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Thiago Parente Lima
Avalia¸ao de sistemas de digitaliza¸ao de
filmes radiogr´aficos de baixo custo e
processamento de imagens atrav´es de
software dedicado
Recife
2008
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Thiago Parente Lima
Avalia¸ao de sistemas de digitaliza¸ao de
filmes radiogr´aficos de baixo custo e
processamento de imagens atrav´es de
software dedicado
Monografia submetida a coordena¸ao do
curso de Especializa¸ao em Engenharia de
Tubula¸oes da Universidade Federal de Per-
nambuco, em cumprimento `as exigˆencias
para obten¸ao do t´ıtulo de Especialista em
Engenharia de Tubula¸oes.
Orientador:
Prof. Dr. Armando Hideki Shinohara
Universidade Federal de Pernambuco
Recife
2008
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Monografia sob o t´ıtulo ”Avalia¸ao de sistemas de digitaliza¸ao de filmes radiogr´aficos
de baixo custo e processamento de imagens atrav´es de software dedicado”, defendida por
Thiago Parente Lima em 29 de setembro de 2008, em Recife, Pernambuco, para a banca
examinadora constitu´ıda pelos professores:
Prof. Dr. Armando Hideki Shinohara
Universidade Federal da Pernambuco
Orientador
Prof.
a
Dr.
a
Juliana de Almeida Yanaguizawa de Carvalho
Universidade Federal da Pernambuco
Examinadora
Agradecimentos
`
A minha fam´ılia pelo apoio de sempre.
Ao professor Armando H. Shinohara pela orienta¸ao, disponibilidade e confian¸ca.
`
A Fl´avia Brasileiro e aos professores Uwe Zscherpel e Hannelore Wessel pelas cola-
bora¸oes essenciais durante a realiza¸ao deste trabalho.
Aos colegas de curso pelo companheirismo e por tornarem as aulas acima de tudo
divertidas.
”Nada ocorre contra a natureza, exceto o imposs´ıvel que nunca ocorre.”
Galileu Galilei (1564-1642), Di´alogo sobre duas novas ciˆencias.
Resumo
A radiografia digital ainda ´e pouco utilizada pela ind´ustria do pa´ıs, sendo encontrada
com maior freq¨encia na ´area m´edica, por´em, a evolu¸ao da tecnologia est´a tornando esta
t´ecnica cada vez mais acess´ıvel `a ind´ustria. Dentro da radiografia digital se encontra a
t´ecnica de digitaliza¸ao de radiografias que utiliza scanners ou ameras para transformar
imagens de filmes radiogr´aficos obtidas pelo etodo convencional em imagens digitais.
A digitaliza¸ao de radiografias pode ser utilizada para inspao, arquivamento e trans-
miss˜ao remota de dados. Uma avalia¸ao de sistemas de digitaliza¸ao CCD por matriz
(cˆamera Nikon D70) e por linha (scanner Epson Perfection 4990 PRO) de baixo custo e
o processamento de imagens atraes de software dedicado foi realizado a partir de radio-
grafias digitalizadas de uni˜oes soldadas de tubula¸oes. O sistema composto pela amera
apresentou resolu¸ao mais baixa e perda da qualidade de imagem nas extremidades da
radiografia, necessitando de otimiza¸ao com rela¸ao `a ilumina¸ao da radiografia durante
o processo de digitaliza¸ao. a as imagens obtidas pelo scanner apresentaram boa re-
solu¸ao em toda a extens˜ao da radiografia. Ambos os sistemas foram capazes de detectar
as falhas contidas nos corpos de prova e aliados ao software de processamento de imagens
mostraram ser uma ferramenta poderosa na inspao de imagens radiogr´aficas.
Palavras-chave: Radiografia digital, digitaliza¸ao de radiografias.
Lista de Figuras
1 Esquema dos elementos que comp˜oem um sistema de radiografia indus-
trial (Fonte: Greene et al. (1989)) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 17
2 Espectro eletromagn´etico (Fonte: Mix (2005)) . . . . . . . . . . . . . . p. 18
3 Espectro eletromagn´etico (Fonte: Greene et al. (1989)) . . . . . . . . . p. 18
4 Estrutura de um filme radiogr´afico (Fonte: Andreucci (2008)) . . . . . p. 20
5 Diferen¸cas de densidade (∆D) correspondentes a uma mesma varia¸ao
de exposi¸ao relativa (∆logE = 0, 08) (Fonte: Greene et al. (1989)) . . p. 21
6 Esquema mostrando os trˆes tipos de radia¸ao espalhada (Fonte: Greene
et al. (1989)) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 26
7 Imagem radiogr´afica com alto contraste e baixa defini¸ao (a) e baixo
contraste e alta defini¸ao (b) (Fonte: Greene et al. (1989)) . . . . . . . p. 26
8 Esquema mostrando a forma¸ao de penumbra devido a (a)distancia objeto-
filme (b)tamanho da fonte emissora (Fonte: Greene et al. (1989)) . . . p. 27
9 Uso de um IQI de fio em uma junta soldada de tubula¸ao (Fonte: An-
dreucci (2008)) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 28
10 IQI’s de furo (Fonte: Andreucci (2008)) . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 28
11 Rela¸ao entre o n´umero de bits e os tons de cinza (Fonte: Oliveira (2007)) p. 29
12 Histogramas de imagens com baixo (a) e alto (b) contraste (Fonte: Gon-
zalez e Woods (2002)) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 30
13 Perfis tra¸cados sobre um cord˜ao de solda (Fonte: Ewert (2007)) . . . . p. 31
14 Poroside em junta soldada detectada atrav´es de ensaio de raios X (Fonte:
Greene et al. (1989)) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 34
15 Junta soldada com inclus˜ao de esc´oria detectada atrav´es de ensaio de
raios X (Fonte: Greene et al. (1989)) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 35
16 Falta de fus˜ao em junta soldada detectada atrav´es de ensaio de raios X
(Fonte: Greene et al. (1989)) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 35
17 Falta de penetra¸ao em junta soldada detectada atrav´es de ensaio de
raios X (Fonte: Greene et al. (1989)) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 35
18 amera Nikon D70 e Scanner Epson Perfection 4990 PRO (Fonte: Nikon
(2004) e EPSON (2005)) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 39
19 Radiografia do corpo de prova CP2 obtida atrav´es do sistema Nikon D70
mostrando a perda de resolu¸ao espacial nas etremidades da imagem . p. 41
20 Radiografias dos IQI’s do corpo de prova CP1 digitlizadas pelo sitema
Nikon D70 (a) e pelo sistema Epson Perfection 4990 PRO (b) . . . . . p. 42
21 Radiografia do corpo de prova CP2 digitalizada pelo sistema Nikon D70 p. 42
22 Radiografia do corpo de prova CP2 digitalizada pelo sistema Nikon D70
ap´os aplica¸ao de filtro low-pass . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 43
23 Radiografia do corpo de prova CP2 digitalizada pelo sistema Epson Per-
fection 4990 PRO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 43
24 Radiografia do corpo de prova CP2 digitalizada pelo sistema Epson Per-
fection 4990 PRO ap´os aplica¸ao de filtro low-pass e ajuste no histograma p. 44
25 Perfil tra¸cado longitudinalmente no cord˜ao de solda . . . . . . . . . . . p. 44
26 Perfil tra¸cado longitudinalmente no cord˜ao de solda mostrando a medi¸ao
de uma descontinuidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 44
27 Radiografia de referˆencia (Fonte: prEN 14096-1 (2002)) . . . . . . . . . p. 49
Lista de Tabelas
1 T´ıpicos HVL’s do co para valores comuns de energia (Fonte: ASTM E
94 (2004)) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 19
2 Valores limites para G, G/σ
D
e σ
D
(Fonte: ASTM E 1815 (2001)) . . . p. 22
3 Princ´ıpios de digitaliza¸ao para diferentes sistemas (Fonte: Zscherpel
(2000)) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 24
4 M´ınima faixa de densidade para um sistema de digitaliza¸ao com um
m´ınimo valor de sensibilidade de densidade de contraste (Fonte: prEN
14096-2 (2002)) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 33
5 M´ınima resolu¸ao espacial para sistemas de digitaliza¸ao (Fonte: prEN
14096-2 (2002)) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 33
6 Descri¸ao dos corpos de prova radiografados . . . . . . . . . . . . . . . p. 37
Conte´udo
1 Introdu¸ao p. 11
2 Revis˜ao da literatura p. 15
2.1 Breve hist´orico da radiografia industrial . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 15
2.2 Princ´ıpios da radiografia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 16
2.2.1 Tubos de raios X . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 16
2.2.2 Filme radiogr´afico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 19
2.2.2.1 Caracter´ısticas do filme radiogr´afico . . . . . . . . . . p. 19
Densidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 19
Velocidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 20
Curva caracter´ıstica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 21
2.2.2.2 Classifica¸ao dos filmes radiogr´aficos segundo a norma
ASTM E 1815 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 21
2.3 Uso da radiografia em ensaios ao destrutivos . . . . . . . . . . . . . . p. 22
2.4 Processos de digitaliza¸ao de radiografias . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 24
2.4.1 ameras Charge-Coupled Device (CCD) . . . . . . . . . . . . . p. 24
2.4.2 Scanners CCD de linha . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 24
2.4.3 Scanners a laser . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 25
2.5 Imagem radiogr´afica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 25
2.5.1 Indicadores de qualidade de imagem . . . . . . . . . . . . . . . p. 27
2.5.1.1 IQI de fio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 28
2.5.1.2 IQI de furo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 28
2.5.2 Imagem radiogr´afica digital . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 29
2.6 Classifica¸ao de sistemas de digitaliza¸ao segundo a norma prEN 14096-2 p. 31
2.7 Descontinuidades em juntas soldadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 33
2.7.1 Descontinuidades relacionadas ao projeto da junta . . . . . . . . p. 34
2.7.2 Descontinuidades relacionadas ao processo de soldagem . . . . . p. 34
2.7.3 Descontinuidades relacionadas `a metalurgia da soldagem . . . . p. 36
3 Materiais e m´etodos p. 37
3.1 Corpos de prova . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 37
3.2 Sistemas de digitaliza¸ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 37
3.2.1 Sistema de digitaliza¸ao por matriz . . . . . . . . . . . . . . . . p. 37
3.2.2 Sistema de digitaliza¸ao por linha . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 38
3.3 Software de processamento de imagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 38
4 Resultados e discuss˜oes p. 40
4.1 Perda da resolu¸ao espacial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 40
4.2 Visualiza¸ao dos IQI’s . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 40
4.3 Detec¸ao de descontinuidades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 41
4.4 Medi¸ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 42
5 Conclus˜oes p. 45
5.1 Sugest˜oes para trabalhos futuros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 45
Referˆencias p. 46
Anexo A -- Radiografia de referˆencia p. 49
11
1 Introdu¸ao
A radiografia digital ´e uma t´ecnica nova, ainda pouco utilizada no pa´ıs, sendo encon-
trada com maior frequˆencia apenas na ´area edica. Existem duas formas de aquisi¸ao
de imagens na radiografia digital: a direta e a indireta. Na aquisi¸ao direta (Direct Ra-
diography (DR)), ao utilizados os flat panels, onde a imagem capturada ´e diretamente
transferida para o computador sem passar por nenhum est´agio intermedi´ario. Na aquisi¸ao
indireta est˜ao inclu´ıdas a radiografia computadorizada (computed radiography (CR)), que
utiliza placas de osforo (image plates) para a captura da imagem e scanners para trans-
form´a-las em imagens digitais e tamem a digitaliza¸ao de radiografias que transforma
imagens de filmes convencionais em imagens digitais utilizando diferentes sistemas (PA-
TEL, 2005).
