu/doc/estoc72.htm
4
O Clube de Roma é uma entidade formada por importantes empresários, a qual encomendou ao Massachesetts
Institute of Technoloay (MIT), dos Estados Unidos, um estudo que ficou conhecido como o Desenvolvimento
Zero. O estudo alertava o mundo para os problemas ambientais globais causados pela sociedade urbano-
industrial, sugeriam o congelamento econômico como única solução para evitar que o aumento dos impactos
ambientais levasse o mundo a uma tragédia ecológica. http://www.brasilescola.com/geografia/estocolmo-72.htm
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ecológico e econômico, que torne seus atores “sujeitos-partícipes” da promoção de sua vida
econômica, sem prejudicar o meio ambiente e os recursos naturais.
Por sua vez, Assis defende a adoção de políticas sociais que extingam os processos
gerais de exclusão, gerando um desenvolvimento que seja sustentável.
Sustentável entre outras coisas porque, ao contrário do modelo predatório
atualmente em vigor, pode ser estendido no tempo criando possibilidades de uma
existência digna para as futuras gerações. Não se trata apenas de uma imagem
destinada a reforçar o ponto de vista dos que se recusam a compactuar com a
crônica de um desastre anunciado, que vem sendo escrita pelos neoliberais tardios (e
irresponsáveis) do final do século XX. (ASSIS, 2001, p. 28)
Apontando como alternativa, a formulação de projetos que viabilizem a qualidade de
vida da população residente nas zonas urbanas e rurais, associada à produção e consumo de
alimentos limpos, puros e saudáveis, dado pela reestruturação atual do modelo de
desenvolvimento.
Nesse contexto, Guzmán (2001, p.36) produz seu conceito baseado nos princípios da
Agroecologia, ou seja “...no descobrimento e na sistematização, análise e potencialização dos
elementos de resistência locais frente ao processo de modernização...” que, segundo ele,
fundamentariam as estratégias de desenvolvimento, partindo da própria realidade.
Nessa perspectiva, seriam utilizados métodos de manejo ecológico dos recursos
naturais existentes. Os agricultores seriam incentivados a realizar, de forma participativa, a
transformação destes recursos, utilizando-se das novas tecnologias agrícolas.
Critica o modelo convencional e aponta a agricultura participativa, com múltiplas
formas de experimentação, como meio de desenvolver agroecossistemas eficientes, rentáveis
e sustentáveis.
O conceito é reforçado e defendido por Caporal (2002, p.17) que cita a expressão da
“...necessidade de outros estilos de vida e de produção, capazes de assegurar a preservação da
base de recursos naturais da qual dependemos, e da qual dependerão as futuras gerações”.
Salienta também, a conscientização da população para o consumo de alimentos
saudáveis (orgânicos). Critica a utilização da “ecologização” como status de referência em
todos os projetos de desenvolvimento. “Ecologizar processos de produção passou a ter até
certificado da ISO, na mais convencional manifestação capitalista” (CAPORAL, 2002, p. 17).
3
Expõe sobe o surgimento crescente de leis rigorosas de proteção ambiental, como
forma de aplacar o desequilíbrio gerado pela constante destruição, em busca do lucro.
Por fim, atribui ao desenvolvimento rural sustentável, a preocupação com o meio
ambiente e a inclusão social. Com base nesses dois princípios, a Cooperativa de Habitação
dos Agricultores Familiares dos Três Estados do Sul (COOPERHAF)
5
, sub-sede do Rio
Grande do Sul, em Sarandi-RS, desde sua fundação, vem trabalhando na área social com esse
intuito e, neste ano de 2008, reforçou sua estratégia, tomando como base um grupo de
agricultores familiares beneficiários de programas habitacionais, residentes no interior do
município de Sarandi (RS). Quinze famílias participaram do projeto fundamentado nos
princípios do Desenvolvimento Rural Sustentável e Agroecologia, as quais, a partir deste
trabalho, efetuaram algumas mudanças em suas propriedades, que serão relatadas ao longo
deste artigo.
Artigo elaborado com base nas três principais categorias do método dialético crítico: a
historicidade para entender o processo de relação que a sociedade mundial vem tendo com a
natureza. A categoria totalidade buscando analisar o todo dessa relação e perceber que as
coisas estão assim, por muitos motivos e pelos atos de toda uma civilização. Além da
contradição que neste caso, está presente a todo momento, pois ao mesmo tempo em que se
pensa em preservar, que se sabe muitas vezes da importância desse ato, cometem-se outros
mais prejudiciais a mesma. CURY afirma a respeito:
[Essas categorias] oferecem subsídios nos atos de investigar a natureza da realidade
social e as vinculações das propriedades da educação nessa mesma realidade. As
categorias ajudam a entender o todo, cujos elementos são os constituintes da
realidade e, nele, os elementos da educação (CURY: 2000, p. 26)
O Serviço Social leva em conta essas categorias, pois entende que elas são importantes
dentro desse contexto histórico, econômico e social e, fundamentais para entender o que
acontece na realidade atual, analisando também o seu passado. No caso, a questão ambiental,
foco do projeto desenvolvido pela COOPERHAF.
5
A Cooperativa de Habitação dos Agricultores Familiares dos Três Estados do Sul (COOPERHAF) foi fundada
em 11 de novembro de 2001, no município de Sarandi, atendendo inicialmente os estados do Rio Grande do Sul,
Santa Catarina e Paraná, com uma sub-sede em cada Estado e a Matriz em Sarandi-RS.
4
1 Cooperativa Habitacional como propositora do Desenvolvimento Sustentável no
Interior de Sarandi-RS
A Cooperativa de Habitação dos Agricultores Familiares dos Três Estados do Sul
(COOPERHAF) nasceu de uma demanda dos Sindicatos dos Trabalhadores Rurais, que, no
ano 2000, começaram a discutir a questão da habitação para o meio rural, visto que, até então,
os agricultores só haviam tido o acesso ao crédito para a construção de galpões, chiqueiros e
investimentos na atividade leiteira. Assim, as formas de trabalho melhoravam ao passo que,
suas moradias não recebiam nenhum investimento. A política habitacional ainda não fazia
parte da realidade dos agricultores.
