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ANDREA GONÇALVES
JOSEPH ALOIS SCHUMPETER
“ENFANT TERRIBLE”
Artigo entregue no dia 02/06, com apresentação em
formato de seminário no dia 09/06 ao Curso de Ciências
Sociais e Jurídicas do Centro Universitário FIEO
UNIFIEO, como requisito parcial de avaliação da
disciplina de Economia, turma 1mb. Professor Doutor
Ricardo Maroni Neto.
CENTRO UNIVERSITÁRIO FIEO – UNIFIEO
OSASCO/2008
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RESUMO
A elucubração mostrará de forma objetiva quem foi Joseph Alois Schumpeter, quais as
suas principais obras e seus principais estudos, entretanto, com maior ênfase na obra “Teoria do
Desenvolvimento Econômico”.
Trará a lume o arcabouço da importante contribuição do “enfant terrible” à economia,
com ampla pesquisa realizada sob o jugo de meios informativos atuais e também, com consulta
a obra do autor, entretanto, supõe-se tarefa pouco simples, justamente por ser Schumpeter, nada
ortodoxo em seus meios, já que se trata de previsão empírica em modelos econômicos com base
na realidade.
Utilizar-se-á do desejo crítico que é inerente em ávidos acadêmicos em busca do
conhecimento e da sabedoria, para que, de forma científica, avaliará a teoria schumpeteriana e a
evolução do capitalismo no tempo, numa análise da revolução industrial, para que possa
contribuir de forma a difundir a obra de Schumpeter, , assinalando o brilhantismo de sua mente
vanguardista, apesar de jovem, donde lhe foi atribuído o apelido de “enfant terrible”.
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INTRODUÇÃO
O que chama atenção em sua obra “Teoria do Desenvolvimento Econômico” é o seu
pessimismo em relação ao futuro do capitalismo, outrossim, seu otimismo no que tange as
análises estatísticas do passado visualizadas no futuro, quanto ao crescimento econômico de 3%
das economias mundiais no final do século XIX começo do século XX, se assim fosse, o
problema sócio-econômico desapareceria. Entretanto, nem seu pessimismo, tampouco seu
otimismo estão concretizando-se.
O triunfo do socialismo, como ele previa, está longe de tornar-se realidade como
também se constata o agravamento dos problemas sociais e a continuidade da deterioração da
distribuição de renda que o capitalismo vem demonstrando. É aqui que a sua teoria se encaixa,
corroborando para que sua tese esteja cada vez mais atual dentre os estudiosos contemporâneos,
significa dizer, que o sistema schumpeteriano se contrapõe em muitos aspectos ao sistema que
vem dominando a política econômica quase cinqüenta anos, o keynesiano. Na obra
supracitada, Schumpeter estabeleceu a correlação entre o súbito aumento de investimentos em
inovações tecnológicas, transformadas em produtos para o mercado, em que o período
subseqüente da prosperidade econômica é seguido de um período de recessão (teoria cíclica), e
assim sucessivamente, isto é, na economia do fluxo circular (Lei de Say), onde cada bem
produzido encontra o seu mercado, período após período.
Contudo, na teoria shumpeteriana, tal fato, não significa concluir que inexista
crescimento econômico. Admitem-se incrementos na produtividade, decorrentes de
aperfeiçoamentos no processo de trabalho e de mudanças tecnológicas contínuas na função de
produção. Estuda a relação entre a inovação e a criação de novos mercados, o da “destruição
criadora”. A perspicácia de Schumpeter em perceber afirmando que, se a produção aumentar no
futuro ao nível que aumentou no passado, todos os reformadores sociais terão seus sonhos
realizados, entretanto, ele advertia sobre o papel central do crescimento econômico para a
justiça social, que sem sombra de dúvidas é extremamente relevante para o debate econômico
do Brasil contemporâneo.
Da mesma forma, estabelece a discussão da teoria do juro, refutando os antigos
conceitos que pregam economistas à suposição que a taxa de juros variava conforme a
quantidade de dinheiro em circulação, Schumpeter demonstra que essa relação é inversa, isto é,
o efeito imediato de um aumento de dinheiro em circulação seria o aumento da taxa de juros e
não sua redução.