Como mencionado, a radiografia industrial por image plate ou flat panel ainda ´e
pouco difundida no Brasil, cabendo ainda `a radiografia convencional a grande maioria dos
ensaios ao destrutivos na ind´ustria. Nesse quadro a digitaliza¸ao de filmes radiogr´aficos
abre uma erie de possibilidades para a ecnica convencional possibilitando desde uma
inspao mais apurada atraes do processamento digital de imagens at´e a constru¸ao de
softwares para a detec¸ao autom´atica de defeitos.
O desenvolvimento dessa ecnica come¸cou em meados da ecada de noventa. O sur-
gimento de equipamentos de digitaliza¸ao voltados para a radiografia industrial possi-
bilitou uma s´erie de estudos na ´area envolvendo a melhoria da qualidade de imagem
para a inspao visual, transmiss˜ao remota e arquivamento de imagens e a constru¸ao de
algoritmos para a detec¸ao autom´atica de defeitos em pcas.
Wessel, Nockemann e Tillack (1994) confrontaram resultados de inspoes conven-
cionais feitas com o aux´ılio de negatosc´opios e inspoes feitas a partir de radiografias
digitalizadas utilizando algoritmos para o processamento de imagens. Foram analisadas
mais de 120 radiografias contendo cerca de 1000 defeitos de diferentes tipos. Os resultados
mostraram que ao houve perda na detec¸ao de defeitos atraes das imagens digitalizadas.
1 Introdu¸ao 12
No estudo foi utilizado um scanner com resolu¸ao espacial inferior a 80µm e baixo n´ıvel
de ru´ıdo.
Zscherpel et al. (1995) estudaram as vantagens da digitaliza¸ao de filmes na detec¸ao
de trincas provocadas por fadiga em cos austen´ıticos. A distin¸ao das trincas longitudi-
nais provocadas por fadiga das descontinuidades causadas pelo procedimento de soldagem
torna a inspe¸ao desses a¸cos bastante problem´atica. Com a aplica¸ao de filtros, os autores
conseguiram suprimir os ru´ıdos indesej´aveis da imagem e melhorar o contraste no defeito
do corpo de prova estudado.
Com o surgimento de equipamentos mais eficientes, o acesso a tecnologia da digita-
liza¸ao de filmes tornou-se mais amplo em pa´ıses desenvolvidos. Surgiu enao a necessi-
dade do estabelecimento de padr˜oes para esta t´ecnica. Em 1997 a American Society for
Testing and Materials (ASTM) publicou a norma ASTM E 1936, que criou uma radiogra-
fia de referˆencia (ver anexo) para a quantifica¸ao de parˆametros de qualidade de imagem
produzidos por sistemas de digitaliza¸ao.
Just et al. (1998) avaliaram, atraes do tratamento de imagem, a interpreta¸ao de
radiografias digitalizadas. Na ind´ustria nuclear, testes utilizando raios-x ao utilizados
para a detec¸ao de trincas na superf´ıcie interna das soldas em tubos de co inoxid´avel
austen´ıtico. Os exames convencionais nesse tipo de solda frequentemente revelam suspei-
tas de trincas, assim a solda tem que ser removida para a inspao por l´ıquido penetrante.
Foi verificado que em apenas 25% dos casos havia realmente a necessidade de se retirar a
solda. As radiografias onde havia suspeitas de trincas foram digitalizadas em um scanner
CCD com uma resolu¸ao de 12bit e os resultados foram comparados com os obtidos pelo
ensaio destrutivo. O estudo mostrou que parˆametros como a sensibilidade de densidade
de contraste deveriam ser otimizados para que as imagens digitais alcancem um melhor
resultado na detec¸ao desses tipos de falhas.
Zscherpel, Bellon e Nimtz (1998) estudaram a aplicabilidade da digitaliza¸ao de ra-
diografias na determina¸ao da espessura de parede de tubos. Os autores mostraram que
esta t´ecnica ´e poss´ıvel atraes da medi¸ao da varia¸ao de densidade na imagem. Esta deve
ser feita ap´os a calibra¸ao do software de processamento a partir de um IQI apropriado.
Os resultados foram confrontados com medidas feitas atrav´es de inspao por ultrassom
e mostraram uma boa concordˆancia.
Em 2003 o European Committee for Standardization (CEN) publicou a norma EN
14096-1 que, da mesma forma que a norma ASTM E 1936, estabeleceu parˆametros quan-
titativos de qualidade de imagem na digitaliza¸ao de filmes, e a EN 14096-2 que apresentou
1 Introdu¸ao 13
uma classifica¸ao dos sistemas de digitaliza¸ao com base nesses parˆametros.
Nacereddine et al. (2005) utilizaram o processamento de imagens para desenvolver um
algoritmo para detec¸ao autom´atica de defeitos em radiografias de soldas. As imagens
foram digitalizadas atraes de um scanner AGFA Arcus II (800dpi, 256 n´ıveis de cinza)
e depois passaram por um pr´e-processamento atraes da aplica¸ao de filtros para reduzir
seu n´ıvel de ru´ıdo e melhorar o contraste. Em seguida foi feita a segmenta¸ao da imagem
com a extra¸ao dos poss´ıveis defeitos. A partir dos resultados obtidos o autor propˆos
uma sequˆencia de opera¸oes de processamento que devem ser aplicadas em radiografias
de soldas.
Ainda no campo de detec¸ao autom´atica de defeitos, Schneider (2005) desenvolveu
uma metodologia para segmentar e levantar caracter´ısticas de defeitos em imagens digi-
talizadas. O m´etodo foi testado na inspao de cord˜oes de solda e paredes de tubos. A
an´alise das imagens gerou um total de 202 poss´ıveis ocorrˆencias de defeitos. A partir da
an´alise visual dessas ocorrˆencias, o ator pode concluir que 54,95% eram de fato defeitos e
45,05% eram falsos alarmes ou situa¸oes onde ocorreram agrupamento ou perda de parte
do defeito.
Taheri et al. (2006) desenvolveram um algoritmo para a visualiza¸ao 3D de ´areas
atacadas por corros˜ao em tubos de co a partir de radiografias digitalizadas utilizando
um scanner CCD (com densidade ´otica de at´e 4,2). O algoritmo foi aplicado na imagem
para melhorar o contraste e eliminar ru´ıdos nas regi˜oes de interesse. Em seguida foi feita
a constru¸ao da imagem 3D atrav´es de equa¸oes que relacionam densidade ´otica, tempo
de exposi¸ao, diˆametro do tubo e distˆancia da fonte.
No contexto mostrado acima, este trabalho tem como objetivo fazer uma avalia¸ao de
dois sistemas de digitaliza¸ao de radiografias utilizando um software de processamento de
imagem. Radiografias de juntas soldadas em tubula¸oes foram obtidas atrav´es do m´etodo
convencional, digitalizadas e comparadas atraes das ferramentas dispon´ıveis no software.
No cap´ıtulo 2 ser´a feita uma revis˜ao dos princ´ıpios asicos da radiografia presentes
na literatura bem como uma discuss˜ao sobre os elementos necess´arios para um ensaio por
raios X. Neste cap´ıtulo tamb´em ser˜ao abordados os conceitos de qualidade de imagem de
filme e imagem digital. Ao final ser˜ao apresentados os principais m´etodos de digitaliza¸ao
de radiografias.