Nesse sentido, precisava-se de uma forma organizada que pudesse gerenciar e
distribuir os recursos para a construção, reforma e ampliação de moradias de
agricultores familiares, que demandavam financiamento para a construção de casas
dignas para permanecer no meio rural. (COOPERHAF, disponível em:
www.cooperhaf.org.br. Acesso em: 06 de jun. 2008)
Com o apoio da Federação dos Trabalhadores dos Agricultores Familiares (FETRAF-
SUL/CUT), criada em 28 de março de 2001, os Sindicatos convenceram o então governador
do estado do Rio Grande do Sul, Olívio Dutra, da importância de criar um financiamento
também para o campo, visto que, o mesmo já existia para o meio urbano. Desta forma, além
da possibilidade em melhorar suas condições habitacionais, surgia uma alternativa a mais para
a permanência no meio rural evitando assim, o êxodo rural.
Considerando ser a habitação uma necessidade básica para o ser humano viver
dignamente, contemplando a saúde, o bem-estar físico, psicológico e social, deve ser
considerada como um dos direitos fundamentais de inclusão social e melhoria da qualidade de
vida dos cidadãos. Por isso, o governo gaúcho criou, em 2001, o primeiro programa de
financiamento habitacional rural. Denominado “Programa de Cooperativismo” (Procoop),
operacionalizado pela Secretaria da Habitação e Desenvolvimento Urbano do Estado do Rio
Grande do Sul. Para acessar o recurso, era necessário trabalhar em cooperativas, de forma
organizada, para atender a demanda, por reformas, ou construções de casas. Assim foi criada
5
a Cooperativa de Habitação dos Agricultores Familiares dos Três Estados do Sul
(COOPERHAF), em 11 de novembro de 2001, no município de Sarandi, estado do Rio
Grande do Sul, por meio de Assembléia organizada pelos Sindicatos dos Trabalhadores
Rurais de Sarandi e Constantina, reunindo diversos agricultores familiares interessados nesta
nova proposta. Essa Cooperativa foi criada e, em seu Estatuto Social, constam os objetivos
sociais que norteiam suas ações, sendo eles:
Art. O objetivo social desta cooperativa consistirá na realização dos seguintes
fins, com base na colaboração recíproca a que se obrigam seus associados.
A) Planejar, construir e reformar conjuntos habitacionais, outorgando a seus
associados o direito de uso e gozo exclusivo das habitações.
B) Efetuar os planos e projetos para melhoria das habitações dos agricultores
familiares.
C) Organizar serviços cooperativos, que satisfaçam as necessidades dos sócios
assim como contribuir com o processo de dinamização do capital cooperativo e
na melhoria do perfil sócio-econômico do grupo.
D) Fomentar a cultura em geral enfatizando do cooperativismo.
E) Adquirir áreas, e buscar construção de moradias dos associados.
F) Buscar capacitar os agricultores familiares criando alternativas de permanência
do agricultor no campo.
Capítulo Único: Para cumprir com esse objetivo a cooperativa poderá realizar as
seguintes operações:
A) Exercer a função de agente promotor, podendo adquirir equipamentos materiais,
indispensáveis à execução de seus empreendimentos.
B) Executar por seus próprios meios, ou controlar total ou parcialmente as obras de
edificação, construção, manutenção, ou reforma das habitações.
C) Caso necessário, realizar operações de financiamento, buscando recursos em
esferas Federais, Estaduais, Municipais e outros, para realização dos
empreendimentos de interesse dos associados.
D) Fomentar a criação de outras modalidades de cooperativas que cubram as
diversas necessidades dos associados.
E) Firmar contratos e convênios de prestação de serviços com pessoas físicas e
jurídicas, quando inseridos no atendimento da programação estabelecida.
F) Organizar, controlar e manter todos os serviços administrativos, técnicos e
sociais, necessários ao alcance dos objetivos do associado.
6
G) Efetuar quaisquer atividades indispensáveis na consecução dos fins, desde que
sejam compatíveis com os princípios cooperativistas (ESTATUTO SOCIAL
DA COOPERHAF, 2001, p. 2-3)
A efetivação desses objetivos é extremamente importante. Eles demonstram o
compromisso firmado com as parcerias e com os associados, agricultores familiares. Sem
sombra de dúvida, uma cooperativa necessita de todos esses objetivos, para que, os que a
constituem, possam nortear-se e desenvolver seu trabalho.
Com estes objetivos, a COOPERHAF atuou inicialmente nos três Estados do Sul, com
sede em Sarandi até o final de 2005, quando sua matriz foi transferida para Chapecó.
Oportunidade em que se discutia a possibilidade de expansão para os demais estados do País,
ocorrendo oficialmente, no final de 2006
6
, buscando contemplar as diferenças sociais,
culturais, econômicas e geográficas, oferecendo diversos programas de financiamento
habitacional.
No Rio Grande do Sul, a sub-sede encontra-se no município de Sarandi, e sua atuação
estende-se a 120 municípios do Estado, nos quais são desenvolvidos os programas
habitacionais de construção ou reforma de residências localizadas no meio rural. Desde sua
fundação, a cooperativa sempre trabalhou com a política de habitação, através de programas
que visam a construção ou reforma habitacional, direcionados aos agricultores familiares.
Após 7 anos, já foram reformadas e/ou construídas aproximadamente, 31 mil casas nos três
estados do Sul, com recursos dos governos estaduais e federais, além da contrapartida dos
beneficiários. O papel da COOPERHAF é facilitar o acesso dos agricultores aos programas,
negociando com os governos a liberação de recursos para serem aplicados na habitação rural.
Além dos projetos de engenharia, e acompanhamento das obras, desenvolve também o
Projeto Social, que consiste na capacitação de agricultores familiares nos temas de: métodos
construtivos para habitação rural, organização e cooperativismo, relações e direitos sociais,
organização da produção, organização da propriedade rural familiar (embelezamento, hortas,
espaços de arborização e frutíferos e jardinagem), por meio do estudo de cadernos
metodológicos. Oportunidade em que são apresentadas histórias de vida, dificuldades de
6
Hoje, a Cooperativa de Habitação dos Agricultores Familiares atua em 13 estados dos País: Rio Grande do Sul,
Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Ceará, Rio Grande do Norte, Bahia,
Pernambuco, Maranhão, Piauí e Pará.