1 - QUEM FOI SCHUMPETER, QUAIS SUAS OBRAS E MÉTODOS
Joseph Alois Schumpeter, nascido em oito de fevereiro de 1883 em Triesch, na
Moravia, província austríaca, então pertencente à Tchecoslováquia, foi o único filho do
fabricante de tecidos Alois Schumpeter e de Johanna, filha do médico Julius Gruner. Joszi
(apelido de infância) ficou órfão de pai com quatro anos de idade. Sua mãe casou-se novamente
em 1893 com o tenente coronel do Exército Austro-Húngaro Sigismund von Keller. A família
passou então a viver em Viena, onde Schumpeter concluiu o curso secundário com distinção.
Posteriormente, ingressou na Faculdade de Direito da Universidade de Viena, graduando-se em
1906. Nessa época, as Universidades imperiais incluíam no estudo de Direito, cursos e exames
complementares de Economia e Ciência Política. Aluno aplicado, Schumpeter dedicou-se ao
estudo da ciência econômica sem, entretanto descuidar-se do Direito. formado decidiu viajar
para a Inglaterra onde permaneceu durante vários meses, principalmente em Londres.
Na capital inglesa, além de visitar Cambridge e Oxford, manteve intensa vida social.
Em 1907 casa-se com Gladys Ricardo Seaves, filha de alto dignitário da Igreja Anglicana e
doze anos mais velha que ele. No mesmo ano o casal partiu para o Cairo, onde Schumpeter
advogou perante o Tribunal Misto Internacional do Egito, sendo também conselheiro de
finanças de uma princesa egípcia. Motivos de saúde, entretanto, obrigaram o casal a retornar
para Viena em 1909. Schumpeter iniciou a vida universitária no mesmo ano em que retornou a
Áustria, ou seja, a partir de 1909.
Nomeado professor de Economia da Universidade de Czernovitz (capital da província
de Bukovina, na parte oriental da Áustria, então território da União Soviética), antes de
completar trinta anos, por isso recebêra a alcunha de “enfant terrible”, bem como, havia
escrito dois livros extraordinários, com 25 anos, em 1908 publicou sua primeira grande obra, “A
Natureza e a Essência da Economia Política Teórica” (Das Wesen und der Hauptinhalt der
Theoretischen Nationalokonomie) e, quatro anos mais tarde escreveu a célebre “Teoria do
Desenvolvimento Econômico” (Theorie der Wirtschaftlichen). Em 1911, convidado a lecionar
na Universidade de Graz, capital da província de Styria, foi nomeado professor de economia por
decreto imperial, era o mais jovem catedrático, tornando assim, um clima pouco favorável entre
os colegas de congregação, obrigando-o a fazer viagens freqüentes para Viena. Na qualidade de
professor visitante, passou o ano letivo 1913/1914 na Universidade de Columbia (Nova York),
onde foi distinguido com um grau honorífico, abandonando a Universidade de Graz, sem deixar
de pertencer ao quadro da congregação até 1921. Gladys voltou para a Inglaterra em 1914,
permanecendo durante a 1ª. Guerra Mundial, não retornando mais a Viena. Em 1920, o casal
decidiu divorciar-se.
Mais tarde veio a lecionar na Universidade de Bonn, Alemanha e em 1927 e 1928
lecionou em Harvard, nos Estados Unidos, abandonando a Universidade de Bonn, fixando
residência nos Estados Unidos e nunca mais voltou à Alemanha. Estabeleceu-se em Cambridge
(Massachusetts), adquiriu uma casa de campo em Taconic, Connecticut, onde viria falecer no
dia oito de janeiro de 1950. Ao completar 50 anos, ele havia escrito 17 livros, duas novelas, e
centenas de ensaios e artigos científicos, ressaltando que ele trabalhava 84 horas semanais e se
sentia insatisfeito com sua produção.
