Assim, foi fácil para Artur Bernardes, sucessor de Epitácio Pessoa, abandonar os
investimentos na região, que encolheram a olhos vistos: em 1925, somente 3.827 contos de
réis foram investidos (GUERRA, 1981, p. 64), sob um discurso ambíguo de que as obras
haviam alcançado êxito e que o fluxo de recursos podia ser reduzido (VILLA, 2000, p. 137).
Na ocasião, Bernardes promovia um ajuste ortodoxo da economia, reduzindo despesas e
promovendo uma valorização monetária que criou embaraços para o seu sucessor,
Washington Luís e para o sistema primário-exportador brasileiro (FRITSCH, 1990, p. 55).
O longo governo Getúlio Vargas (1930-1945) preservou a lógica vigente de construção de
açudes como antídoto contra as secas. Como novidade, houve a intensificação da construção
de rodovias cortando a região, principalmente os sertões, também sob o encargo do órgão.
Uma dessas rodovias foi a Transnordestina (posteriormente incorporada à BR 116), que
visava ligar Fortaleza, no Ceará, ao Sudeste (GUERRA, 1981, p. 68). Depois de 1937, porém,
os recursos minguaram e o número de funcionários se reduziu drasticamente, conforme
assinala Guerra (1981, p. 69). Em 1945, o então Instituto Federal de Obras Contra as Secas
(IFOCS), que rebatizou o antigo IOCS em 1919, tornou-se finalmente Departamento Nacional
de Obras Contra as Secas (DNOCS).
Somente na década seguinte o fenômeno das secas e seus efeitos sobre a sociedade sertaneja
passaram a ser avaliados sob uma ótica mais plural, sem o reducionismo das adversidades
climáticas. Até então, a promiscuidade política produzira muitas obras com recursos públicos
em propriedades particulares, o sistema social se estruturara de forma que população sertaneja
era mantida sob as amarras dos poderosos locais e a questão fundiária, uma das raízes do
drama das secas, permanecia um tabu.
Mudanças, no entanto, começaram a ocorrer a partir de 1940. Uma delas é que as estradas que
iam surgindo facilitavam a migração dos sertanejos em direção ao litoral e às metrópoles do
Sudeste. Para tanto, colaborou o pensamento vigente à época, de que os fluxos populacionais
tendiam a se adensar no litoral, fortalecendo o comércio pelo Atlântico. Esse raciocínio
orientou o planejamento governamental de então (POMPONET, 2007, p. 1070-1). O fato
mais relevante, porém, é que o Nordeste estagnara nas cinco primeiras décadas do século XX,
em contraste com o extraordinário desenvolvimento urbano e industrial de outras regiões do
Brasil. O problema tornou-se mais visível somente na década seguinte.