7
conquistas e superação cotidiana. São espaços destinados aos agricultores, para refletir sobre
as lutas e os desafios encontrados na busca pelos direitos das famílias que residem no campo,
com o apoio das organizações sindicais e cooperativistas que apóiam e amparam esse
trabalho, tais como: Sindicato, Cresol, Emater, entre outros. Para culminar, é realizado um
Dia na Propriedade Caprichando a Morada ocasião em que são apresentados e discutidos os
resultados do projeto, no cotidiano das famílias. Por meio de oficinas, são relatadas as
experiências e novas formas de trabalhar a horta, o pomar, o jardim, o saneamento básico e as
formas encontradas para a subsistência da família. Nesse sentido, os programas habitacionais
vão além da construção de uma casa, criam um lugar de moradia e de trabalho sustentáveis.
Para isso, a COOPERHAF conta com uma rede de parcerias, formada por Sindicatos
de Trabalhadores Rurais, Associações de Agricultores e Cresóis que desenvolvem esse
trabalho, com o apoio da sua equipe técnica social e de engenharia. Além disso, busca ainda
parcerias com os Ministérios das Cidades, do Desenvolvimento Agrário, do Trabalho e do
Emprego, governos estaduais através das Secretarias de Habitação, Emater, Agentes
financeiros (Banrisul, Caixa Econômica Federal, Banco Família Paulista, Banco Economisa,
etc.), cooperativas de crédito do Sistema Cresol-Cresol Central e prefeituras municipais.
O Projeto Social é coordenado por uma assistente social contratada para realizar
intervenções, considerando os aspectos econômicos, culturais e sociais dos agricultores
familiares beneficiados. Após identificar suas necessidades, a profissional da área de Serviço
Social, propõe diversas atividades, trabalhando sempre em parceria direta com os Sindicatos,
Associações ou Cresóis, que executam o trabalho.
Contudo, sendo a casa um dos recursos essenciais para que a família possa se
desenvolver, não é suficiente para garantir a subsistência das famílias no campo. Também faz-
se necessário buscar formas de reverter a situação de vulnerabilidade da Agricultura Familiar,
descobrindo alternativas de produção. Esta situação motivou a COOPERHAF a, junto com o
acesso à habitação, estimular as famílias para a diversificação produtiva e econômica,
produção para o auto-consumo, embelezamento do jardim, ampliação da horta e do pomar,
como aspectos que podem contribuir para a sustentabilidade das famílias de agricultores no
campo, preservando o meio ambiente.
Além disso, a Cooperativa desenvolveu um projeto-piloto em Sarandi, objetivando o
desenvolvimento sustentável de 15 famílias beneficiárias do Programa FGTS Caução,
modalidade reformas. Iniciado em março de 2008, a partir de uma demanda apresentada nas
8
reuniões do projeto social, começou com a assinatura dos contratos, autorizando as reformas.
E, por ser um grupo cujas famílias residem em comunidades próximas e realidades
semelhantes, as ações, conforme solicitação dos próprios agricultores, foram baseados na sua
realidade social, visando aumentar o nível social, econômico, cultural e a preservação do meio
em que vivem. O enfoque foi a questão ambiental, reforçando os aspectos da separação do
lixo, reflorestamento das margens dos rios, e saneamento básico nas propriedades, além da
melhoria de arredores, manutenção de horta e pomar.
A atuação do projeto partiu de uma unidade básica, que é a família buscando
considerar aqueles que vivem e trabalham no meio rural em sua individualidade (crianças,
jovens, homens, mulheres, idosos), que são ao mesmo tempo, empreendedores e trabalhadores
na agricultura familiar e, juntos, buscam diversidades de cultivos para se manter no campo.
Com esse intuito, foram realizadas Visitas Domiciliares
7
com o objetivo de conhecer a
realidade destas famílias. Após, ocorreram diversos encontros e ações que levaram os
agricultores a pensar melhor em suas atitudes do dia-a-dia, construindo de forma conjunta,
propostas de mudanças objetivando contribuir com o desenvolvimento sustentável de suas
propriedades, apostando também na agroecologia.
Entre as ações, pode-se destacar o destino adequado do lixo inorgânico, com
mobilização do Poder Público Municipal para o recolhimento mensal do mesmo, o plantio de
árvores frutíferas e nativas (às margens de rios), o trabalho com a agricultura mais orgânica,
dentro dos princípios do desenvolvimento rural sustentável e da agroecologia. E quando se
pensa num projeto de desenvolvimento sustentável para a agricultura familiar, o agricultor e a
agricultora e, por conseqüência, toda sua família, é preciso levar em conta que os mesmos
devem possuir o pleno controle e o domínio de todo o processo produtivo.
E, para avaliar se uma estratégia de desenvolvimento na propriedade é sustentável ou
não, o projeto considerou as seguintes dimensões:
* Crescimento econômico com distribuição de riquezas e ampliação das condições
individuais de escolha;
* Justiça social, com eliminação da pobreza e das diferentes formas de exclusão;
* Adequação do crescimento à diversidade sócio-cultural e ambiental (PROJETO
DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL, COOPERHAF, 2008, p. 13)
7
É uma prática profissional, investigativa ou de atendimento, realizada por um ou mais profissionais, junto ao
indivíduo em seu próprio meio social ou familiar” (AMARO, 2003).
9
No entanto, é importante ainda ressaltar dois aspectos salientados no projeto, que
seriam considerados nas ações. Ou seja, a ausência de um desses elementos supra-citados,
comprometeria a sustentabilidade do processo de desenvolvimento e que não se trataria de
implantar um conjunto de práticas econômicas “mais sociais” e ou “mais ambientalistas”, e
sim um trabalho prático de conscientização das famílias, organização para a mudança de
atitudes e práticas cotidianas. Tudo isso, levando em consideração que a questão ambiental é
uma dimensão fundamental da concepção de desenvolvimento. O conceito de
sustentabilidade, além de ser um compromisso ético com as atuais e futuras gerações,
representa o reconhecimento do caráter universal da temática ambiental e das relações de
interdependência entre os problemas ambientais e as desigualdades sociais, na perspectiva de
propor ações necessárias para a mudança.
Na construção de um projeto de desenvolvimento sustentável e solidário, o
Estado e o Município devem interferir na economia com todos os instrumentos que possuem
para impulsionar o mercado interno, gerando um processo de fortalecimento mútuo da
economia e potencializando o fortalecimento da agricultura familiar, pois é ela que dinamiza e
fortalece a economia da grande maioria dos municípios, principalmente de Sarandi
8
.