O cap´ıtulo 3 apresentar´a a descri¸ao da metodologia aplicada no processamento das
imagens para a avalia¸ao dos dois sistemas em estudo. O cap´ıtulo tamb´em trar´a a des-
1 Introdu¸ao 14
cri¸ao dos materiais utilizados no trabalho.
No cap´ıtulo 4 ser˜ao mostrados os resultados obtidos a partir da aplica¸ao dos etodos
escolhidos e ser´a feita uma discuss˜ao a respeito dos dois sistemas estudados. Por fim, o
cap´ıtulo 5 trar´a as conclus˜oes do estudo e as proposi¸oes para trabalhos futuros.
15
2 Revis˜ao da literatura
Segundo a ASTM em ASTM E 1316 (2004), a radiografia ´e uma imagem vis´ıvel,
permanente, gravada em um meio, produzida por uma radia¸ao penetrante que tenha
atravessado a pe¸ca a ser testada. Essa defini¸ao engloba a radia¸ao proveniente de arias
fontes como a de raios X e raios-γ, bem como diversos meios de gravao. Entretanto,
para os fins deste trabalho, exceto quando for explicitado o contr´ario, o termo radiografia
ser´a usado para descrever apenas a ecnica que utiliza os raios X como fonte e o filme
radiogr´afico como meio de gravao.
2.1 Breve hist´orico da radiografia industrial
A radiografia, de uma maneira geral, come¸cou no final do eculo XIX, em 1895,
com a descoberta dos raios X por Wilhelm Conrad ontgen (1845-1923) na Alemanha.
Apenas seis meses ap´os a descoberta de ontgen, os raios X a estavam sendo utilizados
por edicos nos campos de batalha para localizar balas dentro dos corpos dos feridos.
Ae 1913, a radiografia industrial ainda ao era poss´ıvel visto que os tubos de raios X
utilizados na ´epoca quebravam devido `as altas voltagens necess´arias para que a radia¸ao
penetrasse satisfatoriamente nos materiais utilizados na ind´ustria. Entretanto, com o
desenvolvimento de tubos de raios X de alto acuo por William David Coolidge (1873-
1975), tornou-se poss´ıvel a utiliza¸ao de altas voltagens (at´e 100.000V ) na radiografia
(NDT, 2008)
Novas fontes de raios X continuaram a ser desenvolvidas at´e que em 1927 os primeiros
aparelhos de radiografia industrial come¸caram a ser comercializados tornando a ecnica
poss´ıvel em larga escala. Em 1930 a American Society of Mechanical Engineers (ASME)
aceitou o uso de radiografia na inspao de soldas em geradores de vapor, o que abriu
as portas para a aceita¸ao do uso da radiografia na ind´ustria (a General Electric, em
1931, a desenvolvia fontes de raios X de at´e 1.000.000V ). Esse uso tornou-se bastante
importante durante a Segunda Guerra Mundial na inspao de navios, submarinos e
2.2 Princ´ıpios da radiografia 16
aeronaves. Estima-se que em 1954, na Alemanha ocidental, cerca de 50% de todas as
soldas em constru¸oes met´alicas eram inspecionadas por raios X (SILVA; MERY, 2007).
Hoje a t´ecnica de radiografia industrial ´e largamente utilizada como m´etodo de inspao
nas ind´ustrias de petr´oleo, qu´ımica, nuclear, naval e aeron´autica, entre outras. Apesar
da tecnologia ter se desenvolvido bastante nos ´ultimos 100 anos, hoje se utilizam fon-
tes menores, mais potentes e confi´aveis e filmes que produzem uma imagem radiogr´afica
de qualidade superior, a ecnica de inspao em si mudou muito pouco. A maioria das
inspoes por raios X ainda continua dependendo de avalia¸oes subjetivas do homem
para o seu sucesso. Entretanto, a expectativa atual ´e de que uma grande mudan¸ca na
radiografia industrial est´a por vir nos pr´oximos anos. O desenvolvimento da radiografia
digital (computed radiography (CR)) far´a com que os computadores comecem a ter um
papel cada vez mais importante nas inspoes, resultando em avalia¸oes mais eficientes e
resultados mais confi´aveis.
2.2 Princ´ıpios da radiografia
A radiografia ´e composta por trˆes elementos asicos: uma fonte, onde ao gerados os
raios X, um corpo de prova ou qualquer objeto que se queira inspecionar, e um material
sens´ıvel a radia¸ao (geralmente o filme radiogr´afico), aonde ir´a se formar a imagem.
A figura 1 mostra esquematicamente esses trˆes elementos. A radia¸ao emitida pela
fonte quando encontra o corpo de prova ´e parcialmente absorvida. Devido varia¸ao de
densidade, composi¸ao ou espessura do material, essa radia¸ao pode ser absorvida em
maior ou menor grau. Parte da radia¸ao que atravessa o corpo de prova poder´a ser detec-
tada por um meio sens´ıvel que vai gerar uma imagem onde estar´a impressa as poss´ıveis
imperfei¸oes presentes no corpo de prova. Esta se¸ao far´a uma breve discuss˜ao a respeito
dos elementos asicos necess´arios `a radiografia industrial.
2.2.1 Tubos de raios X
Os raios X ao uma radia¸ao eletromagn´etica assim como a luz vis´ıvel. A principal
caracter´ıstica que a difere da luz vis´ıvel ´e seu comprimento de onda inferior.
´
E por essa
condi¸ao que os raios X conseguem penetrar nos mais diversos tipos de material, da´ı
essa radia¸ao ser chamada de ”radia¸ao penetrante”. A figura 2 mostra a localiza¸ao dos
raios X e de outros tipos de radia¸ao com rela¸ao aos seus comprimentos de onda [m],
freq¨uˆencia [Hz] e energia de oton [eV ] no espectro eletromagn´etico.
2.2 Princ´ıpios da radiografia 17
Figura 1: Esquema dos elementos que comp˜oem um sistema de radiografia industrial
(Fonte: Greene et al. (1989))
Tubos de raios X ao dispositivos eletrˆonicos que convertem energia el´etrica em raios
X, estes ao compostos basicamente por uma amara evacuada que contem um filamento
(o atodo) e um alvo (o ˆanodo). O tubo ´e alimentado por uma baixa tens˜ao que gera
a corrente el´etrica necess´aria para aquecer o filamento e torn´a-lo incandescente. Essa
incandescˆencia gera uma nuvem de el´etrons que ´e acelerada at´e o ˆanodo por uma alta
diferen¸ca de potencial aplicada entre o atodo e o ˆanodo.
Quando o feixe de el´etrons colide com o alvo anodo), dois tipos de raios X ao
produzidos. O primeiro tipo ´e gerado quando os el´etrons sofrem uma apida desacelera¸ao
durante a sua colis˜ao com os n´ucleos dos ´atomos do alvo. Este fenˆomeno gera raios X de
arios comprimentos de onda e s˜ao referidos como radia¸ao de bremsstrahlung (do alem˜ao
bremsen”frear e strahlung”radia¸ao). O segundo tipo ocorre quando a colis˜ao de um
el´etron com o um ´atomo do alvo provoca um rearranjo na ´orbita eletrˆonica desse ´atomo,
nesse caso a radia¸ao produzida (raios X) tem um comprimento de onda e energia de f´oton
espec´ıfica em fun¸ao do el´etron que foi deslocado. Este segundo tipo, possui, geralmente,
uma intensidade maior que os da radia¸ao de bremsstrahlung (GREENE et al., 1989). A
figura 3 mostra o esquema t´ıpico de uma fonte de raios X.
No processo de colis˜ao do feixe de el´etrons, parte da energia ´e transformada em calor.
Isso faz com que se criem s´erias restri¸oes quanto aos materiais utilizados tanto no c´atodo
quanto no ˆanodo, al´em de se fazer necess´ario um sistema de refrigera¸ao. As caracter´ısticas
do equipamento de raios X ao definidas principalmente pela sua corrente e tens˜ao el´etrica
axima e tamanho do ponto focal. A tens˜ao se refere `a diferen¸ca de potencial entre o
2.2 Princ´ıpios da radiografia 18
Figura 2: Espectro eletromagn´etico (Fonte: Mix (2005))
Figura 3: Espectro eletromagn´etico (Fonte: Greene et al. (1989))
atodo e o ˆanodo e ´e medida em kV , j´a a corrente do tubo ´e expressa em mA (ANDREUCCI,
2008).
Quanto `a tens˜ao, Mix (2005), classifica as fontes de raios X como:
Sistemas de alta resolu¸ao (30 150kV );
Unidades industriais (40 400kV );
Sistemas de alta energia (> 400kV ).
A tabela 1 mostra o half-value layer (HVL) para o co referente aos n´ıveis de energias de
fontes mais comuns. O HVL ´e a espessura m´ınima requerida de um determinado material
para reduzir a intensidade de uma radia¸ao incidente at´e a metade de seu valor original.