Era criador de cavalos, foi o Ministro da Fazenda na Áustria, filósofo social e profeta
do desenvolvimento capitalista, historiador das doutrinas econômicas, teórico de economia que
preconizava o uso de métodos e instrumentos mais exatos de raciocínio, e professor de
Economia, se permitiu afirmar que a teoria econômica é um senso comum refinado. Sua
primeira obra publicada como professor de Harvard foi “Uma Análise Teórica, Histórica e
Estatística do Processo Capitalista”. Em 1939 ainda destaca-se entre seus trabalhos, um tratado
sobre os “Ciclos Econômicos” (Business Cycles), lei de Say “A oferta cria a sua própria
demanda”, 1942 publicou “Capitalismo, Socialismo e Democracia” (Capitalism, Socialism and
Democracy), obra esta última, considerada por muitos como pessimista, por concluir o triunfo
do socialismo, logo, a derrocada do capitalismo. Ele concluiu isso usando um processo
analítico, sem expressar sua ideologia, manteve-se isento e impessoal.
Tinha fortes influências de Karl Marx, a quem Schumpeter admirava muito, e também
inspirava-se na obra do economista francês, Léon Walras, e por isso, seu interesse pela
formulação matemática e econométrica das questões econômicas em sua teoria, além de optar
pela concepção de modelos de economias para explicar o fenômeno do desenvolvimento
econômico aplicado a realidades variáveis para compreender o processo de desenvolvimento
capitalista. Ninguém melhor do que Paul Samuelson para sintetizar a genialidade e a
versatilidade de Joseph Alois Schumpeter. O elogio foi publicado inicialmente na Review of
Economics and Statistics e, posteriormente, na coletânea de trabalhos organizados por Seymeur
E. Harris em homenagem ao grande economista austríaco. SCHUMPETER, A. Joseph (Apud
Costa, 1982).
2 – ENTENDENDO A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
A revolução industrial tecnológica vem com a máquina a vapor, os caminhos-de-
ferro e com o tear mecânico. A e responsável por um novo salto no desenvolvimento do
capitalismo veio com a eletricidade o petróleo e o aço. A terceira tem como base a energia
nuclear a informática e a biotecnologia. Ora o traço comum são, de uma maneira geral, as
fontes de energia, as vias de comunicação e os equipamentos. Mas a seqüência e interligação
vão muito além da adoção de novos padrões.
A revolução industrial surge em Manchester por volta da década de 80 do século
XVIII, e surge na Inglaterra que, mesmo antes de se tornar no berço do capitalismo, era uma
das regiões mais ricas e desenvolvidas do planeta, ou seja, a condição sócio-econômica de um
País, como condição de referência no salto qualitativo da ideologia capitalista.
A revolução vai ocorrer nos Estados Unidos da América, quando Ford resolveu
aplicar as idéias de "organização científica" do trabalho (divisão do trabalho manual e
intelectual - pesquisa e desenvolvimento, engenharia e organização racional do
trabalho/execução desqualificada) de Taylor na produção automóvel (Taylorismo).
Os EUA eram a potência emergente da época, ponto de destino de mais de 33 milhões
de emigrantes no fim do século XIX início do século XX e que acabaria por ultrapassar a
Inglaterra como potência do ponto de vista econômico. Os emigrantes foram o combustível que
o “Fordismo” necessitava para produzir em massa e para as massas.
O fordismo era, no entanto, um conceito limitado como posteriormente, o tempo o veio
a provar. A primeira contradição do sistema fordista é exatamente o conceito da produção de
massas para um consumo de massas. A idéia era que uma linha de montagem automática
facilitaria o aumento da produtividade, do lazer e conseqüentemente do consumo. O que não era
previsto no sistema fordista eram as crises cíclicas que se abatem sobre o sistema capitalista.
Várias foram as razões para o colapso do sistema fordiano, entre os quais o fato de que a
Europa e o Japão começarem a recuperar-se da guerra mundial e começaram, especialmente a
Europa a criar excedentes de produção diminuindo de sobre maneira as importações vindas dos
EUA e também devido ao aumento do poder de compra e conseqüente baixa do juro nos EUA,
mas o último e mais importante foi o choque petrolífero da década de 70 do século passado.
