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15/04/2009
Acredita-se que os indígenas conheciam o valor medici-
nal das aristolóquias, as quais eram denominadas, por várias
tribos, como “urubu-cáá” ou “anhangapotira”
158
. G. Piso e
G. Marcgrave citam a aristolóquia, genericamente, por no-
mes indígenas semelhantes, cuja etimologia não foi possível
precisar: o primeiro traz o termo “ambuayembo”, e o segun-
do, “amuarembo”
159
.
Langsdorff faz menção ao uso de várias espécies de
aristolóquias com emprego medicinal pelos habitantes da
região sudeste do Brasil, no início do século XIX
160
.
F. C. Hoehne faz um extenso levantamento da família
Aristolochiaceae. Em seu trabalho, sugere vários nomes po-
pulares para as aristolóquias: milhomens, papo-de-peru,
abútua, jarrinha, mata-porcos, raiz-pereira, parreira-brava
161
.
158
Os vocábulos podem ser traduzidos como “erva do diabo” ou “flor do diabo”,
respectivamente (Luís Caldas Tibiriçá, Dicionário tupi-português, pp. 25 e 130).
159
G. Piso, História natural e médica da Índia Ocidental, p. 260; G. Marcgrave,
História natural do Brasil, p. 15.
160
Danuzio Gil Bernardino da Silva, Os diários de Langsdorff, vol. 1, p. 379.
______________________
161
F. C. Hoehne, Flora Brasilica: Aristolochiaceas, pp. 15, 43-141. O autor faz uma
ampla revisão do gênero, citando as seguintes espécies: Aristolochia gigantea Mart. &
Zucc. (papo-de-peru, milhomens); A. elegans Mast. (jarrinha); A. killipiana O. C.
Schmidt (jarrinha); A. deltoidea H.B.K. (jarrinha); A. weddellii Duchtr. (papo-de-
peru); A. cymbifera Mart. & Zucc. (angelicó, papo-de-peru, milhome, raiz de mil-
homens); A. brasiliensis Mart. & Zucc. (mil-homens [Joaquim Monteiro Caminhoá,
op. cit., p. 3120, diz que talvez esta espécie de Aristolochia seja a verdadeira mil-
homens], milhomens, cipó-paratudo [não confundir com a espécie Drimys winter
Forst., família Magnoliaceae, denominada popularmente casca-de-anta ou pau-
paratudo; Edvaldo Rodrigues de Almeida, op. cit., p. 127], papo-de-peru, raiz de São
Domingos); A. galeata Mart. & Zucc. (crista-de-galo, papo-de-peru, milhomes); A.
malmeana Hoehne (milhomens, papo-de-peru); A. lingulata Ule (paratudo, urubu-
cáá); A. ridicula N. E. Brown (jarrinha); A. hypoglauca Kuhlm. (jarrinha); A.
nevesarmondiana Hoehne (jarrinha); A. acutifolia Duchtr. (jarrinha); A. burchellii
Mast. (jarrinha); A. wendeliana Hoehne (jarrinha); A. macrota Duchtr. (jarrinha); A.
papillaris Mast. (jarrinha, jericó, angelicó); A. tamnifolia Duchtr. (jarrinha); A. pubescens
Willd. (jarrinha); A. peltato-deltoidea Hoehne (jarrinha); A. disticha Mast. (cipó-de-
cobra [F. C. Hoehne, op. cit., pp. 106 e 136, parece mencionar este “cipó-de-cobra”
indistintamente em relação ao “cipó contra-cobra”. G. Marcgrave, op. cit., p. 25, diz
que o cipó de cobras é a caapeba, erva de Nossa Senhora; os comentadores de Frei
Cristóvão de Lisboa, Historia dos animaes, e arvores do Maranhaõ, pp. 298-9, suge-
rem a espécie Salacia laevigata DC., família Celastraceae, para as gravuras constantes
das páginas supramencionadas da obra de Cristóvão de Lisboa], jarrinha); A.
filipendulina Duchtr. (jarrinha, batuinha); A. birostris Duchtr. (angelicó, jarrinha); A.
curviflora Malme (jarrinha); A. silvatica Barb. & Rdr. (urubu-caá, cipó contra-cobra);
A. clematitis L. (aristolóquia). Curiosamente, Hoehne não cita a espécie Aristolochia
esperanzae O. Ktze., citada por M. G. Ferri (Mário Guimarães Ferri, op. cit., p. 42)
como uma das aristolóquias do cerrado brasileiro, cujos nomes populares admitem as
sinonímias papo-de-peru, cachimbo-de-turco, mil-homens e jarrinha.