2.2 Princ´ıpios da radiografia 19
Tabela 1: T´ıpicos HVL’s do co para valores comuns de energia (Fonte: ASTM E 94
(2004))
Energia Espessura [mm]
120kV 2,5
150kV 3,6
200kV 5,1
250kV 6,4
400kV (Ir 192) 8,9
1MV 14,5
2MV (Co 60) 20,3
4MV 25,4
6MV 29,2
10MV 31,8
16MV 33,0
2.2.2 Filme radiogr´afico
Filme radiogr´afico ´e um dispositivo capaz de converter radia¸ao absorvida em uma
imagem vis´ıvel (ASTM E 1316, 2004). Ele ´e composto por uma camada muito fina contendo
min´usculos cristais de brometo de prata chamada de emuls˜ao. Esta emuls˜ao ´e colocada
sobre um suporte, em ambos os lados, feito geralmente de um derivado da celulose de cor
levemente azulada chamado de base. A imagem no filme ´e formada quando a radia¸ao
atinge os cristais de brometo de prata tornando-os suscet´ıveis a reagir com um produto
qu´ımico chamado revelador. Essa rea¸ao gera prata met´alica negra. As ´areas mais atin-
gidas pela radia¸ao ao gerar mais gr˜aos negros ap´os a revela¸ao, dessa forma, ao final
do processo o filme apresentar´a ´areas escuras e claras compondo a imagem do objeto ra-
diografado (ANDREUCCI, 2008). A figura 4 mostra um esquema da estrutura de um filme
radiogr´afico.
2.2.2.1 Caracter´ısticas do filme radiogr´afico
A escolha do tipo de filme e do tempo de exposi¸ao s˜ao dois dos principais fatores que
ir˜ao influenciar na qualidade final da imagem radiogr´afica. Esses dois parˆametros est˜ao
relacionados entre si na medida em que caracter´ısticas do filme tais como densidade,
velocidade, granula¸ao e curva caracter´ıstica ao determinar o tempo ideal de exposi¸ao.
Densidade A densidade ´e uma grandeza que fornece o grau de enegrecimento de um
filme quando luz ´e transmitida. A densidade de um filme pode ser medida atrav´es de
2.2 Princ´ıpios da radiografia 20
Figura 4: Estrutura de um filme radiogr´afico (Fonte: Andreucci (2008))
um aparelho chamado densitˆometro e ´e definida, de acordo com a norma ASTM E 1316
(2004), pela equa¸ao 2.1:
D = log (I
0
/I) ou D = log (I
0
/R) (2.1)
Onde D ´e a densidade, I
0
´e a intensidade da luz incidente no filme, I ´e a intensidade
da luz transmitida e R ´e a intensidade da luz refletida. Para um filme de densidade 2,
apenas 1/100 da intensidade da luz incidente ´e transmitida. Devido a isto ao necess´arias
luzes de alta intensidade para a visualiza¸ao dessas imagens durante a inspao visual e
tamem nos processos de digitaliza¸ao.
Velocidade A velocidade de um filme ´e determinada pelo tempo de exposi¸ao (normal-
mente expressa em miliamp´ere-segundo ou milicurie-hora) necess´ario para que este atinja
uma determinada densidade. Ou seja, quanto maior a exposi¸ao de um filme maior den-
sidade ele atinge. Dois filmes de diferentes velocidades submetidos a mesma exposi¸ao
atingir˜ao diferentes densidades. Um filme apido requer uma menor exposi¸ao para atingir
um determinado n´ıvel de densidade do que um filme mais lento.
A velocidade ´e uma caracter´ıstica espec´ıfica de cada filme e depende de sua granula¸ao.
Como dito anteriormente uma das camadas do filme, a emuls˜ao, ´e formada por cristais
min´usculos de brometo de prata. O tamanho desses cristais determinar´a a velocidade
do filme, sendo que filmes apidos possuem cristais maiores que os filmes lentos. Por´em,
cristais maiores produzir˜ao uma imagem mais grosseira, ou seja, quanto maior a velocidade
do filme pior ser´a a qualidade de sua imagem. A velocidade ´e muito importante na ´area
m´edica onde o tempo de exposi¸ao do paciente a radia¸ao deve ser o menor poss´ıvel.
2.2 Princ´ıpios da radiografia 21
Curva caracter´ıstica A rela¸ao entre a exposi¸ao a qual um filme ´e submetido e a densi-
dade na qual ele atinge ´e representada numa curva conhecida como curva caracter´ıstica
do filme, ou curva H e D ou curva D logE. Essa curva ´e gerada submetendo um filme
a exposi¸oes conhecidas e depois medindo-se as densidades alcan¸cadas. Em seguida os
resultados ao plotados em um gr´afico da densidade versus a exposi¸ao relativa. Atraes
das curvas caracter´ısticas de filmes diferentes pode ser feita uma compara¸ao entre as
velocidades e o gradiente de cada filme. O gradiente ´e dado pela inclina¸ao da curva
caracter´ıstica a certa densidade. Quanto maior for a inclina¸ao da curva, maior ser´a a
diferen¸ca de densidade para uma pequena varia¸ao na exposi¸ao (GREENE et al., 1989).
A figura 5 mostra uma curva t´ıpica de um filme radiogr´afico industrial. Pode-se
observar que o gradiente nessa curva ´e mais alto para altas densidades. Isso vai permitir
uma melhor resolu¸ao na imagem onde as diferen¸cas de absor¸ao forem pequenas.
Figura 5: Diferen¸cas de densidade (∆D) correspondentes a uma mesma varia¸ao de ex-
posi¸ao relativa (∆logE = 0, 08) (Fonte: Greene et al. (1989))
2.2.2.2 Classifica¸ao dos filmes radiogr´aficos segundo a norma ASTM E 1815
A norma ASTM E 1815 (2001) utiliza trˆes parˆametros para a classifica¸ao de filmes
radiogr´aficos, a saber:
Granula¸ao (σ
D
):
´
E uma medida objetiva das varia¸oes locais de densidade. Tais
varia¸oes produzem a sensa¸ao de imagem granulosa, com varia¸oes em locais de
mesma densidade. A granula¸ao deve ser medida para densidades D = 2, acima
da densidade de fundo (D
0
), que ´e a densidade pr´opria do filme sem que ele tenha
sofrido alguma exposi¸ao.
2.3 Uso da radiografia em ensaios ao destrutivos 22
Gradiente (G): O gradiente ´e dado pela inclina¸ao da curva caracter´ıstica para uma
certa densidade, a norma determina que esse valor seja obtido para as densidades
D = 2 e D = 4 acima da densidade de fundo.
Raz˜ao entre o gradiente e a granularidade (G/σ
D
): este valor tamb´em ´e medido
para uma densidade D = 2 acima de densidade de fundo.
A tabela 2 mostra os valores m´ınimos determinados pela norma para os trˆes parˆametros
mostrados acima e as diferentes classes de filmes radiogr´aficos. Todos valores devem ser
obtidos a uma tens˜ao na fonte de 220kV.
Tabela 2: Valores limites para G, G/σ
D
e σ
D
(Fonte: ASTM E 1815 (2001))
Classes Gradiente m´ınimo (G) M´ınimo G/σ
D
axima σ
D
ASTM D = 2 D = 4 D = 2 D = 2
Special 4,5 7,5 300 0,018
I 4,1 6,8 150 0,028
II 3,8 6,4 120 0,032
III 3,5 5,0 100 0,039
W-A 3,8 5,0 135 0,027
W-B 3,5 5,0 110 0,032
W-C < 3, 5 < 5, 0 80 0,039
As classes Special, I, II e III ao geralmente filmes com uma tecnologia de alto contraste
onde a granula¸ao aumenta com a velocidade do filme e o gradiente ´e aximo para os
filmes mais lentos. A melhor qualidade de imagem ´e fornecida pelos filmes mais lentos
atraes de uma combina¸ao de baixa granula¸ao e alto gradiente, ou seja, uma alta raz˜ao
gradiente granula¸ao. As classes W-A e W-B, ao filmes de tecnologia intermedi´aria com
qualidade de imagem igual ou superior aos filmes da classe III. a os filmes da classe W-C
possuem uma qualidade de imagem inferior aos da classe III e ao considerados de baixo
contraste.
2.3 Uso da radiografia em ensaios n˜ao destrutivos
A radiografia ´e utilizada para detectar varia¸oes na espessura ou na densidade de certo
material comparado a sua redondeza. A melhor identifica¸ao dessas varia¸oes acontece
quando estas est˜ao numa dire¸ao paralela aos raios que incidem sobre a pca, ou seja,
alguns tipos de descontinuidades planas, como trincas, por exemplo, podem levar a erros
2.3 Uso da radiografia em ensaios ao destrutivos 23
de inspao dependendo da dire¸ao em que ela se propaga. Para que isso ao ocorra,
muitas vezes ´e preciso que uma pca seja radiografada em diferentes posi¸oes.
Em geral, a ecnica de radiografia industrial ´e utilizada pra a localiza¸ao de descon-
tinuidades localizadas internamente na pca, por´em isso ao ´e uma limita¸ao do m´etodo.
Seu uso tamem ´e mais eficiente na identifica¸ao de defeitos ao planares. As principais
vantagens dessa t´ecnica de ensaio ao destrutivo comparadas com os demais s˜ao (GREENE
et al., 1989):
Capacidade em detectar falhas internas;
Capacidade de identificar varia¸oes na composi¸ao do material;
Produzir um registro permanente do ensaio realizado.
A radiografia pode ser utilizada em pcas produzidas por diversos processos de fa-
brica¸ao (fundidas, forjadas, laminadas) e em uma vasta gama de materiais ferrosos e ao
ferrosos assim como tamb´em em materiais ao met´alicos ou comp´ositos (TARPANI et al.,
2007).
Quando comparado com outros etodos de ensaios ao destrutivos, a radiografia
possui algumas limita¸oes.