Na terceira revolução industrial dá-se a virada da era industrial e também do
capitalismo. Ao contrário do que aconteceu nas duas primeiras revoluções ou estágios do
capitalismo, a 3ª revolução ocorre não num país desenvolvido ou emergente, mas sim num país
devastado e derrotado na segunda guerra mundial, o Japão. O contrário do ocorrido nos EUA
que tinha visto o seu país "engordar" com remessas e mais remessas de emigrantes. Um país
que tinha perdido 1,2 milhões de pessoas conseqüência da guerra, da mesma forma contrária da
Inglaterra da 1ª revolução, um país que mais uma vez devido á Guerra Mundial e aos 5 anos
de ocupação americana, perdeu a quase totalidade do seu parque industrial.
É nesta diferença que se dá a grande virada do capitalismo, em grande parte devido às
necessidades específicas de um país destruído, sem matéria humana e sem matérias-primas em
muitos casos. Estas condicionantes são importantes que se entenda o que posteriormente fôra
chamado de Toyotismo e as suas diversas dinâmicas. Mas nem de questões sociais se faz a
diferença deste estágio para os outros. Também em nível geográfico, como no Japão, onde 80%
do solo é montanhoso e praticamente imprestável nos mais diversos sentidos. Também
culturalmente o Japão é um país diferente e isso faz alguma diferença no implementar de uma
filosofia.
É nesta conjuntura que se começa a desenhar o Toyotismo. Perante uma indústria
arrasada os japoneses reerguem-se em moldes mais atuais. Para contornar a escassez de
matéria-prima cortaram o desperdício até quase zero criando eliminando o desperdício e criando
o conceito de produção magra.
Devido ao reduzido espaço físico reduziram ao máximo os estoques de produtos e
matéria-prima criando o conceito de Just in Time (JIT). Devido à concorrência das grandes
empresas norte-americanas o Japão mobilizou o Estado e o patriotismo do povo. Cortaram
custos desnecessários ampliando o tempo produtivo do equipamento, diminuindo o tempo de
paralisações e o tempo produtivo do operador, fazendo-o operar ao mesmo tempo diversas
máquinas e ao mesmo tempo, zelando pela qualidade limpeza e manutenção do produto e
máquina criando assim o conceito de flexibilidade e polivalência. Mas o Toyotismo o é
isso, mas sim, todo um conjunto essencial de conceitos e práticas sistemáticas.
3 - ECONOMISTA, HISTORIADOR, SOCIÓLOGO, FILOSOFO OU
PROFESSOR?
Definitivamente não para estudar economia sem observar os diversos ramos
correlatos e Schumpeter usava seu vasto conhecimento, além de amar a história da economia,
levando muito em consideração a sociologia, e com isso, ensinava em suas aulas com total
maestria, arrebatando verdadeiros seguidores.
Diferentemente de Smith, Ricardo e Keynes, ele não criou uma teoria nova, não
fundou nenhuma escola, muito embora, quem ache que existe controvérsia nesta afirmação.
Em Harvard, ele ensinou muitos alunos brilhantes, alguns dos quais vieram a receber o prêmio
Nobel, mas que freqüentavam seus seminários mais para discutir do que para aprender. Ele
certamente sabia “fazer economia e de fato sua erudição na história da disciplina era
incomparável, mas ele a via em grande parte de fora, ou seja, sociológica e historicamente.
Schumpeter argumentava que a democracia elitista, ou oligarquia, poderia dar às sociedades as
vantagens de ditadura e mais liberdade. Ele via o Reino Unido como cartilha de tal sistema.
Mas, em geral, duvidava da habilidade das democracias contemporâneas de exercitar o exigido
autocontrole, como de fato estamos presenciando contemporaneamente, principalmente em
nosso País.
A deflação integra uma fase da teoria do ciclo econômico, a recessão, quando a “lei de
Say” deixa de funcionar, ou seja, nem tudo o que é produzido encontra mercado; e quando
ocorrem falências e liquidações de diversas empresas, em especial daquelas que não foram
capazes de aderir às inovações implementadas e, por isso, perderam competitividade.