No município, conforme o IBGE (2007), cerca de 350 famílias são de agricultores
familiares
9
. Destas, 91 já foram beneficiadas com programas de reforma habitacional, através
da COOPERHAF e Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Sarandi e 20 através da Cresol,
8
O município de Sarandi hoje, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE 2007)
possui sua economia baseada na monocultura, com produção de soja (16 mil hectares), milho (3 mil hectares),
trigo (2.400 hectares) e uva (310 hectares), numa área de 352 km² e uma população de 20.415 habitante (IBGE,
Contagem da População 2007 e Estimativas da População 2007), dos quais 16.848 residem na zona urbana e
3.567 na zona rural, representando 17% da população, sendo que destas, 10% são agricultores familiares com até
50 hectares de terra.
9
Segundo a Lei nº 11.326, de 24 de julho de 2006, é considerado Agricultor Familiar:
Art. 3
o
Para os efeitos desta Lei, considera-se agricultor familiar e empreendedor familiar rural aquele que
pratica atividades no meio rural, atendendo, simultaneamente, aos seguintes requisitos:
I - não detenha, a qualquer título, área maior do que 4 (quatro) módulos fiscais;
II - utilize predominantemente mão-de-obra da própria família nas atividades econômicas do seu
estabelecimento ou empreendimento;
III - tenha renda familiar predominantemente originada de atividades econômicas vinculadas ao próprio
estabelecimento ou empreendimento;
IV - dirija seu estabelecimento ou empreendimento com sua família
(http://www.planalto.gov.br/ccivil/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11326.htm, acesso em 29.10.2008)
10
totalizando 111 famílias, ou seja, 31% das famílias de agricultores familiares existentes no
município de Sarandi. Com elas foi realizado o trabalho social e, conforme identificado
durante as Visitas Domiciliares, houveram diversas mudanças no meio rural. Houve
transformação não apenas nas casas, mas nos arredores das propriedades. Com a reforma das
casas, os agricultores motivaram-se a permanecer no meio rural, investindo na propriedade e
na melhoria de sua qualidade de vida.
2 Trabalho Social da COOPERHAF transforma propriedades rurais de Sarandi-RS
Por acreditar que para ser sustentável a agricultura deve manter a produtividade
agrícola com o mínimo possível de impactos ambientais e com retornos econômico-
financeiros adequados à reprodução social do agricultor, a COOPERHAF desenvolveu seu
trabalho social visando a produção de alimentos saudáveis, produzidos com base em sistemas
diversificados, que restauram as condições ecológicas da produção, protegendo os recursos
naturais e preservando a biodiversidade.
Devido ao predomínio, na agricultura familiar, da monocultura e do uso
indiscriminado de produtos químicos e agrotóxicos que acabam promovendo ampla
degradação do meio-ambiente, poluindo os solos, as águas, o ar, ..., a cooperativa ofereceu
uma proposta diferente, priorizando a produção de alimentos, de forma mais orgânica e
ecológica.
Quinze famílias iniciaram esse trabalho, a partir de março do corrente ano, por meio de
reuniões de conscientização e esclarecimentos sobre o impacto do trabalho rural no meio
ambiente, além de ações práticas, conforme citado anteriormente. E a avaliação das famílias
foi positiva. “Nós achamos isso ótimo, para nossos futuros netos, para eles terem uma melhor
condição de vida. Isso se nós conservarmos o nosso ambiente, aquilo que ainda temos”,
avaliou o entrevistado G
10
.
O entrevistado L afirma que “Eu acho bom porque, além de conscientizar as pessoas,
isso vai ajudar o meio ambiente, e com a colaboração das famílias, vamos deixar o ambiente
mais puro e um lugar melhor para se viver”. Já o entrevistado O, diz que foi um “Bom
10
Conforme previsto no Projeto de Pesquisa, os entrevistados foram identificados com letras da ordem
alfabética, para preservar suas identidades.
11
trabalho. Ajudou nós, agricultores, a tomar consciência sobre nosso papel na preservação do
meio ambiente”.
Através de encontros com o grupo, na sede de uma das comunidades, os beneficiários
foram informados sobre seus direitos, através do conhecimento da Legislação Ambiental a
nível Federal, Estadual e Municipal, a Constituição Federal no que diz respeito ao meio
ambiente, e o Licenciamento Municipal para tomar conhecimento da existência de leis que
protegem o meio ambiente, e que, como cidadãos de direitos também precisam ser sabedores.
Para além de poder acessar seus direitos, primeiramente, saber onde buscá-los, principalmente
junto aos órgãos responsáveis em seu município.
Houve parceria também, além das já citadas, com um engenheiro florestal do
município que abordou a questão da Legislação Ambiental, licenciamento para derrubada de
árvores, Código Estadual do Meio Ambiente, que dizem respeito ao meio ambiente e
influenciam nas ações das pessoas que o agridem.
Nas reuniões discutiu-se a questão do Saneamento Básico, por meio do curta gaúcho
“Ilha das Flores” e discussão sobre o tema, repassando informações sobre os malefícios que
sua falta causa na vida e na saúde das pessoas. Um tema que é abordado constantemente pela
COOPERHAF e exigido no Programa, para as famílias que constroem casa nova ou que
reformam o banheiro – a colocação da fossa séptica de 1.825 litros, para destino adequado aos
dejetos humanos.
A questão do lixo – separação, destino adequado, venda para reciclagem e
recolhimento pela Prefeitura Municipal, uma grande necessidade apontada pela comunidade,
também foi abordada nas reuniões. E, necessidades, no Serviço Social, se configuram como
expressões da questão social, uma vez que, se tornam um problema para quem convive com
elas. E, uma das maneiras de buscar possíveis soluções é através da informação, da busca pela
garantia de direitos e o fortalecimento dos sujeitos levando-os a se envolverem e lutarem a
favor da mudança.
Esse foi o objetivo do projeto, conscientizar os agricultores a fim de propor
alternativas de melhorias nas propriedades, no que diz respeito ao meio ambiente, buscando a
participação das pessoas envolvidas visualizando sua melhor qualidade de vida. Entre as
ações desenvolvidas inclui-se o recolhimento do lixo inorgânico e reaproveitamento do lixo
orgânico, medidas de saneamento básico e proteção ambiental. Objetivos estes que foram
alcançados, pois os integrantes do grupo tiveram o conhecimento sobre seus direitos e onde
12
acessá-los, organizaram-se para solicitar à Administração Municipal o recolhimento do lixo e
souberam da importância da preservação ambiental e das medidas de saneamento.