´
E uma t´ecnica bastante custosa, sendo necess´ario um alto
investimento na compra de equipamentos e montagem do laborat´orio que tamb´em neces-
sita de certo espa¸co f´ısico. O custo operacional da radiografia tamem ´e alto, chegando a
ser 60% do custo total da inspao. E mesmo ap´os essa etapa, a ainda o custo relativo
ao armazenamento dos filmes radiogr´aficos. Fontes port´ateis de raios X tamb´em pos-
suem certa limita¸ao na inspao de materiais mais densos que necessitam de um maior
tempo de exposi¸ao e de fontes de alta energia. Esses tipos de fontes ao consideradas de
baixa-energia, com uma tens˜ao por volta de 300kV (GREENE et al., 1989).
Como ditos anteriormente, certos tipos de falhas s˜ao de dif´ıcil detec¸ao atrav´es do uso
da radiografia industrial, sendo necess´ario em algumas vezes a exposi¸ao da mesma pca
em arios ˆangulos. a ainda o problema inerente a radia¸ao e os males que ela provoca a
sa´ude humana. Uma inspao de raios X deve ser feita numa ´area que precisa ser isolada
e o controle na seguran¸ca do local deve ser alt´ıssimo. Tudo isso acabada encarecendo seu
custo operacional.
2.4 Processos de digitaliza¸ao de radiografias 24
2.4 Processos de digitaliza¸ao de radiografias
A digitaliza¸ao de radiografias ´e o processo no qual se busca transformar a imagem
do filme radiogr´afico numa imagem digital. A digitaliza¸ao de radiografias acrescenta
uma s´erie de novas possibilidades para o ensaio radiogr´afico convencional tais como: ar-
quivamento digital, produ¸ao de cat´alogos de referˆencia digitais, transferˆencia remota de
resultados, tratamento de imagem permitindo um aperfei¸coamento na inspao de radio-
grafias e tamem o desenvolvimento de ecnicas de inspao autom´aticas.
Existem diferentes tipos de sistemas de digitaliza¸ao que diferem um do outro pelo
seu princ´ıpio de funcionamento. Zscherpel (2000) classifica estes sistemas em trˆes tipos
dependendo da dimens˜ao do menor objeto capturado pelo sensor, a saber:
Tabela 3: Princ´ıpios de digitaliza¸ao para diferentes sistemas (Fonte: Zscherpel (2000))
Princ´ıpio de digitaliza¸ao Sistema
Ponto a ponto Scanners a laser
Linha Scanners CCD de linha
Matriz ameras CCD
2.4.1 ameras Charge-Coupled Device (CCD)
Numa digitaliza¸ao feita utilizando-se uma amera CCD, o filme ´e colocado sobre uma
luz e ´e fotografado. Neste processo a energia dos otons capturados pelo sensor da cˆamera
´e convertida em uma matriz de sinais el´etricos, cada sinal corresponder´a a um pixel e suas
intensidades determinar˜ao o n´ıvel de cinza de cada um. Uma caracter´ıstica importante
desse sistema ´e a ausˆencia de partes oveis, ao a movimento relativo do filme durante
a digitaliza¸ao.
2.4.2 Scanners CCD de linha
Este sistema se assemelha bastante aos scanners dom´esticos. Nele o sensor CCD ´e
uma barra de passa sob o filme enquanto este ´e iluminado, ou seja, a captura ´e feita linha
por linha formando uma imagem digital.
2.5 Imagem radiogr´afica 25
2.4.3 Scanners a laser
Nos scanners que utilizam laser, o feixe ´e lan¸cado contra o filme. As movimenta¸oes
do feixe e do filme variam dependendo do fabricante de cada sistema. A principal diferen¸ca
desse tipo de scannner ´e que ele faz a captura da luz difusa que atravessa o filme, enquanto
este ´e iluminado por uma luz focada. Nos outros etodos o filme ´e iluminado por uma
luz difusa.
2.5 Imagem radiogr´afica
Segundo ASTM E 94 (2004), a qualidade de uma imagem radiogr´afica ´e um termo
qualitativo usado para descrever a capacidade de a radiografia mostrar defeitos presentes
numa ´area inspecionada. Existem arios parˆametros na imagem radiogr´afica que podem
fornecer informa¸oes sobre sua qualidade, esses parˆametros est˜ao inter-relacionados por
diversos fatores que ser˜ao discutidos abaixo:
Contraste radiogr´afico: O contraste radiogr´afico ´e a diferen¸ca de densidade medida
entre duas ´areas da imagem de um filme radiogr´afico. O n´ıvel de contraste em uma
radiografia ´e afetado principalmente pelo contraste do sujeito e do filme.
Constraste do sujeito:
´
E a diferen¸ca na radia¸ao transmitida pelas arias partes da
pca inspecionada. A radia¸ao ap´os penetrar na pca emerge com uma distribui¸ao
de energia diferente da que entrou o que vai provocar na imagem do filme uma va-
ria¸ao de densidade (partes mais claras ou escuras). O contraste do sujeito depende
do material da pca, da energia de radia¸ao utilizada (composi¸ao do espectro) e
sua intensidade e da radia¸ao espalhada (ASTM E 94, 2004).
Para que se entenda melhor o contraste do sujeito, vale a pena discutir tamem, sobre
a radia¸ao espalhada. A radia¸ao espalhada ao radia¸oes de baixa energia que emergem
de superf´ıcies atingidas pelo feixe originado na fonte emissora. Esse espalhamento pode
ocorrer de trˆes formas diferentes como mostra a figura 6. Quando essa radia¸ao de baixa
energia atinge o filme ela deixa a sua impress˜ao causando a diminui¸ao no contraste da
imagem final.
Contraste do filme: O contraste do filme pode ser percebido pela inclina¸ao da curva
caracter´ıstica do filme. Esse tipo de contraste ´e uma caracter´ıstica do filme e de-
pende tamem do modo no qual o filme foi revelado e da sua densidade.
2.5 Imagem radiogr´afica 26
Figura 6: Esquema mostrando os trˆes tipos de radia¸ao espalhada (Fonte: Greene et al.
(1989))
Defini¸ao radiogr´afica: A defini¸ao radiogr´afica esta relacionada com a resolu¸ao da
imagem. A figura 7 mostra um exemplo de imagem com alto contraste e baixa
defini¸ao e a situa¸ao inversa, baixo contraste com alta resolu¸ao. Naturalmente ´e
poss´ıvel existir imagens com alto contraste e defini¸ao, assim como o inverso.
Figura 7: Imagem radiogr´afica com alto contraste e baixa defini¸ao (a) e baixo contraste
e alta defini¸ao (b) (Fonte: Greene et al. (1989))
Penumbra do filme: A penumbra do filme est´a relacionada n˜ao s´o com a granula¸ao do
filme e o processo de revela¸ao, mas tamb´em com aspectos como o da qualidade da
radia¸ao utilizada (comprimento de onda, etc). Quando um quantum de radia¸ao
atinge um cristal do filme, outros cristais na redondeza tamb´em ao sensibilizados
absorvendo uma parte dessa radia¸ao. Assim no final do processo, o que era pra se
tornar apenas um ponto na imagem se torna um pequeno disco.
Penumbra geom´etrica: A radiografia ´e uma imagem em duas dimens˜oes de um objeto
de trˆes dimens˜oes, naturalmente esse processo ir´a gerar distor¸oes que ao dife-
renciar a imagem do objeto real. A penumbra geom´etrica esta relacionada com
os parˆametros geom´etricos da exposi¸ao tais como, distˆancia fonte-filme, distˆancia
2.5 Imagem radiogr´afica 27
objeto-filme e tamanho da fonte emissora. A figura 8 mostra como alguns desses
parˆametros podem afetar a qualidade final da imagem.
Figura 8: Esquema mostrando a forma¸ao de penumbra devido a (a)distancia objeto-filme
(b)tamanho da fonte emissora (Fonte: Greene et al. (1989))
Os problemas produzidos pela forma¸ao da penumbra geom´etrica n˜ao podem ser total-
mente eliminados, por´em, alguns fatores devem ser considerados para reduzir seus efeitos
tais como: o diˆametro da fonte deve ser o menor poss´ıvel, o plano do objeto e do filme
devem estar paralelos, o feixe de radia¸ao deve atingir o filme perpendicularmente (ou o
mais pr´oximo poss´ıvel). Geralmente, para se ter controle sobre a penumbra geom´etrica,
as normas recomendam a inspe¸ao apenas de pcas com geometrias simples (ANDREUCCI,
2008).
2.5.1 Indicadores de qualidade de imagem
Para se fazer uma an´alise quantitativa da qualidade da imagem radiografada ao uti-
lizados os indicadores de qualidade de imagem (IQI’s). Os IQI’s ao pequenas pcas de
geometria simples que contˆem uma s´erie de detalhes (furos, fios, degraus) padronizados
com pequenas varia¸oes dimensionais. Antes do processo de exposi¸ao eles ao posicio-
nados pr´oximos a pca a ser radiografada. A resolu¸ao desses detalhes posteriormente
no filme radiogr´afico vai permitir ao inspetor quantificar o n´ıvel de qualidade da imagem
formada.
Os IQI’s ao fabricados de acordo com normas espec´ıficas. A utiliza¸ao de um deter-
minado tipo de IQI depender´a do tipo de pca a ser radiografada, sua geometria, presen¸ca
de solda ou ao, etc. Abaixo ao mostrados os tipos mais comuns de IQI’s.