Configura-se, então, um cenário de crise. Ademais, a crise pode também ser atribuída à
concentração das inovações em um período ou em poucas indústrias e, destarte, ao aumento do
risco e da incerteza que se faz mais efetivo a partir da exaustão das possibilidades de inovação.
Kuznets (Apud, COSTA, V. Daniela, 2006).
Por "inovações tecnológicas", Schumpeter entende cinco categorias de fatores: a
fabricação de um novo bem, a introdução de um novo método de produção, a abertura de um
novo mercado, a conquista de uma nova fonte de matérias-primas, a realização de uma nova
organização econômica, tal como o estabelecimento de uma situação de monopólio. Nessa
definição, Schumpeter na realidade fornece uma lista de "ocasiões de investimento", instante
privilegiado de todo crescimento econômico.
A teoria da “destruição criativa” que sustenta que o sistema capitalista progride por
revolucionar constantemente sua estrutura econômica: novas firmas, novas tecnologias e novos
produtos substituem constantemente os antigos, ou seja, a substituição de antigos produtos e
hábitos de consumo, por novos, onde a criação de novos mercados e a ação de empreendedor
es claramente descrita por Schumpeter: “É, contudo, o produtor que, via de regra, inicia a
mudança econômica, e os consumidores, são por ele ‘educados’; eles são, por assim dizer,
ensinados a desejar novas coisas, ou coisas que diferem de alguma forma daquelas que tem o
hábito de consumir” (SAMUELSON, Paul A., 1965.p.85).
O processo de destruição criativa promove as empresas inovadoras, que respondem às
novas solicitações do mercado, e fecha as empresas sem agilidade para acompanhar as
mudanças. Ao mesmo tempo, orienta os agentes econômicos para as novas tecnologias e novas
preferências dos clientes. Elimina postos de trabalho ao mesmo tempo em que cria novas
oportunidades de trabalho e possibilita a criação de novos negócios. Para Schumpeter o
desenvolvimento econômico está fundamentado em três fatores principais: as inovações
tecnológicas, o crédito bancário e o empresário inovador.
Este empresário inovador, mencionado por Schumpeter, é capaz de empreender um
novo negócio, mesmo sem ser dono do capital. Como a inovação acontece aos trancos e
barrancos, a economia capitalista está, de forma natural, sujeita a ciclos de crescimento e
implosão. O agente deste processo revolucionário é o empresário heróico: o proprietário
individual do século 19 e as grandes empresas do século 20.
Não é fácil destacar e entender os legados de um autor que se caracterizou pela
coragem e pela originalidade. Coragem de fugir aos padrões dominantes e de se posicionar,
ainda que isso pudesse desagradar colegas e políticos influentes. Schumpeter chamou a atenção
para o fato de que a Teoria geral do emprego, do juro e da moeda, publicada por Keynes em
1936 estava sendo supervalorizada pela maior parte dos economistas. Schumpeter afirmava que
a Teoria geral não era tão geral quanto se pregava, mas sim uma teoria adequada a determinados
países que estivessem atravessando uma determinada conjuntura particular marcada pala
recessão. Suas palavras, a esse respeito, foram às seguintes: “O keynesianismo prático é uma
planta nova que não pode ser transplantada para o solo estrangeiro, pois nele morreria e se
tornaria venenosa antes de morrer”. Schumpeter, Joseph A. (Apud, Sandroni 2005).
A maior parte dos críticos e dos economistas não lhe deu ouvidos na época. O tempo,
no entanto, mostrou que ele estava com toda a razão, já que a adoção de políticas econômicas
de inspiração keynesiana por parte de países não desenvolvidos e mesmo em países
desenvolvidos fora de épocas de recessão revelou resultados inexpressivos, quando não
retumbantes fracassos. Enfatizou ainda a natureza evolucionária do sistema capitalista,
afirmando também que, numa situação de monopólio, as empresas enfatizarão menos a
competição de preços, aumentando a competição em termos de inovações tecnológicas e de
organização.