Após o encerramento do projeto, que durou 7 meses, realizou-se a pesquisa para
verificar os resultados.
Conferindo as listas de presença das reuniões e, durante as Visitas, identificou-se que
houve participação e interesse do grupo em obter maiores informações sobre os assuntos
tratados e, principalmente, saber sobre seus direitos enquanto cidadãos, além do que foi
repassado nas reuniões, sugerindo-se, inclusive, que o projeto tenha continuidade e seja
ampliado para os outros grupos. Conforme relatado pelo entrevistado B “Importante para
preservação do meio ambiente e um trabalho que tenha continuidade”, afirmou.
Como resultado positivo desse projeto, salienta-se a organização dos agricultores,
levando a algumas mudanças, por exemplo, a passagem do caminhão de lixo e o estímulo
coletivo para transformações nas propriedades de cada família. O depoimento do agricultor
M, confirma esse fato. “Então, fizemos uma bela faxina na propriedade, recolhendo os lixos.
Aprendemos a cuidar do parreiral de maneira ecológica e das verduras. Vamos plantar umas
árvores na beirada da sanga e usar menos veneno”. Essas foram algumas mudanças ocorridas.
O entrevistado C, por exemplo, disse que “Na nossa propriedade nós preservamos as plantas
nativas, e também depois desse trabalho feito por vocês decidimos que seria necessário ter em
nossa casa o Saneamento Básico”, outro investimento importante para a saúde da família.
O agricultor familiar D também afirma que “Já vínhamos trabalhando com o
aproveitamento das folhas, das serragens para a adubação. Com as orientações da Cooperhaf,
melhoramos ainda mais, deixando a propriedade mais limpa e organizada”. Na casa do
entrevistado H, após esse trabalho “A gente não queima mais plásticos só queimo o lixo do
banheiro. Os outros estamos separando pra quando vier o caminhão recolher”. O que foi
reforçado pelo agricultor L: “Foi separado o lixo orgânico e inorgânico para ser recolhido
toda semana pelo caminhão da Prefeitura Municipal. O lixo orgânico transformamos em
adubo para a horta e melhor cultivo dos legumes e verduras”.
De acordo com o IBGE, o Brasil produz 150 mil toneladas diárias de lixo, cuja maior
parte (aproximadamente 60%) vai parar nos lixões (grandes depósitos a céu aberto), aterros
sanitários irregulares, leitos de rios ou é queimado. Nas capitais brasileiras, os lixões e aterros
existentes estão, quase todos, no limite da capacidade. Investir em coleta seletiva é uma
solução ecológica e econômica. A reciclagem reduz a poluição do solo, da água e do ar, torna
13
a cidade mais limpa, prolonga a vida útil de aterros sanitários e gera empregos. No Brasil, a
cada ano são desperdiçados R$ 4,6 bilhões porque não se recicla tudo o que se poderia. O país
é considerado um grande “reciclador” de alumínio, mas ainda reaproveita pouco os vidros, o
plástico, as latas de metal e os pneus que consome.
Localmente, e através desse projeto, algumas modificações já foram efetuadas. Na
propriedade O foram “Várias mudanças. Hoje posso dizer que toda minha propriedade é
ecológica, com produção de uva e suco de uva ecológico, figos, pêssegos e até frangos
caipiras. Estamos cuidando bastante e organizando toda a propriedade”. Na residência do
agricultor P também “A gente mudou tudo ao redor de casa, principalmente nos fundos.
Fizemos um jardim onde tinha esgoto, que foi encanado, dando destino certo, pro da pia e do
banheiro”.
Esse processo de organização que gera mudanças é entendido por SOUZA (1991)
como “(...) o elemento básico de poder de uma população; supõe consciência da realidade
social existente e das suas possíveis implicações numa dimensão de confronto. Nesse sentido,
a organização social é condição básica de participação e desenvolvimento” (p. 143).
Conforme a citação, uma das possibilidades de se conseguir a participação e mais ainda, que
ela realmente aconteça propiciando transformações, é através da organização da comunidade,
pois a mesma detém o poder da população.
O que de fato ocorreu nas reuniões e, efetivamente, nas propriedades de cada
agricultor, conforme depoimentos supra-citados. Os agricultores entenderam sua
responsabilidade com relação ao meio ambiente, não apenas com as matas, e a água, mas sim,
com todo o contexto social, econômico e cultural em que a sociedade e as próprias famílias se
encontravam inseridas. Não é algo restrito, no entanto, é responsabilidade de cada um zelar
por um ambiente melhor, iniciando em sua propriedade, transformando-a em sustentável. E
uma das medidas, é conservar os recursos naturais e produzir alimentos mais saudáveis,
trabalhando por uma agricultura que não prejudique o meio ambiente e a saúde. Para isso, é
preciso entender que o ser humano mantém uma interação direta com o meio ambiente, faz
parte e está inserido nele. A agricultura familiar sustentável, de acordo com EHLERS, “mais
do que um conjunto definido de práticas, a agricultura sustentável é hoje apenas um objetivo.
O que varia é a expectativa em relação ao teor das mudanças contidas nesse objetivo…”.
(1999, p. 18).
14
Na busca do equilíbrio entre o homem e o ambiente, com vistas a uma melhor
qualidade de vida no planeta, a educação ambiental representa a principal ferramenta para os
cidadãos e as comunidades adquirirem conhecimentos, habilidades, experiências e valores, e
assim agir, individual ou coletivamente, objetivando alcançar soluções para os problemas
ambientais, presentes e futuros. Nessa tarefa, além do ambiente escolar, as ações a cargo da
sociedade civil cumprem papel fundamental na construção de valores considerados essenciais
para um modelo de desenvolvimento pautado na sustentabilidade. Mudanças nos padrões de
produção e consumo de forma a proteger a capacidade regenerativa da Terra e ajudar a
recuperar o que já foi degradado representam a base do trabalho de educação ambiental, que
também passa pelo respeito aos direitos humanos e ao bem-estar das comunidades.