2.5 Imagem radiogr´afica 28
2.5.1.1 IQI de fio
O IQI de fio consiste em uma placa com um grupo de fios de diferentes de diˆametros
arranjados em ordem crescente onde cada fio possui um n´umero de identifica¸ao. Os
IQI’s de fio devem ser fabricados a partir de grupos de materiais e dimens˜oes dos fios
especificados em norma. A figura 9 mostra um IQI de fio fabricado de acordo com a norma
ASTM E 747 (2004) sendo utilizado na inspao de uma junta soldada de uma tubula¸ao.
O IQI da figura possui uma identifica¸ao alfa-num´erica (1C 16) onde o algarismo 1 significa
Figura 9: Uso de um IQI de fio em uma junta soldada de tubula¸ao (Fonte: Andreucci
(2008))
o grupo de materiais no qual o indicador foi fabricado, a letra C, o set do conjunto de
diˆametros dos fios e o algarismo 16 corresponde ao n´umero de identifica¸ao do maior
diˆametro contido no IQI (2,5mm para este caso).
2.5.1.2 IQI de furo
O IQI de furo ´e uma placa circular ou retangular contendo uma pequena s´erie de furos
de diˆametros diferentes. De maneira an´aloga ao IQI de fios, a resolu¸ao do menor furo
permitir´a a quantifica¸ao da qualidade da imagem radiogr´afica. A figura 10 mostra um
IQI de furo fabricado de acordo com a norma ASTM E 1025 (1998).
Figura 10: IQI’s de furo (Fonte: Andreucci (2008))
2.5 Imagem radiogr´afica 29
2.5.2 Imagem radiogr´afica digital
Segundo Gonzalez e Woods (2002) uma imagem ´e uma fun¸ao bidimensional, f (x, y),
onde x e y ao coordenadas espaciais e a amplitude f ´e chamada de intensidade (ou n´ıvel
de cinza para imagens monocrom´aticas como as produzidas por raios X, por exemplo).
Quando x, y e f apresentam valores finitos e discretos a imagem pode ser chamada de
imagem digital. Ou seja, a imagem digital ´e composta por um n´umero finito e de elementos
com posi¸oes e valores definidos. Cada um desses elementos ´e chamado de pixel (picture
elements).
Numa imagem digital o n´umero de tons de cinza que a imagem pode conter ´e dado pelo
n´umero de bits (b) da mesma. Um bit ´e a menor unidade de ”informa¸ao”computacional
armazen´avel, podendo assumir apenas o valor de 0 ou 1. Assim, uma imagem de 1b, por
exemplo, teria capacidade de armazenar apenas duas informa¸oes, ou seja, dois tons de
cinza. A rela¸ao entre bits e tons de cinza pode ser representada por uma potˆencia de
dois como mostra a equa¸ao 2.2:
N
tons de cinza
= 2
n
o
de bits
(2.2)
Dessa forma, quanto maior o n´umero de bits maior o umero de tons de cinza da
imagem, possibilitando assim um maior contraste, por´em, vale lembrar que o n´umero de
bits n˜ao ´e condi¸ao suficiente para um bom contraste de imagem, que depende tamem de
outras vari´aveis. A figura 11 exemplifica a rela¸ao entre n´umero de bits e tons de cinza.
Figura 11: Rela¸ao entre o n´umero de bits e os tons de cinza (Fonte: Oliveira (2007))
Durante a an´alise de uma imagem digital, algumas ferramentas ao essenciais para a
2.5 Imagem radiogr´afica 30
avalia¸ao de sua qualidade, ao elas:
Histograma: De uma maneira mais formal, a defini¸ao de histograma ´e dada por Gon-
zalez e Woods (2002) como sendo uma fun¸ao discreta h(r
k
) = n
k
, onde r
k
´e o
k-´esimo n´ıvel de cinza e n
k
´e o n´umero de pixels na imagem que possuem este va-
lor de n´ıvel de cinza. Esta fun¸ao pode ser normalizada dividindo cada um desses
valores pelo n´umero total de pixels, resultando em p(r
k
) = n
k
/n. Assim, atraes da
simples avalia¸ao de uma imagem pelo histograma, a ´e poss´ıvel concluir se esta ´e
muito clara, escura ou possui um alto ou baixo contraste. Uma imagem com alto
contraste possui uma distribui¸ao homogˆenea de todos os n´ıveis de cinza entre os
pixels, a uma imagem clara, escura ou com baixo contraste apresenta uma concen-
tra¸ao excessiva de pixels em uma pequena regi˜ao de n´ıveis de cinza. A figura 12
mostra alguns exemplos de imagens e seus respectivos histogramas.
Figura 12: Histogramas de imagens com baixo (a) e alto (b) contraste (Fonte: Gonzalez
e Woods (2002))
Perfil: Outra ferramenta bastante utilizada durante a an´alise de imagens digitais ´e o
perfil, essa ferramenta mostra os valores dos pixels contidos em uma linha qualquer
tra¸cada numa imagem. A figura 13 mostra o perfil de uma linha tra¸cada um cord˜ao
de solda.
2.6 Classificao de sistemas de digitaliza¸ao segundo a norma prEN 14096-2 31
Figura 13: Perfis tra¸cados sobre um cord˜ao de solda (Fonte: Ewert (2007))
2.6 Classifica¸ao de sistemas de digitaliza¸ao segundo a norma
prEN 14096-2
Um sistema de digitaliza¸ao de imagens radiogr´aficas ´e um sistema capaz de detectar
uma pequena ´area de um filme radiogr´afico atrav´es de um sensor ´otico transmitindo-a por
meio de um sinal el´etrico e em seguida transformando esse sinal em um valor num´erico
(o pixel).
Para a classifica¸ao desses sistemas de digitaliza¸ao ´e utilizada um radiografia de
referˆencia (RF) (ver anexo) que deve ser digitalizada e em seguida analisada quantitati-
vamente segundo alguns parˆametros estabelecidos por norma. A mesma RF ´e tamb´em
utilizada pelas normas ASTM E 1936-03 e ASME Section V, Article 2, Mandatory Ap-
pendix VI.
Como se pode ver na figura, a RF possui cinco tipos de padr˜oes de teste nos quais ser˜ao
levantados os parˆametros asicos relativos ao sistema de digitaliza¸ao. Esses padr˜oes ao
posicionados sobre uma densidade de fundo, D = 3, divididos em trˆes ´areas de modo a
acomodar sistemas de diferentes tamanhos. Dessa forma a RF pode ser cortada mantendo
ainda todos os tipos de padr˜oes. Para a classifica¸ao segundo a prEN 14096-2 (2002)
alguns parˆametros asicos do sistema devem ser determinados, ao eles:
Tamanho do pixel : O tamanho do pixel ´e determinado atraes da divis˜ao de um com-
primento real conhecido na RF pelo n´umero de pixels contidos nessa distˆancia. A
RF cont´em linhas com 1pol de comprimento que permitem a determina¸ao desse
parˆametro.
2.6 Classificao de sistemas de digitaliza¸ao segundo a norma prEN 14096-2 32
Faixa de densidade (D
R
):
´
E a faixa de densidade a qual o sistema consegue resolver.
A RF conem 13 blocos com densidade variando de 0,5 a 4,5. O limite da faixa de
densidade ´e alcan¸cado quando n˜ao ´e mais poss´ıvel se distinguir dois blocos com uma
diferen¸ca de densidade de 0,02 entre eles.
Resolu¸ao digital: N´umero de bits na qual a imagem digital foi gerada.
Sensibilidade de densidade de contraste (∆D
CS
): esse parˆametro ´e obtido atrav´es
do desvio padr˜ao de 225 valores de pixel (um quadrado de 15x15 pixel ) sobre cada
um dos 13 blocos de densidades conhecidas citados anteriormente.
Resolu¸ao espacial: A resolu¸ao espacial de uma imagem radiogr´afica digital ´e a menor
distˆancia discern´ıvel entre dois pontos da imagem. Diversos fatores contribuem
para a perda de resolu¸ao espacial de uma imagem, a natureza f´ısica do material,
parˆametros da exposi¸ao aos raios X, a geometria do feixe e o tamanho real do
pixel, s˜ao alguns deles (BERTHEL et al., 2007). Esse parˆametro tem como unidade de
medida o n´umero de pares de linhas resolv´ıveis por mil´ımetro e seu levantamento ´e
obtido a partir do padr˜ao de resolu¸ao espacial na RF.
Ap´os o levantamento dos parˆametros descritos acima deve-se aplicar os limites esta-
belecidos por norma para a devida classifica¸ao do sistema de digitaliza¸ao. Existem trˆes
classes de sistemas de digitaliza¸ao a saber:
Classe DS: Sistemas que permitem um processo de digitaliza¸ao com redu¸ao insigni-
ficante da taxa de sinal/ru´ıdo e da resolu¸ao espacial. Esses sistemas podem ser
utilizados para an´alise e arquivamento de radiografias.
Classe DB: Sistemas que ainda causam certa redu¸ao na qualidade da imagem. Radi-
ografias digitalizadas por esses sistemas servem para an´alise, por´em, o filme radi-
ogr´afico original deve ser arquivado.
Classe DA: Sistemas que provocam certa perda de qualidade na imagem e tamem uma
redu¸ao na resolu¸ao espacial, estes possuem o mesmo campo de aplica¸ao dos da
classe DB.
As tabelas 4 e 5 mostram os limites para a faixa de densidade com um m´ınimo valor
de sensibilidade de densidade de contraste e de resolu¸ao espacial para diferentes n´ıveis
de energia, bem como as respectivas classifica¸oes dos sistemas.