Antes de passar ao outro grande legado, vale dizer que ao enfatizar a importância do
empreendedor e das inovações tecnológicas, Schumpeter sempre destacou como fatores
inerentes a esses dois aspectos, o crédito e a intuição dos empreendedores. Sobre o primeiro,
afirma que "o desenvolvimento, em princípio, é impossível sem crédito"; sobre o segundo, “na
vida econômica, deve-se agir sem resolver todos os detalhes do que deve ser feito”. Aqui o
sucesso depende da intuição, da capacidade de ver as coisas de uma maneira que posteriormente
se constata ser verdadeira, mesmo que no momento isso não possa ser comprovado, e de se
perceber o fato essencial, deixando de lado o âmbito passageiro, mesmo que não se possam
demonstrar os princípios que nortearam a ação.
As tecnologias realmente destroem ao mesmo tempo em que criam. Cada nova
tecnologia destrói, ou pelo menos diminui o valor de velhas técnicas e posições mercadológicas.
O novo produto ocupa o espaço do velho produto e novas estruturas de produção destroem
antigas estruturas. O progresso é conseqüência deste processo destruidor e criativo. A inovação
precisa de recompensa, daí a economia dinâmica permitir enormes lucros ao inovador. O
monopólio temporário é a forma de a natureza permitir que os inovadores ganhem com suas
invenções.
A desigualdade de curto prazo é o preço do progresso no longo prazo. Junto com sua
contribuição positiva, Schumpeter fez uma crítica persistente à economia convencional, cuja
preocupação com problemas estáticos de alocação em mercados perfeitamente competitivos
elimina a mudança e o papel do empresário. Mas as especulações de Schumpeter foram muito
além, para a questão da durabilidade de uma civilização que vive continuamente destruindo o
que criou.
Uma linha de pensamento que vinha desde Marx e seu Manifesto Comunista. Talvez
Schumpeter tenha mais a dizer sobre a natureza do capitalismo do que a nova safra de idealistas
do mercado gerada pela globalização ou pelos apóstolos do século 20 da estabilização, como
Keynes. Ao menos, esse é o argumento de Thomas K. McCraw, em “Prophet of Innovation”
(profeta da inovação), na nova biografia do grande Schumpeter e das pessoas e locais
importantes da vida dele.
O tema da destruição criativa surge no cenário da migração da própria família de
Schumpeter, da dissolução do império Austro-Húngaro, do descontentamento dos anos entre as
guerras e de algumas circunstâncias trágicas de sua vida pessoal adulta (morte da segunda
esposa no mesmo ano em que falecerá a sua mãe, e fatos agregados a dissabores profissionais
econômico-financeiros).
Segundo a teoria schumpeteriana, sem o lucro, não poderia haver nenhuma
acumulação de riqueza e, conseqüentemente, nenhum desenvolvimento. Em outras palavras, o
lucro, por definição, oriundo da inovação, é a parte básica da fortuna capitalista. A busca de
lucro por meio da inovação é fundamental na transformação da situação estática, implicando em
dinamismo econômico. Uma vez que as inovações têm como efeito a neutralização da lei dos
rendimentos decrescentes, deslocando as isoquantas¹ de produção; tão logo uma inovação passa
a dar sinais de sucesso, inicia-se um processo de imitação por parte das firmas.
¹Em economia, uma isoquanta é uma curva que representa várias combinações de fatores de produção (terra, capital e trabalho) que resultem
na mesma quantidade de produção (output). Em microeconomia, a isoquanta da “Teoria da Produção” é parecida com a curva de
indiferença da “Teoria do consumidor”. A taxa marginal de substituição técnica representa o que uma empresa pode substituir de um fator
produtivo por outro, mantendo o mesmo nível de produção. Num mapa de curvas isoquantas a taxa marginal de substituição técnica, é dada pela
inclinação da curva que passa no ponto que representa da referida combinação de fatores de produção. Fonte: Wikipédia
Considerações Finais
No Brasil a sobrevivência econômica é dada aos inovadores, com o protecionismo
estatal, mesmo com o neoliberalismo, significa dizer, que leis são criadas para beneficiar
empresas privadas, como um dos exemplos claros disso, é a nova lei de falências e recuperação
judicial, Lei 11.101/05.