O processo de reconstrução implica atitudes como: reduzir, reutilizar e reciclar
materiais usados na produção e no consumo, adotar estilos de vida que acentuem a qualidade
de vida e a subsistência material num mundo finito; e promover o estudo da sustentabilidade
ecológica e a troca aberta e a ampla aplicação do conhecimento adquirido.
Nesse projeto, várias medidas foram utilizadas para a preservação do meio ambiente,
garantia de direitos, igualdade e mais justiça, visando reduzir a exploração dos recursos
naturais, conforme depoimento dos agricultores. Zuquim (2007, p. 108) confirma essa
preocupação da sociedade civil e do governo com a questão ambiental:
No fim dos anos 1980, o agravamento dos problemas ambientais global - a
destruição da camada de ozônio, o aquecimento global, a perda da biodiversidade, a
poluição do ar e da água, a desertificação, a devastação das florestas, a explosão
demográfica, os riscos de acidentes nucleares e biotecnológicos, o consumo
desmedido e os impactos sociais e ambientais negativos resultantes do ‘’milagre
econômico’’ – o aumento das desigualdades socais, a exclusão social, o aumento da
pobreza (visto que o Brasil havia-se convertido em produtor de pobreza, na medida
em que a pobreza cresceu mais que a população) e a degradação dos ambientes
urbano e rural – levaram as autoridades públicas brasileiras a começar a preocupar-
se com os problemas socioambientais e, conseqüentemente, com o avanço dos
movimentos sociais organizados para preservar o meio ambiente e promover
melhor qualidade de vida (ZUQUIM, 2007, p. 108)
Conforme a autora, a sociedade como um todo é afetada com as ações inadequadas
que promove, ao explorar os recursos naturais. É dever de todos preservarem, pois em se
tratando da natureza ela precisa ser respeitada, do contrário toda a sociedade paga por sua
15
destruição. Os problemas sócio-ambientais de que a autora se refere estão por toda a parte.
Não é a natureza que deve se adequar às mudanças e avanços da sociedade, mas sim, esta que
deve buscar a transformação, o crescimento, adequando-se ao meio ambiente.
O fortalecimento da agricultura familiar sustentável sugere a necessidade de
ultrapassagem dos velhos conceitos de agricultura de baixa renda, pequena produção e
agricultura de subsistência, os quais não têm ajudado a resolver o processo de integração dos
agricultores ao mercado competitivo.
A agricultura sustentável deve ser produtiva, mantendo ou melhorando a produção,
protegendo e recuperando os recursos naturais, prevenindo a degradação dos solos,
preservando a biodiversidade e mantendo a qualidade do ar e da água. Deve ser viável,
garantindo a subsistência e autonomia da família e satisfazendo suas necessidades básicas.
Também, deve levar em consideração, a cultura da comunidade, a forma como vive, o que
produz para viver. Do ponto de vista agrícola, no documento “Diretrizes de Política Agrária e
Desenvolvimento Sustentável para o Brasil” apresentado em 1994 pela FAO/INCRA, é
enfatizada a dimensão social da sustentabilidade, pois menciona que para alcançá-lo a
sociedade brasileira deve optar pelo fortalecimento e expansão da agricultura familiar, através
de um programa de políticas públicas como forma de reduzir os problemas sociais,
englobando políticas agrícolas, industriais e agrárias de curto, médio e longo prazo
FAO/INCRA (1994).
3 Agricultores avaliam positivamente trabalho da COOPERHAF
Identificar a eficácia do trabalho desenvolvido pela COOPERHAF com os agricultores
familiares, identificando-os como seres dotados de inventividade, tecnologias e cultura
próprias, sujeitos que planejam alternativas de melhorias na qualidade de vida, é perceber sua
importância em suas falas. Lembrando sempre que a primeira tarefa foi educativa, tentado
transmitir e compartilhar com os agricultores termos e significados comuns sobre o meio
ambiente. Nisso, a maioria dos beneficiários mostrou-se consciente, e de conhecer através dos
16
meios de comunicação a situação ambiental na atualidade, ressaltando sua preocupação com a
constituição de um ambiente sadio para usufruto das gerações presentes e futuras,
enfatizando, principalmente, a questão do lixo. O entrevistado G afirmou: “Não devemos
deixar lixos jogados a céu aberto temos que preservar as árvores, não cortar para fazer
lenha. Nós, agricultores familiares, nós devemos começar para que as futuras gerações sigam
o nosso exemplo”.
Os agricultores já tinham consciência de seu papel na preservação do meio ambiente.
O objetivo principal do trabalho social desenvolvido foi despertar a população para o
progresso e a participação ativa nas atividades, visando melhorias em suas propriedades,
gerando bem-estar econômico e social das famílias.
O entrevistado M reafirmou a importância desse projeto, dizendo que “se cada um
colaborar e trabalhar com menos venenos, protegendo as matas que ainda tem, plantando mais
árvores, não jogando lixos e esgoto a céu aberto ou nos rios”, poderemos ter um ambiente
sadio e um local melhor de se viver.
A mudança de pensamento e, conseqüentemente, de atitudes depende não só do
conhecimento adquirido, mas da habilidade e da vontade para colocá-lo em prática.
Um projeto apenas não é suficiente, como afirmou o entrevistado O. “Para que haja
sucesso é preciso que cada um se conscientize e faça a sua parte, começando pela sua
propriedade, recolhendo os lixos, separando, usando menos venenos e não cortando as
árvores”.
Isso que os agricultores do interior de Sarandi demonstraram estar fazendo. Porém,
quanto mais pessoas se engajarem na defesa do ambiente, maior será a possibilidade de
mudança do atual quadro de degradação ambiental. E, recuperando o equilíbrio ecológico,
teremos uma sadia qualidade de vida.
A medida que os agricultores entendem que o meio ambiente está em perigo e
começam a perceber que são parte dele, passam a adotar a máxima dos ambientalistas:
“pensar globalmente, agir localmente”. Afinal de contas, a consciência ambiental só adquire
real significação quando se traduz em prática cotidiana. Mesmo porque, a agricultura é
responsável pela geração de empregos e alimentos, pela fixação do homem no campo e pela
produção de uma cultura rica que produz tecnologias próprias, que carecem de
aprimoramento.
Conforme AGUADO et.al
17
É justamente um desenvolvimento da cultura, o mais especificamente humano e
desenvolvido, que poderia nortear (tendo como meio a educação ambiente e como
método a participação social) o caminho para buscar e alcançar alguma solução
possível para a crise ambiental (2005, p. 18).