2.7 Descontinuidades em juntas soldadas 33
Tabela 4: M´ınima faixa de densidade para um sistema de digitaliza¸ao com um m´ınimo
valor de sensibilidade de densidade de contraste (Fonte: prEN 14096-2 (2002))
Parˆametro Classe DS Classe DB Classe DA
Faixa de densidade (D
R
) 0,5 a 4,5 0,5 a 4,0 0,5 a 3,5
Resolu¸ao digital [bit] 12 10 10
Sens. de densidade de contraste (∆D
CS
) 0,02 0,02 0,02
Tabela 5: M´ınima resolu¸ao espacial para sistemas de digitaliza¸ao (Fonte: prEN 14096-2
(2002))
Classe DS Classe DB Classe DA
keV Pixel size MTF 20% Pixel size MTF 20% Pixel size MTF 20%
[µm] [lp/mm] [µm] [lp/mm] [µm] [lp/mm]
100 15 16,7 50 5 70 3,6
>100 a 200 30 8,3 70 3,6 85 3
>200 a 450 60 4,2 85 3 100 2,5
Se-75, Yb-169
Ir-192 100 2,5 125 2 150 1,7
Co-60, >1MeV 200 1,25 250 1 250 1
2.7 Descontinuidades em juntas soldadas
Descontinuidade ´e a falta de homogeneidade de caracter´ısticas f´ısicas, mecˆanicas ou
metal´urgicas do material ou da solda (MODENESI, 2001). a diversos tipos de desconti-
nuidades caracter´ısticos de cada processo de soldagem. Durante a avalia¸ao de uma junta
soldada cabe ao inspetor verificar se as descontinuidades encontradas ser˜ao suficientes ou
ao para tornar aquela junta defeituosa. Para isso existe uma s´erie de normas e pro-
cedimentos padronizados (ou o pr´oprio contrato dependendo da ocasi˜ao) que devem ser
consultados.
Segundo Greene et al. (1989), as descontinuidades encontradas em juntas soldadas
podem ser divididas em trˆes classes:
Descontinuidades relacionadas ao projeto da junta;
Descontinuidades relacionadas ao processo de soldagem;
Descontinuidades relacionadas a metalurgia da soldagem.
Nesta se¸ao ser˜ao apresentados alguns dos principais tipos de descontinuidades en-
contradas em juntas soldadas.
2.7 Descontinuidades em juntas soldadas 34
2.7.1 Descontinuidades relacionadas ao projeto da junta
ao descontinuidades que ocorrem quando a uma escolha mal feita da parte dimen-
sional da junta que propicie distor¸oes ou diminui¸ao da resistˆencia mecˆanica da junta
ap´os o procedimento de soldagem.
2.7.2 Descontinuidades relacionadas ao processo de soldagem
Porosidade: A porosidade est´a relacionada aos gases formados durante o processo de
soldagem, geralmente o mon´oxido de carbono ou o hidrogˆenio e pode ocorrer na su-
perf´ıcie ou logo abaixo no cord˜ao de solda. Os gases quando aprisionados no cord˜ao
de solda ap´os a sua solidifica¸ao formam pequenos poros que podem vir a compro-
meter as propriedades mecˆanicas da junta. A figura 14 mostra uma junta onde h´a a
presen¸ca de porosidade. Os poros podem aparecer uniformemente distribu´ıdos pelo
Figura 14: Poroside em junta soldada detectada atraes de ensaio de raios X (Fonte:
Greene et al. (1989))
cord˜ao ou agrupados isoladamente. Eles se caracterizam pelo formato esf´erico ou
alongado.
Inclus˜ao de esc´oria: Processos de soldagem que utilizam fluxo para a prote¸ao da pca
de fus˜ao podem apresentar esse tipo de descontinuidade quando part´ıculas desse
material ficam aprisionadas no cord˜ao entre os passes de solda ou entre a solda e o
metal de base. Cord˜oes de solda irregulares ou ˆangulos de chanfro muito fechados
podem dificultar a limpeza do cord˜ao causando este tipo de descontinuidade. A
figura 15 mostra uma junta soldada com inclus˜ao de esc´oria.
Falta de fus˜ao: A falta de fus˜ao ocorre quando ao a uma uni˜ao completa por fus˜ao
entre o metal de base e o cord˜ao de solda. As causas dessa descontinuidade ao
a baixa energia de soldagem, erros de dimensionamento da junta ou manipula¸ao
incorreta do eletrodo. A falta de fus˜ao ´e mostrada na figura 16.
2.7 Descontinuidades em juntas soldadas 35
Figura 15: Junta soldada com inclus˜ao de esc´oria detectada atrav´es de ensaio de raios X
(Fonte: Greene et al. (1989))
Figura 16: Falta de fus˜ao em junta soldada detectada atrav´es de ensaio de raios X (Fonte:
Greene et al. (1989))
Falta de penetra¸ao: A falta de penetra¸ao ocorre quando ao se consegue preencher
totalmente a raiz da junta. Essa descontinuidade pode ser causada tanto por falha
do operador durante a soldagem como por uma escolha errada do ˆangulo de chanfro
ou abertura da raiz ou baixa energia de soldagem. A figura 17 mostra uma junta
onde ocorreu falta de penetra¸ao.
Figura 17: Falta de penetra¸ao em junta soldada detectada atraes de ensaio de raios X
(Fonte: Greene et al. (1989))
2.7 Descontinuidades em juntas soldadas 36
2.7.3 Descontinuidades relacionadas `a metalurgia da soldagem
Trincas de solidifica¸ao: As trincas de solidifica¸ao ocorrem quando frentes de solidi-
fica¸ao de lados opostos se encontram no centro do cord˜ao de solda formando ali
uma regi˜ao fraca formada por impurezas e outras substˆancias de baixo ponto de
fus˜ao. Uma trinca longitudinal no centro do cord˜ao de solda ´e uma caracter´ıstica
da trinca de solidifica¸ao.
Fissura a frio (fissura¸ao pelo hidrogˆenio): Esse tipo de trinca ocorre na zona ter-
micamente afetada (ZTA), devido a presen¸ca de hidrogˆenio dissolvido em uma mi-
croestrutura temperada. O hidrogˆenio ´e introduzido na pca de fus˜ao a partir da
umidade, da utiliza¸ao de fluxos que apresentam deposi¸ao desse elemento ou atrav´es
do pr´oprio metal de base. O hidrogˆenio introduzido, ent˜ao, se difunde para a zona
termicamente afetada formada ainda por austenita, o resfriamento dessa regi˜ao di-
ficulta a difus˜ao do hidrogˆenio que fica aprisionado. a em baixas temperaturas,
quando a forma¸ao de estrutura martens´ıtica, a presen¸ca do hidrogˆenio aliada `as
tens˜oes, gera a trinca a frio. Em cos ao temper´aveis ao a a forma¸ao de uma
microestrutura temperada e essas tens˜oes podem ser absorvidas pela sua estrutura
d´uctil, ao havendo, assim, trincas a frio.
37
3 Materiais e m´etodos
Neste cap´ıtulo ser˜ao apresentados os equipamentos utilizados durante a elabora¸ao
desse estudo, assim como a metodologia aplicada tomando como base os fundamentos
te´oricos apresentados anteriormente.
3.1 Corpos de prova
Radiografias de duas uni˜oes soldadas de tubula¸oes foram utilizadas neste estudo.
Abaixo ao mostradas as caracter´ısticas dos corpos de prova radiografados:
Tabela 6: Descri¸ao dos corpos de prova radiografados
CP1 CP2
Material co carbono co carbono
Diˆametro [mm] 89 (3”) 168 (6”)
Espesura [mm] 5,5 7,1
3.2 Sistemas de digitaliza¸ao
Para a avalia¸ao da qualidade de imagem foram utilizados dois sistemas de digita-
liza¸ao de imagens existentes no mercado. O primeiro sistema utiliza o princ´ıpio de
digitaliza¸ao por matriz e o segundo a digitaliza¸ao por linha, ambos com um sensor
CCD. Uma descri¸ao mais detalhada de ambos ´e mostrada abaixo.
3.2.1 Sistema de digitaliza¸ao por matriz
Este sistema utilza uma amera Nikon D70 (figura 18) com o aux´ılio de um nega-
tosc´opio. A digitaliza¸ao ´e feita posicionando o filme radiogr´afico sobre o negatosc´opio
3.3 Software de processamento de imagem 38
e fotografando-o. Em seguida as imagens ao transmitidas para o computador onde po-
dem ser processadas atrav´es de um software adequado. Abaixo ao mostradas algumas
caracter´ısticas do equipamento utilizado.
Tipo de amera: Single-lens reflex digital camera
Pixels efetivos: 6,1 milh˜oes
Sensor de imagem: Nikon DX Format RGB CCD, 23,7x15,6mm
Tamanho da imagem: 3.008x2.000px
Sistema de armazenagem: Compressed NEF (RAW)- 12-bit lossless compression,
JPEG- JPEG baseline-compliant
3.2.2 Sistema de digitaliza¸ao por linha
Este sistema utiliza o scanner Epson Perfection 4990 PRO (figura 18), o processo
de digitaliza¸ao ocorre de maneira simples posicionando o filme radiogr´afico dentro do
scanner que opera de maneira semelhante aos scanners dom´esticos comuns. Abaixo ao
mostradas algumas caracter´ısticas do equipamento utilizado.