Urge uma estratégia de reforma de cunho cultural, social e econômico que traga um
novo sentido histórico. O crescimento e o desenvolvimento econômico atual, que se desenrola
num cenário de hipertrofia dos mercados financeiros o podem ser suficientemente
compreendidos, sem levar em conta o nexo entre o setor financeiro e o setor real. É relevante
citar aqui, como alusão analógica, porém crítica, a “Fábula dos Porcos Assados”.
É importante que se compare o ciclo econômico do final do século XIX começo do
XX com a revolução tecnológica atual, lembrando que juntamente com a revolução tecnológica
vieram varias outras, principalmente na área das telecomunicações (celulares, redes de alto
desempenho etc.). Portanto, nota-se, que a necessidade faz a diferença quando uma sociedade
necessita resolver de maneira rápida e objetiva os seus problemas. Em um mundo capitalista,
que tempo é dinheiro, a tecnologia faz a diferença, mas o preço é alto, na medida em que
representa diferenças sociais com dimensões diferentes do final do século XIX, mas mais
perigosas, vem se repetindo de forma amedrontante, comprovando que o capitalismo sem
controle, também é extremamente ineficaz e maléfico.
É importante frisar que as classes empresariais brasileiras, de um modo geral,
mostram-se passivas em suas decisões estratégicas em longo prazo, e devem deixar de culpar os
governos por tudo, lembrando que eles, os empresários é que deveriam ser os mais interessados
em políticas cooperadas com os agentes econômicos, inclusive com o governo. Vale dizer, seria
de suma importância que os empresários procurassem se auto-regular, evitando assim, que crise
em um setor específico pode afetar significativamente outros setores da economia, (exemplo:
Parmalat e Encol). E é justamente isso que sustenta Schumpeter (1911), sobre a interface do
empresário inovador com outros setores, além do Estado como regulador, visando inovar para
gerar lucros, e estes últimos passam a ter caráter dinâmico, contrariando o estático pensamento
neoclássico.
Referências Bibliográficas
ALBUQUERQUE, E. da M. 1996. Notas sobre a contribuição de Kenneth Arrow para a
fundamentação teórica dos sistemas nacionais de inovação. Revista Brasileira de Economia, Rio
de Janeiro, v.50, n.2, pp. 227-42, abr./jun.
BITTENCOURT, V. L. Maurício. In: MATERIAL DIDÁTICO UFPR. Curitiba. Disponível
em:<http://www.google.com.br/search?source=ig&hl=pt-BR&rlz=1G1GGLQ_PT-
BRBR250&q=Par%C3%A2metros+-
+s%C3%A3o+magnitudes+que+permanecem+constantes+no+%C3%A2mbito+de+um+fen%C
3%B4meno+concreto.+O+termo+constante+na+equa%C3%A7%C3%A3o+de+demanda+signi
fica+demanda+est%C3%A1vel%3A+&btnG=Pesquisa+Google&meta=lr%3Dlang_pt >.
Acesso em 30 maio.
COSTA, V. Daniela, Brasília 2006. http://www.google.com.br/search?num=100&hl=pt-
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BRBR250&q=Autora%3A+Daniela+Viana+Costa&btnG=Pesquisar&meta=lr%3Dlang_pt
Acesso em 24 de maio.
MACHADO, L. Cofecon,
http://www.cofecon.org.br/index.php?Itemid=114&id=996&option=com_content&task=viewA
cesso em 01 de junho.
PEREIMA NETO J. B. Tese de mestrado - Política Fiscal, Crescimento, Distribuição de Renda e
Regimes de Endividamento: uma abordagem pós-keynesiana, UFPR, Curitiba-PR 22 de
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REVOLUÇÃO INDUSTRIAL, http://www.suapesquisa.com/industrial/, acesso em 28 de maio.
SAMUELSON, Paul A. Schumpeter como Professor y teórico de La Ecnomia (in Schumpeter,
Cientifico Social – El Sistema Schumpeteriano.) Barcelona, Ediciones de Occidente S.A., 1965.
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SCHUMPETER, Joseph A. Teoria do desenvolvimento econômico: uma investigação sobre
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de Maria Sílvia Possas. São Paulo: Abril Cultural, 1982. (Os Economistas)
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