O autor argumenta que a ação dos profissionais de Serviço Social é “facilitar os
processos” de compreensão das causas, e da busca por alternativas para o meio ambiente.
“Observamos antes que o caminho de intermediação entre esses dois âmbitos é constituído
pela educação ambiental e pela participação social” (AGUADO, 2005, p. 19).
Nesse sentido, o profissional tem o papel de integrar e coordenar ações destinadas a
conscientizar a população sobre o problema e intervir, por meio de ações e projetos, tentando
minimizar os efeitos sobre a comunidade.
Mas, segundo o entrevistado C:
Na nossa opinião isso não é o suficiente para preservar o meio ambiente. O que
poderia ser feito é que nós poderíamos usar menos agrotóxicos, produzir menos
lixos e conscientizar as outras pessoas sobre a importância de preservar o meio
ambiente. Mas não basta só fazer um projeto e ficar refletindo dentro de um espaço
se a pessoa quando sai daí não fazer nada sobre o que foi discutido nas reuniões.
Nas necessidades da família, deve ter um incentivo por parte do projeto de buscar na
Prefeitura máquinas para a execução das obras de Saneamento e recolhimento de
lixos. Poderia ser feito uma vistoria nas casas, assim as pessoas teriam mais
compromisso com o meio ambiente e com si mesmo.
Já o beneficiário B expôs que sim, que esse trabalho foi fundamental. “Com certeza foi
importante, porque nos levou a ter uma conscientização para preservação do meio ambiente.
Só precisaria colocar um responsável para a fiscalização”.
As opiniões divergem, mas predomina a idéia de que “se todo mundo fizesse isso, o
ambiente estaria melhor” (entrevistado N). A entrevistada O afirma que “para minha família
foi um grande incentivo para começarmos as mudanças” e sugere que “podia haver mais
acompanhamento/assistência direta aos agricultores, nas suas propriedades”. Sugestão essa
reforçada pelo entrevistado N, que solicita a continuação desse trabalho, numa parceria entre
18
Sindicato, Cooperativa e Emater, que possui extensionistas e técnicos que poderiam trabalhar
juntos, buscando a sustentabilidade do meio rural de Sarandi.
Isso reforça o conceito de ETGES
A ação extensionista orientada ao desenvolvimento sustentável deverá (...) dar lugar
a uma prática social baseada na “aprendizagem”, isto é, na construção de saberes
adequados para impulsionar estilos de agricultura e de manejo dos recursos naturais
capazes de estabelecer patamares crescentes de sustentabilidade (2001, p.37)
Isso quer dizer que, além de os agricultores estarem conscientes dos problemas
ambientais e de seu papel como interventores para sua melhoria, devem aprender, com o
auxílio dos técnicos da Emater e outras entidades ligadas à Agricultura Familiar, novos
conceitos e técnicas ecológicas, para explorar a natureza (água, solo, etc), sem agredir o meio,
mas de forma a manter a subsistência da família e sua reprodução social no campo.
Para isso, é preciso que se busquem estratégias de desenvolvimento rural sustentáveis,
reduzindo os níveis de mecanização, diversificando as propriedades e envolvendo as famílias
no processo. Segundo BECKER,
A transformação ou substituição de um modelo de desenvolvimento para outro
supõe um processo de transição que algumas vezes caminha a passo lento e, em
outros momentos pode trazer mudanças bruscas e qualitativamente diferenciadas.
Esse processo de transição significa a conversão de uma agricultura desequilibrada
ou tradicional (produção família voltada para o auto-consumo e com uso limitado de
insumos externos à propriedade) para uma agricultura ecológica e socialmente
equilibrada. Esse processo é lento, mas o importante é que o mesmo está em curso
(1996, p.23 )
Não somente a COOPERHAF e entidades parceiras locais, mais diversas outras
organizações estão empenhadas e trabalhando com os agricultores e público em geral, a
questão do meio ambiente, a busca do desenvolvimento sustentável. Por isso, o autor afirma
que o processo está em curso, mas é lento, porque demanda conscientização das famílias e
ações locais. É um trabalho bastante árduo, que demanda disposição e acompanhamento
constante, indo contra a lógica mercantilista, passando a utilizar os recursos naturais que
19
existem nas propriedades rurais, mas de maneira sábia, retirando apenas o que pode ser
reposto ou recuperando o que se encontra degradado ou em fase de, procurando causar o
menor impacto possível à natureza.
Os agricultores envolvidos nesse projeto concordam com isso e até sugerem. “Poderia
ser melhorado a questão do lixo nas encostas dos rios e sangas, a conscientização e
desenvolvimento de projetos para limpar os mesmos” (agricultor J). O trabalho realizado
também buscou mudar a opinião dos agricultores quanto a sua atuação nas propriedades,
oferecendo estratégias e possibilidades de mudanças, causando menos impactos ambientais. E
foi aprovado. “Foi bom porque muda a opinião de cada um sobre o meio ambiente, agora
temos uma visão mais ampla sobre o assunto” (agricultor F).
Por isso, o trabalho realizado pela COOPERHAF, buscou oferecer alternativas e
construir com os agricultores meios de enfrentar a crise social e ambiental. Uma semente foi
lançada, mas a cooperativa sabe que o processo é demorado, que envolve questões como
valores, costumes, culturas e crenças das famílias, os quais, para serem modificados, precisam
de persistência e tempo. Esse desafio, visa tornar os agricultores familiares mais cidadãos
participantes e atuantes nas decisões, sendo autônomos na escolha do modelo de produção.
Eles precisam ser sujeitos desse processo, e possuem potencialidades para isso: mão-de-obra
familiar, clima, solo, água, produção, a serem exploradas e que podem reverter em benefício
das famílias e do meio ambiente. No entanto, é necessário que as famílias se organizem,
dialoguem e construam juntas, alternativas para um ambiente melhor para todos.
Conclusão
Recentemente, a ONU (Organização das Nações Unidas) aprovou na Declaração do
Milênio os ODMs Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, denominados de os “8 jeitos
20
de mudar o mundo”
11
. São metas a serem cumpridas por todos os países signatários até 2015
para promover a sobrevivência humana a longo prazo, ou seja, sua sustentabilidade.