Tipo de scanner : Flatbed color image scanner
Sensor de imagem: Epson MatrixCCD line scanner
Resolu¸ao ´otica: 4.800dpi
Pixels efetivos: 40.800x56.160px
Densidade ´otica: 4,0
Numero de bits em escala de cinza: 16
3.3 Software de processamento de imagem
Para o processamento digital das imagens utilizou-se o software ISee! vers˜ao 1.7
desenvolvido pelo Federal Institute for Materials Research and Testing (BAM, Berlin). O
software possui uma s´erie de filtros e ferramentas de medi¸ao que permitem uma melhor
an´alise da imagem radiogr´afica facilitando a visualiza¸ao de poss´ıveis descontinuidades.
3.3 Software de processamento de imagem 39
Figura 18: amera Nikon D70 e Scanner Epson Perfection 4990 PRO (Fonte: Nikon
(2004) e EPSON (2005))
Os sistemas ser˜ao avaliados de forma qualitativa a partir das imagens geradas utilizando-
se as ferramentas dispon´ıveis no software. A partir da´ı compara¸oes ser˜ao feitas com
rela¸ao a contraste, defini¸ao, visualiza¸ao de detalhes e poss´ıveis descontinuidades.
40
4 Resultados e discuss˜oes
Neste cap´ıtulo ser˜ao apresentados e discutidos os resultados obtidos neste trabalho de
acordo com a metodologia apresentada no cap´ıtulo anterior.
4.1 Perda da resolu¸ao espacial
A figura 19 mostra uma radiografia do corpo de prova CP2, obtida atrav´es do sistema
Nikon D70, onde foram tra¸cados 5 perfis sobre o cord˜ao de solda. A regi˜ao central da
imagem (perfil 3) apresenta um perfil onde pode-se definir claramente a regi˜ao do cord˜ao
de solda. Por´em nas extremidades da radiografia (perfis 1, 2, 4 e 5) a imagem come¸ca
a perder sua resolu¸ao espacial tornando a distin¸ao da regi˜ao do cord˜ao bastante dif´ıcil
(nos perfis 1 e 2, por exemplo, ao se consegue distinguir essa regi˜ao). Isto se deve ao
n´umero limitado de pixels do sensor CCD da amera que o consegue digitalizar uma
pequena regi˜ao da radiografia com resolu¸ao espacial adequada. Tal caracter´ıstica torna
estes tipos de sistema inadequados para a fun¸ao de arquivamento completo de filmes.
4.2 Visualiza¸ao dos IQI’s
A figura 20 (a) e (b) mostra as radiografias dos IQI’s do corpo de prova CP2 digita-
lizadas pelo sistema Nikon D70 e Epson Perfection 4990 PRO, respectivamente. O IQI
utilizado ´e do tipo IQI EN W10 FE 50 posicionado do lado voltado para o filme, cons-
tru´ıdo de acordo com a norma DIN 54109 (essa norma foi substitu´ıda em 1994 pela EN
462-1). Este IQI apresenta um conjunto de 7 fios com diˆametro variando de 0,4mm (W10)
at´e 0,1mm (W16). Na figura 20a, obtida atrav´es do sistema Nikon D70, ´e poss´ıvel a vi-
sualiza¸ao completa do fio W10 (0,40mm) indicado pela seta e ainda uma visualiza¸ao
parcial do fio W11 (0,33mm). a na figura 20b obtida pelo sistema Epson Perfection
4990 PRO pode-se resolver completamente os fios W10 e W11 como indicam as setas.
Quanto menor o diˆametro do fio visualizado, maior a sensibilidade do sistema para a
4.3 Deteao de descontinuidades 41
Figura 19: Radiografia do corpo de prova CP2 obtida atrav´es do sistema Nikon D70
mostrando a perda de resolu¸ao espacial nas etremidades da imagem
detec¸ao de pequenos detalhes. Nesse caso, o sistema composto pelo scanner apresentou
uma maior sensibilidade.
4.3 Detec¸ao de descontinuidades
A figura 21 mostra a radiografia do corpo de prova CP2 digitalizada pelo sistema Nikon
D70, a ´area circulada mostra uma suspeita de falta de penetra¸ao no cord˜ao de solda. Ap´os
aplica¸ao de um filtro low-pass (7x7px) e um ajuste feito no histograma da imagem com o
aux´ılio do software de processamento, a descontinuidade pˆode ser ressaltada possibilitando
sua f´acil detec¸ao como mostrado na figura 22. Apesar da menor sensibilidade do sistema
Nikon D70, a falta de penetrac˜ao mostrada na figura ode ser detectada por tratar-se de
uma descontinuidade de dimens˜oes relativamente robustas.
A figura 23 mostra a radiografia do corpo de prova CP2 digitalizada pelo sistema
Epson Perfection 4990 PRO, da mesma forma que no sistema Nikon D70, a falta de
penetra¸ao ode ser detectada. a na figura 24 foi utilizado novamente o filtro low-pass
e feito um ajuste atrav´es do histograma de forma que a descontinuidade ficasse mais
aparente. Vale ressaltar que mesmo ap´os a passagem do filtro, os fios W10 e W11 ainda
4.4 Medi¸ao 42
Figura 20: Radiografias dos IQI’s do corpo de prova CP1 digitlizadas pelo sitema Nikon
D70 (a) e pelo sistema Epson Perfection 4990 PRO (b)
Figura 21: Radiografia do corpo de prova CP2 digitalizada pelo sistema Nikon D70
podem ser resolvidos como indicam as setas menores.
Como foi dito, a falta de fus˜ao por se tratar de uma descontinuidade relativamente
grande, ode ser detectada apenas pela inspao visual das radiografias. Por´em, descon-
tinuidades menores como trincas, por exemplo, podem necessitar de outras ferramentas
para que possam ser avaliadas. A figura 25 apresenta um perfil tra¸cado longitudinal-
mente no cord˜ao de solda onde ocorreu a falta de penetra¸ao. O pico mostrado na figura
representa uma varia¸ao de densidade nessa regi˜ao do cord˜ao.
4.4 Medi¸ao
Outra possibilidade disponibilizada pelo software ´e a medi¸ao de grandezas. Ap´os a
determina¸ao do tamanho do pixel na imagem ´e poss´ıvel ter uma estimativa do tamanho de
4.4 Medi¸ao 43
Figura 22: Radiografia do corpo de prova CP2 digitalizada pelo sistema Nikon D70 ap´os
aplica¸ao de filtro low-pass
Figura 23: Radiografia do corpo de prova CP2 digitalizada pelo sistema Epson Perfection
4990 PRO
certos detalhes na imagem. No caso da falta de penetra¸ao, por exemplo, essa ferramenta
´e fundamental j´a que, dependendo de seu comprimento esta pode ao ser considerada um
defeito. A figura 26 mostra a utiliza¸ao dessa ferramenta numa radiografia do corpo de
prova CP2 obtida pelo sistema Epson Perfection 4990 PRO com um tamanho de pixel
de 0,0318mm, o valor obtido na medi¸ao foi de 1,48mm. O procedimento de medi¸ao
ao deve ser feito diretamente na imagem, e sim, analisando-se o perfil do detalhe a ser
medido.
4.4 Medi¸ao 44
Figura 24: Radiografia do corpo de prova CP2 digitalizada pelo sistema Epson Perfection
4990 PRO ap´os aplica¸ao de filtro low-pass e ajuste no histograma
Figura 25: Perfil tra¸cado longitudinalmente no cord˜ao de solda
Figura 26: Perfil tra¸cado longitudinalmente no cord˜ao de solda mostrando a medi¸ao de
uma descontinuidade
45
5 Conclus˜oes
A an´alise dos dois sistemas de digitaliza¸ao de radiografias mostrou que o tipo de
sensor influˆencia de maneira significativa no resultado final da imagem apesar de ter sido
poss´ıvel detec¸ao de descontinuidades atrav´es de ambos os sistemas.
O sistema Nikon D70, apresentou uma resolu¸ao mais baixa com rela¸ao ao sistema
Epson Perfection 4990 PRO, como foi demonstrado atraes da resolu¸ao do IQI de fio. As
imagens produzidas pelo mesmo sistema tamb´em mostraram uma perda de resolu¸ao nas
extremidades, isso faz com que o seu uso n˜ao seja indicado para a fun¸ao de arquivamento
de imagem. Entretanto, com uma otimiza¸ao na ilumina¸ao das radiografias esse sistema
poder´a apresentar resultados mais interessantes. Al´em da melhor resolu¸ao apresentada,
o sistema Epson Perfection 4990 PRO conseguiu digitalizar toda ´area do filme radiogr´afico
com a mesma resolu¸ao.
A utiliza¸ao do software de processamento de imagens na inspao de radiografias
mostrou-se ser uma ferramenta poderosa a partir da utiliza¸ao de filtros de imagem e
outras ferramentas. O levantamento de parˆametros quantitativos atraes de perfis, histo-
gramas e a pr´opria medi¸ao de detalhes torna a an´alise de radiografias mais objetiva do
que a simples an´alise visual do inspetor, por mais que este seja treinado para isto.
5.1 Sugest˜oes para trabalhos futuros
Otimizar o sistema Nikon D70 com rela¸ao a ilumina¸ao das radiografias;
Avaliar corpos de prova com uma maior variedade de defeitos possibilitando uma
melhor compara¸ao entre os dois sistemas;
Levantar parˆametros quantitativos dos dois sistemas e classific´a-los de acordo com
a norma EN 14096-2.
46
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49
ANEXO A -- Radiografia de referˆencia
Figura 27: Radiografia de referˆencia (Fonte: prEN 14096-1 (2002))
50
Este trabalho est´a licenciado sob uma Licen¸ca Creative Commons Atribui¸ao-
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