Oito anos se passaram e as ameaças à vida no planeta aparentemente estão
aumentando. É preciso um esforço conjunto e uma mudança nos padrões de vida da
sociedade, e na ideologia sobre qualidade de vida, entendida como um estado em que grande
parte das necessidades humanas são alcançadas: saúde; alimentação; água; educação;
moradia; segurança; saneamento básico; vestuário; transporte; trabalho; cultura; lazer, ....
Nessa busca, a sociedade está se auto-destruindo, pois vai dizimando a única fonte de recursos
necessários à sua sobrevivência: o meio ambiente.
Ter direitos implica também, exercer deveres. Não se pode atribuir responsabilidades
somente a outrem. Estamos conectados uns aos outros e a todos os componentes do ambiente
de uma forma muito intensa. Não podemos esquecer disso. Tudo o que fazemos reflete no
próximo e, algum dia, refletirá em nós mesmos. A recíproca também é verdadeira: tudo o que
deixamos de fazer impede a mudança, pois nada melhora sozinho, todos devem contribuir.
Entende-se que algumas intervenções não são suficientes para tornar as pessoas
conscientes e responsáveis por seus atos em relação às questões ambientais, fazendo-a
fraterna e ecologicamente equilibrada. Mas, o acesso ao conhecimento é fundamental para
tornar os cidadãos mais conscientes e responsáveis. Foi esse um dos objetivos do projeto e um
dos resultados alcançados.
No entanto, o objetivo maior foi fazer com que os agricultores contribuam
efetivamente, gerando mudanças em suas propriedades. Isso de fato ocorreu em algumas
famílias, pois ajustaram suas relações com a natureza e com a sociedade, agindo de acordo
com os pressupostos da ecologia e da cidadania.
Essa intervenção social realizada pela COOPERHAF está de acordo com o que
preconizou o Curso de Intervenções Psicossociais, pois conscientizou os agricultores a
permanecem na lavoura (evitando o êxodo rural), produzindo alimentos saudáveis e com
menor custo; preservando o meio ambiente e oferecendo aos consumidores a possibilidade de
11
A Declaração do Milênio das Nações Unidas é resultado da Cúpula do Milênio, realizada em setembro de
2000, e define os compromissos assumidos por todos os Estados-Membros das Nações Unidas, até 2015. A
saber: 1. Erradicar a extrema pobreza e a fome 2. Atingir o ensino básico universal 3. Promover a igualdade
entre os sexos e a autonomia das mulheres 4. Reduzir a mortalidade infantil 5. Melhorar a saúde materna 6.
Combater o HIV/Aids, a malária e outras doenças 7. Garantir a sustentabilidade ambiental 8 . Estabelecer uma
Parceria Mundial para o Desenvolvimento (http://www.pnud.org.br/odm/index.php?lay=odmi&id=odmi)
21
aquisição de produtos limpos e puros, na Feira da Agricultura Familiar, em Sarandi, local em
que algumas famílias comercializam seus produtos.
O projeto social desenvolvido foi um diferencial sendo fundamental para instruir os
agricultores na melhoria das condições de sustentabilidade no campo, bem como, para manter
organizada de forma geral a propriedade. É disso que precisamos. De ações concretas onde o
agricultor veja os resultados e a sociedade se aproprie deles, como exemplo, para modificar
seus valores e ações sociais com relação ao meio ambiente.
Quiçá esse projeto possa contribuir positivamente para que novas ações sejam
desenvolvidas, outras famílias sejam conscientizadas e passem a agir de forma sustentável.
Atuando em cerca de 120 municípios do Estado do Rio Grande do Sul, e em 13
Estados do País, a COOPERHAF tem a oportunidade de ampliar este projeto e atingir muitas
famílias, impulsionando novas transformações.
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O SERVIÇO SOCIAL. São Paulo: Cortez, 1995.
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FETRAF-SUL/CUT, 2006.
AGUADO, Octavio Vázquez; GÓMEZ, J. Andrés Dominguez; PÉREZ, Alejandro Gaona
(Orgs.) Serviço Social e meio ambiente. São Paulo: Cortez, 2005.
AMARO, Sarita. Visita Domiciliar – Guia para uma abordagem complexa. Porto Alegre:
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ASSIS, José Chacon de. Brasil 21: uma nova ética para o desenvolvimento. 6. ed. Rio de
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BECKER, Dinizar Fermiano. Desenvolvimento Sustentável: necessidade e ou possibilidade?
2. ed. Santa Cruz: Edunisc, 1999.
22
BOSA, Jairo Antônio. Agricultura Familiar: aqui também é um bom lugar para se viver (e
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CAPORAL, Francisco Roberto. Em direção à extensão rural do futuro: Caminhos Possíveis
no Rio Grande do Sul. In.: NETO, Alberto Bracagioli. Sustentabilidade e Cidadania: o papel
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_________. Recolocando as coisas nos seus devidos lugares: um manifesto em defesa da
Extensão Rural pública e gratuita para a Agricultura Familiar – texto provisório para debate.
Porto Alegre: EMATER/RS-ASCAR, 2002. 59p. (Série Textos Selecionados; n. 24)
COSTABEBER, J. A.; MOYANO, E.. Transição agroecológica e ação social coletiva.
Agroecologia e Desenvolvimento Rural Sustentável, Porto Alegre, v. 1, n. 4, p. 50-60,
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CURY, Carlos R. Jamil. Educação e contradição. 7. ed. São Paulo: Cortez, 2000.
ETGES, Virgínia Elisabeta. Desenvolvimento Rural: Potencialidades em questão. Santa Cruz
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EHLERS, E. M. Agricultura sustentável: origens e perspectivas de um novo paradigma. 2. ed.
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FAO/INCRA Diretrizes de política agrária e desenvolvimento sustentável. Brasília:
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GERVÁSIO, P.; SCHLINDWEIN, S. L.. Agricultura sustentável ou (re) construção do
significado de agricultura. Agroecologia e Desenvolvimento Rural Sustentável, Porto Alegre,
v. 2, n. 3, p. 44-52, jul./set.2001.
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23
__________. Origem, evolução e perspectivas do desenvolvimento sustentável. In:
ALMEIDA, J.; NAVARRO, Z.. Reconstruindo a agricultura: idéias e ideais na perspectiva
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http://www.pnud.org.br/odm/index.php?lay=odmi&id=odmi#, acesso em 30.10.2008
24
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